Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
VOLUME II
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
VOLUME II
HISTÓRICO DO DOCUMENTO
Este Relatório do Estudo de Impacto Ambiental (REIA) foi elaborado por uma equipa
multidisciplinar liderada pelo Dr. Mário Jorge Rassul, Mestrado em Gestão de
Empresas e Licenciado em Biologia, consultor registado no MICOA,
ÍNDICE
1 NOTA PRÉVIA............................................................................................................ 17
2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 19
2.1 ÂMBITO ............................................................................................................................ 19
2.2 ANTECEDENTES ................................................................................................................ 19
2.3 OBJECTIVOS ..................................................................................................................... 20
2.4 PROPONENTE ................................................................................................................... 21
2.5 EQUIPA RESPONSÁVEL PELA REALIZAÇÃO DO EIA ............................................................. 21
2.6 ESTRUTURA DO RELATÓRIO .............................................................................................. 22
3 ETAPAS E METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL ............ 25
3.1 FASE 1 – INSTRUÇÃO DO PROCESSO ................................................................................. 25
3.2 FASE 2 – FASE DE PRÉ-VIABILIDADE E DEFINIÇÃO DO ÂMBITO (EPDA) E DOS TERMOS DE
REFERÊNCIA (TDR) ................................................................................................................... 25
3.3 FASE 3 – ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE EIA E PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL ............... 26
4 QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL PARA A GESTÃO AMBIENTAL .................. 27
4.1 QUADRO LEGAL GERAL NA ÁREA DE AMBIENTE ................................................................. 27
4.1.1 Lei-Quadro do Ambiente ........................................................................................................... 27
4.1.2 Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental...................................... 27
4.1.3 Directiva Geral para Estudos de Impacto Ambiental ................................................................ 28
4.1.4 Directiva Geral para o Processo de Participação Pública, no processo de Avaliação do
Impacto Ambiental ................................................................................................................................. 28
4.1.5 Regulamento sobre o Processo de Auditoria Ambiental .......................................................... 28
4.1.6 Regulamento de Inspecção Ambiental ..................................................................................... 29
4.2 QUADRO LEGAL DE GESTÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DAS ACTIVIDADES DO PROJECTO ... 29
4.2.1 Regulamento sobre os Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes ........... 29
4.2.2 Regulamento sobre a Gestão de Resíduos ............................................................................. 29
4.2.3 Lei das Águas ........................................................................................................................... 29
4.2.4 Lei de Terras e os respectivos Regulamentos ......................................................................... 29
4.2.5 Lei dos Órgãos Locais do Estado ............................................................................................. 30
4.2.6 Lei Base das Autarquias ........................................................................................................... 30
4.2.7 Lei Orgânica do Conselho Constitucional ................................................................................ 31
4.2.8 Regulamento da lei dos Órgãos Locais do Estado .................................................................. 31
4.2.9 Regulamento de Reassentamento Populacional ..................................................................... 31
4.2.10 Lei do Ordenamento Territorial e respectivo Regulamento ...................................................... 32
4.2.11 Lei do Trabalho ......................................................................................................................... 33
Anexo 4 - Ecologia;
Anexo 5 – Socioeconomia:
Anexo 5.2 - Grelha de variáveis a serem cruzadas para obtenção do diagnóstico socio-económico,
cultural e de saúde da população-alvo;
Anexo 6.1 - Lista das Infra-estruturas afectadas pelo projecto e sua localização;
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Etapas do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental. ............................................................. 25
Figura 2 – Cidade da Beira, rede de drenagem entubada e canais de drenagem existentes. ....................... 43
Figura 3 – Localização do Projecto (área de estudo). ..................................................................................... 44
Figura 4 - Faseamento Proposto para as Intervenções do Projecto Global de Drenagem da Cidade da
Beira. ................................................................................................................................................................ 46
Figura 5 – Localização da 1.ª Fase do Projecto. ............................................................................................. 47
Figura 6 – Traçado do Canal A0 a reabilitar. ................................................................................................... 50
Figura 7 – Traçado do Canal A2 a reabilitar (troço na Maraza). ..................................................................... 54
Figura 8 – Traçado do Canal A2 a reabilitar (troço na Mananga). .................................................................. 55
Figura 9 – Traçado do Canal A2 a reabilitar (troço na Avenida 24 de Julho). ................................................ 56
Figura 10 – Traçado do Canal A2 jusante a reabilitar. .................................................................................... 57
Figura 11 – Traçado da Vala A4 a reabilitar. ................................................................................................... 59
Figura 12 – Secções transversais Tipo (em cima canal A0 e A2; em baixo canal A4). .................................. 60
Figura 13 – Localização da Bacia da Maraza (Cartografia elaborado no âmbito do Projecto). ...................... 65
Figura 14 – Futura envolvente da Bacia da Maraza (Desenho de pormenor incluído no Anexo 8 – Peças
Desenhadas do Projecto – Desenho 11.4). ..................................................................................................... 66
Figura 15 - Local do Aterro Sanitário da Beira. ............................................................................................... 77
Figura 16 – Local de Depósito temporário de Terras e Lamas (assinalado a vermelho na figura). ............... 79
Figura 17 – Locais de Recolha das Amostras (Canal A4). .............................................................................. 80
Figura 18 – Localização do projecto (assinalado a azul) em relação ao local do depósito definitivo
designado por “Cerâmica”. .............................................................................................................................. 83
Figura 19 – Localização da zona de depósito designado por “Cerâmica” (Local disponível assinalado a
vermelho). ........................................................................................................................................................ 84
Figura 20 – Vista do futuro local do depósito designado por “Cerâmica”. ...................................................... 84
Figura 21 – Delimitação da Área de Influência Directa e Indirecta do Projecto (1.ª Fase do Projecto). ......... 90
Figura 22 - Delimitação da AID e AII do Projecto (2.ª e 3.ª Fase do Projecto). .............................................. 91
Figura 23 – Frequência de ciclones que atingiram a costa moçambicana nos últimos 75 anos. ................... 93
Figura 24 – Carta Geológica da Beira (Extraído de “Carta Geológica da Região da Grande Beira”, esc.
1/50.000 – Direcção Nacional de Geologia de Moçambique, 2011). .............................................................. 95
Figura 25 – Área residencial ordenada junto ao Canal A2, Av. 24 de Julho (em cima) e Área residencial
desordenada junto ao Canal A2, zona de montante – Munhava (em baixo). ................................................. 98
Figura 26 – Localização da Bacia da Maraza sobreposta com a imagem de satélite. ................................. 100
Figura 27 - Colheita de arroz na bacia da Maraza. ....................................................................................... 101
Figura 28 - Delimitação da bacia da Maraza parcela de arroz já colhida. .................................................... 101
Figura 29 – Situação actual da Bacia da Maraza na época das chuvas. ...................................................... 102
Figura 30 - Situação Existente (T = 2 anos) - Manchas de inundação geradas pelo extravasamento dos
canais de drenagem existentes. .................................................................................................................... 105
Figura 31 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Mancha de inundação gerada pelo
extravasamento. ............................................................................................................................................ 106
Figura 32 – 1ª Fase - Modelo de Simulação. ................................................................................................ 107
Figura 33 – 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) - Mancha de Inundação gerada pelo extravasamento dos
canais. ............................................................................................................................................................ 108
Figura 34 – 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) - Hidrograma do caudal afluente à zona de descarga da
Maraza. .......................................................................................................................................................... 109
Figura 35 – 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) - Hidrograma afluente e descarregado no Desaguadouro das
Palmeiras. ...................................................................................................................................................... 109
Figura 36 – Mapa de localização da área de amostragem e suas respectivas características. ................... 112
Figura 37 - Estado actual das valas de drenagem (A-E), aspecto da área de retenção natural (E) e as
espécies Pistia stratiotes (F) e Nymphaea nouchali (G). Note nesta figura, a obstrução das valas pela
espécie Eichhornia crassipes (B-C). .............................................................................................................. 116
Figura 38 - Algumas espécies de peixe (A-D) e de aves (E-G) frequentes nas áreas de influência directa e
indirecta do projecto. As espécies ilustradas na figura são respectivamente, Barbus sp Oreochromis sp,
Anguilla marmorata, Nothobranchius rachovii, Corvus albus, Sterna sp e Egretta garzetta. ....................... 118
Figura 39 - Frequência de observações da diversidade de aves nas áreas A (área de influência directa) e
(B área de Influência indirecta do projecto). .................................................................................................. 119
Figura 40 – Bairros – alvo do Inquérito. ......................................................................................................... 121
Figura 41 – Entrevista no Bairro Chipangara. ............................................................................................... 124
Figura 42 – Distribuição da População da Cidade da Beira por Posto Administrativo em 2007 (INE, 2007).125
Figura 43 – Total da População em 2007 por Bairro (a vermelho na figura) /Bairros abrangidos pela
Intervenção do Projecto (a azul na figura) (INE, 2007). ................................................................................ 126
Figura 44 – N.º de pessoas/famílias na Cidade da Beira (Fonte: Recenseamento INE, 2007). ................... 128
Figura 45 – Pirâmide Etária – 2013 (Fonte INE, Projecções Anuais da População Total das Províncias e
Distritos 2007 -2040). ..................................................................................................................................... 129
Figura 46 – Idiomas mais falados por sexo. .................................................................................................. 131
Figura 47 – Língua Materna mais faladas por grupos de idade. ................................................................... 131
Figura 48 – Língua Falada com maior frequência por grupos de idade. ....................................................... 132
Figura 49 – Distribuição da Religião por população e por sexo. ................................................................... 132
Figura 50 - Nº Trabalhadores empregados nos principais ramos de actividade na Cidade da Beira (2010 –
2012) .............................................................................................................................................................. 133
Figura 51 - Evolução do n.º de empresas existentes na Cidade da Beira entre 2010-2012......................... 133
Figura 52 - Comparação entre a evolução do n.º de empresas e de trabalhadores - Cidade Beira (2010 -
2012) .............................................................................................................................................................. 134
Figura 53 - Distribuição da totalidade da população activa por ramos de actividade na Cidade da Beira
(INE, 2012). .................................................................................................................................................... 136
Figura 54 - Principais actividades económicas exercidas por sexo (assinalado a azul Homem e a castanho
Mulher) na Cidade da Beira (INE, 2012) ....................................................................................................... 136
Figura 55 – Áreas Agrícolas na Cidade da Beira. ......................................................................................... 138
Figura 56 – Distribuição da população de acordo com acesso à rede pública de água. .............................. 141
Figura 57 – Distribuição da população de acordo com o local de acesso à água canalizada. ..................... 141
Figura 58 - Distribuição da população de acordo com o local de acesso à água não canalizada................ 142
Figura 59 – Distribuição dos Agregados Familiares de acordo com a principal fonte de iluminação das suas
habitações. ..................................................................................................................................................... 143
Figura 60 – Distribuição da população de acordo com o sistema de saneamento que possuem. ............... 144
Figura 61 - Morbilidade das doenças relacionadas com o saneamento do meio Bairros periurbanos Cidade
da Beira (Anos 2011 a 2013). ........................................................................................................................ 149
Figura 62 - Comportamento da taxa de letalidade por 100 000 habitantes das principais doenças
relacionadas com o saneamento do meio Bairros da Cidade da Beira. ....................................................... 149
Figura 63 - População residente na área de intervenção do Projecto. ......................................................... 152
Figura 64 - Pequena “horta” em redor da casa – Bairro Maraza................................................................... 153
2
Figura 65 - Média da área das habitações (m ) por bairro abrangido pelo Projecto. .................................... 155
Figura 66 - Distribuição percentual dos materiais das paredes da habitação nos Bairros abrangidos pela
área intervenção do Projecto. ........................................................................................................................ 155
Figura 67 - Distribuição percentual do tipo de material usado na cobertura das habitações nos Bairros
abrangidos pelas obras do Projecto. ............................................................................................................. 156
Figura 68 - Tipo de abastecimento de água da população residente na área de influência da 1.ª Fase do
Projecto de Reabilitação dos Canais de Drenagem. ..................................................................................... 157
Figura 69 – Formas de iluminação doméstica das famílias residentes nos Bairros-alvo do Projecto. ......... 158
Figura 70 - Situação da população residente nos Bairros - alvo da intervenção do Projecto em termos de
saneamento. .................................................................................................................................................. 158
Figura 71 - Modelos dos sistemas de saneamento existentes nos Bairros - alvo do Projecto. .................... 159
Figura 72 - Percentagem das doenças ocorridas em adultos/por indivíduo doente – nos Bairros Alvo da
Intervenção do Projecto. ................................................................................................................................ 160
Figura 73 - Doenças ocorridas em crianças. Estudo dos bairros-alvo da intervenção do Projecto. ............. 161
Figura 74 - Locais a que as famílias recorreram para tratamento das doenças. Estudo dos bairros-alvo da
intervenção do Projecto. ................................................................................................................................ 161
Figura 75 - Distribuição percentual dos rendimentos mensais das famílias dos Bairros - alvo das obras de
reabilitação dos Canais de Drenagem. .......................................................................................................... 162
Figura 76 - Tipologia das despesas realizadas pelas famílias analisadas na área de intervenção do
Projecto .......................................................................................................................................................... 165
Figura 77 - Despesas mensais por agregado familiar segundo divisão das despesas nos Bairros
abrangidos pelo Projecto. .............................................................................................................................. 166
Figura 78 – Cenários de elevação do nível médio da água do mar devido às alterações climáticas (BM,
2010) .............................................................................................................................................................. 170
Figura 79 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) à esquerda e 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) à
direita - Mancha de inundação gerada pelo extravasamento dos canais. .................................................... 171
Figura 80 - Localização das estradas junto dos canais a reabilitar, das zonas povoadas e dos principais
serviços públicos. ........................................................................................................................................... 183
Figura 81 – Processo de Participação Pública Moçambicano ...................................................................... 219
Figura 82 – Abertura da Reunião Pública. ..................................................................................................... 221
Figura 83 - Segunda parte da reunião, sessão de perguntas e respostas. .................................................. 221
Figura 84 – Participantes na Reunião Pública............................................................................................... 222
Figura 85 – Situação Existente (T = 2 anos) - Perfil hidráulicos dos canais A2 e A0 ................................... 246
Figura 86 – Situação Existente (T = 2 anos) - Perfil hidráulicos dos canais A1 e A0 ................................... 247
Figura 87 – Situação Existente (T = 2 anos) - Perfil hidráulicos dos canais A3 e A0 ................................... 248
Figura 88 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Perfil hidráulico dos canais A2 e A0 ..................... 249
Figura 89 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Perfil hidráulico dos canais A1 e A0 ..................... 250
Figura 90 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Perfil hidráulico dos canais A3 e A0 ..................... 251
Figura 91 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Perfil hidráulico do canal A4 ................................. 252
Figura 92 – 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) - Perfil hidráulico dos canais A2 e A0 ...................................... 253
Figura 93 – 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) - Perfil hidráulico do canal A4 .................................................. 254
Figura 94 – 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) - Perfil hidráulico dos canais A1 e A0 ...................................... 255
Figura 95 – 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) - Perfil hidráulico dos canais A3 e A0 ...................................... 256
Figura 96 – 1ª Fase (T = 50 anos) - Perfil hidráulico do canal A4, com Comporta de Maré ......................... 257
Figura 97 – 1ª Fase (T = 50 anos) – Perfil hidráulico do canal A4, sem Comporta de Maré ........................ 258
Figura 98 - Localização das infra-estruturas a Reassentar e propostas para manutenção no local com
compensação. ................................................................................................................................................ 314
Figura 99 – Planta de localização da Área de Reassentamento. .................................................................. 321
Figura 100 – Habitação Tipo T2 – Modelo A. Planta de Piso ........................................................................ 323
Figura 101 – Habitação Tipo T2 – Modelo B. Planta de Piso ........................................................................ 324
Figura 102 – Habitação Tipo T3 – Modelo A. Planta de Piso ........................................................................ 325
Figura 103 – Habitação Tipo T3 – Modelo B. Planta de Piso ........................................................................ 326
ABREVIATURAS
AIA – Avaliação de Impacto Ambiental
AIAS – Administração de Infra-estruturas de Águas e Saneamento
AID – Área de influência Directa
AII – Área de Influência Indirecta
BM – Banco Mundial
CFC – Clorofluorcarbonos
CMB - Concelho Municipal da Beira
DTS – Doença de Transmissão sexual
DNAIA – Direcção Nacional de Avaliação de Impacto Ambiental
DNGA – Direcção Nacional de Gestão Ambiental
DINAPOT – Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial
DPCA – Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental
dB(A) – Unidade de medida do ruído
EAS – Estudo Ambiental Simplificado
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
EPDA – Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito
EPI - Equipamento de Protecção Individual
FIAP – Ficha de Informação Ambiental Preliminar
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana
IUCN – International Union for Conservation of Nature
LIDAR - Light Detection And Ranging
LEM - Laboratório de Engenharia de Moçambique
MICOA – Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
QPR – Quadro da Politica de Reassentamento
NEMP – Environment Management Policy
ONG’s – Organizações Não Governamentais
PGA – Plano de Gestão Ambiental
PIA’s – Partes Interessadas e Afectadas
PM 10 – Material Particulado, partículas inaláveis cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 10 µm
PM 2,5 – Material Particulado, partículas inaláveis finas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 2,5 µm
TdR – Termos de Referência
REIA – Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
RCD – Resíduos de Construção e Demolição
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
UNEP – United Nations Environment Programme
SIDA – Síndroma de Imunodeficiência Adquirida
SSA – Saúde e Segurança Ocupacional
1 NOTA PRÉVIA
O projecto entrou em efectividade em 18 de Julho de 2013, tendo a sua “closing date” em 15 de Dezembro
de 2017. O estudo tem um horizonte de 25 anos.
A Componente 2 é promovida pelo Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH) através da
Administração de Infra-estruturas de Água e Saneamento (AIAS), devendo apoiar o reforço sustentável da
resiliência de alguns municípios perante ameaças ambientais relacionadas com causas climatológicas.
(iv). o desenvolvimento de obras de reposição dos danos provocados pelas obras principais, tais
como vedações, latrinas, passeios, reassentamentos e infra-estruturas-base, etc., para além de
Para materialização dos objectivos desta componente, na Cidade da Beira, foi desenvolvido o presente
"Estudo Prévio, Projecto de Execução, Gestão e Supervisão da Obra da Reabilitação do Sistema de
Drenagem Pluvial da Cidade da Beira”, que possui as seguintes etapas:
2. Desenho do Projecto de Engenharia Detalhado para os Canais A0, A2, e A4, incluindo a
reabilitação dos canais secundários na zona Industrial da Munhava, a Reabilitação do
Desaguadouro e finalmente, construção da Bacia de Retenção da Maraza;
3. Fiscalização da Reabilitação do Sistema de Drenagem de Águas Pluviais, referidos no ponto 2.
Os Estudos de Viabilidade demonstraram que para a 1ª Fase do Projecto a solução de drenagem dos
terrenos servidos pelo actual sistema de canais a céu aberto passa pela segmentação da actual rede de
canais de drenagem com o objectivo de optimizar a descarga de caudais no desaguadouro ou porta-de-
água das Palmeiras e a operação dos Canais A0 e A2 e troços terminais dos Canais A1 e A3.
Com esta segmentação, conseguida com a activação das estruturas de controlo, os troços anteriormente
referidos e localizados na zona urbana da Cidade da Beira passarão a integrar o primeiro sector de
drenagem, com descarga directa e à maré no desaguadouro das Palmeiras.
Esta segmentação será significativamente beneficiada com a intervenção na zona húmida da Maraza, de
modo a, em segurança e ambiental e socialmente enquadrada, constituir uma bacia de armazenamento na
Maraza, nas cabeceiras do canal A2.
Assim, quando o Desaguadouro das Palmeiras está fechada devido à maré, os caudais afluentes aos
canais deste eixo escoam-se para essa bacia de armazenamento e não ficam nos terrenos habitados nem
invadem a zona baixa da Chota.
Nesta sequência, a intervenção é então centrada nas estruturas dos canais de drenagem existentes,
concretamente no eixo de drenagem dos canais A2 e A0, reabilitação do Desaguadouro das Palmeiras, na
consolidação da Bacia de armazenamento da Maraza, e na reabilitação do canal A4 associada à
requalificação do subsistema de drenagem da zona industrial.
Sendo necessário proceder à reabilitação dos canais do sistema de drenagem e ao aumento da sua
capacidade de vazão, considerou-se ser determinante proceder à reconstrução dos seus troços de modo a
obter a capacidade necessária para escoar a totalidade dos caudais afluentes.
2 INTRODUÇÃO
2.1 ÂMBITO
O presente documento constitui o Relatório do Estudo de Impacto Ambiental (REIA) realizado para o
projecto "Estudo Prévio, Projecto de Execução, Gestão e Supervisão da Obra da Reabilitação do Sistema
de Drenagem Pluvial da Cidade da Beira” na Província de Sofala, como parte do respectivo processo de
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) visando a obtenção da respectiva de Licença Ambiental como
previsto na Lei do Ambiente e o Decreto 45/2004 de 29 de Setembro.
Canal A0, com operação geral de limpeza, reabilitação e reposição das condições de escoamento
do Desaguadouro das Palmeiras;
Canal A2, com seu prolongamento para dentro do bairro da Maraza, operação geral de limpeza,
reperfilamento e revestimentos em betão em algumas zonas do seu traçado; e
Canal A4, com limpeza e reabilitação, bem como a reconstrução da rede secundária de drenagem
da zona industrial.
Estas intervenções são acompanhadas pela: i) reconstrução de pontes, pontões e passagens hidráulicas,
ii) pela construção de uma bacia de armazenamento na Maraza cujas funções são desenvolvidamente
apresentadas adiante e iii) pela reabilitação do Desaguadouro das Palmeiras.
Por requerer reassentamento de famílias que vivem nas margens das valas de drenagem a serem
reabilitadas, o Projecto foi classificado pelo Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA)
como sendo de Categoria A (ver Anexo 1).
2.2 ANTECEDENTES
A Cidade da Beira sempre teve uma grande importância económica desde a construção do seu porto de
mercadorias ao qual está ligada a Linha da Beira. A cidade encontra-se no extremo de um dos principais
eixos económicos de desenvolvimento, também conhecido como o Corredor da Beira, constituindo a
principal plataforma de mercadorias de e a para o Zimbabwe, Malawi, Zâmbia e Congo/Zaire. O Porto da
Beira possui por isso uma importância estratégica no contexto nacional e continental constituindo desde
há várias décadas um dos principais sustentáculos do desenvolvimento económico do continente africano
e com perspectivas de grande expansão num futuro próximo, quer devido ao florescimento do comércio de
carvão quer como plataforma de armazenamento e transporte de produtos petrolíferos que seguem para o
Zimbabwe em oleodutos e gasodutos, passando pela exportação de ferro, cobre, citrinos e muitos outros
produtos para diversos países do mundo.
As condições particulares da morfologia do terreno onde se implanta a cidade da Beira e todas estas
circunstâncias aqui referidas muito sumariamente justificam que o Governo de Moçambique tenha
decidido avançar com os estudos de melhoria das condições de drenagem da cidade e reabilitação das
infra-estruturas existentes e que o Banco Mundial tenha decidido financiar este projecto.
Por outro lado, a cidade da Beira enfrenta já hoje as ameaças decorrentes das alterações climáticas, dai
que haja necessidade de conduzir uma estratégia de adaptação que possibilite não só a protecção
costeira da cidade, mas também outro tipo de desafios relacionados com a melhoria da infra-estrutura de
drenagem e outras (abastecimento de água e saneamento).
O território sobre o qual incide o estudo compreende as Zonas Sul e Central da cidade da Beira
2 2
(aproximadamente 40 km ) e a Zona Norte da cidade (aproximadamente 10 km ).
Não existindo recursos financeiros suficientes para intervencionar a totalidade da área de estudo, era
necessário desenvolver estudos a nível preliminar para a definição das soluções de curto (1ª Fase), médio
e longo prazo (2ª Fase e 3ª Fase) para a drenagem das áreas de estudo e estudos a nível de projecto
detalhado para as intervenções consideradas prioritárias da solução seleccionada. Esta selecção baseou-
se em critérios hidráulicos, sociais e ambientais.
2.3 OBJECTIVOS
O EIA teve como principal objectivo a avaliação dos potenciais impactos ambientais, sobre o meio biofísico
e socioeconómico, negativos e positivos derivados das diferentes fases do projecto.
Elaborar um Plano de Gestão Ambiental (PGA) para mitigar os potenciais impactos negativos e
maximizar os impactos positivos do projecto. O PGA irá igualmente propor medidas para gerir e
monitorar os potenciais impactos durante as suas fases de construção e operação do projecto.
2.4 PROPONENTE
O proponente do projecto é a:
Maputo, Moçambique.
A Resolução n.º 34/2009, de 10 de Dezembro de 2009 aprovou o Estatuto Orgânico da AIAS, entidade
subordinada ao Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH).
O Estudo de Impacto Ambiental do projecto "Estudo Prévio, Projecto de Execução, Gestão e Supervisão
da Obra da Reabilitação do Sistema de Drenagem Pluvial da Cidade da Beira” será elaborado pela
seguinte equipa técnica multidisciplinar, sob responsabilidade do Dr.º Mário Jorge Rassul, detentor do
certificado de consultor, número 48/2013 emitido em 27 de Novembro de 2013
DESCRITOR TÉCNICO
Director do EIA Mário Jorge Rassul
Chefe da Equipa Técnica Mário Jorge Rassul
Geomorfologia/ Geologia Paulo Oliveira
Solos Paulo Oliveira
Hidrogeologia Paulo Oliveira
Clima Paulo Oliveira
Flora e Fauna Cornélio Ntumi
Aspectos Institucionais e Legais Mário Jorge Rassul
Emprego/Demografia Alice Silva
Educação Alice Silva
Saúde José Truzão
Actividades Económicas Tomaz Dentinho
Uso do Solo Adelson José
Outros factores de qualidade do ambiente Albertina Gil
Aspectos culturais Alice Silva
Capítulo 2 - Introdução
Efectua uma revisão da principal legislação ambiental aplicável e das boas práticas.
Contém uma série de recomendações gerais e específicas para a Gestão dos Resíduos durante
a fase de construção do projecto.
Contém uma série de recomendações gerais e específicas para a prevenção do HIV durante a
fase de construção do projecto.
III) O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), consistindo em estudos especializados, nos quais se procede
à avaliação detalhada dos impactos ambientais do projecto proposto; da aprovação do EIA resulta a
atribuição de uma Licença Ambiental por parte do MICOA.
Consistindo em estudos especializados, nos quais se procede à avaliação detalhada dos impactos
ambientais do projecto proposto; da aprovação do EIA resulta a atribuição de uma Licença Ambiental por
parte do MICOA. O presente documento constitui o Relatório do Estudo de Impacto Ambiental do Projecto
em análise.
A implementação do projecto de reabilitação dos canais de drenagem (Canais A0, A2 e A4) na cidade da
Beira, só será efectuada após a realização de estudos detalhados, que irão incidir sobre o meio-físico e
socioeconómico, e que irão assegurar a prevenção da afectação significativa das condições ambientais e
socioeconómicas existentes, bem como de saúde e segurança das pessoas.
A AIA para o presente projecto deve ter em conta este aspecto, pelo que se pretende que esta seja
realizada em conformidade não só com a legislação ambiental de Moçambique, como também políticas de
salvaguardas sociais e ambientais do Banco Mundial.
Os capítulos que se seguem apresentam de forma sumária, o quadro legal e institucional aplicável ao
projecto proposto, apresentando aspectos institucionais e os diversos instrumentos legais de potencial
interesse para o mesmo.
A Lei-Quadro do Ambiente (Lei Nº. 20/97, de 7 de Outubro), aprovada pelo Parlamento Moçambicano em
Julho de 1997, estabelece o quadro legal para o uso e a gestão correctas do ambiente e das suas
componentes, de forma a assegurar o desenvolvimento sustentável. Esta lei, tal como indicado no Artigo
3.º, aplica-se “a todas as actividades públicas ou privadas que directa ou indirectamente possam influir nos
componentes ambientais”, que incluem a água, ar, solos, subsolo, flora, fauna e todas as condições
socioeconómicas e de saúde que afectam as comunidades.
É determinada na Lei a necessidade de obtenção de uma Licença Ambiental por parte do Proponente,
antes do início da implementação de qualquer actividade susceptível de causar impactos significativos no
ambiente.
A emissão de uma licença ambiental está condicionada à realização de uma Avaliação de Impacto
Ambiental, sujeita à aprovação do MICOA.
O Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro (publicado na 1.ª Série do Boletim da República, n.º 39) aprova
o Regulamento relativo ao Processo de Avaliação do Impacto Ambiental. O Regulamento define para os
projectos de categoria A, os procedimentos, etapas e a abrangência necessárias do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA); a aprovação e a atribuição de uma Licença Ambiental ao Projecto, pelo MICOA.
O Decreto n.º 42/2008 de 4 de Novembro revogou alguns artigos do Decreto n.º 45/2004, incidindo as
alterações sobre os artigos 5, 15, 18, 20, 21, 24, 25 e 28.
A categorização dos projectos rege-se pelo Decreto n.º 45/2004, sendo que o tipo de Avaliação de
Impacto Ambiental a que as actividades propostas devem estar sujeitas é determinado com base numa
série de condições especificadas nos Anexos I, II e III.
Categoria C: as actividades desta categoria estão definidas no Anexo III do Regulamento de AIA.
Estas estão isentas de AIA.
O presente estudo enquadra-se na Categoria A pelas seguintes determinações do Decreto n.º 45/2004, de
29 de Setembro:
O Diploma Ministerial n.º 129/2006, de 19 de Julho constitui a Directiva Geral para a realização de Estudos
de Impacto Ambiental das actividades de desenvolvimento susceptíveis de causar impactos significativos
sobre o ambiente e integra um conjunto de orientações e parâmetros globais a que deverá submeter-se a
realização do impacto ambiental nas diferentes áreas de actividade económica e social.
O principal objectivo desta directiva é a normalização dos procedimentos e dotar os vários intervenientes
de linhas mestras que deverão orientar a realização dos relatórios do EIA a submeter ao MICOA.
Esta directiva de participação pública (Diploma Ministerial 130/2006) circunscreve-se no quadro de gestão
ambiental, de acordo com a Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro e do Regulamento sobre o processo de
Avaliação de Impacto Ambiental, aprovado pelo Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro. O objecto geral
desta Directiva é harmonizar os procedimentos e dotar os vários intervenientes de linhas mestras que
deverão orientar o processo de Participação Pública. Este processo deverá iniciar na fase de concepção
da actividade e abrange todas as fases do processo de AIA.
Esta directiva define os princípios básicos, a metodologia e o processo a serem seguidos para um efectivo
processo de participação pública.
O Decreto n.º 25/2011, de 15 de Junho que substituiu o Decreto-Lei n.º 32/2003, de 20 de Agosto aprova
o Regulamento relativo ao Processo de Auditoria Ambiental. O referido decreto aplica-se às actividades
públicas e privadas, que durante a fase da sua implementação, desactivação e restauração, directa ou
indirectamente, possam influir nas componentes ambientais. Assim, em conformidade com o estabelecido
neste regulamento, a actividade proposta está sujeita a auditorias ambientais, a serem realizadas sempre
o MICOA julgar necessário.
O Regulamento sobre a Inspecção Ambiental (Decreto n.º 11/2006, de 15 de Junho) tem por objecto
regular a actividade de supervisão, controlo e fiscalização do cumprimento das normas de protecção
ambiental a nível nacional.
O Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho constitui o regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de
Emissão de Efluentes e estabelece parâmetros para a emissão de efluentes. Os seus Anexos
estabelecem padrões de referência da qualidade do ar e os limites de emissões das industriais.
O Regulamento sobre a Gestão de Resíduos (Decreto n.º 13 /2006, de 15 de Junho) estabelece regras
relativas à produção, ao depósito no solo e subsolo, bem como ao lançamento para a água ou atmosfera
de toda e qualquer substância tóxica ou poluidora, assim como a prática de actividades poluidoras que
acelerem a degradação do ambiente, com vista a prevenir ou minimizar os seus impactos negativos sobre
a saúde e o ambiente.
A Lei de Águas, Lei n.º 16/91 de 3 de Agosto que, juntamente com o Regulamento de Licenças e
Concessões de Águas, o Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de
Efluentes, o Regulamento sobre a Gestão de Resíduos, e a base legal para a implementação da gestão
delegada do abastecimento de Água, constitui o quadro legal do regime de águas em Moçambique nas
suas vertentes de aproveitamento, protecção, preservação, abastecimento e consumo.
A Lei de Terras (Lei n.º 19/97, de 1 de Outubro) estabelece os termos em que se opera a constituição,
exercício, modificação, transmissão e extinção do direito de uso e aproveitamento da terra. Como
princípio, a Lei define que a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida ou, por qualquer outra
forma, alienada, hipotecada ou penhorada.
Esta Lei e seu Regulamento (Decreto n.º 66/98) estabelecem os termos em que se opera a constituição,
exercício, modificação, transmissão e extinção do direito de uso e aproveitamento da terra e definem
zonas de protecção parcial e total, com vista à conservação ou preservação da natureza e de defesa e
segurança do Estado.
O Diploma Ministerial n.º 29-A/2000 de 17 de Março estabelece os mecanismos de delimitação das áreas
ocupadas pelas comunidades locais e pelas pessoas singulares nacionais de boa-fé, bem como para a
demarcação no contexto da emissão de títulos relativos ao DUAT. O artigo 3 refere-se que “a delimitação
e/ou demarcação de áreas ocupadas pela comunidades locais não impede a realização de actividades
económicas ou de outros empreendimentos, desde que obtenham o consentimento das comunidades”. O
Diploma de forma geral regula o processo de delimitação e demarcação de áreas sujeitas ao direito de uso
de aproveitamento de terras das comunidades locais e singulares nacionais de boa-fé.
A província é a maior unidade territorial da organização política, económica e social da Administração local
do Estado. A província é constituída por distritos que estão divididos em postos administrativos que por
sua vez estão divididos em localidades.
O posto administrativo é a unidade territorial imediatamente inferior ao distrito, tendo em vista garantir a
aproximação inferior ao distrito, tendo em vista garantir a aproximação efectiva dos serviços da
administração Local do estado às populações e assegurar maior participação dos cidadãos na realização
dos interesses locais.
a) Promover e organizar a participação das comunidades locais, na solução dos problemas locais;
b) Zelar pela manutenção da ordem e tranquilidade públicas no respectivo território;
c) Promover o desenvolvimento de actividades económicas, sociais e culturais, estimulando a
ocupação de todos os cidadãos capazes, priorizando as camadas mais vulneráveis;
d) Assegurar a análise das reclamações sugestões dos cidadãos, dando soluções àquelas que são
da sua competência e remeter as que não sejam para os níveis competentes;
e) Fazer reuniões públicas sempre que for necessário para dar informações, auscultar as
comunidades locais sobre a vida destas, recolher sugestões sobre o funcionamento da
Administração e promover a educação cívica;
f) Prestar contas de execução das tarefas emanadas dos órgãos de escalões superiores.
A Lei n.º 2/97, de 28 de Maio aprova o quadro jurídico para implementação das autarquias locais.
Esta lei, para além de definir a composição e função dos órgãos que constituem a administração da
cidade, descreve as suas competências em termos de gestão ambiental e apresenta o articulado de
enquadramento das autoridades tradicionais (art.º 28º) na interacção com as comunidades.
Em complementaridade, o Decreto nº 6/2006, de 12 de Abril, que define a estrutura tipo dos Governos
Distritais, normatiza a composição deste órgão (Administração do Distrito e Conselho Consultivo que é
formado por lideres formais e tradicionais que desempenham um papel de apoio à governação).
A Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (nova Lei orgânica), vem dar resposta e adequação às inovações
introduzidas pela Constituição de 2004.
A Lei n.º 5/2008, de 9 de Julho, altera pontualmente alguns dos artigos da Lei n.º 6/2006, de 2 de Agosto.
O Decreto n.º 11/2005, de 10 de Junho designado como Regulamento do Órgãos Locais do Estado teve
como objectivo regulamentar a Lei n.º 8/2003, de 19 de Maio, que estabelece os princípios e normas de
organização, competências e funcionamento dos órgãos locais do Estado.
Este decreto tem relevância para a organização e funcionalidade do sistema administrativo dos bairros e
na implementação de medidas positivas e de resolução de problemas comunitários, definindo a acção das
autoridades comunitárias (artigos 104 a 108) e a articulação destas com os órgãos locais do Estado.
Este Regulamento estabelece regras e princípios básicos sobre o processo de reassentamento, resultante
de actividades económicas de iniciativa pública ou privada, efectuadas por pessoas singulares ou
colectivas, nacionais ou estrangeiras, com vista a promoção da qualidade de vida dos cidadãos e a
protecção do ambiente.
recomendações metodológicas sobre todo o processo de reassentamento e emitir parecer técnico acerca
dos planos de reassentamento.
A população directamente afectada – entendida como aquela que tenha perdido totalmente os seus bens,
como casas, meios de subsistência e outro tipo de infra-estruturas – tem direito:
A Lei n.º 19/2007, de 18 de Julho (publicado na 1.ª Série do Boletim da República, n.º 29) aprova a Política
de Ordenamento do Território.
A Lei nº 23/2007, de 01 de Agosto (Lei do Trabalho), define os princípios gerais e estabelece o regime
jurídico aplicável às relações individuais e colectivas de trabalho subordinado, prestado por conta de
outrem e mediante remuneração.
A Lei n.º 10/88, de 22 de Dezembro (Lei do Património Cultural) “tem por objectivo a protecção legal dos
bens materiais e imateriais do património cultural moçambicano” (Artigo n.º 1).
Cabe ainda ao Estado “garantir a protecção dos bens imateriais do património cultural, competindo-lhe,
(…) promover o estudo e a revitalização das tradições culturais populares, ritos e folclore e promover a
recolha e registo gráfico, fotográfico, fílmico e fonográfico dos bens culturais imateriais.”
A estratégia foi aprovada pela IX Sessão do Conselho de Ministros a 24 de Julho de 2007 procura
responder aos desafios que o país presentemente enfrenta para o seu desenvolvimento sustentável, do
ponto de vista multi-sectorial e de longo prazo sobre os ecossistemas promovendo a protecção e a gestão
dos recursos naturais e a biodiversidade assim como a protecção e edificação do património arqueológico
e histórico.
A Política Nacional de Águas foi aprovada pelo Conselho de Ministros a 21 de Agosto de 2007, surge na
sequência da lei de águas de 1991. Define os seus principais objectivos a médio prazo (2015) e a longo
prazo (2025).
A questão do saneamento;
A Política Nacional de Terras de 1995 promove o direito de uso e aproveitamento da terra e esclarece
sobre as várias formas da sua utilização. No seu Artigo 17.º, reitera que a terra é propriedade do Estado,
princípio actualmente consagrado na Constituição da República. Recomenda o uso sustentável dos
recursos naturais de forma a garantir a qualidade de vida para as presentes e futuras gerações,
assegurando que as zonas de protecção total e parcial mantenham a qualidade ambiental e os fins
especiais para os quais foram constituídas. Incluem-se aqui as zonas costeiras, zonas de alta
biodiversidade e faixas de terrenos ao longo das águas interiores.
A Directiva sobre o Processo de Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial (Diploma Ministerial
n.º 181/2010 de 3 de Novembro) surgiu da necessidade de operacionalizar o processo de expropriação
para efeitos de ordenamento territorial. O objecto da Directiva é estabelecer as regras e os procedimentos
de expropriação para efeitos de ordenamento territorial e dotar os diferentes intervenientes de linhas de
orientação que deverão nortear o procedimento de expropriação.
A Estratégia e Plano de Acção para a Conservação da Diversidade Biológica de Moçambique foi aprovada
pelo Conselho de Ministros a 22 de Julho de 2003.
Alcançar o requisito do Artigo 6 da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CBD) que apela as
partes, a desenvolverem estratégias nacionais que reflictam as medidas preconizadas na
convenção.
Identificar questões para as quais, acções nacionais sejam tratadas como matéria prioritária e para
as quais existe uma necessidade imediata de coordenação de esforços.
Moçambique é um país onde a ocorrência de eventos extremos do clima constitui a grande barreira para o
rápido desenvolvimento económico sustentável pelos danos humanos e materiais até a perda de culturas
que a ocorrência desses eventos extremos, com uma frequência de pelo menos um evento em cada ano
acarreta. Como consequência a população vive numa situação de ameaça e instabilidade. O Governo de
Moçambique (GM), as Organizações Não Governamentais (ONG), as Organizações das Nações Unidas,
os Parceiros Internacionais e Agências Humanitárias (AH) têm vindo a desenvolver esforços visando a
redução dos impactos dos eventos extremos através da elaboração de vários planos e programas de
acção. É neste contexto que foi criado um grupo multi-sectorial denominado “NAPA team” com
responsabilidade de coordenar a elaboração e implementação do Programa de Acção Nacional para
Adaptação às mudanças climáticas em Moçambique.
O presente documento apresenta 4 (quatro) acções consideradas urgentes para a criação de capacidade
nacional de lidar com a variabilidade e mudanças climáticas. As acções distribuem-se em vários sectores
de desenvolvimento económico e social, destacando-se, os seguintes: prevenção de desastres naturais
orientado para o Sistema de Alerta e Aviso Prévio, o sector agrário, a zona costeira orientada para várias
actividades com destaque para a erosão e pesca, o sector de água particularmente no âmbito de
mudanças do clima, o sector de energia e o ambiente.
A escolha dos sectores teve como base a informação contida nos seguintes documentos elaborados no
processo de preparação do NAPA: Síntese de Informação Disponível sobre Efeitos Adversos das
Mudanças Climáticas em Moçambique, Medidas de Adaptação às Mudanças do Clima e Relatório da
Avaliação Participativa e outros programas, estratégias e planos nacionais e sectoriais relevantes ao
processo, como é o caso do Programa Quinquenal do Governo (2005-2009) e PARPA III (2011-2014).
Espera-se que a implementação rigorosa das acções listadas neste documento seja uma grande
contribuição para o alívio da pobreza e uma âncora rumo ao desenvolvimento sustentável em
Moçambique.
A Estratégia Nacional de Mudanças Climáticas (2013 – 2025) tem como objectivo estabelecer as
directrizes de acção para aumentar a resiliência, incluindo a redução dos riscos climáticos, nas
comunidades e na economia nacional, promovendo o desenvolvimento de baixo carbono e a economia
verde através da integração da adaptação e da mitigação no processo de planificação sectorial e local.
Tem como Visão “Reduzir a vulnerabilidade às MC e melhorar as condições de vida dos moçambicanos,
através da implementação de medidas concretas de adaptação e redução de riscos climáticos e ainda de
mitigação e desenvolvimento de baixo carbono, visando um desenvolvimento sustentável, com a
participação activa de todos os actores e sectores sociais, ambientais e económicos”.
Moçambique, como signatário da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas
(CQNUMC) desde 1995, assumiu algumas acções a desenvolver na mitigação das emissões de GEE
(gases com efeito de estufa) (CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs e SF6), bem como na adaptação das suas
políticas de desenvolvimento com vista a responder aos impactos das MC e promoção e cooperação em
campos como a investigação científica, tecnológica, técnica e socioeconómica, a observação sistemática,
a educação, a formação e informação do público e encorajamento da sua ampla participação no processo
das MC, incluindo de organizações não-governamentais (ONGs). Moçambique é também signatário do
Plano de Acção de Hyogo (2005-2015), o qual norteia as principais acções para redução do risco de
desastres, incluindo os riscos climáticos.
Dentre as convenções e declarações ambientais ratificadas por Moçambique merecem particular destaque
para o presente estudo as seguintes:
Esta Convenção foi ratificada pela Resolução n.º 18/81, de 30 de Dezembro, cujo princípio fundamental
integrado no Artigo II orienta os Estados para a tomada de medidas necessárias para assegurar a
conservação, utilização e desenvolvimento do solo, da água, da flora e da fauna de acordo com princípios
científicos e tomando em consideração os interesses das populações.
Foi ratificada através da Resolução n.º 1/94, de 24 de Agosto, cujo objectivo é promover a redução da
emissão de gases com efeitos de estufa para níveis seguros, minimizando assim os impactos ambientais
negativos do aquecimento global.
Foi ratificada pela Resolução n.º 2/94, de 24 de Agosto, a qual tem como objectivo a conservação da
diversidade biológica, a utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos
benefícios que advém da utilização dos recursos genéticos inclusivamente através do acesso adequado a
esses recursos e da transferência apropriada das tecnologias relevantes.
Foi ratificada através de Resolução do Conselho de Ministros de 1982. O objectivo da referida convenção
é de instituir serviços de protecção, conservação e valorização do referido património guiado por políticas
integrantes dos planos gerais de cada Estado bem como por métodos de intervenção técnico-científicos
que permitam enfrentar os perigos ameaçam a preservação do património cultural e natural.
A Agenda 21 de 1992 é um plano de acção detalhado a ser implementado a nível global, nacional e local
pelo Sistema das Nações Unidas, governos e principais grupos, com vista à redução dos impactos da
acção humana no ambiente.
O Protocolo acima referido foi ratificado pelo Conselho de Ministros de Moçambique, através da
Resolução Nº 76/2008 de 23 de Dezembro de 2008 e depositado no Secretariado da SADC a 27 de Março
de 2009. O mesmo foi publicado no Boletim da República, I Série, Nº 52 de 30 de Dezembro de 2008, 14º
Suplemento.
O Projecto é financiado pelo Banco Mundial (BM). Quanto às políticas de salvaguarda do BM, o EIA
deverá seguir para além das directrizes sobre as melhores práticas as seguintes normas:
Avaliação Ambiental (OP e BP 4.01) que fornece as directrizes para classificação de projectos,
dependendo do tipo, local, susceptibilidade e escala, bem como o Decreto n º 45/2004 de 29 de
Setembro. O objectivo deste procedimento é garantir que os projectos financiados pelo BM sejam
ambiental e socialmente sustentáveis, garantindo uma melhor tomada de decisão através da
integração de questões ambientais e sociais de impacto a partir de um planeamento e execução de
acções de desenvolvimento.
não abrange apenas o deslocamento físico, mas também qualquer perda de terrenos ou outras
propriedades.
Finalmente, importa ainda referir, que em matéria de compromissos internacionais terão que ser atendidos
os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM’s): Assinado pelos estados membro da Organização
das Nações Unidas (ONU) em 2000, fixam objectivos de desenvolvimento específicos a serem alcançados
até ao ano 2015 nas áreas de combate à pobreza. O projecto dos sistemas de saneamento e drenagem
das águas pluviais tem como objectivo a melhoria dos serviços de saneamento e drenagem das águas
pluviais e para além das metas definidas nos Planos de Desenvolvimento e para Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio do qual Moçambique é signatário.
5 DESCRIÇÃO DO PROJECTO
5.1.1 Introdução
A zona urbana ou estruturada da Cidade da Beira é a única que é servida por uma rede de drenagem
clássica de colectores enterrados. A zona vizinha, a vulgarmente designada por Zona Suburbana da
Chota, é servida por uma rede de canais, na sua quase totalidade não revestidos.
ZONA URBANA
O sistema de drenagem da Zona Urbana teve o seu início de construção na década de 60 do século
passado e consiste basicamente de uma rede clássica de colectores enterrados. Esta rede de colectores
de drenagem de águas pluviais (assinalada a verde na Figura 2) serve a zona urbana estruturada ou
consolidada da Cidade da Beira, entre o Estuário do Rio Púngué e o Canal de Moçambique, abrangendo
os Bairros dos Pioneiros, do Esturro, da Mananga, de Matacuane, de Chaimite, Ponta-Gêa, Chipangara,
Macurungo e Macuti.
Esta rede encontra-se subdividida em 23 bacias autónomas, com saídas ou pontos de descarga
independentes para o Oceano Índico, para o Estuário do Púngué e para a rede de canais de drenagem da
Zona Suburbana, a saber:
Uma saída do Canal A0, no bairro Palmeiras, que recebe as águas pluviais das descargas de dois
colectores;
A rede de drenagem desta Zona Urbana totaliza cerca de 57 km de colectores enterrados. Esta infra-
estrutura foi recentemente reabilitada, quer os colectores propriamente ditos quer as saídas ou descargas
de água, estruturas e equipamentos.
As saídas da rede de drenagem desta zona urbana para o Oceano Índico e para o Estuário do Púngué
dispõem de comportas automáticas e manuais de funcionamento à maré, destinadas a abrir ou fechar
consoante o diferencial de cargas hidráulicas entre montante e jusante.
ZONA SUBURBANA
A Zona Suburbana é por sua vez drenada por uma rede de canais, maioritariamente não revestidos. O seu
ramo principal e convergente final é o Canal A0, ao qual confluem, de jusante para montante, o Canal A3,
e na mesma secção o Canal A1 e o Canal A2.
Isolado deste conjunto de canais com descarga controlada no Oceano Indico, será ainda de referir o
Canal A4, com descarga livre no Rio Chicota, afluente da margem esquerda do rio Púngué.
Todos os canais existentes são não revestidos, em secções totalmente escavadas de forma trapezoidal.
Apenas um pequeno troço do Canal A2, num trajecto urbano (ao longo da Rua 24 de Julho) apresenta
uma secção completa revestida a betão armado. Para além deste poderia ainda ser referido o troço
terminal do Canal A0, revestido por lajetas de betão actualmente em estado de pré-ruína.
Todos os restantes canais apresentam apenas a sua secção revestida por um coberto vegetal rasteiro e
espontâneo, que não restringe significativamente o escoamento, e que confere à secção existente um
efeito estabilizador não desprezável. Nos troços de cabeceira do Canal A2 esta vegetação, pela evolução
e desenvolvimento que apresenta, já interfere negativamente com o escoamento.
A rede primária de drenagem, que apresenta uma extensão total de cerca de 17 km, é complementada na
zona baixa da Várzea por uma rede secundária, igualmente de canais não revestidos, cada um deles com
cerca de 1 km de comprimento e afastados cerca de 300 m entre si.
Esta rede de canais dispõe de uma descarga directa para o Oceano Índico: a estrutura desaguadora
localizada na secção terminal do Canal A0, na designada Zona das Palmeiras.
Esta estrutura desaguadora dispõe de cinco vãos de passagem, encontrando-se actualmente apenas três
vãos em operação. Os vãos operacionais são obturáveis por intermédio de comportas de corrediça de
madeira reforçada. O seu accionamento é realizado por um único aparelho de elevação, um monocarril
equipado com um diferencial eléctrico socorrido por um diferencial manual.
Esta estrutura de descarga apresenta-se pois parcialmente operacional, carecendo de reabilitação ao nível
da própria estrutura e equipamentos de controlo, bem como ao nível da desembocadura marítima.
Apresenta-se também muito assoreada, tanto a montante no canal A0 como a jusante já no mar.
5.1.2 Localização
2
O território sobre o qual incidiu o estudo compreende as Zonas Sul e Centro (aproximadamente 40 km ) e
2
a Zona Norte (aproximadamente 10 km ) da cidade da Beira, correspondentes actualmente aos Postos
Administrativos Central (PA1) e de Munhava (PA2). Os dois Postos administrativos integram 13 Bairros
nomeadamente Chaimite, Chipangara, Esturro, Macuti, Macurungo, Matacuane, Pioneiros, Ponta-Gêa,
Vaz, Mananga, Maraza, Munhava e Chota, conforme se pode observar na Figura 3.
Não havendo recursos financeiros suficientes para intervencionar imediatamente a totalidade da área de
estudo que está identificada anteriormente, optou-se por desenvolver o projecto total nas três fases que se
indicam na figura seguinte.
A Figura 5 indica o território sobre o qual incide a 1.ª Fase do Projecto e o presente EIA, os limites dos
bairros e a rede de canais de drenagem a intervencionar.
5.2.1 Introdução
Conforme referido anteriormente o presente Estudo de Impacto Ambiental incide sobre a 1.ª Fase de
intervenção do projecto global de reabilitação do Sistema de Drenagem Pluvial da Cidade da Beira.
Assim, a 1ª Fase de intervenção do projecto foi definida tendo em consideração os maiores benefícios que
podem ser esperados com o investimento nas infra-estruturas para o qual o Projecto oferece
financiamento.
Estas soluções foram desenhadas no quadro de uma solução global para a drenagem da cidade da Beira,
incluindo as fases subsequentes do programa de investimentos na rede de drenagem e de forma coerente
com o Plano Director da Cidade da Beira, recentemente aprovado.
A proposta de intervenção imediata (1ª Fase do projecto) é centrada nas estruturas dos canais de
drenagem existentes, concretamente nos canais A0 e A2, reabilitação do Desaguadouro das Palmeiras e
na construção da bacia de armazenamento na Maraza, e na reabilitação do canal A4. Esta bacia de
armazenamento será localizada de forma articulada com o espaço previsto para o efeito no Plano Director
da Cidade da Beira, aprovado em 2014, que adiante será referido por Plano Director da Beira.
Neste pressuposto, esta sub-bacia e os troços do canal A2 interessados passam a ter também por destino
principal os espaços livres existentes no Bairro da Maraza e o sistema de drenagem com que o mesmo
vier a ser dotado. Para o efeito, serão necessariamente realizados trabalhos de reperfilamentos nos troços
de montante do canal A2 e na zona a Norte da Rua Kruss Gomes. A entrega dos caudais na bacia de
armazenamento implica ainda o prolongamento para montante de um dos canais de drenagem existentes.
O reperfilamento do canal A2 não prejudica totalmente o seu escoamento para o Desaguadouro das
Palmeiras, pelo que a estrutura de seccionamento a construir no início no troço em betão deste canal irá
permitir o escoamento bidireccional, apenas para manter a máxima versatilidade de operação e de
conectividade entre subsistemas. Com esta segmentação é retirada ao Desaguadouro das Palmeiras um
3
caudal de cerca de 20 m /s. As obras afectadas a esta proposta de intervenção, no tocante ao sistema
que drena para o Desaguadouro das Palmeiras, são então as seguintes:
Construção de uma estrutura de controlo de caudais no início do troço revestido do canal A2;
Reperfilamento e revestimento do troço inicial, de montante, do canal A2 e respectivos canais
afluentes de percurso, incluindo os canais existentes a montante da Rua Kruss Gomes. Estes
trabalhos poderão decorrer no interior da faixa actual de ocupação. Caso se venha a justificar por
razões urbanísticas a constituição de uma via de acesso ao longo do seu traçado tornar-se-á
necessário um ligeiro alargamento da sua faixa longitudinal mas com um diminuto impacto social;
Construção da bacia de armazenamento na zona da Maraza, totalmente em escavação e com
pequenas motas envolventes de protecção; e
Interligação com o subsistema de drenagem interna do bairro da Maraza.
A construção da bacia da Maraza não dá lugar a reassentamento mas apenas a compensações das cerca
de 489 pessoas que possuem 609 parcelas (vulgo “machambas”), para o cultivo de arroz. A ocupação
destas parcelas far-se-á depois da época das colheitas e o Conselho Municipal da Cidade da Beira irá
atribuir parcelas substitutas, nas zonas de Inhamizua e Mungassa. Este trabalho está em curso, com a
participação da especialista em reassentamentos e questões sociais e com o envolvimento do CMB, de
quem depende em larga medida a sua resolução a contento das partes.
No interface entre o oceano-receptor e o sistema de drenagem interno (canal A0), a exploração da actual
estrutura de descarga das Palmeiras deverá ser realizada da forma mais eficaz possível. Esta deverá
assegurar permanentemente a sua máxima capacidade de descarga, correspondente aos cinco vãos
construídos, e não estar restringida aos três vãos de descarga actualmente em funcionamento. Também,
não deverá estar condicionada pelos assoreamentos interno e frontal existentes. Considera-se pois que
esta é uma intervenção prioritária.
Os trabalhos desta fase complementam-se com a intervenção na zona portuária e industrial que drena
para o rio Chicota através do canal A4 e por intermédio deste para o estuário do rio Púngué. Por razões de
morfologia das áreas envolventes incluirá ainda uma faixa de terreno urbano a sul do canal A4 até ao
bairro dos Pioneiros.
No que respeita ao modo de execução da obra, o empreiteiro deverá isolar hidraulicamente o troço de
canal em obra através da instalação de ensecadeiras temporárias, removíveis e reutilizáveis.
Estas ensecadeiras temporárias destinam-se a colocar a seco troços de algumas dezenas de metros em
cada troço do canal intervencionado, sem interrupção da livre circulação dos caudais afluentes ao troço
em intervenção preferencialmente por gravidade no interior da obra do canal. O Empreiteiro terá que
executar a obra, em cada troço, alternadamente na margem esquerda e margem direita, de modo a não
interromper a livre circulação dos caudais, como já referido. Assim, não há transporte destas águas para
fora da rede de canais e não há qualquer alteração do ambiente circundante.
5.2.2.1 Canal A0
Este canal, totalmente em escavação, com 24 m de rasto e com uma profundidade média de 1,8 m,
apresenta uma secção transversal trapezoidal, com rasto “não revestido” e espaldas parcialmente
revestidas com lajedo de betão (tipo rosacometa).
Lateralmente à sua secção transversal desenvolvem-se duas vias não pavimentadas e não dispõe de
qualquer tipo de protecção longitudinal.
Este troço dispõe de uma ponte rodoviária em bom estado.
22
21
24
23
INTERVENÇÕES PROPOSTAS
Zona de trabalho: canal A0, com 940 m de comprimento, 24 m de rasto e 2,3 m de altura de espalda
lateral.
Execução de 940 metros de secção rectangular em betão armado, com o fundo não revestido, no Canal
A0, e nos troços terminais dos canais A1 e A3:
Aterro dos terraços laterais, ao longo do canal principal e canais secundários afluentes;
Construção de valeta longitudinal de recolha do passeio, da via, e da faixa lateral de drenagem para
o canal,
Construção do caboduto ou bainha técnica enterrada entre as Palmeiras e as EC1 e EC3, para
instalação de cabo dedicado de comunicações; e
5.2.2.2 Canal A2
CANAL A2 – TROÇO REVESTIDO
O troço revestido do canal trapezoidal A2, de secção completa, rasto e espaldas a 1(v) : 2(h), será no
âmbito do presente projecto de intervenção objecto de reabilitação parcial.
Este canal, totalmente em escavação com 6 m de rasto e espaldas betonadas à altura máxima de 1,8 m,
encontra-se em razoável estado de conservação.
A secção revestida não atinge a cota das bermas laterais, existindo uma pequena espalda superior
estabilizada com um consistente revestimento vegetal.
As bermas de ambos os lados dispõem de um passeio e de uma guarda metálica de protecção, seguindo-
se uma via rodoviária em betão betuminoso.
Os troços de cabeceira do canal A2 apresentam-se não revestidos, pelo que serão no âmbito do presente
projecto objecto de reabilitação.
Para além dos trabalhos de revestimento serão complementarmente realizados trabalhos de nivelamento
das bermas, nivelamento e reperfilamentos dos fundos e construção de vias laterais.
O canal primário, totalmente em escavação, com 7 m de rasto e com uma profundidade média de 1,1 m,
apresenta uma secção transversal trapezoidal degradada e com um revestimento vegetal descontrolado.
INTERVENÇÕES PROPOSTAS
Canal A2, montante
Nas figuras seguintes encontram-se representados os vários troços do canal A2 a intervencionar, de norte
para sul.
5
6
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
5.2.2.3 Canal A4
O canal A4, rede primária, não é revestido e carece de significativos trabalhos de limpeza, reconstrução e
de beneficiação.
INTERVENÇÕES PROPOSTAS
Execução de 41m de secção rectangular em betão armado, com fundo não revestido, remodelação de
uma passagem hidráulica existente e execução de 1973 m de secção trapezoidal não revestida:
Reconstrução de uma rede secundária de canais de drenagem na zona industrial, numa extensão de
1611 m:
Assentamento de tubagens;
Reposição do pavimento.
Nas figuras seguintes apresentam-se as secções tipo propostas no âmbito do presente projecto, sendo
que no Anexo 8 encontra-se as Plantas das redes dos canais (Desenho 7 do Projecto de Execução).
Figura 12 – Secções transversais Tipo (em cima canal A0 e A2; em baixo canal A4).
No apresenta-se um resumo das características físicas projectadas dos canais a intervencionar no âmbito
do projecto (de jusante para montante).
A actual rede de drenagem implantada na zona periurbana da cidade da Beira descarrega os caudais
afluentes directamente e por gravidade no Oceano Índico através do Desaguadouro das Palmeiras.
Os caudais afluentes são provenientes, quer da Zona Periurbana quer de algumas das sub-bacias de
drenagem da Zona Urbana com que confinam as referidas infra-estruturas de drenagem.
Da conjugação dos hidrogramas de cheia com o ciclo de maré, verificam-se prolongados intervalos de
tempo de retenção dos caudais pluviais no interior do sistema de drenagem; a retenção de elevados
caudais pluviais provoca por vezes transbordamentos indiscriminados na zona baixa da Munhava e em
toda a zona baixa da Chota, com consequentes impactos negativos, sociais e ambientais.
O controlo desta situação de alagamento por transbordamentos passa pela instalação estratégica de uma
bacia de armazenamento, estrutura com capacidade para reter temporariamente os caudais pluviais
afluentes ao sistema de drenagem e impedidos de descarregar no Oceano Índico pelos níveis altos de
maré entretanto ocorrentes. Esta bacia, ligada ao Canal A2 na sua extremidade de montante, tem por
objectivo o armazenamento temporário dos caudais/volumes afluentes à rede primária de drenagem,
nomeadamente, aos canais de drenagem A2 e A0, para posterior restituição a jusante e à maré pelo
Desaguadouro das Palmeiras.
O controlo de caudais / volumes no interior dos canais de drenagem A2 e A0 e sua condução temporária
para e da Bacia da Maraza, implicará necessariamente o isolamento controlado dos subsistemas de
drenagem da zona mais baixa da Chota, ao nível dos canais A1 e A3 e canais secundários e terciários
associados.
Para o efeito serão, simultaneamente com esta obra da bacia, recuperadas as estruturas de controlo
existentes no final dos canais de drenagem A1 e A3.
Assim, a bacia de armazenamento terá as seguintes características básicas (ver figuras do Anexo 8 –
Bacia da Maraza):
A sua forma foi estabelecida no sentido da menor inércia e mais rápida resposta hidrodinâmica,
próxima da circular;
A bacia será totalmente em escavação com nível de pleno armazenamento coincidente com o
nível máximo do plano de água no Canal A2 e nível mínimo cerca de 0,50 m abaixo da cota de
soleira do Canal A2, a fim de permitir constituir um rebaixe à entrada que favoreça o depósito
localizado de inertes;
Para efeito de definição da sua secção transversal tipo, os taludes no interior serão a 1/3 e no
exterior a 1/6;
A linha de coroamento será variável por forma a disponibilizar espaços complementares a seco,
compatíveis com a eventual instalação de zonas de lazer;
A bacia terá uma secção transversal múltipla, prolongando-se todo o rebaixe ao longo de todo o
reservatório, que ficará permanente húmida; este rebaixo ficou já desenvolvido de forma a
A bacia será não revestida, mas os aterros das bermas e nomeadamente as superfícies interiores
serão executadas com solos seleccionados provenientes das escavações e com características
mais impermeáveis ou argilosas, para controlar as linhas de percolação interiores;
Na ligação ao canal A2 será executada uma estrutura de controlo da entrada de água, sem
qualquer elemento regulador, simplesmente equipada com grelhas de protecção e de separação
de sobrenadantes, a 70º com 0,05 m de espaço interbarras; complementarmente serão instaladas
peças fixas para montagem de ensecadeiras para remoção das grelhas do tipo “stop-logs”. Com
estes equipamentos poderá ser regulada a altura de água na bacia, incluindo o seu total
esvaziamento. Com estes equipamentos poderá ser regulada a altura de água na bacia, incluindo
o seu total esvaziamento.
Para o escoamento e controlo dos caudais entrados, com o valor máximo de cerca de 40 m3/s, foi
considerada a instalação de cinco vãos;
Para os caudais saídos, com retorno para o Desaguadouro das Palmeiras, com o valor máximo de
4 m3/s, não foi considerada a instalação de qualquer estrutura própria; de facto este pequeno
caudal poderá circular em sentido inverso nos já referidos cinco vãos de entrada sem significativas
perdas de carga localizadas;
Numa segunda fase e para ligação directa à futura bacia de armazenamento da Chota/Estoril foi
prevista a localização de uma segunda estrutura de controlo na linha de berma oposta à da
primeira estrutura, nas proximidades da futura vala de drenagem de pé-de-talude já considerada
em anteriores estudos de drenagem da zona da Maraza. Esta vala terá o desenvolvimento total do
comprimento efectivo da bacia da Maraza, e destinada à recolha e ao transporte dos caudais
marginais a Sul para a zona da segunda bacia de armazenamento a Bacia da Chota-Estoril;
3
A capacidade da bacia foi estabelecida nos 175 hm .
O sistema de drenagem da Cidade da Beira, para além da rede de canais, primária, secundária e terciária,
integra um conjunto de estruturas auxiliares de controlo dos escoamentos, assumindo papel
preponderante o Desaguadouro das Palmeiras, estrutura de descarga terminal.
Para além desta e com funcionalidades específicas no sistema de drenagem a reabilitação, importa referir
a estrutura de controlo existente no final do Canal A1, a EC1, e a estrutura de controlo no final do Canal
A3, EC3.
Estas estruturas de controlo existentes são objecto de reabilitação total no âmbito do presente trabalho,
sendo-lhes agora atribuídas simultaneamente novas finalidades.
Para além das referidas estruturas existentes será ainda de salientar os trabalhos de reconstrução total
das restantes estruturas de controlo similares existentes, sendo a primeira, em posição intermédio do
Canal A2 e a segunda no troço terminal do Canal A4.
Esta última, a EC4, ao conter a jusante as ondas de maré, do lado do rio Púngué, irá assegurar as
desejadas condições hidráulicas de descarga e, eventualmente, de armazenamento temporário no interior
do canal A4, dos caudais pluviais gerados em toda a bacia da zona industrial.
INTERVENÇÕES PROPOSTAS
Reconstrução geral da super estrutura, laje de fundo, encontros laterais, pilares intermédios,
passadiços, transições a montante e jusante;
Construção das lajes de fundo, encontros, pilares intermédio, passadiços e trechos de transição de
montante e de jusante;
As pontes observadas não apresentam situações objectivas que denotem existir qualquer risco estrutural,
quer ao nível das respectivas fundações, quer da sua própria superestrutura.
De facto, não seriam de todo inesperadas situações de erosão localizadas nos encontros e nos pilares
centrais, que serão objecto de intervenção.
Os encontros laterais nas secções de transição denotam genericamente um estado de ruína completa
objecto de necessária intervenção.
Quanto à estrutura propriamente dita, deverão ser programados trabalhos de reabilitação das respectivas
juntas de dilatação transversais e de reconstrução de guardas laterais.
Assim, todas as pontes serão, em tempo oportuno e com as adequadas acessibilidades gerais, objecto de
verificação das respectivas patologias, podendo considerar-se necessário, na máxima abrangência, a
realização dos seguintes trabalhos de beneficiação geral:
Todos os passadiços precários instalados serão objecto de substituição por elementos funcionais
equivalentes de inequívoca resistência e estabilidade.
Da conjugação local entre as secções revestidas e os passadiços poderão resultar pontuais alterações
das larguras dos canais, naturalmente sem prejuízo das respectivas capacidades de vazão, mas também
o reforço pontual dos muros de contenção lateral para dar suporte à estrutura do tabuleiro do passadiço.
Desta forma, procurar-se-á a máxima articulação entre as duas estruturas por forma a obter a máxima
economia global, mas também a necessária articulação possível dos pontos de vista estético e funcional.
Os passadiços terão uma largura mínima de 1,5 m, podendo em zonas com maior densidade populacional
passar para 2.0 m de largura útil.
Com a revisão da rede de drenagem, resultarão necessários trabalhos de reconstrução de alguns dos
aquedutos instalados. Esta necessidade resulta da revisão realizada ao nível dos respectivos perfis
longitudinais e ao nível das respectivas secções transversais, em ambos os casos em articulação com os
caudais a escoar.
Esta situação assumiu particular notoriedade nos troços de montante do canal A2, resultante da inversão
proposta para os respectivos escoamentos. Nesta zona todas as estruturas existentes (V6, V7 e V8) serão
objecto de remodelação.
Neste conjunto assume particular importância a travessia da Rua Kruss Gomes. De facto, o actual quadro
2
de um vão único de 2,5x1.2 m , afigura-se restritivo para o escoamento livre do caudal de verificação de
3 2
cerca de 14 m /s. Para esta secção será conveniente dispor de uma secção útil não inferior de 4 m .
No quadro seguinte apresenta-se uma síntese do dimensionamento das passagens hidráulicas da rede
primária de drenagem e os respectivos caudais de ponta expectáveis para o período de retorno de 10
anos com o agravamento decorrente das alterações climáticas. No Anexo 8 – Peças Desenhadas do
Projecto encontra-se a localização das Passagens Hidráulicas a Reabilitar/Reconstruir.
Vias de circulação ao longo dos canais, nomeadamente o caminho existente junto ao canal A4 na
zona frontal à ETAR.
Nas componentes de betão armado são utilizadas soluções monolíticas betonadas in situ com formas e
dimensões compatíveis com o recurso a meios e tecnologia largamente utilizados em estruturas desta
natureza, conseguindo-se assim conciliar aspectos como, facilidade, rapidez e garantia de qualidade de
execução bem como os custos associados.
Nas componentes estruturais com elementos de madeira e metálicos, foram adoptadas soluções que
viabilizem a sua execução com meios correntes, quer meios de transporte quer meios de elevação e
montagem.
Assim, em termos de equipamentos, está previsto o uso de maquinaria pesada de vários tipos durante a
fase de construção, como por exemplo draga de areia de grande capacidade, equipamento de
densificação de areia por vibro-flotação, camiões basculantes, britadoras, escavadoras hidráulicas,
guindastes e outras, bem como equipamento e ferramentas de oficinas, de entre os quais maquinaria e
ferramentas diversas.
O valor total de investimento do projecto, que inclui a reabilitação dos canais A0, A2 e A4, incluindo os
estudos, elaboração do projecto executivo a as obras da 1ª Fase de 54.350.00,00 USD (cinquenta e
quatro milhões e trezentos e cinquenta mil dólares americanos).
Para que se possa ter uma noção do desenvolvimento das obras a executar, apresenta-se em seguida o
cronograma dos trabalhos previstos executar durante a fase de construção do Projecto, chamando-se no
entanto à atenção para o facto de ser um cronograma indicativo pois este depende significativamente das
condições climatéricas.
TRABALHOS GERAIS
Montagem de Estaleiro
Desmontagem de Estaleiro
TROÇO - CANAL A0
Canal A0
Passadiços Pedonais
Passagens Viárias
TROÇO - CANAL A2
Passadiços Pedonais
Passagens Viárias
TROÇO - CANAL A4
Canal A4
Passagens Viárias
Zona Industrial
5.8 RESÍDUOS
Assim, verifica-se que estes trabalhos nos canais de drenagem (A0, A2 e A4 e zona industrial) e
construção da Bacia da Maraza implicarão a gestão dos seguintes resíduos e materiais sobrantes:
2. Lamas que se têm acumulado no fundo dos canais por ineficiente limpeza regular;
6. RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) gerados durante a obra de construção e resultantes das
actividades do estaleiro.
Resíduos não
2.b) Plástico Fornecedor de Materiais 8 Reciclagem
perigosos
1
A reciclagem é opção preferida de eliminação dos resíduos. Não havendo empresas de reciclagem na Beira, estes resíduos serão
depositados na Lixeira do Conselho Municipal da Beira.
Quantidades Possibilidade de
Identificação dos Resíduos
Produzidas
De Acordo com o Decreto n.º 13/2006, Origem / Fonte Classificação Tratamento / Eliminação
(Estimativa)
de 15 de Junho, Artigo 6º e Anexo IV
(ton) Preferencial
Fornecedor de Materiais
Reciclagem/Entrega aos
de Construção, Resíduos não
2.d) Metal 1199 compradores de sucata de
manutenção, perigosos
ferro
desactivação
Oferta ou venda ao
Terras Provenientes da Munícipes que necessitem
Escavação na Bacia da Resíduos não
2.h) escavação da Bacia da 543228 para altear os seus terrenos.
Maraza perigosos
Maraza Deposição temporária no
Local indicado na Figura 15
Quantidades Possibilidade de
Identificação dos Resíduos
Produzidas
De Acordo com o Decreto n.º 13/2006, Origem / Fonte Classificação Tratamento / Eliminação
(Estimativa)
de 15 de Junho, Artigo 6º e Anexo IV
(ton) Preferencial
Oferta ou venda ao
Munícipes que necessitem
para altear os seus terrenos,
após a confirmação da sua
Terras Provenientes da conformidade no que
Escavações nos canais Resíduos não
2.h) escavação dos canais A0, 761824 respeita aos
A0, A1, A2 e A4 perigosos
A1, A2 e A4 microorganismos
patogénicos (Salmonella
spp. e Eschericia coli).
Deposição temporária no
Local indicado na Figura 15
Oferta ou venda ao
Munícipes que necessitem
para altear os seus terrenos,
após a confirmação da sua
Lamas Provenientes do conformidade no que
Escavações nos canais Resíduos não
2.h) fundo dos canais A0, A1, 163680 respeita aos
A0, A1, A2 e A4 perigosos
A2 e A4 microorganismos
patogénicos (Salmonella
spp. e Eschericia coli).
Deposição temporária no
Local indicado na Figura 15
Resíduos Sólidos
Domésticos resultantes da Limpeza local dos canais Resíduos não
2.h) 6000 Aterro Sanitário Municipal
limpeza dos canais A0, A1, A0, A1, A2 e A4 perigosos
A2 e A4
Encaminhadas para um
Solos contaminados
2. h) / Não quantificável Resíduos operador licenciado que as
resultantes da escavação Escavação do canal A4
Y…(*) nesta fase perigosos deverá conduzir a destino
do canal A4
final apropriado
Encaminhadas para um
Lamas contaminados
2. h) / Não quantificável Resíduos operador licenciado que as
resultantes da escavação Escavação do canal A4
Y…(*) nesta fase perigosos deverá conduzir a destino
do canal A4
final apropriado
Quantidades Possibilidade de
Identificação dos Resíduos
Produzidas
De Acordo com o Decreto n.º 13/2006, Origem / Fonte Classificação Tratamento / Eliminação
(Estimativa)
de 15 de Junho, Artigo 6º e Anexo IV
(ton) Preferencial
Encaminhadas para um
Resíduos Sólidos
2. h) / Não quantificável Resíduos operador licenciado que as
Domésticos resultantes da Limpeza do canal A4
Y…(*) nesta fase perigosos deverá conduzir a destino
limpeza do canal A4
final apropriado
Temporariamente
armazenadas no Estaleiro
do empreiteiro em local
Não quantificável Resíduos protegido.
Y8 Resíduos de óleos Veículos
nesta fase perigosos Deposito Apropriado gerido
por operador legalizado de
acordo com a Legislação
Moçambicana.
Temporariamente
armazenadas no Estaleiro
do empreiteiro em local
Não quantificável Resíduos protegido.
Y15 Baterias de chumbo-ácido Veículos
nesta fase perigosos Deposito Apropriado gerido
por operador legalizado de
acordo com a Legislação
Moçambicana.
Temporariamente
armazenadas no Estaleiro
do empreiteiro em local
Pequenas baterias,
Não quantificável Resíduos protegido.
Y15 lâmpadas fluorescentes e Escritórios
nesta fase perigosos Deposito Apropriado gerido
de sódio
por operador legalizado de
acordo com a Legislação
Moçambicana.
Temporariamente
armazenadas no Estaleiro
Cartuchos das Não quantificável Resíduos do empreiteiro em local
Y16 Escritórios
Impressoras nesta fase perigosos protegido.
Reciclagem (Retoma pelo
fornecedor)
Quantidades Possibilidade de
Identificação dos Resíduos
Produzidas
De Acordo com o Decreto n.º 13/2006, Origem / Fonte Classificação Tratamento / Eliminação
(Estimativa)
de 15 de Junho, Artigo 6º e Anexo IV
(ton) Preferencial
Total 1486067 - -
1. Os resíduos equiparados a RSU removidos dos canais serão conduzidos para o aterro de RSU do
CMB (Concelho Municipal da Beira) e cuja localização se indica na Figura 15. A localização mais
precisa poderá ser vista na Figura 16. Este local tem sido utilizado como destino dos produtos da
limpeza dos canais que o CMB esporadicamente efectua, e que têm a mesma natureza destes
que serão agora ser recolhidos;
Subsistem algumas dúvidas acerca da eventual contaminação das lamas referidas em 2. Tendo em
consideração os resultados das análises químicas das lamas do rio Chiveve (que não identificou nenhum
problema de contaminação naquelas lamas, sejam metais pesados sejam hidrocarbonetos – Quadro 7, é
possível estabelecer o seguinte:
1. As lamas dos canais A0, A1 e A2 não se encontram contaminadas. Contêm matéria orgânica (da
vegetação e da defecação ao ar livre que é comum na região) e, no troço destes canais sujeito à
influência das marés, cloretos. A concentração de metais pesados e hidrocarbonetos é baixa ou
inexistente, já que não há qualquer actividade industrial na zona de influência e na bacia drenada
por estes canais. Assim sendo estas lamas serão depositadas temporariamente no local
identificado na Figura 16;
2. Quanto às lamas do canal A4, dada a vizinhança do Porto da cidade da Beira e das unidades
industriais aí instaladas (CFM, terminal de combustíveis da BP), estas poderiam estar
contaminadas. A eventual contaminação destas lamas foi confirmada por uma campanha de
análises de metais pesados e hidrocarbonetos (veja Quadro 8, lista de análises que foram
realizadas).
Salienta-se ainda que o local indicado na Figura 16, foi acordado com o CMB, através de respectivo
Vereador da Construção e Urbanização, que concedeu permissão para que o local fosse utilizado no
âmbito do Projecto como depósito temporário.
Quadro 7 - Resultados das análises químicas das amostras de solo (Fonte: LEM).
Resultados %
Local Descarga do Rio Chiveve Paragem de Autocarros, Maquinino Piscina do Goto
Amostragem Proximo Canal 20 m afastado do canal Proximo Canal 20 m afastado do canal Proximo Canal
Profundidade 10 cm 30 cm 10 cm 30 cm 10 cm 30 cm 10 cm 30 cm 10 cm 30 cm
CES B.1 1 -10 B.1 1 -30 B.1 2 -10 B.1 2 -30 B.2 1 -10 B.2 1 -30 B.2 2 -10 B.2 2 -30 B.3 1 -10 B.3 1 -30
LEM 2661- 2662- 2663- 2664- 2665- 2666- 2667- 2668- 2669- 2670-
PARÂMETROS
Zinco, ZnO 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Cobre, CnO 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Cadmio, CdO 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Chumbo, PbO 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Arsenico, AsO3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Manganês, MnO 0,10 0,07 0,10 0,10 0,09 0,10 0,12 0,10 0,05 0,05
Aluminio, Al2O3 3,76 3,16 3,07 3,16 43,13 4,61 4,26 3,13 4,28 3,14
Cloretos, % Cl- 0,23 0,24 0,23 0,23 0,23 0,24 0,23 0,23 0,24 0,23
Na figura seguinte encontra-se assinalada a localização aproximada onde as amostras foram colhidas
(Pontos A, B e C), tendo sido colectadas a duas profundidades, -0,3m e -0,5m, tomando como referência a
cota local do fundo do canal.
PARAMETROS (mg/kg)
pH 7,73 7,84 7,77 7,69 7,88 8,65 >7 N/A N/A
Hidrocarbonetos Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente N/A N/A N/A
Cobre (Cu 2+) 141,82 99,72 28,18 37,86 32,54 29,66 200 1.000 1000 a 1750
Cadmio (Cd2+) 1,58 20,16 15,48 <1,0170 15,22 <0,0170 4 20 20 a 40
Chumbo (Pb2+) 36,20 44,20 19,24 6,90 242,60 20,52 450 750 750 a 1200
Crómio (Cr2+) 16,46 18,02 20,64 31,60 29,32 26,20 300 1.000 N/A
Mercurio (Hg2+) <0,0125 <0,0125 <0,0125 0,04 <0,0125 0,08 2 16 16 a 25
Niquel (Ni 2+) 15,76 14,74 9,22 12,68 15,38 12,76 110 300 300 a 400
(Zinco Zn2+) 377,90 273,20 34,06 37,62 39,66 36,16 450 2.500 2500 a 4000
Da comparação dos valores obtidos nas análises com os valores limite constantes do Quadro 9
(Legislação Portuguesa - Decreto-Lei n.º 276/2009, de 2 de Outubro, para amostras com pH superior a 7 e
Legislação Comunitária - Directiva do Conselho n.º 86/278/CEE), tem-se o seguinte em relação aos
parâmetros analisados:
Cobre, chumbo, crómio, mercúrio, níquel e zinco: as seis amostras analisadas nos três locais e às
profundidades atrás referidas apresentam valores abaixo do valor limite definido na legislação
para um solo não contaminado;
Cádmio: Das seis amostras analisadas, três são consentâneas com solo normal e duas com
lamas aplicáveis em agricultura. Com efeito, nos locais A (-0,3 m), B (-0,5 m) e C (-0,5 m)
encontraram-se valores inferiores ao valor limite estipulado para solo não contaminado e nos
locais A (-0,5 m), B (-0,3 m) e C (-0,3 m) os valores observados são consentâneos com o
estabelecido para lamas aplicáveis a solos agrícolas;
Tendo em conta o exposto, as lamas provenientes do canal 4 não necessitam de destino final especial,
uma vez que as suas características são consentâneas com solos não contaminados ou com solos
aplicáveis em agricultura.
No entanto, dada a vizinhança do Porto da cidade da Beira e das unidades industriais aí instaladas (CFM,
terminal de combustíveis da BP) ao canal A4, como medida preventiva, durante o decorrer dos trabalhos
neste canal deverão ser realizadas análises de metais pesados e hidrocarbonetos. As análises a realizar
são as constantes do Quadro 8. No caso de eventual contaminação destas lamas estas deverão ser
encaminhadas para um operador licenciado que as deverá conduzir a destino final apropriado.
Pelo referido anteriormente será necessária a confirmação da conformidade dos materiais depositados no
que respeita aos microorganismos patogénicos (Salmonella spp. e Eschericia coli), antes de serem
disponibilizados ao Conselho Municipal da Beira para este oferecer ou vender estes solos para os
Munícipes que necessitem de altear as suas parcelas. Assim propõe-se a seguinte estratégia:
2. Caso se verifique existir tal contaminação, deposição temporária dessas lamas no depósito
temporário já previsto para este efeito junto ao aterro de RSU e ETAR, para compostagem;
Realização de análises aos materiais depositados a disponibilizar, para verificar a existência ou não de
contaminação fecal. As análises representativas a microorganismos patogénicos, serão as seguintes, de
acordo com as normas ISO 6579-2002, no caso da Salmonella spp e a ISO 16649-2.2001 para a
Escherichia coli. Os valores limites admitidos serão:
A frequência das análises para o plano de amostragem deverá contemplar a recolha mensal
representativa dos materiais depositados a disponibilizar, por zona mensal de depósito, após a
permanência mínima dos materiais em depósito de 20 dias.
Conforme referido anteriormente, no caso em que subsista contaminação dos materiais depositados e
não se vislumbre que o problema possa ser resolvido por via da compostagem os materiais devem ser
transportados para depósito em local adequado, nomeadamente para o depósito previsto para as lamas
do Chiveve. O local do aterro foi designado por “Cerâmica”, tendo sido identificado no âmbito do projecto
“Adaptação às Mudanças Climáticas na Cidade da Beira – Reabilitação, Extensão e Operação do
Sistema de Drenagem Urbano de Águas Pluviais”, cuja localização se apresenta na figura seguinte.
A área foi utilizada para a exploração de argila para Cerâmica, mas actualmente encontra-se
abandonada.
A distância desta área à habitação mais próxima é de cerca de 170 m, e da povoação mais próxima é de
200 m. Em termos ambientais, considera-se que a área não possui nenhum valor ecológico, ou seja não é
uma área de especial importância ecológica que desempenhe funções únicas cruciais para a
continuidade do funcionamento dos ecossistemas.
Salienta-se que na envolvente ao depósito do Chiveve existe área disponível para expandir o depósito,
caso seja necessário, conforme assinalado na figura anterior.
6 ALTERNATIVAS AO PROJECTO
O presente Relatório do Estudo de Impacto Ambiental, foi elaborado com base no Estudo Prévio de
Definição de Âmbito e dos Termos de Referencia (EPDA) aprovados pelo MICOA, através da carta
10/GM/MICOA/189/2014 de 10 de Fevereiro de 2014. No EPDA foram descritas todas as alternativas
consideradas nas fases iniciais do projecto, nomeadamente:
Alternativa 3 – Identificada como Alternativa Base, corresponde a realizar uma intervenção nos
Canais A0, A2 e A4, de modo a ampliar a capacidade de transporte da rede de drenagem existente
e indo ao encontro dos objectivos do Projecto Cidades e Mudanças Climáticas de melhoria das
condições de drenagem dos bairros da Munhava e Maraza.
Alternativa 4
Intervenção nos canais A0, A2 e A4, intervenção nos canais A1 e A3, troços de jusante, e
estrutura de descarga no bairro da Maraza, com bacia de retenção;
Intervenção nos canais A0, A2 e A4, intervenção nos canais A1 e A3, troços de jusante, e
estrutura de descarga no canal A4, com bacia de retenção na Munhava; e
Intervenção nos canais A0, A2 e A4, intervenção nos canais A1 e A3, troços de jusante,
Interligação no canal A2, troço de montante, intervenção no canal A1, troço de montante e
Zona da Chota e estrutura de descarga no Estoril ou alternativamente no rio Maria, com
bacia de retenção (solução que finalmente acabou por ser retida); e
1. Porque o escoamento das águas pluviais estará sempre condicionado pelo nível das águas do
mar na porta das Palmeiras (que terão de estar fechadas durante umas horas durante as praia
mar), para melhorar significativamente as condições de drenagem da zona será necessário
construir uma bacia de armazenamento temporário das águas pluviais (hoje essas águas escoam-
se para as cotas mais baixas que se encontram na zona da Chota hoje já densamente povoadas,
acumulando-se aí);
2. A localização ideal desta bacia seria na proximidade da porta das Palmeiras, solução que, no
entanto, teve de ser abandonada devido à ocupação estruturada desses terrenos, com
habitações, hotéis e outras infra-estruturas cuja remoção teria custos proibitivos;
3. Na impossibilidade da localização nas Palmeiras foi então encontrada uma outra solução, na zona
da Maraza. Esta localização justifica-se por razões hidráulicas (sempre teriam de ser terrenos a
cotas baixas para onde as águas possam escoar-se graviticamente), sociais (terrenos que não
estivessem ocupados com construções nem na vizinhança de habitações), económicos (terrenos
na vizinhança da extremidade do canal A2, zona considerada prioritária para a drenagem, para
não incorrer em custos excessivos) e de saúde pública (terrenos já hoje alagados, não se estando
com isto a agravar problemas já existentes);
4. O funcionamento previsto do sistema de canais é então o seguinte (quando a porta das Palmeiras
estiver fechada devido à maré): (1) as comportas localizadas nos canais A1 e A3 serão fechadas,
isolando o subsistema da Chota, as águas dos canais A2 e A0 serão drenadas graviticamente
para a bacia da Maraza, fechando em seguida a comporta do canal A2; as águas da Chota ficarão
lá retidas e a situação será, no entanto melhorada relativamente à situação que hoje ali se vive,
pois deixa de receber os caudais que são desviados para a bacia de retenção da Maraza; (2)
quando a porta das Palmeiras abrir será dada prioridade à drenagem da Chota, mantendo
encerrada a comporta do canal A2; (3) assim que as condições de níveis a montante e a jusante
das comportas de cabeceira dos canais A1 e A3 o permitirem, será aberta a comporta do canal A2
e a bacia da Maraza será esvaziada para o mar via canal A0.
5. Este funcionamento hidráulico não seria possível com outra localização da bacia da Maraza
(localizada na Chota, por exemplo).
6. Na segunda fase do projecto as intervenções incidirão sobre a zona da Chota, com a construção
de uma segunda porta de mar e uma bacia de retenção de caudais na zona do Estoril (interposta
portanto entre a rede de canais de drenagem e a porta de mar), podendo a bacia da Maraza ser
então drenada para essa nova porta. Os canais A1 e A3 deixariam de drenar para as Palmeiras e
as suas águas seriam encaminhadas para o estuário do rio Maria onde se projecta que possa ficar
situada essa nova porta.
Assim, e na sequência dos estudos realizados e resultados intercalares obtidos no Estudo de Viabilidade
foram retidas as seguintes propostas finais, a saber:
1ª Fase – Corresponde a realizar uma intervenção nos canais A0, A2 e A4 e a construção de uma
bacia de armazenamento na Maraza, bem como a reabilitação do Desaguadouro das Palmeiras e
das estruturas de controlo dos canais A1, A3 e A4 e uma estrutura de controlo no canal A2;
2ª e 3ª Fases – Intervenção total no sistema de drenagem, que incluiu para além das intervenções
previstas na 1.ª Fase as seguintes: intervenção na rede primária dos canais A1 e A3, troços de
jusante e de montante, com bacia de armazenamento do Estoril e descarga para um afluente do rio
Maria, bem como a reabilitação das estruturas de controlo dos canais A1, A3 e A4, a construção de
uma estrutura de controlo no canal A2 e, ainda, a rede de drenagem secundária da zona da Chota e
a construção da rede de drenagem das zonas Norte e Centro da cidade da Beira. O Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) agora apresentado incide estritamente sobre as intervenções previstas
realizar na 1.ª Fase do projecto.
Assim, considerando que a 1.ª Fase do projecto proposto consiste essencialmente na reabilitação de
algumas valas de drenagem existente na Cidade da Beira, as alternativas à implementação desta
actividade seriam:
Alternativa 0: a não reabilitação dos canais A0, A2 e A4, do desaguadouro das Palmeiras e a não
construção da bacia de bacia de armazenamento na Maraza.
Aceitando a alternativa 0, a Cidade da Beira continuara sofrendo das cheias em períodos chuvosos que
tendem a agravar-se com os efeitos cumulativos das mudanças climáticas. Outrossim, a aceitação desta
alternativa poderia por em causa o Projecto no seu todo, e perder-se a oportunidade de se projectar a
drenagem da Cidade da Beira, como referido e mostrado nos mapas anteriores (Figura 4).
No presente capítulo são definidas as Áreas de Influência Directa (AID) e Indirecta (AII) do projecto, zonas
nas quais deverá ser avaliado o impacto ambiental do projecto.
A AID constitui a área de estudo de impactos directos, associada à zona directamente intervencionada
pelo projecto, atendendo às suas diferentes componentes, onde se verificarão alterações aos actuais usos
do solo, ou seja, a área ocupada pelos canais a reabilitar, estaleiros e zonas de apoio à obra (área social,
acesso, áreas de empréstimo, etc.).
Considera-se também relevante a avaliação de uma área envolvente de afectação directa, faixa esta que
constitui uma zona de continuidade, definida para 10 m para além da área ocupada pelos canais que
serão alvo de reabilitação.
A AII respeita à área mais abrangente até onde se possam fazer sentir as influências da intervenção, não
directamente pela sua alocação directa, mas pelos efeitos causados pelas várias actividades associadas
ao projecto.
Uma zona tampão de 500 m à área ocupada pelos canais a reabilitar. Para o caso da componente
socioeconómica, este limite convencionado abrange as unidades administrativas de caracter local que
sofrerão estes impactos directos, ou seja, os bairros ou parte da globalidade dos Postos Administrativos
localizados dentro deste perímetro. A componente ecologia, o trabalho de campo estendeu para além da
área de estudo propriamente dita, por forma a estudar as unidades ecológicas existentes da Cidade da
Beira. Adicionalmente, efectuaram-se alguns transectos em áreas periféricas (planícies e áreas húmidas
adjacentes ao Rio Savane), colhendo dados primários da flora e fauna (particularmente a avifauna)
existentes da zona, permitindo um maior conhecimento da área do projecto, e das unidades biológicas
vizinhas á área do projecto.
Para além da área de influência indirecta indicada na figura, considerámos também uma área de influência
de 50 m em redor dos locais de depósito dos resíduos resultantes da implementação do projecto,
nomeadamente do Aterro Sanitário da Beira (identificado na Figura 15) onde serão colocados os RSU, do
local de depósito temporário de terras e lamas (identificado na Figura 16).
Figura 21 – Delimitação da Área de Influência Directa e Indirecta do Projecto (1.ª Fase do Projecto).
7.2.1 Climatologia
O clima da cidade da Beira é influenciado pelos ventos de Monção, vindos da África Oriental, dividindo o
ano em duas estações: a estação seca (de Abril até Outubro), e a estação húmida (de Novembro até
Março). O clima da zona é do tipo tropical húmido, caracterizado por temperaturas moderadas a quentes e
uma estação seca acentuada.
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima registrada (°C) 38 39 35 38 36 32 33 34 37 37 40 38 40
Precipitação (mm) 266,7 259,1 264,2 116,8 66 40,6 33 33 25,4 33 121,9 243,8 1 478,3
Quanto ao vento, é bastante constante durante todo o ano, tanto no que diz respeito à direcção (SSE)
como à velocidade. Dada a diferença de temperatura entre o mar e a terra, surgem ao fim do dia ventos
marítimos, que avivam a intensidade do vento. Além de serem constantes, os ventos são também muitos
moderados. A média mensal de velocidade dos ventos varia entre 11 e 16 km/h, enquanto que a média
mensal para a velocidade máxima varia entre 30 e 40 km/h. Em ambos casos, os ventos de alta
velocidade sopram principalmente na estação húmida, quando a costa moçambicana é alvo de furacões
vindo de Este ou Noroeste. Entre os anos 1960 e 2000, um total de 24 ciclones atingiram a costa
moçambicana. Nesses períodos, os ventos chegam a ultrapassar os 200 km/h e são geralmente
acompanhados de mar agitado e chuvas torrenciais tornando-se assim em ciclones violentos que podem
provocar grandes prejuízos.
GEOLOGIA
A cidade da Beira localiza-se na margem esquerda da foz do rio Púngué, desenvolvendo-se parcialmente
sobre a planície aluvial pantanosa, com suave inclinação para SE e drenagem natural deficiente. A cidade
só se desenvolveu à custa da construção de aterros e de um sistema de canais para facilitar o
escoamento de água.
A morfologia plana determinou a criação de zonas rebaixadas, por erosão das linhas de água, e zonas
mais elevadas onde as formações mais antigas, principalmente a formação Dondo, afloram.
Do período Quaternário, além das aluviões, eluviões e areias de duna (Holocénico), também afloram na
região depósitos de cordões litorais e de terraços fluviais do Plistocénico.
A formação mais antiga, Mazamba [NMz] (de idade atribuída ao Miocénico superior), com espessura
desconhecida, é constituída por arenitos arcósicos, de cor cinzenta esverdeada, com intercalações
métricas de argilitos e conglomerados. Sobre ela assenta a formação Dondo [N Do] (do Pliocénico), cuja
espessura é inferior a 10m, constituída por arenitos de grão médio a fino, por vezes pouco consolidados,
de cor vermelha alaranjada, com intercalações de argilitos e, por vezes, concreções de ferro e manganês.
Os depósitos aluvionares podem incluir depósitos fluviais [Q a, Qe] (aluviões e eluviões indiferenciados),
depósitos fluvio-estuarinos [Qma, Qsa] (areias, siltes e argilas com mangal e/ou com sapal e depósitos de
marisma [Qmr] com sedimentos predominantemente arenosos e lodosos resultantes da alteração da
formação do Dondo; a sua acumulação originou uma paisagem plana recoberta por erva e pequenos
arbustos.
Os sedimentos fluviais do rio Púngué são constituídos principalmente por lodos escuros e camadas
intercaladas de areia fina, formando uma planície de inundação extensa com pequenas lagoas. Os
depósitos de marisma estão associados a uma rede de pequenos ribeiros NW-SE que secam na estação
seca e que por vezes não atingem a costa na estação húmida, acumulando-se na vasta planície para NE
do local do aeroporto.
Ocorrem ainda acumulações de siltes e lodos em lagunas que se formam atrás das dunas e praias ao
longo da costa. Durante as marés-altas a água inunda a planície interior onde florescem mangais. Com o
tempo, estas lagunas deixam de ter influência marinha, verificando-se o declínio dos mangais, passando a
ser utilizadas para plantação de arroz. As praias e dunas ao longo da franja litoral [Q d, Qm] são
constituídas essencialmente por areias eólicas.
A planície costeira da Cidade da Beira, que se formou com a acumulação de material aluvionar durante o
período Quaternário, quando o nível das águas baixou, permitiu que os rios Púngué e Búzi depositassem
os seus sedimentos continentais provenientes desmantelamento das formações mais antigas, localizadas
a montante.
A camada superficial aluvionar é composta principalmente por material arenoso e siltoso que cobre uma
aluvião argilosa com matéria orgânica desenvolvida em zonas pantanosas. Este substrato impermeável
justifica a baixa capacidade de auto-drenagem dos solos existentes.
Na época Holocénica, uma regressão marinha atrasada deu origem a uma cintura de dunas costeiras que
demarca actualmente o limite ocidental da cidade e que condiciona francamente a drenagem externa e o
consequente desenvolvimento de zonas vulneráveis a inundações. Verifica-se que as planícies junto à
costa e dos rios Púngué e Búzi são afectadas pela flutuação periódica dos níveis da superfície da água,
isto é, marés e cheias.
O sistema de drenagem natural da Cidade da Beira estende-se desde a costa oceânica e zona estuarina
do rio Púngué até aos limites Norte dos bairros da Munhava e Chota, abrangendo assim três unidades:
As zonas Sul e Centro da Cidade da Beira apresentam um coberto aluvionar arenoso, que pode conter
água subterrânea a pequena profundidade, ao longo dos vales principais e na faixa costeira. São
facilmente identificáveis numerosos pequenos lagos e lagoas temporários ocupando leitos argilosos locais,
o que indicia um nível freático próximo da superfície do terreno.
Os lençóis freáticos localizam-se nos estratos aluvionares argilosos e arenosos. As condições de recarga
natural são pouco favoráveis e a produtividade de furos é muito limitada, mesmo sendo o nível freático
muito superficial (-3 m a -5 m). A proximidade com o mar faz com que a água salgada possa introduzir-se
facilmente no subsolo e como consequência, o lençol freático mais profundo é muitas vezes salobre e
impróprio para uso doméstico ou agrícola.
7.2.3 Solos
Não existem afloramentos rochosos em toda a cidade da Beira. É contudo possível encontrar argilas
marinhas nas planícies costeiras que sofrem a influência da maré, com humidade natural muito para além
dos 50%, encontrando-se assim habitualmente, acima do seu limite líquido. Nestas condições, a sua
resistência mecânica é praticamente nula e a sua sensibilidade é totalmente influenciada pela natureza e
quantidade de sais contidos na água.
Quanto aos solos das planícies estuarinas, eles são constituídos principalmente por depósitos de areias
médias a finas e por depósitos de siltes e argilas siltosas, depositando-se estas últimas próximo do mar.
Observa-se normalmente a alternância de camadas silto-argilosas com camadas arenosas. Estes
depósitos estão sujeitos a ciclos alternados de humidade e secagem. Os depósitos das planícies
aluvionares possuem melhores características geotécnicas que os depósitos das planícies costeiras.
Ao longo dos trechos em projecto os depósitos aluvionares apresentam espessura da ordem ou superior a
15 m e são constituídos essencialmente por sedimentos arenosos e areno-lodosos, intercalados,
aumentando a possança das camadas de lodo escuro, que surgem quase invariavelmente na base dos
aterros, para norte, onde chega a atingir mais de uma dezena de metros de espessura, como na zona
mais próxima da bacia da Maraza.
O conjunto dos resultados das sondagens e ensaios realizados permite caracterizar assim a situação:
Regra geral, não se prevê que os materiais resultantes das escavações possam ser aplicados em aterros.
Eles serão essencialmente constituídos por sedimentos finos, lodosos, muitas vezes com matéria orgânica
e quase sempre com elevados teores em água. Apenas muito pontualmente se poderão reutilizar algumas
areias de aterros superficiais, se se fizer uma escavação selectiva desses materiais, o que deve tornar
esse aproveitamento pouco interessante.
Assim, terá de recorrer-se a solos de empréstimo, em princípio areias de Dondo, que podem fornecer
materiais de boa qualidade, provenientes de areeiros em actividade ou com viabilidade para exploração.
A cidade da Beira, localiza-se na costa do Oceano Índico, na zona central do país, na margem esquerda
da foz do Rio Púngué, desenvolvendo-se parcialmente sobre a planície aluvial pantanosa, com suave
inclinação para SE e drenagem natural deficiente. A cidade só se desenvolveu à custa da construção de
aterros e de um sistema de canais para facilitar o escoamento de água.
Aliás, desde a década 80/90 do século passado que o Corredor da Beira tem beneficiado de vários
projectos de cooperação internacional, encontrando-se o Porto da Beira em expansão e melhoria das suas
infra-estruturas. A conclusão da reabilitação da Linha do Sena vai aumentar significativamente o volume
anual de cargas a manusear no Porto da Beira, principalmente com o início da exportação do carvão de
Moatize.
O uso e a cobertura do solo têm sofrido alterações profundas entre 1979 e 2010, com especial enfoque na
expansão da área urbanizada (zonas de habitação formal, habitação informal e área do porto) nos últimos
três anos. Em consequência tem-se verificado uma diminuição das áreas de mangais e das áreas de
cultivo na zona Norte da cidade
A cidade está actualmente a sofrer processos de desenvolvimento bastante rápidos com a criação de
novas actividades económicas e ocupação humana de territórios até aqui utilizados como campos
agrícolas ou como zonas de incultos (zonas inundáveis).
De facto parte significativa da cidade encontra-se ocupada actualmente com extensas áreas de habitação
informal desordenada e em expansão acelerada, rodeada mais a norte por áreas agrícolas sobretudo nas
zonas de baixa, e a oeste com a presença preponderante do porto e toda a área industrial em expansão.
A área residencial, mais ou menos ordenada, variando de local para local a densidade de habitações
(baixa densidade, média e elevada densidade) encontra-se actualmente concentrada na zona Sul da
cidade da Beira (Figura 25).
Figura 25 – Área residencial ordenada junto ao Canal A2, Av. 24 de Julho (em cima) e Área
residencial desordenada junto ao Canal A2, zona de montante – Munhava (em baixo).
Actualmente são vários os conflitos entre a posse da terra e a pressão que existe entre áreas para
habitação e para indústria. Esta competição pelos melhores terrenos afecta sobremaneira quer o
desenvolvimento económico da cidade, quer o próprio funcionamento em termos de funcionamento das
redes (viária, abastecimento de água e saneamento). Em última análise é fonte geradora de conflitos
sociais.
Salienta-se que:
A Cidade da Beira nos moldes em que se encontra não comporta a população que reside na sua
área urbana e peri-urbana e carece de investimentos em termos de infra-estruturas;
As questões das inundações e da insuficiente drenagem da cidade são efectivamente o maior
constrangimento ao próprio funcionamento da cidade e a maior condicionante em termos de
organização e ordenamento do espaço geográfico; Por exemplo, na zona Munhava – Matope, e
mesmo em algumas zonas da Chota onde os terrenos são essencialmente pantanosos, os
assentamentos informais localizam-se sobretudo ao longo das bermas das estradas, caminhos e na
via-férrea, aproveitando muitas das vezes a zona de aterro desses eixos. Dai que há medida que
nos afastamos dos eixos de circulação a densidade habitacional desce sobremaneira, até
atingirmos as zonas de cotas mais baixas, geralmente desocupadas;
Existe um conjunto de bairros que carecem de um planeamento rigoroso e de investimento em infra-
estruturas. Apesar de existirem espaços ordenados e infra-estruturados, como é o caso dos bairros
do Esturro, Matacuane, Macuti e Ponta-Gêa, os bairros de Munhava, Mananga, Alto da Manga,
Maraza, Chota e Chipangara carecem de planeamento adequado;
Toda a zona de envolvente imediata do Chiveve (único acidente geográfico notável na cidade)
carece de intervenção em termos de drenagem e requalificação aos níveis ambiental, económico e
social;
A zona costeira da Chota, Macuti, Muave e sobretudo Nhangau, zonas por excelência para turismo
e lazer estão confrontadas actualmente com questões ligadas á erosão costeira e qualidade da
água dos cursos de água afluentes que carece de soluções a médio a longo prazo; e
Existem condicionalismos ligados aos assentamentos informais em alguns bairros da cidade que
carecem de medidas activas que promovam a deslocalização e reassentamento voluntários de
algumas populações, sobretudo nas zonas susceptíveis de inundação frequente, com óbvios
benefícios para o próprio esquema de ordenamento da cidade mas também por questões de índole
sanitária.
A profunda reorganização do espaço territorial terá igualmente impactos ao nível do próprio funcionamento
hidráulico da região, facto que será atenuado com a melhoria das infra-estruturas de drenagem de águas
pluviais e águas residuais bem como os investimentos na rede viária. No entanto a organização do espaço
na cidade, nomeadamente as decisões ao nível da instalação de equipamentos ou zonas habitacionais e
que necessariamente provocam a diminuição da capacidade de infiltração dos solos deverá estra
condicionada aos estudos a desenvolver nesse sentido – nomeadamente a escolha dos locais mais
apropriados para a instalação de bacias de retenção.
Nas áreas onde os solos apresentam maior susceptibilidade para inundarem, ao lado das valas e nas
zonas baixas de algumas das bacias com fluxos de água intermitentes, existem parcelas de cultivo
pequenas devido à maior procura pelas famílias de menores rendimentos, especialmente nas zonas peri-
urbanas. É natural que todos os projectos em curso tenham impactos ao nível do rendimento das famílias,
situação que deverá ser acautelada. Nas zonas onde estão previstas bacias de retenção e que se
encontram ocupadas com assentamentos informais devido à pressão de falta de espaço nas zonas
urbanas, deverão ser acautelados os limites e salvaguardada a hipótese de posterior ocupação dessas
áreas.
A zona de implementação da bacia da Maraza encontra-se actualmente inserida numa extensa área de
machambas (terreno agrícola) (Figura 26).
Ao todo será ocupada uma área de 22 hectares e serão afectadas 609 “machambas”, envolvendo 489
pessoas pois existem casos em que a mesma pessoa (e a sua família) exploram mais do que uma
parcela. Todos os utilizadores destas “machambas” terão novas parcelas de terreno de cultivo atribuídas
pelo CMB, a título de compensação, nas zonas de Inhamizua e Mungassa.
Salienta-se no entanto, que o local escolhido para a implementação desta bacia, com base em critérios
hidráulicos, situa-se na proximidade do canal A2 para que fosse possível derivar para lá os caudais desse
canal, e a cotas baixas. Esta situação leva a que esta zona se encontre inundada durante toda a época
das chuvas, razão aliás pela qual têm apenas uma ocupação agrícola centrada na cultura do arroz,
conforme se pode verificar na figura seguinte.
Não há qualquer construção, seja habitação ou outra, nos terrenos demarcados para a construção da
bacia da Maraza, conforme confirmado presencialmente pela equipa do projecto e responsáveis do CMB
no decurso dos trabalhos.
À excepção do Rio Chiveve, a área de incidência das valas de drenagem A0, A2 e A4, não é atravessada
por nenhuma outra linha de água natural. No entanto, a cidade da Beira é ainda atravessada, para além
do rio Chiveve, na zona da Manga pelo Rio Nhacondjo e na zona de Nhangua e Régulo Luís pelos rios
Ladrão e Maria. As condições hidrológicas da cidade foram entretanto modificadas profundamente pela
crescente intervenção humana na cidade. A hidrologia da cidade da Beira e arredores explica-se
principalmente pela sua localização na planície litoral de inundação, onde convergem influências de
natureza oceânica e fluvial.
A ampla planície aluvionar que se estende atrás do cordão de dunas é uma terra plana caracterizada por
altitudes muito baixas. Na parte sul da planície, onde se desenvolveu a maioria parte da infra-estrutura e
habitações urbanas, mais de 85% da área encontra-se a uma altitude inferior à cota 5, o que é inferior ao
nível das marés altas.
A metodologia aplicada teve como pressuposto a análise do comportamento hidrodinâmico dos canais de
drenagem de acordo com as condições de fronteira admitidas no modelo de escoamento unidimensional e
bidimensional para escoamentos com superfície livre.
Os resultados obtidos, para as diferentes simulações realizadas, com relevo para os comportamentos
hidrodinâmico dos canais de drenagem e para os extravasamentos que possam resultar.
Os resultados obtidos são apresentados em perfis longitudinais ao longo dos canais principais e em
plantas topográficas da área em estudo, com especial realce para estes últimos elementos onde são
apresentados os planos de alagamento expectáveis para os diversos cenários considerados,
apresentados em pontos próprios.
A caracterização topográfica das zonas objecto do presente estudo de simulação foi realizada com base
em topografia recentemente adquirida (levantamento LiDAR), complementada pelo levantamento topo-
cadastral dos canais de drenagem existente e passagens hidráulicas.
Esta informação foi utilizada na construção de um modelo digital de terreno de toda área intervencionada.
Este foi construído através da definição das propriedades geométricas e hidráulicas dos respectivos
sistemas de drenagem e seus componentes, bem como das bacias de drenagem associadas.
Todos os troços da rede de drenagem, incluindo as passagens hidráulicas existentes, foram objecto de
modelação com o objectivo de avaliar as suas actuais capacidades de vazão face à geometria das
secções, aos revestimentos e às alturas de bermas.
Para o efeito foi utilizado o módulo de escoamento unidimensional do programa de simulação já referido,
com as seguintes condições intrínsecas:
Foram realizadas simulações para os seguintes períodos de retorno: 2 anos e 10 anos, sem e com o
agravamento devido às previsíveis alterações climáticas.
Os resultados das simulações realizadas permitiram elaborar dois elementos gráficos que se
consideraram fundamentais para as análises comportamentais do sistema de drenagem em apreço, a
saber:
Em segundo lugar, os perfis longitudinais relativos aos canais da rede primária de drenagem, onde
são apresentados as envolventes críticas das linhas piezométricas obtidas, bem como as
respectiva linhas de energia, e
Neste enquadramento os primeiros elementos obtidos são referentes ao sistema existente sujeitos às
condições externas de precipitação associada ao período de retorno de dois anos.
Quanto às inundações, são evidentes as insuficiências ocorrentes ao longo dos canais principais,
indiciando a situação crítica que se revela todos os anos por uma quase que permanente situação de
inundação em toda a zona baixa da Chota e ao longo do canal A2. De referir que esta situação de
inundação resulta da insuficiente capacidade de vazão dos canais existentes e da inexistência de um
sistema de recolha mais eficiente dos caudais precipitados.
Os perfis longitudinais (incluídos no Anexo 3) relevam, por sua vez, uma global incapacidade de transporte
dos caudais afluentes, sendo de salientar nomeadamente:
Na maioria das passagens hidráulicas verificam-se fortes estrangulamentos, pelo que localmente o
escoamento entra em pressão, o que provoca o aumento significativo dos níveis de água para
montante;
Em seguida apresentam-se os resultados obtidos para a simulação da situação existente, que reflecte o
comportamento do sistema de drenagem para o período de retorno de 10 anos com o agravamento das
alterações climáticas.
Figura 31 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Mancha de inundação gerada pelo
extravasamento.
Como se pode constatar, as situações de extravasamento a partir dos canais são significativamente
agravadas.
De modo a melhor ser entendido o comportamento dos canais com o efeito da maré foram realizadas duas
simulações, com e sem a influência da maré, para a estrutura física existente e para um período de
retorno de 10 anos com agravamento das alterações climáticas.
A interacção da maré implica o impedimento da descarga dos caudais afluentes ao Desaguadouro das
Palmeiras.
Destas simulações obtiveram-se hidrogramas que são elucidativos do facto dos canais A1 e A3
funcionarem como elemento de descarga dos canais A2 e A0, localizados a cotas superiores. A análise
destes elementos permite confirmar que o escoamento nos canais A1 e A3 é francamente prejudicado
pelas afluências dos canais A2 e A0, de onde surgem naturalmente as regulares inundações ao longo da
sua rede hidrográfica.
1ª FASE DE INTERVENÇÃO
Para o modelo de simulação considerou-se que a restante rede não seria alterada, mantendo-se por
conseguinte os canais A1 e A3 a drenar para o Desaguadouro das Palmeiras, conforme figurino actual.
Foi feita uma simulação da rede de drenagem para o período de retorno de 10 anos com agravamento das
alterações climáticas cujos resultados se apresentam em seguida.
Os perfis longitudinais dos principais canais com a linha piezométrica no instante mais desfavorável, para
esta simulação, são os que se apresentam no Anexo 3.
No caso do período de retorno de 10 anos com agravamento das alterações climáticas, irão ocorrer
alagamentos no canal A1 montante com a contribuição dos caudais de drenagem do Bairro da Mananga,
que resultam no alagamento das zonas marginais do mesmo canal.
Para além disso ressaltam-se os alagamentos que se verificam na Zona da Chota e ao longo do canal A3,
por incapacidade do mesmo para os caudais afluentes.
De modo a melhor ser entendido o comportamento dos canais com o efeito da maré foram realizadas duas
simulações, com e sem a influência da maré, para a estrutura física definida com as intervenções da 1ª
Fase.
A interacção da maré implica o impedimento da descarga dos caudais afluentes ao Desaguadouro das
Palmeiras.
Da simulação que representa a 1ª Fase para um período de retorno de 10 anos, com agravamento
provocado pelas Alterações Climáticas, extraiu-se o hidrograma dos caudais afluentes à futura bacia de
armazenamento da Maraza, bem como o correspondente ao desaguadouro das Palmeiras. As figuras que
os ilustram apresentam-se em seguida.
Figura 34 – 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) - Figura 35 – 1ª Fase (T = 10 anos, com AC) -
Hidrograma do caudal afluente à zona de Hidrograma afluente e descarregado no
descarga da Maraza. Desaguadouro das Palmeiras.
A simulação do comportamento hidráulico do canal A4, estrutura de drenagem que serve a área industrial,
realizou-se para um período de retorno de 50 anos.
De modo a melhor avaliar a influência de uma estrutura de controlo na descarga neste canal foram
realizadas as simulações com e sem comporta na descarga.
No Anexo 3 apresentam-se as figuras com a representação dos perfis do canal que resultaram da
modelação para as duas situações. Como pode ser observado nas figuras que ilustram esta simulação, as
cotas elevadas dos terrenos adjacentes ao canal impedem o extravasamento deste por influência da maré
ou mesmo por afluência de caudais com origem numa precipitação com um período de retorno de 50
anos.
7.2.6.1 Introdução
A avaliação da componente de ecologia terrestre na área de implementação do projecto de Reabilitação
do sistema de drenagem pluvial da cidade da Beira, Moçambique, foi efectuada através da descrição da
flora e da fauna existentes nas zonas de influência directa e indirecta deste projecto.
Caracterizar de forma geral a flora e a fauna que ocorra nas áreas de influência Directa e
Indirecta.
Este trabalho foi feito por etapas: i) um estudo de gabinete e ii) trabalho de campo.
O estudo de gabinete incluiu uma revisão da literatura sobre os aspectos ambientais relevantes, cuja
distribuição e abundância da fauna e flora podem ser dependentes (por exemplo, tipos de habitat,
cobertura de uso da terra, a água, os tipos de solo, topografia e densidade humana) e na avaliação dos
mapas com as descrições da área de influência direita e indirecta do projecto.
Durante o trabalho de campo, percorreu-se toda a área de influência directa constituída pelas valas de
drenagem designadas por A0, A2, A4, Zona de retenção natural e Zona de retenção artificial (bacia da
Maraza) e indirecta constituída por áreas dunares oceânicas de descarga, mosaico de pântanos de água
doce, caniçais e arrozais (Zona de Chota e Mungassa), planícies pantanosas, bosques em solos elevados
nas planícies de água com um nível freático alto, e o mangal (vide Figura 36 e Quadro I incluído no Anexo
4) e registados em informações da folha de registo foram relativos a:
Tipo de habitat;
Finalmente, portefólios de flora e fauna produzidos a partir de estudo de gabinete e de campo foram
reunidos para inter-verificação e correcções e edição final. Os nomes comuns e científicos foram
baseados em Shneider et al. (2005).
O estado de conservação de espécies da fauna potencialmente presentes na área, bem como aquelas
mencionadas durante o trabalho de campo, foi determinado utilizando a lista de espécies ameaçadas em
Moçambique - Checklist de Vertebrados de Moçambique (Schneider et al., 2005). Foram igualmente
usadas as categorias da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e
da Flora (CITES), Lei e Regulamento de Florestas e Fauna (DNFFB, 2002) e na Lista Vermelha da União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A sensibilidade de habitat ou de uma área ou zona foi avaliada usando o princípio do seu valor para a
conservação ou das espécies aí observadas ou de ocorrência potencial (Basso et al., 2000).
Os dados colhidos da avifauna (que são o grupo mais observado) foram expressos como frequência
relativa de observações de espécies por habitat. Esta estimativa segue o princípio de que, habitats com a
maioria de espécies representam uma maior atractividade. A frequência relativa foi estimada considerando
os pontos que cobriam cada tipo de habitat ao longo da área de estudo e o número de espécies ou sinais
observados. Os resultados das análises acima mencionadas foram então ilustrados utilizando o programa
PRISMA.
PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS
M AMÍFEROS
A amostragem de mamíferos nas áreas de influência directa e indirecta do projecto foi baseada no método
indirecto (considerando as características das áreas) e em consultas aos moradores de cada zona
específica com o recurso à ilustração das imagens de guias de campo, a fim de identificar as espécies
observadas na área.
ANFÍBIOS
O levantamento das espécies de anfíbios baseou-se nas observações directas e indirectas na área de
influência directa e indirecta do projecto, bem como inferência a partir das características de habitats
destas áreas. Para as espécies com potencial de ocorrência na área, foram feitas entrevistas a moradores
de cada zona específica combinadas com a ilustração das imagens de guias de campo.
AVES
Para a identificação e registo das aves foram usados os métodos directos (observação directa) e
indirectos (baseado no reconhecimento dos sons de cânticos das aves) e guias de campo. Para as
espécies de ocorrência potencial na área, foram feitas entrevistas a moradores de cada zona específica
combinadas com a ilustração das imagens de guias de campo.
PEIXES
A identificação de peixes foi baseada nas entrevistas aos moradores locais, e no método de observação
directa.
FLORA
A identificação das espécies de flora seguiu os padrões da taxonomia clássica, feita com base em
características morfológicas, utilizando-se como base guias de campo. Para espécies cuja identificação
não tenha sido possível no campo, foram colhidos para a posterior identificação com base nos guias de
campo. Identificação de Espécies Invasivas foi feita com base em guias locais.
7.2.6.3 Resultados
No quadro seguinte é efectuada a caracterização da área de influência directa e indirecta do projecto ao
nível da componente ecológica.
Não existe na zona de estudo nenhuma espécie de flora ou fauna que merece estatuto especial de
protecção ou que esteja lista do Red Data Book da IUCN.
Quadro 10 – Caracterização da Área de Influência Directa e Indirecta do Projecto.
A2: Faixa de rodagem à esquerda Área coberta por Eichhornia azurea e Aves, Mamíferos, Anfíbios,
Phragmites australis e uma pequena
área de Eragrostis chloromelas
A2: Faixa de rodagem à direita Predominância de Phragmites australis Rato das casas, rato
com Ziziphus mauritiana pequeno das canas, Peixe
Retenção Natural: Mosaico de pântanos Eragrostis sp, Typha latifolia Aves, Peixes, Anfíbios,
de água doce, caniçais e arrozais
Retenção Artificial: Mosaico de pântanos Com maior predominância de Aves, Mamíferos, Anfíbios,
de água doce, caniçais e arrozais Phragmites australis e Andropogon Répteis, Peixes
gayanus
Área de Influência Directa constituída pelas valas de drenagem designadas por A0, A2, A4, Zona de
retenção natural e Zona de retenção artificial (bacia da Maraza), está localizada em áreas pantanosas
circundadas por habitações (Figura 37). As zonas de Retenção natural e Retenção artificial (bacia da
Maraza) são zonas mal drenadas e categorizadas como sendo Mosaico de pântanos de água doce,
caniçais e arrozais.
Durante o trabalho de campo foram identificadas 62 espécies de flora, de entre as quais 38 gramíneas, 5
plantas invasivas, e outras 14 plantas entre lenhosas e cinco espécies de mangal. Os resultados de
campo mostraram que os canais de drenagem A0, A2, A4, estão cobertas por capim, Phragmites australis,
Pennisetum purpureum, Eragrostis sp e por planta invasiva Eichhornia crassipe (Vide Quadro II incluído no
Anexo 4).
Os Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais localizam-se por detrás das dunas costeiras
e dos mangais. Em algumas secções (como por exemplo no entroncamento entre A0 e A3) regista -se a
ocorrência de mangal remanescente, daquilo que outrora fora uma mancha de mangal consolidada
dominada pela espécie Avicennia marina. Contudo, muitas habitações precárias invadiram esses
pântanos de água doce, criando más condições de vida para os residentes. Predominam nesta área as
espécies Pennisetum purpureum, Eragrostis rigidior, Cyperus javanicus, Cynodon dactylon, Paspalum
dilatatum, Cymbopogon plurinodes e Andropogon gayanus.
A zona de influência indirecta inclui as áreas dunares oceânicas de descarga, mosaico de pântanos de
água doce, caniçais e arrozais (Zona de Chota e Mungassa), planícies pantanosas, bosques em solos
elevados nas planícies de água com um nível freático alto, e o mangal.
As dunas são completamente urbanizadas com uma estrada costeira que se estende ao longo da crista
da duna. A crista da duna possui entre 10 e 30 metros de largura. De modo gera l, a duna tem entre 1,5
a 3 metros de altura, e são dominadas por plantas rasteiras e ervas tais como Ipoamea pes-capre,
Canavalia maritima, Ricinus communis, Sporobolus virginicus (espécie de erva) e Cyperus spp. Existem
poucas Casuarinas na cadeia de dunas e a espécie identificada no presente trabalho é Casuarina
equisetifolia.
Planícies pantanosas são áreas com más condições de drenagem, que são sazonalmente inundadas
principalmente na época chuvosa, e são dominadas por várias espécies de capim panicum sp, Chloris
gayana, e Andropogon gayanus, palmeiras como Phoenix reclinata e por plantas invasiva Nymphaea sp.
Os mosaicos de pântanos de água doce, caniçais e arrozais são cobertas por uma camada de capim que
inclui a Setaria sp, Paniceae e Andropogoneae. Algumas zonas são cobertas de espécies como
Euphorbia sp., Euclea sp., Ximenia americana, Phoenix reclinata. Associadas a estas espécies há
muitas fruteiras tais como maçaniqueira (Ziziphus mauritiana) e Diospyros sp.
A zona de mangal é dominada por cinco espécies de mangal: Avicennia marina, Sonneratia alba, Hierita
littoralis, Rhizophora mucronata e Lumnitzera racemosa. Associadas ao mangal, ocorrem outras espécies
de árvores como Hibiscus tiliaceus, Peltophorum pterocapum bem como Pluchea sp.
Os bosques ocupam manchas em zonas de planície, mas de topografia elevada. Esta zona fornece um
microclima específico para a ocorrência (ainda que na fase arbustiva) de algumas espécies de árvores tais
como Milletia stuhlmanii, Tabernaemontana elegans e Afzelia quanzensis de interesse para uso pela
população local.
A B
C D
E F
Figura 37 - Estado actual das valas de drenagem (A-E), aspecto da área de retenção natural
(E) e as espécies Pistia stratiotes (F) e Nymphaea nouchali (G). Note nesta figura, a
obstrução das valas pela espécie Eichhornia crassipes (B-C).
Os resultados do trabalho de campo tanto na área de influência directa assim como na área de influência
indirecta revelaram a existência de pelo menos 52 espécies de fauna, tendo sido observadas e
referenciadas 43 espécies de aves, 3 de peixes, 3 de mamíferos e 3 de anfíbios (para mais detalhes,
consulte o Quadro III incluído no Anexo 4).
. Na área de Influência Directa constituída pelas valas de drenagem designadas por A0, A2, A4, as
espécies de aves mais predominantes foram: Toutinegra (Pycnonotus barbatus), Corvo-indiano (Corvus
splendens), Pardal-comum (Passer domesticus), Corvo Malhado (Corvus albus) e Andorinhas (Sterna sp)
e Red Bishop (Euplectes orix). Na sua grande maioria, estas espécies são tolerantes ao distúrbio
antropogénico.
Os Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais fornecem micro-habitats para uma
diversidade de espécies de aves, anfíbios e peixes. As espécies de aves mais dominantes incluem
Salvo a presença de Egretta garzetta, as áreas dunares são em geral pouco ricas em biodiversidade. Já
as planícies pantanosas são ricas em aves, sendo predominantemente visitadas ou habitadas pelas
espécies de aves como Ibis-sagrado (Threskiornis aethiopicus), Garça-branca-pequena (Egretta garzetta),
Corvo malhado (Corvus albus), Mycteria ibis, Anastomus lamelligerus e por espécies de peixe como
Oreochromis sp, Anguilla marmorata.
Os bosques que ocupam solos elevados nas planícies de água com um nível freático alto são
frequentados por aves das espécies Pycnonotus barbatus, Phylloscopus trochilus, Merops apiaster.
Os mangais albergam certas espécies de moluscos, crustáceos (por exemplo o caranguejo do mangal,
Scylla serrata) e peixes (por exemplo o gobião ou saltador de lamas, Periophthalmus kalolo ou
Periophthalmus africanus.
O sistema de terras húmidas locais propicia a existência de uma maior diversidade de fauna e flora local.
Esses ecossistemas são de relevante importância para a fauna e abrigam espécies originárias das áreas
circundantes, tanto terrestres como aquáticas. As espécies de fauna mencionadas pelos moradores locais
como sendo as de potencial ocorrência compreendem os peixes, répteis, anfíbios e aves (Vide Quadro IV
incluído no Anexo 4).
As espécies de peixe mais mencionadas são Tilápia (Oreochromis sp), Enguia-gigante (Anguilla
marmorata), Peixe-bastardo da Beira (Nothobranchius kuhntae) e Peixe-bastardo-arco-iris
(Nothobranchius rachovii). Mais mencionadas foram também as espécies de répteis como Mamba-verde
(Dendroaspis angusticeps), Naja mossambica e Víbora-dos-pântanos (Proatheris superciliaris) bem como
os anfíbios Sapo-das-folhas-gigante (Afrixalus fornasini), Breviceps sp e Rela-sarapintada (Hyperolius
marmoratus).
A maioria das espécies mencionadas é tolerante aos gradientes ambientais modificados por seres
humanos, por exemplo o Corvus albus, Sterna sp, Egretta garzeta, e Passer domesticus.
Estes resultados confirmam a noção de que a fauna de tamanho médio e maior é quase inexistente, salvo
alguns exemplares de tamanho menor. Contudo, a fauna associada às áreas húmidas (sobretudo a
avifauna, anfíbios e peixe) é ainda representativa.
A B
C D
E F
Figura 38 - Algumas espécies de peixe (A-D) e de aves (E-G) frequentes nas áreas de influência
directa e indirecta do projecto. As espécies ilustradas na figura são respectivamente, Barbus sp
Oreochromis sp, Anguilla marmorata, Nothobranchius rachovii, Corvus albus, Sterna sp e Egretta
garzetta.
A frequência relativa das espécies de aves na área de influência directa mostrou que as de maior
frequência de ocorrência compreendem o Corvus albus, Sterna sp, Egretta garzetta e Passer domesticus.
Enquanto na área de influência indirecta as espécies com maior frequência de ocorrência foram Egretta
garzetta, Threskiornis aethiopicus, Corvus albus (Figura 38).
A similaridade nas espécies pode estar relacionada ao facto de serem espécies tolerantes aos gradientes
ambientais modificados por seres humanos.
A
0.4
Frequência de Aves
0.3
0.2
0.1
0.0
Euplectes orix
Ceryle rudis
Passer domesticus
Corvus splendens
Corvus albus
Passer melanurus
Cinnyrisfuscus
Actitis hypoleucos
Pycnonotus barbatus
Terathopius ecaudatus
Sterna sp
Egretta alba
Columba livia
Egretta garzetta
Motacilla aguimp
Streptopelia capicola
Ardea melanocephala
B
0.25
Frequência de Aves
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
ea
s
ba
ae tta
us
is
s
ue lbu
cu
ib
er
el
al
e
pi
rz
ria
a
qu
lig
ta
io
or ga
te
el
et
th
vu
om a
yc
m
le
gr
ta
or
la
M
et
C
s
gr
us
Q
ni
E
ki
st
es
na
hr
A
T
elevado valor ecológico. A flora e a fauna aqui existente é, na maioria dos casos oportunista em resposta
aos longos anos de degradação das valas. As zonas de retenção natural e artificial, têm vindo a ser
utilizadas como áreas agrícolas. No passado, elas terão sido importantes áreas húmidas para as espécies
dependentes de presença de água. Dada a intensa actividade humana nestas zonas poucas espécies de
aves de valor para a conservação foram observadas. A retenção de água nestas zonas poderá no futuro
recuperar a sua qualidade para albergar muito mais espécies.
A Área de Influência Indirecta apresenta algumas diferenças, segundo o nível de influência humana. A
zona de Mungassa é caracterizada por arrozais, portanto pobre em espécies florísticas de interesse para a
conservação. A maioria das espécies faunísticas aqui existente ou que por aqui cruza, é tolerante aos
gradientes modificados por humanos. Em contrapartida, algumas áreas pantanosas de Chota e de Savane
mantêm uma qualidade para albergar uma diversidade de espécies de flora e fauna de valor, sobretudo a
avifauna. Estes sítios oferecem habitats importantes para muitas espécies aquáticas, especialmente para
espécies de anfíbios, espécies de populações de peixes, répteis e aves. Os pequenos bosques existentes
na área húmida a caminho de Savane, oferecem um microclima específico para a ocorrência (ainda que
na fase arbustiva) de algumas espécies de árvores de interesse para a conservação e para uso pela
população. Aqui, a avifauna é rica as poucas manchas de bosques, bem como as áreas livres da
agricultura, funcionam como refúgios para muitas espécies que migram de áreas degradadas pela
actividade humana e quando os pântanos enchem de água.
As zonas de mangal são importantes para algumas espécies de camarão, moluscos, aves e o peixe
comum do mangal, Periophthalmus. O mangal é por lei, uma zona a proteger dada a sua importância para
reprodução de espécies de valor para as pescarias, contenção de erosão bem como na depuração das
águas residuais. Não parece contudo, que de forma muito expressiva sejam afectadas estas funções, o
que torna estes lugares pouco sensíveis à luz deste projecto.
7.3.1 Introdução
Para a realização deste Estudo, após definidos os seus objectivos, foram seguidas as seguintes etapas:
1.ª ETAPA – Identificação dos Bairros da cidade da Beira a serem contemplados na amostra.
Uma vez definido a opção técnica que melhor satisfazia a Fase 1, deste projecto foram definidos os
bairros alvo do inquérito (Figura 40).
Nesta etapa foi definido o número de entrevistas a serem feitos em cada Bairro e Quarteirões abrangidos,
foi efectuada uma primeira ronda de contactos com informadores qualificados dos Postos Administrativos
e Bairros seleccionados.
Nota: Embora o Bairro Vaz não faça parte da área da 1ª Fase de Intervenção do Projecto (fica localizado entre a Munhava e
Mananga) foram feitas algumas entrevistas para análise comparativa e porque será o Bairro de acolhimento das famílias a
serem reassentadas.
3.ª ETAPA – Elaboração da versão preliminar do guião de inquérito, do roteiro das entrevistas de “focus
groups” e preparação do trabalho de campo e da respectiva logística:
- Realização de “focus groups” em todos os Bairros-alvo do estudo com mulheres influentes nas
comunidades dos bairros; líderes tradicionais e religiosos e empresários locais;
- Realização de reuniões alargadas com líderes administrativos dos Postos e Bairros - alvo do
estudo.
5.ª ETAPA – Realização de acção de formação dos entrevistadores e testagem dos questionários nos
bairros.
Na Cidade da Beira, o seminário de formação dos entrevistadores decorreu durante 2 dias, com testagem
do inquérito em sala e posteriormente numa área do Bairro da Munhava - Munhava Matope -, não
abrangida pelo estudo).
A amostra probabilística, como o próprio nome indica,” considera um subgrupo da população no qual
todos os elementos possuem a mesma possibilidade de serem escolhidos. Isso é obtido definindo as
características da população, o tamanho da amostra e por meio de uma selecção aleatória das unidades
2
de análise.”
No caso em estudo, todas as famílias residentes nos bairros periurbanos seleccionados previamente,
estavam em condições de serem alvo da pesquisa. Contudo, dentro deste conjunto de famílias observa-se
um conjunto que preenche os atributos dos objectivos da nossa investigação: famílias residindo com
2
In: Sampieri, Roberto Hernandez, “Metodologia de Pesquisa”- 3ª Ed., Ed Mc Graw-Hill, S. Paulo, 2006
grande proximidade da margem dos Canais de Drenagem; famílias com crianças abaixo dos 5 anos;
mulheres chefes de famílias; por exemplo. Assim, foi utilizada a estratificação de segmentos da amostra,
no sentido de integrar na pesquisa agregados preenchendo os requisitos pré-definidos.
Para além disso, a amostra estratificada é “usada quando o universo é grande e o investigador pretende
obter uma amostra representativa segundo variáveis pré-identificadas. Tem a vantagem de ser mais
eficiente do que os métodos de amostragem simples ou sistemática e é mais económico em termos de
3
tempo e de dinheiro e dá resultados com menor probabilidade de erro associada.”
Quanto ao tamanho da amostra seleccionada, esta foi elaborada tendo em conta a limitação de recursos
de tempo, financeiros e de distâncias geográficas entre todos os bairros, recorrendo-se, assim, ao modelo
da amostragem por conglomerados que se baseia na selecção de um subgrupo no qual as unidades de
4
análise encontram-se limitadas a determinados lugares físicos . No que concerne aos bairros periurbanos
da cidade da Beira, estes são áreas bem delimitadas geograficamente e constituídas por quarteirões.
Assim, o tamanho da amostra escolhida em cada bairro foi definida através do conhecimento do número
de quarteirões e, em cada quarteirão, do número de famílias ali residentes. A escolha dos quarteirões foi
feita de modo aleatório, através da utilização de um quadro de número aleatórios ou ”randômicos”,
5
usando-se como referência o “ Quadro de Números Aleatórios” da Rand Corporation .
Aplicado o método referido, obteve-se uma amostra, que na sua totalidade, correspondeu a 70 famílias,
constituídas por 388 indivíduos.
6
De acordo com Roberto Hernandez Sampieri, no livro “Metodologia de Pesquisa” , “as amostras
frequentemente usadas em pesquisas urbanas sobre comportamentos e atitudes costumam variar entre
200 a 700 indivíduos”. Considera-se, por isso, que a amostra encontrada para este estudo garante os
níveis de representatividade necessários, que nos permitam fazer generalizações para a área territorial em
apreciação.
Em média, cada entrevistador realizou 4 entrevistas/dia, tendo cada uma das entrevistas demorado entre
1 hora e 1 hora e 30 minutos. As entrevistas foram feitas sempre ou com o Chefe do agregado ou sua
esposa (quando o Chefe do agregado era um homem e se encontrava ausente).
3
Hill, Manuela e Andrew, “Investigação por Questionário”, Ed. Sílabo, 2ª Edição, Lisboa, 2005
4
In: Sampieri, Roberto Hernandez, “Metodologia de Pesquisa”- 3ª Ed., Ed Mc Graw-Hill, S. Paulo, 2006
5
Instituto de Pesquisa Científica e Tecnológica, com sede na Califórnia, Estados Unidos da América
6
Op.cit.
Ainda durante o trabalho de campo foi desenvolvido um documento estruturado contendo todos os
indicadores a tratar e o respectivo cruzamento de variáveis. Foram igualmente elaboradas as
categorizações e classificações das respostas, para uniformizar a informação a ser processada em Excel.
Após a conclusão do trabalho de campo, todos os inquéritos foram introduzidos no sistema informático.
Apresenta-se, no Anexo 5.2, a descrição dos cruzamentos de informação que se pretendeu obter, após o
processamento dos dados.
Análise da informação e respectiva interpretação, relativamente a cada uma das temáticas descritas na
grelha de indicadores e com importância para a avaliação da situação socioeconómica, cultural e de
comportamentos de risco em termos de higiene familiar e de saúde.
Esta análise foi incluída na caracterização socioeconómica apresentada nos próximos capítulos.
Considerada a segunda cidade do país, depois da capital (Maputo), em termos de importância económica
e geoestratégica, administrativamente a Cidade da Beira encontra-se dividida em 5 Postos
Administrativos, PA Central; PA da Munhava; PA de Inhamizua; PA de Manga-Loforte e PA de Nhangau
Os Postos Administrativos com menor número de população residente correspondem às áreas de fixação
populacional mais recente e às zonas de expansão urbana definidas pelo município: Postos
Administrativos de Manga Loforte e Nhangau, que se apresentavam em 2007, com 14% da população
total da cidade.
Em termos populacionais, tal como se verifica no Gráfico acima, a intervenção directa do Projecto, atingirá
36% da população da cidade, que corresponde à que vive nos bairros atingidos pela reabilitação dos
Canais de Drenagem A2, A0 e A4 e ainda na área da construção da Bacia de retenção no Bairro da
Maraza. Isto significa uma abrangência de aproximadamente 170 000 habitantes em 2014, de acordo com
as projecções feitas pelo INE.
Da totalidade dos bairros potencialmente afectados, Matacuane e Munhava Central são os que
apresentam um maior nº de população residente.
Matacuane, inserido no Posto Administrativo Central possuía 34 547 habitantes, em 2007, sendo o bairro
mais populoso de toda a Cidade da Beira, de acordo com os dados do último Censos do INE.
Munhava, localizado no Posto Administrativo com o mesmo nome é o 2º bairro da Cidade com maior nº de
habitantes: 30 546 habitantes.
No passado, Munhava era o bairro mais populoso da cidade (Censos do INE de 1997). Contudo, na
actualidade, de acordo com os dados do Recenseamento Populacional feito em 2007, Matacuane passou
a ser o bairro com maior número de habitantes e igualmente com a mais alta densidade populacional,
atendendo a que a sua área é bastante inferior à do Bairro da Munhava.
A medição das áreas dos Bairros foi feita em 1997, tendo em conta os limites administrativos.
2
População (**), em Densidade populacional, em
Bairros Área (*), em km 2
hab hab/km
Nota:
(*) --‐ Fonte: DINAGECA, 1997
(**) --‐ Fonte: INE, Dados de 2013 (Projecções)
Os bairros com maior densidade populacional são os que sofreram uma expansão urbana assinalável nos
últimos anos, a qual, contudo, nem sempre correspondeu a formas legais e ordenadas de edificação.
Dos bairros que serão abrangidos pelas obras de reabilitação dos canais de drenagem, os que mais
cresceram no período entre 2007 e 2013 (projecções do INE) são o de Matacuane, Mananga, Munhava e
Chipangara.
Esturro apresenta-se como uma área praticamente sem espaço livre, ao invés de Maraza que apesar de
ter tido um crescimento de cerca de 7% nos últimos 6 anos, ainda possui algumas áreas não ocupadas e
onde se verifica alguma produção agrícola, principalmente nas zonas mais alagadas onde a população
ainda continua a fazer pequenas produções de arroz.
A liderança formal é encabeçada pelo Secretário do Bairro que tem como função fazer a ligação entre a
comunidade e as estruturas de governação formal do município. Abaixo do Secretário do Bairro
encontram-se os Secretários dos círculos, os Chefes de Quarteirão, os Secretários das Células do partido
e os Chefes de 10 casas. Em alguns dos bairros existe também uma liderança tradicional, chefiada por
régulos de diferentes escalões.
Assim, nos bairros alvo do Projecto de Reabilitação dos Canais de Drenagem Pluvial da Cidade da Beira,
verifica-se que para além das lideranças formais existem também lideranças tradicionais - régulos e
respectivos adjuntos cujo poder se manifesta, essencialmente, no apoio à resolução de conflitos sociais e
na organização das cerimónias tradicionais.
Em termos demográficos, a Cidade da Beira é a que mais população possui na Província de Sofala,
albergando 24% da população da Província.
Tendo por base o Recenseamento Geral da População e Habitação do ano de 2007, a população da
Cidade da Beira atingia o valor de 431 583 habitantes, dos quais 219 624 eram do sexo masculino (51%) e
211 959 do sexo feminino (49%).
De acordo com as projecções feitas até ao ano 2040, o INE estimava que em 2013 o número total de
indivíduos residindo na cidade tenha aumentado para cerca de 457,799 habitantes. Isto significa que entre
2007 e 2013, a população aumentou 6%.
Em 2007, de acordo com o Recenseamento Geral da População, o número total de agregados familiares
da cidade da Beira correspondia a 94 804. Tendo em conta o número de habitantes recenseados (431
583), verificava-se, no momento do Censo, que o número médio de pessoas/agregado em toda a cidade
da Beira era de 4,5 pessoas/agregado, situando-se dentro dos parâmetros da média nacional.
É de sublinhar que é uma característica das zonas urbanas que o número de elementos por família seja
inferior ao dos agregados das zonas rurais. Na área rural da Província de Sofala o número médio de
elementos por agregado familiar era de 5 pessoas, em 2007.
Igualmente é de referir que o número médio de pessoas por agregado familiar é substancialmente superior
nas áreas de habitação precária, não urbanizadas ou em início de processo de urbanização. É, por
exemplo, o que se passa nos bairros de expansão da cidade localizados nos Postos Administrativos de
Manga Loforte e Nhangau que apresentam uma média de 6 pessoas / agregado (dados do INE com base
em projecções de 2012).
Contudo, é de referir que no Relatório do INE de 2009, sobre a actualização do IOF (Inquérito aos
Agregados Familiares) conclui-se que: "a área urbana supera a área rural no que diz respeito a
percentagem de agregados compostos por 7 ou mais membros, pois esta é de 23.4% na área urbana,
contra 18.8% na área rural (...) Entre províncias, também se registam diferenças quanto a composição dos
agregados familiares. Assim, nas Províncias de Niassa, Cabo Delgado e Maputo Província predominam
agregados familiares compostos por entre 3 a 4 membros, com 38%, 37.5%, e 33%, respectivamente. Por
7
sua vez, na Província de Sofala (28.9%) predominam agregados compostos por 7 ou mais membros" .
Figura 45 – Pirâmide Etária – 2013 (Fonte INE, Projecções Anuais da População Total das
Províncias e Distritos 2007 -2040).
Da análise da pirâmide etária verifica-se que os homens têm uma maior representatividade do que as
mulheres, numa proporção de por cada 100 homens existem 98 mulheres.
Somente no Bairro de Inhamízua, no Posto Administrativo com o mesmo nome, as mulheres são em maior
número, embora a diferença seja da ordem de mais 46 representantes do sexo feminino do que do
masculino.
Dos 0 aos 19 anos, o sexo feminino apresenta maior número de efectivos. Contudo, é principalmente a
partir da classe etária dos 20 - 24 anos que as mulheres passam a ter menos peso demográfico do que os
homens.
7
In: "Relatório Final aos Orçamentos Familiares - IOF,2008/2009, INE Moçambique, Ed 2011
A população da Cidade da Beira é bastante jovem, com 38% dos indivíduos com idades abaixo dos
15 anos;
Fazendo uma comparação percentual entre a população em idade activa que reside na Cidade da Beira e
no resto da Província de Sofala, verifica-se que na Cidade da Beira, a classe economicamente activa é de
60% do total da população que ali vive, enquanto no resto da Província é apenas de 30%.
Este fenómeno está relacionado com as possibilidades de trabalho que a Cidade da Beira oferece,
principalmente para o sexo masculino tanto no Porto da Beira como na Zona Industrial.
Apesar disso, o saldo migratório na Cidade da Beira era, em 2007, negativo, isto é, saíram mais efectivos
para outros distritos da Província do que migraram pessoas para a Cidade da Beira.
A razão de dependência é bastante elevada com 70 pessoas economicamente activas para 100 pessoas
inactivas. Mas este valor é o mais baixo de toda a Província de Sofala. Nas áreas rurais da Província este
indicador sobe para os 138% (Recenseamento INE, 2007).
Tratando-se de bairros da cidade com uma elevada percentagem de áreas semi e não urbanizadas, as
condições de vida e de habitação são francamente deficientes e onde se agrupam agregados familiares de
maior dimensão, configurando o perfil de família alargada.
A diversidade linguística de Moçambique é uma das principais características culturais, existindo uma
enorme diversidade de idiomas, pese embora a língua portuguesa seja a língua oficial do País, Para a
maioria da população estes idiomas nacionais constituem a sua língua materna e a mais utilizada na
comunicação diária.
Na cidade da Beira, o Português é falado por 36% da população, seguido das línguas maternas a Cisena
e o Cindau com 24% e 23%, respectivamente.
Como se pode verificar através do Figura 47, no que concerne ao idioma, não existem diferenças
significativas entre homens e mulheres, embora possa parecer que mais mulheres falem Xitsua e mais
homens o Echuabo.
O número de falantes das línguas maternas cresce linear e suavemente com a faixa etária.
As religiões católicas (34%) e Anglicana (34%) são professadas por 68% da população e 11% professam
a religião Islâmica.
SEM RELIGIÃO
DESCONHEC.
OUTRA
EVANGÉLICA/ PENTECOSTAL Mulheres
ZIONE/SIÃO Homens
ISLÂMICA TOTAL
ANGLICANA
CATÓLICA
Um dos principais remos de actividade desenvolvido na Cidade da Beira é a actividade industrial. Esta
cidade detém o segundo maior parque industrial do País constituído por várias unidades industriais, nas
quais se inclui a pesca.
Fonte: III Recenseamento Geral da População e Habitação. – Província de Sofala (Resultados Definitivos, INE, 2010)
De acordo com esta mesma fonte, em 2007, encontravam-se activas cerca de 2 173 unidades de
comércio a grosso e a retalho, sendo esta a actividade mais praticada na Cidade da Beira, quer em
moldes formais como informais. O comércio formalmente estabelecido é representado por cinco mercados
municipais, sendo o Mercado Municipal Maquinino, o de maior destaque na cidade, albergando mais de
7 000 vendedores.
Existem ainda, um grande número de pontos onde se pratica o comércio informal comércio informal com
centenas de bancas espalhadas pela cidade.
As actividades primárias são também desenvolvidas na Cidade da Beira, sendo a agricultura praticada em
moldes de subsistência, em pequenas “machambas” familiares, cujo excedente abastece os mercados
informais da cidade e a pesca praticada principalmente na Praia Nova.
Consultado o documento do INE designado como "Estatísticas do Distrito Cidade da Beira, 2012" verifica-
se que entre 2010 e 2012 o nº de empresas registadas formalmente na Classificação de Actividades
Económicas decresceu 1% entre 2010 e 2012.
No que se refere ao nº de trabalhadores prestando serviço nessas empresas, a situação é inversa, pois
entre 2010 e 2012 o nº de pessoas empregadas cresceu 2% entre 2010 e 2011, mantendo-se a mesma
situação em 2012.
As indústrias que mais criaram novos empregos nos 3 penúltimos anos foram as da área alimentar, pesca,
artes gráficas, telecomunicações, fabricação de mobiliário e as indústrias metalúrgicas.
Verifica-se que apesar do decréscimo do nº de empresas do comércio a retalho (uma das actividades
económicas principais e que emprega o maior número de pessoas, formalmente), o número de postos de
trabalho neste ramo de actividade aumentou. O mesmo aconteceu com as empresas ligadas aos serviços
de alojamento que, embora tenham decrescido em número aumentaram a massa laboral.
Isto pressupõe que, nestas áreas de actividade, a dimensão das unidades empresariais começa a ter uma
expressão significativa, necessitando, por isso, de maior quantidade de mão-de-obra. A reabilitação e
entrada em funcionamento de alguns dos antigos hotéis é um dos motivos.
As indústrias que laboram para o Porto da Beira continuaram a ter expansão, embora não haja informação
estatística sobre algumas das empresas ligadas directamente à actividade desta grande infra-estrutura da
cidade.
De salientar que se tem registado nos últimos anos uma diminuição de empregos no sector da indústria do
vestuário, da agricultura e produção animal e nas actividades ligadas à construção civil.
De acordo com dados amostrais trabalhados pelo INE, em 2102, a taxa de desemprego dos homens em
idade economicamente activa era de 19% e a das mulheres de 35%.
No que concerne aos principais ramos de actividade em que se enquadra a população economicamente
activa na Cidade da Beira, segundo dados actualizados pelo INE em 2012, 31% dos indivíduos
Os serviços ocupavam 21% da população. É nas zonas urbanas que se concentram a maior parte das
empresas que prestam serviços bem como os organismos do Estado e das autarquias locais.
A segunda actividade onde a mulher tem também um envolvimento significativo é a do comércio. No ramo
dos outros serviços, há também uma participação feminina de 30%, sendo que nesta categoria se engloba
a educação e também a actividade do trabalho doméstico.
As características aqui apresentadas da distribuição da mão-de-obra feminina por ramo de actividade têm
ligação directa com a maior vulnerabilidade da mulher em termos económicos relativamente aos homens,
o que tem também como base a sua maior desqualificação e o mais baixo nível de escolarização.
Aliás, é sabido que à medida que o nível de educação dos indivíduos vai aumentando menor é a sua
participação no sector da agricultura. E pelo contrário, a participação nos outros ramos de actividade vai
aumentando com o nível de escolaridade.
Nestas circunstâncias, a caracterização dos níveis de vida das pessoas passou a ser visto em 2
perspectivas diferentes: a primeira relacionada com o nível dos rendimentos, que se refere, para a
caracterização da pobreza, da impossibilidade de satisfação das necessidades básicas por falta de
dinheiro, e a segunda designada “pobreza humana”, relacionada com a falta de acessibilidade a infra-
estruturas sociais tais como água potável, educação e cuidados de saúde.
Na Província de Sofala, em termos globais, a despesa média mensal dos agregados familiares, de acordo
com o IOF-Inquérito aos Orçamentos Familiares 2008/2009, publicado pelo INE em 2011, era de 3230 MT
mensais por agregado, sendo 650 MT "per capita". Na área urbana da Beira, esse valor era de 3680 MT
mensais, sendo 694 MT o valor "per capita".
Ainda de acordo com o mesmo documento, entre 2003 e 2008, a única Província do País que teve uma
descida de nível do valor das despesas dos agregados familiares em relação à média nacional foi
precisamente a Província de Sofala.
O sector agrário em Moçambique é constituído essencialmente pelo sector familiar, que pratica uma
agricultura de subsistência, a qual depende principalmente das chuvas.
Relativamente à Beira a análise da população e ocupação da terra na sua vertente agrícola não é alheia à
própria natureza da evolução da população da Beira. A estimativa da população em 2007 indicava uma
população de 436 240 habitantes, a maioria dos quais a viver em bairros suburbanos.
A agricultura juntamente com a criação animal, inserem-se no conjunto de actividades económicas que
suportam uma parte significativa da população da Beira. Uma parte importante da população, pratica
agricultura de forma informal e mais numa perspectiva de sustentabilidade agregada a outras fontes de
rendimento como suporte para o rendimento familiar. Toda esta população que abrange a malha urbana e
peri-urbana da cidade caracteriza-se por enormes carências em termos de segurança alimentar básica.
Saliente-se que quando nos referimos a agricultura praticada nos arredores da cidade da Beira, referimo-
nos a um conjunto de práticas com uma dimensão reduzida, caracterizada por baixo investimento e
reduzida utilização de insumos agrícolas. Daí que a procura de terras com aptidão agrícola seja
confrontada diariamente com a necessidade de expansão da área urbanizada, mercê do aumento
populacional verificado nos últimos anos.
Acresce o facto de não existirem de todo infra-estruturas essenciais de suporte à actividade agrícola, por
exemplo, rede eléctrica, canais de irrigação ou uma malha de caminhos agrícolas. De facto, exceptuando
a zona da Chota outrora ocupada com extensos arrozais e que possui com espinha dorsal um acesso
rodoviário, mas que é actualmente confrontada com um crescendo em termos de ocupação habitacional,
as restantes áreas com potencial agrícola, nomeadamente a zona da Maraza não possuem acessos ou
caminhos agrícolas, muito menos distribuição eléctrica.
Em termos de produção agrícola propriamente dita, as principais culturas que se identificam na área da
cidade da Beira são o arroz (uma das bases da alimentação e com uma preponderância em termos de
terrenos na áreas da bacia da Maraza. A pequena produção de produtos hortícolas e tubérculos (tomate,
mandioca, couves, batatas, feijão) e frutos (banana, citrinos, amendoim, caju). De salientar que parte
significativa dos produtos que são comercializados no mercado da Beira são oriundos de outros distritos
na periferia da cidade da Beira. A natureza alagadiça destes solos (mais evidente na Maraza),
condicionado pela própria orografia da bacia, condiciona a diversificação cultural dos terrenos aráveis, daí
que a cultura do arroz, praticado em pequenas machambas seja dominante na zona. De salientar que na
cintura que envolve e delimita a bacia encontramos cortinas de árvores de fruto (normalmente bananeiras)
e pequenas hortas que rodeiam e caracterizam os assentamentos informais que caracterizam a paisagem
peri-urbana da cidade da Beira. Já a zona da Chota/Estoril, para além de alguns arrozais (na zona da
Chota), destaca-se o mosaico de machambas com policultura essencialmente hortícolas e pequenos
tubérculos, com produtividades muito limitadas devido à salinidade que os solos apresentam e à
proximidade da toalha freática que condiciona sobremaneira a drenagem interna dos solos.
A habitação é uma das necessidades básicas em todas as sociedades. As características físicas das
habitações em termos de material de construção e acesso a serviços básicos bem como a área interna
disponível para todos os elementos que constituem o agregado familiar são indicadores de referência para
a avaliação da qualidade de vida das famílias bem como do grau de desenvolvimento sócio-económico
global.
O Relatório sobre as Estatísticas Distritais da Cidade da Beira publicado pelo INE, em 2013, apresenta os
dados sobre as características da habitação na Cidade da Beira:
- Das 94 804 habitações existentes, 56% têm como material de construção das paredes: blocos de
cimento (49%) e blocos de tijolo (7%);
- As restantes 44% são de material pouco duradouro em que o que predomina são os paus
maticados (33%) e de materiais mais precários como sejam a lata, cartão, caniço e madeira
(10%);
- O tipo de cobertura das casas é, em 59% dos casos, de chapas de zinco e 20% de chapas de
lusalite.10% têm cobertura de capim/colmo e palmeira. São as habitações das famílias mais
pobres. Muitas delas localizadas junto às margens dos Canais de Drenagem;
- O pavimento das habitações é de cimento na sua esmagadora maioria (71%). Em materiais mais
nobres como sejam o parquet, o mármore e o mosaico ou tijoleira apenas existem 9% de
habitações. Sendo que 20% das habitações são pavimentadas em adobe (12%) e em terra batida
(8%).
No seu conjunto, a situação do parque habitacional da cidade apresenta uma grande diversidade à medida
que se vai percorrendo o seu território. Do centro para as periferias encontram-se grandes diferenças na
qualidade e tipo de construção das habitações, sendo que nas zonas actualmente em desenvolvimento
Os bairros com habitações de maior dimensão localizam-se no Bairro da Maraza, uma zona da cidade
relativamente afastada do centro e em que ainda existe bastante espaço livre.
No bairro do Esturro a situação é precisamente o inverso. Sendo uma área totalmente ocupada, a área
das habitações reflecte precisamente esse facto.
A Munhava que era, até 1997, o bairro mais populoso da cidade e que agora se encontra em 2º lugar em
2
termos de população apresenta também uma área habitacional média bastante reduzida: 52 m .
Reportando-nos ao Quadro 12 que apresenta as densidades populacionais dos diversos bairros afectados
pelo Projecto, verifica-se que o Bairro do Esturro (com a área mais pequena das habitações) é o que tem
maior densidade populacional e o Bairro da Maraza, (com a maior área habitacional média) é o que tem a
mais baixa densidade habitacional.
Relativamente à dimensão dos espaços onde se encontram implantadas as habitações (talhões) a sua
2
área média, na globalidade dos bairros, é de 269 m .
Tal como no caso das áreas das habitações também existem diferenças significativas de valores máximo
2
e mínimo encontrados e de bairro para bairro: Esturro com a menor área média do talhão (205 m ) e
2 2
Maraza com a maior área média do talhão (308 m ). Sendo o valor mínimo do talhão de 54 m (no Bairro
2
do Esturro) e 1040 m o valor máximo (no Bairro Chipangara). São, contudo, situações únicas no contexto
do total do universo do estudo.
É importante observar que nas áreas em que o município está elaborar planos de ordenamento, o talhão
2
tem a área de 600 m e atendendo à nova legislação sobre o reassentamento de populações, publicada
2
em Agosto de 2012, as áreas mínimas de habitação nova estão definidas com o valor de 70 m .
Estas novas características urbanísticas irão propiciar um melhoramento no "modus vivendi" da população
e uma organização espacial mais equilibrada.
Agregados Percent
Agua Canalizada
22%
78%
dentro da casa
fora de casa
De acordo com a Direcção do FIPAG local praticamente todos os bairros da cidade se encontram cobertos
pela rede, embora nalguns a cobertura seja apenas de 50%.
As zonas de expansão da cidade como Nhangau ainda não possuem cobertura do FIPAG. Contudo, está
previsto a breve trecho um Projecto de Expansão da rede com a extensão de
110 km para reforço do abastecimento de alguns bairros da cidade onde se tem verificado um grande
crescimento populacional, como é o caso de Macurungo e Chota/Estoril. Irão também ser abrangidos os
Bairros da Manga, Mungassa, Estoril, parte da Ponta Gêa e um reforço na zona do Macúti.
Os Bairros actualmente com menor cobertura são o de Maraza; Munhava (onde subsistem muitas ligações
clandestinas fruto do grande desordenamento da implantação das casas e da falta de arruamentos que se
verifica naquele espaço urbano), Macurungo e Chipangara.
É importante realçar que a situação do abastecimento de água teve grandes melhorias não só fruto da
expansão da rede que tem vindo a ser feita mas pela política levada a cabo pelo FIPAG local promovendo
formas de pagamento a prestações para a montagem de contadores, o que facilita o acesso à água
canalizada dentro de casa ou no quintal, pelas famílias com menores recursos financeiros.
A principal fonte de iluminação na maior parte das habitações (59%) era o petróleo/parafina ou querosene.
Somente 3% usavam velas, enquanto o uso de baterias e lenha apenas era usado por 0,8% de famílias.
O abastecimento de energia eléctrica aumentou significativamente nos últimos anos, principalmente nas
zonas urbanas do país, embora ainda hajam grandes problemas técnicos na manutenção continuada do
fornecimento.
A Direcção dos Serviços da Electricidade de Moçambique na Cidade da Beira afirma que todos os Bairros
da Cidade se encontram já electrificados, embora tenha que haver uma adaptação técnica anual às novas
necessidades que vão surgindo em termos de aumento de utilizadores, especificamente nas novas áreas
de expansão urbana, daí que, neste momento, a estratégia da empresa se centra no aumento da
qualidade do serviço prestado e não na extensão da rede.
Fontes de Energia
OUTRAS
LENHA
BATERIAS
VELAS
PETRÓLEO / PARAFINA / QUEROSENE
GÁS
GERADOR / PLACA SOLAR
ELECTRICIDADE
ENERGIA - Total
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 90.000 100.000
PETRÓLEO /
GERADOR /
ENERGIA - Total ELECTRICIDADE GÁS PARAFINA / VELAS BATERIAS LENHA OUTRAS
PLACA SOLAR
QUEROSENE
Percentagem 100% 37% 0% 0% 59% 3% 0% 0% 0%
Familias 94.203 35.218 186 63 55.156 2.897 92 396 195
Percentagem Familias
Dados do Censo de 2007, indicam que na Beira, um grande número de famílias (30%) não possuíam
qualquer sistema de saneamento de "excreta"; 21% possuíam uma Latrina Tradicional; 33% uma Latrina
Melhorada e apenas 17% uma retrete ligada a fossa séptica, o que correspondente a população residente
nos bairros de "cimento".
Saneamento
17%
30%
14% 33%
7%
O Programa Nacional de Saneamento a Baixo Custo promoveu e construiu em diversas províncias através
de Projectos de Latrinas Melhoradas, vários tipos de latrinas. São aqui referidas somente as mais
disseminadas:
Latrina Tipo S1: consiste em uma laje que uma família compra num estaleiro. Para construção, a
família abre uma cova e coloca a laje por cima da cova. Este tipo de latrina é recomendável para
os solos estáveis, sem facilidade de desabarem.
Latrina tipo S2: para esta latrina, a família dirige-se a um estaleiro de latrinas melhoradas onde
adquire uma laje, 100 ou 80 blocos para lajes de 1,5 m e 1,2 m respectivamente, e mão-de-obra
para escavação e revestimento da fossa da latrina.
A latrina tipo S2 é recomendável para solos soltos, ou solos argilosos, solos com muita humidade.
Latrina tipo S3: este tipo de latrinas é recomendável para terrenos com nível freático elevado e
de difícil escavação. Abre-se uma cova à profundidade possível, reveste-se a cova com blocos
Reconhecendo que existem dificuldades em utilizar este tipo de latrinas, em posição a acocora, isto é, sem
assento, por determinados grupos populacionais específicos, o PNSBC, iniciou em 1993 a produção por
encomenda de lajes com assento. Sendo assim, mulheres grávidas, idosos e deficientes físicos, poderão
encomendarem e/ adquirir lajes com assentos para construção das latrinas do tipo S1, S2 e S3 conforme o
tipo de terreno.
Foi igualmente experimentado, o uso de latrinas ecológicas, em zonas com elevado lençol freático, como é
o caso da Beira. Em Gura-Guara, distrito de Buzi em Moçambique no centro de reassentamento de
deslocados de Cheias 2000, levou à criação de latrinas ecológicas com dois compartimentos que são
usados um após o outro encher e os excretas secos podem serem retirados para dar lugar o ciclo seguinte
do uso do compartimento assim sucessivamente, a vida útil da latrina não depende da capacidade das
fossas mas do material de construção.
7.3.9.4 Saúde
A Organização Mundial de Saúde define o saneamento básico como "o controle de todos os fatores do
meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeitos negativos sobre o seu bem-estar físico,
mental ou social”. O saneamento básico tem como principal objetivo zelar pela saúde do ser humano,
tendo em conta que muitas doenças podem desenvolver-se quando há um saneamento precário. Assim,
as medidas de prevenção que visam promover a saúde do Homem, são as seguintes:
Abastecimento de água;
As doenças infecciosas relacionadas com o Saneamento do Meio estão classificadas de acordo com o
ambiente em que são transmitidas.
Existem:
Dos muitos usos que a água pode ter alguns estão relacionados, directa ou indirectamente, com a saúde
humana como a água para beber, para a higiene corporal, para a higiene do ambiente, preparação dos
alimentos, para a rega, etc. Na relação água/saúde influenciam tanto a qualidade quanto a quantidade
da água.
As doenças infecciosas relacionadas com a água podem ser causadas por agentes microbianos e
agentes químicos e de acordo com o mecanismo de transmissão destas doenças podem ser
classificadas em quatro grupos:
º
1 Grupo: Doenças cujos agentes infecciosos são transportados pela água e que são adquiridos pela
ingestão de água ou alimento contaminados por organismos patogénicos, como por exemplo:
- Disenteria bacteriana (agente etiológico: Shigella Spp, Escherichia coli e Salmonella sp.);
- Infecções de pele e olhos: sarnas, fungos de pele, tracoma (infecção nos olhos), etc.;
3º Grupo: Doenças adquiridas pelo contacto com água que contém hospedeiros aquáticos. São aqueles
em que o agente patogénico passa parte do seu ciclo de vida na água, num hospedeiro aquático. Um
exemplo clássico é a bilharziose em que, a água poluída com “excreta” contaminada, e na presença de
caracóis portadores de Schistosoma, transmitem ao homem por picada na pele o parasita da doença.
Para apanhar esta doença, é necessário que as pessoas doentes defequem nas proximidades de cursos
de água, lagoas, lagos, pântanos ou rios e nesses lugares haja caracóis onde os parasitas se
desenvolvem.
Uma vez dentro do corpo do Homem, o parasita aloja-se no aparelho urinário, onde crescem e
novamente põe ovos, que serão eliminados pela urina ou fezes, reiniciando o ciclo.
A presença do caracol é fundamental para a vida do Schistosoma, pois sem eles não se podem
desenvolver.
4º Grupo: Doenças transmitidas por insectos vectores relacionados com a água. São doenças
adquiridas através de picadas de insectos infectados que se reproduzem na água ou vivem perto de
reservatórios de água (águas estagnadas, por exemplo):
- Febre amarela e dengue (vírus) transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em
água limpa como por exemplo, dentro de latas de água que não estejam devidamente tapadas.
- Doença do sono provocada pelo tripanossoma brucei é transmitida pela mosca “tsetse” (Glossina
spp), também conhecida pela mosca do sono,
- Oncocercose (causa cegueira), transmitida pela mosca (Simulium) que põe ovos no leito de
ribeiras; riachos; valas
São aquelas causadas por agentes patogénicos (vírus, bactérias, protozoários e helmintos) existentes
em “excreta” humanos, normalmente nas fezes.
Muitas das doenças relacionadas com os “excreta” também estão relacionadas com a água. Podem ser
transmitidas de várias formas como, por exemplo:
Ex.: Áscaris lumbricoides, ancislotomíase (infecção também conhecida por “amarelão”), etc.
- Transmissão através de insectos vectores que se reproduzem em locais onde há fezes expostas
ou águas altamente poluídas (fossas sépticas, latrinas, etc.) Ex.: Filariose, causada por vermes
nematóides do género Filária que se desenvolvem no organismo dos mosquitos transmissores que
pertencem ao género Culex. Estes mosquitos reproduzem-se em águas poluídas, lagos, mangais.
A presença desses mosquitos está associada a falta de sistemas de drenagem e a carência de
disposição adequada de esgotos.
- Os resíduos sólidos (lixo) quando não são adequadamente dispostos, proporcionam a proliferação
de moscas, as quais são responsáveis pela transmissão de uma infinidade de doenças infecciosas
(amebíase, salmonelose, etc.) O lixo serve ainda como criadouro e esconderijo de ratos que
também são transmissores de doenças como: peste bubónica, leptospirose (transmitidas pela
urina do rato) e febres (devido a mordedura do rato). O lixo também favorece a proliferação de
mosquitos que se desenvolvem em água acumulada em latas e outros recipientes abertos
encontrados em monturos.
De acordo com os dados analisados pelo INE, em coordenação com o MISAU - Ministério da Saúde,
entre 2007-2008, publicados no "Inquérito Nacional sobre as Causas de Mortalidade em Moçambique",
tanto na área urbana como na rural, o HIV/SIDA e a malária figuravam como as principais causas de
morte para óbitos de 5 anos e mais.
Nas crianças com menos de 5 anos, a principal causa de morte era a malária, seguida do HIV/SIDA.
Na área urbana, a proporção de óbitos por HIV/SIDA, era de 38.0% e por malária de 18.0%, e na área
rural a proporção de mortes por HIV/SIDA era de 36% e por malária quase 20%.
É de salientar que, embora o número de casos de malária tenha decrescido entre 2012 e 2013, o número
de óbitos provocado pela doença aumentou, durante o mesmo período.
Um aspecto positivo significativo é a inexistência de casos de cólera nos últimos 3 anos, tanto na Cidade
da Beira como na Província de Sofala, o que se deve às melhores condições de abastecimento de água e
à maior cobertura do saneamento urbano.
Figura 62 - Comportamento da taxa de letalidade por 100 000 habitantes das principais
doenças relacionadas com o saneamento do meio Bairros da Cidade da Beira.
8
Taxa de Letalidade - Proporção entre o número de mortes por uma doença e o número total de doentes que sofrem dessa doença,
ao longo de um determinado período de tempo. É geralmente expressa em percentagem.
Tal como apresentado anteriormente, a malária constitui uma doença cujas causas muito têm a ver com a
existência de águas estagnadas perto de áreas residenciais.
Importante dar a conhecer quais os problemas ambientais relacionados com o comércio informal da
cidade da Beira, de acordo com o Relatório disponibilizado pela Direcção Provincial de Saúde de Sofala,
em Dezembro de 2013:
- Grande concentração de lixo na maioria dos mercados e nos postos de venda de produtos
alimentares;
- Estagnação de águas mesmo nos mercados formais: No de Maquinino - Postos de venda de
Hortaliças e tomate;
- Deficiente higiene na confecção dos alimentos postos à venda;
- O lixo é depositado a céu aberto.
Existe uma consciência alargada da comunidade em relação ao tratamento das doenças nas Unidades
Sanitárias.
As Unidades Sanitárias existentes em toda a Cidade da Beira são em número de 37, incluindo um Hospital
Central, localizado no Bairro do Macúti.
Ex: Unidade Sanitária Cornelder de utilização dos funcionários dos CFM-Caminhos de Ferro de
Moçambique, e que se localiza no Porto da Beira.
Das Unidades Sanitárias usadas pela população da Beira, 13 correspondem à categoria de Centros de
9 10
Saúde , 1 a Posto de Saúde e 1 Hospital Central, para onde são encaminhados os casos que não têm
solução clínica nos Centros de Saúde e que se situam nas imediações do Hospital Central.
Em 2012, foi criado um Centro de Saúde no Esturro, tendo por base o Posto de Saúde anteriormente
existente no mesmo local, mas que funciona em moldes privados, o que não permite o acesso à
população com menores recursos económicos.
9
In: Diploma Ministerial 127/2002, de 31 de Julho do Ministério da Saúde - Cap. I - Artº I - ponto 3. "Centros de Saúde são Unidades
Sanitárias de Nível Primário, que têm como função dispensar Cuidados de Saúde Primários à população da sua Área de Saúde,
incluindo intervenções sobre o Meio Ambiente."
10
Tipo de Unidade Sanitária que, de acordo com o Normativo citado em Nota 5, deveria ter deixado de existir em 2007 e ser
transformado em Centro de Saúde.
Conforme pode ser observado no Quadro abaixo, entre 2011 e 2013, as Unidades Sanitárias existentes
viram-se confrontadas, em termos globais, com um aumento de população abrangida de cerca de 12%,
mantendo, contudo, os mesmos meios técnicos e humanos, conforme informação prestada pela Direcção
Provincial de Saúde de Sofala em Janeiro de 2014.
7.3.10.1 Introdução
Conforme referido anteriormente foram inquiridas 70 famílias, constituídas por 388 indivíduos.
Em média, cada entrevistador realizou 4 entrevistas/dia, tendo cada uma das entrevistas demorado entre
1 hora e 1 hora e 30 minutos. As entrevistas foram feitas sempre ou com o Chefe do agregado ou sua
esposa (quando o Chefe do agregado era um homem e se encontrava ausente).
11
Centro de Saúde Urbano Tipo A - Serve população dentro da sua Zona de Influência Directa - 1 a 4 km de raio. Abrange entre 40
000 a 100 000 habitantes.
12
Centro de Saúde Urbano Tipo B - Serve população dentro da sua Zona de Influência Directa (2 a 4 km de raio). Abrange entre 18
000 a 48 000 habitantes
13
Centro de Saúde Urbano Tipo C - Serve população dentro da sua Zona de Influência Directa (4km ou mais de raio). Abrange entre
10 000 a 25 000 habitantes.
No seio das famílias, o sexo masculino tem maior representatividade do que o sexo feminino (como é
também o retracto demográfico da cidade da Beira). Cerca de 54% de homens com mais de 19 anos e
apenas 46% de mulheres, dentro da mesma faixa etária.
Quanto às crianças abaixo da idade escolar, portanto com menos de 5 anos, a percentagem em relação à
população total é de 9,5%. As que se situam acima dos 5 anos e até aos 18 anos representam 38%.
As mulheres chefes de família, embora em número diminuto, constituem-se como um grupo que tem à sua
responsabilidade em todos os casos pelo menos 2 crianças.
O índice de dependência demográfica, relação entre a população em idade não activa (menores de 19
anos e idosos de 65 anos ou mais) e em idade activa (19-64 anos) é bastante alto - 94%, ou seja, 94
dependentes por cada 100 activos.
Este facto é muito desfavorável ao desenvolvimento e potência elevadas taxas de desemprego com a
consequente instabilidade económica.
No que concerne ao estado civil dos homens e mulheres adultos que fizeram parte do estudo, este indicia
a situação encontrada maioritariamente nas zonas urbanas do país.
O Estado Civil é a situação de uma pessoa em relação ao matrimónio e é uma condição sócio-
demográfica fundamental numa sociedade, por esta abranger aspectos: sociais, legais, biológicos,
religiosos e até mesmo económicos.
Assim, verifica-se que 56% vivem em união marital; 20% são solteiros; 10% são casados e 4%
separadas/viúvas.
A informalidade laboral atinge 42% dos Chefes dos agregados, sendo a agricultura, a pesca e o comércio
as 3 principais actividades a que se dedica a população economicamente activa.
No que toca à análise dos rendimentos das famílias, estes dependem de diversos factores como seja o
tipo de actividade realizada, a sua importância no contexto da economia local e a forma continuada ou não
da realização desse trabalho.
Apenas 18% das famílias assumem que se expressam unicamente em língua portuguesa. Trata-se de
pessoas mais jovens que não conseguem expressar-se correctamente na língua materna atendendo ao
facto de terem frequentado o sistema escolar formal até um nível superior à educação básica (6ª classe) e
já viverem há muitos anos em meio urbano.
Poucos agregados falam exclusivamente a sua língua materna, quer esta seja CiSena ou Ndau. Existe
ainda a presença de alguns agregados que dominam a língua Chuabo, o que corresponde a agregados
cuja origem territorial é a Província da Zambézia.
O reconhecimento das características do domínio linguístico é bastante importante quer no que concerne
à comunicação entre pessoas da mesma comunidade, mas também para a elaboração de acções de
sensibilização para as questões ambientais decorrentes dos trabalhos de reabilitação das valas de
drenagem assim como para a promoção de acções de formação dos potenciais trabalhadores nas fases
de construção e operação.
Em termos religiosos, a maior parte das famílias seguem os princípios do Cristianismo, embora
frequentando diferentes igrejas. Os muçulmanos residentes nos bairros periféricos são uma minoria, em
termos quantitativos, relativamente aos cristãos (90% de cristãos e 10% de muçulmanos).
Os dados aqui apresentados coincidem com os resultados apresentado no Relatório dos Indicadores
Sociais da Cidade da Beira publicado pelo INE, em 2012.
Verifica-se que a ligação a um tipo de culto religioso é também uma forma de associação em termos
sociais, pelo menos entre os grupos de crentes, que se reúnem amiúde e onde há a realização de eventos
onde todos participam.
Um aspecto cultural deveras importante para a avaliação da ligação das famílias ao seu habitat original,
designadamente dos mais velhos, tem a ver com a continuada prática de cerimónias tradicionais
associadas a diferentes temáticas do ciclo de vida da família, da sua espiritualidade e da sua ligação com
a natureza.
As comunidades dos bairros abrangidos pela reabilitação dos Canais de Drenagem não praticam
cerimónias tradicionais, na sua esmagadora maioria.
Os ritos de iniciação apenas são feitos por 2% das famílias inquiridas; os de agradecimento aos
antepassados por 3% e os ritos associados à agricultura não são praticados por nenhuma das famílias
inquiridas.
Esta factualidade demonstra que a população residente na área de estudo têm já interiorizado um estilo de
vida urbano, a que se associa o facto das dificuldades financeiras e da inexistência de condições físicas
(falta de espaço adequado) para a prática de um conjunto de rituais que, nas áreas rurais, se assumiam
como factores essenciais para a socialização e integração nos grupos de pertença e na comunidade
global.
- No que concerne ao terreno onde se encontram edificadas as habitações, não foi encontrada
nenhuma situação em que a família possuísse um DUAT (documento formal de Direito de Uso e
Aproveitamento da Terra), embora 75% considerasse viver em espaço próprio;
2
- Relativamente à área das habitações, a média global é de 62 m /habitação, embora se encontrem
grandes disparidades entre o valor máximo e mínimo e também de bairro para bairro.
Figura 65 - Média da área das habitações (m2) por bairro abrangido pelo Projecto.
2 2
O valor mínimo encontrado na dimensão das habitações foi de 12 m e a área máxima de 198 m . É de
salientar terem sido encontradas famílias com mais de 8 elementos vivendo em espaços entre os 20 e os
2
30 m , o que é, em todas as vertentes da vida humana, uma situação extremamente deficitária e
condicionadora do desenvolvimento saudável individual e familiar.
Ainda no contexto da caracterização da situação habitacional das famílias abrangidas pela 1ª Fase de
Intervenção do projecto, observa-se que 38% das habitações alvo do estudo são construídas em pau-a-
pique não maticado e 24% de paus maticados. Daqui resulta que 62% das paredes das habitações onde
vivem as famílias residentes na área de intervenção do Projecto são de natureza precária, havendo 24%
em que a situação é mesmo muito precária, degradando-se com facilidade e com poucas defesas em
relação às intempéries.
Em caniço, apenas existem 3% e 35% já são construídas em blocos de cimento ou de tijolo, o que indicia
já algum cuidado (e também capacidade financeira) em possuir uma habitação mais duradoura.
Contudo, estes resultados estão bastante abaixo da média da cidade, como um todo pois trata-se
exclusivamente de áreas não urbanizadas e onde se concentra a maior proporção de população urbana
pobre.
Em relação à cobertura das habitações, grande parte destas são já cobertas com chapas de zinco, a
exemplo do que se passa na cidade como um todo.
Este material está muito disponível no mercado e apesar do seu custo muitas das famílias fazem um
esforço gradual e vão colocando as chapas de zinco à medida das suas possibilidades.
Face aos níveis de precipitação da cidade da Beira, este tipo de cobertura é de maior duração e não deixa
entrar água com facilidade.
As áreas abrangidas pela 1.ª Fase do Projecto de Reabilitação dos Canais de Drenagem apresentam-se
com condições de abastecimento de água à maioria da população residente, pelo menos durante 16
horas/dia.
Há, contudo, um problema que subsiste e que tem a ver com a qualidade da água à saída da torneira.
Ainda existe 10% de turvação que não é possível ser eliminada pelo FPAG atendendo ao facto de a
Estação de Tratamento existente precisar de ser ampliada e reformulada em alguns aspectos técnicos. No
entanto, a garantia da potabilidade da água é dada pelo CHAEM-Centro de Higiene Ambiental e Exames
Médicos, Órgão da Direcção Provincial de Saúde de Sofala que diariamente monitora os níveis de
turvação.
Em todas as unidades familiares inquiridas o abastecimento de água é feito por água da rede pública.
Grande parte das famílias já tem abastecimento próprio, através do FIPAG, embora fora da habitação -
39%. Apenas 1% tem abastecimento de água dentro de casa e 38% compra a água aos vizinhos. A
percentagem dos que recorrem ao fontanário público é bastante baixa, comparando com os que já têm
água ou no espaço residencial ou em área contígua.
Praticamente todas as famílias pagam mais de 50 MT pela água que consomem quer seja esse valor pago
à semana ou ao mês. Do total, somente 2 famílias não pagam a água que consomem, sendo-lhes a água
oferecida pelos vizinhos tendo em conta a sua pobreza.
Nos Bairros-alvo do estudo, 62% das famílias têm electricidade na habitação pelo sistema Credilec e 14%
pelo Quadrelec, originando que 76% das famílias têm uma forma moderna de energia. Ambos os sistemas
permitem que haja acesso à electricidade, mas o Quadrelec pode ser instalado em habitações de material
precário enquanto o Credelec apenas pode ser utilizado em habitações construídas em blocos ou de
alvenaria.
Existem ainda 23% de famílias que usam o candeeiro a petróleo - método de iluminação que faz parte das
formas tradicionais de energia.
A maior percentagem das famílias que vivem nestas condições são as do Bairro Munhava Central. É
também importante referir que todas as famílias que não têm energia eléctrica na habitação também não
têm o seu próprio abastecimento de água: 69% delas compra água ao vizinho e as restantes (31%)
recolhem a água no fontanário.
O resultado do inquérito realizado, nas áreas onde haverá a reabilitação dos Canais de Drenagem A0, A2
e A4, dá-nos a conhecer que, neste universo, 74% das famílias têm um sistema de saneamento embora
ainda subsista uma percentagem de 26% que não possui qualquer tipo de sistema (Figura 70).
Dos que possuem um sistema de saneamento, 72% têm uma Latrina Melhorada. A maioria com
respiradouro para libertar os maus cheiros para fora da instalação sanitária. Cerca de 21% têm uma
Latrina Melhorada ligada a uma fossa séptica e 7% têm uma retrete de despejo manual.
Não se observou a existência de nenhuma retrete de autoclismo ligada à rede de esgotos urbanos pois
todas estas áreas não se encontram urbanizadas, portanto sem dispõem das infra-estruturas existentes na
cidade convencional.
Nos bairros representados na amostra estudada, Chipangara e Esturro são os que apresentam maior
número de Latrinas Melhoradas. Este facto terá relação com o histórico do Programa Nacional de
Saneamento a Baixo Custo pois um dos Estaleiros de Construção de Latrinas Melhoradas localizava-se
em Munhava O Bairro de Chipangara situado próximo do centro da cidade e já com uma existência muito
antiga, teve, por isso, acesso facilitado à aquisição de latrinas melhoradas provenientes dos Estaleiros que
existiam na cidade da Beira, no tempo em que estes sistemas de saneamento tinham uma elevada
comparticipação no seu custo final por parte do Estado e dos doadores Internacionais.
Assim, escolha actual da maioria das pessoas nos Bairros abrangidos pelo projecto, recai, neste momento
na latrina de despejo manual com fossa isolada e respiradouro, sendo que esta escolha ainda não é
acessível, em termos financeiros, à maioria das famílias.
7.3.10.5.4 Saúde
A panorâmica dada para a situação global dos bairros da Cidade da Beira é, aproximadamente, a que se
pode encontrar nos bairros periféricos que se encontram na área de intervenção dos Canais de Drenagem
a reabilitar:
Do universo dos elementos que fazem parte das famílias inquiridas, 24 adultos e 22 crianças estiveram
doentes durante o ano de 2013 até à data do inquérito (22 de Janeiro de 2014).
Na Figura seguinte apresenta-se a percentagem da ocorrência de cada uma das doenças em relação ao
número total de adultos doentes.
bilharziose.
Foi o Bairro da Munhava Central que registou o maior número de casos de malária, tanto entre adultos
como em crianças.
No âmbito do estudo levado a efeito, e que no fundo representa a situação da Cidade da Beira, atendendo
ao seu contexto urbano e à maior disponibilização de equipamentos sanitários do que em meio rural, as
pessoas afectadas por qualquer tipo de doença ou enfermidade, pertencendo aos agregados familiares
inquiridos, recorreram, em 89%, a um equipamento de Saúde: 38% ao Hospital Central da Beira e 51% a
um Centro de Saúde.
Tratamentos em casa foram levados a efeito por 8% de pessoas e o recurso ao curandeiro apenas por 3%
das pessoas.
Quem possuir condições económicas pode recorrer a um Centro de Saúde de natureza privada
(S. João Baptista).
Maraza - Não possui Centro de Saúde na sua área territorial. As pessoas deste Bairro recorrem ao
Centro de Saúde da Munhava.
Esturro - Coberto por um Centro de Saúde privado. A maioria da população recorre ao Centro de
Saúde existente em Matacuane (Hospital Militar).
Munhava - Coberto por um Centro de Saúde, mas assiste, adicionalmente, a população da
Maraza.
Macurungo - Coberto por um Centro de Saúde Tipo A.
- 40% afirmaram ter rendimentos mensais que não ultrapassam os 2 500 MT;
- 41% afirmaram ter rendimentos entre 2501 MT e os 5 000 MT;
- Apenas 19% dizem auferir rendimentos acima dos 5 000 MT.
Há, contudo, a realçar que nos Bairros de Mananga e Maraza (2 bairros contíguos) 49% das famílias
entrevistadas apresentaram rendimentos mensais bastante baixos: entre 1000 a 2 500 MT.
As que dizem ter rendimentos acima de 5 000 MT, 60% pertencem ao Bairro de Chipangara. Esta
evidência poderá ter a ver com o facto de este bairro se situar mais perto do centro da cidade de
"cimento", havendo, por isso, maiores oportunidades de negócio e de realização de "biscates" para os
residentes.
Salienta-se que, embora o nível de receitas dos agregados familiares não caracterize automaticamente o
seu bem-estar, estas são um indicador do potencial do seu nível de vida.
Nesse sentido, o valor monetário disponível por pessoa, dentro do agregado familiar, é um indicador
importante para avaliar não só as suas possibilidades de subsistência física mas também a que outra
natureza de bens poderá ter acesso.
Assim, apurou-se que o valor médio das receitas em dinheiro existente nas famílias da área de
intervenção do projecto é de 2 260 MT/mês, o que dá, por pessoa o valor de 376 MT.
A mediana dos rendimentos situa-se no intervalo entre 2100 - 2500 MT, o que significa o valor da receita
que divide a população em duas partes iguais: 50 % com receita abaixo do valor mediano e 50% acima do
valor mediano.
Em 2013, o intervalo do valor do salário mínimo em Moçambique situava-se entre 2500 MT para os
trabalhadores agrícolas e 6 817 MT para os trabalhadores dos serviços e actividades financeiras.
Como se depreende, 40% das famílias em análise apresentam um valor médio de rendimentos inferior ao
valor mais baixo do salário mínimo nacional, havendo pelo menos 18% que se encontram abaixo da "linha
da pobreza".
14
Atendendo a que a “cesta básica ” considerada essencial para que um individuo tenha uma alimentação
saudável, fundamental para a manutenção de um bom estado de saúde era calculada, em 2013, com o
valor de 7 700 MT/mensais para uma família de 5 pessoas, verifica-se que, para uma família média dos
bairros alvo do Projecto, o valor mínimo de rendimento para cada elemento de um agregado, (rendimento
"per capita") se deveria situar nos 1540 MT, o que implicaria que os agregados familiares tivessem, como
receitas mensais entre os 8000 - 9 000 MT, o que se encontra 76% abaixo da realidade encontrada.
Quanto às despesas das famílias, verificou-se uma grande dificuldade em que as pessoas dos agregados
familiares entrevistados conseguissem, de forma clara, indicar os tipos e valores das despesas realizadas
na unidade doméstica durante o mês anterior ao da realização do inquérito.
Em muitas situações, os valores apresentados ultrapassavam largamente o que tinha sido indicado como
rendimento, o que significa a inexistência de gestão orçamental das famílias o que poderá estar
correlacionado com os níveis de escolaridade destas. Foi mais difícil conseguir obter respostas "sensatas",
nesta matéria, por parte das pessoas analfabetas do que das que tinham algum nível de escolaridade.
A recolha de informação sobre as despesas das famílias é importante pois constitui o indicador que
reflecte de forma mais abrangente as suas condições de vida. É precisamente o nível de despesas que
nos permite avaliar o seu nível de bem-estar.
A posse de bens duráveis é também um indicador que reflecte de forma visível o nível de vida da
população. Assim, nos inquéritos realizados as famílias que habitam a envolvente da área de influência do
presente projecto, foi incluída uma questão em relação à posse de bens duráveis, sendo os resultados
apresentados no Quadro seguinte.
14
"Cesta básica" - Medida tomada pelo Governo de Moçambique, em 2010, no âmbito do Plano Quinquenal 2010-2014. É constituída
por: arroz; farinha de milho; óleo alimentar; peixe de segunda; feijão manteiga; açúcar e pão.
Quadro 16 - Frequência dos bens que as famílias disseram possuir nos inquéritos
realizados
Bens da Família Frequência
Fogão a carvão 64
Televisão 43
Cadeiras 39
Cama 33
Geleira 20
Bicicleta 20
Rádio 17
Mobília de sala 16
Telefone móvel 15
Mesa 12
Motorizada 5
Fogão a gás 4
Carro 2
Fogão de lenha 1
Esteira 1
Máquina de costura 1
- Todas as famílias gastaram dinheiro com produtos alimentares e bebidas não alcoólicas - 100%;
- 97% das famílias tiveram gastos com habitação e despesas acessórias como água e electricidade.
Igual percentagem no que concerne a despesas com transportes;
- 96% das famílias tiveram gastos com comunicações (em quase todas as famílias há pelo menos
um telefone móvel);
- 81% das famílias tiveram gastos com saúde. Estas despesas incluem deslocações ao hospital;
compra de medicamentos mas também a consulta a médicos tradicionais;
- 75% das famílias tiveram despesas com a educação dos seus educandos;
- Somente 66% das famílias gastaram dinheiro em vestuário e calçado;
- 62% das famílias afirmaram ter tido outro tipo de despesas, como seja: pagamento a vizinhos para
reparações da habitação e/outros pequenos serviços; compra de mobiliário, etc.
Em segundo lugar, posicionam-se as despesas com a habitação. Isto tem razão de ser nas zonas
urbanas, pois muitas das famílias pagam renda de casa e precisam de assegurar o pagamento dos
serviços de energia eléctrica e água e ainda compra de combustível. Nesta categoria de despesas 82%
das famílias pagam mensalmente entre 500 a 990 MT.
As despesas com a educação que foram apontadas pelas famílias eram de abrangência quantitativa
alargada pois durante a realização do inquérito estava a ser preparado o início de um novo ano escolar
com todas as necessidades daí decorrentes.
Quanto aos valores despendidos, 81% dos Chefes dos Agregados familiares afirmou ter gasto até 500 MT
nos diversos itens necessários para a frequência escolar das crianças da família.
As despesas com vestuário e calçado encontram-se a par das despesas com educação, embora os
valores "per capita" nos gastos em roupa e calçado tenham sido de 60 MT.
Figura 77 - Despesas mensais por agregado familiar segundo divisão das despesas
nos Bairros abrangidos pelo Projecto.
8 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
Um dos objectivos principais do presente projecto é o controlo das inundações provocadas pelos eventos
ordinários e excepcionais de pluviosidade e o reforço da resiliência da cidade da Beira aos efeitos das
alterações climáticas, que tendem a agravar-se e adquirir proporções de desastres, se não forem
melhorados os sistemas de drenagem da Cidade.
Uma cidade resiliente é capaz de se adaptar aos impactos das mudanças climáticas e desastres naturais,
reduzindo consideravelmente a magnitude e severidade das consequências económicas e sociais de tais
impactos.
Moçambique é vulnerável às Mudanças Climáticas (MC) devido à sua localização geográfica na zona de
convergência inter-tropical e a jusante das bacias hidrográficas partilhadas, à sua longa costa e à
existência de extensas áreas com altitude abaixo do actual nível das águas do mar. Por outro lado,
contribuem para a sua vulnerabilidade e baixa capacidade de adaptação, entre outros factores, a pobreza,
os limitados investimentos em tecnologia avançada, e a fragilidade das infra-estruturas e serviços sociais
com destaque para a saúde e saneamento. No país as MC manifestam-se através de mudanças nos
padrões de temperatura e precipitação, aumento do nível da águas do mar e no aumento tanto em termos
de frequência e intensidade de eventos climáticos extremos tais como secas, cheias e ciclones tropicais
que afectam diferentes regiões do país todos os anos. As consequências incluem perda de vidas
humanas, de culturas agrícolas, animais domésticos e fauna bravia, destruição de infra-estruturas sociais
e económicas, aumento da dependência da ajuda internacional, aumento dos preços dos produtos
agrícolas e deterioração da saúde humana, degradação ambiental e perda de ecossistemas. As MC
representam assim um retrocesso nos esforços do Governo e seus parceiros no combate à pobreza e
persecução dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (in Estratégia Nacional de Mudanças
Climáticas (2013-1025), Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental).
Apesar de cenários serem pautados de algumas incertezas e os impactos exactos sejam difíceis de
determinar actualmente, a necessidade de adaptação dos Países às Mudanças Climáticas é já premente.
De acordo com o Índice de Risco Climático 2012 da ONG germânica Germanwatch, no continente
africano, Moçambique é, de longe, o país mais ameaçado pelas alterações climáticas. Desde há muito que
são reconhecidas as ameaças e riscos climáticos actuais e futuros que Moçambique enfrenta. A nível
mundial o país situa-se no décimo nono lugar dos países em risco.
15
INGC (2009): Estudo sobre o impacto das alterações climáticas no risco de calamidades em Moçambique. Relatório Síntese. Segunda Versão.
Padrões de temperatura:
da atmosfera - com aumento médio entre 1,5ºC a 3,0°C no período entre 2046 a 2065 e registo
de mais dias quentes e menos dias frios, com aumento da temperatura máxima e mínima;
dos oceanos – com subida dos níveis médios e alteração na distribuição e disponibilidade dos
stocks pesqueiros e efeitos em ecossistemas marinhos (como sejam, por exemplo, os corais).
Padrões de precipitação:
com comportamento irregular das chuvas em termos de momento de início e término, carga
pluviométrica (fenómenos de precipitação intensa num curto espaço de tempo) e duração da
época chuvosa (estiagem), desfigurando as noções de “início oficial” e “real” da campanha
agrícola, podendo resultar em algumas regiões na diminuição dos rendimentos potenciais
actuais na ordem dos 25%;
com crescente redução dos níveis de rendimento agrícolas potenciais até 20% nas principais
culturas que constituem para a base de segurança alimentar e condição para a melhoria dos
rendimentos per capita das famílias moçambicanas.
Aumento da frequência e intensidade dos eventos extremos (secas, cheias e ciclones tropicais);
persistência de situação de cheias extraordinárias em locais identificáveis do país e que se
podem referir como “locais” ou “zonas de risco”;
ciclones e outros ventos fortes;
secas prolongadas.
Subida do nível das águas do mar: (15 cm, 30 cm e 45 cm como consequência da expansão térmica
e 15 cm, 110 cm e 415 cm como consequência da redução das calotas de gelo continental nos anos
2030, 2060 e 2100, respectivamente).
identificadas zonas com potencial risco acrescido pela emergência de outros fenómenos naturais
adversos como a perda e erosão de áreas costeiras, intrusão de água salina, desertificação;
redução das áreas disponíveis para a prática de agricultura nas zonas verdes ou baixas;
muitos dos principais centros urbanos do País, incluindo Maputo, Beira e Quelimane, encontram-
se numa situação crítica em termos da vulnerabilidade (vidas humanas, propriedades, infra-
estruturas sociais, etc.) perante os efeitos das MC.
A cidade da Beira, situada no centro do país, é a segunda maior cidade costeira de Moçambique, com
cerca de meio milhão de habitantes, irá ser afectada pela subida do nível dos oceano. Neste momento já
são visíveis os efeitos da erosão costeira nesta cidade.
Em parte, erros no planeamento urbano contribuíram para esta situação. Alguns quarteirões foram
construídos em mangais fato que afectou a protecção das plantas. Mas este problema é mais grave, já
que nesta cidade existem grandes problemas de drenagem. Apesar dos sistemas de escoamento que
foram implantados, o problema das cheias e das vazantes mantém-se. Parte das águas da cidade não é
escoada. Com as alterações climáticas, que aumentam as precipitações extremas e fazem crescer a
variabilidade, então torna-se mais difícil que essas águas sejam escoadas.
A ampla planície aluvionar da cidade da Beira, que se estende atrás do cordão de dunas é uma terra plana
caracterizada por altitudes muito baixas. Na parte sul da planície, onde se desenvolveu a maioria parte da
infra-estrutura e habitações urbanas, mais de 85% da área encontra-se a uma altitude inferior à 5m, o que
é inferior ao nível das marés altas. A infra-estrutura e construções urbanas da cidade encontra-se
geralmente concentrada em cerca de 30% da zona da cidade onde a altitude média é superior à 4m.
Algumas das construções precárias porém encontram-se distribuídas em zonas onde a altitude média é
menor, em alguns casos bastante menor, o que as torna susceptíveis de inundação. O declive médio da
planície aluvionar é de menos de 1%, o que dificulta a drenagem natural das águas pluviais. Por isso,
sempre que ocorrem fortes precipitações ou durante períodos de maré alta acompanhadas de precipitação
moderada, o escoamento superficial torna-se deficiente devido à falta de declive o que faz com que
grande parte da cidade fique inundada. Esta situação, que se verifica quase todos os anos, tem como
consequência a paralisação durante algumas semanas da vida na cidade devido à inundação ou intrusão
de água do mar pelo rio ou canais de drenagem.
A corrente marítima que se desloca paralelamente à costa contribui para a ampliação das áreas de
inundação, tendo em conta o fraco declive da plataforma continental. Esta é muitas vezes responsável
pela destruição que se verifica nos cordões de dunas constituídos por dunas móveis de areia branca,
existindo o receio de que estes fenómenos sejam acentuados pelas alterações climáticas tal como estas
são antecipadas nos estudos do IPPC.
Na análise da evolução de parâmetros de base no âmbito das alterações climáticas foram tidos por
referência, entre os diversos estudos existentes, os estudos oficiais publicados, nomeadamente o Estudo
“Impactos das Alterações Climáticas no Risco de Calamidades em Moçambique” conduzido de Maio de
2008 a Janeiro de 2009 pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
Estes dados relativos às Alterações Climáticas (AC) foram introduzidos nos diferentes modelos
hidrodinâmicos utilizados, e a partir dos mesmos foram realizadas sistemáticas simulações
comportamentais.
Nas figuras seguintes apresenta-se a simulação da situação actual com alteração climáticas e a simulação
da situação futura após a implementação do projecto.
9.1 INTRODUÇÃO
A análise que se segue tem como objectivo a identificação dos potenciais impactos que poderão surgir
durante a implementação do projecto "Estudo Prévio, Projecto de Execução, Gestão e Supervisão da Obra
da Reabilitação do Sistema de Drenagem Pluvial da Cidade da Beira”, nas fases de construção e
operação. Este estudo inclui a análise dos impactos sobre o meio biofísico (Quadro 19) e o meio
socioeconómico.
Para o presente EIA, foi adoptada a seguinte definição: "Um impacto é significativo se, isoladamente ou
em combinação com outros impactos, dever ser tido em conta no processo de tomada de decisão".
CLASSIFICAÇÃO DA SIGNIFICÂNCIA
Altamente
PROBABILIDADE Improvável Provável Definitiva
Provável
Pouco Pouco
Baixa Significativo Significativo
Significativo Significativo
INTENSIDADE
Pouco Muito
Media Significativo Significativo
Significativo Significativo
Muito Muito
Alta Significativo Significativo
Significativo Significativo
POUCO SIGNIFICATIVO
Um impacto pouco significativo ocorre quando um recurso ou receptor não serão afectados de forma
alguma por uma determinada actividade, ou o efeito previsto é considerado imperceptível ou é
indistinguível dos níveis naturais, ou quando o seu efeito será sentido, mas a sua intensidade é
suficientemente pequena e bem dentro dos padrões aceitáveis, e/ou o receptor é de baixa
sensibilidade/valor/vulnerabilidade/importância.
SIGNIFICATIVO
Um impacto significativo situa-se dentro dos limites e padrões aceites. A ênfase para impactos
significativos situa-se na demonstração de que o impacto foi reduzido para um nível que é tão baixo
quanto razoavelmente possível.
MUITO SIGNIFICATIVO
Um impacto muito significativo é aquele em que um limite ou padrão aceitável pode ser ultrapassado, ou
ocorrem em recursos/receptores altamente valorizados/sensíveis.
Um dos objectivos do processo de AIA é atingir uma posição em que o Projecto não tenha qualquer
impacto residual alto, e certamente não aqueles com duração a longo prazo ou extensão sobre uma
grande área.
Assim que a significância do impacto tenha sido determinada, é importante qualificar o grau de confiança
na avaliação. A confiança nas estimativas está associada a quaisquer incertezas, por exemplo, onde a
informação é insuficiente para avaliar o impacto. O grau de confiança pode ser expresso como Baixo,
Médio ou Alto.
Como referido nos capítulos anteriores, a Fase 1 deste projecto consiste na reabilitação de valas de
drenagem existentes e operacionais. Contudo, a manutenção das mesmas é deficitária ou inexistente,
provocando, em alguns casos, diminuição da eficiência no escoamento das águas, em geral, acumulação
de resíduos sólidos de vária natureza. Adicionalmente a falta de limpeza das valas permitiu o crescimento
de vegetação invasiva e o surgimento de espécies animais oportunistas. Assim, a avaliação dos impactos
das actividades da fase 1 deste projecto deve ser encarada na perspectiva de restituir a funcionalidade
das valas e a restituição da condição ideal das mesmas.
No Quadro seguinte apresentam-se as principais acções geradoras de efeitos ambientais sobre o meio
biofísico.
Poluição química ou orgânica dos solos - Contaminação dos solos, por deposição directa
devido ao derramamento acidental durante a despejos voluntários ou involuntários de detritos
Construção/Operação
construção (veículos, máquinas, sólidos e líquidos poluidores (óleos de
acampamentos e locais de construção) esvaziamento, hidrocarbonetos, produtos químicos).
É importante começar por referir que o projecto consiste na reabilitação de valas de drenagem já
existentes e que visa fundamentalmente restabelecer a funcionalidade dos mesmos. Adicionalmente, o
projecto insere-se numa área urbana aonde o ecossistema foi profundamente alterado pela acção
antropogénica
Durante a fase de reabilitação e/ou construção do sistema de drenagem pluvial da cidade da Beira, está
prevista a remoção da cobertura vegetal que cobre o leito e margens das valas, e na área em estudo
serão afectadas: a área de influência directa constituída pelas valas de drenagem designadas por A0, A2,
e A4 e uma zona de retenção artificial (Bacia de Armazenamento da Maraza). Durante esta fase, a zona
de retenção natural não será afectada.
A remoção da vegetação poderá conduzir à perturbação ou à perda de habitats para a fauna local e
algumas espécies de flora que entretanto cresceram durante o período de inoperância das valas. No troço
da vala próximo ao mar (A0), o revestimento da vegetação típica do mangal e algumas espécies
associadas será retirado durante as obras, perturbando o habitat de algumas espécies de peixes,
camarão, moluscos e aves.
Porém, os grupos generalistas, resilientes e adaptáveis à presença humana permanecerão e irão adaptar-
se às novas condições do local.
No presente capítulo pretende-se fazer a identificação dos potenciais impactos do projecto nas distintas
componentes, biofísica e socioeconómica e propor medidas de mitigação.
Os potenciais impactos negativos deste projecto acontecem durante a fase de reabilitação/construção das
valas de drenagem. Eles são na sua maioria reversíveis e de pequena dimensão e ocorrem quase todos
durante as obras apenas.
IMPACTOS NEGATIVOS:
1. Impactos resultantes da recolha, transporte e deposição dos materiais a remover dos canais (lixo,
lamas, solo resultante do reperfilamento dos canais, vegetação rasteira, outros resíduos, destroços de
construções removidas, etc.).
O longo período de operação das valas de drenagem sem manutenção, permitiu a acumulação de
materiais de diversa natureza nas valas e áreas adjacentes. Embora a limpeza e reperfilamento dos
canais per si, seja uma actividade importante e necessária, irá gerir, contudo, resíduos sólidos, na grande
maioria constituída por resíduos domésticos e lamas com alta carga orgânica. A gestão inadequada
desses materiais durante o processo de recolha, transporte
e deposição, poderá conduzir a uma potencial
contaminação do solo e das águas superficiais e
subterrâneas.
Tratando-se de resíduos domésticos eles serão preferencialmente depositados no aterro sanitário em uso
pelo Conselho Municipal da Cidade da Beira.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Definitiva
Extensão Na Área envolvente
Duração Curto-prazo
Intensidade Baixa
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Os veículos que serão usados para transportar materiais a remover dos canais nas vias públicas e
com potencial para emissões visíveis, deverão ser providos de cobertura adequada;
Durante a fase de construção verifica-se um incremento dos níveis sonoros contínuos e pontuais nas
zonas envolventes às áreas directamente afectas às obras e estaleiro, e ao longo dos caminhos de acesso
a utilizar.
Foram identificados como principais receptores de ruído na área adjacente ao local do projecto, algumas
casas junto aos canais de drenagem e algumas bancas de comércio informal (principalmente junto da vala
A2).
Os percursos que irão ser utilizadas pelos empreiteiros para o transporte de materiais dos locais de
compra até aos locais de reabilitação dos canais, os percursos de circulação de veículos/equipamentos a
utilizar no âmbito da obra, o local do estaleiro(s), irão depender de vários factores, pelo que não se
encontram, nesta fase definidos. Salienta-se no entanto que o presente REIA e o PGA já contém medidas
necessárias para assegurar a optimização das condições de instalação e funcionamento dos estaleiros em
termos ambientais, da optimização de percursos, e medidas a aplicar à manutenção de
veículos/equipamentos de obra. No entanto, na figura seguinte são identificados as estradas junto dos
canais a reabilitar, as zonas povoadas e os locais dos principais serviços públicos.
Figura 80 - Localização das estradas junto dos canais a reabilitar, das zonas
povoadas e dos principais serviços públicos.
Assim, considera-se que os impactos poderão ser convenientemente mitigados pela aplicação de boas
práticas de gestão dos estaleiros e frentes de obra.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Baixa
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Garantir que os trabalhos que possam gerar maiores níveis de ruído sejam realizados durante a luz
do dia;
Controlo dos níveis de ruídos na obra (não mais de 80 dB(A) por mais de 8 horas);
No caso de actividades potenciais geradoras de altos níveis de ruído e vibrações devem-se criar
mecanismos de alerta para os receptores sensíveis mais próximos;
Deverão ser adoptadas velocidades reduzidas nos acessos à obra, em particular no atravessamento
de zonas povoadas, de forma a minimizar a emissão de ruídos.
3. Perda de Habitat
O projecto de reabilitação e/ou construção do sistema de drenagem
inicia-se com a limpeza que inclui a remoção de vegetação ao longo
das valas de drenagem, zona de retenção artificial e natural.
As zonas de retenção apresentam sistemas de terras húmidas locais que propiciam a existência de uma
maior abundância de diversidade de fauna e flora local. Esses ecossistemas são de importantes para a
fauna e abrigam espécies originárias das áreas circundantes, tanto terrestres como aquáticas. As espécies
de fauna de potencial ocorrência compreendem peixes, répteis, anfíbios e aves, que no entanto, não
possuem qualquer estatuto de espécies protegidas.
Face à reduzida área a afectar, à reduzida importância florística da área e à escassez de habitats naturais
bem como de espécies animais com estatuto de conservação, consideram-se os impactos sobre as
comunidades vegetais e animais decorrentes da implementação do projecto, negativos mas pouco
significativos.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Localizada
Duração Curto-prazo
Intensidade Baixa
Significância Pouco Significativo
As acções de reabilitação dos canais, nomeadamente reperfilamento e limpeza dos canais, reconstrução
de passagens hidráulicas, reabilitação de pontes e pontões e construção da bacia da Maraza, irão
potenciar o aumento temporário dos sólidos em suspensão nos canais levando a um aumento da turvação
da água nos troços dos canais intervencionados potenciando o risco de poluição difusa nos troços
intervencionados. O aumento de sólidos transportados em suspensão pelas águas superficiais, por
arrastamento ao longo dos canais, durante a fase de construção, poderá ocasionalmente criar a
necessidade de proceder à limpeza e desobstrução de determinados troços.
O aumento da matéria orgânica retida na Bacia da Maraza poderá conduzir a alterações nas condições
químicas e físicas das águas (qualidade da água) – temperatura, oxigénio dissolvido, pH (por acidificação),
nutrientes (por eutrofização).
Refere-se ainda que durante a fase de construção, caso ocorram derrames acidentais, dependendo do
local e das quantidades derramadas, o risco de poluição poderá passar de pouco significativo a muito
significativo. No entanto, estes impactos estarão directamente dependentes do comportamento do
empreiteiro em obra, pelo que poderão ser evitados caso sejam tomadas as devidas medidas de boa
gestão ambiental em obra.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Na Área envolvente
Duração Curto-prazo
Intensidade Baixa
Significância Pouco Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Inspecção de máquinas envolvidas nas escavações e aterros em relação aos seus parâmetros
operacionais e níveis de combustível;
Para o lixo doméstico sólido, deverão ser colocados contentores para a recolha e posterior
transporte para o aterro sanitário municipal;
O empreiteiro deverá estabelecer e implementar normas rigorosas e guias de instrução claros para
o devido armazenamento e localização de materiais perigosos na área do projecto, de acordo com a
legislação Moçambicana e internacional de gestão e armazenamento dos materiais perigosos;
Não será permitida a descarga de água resultante da operação de esvaziamento das valas de
drenagem em qualquer corpo de água ou terras húmidas.
Como consequência destas acções, verifica-se uma perda integral ou gradual de solos. As zonas
ocupadas pelos estaleiros e depósito temporários de resíduos, corresponde a áreas afectadas
temporariamente pela execução da obra, serão no final da obra sujeitas à necessária recuperação,
envolvendo operações como descompactação do solo, de modo a readquirir as suas anteriores
potencialidades, minimizando o referido impacte negativo e nestes locais poderão ser retomados os usos
do solo.
O local de construção da bacia da Maraza encontra-se actualmente ocupado por machambas, pelo que irá
ocorrer uma perda permanente desses solos agrícolas (cerca de 22 ha). Salienta-se no entanto que a
envolvente ao local de construção da bacia apresenta características em tudo semelhantes às que irão ser
intervencionadas (em mais de 100 ha).
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Baixa
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Atribuição de novas áreas de cultivo aos detentores de machambas na área da bacia da Maraza.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Baixa
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
A água existente nos canais será desviada de modo a criar ensecadeiras provisórias por secções
nas zonas em intervenção;
O fundo da escavação deve ser mantido livre de água por intermédio de bombagem ou outro meio;
As principais obras associadas à reabilitação dos canais deverão ser realizadas fora do período de
maior ocorrência de precipitação.
Impactos pós mitigação
Significância Pouco significativo
Durante a fase de construção poderão ocorrer alterações na qualidade do ar local decorrentes do aumento
da concentração de partículas na atmosfera e da formação de poeiras, fundamentalmente devidas a
operações e circulação de veículos e máquinas nas áreas de construção e vias de acesso e a operações
de demolição, escavação e movimentação geral de
terras.
As valas de drenagem são na sua maioria cobertas por capim e por espécies oportunistas, e são
circundadas por estradas pavimentadas e um pequeno troço é coberto por betão. As áreas de retenção
natural e artificial, são caracterizadas por áreas pantanosas e albergam uma diversidade razoável de
espécies de aves, anfíbios, répteis e peixes.
Os impactos sobre a qualidade do ar poderão ser minimizados pela implementação de medidas de modo a
reduzir as emissões de poeiras resultantes das actividades construtivas.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Recomenda-se a aspersão diária de água no solo, nos locais que constituam os principais focos de
poeiras, de modo a minimizar a sua dispersão – para este efeito deve-se, contudo, racionalizar o
uso da água destinada a usos nobres. Recorrendo-se, de forma alternativa, ao reaproveitamento de
águas pluviais;
O solo superficial, subsolo e material resultante das escavações e terraplenagem, devem ser
adequadamente manejados para reduzir o risco de dispersão de poeiras pelo vento.
A compactação do solo reduz a sua porosidade e permeabilidade, particularmente nas áreas de manobra
de maquinaria e veículos envolvidos na construção; reduz a capacidade de infiltração das águas pluviais,
conduzindo à alteração dos padrões naturais de escoamento e consequentemente, a erosão.
A fauna da área ao longo das valas de drenagem é caracterizada por uma baixa diversidade em relação à
área de retenção artificial, e inclui espécies de mobilidade maior e as sésseis com baixa mobilidade.
Durante a compactação do solo as espécies de maior mobilidade tendem facilmente a moverem-se para
áreas não afectadas, enquanto que as de mobilidade reduzida tendem a ficar presas no solo ou cobertas
por este. Deste modo, tanto a compactação do solo, pisoteio e erosão podem resultar na morte directa ou
indirecta da fauna por alteração das propriedades do solo. Por exemplo, na área da Bacia de
Armazenamento da Maraza o peixe Nothobranchius rachovii enterra-se no lodo durante a época seca ou
quando a água é escassa. Durante as escavações, ela poderá dar à superfície, aumentando assim a
probabilidade de morte por pisoteio. O Habitat natural desta espécie são as lagoas existentes nas áreas
húmidas utilizadas para o cultivo do arroz e ocorre entre os Rios Púnguè e Zambeze.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Baixa
Significância Pouco Significativo
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Na Área envolvente
Duração Curto-prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Os camiões afectos às obras deverão estacionar de modo a não perturbar as actividades das
populações e a possibilitar o acesso destas às suas actividades comerciais ou às suas habitações;
Os veículos afectos às obras deverão circular com os faróis de médios ligados, mesmo durante o
dia;
Deverá ser divulgado o programa de execução das obras às populações interessadas na área
envolvente. A informação disponibilizada deve incluir o objectivo, a natureza, a localização da obra,
as principais acções a realizar, a calendarização e eventuais afectações à população,
designadamente a afectação das acessibilidades.
Instalação de vedações provisórias em áreas específicas expostas à poluição, por exemplo nos
mercados locais.
Impactos pós mitigação
Significância Pouco significativo
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Baixa
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Os motoristas dos veículos afectos à obra deverão ter conhecimento do horário de circulação dos
comboios;
Deverá ser disponibilizado o programa de execução das obras aos responsáveis pela circulação
ferroviária.
Como foi referido, as valas de drenagem foram construídas na década de 60. Nos últimos anos, foi feito
pouco trabalho de manutenção. Consequentemente, as populações que por diversas razões, incluindo a
guerra civil e a migração normal do campo para a Cidade, foram ocupando os terrenos adjacentes as
valas de drenagem. Neste espaço foram construídas habitações e seus anexos e infra-estruturas mais ou
menos precárias para o seu sustento. Assim, ao longo das valas de drenagem é possível encontrar
pequenos estaleiros de venda de material de construção tradicional, barracas e pequenos quiosques para
venda de produto de vária natureza incluindo comida. É comum, também, como aliás, de forma
generalizada na Cidade da Beira, encontrar latrinas á céu aberto neste mesmo espaço, que ladeia as
valas de drenagem.
Estas áreas, adjacentes as valas, servirão, nuns casos para a expansão das mesmas e noutros,
servitudes de construção e zona de operação das máquinas envolvidas na reabilitação da Fase 1 das
valas de drenagem. Assim, o Projecto de Reabilitação da Rede de Drenagem da Cidade da Beira, não
apresentam, em regra, impactos muito severos para as comunidades. Contudo, o irá requerer o
reassentamento de 21 famílias e a remoção ou translocação de algumas infra-estruturas de suporte de
negócio de 19 famílias que ai se estabeleceram. A construção da Bacia de Retenção da Maraza, a ser
implantada numa área sem habitações, a montante do Canal A2, ocupará 609 parcelas (vulgo
“machambas”), com uma dimensão média entre os 0,4 – 0,5 hectares, cultivadas por 489 pessoas,
maioritariamente mulheres.
Foi preparado um Plano de Acção e Reassentamento independente do REIA com as principais etapas e
actividades do processo de reassentamento, aonde se prevê os impactos esperados do processo de
Reassentamento. No Anexo 6 foi incluída informação sobre o Reassentamento, nomeadamente, a
localização das infra-estruturas a reassentar, o local de reassentamento e a tipologia das novas infra-
estruturas.
IMPACTOS NEGATIVOS
11. Impactos socioeconómicos pela perda de terra agrícola, perda de árvores e infra-estruturas
acessórias da habitação.
16
Título – De acordo com a Lei de Terras (Lei 19/97, de 1 de Outubro, alterada pelo Decreto 66/98, de 1 de Outubro, e Decreto
1/2003
Para esse efeito, os técnicos da Direcção Provincial de Agricultura estão a trabalhar com a área social do
Projecto, na verificação de todas as árvores que deverão ser abatidas, calcular o seu valor de acordo com
o “Compasso” (área ocupada); rendimento médio; anos de produção esperados.
Quanto às famílias que exploram parcelas de terreno (machambas) no local onde se prevê a construção
da bacia da Maraza, o Plano de Acção e Reassentamento prevê que serão compensadas por troca com
outras parcelas agrícolas que serão identificadas e acordadas entre as partes e o CMB. A identificação
das famílias que cultivam a área foi acompanhada pelas autoridades locais do Bairro e os técnicos
responsáveis pela implementação do Processo de Reassentamento. Ao todo será ocupada uma área de
22 hectares e serão afectadas 609 “machambas”, envolvendo 489 pessoas. Todos os utilizadores destas
“machambas” terão novas parcelas de terreno de cultivo atribuídas pelo CMB, a título de compensação,
nas zonas de Inhamizua e Mungassa.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Verifica-se que as famílias afectadas possuem no local de residência pequenas hortas cuja
produção serve especialmente para alimentação da família. Estas deverão ser substituídas por terra
de igual valor ou superior pois servem de suporte alimentar das famílias;
Dada a sua relevância para a economia local de subsistência, as árvores deverão ser substituídas
durante as obras de reabilitação dos Canais.
Impactos pós mitigação
Significância Pouco significativo
que são casadas e estão inseridas num contexto familiar estável, dentro dos padrões sociais e culturais da
comunidade, deverão ser alvo de preocupação específica por parte dos técnicos do Projecto que irão ser
responsáveis pela implementação do Plano de Reassentamento, pois as mulheres continuam a ter menos
influência política e a ser mais pobres do que os homens e, não obstante os avanços em sectores sociais
como a educação e saúde, estão ainda bastante atrás dos homens em praticamente todas as áreas.
A vida urbana desencadeou modificações na estrutura cultural original, mas ainda se verifica que os
homens continuam a assumir um conjunto de poderes principalmente ao nível das decisões financeiras da
família que acabam por pôr em causa algumas das necessidades desta e a influência positiva que o papel
social da mulher poderia assumir para a promoção da vida do seu agregado familiar.
Ao nível deste Projecto, o Recenseamento da totalidade das famílias inicialmente previstas serem
afectadas confirmou a existência de 6 famílias chefiadas por mulheres, encarando sozinhas as
responsabilidades dos filhos.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Deverá ser feito um levantamento exaustivo das necessidades das mulheres que tenham à sua
responsabilidade exclusiva os seus filhos, criando esquemas específicos de apoio que lhes permita
no novo local de reassentamento melhorar as suas fontes de rendimento, o que poderá acontecer
através da concessão de subsídio para o desenvolvimento de um microprojecto e promover outras
formas de capacitação que levem a que a mulher sozinha se possa tornar autónoma em termos de
subsistência;
Nos casos das famílias poligâmicas, as compensações deverão também ser entregues ao
representante feminino da família, considerando-se uma unidade familiar, nestes casos, a mulher e
as respectivas crianças.
13. Risco de saúde e segurança devido a exposição dos trabalhadores a quedas, resíduos, ruídos
poeiras e maus cheiros.
As actividades de construção no geral comportam certos riscos de acidentes que consoante a sua
gravidade poderão conduzir a impactos muito significativos (incapacitação permanente e fatalidades).
Poderá ocorrer a queda dos trabalhadores dentro dos canais que estão a reabilitar/escavar ou ainda
poderá ocorrer o desmoronamento dos taludes dos canais, conduzindo a ferimentos ou fatalidades.
O risco da exposição dos trabalhadores a altos níveis de ruído pode resultar em lesões, que poderão ter
como consequências dores de cabeça, nervosismo, incapacidade de concentração e no outro extremo
levar à perda auditiva induzida por ruído.
A Inalação de poeiras pode ser nociva aos órgãos do sistema respiratório e causar doenças respiratórias.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Média / Alta
Significância Significativo / Muito significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Inclusão de planos de resgate e/ou recuperação, e equipamento para acudir aos trabalhadores em
caso de acidente;
Deverão ser fornecidos aos trabalhadores dispositivos de protecção auditiva, sempre que estes
estejam expostos a níveis elevados de ruído;
O empreiteiro deverá fornecer equipamento protector incluindo: luvas, botas, capacetes, máscaras e
uniformes;
Recomenda-se a aspersão diária de água no solo, nos locais que constituam os principais focos de
poeiras, de modo a minimizar a sua dispersão – para este efeito deve-se, contudo, racionalizar o
uso da água destinada a usos nobres. Recorrendo-se, de forma alternativa, ao reaproveitamento de
águas pluviais.
Impactos pós mitigação
Significância Pouco significativo
Salienta-se também que os trabalhadores com HIV/SIDA estão vulneráveis às chamadas infecções
oportunistas (como tuberculose, pneumonia, malária, herpes) numa proporção muito mais elevada do que
as pessoas não-infectadas, e também levam mais tempo a recuperar, pelo que deverão ser mais
protegidas contra estes riscos.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo / Médio- Prazo
Intensidade Alta
Significância Muito significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Implementar o Plano de Prevenção ao HIV (cujas especificações técnicas gerais a observar durante
a obra se encontram explanadas no Volume V do EIA) levando em consideração a lei moçambicana
(Lei n.º 05/2002, de 5 de Fevereiro), através da criação de medidas de redução de riscos de
contágio, e contenção da doença, nomeadamente:
15. Incremento do risco de acidentes, como resultado do aumento da circulação rodoviária na área do
projecto.
O trafego pedonal poderá aumentar como consequência da movimentação dos trabalhadores envolvidos
na obra, reflectindo-se principalmente nos cruzamentos que dão acesso directo aos locais da obra. Esse
aumento de tráfego poderá levar à ocorrência de acidentes na área do projecto.
Por outro lado o aumento da circulação de viaturas afectas à obra em estradas onde a circulação
rodoviária é partilhada com a circulação de pessoas e de bicicletas, poderá conduzir a um aumento do
risco de atropelamento e possível fatalidade.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Definição de rotas e horários específicos para a circulação dos veículos pesados, envolvidos nas
obras de construção;
Os operadores dos veículos industriais devem ser treinados e habilitados na operação segura de
veículos especializados;
Devem ser implementadas, e claramente demarcadas, áreas de acesso restrito ao público e outros
trabalhadores;
Coordenar com a equipa de emergência para garantir que, em caso de acidente, os primeiros
socorros sejam sempre prestados aos acidentados;
16. Degradação das condições das vias de circulação (pavimento, infra-estruturas de drenagem, pontes,
etc.) como resultado da circulação de camiões de máquinas de grande tonelagem durante o transporte
de material (matéria-prima, entulho, resíduos sólidos, sedimentos, etc.).
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Na Área envolvente
Duração Curto-prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Assegurar que os caminhos ou acessos nas imediações da área do projecto não fiquem obstruídos
ou em más condições, possibilitando a sua normal utilização por parte da população local;
IMPACTOS POSITIVOS
17. Ao nível da habitação as famílias afectadas sairão beneficiadas com a atribuição de melhores
instalações, incluindo condições de drenagem, abastecimento de água, etc.
Na perspectiva de que a nova implantação das suas habitações seja feita no Bairro Manga Mascarenha –
Mutondo localizado a cerca de 7km do centro da Cidade, onde actualmente já existem arruamentos e
algumas infra-estruturas, nomeadamente Escola EPC e um Posto de Saúde, as condições de vida serão
certamente melhores tanto na qualidade construtiva da habitação, quer ao nível do espaço disponível para
cada família, quer nas condições de abastecimento de água e de saneamento, o que trará, também,
melhorias nos níveis de saúde pública, designadamente na diminuição das doenças diarreicas e da
malária.
É de salientar que a maioria das famílias que hoje vivem junto dos Canais de Drenagem, se fixaram
nestes espaços por não terem outra alternativa. São locais mal situados, quase sempre sem espaço para
a construção de uma latrina e que alagam com facilidade, no tempo das chuvas. Algumas das famílias que
vivem nestes locais vieram para fugir aos efeitos da guerra e ai permaneceram.
Outras famílias são as que se caracterizam por serem vulneráveis e não terem conseguido um talhão para
a sua fixação, principalmente em zonas urbanizadas ou mesmo semi-urbanizadas, que são as que
apresentam altas densidades populacionais e onde já não existe espaço disponível para novas fixações.
De acordo com a pesquisa de informação no Relatório dos "Indicadores Sociais da Cidade da Beira -
2012, publicado pelo INE, mais de 40% de famílias com mais de 4 elementos/família que têm uma área
2
habitacional por pessoa inferior a 4 m , o que é manifestamente insuficiente para uma vivência saudável.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Definitivo
Extensão Na Área Envolvente
Duração Permanente
Intensidade Baixa
Significância Significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
17
Seguindo as orientações do Centre for Human Settlements das Nações Unidas (HABITAT) , "cada
2
indivíduo deve ter, no mínimo, 10 m de “área vital”.
Agregados familiares com o máximo de 5 elementos e cujas crianças sejam do mesmo sexo -
2
habitação com área de 54 m com 2 quartos, sala e cozinha;
Agregados familiares com o máximo de 7 elementos e cujas crianças sejam de diferentes sexos -
habitação com área de 65 m2 com 3 quartos, sala e cozinha;
Agregados familiares com 8 ou mais elementos - habitação com uma área de 72 m com 3 ou 4
2
17
In “Human Settlements Interventions adressing crowding and health issues”, UN-HABITAT, Nairobi, 1995
No caso em presença, irão ser parcialmente afectadas duas pequenas igrejas localizadas junto ao Canal
A2.
A opção preferencial discutida com os líderes religiosos foi de reconstruir os edifícios no mesmo local. Se
tal não for possível proceder a transferência para um bairro tão próximo quanto possível, Este princípio
resultou de um acordo entre as igrejas afectadas e o CMB.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Definitivo
Extensão Local
Duração Permanente
Intensidade Baixa
Significância Significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
A reconstrução e ou relocação das igrejas será feita de comum acordo (líder e CMB) para um local
adequado e que o processo de legalização do DUAT e as respectivas licenças de construção será
facilitado.
Impactos pós potenciação
Significância Muito Significativo
a) A construção do seu novo local de actividade económica, mesmo que obedeça à área e tipo de
desenho do original será edificado em material convencional, sendo, assim, mais duradouro o que
acrescenta uma mais-valia ao seu valor patrimonial;
b) Durante a fase da reabilitação dos canais de drenagem, o movimento comercial destas infra-
estruturas será certamente maior, quer para estas estruturas comerciais, quer mesmo para outras
que se encontrem na zona de influência ou outras que venham a ser criadas para dar resposta às
necessidades dos operários (especificamente em alimentos e bebidas).
c) A deslocalização dos comerciantes terá de ser feita em conjugação directa com o Conselho
Municipal, no sentido de este órgão encontrar um novo espaço para a continuidade das
actividades económicas destas pessoas. Poderá ser também uma oportunidade para a
legalização do seu negócio, o que trará benefícios ao próprio e ao Conselho Municipal.
Neste âmbito, o Conselho Municipal está a avaliar a possibilidade da transferência dos 7
comerciantes formalmente afectados pelas obras de reabilitação dos Canais de Drenagem para
mercados municipais.
d) As condições de habitação deverão melhorar para o conjunto das famílias, se forem observados
os cuidados na construção e localização da nova habitação, de acordo com as orientações da
Política Operacional do Banco Mundial (OP 4.12) e também alguns dos cuidados já referidos em
passo anterior deste capítulo, como sejam o tipo de material da construção, que deve ser
duradouro e com todas as infra-estruturas em redor (abastecimento de água e sistema de
saneamento melhorado); acesso a serviços públicos de saúde e de educação, e com uma
tipologia habitacional adequada ao número de membros de cada agregado familiar.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Definitivo
Extensão Na Área envolvente
Duração Permanente
Intensidade Baixa
Significância Significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
Instalação de vedações em áreas expostas à poluição, por exemplo junto ao comércio informal.
Impactos pós potenciação
Significância Muito Significativo
20. Possibilidade de criação de novos postos de trabalho, principalmente para a população sem
qualificações profissionais, durante a fase de construção e consequente melhoria da qualidade de vida
dos trabalhadores e das suas famílias.
Na fase de construção serão criados postos de trabalho temporário, sendo que a maioria corresponderá a
tarefas não especializadas. Considerando a taxa de desemprego na Beira considera-se este impacto
como positivo. Salienta-se no entanto, que o número de postos de trabalho a serem disponibilizados
dependerá de vários factores, entre os quais a necessidade de pessoal adicional por parte do empreiteiro,
uma vez que este poderá possuir um quadro de pessoal próprio para o projecto.
Para atenuar a desigualdade de oportunidades de emprego entre homens e mulheres, deverão ser criadas
possibilidades de recrutamento de mulheres para tarefas compatíveis com as suas características físicas e
as suas habilidades profissionais.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
Contratação de pelo menos 40% de mulheres dentro da totalidade da mão-de-obra não qualificada
local a recrutar.
Impactos pós potenciação
Significância Muito Significativo
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Local
Duração Curto-prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
Fomentar a compra de produtos alimentares por parte dos trabalhadores em locais perto do
Estaleiro de Obra.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Local / Na Área envolvente
Duração Curto-prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Sempre que possível, contratar empresas locais qualificadas para a realização de trabalhos de
manutenção e reparação de veículos e maquinaria;
Sempre que possível, o empreiteiro deverá subcontratar empresas locais, para o fornecimento de
bens e serviços. Contudo, a decisão de subcontratar dependerá do custo, da qualidade, da
segurança e da capacidade de efectuar o fornecimento numa base regular e satisfazer prazos
rigorosos, cabendo às empresas locais garantir a satisfação destas exigências.
23. Transferência de competências para os trabalhadores locais que possam aplicar em actividades
similares futuras.
O projecto de reabilitação do Sistema de Drenagem Pluvial da Cidade da Beira irá ser desenvolvido por
fases, pelo que os trabalhadores que fizerem parte das obras da primeira fase, poderão mais facilmente
voltar a ser chamados para os trabalhos a realizar nas fases seguintes do projecto.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Na Área envolvente
Duração Longo-Prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Na fase de operação, parte dos impactos da fase de construção irão diminuir ou desaparecer, em
particular os níveis de perturbação devidos ao ruído; remoção da vegetação; movimentações de terras e
passagem de máquinas. Assim, nesta fase, os impactos no meio biofísico dever-se-ão sobretudo à
presença e funcionamento pleno das valas e das zonas de retenção, à presença de pessoas na área do
projecto e à eventual contaminação do meio hídrico. Os impactos dever-se-ão essencialmente ao
prolongamento de algumas acções iniciadas na fase anterior nomeadamente, a perda de habitat bem
como o escoamento das águas através das valas na fase de operação.
IMPACTOS NEGATIVOS:
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Local
Duração Curto - Prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Todas as actividades de operação que possam colocar em risco a qualidade das águas devem ser
evitadas e supervisionadas pelo operador do sistema, incluindo as descargas de águas residuais
não tratadas, descargas de efluentes, ligações com fossas sépticas com o sistema de drenagem,
resíduos perigosos e outros;
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-Prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Manutenção regular dos canais de drenagem e remoção de resíduos sólidos e de outros materiais;
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Negativo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Curto-Prazo
Intensidade Baixa
Significância Significativo
MEDIDAS DE MITIGAÇÃO:
Manter, sempre que possível, as áreas de vegetação contínua à volta destas áreas para servirem
de refúgio;
IMPACTOS POSITIVOS
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Na Área envolvente
Duração Longo-Prazo
Intensidade Alta
Significância Muito significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
Manutenção regular das valas de drenagem e remoção dos resíduos sólidos e outros materiais.
Impactos pós potenciação
Significância Muito significativo
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Longo-prazo
Intensidade Alta
Significância Muito Significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
Manutenção regular das valas de drenagem e remoção dos resíduos sólidos e outros materiais;
Estabelecimento com regularidade do fluxo de água nos dois sentidos, permitindo a renovação das
águas;
O local onde se irá implantar a bacia da Maraza actualmente encontra-se inundado durante toda a época
das chuvas. A bacia de armazenamento da Maraza está dotada de infra-estruturas de controlo (comporta
e ensecadeiras) necessárias à gestão da entrada e saída dos caudais. Com estes equipamentos poderá
ser regulada a altura de água na bacia, incluindo o seu total esvaziamento, durante a época seca,
prevenindo-se assim os riscos para a saúde pública identificados.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Na Área envolvente
Duração Longo-Prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
30. Melhoria de qualidade de Ecossistemas Aquáticos nas valas de drenagem e na Bacia de Retenção
da Maraza.
As valas de drenagem permaneceram durante muitos anos inoperacionais. O escoamento de água para
as áreas de retenção artificial e natural baixou e, como resultado estas zonas experimentam hoje uma
diversidade e abundância moderadas de espécies. Ainda assim, as duas áreas de retenção apresentam
boas características para zonas húmidas. Um funcionamento pleno de valas, implicaria maior escoamento
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Longo-Prazo
Intensidade Alta
Significância Muito significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
Já na fase de operação, iniciar um programa de educação ambiental formal e não formal dirigido às
escolas e às comunidades locais, respectivamente.
Todo o delta do Zambeze é caracteristicamente rico em biodiversidade. A cidade da Beira está situada em
uma área húmida e, em alguns bairros como Chota e a área húmida a caminho de Savane a riqueza em
aves, peixes e anfíbios ainda pode ser observada. A zona de retenção por sua vez, reúne condições de vir
a constituir atractivos para muitas espécies aquáticas caso venha a constituir reservatório permanente de
água. Esse facto poderá constituir por um lado motivo para aproximar a natureza às comunidades, mas
por outro lado, motivos de conflitos pela exploração de algumas espécies de interesse para humanos.
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
IMPACTOS POSITIVOS
31. Impacto directo na melhoria das condições de vida (económicas e sociais) para cerca de 35% da
população e impacto indirecto na melhoria das condições de vida para 100% da população da cidade
da Beira. A melhoria far-se-á sentir com incidência particular nos domínios da salubridade e conforto.
A actual situação dos canais de drenagem mostra um certo grau de poluição e contaminação das águas
em resultado do fecalismo a céu aberto, depósito de lixo e do escoamento superficial que pode transportar
substâncias nocivas (óleos, tintas, etc.) como resíduos sólidos mal conservados e águas negras (de
latrinas ou colectores). A reabilitação dos canais irá melhorar a circulação da água criando condições para
a limpeza e redução da poluição dos canais, e associada a medidas com vista a impedir a emissão de
resíduos sólidos para os canais irá contribuir para a diminuição da poluição e consequentemente para a
melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem na envolvente desses canais.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Definitivo
Extensão Local / Na Área envolvente
Duração Longo-Prazo
Intensidade Alta
Significância Muito significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
A melhoria da infra-estrutura de drenagem da cidade irá permitir uma melhoria do escoamento das águas
pluviais, levando a um menor alagamento das áreas habitacionais e comerciais o que terá como
consequência uma diminuição do número de vítimas provocadas pelas cheias e uma redução de doenças
relacionadas com a água (malária, cólera, etc.).
O funcionamento normal do desaguadouro das palmeiras através das suas comportas poderá regular o
fluxo normal das águas permitindo a retenção ou libertação da água segundo as necessidades do
dispositivo e da Cidade da Beira. Através deste meio será garantida a regulação do caudal sobretudo
durante os eventos extremos, condição importante para a prevenção e mitigação de inundações e cheias,
quer provenientes de grandes precipitações atmosféricas, como de marés equinociais.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Altamente Provável
Extensão Local
Duração Médio- Prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
33. Criação da Bacia da Maraza e Áreas destinadas a fins recreativos na sua envolvente
Na área aonde se irá construir a bacia da Maraza
somente existem machambas de arroz. As famílias
detentoras destas parcelas receberão outras de igual
dimensão, em áreas identificadas pelo Conselho
Municipal, nas zonas de Inhamizua e Mungassa. Este
trabalho está em curso, com a participação dos líderes
locais, da especialista em reassentamentos e questões
sociais do projecto e com o envolvimento do CMB. Se
este processo for concluído no espirito de abertura e
colaboração que tem caracterizado a relação do CMB
com os utentes da bacia da Maraza, não trará
impactos negativos sobre os agricultores na fase de
operação já que estes terão outros terrenos para cultivar, com uma dimensão média entre os 0,4 – 0,5
hectares.
Na época seca o local onde será implementada a bacia da Maraza é utilizado para fins recreativos (Jogos
de futebol, passeios, etc.), pelo que o projecto previu a construção de áreas para fins recreativos na
envolvente da bacia da Maraza.
Salienta-se que as áreas para fins recreativos que irão ser colocadas na envolvente da Bacia da Maraza
bem como a própria Bacia da Maraza serão vedadas, pelo que não se espera impactos negativos sobre a
sua implementação, desde que sejam cumpridas as normas de segurança a que todos esses espaços
estão sujeitos.
CLASSIFICAÇÃO DO IMPACTO:
Estatuto Positivo
Probabilidade de ocorrência Provável
Extensão Na Área envolvente
Duração Longo-Prazo
Intensidade Média
Significância Significativo
MEDIDAS DE POTENCIAÇÃO:
Verificação da atribuição das novas áreas de cultivo aos detentores de machambas na área da
bacia da Maraza;
Para uma mais fácil e directa compreensão dos impactes expectáveis, apresenta-se em seguida uma
matriz síntese de impactes com indicações das acções que geram impactes versus os impactos
ambientais provocados, nas várias fases de desenvolvimento do projecto.
obras
acessos
Maraza,
arranjos
Impacto
áreas de
de terras
materiais
limpeza e
tubagens,
acessórios
Criação ou
exteriores,
parques de
câmaras de
pavimentos
intervenção
empréstimo
DA CIDADE DA BEIRA
incluindo de
Aspectos de
Execução de
aquedutos e
Desmatação,
colocação de
Escavações e
associadas às
Escavações de
Construção de
de estaleiros e
movimentação
reabilitação de
decapagem das
valas e bacia da
Estabelecimento
Actividades e/ou
x
x
x
x
x
x
x
Intrusão na qualidade visual e estética da paisagem urbana
x
x
Instabilidade de solos e perda de usos
x
x
x
x
x
x
Deturpação da rede de drenagem natural das escorrências
x
x
x
Potencial aumento de escoamento superficial das águas
x
x
x
Potencial contaminação das águas superficiais por derrames
x
Diminuição de fontes de captação de águas subterrâneas
x
x
Potencial contaminação de águas subterrâneas por derrames
x
x
x
Potencial contaminação do solo e degradação da sua qualidade
x
Inviabilização e/ou perturbação de habitats e de espécies
ADMINISTRAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURAS DE ÁGUAS E SANEAMENTO (AIAS)
x
x
x
x
x
x
Incómodo do ruído e vibração
Fase de Construção
x
x
x
x
x
x
Incomodidade de poeiras e gases poluentes do ar
x
x
x
x
x
Obstrução de acessos e/ou áreas de interesse comunitário
Perturbação do trânsito e segurança rodoviária
x
x
x
x
x
x
Perturbação de serviços privados e públicos
RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
x
x
x
x
x
x
x
Identificação dos Potenciais Impactos
x
x
x
x
x
x
x
Destruição de coberto vegetal
x
x
x
x
x
x
x Dificuldades acrescidas de sanidade por lixo de construção
215
Fase de Operação Fase do Projecto
de
rede de
Impacto
descarga
veículos e
drenagem
a projectos
materiais e
maquinaria
Controle da
Capacitação
Escoamento
DA CIDADE DA BEIRA
Aspectos de
institucional
Execução de
nos locais de
orientado de
circulação de
qualidade das
águas pluviais
águas pluviais
Transporte de
Actividades de
manutenção da
Expropriação de
reassentamento
obras associadas
complementares
Actividades e/ou
terras e situações
x
Intrusão na qualidade visual e estética da paisagem urbana
x
Instabilidade de solos e perda de usos
x
Deturpação da rede de drenagem natural das escorrências
x
Potencial aumento de escoamento superficial das águas
x
Potencial contaminação das águas superficiais por derrames
x
Potencial contaminação de águas subterrâneas por derrames
x
Inviabilização e/ou perturbação de habitats e de espécies
ADMINISTRAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURAS DE ÁGUAS E SANEAMENTO (AIAS)
x
x
x
Incómodo do ruído e vibração
Fase de Construção
x
x
x
Incomodidade de poeiras e gases poluentes do ar
x
Obstrução de acessos e/ou áreas de interesse comunitário
x
x
Perturbação do trânsito e segurança rodoviária
x
x
x
Perturbação de serviços privados e públicos
RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
x
x
x
x
Identificação dos Potenciais Impactos
x
Destruição de coberto vegetal
Dificuldades acrescidas de sanidade por lixo de construção
x
x
x
Criação de mais oportunidades de emprego
x
Alteração permanente da percepção visual da paisagem
x
x
Melhoria da qualidade ambiental e saúde pública da região
x
x
Melhoria da situação de erosão dos solos
x
x
Diminuição de inundações e águas estagnadas
Fase de Operação
ESTUDO PRÉVIO, PROJECTO DE EXECUÇÃO, GESTÃO E SUPERVISÃO DA OBRA DA REABILITAÇÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL
216
ADMINISTRAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURAS DE ÁGUAS E SANEAMENTO (AIAS)
ESTUDO PRÉVIO, PROJECTO DE EXECUÇÃO, GESTÃO E SUPERVISÃO DA OBRA DA REABILITAÇÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL
DA CIDADE DA BEIRA
RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância
(+) Positivo Im - Improvável L - Localizada CP – Curto prazo Bx - Baixa PS – Pouco Significativo
(-) Negativo Pr – provável A – Na área envolvente MP – Médio Prazo Me - Média S - Significativo
AP – altamente Provável R - Regional LP – Longo Prazo Al - Alta MS – Muito Significativo
D - Definitiva N - Nacional PT - Permanente
I - Internacional
O processo de Consulta Pública, esta previsto no Decreto lei n.º 45/2004 de 29 de Setembro e foi
concebida de acordo com a Directiva Geral para Elaboração da Participação Pública, publicada no
Diploma Ministerial n.º 130/2006, de 19 de Julho.
geral, as partes afectadas pelo Projecto proposto, organizações externas interessadas e afectadas, assim
como o dono do Projecto e os projectistas (engenheiros) do Projecto.
Cada aspecto das investigações técnicas inclui geralmente uma fase de recolha e verificação de dados,
seguida de análise e avaliação e, por fim, pela síntese e conclusões
A sociedade Civil foi convidada a participar na Reunião Pública marcada para o dia 28 de Maio, no Hotel
Moçambique, na Cidade da Beira através de anúncios públicos publicados, nos dois jornais de maior
circulação na Cidade da Beira: o Jornal Noticias e o Diário de Moçambique. Assim, e de acordo com a
legislação, os anúncios para a reunião no Hotel Moçambique, foram publicitados com 15 dias de
antecedência, ou seja no dia 15 de Maio e constam dos anexos 7.1 e 7.2 respectivamente.
Foram igualmente convidadas todas as famílias afectadas pelas obras de reabilitação das valas de
drenagem, os secretários do Bairro por onde passam as referidas valas, os líderes comunitários, o
Governo Provincial de Sofala, o Conselho Municipal e a imprensa.
Na reunião marcada para o Hotel Moçambique, dia 28, compareceram o Presidente do Conselho
Municipal, os vereadores do Conselho Municipal e alguns técnicos da mesma Instituição e um professor
da Universidade Piaget. Face ao reduzido número de participantes e considerando que os colaboradores
do Conselho Municipal far-se-iam presentes na reunião do dia seguinte, foi consensualmente decidido
efectuar somente a reunião pública no dia 29 de Maio na sala de grandes eventos do Conselho Municipal.
A segunda parte da reunião, foi reservada para apresentação de perguntas, preocupações das partes
interessadas e afectadas (PIA’s) e do público em geral.
Foi referido no presente Estudo de Impacto Ambiental que a primeira fase deste projecto, consiste na
reabilitação de valas de drenagem existentes que irão melhorar de forma significativa a drenagem de
águas pluviais na Cidade da Beira. Salientando-se ao longo do EIA que o ambiente onde se inserem as
valas foi fortemente alterado pela acção antropogénica pelo que, os impactos mais relevantes da
implantação do Projecto seriam de caracter social. Este pressuposto foi confirmado durante a Reunião
Pública, já que as questões levantadas durante a reunião, tal como esperado, relacionaram-se com o
reassentamento das famílias, das infra-estruturas socias (igrejas) e de negócios.
Todas as questões levantadas estão sumarizadas no Relatório de Perguntas e Respostas que constitui o
anexo 7.5. todas as questões referentes ao reassentamento serão tratadas com mais detalhe no relatório
que será parte integrante do Plano de Acção de Reassentamento.
11 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Assim, esta actividade considera-se sustentável tanto do ponto de vista de impactos biofísicos como
socioeconómicos, já que os impactos ambientais adversos previstos com a implementação do projecto,
farão sentir-se quase todos apenas durante a fase de construção e na sua maioria serão reversíveis e de
pequena dimensão. Salienta-se que o cabal cumprimento do Plano de Gestão Ambiental, preconizado no
estudo, irá contribuir para a mitigação dos impactos.
A implementação do projecto irá conduzir a uma redução de inundações durante a estação chuvosa e
consequentemente uma redução de doenças relacionadas com a água, uma redução dos custos na
reabilitação de habitações, bancas de comércio e infra-estruturas afectadas pelas inundações, ficando
também facilitada a deslocação das pessoas entre os locais de trabalho e os locais de habitação
resultante da não inundação das estradas.
Durante a fase de obra são também esperados impactes significativos resultantes do fomento do emprego
de pessoas locais, em especial das mulheres, da comercialização de bens e produtos locais.
Também é esperada uma melhoria das condições de habitação e económica das pessoas reassentadas
no âmbito do presente projecto, contribuindo para tal um processo de reassentamento bem conduzido.
A nível socioeconómico a questão mais sensível prende-se com a necessidade de reassentar cerca de 21
famílias, repor as infra-estruturas danificadas de outras 19 famílias, restabelecer a funcionalidade de duas
igrejas e a necessidade de realocação de negócios precários que se localizam nas margens das valas ou
nas suas servitudes. A construção da Bacia de Retenção da Maraza, a ser implantada numa área sem
habitações, a montante do Canal A2, ocupará 609 parcelas (vulgo “machambas”), com uma dimensão
média entre os 0,4 – 0,5 hectares, cultivadas por 489 pessoas, maioritariamente mulheres. Quer o Plano
de Gestão Ambiental quer o Plano de Acção de Reassentamento endereçam cuidadosamente cada uma
destas questões.
Qualquer intervenção em áreas não previstas inicialmente deverá ser alvo de aprovação pelo Ministério
para a Coordenação da Acção Ambiental.
12 BIBIOGRAFIA
Adri Verwey, FloodConsult (2013). Beira Master Plan, The Drainage Area East of Beira-Dondo
Highway and South of the Sirport.
BAGC (2013). Portal da Iniciativa do Corredor de Desenvolvimento Agrícola da Beira [consultado
em Agosto de 2013]: em http://www.beiracorridor.com/.
Basso F., Bove E., Dumontet S., Ferrara A., Pisante M., Quaranta, G., Taberner M., (2000).
Evaluating Environmental Sensitivity at the basin scale through the use of Geographic Information
Systems and Remote Sensed data: an example covering the Agri basin (southern Italy). Catena 40 :
19-35.
BKS GLOBAL, (2008). City of Beira Stormwater Drainage System Rehabilitation and Extention in
Central and Northern Parts. Feasibility Study and Conceptual Design. Ministério das Obras Públicas
e Habitação, Direcção Nacional de Águas, Departamento de Saneamento.
CFM (2007).Estudo Ambiental simplificado da dragagem do canal de acesso ao Porto da Beira.
Relatório Final. Consultec, CFM.
CFM (2013). Portal dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique [consultado em Agosto de
2013]: em < Estatística [consultado em Agosto de 2013]: em <http://www.ine.gov.mz/>.
Craveirinha, João (2006). DRENAGEM E SANEAMENTO DA CIDADE DA BEIRA E DA REGIÃO
SUBURBANA. Série de 3 apontamentos seguidos, iniciada no nº 1122 do jornal “O Autarca” de 31
Julho 2006; Segunda -feira.
Deltares, (2006). Masterplan Beira, Inception Report.
DNFFB, 2002 – Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia. República de Moçambique.
Goldstein, B.D., Carruth, R.S. (2004). Implications of the Precautionary Principle: is it a threat to
science? Int J Occup Med Environ Health, 17 (1): 153–61.
Hoguane, António M. (2007). Perfil Diagnóstico da Zona Costeira de Moçambique. Revista de
Gestão Costeira Integrada, 7(1):69-82.
HPIP (2013). Portal do Património de Influência Portuguesa. Fundação Calouste Gulbenkian
[consultado em Agosto de 2013] em: <http://www.hpip.org/].
INE (2013). Portal de Dados do Instituto Nacional de Estatística [consultado em Agosto de 2013]:
em <http://www.ine.gov.mz/>.
Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, (2009). Estudo sobre o impacto das alterações
climáticas no risco de calamidades em Moçambique Relatório Síntese – Segunda Versão. República
de Moçambique.
IUCN 2011. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2011.1. <www.iucnredlist.org>.
accessed on 09 September 2011.
Luis, António dos Anjos (2011). Aplicação dos Sistemas de Informação Geográfica e Detecção
remota no Monitoramento do Mangal. Estudo de Caso: Cidade da Beira. Dissertação de Tese de
Mestrado. Universidade Católica de Moçambique (UCM).
National Institute for Disaster Management, (2009). Study on the impact of climate change on
disaster risk in Mozambique, Synthesis Report – First Draft.
Nhantumbo, Emídio S. (2002). Análise Diferencial da Ocupação e Utilização do Espaço Suburbano
da Beira. Dissertação para Licenciatura. Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.
PEBD (1999). Plano de Estrutura de Beira. Dondo. Proposta do Plano de Estrutura. Ministérios da
Administração Estatal.
KUSANGAYA, Samuel (2010). An assessment of the potential effects of climate induced sea level
rise on land uses and land cover in Beira, Mozambique.
Schneider, M. F., Buramuge, V. A.. Aliasse, V. & Serfontein, F. (2005). ‘Checklist’ de Vertebrados de
Moçambique. UEM. Maputo. Moçambique.
Seureca, (2005). Relatório do Estudo de Avaliação de Impacto Ambiental – Versão Preliminar.
Reabilitação da Rede de Saneamento da Cidade da Beira. Gabinete do Ordenador nacional para a
Cooperação Moçambique / EU. República de Moçambique.
J.T. Houghton, Y. Ding, D.J. Griggs, M. Noguer, P.J. van der Linden, X. Dai, K. Maskell, C.A.
Johnson, Contribution of Working Group I to the Third Assessment Report of the Intergovernmental
Panel on Climate Change, CAMBRIDGE UNIVERSITY(2001). Climate Change 2001: The Scientific
Basis. PUBLISHED BY THE PRESS SYNDICATE OF THE UNIVERSITY OF CAMBRIDGE.
Hidroprojecto, Sanaqua, Engidro, (1987). Abastecimento de Água e Redes de Esgoto da Cidade da
Beira. Volume V – Drenagem de Águas Pluviais.
Emanuel, K., Sundararajan, R. and Williams, J. 2008. Hurricanes and global warming: Results from
downscaling IPCC AR4 simulations. Bulletin of the American Meteorological Society. Vol.89 (3), 347.
Mavume, A and Brundrit, G. 2009. Main Report: INGC Climate Change Report. [Asante, K., Brito, R.,
Brundrit, G., Epstein, P., Fernandes, A., Marques, M.R., Mavume, A , Metzger, M., Patt, A., Queface,
A., Sanchez del Valle, R., Tadross, M., Rui (eds.)]. INGC, Mozambique.
Asante, K. 2009. Main report: INGC Climate Change Report: Study on the impact of climate change
on disaster risk in Mozambique. [Asante, K., Brito, R., Brundrit, G., Epstein, P., Fernandes, A.,
Marques, M.R., Mavume, A , Metzger, M., Patt, A., Queface, A., Sanchez del Valle, R., Tadross, M.,
Brito, R. (eds.)]. INGC, Mozambique.
Church, J.A., White, N.J., Coleman, R., Lambeck K. and Mitrovica J.X. 2004. Estimates of the
regional distribution of sea level rise over the 1050-2000 period. Journal of Climate. Vol.17: 2609-
2624.
CES / Inros Lackner, (2013). Storm Water Drainage System Beira/Mozambique, Consulting Services
for Feasibility Study, Report – Final Draft. Ministério das Obras Públicas e Habitação/KFW –
Adaptation to Climate Changes in Beira.
Ministério das Obras Públicas e Habitação, República de Moçambique, (2011). Estratégia Nacional
de Água e Saneamento Urbano 2011-2025, Aprovada na 42.ª Sessão do Conselho de Ministros, 22
de Novembro de 2011.
Lei das Águas (Lei n.º 16/91, de 3 de Agosto de 1991).
Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais
(Decreto 30/03 de 01 de Julho de 2003).
Política de Águas (Agosto de 2007).
Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos.
ANEXOS
Nas Figura 85 a Figura 87 apresentam-se os perfis longitudinais dos principais canais assinalando-se as
zonas de galgamento para os sistema existente sujeitos às condições externas de precipitação associada
ao período de retorno de dois anos.
Nas Figura 88 a Figura 91 apresentam-se os perfis longitudinais dos canais principais da rede de
drenagem. Nestes perfis evidencia-se a linha piezométrica quando acima da cota do terreno adjacente,
agora para a situação de simulação de um período de retorno de 10 anos com o agravamento das
alterações climáticas.
1ª Fase de Intervenção
Os perfis longitudinais dos principais canais com a linha piezométrica no instante mais desfavorável para a
simulação da rede de drenagem para o período de retorno de 10 anos com agravamento das alterações
climáticas, encontram-se representados nas Figura 92 a Figura 95.
No ao canal A4, a simulação do comportamento hidráulico desta estrutura de drenagem realizou-se para
um período de retorno de 50 anos. De modo a melhor avaliar a influência de uma estrutura de controlo na
descarga neste canal foram realizadas as simulações com e sem comporta na descarga, que se
apresentam nas Figura 96 e Figura 97.
Figura 88 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Perfil hidráulico dos canais A2 e A0
Figura 89 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Perfil hidráulico dos canais A1 e A0
Figura 90 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Perfil hidráulico dos canais A3 e A0
Figura 91 – Situação Existente (T =10 anos, com AC) - Perfil hidráulico do canal A4
Figura 96 – 1ª Fase (T = 50 anos) - Perfil hidráulico do canal A4, com Comporta de Maré
Figura 97 – 1ª Fase (T = 50 anos) – Perfil hidráulico do canal A4, sem Comporta de Maré
ANEXO 4 - ECOLOGIA
Coordenadas
Tipo de Habitat
X Y
695231 7804058 Dunas
695231 7804058 Dunas
695231 7804058 Dunas
695231 7804058 Dunas
695231 7804058 Dunas
696307 7807950 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
696478 7808117 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
696229 7807951 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695163 7808181 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
694817 7808919 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
699460 7807423 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
699782 7807181 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
699213 7806396 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
699780 7807178 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
699689 7807161 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
699404 7807771 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
698886 7807784 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695039 7808308 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695039 7808308 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695039 7808308 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695039 7808308 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695039 7808308 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695039 7808308 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
692819 7805773 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
692899 7806365 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
694820 7808913 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
694820 7808913 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
694820 7808913 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695255 7816214 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695253 7816196 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695247 7816127 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
695189 7804053 Mosaico de pântanos de água doce, caniçais e arrozais
699610 7813624 Planícies pantanosas
Coordenadas
Tipo de Habitat
X Y
699610 7813624 Planícies pantanosas
Coordenadas
Tipo de Habitat
X Y
694368 7805856 A0: Faixa de rodagem à esquerda
Coordenadas
Tipo de Habitat
X Y
694322 7805503 A2: Faixa de rodagem à esquerda
Coordenadas
Tipo de Habitat
X Y
693823 7809099 A4: Faixa de rodagem à direita
Planícies Pantanosas
Mosaico de pântanos
Bosques
Mangal
Dunas
A0
A2
A4
Gramíneas
Pennisetum purpureum * * *
Alloteropsis semialata *
Andropogon gayanus * * *
Brachiaria marlothi *
Brachiaria serrata *
Chloris gayana *
Chloris mossambicensis * *
Cymbopogon plurinodes * * * *
Cynodon dactylon * *
Cyperus javanicus
Cyperus polystachyos * *
Cyperus spp *
Dactyloctenium aegyptium * *
Echinochloa colona *
Echinochloa crus-galli * *
Eleusine coracana *
Eleusine indica *
Eragrostis capensis *
Eragrostis chloromelas * *
Eragrostis ciliaris * *
Eragrostis curvula * *
Eragrostis echinochloidea
Eragrostis lehmanniana *
Eragrostis pilosa * * *
Eragrostis rigidior * *
Eriochloa stapfiana *
Hyparrhenia filipendula *
Imperata cylindrica * *
Panicum dichotomiflorum *
Panicum sp * *
Planícies Pantanosas
Mosaico de pântanos
Bosques
Mangal
Dunas
A0
A2
A4
Gramíneas
Paspalum dilatatum * *
Phragmites australis * * * * *
Sporobolus stapfianus *
Sporobolus virginicus *
Thichoneura grandiglumis * *
Typha latifólia * *
Urochloa panicoides *
Eragrostis rigidior
PLANTAS INVASIVAS
Pistia stratiotes *
Myriophyllum aquaticum *
Eichhornia crassipes *
Nymphaea alba *
Nymphaea Nouchali *
Ipomoea carnea * *
OUTRAS PLANTAS
Ipoamea pes-capre *
Canavalia marítima *
Hibiscus tiliaceus rubra * *
Hibiscus allenii * *
Hibiscus rosa-sinensis *
Euphorbia ammak * *
Vernonia sp * *
Ricinus communis * *
Diospyros sp *
Hyphaene coriácea * * * * *
Acacia xanthophloea * *
Casuarina equisetifolia * * *
Ziziphus mauritiana *
Phoenix reclinata * * * *
Avicennia marina *
Sonneratia alba *
Hierita littorali *
Planícies Pantanosas
Mosaico de pântanos
Bosques
Mangal
Dunas
A0
A2
A4
Gramíneas
Rhizophora mucronata *
Lumnitzera racemosa *
Peltophorum pterocapum *
Pluchea sp. *
Paniceae sp. * *
Ximenia americana * *
Euphorbia sp * *
Salvadora pérsia * *
Kadaba kirkii * *
Thylacium africanum * *
Epaltes alata * *
Milletia stuhlmanii *
Tabernaemontana elegans *
Afzelia quanzensis *
Quadro III - Espécies de fauna observadas na área de influência directa e indirecta do projecto.
Planícies Pantanosas
Mosaico de pântanos
Zona de cimentada
Bosques
Dunas
Estado de
A0
A2
A4
Nome Científico
Conservação
AVES
Planícies Pantanosas
Mosaico de pântanos
Zona de cimentada
Bosques
Dunas
Estado de
A0
A2
A4
Nome Científico
Conservação
AVES
Pica-peixe-de-barrete-
castanho Halcyon albiventris * Baixa Preocupação
Planícies Pantanosas
Mosaico de pântanos
Zona de cimentada
Bosques
Dunas
Estado de
A0
A2
A4
Nome Científico
Conservação
AVES
PEIXES
MAMIFEROS
ANFÍBIOS
Onde:
* Espécie introduzida
? Ocorrência duvidosa
Nt- Quase Ameaçado
CITES I e II – constante no Anexo I ou II da CITES, o que significa que o comércio internacional desta
espécie deve ser monitorizado e controlado com precaução.
§ - Espécie protegida em Moçambique, de acordo com a Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia
(2002).
EN – em perigo
end. – Espécie endémica (apenas avaliados Mamíferos, Aves e Répteis)
Retenção artificial
Retenção Natural
Pantanosas
Mungassa
Planícies
(Maraza)
Chota
Estado de
Nome Comum Nome Cientifico
Conservação
AVES
Cegonha-de-barriga-branca Ciconia abdimii * * §
Ostraceiro-preto-africano Haematopus moquini * end.LR/nt
Anhinga rufa * * Baixa Preocupação
Cegonha de bico aberto Anastomus lamelligerus * * * Baixa Preocupação
Papa-moscas do Paraíso Terpsiphone viridis * CMS II
Toutinegra Pycnonotus barbatus * Baixa Preocupação
Colhereiro-africano Platalea alba * * CMS II
Cuco-preto Cuculus clamosus * Baixa Preocupação
Abetarda-de-barriga-preta Eupodotis melanogaster * CITES II
Tchagra senegalus * Baixa Preocupação
Toutinegra Pycnonotus barbatus * * Baixa Preocupação
Garça-de-cabeça-preta Ardea melanocephala * * §
Tarambola-preta-e-branca Vanellus armatus * * CMS II
Tarambola-de-asa-negra-pequena Vanellus lugubris * * CMS II
Perna-longa Himantopus himantopus * CMS II
Rouxinol-pequeno-dos-pântanos Acrocephalus gracilirostris * Baixa Preocupação
Melro-das-rochas do Cabo Monticola rupestris * end.
Rola do Cabo Streptopelia capicola * Baixa Preocupação
Carraceira Bubulcus ibis * * * * §
Garça-caranguejeira Ardeola ralloides * * §
Perna-verde-comum Tringa nebularia * CMS II
Tarambola-coroada Vanellus coronatus * * CMS II
Pilrito-de-bico-comprido Calidris ferruginea * CMS II
Papa-figos-de-cabeça-preta Oriolus larvatus * Baixa Preocupação
Ganso do Egipto Alopochen aegyptiacus * CMS II
Rolieiro-europeu Coracias garrulus * * Baixa Preocupação
Drongo-de-cauda-forcada Dicrurus adsimilis * Baixa Preocupação
Pica-peixe-gigante Megaceryle maxima * Baixa Preocupação
Ibis-preto Plegadis falcinellus * CMS II
Escrevedeira-de-peito-dourado Emberiza flaviventris * Baixa Preocupação
Retenção artificial
Retenção Natural
Pantanosas
Mungassa
Planícies
(Maraza)
Chota
Estado de
Nome Comum Nome Cientifico
Conservação
Retenção artificial
Retenção Natural
Pantanosas
Mungassa
Planícies
(Maraza)
Chota
Estado de
Nome Comum Nome Cientifico
Conservação
Retenção artificial
Retenção Natural
Pantanosas
Mungassa
Planícies
(Maraza)
Chota
Estado de
Nome Comum Nome Cientifico
Conservação
ANEXO 5 - SOCIOECONOMIA
Anexo 5.2 – Grelha de variáveis a serem cruzadas para obtenção do diagnóstico socio-
económico, cultural e de saúde da população-alvo.
Indicação dos resultados a serem obtidos nos inquéritos através da elaboração de tabelas simples
e com cruzamento de informação
1. Introdução
Tendo em conta os objectivos do Estudo, as conclusões que se pretendem apurar e o modelo de inquérito
aplicado à população, torna-se necessário que os dados recolhidos sejam úteis para a obtenção da
caracterização, socio-económica, situação ambiental, comportamento sanitário e possibilidades potenciais
para levar ao melhoramento do seu estilo de vida no que concerne ao abastecimento de água,
saneamento, disposição de resíduos sólidos.
2. Desenvolvimento
A- Dados demográficos
1 - Nº de famílias/bairro
2 - Nº médio de pessoas/família
B- Dados socio-culturais
- iniciação;
- agradecimento antepassados;
C - Abastecimento de Água
- Até 2 MT
- Entre 3 e 5 MT
- Entre 6 e 10 MT
- Mais de 11 MT
D - Sistema de Saneamento
2.2. - Teve problemas com o sistema (Sim / Não) por Tipo de sistema
2.5. - Nº de famílias dispostas a pagar o esvaziamento da latrina e Nº de famílias que não estão dispostas
ou não podem pagar
b) entre 6 e 10 MT/mês
c) entre 11 e 20 MT/mês
d) acima de 20 MT/mês
1. - Onde o lixo é despejado? (Elencar o nº das situações de acordo com as categorias previstas no
inquérito)
2. - Nº de famílias dispostas a pagar taxa para remoção do lixo (Taxa de Saneamento) e Nº de famílias
que não estão dispostas ou não podem pagar
b) entre 6 e 10 MT/mês
c) entre 11 e 20 MT/mês
d) acima de 20 MT/mês
1- Fonte de iluminação utilizada em casa (elencar nº de famílias por categoria apresentada no inquérito)
2 - Se possível:
Elencar nº de famílias de acordo com o sistema de abastecimento de água; fonte de energia eléctrica e
sistema de saneamento.
Caso tal não seja possível, IMPORTANTE elencar nº de famílias que não têm energia eléctrica; não têm
sistema de saneamento e não têm uma fonte de abastecimento de água potável própria ou pública
G - Características da habitação
6 - Principal material das paredes da habitação: nº de casas de acordo com as categorias elencadas no
inquérito; média; valores mínimo e máximo
7 - Material da cobertura das casas: nº de casas de acordo com as categorias elencadas no inquérito;
média; valores mínimo e máximo
H - Práticas sanitárias
2 - Utilização da latrina:
2.1. Nº de famílias em que a latrina é utilizada por todos; por todos e pelos vizinhos
3 - Lavagem das mãos, após usar a latrina (juntar necessidades maiores e menores):
- Quem limpa a latrina? (Nº de famílias de acordo com as categorias elencadas no inquérito)
- Nº de famílias com crianças abaixo dos 5 anos (elencar nº de famílias de acordo com as categorias
elencadas no inquérito)
- Nº de famílias com crianças acima dos 5 anos (elencar nº de famílias de acordo com as categorias
elencadas no inquérito)
- nenhum rendimento
- Até 1000 MT
- Acima de 5001 MT
Listar as 5 categorias mais importantes (em termos numéricos) para todas as famílias
L - CAMPO DE OBSERVAÇÕES
Criar uma tabela com um campo para colocar, de forma sintética, as observações dos inquiridores.
Chama-se à atenção que o texto completo do Plano de Acção de Reassentamento (PAR) segue as
etapas de aprovação previstas no Regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante
de Actividades Económicas – Decreto n.º 31/2012, de 8 de Agosto, tendo sido copiladas para o
presente anexo do REIA a informação necessária para compreensão do PAR.
Anexo 6.1 - Lista das Infra-estruturas afectadas pelo projecto e sua localização.
TOTAL: 21 HABITAÇÕES
Nas figuras seguintes estão localizadas as infra-estruturas a reassentar, bem como as infra-estruturas
propostas para manutenção no local com compensação.
Salienta-se que ao longo dos Canais A4 e A2 não existe a necessidade de reassentar nenhuma infra-
estrutura.
O local escolhido para os reassentamentos é o Bairro Manga Mascarenha – Mutondo localizado a cerca
de 7 km do centro da Cidade (Figura 99). Este Bairro já possui arruamentos e algumas infra-estruturas de
apoio, nomeadamente uma Escola EPC e um Posto de Saúde.
O projecto geral compreende o desenvolvimento num loteamento das habitações tipo inseridas em lotes
individuais, bem como das infra-estruturas gerais exteriores ao lote, tais como os arruamentos e acessos
pedonais.
Os talhões considerados para o reassentamento das famílias têm 20m de frente por 30m de profundidade.
Todos os talhões são servidos por arruamentos que lhes dão acesso.
As habitações propostas são modulares, no sentido em que têm como base as mesmas dimensões dos
compartimentos, com ligeiras adaptações.
As habitações são constituídas por um espaço amplo designado como Sala, um sanitário interior (somente
nos modelos a) e uma área de cozinha exterior coberta, onde se poderá lavar/ preparar os alimentos para
serem cozinhados. Esta área inclui uma bancada e uma área devidamente protegida para cozinhar a
carvão.
Dentro das habitações, e como o espaço da cozinha é exterior foi indicado um local específico para
colocação de um frigorífico.
As tipologias designadas como modelo b, contemplam no exterior um apoio de sanitário, designado como
latrina sendo que nestas tipologias não existe a instalação sanitária no interior da habitação.
Esta construção é autónoma da habitação principal e localiza-se num dos extremos do talhão. É um
espaço aberto que inclui uma área para um chuveiro e um espaço individualizado designado como latrina
com uma sanita tipo turca. É proposto também para este espaço um lavatório.
A instalação eléctrica será também proveniente da rede pública exterior, não se prevendo a alimentação
dos blocos autónomos de sanitários.
Cada lote terá uma fossa individual fechada com poço absorvente.
P.S. – As duas actas anteriores apesar de no cabeçalho estar indicado o dia 28, referem-se a presenças do dia 29.
José Rodrigues Simões - Qual é a largura do corredor de impacto, O corredor de impacto é a servitude de trabalho e área de
isto é, qual é a distância entre as valas de drenagem e as infra- circulação das máquinas. A sua largura varia de modo a
1
estruturas. mitigar os impactos socias e o dano nas infra-estruturas
existentes. Em média possui 7 metros de largura.
Se considerando os 7 metros, significará que a minha residência As suas propriedades estão registadas. A análise até hoje
será afectada. Se assim for, como será feita a compensação e efectuada, indica que a mesma não será afectada. No
tenho um projecto para aquele terreno ? residência esta em entanto, a equipa técnica irá revisitar o local e obter as
construção. conclusões finais.
Simão Fernandes (Representante da Igreja Velha Apostólica) - A Concordamos em considerar a relocação da Igreja como
Igreja possui duas capelas, uma no Bairro de Macurungo e outra última alternativa. No entanto deverá também ser avaliado
no Bairro Muxatazine (?). Com um total de 300 crentes. Propõe o custo de reassentar famílias em talhões próximos para
2 que não seja reconstruida as capelas no local de reassentamento acomodar a Igreja. Acreditamos que em diálogo
mas que mantenha no local aonde se encontra ou em um local permanente, já iniciado antes desta reunião,
próximo, pois a maior parte dos crentes não serão reassentados. encontraremos a solução que satisfaça ambas as partes.
Orlando Francisco Luis - A casa localiza-se entre a linha férrea e a Comentário Notado
Estrada Nacional 6. Sofrem com efeitos da poeira levantada pelos
camiões que passam da estrada transportando carvão do local de
3
armazenamento para o embarque navios no Porto. E também
devido a poluição sonora provocada pelo tráfego e buzinas dos
comboios na passagem de nível.
João Manuel Guava - possui um negocio de Mobílias que será O negocio não será realocado.
4 afectado pelo projecto. Gostaria de propor que não fosse
reassentado pois o mercado depende da localização.
João António Mutemba - Gostaria de saber se a sua casa será ou Não será afectada. A marcação que existe foi efectuada
não afectada. A pergunta tem a ver com a marcação existente na pelo CMB num trabalho prévio. O Vereador afirma que ele
5 casa. não será afectado por este projecto e qualquer discussão
deverá ter lugar em contacto directo com o CMB.
Pastor Nhemba - Representa a Igreja Evangélica Assembleia de A igreja possui uma nova ala, recentemente construída
Deus - Gostaria de saber se a Igreja situada na Munhava Central, aonde funciona um escritório. Esta ala será destruída e
6 será afectada. Ele propõe que a mesma tiver que ser removida, reconstruida no local original, no mesmo edifício. A equipa
que seja para o mais próximo possível, sendo o Bairro Pioneiros do projecto irá no terreno discutir consigo as opções que
ou Vaz os locais mais distantes aceitáveis. satisfaçam a Igreja.
Rita Mausse - Possui um negócio de cabritos e o curral será o curral não será removido.
7 afectado pelo Projecto. Considerando que o negocio depende da
localização, propõe que não seja relocado para outro local.
Elias Viegas Siluane - Como é que ficarão a saber se serão ou não Esta não é a primeira reunião entre a equipa do projecto a
afectados pelo projecto ? comunidade e não será a última. Outras reuniões terão
8 lugar para se concluir o processo de reassentamento.
Quando o acordo for obtido, serão assinadas actas com a
presença de testemunhas e das estruturas de Bairro.
Paulo Bene, MICOA - 1. E reconfortante notar que as famílias Comentário Notado. A equipa do projecto
afectadas já foram identificadas e notificadas. Sugere, no agradece o reconhecimento do trabalho já
9
entanto que este trabalho seja concluído e que haja formal efectuado.
notificação a cada uma das famílias afectadas.
2. A acta das consultas publicas deverão ser assinadas pela A equipa do projecto concorda com a recomendação, que é
Comissão técnica de reassentamento. alias um requisito legal. As actas serão assinadas pelos
participantes.
3. Uma vez que na mesma reunião foram abordados o EIA e PAR, A equipa do projecto concorda e irá produzir duas actas,
deverão ser produzidas duas actas. nos formatos específicos de cada um dos processos: EIA e
PAR.
4. Propõe que seja divulgada o cronograma do projecto; A cronograma foi verbalmente divulgado na
reunião e será formalmente entregue as
entidades competentes e dado a conhecer
as partes interessadas e afectadas