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ESCOLA TÉCNICA DO ESPÍRITO SANTO

Técnico em Segurança do Trabalho

Gestão da Qualidade Ambiental

Avenida Vitória, 580 – Bento Ferreira – CEP 29050-010 – Vitória – ES.


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Gestão da Qualidade Ambiental

SUMÁRIO
AULA 1 - CONSCIÊNCIA ECOLÓGICAO INÍCIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ....................................... 4
1.1 - A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA ........................................................................................................ 4
1.2 - EDUCAÇÃO & CONSCIENTIZAÇÃO ............................................................................................... 4
1.2.1 - Evolução dos Conceitos de Educação Ambiental................................................................... 5
1.2.2 - Características da Educação Ambiental ................................................................................. 6
1.2.3 - Princípios da Educação Ambiental ......................................................................................... 6
1.2.4 - Objetivos da Educação Ambiental ......................................................................................... 6
1.2.5 - Fases do Trabalho em Educação Ambiental ......................................................................... 7
1.2.6 - Formas de Atuação ................................................................................................................ 7
AULA 2 - ECOLOGIA E POLUIÇÃO AMBIENTAL ................................................................................... 8
2.1 - CONCEITOS ................................................................................................................................... 8
2.2 - A VARIÁVEL AMBIENTAL NO CONTEXTO MUNDIAL .................................................................. 12
AULA 3 - GESTÃO AMBIENTAL ISO 14.000 E FERRAMENTAS DA GESTÃO AMBIENTAL.................. 16
3.1 – NORMAS TÉCNICAS ................................................................................................................... 18
AULA 4 - A SÉRIE ISO 14000: ............................................................................................................. 19
4.1 - ISO 14001 - INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 21
4.2 - CONCEITOS ................................................................................................................................. 23
AULA 5 - ESCOPO DA ISO 14001........................................................................................................ 24
5.1 - NBR ISO 14001 E O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) .................................................... 24
5.2 - DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DA IMPLEMENTAÇÃO DO SGA: ......................................................... 24
5.3 - VANTAGENS E DESVANTAGENS - ISO 14001 ............................................................................. 27
AULA 6 - GESTÃO AMBIENTAL GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS .................................................... 28
6.1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 28
AULA 7 - GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS........................................................................................ 28
7.1 – A MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS ................................................................................................. 31
AULA 8 - FINALIDADES DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS............................................... 32
8.1 – METODOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS: ............................................... 32
AULA 9 – PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS ................................................................................... 32
AULA 10 - DEFINIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................................... 33
10.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS ............................................................................................... 33
AULA 11 – TRANSPORTE DE RESÍDUOS ............................................................................................ 36

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11.1 – ACONDICIONAMENTO ............................................................................................................ 37


AULA 12 - DESTINAÇÃO FINAL .......................................................................................................... 37
12.1 - RECICLAGEM ............................................................................................................................ 38
12.2 - COLETA SELETIVA ..................................................................................................................... 39
12.3 - USINAS DE TRIAGEM ................................................................................................................ 40
12.4 - LIXÕES ...................................................................................................................................... 40
12.5 - ATERRO SANITÁRIO.................................................................................................................. 40
12.6 – ATERRO CONTROLADO ........................................................................................................... 41
12.7 – ATERRO INDUSTRIAL ............................................................................................................... 41
12.8 - COMPOSTAGEM....................................................................................................................... 41
12.9 – INCINERAÇÃO .......................................................................................................................... 42
12.10 – COPROCESSAMENTO/INCORPORAÇÃO ................................................................................ 43
12.11 - LANDFARMING....................................................................................................................... 44
12.12 - REUTILIZAÇÃO ........................................................................................................................ 45
12.13 PLASMA .................................................................................................................................... 45
AULA 13 - ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS .............................................................................. 46
13.1 - IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ................................ 46
13.2 - DEFINIÇÕES: ............................................................................................................................. 46
13.3 - QUANDO REALIZAR UM LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS.............46
13.4 - CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................................................ 46
13.5 - SELEÇÃO DE UMA ATIVIDADE, PRODUTO OU SERVIÇO: ......................................................... 48
AULA 14 - LEVANTAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ................................................................ 48
14.1 - AS TÉCNICAS DE LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ......................... 48
AULA 15 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................................. 48
15.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 48
ANEXOS .............................................................................................................................................. 53
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 65

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Gestão da Qualidade Ambiental

AULA 1 - CONSCIÊNCIA ECOLÓGICAO INÍCIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

1.1 - A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA

O homem saiu das cavernas e passou a aspirar a uma vida melhor. De uma condição
primitiva, passiva diante da natureza, o homem evoluiu, estabelecendo uma relação de poder no
uso da terra para sobrevivência.

Com o desenvolvimento, a agressão à natureza foi ficando cada vez mais sofisticada. O
homem passou a dominar a natureza antes mesmo de aprender a dominar a si mesmo. Hoje,
começa a perceber que tem que parar de agredir.

Esta consciência se deve, em parte, à repercussão e às consequências das grandes


catástrofes ecológicas, como naufrágios de superpetroleiros, com derramamento de óleo no mar,
e acidentes industriais e nucleares. Mas se deve também à atuação da comunidade científica
internacional, de associações conservacionistas, de agências governamentais para o meio
ambiente e de organizações internacionais.

É comum andar de carro e jogar lixo pela janela. É comum poluir. É comum derrubar
árvores. É comum degradar o solo. É comum desviar o curso dos rios, é comum acabar com os
rios. É comum limpar nossa casa, mas não respeitar a limpeza da cidade. É comum desrespeitar a
vida. O homem, na ânsia pelo desenvolvimento, tornou a vida objeto do seu desejo. Reconquistar
o valor da vida, agora, está sendo muito difícil.

A campanha de preservação do meio ambiente é um exercício de cidadania, e passa,


necessariamente, por uma mudança radical de atitudes e hábitos pessoais. As esperanças de um
futuro melhor para a geração futura aumentam à medida que a humanidade caminha para um
maior compromisso com o equilíbrio entre o desenvolvimento e o meio que nos cerca.

É no Meio Ambiente que todos vivemos; o desenvolvimento é o que todos fazemos ao


tentar melhorar o que nos cabe neste lugar que ocupamos. Os dois são inseparáveis. Um
progresso econômico e social cada vez maior não poderá basear-se na exploração indiscriminada e
devastadora da natureza. Ao contrário: sem o uso sabiamente dirigido dos recursos naturais, não
haverá desenvolvimento sustentável.

1.2 - EDUCAÇÃO & CONSCIENTIZAÇÃO

 Incorporação dos conceitos do desenvolvimento sustentável e da conservação ambiental;


 Deve eliminar a idéia errônea de que a solução de problemas ambientais compete
somente “aos outros”;
 Mecanismos de estímulo e punição utilizados para encorajar o controle ambiental:

- Persuasão moral;
- Taxação por emissão de poluentes;
- Incentivos pela não emissão de poluentes;
- Bolsa de “permissões de emissão.

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CONSCIENTIZAÇÃO

Transferir ineficiência para o preço do produto lucro Reduzir perdas e ineficiências

Descartar da maneira mais fácil Resíduos Maximizar a reciclagem, reduzir


a geração, destinar corretamente
Protelar Investimento Priorizar
s
Cumprir o essencial Antecipar-se
Legislação
Um problema!! Uma oportunidade!!
Meio Ambiente

MINIMIZAR Abordagem Preventiva


Evitar/Reduzir

REAPROVEITAR
Recircular/Recuperar/ Abordagem Corretiva
Reutilizar

TRATAR

Abordagem Passiva
DISPOR

1.2.1 - Evolução dos Conceitos de Educação Ambiental

A Educação Ambiental é definida, de acordo com a Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999,


como sendo os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade
(art 1º). A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-formal.

Como se pode observar, na educação ambiental, os seguintes aspectos deverão estar inter-
relacionados:

 Éticos;
 Políticos;
 Sociais;
 Econômicos;
 Científicos;
 Tecnológicos;

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 Culturais;
 Ecológicos.

1.2.2 - Características da Educação Ambiental

1. O enfoque orientado à resolução de problemas concretos da comunidade, adaptado à


realidade sociocultural, econômica e ecológica de cada sociedade e região;
2. O enfoque interdisciplinar dos problemas do meio ambiente;
3. A participação da comunidade;
4. O caráter permanente, orientado para o futuro.

1.2.3 - Princípios da Educação Ambiental

I. Considerar o meio ambiente de forma holística, ou seja, em seus aspectos naturais e


criados pelo homem (tecnológico e social, econômico, político, histórico-cultural, moral e
estético);
II. Ter como base o pensamento crítico e inovador, promovendo a transformação e a
construção da sociedade;
III. Construir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-escolar e continuando
através de todas as fases do ensino formal e não formal;
IV. Tratar de questões críticas (poluição, saúde, paz, fome, direitos humanos, degradação da
fauna e flora), suas causas e relações em seu contexto social e histórico;
V. Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina,
de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada;
VI. Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional, nacional e
internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as condições ambientais de
outras regiões geográficas;
VII. Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também a perspectiva
histórica;
VIII. Insistir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional e internacional para
prevenir e resolver os problemas ambientais;
IX. Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de desenvolvimento e
de crescimento;
X. Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em consequência, a necessidade de
desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver tais problemas;
XI. Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para comunicar e
adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando devidamente as atividades
práticas e as experiências pessoais.

1.2.4 - Objetivos da Educação Ambiental

I. Consciência: ajudar grupos sociais e os indivíduos a adquirirem consciência do meio


ambiente global e ajudar-lhes a sensibilizarem-se por essas questões;
II. Conhecimento: ajudar os grupos sociais e indivíduos a adquirirem diversidade de
experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas anexos;
III. Comportamento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a comprometerem-se com uma
série de valores e a sentirem interesse e preocupação pelo meio ambiente, motivando-os
de tal modo, que possam participar ativamente da melhoria e da proteção do meio
ambiente;
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IV. Habilidades: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem as habilidades


necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais;
V. Participação: proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a possibilidade de
participarem ativamente nas tarefas que têm por objetivo resolver os problemas
ambientais.

1.2.5 - Fases do Trabalho em Educação Ambiental

Para atingir as finalidades da Educação Ambiental devemos cumprir todas as fases do


processo, quais sejam;

 Sensibilização;
 Mobilização;
 Informação;
 Ação.

Nenhuma das fases pode ser desenvolvida isoladamente ou de modo linear, necessitando
enfatizar os réus inter-relacionamentos. A Educação Ambiental não pode se resumir a uma delas
somente, sendo que todas devem ocorrer sob o nosso planejamento, controle e avaliação
permanente.

No desenvolvimento de ações de Educação Ambiental, executando projetos e/ou


trabalhando através da Educação Formal (escolar do 1º, 2º e 3º graus) e da educação não formal
junto às comunidades, devemos sempre planejar todas as fases do nosso trabalho (Sensibilização;
Mobilização; Informação e Ação) e para tanto é indispensável:

 definir o que queremos;


 unificar linguagem e procedimentos;
 assumir responsabilidades em conjunto;
 superar os conflitos interpessoais;
 tomar decisões coletivamente;
 promover sempre um trabalho sério e organizado.

1.2.6 - Formas de Atuação

Didaticamente e para subsidiar quem atua especificamente em Educação Ambiental,


elaborando ou desenvolvendo projetos e atividades, foram definidos três grandes grupos para
caracterizar as formas de atuação em Educação Ambiental.

 Educação ambiental formal ou escolar;


 Educação ambiental não formal;
 Educação ambiental informal.

A educação ambiental formal: constitui o processo pedagógico destinado à formação


ambiental dos indivíduos e grupos sociais, através de conteúdos e disciplinas formalmente
organizadas e avaliadas pelo sistema educacional público e privado, em séries sequenciadas, da
escola infantil ao ensino superior.

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A educação ambiental não formal: constitui os processos pedagógicos destinados a formação


ambiental dos indivíduos e grupos sociais, fora do sistema de ensino. Para tanto deve incluir as
ações para alcançar a conscientização ambiental, a adoção de valores, atitudes, habilidades e
comportamentos ambientalmente adequados ao desenvolvimento sustentável e a conservação do
meio ambiente, e destina-se a toda a sociedade.

A educação ambiental informal: constitui os processos destinados a ampliar a


conscientização pública sobre as questões ambientais através da utilização dos meios de
comunicação de massa. Compreendem ainda aqueles processos que utilizam os sistemas de
informatização com o uso de recursos multimídia, redes como a internet e os bancos de dados
ambientais, além de bibliotecas, videotecas e filmotecas especializadas.

AULA 2 - ECOLOGIA E POLUIÇÃO AMBIENTAL

O estudo do meio ambiente ultrapassou os limites da ecologia que estudava as relações


entre os animais e o funcionamento dos ecossistemas naturais, como foi proposto inicialmente
por Ernest Heckel, em 1866, que cunhou o termo ecologia (ciência da casa) a partir da palavra
grega “oikos” (casa).

Ecologia  Ciência do habitat – A ciência das relações do organismo com o meio ambiente.
O pensamento ecológico mais adequado, para Lago e Pádua (1989), pode ser dividido em
quatro segmentos:

Ecologia natural:
Procurar entender as leis que regem a dinâmica da vida da natureza através do
funcionamento dos ecossistemas.

Ecologia social:
Estuda as relações do homem com o meio ambiente e como a ação humana costuma
incidir destrutivamente na natureza;

Conservacionismo:
Concebido a partir da percepção da destruição ambiental provocada pela ação humana, e
da consequente luta pela preservação dos recursos naturais;

Ecologismo:
Nascido da percepção da atual crise ecológica como consequência de um modelo de
civilização insustentável sob o ponto de vista ecológico, exigindo além de medidas parciais de
conscientização ambiental, outras soluções mais complexas, tais como uma mudança na
economia, na cultura e na própria maneira dos homens se relacionarem entre si e com a natureza.
Trata-se, portanto, de um projeto político de transformação social, calcado em princípios
ecológicos e no ideal de uma sociedade não opressiva e comunitária.

2.1 - CONCEITOS

Ecossistema: é a reunião de todos os organismos de uma área determinada em sua inter-


relação com o ambiente físico, levando em consideração os fluxos de energia, as cadeias
alimentares e a diversidade biológica.

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Biosfera: sistema que inclui todos os organismos vivos da terra interagindo com o
ambiente físico, como um todo.

Biota: é o conjunto de plantas e animais que habitam um determinado lugar.

Espécime: exemplar de uma espécie viva, ou pequena quantidade, que serve para teste.

População: agrupamento de indivíduos de uma mesma espécie que habitam ao mesmo


tempo um mesmo espaço físico.

Meio Ambiente: é o conjunto de todos os fatores físicos, químicos, biológicos e


socioeconômicos que atuam sobre um indivíduo, uma população ou uma comunidade. É o
complexo de condições bióticas, climáticas, geomorfológicas que formam o hábitat imediato de
um ou mais organismos.

Resistência Ambiental: é a oposição que o meio oferece ao pleno desenvolvimento de uma


determinada população. Contribui para regular o número de indivíduos de uma determinada
população, pelo equilíbrio dinâmico entre as taxas de natalidade e mortalidade, impedindo sua
multiplicação a índices ilimitados.

Poluição ambiental: toda ação ou omissão do homem que, através da descarga de material
ou energia atuando sobre as águas, o solo e o ar, cause um desequilíbrio nocivo, seja de curto ou
longo prazo, sobre o meio ambiente.

Impacto ambiental: é qualquer alteração significativa no meio ambiente – em um ou mais


de seus componentes provocada por ação humana.

ANOTAÇÕES
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Efeitos da Poluição na Biota e no Meio Físico

Esquema.01:

A poluição:

Efeito que um agente poluidor produz em um ecossistema; introdução de uma agente


indesejável em um meio previamente não contaminado. Pode ser classificada em relação ao
componente ambiental afetado (poluição do ar, do solo, da água), pela natureza do poluente
(química, térmica sonora, radioativa visual) e pelo tipo de atividade (industrial, agrícola,
doméstica)

ÁGUA: essencial à vida; um dos bens mais preciosos da humanidade.

Contaminação das águas


A poluição dos ambientes aquáticos representa um dos flagelos das autoridades que se
preocupam com a qualidade das águas doces necessárias para as redes de abastecimento público.
É conveniente não esquecer, ao falar de poluição, que todos os sistemas aquáticos são capazes de
absorver certa quantidade de poluição sem que isso lhes cause prejuízos. É esta habilidade do
ecossistema para absorver e degradar a poluição orgânica, através dos organismos que compõem
a sua estrutura trófica, que constitui a capacidade de autodepuração de um sistema aquático
natural. Só depois de ultrapassados os limites de autodepuração é que a água começa a
apresentar sinais de poluição, começando a vida animal e vegetal a ser afetada (estes efeitos são
negativos, evidentemente). Consideram-se três tipos gerais de poluição das águas: poluição
orgânica, poluição microbiana e poluição inorgânica.

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 Poluição Orgânica:

A degradação de compostos orgânicos por bactérias presentes na água acarreta um consumo


excessivo de oxigênio dissolvido.

A eutrofização das águas, isto é, o crescimento descontrolado de algas e plantas aquáticas, por
conta da presença de excesso de nutrientes (nitratos, fosfatos).

 Poluição Inorgânica:

Os compostos inorgânicos potencialmente causadores de poluição não são muitos.


Dividem-se em dois grupos muito gerais: o grupo dos nutrientes, que, quando em excesso, causam
poluição, e o grupo das toxinas ou compostos tóxicos. (Metais pesados, pesticidas, herbicidas,
óleos, radioativos, etc.)

 Poluição térmica :

Derretimento das geleiras (elevação dos níveis dos mares);


Seca/desertificação (Interiores dos grandes continentes: mais quentes e mais secos);
Maiores variações no clima - situações mais extremas de calor e frio, de estiagem e de
fortes chuvas. Aumento de furacões e tempestades tropicais;

AR: “...As chaminés são os símbolos mais agressivos para caracterizar o processo de uma
região”

Poluentes do ar: presença ou lançamento no ambiente atmosférico de substâncias em


concentrações suficientes para interferir direta ou indiretamente na saúde, segurança e bem estar
do homem.

 Óxidos de enxofre (SO3, SO2);


 Óxidos de nitrogênio (NO, NO2);
 Hidrocarbonetos (compostos de carbono e hidrogênio) e solventes orgânicos voláteis;
 Monóxido e dióxido de carbono (CO, CO2);
 Material particulado (poeira, cigarro, fumaça, partículas tóxicas, benzeno, amianto, arsênio,
fenol).

Danos:
 À Saúde;
 Aos materiais – abrasão, deposição, ataque químico direto ou indireto;
 Às propriedades da atmosfera – visibilidade (fatores metereológicos – efeito estufa);
 À vegetação – redução da penetração da luz, deposição de poluentes no solo, penetração dos
poluentes pelos estômatos das plantas;
 À economia – custo benefício.

SOLO: “...A contaminação do solo está sempre relacionada com a contaminação da água”. Porção
superficial da terra que proporciona substrato para a vida vegetal e animal.

Constituintes:
 Partículas minerais – Si, Al, Fé, Ca, Mg, K, Ti, Mn, Na, N, P, S;

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 Resíduo Orgânico – húmus;


 Água – condições climáticas, composição do solo e da população viva;
 Gases – CO2, O2, N2;
 Sistemas biológicos – rizosfera, animais e Microrganismos.

Problemas ambientais relativos ao solo:


 Utilização inadequada de agroquímicos (pesticidas, inseticidas e bactericidas);
 Trato inadequado dos resíduos sólidos industriais;
 Lixo urbano;
 Desmatamento de margem de rios, lagos e lagoas;
 Perda do solo;
 Desmatamento de encostas;
 Aterro ou destruição dos manguezais;
 Aterro nas lagoas e dragagem de rios.

Fontes de poluição:

Podem ser causados por efeitos naturais ou antrópicos;


Naturais – terremotos, inundações, tufões, etc;
Antrópicos - Resíduos líquidos sanitários e industriais; - Urbanização e ocupação do solo; -
Atividades agropastoris; - Atividades extrativas; - Acidentes no transporte de cargas; - Resíduos
sólidos domésticos, - hospitalares e industriais.

2.2 - A VARIÁVEL AMBIENTAL NO CONTEXTO MUNDIAL

A questão ambiental foi tratada, por muitos anos, como uma externalidade do processo
produtivo, dando origens a desperdícios e à degradação do meio ambiente. Na visão dos
economistas neoclássicos, os problemas ambientais dos estilos de desenvolvimento e suas
preocupações limitavam-se à alocação de bens e recursos em curto prazo, onde os problemas
ambientais só passavam a ser de caráter econômico, quando era necessário otimizar o uso dos
recursos naturais. Estes não eram considerados com preço definido, até por ser um bem livre no
qual não havia raridade, em consequência sua utilização e deteriorização não representavam
custo para o usuário. O mercado já não tem mais essa concepção, há uma preocupação crescente
com a utilização dos recursos naturais, atentando para que essa não acarrete problemas às
gerações futuras.

Em 1968, cientistas, educadores, economistas, industriais reuniram-se na Academia Dei


Lincei, em Roma, para discutir entre os temas econômicos e políticos, a questão ambiental, nascia
o CLUBE DE ROMA. Esses argumentavam que “a população não pode crescer sem alimentos, a
produção de alimentos aumenta com o acréscimo de capital, mais capital requer mais reservas
naturais, as reservas descartadas transformam-se em poluição e a poluição interfere no
crescimento tanto da população como de alimentos”. O Clube de Roma propôs a elaboração de
um relatório sobre o futuro da humanidade. O projeto deu origem ao relatório Limites do
Crescimento (Limits of Growth), cuja visão pessimista, alertava para a necessidade de mudanças
nas relações físicas, econômicas e sociais, sem as quais a sociedade caminharia para o colapso do
sistema econômico que se manifestaria através do desemprego, decréscimo da produção de
alimentos e de serviços médicos, pois as indústrias de base dependem dos recursos não
renováveis. O relatório propôs a redução das taxas de natalidade de maneira a igualar-se às de

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mortalidade, a redução do consumo dos recursos naturais, o aumento do investimento na


produção de alimentos, o escoamento do capital industrial para melhores serviços, a produção de
alimentos, a reciclagem, o controle da poluição e adoção de medidas tecnológicas, garantindo um
estado de equilíbrio sustentável para o futuro.

Tal teoria não foi muito aceita principalmente pelos países em desenvolvimento, uma vez
que só o cancelamento das ambições de crescimento e desenvolvimento econômico seriam a
solução para evitar o desastre ecológico. Os países ricos continuariam ricos, mas estagnados e aos
países pobres não restaria outra solução a não ser contentarem-se com sua condição de pobreza.

Em resposta ao modelo proposto surgiram vários trabalhos internacionais, entre eles o


elaborado na Argentina pela Fundação Bariloche. Os latino-americanos sustentavam que os limites
do desenvolvimento não estavam determinados pela escassez de recursos naturais ou de capitais,
tornando-se necessária uma reorganização econômica favorável aos estilos de desenvolvimento
orientados para satisfazer às necessidades básicas do ser humano.

Outra posição a polarizar as discussões argumentava que os países desenvolvidos queriam


desacelerar o crescimento dos países subdesenvolvidos. O modelo de Herman Kahn possuía uma
visão otimista quanto à produção de alimentos e energia: acreditava no surgimento de novas
tecnologias capazes de produzir alimentos de maneira convencional e não convencional e na
produção de novos tipos de alimentos, e novas fontes de energia além do petróleo e da hídrica
surgiriam, como a energia solar, a eólica, do carvão e outras. Kahn acreditava que os autores de
“Limits of Growth” deveriam ter avaliado o possível avanço tecnológico das décadas seguintes.

O seminário de Founex, realizado em junho de 1971, em Founex, apresentou o “Painel de


Peritos em Desenvolvimento e Meio Ambiente”. O seminário discutiu com profundidade os
problemas dos países em desenvolvimento, evidenciando que, para os países desenvolvidos, o
desenvolvimento seria o fator a ser utilizado para corrigir os desequilíbrios ambientais e sociais. Os
principais problemas ambientais dos paises em desenvolvimento estavam relacionados com a
pobreza e com a falta de desenvolvimento das sociedades, onde a melhoria da qualidade
ambiental dos países em desenvolvimento dependeria da melhora das condições de saúde,
educação, nutrição e habitação, alcançáveis através do desenvolvimento econômico.

Em 1972 foi realizada a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, na Suécia,
ficando conhecida como a Conferência de Estocolmo. A Conferência deu origem a Declaração
sobre o Meio Ambiente Humano, contendo 26 princípios, mostrando que o desenvolvimento
industrial e o crescimento desordenado da população trazem como consequência a exploração
dos recursos naturais, a perda da diversidade biológica, comprometendo os ecossistemas,
principalmente em países pobres. O desenvolvimento deveria acontecer de forma a preservar o
meio ambiente e a realizar uma exploração mais racional dos recursos naturais, atendendo às
necessidades da sociedade.

A Conferência de Estocolmo teve repercussões positivas, como a criação do PNUMA


(Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente), a proliferação de órgãos governamentais de
controle ambiental e a formulação de legislações nacionais sobre o meio ambiente. No Brasil foi
criada, a nível federal, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) em 1973. A nível estadual
foram criados o Conselho Estadual de Proteção Ambiental (CEPRAM), na Bahia, e a Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), em São Paulo.

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Após dez anos da conferência de Estocolmo, em maio de 1982, a Organização das Nações
Unidas (ONU), durante uma sessão do Conselho de Administração do PNUMA, em Nariobi, propôs
a criação de uma comissão independente para estudar os problemas ambientais. Sendo criada em
1983, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão de Brundtland),
presidida pela Sra. Gro Brundtland, então ex-Primeira Ministra da Noruega, possuía a finalidade de
apresentar “uma agenda global de mudanças”.

O Relatório da Comissão de Brundtland – Nosso futuro comum – desenvolveu o conceito


de Desenvolvimento Sustentável, definido como “aquele que atende às necessidades do presente
sem comprometer as possibilidades das gerações futuras atenderem as suas próprias
necessidades”. A comissão propõe no relatório: a aplicação de políticas populacionais de aspectos
mais abrangentes, visando à melhoria da qualidade dos recursos humanos, no que se refere à
educação, à saúde e ao desenvolvimento social; a elaboração de uma política populacional com o
objetivo de reduzir as taxas de natalidade, propiciando às famílias pobres um meio de vida
adequado; a redução das distorções na estrutura do mercado mundial de alimentos; a redução da
poluição através da reciclagem e reutilização, reduzindo a carga de resíduos; incentivando o uso
de novas tecnologias que elevem a produtividade e os padrões de vida, conservando os recursos
naturais.

Através da resolução nº 44/228 em 22 de dezembro de 1989 a Assembléia Geral das


Nações Unidas convocou as nações do mundo para a Conferência Mundial das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada de 3 a 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro,
Brasil e conhecida também como Conferência da Cúpula da Terra (Earth Summit).

A Conferência do Rio – 92 sugeria que, entre outros aspectos, o encontro viesse a avaliar
tendências de políticas e ações dos países e organizações internacionais para proteger e aprimorar
o meio ambiente, além de examinar como os critérios ambientais haviam sido incorporados nas
políticas e no planejamento econômico e social desde a Conferência de Estocolmo.

A Conferência da Cúpula da Terra deu origem a documentos como a Declaração do Rio de


Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Carta da Terra), a Agenda 21, a Declaração dos
princípios para o Gerenciamento das Florestas. A Carta da Terra contém 27 princípios, que
objetivam estabelecer uma nova e justa parceria global por meio do estabelecimento de novos
níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chave da sociedade e os indivíduos, trabalhando
com vista à conclusão de acordos internacionais, que respeitem os interesses de todos e protejam
a natureza interdependente e integral da terra. A declaração, através do quarto princípio,
demonstra a preocupação em integrar a proteção ambiental com o processo de desenvolvimento
econômico, para o alcance do desenvolvimento sustentável.

A Agenda 21 é um programa de ação para o alcance do desenvolvimento sustentável,


através da implantação das propostas da Carta da Terra e da Declaração dos Princípios para o
Gerenciamento das Florestas. Ela faz uma avaliação das perspectivas sociais e econômicas,
científicas tecnológicas e religiosas, apresentando sugestões para o desenvolvimento sustentável.
Argumenta, também, que o desenvolvimento industrial é essencial para o crescimento econômico,
mas como as industriais são as maiores usuárias dos recursos naturais e a maior fonte de poluição,
sua proposta é que as indústrias usem eficientemente as matérias-primas, tecnologias para
diminuir a poluição e que reduzam a quantidade de resíduos e substituam os gases que destruam
a camada de ozônio.

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 14


Gestão da Qualidade Ambiental

O relatório do Clube de Roma, a Conferência de Estocolmo, o relatório Nosso Futuro


Comum e a Conferência da Cúpula da Terra fizeram com que países de todo o mundo atentassem
para a necessidade de integrar as questões ambientais às políticas de desenvolvimento
econômico.

Nos países desenvolvidos a proteção ao meio ambiente, deu-se através de legislações e de


iniciativas de setores da economia, através da elaboração de programas de gerenciamento
ambiental sem, no entanto, estagnar o desenvolvimento econômico, o que contraria a teoria do
Clube de Roma, onde o crescimento zero seria a solução para os problemas ambientais. Nos países
em desenvolvimento a elaboração de legislações ambientais foi a forma encontrada para conter o
uso indiscriminado dos recursos naturais, visto que o desenvolvimento econômico era sua
principal meta.

A adoção de padrões para proteção ambiental foi sugerida na Conferência da Cúpula da


Terra (RIO-92) e vem a ser um grande avanço na tentativa de internalizar as questões ambientais.
Esses padrões estão sendo desenvolvidos pela ISO (International Organization for Standartization)
e são de caráter voluntário, aplicam-se aos mais variados tipos de organizações e procuram não
constituir uma barreira ao comércio internacional.

Em dezembro de 1997, mais de 160 países reuniram-se em Kyoto, Japão para dar
continuidade às negociações sobre a redução de gases do efeito estufa. As discussões sobre as
medidas necessárias para reduzir a interferência humana no clima terrestre são o desdobramento
da Convenção do Clima, assinada pela maioria dos países durante a Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que teve lugar no Rio de Janeiro, em 1992.

O Protocolo de Kyoto é um documento formal, no qual os países industriais (países da


OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, composto pelas nações
industrializadas da Europa Ocidental, América do Norte, Ásia e o antigo bloco de nações da Europa
Oriental) assumem legalmente o compromisso de reduzir a emissão de gases que contribuem para
o efeito estufa. Houve um comprometimento coletivo em reduzir – entre 2008 e 2012 – a
liberação desses gases para 5,2% abaixo dos índices de 1990. Esses países emitem a esmagadora
maioria dos gases do efeito estufa, principalmente o CO2, liberados pela queima de combustíveis
fósseis.

Para alguns especialistas, o acordo acertado em Kyoto é muito tímido diante da urgência
de medidas para se combater as mudanças climáticas.

A participação brasileira em Kyoto teve como principal objetivo ajudar a diminuir a


diferença entre os pontos de vistas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. O Brasil,
sendo um país em desenvolvimento, não tem compromisso de redução de emissões, mas
participou ativamente das deliberações da conferência.

Em novembro de 2000 foi realizada a Conferência de Haia a fim de que fosse impulsionado
o cumprimento de do Protocolo de Kyoto; porém, esse intuito foi fracassado, segundo a visão do
Chefe da Delegação Brasileira pela insistência norte-americana em modificar o protocolo. Já a
Inglaterra culpou a França pelo insucesso do encontro.

Na contramão da meta do protocolo – reduzir emissões de países industrializados em 5,2 %


até 2012, sobre os níveis de 1990 -, os EUA já aumentaram suas descargas de gás carbônico em

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 15


Gestão da Qualidade Ambiental

11%. Com isso subiram os custos: para atingir as metas de Kyoto, os EUA gastariam US$ 100
bilhões por ano. Foi proposto pelos EUA, no intuito de minimizar os gastos com a redução da
emissão, que o carbono sequestrado pelas suas florestas fosse abatido das emissões, o que não
agradou os países europeus.

A cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (R + 10), a maior conferência da


história da ONU (Organização das Nações Unidas), realizada de 26 de agosto a 4 de setembro de
2002, pode ter sido a última em seu gênero, devido aos parcos resultados obtidos em comparação
com os recursos e esforços mobilizados pela África do Sul e pelas 191 delegações presentes.

Na capital Sul-Africana, foram avaliados os sucessos e fracassos dos objetivos firmados na


ECO 92 e discutidas novas questões que surgiram ao longo desse período de uma maneira direta.
Por exemplo: o que foi feito desde 1992? O que os países têm feito até agora para implementar a
Agenda 21? Eles adotaram as estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável definidas até
2002? Foram consolidados os acordos que previnem a perda da biodiversidade ou asseguram os
direitos da mulher? Quais os obstáculos encontrados? Quais lições foram tiradas do que deu certo
e do que não deu? E quais as alterações que devem ser feitas para que os objetivos sejam
atingidos? Onde devem ser concentrados os novos esforços?

Dez anos depois da ECO-92, no Rio de Janeiro, cujos frutos foram praticamente nulos, os
representantes de 191 países não souberam ou não quiseram mudar em Johannesburgo o rumo
do mundo, onde a pobreza se multiplica e a destruição ambiental põe em perigo a sobrevivência
do planeta. Ao ler o Plano de Ação e a Declaração de Johannesburgo, os dois documentos
elaborados nesta cúpula que serão uma espécie de bíblia prática do desenvolvimento sustentável
durante anos, os dirigentes políticos e membros de ONGs (organizações não governamentais) não
escondem sua decepção. A lista de fracassos se soma a questão da energia. O plano de ação não
inclui metas precisas de energias renováveis, como queriam Europa e América Latina.

Alvo das críticas das ONGs e de países em vias de desenvolvimento por não ter ratificado o
protocolo de Kyoto e bloquear vários acordos, os Estados unidos parecera, ser o único país
satisfeito com o resultado de Johannesburgo.

As questões que entraram nesse debate afetam a vida de todo o planeta. O tema que
permeou todas as discussões é o que o planeta vai ter que fazer para mudar os rumos e caminhar
para a sustentabilidade.

AULA 3 - GESTÃO AMBIENTAL ISO 14.000 E FERRAMENTAS DA GESTÃO AMBIENTAL

Gerenciamento ambiental é um conjunto de rotinas e procedimentos que permite a uma


organização administrar adequadamente as relações entre suas atividades e o meio ambiente que
as abriga, atentando para as expectativas das partes interessadas.

Os acidentes ocorridos nas últimas décadas fizeram com que as organizações avaliassem
seu posicionamento frente às questões ambientais, pois qualquer incidente ambiental pode levar
à geração de grandes passivos ambientais, resultando em multas e penalidades, destruindo muitas
vezes a imagem da empresa perante aos consumidores.

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 16


Gestão da Qualidade Ambiental

A relação entre as empresas e o meio ambiente tem mudado nos últimos anos. A nova
legislação ambiental brasileira e o interesse da população pelo tema obrigaram as empresas a
adotarem o discurso e, em alguns casos, a prática de eficiência ecológica. Essa postura ainda está
incipiente, e há muito trabalho a ser feito para que se possa atingir o desenvolvimento
sustentável: em outras palavras, compatibilizar crescimento econômico e qualidade ambiental.

Os movimentos ambientais, aliados à busca de melhores resultados e à competitividade no


setor produtivo, impulsionaram a mudança de visão ocorrida a partir dos anos 90. Temas como
desenvolvimento sustentável, esgotabilidade dos recursos naturais, reciclagem e gestão
ambiental, entre outros, passaram a fazer pauta dos governos, ganhar espaço na mídia e nas
universidades, obtendo cada vez mais, legitimidade dentro da sociedade.

Esse novo cenário criou a necessidade das empresas, principalmente as grandes


corporações, adotarem novas práticas em relação ao meio ambiente. Elas começam a investir em
vantagens competitivas em relação à concorrência. Uma dessas vantagens – que oferece grande
status a quem a obtém – é o certificado ISO 14001, uma espécie de paradigma de excelência
ambiental para as empresas.

A questão ambiental passou a ser vista como oportunidade de negócios. As grandes


empresas precisam se tornar mais competitivas, e investem na melhoria do aproveitamento do
material, na redução do consumo de energia, na reciclagem. Elas viram que a gestão ambiental é
imprescindível.

A maneira como as organizações industriais tratavam as questões ambientais foi mudando,


podendo ser classificada em três estágios. Em seu primeiro estágio tínhamos uma atitude passiva,
na qual a empresa não tinha interesse pelo meio ambiente; em uma segunda etapa tínhamos uma
postura reativa, onde cumprir a lei era uma árdua função, o interesse era na maximização do
lucro, no terceiro estágio e atual temos uma postura proativa, onde o meio ambiente é tratado de
forma integrada no sistema de gestão da empresa.

Postura das Organizações perante as questões ambientais


Estágios Postura Potenciais Situações Consequências
1º PASSIVA Conflito com as partes  Alvo permanente
interessadas dos fiscais
 Considera as questões (intolerância)
ambientais “coisa de  Multas e penalidades  Redução de
ecologista” e que só legais. Os mercado
servem para reduzir concorrentes irão  Não atrai
os lucros. explorar o “mau investidores e
 Não realiza comportamento” financiadores
investimentos para  Rejeição dos produtos
reduzir e controlar e serviços.
impactos.
2º REATIVA  Exposição legal  Potenciais passivos
 Busca cumprir a lei  Riscos de acidentes, legais
quando exigido pelos com graves  Riscos financeiros
fiscais conseqüências  Risco de perda de
 Tenta postergar ao econômicas e mercado
máximo os financeiras.  Precisa justificar-se

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 17


Gestão da Qualidade Ambiental

investimentos em  Exposições aos com grande


controle ambiental concorrentes. freqüência
3º PRÓ-ATIVA  Gerenciamento dos  Relacionamento
 Sabe que é melhor e riscos ambientais amistoso com os
mais barato “fazer  Racionalização dos órgãos
direito desde o início investimentos fiscalizadores
para não ter que ambientais.  Maior satisfação dos
consertar depois”.  Melhores resultados empregados
 Gerência de riscos, operacionais  Atrai investidores e
identifica (conservação da acionistas
inadimplências legais matéria e energia)  Acesso a
e as corrige (auditoria  Maior aceitação pelo financiamentos
ambiental interna) mercado favorecidos
 Possui um SGA (credibilidade)  Ampliação da
integrado as suas participação no
demais funções mercado.
corporativas.
Tabela.01

3.1 – NORMAS TÉCNICAS

O que é a ISO?
A ISO (Organização Internacional de Padronização) é uma entidade não governamental,
com sede na Suíça, que elabora normas internacionais, isto é, especificações e procedimentos que
devem ser seguidos no mundo inteiro. Sua sigla é uma referência à palavra grega ISO, que significa
igualdade.

Constituída como uma organização não governamental, a ISO tem por missão promover o
desenvolvimento da normalização e atividades correlatas no mundo, com vistas a facilitar as
trocas internacionais de bens e serviços e para o desenvolvimento da cooperação nas esferas
intelectual, científica, tecnológica e de atividades econômicas. Os acordos da ISO resultam em
acordos internacionais que são publicados como Normas Internacionais.

O Brasil participa da ISO através da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O que é a ABNT?
A ABNT foi fundada em 1940 e é considerado o único órgão responsável pela normalização
técnica do país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. Elabora
as normas brasileiras, além de as traduzirem e de adaptarem as normas à realidade brasileira.

É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como fórum nacional de
normalização através da Resolução nº 07 do CONMETRO, de 24.08.92.

O que é o INMETRO?
O INMETRO é o único organismo credenciador brasileiro. Trata-se de uma autarquia
Federal, vinculada ao Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior, que atua
como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia, normalização e qualidade
industrial (CONMETRO). O INMETRO objetiva fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 18


Gestão da Qualidade Ambiental

produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de


produtos e serviços.

Normas técnicas
Para a ISO, “normas são acordos documentados contendo especificações técnicas e outros
critérios precisos para serem empregados, consistentemente, como regras, guias ou definições de
características, para garantir que materiais, produtos, processos ou serviços estejam adequados
ao seu propósito.”

Objetivos da normalização
SIMPLIFICAÇÃO Redução da crescente variedade de
procedimentos e tipos de produtos.
COMUNICAÇÃO Proporciona meios mais eficientes para a
troca de informação entre o fabricante e o
cliente, melhorando a confiabilidade das
relações comerciais e de serviços.
ECONOMIA Visa a economia global, tanto do lado do
produtor como do consumidor
SEGURANÇA A proteção da vida humana e da saúde é
considerada como um dos principais
objetivos da normalização.
PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR As normas trazem à comunidade a
possibilidade de aferir qualidade dos
produtos
ELIMINAÇÃO DAS BARREIRAS A normalização evita a existência de
COMERCIAIS regulamentos conflitantes sobre produtos
e serviços em diferentes países,
facilitando assim o intercâmbio comercial.
Tabela.02:

AULA 4 - A SÉRIE ISO 14000:

Depois da aceitação rápida da série de Normas Técnicas ISO 9000 e do aumento de


padrões ambientais ao redor do mundo, a ISO avaliou a necessidade de criar padrões ambientais
empresariais.

Com isso a ISO criou, em 1991, o grupo SALVA – Grupo Aconselhador Estratégico do
Ambiente, responsável por promover a aproximação da Gestão Ambiental com a Gestão da
Qualidade.

Em 1992, através das recomendações do SALVA, foi criado o Comitê técnico (TC) 207, em 4
de março de 1993, com o objetivo de formular normas universais para o gerenciamento
ambiental, passíveis de certificação por entidades credenciadas.

A nova série ISO 14000 foi, então, projetada para cobrir sistemas de administração
ambientais, avaliação de desempenho ambiental, etiquetas ambientais, análise do ciclo de vida e
aspectos ambientais em padrões de produto.

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 19


Gestão da Qualidade Ambiental

A série ISO 14000 é um conjunto de documentos genéricos aplicáveis para todas as


indústrias. As normas se aplicam a todos os tipos e tamanhos de organizações e são projetadas
para cercar as diversidades geográficas, culturais e sociais.

Convém observar que esta norma não estabelece requisitos absolutos para o desempenho
ambiental além do comprometimento, expresso na política de atender à legislação e
regulamentos aplicáveis e com a melhoria contínua. Assim duas organizações que desenvolvam
atividades similares, mas que apresentem níveis diferentes de desempenho ambiental, podem,
ambas, atender aos seus requisitos.

Normas da série ISO 14000:


ISO DESCRIÇÃO

14001 Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação com orientação para uso.

Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios,


14004
sistemas e técnica de apoio.
Diretrizes para Auditoria Ambiental – princípio gerais da auditoria
14010
ambiental.
14011 Diretrizes para Auditoria ambiental – auditoria de um sistema de gestão
14012 ambiental.

14020
Selos ambientais e declarações
14025

Diretrizes para Auditoria ambiental – critérios para a Qualificação de


14031
auditores ambientais.
14040
Princípios Gerais e práticas para a análise do ciclo de vida.
14043

14050 Aspectos ambientais nas normas de produtos


Tabela.03:

Todas as normas da Série ISO 14000 são de adesão voluntária. Atuam de acordo com a
exigência mercadológica. Se a norma fosse obrigatória, ela perderia o valor de norma e atuaria
como legislação ambiental, que é obrigatória.

As normas SGA fornecem base para o sistema gerencial ambiental. A auditoria e a


avaliação de desempenho ambiental são ferramentas gerenciais que representam um papel crítico
na implantação bem sucedida de um SGA.

As normas de rotulagem, avaliação do ciclo de vida e aspectos ambientais em normas de


produtos avaliam e analisam características de produtos e processos – dando suporte ao SGA.

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Gestão da Qualidade Ambiental

4.1 - ISO 14001 - INTRODUÇÃO

A NBR ISO 14001 é a única norma da série 14000 utilizada para fins de certificação,
enquanto os 16 documentos restantes já publicados e os outros 10 documentos em elaboração
são documentos que fornecem diretrizes para auxiliar as organizações a desenvolver e manter
seus Sistemas de Gestão Ambiental, bem como para ajudá-los com os elementos dos programas
de gerenciamento ambiental (como, por exemplo, a avaliação do ciclo de vida), e com as
ferramentas de identificação e avaliação de aspectos e impactos ambientais.

O propósito da ISO 14001 é auxiliar empresas a melhorar seu desempenho ambiental.


Porém são as próprias empresas que estabelecem padrões para seu desempenho ambiental e suas
metas para melhoria contínua. Dessa forma a ISO 14001 define um processo de gerenciamento
das atividades da empresa que tem impacto no meio ambiente.

A ISO 14001 pode ser usada para implantação e desenvolvimento de um SGA, credenciado
ou não. A certificação é o reconhecimento formal, concedido por um organismo autorizado, que
uma organização possui processos, produtos ou serviços em conformidade com determinadas
normas previamente estabelecidas.

A norma ISO 14001 foi redigida de forma a aplicar-se a organizações de todos os tipos e
portes e para adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais.

A Gestão Ambiental se faz com o atendimento da organização, dos fatores e dos processos
que interagem no espaço e no tempo, justamente com a avaliação das interações humanas sobre
o meio. O modelo básico para implementação de um SGA (esquema 02) depende da implantação,
implementação e manutenção dos seguintes requisitos:

1. Compromisso e política;
2. Planejamento;
3. Medição e avaliação;
4. Análise Crítica e Melhoria.

ANOTAÇÕES
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 21


Ciclo do Sistema de Gestão Ambiental

MELHORIA
CONTÍNUA

Esquema.02
POLÍTICA AMBIENTAL

REVISÃO AO
GERENCIAMENTO PLANEJAMENTO
•Aspectos ambientais;
•Requisitos legais e outros;
•Programa de GA;
•Objetivos e metas

MONITORAMENTO
E AÇÕES CORRETIVAS
•Monitoramento e medição;
•Identificação de não conformidades e
ações preventivas e corretivas;
•Registros; IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO

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•Auditoria de SGA •Estrutura de responsabilidades;
•Treinamento, conscientização e
competências;
•Comunicação;
•Documentação ambiental;
•Controle documental;
•Controle operacional;
•Prontidão para emergências
Gestão da Qualidade Ambiental

22
Gestão da Qualidade Ambiental

4.2 - CONCEITOS

Sistema de Gestão Ambiental (SGA):


O Sistema de Gestão Ambiental é definido, internacionalmente, como um conjunto de
processos e interações de elementos e fatores, que compõem o meio ambiente, incluindo-se além
dos elementos físicos, biológicos, socioeconômicos, os fatores políticos e institucionais. Um
sistema de gestão do ambiente é a parte do sistema global de gestão que inclui a estrutura
funcional, atividades de planejamento, responsabilidades práticas, procedimentos, processos e
recursos, para desenvolver, implementar, concretizar, rever e manter a política ambiental.

Para a organização um SGA deve estabelecer uma política ambiental adequada a sua
própria realidade, que identifique os aspectos ambientais significativos, os requisitos legais
relevantes, estabelecendo os objetivos e metas ambientais em um programa de Gestão
Ambiental.

Política Ambiental:
É uma declaração da organização, expondo suas intenções e princípios em relação ao seu
desempenho ambiental global, que provê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e
metas ambientais. É definida, implantada, implementada e mantida pela alta administração da
empresa, através de um processo de melhoria contínua. A Política Ambiental deve ser comunicada
a todas as partes interessadas, ou seja, ao público interno (acionistas, empregados, prestadores de
serviço, etc) ao público externo (órgãos regulamentadores, clientes, organizações não
governamentais) e ao público em geral.

Melhoria Contínua:
É o processo de aprimoramento do SGA de forma a melhorar o desempenho ambiental
geral, em conformidade com a política ambiental.

Deve-se observar que:

 Vários dos principais elementos podem ser abordados ou revistos concomitantemente. O


sucesso do sistema depende do comprometimento de todos os níveis, especialmente a alta
gerência;
 A 14001 não estabelece exigências absolutas para o desempenho ambiental além dos
compromissos, expressos na política, de atender à legislação e regulamentos aplicáveis e
de buscar a melhoria contínua. Assim, duas organizações que se dediquem a atividades
semelhantes, mas que apresentem diferentes níveis de desempenho ambiental podem,
ambas, atender a estes requisitos;
 A ISO 14001 compartilha princípios gerais de gestão com a série ISO 9000 para sistemas da
Qualidade. As organizações podem decidir utilizar o sistema de gestão já existente,
consistentes com a série ISO 9000, como base para o seu Sistema de Gestão Ambiental.
Deve ficar claro, entretanto, que a aplicação dos vários elementos dos sistemas de gestão
pode ser distinta devido aos diferentes objetivos e partes interessadas. Enquanto que os
Sistemas de Gestão da Qualidade lidam com as necessidades dos clientes, os Sistemas de
Gestão Ambiental abordam as necessidades de uma vasta gama de partes interessadas e a
evolução da sociedade para a proteção ambiental;
 Não tem a intenção explícita de ser utilizada como uma barreira ao livre comércio.

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 23


Gestão da Qualidade Ambiental

AULA 5 - ESCOPO DA ISO 14001

A ISO 14001 permite que uma organização:

- Implemente, mantenha e melhore um SGA (sistema de gestão ambiental);


- Assegure a conformidade com sua política;
- Demonstre esta conformidade a outros;
- Busque a certificação (3ª parte);
- Declare-se em conformidade com a norma.

A ISO 14001 requer uma Política Ambiental desenvolvida pela empresa e apoiada por sua
alta administração. A política deve ser clara e estar relacionada com a Legislação Ambiental,
acentuando um compromisso de melhoria contínua. O propósito da ISO 14001 não é só ajudar
companhias a melhorarem o seu desempenho ambiental, mas também estabelecer e definir
padrões para melhoria de seu sistema organizacional.

5.1 - NBR ISO 14001 E O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)

A partir da implantação da NBR/ISSO 14001 as organizações podem demonstrar a


credibilidade ambiental em conformidade com padrões internacionalmente reconhecidos.

A implantação correta de um SGA promove a identificação eficiente de oportunidades de


redução de custo, ativando processualmente mudanças tecnológicas que, em última instância,
reduzem o custo ou melhoram o valor de um produto. A exigência de redução continua do
impacto ambiental induz continuamente ao melhor aproveitamento de toda matéria-prima
utilizada.

5.2 - DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DA IMPLEMENTAÇÃO DO SGA:

a) Política ambiental:

A Alta organização deve definir a política ambiental da organização e, por sua vez, a
organização deve assegurar que:

- seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos e


serviços;
- Inclua um compromisso com as melhorias contínuas e a prevenção da poluição;
- Inclua um compromisso com o cumprimento da legislação e regulamentações ambientais
relevantes e com muitos outros requisitos aos quais a organização esteja sujeita;
- Forneça a estrutura para estabelecer e analisar criticamente seus objetivos e metas
ambientais;
- Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os empregados;
- Esteja disponível para o público.

b) Planejamento:

- Aspectos ambientais:

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 24


Gestão da Qualidade Ambiental

Procedimentos para identificar os aspectos ambientais que a organização possa controlar e


sobre os quais ela possa ter influência, bem com para determinar os aspectos que exercem ou
possam exercer impactos significativos.

- Requisitos legais e outros:


Procedimentos para identificar e ter acesso às exigências legais e outras diretamente
aplicáveis aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços.

- Objetivos e metas:
Estabelecer e manter objetivos e metas ambientais documentadas em todos os níveis
relevantes da organização.

- Programa de Gestão Ambiental:


Estabelecer e manter um programa para alcançar os objetivos e metas incluindo:
Responsabilidades para alcançar objetivos e metas em cada nível; meios e prazos para que os
objetivos e metas sejam alcançados.

c) Implementação e Funcionamento:

- Estrutura e responsabilidades:
Funções, responsabilidades e níveis de autoridade devem ser definidos, documentados e
comunicados para facilitar uma Gestão Ambiental eficaz.

A alta administração deve designar uma pessoa para que a represente para assumir
funções, responsabilidades e autoridade definidas para assegurar que as exigências do SGA
sejam estabelecidas, implementadas e mantidas e para relatar o desempenho do SGA a alta
administração.

- Treinamento, conscientização e competência:


Identificar as necessidades de treinamento e exigir que todos os empregados cujo trabalho
possam gerar um impacto significativo sobre o meio ambiente tenham recebido treinamento
adequado.

Criar procedimentos para tornar os empregados de qualquer função ou nível conscientes


da (dos):

 Importância da conformidade com a política, com procedimentos e requisitos do SGA;


 Impactos ambientais significativos (reais ou potenciais) e dos benefícios de um melhor
desempenho pessoal;
 Funções e responsabilidades em conformidade, inclusive em situações de emergência;
 Consequências potenciais dos desvios.

- Comunicações:
Criar procedimentos para:

 Comunicação interna;
 Receber, documentar e responder comunicações relevantes por parte das entidades
externas interessadas;

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Gestão da Qualidade Ambiental

- Documentação do SGA:
Estabelecer e manter, em papel, ou em meio eletrônico para:
 Descrever os elementos essenciais de um SGA e suas interações;
 Fornecer diretrizes para a documentação pertinente.

- Controle de documentos:
Procedimentos para controlar todos os documentos exigidos todos os documentos exigidos a fim
de assegurar que:
 Os documentos possam ser localizados;
 Os documentos sejam avaliados, revisados e aprovados periodicamente quanto a sua
adequação;
 Versões atuais dos documentos serem disponíveis onde requeridos;
 Documentos obsoletos sejam removidos;
 Documentos obsoletos retidos sejam apropriadamente identificados como tais.

- Controle operacional:
A organização deve identificar e planejar as operações associadas aos aspectos ambientais
significativos identificados com coerência com a sua política, objetivos e metas, de modo a
garantir que estas são realizadas sob condições especificadas, através da:
• Definição, implementação e manutenção de procedimentos documentados para controlar
situações nas quais a sua inexistência possa conduzir a desvios relativamente à política ambiental,
objetivos e metas;
• Definição de critérios operacionais nos procedimentos;
• Definição, implementação e manutenção de procedimentos relacionados com aspectos
ambientais significativos identificados ao nível dos bens e dos requisitos aplicáveis aos
fornecedores, incluindo subcontratados.

- Emergências – Preparo e respostas:


Procedimentos para identificar as situações de emergência e de acidentes, responder a
elas e preveni-las reduzindo os impactos ambientais.

 Criar plano de emergência e simulados.

d) Verificação e Ações Corretivas:

- Monitoramento e medição:
Procedimentos para monitorar e medir regularmente as características chave das
operações e atividades que possam ter um impacto significativo sobre o meio ambiente.

O equipamento de monitoramento deve ser calibrado e os registros retidos de acordo com


os procedimentos da organização.

Estabelecer e manter um procedimento para avaliar periodicamente a conformidade com a


legislação e os regulamentos.

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Gestão da Qualidade Ambiental

- Não conformidades e ações corretivas e preventivas:

Procedimentos definindo responsabilidades e autoridade para manuseio e investigação de


não conformidades. Tomadas de ação para reduzir os impactos e dar início e concluir ações
corretivas e preventivas.

- Registros:
Procedimentos para identificação, manutenção e disposição dos registros ambientais.

- Auditoria do SGA:
Programa e procedimentos para auditorias periódicas do SGA para determinar:

 Se o SGA está em conformidade com o que foi planejado e com a norma ISO 14001;
 Se o SGA foi implementado e é mantido;
 Para fornecer informações à alta direção.

e) Análise crítica pela alta direção:

A alta administração deve em intervalos por ela determinados, realizar análises críticas do
SGA para assegurar que o mesmo esteja sempre adequado e eficaz.

5.3 - VANTAGENS E DESVANTAGENS - ISO 14001

Vantagens:

- Abre um maior espaço no mercado, pois a empresa passa a apresentar um diferencial que
a torna mais competitiva;
- Remoção de barreiras alfandegárias;
- Ser voluntária;
- Permite criar uma nova consciência, promovendo um maior equilíbrio entre a proteção
ambiental e atividades socioeconômicas;
- Permite que seja revisada e aprimorada em intervalos de tempos o que contribui para
adaptar-se à realidade e ao nível de elaboração de normas;
- É uma norma que não é restritiva, ou seja, foi redigida a aplicar-se a organizações de todos
os tipos e portes e, para adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais;
- Atendimento à legislação ambiental.

Desvantagens por não ser certificado pela ISO 14001:

- Alvo permanente dos órgãos ambientais; inclusive Multas/ Notificações;


- Maior exposição a riscos e impactos ambientais;
- Risco de perda de mercado;
- Desequilíbrio socioeconômico/ ambiental;
- Maior gasto com o meio ambiente, tendo em vista o conceito atual de Poluidor-Pagador.

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Gestão da Qualidade Ambiental

AULA 6 - GESTÃO AMBIENTAL GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

6.1 - INTRODUÇÃO

É importante, antes de começarmos falar sobre a problemática dos resíduos, ressaltar que
existe diferença entre RESÍDUO e LIXO e apresentar as suas definições.

O RESÍDUO é qualquer material que sobra após uma ação ou processo produtivo. Diversos
tipos de resíduos (sólidos, líquidos e gasosos) são gerados nos processo de extração de recursos
naturais, transformação, fabricação ou consumo de produtos e serviços. Esses resíduos passam a
ser descartados e acumulados no meio ambiente causando não somente problemas de poluição,
como caracterizando um desperdício da matéria prima originalmente utilizada. O RESÍDUO SÓLIDO
é oriundo de: residências, estabelecimentos comerciais, indústrias, hospitais e urbano.

O LIXO é definido como qualquer coisa que seu proprietário não quer mais e que não
possui valor comercial. Se o material não tiver nenhuma possibilidade de se reintegrar na cadeia
produtiva, ou seja, não tiver nenhum consumidor em potencial.

Todo ser vivo interage com seu ambiente e produz resíduos. Tais resíduos podem estar na
forma de matéria ou energia. A menos que o ambiente possa dispô-los convenientemente, eles
poderão interferir no ciclo vital. De modo que a presença, o lançamento ou a liberação nas águas,
no ar ou no solo de toda e qualquer forma de matéria ou energia, com intensidade, quantidade,
concentração ou características em desacordo com os padrões de qualidade ambiental
estabelecidos legalmente, provocando assim, interferência prejudicial aos usos preponderantes
das águas, do ar e do solo. Estará ocorrendo o que pode se definir como poluição ambiental.

AULA 7 - GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

O gerenciamento é a atividade associada ao controle da geração, acondicionamento,


estocagem, coleta, transferência, transporte, processamento e disposição de resíduos sólidos, de
acordo com os princípios de saúde pública, econômicos, de engenharia, de conservação, estéticos
e de proteção ao meio ambiente.(CONAMA – Resolução nº 5, de 05 de agosto de 1993. Resíduos
sólidos)

Segundo a Constituição Federal, o município tem a competência legal para organizar,


administrar e prestar serviços públicos de interesse local. Assim, as Prefeituras Municipais têm a
responsabilidade de efetuar a limpeza das vias e logradouros públicos, assim como realizar a
coleta e destinação dos resíduos domésticos e de outros resíduos. Contudo, a própria legislação
federal, e em alguns casos a legislação estadual, prevê situações em que a responsabilidade pela
destinação final dos resíduos fica a cargo do gerador. Para os casos omissos, o município pode
criar legislação específica, definindo a responsabilidade pela gestão dos resíduos gerados.

O maior nível de exigência para o atendimento aos requisitos legais está levando o gerador
a criar procedimentos para tratar o seu resíduo, tornando-se necessário lidar com o resíduo como
uma parte integrante do processo.

O gerenciamento de resíduos preconiza o controle de desperdício, definindo como ATO DE


ESBANJAR, DE CONSUMIR MAIS DO QUE O NECESSÁRIO, que contribui para o aumento na geração
de resíduos sólidos.
ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 28
Gestão da Qualidade Ambiental

Esta definição esclarece a primeira forma de trabalho no trato do resíduo, ou seja,


devemos conhecer a fundo o nosso processo, de modo que possamos interagir no seu
rendimento, evitando a geração de subprodutos indesejáveis.

Estes estudos devem enfocar a diminuição do volume e/ou toxicidade, tanto quanto
possível, dos resíduos gerados, tratados ou dispostos. Devendo incluir qualquer atividade de
redução do consumo e desperdício na fonte, reuso ou reciclagem de materiais descartados.

ANOTAÇÕES
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Esquema.03
Hierarquia do Gerenciamento Ambiental

El i mi n a çã o/ Re duçã o de uso d e


matérias primas de materiais tóxicos. A LTA
M e l h o r i a n o s p r o ce d i m e n t o s
operacionais e na aquisição e estoque
de materiais.
Redução
Uso eficiente dos insumos (água ,
na Fonte energia, matérias primas,etc.)
Reuso/ reciclagem dentro do processo.
Minimização Adoção de tecnologias limpas.
de M e l hor i a do pl a ne j a me nto dos
Recursos produtos, dentre outros.

Vantagem
Reciclagem / Reuso Fora do Processo Ambiental Relativa

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TRATAMENTO

Medidas
de DISPOSIÇÃO FINAL
Controle
BAI X A
Gestão da Qualidade Ambiental

30
Gestão da Qualidade Ambiental

7.1 – A MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS

A estratégia de redução ou eliminação de resíduos ou poluentes na fonte geradora consiste


no desenvolvimento de ações que promovam a redução de desperdícios, a conservação de
recursos naturais, a redução ou eliminação de substâncias tóxicas (presentes em matérias-primas
ou produtos auxiliares), a redução da quantidade de resíduos gerados por processos e produtos, e
consequentemente, a redução de poluentes lançados para o ar, solo e águas.

Para implantação de um programa de minimização de resíduos deve-se, primeiramente


realizar estudos para conhecimento e entendimento de todas as etapas do processamento
industrial, acompanhados de auditorias ambientais. A implantação deste programa trará diversos
benefícios ambientais e gerenciais, como redução de custos de destinação e a obtenção de
receitas, provenientes da comercialização dos produtos obtidos, com os novos procedimentos
implantados na indústria. Apesar da importância de um programa de minimização de resíduos, a
legislação ambiental brasileira não prevê, ainda, obrigatoriedade de implantação destes
programas pelas indústrias.

As medidas recomendadas para a minimização vão desde atividades a nível organizacional,


como o treinamento de pessoal, até alterações de caráter técnico, como a substituição de
matéria-prima. O programa de minimização de resíduos pode ser feito de três formas:

a) Redução na fonte;
b) Reaproveitamento;
c) Reciclagem.

Qualquer ação, segundo a filosofia moderna, que promova a redução ou eliminação de


poluentes na fonte geradora deve sempre ser priorizada dentro da hierarquia de gerenciamento
ambiental, como é demonstrado no esquema 03.

MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS: Inclui qualquer prática, ambientalmente segura, de redução na


fonte, reuso, reciclagem e recuperação de materiais e/ou do conteúdo energético dos resíduos,
visando reduzir a quantidade ou volume dos resíduos a serem tratados e adequadamente
dispostos.

REDUÇÃO NA FONTE: É o processo de maior importância, porém interfere no processo produtivo.


Pode-se reduzir ou mesmo eliminar a geração de um resíduo por meio de modificações em
diferentes fases do processo.

PRODUÇÃO MAIS LIMPA: É a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva


integrada aos processos produtos e serviços para aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos ao
homem e ao meio ambiente. Aplica-se a:

Processos Produtivos: conservação de matérias-primas e energia, eliminação de matérias-


primas tóxicas e redução da quantidade e toxicidade dos resíduos e emissões;

Produtos: redução dos impactos negativos ao longo do ciclo de vida de um produto desde
a extração de matérias-primas até a sua disposição final; Serviços: incorporação das preocupações
ambientais no planejamento e entrega dos serviços.

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Gestão da Qualidade Ambiental

A Produção mais Limpa requer mudanças de atitude, garantia de gerenciamento ambiental


responsável, criação de políticas nacionais direcionadas e avaliação de alternativas tecnológicas.

PREVENÇÃO À POLUIÇÃO OU REDUÇÃO NA FONTE: Refere-se a qualquer prática, processo,


técnica ou tecnologia que vise à redução ou eliminação em volume, concentração e/ou toxicidade
dos resíduos na fonte geradora. Inclui modificações nos equipamentos, nos processos ou
procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos, substituição de matéria-prima e
melhorias nos gerenciamentos administrativos e técnicos da entidade/empresa, resultando em
aumento de eficiência no uso dos insumos (matérias-primas, energia, água, etc).

As práticas de reciclagem fora do processo, tratamento e disposição dos resíduos gerados,


não são consideradas atividades de Prevenção à Poluição, uma vez que não implicam na redução
da quantidade de resíduos e/ou poluentes na fonte geradora, mas atuam de forma corretiva sobre
os efeitos e as consequências oriundas do resíduo gerado. (USEPA, 1990).

REUSO: é qualquer prática ou técnica que permite a reutilização do resíduo, sem que o mesmo
seja submetido a um tratamento que altere as suas características físico-químicas.

AULA 8 - FINALIDADES DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS

 Aproveitar os resíduos gerados na forma mais otimizada possível, seja pelo gerador ou por
terceiros;
 Implementar sistemas de gestão de resíduos;
 Obtenção de licenças e certificações ambientais;
 Atuar preventivamente para reduzir a poluição provocada;
 Reduzir os custos de tratamento dos resíduos gerados.

8.1 – METODOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS:

 Sensibilização;
 Preparar plano de ação para: coleta, manuseio e armazenamento;
 Ações de medição, monitoramento e avaliação de desempenho;
 Revisões críticas.

AULA 9 – PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

 Inventário de resíduos;
 Segregação;
 Acondicionamento;
 Transporte;
 Armazenamento;
 Destinação final;
 Procedimentos de emergência;
 Treinamento.

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AULA 10 - DEFINIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Conforme definido pela NBR-10.004 (em anexo – Legislação) e citado na Resolução


CONAMA Nº 5, de 05 de agosto de 1993, temos:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de comunidade de


origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamentos de água, aqueles
gerados em equipamentos, instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos
cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos
d’água, ou exijam para isso soluções técnicas economicamente inviáveis, em face à melhor
tecnologia disponível.

10.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

Alguns autores adotam metodologias próprias de classificação de resíduos sólidos. Uma


das classificações é baseada na origem do resíduos, como demonstrado a seguir:

Residencial ou domiciliar: conhecido como lixo doméstico, constituído por restos de


alimentos, invólucros, papéis, papelão, plásticos, vidros, trapos, papel higiênico, fraldas
descartáveis, etc.

Comercial: proveniente de estabelecimentos comerciais tais como lojas, lanchonetes,


restaurantes, escritórios, hotéis, bancos, etc., constituído principalmente por papéis, papelão,
restos de alimentos, embalagens de madeira, resíduos de lavagens, sabões, papéis toalha, papel
higiênico, etc.

Industrial: resultante de atividades industriais. É bastante diversificado, sendo formado por


cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal,
escórias, vidros, cerâmicas, etc. Engloba a grande maioria do lixo considerado tóxico.

Resíduos de serviço de saúde: divididos em duas categorias

 Resíduos comuns: restos de alimentos, papéis, papelão, invólucros, etc;


 Resíduos especiais ou sépticos: oriundos de sala de cirurgias, áreas de internação e
isolamento, farmácias, postos de saúde, clínicas odontológicas, médicas, veterinárias e
outros. São compostos por agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos
removidos, meios de cultura, animais usados em testes, sangue coagulado, luvas
descartáveis, remédios descartados, instrumentos de resina sintética, filmes de raio x, etc.

Especial: resíduos cuja geração é intermitente, como: veículos abandonados, podas de


jardins e praças, mobiliário, animais mortos, descargas clandestinas, etc.

Radioativo: derivados de fontes radioativas de metais como césio e urânio. No Brasil, o


manuseio (coleta, transporte e destinação) destes resíduos está normatizado pelo CNEN
(Comissão Nacional de Energia Nuclear).

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Gestão da Qualidade Ambiental

Público: gerados nos serviços de limpeza urbana tais com varrição de vias públicas,
limpezas de praias, de galerias, de córregos e terrenos baldios, podas de árvores e limpeza de
áreas de feiras livres, compostos por restos de vegetais diversos e embalagens.

Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: são os resíduos sépticos que


contêm ou podem conter microrganismos patogênicos, trazidos aos portos, terminais rodoviários
e aeroportos, constituídos por material de higiene pessoal e restos de alimentos. Os resíduos
assépticos destes locais também são considerados domiciliares.

Agrícola: originado nas atividades agrícolas e da pecuária, sendo constituído basicamente


por embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc.

Entulho: originado na construção civil, demolições e restos de obra, escavações, etc. É


considerado material inerte.

Outros: resíduos que não se enquadram nas categorias anteriores e aqueles provenientes
de serviços de varrição de logradouros públicos, da limpeza das galerias e bocas de lobo (bueiro).

Devido a necessidade da definição de critérios e diretrizes unificadas para o gerenciamento


de resíduos sólidos gerados por atividades poluidoras, a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) edificou um conjunto de normas para padronizar em nível nacional a classificação de
resíduos, possibilitando aos geradores destes, a adoção de técnicas adequadas para a disposição
intermediária e final, minimizando os seus riscos ambientais.

Essas normas são as seguintes:

NORMA NBR 10.004 – Resíduos Sólidos – Classificação


 Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde
pública, para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequados.

NORMA NBR 10.005 – Lixiviação dos Resíduos– Procedimento


 Fixa as condições exigíveis para a Lixiviação dos resíduos tendo em vista a sua classificação.

NORMA NBR 10.006 – Solubilização dos Resíduos– Procedimento


 Fixa as condições exigíveis para diferenciar os resíduos das Classes II e III. Aplica-se
somente para resíduos no estado sólido.

NORMA NBR 10.007 – Amostragem dos Resíduos– Procedimento


 Fixa as condições exigíveis para amostragem de resíduos, visando manter as suas
características para a classificação.

De acordo com a NORMA NBR –10.004, os resíduos são classificados em função de suas
propriedades físicas, químicas e ou infectocontagiosas, e na concentração de contaminantes
presentes em sua massa que causem riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. Estes
critérios classificam os resíduos em três classes:

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- RESÍDUOS CLASSE I – PERIGOSOS

- RESÍDUOS CLASSE II – NÃO INERTES

- RESÍDUOS CLASSE III – INERTES

Obs.: Os resíduos radioativos não são classificados pela NBR 10.004, pois estes resíduos são de
competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
As características que conferem periculosidade a um resíduo são:

- Inflamabilidade: podem entrar em combustão facilmente face a exposição de fonte ígnea


ou até mesmo espontaneamente;

- Corrosividade: atacam os materiais e organismos em função de suas características ácidas


ou básicas intensas;

- Reatividade: reagem com outras substâncias podendo liberar calor, energia ou formar
substâncias tóxicas, corrosivas ou inflamáveis;

- Toxicidade: agem sobre os organismos vivos, causando danos as suas estruturas;

- Patogenicidade: caso contenham microrganismos ou toxinas capazes de produzir doenças.

Com base nisso, tem-se:

RESÍDUOS CLASSE I – PERIGOSOS:

Resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que, em função de suas características de


inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar risco à
saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de
doenças; e apresentarem efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou destinados
de forma inadequada; (não se incluem neste item os resíduos sólidos domiciliares e aqueles
gerados nas estações de tratamento de esgotos domésticos)

Ex.: Lixo hospitalar; tintas; solventes; amianto; lâmpadas fluorescentes; óleo lubrificante usado;
graxas; latas de lubrificantes vazias; frascos plásticos de amostras de combustíveis; tambores;
bombonas; resíduos oleosos; resíduos de laboratório; borra do SAO; borra de tanques; trapos /
estopa usada; areia e terra contaminadas por óleo; baterias; filtros de combustíveis e produtos
químicos; PCB´s; embalagens contaminadas com produtos perigosos.

RESÍDUOS CLASSE II – NÃO INERTES

São aqueles que não se enquadram nas classificações de Resíduos Classe I – perigosos ou
de resíduos Classe III – inertes, podendo ter propriedades como: combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Ex.: Sobras de alimentos; lixo doméstico; silicato de cálcio.

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RESÍDUOS CLASSE III – INERTES

Resíduo sólido ou mistura de resíduo que, ao ser submetido ao teste de solubilidade,


proposta na norma NBR 10.006, não tiveram nenhum de seus constituintes solubilizados, em
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, conforme definidos na listagem nº
8 da NBR 10.004. Como por exemplo, podemos citar rochas, tijolos, vidros, alguns plásticos e
borrachas que não se decompõem prontamente.

Ex: Madeira; rochas; terra; plásticos; polímeros; sucatas metálicas; vidros; papel/papelão.

AULA 11 – TRANSPORTE DE RESÍDUOS:

O transporte é o conjunto de operações que possui a função de remover os resíduos


sólidos das fontes geradoras, como domicílios, estabelecimentos comerciais, institucionais e
indústrias.

Transporte de lixo urbano

Coletores:
Funcionários da limpeza pública, ou garis, que atuam na coleta dos resíduos nas fontes
geradoras. Eventualmente o termo coletores é também empregado para designar os recipientes
para descarte de resíduos, como cestos, lixeiras, caçambas e containers.

Referências Normativas:
NBR –9191 – Sacos plásticos para acondicionamento do lixo – classificação
NBR –12980 – Coleta, varrição e acondicionamento de resíduos sólidos urbanos
NBR –13332 – Coletor - compactador de resíduos sólidos e seus principais componentes
NBR –13333 – Caçamba estacionária de 0,8 m3, 1,2 m3e 1,6 m3para a coleta de resíduos sólidos
por coletores-compactadores de carregamento traseiro.
NBR –13334 – Caçamba estacionária de 0,8 m3, 1,2 m3e 1,6 m3para a coleta de resíduos sólidos
por coletores-compactadores de carregamento traseiro - Dimensões
NBR –13463 – Coleta de resíduos sólidos

Transporte de resíduos de fontes específicas

Os resíduos considerados perigosos para o transporte são classificados pela Portaria 204 do
Ministério dos Transportes e/ ou pela Classe I da NBR 10.004. Estes resíduos serão transportados
para fins de disposição final, reciclagem, reprocessamento, eliminação por incineração,
coprocessamento ou outro método de disposição.

Referências Normativas:
PORTARIA 204 do Ministério dos Transportes de 20 de maio de 1997
DECRETO Nº 96.044 – Aprova o regulamento para o transporte de produtos perigosos
NBR –7500 – Símbolos e risco e manuseio para transporte e armazenamento de materiais.
NBR –7501 – Transporte de produtos perigosos (terminologia).
NBR –7503 – Ficha de emergência para o transporte de produtos perigosos.
NBR –7504 – Envelope para transporte de produtos perigosos.
NBR –8285 – Preenchimento da ficha de emergência para transporte de produtos perigosos.

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Gestão da Qualidade Ambiental

NBR –8286 – Emprego sinalizado nas unidades de transporte e de rótulos nas embalagens de
produtos perigosos.
NBR –9734 – Conjunto de equipamentos de proteção individual para avaliação de emergência e
fuga no transporte rodoviário de produtos perigosos.
NBR –9735 – Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário de produtos
perigosos.
NBR –12710 – Proteção contra incêndio por extintores, no transporte rodoviário de produtos
perigosos.
NBR –13095 – Instalação e fixação de extintores de incêndio para carga, no transporte rodoviário
de produtos perigosos.
NBR –13221 – Transporte de resíduos
NBR –14619 – Transportes de Produtos Perigosos – Incompatibilidade química

11.1 – ACONDICIONAMENTO

No acondicionamento do resíduo é importante observar as características de


periculosidade, pois esta será determinante na escolha do material da embalagem. A
incompatibilidade química que pode gerar reatividade das substâncias causará deformações e
fragilização da estrutura propiciando vazamentos. Assim como sua volatilidade, que pode causar
risco de incêndio, quando inflamável, ou contaminação quando tóxico ou patogênico (NBR 14619)

Os recipientes deverão estar claramente identificados tal como os resíduos, mesmo


quando estiver em estoque transitório. (NBR 7500 e NBR 8286)

Fig.01: Recipientes apropriados

AULA 12 - DESTINAÇÃO FINAL

Conjunto de técnicas e tecnologias que propiciam as melhores condições sanitárias,


estéticas, sociais e econômicas, de acordo com padrões de cada comunidade, para o tratamento e
disposição de resíduos sólidos.

Os sistemas de destinação final podem ser:

 Landfarming;
 Aterro Industrial;
 Coprocessamento em fornos de cimento;
 Incorporação em artefatos de cerâmica;

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Gestão da Qualidade Ambiental

 Incorporação em artefatos de cimento;


 Incineração;
 Tratamento de óleo;
 Reciclagem;
 Reutilização;
 Compostagem.

12.1 - RECICLAGEM

A reciclagem é o processo de transformação de materiais descartados, que envolve a


alteração das propriedades físicas destes materiais, aproveitando-se a matéria-prima neles
contida para a produção de novos objetos.

Dentre as diversas formas de tratamento e/ou destinação final de resíduos, sem dúvida, é a
reciclagem a maneira mais adequada, pois além de segura essa maneira de lidar com resíduos
contribui sobremaneira para a proteção ambiental, segurança das pessoas e redução dos custos.

Reaproveitar ao máximo os resíduos de forma com que estes possam minimizar os custos
da empresa, como uma medida de economia e para não que haja desperdícios. Por outro lado
diminui a quantidade de resíduo a ser gerada e tratada.

Para que a reciclagem seja eficiente é necessário que o material seja segregado de maneira
adequada. A reciclagem é o resultado de uma série de ações integradas de gerenciamento do lixo
para que se obtenha matéria-prima na manufatura de novos produtos.

a) Segregação de materiais:

A reciclagem pode trazer alguns benefícios:

 A diminuição do lixo a ser enviado para os aterros;


 Preservação dos recursos naturais;
 Economia de energia;
 Diminuição de impactos ambientais;
 Geração de empregos diretos e indiretos;

É importante salientar que só deve-se segregar materiais que existam demanda no


mercado para reciclagem.

Hoje em dia existem associações e empresas organizadas de acordo com o tipo de produto
fabricado. Há basicamente dois caminhos para a segregação de materiais:

 Coleta seletiva;
 Usina de lixo ou triagem.

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Gestão da Qualidade Ambiental

SIMBOLOGIA UTILIZADA
Alguns modelos de rotulagem para coleta de material para reciclagem.

Fig.02: Simbologia

Padrão de cores para coletores (de acordo com a Resolução CONAMA No 275/01):
AZUL – Papel
VERMELHO – Plástico
AMARELO – Metal
VERDE – Vidro

12.2 - COLETA SELETIVA

A coleta seletiva de lixo é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como


papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora. Estes
materiais, após um pré-beneficiamento, são então vendidos às indústrias recicladoras ou aos
sucateiros.

O sistema pode ser implantado em bairros residenciais, escolas, escritórios, centros


comerciais ou outros locais que facilitem a coleta de materiais recicláveis. Contudo, é importante
que o serviço de limpeza pública do município esteja integrado a este projeto, pois desta forma os
resultados serão mais expressivos.

Um programa de coleta seletiva deve ser parte de um sistema amplo de gestão integrada
do lixo sólido que contempla também a coleta regular, uma eventual segunda etapa de triagem e
finalmente a disposição final adequada.

A coleta seletiva não é uma atividade lucrativa de um ponto de vista de retorno imediato,
pois a receita obtida com a venda dos recicláveis não cobrirá as despesas extras do programa. No
entanto, é fundamental considerar os custos ambientais e os custos sociais, que podem ser
bastante reduzidos.

A coleta seletiva é parte integrante de um projeto de reciclagem, e quando bem gerenciada


contribuirá decisivamente para aumentar sua eficiência.

Vantagens ao implantar a coleta seletiva:

 Redução de custos com a disposição final do lixo;


 Aumento da vida útil de aterros sanitários;
 Diminuição de gastos com remediação de áreas degradadas pelo mal acondicionamento de
lixo (lixões);
 Educação / conscientização ambiental;
 Diminuição de gastos gerais com limpeza pública;
 Melhoria de condições ambientais e de saúde pública do município.

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Gestão da Qualidade Ambiental

 Geração de empregos diretos e indiretos, com instalação de novas indústrias recicladoras;


 Resgate social de indivíduos, através da criação de associações/cooperativas de catação.

Desvantagens ao implantar a coleta seletiva:

 Custo elevado, necessitando de apoio logístico para a coleta porta a porta;


 Necessidade de área disponível para triagem dos materiais;

12.3 - USINAS DE TRIAGEM

As usinas de Triagem são empregadas para a separação dos materiais recicláveis do lixo
proveniente da coleta e transporte usual. Conjuntamente com a Usina de Triagem, é comum
existir a compostagem da fração orgânica do lixo, com a retirada dos materiais reciclados o
restante é matéria orgânica.

Vantagens de uma Usina de Triagem

 Não altera o sistema convencional de coleta, apenas o caminhão passa na usina de triagem
ao invés de ir para o aterro;
 Possibilita o aproveitamento da fração orgânica (compostagem).

Desvantagens de uma Usina de Triagem

 Investimento inicial em equipamentos;


 Necessidade de corpo técnico especializado;
 O material separado não é de tão boa qualidade quanto o oriundo de coleta seletiva

12.4 - LIXÕES

É uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos municipais, que se


caracteriza pela simples descarga sobre o solo (em grandes terrenos a céu aberto), sem medidas
de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública.

Os resíduos assim lançados acarretam problemas à saúde pública, como proliferação de


vetores de doenças, geração de maus odores e, principalmente, poluição do solo e das águas
subterrâneas e superficiais, pela infiltração do chorume (líquido de cor preta, mau cheiroso e de
elevado potencial poluidor, produzido pela decomposição da matéria orgânica contida no lixo).

Acrescenta-se a esta situação o total descontrole dos tipos de resíduos recebidos nestes
locais, verificando-se até mesmo a disposição de dejetos originados de serviços da saúde e de
indústrias. Comumente, ainda, associam-se aos lixões a criação de animais a presença de pessoas
de baixa renda que encontram no lixo uma forma de sobrevivência (os catadores), que residem no
próprio local.

12.5 - ATERRO SANITÁRIO

Técnica de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, particularmente lixo


domiciliar, através de confinamento seguro em camadas cobertas com material inerte, geralmente

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Gestão da Qualidade Ambiental

solo, segundo normas específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde e à segurança,
minimizando os impactos ambientais.

Esta técnica utiliza-se dos princípios para confinar o lixo na menor área possível, reduzindo
o seu volume ao mínimo praticável, e para cobrir o lixo assim depositado com uma capa de terra
com frequência necessária, mas pelo menos ao fim de cada jornada.

No aterro sanitário há um monitoramento do aterro e de seu entorno, das condições


ambientais e geotécnicas, para garantir a observância de não perturbação do meio ambiente e
permitir imediatas providências quando alguma alteração ambiental for observada.

12.6 – ATERRO CONTROLADO

É uma técnica de disposição de resíduos sólidos municipais no solo, sem causar danos ou
riscos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Esse método utiliza
alguns princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada
de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.

Com essa técnica de disposição produz-se, em geral, poluição localizada. Assim não
havendo impermeabilização de base comprometendo a qualidade do solo e das águas
subterrâneas. Tampouco haveria sistema de tratamento de percolado (chorume mais água de
infiltração) ou extração e queima controlada dos gases gerados.

12.7 – ATERRO INDUSTRIAL

Aterro Industrial é um local de destinação final de resíduos sólidos produzidos por


indústrias.

A instalação de um aterro deste tipo é regido por legislação própria que tem por objetivo
diminuir os impactos ambientais. Para tanto, sistemas de impermeabilização, drenagem,
tratamento de gases e efluentes são imperativos.

Dependendo do local onde for instalado, caso haja lencóis hídricos próximos, o
monitoramento é exigido também.

A classificação é dada como classe I ou II, dependendo do tipo de resíduo.

O órgão responsável, no Brasil, pelo licenciamento e pela fiscalização dos serviços é o


Instituto Estadual de Meio Ambiente - IEMA do estado em que o aterro foi instalado. Normas
registradas na ABNT regem esse serviço e dão respaldo ao órgão público para aplicar a lei.

12.8 - COMPOSTAGEM

A compostagem é a decomposição aeróbia de matéria orgânica, que ocorre por ação de


agentes biológicos microbianos na presença de oxigênio e, portanto, precisa de condições físicas e
químicas adequadas para levar à formação de um produto de boa qualidade.
O processo de compostagem pode ocorrer por dois métodos:

- Método natural:

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Gestão da Qualidade Ambiental

A fração orgânica do lixo é levada para um pátio e disposta em pilhas de formato variável. A
aeração necessária para o desenvolvimento do processo de decomposição biológica é
conseguida por revolvimentos periódicos, com o auxílio de equipamento adequado. Tempo – 3
a 4 meses.

- Método acelerado:
A aeração é forçada por tubulações perfuradas, sobre as quais se colocam as pilhas de lixo, ou
em reatores, dentro dos quais são colocados os resíduos, avançando no sentido contrário ao
da corrente de ar. Após esse processo segue idêntico ao método natural. Tempo no reator – 4
dias. Tempo total de compostagem – 2 a 3 meses.

Fatores a serem observados na compostagem:

 Aeração – É necessária para a atividade biológica de forma a agilizar a decomposição. É


função da granulometria, da agregação e da umidade dos resíduos.
 Umidade – É aconselhável que a unidade se mantenha por volta de 50%. Se for muito
baixa a atividade biológica é reduzida, ser for muito elevada a aeração é prejudicada e
ocorre anaerobiose (CH4 e H2S);
 Temperatura – O processo tem início à temperatura ambiente, mas à medida que a ação
microbiana se intensifica com a aeração, a temperatura se eleva até atingir 55-60ºC, onde
permanente por um período. Esta fase, denominada termófila, é importante para a
eliminação de micróbios patogênicos e erva daninha.
 Nutrientes - A relação C/N desejável para o início da compostagem deve ser na ordem de
30/1 e o teor de N deve estar entre 1,2 e 1,5% ao longo do processo, parte do C é
transformada em gás CO2 e parte é usada para o crescimento microbiano como nitrogênio
orgânico e inorgânico.
 pH – O lixo domiciliar é acido, com pH na faixa de 4,5 a 5,5. O composto curado e
humidificado tem pH na ordem de 7,0 a 8,0.

O composto orgânico, produzido a partir de resíduos sólidos urbanos domiciliares,


pode apresentar características variáveis dependendo da composição da matéria orgânica
do lixo e da operação da usina de compostagem. O material comercializado como
fertilizante deve obedecer às especificações da legislação brasileira, do Ministério da
Agricultura.

 Vantagens da compostagem
 Redução de 50% do lixo destinado ao aterro;
 Economia da vida útil do aterro;
 Aproveitamento agrícola da matéria orgânica;
 Reciclagem de nutrientes para o solo;
 Processo ambientalmente seguro;
 Economia de tratamento de efluentes (chorume)

12.9 – INCINERAÇÃO

Processo de engenharia que emprega decomposição térmica via oxidação a alta


temperatura (em torno de 900ºC) para destruir a fração orgânica e reduzir o volume de um
resíduo. Este processo reduz em até 70% do peso e 90% do volume do lixo através da combustão
controlada, visando a disposição final do material remanescente, normalmente em aterro. É
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Gestão da Qualidade Ambiental

indicada para resíduos de unidade de saúde ou perigosos. É fundamental que haja grande
quantidade de materiais secos comburentes.

Ao incinerar os resíduos, o que acontece é uma mera mudança de estado (de sólidos e
pastosos a gasosos), e não o seu desaparecimento, podendo esta emissão de material particulado
e de gases (CO, etc) causar graves problemas de poluição atmosférica.

Os equipamentos de controle de poluição são parte integrante das usinas de incineração e,


obviamente, encarecem o tratamento, além de ocuparem grandes áreas.

Os remanescentes da incineração são gases (CO2, SO2, NS, OS), água, escórias (de 15 - 20%
do total constituída por metais ferrosos, cinzas, material incombustível). Além da disposição em
aterro, outra destinação adequada é sua reutilização como material de cobertura dos aterros
sanitários ou para correção do solo.

A incineração permite recuperação de energia: o vapor produzido a partir do resfriamento


dos gases de combustão é aproveitado para geração de energia elétrica, aquecimento industrial
ou calefação domiciliar. Trabalhando em conjunto com uma estação de tratamento de esgotos, a
incineração permite a secagem do lodo, evitando a disposição de matéria líquida.

É necessário que sejam controladas a temperatura (entre 800 e 1000ºC, de modo a se


obter a queima completa dos resíduos e a oxidação dos gases), a turbulência (com injeção de ar,
propiciando maior área de contato) e o tempo de permanência (que favorece a combustão
completa).

12.10 – COPROCESSAMENTO/INCORPORAÇÃO

O reaproveitamento consiste em reutilizar o resíduo com a mesma finalidade ou outra,


sempre de maneira minimizar o impacto ambiental.

O reaproveitamento de resíduos gerados na indústria, contendo elementos orgânicos ou


inorgânicos, como combustível na indústria de cimento, é uma tecnologia desenvolvida
recentemente.

O coprocessamento é a utilização do processo de fabricação de cimento para destinar


resíduos produzidos por outras indústrias. Uma das etapas do processo é a produção do clinquer.

CIMENTO
Como é feito?

Argila, calcário, areia e uma pequena quantidade de compostos contendo ferro são
aquecidos num forno robusto e de grande porte, à altas temperaturas, durante tempo suficiente
para reagirem quimicamente e se transformarem em pequenas bolas chamadas clínquer. O
clínquer é então misturado com gesso e moído formando um pó bastante fino, chamado cimento,
componente vital dos edifícios, estradas, casas e escritórios.

Porque as indústrias cimenteiras têm interesse no uso de resíduos industriais?

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Gestão da Qualidade Ambiental

Utilizando resíduos como insumo alternativo as indústrias cimenteiras obtêm uma redução
no consumo dos insumos tradicionais e combustíveis fósseis não renováveis (redução no uso de
recursos naturais), com uma grande redução nos custos de produção mantendo o preço
competitivo com os preços internacionais e mantendo os níveis de produção e de emprego.

O que acontece com os resíduos dentro do forno?

Todos os resíduos são compostos por materiais orgânicos e inorgânicos. A parte orgânica é
queimada, enquanto que a parte inorgânica, basicamente sílica e metais, passam a fazer parte do
cimento, ou são aprisionados por dispositivos de controle de poluição do ar.

A alta temperatura, a turbulência e o alto tempo de residência no forno provocam a


destruição de mais de 99,99% de todos os compostos orgânicos e fazem com que os compostos
inorgânicos, como os metais, que não são destruídos, reajam com a matéria-prima participando da
formação do clínquer. É importante frisar que as matérias-primas contêm os mesmos metais
encontrados nos resíduos. Para garantir que as emissões fiquem abaixo dos limites impostos pela
legislação ambiental e que não haja prejuízo da qualidade do cimento, a quantidade de resíduo
alimentada ao forno é cuidadosamente calculada.

Que tipos de resíduos podem ser utilizados como combustíveis?

Estudos minuciosos são feitos para que o aceite de resíduos que possam ser utilizados com
segurança (sem causar poluição) e que sejam compatíveis com o processo de fabricação do
cimento.

Resíduos como restos de solventes, tinta endurecida, borras de óleo, pneus velhos, etc.

CERÂMICA

Como no cimento o resíduo será misturado à massa da cerâmica, e posteriormente cozido


no forno queimando a matéria orgânica e incorporando a inorgânica no produto final (tijolos,
telhas, etc)

Há sérias limitações para incorporação de resíduos perigosos, devido ao controle de


emissões atmosféricas e periculosidade de manuseio de resíduos pelos operários principalmente
em pequenas olarias.

12.11 - LANDFARMING

São sistemas que utilizam as propriedades químicas, físicas e a intensa atividade


microbiana do solo para transformar, biodegradar, destoxificar os resíduos tratados, reduzindo os
riscos de contaminação no meio ambiente. Tem-se denominado em português Sistema de
Tratamento de Resíduos no Solo (STRS).

O tratamento é realizado aplicando os resíduos na superfície ou no interior da camada


superficial de solo (cerca de 15 a 20 cm) de forma controlada em células projetadas, sendo
necessária a aragem do solo periodicamente e um monitoramento do mesmo. É importante a
impermeabilização de fundo, utilizando argila de baixa permeabilidade e/ou manta sintética.

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Gestão da Qualidade Ambiental

Portanto, é recomendável a disposição sobre áreas que não tenham alta permeabilidade, ou
próximas de aquíferos importantes para abastecimento de água.

Os processos que ocorrem no landfarming são: biodegradação, volatilização, percolação,


lixiviação superficial.

Uma das grandes vantagens do sistema são os baixos custos de implantação e operação e a
desvantagem é a necessidade de grandes áreas.

A utilização deste sistema no Brasil é recente, tendo sido iniciada a sua utilização pela
indústria do petróleo. São os resíduos oriundos de refinarias e terminais, de limpeza de tanques,
separadores água-óleo, bacias de tanques e equipamentos.

12.12 - REUTILIZAÇÃO

Intuitivamente desenvolvida para a coleta seletiva no processo de Reciclagem, pela


separação manual do material que ainda agrega valor, atribuindo a este uma sobrevida. É método
que melhor se adequa à política da redução do desperdício, pois quando desenvolvida no
processo fabril, possibilita o retorno a linha de produção, um subproduto que possivelmente seria
uma despesa para destinação ou um reaproveitamento menos nobre. Baseado em ações simples,
como limpeza, lavagem, reclassificação ou qualquer outra utilização dentro do processo.

12.13 PLASMA

Quando um gás é aquecido a temperaturas elevadas há mudanças significativas em suas


propriedades. A cerca de 2000ºC, as moléculas do gás começam a se dissociar em estado atômico.
A 3000ºC, os átomos são ionizados pela perda de parte dos elétrons.

Este gás ionizado é chamado de plasma. O gás sob o estado de plasma apresenta boa
condutividade elétrica e alta viscosidade quando comparado a um gás no estado normal. Um
gerador de plasma (tocha de plasma) é um dispositivo que transforma energia elétrica em calor
transportado por um gás.

Os processos conhecidos de plasma térmico que estão em uso ou desenvolvidos em vias de


comercialização são: recobrimento físico e químico a plasma; síntese de pós-finos; decomposição
a plasma; metalurgia a plasma; densificação de refratários e outros materiais, além das conhecidas
máquinas de corte a plasma. Dessas tecnologias a única de interesse ambiental é a decomposição
a plasma.

Os principais atrativos do uso de plasma na decomposição térmica de substâncias são:

 Pirólise completa da substância orgânica, assim como funde e pode vitrificar certos
resíduos inorgânicos;
 Alta densidade de energia possibilita a construção de reatores de menores dimensões para
mesmas capacidades, também favorece a construção de equipamento móvel;
 Favorece a pirólise de substâncias sensíveis a radiação ultravioleta, como os
organoclorados.

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Gestão da Qualidade Ambiental

AULA 13 - ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

13.1 - IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

IMPORTÂNCIA / DEFINIÇÃO:

A identificação dos Aspectos ambientais tem como objetivo a obtenção dos respectivos
Impactos ambientais das atividades, dos produtos e/ou dos serviços de uma determinada
organização.

O levantamento dos Impactos ambientais significativos representa a base para a


implantação de um Sistema de Gerenciamento ambiental (SGA), visto que a partir deste
levantamento surgem o plano de objetivos e metas ambientais, os procedimentos de controle
operacional e as medidas de desempenho ambiental da organização. Desta forma, a
identificação dos aspectos ambientais é de grande relevância para o SGA.

13.2 - DEFINIÇÕES:

Aspecto ambiental: componente das atividades, produtos e serviços de uma organização


que venha a interagir com o meio ambiente.

Impacto ambiental: qualquer mudança no meio ambiente, seja ela adversa ou benéfica, e
que resulte, total ou parcialmente, das atividades, produtos e serviços da organização.

Impacto ambiental significativo: todo impacto ambiental considerado crítico para a


organização.

Aspecto ambiental significativo: todo aspecto ambiental que tem ou pode ter um impacto
ambiental significativo.

13.3 - QUANDO REALIZAR UM LEVANTAMENTO DE ASPECTOS/IMPACTOS AMBIENTAIS

 Na implantação do SGA;
 Nas modificações dos processos, produtos e serviços de organizações que já possuem um
SGA;
 Nas alterações da legislação ambiental;
 Exigência das partes interessadas.

13.4 - CLASSIFICAÇÃO

O levantamento de aspectos / impactos deve ser realizado considerando a seguinte


classificação:

1- Natureza

1-1 – Característica de valor:

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 Impacto positivo ou benéfico – quando a ação resulta na melhoria da qualidade de um


fator ou parâmetro ambiental.
 Impacto negativo ou adverso – quando a ação resulta em um dano à qualidade de um
fator ou parâmetro ambiental.

1-2 – Característica de ordem:

 Impacto direto – resultado de uma simples relação de causa e efeito.


 Impacto indireto – resultante de uma reação secundária em relação à ação, ou quando é
parte de uma cadeia de reações.

1-3 – Impacto cumulativo: resultante de um processo de acumulação, normalmente lento, de


efeitos pequenos.

1-4 – Impacto sinergético: resultante de dois ou mais impactos, cujo efeito é superior a
simples soma dos impactos originais.

2- Característica espacial:

2-1 – Impacto local: quando a ação afeta apenas o próprio sítio e suas imediações.

2-2 – Impacto regional: quando o impacto se faz sentir além das imediações do sítio onde se
dá a ação (área de influência direta do projeto). A Resolução CONAMA define todo e qualquer
impacto ambiental que afete diretamente no todo ou em parte, o território de dois ou mais
estados.

2-3 – Impacto estratégico: quando o componente ambiental afetado tem relevante interesse
coletivo ou nacional.

3- Característica temporal:

3-1 – Impacto imediato: quando o efeito surge no instante em que se dá a ação.


3-2 – Impacto a médio ou longo prazo: quando o impacto se manifesta certo tempo após a
ação.

4- Duração:

4-1 – Impacto temporário – quando seus efeitos têm duração determinada.


4-2 – Impacto permanente – quando, uma vez executada a ação, os efeitos não cessam de se
manifestar num horizonte temporal conhecido.
4-3 – Impacto cíclico – quando o efeito se manifesta em intervalos de tempo determinados.

5- Característica de reversibilidade:

5-1 – Impacto reversível – quando o fator ou parâmetro ambiental afetado, cessada a ação,
retorna as suas condições originais.
5-2 – Impacto irreversível – quando uma vez ocorrida a ação, o fator ou parâmetro ambiental
afetado não retorna a suas condições originais em um prazo previsível.

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Gestão da Qualidade Ambiental

6- Magnitude e importância de um impacto:

Magnitude: pode ser classificada em alta, média e baixa. Para a avaliação da magnitude
podem ser consideradas a quantidade envolvida, a toxicidade associada, a gravidade da
consequência, etc.

Importância/significação de um impacto – ponderação do grau de significação de um


impacto, tanto em relação ao fator ambiental afetado quanto aos outros impactos.

13.5 SELEÇÃO DE UMA ATIVIDADE, PRODUTO OU SERVIÇO

A seleção da atividade, produto ou serviço deve ser criteriosa, de tal modo que sua
abrangência seja suficientemente grande e genérica para ter significado e suficientemente
pequena e detalhada para ser compreendida. É recomendável que disponha-se de uma lista de
atividades, produtos e serviços a serem considerados para o levantamento de aspectos e impactos
ambientais.

AULA 14 - LEVANTAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

Nesta etapa, devem ser levantados os impactos ambientais reais e potenciais, positivos
e negativos, relativos a cada aspecto ambiental levantado.

Os impactos ambientais mais comuns são:

 Alteração da qualidade do ar;


 Ocupação de áreas em aterros de resíduos;
 Contaminação do solo;
 Alteração da qualidade das águas dos rios;
 Esgotamento de recursos.

14.1 AS TÉCNICAS DE LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

Ferramentas (Brainstorming, reuniões de trabalho, check lists, fluxogramas e balanços de


massa).

AULA 15 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

15.1 INTRODUÇÃO

Do ponto de vista puramente legislativo, o nosso país encontra-se em uma posição que não
é de todo ruim, sendo certo que, em muitos aspectos, o nosso arcabouço legislativo é mais bem
estruturado do que o de muitos países do chamado primeiro mundo. Possuímos uma base legal
mínima capaz de assegurar a proteção ao meio ambiente.

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Gestão da Qualidade Ambiental

A Lei Fundamental de 1988, naquilo que diz respeito ao meio ambiente e à sua proteção
jurídica, trouxe uma imensa novidade em relação àquelas que a antecederam. Além de ser dotada
de um capítulo próprio para as questões ambientais, a Constituição Federal trata das obrigações
da sociedade e do Estado brasileiro para com o meio ambiente ao longo de diversos outros
artigos.

O artigo 225 da Constituição Federal brasileira estabelece que:


Art.225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

O direito estabelecido pelo artigo 225 é bastante complexo e possui uma enorme gama de
implicações em sua concepção mais profunda. Para a conceituação do conteúdo deste direito, são
necessários diversos recursos e conhecimentos que não são jurídicos. Configura-se, assim, a
interdisciplinariedade da matéria ambiental.

O Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA é o conjunto de órgãos e instituições


que, no nível federal, estadual e municipal, são encarregados da proteção ao meio ambiente,
conforme definido pela Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a política nacional
do meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. A Lei da Política Nacional
do Meio Ambiente estruturou o SISNAMA em sete níveis político-administrativos. Os órgãos
formadores do Sistema Nacional do Meio Ambiente são:

a) Órgão Superior: o Conselho de Governo;


b) Órgão Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA;
c) Órgão Central: o Ministério do Meio Ambiente;
d) Órgão Executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA;
e) Órgãos Setoriais: órgãos da Administração Federal, direta ou indireta, voltados para a
proteção ambiental ou disciplinamento de atividades que utilizam recursos ambientais.
f) Órgãos Seccionais: órgãos ou entidades estaduais responsáveis por programas ambientais
ou pela fiscalização de atividades que utilizam recursos ambientais.
g) Órgãos Locais: as entidades municipais responsáveis por programas ambientais ou
responsáveis pela fiscalização de atividades que utilizam recursos ambientais.

A PNMA tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental


propícia à vida, visando assegurar ao País, condições de desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, conforme o
estabelecido pelo artigo segundo da referida lei.

Dentre todos os mecanismos de controle dispostos o mais importante é, sem dúvida


alguma, o licenciamento ambiental. Toda atividade humana que interfira com as condições
ambientais está submetida ao controle do Estado e deve passar pelo sistema de licenciamento.

Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras
ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as
disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

ETESES- Escola Técnica do Espírito Santo 49


Gestão da Qualidade Ambiental

O licenciamento de atividades potencialmente poluidoras é tarefa tipicamente


administrativa e, desta forma, essencialmente sujeita às regras gerais do Direito Administrativo e,
evidentemente, às normas especiais do Direito Ambiental. Neste ponto, deve-se lembrar que o
processo de licenciamento deve ser precedido pelo Estudo de Impacto Ambiental – EIA, e seu
respectivo Relatório de Impacto no Meio Ambiente.

Diferentemente do que ocorre em muitos países, a obrigatoriedade do prévio estudo de


impacto ambiental é uma imposição Constitucional (CF.ART.225, 1°, IV). O principal documento
legal que, no âmbito federal, dispõe sobre o licenciamento ambiental é o Decreto n° 99.274, de 6
de junho de 1990 (Capítulo IV – Licenciamento das Atividades).

O principal agente licenciador das atividades potencialmente causadoras de degradação


ambiental é o órgão estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente, no Estado do
Espírito Santo esta atividade é realizada pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (IEMA).

O IBAMA exerce funções de caráter supletivo no licenciamento e na fiscalização.

A resolução CONAMA n° 237/97 indica as atividades ou empreendimentos sujeitos ao


licenciamento ambiental:

 Extração e tratamento de minerais;


 Indústria de produtos minerais não metálicos;
 Indústria metalúrgica;
 Indústria mecânica;
 Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações;
 Indústria de material de transporte;
 Indústria de madeira;
 Indústria de papel e celulose;
 Indústria de borracha;
 Indústria de couros e peles;
 Indústria química;
 Indústria de produtos de matéria plástica;
 Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos;
 Indústria de produtos alimentares e bebidas;
 Indústria de fumo;
 Indústrias diversas;
 Obras civis;
 Serviços de utilidade;
 Turismo;
 Transporte, terminais e depósitos;
 Atividades agropecuárias;
 Uso de recursos naturais.

As atividades ou empreendimentos citados na resolução CONAMA 237 devem seguir as


etapas de licenciamento prévio, seguido de licença para instalação, e, por fim, a obtenção da
licença de operação.

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Gestão da Qualidade Ambiental

 Licença Prévia (LP):


É concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando
sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos
básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. O prazo
de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de
elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não
podendo ser superior a 5 (cinco) anos.

 Licença de Instalação (LI):


Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações
constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante. O prazo de
validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma
de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos.

 Licença de Operação (LO):


Autoriza, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de
seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto na licença prévia e de
instalação. O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de
controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.

A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade
prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos estabelecidos. O órgão ambiental
competente poderá estabelecer prazos de validade específicos para a Licença de Operação (LO) de
empreendimentos ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a
encerramento ou modificação em prazos inferiores. Na renovação da Licença de Operação (LO) de
uma atividade ou empreendimento, o órgão ambiental competente poderá, mediante decisão
motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho
ambiental da atividade ou empreendimento no período de vigência anterior, respeitados os
limites estabelecidos.

O processo de licenciamento ambiental também possui grande importância internacional


na obtenção de financiamentos para projetos de desenvolvimento econômico.

Caberá ao CONAMA fixar os critérios básicos, segundo os quais serão exigidos estudos de
impacto ambiental para fins de licenciamento, contendo, entre outros, os seguintes itens:

a) diagnóstico ambiental da área;


b) descrição de ação proposta e suas alternativas e;
c) identificação, análise e previsão dos impactos significativos, positivos e negativos.

O estudo de impacto ambiental será realizado por técnicos habilitados e constituirá o


Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, correndo as despesas à conta do proponente do projeto.

Respeitada a matéria de sigilo industrial, assim expressamente caracterizada a pedido do


interessado, o RIMA, devidamente fundamentado, será acessível ao público.

A responsabilidade por danos e lesões ao meio ambiente é bastante ampla. Em primeiro


lugar, é de se ressaltar que os responsáveis podem ser:

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Gestão da Qualidade Ambiental

a) Pessoas físicas;
b) Pessoas jurídicas.

E a responsabilidade pode ser classificada de três formas:

a) penal;
b) administrativa;
c) civil.

Merece ser ressaltado que, no caso brasileiro, a responsabilidade ambiental é objetiva,


pois não esta fundada na culpa. Neste particular, a legislação brasileira está à frente de diversos
países europeus.

A responsabilidade penal daqueles que praticam atos contra o meio ambiente encontra
seu fundamento jurídico na própria Constituição da República Federativa do Brasil. Entretanto, a
Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, Lei de Crimes Ambientais, se apresenta como uma
tentativa de uma lei uniforme e única sobre o tema. Os conceitos básicos do Direito Penal
permanecem válidos e fundamentais para a responsabilização do autor do ilícito penal.

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Gestão da Qualidade Ambiental

ANEXOS

NOÇÕES DE ECOLOGIA

Conceitos:
Conjunto de conhecimentos relacionados com a economia da natureza - a investigação de todas as
relações entre o animal e seu ambiente orgânico e inorgânico, incluindo suas relações, amistosas
ou não, com as plantas e animais que tenham com ele contato direto ou indireto, - numa palavra,
ecologia é o estudo das complexas inter-relações, chamadas por Darwin de condições da luta pela
vida. Foi assim que Ernest Haeckel, em 1870, definiu ecologia.

Níveis de organização:

Conjunto de entidades, sejam elas genes, células, ou mesmo espécies, agrupadas em uma ordem
crescente de complexidade.

Genes-células-tecidos-órgãos-sistemas-espécies-populações-comunidades-
ecossitemas-biosfera

Espécie - Dois ou mais organismos são considerados da mesma espécie, quando podem se
reproduzir, originando descendentes férteis. Desta forma, fica claro que, a menos que haja a
intervenção humana, como no caso do jumento e da égua, naturalmente não ocorre reprodução
entre indivíduos de espécies diferentes.
Populações - São formadas por organismos da mesma espécie, isto é, um conjunto de organismos
que podem se reproduzir produzindo descendentes férteis.

Comunidades - Um conjunto de todas as populações, sejam elas de microrganismos, animais ou


vegetais existentes em uma determinada área, constituem uma comunidade; também se pode
utilizar o conceito de comunidade para designar grupos com uma maior afinidade separadamente,
como por exemplo, comunidade vegetal, animal, etc.

Fatores bióticos – Todos os componentes vivos de uma determinada região.

Fatores abióticos – É um conjunto formado por regime de chuvas, temperatura, luz, umidade,
minerais do solo enfim, toda parte não viva.

Ecossistemas - Em um determinado local, seja uma vegetação de cerrado, mata ciliar, caatinga,
mata atlântica ou floresta amazônica, a todas as relações dos organismos entre si, e com seu meio
ambiente, ou dito de outra forma, a todas as relações entre os fatores bióticos e abióticos em uma
determinada área, chamamos ecossistema.

Hábitat - Ambiente físico o qual ocorre(m) uma(s) determinada(s) espécie(s).

Ex: Hábitat do lobo guará é o Cerrado.

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Gestão da Qualidade Ambiental

Biosfera - A terra é composta por vários ecossistemas sejam eles aquáticos, terrestres ou até
mesmo aéreos. A soma de todos estes ecossistemas chamamos de biosfera. Portanto, a biosfera
seria a parte na qual ocorre vida no planeta e na qual a vida tem o poder de ação sobre o mesmo.

Mapa do Brasil mostrando os principais ecossistemas brasileiros

Fig.03:

Exemplos de ecossistemas: terrestres e aquáticos

Para uma melhor compreensão, pode-se inicialmente separar os ecossistemas em duas


categorias de acordo com o meio em que ocorrem: ecossistemas terrestres e aquáticos:

Tipos de ecossistemas terrestres:

 Florestais - Podem ser formados no Brasil por vegetação de cerrado, caatinga, matas
ciliares, mata atlântica e floresta amazônica; sendo caracterizados por apresentar uma
grande estratificação, ou seja, existem plantas e animais ocorrendo em diferentes alturas
(estratos);

 Campos e pastagens - Compostos principalmente por vegetação rasteira onde


predominam as gramíneas. A fauna por sua vez é caracterizada pelo predomínio de
animais herbívoros e granívoros (que se alimentam de grãos) tais como roedores (ratos),
pequenas aves e cervídeos (veados).

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Fig.04:Aspecto geral da vegetação de cerrado.

Fig.05: Aspecto do interior de mata-ciliar, ou floresta de galeria. Presente em rios e córregos.

Fig.06: Aspecto geral da Mata – Atlântica.

Dunas - No Brasil, não existem desertos, e sim dunas que ocorrem em algumas regiões (Sul e
Nordeste), e caracterizam-se por apresentarem solos arenosos, vegetação rasteira - porém
escassa - e uma fauna pouco diversificada.

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Fig.07: Aspecto geral das dunas.

Já em relação aos ecossistemas aquáticos, teríamos:


 Lagos - Aqui enquadram-se todos os ecossistemas de águas paradas, ou lênticos (de lenis,
calmo); além de lagos, temos também represas e tanques .

 Rios - Além dos rios, teríamos ainda riachos e mananciais; são chamados também de
lóticos (de lotus, lavado).

 Mares - Os mares são as regiões com a maior variedade de vida do planeta; pode parecer
surpreendente, mas nem as florestas tropicais igualam-se as regiões litorâneas que
também são chamadas de pelágicas.

 Oceanos - Os oceanos, são grandes (cobrem 70% da superfície terrestre), profundos e


contínuos, pois todos - Pacífico, Atlântico e Índico - são interligados; as principais
características destes ecossistemas estão relacionadas as correntes, provocadas pelos
ventos e a própria rotação da Terra, e também a salinidade;

Fig.08: Oceano Atlântico.


Existem também, uma série de regiões que não poderiam ser enquadradas nem como
ecossistemas aquáticos, e nem como terrestres. Seriam:
 Mangue - Trata-se de um ecossistema pantanoso, constantemente alagado com uma
vegetação arbustiva e uma fauna caracterizada pela grande presença de siris e
caranguejos. O mangue ocorre geralmente junto a desaguadouros de rios e/ou próximos a
praias.

 Paredões rochosos e praias - Ambos ecossistemas são fortemente influenciados pela água
do mar, seja através das marés, ou da pressão exercida pela água.

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 Brejos - Qualquer área que fique coberta por água doce, pelo menos em alguma época do
ano é considerado um alagado. Os brejos também são importantes, pois abrigam uma
grande variedade de espécies de aves e mamíferos aquáticos ou semi-aquáticos.

Fig.09: Brejos e Manguezais

POLUIÇÃO AMBIENTAL

Conceito: Emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, em quantidade superior à capacidade


de absorção do meio ambiente ou maior do que a quantidade existente no meio. Também é
causada pelo lançamento de substâncias que não existem na natureza, como os inseticidas. A
poluição interfere no equilíbrio ambiental e na vida dos animais e vegetais.

Tipos de poluição

Dependendo do elemento atingido, a poluição pode ser denominada de:

1. Poluição hídrica
Poluição da água é qualquer alteração de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, que
possa importar em prejuízo à saúde, à segurança e ao bem estar das populações, causar dano à
flora e à fauna, ou comprometer o seu uso para fins sociais e econômicos.

Quando se fala em poluição das águas, devem ser abrangidas não só as águas superficiais como
também as subterrâneas.

Fontes de poluição da água: resíduos urbanos, tanto os industriais quanto os rurais, que são
despejados voluntária ou involuntariamente.

Ex.: metais pesados como o cádmio e o mercúrio, o chumbo, nitratos e pesticidas.

Medidas preventivas: tratamento dos esgotos urbanos.

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Fig.10 e11

Fig.12-15

2. Poluição atmosférica

Para que se entenda melhor o que é poluição atmosférica, é de suma importância que se
conheça a composição normal do ar, que pode ter alguma variação de região para região.

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Composição do ar:

GÁS CONCENTRAÇÃO (porcentagem)


Nitrogênio (N2) 78,03
Oxigênio (O2) 20,99
Argônio (Ar) 0,94 ppm**
Dióxido de carbono (CO2) 340,0*
Neônio (Ne) 18,0
Hélio (He) 5,0
Metano (CH4) 1,5
Hidrogênio (H2) 0,5
Óxido de dinitrogênio (N2O) 0,3*
Dióxido de nitrogênio (NO2) 0,3*
Monóxido de nitrogênio (NO) 0,1*
Monóxido de carbono (CO) 0,1*
* concentração variável ** partes por milhão

Conceito de poluição do ar: “a modificação da sua composição química, seja pelo desequilíbrio
dos seus elementos constitutivos, seja pela presença de elemento químico estranho, que venha
causar prejuízo ao equilíbrio do meio ambiente e consequentemente à saúde dos seres vivos”.

A poluição do ar é classificada em:


- poluição pelos detritos industriais;
- poluição pelos pesticidas; e,
- poluição radioativa.

Fontes de poluição atmosférica são:


- fixas (indústrias, hotéis, lavanderias etc.)
- móveis (veículos automotores, aviões, navios trens etc.)

Fatores que causam a poluição do ar:


- fatores naturais: são aqueles que têm causas nas forças da natureza, como tempestades de
areia, queimadas provocadas por raios e as atividades vulcânicas.
- fatores artificiais: são aqueles causados pela atividade do homem, como a emissão de
combustíveis de automóveis, queima de combustíveis fósseis em geral, materiais radioativos,
queimadas etc.

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Poluentes mais comuns do ar e suas principais fontes:

Poluentes Principais fontes (precursores)


Hidrocarbonetos Emissões de veículos, refinarias de petróleo e vegetação
Usinas termoelétricas, fornos a carvão, metalúrgicas, vulcanização, indústria
Sulfetos
de fertilizantes e pântanos
Hidrocarbonetos
Pesticidas, lavanderias e propelentes de aerossóis
clorados
Combustões, olarias, usinas termoelétricas, refinarias de petróleo, usinas de
Dióxido de enxofre
ferro/aço, indústria de fertilizantes e plantas
Óxidos de nitrogênio Emissões de veículos, indústria de fertilizantes
Ácido nítrico Conversão do NO2
Monóxido de
Emissões de veículos e oxidação de terpenos (vegetação)
carbono
Dióxido de carbono Combustões em geral/emissões de veículos
Amônia Fábrica de fertilizantes e de amônia
Ozônio Na troposfera, principalmente: hidrocarbonetos + óxidos de nitrogênio + luz
Emissões de veículos, refinarias de petróleo, usinas a gás, geração de
Material particulado
eletricidade, incinerações-fábricas de cimento, cerâmicas, estufas e carvão,
(poeiras)
fornos e, entre outras, conversão gás-partícula
Fonte: O que é poluição química. Joel Arnaldo Pontin e Sergio Massaro. Ed. Brasiliense, 1993.

Consequências da poluição atmosférica:

- Chuva ácida : PH da precipitação inferior a 5.


Decorre da queimada de combustíveis fósseis, produzindo gás carbônico, formas oxidadas de
carbono, nitrogênio e enxofre. Esses gases, quando liberados para a atmosfera, podem ser tóxicos
para os organismos.

Principais danos: meio ambiente natural, séria ameaça ao patrimônio cultural da humanidade,
corroendo as obras talhadas em mármore.

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Fig.16-18

- Efeito estufa: fenômeno de elevação da temperatura média da Terra, que ocorre pelo aumento
considerável na concentração de gás carbônico na atmosfera, provocado principalmente pela
queima de combustíveis fósseis e desmatamentos, formando assim uma espécie de “coberta”
sobre a Terra impedindo a expansão do calor.
O crescente aumento do teor do gás carbônico na atmosfera faz com que a temperatura da Terra
esteja em constante crescimento, o que pode ocasionar grandes distúrbios climáticos.

- Diminuição da camada de ozônio:

Presença do ozônio: troposfera, camada da atmosfera em que vivemos, e também em zonas mais
altas da estratosfera, entre 12 e 50 km de altitude.

Função: proteger o planeta da incidência direta de grande parte dos raios ultravioleta, que é um
dos componentes da radiação solar.

Consequências de sua destruição:

- Graves doenças no ser humano, como câncer de pele, distúrbios cardíacos e pulmonares,
queimaduras, problemas de visão, etc;

- Derretimento de parte do gelo da calota polar, causando o superaquecimento do planeta.

Causas de sua diminuição:


Liberação de CFC (clorofluorcarbono), que é um gás não tóxico, inodoro, e quimicamente inerte,
usado em grande escala em refrigeradores e aparelhos de ar condicionado, espumas de plástico e
principalmente em sprays enlatados.

3. Poluição do solo:
A poluição do solo e do subsolo consiste na deposição, disposição, descarga, infiltração,
acumulação, injeção ou enterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos
poluentes, em estado sólido, líquido ou gasoso.
O solo é um recurso natural básico, constituindo um componente fundamental dos
ecossistemas e dos ciclos naturais, um reservatório de água, um suporte essencial do sistema
agrícola e um espaço para as atividades humanas e para os resíduos produzidos.

Degradação do solo por meio da:


- desertificação;
- utilização de tecnologias inadequadas;
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- falta de práticas de conservação de água no solo;


- destruição da cobertura vegetal.

Formas de contaminação: deposição de resíduos sólidos e líquidos, águas contaminadas,


efluentes sólidos e líquidos, efluentes provenientes de atividades agrícolas, etc.

Controle da qualidade do solo: envolve vários aspectos: produção agrícola ou pastoril, qualidade
dessa produção, planejamento urbano, conservação ou preservação de matas e florestas, etc.
Fig.19-20:

4. Poluição sonora:
É a produção de sons, ruídos ou vibrações em desacordo com as precauções legais, podendo
acarretar problemas auditivos irreversíveis, perturbar o sossego e a tranquilidade alheia.

Consequências: pode causar ainda mau humor, doenças cardíacas e, consequentemente, queda
na produtividade física e mental.

Principais causas: barulho de automóveis, aviões, obras, gritarias etc., podendo ser mais ou menos
nociva, conforme sua duração, repetição e intensidade (em decibéis).

Fontes de poluição sonora: bares, casas noturnas, trânsito intensos e corredores de tráfego,
excesso de barulho no ambiente de trabalho, ruídos acima das especificações produzidos por
eletrodomésticos

Limite tolerável pela OMS: 65 dB.

Acima de 85 dB (A) aumenta o risco de comprometimento auditivo.

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Fig.21-22

5. Poluição visual:
Trata-se da degradação do ambiente natural ou artificial que provoca incômodo visual.
O excesso de outdoors, propagandas, cartazes etc., faz com que a cidade fique visualmente
poluída, pois estes além de deixarem a cidade feia, ainda torna-a cada vez mais suja, devido aos
papéis que são jogados na rua.
Fig.23:

6. Poluição Luminosa
Uma das mais modernas formas de poluição é a poluição luminosa, caracterizada pelo excesso
de brilho artificial produzido pelo homem nos centros urbanos e que tem prejudicado as
condições de visibilidade noturna dos corpos celestes.

Fig.24

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7. Poluição radioativa

Radiação: é o efeito químico proveniente de ondas e energia calorífera, luminosa, etc.

Consequências: causa danos aos tecidos vivos, tendo como principais efeitos a leucemia,
tumores, queda de cabelo, diminuição da expectativa de vida, mutações genéticas, lesões a vários
órgãos, etc.

Tipos:
- substâncias radioativas naturais: são as substâncias que se encontram no subsolo, e que
acompanham alguns materiais de interesse econômico, como petróleo e carvão, que são trazidas
para a superfície e espalhadas no meio ambiente por meio de atividades mineratórias;
- substâncias radioativas artificiais: substâncias que não são radioativas, mas que nos reatores ou
aceleradores de partículas são “provocadas”.

Fontes poluidoras: indústrias, medicina, testes nucleares, carvão, radônio, fosfato, petróleo,
minerações, energia nuclear, acidentes radiológicos e acidentes nucleares.

Por último podemos observar que em qualquer dos tipos acima expostos, a poluição pode
ocorrer principalmente por meio de:
- Agentes bacteriológicos: tendo como causas esgotos e adubos, e consistindo na contaminação
por bactérias, vírus e outros micróbios portadores de doenças;
- Agentes químicos: tendo como causas óleos, inseticidas, detergentes sintéticos, adubos químicos
e esgotos, e consistindo na contaminação por meio de elementos químicos que podem destruir a
fauna e a flora;
- Agentes físicos: tendo como causas erosão, húmus, vegetação e a própria atividade humana,
resultando alteração da cor, gosto, cheiro e temperatura da água;
- Partículas radioativas: caracterizada pela presença de materiais radioativos das centrais ou
explosões nucleares.

Fig.25

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BIBLIOGRAFIA

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Juris, 2000.
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Orientação. Governo do estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente.
FALCONI, Vicente Campos. TQC – Controle da Qualidade Total no estilo Japonês. 4ª edição,
Bloch Editores S/A .Rio de Janeiro. 1992.
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NETO, Pedro Penteado de Castro . Classificação de resíduos industriais – CETESB – Encontro
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COLETÂNIA DE NORMAS ISO 14000 – ABNT Fórum nacional de normalização. Rio de Janeiro.
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REIS, Maurício J. L. ISSO 14000 – Gerenciamento ambiental- um novo desafio para sua
competitividade. Quality Mark. Rio de Janeiro. 1996.
Constituição Federal, 1988;
Lei 6.938 de 1981, “Política Nacional de Meio Ambiente”;
Lei 9.605 de 1998, “Lei de Crimes Ambientais”;
Decreto 99.274 de 1990.
http://professorridaltovaz.blogspot.com/2015/01/ecossistemas-brasileiros.html (Imagem
página 54);

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