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PLANO DE MANEJO

APA da Lagoa Verde


A Polar Meio Ambiente apresenta o

PLANO DE MANEJO DA
ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA VERDE
APRESENTAÇÃO

Na expectativa de que as atividades aqui apresentadas atendam amplamente


aos objetivos propostos, reiteramos nossas expressões de consideração.

Porto Alegre, fevereiro de 2011.

__________________________
Letícia Seibel Hummes
Diretora Técnica
Polar Meio Ambiente
PLANO DE MANEJO DA APA DA LAGOA VERDE

Fábio de Oliveira Branco

Prefeitura Municipal do Rio Grande

Mara Núbia Cezar de Oliveira

Secretaria Municipal do Meio Ambiente

Polar Meio Ambiente

Execução

Colaboração

Associação dos Amigos do Arroio Vieira - PRÓ-VIEIRA


Associação Comunitária dos Amigos e Moradores do Bolaxa – ACAMBO

Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA


Museu Oceanográfico “Prof. Eliézer de Carvalho Rios”
Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA
Instituto de Pesquisa Ambiental Amigos da Natureza - GAN

Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SMMA

Universidade Federal de Rio Grande – FURG


COORDENAÇÃO GERAL
Alex Neves Strey
Oceanólogo, Msc. em Sensoriamento Remoto, Esp. em Limnologia, Esp. em Gestão da Qualidade
Ambiental e MBA em Gestão Ambiental

COORDENAÇÃO TÉCNICA
Letícia Seibel Hummes
Bióloga, MBA em Gestão Ambiental e Especialização em Gerenciamento de Projetos

Roberta Dalsotto
Bióloga, Esp. em Planejamento Ambiental, MBA em Gestão de Projetos (cursando)

EQUIPE TÉCNICA EXECUTORA


Adriana Schuler da Silva
Bióloga, Msc. em Ecologia

Alyne Frees
Estudante de Biologia

Ana Carine Cerva


Cientista Social

André da Silva Scott Hood


Economista e Mestrando em Economia do Desenvolvimento

Bruno Alves Trentin


Estudante de Biologia

Cristiane da Silveira
Engenheira de Bioprocessos e Biotecnologia e Técnica de Segurança do Trabalho

Débora Vanessa Landvoigt de Jesus


Estudante de Direito

Eugênia Müller Rosa Lopes


Estudante de Engenharia Ambiental

Fábio Éderson Konflanz Falkemberg


Engenheiro Civil
Fabrício Fernandes Coelho
Geógrafo e MSc. em Sensoriamento Remoto

Felipe Bortolotto Peters


Biólogo

Graziela Obregon Wedy


Bióloga, Msc. em Botânica, Esp. em Gestão para a Qualidade do Meio Ambiente e MBA em Gestão
de Projetos (cursando)

Helen da Rosa Camargo


Engenheira Florestal

Jeferson Luís Machado


Licenciatura em Letras e Esp. em Gramática e Ensino da Língua Portuguesa

Katia L. de Andrade Bittencourt


Oceanóloga

Leonardo Francisco Stahnke


Biólogo e Especialização em Educação ambiental (cursando)

Lienne Gauer Medeiros


Bióloga, Mestranda em Qualidade Ambiental

Lucas Silveira
Biólogo, Msc. em Genética e Biologia Molecular

Marta Krafta
Bióloga, Msc. em Administração e MBA em Gestão de Projetos (cursando)

Nicolle Albornoz Pesoa


Bióloga, Msc. e Doutoranda em Manejo e Diversidade da Vida Silvestre e Ecologia

Pedro Paulo Ferreira de Souza


Geógrafo

Rafael Leipnitz
Químico Industrial e Especialização em Gerenciamento de Projetos (cursando)
Raquel Rocha Santos
Bióloga, Msc. em Zoologia

Roberta Trois de Mattos


Bióloga

Rodrigo Raupp Bosque


Estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas

Rodrigo Cavalcante
Estudante de Biologia

Sara Fernandes Borth


Estudante de Geografia

Silvia Maria Machado Uszacki


Direito e Msc. em Qualidade Ambiental

Soliris Melli de Oliveira Pinto


Ecóloga

Teófilo Teixeira Medeiros


Geógrafo

Tiara Cerva Alves


Geóloga e Mestranda em Geociências

Tiago Filipe Steffen


Biólogo

Vanessa Godoy Graeff


Bióloga e Msc. em Zoologia
APRESENTAÇÃO

As áreas protegidas são um dos mecanismos de preservação e conservação dos


recursos ambientais adotados no mundo. No Brasil, esses espaços territoriais se
constituem como um dos instrumentos preconizados pela Política Nacional de Meio
Ambiente (PNMA), cujo objetivo fundamental é compatibilizar o desenvolvimento
socioeconômico com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio
ecológico (ART. 4º, I), buscando a sustentabilidade ambiental.

A Área de Proteção Ambiental (APA) é uma categoria de unidade de conservação


recente que, no Brasil, surgiu no inicio dos anos 80 (Art. 8º, Lei Federal nº 6.902/81),
juntamente com diversos outros instrumentos da PNMA destinados à conservação
ambiental. Seu objetivo principal é conservar a diversidade de ambientes, de espécies
e processos naturais pela adequação das atividades humanas às características
ambientais da área, seus potenciais e limites.

Como unidade de conservação de uso direto a principal função da APA é ordenar


a e normatizar o uso do solo, a fim de manter o ecossistema e o bem estar da
população. A implantação de uma APA não é impedir o desenvolvimento de uma
região, mas sim, através de um zoneamento e gerenciamentos adequados orientar
atividades produtivas de forma a coibir a degradação ambiental, possibilitando a
conservação dos recursos naturais.

O Plano de Manejo da APA da Lagoa Verde é o primeiro documento em âmbito


municipal, no Estado do Rio Grande do Sul, a ser efetivamente concretizado,
ressaltando ainda mais sua importância. Trata-se de um documento direcionado a
todos os órgãos, instituições governamentais e não governamentais, setores da
sociedade civil organizada, comunidades locais, proprietários da APA que, de alguma
forma, inter-relacionam-se na gestão e na socioeconomia. Ainda que se dirija a um
público amplo, representa, no entanto, um instrumento técnico voltado principalmente
à ação governamental municipal, estadual e federal no que tange a gestão, enquanto
Unidade de Conservação, atendendo os requisitos legais à categoria.

Os instrumentos que este documento dispõe à gestão da APA – por não ser de
propriedade pública – são mais restritos que os de uma unidade de conservação de
proteção integral. Entre as funções da entidade gestora da área, portanto, destaca-se
a de orientar e assistir proprietários, a fim de que os objetivos da UC sejam atingidos,
necessitando contar com a colaboração ativa destes.

Assim, este documentodeverá se tornar um instrumento efetivo de gerenciamento


e de comunicação com as populações residentes na área, promovendo a preservação
e conservação dos ecossistemas da APA da Lagoa Verde.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 6

CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA CONSULTORA RESPONSÁVEL PELA


ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO ................................................................... 25

LISTA DE SIGLAS ........................................................................................................ 26

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 28

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA APA .................................................................... 29

2.1 ASPECTOS GERAIS .............................................................................. 29


2.1.1 Histórico da Unidade de Conservação ............................................ 29

2.1.2 Sistema de Áreas Protegidas .......................................................... 32

2.1.2.1 SNUC ............................................................................................ 33

2.1.2.2 SEUC ............................................................................................ 36

2.1.3 Diretrizes Normativas ....................................................................... 39

2.1.3.1 Conservação do Bioma ................................................................ 39

2.1.3.2 Área de Proteção Ambiental ......................................................... 40

2.1.4 Situação Administrativa da Unidade de Conservação ..................... 43

3 CONTEXTO REGIONAL ................................................................................ 44

3.1 ENQUADRAMENTO GEOPOLÍTICO ..................................................... 44

3.2 DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS .......................................................... 44

3.3 ENQUADRAMENTO BIOGEOGRÁFICO ............................................... 45

3.4 DOMÍNIOS FITO E ZOOGEOGRÁFICO ................................................ 45

3.5 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PRESENTES NO BIOMA ................. 46

4 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ......................................................................... 50

4.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSO .................................................................... 50

4.2 DESCRIÇÃO DOS LIMITES ................................................................... 52

4.3 ASPECTOS LEGAIS DA CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E MANEJO ........ 52

4.4 JUSTIFICATIVA PARA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE DE


CONSERVAÇÃO ...................................................................................................... 53

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


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4.5 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO ................................................. 55

4.5.1 Geologia........................................................................................... 56

4.5.1.1 Geologia Regional ........................................................................ 56

4.5.1.2 Sistemas Deposicionais ................................................................ 57

4.5.1.3 A Barreira IV – Geologia Local ..................................................... 60

4.5.1.4 Atividade Minerária ....................................................................... 63

4.5.1.5 Hidrogeologia ................................................................................ 63

4.5.1.6 Conclusões e Recomendações .................................................... 64

4.5.2 Geomorfologia ................................................................................. 64

4.5.2.1 Aspectos Geomorfológicos Gerais ............................................... 64

4.5.2.2 Geomorfologia Local ..................................................................... 67


4.5.2.3 Conclusões e Recomendações .................................................... 69

4.5.3 Pedologia ......................................................................................... 69

4.5.3.1 Classe de solos ocorrentes na APA Lagoa Verde ........................ 69

4.5.3.2 Capacidade de Uso dos Solos ..................................................... 71

4.5.4 Clima ................................................................................................ 72

4.5.4.1 Caracterização climática regional ................................................. 72


4.5.4.2 Parâmetros Meteorológicos Locais............................................... 72

4.5.5 Recursos Hídricos Superficiais ........................................................ 81

4.5.5.1 Caracterização Hidrográfica ......................................................... 81


4.5.5.2 Qualidade das Águas Superficiais ................................................ 85

4.6 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO ............................................... 87

4.6.1 Flora ................................................................................................. 87

4.6.1.1 Metodologia .................................................................................. 88

4.6.1.2 Resultados .................................................................................... 90

4.6.1.3 Espécies Ameaçadas de Extinção e Imunes ao Corte ............... 110

4.6.1.4 Conclusões e Recomendações .................................................. 111

4.6.2 Fauna ............................................................................................. 112

4.6.2.1 Material e Métodos ..................................................................... 112

4.6.2.2 Resultados e Discussão ............................................................. 140

4.6.2.3 Espécies de interesse ................................................................. 207


Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
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4.6.2.4 Conclusões e recomendações ................................................... 223

4.7 DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECÔNOMICO ................................................. 229

4.7.1 Contexto Municipal ........................................................................ 229

4.7.1.1 Caracterização Demográfica de Rio Grande .............................. 229

4.7.1.2 Porto do Rio Grande ................................................................... 238

4.7.1.3 Polo Naval de Rio Grande .......................................................... 242

4.7.1.4 Infraestrutura Básica em Rio Grande ......................................... 243

4.7.1.5 Indicadores sociais e de qualidade de vida ................................ 257

4.7.2 Contexto da Área de Inserção da Unidade de Conservação ......... 258

4.7.3 Percepção da Situação das Comunidades da Região da UC ....... 266

4.7.3.1 Instituições .................................................................................. 266


4.7.3.2 Comunidade ............................................................................... 273
5 PLANO OPERACIONAL E DE MANEJO ..................................................... 283

5.1 ZONEAMENTO DA UC ......................................................................... 283

5.2 ZONA DE ENTORNO ........................................................................... 286

5.3 AREAS PRIORITÁRIAS PARA INCLUSAO NA APA DA LAGOA VERDE


288

5.4 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO .................................................... 292

5.4.1 Definição de Infraestrutura ............................................................. 292


5.4.2 Organograma de Necessidade de Pessoal ................................... 292

5.4.3 Descrição de Cargos e Funções .................................................... 293

5.4.4 Definição de Programas de Treinamento ...................................... 297

5.5 PROGRAMA DE GESTÃO OPERACIONAL E INTERINSTITUCIONAL


297

5.5.1 Objetivo .......................................................................................... 298

5.5.2 Plano de Ação/Metodologia ........................................................... 299

5.5.3 Diretrizes recomendadas: .............................................................. 300

5.6 PROGRAMA DE CONSTRUÇÃO E COORDENAÇÃO DO CONSELHO


DE GESTÃO ........................................................................................................... 301

5.6.1 Objetivos ........................................................................................ 302

5.6.2 Plano de Ação/Metodologia ........................................................... 302

5.6.3 Diretrizes recomendadas: .............................................................. 303


Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
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5.7 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E COMUNICAÇÃO SOCIAL
304

5.7.1 Objetivos ........................................................................................ 306

5.7.2 Plano de Ação/Metodologia ........................................................... 307

5.7.3 Subprograma de Visitação............................................................. 307

5.7.4 Subprograma de Formação de Multiplicadores Ambientais .......... 316

5.7.5 Subprograma de Educação Ambiental Itinerante .......................... 317

5.7.6 Parcerias em Educação Ambiental ................................................ 318

5.7.7 Diretrizes recomendadas: .............................................................. 319

5.8 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO ........................... 321


5.8.1 Objetivo .......................................................................................... 321

5.8.2 Plano de Ação/Metodologia ........................................................... 323

5.8.3 Diretrizes recomendadas: .............................................................. 325


5.9 PROGRAMA PARA PARCERIAS, CO-GESTÃO, TERCEIRIZAÇÃO E
CONVÊNIOS........................................................................................................... 326

5.9.1 Objetivo .......................................................................................... 327

5.9.2 Plano de Ação/Metodologia ........................................................... 327

5.9.3 Diretrizes recomendadas: .............................................................. 327

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 329

7 ANEXOS ....................................................................................................... 348

ÍNDICE DE FIGURA

Figura 1: Mapa da fitossocionomia do Rio Grande do Sul com a localização da


APA Lagoa Verde (Fonte: IBGE, 2008). ....................................................................... 46

Figura 2: Planície costeira do Rio Grande do Sul e Sistemas deposicionais


(TOMAZELLI & VILLWOCK, 2000). ............................................................................. 57

Figura 3: Paleogeografia da primeira grande transgressão pleistocênica (400Ka).


Formação do sistema Laguna-Barreira (modificado de VILWOCK & TOMAZELLI,
1995)............................................................................................................................. 58

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


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Figura 4: Paleogeografia da segunda grande transgressão pleistocênica (325Ka).
Formação do Sistema Laguna Barreira II (modificado de VILLWOCK & TOMAZELLI,
1995)............................................................................................................................. 59

Figura 5: Paleografia da terceira grande transgressão pleistocênica (120ka).


Formação do Sistema Laguna-Barreira III (modificado de VILLWOCK & TOMAZELLI,
1995)............................................................................................................................. 59

Figura 6: Paleogeografia da grande transgressão holocênica (5Ka): Formação do


Sistema Laguna Barreira IV (modificado de VILLWOCK & TOMAZELLI, 1995). ......... 60

Figura 7: Feixes de cordões litorâneos no município de Rio Grande. 1.


Pleistoceno; 2. Cordões litorâneos; 3. Depósitos Lagunares; 4. Cobertura Fina; 5.
Cobertura Espessa; 6. Formas de Erosão antigas. (GODOLPHIM, 1976). ................. 61

Figura 8: Mapa indicando os locais onde foram encontradas paleodunas fixadas


parcialmente por vegetação. ........................................................................................ 68

Figura 9: Temperatura média anual para o Estado do Rio Grande do Sul (Fonte:
SEMC, 2002). ............................................................................................................... 73

Figura 10: Temperatura média, máxima e mínima mensal para o município de Rio
Grande (Fonte: SEMC, 2002). ...................................................................................... 74

Figura 11: Precipitação média anual para o Rio Grande do Sul (SEMC, 2002). ... 75

Figura 12: Precipitação média mensal para o município de Rio Grande (RS)
(Fonte: SEMC, 2002). ................................................................................................... 75

Figura 13: Porcentagem média mensal de umidade relativa do ar para o município


de Rio Grande (Fonte: SEMC, 2002). .......................................................................... 76

Figura 14: Insolação média mensal (horas) para o município de Rio Grande
(SEMC, 2002). .............................................................................................................. 77

Figura 15: Evaporação média mensal para o município de Rio Grande (SEMC,
2002)............................................................................................................................. 77

Figura 16: Esquema demonstrativo do fenômeno das brisas na faixa litorânea. A)


Brisa marítima soprando em direção ao continente durante o dia. B) Brisa terrestre
soprando em direção ao oceano à noite. “L” significa baixa pressão e “H” alta pressão
(Fonte: The COMET Program). .................................................................................... 78

Figura 17: Centros de alta pressão atmosférica: Anticiclone Subtropical do


Atlântico Sul (AP1) e Anticiclone Migratório Polar (AP2) (Fonte: LAGES, 2003). ........ 79

Figura 18: Balanço hídrico mensal do município de Rio Grande, RS (Fonte: Plano
Ambiental Municipal de Rio Grande, 2007). ................................................................. 81

Figura 19: Regiões Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul, modificado


(Fonte: SEMA 2007). .................................................................................................... 82

Figura 20: Bacia hidrográfica da Lagoa Mirim - São Gonçalo (Fonte: SEMA, 2007).
...................................................................................................................................... 83

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


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Figura 21: Enquadramento dos Recursos Hídricos Superficiais da parte sul da
Lagoa dos Patos. (Fonte: Baumgarten & Pozza, 2001) ............................................... 86

Figura 22: Curva de suficiência amostral (curva do coletor) para a estimativa de


riqueza no levantamento fitossociológico de espécies campestres na APA da Lagoa
Verde, Rio Grande, RS. .............................................................................................. 108

Figura 23: Riqueza específica por família registrada na área da APA da Lagoa
Verde para o levantamento fitossociológico. “Outras famílias” correspondem ao
somatório de todas as que apresentavam apenas uma espécie. .............................. 110

Figura 24: Numero total de indivíduos (N) por ponto, e número total de espécies
(riqueza) por ponto amostrado durante o levantamento da ictiofauna na APA da Lagoa
Verde. ......................................................................................................................... 143

Figura 25: Riqueza das Ordens encontradas no Levantamento da Ictiofauna


encontrada na APA da Lagoa Verde, durante as amostragens realizadas em janeiro de
2011. ........................................................................................................................... 146
Figura 26: Curva de suficiência amostral da fauna de anfíbios da área de influência
da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS, calculada a partir dos dados obtidos durante
a campanha de Diagnóstico de Fauna. ...................................................................... 163

Figura 27: Riqueza das famílias de anfíbios registradas através de dados primários
e secundários na área de influência da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. ....... 166

Figura 28: Curva de suficiência amostral da fauna de répteis da área de influência


da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS, calculada a partir dos dados obtidos durante
a campanha de Diagnóstico de Fauna. ...................................................................... 168

Figura 29: Riqueza dos grupos de répteis registrados através de dados primários e
secundários na área de influência da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. .......... 173

Figura 30: Representação gráfica da distribuição de espécies por famílias (dados


primários). ................................................................................................................... 184

Figura 31: Ambientes ocupados pelas aves na área de influência da APA da


Lagoa Verde (dados primários). ................................................................................. 185

Figura 32: Curva de suficiência amostral durante o inventário da avifauna na APA


da Lagoa Verde. ......................................................................................................... 186

Figura 33: Ambientes ocupados pelas aves na área de influência da APA da


Lagoa Verde (dados primários e secundários). .......................................................... 186

Figura 34: Áreas importantes para conservação das aves no Rio Grande do Sul.
Fonte: Projeto Biodiversidade RS............................................................................... 187

Figura 35 - Curva de suficiência amostral gerada durante o levantamento de dados


primários da mastofauna da APA da Lagoa Verde. ................................................... 190

Figura 36: Composição da comunidade de mamíferos verificada durante o


levantamento de dados primários da APA da Lagoa Verde. ...................................... 191

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


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Figura 37: Similaridade e coeficiente de afinidade de Jaccard (Cj) com posterior
análise de agrupamento (Clustering) entre os transectos realizados nos diferentes
ambientes durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da
Lagoa Verde. Tx(F): Transectos realizados em fragmento florestal; Tx(C): Transectos
realizados em campo seco; Tx(B): Transectos realizados em banhado. ................... 193

Figura 38 - Percentual do número mínimo de indivíduos (MNI%) (colunas) e


frequência absoluta (linhas) de mamíferos de médio e grande porte registrados por
determinação direta e armadilhas fotográficas durante o levantamento de dados
primários da mastofauna da APA da Lagoa Verde. ................................................... 195

Figura 39: Percentual de distribuição por sexo da população total de Rio Grande
em 2010 (Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2010), primeiros resultados). ............ 230

Figura 40: Evolução da População total de Rio Grande (1970 a 2010). Fonte:
IBGE. .......................................................................................................................... 231

Figura 41: Evolução das taxas de urbanização em Rio Grande (1970-2010). .... 232
Figura 42: Distribuição da população por grupos de idade no município de Rio
Grande: 1991 e 2000 (Fonte: IBGE, SIDRA). ............................................................. 233
Figura 43: Pessoas ocupadas com 10 anos ou mais de idade, por setor atividade
econômica em Rio Grande – 2000. (Fonte: IBGE - Censo Demográfico). ................. 234

Figura 44: Rendimento nominal mensal (salário mínimo) das pessoas


responsáveis pelos domicílios particulares permanentes em Rio Grande (Fonte: IBGE-
Censo demográfico 2000). ......................................................................................... 235

Figura 45: PIB per capita de municípios da metade sul e RS em 2007, em reais
(R$) a preços correntes. Fonte: FEE / Núcleo de Contabilidade Social, 2010. .......... 237

Figura 46: Participação percentual por setor da economia no VAB total em Rio
Grande (2007). Fonte: FEE / Núcleo de Contabilidade Social, 2010. ........................ 237

Figura 47: Zoneamento do Porto de Rio Grande (Fonte: SUPRG)...................... 239


Figura 48: Evolução da movimentação de cargas no porto do Rio Grande – 1986-
07 – (Em toneladas)(Fonte: ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários).
.................................................................................................................................... 241

Figura 49: Percentual dos tipos de esgotamento sanitário por situação de


domicílios em Rio Grande – 2000 (Fonte: IBGE, 2000). ............................................ 243

Figura 50: Percentual das formas de coleta de resíduos sólidos por situação de
domicílios em Rio Grande – 2000 (Fonte: IBGE, 2000). ............................................ 244

Figura 51: Percentual das formas de abastecimento de água por situação de


domicílios em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000). ........................................................ 245

Figura 52: Evolução no número de veículos em Rio Grande no período de 2003 a


2009. Fonte: Secretaria da Justiça e da Segurança - Departamento Estadual de
Trânsito (Detran/RS)................................................................................................... 247

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


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Figura 53: Número de matrículas em Rio Grande por rede de ensino em 2007
(Fonte: IBGE Cidades). .............................................................................................. 250

Figura 54: Taxa de analfabetismo em Rio Grande por faixa etária da população
(2000).Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil – PNUD, 2000 e IBGE,
2000. ........................................................................................................................... 255

Figura 55: Diagrama que apresenta um resumo de como é construído o IDH,


segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008, elaborado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). ............................. 257

Figura 56: Percentual dos tipos de rendimento nominal mensal por situação de
domicílio na área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000). . 259

Figura 57:Percentual de anos de estudo do responsável pelo domicílio na área da


APA da Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000). .................................. 261

Figura 58: Percentual do tipo de esgotamento sanitário por situação de domicílio


na área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000). ................ 263

Figura 59: Percentual das formas de coleta de resíduos sólidos por situação de
domicílio na área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000). . 264

Figura 60: Percentual das formas abastecimento de água por situação de


domicíliona área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000). .. 265

Figura 61: Localização de moradia dos participantes da primeira reunião de


apresentação do Plano de Manejo à Comunidade da região (Fonte: Polar Meio
Ambiente). .................................................................................................................. 277

Figura 62: Classificação por gênero dos participantes da primeira reunião de


apresentação do Plano de Manejo à Comunidade da região (Fonte: Polar Meio
Ambiente). .................................................................................................................. 277
Figura 63: Classificação distribuição etária dos participantes da primeira reunião
de apresentação do Plano de Manejo à Comunidade da região (Fonte: Polar Meio
Ambiente). .................................................................................................................. 278

Figura 64: Percepção da importância do Plano de Manejo da APA da Lagoa


Verdepela Comunidade da região (Fonte: Polar Meio Ambiente). ............................. 279

Figura 65: Organograma do quadro funcional da Área de Proteção da Lagoa


Verde. ......................................................................................................................... 292

Figura 66 – Ciclo do PDCA anual proposto para a APA da Lagoa Verde (Fonte:
Adaptado de Nascimento, 2008). ............................................................................... 300

Figura 67: Inter-relação dos impactos decorrentes de atividades de


visitação/recreativas em áreas naturais (Fonte: Adaptado de Hammitt & Cole, 1998).
.................................................................................................................................... 309

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


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ÍNDICE DE FOTOS

Foto 1: Levantamento florístico na área da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS.
...................................................................................................................................... 89

Foto 2: Unidade amostral utilizada para o estudo fitossociológico na área. .......... 89

Foto 3: Mata de Restinga presente próximo à Lagoa Verde.................................. 92

Foto 4: Mata Ciliar do Arroio Bolaxa com presença de Salix humboldtiana. ......... 92

Foto 5: Mata Ciliar do Arroio Bolaxa, Rio Grande, RS. .......................................... 93

Foto 6: Vegetação presente nos cordões de dunas. ............................................. 93

Foto 7: Vegetação presente nos cordões de dunas. ............................................. 94

Foto 8: Cordões de dunas com presença de Eucaliptussp.. .................................. 94


Foto 9: Lixo presente nos cordões de dunas. ........................................................ 95

Foto 10: Fisionomia da área de banhado, com a predominância de S. californicus.


...................................................................................................................................... 95

Foto 11: Lagoa Verde e canal São Simão com presença de gado. ....................... 96

Foto 12: Eryngium pandanifolium. ......................................................................... 99


Foto 13: Ilex dumosa. ........................................................................................... 100

Foto 14: Bromelia antiacantha. ............................................................................ 100

Foto 15: Tillandsia aeranthos. .............................................................................. 101


Foto 16: Opuntia monoacantha. ........................................................................... 101

Foto 17: Scirpus giganteus. ................................................................................. 102

Foto 18: Erythrina crista-galli. .............................................................................. 102

Foto 19: Herbertia lahue. ..................................................................................... 103

Foto 20: Sisyrinchium micranthum. ...................................................................... 103

Foto 21: Leandra australis. .................................................................................. 104

Foto 22: Acinthera sp. .......................................................................................... 104

Foto 23: Cattleya intermedia. ............................................................................... 105

Foto 24: Salix humboldtiana. ................................................................................ 105

Foto 25: Petunia integrifolia. ................................................................................ 106

Foto 26: Solanum sisymbriifolium. ....................................................................... 106

Foto 27: Método de coleta com uso de puçá no rio ............................................. 114

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


15
Foto 28: Método de amostragem com rede do tipo picaré................................... 115

Foto 29: Método de amostragem com rede de espera: momento da retirada da


rede............................................................................................................................. 115

Foto 30: Banhado as margens da BR 392, próximo ao Canal São Simão,


praticamente seco, devido a estiagem que afeta a região sul do Estado do RS. ...... 116

Foto 31: Ponto 1- Arroio Bolacha, calha principal próximo a ponte da RS 734,
Balneário do Cassino.................................................................................................. 117

Foto 32: Ponto 2- Lagoa Verde na altura do km 10 da RS 734, margem esquerda.


.................................................................................................................................... 117

Foto 33: Ponto 3: Arroio Viera, calha principal próximo a BR 392. ...................... 118

Foto 34: Ponto 4 - Açude localizado na lateral do Arroio Senandes, na área da


nascente. .................................................................................................................... 118
Foto 35: Ponto 5 - Canal São Simão, local de conexão entre a Lagoa Verde e o
Saco da Mangueira, junto a ponte da BR 392. ........................................................... 119
Foto 36 - Ponto 6 - Local de amostragem à montante da lagoa Verde, junto à
nascente do Arroio Bolacha........................................................................................ 119
Foto 37: Ponto 7- Arroio Viera, em trecho acima do Parque Marinha. ................ 120

Foto 38: Ponto 8 - calha da Lagoa Verde em local de trecho em forma de


meandro...................................................................................................................... 120

Foto 39: Transecto realizado em campo úmido durante o levantamento de dados


primários da mastofauna na APA da Lagoa Verde. ................................................... 131

Foto 40: Instalação de armadilha fotográfica em ambiente florestal durante o


levantamento de dados primários da mastofauna na APA da Lagoa Verde. ............. 132

Foto 41 - Armadilha não-letal modelo Sherman direcionada para um abrigo


potencial durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da Lagoa
Verde. ......................................................................................................................... 134

Foto 42 - Modelo Leghold. ................................................................................... 134

Foto 43: Egagrópilas e fragmentos de presas não-ingeridas pela coruja-do-campo


(Athene cunicularia) encontrados na APA da Lagoa Verde. ...................................... 135

Foto 44 - Fezes de quirópteros localizadas em habitação humana durante o


levantamento da mastofauna na APA da Lagoa Verde .............................................. 137

Foto 45: Mugil platanus registrada no Canal São Simão e na Lagoa Verde. ...... 143

Foto 46: Lycengraulis grossidens registrado no Canal São Simão...................... 144

Foto 47: Micropogonias furnieri registrada no Canal São Simão. ........................ 144

Foto 48: Jenynsia multidentata registrada em diversos pontos de amostragens da


APA da Lagoa Verde. ................................................................................................. 145

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


16
Foto 49: Australoheros facetus (Cichlasoma facetum) - Acará camaleão capturado
no ponto 4, ponto 6 e ponto 7. .................................................................................... 145

Foto 50: Hisonotus sp. registrado na calha principal do Arroio Bolacha, trecho que
passa pela RS 734. .................................................................................................... 147

Foto 51: Microglanis cottoides registrado no Arroio Vieira, à montante da área do


Parque Marinha. ......................................................................................................... 147

Foto 52: Corydoras paleatus, também conhecido como limpa-fundo, registrado em


açude próximo ao Arroio Bolaxa................................................................................. 148

Foto 53: Hoplosternum littorale, popularmente chamado de Tamboatá, registrado


no ponto 4 – açude próximo ao Arroio Senandes. ..................................................... 148

Foto 54: Dia 1 de amostragem - Ponto 2. ............................................................ 161

Foto 55: Dia 2 de amostragem - ponto 2, inversão do fluxo, gerando aumento do


nível de água. ............................................................................................................. 161

Foto 56: Rã-crioula, Leptodactylus latrans, registrada nas áreas de influência da


APA da Lagoa Verde, município de Rio Grande, RS. ................................................ 164

Foto 57: Casco do cágado-de-pescoço-de-cobra, Hydromedusa tectifera,


registrado nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde, município de Rio Grande,
RS. .............................................................................................................................. 170

Foto 58: Jacaré-do-papo-amarelo, Caiman latirostris, registrado nas áreas de


influência da APA da Lagoa Verde, município de Rio Grande, RS. ........................... 170

Foto 59: Tigre d‟água, Trachemys dorbigni, registrada nas áreas de influência da
APA da Lagoa Verde, município de Rio Grande, RS. ................................................ 171

Foto 60: Corredeira-listrada, Liophis flavifrenatus, atropelada nas áreas de


influência da APA da Lagoa Verde, município de Rio Grande, RS. ........................... 171

Foto 61 - graxaim-do-mato (Cerdocyon thous). ................................................... 194

Foto 62 - mão-pelada (Procyon cancrivorus). ...................................................... 194

Foto 63 - Rato-d‟água (Scapteromys tumidus) capturado com armadilha


Tomahawk durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da
Lagoa Verde. .............................................................................................................. 196

Foto 64 - Fragmentos ósseos individuais de pequenos mamíferos predados por


coruja-do-campo (Athene cunicularia) ........................................................................ 198

Foto 65 - Ratazana (Rattus norvergicus) atropelada e registrada durante o


levantamento da mastofauna da APA na Lagoa Verde. ............................................. 198

Foto 66 - Tuqueiras localizadas em talude de rodovia BR 392. .......................... 199

Foto 67 - Tuco-tuco (Ctenomys torquatus) capturado em armadilha Leghold


durante o levantamento da mastofauna da APA na Lagoa Verde. ............................ 199

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


17
Foto 68 - Cuíca-da-cauda-grossa (Lutreolina crassicaudata) capturada em
armadilha Tomahawk durante o levantamento da mastofauna da APA Na Lagoa
Verde. ......................................................................................................................... 200

Foto 69 - Camundongo-do-mato (Oligoryzomys nigripes). .................................. 200

Foto 70 - Rato-focinhudo (Oxymycterus nasutus). .............................................. 201

Foto 71 - morcego-borboleta (Myotis nigricans). ................................................. 202

Foto 72 - morcego-da-cauda-grossa (Molossus molossus). ................................ 202

Foto 73 - Morcego-das-casas (Tadarida brasiliensis). ......................................... 203

Foto 74 - Rastros de tatu-mulita (Dasypus hybridus). .......................................... 213

Foto 75 - Tuqueira de tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni)........................... 215

Foto 76: Lagartixa-de-parede, Hemidactylus mabouia, espécie exótica registrada


nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde, município de Rio Grande, RS. ..... 217

Foto 77 - Registros de suínos (Sus scrofa). ......................................................... 218

Foto 78 - porco-mateiro (Sus scrofa). .................................................................. 218


Foto 79 - Crânio de (Hydrochoerus hydrochaeris) encontrado durante o
levantamento de dados primários na APA da Lagoa Verde. ...................................... 219

Foto 80: Couro do jacaré-do-papo-amarelo, Caiman latirostris, encontrado nas


áreas de influência da APA da Lagoa Verde, município de Rio Grande, RS. ............ 221
Foto 81: Lagarto-do-papo-amarelo, Tupinambis merianae, registrado nas áreas de
influência da APA da Lagoa Verde, município de Rio Grande, RS. ........................... 222
Foto 82 - Invasão da área urbana sobre os banhados marginais a lagoa Verde. 223

Foto 83 - resíduos domiciliares depositados as margens do canal que liga a lagoa


Verde ao saco da Mangueira...................................................................................... 224

Foto 84 - Placa sinalizando a existência da APA. Ao fundo, área totalmente


modificada por ações de terraplanagem. ................................................................... 224

Foto 85 - Preá (Cavia magna) atropelada na travessia sobre o arroio Bolaxa. ... 225

Foto 86 - alterações no solo decorrentes das obras de duplicação da BR- 392


sobre o canal que liga a lagoa Verde ao saco da Mangueira. .................................... 225

Foto 87- Registro de do gado na APP da APA da Lagoa Verde. ........................ 226

Foto 88 - Ação do pisoteio do gado sobre as áreas úmidas. ............................... 226

Foto 89 – Carcaça de Ciconia maguari (joão-grande) encontrada embaixo da linha


de transmissão na área da APA da Lagoa Verde. ..................................................... 227

Foto 90: Atividades comerciais na Rua General Bacelar, calçadão de Rio Grande.
.................................................................................................................................... 238

Foto 91: Estaleiro Rio Grande. ............................................................................. 243


Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
18
Foto 92: Lancha de passageiros (travessia Rio Grande – São José do Norte). .. 247

Foto 93: Sala de embarque do aeroporto. ........................................................... 248

Foto 94: Entrada da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Detalhe do


prédio da Reitoria ao fundo. ....................................................................................... 251

Foto 95: Entrada da Anhanguera Educacional – Campus Rio Grande................ 251

Foto 96: Vista frontal do Ambulatório do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet
Correa Jr, em Rio Grande. ......................................................................................... 256

Foto 97: Vista de uma das entradas da Associação de Caridade Santa Casa de
Rio Grande. ................................................................................................................ 256

ÍNDICE DE MAPA

Mapa 1: Mapa das Unidades de Conservação do Bioma Pampa. ........................ 49

Mapa 2: Mapa de Localização e Acesso ............................................................... 51

Mapa 3: Mapa Geológico ....................................................................................... 62

Mapa 4: Mapa Geomorfológico Regional. .............................................................. 66

Mapa 5: Mapa Pedológico ..................................................................................... 70

Mapa 6: Mapa da Microbacia Hidrográfica do Canal São Simão........................... 84


Mapa 7: Mapa de Uso do Solo da APA da Lagoa Verde. ...................................... 91

Mapa 8: Mapa com os Pontos de Amostragem Fitossociológica......................... 107

Mapa 9 - Mapa de Localização dos Pontos de Amostragem de Ictiofauna


realizadas na Campanha de Levantamento da Fauna da APA da Lagoa Verde. ...... 122

Mapa 10 - Mapa indicando os locais de amostragem da herpetofauna durante o


diagnóstico, realizado entre 17 e 21 de janeiro de 2011, na área de influência da APA
da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. .............................................................................. 126

Mapa 11 - Mapa indicando os locais de amostragem da avifauna durante o


diagnóstico, realizado entre 17 e 21 de janeiro de 2011, na área de influência da APA
da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. .............................................................................. 129

Mapa 12 - Mapa indicando os locais de amostragem da mastofauna durante o


diagnóstico, realizado entre 17 e 21 de janeiro de 2011, na área de influência da APA
da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. .............................................................................. 139

Mapa 13 - Mapa indicando os pontos de registros ocasionais da herpetofauna,


obtidos durante o diagnóstico realizado entre 17 e 21 de janeiro de 2011, na área de
influência da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. ................................................ 174

Mapa14: Mapa de Zoneamento APA ................................................................... 285


Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
19
Mapa15: Mapa do Uso do solo da área de entorno (10 km). ............................... 287

Mapa 16 – Mapa indicativo de prioridades para inclusão de novas áreas na APA


da Lagoa Verde. ......................................................................................................... 290

Mapa 17 - Mapa com a delimitação física das áreas prioritárias para inclusão na
APA da Lagoa Verde. ................................................................................................. 291

ÍNDICE DE TABELA

Tabela 1: Unidades de Conservação presentes no Bioma Pampa (Fonte: Campos


Sulinos: Conservação e uso sutentável da biodiversidade) ......................................... 47

Tabela 2: Correspondência entre as propostas de hierarquização do relevo da


Planície Costeira do Rio Grande do Sul. ...................................................................... 65

Tabela 3: Localização da estação meteorológica do município de Rio Grande. ... 72

Tabela 4: Frequência percentual de ventos (direção e velocidade) (Fonte: Plano


Ambiental Municipal de Rio Grande, 2007). ................................................................. 79

Tabela 5: Direções predominantes de vento no município de Rio Grande (Fonte:


Plano Ambiental Municipal de Rio Grande, 2007). ....................................................... 80

Tabela 6: Área das bacias hidrográficas integrantes da região hidrográfica Bacias


Litorâneas Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos (Fonte: DRH/SEMA, 2007). . 82

Tabela 7: Composição florística da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. ......... 96
Tabela 8: Parâmetros fitossociológicos para as espécies amostradas na APA da
Lagoa Verde, Rio Grande, RS, listadas por ordem de Valor de Importância (VI). ..... 108
Tabela 9: Espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção e imunes ao corte,
amostradas na APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. ............................................. 111
Tabela 10: Localização dos Pontos de Amostragem – Coordenada UTM -
realizados no Levantamento Primário para avaliação de Ictiofauna da Área da Lagoa
Verde e Entorno, com descrição breve da localização e arte de pesca utilizada na
amostragem. ............................................................................................................... 113

Tabela 11: Localização das coordenadas de amostragem da herpetofauna durante


o levantamento realizado entre 17 e 20 de janeiro de 2011, nas áreas de influência da
APA da Lagoa Verde, no Município de Rio Grande, RS. Onde, VES: levantamento por
encontros visuais; AST: transecções auditivas. ......................................................... 125

Tabela 12: Pontos amostrados durante levantamento da avifauna, com sucinta


observação do ambiente. ........................................................................................... 127

Tabela 13: Coordenada inicial/final e fisionomia dominante nos transectos lineares


percorridos durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da
Lagoa Verde. .............................................................................................................. 131

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


20
Tabela 14: Coordenadas, fisionomia dominante e esforço amostral despendido
com uso de armadilhas fotográficas (AF) durante o levantamento de dados primários
da mastofauna da APA da Lagoa Verde. ................................................................... 133

Tabela 15: Coordenadas, fisionomia dominante e esforço amostral despendido


com uso de armadilhas não-letais durante o levantamento de dados primários da
mastofauna da APA da Lagoa Verde. ........................................................................ 134

Tabela 16: Coordenadas e esforço amostral despendido com análise de


egagrópilos de coruja durante o levantamento de dados primários da mastofauna da
APA da Lagoa Verde. ................................................................................................. 136

Tabela 17: Coordenadas, fisionomia dominante e esforço amostral despendido


com redes de neblina durante o levantamento de dados primários da mastofauna da
APA da Lagoa Verde. ................................................................................................. 137

Tabela 18: Espécies de vertebrados registrados, através de dados primários e


secundários, nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio
Grande, RS. ................................................................................................................ 140

Tabela 19 - Lista das espécies e número de exemplares amostrados nos pontos


de coleta estabelecidos para o inventário da ictiofauna na APA da Lagoa Verde e seu
entorno........................................................................................................................ 141

Tabela 20: Lista de espécies de peixes ocorrentes no sistema hidrográfico da


laguna dos Patos (MALABARBA, 2008; CHAO et al. 1982). Espécies com (*) foram
registradas durante o levantamento. .......................................................................... 149
Tabela 21: Espécies de anfíbios registradas, através de dados primários e
secundários, nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio
Grande, RS. Onde, RA: registro auditivo; RV: registro visual; RO: registro ocasional;
RB: referências bibliográficas; CC: coleção científica. ............................................... 162

Tabela 22: Espécies de anfíbios e respectivas abundâncias registradas nos


levantamentos por encontros visuais realizados durante diagnóstico da fauna, na área
de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS. ................. 164
Tabela 23: Espécies de anfíbios e respectivas abundâncias registradas nas
transecções auditivas realizadas na área de influência da APA da Lagoa Verde, no
município de Rio Grande, RS. .................................................................................... 165

Tabela 24: Espécies de anfíbios encontradas nos registros ocasionais, respectivos


tipos de registro e abundâncias, coordenadas geográficas e localização no mapa na
área de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS. Onde,
RA: registro auditivo. .................................................................................................. 165

Tabela 25: Espécies de répteis registradas, através de dados primários e


secundários, nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio
Grande, RS. Onde, RV: registro visual; RO: registro ocasional; RB: referências
bibliográficas; CC: coleção científica. ......................................................................... 166

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


21
Tabela 26: Espécies de répteis e respectivas abundâncias registradas nas
procuras visuais realizadas durante diagnóstico da fauna, na área de influência da
APA da Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS. ........................................... 169

Tabela 27: Espécies de répteis encontradas nos registros ocasionais, respectivos


tipos de registro e abundâncias, coordenadas geográficas e localização no mapa na
área de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS. ......... 171

Tabela 28: Espécies de aves registradas durante o levantamento de dados


primários e secundários nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde. ............... 175

Tabela 29 - Lista das espécies de mamíferos registrados durante o levantamento


de dados primários da mastofauna da APA da Lagoa Verde..................................... 188

Tabela 30: Frequência de ocorrência (FO%) das espécies de mamíferos


registrados em transectos lineares durante o levantamento de dados primários da
mastofauna da APA da Lagoa Verde. ........................................................................ 191

Tabela 31 - Espécies de pequenos mamíferos não-voadores registrados através


de captura com armadilha não-letal, da análise de egagrópilas de coruja e encontros
ocasionais durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da
Lagoa Verde. .............................................................................................................. 196

Tabela 32 - Espécies de quirópteros registrados através de captura com redes de


neblina e busca por colônias durante o levantamento de dados primários da
mastofauna da APA da Lagoa Verde. ........................................................................ 203

Tabela 33: Lista das espécies de mamíferos registradas através de levantamento


de dados secundários para o município de Rio Grande (ocorrência potencial) e APA da
Lagoa Verde (ocorrência confirmada). ....................................................................... 204
Tabela 34: Lista das espécies da fauna ameaçadas de extinção com ocorrência
descrita para a área de influência da APA Lagoa Verde, no município de Rio Grande,
RS. Onde, DP: dados primários; DS: dados secundários; QA: quase ameaçada; DD=
deficiente em dados; VU= vulnerável; EN= em perigo; CR= criticamente em perigo. 208

Tabela 35: Lista das espécies exóticas descritas para a área de influência da APA
Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS. ........................................................ 216

Tabela 36: População urbana, rural, total e taxa de crescimento geométrico da


população de Rio Grande (1970 a 2010) (Fonte: IBGE – Censos Demográficos). .... 230

Tabela 37: População economicamente ativa (PEA) no ano de 2000 em Rio


Grande (Fonte: Censo demográfico - IBGE, 2000). ................................................... 234

Tabela 38: Produto Interno Bruto (PIB) dos principais municípios do RS – 2007
(Fonte:FEE/Centro de Informações Estatísticas/Núcleo de Contabilidade Social). ... 236

Tabela 39: Principais mercadorias embarcadas no Porto do Rio Grande no ano de


2008 (Toneladas) (Fonte: SUPRG, 2009). ................................................................. 240

Tabela 40: Variação percentual (%) real da arrecadação de ISSQN no município


de Rio Grande (valor corrigido pelo IPCA). (2002 – 2008) (Fonte: Resultados obtidos a
partir dos dados brutos da secretaria municipal da fazenda de Rio Grande). ............ 242
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
22
Tabela 41: Consumo de energia elétrica em Rio Grande por classe de
consumidores (MWh) em 2007 Fonte: FEEDADOS. .................................................. 245

Tabela 42: Consumidores de energia elétrica em Rio Grande por classe


consumidora (2007) Fonte: FEEDADOS. ................................................................... 246

Tabela 43: Agências dos correios em Rio Grande (Fonte: Correios). ................. 248

Tabela 44: Número de estabelecimentos de ensino em Rio Grande por nível e


rede (2007) Fonte: IBGE Cidades. ............................................................................. 249

Tabela 45: Corpo docente das escolas de Rio Grande por nível e rede de ensino
(2007) Fonte: IBGE Cidades, 2008. ........................................................................... 250

Tabela 46: Número de vagas oferecidas por cursos de graduação nos últimos
processos seletivos da FURG Fonte: Manual do Candidato, Processo Seletivo FURG
2010)........................................................................................................................... 252

Tabela 47:Cursos oferecidos, vagas e modalidades no Processo Seletivo 2010 do


Campus Rio Grande do IFRS Fonte: IFRS, Campus Rio Grande). ........................... 254

Tabela 48: Número de leitos hospitalares segundo a especialidade – 2009 (Fonte:


Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES). ................................... 255

Tabela 49: IDH total e por blocos no Brasil, no Rio Grande do Sul e em Rio
Grande (1991-2000) (Fonte: PNUD, 2000). ............................................................... 258

Tabela 50: Percentual do rendimento nominal mensal por situação de domicílios


área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000). ...................... 258

Tabela 51:Percentual de distribuição etária da população residente por situação de


domicílios na área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000). 260

Tabela 52: Percentual da forma de esgotamento sanitário por situação de


domicílios na área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000). 262

Tabela 53: Percentual de destino dos resíduos sólidos por situação de domicílios
na área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000). ................. 263

Tabela 54: Percentual de abastecimento de água por situação de domicílios na


área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000). ...................... 265

Tabela 55: Respostas das entrevistas realizadas com as instituições atuantes na


região da APA (Fonte: Plano de Manejo Polar Meio Ambiente). ................................ 266

Tabela 56: Histórias de vida de membros da comunidade da APA da Lagoa Verde


(Fonte: Plano de Manejo Polar Meio Ambiente). ........................................................ 274

Tabela 57: Justificativa da importância da elaboração do plano de manejo por


membros da comunidade e instituições governamentais e não-governamentais
atuantes na região da APA (Fonte: Plano de Manejo Polar Meio Ambiente). ............ 279

Tabela 58: Percepção socioambiental sobre como é a APA da Lagoa Verde por
membros da comunidade e instituições governamentais e não governamentais
atuantes na região da APA (Fonte: Plano de Manejo Polar Meio Ambiente). ............ 280
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
23
Tabela 59: Variação recomendada do tamanho das letras conforme a distância da
leitura. ......................................................................................................................... 316

ÍNDICE DE ANEXO

Anexo 1 – Espécies vegetais registradas na região fitoecológica do


empreendimento, segundo alguns autores. ............................................................... 349

Anexo 2 – Relatório fotográfico de alguns exemplares da herpetofauna,


registrados durante o diagnóstico da fauna realizado entre 17 e 21 de janeiro de 2011,
na área de influência da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. .............................. 357

Anexo 3 – Relatório fotográfico de alguns exemplares da avifauna, registrados


durante o diagnóstico da fauna realizado entre 17 e 21 de janeiro de 2011, na área de
influência da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. ................................................ 366

Anexo 4 – Entrevista com representantes das Instituições da APA Lagoa Verde.


.................................................................................................................................... 380

Anexo 5 – Anotações de Responsabilidade Técnica - ARTs. .............................. 383

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


24
CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA CONSULTORA
RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PLANO DE
MANEJO

A empresa contratada para elaboração do Plano de Manejo da APA da Lagoa


Verde é a POLAR Meio Ambiente (www.polar-ambiental.com.br), cujos dados podem
ser vistos de forma sumária no quadro abaixo.

Razão Social Polar Engenharia e Meio Ambiente Ltda.

CNPJ 07.340.800/0001-09

Rua Itororó, 195


Endereço Menino Deus, Porto Alegre – RS
CEP: 90110-290

Telefone (51) 3232-2868

Alex Neves Strey alex@polar-ambiental.com.br


Sócios-diretores Letícia Seibel Hummes leticia@polar-ambiental.com.br
Vinícius Seibel Hummes vinicius.seibel@polar-ambiental.com.br

Registro CRBio 4410103

Registro CREA 135.341/RS

CTF (Ibama) 670857

Site www.polar-ambiental.com.br

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


25
LISTA DE SIGLAS

ABC – Autarquia do Balneário Cassino

ACAMBO – Associação Comunitária dos Amigos e Moradores do Bolaxa

AP – Áreas Protegidas

APA – Área de Proteção Ambiental

APP – Área de Proteção Permanente

art. – artigo

CEA – Centro de Estudos Ambientais

CF – Constituição Federal
COMDEMA – Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente

CONABIO - Comissão Nacional de Biodiversidade

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente

CNUC – Cadastro Nacional de Unidades de Conservação

CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento


CT – Câmara Técnica

DEFAP – Departamento de Florestas e Áreas Protegidas

DUC – Divisão de Unidades de Conservação

FBPN – Fundação O Boticário de Proteção à Natureza

FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler

FMMA – Fundo Municipal do Meio Ambiente

FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente

FURG – Universidade Federal do Rio Grande

ha - hectares

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IO – Instituto de Oceanografia

LABGEO – Laboratório de Gerenciamento Costeiro


Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
26
MMA – Ministério do Meio Ambiente

MP – Ministério Público

NEMA – Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental

OSCIPS – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público

PEACS – Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social

PEC – Proposta de Emenda à Constituição

PMRG – Prefeitura Municipal do Rio Grande

PNAP – Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas

PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente

PPM - Programa de Pesquisa e Monitoramento

RS – Rio Grande do Sul


SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

SEUC – Sistema Estadual de Unidades de Conservação

SEMA – Secretaria do Meio Ambiente

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SMCP – Secretaria Municipal de Coordenação e Planejamento

SMAPMA – Secretaria Municipal da Agricultura, da Pesca e Meio Ambiente


SMMA – Secretaria Municipal do Meio Ambiente

UC – Unidade de Conservação

UNESCO – Organização das Nações Unidades para a Educação, a Ciência e a


Cultura

URAB – União Rio Grandina das Associações de Bairro

ZEE – Zoneamento Ecológico-Econômico

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


27
1 INTRODUÇÃO

A Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde, Unidade de Conservação de uso


sustentável, criada em 22 de abril de 2005 pela Lei Municipal nº 6084/2005, tem como
objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável, de forma a
manter os seus recursos naturais.

O presente documento tem a finalidade de estabelecer procedimentos a serem


adotados na gestão da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde. Tem como
pressuposto a adoção de abordagem sistêmica, processual e participativa, resultando
em metodologia objetiva e flexível a ser aplicada à realidade da APA.

O Plano está dividido em três partes: contextualização geral de APA, relacionando


os aspectos gerais tais como o histórico de criação, enquadramento nos Sistemas de
Unidades de Conservação e diretrizes gerais para conservação do bioma; diagnóstico,
incluindo caracterização do meio físico, biótico e socioeconômico e nas propostas de
programas e ações de manejo.
O resultado deste trabalho é um conjunto de informações e que vêm ampliar o
conhecimento técnico e cientifico a respeito da APA, de seus ecossistemas, suas
comunidades locais, suas potencialidades e suas fragiliadades. Amplia, também, o
conhecimento necessário à gestão da Unidade, apresentando ações e programas que
auxiliarão o órgão gestor nas atividades de ordenamento territorial e no manejo da
área. Considera-se ainda, que este documento representa apenas o início de um
processo, sendo concebido para receber contínuo aprimoramento. É uma proposição
a ser analisada e adaptada pelos diferentes segmentos atuantes na APA, através do
seu Conselho Gestor.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


28
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA APA

2.1 ASPECTOS GERAIS

2.1.1 Histórico da Unidade de Conservação

A Lagoa Verde, juntamente com os Arroios Bolaxa e Senandes, representam a


última área de banhados e arroios preservados na zona urbana de Rio Grande. São
locais importantes para a manutenção da qualidade de vida do município. Esta Lagoa,
também conhecida como Lagoa do Bolaxa, tem comunicação direta com o Saco da
Mangueira, recebendo, assim, influência de água marinha. Constitui um criadouro
natural de várias espécies de aves, peixes e crustáceos, principalmente o camarão
rosa.
A Lagoa é circundada por antigas dunas, por banhados e matas de restinga. Estes
ambientes abrigam em seu conjunto uma comunidade silvestre bastante variada,
incluindo espécies em perigo de extinção, como a lontra, jacaré de papo amarelo e o
cisne de pescoço preto.

O processo de proposta de criação da APA da Lagoa Verde teve início em 1991,


por meio do Projeto “Áreas de Interesse Ambiental da cidade do Rio Grande”,
realizado pelo Núcleo de Educação Ambiental – NEMA. Esse projeto buscou gerar
mapas de com áreas de relevância ambiental para o município, servindo de subsídio
ao Plano Diretor. Propôs, pela primeira vez, a criação da APA do Sistema Arroio
Bolaxa e Lagoa Verde. Esse projeto contou com o apoio financeiro da Fundação O
Boticário de Proteção à Natureza – FBPN e também da Prefeitura Municipal do Rio
Grande (BEHLING, 2007, p. 78).

A partir de 1992, o NEMA chamou a atenção para os impactos ambientais


visualizados na área de abrangência da APA, realizando atividade de fiscalização, e,
em 1993, passou a realizar monitoramento da qualidade da água da região, além de
censo da fauna existente, apontando para a necessidade de preservação do
ecossistema, em função de sua diversidade biológica (NEMA, 1994).

No ano de 1995, foi realizado, pelo NEMA, um Programa de Educação Ambiental


com a comunidade, para compatibilizar o desenvolvimento econômico com a
preservação ambiental daquela região. Após a implementação desse programa, houve
nova proposta de criação da APA. Durante os anos de 1995 e 1996, com o apoio
financeiro do Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA, foi realizado um projeto de
caracterização ambiental do local, muito importante para a etapa posterior de
elaboração do Plano de Manejo, além de diagnosticar e produzir conhecimento sobre
o ambiente (NEMA, op. cit.).

No ano de 1996, foram discutidos, ainda, por representantes do Ministério Público


(MP), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


29
(IBAMA), NEMA, Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Patrulha
Ambiental (PATRAM) (extinta, atual Comando Ambiental da Brigada Militar) e
Prefeitura Municipal do Rio Grande (PMRG), diversos impactos ambientais
visualizados na área, em decorrência do uso inadequado do ecossistema Lagoa Verde
e arroios. Os representantes chamavam atenção também para a necessidade de
planejamento e licenciamento ambiental de futuros empreendimentos que pudessem
vir a se instalar no entorno da APA, evitando, assim, possíveis impactos ambientais
nas regiões protegidas (BEHLING, op. cit., p. 78-79).

No ano de 1998, foi feita a sugestão de que a proposta de criação da APA fosse
encaminhada ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA), para
discussão. No COMDEMA, foi criada Câmara Técnica (CT), coordenada pelo NEMA,
integrante do Conselho, para dar andamento ao processo. Desta Câmara Técnica,
faziam parte também as instituições a seguir: Autarquia do Balneário Cassino – ABC,
SMAPMA, NEMA, Centro de Estudos Ambientais (CEA), Fundação Estadual de
Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM), FURG e União Rio Grandina
das Associações de Bairro (URAB), com a possibilidade de, durante as discussões,
outras entidades interessadas serem convidadas para as reuniões, tais como
Associações de Bairros e representantes das comunidades.

A comunidade representada pela Associação Comunitária do Senandes mostrou-


se favorável à implantação da APA, solicitando, inclusive, que os limites fossem
aumentados. Ainda em 1998, deu-se o encerramento das atividades da Câmara
Técnica de Avaliação e Criação da APA da Lagoa Verde, resultando em um relatório
que foi encaminhado ao Executivo Municipal no ano seguinte.

Foi realizada uma Audiência Pública, no qual a área foi analisada quanto ao Plano
Diretor do município, revisão dos limites, caracterização ambiental e potencialidades.
Nesta Audiência, também foi apresentada e discutida a proposta de criação da APA e
definiu-se que seria uma Câmara Técnica para avaliação do processo e das
características do local, viabilizando ou não a proposta. Outras propostas, como a
criação de uma Reserva Ecológica ao invés de APA, o que foi descartada pela
explicação de que essa categoria de UC é bastante restritiva (BEHLING, op. cit., p. 80-
81).

Assim, de 1996 a 1999, os coordenadores do projeto: NEMA, PMRG (através da


Secretaria Municipal de Coordenação e Planejamento (SMCP), Secretaria Municipal
da Agricultura, Pesca e Meio Ambiente (SMAPMA), já extinta, mais recentemente
representada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), apoiados pelo
Museu Oceanográfico e FURG, promoveram um debate sobre as transformações
advindas desse projeto, visando com isso à proteção, manejo e divulgação do
patrimônio natural do Município (PMRG et al., 1999), (BEHLING, op. cit., p. 67-70).

Destas reuniões, debates, entrevistas e audiências públicas, participaram, direta


ou indiretamente, além dos coordenadores e apoiadores do projeto, citados no
parágrafo anterior, os seguintes órgãos/entidades: Câmara de Vereadores do
Município de Rio Grande, COMDEMA, Companhia Riograndense de Saneamento -
CORSAN, FBPN, FEPAM, IBAMA, MP, Ministério do Meio Ambiente - MMA/FNMA,
PATRAM, Secretaria Estadual de Meio Ambiente - SEMA/Departamento de Florestas

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


30
e Áreas Protegidas - DEFAP, além da comunidade interessada (BEHLING, op. cit., p.
67-70).

A proposta, fruto de todo o processo descrito acima, foi encaminhada ao


COMDEMA, com a solicitação de um parecer sobre o assunto e a proposição da
criação de uma Câmara Técnica para implementá-la. Os representantes dessa CT,
após as reuniões de trabalho, emitiram parecer favorável à criação da APA. Assim, no
parecer final da comissão foi sugerido que o COMDEMA enviasse, em caráter de
urgência, parecer positivo ao Poder Executivo Municipal encaminhando o projeto de
criação da APA da Lagoa Verde (BEHLING, et al., p. 81-82).

Em 1999, o NEMA, em conjunto com PMRG (através da Unidade de Planejamento


Urbano da SMCP e também da SMMA) e a FURG apresentaram a minuta do
anteprojeto de lei para a criação a APA da Lagoa Verde. O objetivo deste documento
estava em transformar a Lagoa Verde e ambientes adjacentes “numa região capaz de
continuar transformando o magnífico cenário de beleza e vida para a comunidade”
(PMRG et al., 1999)

Em 2001, o COMDEMA, através do parecer n° 001/2001, de 21 de agosto,


deliberou favoravelmente à criação da APA. Dessa forma, houve o encaminhamento
do Anteprojeto de Lei de criação da APA à Prefeitura (BEHLING, op. cit., p. 82). Cabe
mencionar que, independentemente da criação de APA, o entorno da Lagoa Verde,
como todo entorno de curso hídrico, é área de preservação permanente – APP,
cabendo-lhe toda a proteção sobre a qual a legislação ambiental discorre.
O anteprojeto de lei, depois de discutido e aprovado por parecer favorável do
COMDEMA, foi submetido à audiência pública, em 2003. Nos anos subsequentes, o
assunto passou a fazer parte das reuniões do COMDEMA de forma frequente. No
próprio ano de 2003, muitas questões foram levantadas quanto aos temas mais
importantes no processo de criação da APA, destacando-se aquele da morosidade do
processo legislativo para criação da UC.

A discussão perdurou pelo ano de 2004, e o Projeto de Lei para Criação da APA
da Lagoa Verde foi colocado em pauta, para votação na Câmara dos Vereadores, por
cinco vezes em dois anos, até que, em novembro daquele ano, foi solicitado ao Poder
Executivo Municipal, por meio do Secretário do Meio Ambiente, que interferisse junto
àquela Câmara, com vistas a acelerar o processo legislativo. No mês seguinte, foi
apresentada uma proposta de Projeto de Lei Alternativo para Criação da APA da
Lagoa Verde, pelo Secretário do Meio Ambiente. Essa proposta de Projeto Alternativo
foi apresentada em função de que a proposta original já tramitava há bastante tempo
sem perspectiva de aprovação, tendo em vista os limites da área proposta
originalmente, tornando-a muito extensa e gerando a resistência das entidades
envolvidas e dos vereadores (BEHLING, et al., p. 83).

Assim, a proposta de Projeto Alternativo, que diminuía sua área de 3.500 ha (três
mil e quinhentos hectares) para 510 ha (quinhentos e dez hectares), facilitou sua
aprovação no Poder Legislativo Municipal, solucionando o impasse. A nova área
compreendia a totalidade da Lagoa Verde e seu entorno, numa faixa de 200 m
(duzentos metros), restrita à APP. Após apresentação justificada, foi deliberado e
aprovado o Projeto Alternativo para Criação da APA da Lagoa Verde.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


31
Muitas discussões foram formadas após a aprovação desse Projeto Alternativo,
principalmente quanto à diminuição da delimitação da área da APA. A justificativa
utilizada para aprová-lo foi de que os estudos realizados não eram suficientes para
fundamentar a ampliação da área, gerando, assim, a necessidade de cautela. Como
não havia referencial, foi utilizado o critério jurídico de delimitação de APP, sobre o
qual já havia legislação a respeito. A possibilidade de expansão futura da área da APA
não foi descartada à época da aprovação do Projeto Alternativo, desde que estudos
fundamentados e justificados fossem apresentados (BEHLING, op. cit., p. 84).

Em 2005, foi aprovada a Lei Municipal n° 6.084 (RIO GRANDE, 2005), de 22 de


abril, que cria a Área de Proteção Ambiental - APA da Lagoa Verde, destinada a
proteger a região da Lagoa Verde, os arroios Bolaxa e Senandes e seus entornos.
Entre as ações de implementação da APA da Lagoa Verde está elaboração de um
Plano de Manejo para a sua área e ambientes adjacentes.

Nos anos de 2005 e 2006, a APA da Lagoa Verde continuou sendo tema das
discussões do COMDEMA, mas com a intenção de obter recursos para a realização
de seu Plano de Manejo.
Através do Edital Convite n° 013/2009, tornou pública a Licitação na modalidade
carta convite do tipo melhor técnica e preço, tendo por objeto a contratação de
empresa prestadora de serviço para elaboração do Plano de Manejo da APA da Lagoa
Verde, conforme formulários do MMA lá anexados.

Em 2008, o COMDEMA emitiu a Resolução n° 02/2008, aprovando a divulgação


do edital FMMA nº 001/2008, que trata da elaboração do Plano de Manejo da APA da
Lagoa Verde, criada pela Lei Municipal n° 6.084/2005, que deverá obedecer ao termo
de referência aprovado pelo COMDEMA, tendo na composição da comissão de
licitação um membro da Câmara Técnica Provisória de Avaliação e Acompanhamento
de Projetos. Um dos objetivos da elaboração do Plano de Manejo da APA da Lagoa
Verde é efetivar o cadastramento da UC no SEUC. Cabe mencionar que a APA da
Lagoa Verde está cadastrada no CNUC, fazendo parte, assim, do SNUC.

2.1.2 Sistema de Áreas Protegidas

O art. 225 da Constituição Federal – CF (BRASIL, 1988) dispõe que todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

O inciso II, do parágrafo 1°, do referido artigo, expõe que, para assegurar a
efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público, entre outras atividades, definir,
em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção.

Em sentido estrito, tal qual o enunciado na CF, para fins de espaços territoriais
especiamente protegidos (áreas protegida), se subsumem apenas as Unidades de

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


32
Conservação típicas, ou seja, aquelas expressamente previstas na Lei n° 9.985/2000
e, de outra sorte, aquelas áreas que, embora não expressamente arroladas,
apresentam características que se amoldam ao conceito do enunciado no art. 2°, I, da
referida Lei n° 9.985/2000 (BRASIL, 2000), que poderiam ser chamadas de Unidades
de Conservação atípicas (MILARÉ, 2007, p. 651).

Por outro lado, ainda segundo explicação de MILARÉ (2007, op. cit.), em sentido
amplo, constituiriam áreas ou espaço territoriais especialmente protegidos, as demais
áreas protegidas, como, por exemplo, as áreas de preservação permanente e as áreas
de proteção especial, que tenham fundamentos e finalidades próprias e distintas das
Unidades de Conservação.

Para fins da realização deste Plano de Manejo, cuja área protegida é Área de
Proteção Ambiental, categoria de Unidade de Conservação de Uso Sustentável, os
subitens deste item do trabalho tratarão do assunto sob o enfoque estrito, discorrendo
sobre a proteção trazida pelos Sistemas Nacional e Estadual (RS) de Unidades de
Conservação da Natureza.

2.1.2.1 SNUC

Embora já existissem áreas protegidas desde 1937 (ano da criação do Parque


Nacional de Itatiaia), apenas sob o impulso da Política Nacional do Meio Ambiente –
PNMA, instituída pela Lei n° 6.938/1981, foi possível agrupar as unidades de
conservação, ainda que casuisticamente, administradas com poucos recursos e
carentes de ação definida de política ambiental. A promulgação da CF/1988 foi o
verdadeiro divisor de águas no que tange à evolução das unidades de conservação, já
que, ao dispor que fossem regulamentados os incisos I, II, III e IV, do parágrafo 1°, do
art. 225, ensejou o nascimento da Lei n° 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC (MILARÉ, 2007).
A Lei n° 9.985/2000, que institui o SNUC, estabelece critérios e normas para a
criação, implantação e gestão das unidades de conservação, é fruto de um longo
processo a respeito de como instituir e gerir esses espaços territoriais especialmente
protegidos, em virtude do mandato constitucional. A regulamentação da Lei do SNUC
foi parcialmente efetuada pelo Decreto n° 4.340/2000, que buscou detalhar os
aspectos legais referentes à criação de unidades de conservação, à gestão
compartilhada com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPS,
à exploração de bens e serviços, à compensação por significativo impacto ambiental,
ao reassentamento de populações tradicionais, à reavaliação de categorias de
unidades não previstas e à gestão das reservas da biosfera.

O art. 2°, I, da Lei do SNUC, conceitua UC como “espaço territorial e seus


recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção.”Plano de Manejo é definido pelo art. 2°, XVII como o
“documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma
unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


33
presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das
estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.”

O SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais,


estaduais e municipais. Os objetivos do SNUC, definidos no art. 4°, da Lei n°
9.985/2000, são:

I – contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos


no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II – proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III – contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas


naturais;

IV – promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V – promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no


processo de desenvolvimento;

VI – proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;


VII – proteger as características relevantes da natureza geológica, geomorfológica,
espeleológica, arqueológica, paleontológica cultural.
VIII – proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX – recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X – proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,


estudos e monitoramento ambiental;

XI – valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;


XII – favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a
recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
XIII – proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações
tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-
as social e economicamente.

O art. 5° da Lei n° 9.985/2000, em seus incisos, averba as diretrizes pelas quais o


SNUC deverá ser regido. Tais diretrizes, que presidem à constituição e ao
funcionamento das unidades de conservação se voltam para assegurar a identidade
dos ecossistemas brasileiros mais significativos (MILARÉ, op. cit., p. 656-657).

Em decorrência do mandato constitucional contido no art. 225, incumbe ao Poder


Público e à coletividade a tutela e/ou vigilância sobre o meio ambiente. Neste sentido,
as diretrizes do SNUC invocam a participação efetiva das populações locais em todo o
processo de criação, implantação e gestão das unidades de conservação, em especial
aquelas contidas no inciso III do art. 5° (MILARÉ, op. cit., p. 657).

O inciso VIII do art. 5° referência que o processo de criação e gestão das UCs
deve ser realizado de maneira integrada com as políticas de administração de terras e

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


34
áreas circundantes, considerando as condições e as necessidades sociais e
econômicas.

Conforme se vê no art. 6°, a estrutura do SNUC é semelhante à estrutura do


Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Os órgãos de gestão do SNUC
estão divididos em três níveis de atribuições:

I – órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente -


CONAMA, com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;

II – órgão central: o MMA, com a finalidade de coordenar o Sistema; e

III – órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o IBAMA, em caráter supletivo,


os órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as
propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, nas respectivas esferas de atuação.

O estabelecimento de áreas protegidas tem importante papel entre as medidas


preventivas que visam à proteção ambiental, apresentando dois procedimentos
básicos: I – interromper, em alguns casos, a atuação antrópica (humana) de modo a
permitir a manutenção e a recuperação de atributos naturais ou; II – em outros casos,
permitir o uso desses recursos garantindo a manutenção no longo prazo em condições
regulares, minimizando, assim, em ambos os procedimentos, as respostas negativas
da ação antrópica. (CABRAL; SOUZA; 2005, p. 22)

Assim, as unidades de conservação integrantes do SNUC estão divididas em dois


grupos, com características específicas, descritas no art. 7° da Lei em questão:
I – Unidades de Proteção Integral, cujo objetivo básico é preservar a natureza,
sendo admitido apenas o uso indireto1 dos seus recursos naturais, com exceção dos
casos previstos na própria lei do SNUC.

II – Unidades de Uso Sustentável, cujo objetivo básico é compatibilizar a


conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos
naturais.

O grupo das Unidades de Proteção Integral, descritas a partir do art. 8° da Lei do


SNUC, sendo composto pelas categorias de: Estação Ecológica, Reserva Biológica,
Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre. O grupo das
Unidades de Uso Sustentável, descritas a partir do art. 14 da Lei, é composto pelas
seguintes categorias de UC: Área de Proteção Ambiental (caso da UC objeto deste
Plano de Manejo), Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva
Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva
Particular do Patrimônio Natural.

1
Entende-se por uso indireto aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais;

enquanto uso direto é aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais (art. 2°, IX e X, da Lei
n° 9.985/2000).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


35
Resumidamente, e de forma mais ampla, há três formas de implementação de UC
no Brasil: as que não permitem, em hipótese alguma, a presença do homem (exceto
em casos muitos especializados, para visitação pública); as que permitem a presença
humana em casos específicos, como populações tradicionais e povos indígenas; e as
que consideram legal a presença humana em seu interior, inclusive como
desenvolvimento de atividades controladas, direta ou indiretamente, pelo Estado,
como é o caso bem específico das Áreas de Proteção Ambiental (CABRAL; SOUZA;
op. cit., p. 12).

Conforme disposição do art. 22 da Lei do SNUC (regulamentado pelo art. 2° do


Decreto n° 4.340/2002), as UCs são criadas por ato do Poder Público, considerando
limites e órgão responsável pela administração. Estudos técnicos e socioeconômicos,
bem como consulta pública, devem proceder a criação das UCs, de modo a possibilitar
a identificação de sua localização, dimensão e limites mais adequados para a unidade.
Sobre esse tema, o item 6.3 discorrerá mais detalhadamente. O art. 46 do Decreto n°
4.340/2000 estabelece, ainda, que cabe ao MMA a tarefa de propor regulamentação
para cada categoria de UC.

O art. 27 da Lei n° 9.985/2000 traz a obrigatoriedade de as UCs disporem de


Plano de Manejo (regulamentado pelo art. 12 do Decreto n° 4.340/2002), entendido
como o documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de
cada UC, se estabeleça seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da
área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação da estrutura física
necessária à gestão da unidade. (CABRAL; SOUZA; op. cit. P. 34)
Em 2006, através da publicação do Decreto n° 5.758/2006 (BRASIL, 2006), foi
instituído o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP, seus princípios,
diretrizes, objetivos e estratégias. O Anexo do Decreto que institui o PNAP traz seus
objetivos gerais, específicos e as estratégias para atingi-los, incluindo, entre os
objetivos gerais, o fortalecimento dos componentes federal, distrital, estaduais e
municipais do SNUC e o aprimoramento do planejamento e a gestão do SNUC.

Por fim, cabe mencionar que cabe ao MMA organizar e manter um Cadastro
Nacional de Unidades de Conservação- CNUC2 (ao qual divulgará e colocará à
disposição do público interessado), com a colaboração do IBAMA e dos órgãos
estaduais e municipais competentes.

2.1.2.2 SEUC

No RS, foi através do Decreto Estadual n° 34.256/1992 (RIO GRANDE DO SUL,


1992-B) que se deu a criação do Sistema Estadual de Unidades de Conservação –
SEUC, de conformidade com o disposto na Lei n° 9.519/1992 (RIO GRANDE DO SUL,
1992-A), que institui o Código Florestal Estadual. Este Código, em seu art. 3°, I,
estabelece que um dos objetivos específicos da política florestal do Estado é criar,

2
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=119> Acesso em 10 out.
2010.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


36
implantar e manter um Sistema Estadual de Unidades de Conservação, de forma a
proteger comunidades biológicas representativas de ecossistemas naturais existentes,
em conformidade com o art. 251, §1°, VI, VII, XII e art. 259, da Constituição do
Estado3.

O art. 1°, do Decreto n° 34.256/1992, dispõe que o SEUC é constituído pelas UCs
estaduais e municipais. O art. 2° estabelece que a estrutura do SEUC será
estabelecida de forma a incluir comunidades geneticamente significativas, abrangendo
a maior diversidade possível de ecossistemas naturais existentes no território estadual
e nas águas jurisdicionais, dando-se prioridade àqueles que se encontrarem mais
ameaçados de degradação ou eliminação.

O art. 1°, do Decreto n° 38.814/1998 (RIO GRANDE DO SUL, 1998), que


regulamenta o Decreto do SEUC, estabelece que o SEUC integrará o Sistema
Estadual de Proteção Ambiental, tendo como órgão superior o Conselho Estadual do
Meio Ambiente – CONSEMA.

O art. 3°, do Decreto n° 34.256/1992, descreve a composição do SEUC, que se


divide em três esferas: I – órgão coordenador; II – órgão executor; e III – outros órgãos
estaduais e municipais, responsáveis pela administração de UC que, de acordo com a
legislação, integre m ou venham a integrar o SEUC. Por força da Lei Estadual n°
11.362/1999 (RIO GRANDE DO SUL, 1999), que introduz modificações na Lei n°
10.356/19954, o órgão coordenador do SEUC, passou a ser a Secretaria do Meio
Ambiente – SEMA, com as atribuições de avaliar o SEUC e nele incluir as UCs
compatíveis com o Decreto n° 34.256/1992. O órgão executor passou a ser o DEFAP,
com as funções de subsidiar a SEMA, coordenar e avaliar a implantação do SEUC,
propor a criação de UCs estaduais e responsabilizar-se por sua administração. Assim,

3
Art. 251: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo, preservá-lo e restaurá-lo para as presentes e futuras gerações, cabendo a todos
exigir do Poder Público a adoção de medidas nesse sentido. §1º - Para assegurar a efetividade desse direito, o Estado
desenvolverá ações permanentes de proteção, restauração e fiscalização do meio ambiente, incumbindo-lhe,
primordialmente: (...) VI - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético contido em seu território,
inclusive mantendo e ampliando bancos de germoplasma, e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e à
manipulação de material genético; VII - proteger a flora, a fauna e a paisagem natural, especialmente os cursos d‟água,
vedadas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica e paisagística, provoquem extinção de espécie ou
submetam os animais a crueldade; (...)XII - fiscalizar, cadastrar e manter as florestas e as unidades públicas estaduais
de conservação, fomentando o florestamento ecológico e conservando, na forma da lei, as florestas remanescentes do
Estado; (...) Art. 259: Art. 259: As unidades estaduais públicas de conservação são consideradas patrimônio público
inalienável, sendo proibida ainda sua concessão ou cedência, bem como qualquer atividade ou empreendimento
público ou privado que danifique ou altere as características naturais. § único: A lei criará incentivos especiais para a
preservação das áreas de interesse ecológico em propriedades privadas. (RIO GRANDE DO SUL, 1989).

4
A Lei Estadual n° 10.356/1995 (RIO GRANDE DO SUL, 1995) dispõe sobre a estrutura organizacional da
Administração Direta e dá outras providências. A Lei Estadual n° 11.362/1999 introduz alterações na Lei n°
10.356/1995, dispõe sobre a Secretaria do Meio Ambiente – SEMA e dá outras providências. Através desta última Lei,
a competência sobre as questões relativas às Unidades de Conservação Estaduais e o SEUC ficam a cargo da SEMA
e seu DEFAP, através da DUC.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


37
atualmente, cabe ao DEFAP, através da Divisão de Unidades de Conservação – DUC,
a elaboração de um Cadastro Estadual de Unidades de Conservação, com a
cooperação dos demais órgãos estaduais e municipais.

A categorização de UCs estabelecida no SEUC não pode ser utilizada (Unidades


de Proteção Integral, Unidades de Conservação Provisórias e Unidades de Manejo
Sustentável), pois é diferente daquela contida na Lei n° 9.985/2000. Nesse caso, as
categorias de UCs são as do SNUC: Unidades de Proteção Integral e Unidades de
Uso Sustentável, da Lei n° 9.985/2000.

Nos termos do art. 11 do Decreto n° 34.256/1992, deverão ser incentivadas


atividades de educação ambiental em todas as categorias de UCs.
Note-se que o SEUC do Estado do RS foi criado e instituído anos antes da criação
e instituição do SNUC. Dessa forma, as aplicações dos Decretos de criação e
regulamentação do SEUC do RS têm seus dispositivos aplicados somente na medida
em que não contrariam e/ou desobedecem àqueles dispostos na Lei n° 9.985/2000 e
demais regulamentações acerca do SNUC, por serem leis posteriores e
hierarquicamente superiores. Para o caso de dispositivos do SEUC que estejam
desatualizados, aplicam-se aqueles contidos nas normatizações referentes ao SNUC.
O Decreto n° 38.814/1998, regulamentador do SEUC, dispõe, ainda, sobre as
competências dos órgãos que o compõem, bem como quanto ao sistema de
cadastramento das UCs. Assim, o art. 7° dispõe que o cadastramento no SEUC será
efetuado mediante solicitação de inscrição, pelos responsáveis das unidades, através
de formulário específico (constantes no Anexo 1 do Decreto), documento de
responsabilidade técnica e documentação referente ao ato de criação da UC,
diagnóstico da área, levantamento da situação fundiária, enquadramento da UC, entre
outras.

Nessa esteira, segundo o art. 10, os municípios que possuírem UCs poderão
receber recursos previstos em Lei a título de estímulo e compensação da preservação
e conservação ambiental, desde que: I – a utilização da UC seja compatível com o que
determina a legislação em vigor para a categoria (atente-se para o SNUC); II – a UC
conste no Cadastro de UCs do Estado, referendado pelo CONSEMA.

É obrigatória, nos termos do art. 17, a sinalização externa, por meio de placas, da
área da UC, que deverá ser implementada por seu administrador. A sinalização deverá
ser instalada nos limites externos da unidade e suas vias de acesso, respeitando: I – a
visibilidade imediata aos que transitam pelo local ou dele se aproximem; II – a
integração com o ambiente, de modo a não desfigurar a paisagem nem causar dano
de qualquer tipo; e III – a inclusão de mensagem incentivadora de preservação
ambiental.
Por fim, importante mencionar que os municípios que possuem UC poderão
elaborar o Sistema Municipal de Unidades de Conservação, em observância ao
SEUC, nos termos estabelecidos pelo Decreto n° 38.814/1998.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


38
2.1.3 Diretrizes Normativas

2.1.3.1 Conservação do Bioma

A APA Lagoa Verde está inserida na região geomorfológica chamada Planície


Costeira e na região fisiográfica do Litoral, no Bioma Pampa. Este Bioma, por sua vez,
composto por campos, garante serviços ambientais importantes, como a conservação
de recursos hídricos, a disponibilidade de polinizadores, e o provimento de recursos
genéticos.

Pela classificação brasileira de biomas (IBGE, 2004), o Brasil possui seis grandes
biomas,5 e o Pampa é um deles, compreendendo os campos da metade sul do RS,
ocupando 63% (sessenta e três por cento) do território do Estado. O Pampa, como
bioma (IBGE, 2004) é a reunião de “formações ecológicas que se inter-cruzam em
uma formação ecopaisagística única, com intenso tráfego de matéria, energia e vida
entre os campos, matas ciliares (de galeria), capões de mato e matas de encostas”
(SUERTEGARAY et. al., 2009, p. 43), suas principais formações. Abrange uma área
de 176.496 Km², 2,07% da parcela do território brasileiro.
A denominação bioma tem associação com a relação estabelecida entre os
conceitos de ecossistemas e paisagens. Assim, utiliza-se o conceito de bioma tanto no
que se refere à classificação de grandes paisagens, quanto para designar unidades
geográficas contínuas, ainda que compostas por vários ecossistemas
(SUERTEGARAY et. al., op. cit., p. 44).
Na Convenção sobre Diversidade Biológica, no transcorrer dos debates da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Rio, em
1992, foram previstas áreas prioritárias para conservação da biodiversidade. No ano
de 1998, o MMA mobilizou uma equipe de pesquisadores para apontar áreas
prioritárias para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica e Campos Sulinos.
Após workshop para definir essas áreas (MMA, 2000), construiu-se o marco
legitimador sobre o bioma Pampa. Assim, “na eminência de sua total destruição, em
2004, o MMA ratificou a aplicação do termo bioma, para o Pampa” (SUERTEGARAY
et. al., op. cit. P. 44).

O Pampa resguarda espécies raras de fauna e flora, animais endêmicos e outras


tantas espécies desconhecidas pela ciência. Durante 300 (trezentos) anos, foi
destinado à agropecuária. Ocorre que o desenvolvimento desordenado da região
apresenta sérios riscos de erosão, arenização e a extinção de vários animais nativos.
Na Constituição do Estado do RS, de 1989, o dispositivo do art. 251, XVI,
resultante de uma Emenda Constitucional de 2005, faz referência especificamente ao
Bioma Pampa, no qual foi acrescentado que cabe ao Estado, nas ações de proteção

5
Esclareça-se que a classificação adotada pelo IBGE não é a mesma adotada pelo IBAMA, que entende que o Brasil
possui sete biomas e não seis, quais sejam: Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Campos Sulinos
(Pampa) e Zona Costeira. A classificação do IBGE não inclui a Zona Costeira como bioma, o que deverá mudar, tendo
em vista PEC, que tramita no Congresso Nacional, o que se verá adiante no texto.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


39
ambiental que deve desenvolver, valorizar e preservar o Pampa Gaúcho, sua cultura,
patrimônio genético, diversidade de fauna e vegetação nativa, garantindo-se a
denominação de origem.

A prática da silvicultura é muito verificada na região. O zoneamento ambiental


para a prática dessa atividade é uma exigência legal em escala federal e estadual. No
caso do RS, está previsto no Código Estadual do Meio Ambiente, Lei n° 11.520/2000
(RIO GRANDE DO SUL, 2000). Diante da política de ampliação da silvicultura, ficou
evidente a necessidade desse zoneamento, que foi, então, elaborado pela
SEMA/FEPAM (e também a Fundação Zoobotânica), em 2007, com a colaboração de
especialistas e pesquisadores da área (SUERTEGARAY et. al., op. cit., p. 57).

Os campos do Bioma Pampa podem ser divididos em: campos de barba-de-bode,


campos de solos rasos, campos de solos profundos, campos dos areais, vegetação
savanóide, campos do centro do Estado e campos litorâneos. Nestes últimos, região
na qual está inserida a APA da Lagoa Verde, há uma presença marcante de espécies
prostradas, estoloníferas ou rizomatosas, cobrindo bem o solo. “As gramíneas habitam
solos medianamente drenados e as ciperáceas, solos mal drenados, caracterizando
estes campos.” (BOLDRINI, 2009, p. 67-70)

Na Câmara dos Deputados, foi apresentada a PEC n° 237/2008,6 a qual foi


apensada a PEC n° 424/2009, com ementa semelhante àquela da PEC n° 05/2009, no
sentido de modificar o § 4º, do art. 225, da CF, incluindo o Bioma Pampa na lista dos
biomas considerados patrimônio nacional. Aqui a definição utilizada é Pampa e não
Campos Sulinos, como se verá no próximo parágrafo.

Tramita no Congresso Nacional Proposta de Emenda à Constituição – PEC n°


05/2009,7 que modifica o art. 4°, do art. 225, da Constituição Federal, alterando a lista
de biomas brasileiros, conforme classificação adotada pelo IBAMA. De acordo com
essa classificação do IBAMA, o Bioma Pampa recebe o nome de Campos Sulinos. A
justificativa dessa PEC, utilizando a definição adotada pelo IBAMA, está em que o
órgão tem por objetivo a análise de cenários e tendências dos diferentes biomas,
servindo como referência para o estabelecimento de políticas públicas diferenciadas.
Cabe, por fim, ressaltar a inconcebível lacuna legislativa quanto ao Bioma Pampa,
frente ao tamanho da sua importância na composição dos biomas brasileiros.

2.1.3.2 Área de Proteção Ambiental

Ainda quanto aos aspectos legais e normativos, no que tange às UCs, em especial
à APA da Lagoa Verde, deve ser observado e atendido o quadro geral das normas
ambientais. Assim, neste item são citadas normas em níveis federal, estadual e
municipal, que devem ser respeitadas na condução do processo de gestão da APA.

6
Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=457694> Acesso em: 10 out. 2010.
7
Disponível em: <http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=90280> Acesso em: 10 out.
2010.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


40
 FEDERAL

Legislação ordinária:

- Lei n° 4.771/1965: Institui o Código Florestal.

- Lei n° 6.902/1981 (redação dada pela Lei n° 7.804/1989, regulamentada pelo


Decreto n° 99.274/1990): Dispõe sobre a criação de estações ecológicas, áreas de
proteção ambiental e dá outras providências.

- Lei n° 6.938/1981 (regulamentada pelo Decreto n° 99.274/1990), que dispõe


sobre a Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, e dá outras providências:

O art. 2° descreve os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, quais


sejam: preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da pessoa humana.
- Constituição Federal do Brasil, de 1988: o Capítulo VI dispõe sobre o meio
ambiente.
Consoante art. 225, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.”

- Lei n° 9.985/2000 (regulamentada pelo Decreto n° 4.340/2002; alterada pela Lei


n° 11.516/2007), que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza e dá outras providências, sobre o qual se discorreu detalhadamente no item
XX (SNUC):

O art. 14 inclui Área de Proteção Ambiental como categoria de UC de Uso


Sustentável. Nos termos do art. 15, Área de Proteção Ambiental é uma área em geral
extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos,
estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-
estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso
dos recursos naturais.

- Decreto n° 4.340/2002: Regulamenta o Sistema Nacional de Unidades de


Conservação da Natureza – SNUC.

- Decreto n° 5.758/2006: Institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas


– PNAP, seus princípios, diretrizes, objetivos e estratégias e dá outras providências.

Resoluções do CONAMA:

- Resolução n° 10/1988, que dispõe sobre a regulamentação de Áreas de


Proteção Ambiental – APA:

As áreas de proteção ambiental – APAs são unidades de conservação, destinadas


a proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes,

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


41
visando à melhoria da qualidade de vida da população local e também objetivando a
proteção dos ecossistemas regionais, nos termos do art. 1°.

O art. 2° desta Resolução expressa que as APAs terão sempre um Zoneamento


Ecológico-Econômico; § único esclarece que este zoneamento estabelecerá normas
de uso, de acordo com as condições locais bióticas, geológicas, urbanísticas, agro-
pastoris, extrativistas, culturais e outras.

- Resolução CONAMA n° 13/1990: Dispõe sobre normas referentes às atividades


desenvolvidas no entorno das Unidades de Conservação.

- Resolução CONAMA n° 422/2010: Estabelece diretrizes para as campanhas,


ações e projetos de Educação Ambiental, e dá outras providências.

 ESTADUAL

- Constituição do Estado do Rio Grande do Sul: o Capítulo IV dispõe sobre a


proteção do Meio Ambiente.
- Decreto n° 34.256/1992, que cria o Sistema Estadual de Unidades de
Conservação e dá outras providências, tratado especificamente no item xx (SEUC)
deste Plano:

O art. 8° estabelece que cada Unidade de Conservação, dentro de sua categoria,


disporá sempre de um plano de manejo, no qual se definirá o zoneamento da unidade
e sua utilização, sendo vedadas quaisquer alterações, atividades ou modalidades de
utilização estranhas ao respectivo plano.
- Decreto n° 38.814/1998 que regulamenta o Sistema Estadual de Unidades de
Conservação – SEUC e dá outras providências:
O art. 11 estabelece que as unidades de conservação públicas, estaduais e
municipais, integrantes do SEUC são consideradas patrimônio público inalienável,
proibida sua concessão ou cedência, bem como qualquer atividade ou
empreendimento público ou privado que provoque dano ao ecossistema protegido.

- Lei n° 11.520/2000: Institui o Código Estadual do Meio Ambiente.

- Lei n° 12.995/2008: Dispõe acerca do acesso a informações sobre o meio


ambiente e dá outras providências.

- Decreto n° 47.137/2010: Institui o programa estadual de recuperação de áreas


de preservação permanente – APPs – e reserva legal, denominado ambiente legal, e
dá outras providências.

 MUNICIPAL

- Lei n° 6.084/2005: Cria a Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde.

- Lei n° 6.365/2007: Dispõe sobre o licenciamento ambiental e as sanções


administrativas pelo seu descumprimento no município do Rio Grande e dá outras
providências.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


42
- Lei n° 6.585/2008, que dispõe sobre o Plano Diretor participativo do município de
Rio Grande e estabelece as diretrizes e proposições de desenvolvimento urbano
municipal:

Entre os objetivos elencados no Plano Diretor em seu art. 10, XIV, está a garantia
a preservação, proteção e recuperação do ambiente natural e do patrimônio cultural,
histórico e paisagístico. Dá-se especial relevância ao Capítulo III por trazer em seu
bojo a Política Ambiental Municipal. Quanto ao art. 87, fala sobre as áreas de proteção
do ambiente natural. No tocante ao Capítulo X trata sobre relatórios de impacto
ambiental e de vizinhança.

- Lei n° 6.588/2008: Estabelece o regime urbanístico do município do Rio Grande,


normatizando o zoneamento de uso e ocupação do solo, os dispositivos de controle
das edificações, equipamentos urbanos e procedimentos administrativos.

- Lei n° 6.832/2009: Dispõe sobre o plano diretor de arborização urbana do


município do Rio Grande.

2.1.4 Situação Administrativa da Unidade de Conservação

A APA da Lagoa Verde foi criada no ano de 2005, através da Lei Municipal n°
6.084 (RIO GRANDE, 2005), de 22 de abril. Em seu art. 4°, estabelece que o
Município poderá criar uma estrutura administrativa e técnica para administrar a APA
ou repassar a administração a terceiros, desde que autorizado pelo Poder Legislativo.

A estrutura administrativa da UC ainda não foi estabelecida, proposta que é


realizada no Programa de Administração deste Plano de Manejo, estabelecendo os
cargos a serem criados e suas atribuições.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


43
3 CONTEXTO REGIONAL

3.1 ENQUADRAMENTO GEOPOLÍTICO

A APA da Lagoa Verde esta inserida, na sua totalidade, no município de Rio


Grande. Este município possui área total de 2813,9 Km², sendo que a APA ocupa 5,16
Km², ou seja, 0,18% de área do município.

Conforme divisão administrativa e de planejamento, a APA da Lagoa Verde esta


localizada no Conselho Regional de Desenvolvimento (COREDE) Sul. Ela pertence ao
Bioma Pampa, na Mesorregião Sudeste Rio-grandense. E, segundo o Comitê de
Bacias Hidrográficas, a APA esta localizada na Bacia Hidrográfica Mirim-São Gonçalo.

3.2 DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS

A paisagem geomorfológica é geralmente constituída, segundo Paisani et.al.


(2008), por formas de relevo em diferentes escalas geradas ao longo do tempo.
Segundo a divisão da paisagem em zonas morfoclimáticas sugerida por Ab‟Saber
(1967), as zonas morfoclimáticas subtropicais, onde se enquadram os estados da
região sul do Brasil, estão submetidas a uma dinâmica atmosférica típica. Essas
regiões apresentam regimes pluviométricos e de temperatura típicos de zonas
climáticas onde as quatro estações do ano são bem definidas.
No estado do Rio Grande do Sul é possível individualizar paisagens
geomorfológicas regionais dentro da mesma zona morfoclimática. A paisagem
correspondente à Planície Costeira, onde a área da APA se enquadra, é controlada,
sobretudo, pelos processos geológicos relacionados àcontínuos eventos de
transgressão e regressão marítimas, conforme apresentado no diagnóstico.
Com relação ao clima, conforme apresentado no diagnóstico e segundo a
classificação de Köppen, o Rio Grande do Sul enquadra-se na variedade Cfa, ou seja,
subtropical, caracterizado por situar-se na faixa de clima temperado, onde as
precipitações pluviais médias são razoavelmente bem distribuídas ao longo do ano,
ocorrendo precipitação em todos os meses e com inexistência de uma estação seca
definida. Apresenta um verão quente, onde a temperatura média no mês mais quente
é superior a 22°C.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


44
3.3 ENQUADRAMENTO BIOGEOGRÁFICO

O Rio Grande do Sul está situado em uma área geográfica de transição entre duas
províncias biogeográficas da região Neotropical: a Paranaense e a Pampeana, com
um pequeno contato com a província Atlântica. De acordo com o sistema clássico de
Cabrera & Willink (1980), a APA Lagoa Verde está inserida na Província Pampeana
que faz parte do Domínio Chaquenho. Esta abrange a metade sul do Estado e possui
clima temperado-quente, com precipitações anuais de 600 a 1.200 mm, temperaturas
médias anuais entre 13 e 17 ºC, sendo encontrados principalmente campos com
gramíneas. De acordo com a classificação de ecorregiões terrestres adotada pelo
Banco Mundial e WWF (DINERSTEIN et al. 1995), a mesma pertence à Ecorregião
das Savanas Uruguaias.

3.4 DOMÍNIOS FITO E ZOOGEOGRÁFICO

A APA Lagoa Verde em termos fitogeográficos encontra-se nos domínios do


Bioma Pampa, que se restringe ao Rio Grande do Sul e ocupa 63% do território do
estado (IBGE, 2008)(Figura 1). De acordo com o mapa de distribuição da vegetação
original para o estado do Rio Grande do Sul, elaborado pelo RADAMBRASIL, a
vegetação existente na APA Lagoa Verde engloba áreas de Formações Pioneiras.
Estas se situam na Planície Costeira e ao longo da rede hidrográfica da Depressão
Central e da Campanha. Nestas áreas encontram-se espécies desde herbáceas até
arbóreas, com ocorrência de variadas formas biológicas, adaptadas às diferentes
condições edáficas aí reinantes. As formações vegetais encontradas são de influência
marinha (restinga), fluvial (comunidades aluviais) e fluvio-marinha (manguezal e
campos salinos).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


45
Figura 1: Mapa da fitossocionomia do Rio Grande do Sul com a localização da APA Lagoa
Verde (Fonte: IBGE, 2008).

A área da APA da Lagoa Verde localizada na região geomorfológica da Planície


Costeira e na região fisiográfica do Litoral, consideradas ambientes de ecótonos, os
quais influenciam na distribuição da fauna, e normalmente são compostas por
espécies ligadas aos ambientes dulceaquícolas e marinhos, contribuem para a
diversidade das espécies nesses diferentes ecossistemas.

3.5 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PRESENTES NO


BIOMA

A APA Lagoa Verde está inserida na região geomorfológica chamada Planície


Costeira e na região fisiográfica do Litoral, no Bioma Pampa. Esse por sua vez,
composto por campos, garante serviços ambientais importantes, como a conservação
de recursos hídricos, a disponibilidade de polinizadores, e o provimento de recursos
genéticos.

O Bioma Pampa abriga alta diversidade e oferece beleza cênica com potencial
turístico importante, porém a sua conservação tem sido ameaçada pela conversão em
culturas anuais e silvicultura e pela degradação associada à invasão de espécies
exóticas e uso inadequado (PILLAR, 2009).

A Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO) estabeleceu metas para 2010


(Resolução nº 03, de 21 de dezembro de 2006), com objetivo de proteger 10% dos
biomas terrestres em unidades de conservação, com exceção do bioma amazônico, o

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


46
qual o índice ficou em 30%. O percentual atual dos biomas Pampa e mata Atlântica,
está muito abaixo desta meta, em especial o Bioma Pampa.

Considerando as unidades de conservação de domínio público, federais e


estaduais, localizadas na área de distribuição do bioma Pampa existem atualmente 15,
sendo 11 de proteção integral e 04 de uso sustentável (Tabela 1 e Mapa 1).

Tabela 1: Unidades de Conservação presentes no Bioma Pampa (Fonte: Campos Sulinos:


Conservação e uso sutentável da biodiversidade)
¹ Inserida nos Biomas Pampa e Mata Atlantica (Fonte: Secretaria Estadual do Meio Ambiente,
2010).
UNIDADE DE ANO DE
ÁREA (HA) MUNICÍPIO GESTÃO
CONSERVAÇÃO CRIAÇÃO
Área de Proteção Glorinha, Santo
Ambiental do Banhado 1998 133.000,00 Antonio da Patrulha, Estadual
Grande¹ Viamão e Gravataí.
Parque Estadual de Itapuã 1973 5.566,50 Viamão Estadual
Porto Alegre,
Parque Estadual Delta do Canoas, Eldorado
1979 14.242 Estadual
Jacuí do Sul, Triunfo e
Santa Rita do Sul
Porto Alegre,
Canoas, Eldorado
Área de Proteção
2005 22.829 do Sul, Nova Santa Estadual
Ambiental Delta do Jacuí ¹
Rita, Triunfo e
Charqueadas
Parque Estadual do
1975 7.992,50 Camaquã Estadual
Camaquã¹
Parque Estadual do
1975 1.617,00 Barra do Quaraí Estadual
Espinilho
Parque Estadual do
1975 3.645,00 Encruzilhada do Sul Estadual
Podocarpus
Reserva Biológica de
1982 351,42 Alegrete Estadual
Ibirapuitã
Reserva Biologica do
5.161 Arroio Grande
Mato Grande
Reserva Biológica do
1975 4.392,00 Itaqui Estadual
Banhado São Donato

Alegrete, Rosário do
Área de Proteção Sul, Quaraí e
1992 318.757,00 Federal
Ambiental do Ibirapuitã Santana do
Livramento

Parque nacional da Lagoa


1986 34.400 Mostardas, Tavares Federal
do Peixe
Estação Ecológica do Rio Grande, Santa
1978 33.400 Federal
Taim Vitória do Palmar
Refúgio de Vida Silvestre 2002 2.543,00 Viamão Estadual

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


47
UNIDADE DE ANO DE
ÁREA (HA) MUNICÍPIO GESTÃO
CONSERVAÇÃO CRIAÇÃO
Banhado dos Pachecos
Área de Relevante
Interesse Ecológico Pontal Santa Vitória do
1984 2.994 Federal
dos Latinos e Pontal do Palmar
Santiago

No âmbito regional, com relação às UCs municipais, além da APA da Lagoa


Verde, foi criado o Refúgio da Vida Silvestre do Molhe Leste da Barra de Rio Grande,
através da lei municipal Nº 007 de 10 de maio de 1996, com uma área de 30 ha,
localizado no litoral sul do Estado, no município de São José do Norte.

Não foram consideradas, neste documento, a categoria Reserva Particulares do


Patrimônio Natural (RPPN), pois não se tem localização geográfica precisa e não há
informação sistematizada sobre a ocorrência das formações vegetais das mesmas.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


48
-57°0' -54°57' -52°54' -50°51'
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS
Paraná -70°0' -60°0' -50°0' -40°0'

Colom bia
-26°27'

-26°27'
Paraguai RR
AP

0°0'

0°0'
AM PA MA CE
PI

-10°0'

-10°0'
Santa Catarina RO TO
BA

Per u
MT
GO
Bolivia
MG

-20°0'

-20°0'
Argentina MS
SP
PR
OCEANO
ATLÂNTICO
Argentina RS

-30°0'

-30°0'
Rio Grande do Sul 0 500 1.000
-28°30'

km

-28°30'
-70°0' -60°0' -50°0' -40°0'

15
.
!
Legenda
Bioma Pampa 7 - Parque Estadual de Itapuã
Massa d'água 8 - Parque Estadual do Camaquã
16 9 4 Divisão Política
2 9 - Parque Estadual do Delta do Jacuí
.
! .!
! . !
.
10 Divisa Estadual 10 - Parque Estadual do Espinilho
. 13
!
.
! 3 7 Divisas Internacionais 11 - Parque Estadual do Podocarpus
.
! .
!
11 12 - Parque Nacional da Lagoa do Peixe
-30°33'

-30°33'
!
. Unidades de Conservação do Bioma Pampa
11 !
. 13 - Ref. de Vida Silv. Ban. dos Pachecos
.
! 1 - APA da Lagoa Verde

s
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2 - APA do Banhado Grande 14 - Refúgio de Vida Silvestre Molhe Leste

sP
8 12 15 - Reserva Biológica de São Donato
3 - APA do Rio Ibirapuitã

do
.
! a
un
.
!
g 4 - APA Estadual do Delta do Jacuí 16 - Reserva Biológica do Ibirapuitã
La
5 - ARIE Pontal dos Latinos e Pontal do Santiago 17 - Reserva Biológica do Mato Grande

6 - Estação Ecológica do Taim


17 1 14
.
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..

6
®
-32°36'

-32°36'
Uruguai 5 .
! 0 50 100
.
! Km
Projeção Cônica Conforme de Lambert Escala numérica - folha A3
Datum SAD-69 1:4.000.000

Empreendedor Responsabilidade Técnica


Prefeitura Municipal de Rio Grande
OCE AN O ATL ÂN TI C O
Empreendimento
APA da Lagoa Verde

Projeto Plano de Manejo

Título Mapa de Unidades de Conservação do Bioma Pampa


-34°39'

-34°39'

Fonte Polar Meio Ambiente (2010), MMA (2010), PMRG (2005) Data
Novembro/2010

-57°0' -54°57' -52°54' -50°51'


4 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

4.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSO

A APA da Lagoa Verde fica localizada no município de Rio Grande distante da


praia do Cassino por aproximadamente 2 Km. A distância da APA até Porto Alegre é
de aproximadamente 350 Km.

Saindo de Porto Alegre percorre-se, aproximadamente, 300 Km pela rodovia BR


116, passando por 13 municípios, sendo eles: Eldourado do Sul, Guaíba, Barra do
Ribeiro, Mariana Pimentel, Sertão Santana, Tapes, Sentinela do Sul, Camaquã,
Arambaré, Cristal, São Lourenço do Sul, Turuçu e Pelotas. Chegando em Pelotas
existe um ponto da rodovia onde há um cruzamento entre a BR 116 e a BR 392, neste
ponto deve-se entrar no acesso que vai para a BR 392, à esquerda. Seguindo por esta
rodovia, ainda no município de Pelotas, percorre-se em torno de 10 Km até chegar ao
município de Rio grande. Continuando pela BR 392, após, aproximadamente, 30 Km,
existe um “trevo de acesso” em que entrado pela acesso a esquerda, após percorrer
por volta de 10Km, chega-se a área da APA. Há também há possibilidade de acesso à
APA pelo lado sul, para isto, no trevo deve-se acessar a rodovia ERS 734 para a
direita e percorrê-la por aproximadamente 6 Km (Mapa 2).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


50
380.000 390.000 400.000
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS MUNICÍPIOS
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
Laguna dos Patos MS São
SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
6.470.000

6.470.000
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
Pelotas do
n a
SC gu
La
Capão do
Leão
Herval

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
RS APA da Lagoa
Arroio ! Verde
Grande Rio Grande
OCEANO

1
ATLÂNTICO

10
Uruguai
OCEANO ATLÂNTICO

BR

-32°30'

-32°30'
Jaguarão
im
go a Mi r
6.460.000

6.460.000

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
km km
ir os
sM ar inh e
Il ha do -59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
Sao Jose do Norte
Saco do
Arraial

Legenda
Vila Santa Tereza
Rio Grande Sistema Viário Divisas Politicas
® Aeroporto

o
a
ir
ue Rodovia Federal Divisa Municipal

2
g APA da Lagoa Verde
an

39
Quinta
6.450.000

6.450.000
Rodovia Estadual Rio Grande

BR
M
Vila Carreiros

de
® Mancha Urbana
o

B R 39 2
da

r an
Rodovia Municipal
co

Hidrografia

io G
Sa

47 1 Rua
BR Rede Hidrográfica
eR Ferrovia
al d
Massa d'água
C an
4
73
S
ER

®
6.440.000

6.440.000
Cassino

Projeção Universal Transversa de Mercator


Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
0 4.000 8.000
O m

IC Escala numérica - folha A3


T 1:200.000
N
Â
L

Empreendedor Responsabilidade Técnica


T
A
6.430.000

6.430.000

Prefeitura Municipal de Rio Grande


O
N

Empreendimento
A

APA da Lagoa Verde


E
C

Projeto
O

Plano de Manejo

Título
Mapa de Localização e Situação

Fonte Polar Meio Ambiente (2010), DSG (1977), PMRG (2005). Data Novembro/2010

380.000 390.000 400.000


4.2 DESCRIÇÃO DOS LIMITES

Os limites da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde são determinados,


através da Lei Municipal n° 6.084, de 22 de abril de 2005, de Rio Grande, com área
superficial de aproximadamente 510,00 ha, constituída pela própria Lagoa Verde e seu
entorno numa faixa de 200,00 m (duzentos metros), a partir do nível médio das águas;
pelo Arroio Bolaxa e suas margens numa faixa de 100,00 m (cem metros) cada; pelo
Arroio Senandes e suas margens numa faixa de 100,00 m (cem metros) cada; pelo
canal meandrante São Simão, que liga a Lagoa Verde ao Saco da Mangueira e suas
margens numa faixa de 100,00 m (cem metros) cada.

4.3 ASPECTOS LEGAIS DA CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E


MANEJO

Pelo disposto no art. 22, da Lei n° 9.985/2000 (Lei do SNUC), as UCs são criadas
por ato do Poder Público. Nos termos do §2°, esta criação deve ser precedida de
estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a
dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme dispõe o Decreto n°
4.340/2002, que regulamenta a Lei do SNUC.

O art. 2° do Decreto referido acima, institui o que o ato que cria uma UC deve
indicar, como a denominação, a categoria de manejo, os objetivos, os limites, a área
da unidade e o órgão responsável por sua administração. Compete ao órgão executor
proponente da nova UC elaborar os estudos técnicos preliminares e realizar a consulta
pública e os demais procedimentos administrativos necessários à criação da unidade,
segundo o que preconiza o art. 4° do Decreto. Ressalte-se que a consulta pública para
a criação de UC tem a finalidade de subsidiar a definição da localização, da dimensão
e dos limites mais adequados para a unidade.

Voltando ao art. 22, da Lei n° 9.985/2000, o §6° explicita que a ampliação dos
limites de uma UC, sem modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo
proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que
criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos
no §2°. Nos termos do art. 25 da Lei, as APAs estão dispensadas de possuir zona de
amortecimento.

Dando continuidade, o art. 27 da Lei do SNUC estabelece que as UCs devem


dispor de um Plano de Manejo. Este deve abranger a área da UC, sua zona de
amortecimento e os corredores ecológicos (caso existam), incluindo medidas com o
fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas.
O Plano de Manejo deve ser elaborado no prazo de cinco anos a partir da data de sua
criação. Nos termos do art. 12, do Decreto n° 4.340/2002, o Plano deve ser elaborado
pelo órgão gestor ou pelo proprietário, quando for o caso, e será aprovado em portaria
do órgão executor, no caso de APA. O Plano de Manejo aprovado deverá estar
disponível para consulta do público na sede da UC e no centro de documentação do
órgão executor, nos termos do art. 16 do Decreto.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
52
Nas UCs são proibidas quaisquer alterações, atividades ou modalidades de
utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus
regulamentos. É o que preconiza o art. 28 da Lei n° 9.985/2000. Os órgãos executores
farão articulações com a comunidade científica, com o propósito de incentivar o
desenvolvimento de pesquisas sobre a fauna, a flora e a ecologia das UCs e sobre
formas de uso sustentável dos recursos naturais, desde que não coloquem em risco a
sobrevivência das espécies integrantes dos ecossistemas protegidos, segundo o
disposto no art. 32.

A APA da Lagoa Verde é UC de Uso Sustentável, cujo objetivo básico é


compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus
recursos naturais. Extrai-se do art. 15, da Lei n° 9.985/2000, que a Área de Proteção
Ambiental é uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada
de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a
qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos
básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

A APA é constituída por terras públicas ou privadas e, respeitados os limites


constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de
propriedade privada localizada na sua área. As condições para a realização de
pesquisa científica e visitação pública nas áreas de domínio público cabem ao órgão
gestor. Já nas áreas sob domínio privado, cabe ao proprietário estabelecer essas
condições.
A APA disporá de Conselho, presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações
da sociedade civil e da população residente, conforme se dispõe no Capítulo V, do
Decreto n° 4.340/2002. Sobre o tema da formação de Conselho e sua composição, o
item 8.3 Programa de Construção e Coordenação do Conselho de Gestão trata
especificamente do assunto e como se dará essa formação na APA da Lagoa Verde.

4.4 JUSTIFICATIVA PARA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE DE


CONSERVAÇÃO

A proposta de criação da APA da Lagoa Verde foi realizada, pela primeira vez,
em 1991, no entanto, o processo legislativo somente se concretizou com o advento da
Lei n° 6.084, em 2005. As primeiras atividades modificadoras do ambiente da área da
Lagoa datam da década de 40, antes da criação da maioria das leis ambientais,
quando os proprietários de terras já utilizavam barragens, visando evitar o alagamento
próximo às residências e também o aterramento do local.

O histórico de ocupação irregular e degradação ambiental são anteriores à


legislação. No entanto, a Lagoa Verde e seus sistemas de arroios estão enquadrados
na Legislação Federal e também previstos no Plano Diretor de Desenvolvimento

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


53
Integrado do Município de Rio Grande como ambiente de produção ambiental,
devendo ser preservado permanentemente.

Os principais impactos a serem destacados em relação à área, quando ainda


nem era uma APA, decorrem da ocupação desordenada da população em direção à
praia do Cassino. Além dos problemas ambientais, houve descumprimento da
legislação, levou ao desordenamento territorial e prejudicou o planejamento urbano da
cidade. Entre os problemas que afetavam a região estavam a destinação do lixo, os
aterros, a criação extensiva de gado, agricultura tradicional com uso de agrotóxicos,
cortes de mata nativa, etc. Decorrentes desses impactos, foram firmados diversos
Termos de Ajustamento de Condutas – TAC, dos infratores com o Ministério Público.

Pela falta de fiscalização e preservação da área, surge a idéia de criar a APA,


cujo processo tramitou por mais de 10 anos antes de ser criada por Lei Municipal, em
2005. Antes desse período, inúmeros projetos e atividades foram desenvolvidas no
local.

Em 1991, teve inicio o processo de criação, por meio do projeto “Áreas de


Interesse Ambiental da cidade do Rio Grande”, realizado pelo NEMA, que, pela
primeira vez, propôs a criação da APA da Lagoa Verde. Em 1998, a proposta foi
levada para discussão no Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
(CONDEMA). A comunidade manifestou-se de forma favorável à APA. Entre as
discussões, estava a criação de uma Reserva Ecológica em vez de APA, sendo
inviável por aquela categoria ser bastante restritiva, necessitava maior detalhamento e
mais estudos.

Em 2001, o CONDEMA manifestou-se favoravelmente à criação da APA. Nesse


ano, enviou-se o Anteprojeto de Lei para criação da APA à Prefeitura Municipal de Rio
Grande. Sem perspectiva de aprovação, foi apresentada proposta alternativa que
diminuiu a área da APA, o que facilitou sua aprovação no legislativo.
Considerando a ocupação urbana, as atividades agropastoris e de pesca
artesanal e os atributos naturais da área, a categoria Área de Proteção Ambiental
descrita pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação e utilizada a nível
federal, mostrou-se a mais adequada para enquadrar a referida área. Sua criação não
implicou em desapropriações e possibilitou o manejo direto do meio ambiente, com o
objetivo de harmonizar o desenvolvimento socioeconômico com as necessidades de
conservação da área.

A importância da área decorre de diversos fatos conjugados, tais quais: o


Sistema “Arroios – Lagoa Verde” representa a última área de marismas, banhados,
arroios, matas e dunas interiores preservados dentro da zona urbana do Município; a
preservação destes ambientes garantirá uma melhor qualidade de vida à comunidade;
estes ambientes constituem-se ainda em habitat natural de várias espécies animais e
vegetais; a proximidade da área com o centro urbano e a crescente e desordenada
ocupação humana tem gerado alguns conflitos e impactos, que deverão ser
solucionados através da implantação destas Unidades de Conservação; com a
expansão do ecoturismo e a ausência de uma área de lazer com características
naturais no Município, torna-se imprescindível a criação de Unidades de Conservação

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


54
que propiciem uma integração entre o meio ambiente e o homem. (NEMA,
PMRG/SMCP/FURG, 1999)

Assim, foram expostos os motivos e razões para criação da APA da Lagoa


Verde, com o intuito de proteger a diversidade de ecossistemas da área, bem como
propiciar o desenvolvimento socioeconômico aliado à preservação ambiental. Pelo
exposto acima, justifica-se a criação da UC como Área de Proteção Ambiental.

4.5 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

De acordo com a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 que dispõe sobre a


Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, o zoneamento ambiental é um dos
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, que visa assegurar em longo
prazo a equidade de acesso aos recursos ambientais naturais, econômicos e
socioculturais.

Relativamente ao estudo da área de abrangência dessa pesquisa deve-se ainda


considerar a Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988 que institui o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro – PNGC. Segundo essa lei, em seu Parágrafo 5º, o PNGC
deverá ser elaborado e executado “observando normas, critérios e padrões relativos
ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, estabelecida pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que contemplem, entre outros, os
seguintes aspectos: urbanização, ocupação e uso do solo, do subsolo e das águas;
parcelamento e desmembramento do solo; sistema viário e de transporte; sistema de
produção, transmissão e distribuição de energia; habitação e saneamento básico;
turismo, recreação e lazer; patrimônio natural, histórico, étnico, cultural e paisagístico.”

Nesse contexto, torna-se fundamental que alternativas de uso do solo levem em


consideração os ecossistemas costeiros, extremamente ricos sob o ponto de vista
biológico. As atividades existentes atualmente na área da APA, tão importantes
quanto o ecossistema presente, e que incluem comunidades de pequenos produtores,
agricultores e pescadores que vivem tradicionalmente da exploração dos recursos
existentes, também são consideradas neste trabalho. Além do uso tradicional, no
município de Rio Grande há intensa atividade portuária e industrial, potencialmente
poluidora e danosa ao meio ambiente.

Os relatórios das atividades relativas ao meio físico, ora apresentados, fazem


parte do conjunto de dados e informações que compõem o banco de dados do
Zoneamento Ecológico e Econômico da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
– APA Lagoa Verde, de responsabilidade do Município de Rio Grande/RS.

Entende-se que os componentes bióticos, a presença dos fluxos hídricos, os tipos


de solo, os recursos minerais e energéticos, e outros aspectos importantes para a
qualidade ambiental, econômica e social de qualquer região estão vinculados ao
contexto geológico-geomorfológico e climático, o diagnóstico desses parâmetros é
aqui apresentado.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


55
Para a elaboração do presente trabalho foi feita a identificação de diferenças
estruturais e morfológicas importantes, através da interpretação de imagens de satélite
Landsat 5-TM (órbita-ponto 221-082), subsidiada por visita a campo e bibliografia
existente.

4.5.1 Geologia

O mapa geológico constitui o embasamento fundamental no desenvolvimento de


quaisquer outras disciplinas associadas ao estudo do meio físico. Previsões sobre o
tipo, espessura, permeabilidade, resistência, composição e porosidade dos solos
podem ser feitas pelo conhecimento dos tipos litológicos. Da mesma forma, pode-se
prever a tipologia dos aquíferos e seu potencial em termos de qualidade, quantidade e
vulnerabilidade.

Vale ressaltar, ainda, que o tema atende, também, aos ecólogos que tratam do
estudo de ecossistemas, sob o aspecto da abundância e ciclagem de elementos
químicos nos vários sistemas e subsistemas, assim como do ponto de vista da relação
dos ecossistemas com o substrato rochoso e sua influência na formação das
coberturas vegetais.

O estudo da geologia se baseou em dados bibliográficos, técnicas de


geoprocessamento, controle cartográfico das unidades geológicas, levantamento de
campo, pesquisa dos títulos e das ocorrências minerais. Os dados obtidos forneceram
subsídios para o zoneamento ambiental, uma vez que os sistemas geológicos
estudados têm alta vulnerabilidade ambiental, principalmente frente aos impactos no
solo e na água subterrânea.

4.5.1.1 Geologia Regional

A área de estudo está localizada sobre terrenos sedimentares cuja evolução


sucedeu-se através de contínuos eventos de transgressão e regressão marítimas.
Inserida na Planície Costeira do Rio Grande do Sul, a estruturação geológica da região
começou a se delinear com o transporte dos sedimentos clásticos terrígenos, oriundos
das partes mais elevadas. Sob a ação dos processos físicos costeiros e a influência da
variação relativa do nível do mar, desde o Terciário até o mais recente, acumulou-se
grande variedade de ambientes deposicionais, compondo o mosaico geomorfológico,
que hoje se observa na região, conforme ilustrado na Figura 2.

A geologia da área estudada configura-se basicamente por apresentar elementos


litológicos de períodos geológicos recentes, representados pelas formações
quaternárias do Holoceno, sendo caracterizados predominantemente por sedimentos
eólicos e marinhos do Sistema Laguna-Barreira IV. Por sua vez, este representa o
sistema deposicional mais recente que se refere ao último evento trans-regressivo do
nível do mar e está relacionado ao máximo de transgressão holocênica, marcado a
partir da regressão que se estendeu desde a Barreira III, permitindo assim o
desenvolvimento da Barreira IV.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


56
SISTEMAS DEPOSICIONAIS

Sistema Leques Aluviais


Sistemas Lagunares Pleistocênicos e Holocênicos
Barreiras Pleistocênicas (Barreiras I, II, III)
Barreira Holocênica (Barreira IV)

Figura 2: Planície costeira do Rio Grande do Sul e Sistemas deposicionais (TOMAZELLI &
VILLWOCK, 2000).

4.5.1.2 Sistemas Deposicionais

Segundo o mapeamento geológico e geomorfológico proposto por Villwock &


Tomazelli (1995), a Planície Costeira do Rio Grande do Sul foi moldada sob a ação
das variações climáticas e flutuações do nível do mar durante o Quaternário e
desenvolveu-se a partir da erosão dos sedimentos das terras altas adjacentes que se
acumularam em dois tipos principais de sistemas deposicionais:

a) o sistema de leques aluviais, ocupando uma faixa contínua ao longo da parte


mais interna da planície costeira;

b) quatro distintos sistemas deposicionais transgressivos regressivos do tipo


laguna-barreira.

O sistema deposicional do tipo laguna barreira implica contemporaneidade e a


interligação dos três subsistemas deposicionais, geneticamente relacionados ao
subsistema lagunares; ao subsistema de canal de ligação e ao subsistema barreira.

O sistema laguna-barreira I corresponde ao mais antigo sistema deposicional.


Cujo desenvolvimento ocorre a nordeste da planície costeira e é decorrente de um
primeiro evento transgressivo-regressivo pleistocênico, (Figura 3). Dentro do Sistema
Lagunar I a carga sedimentar da drenagem das terras altas acumulou-se em
ambientes de sedimentação lagunar, fluvial e paludial. A região ocupada pelo Lagunar
I sofreu a influência dos vários eventos transgressivo-regressivos que se sucederam
durante o Quaternário. Tais eventos retrabalharam os depósitos existentes de forma
que o pacote sedimentar apresenta diversas idades.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


57
O Sistema Deposicional Laguna-Barreira II evoluiu como o resultado de um
segundo evento transgressivo-regressivo pleistocênico (Figura 4) e corresponde ao
primeiro estágio na evolução da “Barreira Múltipla Complexa” cuja individualização foi
responsável pelo isolamento da Laguna dos Patos e da Lagoa Mirim. O Sistema
Lagunar II reflete a sedimentação dos ambientes deposicionais que se desenvolveram
nesta região de retrobarreira, não exclusivamente durante o período que o sistema
permaneceu ativo, mas também durante os eventos transgressivo-regressivos
posteriores. Durante a rápida transgressão do sistema II as águas do corpo lagunar
avançaram sobre os sedimentos do sistema de leques aluviais, retrabalhando-os e
esculpindo um terraço de abrasão que se estende por boa parte da margem oeste da
planície costeira. A Figura 5 e Figura 6permitem um melhor acompanhamento e,
consequentemente, um melhor entendimento por meio da visualização da evolução
dos sistemas Laguna-Barreira conforme modelo anteriormente apresentado.

O Sistema Laguna Barreira III, associado a um terceiro evento transgressivo-


regressivo pleistocênico é o responsável pela consolidação da Barreira III e,
consequentemente, pela implantação final do Sistema Lagunar Patos-Mirim, sendo de
fundamental importância na evolução geológica da Província Costeira do Rio Grade do
Sul. (VILLWOCK & TOMAZELLI, 1995).

Figura 3: Paleogeografia da primeira grande transgressão pleistocênica (400Ka). Formação do


sistema Laguna-Barreira (modificado de VILWOCK & TOMAZELLI, 1995).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


58
Figura 4: Paleogeografia da segunda grande transgressão pleistocênica (325Ka). Formação do
Sistema Laguna Barreira II (modificado de VILLWOCK & TOMAZELLI, 1995).

Figura 5: Paleografia da terceira grande transgressão pleistocênica (120ka). Formação do


Sistema Laguna-Barreira III (modificado de VILLWOCK & TOMAZELLI, 1995).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


59
Figura 6: Paleogeografia da grande transgressão holocênica (5Ka): Formação do Sistema
Laguna Barreira IV (modificado de VILLWOCK & TOMAZELLI, 1995).

4.5.1.3 A Barreira IV – Geologia Local

O Sistema Lagunar – Barreira IV é o responsável pelo fechamento de grandes


corpos d‟água represados como lagoas (Itapeva, Quadros, Mirim, etc.) e pela geração
de inúmeras lagoas menores (notadamente no segmento entre Tramandaí e
Mostardas). A Laguna dos Patos manteve um canal de comunicação com o mar
(através do Estuário do Rio Grande) e recebe uma grande descarga hídrica e de
sedimentos provenientes da Bacia Hidrográfica do Guaíba e das drenagens da área
do Planalto Sul-Riograndense (rios Camaquã, Piratini e Jaguarão, principalmente). Os
processos relacionados a este sistema englobam os eventos associados à última
grande regressão (cerca de 17.000 anos), à última grande transgressão (cerca de
5.000 anos) e se estendem até os dias atuais.

Na fase transgressiva, o nível do mar holocênico atingiu cerca de 5 metros acima


do nível atual, materializado por terraços lagunares e pela ocorrência de sedimentos
transicionais ou marinhos nos vales interiorizados (Delta do Camaquã, Arroio Fragata).
O recuo do mar está marcado pela ocorrência de cordões litorâneos regressivos,
interpretados como beach ridges (Villwock e Tomazelli, 1995) e/ou campo de dunas
frontais (Hesp et.al., 2005), que fecham em definitivo as paleolagunas (exceto Patos e
Tramandaí) e evoluem para a morfologia da praia moderna. A sedimentação
relacionada a esta fase é caracterizada por fácies finas de areias de praia, sucedidas
por depósitos eólicos (dunas e campos de dunas). As fácies lacustres e lagunares são
representadas por siliciclastos finos (areia fina – silte – argila) e matéria orgânica,
depositados nos fundos dessas lagoas e lagunas e em suas margens.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


60
Segundo Godolphim (1976), há 7 feixes de cordões litorâneos no município de Rio
Grande, conforme ilustrado na Figura 7, sendo os cordões da área de estudos
representados pelos Feixes F5 e F6. A sequência temporal de formação destes
cordões segue de F1 até F7.

Em relação ao sistema praial moderno, as principais feições geomorfológicas


presentes correspondem a praias arenosas predominantemente dissipativas, campos
de dunas e lagos costeiros (lagoas, lagunas e banhados).

Em termos gerais, toda a área do município de Rio Grande está localizada sobre
terrenos sedimentares, em função do contexto geológico-evolutivo da Planície
Costeira no RS (Mapa 3). Os terrenos mais antigos estão situados a oeste e são
apresentados por sedimentos marinhos, eólicos e lagunares. Os sedimentos mais
modernos, de idade holocênica, são caracterizados por terraços lagunares (Q4pl) em
vários níveis e por sedimentos eólicos (Q4e), praiais (Q4p) e praiais atuais (Q4pa).

Figura 7: Feixes de cordões litorâneos no município de Rio Grande. 1. Pleistoceno; 2. Cordões


litorâneos; 3. Depósitos Lagunares; 4. Cobertura Fina; 5. Cobertura Espessa; 6. Formas de
Erosão antigas. (GODOLPHIM, 1976).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


61
380.000 385.000 390.000 395.000
Q4e Q4pl Q4pl LOCALIZAÇÃO
Q4pl
Q4tf
Q4pl ESTADOS MUNICÍPIOS
do l
6.455.000 o
c aia
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

6.455.000
Sa Arr MS São
Q2pe2 SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
Q4pl Pelotas do
n a
SC gu
Q4e La
Capão do
Leão
Herval

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
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6.450.000

6.450.000
Uruguai
OCEANO ATLÂNTICO
Sa

-32°30'

-32°30'
J Jaguarão
im
Q4e go a Mi r

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
km km

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'


Q4e

Q4e

Q4pl
6.445.000

6.445.000
Legenda
Q4pl APA da Lagoa Verde
Q4pl Unidades
Q4e - Depósitos de Barreira Holocênica - Depósitos Eólicos
Q4p Q4p - Depósitos de Barreira Holocênica - Depósitos Praiais
Q4pl - Depósitos de Barreira Holocênica - Depósitos de Planície Lagunar
Q4tf - Depósitos de Barreira Holocênica - Turfeiras
Q4pa - Depósitos de Barreira Holocênica - Depósito Praial Atual

Q4e
6.440.000

6.440.000
Q4pa

Q4e Q4e Q4pl

®
Projeção Universal Transversa de Mercator
Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
0 1.500 3.000
m

Q4e Escala numérica - folha A3


Q4p 1:100.000
6.435.000

6.435.000

OCEANO ATLÂNTICO Empreendedor Responsabilidade Técnica


Prefeitura Municipal de Rio Grande

Empreendimento
APA da Lagoa Verde

Projeto Plano de Manejo

Título
Mapa Geológico

Q4e Fonte Polar Meio Ambiente (2010), CPRM (2006), PMRG (2005). Data
Novembro/2010

380.000 385.000 390.000 395.000


4.5.1.4 Atividade Minerária

Por estar localizado sobre áreas sedimentares planas e com cotas altimétricas
muito baixas, o município de Rio Grande apresenta uma demanda elevada de
materiais para aterros. Nos terrenos holocênicos, onde se situam as áreas urbanas
com maior adensamento populacional, os valores altimétricos médios são de 5 a 6
metros. Nas áreas próximas às margens lagunares, esse valor é reduzido para 2
metros. Como consequência, a posição média do nível do lençol freático é muito
superficial (50 a 60cm), chegando a aflorar nos meses de precipitação elevada,
ocasionando frequentes alagamentos (TAGLIANI, 2002).

Portanto, visando determinar de forma consistente as áreas mineralizadas


economicamente, foi feito um levantamento dos processos em tramitação no
Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, órgão público federal cuja
competência legal para gerenciar os recursos minerais da União condiciona a
obtenção da prioridade sobre os direitos minerários ao pleno atendimento das
exigências da legislação pertinente.
Neste levantamento, realizado no início de novembro de 2010, foi constatado que
não há processos em tramitação no DNPM, no perímetro da APA Lagoa Verde. A
baixa procura deste recurso mineral é justificada principalmente pelas características
dos sedimentos, tais como granulometria e teor de salinidade, o que torna o material
inapropriado para utilização na construção civil.

4.5.1.5 Hidrogeologia

Segundo a classificação elaborada pela CPRM (2005), a área da APA da Lagoa


Verde e sua zona de entorno encontram-se localizadas sobre o Sistema Aquífero
Quaternário Costeiro I. Este sistema corresponde a todos os aquíferos associados
com os sedimentos da Planície Costeira do Estado, desenvolvendo-se desde o Chuí
até Torres. Compõe-se de uma sucessão de camadas arenosas inconsolidadas, de
granulometria fina a média, esbranquiçadas, intercaladas a camadas siltico-arenosas e
argilosas. As capacidades específicas em geral são altas, ultrapassando 4 m 3/h/m. As
salinidades são inferiores a 400 mg/l.

A utilização de poços tipo ponteira para captação de água do lençol freático e


aquífero livre é comum em locais da região litorânea do RS onde os serviços de
saneamento básico não são suficientemente desenvolvidos para atendimento da
população. Infelizmente, a utilização de sistemas de fossas e sumidouros também é
comum nessas áreas, o que associado ao período de veraneio, onde há um aumento
na densidade populacional considerável, leva a contaminação desse recurso hídrico
subterrâneo.

Porém, as características composicionais e granulométricas desses sedimentos,


associadas com as taxas de precipitação e densidade populacional sazonal facilita a
lixiviação desses poluentes em determinados períodos, e recuperação da qualidade
dessas águas.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


63
4.5.1.6 Conclusões e Recomendações

 Na área da APA da Lagoa Verde e sua zona de entorno não foram observados
conflitos relacionados à atividade minerária, por esta atividade ser escassa na
região;

 A APA da Lagoa Verde e sua zona de entorno encontram-se em uma zona onde
o nível do lençol freático é muito próximo à superfície, apresentando grande
susceptibilidade à contaminação;

 Em função de o substrato ser caracterizado por areias e argilas inconsolidadas, a


capacidade de percolação do solo é relativamente rápida, favorecendo o fluxo da
água subterrânea e consequente renovação de sua qualidade;

 Estimular a legalização das captações segundo a legislação de Recursos


Hídricos Estadual que obriga a outorga do uso de água subterrânea;

 Estimular programas de otimização do uso dos recursos hídricos para evitar


desperdícios nos sistemas de abastecimento público, doméstico e industrial;

 Criar um programa de monitoramento de qualidade das águas subterrâneas,


principalmente nas áreas densamente ocupadas;

 Estimular o cumprimento da Legislação ambiental quanto a disposição de


resíduos sólidos e lançamento de efluentes.

4.5.2 Geomorfologia

Face à diversidade e complexidade das variáveis envolvidas na elaboração de um


Plano de Manejo, torna-se necessário a adoção de uma metodologia que permita a
percepção das interações dos fatores e processos do meio físico, biológico e
socioeconômico na identificação das unidades de paisagem.

O estudo geomorfológico regional da APA da Lagoa Verde objetiva, portanto,


proceder a uma análise da configuração geomorfológica desta porção do município de
Rio Grande, baseada numa abordagem genética, onde é enfatizada a dinâmica de
evolução geomorfológica e a atuação dos processos envolvidos (intemperismo, erosão
e sedimentação) e sua influência na morfodinâmica atual.

4.5.2.1 Aspectos Geomorfológicos Gerais

A classificação apresentada é apoiada em duas propostas: Projeto


RADAMBRASIL (Justus et al., 1986), tendo em vista a abordagem formal e que foi
adotada pelo IBGE, ou seja, uma classificação sistemática; e a classificação de
Villwock e Tomazelli (1995), sendo esta uma referência clássica para a Geomorfologia
da região costeira.

Essas duas proposições foram utilizadas para a hierarquização das unidades e


elementos geomorfológicos descritos no presente estudo. Porém, no mapa

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


64
geomorfológico apresentado na Mapa 4, foi utilizado somente a hierarquização
proposta por Justus et al. (1986), conforme apresentado na Tabela 2.

Justus et al. (1986) definem as planícies costeiras internas e externas como duas
regiões geomorfológicas que contem as unidades geomorfológicas Planície Aluvio-
Coluvionar e Planície Lagunar (internas) e Planície Marinha (externa).

Tabela 2: Correspondência entre as propostas de hierarquização do relevo da Planície Costeira


do Rio Grande do Sul.

Justus et al. (1986) Villwock e Tomazelli (1995)


- hierarquização adotada - - unidades informais -

Região Geomorfológica: Sistema Lagunar Patos – Mirim

Planície Costeira Externa Barreira Múltipla Complexa

Unidade Geomorfológica:

Planície Marinha

Região Geomorfológica: Sistema Lagunar Guaíba-Gravataí

Planície Costeira Interna Barreira das Lombas

Unidades Geomorfológicas: Planície Aluvial Interna

Planície Lagunar

Planície Alúvio-Coluvionar

O domínio das planícies quaternárias ocorre como uma faixa siliciclástica que se
alarga de norte para sul, desde Torres (onde ocorrem promontórios rochosos
relacionados à Unidade Patamares da Serra Geral) ao Chuí, sendo encerrada no
promontório rochoso de La Coronilla (em território uruguaio). Do ponto de vista
geodinâmico, representa a continuidade dos processos associados à Bacia de
Pelotas.
A expressiva sedimentação quaternária é de caráter misto (depósitos de
ambientes continental, transicional e marinho) e é descrita pela maioria dos autores
como sistema laguna – barreira e depósitos associados (leques aluviais, sedimentos
flúvio-lacustres, eólicos, praiais e marinho rasos, conforme descrito no capítulo
Geologia), ao longo de quatro fases evolutivas principais.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


65
380 .000 385 .000 390 .000 395 .000
Al 4 Al 4 LOCALIZAÇÃO
Ad 5
Ad 5 Al 4 ESTADOS MUNICÍPIOS
Al 4
Al -59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
do 4
6.455.000

6.455.000
Ae 5 c o ia l MS
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Grande Rio Grande
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do Ad 5 an Uruguai ATLÂNTICO
o ino M OCEANO ATLÂNTICO
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-32°30'
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6.450.000

6.450.000
t
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-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
km km

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'


Ae 4

MODELADO DE ACUMULAÇÃO
Ae 3
Atm – Terraço Marinho: Acumulação marinha de forma plana,
levemente inclinada para o mar, apresentando ruptura de declive
em relação à planície marinha recente, entalhada em
6.445.000

6.445.000
Atl 2 conseqüência de variação do nível marinho ou por processos
erosivos ou ainda por movimentação tectônica.
Atm 5 Ad 5
Legenda Al – Planície Lacustre: Área plana resultante de processos de acumu-
lação lacustre, podendo comportar diques marginais.
Atm 5 APA da Lagoa Verde
Atl – Terraço Lacustre: Acumulação lacustre de forma plana, evemente
Unidades inclinada, apresentando ruptura de declive em relação à bacia do
Ae 5 lago e às planícies lacustres mais recentes situadas em nível
Planície Alúvio-Coluvionar inferior, entalhada devido às variações de nível da lâmina de água
provocadas por mudanças de condições de escoamento ou perda
Planície Lagunar
por evaporação e conseqüente retomada de erosão.
Planície Marinha Ae – Eólica: Depósito arenoso de origens diversas, remodelado pelo
vento, apresentando formas características de dunas, (crescentes,
parábolas, encarneiramentos ou lineametos) ou planícies
arenosas.
6.440.000

6.440.000
Ad – Eólica Dissipada: Depósitos arenosos originados pela ação do
vento e posteriormente dissipados pela ação dos processos
morfogenéticos pluviais.

Ae 5

®
Projeção Universal Transversa de Mercator
0 1.500 3.000
m
Fuso 22 Sul Escala numérica - folha A3
Datum SAD-69 1:100.000
Ad 5
6.435.000

6.435.000

Empreendedor Responsabilidade Técnica

OCEANO ATLÂNTICO Prefeitura Municipal de Rio Grande

Empreendimento
APA da Lagoa Verde

Projeto
Plano de Manejo

Título
Mapa Geomorfológico

Fonte Data Novembro/2010


Polar Meio Ambiente (2010), IBGE (2003), PMRG (2005).

380 .000 385 .000 390 .000 395 .000


4.5.2.2 Geomorfologia Local

A expressão geomorfológica da Planície Marinha caracteriza um típico modelado


de acumulações, onde uma série de feixes arenosos apresenta-se orientado
aproximadamente paralelo à linha de costa, formando uma sequencia alternada de
cavas e cristas (Sarilho, 2003). Suas cristas, quando compostas por areia fina, são
originadas por retrabalhamento superficial eólico. As cristas dos cordões representam
sucessivas posições de progradação da linha de costa.

As cavas dos cordões (“banhados”) são áreas de acúmulo de água da chuva, bem
como locais de interceptação do lençol freático, sendo responsáveis pela formação de
pequenos cursos d‟água (arroios). Não apresenta susceptibilidade á erosão fluvial em
função da inexistência de uma rede de drenagem mais expressiva, da declividade
praticamente nula e do substrato muito poroso e permeável. Porém, todas as unidades
observadas na área da APA da Lagoa Verde são classificadas por Justus et.al. (1986)
como tendo muito forte predisposição à erosão provavelmente pelo fato de serem
sedimentos inconsolidados.
Os depósitos dos cordões se apresentam de forma irregular, caracterizando uma
ação erosiva e se encontram, em grande parte, recobertos por lençóis arenosos
parabólicos atuais e lençóis de areias antigas (paleodunas), fixados ou não por
vegetação. Nota-se, ainda a existência de uma complexa rede de drenagem, sendo
constituída de banhados interligados por pequenos arroios e riachos, e associados à
áreas alagáveis.

A partir das interpretações de imagens de satélite e verificações feitas em campo,


foram identificadas 7 paleodunas dentro de um raio de 10 km da APA (Figura 8).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


67
Figura 8: Mapa indicando os locais onde foram encontradas paleodunas fixadas parcialmente
por vegetação.

A unidade de Planície Lagunar apresentada no mapa da Mapa 4 corresponde à


área considerada por diversos autores como marisma (“pântano salgado”), e faz parte
do sistema estuarino da Laguna dos Patos, com o qual interage através de vários
processos físico-químicos e biológicos.

Segundo Sanilho (2003), devido às características do estuário “estrangulado”, a


pequena oscilação da maré e a grande variabilidade sazonal e anual da precipitação
pluviométrica, as marismas do estuário da Laguna dos Patos são irregularmente
alagadas por águas com salinidade variável.

Condições euhalinas tendem a prevalecer no verão, aproximando-se de


hipersalinas em períodos de déficit hídrico extremo (SANILHO, 2003 apud
SEELIGERet.al., 1988). As condições oligo e mesohalina são observadas geralmente

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


68
no inverno/primavera, quando a maior quantidade de precipitação pluviométrica causa
vazão intensa (SANILHO, 2003 apud VIEIRA & RANGEL, 1988).

Mesmo em marismas sem pronunciada diversidade, a influência vertical e


horizontal dos diferentes padrões de alagamento nos sedimentos de seus pisos é
capaz de gerar uma heterogeneidade espacial. Algumas espécies vegetais
dominantes atuam como importantes agentes geomorfológicos, favorecendo o
soerguimento da superfície da marisma e podendo, inclusive, modificar os padrões de
drenagem e fisiografia local (SANILHO apud SEELIGER et al., 1988).

Dentre as funções ecológicas das marismas, destacam-se principalmente:


estabilização da costa, controle de inundação, purificação da água e estocagem de
energia.

4.5.2.3 Conclusões e Recomendações

 Como consequência do aumento populacional, surgiram problemas como


depósitos de lixo nas áreas alagadas, descarga de esgotos, retirada de
vegetação e introdução de espécies exóticas. Sugere-se, portanto, que haja um
sistema de recolhimento de resíduos sólidos mais eficiente e que os esgotos
sejam direcionados ás ETEs (sempre que possível).

4.5.3 Pedologia

Este capítulo refere-se ao levantamento de reconhecimento de solos na Área de


Proteção Ambiental da Lagoa Verde – APA Lagoa Verde. O mapeamento foi
elaborado na escala de 1:100.000, e teve por objetivo identificar, caracterizar e
cartografar as unidades de solo, com o intuito de gerar subsídios para o Zoneamento
Ecológico-Econômico da APA Lagoa Verde.

Grande parte dos problemas relacionados ao solo está ligada à complexidade e a


dificuldade de sua identificação e na sua correta utilização. Quando há uma correta
caracterização do solo, as limitações dos solos também podem ser obtidas, com
reflexos diretos não só em sua conservação, mas também dos recursos hídricos e do
meio ambiente.

4.5.3.1 Classe de solos ocorrentes na APA Lagoa Verde

Os solos da área de estudos, no geral, são pouco evoluídos, sem horizonte B


(Sequência A-C), profundos, de composição essencialmente quartzosa e textura
arenosa e, por isso, excessivamente drenados quando não hidromórficos.

Foram enquadrados, de acordo com a Classificação da EMBRAPA (2006), na


classe de Espodossolos Indiscriminados, Neossolo Quartzênico Órtico Típico e
Planossolo Háplico Eutrófico Solódico, conforme ilustrado no Mapa 5.

Apesar da classificação da EMBRAPA, em todos os pontos visitados foram


verificadas semelhanças relacionadas à caracterização dos horizontes.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
69
380 .000 385 .000 390 .000 395 .000
LOCALIZAÇÃO

RQot ESTADOS MUNICÍPIOS

do l -59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'


6.455.000

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-29°30'
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-32°0'
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6.450.000

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OCEANO ATLÂNTICO
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-32°30'
Jaguarão
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-35°0'

-35°0'
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km km

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'


6.445.000

6.445.000
SXe
Legenda

APA - Lagoa Verde

Classificação Pedológica
E - Espodossolos Indiscriminados

RQot - Neossolo Quartzarênico Órtico Típico

SXe - Planossolo Háplico Eutrófico Solódico


E
FTat - Plintossolo Argilúvico Alumínico Típico
6.440.000

6.440.000
RQot

®
Projeção Universal Transversa de Mercator
0 1.500 3.000
m

Fuso 22 Sul Escala numérica - folha A3


Datum SAD-69 1:100.000
6.435.000

6.435.000

Empreendedor Responsabilidade Técnica


Prefeitura Municipal de Rio Grande

Empreendimento
APA da Lagoa Verde
OCEANO ATLÂNTICO
Projeto Plano de Manejo

Título
Mapa Pedológico

Fonte Polar Meio Ambiente (2010), RADAM BRASIL (2006), PMRG (2005). Data
Novembro/2010

380 .000 385 .000 390 .000 395 .000


Em média, o horizonte A apresenta coloração amarronzado e textura areia. Os
horizontes C1 e C2, também arenosos, apresentam cores esbranquiçadas, ou ainda
mais acinzentadas nos solos hidromórficos. A textura arenosa confere ao perfil do solo
uma ausência de estruturação (grãos soltos) e uma consistência úmida solta e
consistência molhada não plástica e não pegajosa.

A capacidade de troca de cátions (CTC) do solo, segundo Sarilho (2003), depende


quase que exclusivamente da matéria orgânica. A textura arenosa quando combinada
com teor baixo de matéria orgânica confere, dessa forma, uma baixa capacidade de
retenção de nutrientes e de água ao solo.

Nas cristas dos cordões litorâneos, os solos foram classificados como


Espodossolos indiscriminados (EMBRAPA, 2006). Este solo apresenta matéria
orgânica iluvial acompanhada de óxido de Fe e alumínio. São solos arenosos, ácidos,
extremamente pobres em nutrientes minerais disponíveis para as plantas, sendo,
portanto baixos os valores de soma e saturação em bases. Estes solos são ocupados
com campos naturais de baixa qualidade, servindo como pastagem. Como se
apresentam mal drenados possuem restrições quanto ao cultivo agrícola.
No entanto, esses horizontes não se apresentam suficientemente cimentados (não
possuem horizonte B) para serem caracterizados como Espodossolos, como
classificado pela Embrapa (2006).

4.5.3.2 Capacidade de Uso dos Solos

A exploração agrícola do solo respeitando sua capacidade de uso é importante


para a sua conservação e para a preservação ambiental. O uso incorreto do solo
poderá expô-lo à erosão hídrica, resultando em perda da capacidade produtiva,
depósitos de sedimentos em cursos d‟água, propiciando assoreamento e enchentes,
dentre outros problemas.
Os solos observados na porção correspondente aos depósitos marinhos (cordões
litorâneos e depósitos eólicos) correspondem a terras que devem ser utilizadas com
culturas perenes, porém exigindo o emprego de práticas especiais de conservação do
solo. Os fatores limitantes podem ser solos rasos, textura muito arenosa, umidade
excessiva sem possibilidade de drenagem, limitações climáticas muito severas, etc.
Devem ser utilizadas espécies adaptadas às limitações existentes e que possam
proporcionar a proteção do solo contra a erosão, mantendo o solo coberto, não se
aconselha a lotação exagerada nas pastagens.
Os solos correspondentes à Planície Lagunar (classificação geomorfológica)
permitem o uso restrito com pastagem e silvicultura (SANILHO, 2003). São
susceptíveis à degradação mesmo quando exploradas com culturas perenes. Podem
ter solos erodidos, solos muito rasos, baixa capacidade de retenção de água, textura
excessivamente arenosa, lençol freático superficial. Etc. Estas terras exigem para sua
utilização práticas complexas de conservação do solo (terraceamento, cordões de
vegetação em contorno, cobertura do solo, etc.) e manejo cuidadoso (p.ex. lotação
adequada nas pastagens).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


71
Os solos que circundam a Lagoa Verde, num raio de aproximadamente 250m, são
aptos somente para refúgio de flora e fauna, pois são áreas muito susceptíveis a
erosão em função do seu substrato arenoso e por serem permanentemente
encharcadas.

4.5.4 Clima

4.5.4.1 Caracterização climática regional

O Estado é submetido a condições tropicais e temperadas, em uma região de


fronteira climática que sofre a influência de massas de ar quente e frio durante todo o
ano. Enquanto as demais regiões brasileiras apresentam clima equatorial e tropical, o
Rio Grande do Sul situa-se na zona climática subtropical.

Segundo a classificação climática de Köppen, o Rio Grande do Sul enquadra-se


na variedade Cfa, ou seja, subtropical, caracterizado por situar-se na faixa de clima
temperado, onde as precipitações pluviais médias são razoavelmente bem distribuídas
ao longo do ano, ocorrendo precipitação em todos os meses e com inexistência de
uma estação seca definida. Apresenta um verão quente, onde a temperatura média no
mês mais quente é superior a 22°C. A classificação climática de Strahler complementa
a caracterização, considerando as inserções de frentes polares que ocorrem no
inverno. As frentes polares são importantes fatores climáticos, pois geram chuvas
frontais com precipitações de grandes volumes devido ao encontro da massa de ar
quente com a fria.

Para caracterização climática da região de estudos foram compilados os dados


obtidos da estação meteorológica de Rio Grande, operada pelo Laboratório de
Meteorologia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) em convênio com o
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Neste estudo, foram utilizadas as normais
climatológicas provisórias referentes aos anos de 1991-2000. A Tabela 3 apresenta a
localização e a identificação da estação meteorológica no município de Rio Grande.

Tabela 3: Localização da estação meteorológica do município de Rio Grande.


Município Latitude Longitude Latitude Identificação
Rio Grande 32º04‟43‟‟S 52º10‟03‟‟W 2m EM -83995INMET

4.5.4.2 Parâmetros Meteorológicos Locais

 Temperatura

No Rio Grande do Sul, a distribuição das isotermas anuais está condicionada a


fatores como latitude, continentalidade e relevo, que associados aos sistemas
atmosféricos ajudam na definição do clima. Dessa forma, as regiões que possuem as
mais baixas temperaturas anuais são encontradas nas áreas mais elevadas do
planalto (Figura 9).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


72
Figura 9: Temperatura média anual para o Estado do Rio Grande do Sul (Fonte: SEMC, 2002).

Por estar localizada no litoral, e pela proximidade de grandes corpos hídricos,


como a Lagoa dos Patos e a Lagoa Mirim, a maritimidade, definida como a influência
do mar nos aspectos climáticos de uma região, representa um importante elemento da
dinâmica climática no município de Rio Grande provocando o aumento da umidade
relativa do ar e a diminuição das amplitudes térmicas. Tal processo é ocasionado
pelas características físicas da água, que conserva o calor absorvido por um longo
período ocasionando o aumento da temperatura do ar e sua manutenção
relativamente constante.

No município de Rio Grande, as temperaturas mais baixas são registradas nos


meses de junho, julho e agosto, e as temperaturas mais altas nos meses de
dezembro, janeiro e fevereiro (Figura 10). A variação de temperatura está relacionada
à estação do ano e também ao número e a intensidade das passagens de frentes
polares. Em termos sazonais, as temperaturas médias são de 22,7 °C no verão; 19,1
°C no outono; 12,9 °C no inverno e 17,4 °C na primavera.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


73
Temperatura °C

Meses
Temperatura média Temperatura máxima Temperatura mínima

Figura 10: Temperatura média, máxima e mínima mensal para o município de Rio Grande
(Fonte: SEMC, 2002).

 Precipitação

Com relação à precipitação, o relevo, a posição geográfica, a maritimidade


(incluindo correntes marinhas) e os corpos d‟água barrados interagem com sistemas
regionais de circulação atmosférica na atuação de processos climáticos caracterizando
condições ambientais específicas para o município de Rio Grande. Este situa-se na
porção sul do território rio-grandense, região onde são observadas as mais baixas
médias de precipitação anual do Estado, em torno de 1.300mm (Figura 11).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


74
Figura 11: Precipitação média anual para o Rio Grande do Sul (SEMC, 2002).

Embora o município apresente uma baixa média de precipitação em comparação


ao restante do Estado, caracteriza-se por expressar uma boa distribuição ao longo do
ano. O mês de julho corresponde ao mês mais chuvoso e janeiro, ao mês menos
chuvoso (Figura 12).
147,68
123,49

117,78

112,75
112,73

109,93
102,95

101,59

98,16

93,85
93,79
Precipitação (mm)

85,31

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 12: Precipitação média mensal para o município de Rio Grande (RS) (Fonte: SEMC,
2002).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


75
Em termos sazonais, 28,9% da precipitação anual ocorrem no inverno, 24% na
primavera, 22,5% no verão e os restantes 24,6% no outono, sem períodos críticos
relacionados à precipitação (SEMC, 2002).

 Umidade Relativa do Ar

No município de Rio Grande, a umidade relativa do ar varia ao longo do ano, com


as menores médias ocorrendo nos meses mais quentes, entre o final da primavera e
final do verão, (Figura 13). O mais baixo valor apresenta-se em torno de 80%, em
dezembro, demonstrando que mesmo neste período a região não apresenta grandes
problemas em relação a esse parâmetro. A elevada umidade do ar está relacionada à
disponibilidade hídrica da região, associada geralmente às regiões costeiras.
Os maiores percentuais de umidade relativa do ar são observados nos meses de
maio, junho e julho e ocorrem devido ao avanço das massas de ar polares para baixas
latitudes, que em encontro com a frente quente e úmida do atlântico gera uma zona de
instabilidade contribuindo com o aumento das precipitações na região.
86,84

87,28
87,47

86,38
84,69

84,41

84,08
83,2
82,42
82,26

81,26

80,63
Umidade Relativa (%)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 13: Porcentagem média mensal de umidade relativa do ar para o município de Rio
Grande (Fonte: SEMC, 2002).

 Insolação

Os dados de insolação demonstram a variação da radiação incidente direta sobre


a região ao longo dos meses (Figura 14). Sua variação está relacionada à inclinação e
distância da Terra em relação ao Sol, porém coberturas de nuvens existentes também
podem contribuir para sua variação. A região de Rio Grande está sujeita a uma média
de 223 dias ensolarados por ano (KLEIN, 1998) com os meses de dezembro e janeiro
apresentando os mais altos valores de insolação em razão dos dias mais longos e da
menor cobertura de nuvens, atingido valores superiores a 200 horas de insolação para
cada mês e com os meses de junho e julho correspondendo aos meses de menor
insolação (seus valores não superam 150 horas de insolação mês).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


76
252,6
238,94

225,96
213,42
200,54

180,64
Insolação média (horas)

171,75

168,31

165,07
149,98
139,25

137,49
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 14: Insolação média mensal (horas) para o município de Rio Grande (SEMC, 2002).

 Evaporação

Os níveis de evaporação estão diretamente associados à quantidade de radiação


solar emitida ao longo do tempo, bem como à temperatura e à quantidade de vapor ou
umidade que se encontra no ar circundante. Entre os meses de maio e agosto
registram-se os mais baixos valores de evaporação, na faixa de 51,5 a 63,7mm.
Dezembro e janeiro são os meses com maiores níveis de evaporação, chegando a
124,5mm neste último (Figura 15).
124,51

124,45
108,88

107,26
103,5

86,39
Evaporação (mm)

83,73

78,06
63,74

59,82
51,46
49,17

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Ago Set Out Nov Dez
Meses

Figura 15: Evaporação média mensal para o município de Rio Grande (SEMC, 2002).

 Circulação Atmosférica

O vento representa uma variável importante para a descrição dos mais variados
fenômenos meteorológicos. Isso é particularmente verdade para o caso das
circulações locais geradas por aquecimento diferencial que, interagindo com a
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
77
circulação de grande escala na qual estão inseridas, desempenham um grande papel
na caracterização do microclima de uma região.

Ocasionados por diferenças nas pressões atmosféricas, os ventos são resultantes


do aquecimento desigual da superfície terrestre e da atmosfera. Em escala local, esse
fato se torna evidente na costa marítima, tendo em vista que a faixa litorânea possui
diversas características que a diferenciam de outras regiões. Nos ambientes costeiros
ocorrem diferentes movimentos das massas de ar causados pela contribuição do
sistema local, denominado de brisas marítimas e brisas terrestres.

Essas brisas são formadas pela diferença de temperatura existente entre a massa
líquida e as terras emersas que, ao longo do dia, produz correntes de vento que
alternam do mar para o continente durante o dia e do continente para o mar durante a
noite. A movimentação se deve a capacidade de armazenamento e transferência de
calor recebido pelo solo, que ocorre de maneira mais rápida que a água. Dessa forma,
durante o dia o continente se aquece rapidamente e os ventos sopram do mar na
direção da praia. Durante a noite, o continente perde rapidamente o calor recebido no
dia, resultando na formação da brisa em direção ao oceano, (Figura 16).

Figura 16: Esquema demonstrativo do fenômeno das brisas na faixa litorânea. A) Brisa
marítima soprando em direção ao continente durante o dia. B) Brisa terrestre soprando em
direção ao oceano à noite. “L” significa baixa pressão e “H” alta pressão (Fonte: The COMET
Program).

Além da circulação atmosférica local, o município de Rio Grande está submetido a


processos atmosféricos de grande escala. Entre eles, dois importantes sistemas que
afetam a circulação atmosférica da região são o Anticiclone do Atlântico e os
Anticiclones migratórios de origem polar.

O Anticiclone do Atlântico é responsável por gerar ventos de nordeste (NE) com


velocidade média de 5m s-1 (KLEIN, 1998), sendo mais intenso no verão. Trata-se de
um sistema de alta pressão do tipo permanente e semi-fixo. Apresenta o centro em
30ºS, com deslocamentos sazonais, migrando para latitudes menores no inverno,
(Figura 17).

Os sistemas Anticiclônicos Polares, por sua vez, originam-se nas altas latitudes e
por mobilidade migram para baixas latitudes transportando massas de ar seco e de
baixa temperatura. Estes são responsáveis por gerar ventos de quadrante sul (SE e
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
78
SW), com velocidade média de 8m s-1, durante as frentes frias (STECH e
LORENZETTI, 1992 apud SEELIGER, ODEBRECHT, CASTELLO, 1998). A área
formada entre os dois centros de alta pressão consiste em uma zona de convergência
de ventos dos dois sistemas frontais, que por possuírem características distintas, um
seco e frio e o outro quente e úmido, quando se encontram, tornam o tempo instável e
chuvoso (LAGES, 2003).

Figura 17: Centros de alta pressão atmosférica: Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (AP1) e
Anticiclone Migratório Polar (AP2) (Fonte: LAGES, 2003).

A entrada de sistemas frontais na cidade de Rio Grande tem uma frequência de 16


frentes por estação, sugerindo que a precipitação nessa área seja predominantemente
de origem frontal (BRITTO; KRUSCHE, 1996). Nessa região, os ventos são os
grandes responsáveis pela dinâmica costeira, influenciando diretamente no regime de
enchente e vazão do estuário. Além disso, promovem o transporte eólico da areia seca
da zona de varrido para as dunas e destas para zonas mais interiores, garantindo a
manutenção dos sistemas de dunas. A Tabela 4 apresenta a frequência de direção
dos ventos (%) e os intervalos de velocidade (m s-1) para a estação de Rio Grande,
com os ventos nordeste de baixa intensidade (velocidade entre 1 e 4 m s-1) sendo os
mais frequentes (22,3%).
Tabela 4: Frequência percentual de ventos (direção e velocidade) (Fonte: Plano Ambiental
Municipal de Rio Grande, 2007).

INTERVALOS DE VELOCIDADE
DIREÇÃO 1-4 5-7 8-10 11-13 14 TOTAL (%)
N 9.1 3.0 0.6 0.1 0.1 12.9

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


79
INTERVALOS DE VELOCIDADE
DIREÇÃO 1-4 5-7 8-10 11-13 14 TOTAL (%)
NE 15.3 5.8 1.0 0.1 0.1 22.3
E 9.7 2.3 0.2 0.0 0.0 12.3
SE 8.6 2.3 0.3 0.1 0.0 11.4
S 6.4 3.2 0.7 0.2 0.1 10.5
SW 9.5 3.1 0.7 0.1 0.1 13.5
W 3.77 1.2 0.2 0.0 0.0 5.1
NW 3.2 0.4 0.1 0.0 0.0 3.7
Calma 8.4

Na Tabela 5, constata-se que o comportamento anual da direção dos ventos


demonstra a predominância de ventos nordeste (NE) na maior parte do ano.
Tabela 5: Direções predominantes de vento no município de Rio Grande (Fonte: Plano
Ambiental Municipal de Rio Grande, 2007).
Variável Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
1ª Direção Predominante do
NE NE NE NE SW NE NE NE NE NE NE NE NE
Vento
2ª Direção Predominante do
SE SE SE SW NE SW SW SW SW SE SE SE SE
Vento

Durante a primavera, verão e outono, a direção predominante dos ventos se


mantém de nordeste. No inverno a direção se altera, tornando-se provenientes de
sudeste/sudoeste, em razão da passagem dos sistemas frontais pela região, que
ocorrem com maior frequência nessa estação do ano.

 Balanço Hídrico

O balanço hídrico representa a quantidade de água disponível no solo em um


determinado intervalo de tempo levando em consideração o aporte de água
(precipitação), a capacidade de armazenamento do solo e a perda de água para a
atmosfera por evapotranspiração das plantas.

Para Rio Grande, os resultados do monitoramento dessa variação de


armazenamento de água no solo demonstram déficit sazonal de água nos meses de
verão, provocada pelo aumento da evapotranspiração, visto que a precipitação
registrada nesses meses não é muito inferior à verificada nos meses em que há
excedente hídrico. No mês de abril, a precipitação é maior do que a
evapotranspiração, havendo reposição das reservas de água do solo e de maio a
outubro, as reservas do solo atingem sua capacidade máxima, ocorrendo excedente
hídrico (Figura 18).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


80
Excesso

Déf icit

Figura 18: Balanço hídrico mensal do município de Rio Grande, RS (Fonte: Plano Ambiental
Municipal de Rio Grande, 2007).

4.5.5 Recursos Hídricos Superficiais

Os recursos hídricos da Planície Costeira do Rio Grande do Sul estão


representados por um dos maiores complexos lagunares do mundo. Destacam-se três
grandes corpos lagunares (a Laguna dos Patos, Lagoa Mirim e Lagoa Mangueira),
além de um grande número de lagoas menores distribuídas ao longo de toda a costa.

A Laguna dos Patos é um amplo corpo de água em comunicação direta com o


Oceano Atlântico por uma única e estreita embocadura, denominada neste texto por
“Canal de Rio Grande”.
O repasse de água continental para a Laguna dos Patos obedece ao ritmo
hidrológico das precipitações. Durante as enchentes, ocorrem descargas
excepcionais, fazendo com que o volume de água lagunar lançada no oceano alcance
a ordem de 22.000m3/s de vazão.

4.5.5.1 Caracterização Hidrográfica

Para fins da gestão e caracterização dos recursos hídricos, o Estado do Rio


Grande do Sul está dividido em três grandes regiões hidrográficas: Região
Hidrográfica do Uruguai, Região Hidrográfica do Guaíba e Região Hidrográfica Bacias
Litorâneas, como ilustrado na Figura 19. O município de Rio Grande está inserido na
Região Hidrográfica Bacias Litorâneas, situado na porção sudoeste do território rio-
grandense (Figura 19).

A região hidrográfica das Bacias Litorâneas, onde a APA da Lagoa Verde está
inserida, é formada pelas bacias hidrográficas do Tramandaí, Litoral Médio, Camaquã,
Mirim-São Gonçalo e Mampituba, cujas respectivas áreas são apresentadas na Tabela
6.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


81
Figura 19: Regiões Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul, modificado (Fonte: SEMA
2007).

Tabela 6: Área das bacias hidrográficas integrantes da região hidrográfica Bacias Litorâneas
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos (Fonte: DRH/SEMA, 2007).

Bacia Hidrográfica Área (km2) Participação (%)

Tramandaí 2.745,73 4,81


Litoral Médio 6.472,10 11,34
Camaquã 21.517,58 37,69
Mirim-São Gonçalo 25.666,83 44,96
Mampituba 683.76 1,20
Total da Região Hidrográfica 57.085,98 100

O município de Rio Grande insere-se na bacia hidrográfica da Lagoa Mirim - São


Gonçalo, localizada ao sul do Estado, conforme ilustra a Figura 20.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


82
Figura 20: Bacia hidrográfica da Lagoa Mirim - São Gonçalo (Fonte: SEMA, 2007).

O volume de água, no trecho final, é definido por um complexo mecanismo de


compensação hidráulica entre a corrente de vazante e a maré salina, definindo o
ambiente estuarino.

A dinâmica das águas estuarinas é controlada, principalmente, pela combinação


da força dos ventos, intensidade de chuvas e, em menor grau, das pequenas marés
astronômicas. Os ventos do quadrante norte-leste favorecem o deságue da lagoa para
o mar – a vazante. Por outro lado, os ventos sul e sudeste levam o nível do mar e
força a entrada de água salgada – a enchente (VIEIRA & RANGEL, 1988). Em
períodos de alta taca pluviométrica, há predominância de vazão da laguna.

Nesses períodos (outono/inverno), ocorre afloramento do lençol freático e a água


acumulada nos compartimentos de estocagem do sistema (cavas ou banhados) é
liberada para o estuário em um fluxo lento e regular, através dos arroios permanentes
e arroios temporários que se formam nas cavas dos cordões litorâneos. Este fluxo
regular permite o funcionamento do ecossistema de forma equilibrada, evitando
enchentes e alterações bruscas de salinidade.

Para a delimitação da microbacia onde a APA da Lagoa Verde esta inserida, foi
utilizado o critério de “morfologia” da rede de drenagem, que é formada a partir do tipo
geológico-geomorfológico. A Microbacia Hidrográfica do Canal São Simão pode ser
observado no Mapa 6.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


83
385.000 388.000 391.000
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS MUNICÍPIOS
Saco da -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
-59°0' -53°30' -48°0'
Mangueira
MS São
SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
Pelotas do
a
un
6.447.000

6.447.000
SC g
La
Capão do
Leão
Herval

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
RS APA da Lagoa
Arroio ! Verde
Grande
Sã o Si m ão OCEANO Rio Grande
Uruguai ATLÂNTICO

al
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
an
C Jaguarão

ir im
goa M

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
km km

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'


Lagoa
Verde
6.444.000

6.444.000
Legenda

Massa d'água
APA da Lagoa Verde

s Microbacia Hidrográfica do Canal São Simão


nde
S en a

Ar ro io
6.441.000

6.441.000
®
l a xa

Projeção Universal Transversa de Mercator


Bo

Arr o io Fuso 22 Sul


Datum SAD-69
Imagem GeoEye
Data do Imageamento: 31/08/2009
0 1.000 2.000
m
Escala numérica - folha A3
1:50.000
6.438.000

6.438.000

Empreendedor Responsabilidade Técnica


Prefeitura Municipal de Rio Grande

Empreendimento
APA da Lagoa Verde

Projeto Plano de Manejo


OCEA NO ATLÂ NTICO
Título Mapa da Microbacia Hidrográfica do Canal São Simão

Fonte Data
Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005). Novembro/2010

385.000 388.000 391.000


4.5.5.2 Qualidade das Águas Superficiais

A qualidade das águas superficiais depende das características ambientais da


região (litologia, pedologia, geomorfologia, vegetação, clima, etc.), do ecossistema
aquático e, principalmente, da atividade antrópica. Essa última provoca intensas
modificações nos cursos d‟água tanto em termos de composição quanto em qualidade.

A caracterização da qualidade das águas é feita a partir de indicadores químicos,


físicos, físico-químicos e microbiológicos. Os indicadores de qualidade podem ser
utilizados, dependendo do objetivo do estudo, para identificação de fontes poluidoras,
avaliação de problemas ambientais específicos, monitoramento de alerta de situações
conflitantes (uso/qualidade ou uso/quantidade), etc.

A legislação ambiental vigente no âmbito federal, pela Resolução nº357/05 do


Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (BRASIL, 2005), estabelece classes
para as águas doces, salobras e salgadas, conforme usos preponderantes.

Para cada classe, definem-se padrões de qualidade da água de forma a assegurar


os usos preponderantes, sendo mais restritivo quanto mais nobre for o uso em
questão. Os padrões de qualidade constituem de um conjunto de parâmetros e seus
respectivos teores máximos permitidos e/ou restrições, que servem como indicadores
específicos para avaliação da qualidade da água para determinado uso.

Segundo Baumgarten & Pozza (2001), as águas do Arroio do Bolaxa, da Lagoa


Verde e do Canal de São Simão enquadram-se na Classe Especial de Água Doce
(Figura 21).
Essas águas são destinadas ao abastecimento doméstico com desinfecção; à
preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e à preservação dos
ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. Nas águas
desta classe não são tolerados lançamentos de águas residuárias, domésticas e
industriais, lixos e outros resíduos sólidos e substâncias tóxicas, mesmo tratados. Uma
vez que não é admitida nenhuma espécie de lançamentos, não tem padrões de
qualidade ambiental.

No entanto, em função da presença de residências (com efluentes sendo lançados


nos corpos hídricos) ao longo do trecho médio/jusante do Arroio Bolaxa, no trecho
jusante do Arroio Senandes, na margem oeste da Lagoa Verde e Próximo ao canal
São Simão, conflitos relacionados à classe dessas águas foram identificados.

Sugere-se, portanto, que a qualidade dessas águas seja monitorada através de


coletas periódicas em dois pontos: no encontro dos arroios Bolaxa e Senandes e na
foz do Canal de São Simão. Através das análises dos parâmetros mínimos para
classificação das águas poder-se-á averiguar a real qualidade das águas da APA da
Lagoa Verde.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


85
Figura 21: Enquadramento dos Recursos Hídricos Superficiais da parte sul da Lagoa dos
Patos. (Fonte: Baumgarten & Pozza, 2001)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


86
4.6 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO

4.6.1 Flora

A região geomorfológica, onde se encontra APA da Lagoa Verde, denominada


Planície Costeira (IBGE, 2004), estende-se por 600 km ao longo da costa do Estado
do Rio Grande do Sul. Possui extensas áreas planas e baixas, marcadas pela
presença de matas de restinga, dunas, campos úmidos, banhados, corpos d‟água e
um complexo sistema de lagoas (BECKER et al., 2007; BOLDRINI et al., 2008). Deste
modo, a vegetação apresenta uma diversidade de ambientes que proporciona a
formação de um mosaico de comunidades vegetais distintas florística e
fisionomicamente (CORDAZZO & SEELIGER, 1987).

As formações arbóreas, conhecidas como florestas de restinga, sofrem influência


florística das demais formações florestais adjacentes que se encontram em solos
geologicamente mais antigos (WAECHTER, 1985). De acordo com Waechter (1985),
no Rio Grande do Sul as restingas apresentam matas arenosas, relacionadas a solos
bem drenados, e matas turfosas, relacionadas a solos mal drenados. Segundo o
mesmo autor, as matas de restinga ocorrem praticamente ao longo de toda a faixa
litorânea do Estado, apresentando significativa diminuição da diversidade no sentido
norte-sul, com formação de capões de mato de maior ou menor extensão no litoral sul,
até desaparecer completamente no extremo sul.
Em relação às formações campestres, Boldrini (1997) destacou os campos
litorâneos como uma vegetação estabelecida sobre áreas geológicas bastante
recentes, recobrindo solos arenosos. A vegetação de dunas costeiras é dominada por
espécies herbáceas, em geral rizomatosas ou estoloníferas, de rápido crescimento e
grande capacidade de rebrotamento (PFADENHAUER, 1978). Na composição
florística ocorrem espécies de alta qualidade forrageira, entretanto espécies
endêmicas não parecem ser abundantes nestas formações (BOLDRINI et al., 2008).

Os banhados são formações comuns na paisagem pampeana do Rio Grande do


Sul e, no passado, estes ecossistemas ocupavam grandes extensões da zona costeira
e também de regiões mais internas do Estado (BURGER, 2000). Entretanto,
atualmente, podem ser considerados como ecossistemas vulneráveis e ameaçados
devido ao crescimento urbano, assoreamentos, drenagem e poluição. Este
ecossistema é caracterizado por áreas constantemente ou provisoriamente alagadas,
de solo saturado e rico em matéria orgânica de origem vegetal que resulta num
ambiente físico-químico particular, colonizado por uma biota também particular
adaptada morfologicamente e fisiologicamente ao hidroperíodo do sistema. Os
banhados apresentam inter-relação com ambientes próximos por meio de processos
ecológicos, como migração de fauna, dispersão de vegetais e de trocas de
sedimentos, transportados pelo vento e fluxos hídricos, tanto na superfície quanto no
subsolo (IBAMA, 2000).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


87
As Marismas são banhados inundados periodicamente por água salgada,
recobertos principalmente por plantas herbáceas (COSTA & DAVY 1992, COSTA
1997), que estão presentes ao longo de 70 km² da zona intermareal de ilhas e
margens do Estuário da Lagoa dos Patos. Devido ao não reconhecimento das funções
ecológicas das marismas na qualidade ambiental costeira (proteção das margens,
disponibilização de hábitats e produção de carbono), muitas áreas de marisma do
estuário da Lagoa dos Patos vem sendo degradadas por aterros e canalizações,
convertidas (pela agricultura, expansão urbana, industrial e projetos de aquacultura)
e/ou utilizadas como depósito de resíduos sólidos e efluentes (COSTA 1998, COSTA
et al. 1997, SEELIGER & COSTA 1997).

Conforme a Resolução Conama nº. 033/1994, que define os estágios sucessionais


das formações vegetais que ocorrem na região de Mata Atlântica do Rio Grande do
Sul e a Resolução Conama nº. 388/2007 que convalida a Resolução Conama nº.
033/1994, a APA da Lagoa Verde, localizada no município de Rio Grande, está
inserido no bioma Pampa, de acordo com a classificação do IBGE (2004).

4.6.1.1 Metodologia

O diagnóstico e a caracterização da vegetação da APA da Lagoa Verde foram


baseados em dados primários e secundários (Anexo 1), sendo os métodos utilizados
descritos a seguir. A campanha de campo, para a obtenção de dados primários, foi
realizada entre os dias 08 e 12 de novembro de 2010 através de levantamento
florístico e levantamento fitossociológico da vegetação campestre.
O método utilizado para os estudos florísticos foi o Método Expedito de
Levantamento não Sistemático de Caminhamento (FILGUEIRAS et al., 1994),
percorrendo-se os diferentes ecossistemas que compõem a APA, coletando e
identificando todas as espécies encontradas (Foto 1). O método consiste em
reconhecimento das fitofisionomias, elaboração da lista das espécies e análise dos
resultados.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


88
Foto 1:
Levantamento
florístico na área
da APA da
Lagoa Verde, Rio
Grande, RS.

Foram coletadas e identificadas todas as espécies encontradas, utilizando-se o


sistema de classificação proposto pela APG III (Angiosperm Phylogeny Group III,
2009). Verificou-se a ocorrência de espécies da flora ameaçadas de extinção, segundo
a lista constante no Decreto Estadual nº. 42.099/2002 e Instrução Normativa MMA nº.
06/2008.

A fitossociologia é um instrumento importante na caracterização de comunidades


vegetais, pois possibilita quantificar a composição e estrutura, tanto no sentido
horizontal como vertical (RIZZINI, 1976). Para a caracterização fitossociológica da
vegetação campestre foi empregado o método de amostragem de superfície
utilizando-se parcelas de 1 m² (Foto 2), distantes 30 m entre si (MATTEUCCI &
COLMA, 1982; MÜLLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974).

Foto 2: Unidade amostral


utilizada para o estudo
fitossociológico na área.

Na estimativa de cobertura de cada parcela, utilizou-se a escala de Braun-


Blanquet (1979), modificada para os seguintes intervalos:
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
89
1 = cobertura menor que 5% da área da parcela;

2 = cobertura entre 5 e 25%;

3 = cobertura entre 25 e 50%;

4 = cobertura entre 50 e 75%;

5 = cobertura entre 75 e 95%;

6 = cobertura entre 95 e 100%.

Para cada espécie registrada no levantamento foram calculados os seguintes


parâmetros fitossociológicos, conforme práticas usuais em estudos de vegetação
campestre: CA (cobertura absoluta - %), FA (frequência absoluta - %), CR (cobertura
relativa - %), FR (frequência relativa - %), IVI (índice de valor de importância - %).
Onde:

 CA: é o somatório dos percentuais de cobertura da espécie i. No cálculo da CA


foi utilizado o valor percentual médio do intervalo de classe ao qual pertence
cada variável (espécie i): 1 = 3%; 2 = 15%; 3 = 37,5%; 4 = 62,5%; 5 = 86%; 6 =
97,5%;

 FA: obtida pela equação FA = (UAi/UAt)*100, onde UAi = número de unidades


amostrais onde ocorre a espécie i; UAt = número total de unidades amostrais;

 CR: obtida pela equação CR = (CAi/ΣCAt)*100, onde CAi = número da


cobertura absoluta da espécie i; ΣCAt = somatório das coberturas absolutas de
todas as unidades amostrais;

 FR: obtida pela equação FR = (FAi/ΣFAt)*100, onde FAi = número da


frequência absoluta da espécie i; ΣFAt = somatório das frequências absolutas
de todas as unidades amostrais;
 IVI: obtida pela equação (CRi+FRi/2), onde CRi = número da cobertura relativa
da espécie i; FRi = número da frequência relativa da espécie i.

4.6.1.2 Resultados

4.6.1.2.1 Diagnóstico Fitofisionômico

Na área da APA da Lagoa Verde os campos constituem a paisagem dominante,


com vegetação rasteira e herbácea características de locais alterados. Muitas porções
são periodicamente ou permanentemente alagadas e assim estes campos compõem
um mosaico com banhados, marismas e capões de mata de restinga (Mapa 7).
Existem também bosques plantados com espécies exóticas (Eucalyptus sp. e Pinus
sp.) e paleodunas na zona de entorno. Apesar de sofrer grande influência humana, a
diversidade de ambientes presentes proporciona a existência de uma grande
biodiversidade.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


90
384.000 386.000 388.000 390.000 392.000
LOCALIZAÇÃO
ESTADOS MUNICÍPIOS

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

MS São
SP Lourenço
Canguçu

-24°0'

-24°0'
do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
d os
Pelotas
na
SC gu
La
Capão do
Leão
Herval APA da

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
Lagoa Verde
6.446.000

6.446.000
RS
Arroio
!
Rio Grande
Grande
OCEANO
Uruguai ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão

r im
oa M i

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La g 0 20 40
km km

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'


6.444.000

6.444.000
Legenda

APA da Lagoa Verde Marisma

Uso do Solo Massa d'água

Área Alagável Silvicultura

Campos Vegetação Secundária

Cultivos Vias

Edificações
6.442.000

6.442.000
®
6.440.000

6.440.000
Projeção Universal Transversa de Mercator
Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
Imagem GeoEye
Data do Imageamento: 31/08/2009
0 500 1.000
m

Escala numérica - folha A2


1:25.000

Empreendedor Responsabilidade Técnica

Empreendimento APA da Lagoa Verde

Projeto Plano de Manejo


6.438.000

6.438.000
Título Mapa de Uso do Solo da APA da Lagoa Verde

Fonte Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005) Data Novembro/2010

384.000 386.000 388.000 390.000 392.000


 Mata Nativa

Esta formação mostra elevado grau de interferência humana estando fragmentada


devido ao desmatamento, criação de gado e introdução de espécies exóticas. Pode se
distinguir um estrato arbóreo e arbustivo densos (Foto 3).

Foto 3: Mata de
Restinga presente
próximo à Lagoa
Verde.

São encontrados dois tipos de mata nativa, com composição florística semelhante,
mas diferentes na abundância e crescimento das espécies, sendo elas: mata de
restinga dos cordões de dunas e mata ciliar ao longo dos arroios. Salix humboldtiana
(Foto 4), Erythrina crista-galli, Ficus certrifoliae Ficus luschnathiana, que juntamente
com outras espécies de arbustos, arvoretas e árvores compõem estas matas que
ficam nas margens inundáveis dos arroios (Foto 5).

Foto 4: Mata Ciliar do


Arroio Bolaxa com
presença de Salix
humboldtiana.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


92
Foto 5: Mata Ciliar do
Arroio Bolaxa, Rio
Grande, RS.

As matas que compõem os cordões de dunas são caracterizadas por possuírem


vegetação arbórea/arbustiva bem estabelecida (Foto 6, Foto 7), tais como: Syagrus
romanzoffiana, Sebastiania commersoniana, Blepharocalyx salicifolius, Allophylus
edulis, Cereus hildmannianus, Psidium cattleyanum, Guapira opposita, além da
Myrcianthes cisplatensis (espécie ameaçada de extinção). Alguns locais, dessas
paleodunas, próximas a Lagoa Verde, encontram-se bastante antropizadas podendo
se observar a presença de espécies exóticas, como o Eucaliptussp. (Foto 8), além de
lixo (Foto 9)e criação de animais domésticos.

Foto 6: Vegetação
presente nos cordões
de dunas.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


93
Foto 7: Vegetação
presente nos cordões
de dunas.

Foto 8: Cordões de
dunas com presença
de Eucaliptussp.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


94
Foto 9: Lixo presente
nos cordões de dunas.

 Banhados

Os banhados estão localizados nas regiões mais baixas, possuindo uma


vegetação herbácea alta, como taboas (Typha domingensis) e juncos (Schoenoplectus
californicus) (Foto 10). Também entre essa vegetação ocorrem indivíduos esparsos de
Erythrina crista-galli e Salix humboldtiana. Algumas porções que são periodicamente
alagadas possuem solo lodoso. Na vegetação aquática ocorrem espécies flutuantes,
espécies fixas ao lodo do fundo com folhas e caules emersos, além de espécies fixas
às margens que emitem estolões flutuantes. Nas porções onde ocorre vegetação
herbácea, de pequeno porte, encontram-se principalmente espécies flutuantes como
Salvinia auriculata e Eichornia crassipes.

Foto 10: Fisionomia


da área de banhado,
com a predominância
de S. californicus.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


95
 Marismas

Este é um ecossistema que vem sendo degradado por atividades antrópicas como
o pastejo por animais domésticos (Foto 11), incêndios, corte da vegetação, deposição
de resíduos sólidos em deriva (MARANGONI & COSTA, 2009). Na área da APA da
Lagoa Verde, as marismas são densamente vegetados por espécies como, Spartina
alterniflora,Scirpus olneyi, Scirpus maritimus, Juncus kraussii,Juncus acutus e
Schoenoplectus californicus.

Foto 11: Lagoa Verde


e canal São Simão
com presença de
gado.

4.6.1.2.2 Levantamento Florístico

O levantamento florístico registrou um total de 105 espécies, pertencentes a 86


gêneros e 42 famílias, sendo que Asteraceae, Fabaceae e Poaceae apresentaram o
maior número de espécies. A Tabela 7 lista as espécies encontradas, bem como suas
famílias, nomes populares e hábito.

Tabela 7: Composição florística da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS.

FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR HÁBITO


Lithraea brasiliensis March aroeira-preta arbóreo
ANACARDIACEAE Schinus polygamus (Cav.) Cabrera assobiadeira arbustivo/arbóreo
Schinus terebinthifolius Raddi aroeira-vermelha arbóreo
Bowlesiasp. Ruiz & Pav. herbáceo
Centella asiatica (L.) herbáceo
Eryngium elegans Cham. & Schltdl. caraguatá herbáceo
APIACEAE
Eryngium nudicaule Lam. caraguatá herbáceo
Eryngium pandanifolium Cham
&Schltdl (Foto 12) caraguatá-do-banhado herbáceo
Eryngium sp. L. herbáceo
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
96
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR HÁBITO
AQUIFOLIACEAE Ilex dumosa Reissek(Foto 13) Caúna arbóreo
Pistia stratiotes L. alface-da-água aquática
ARACEAE
Zantedeschia aethiopica Spreng.* copo-de-leite; lírio-do-nilo aquática
ARALIACEAE Hydrocotyle bonariensis Lam. erva-capitão herbáceo
Syagrus romanzoffiana (Cham.)
ARECACEAE Glassman jerivá arbóreo
Achyrocline satureoides (Lam.)DC. macela herbáceo
Artemisiasp. L. herbáceo
Baccharis angusticeps Dusén arbustivo
Baccharis trimera (Less.) DC. carqueja herbáceo
Facelis apiculata Cass. herbáceo
Gamochaeta americana (Mill.)
ASTERACEAE Weed. herbácea herbáceo
Hypochaeris albiflora L. herbáceo
Hypochaeris radiata L. herbáceo
Paspalum dilatatum Poir. herbáceo
Paspalum notatum Flügge grama-forquilha herbáceo
Senecio heterotrichius DC. catião-melado herbáceo
Sommerfeltia spinulosa Less. herbáceo
Aechmeasp. Ruiz & Pav. bromélia epifítico
Bromelia antiacantha Bertol. (Foto
14) bananinha-do-mato herbáceo
Tillandsia aeranthos (Lois.) L.B.
BROMELIACEAE Smith (Foto 15) cravo-do-mato epifítico
Tillandsia geminiflora Brongn. cravo-do-mato epifítico
Tillandsia usneoides L. barba-de-pau epifítico
Vriesea sp. Lindl. bromélia epifítico
Cereus hildmannianus K. Schum. tuna herbáceo
CACTACEAE Opuntia monoacantha (Willd.) Haw
(Foto 16) palma herbáceo
CARYOPHYLLACEAE Cardionema ramosissima (Weinm.) A. Nelson & J.F. Macbr. herbáceo
Bulbostylis capilaris (L.) C.B. Clarke herbáceo
Cyperus obtusatus (J. Presl & C.
Presl) Mattf. & Kük. tiririca herbáceo
Fimbristylis autumnalis (L.) Roem. &
CYPERACEAE Schult. herbáceo
Fimbristylis dichotoma (L.) Vahl herbáceo
Scirpus californicus (C.A. Mey.)
Steud. junco aquática
Scirpus giganteus Kunth (Foto 17) tiririca aquática
DROSERACEAE Drosera brevifolia Pursh herbáceo
EQUISETACEAE Equisetum giganteum L. cavalinha herbáceo
ERYTHROXYLACEAE Erytroxylum argentinum O. E. Schulz cocão arbóreo
Euphorbia papillosa A.St.-Hil. Erva-leiteira herbáceo
EUPHOBIACEAE Sebastiania brasiliensis Spreng. leiteiro arbóreo
Sebastiania commersoniana
(Baillon) L. B. Smith & R. J. Downs branquilho arbóreo
FABACEAE Acacia longifolia (Andrews) acácia-trinervis arbóreo/arbustivo
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
97
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR HÁBITO
Willdenow *

Desmodium adscendens (Sw.) DC. carrapicho herbáceo


Desmodium incanum DC. pega-pega herbáceo
Erythrina crista-galli L. (Foto 18) coticeira-do-banhado arbóreo
Macroptilium heterophyllum (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Maréchal
& Baudet herbáceo
Stylosanthes leiocarpa Vogel herbáceo
Stylosanthes viscosa SW. alfafa-do-campo herbáceo
Vigna luteola (Jacq.) Benth. feijão-da-praia herbáceo
HALORAGACEAE Myriophyllum brasiliense Camb pinheirinha aquática
Herbertia lahue (Molina)
Goldblatt(Foto 19) bibi herbáceo
IRIDACEAE
Sisyrinchium micranthum Cav. (Foto
20) canchalágua herbáceo
JUNCACEAE Juncus acutusL. junco-agudo herbáceo
LAMIACEAE Hyptis brevipesPoit. hortelã-do-mato herbáceo
LAURACEAE Ocotea pulchella (Nees) Mez Canela-do-brejo arbóreo
Leandra australis (Cham.) Cogn.
MELASTOMATACEAE (Foto 21) Mixirica arbustivo
Ficus cestrifolia Schott ex Spreng. figueira-da-folha-miúda arbóreo
MORACEAE
Ficus luschnathiana (Miq.) Miq figueira arbóreo
Calyptranthes concinna DC. guamirim arbóreo
Eucaliptus sp. L‟Hér.* eucalipto arbóreo
MYRTACEAE Eugenia uniflora L. pitangueira arbustivo/arbóreo
Myrcia sp. arbustivo/arbóreo
Myrcianthes cisplatensis (Cambess.)
O.Berg araçá-do-prata arbóreo
NYCTAGINACEAE Guapira opposita (Vell.) Reitz maria-mole arbóreo
ONAGRACEAE Ludwigia sp. cruz-de-malta herbáceo
Aciantherasp. Scheidw. (Foto 22) orquídea epifítico
ORCHIDACEAE Cattleya intermedia Grah. Ex. Hook
(Foto 23) orquídea epifítico
OXALIDACEAE Oxalissp. L.* trevo herbáceo
PINACEAE Pinussp. L.* pinheiro arbóreo
Bacopa monnieri (L.) Pennel. bacopa herbáceo
PLANTAGINACEAE
Plantago tomentosa Lam. tansagem, tanchagem herbáceo
Axonopus affinis Chase grama-tapete herbáceo
Briza minor L. herbáceo
Cynodon dactylon (L.) Pers. grama-bermuda herbáceo
POACEAE
Ischaemum minus Presl. grama-catarina herbáceo
Sporobolus indicus (L.) R. Brow. capim-moirão herbáceo
Stenotaphrum secundatum (Water)
Kuntze grama-santo-agostinho herbáceo
POLYGALEACEAE Polygala paniculata L. herbáceo
Eichhornia crassipes (Martius)
PONTEDERIACEAE Solms-Laubach orelha-de-jegue aquática
PRIMULACEAE Myrsine laetevirens (Mez) Arechav. capororoca arbóreo

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


98
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR HÁBITO
Myrsine parvifolia A. DC capororoca arbóreo
Margyricarpus pinnatus (Lam.)
ROSACEAE Kuntze herbáceo
Relbunium sp. (Endl.) Hook. f. herbáceo
Richardia brasiliensis B.A. Gomes herbáceo
RUBIACEAE
Richardia humistrata (Cham. & Schltdl.) Steud. herbáceo
Richardiasp. L. herbáceo
Casearia sylvestris Sw. chá-de-bugre arbóreo
SALICACEAE
Salix humboldtiana Wild. (Foto 24) salgueiro; salso arbóreo
Azolla filiculoides Lam. aquática
SALVINIACEAE
Salvinia auriculata Aubl. salvinia herbáceo
Allophylus edulis (A. St. Hil. & al.)
SAPINDACEAE Radlk. chal-chal arbóreo
Petunia integrifolia (Hook.) Schinz et
Thell. (Foto 25) petúnia herbáceo
SOLANACEAE
Solanum sisymbriifolium Lam. (Foto
26) joá herbáceo
THYPHACEAEA Typha domingensis Pers. taboa aquática
Glandularia aristigera (S. Moore)
Tronc. herbáceo
VERBENACEAE
Glandularia peruviana (L.) Small melindre herbáceo
Lantana câmara L. camará arbustivo
* Espécies exóticas

Foto 12: Eryngium


pandanifolium.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


99
Foto 13: Ilex dumosa.

Foto 14: Bromelia


antiacantha.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


100
Foto 15: Tillandsia
aeranthos.

Foto 16: Opuntia


monoacantha.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


101
Foto 17: Scirpus
giganteus.

Foto 18: Erythrina


crista-galli.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


102
Foto 19: Herbertia
lahue.

Foto 20: Sisyrinchium


micranthum.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


103
Foto 21: Leandra
australis.

Foto 22: Acinthera sp.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


104
Foto 23: Cattleya
intermedia.

Foto 24: Salix


humboldtiana.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


105
Foto 25: Petunia
integrifolia.

Foto 26: Solanum


sisymbriifolium.

4.6.1.2.3 Levantamento Fitossociológico Campestre

Conforme Braun-Blanquet (1979), a área mínima que representa uma comunidade


vegetal deve corresponder a um número mínimo de espécies e pode ser obtida pela
curva espécie-área. Foram amostradas 30 parcelas em 10 pontos da APA, sendo 5 no
Arroio Bolaxa e 3 no Arroio Senandes e 2 próximos à Lagoa Verde (Mapa 8).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


106
386.000 388.000 390.000
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS MUNICÍPIOS
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

MS São
SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
6.446.000

6.446.000
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
Pelotas do
n a
SC gu
La
Capão do
Leão
Herval

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
RS APA da Lagoa
!8 !9 Arroio ! Verde
Grande Rio Grande
OCEANO
Uruguai ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão
im
go a Mi r

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
km km
6.444.000

6.444.000
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

Legenda

! Pontos Amostrais de Levantamento Fitossociológico


6.442.000

6.442.000
Massa d'água

!3 APA da Lagoa Verde


!7 !2
10
!

!1
!5
!4
®
Projeção Universal Transversa de Mercator
Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
Imagem GeoEye - 31/08/2009
0 500 1.000
6.440.000

6.440.000
m

Escala numérica - folha A3


!6 1:35.000

Empreendedor Responsabilidade Técnica


Prefeitura Municipal de Rio Grande

Empreendimento
APA da Lagoa Verde
Cassino
Projeto
Plano de Manejo

Título
Amostras de Levantamento Fitossociológico
6.438.000

6.438.000

Fonte Data
Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005) Novembro/2010
386.000 388.000 390.000
Observou-se a suficiência amostral para estimativa de riqueza de espécies (Figura
22). Nota-se que a partir da parcela 25 ocorre a estabilização da curva, indicando que
as 30 parcelas amostradas foram suficientes para caracterizar a vegetação em estudo,
em termos de composição florística e estrutura da comunidade vegetal.

60
Riqueza de espécies cumulativa

50

y = 13,294ln(x) + 10,017
40 R² = 0,9815

30

20

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324252627282930
Unidades Amostrais

Figura 22: Curva de suficiência amostral (curva do coletor) para a estimativa de riqueza no
levantamento fitossociológico de espécies campestres na APA da Lagoa Verde, Rio Grande,
RS.

Foram amostradas 54 espécies, distribuídas em 40 gêneros, pertencentes a 16


famílias botânicas. As espécies e respectivos parâmetros fitossociológicos estão
listados na Tabela 8.

Tabela 8: Parâmetros fitossociológicos para as espécies amostradas na APA da Lagoa Verde,


Rio Grande, RS, listadas por ordem de Valor de Importância (VI).

ESPÉCIE CA FA (%) FR (%) CR (%) VI(%)


Axonopus affinis 44,50 83,33 8,42 16,01 12,21
Bulbostylis capilaris 24,00 56,67 5,72 8,63 7,18
Desmodium adscendens 15,00 63,33 6,40 5,40 5,90
Ischaemum minus 15,50 46,67 4,71 5,58 5,14
Cynodon dactylon 15,00 36,67 3,70 5,40 4,55
Margyricarpus pinnatus 10,50 50,00 5,05 3,78 4,41
Paspalum notatum 13,00 36,67 3,70 4,68 4,19
Hydrocotyle bonariensis 8,50 46,67 4,71 3,06 3,89
Eryngiumsp. 8,00 36,67 3,70 2,88 3,29
Sisyrinchium micranthum 8,50 33,33 3,37 3,06 3,21
Poaceae 1 9,00 26,67 2,69 3,24 2,97
Fimbristylis autumnalis 8,50 26,67 2,69 3,06 2,88
Centella asiatica 6,00 30,00 3,03 2,16 2,59
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
108
ESPÉCIE CA FA (%) FR (%) CR (%) VI(%)
Plantago tomentosa 5,50 26,67 2,69 1,98 2,34
Paspalum cf. dilatatum 7,00 20,00 2,02 2,52 2,27
Gamochaeta americana 4,50 26,67 2,69 1,62 2,16
Fimbristylis cf. dichotoma 6,00 20,00 2,02 2,16 2,09
Macroptilium heterophyllum 4,50 23,33 2,36 1,62 1,99
cf.Hyptis brevipes 5,50 13,33 1,35 1,98 1,66
Richardia humistrata 3,50 20,00 2,02 1,26 1,64
Hypochaeris albiflora 3,00 20,00 2,02 1,08 1,55
Bowlesiasp. 3,50 16,67 1,68 1,26 1,47
Eryngium nudicaule 3,50 16,67 1,68 1,26 1,47
Cyperus obtusatus 2,50 13,33 1,35 0,90 1,12
Eryngium elegans 2,50 13,33 1,35 0,90 1,12
Stylosanthes leiocarpa 2,50 13,33 1,35 0,90 1,12
cf.Vigna luteola 3,00 10,00 1,01 1,08 1,04
sp. 3 3,00 10,00 1,01 1,08 1,04
Bacharis trimera 2,00 13,33 1,35 0,72 1,03
Stenotaphrum secundatum 2,50 10,00 1,01 0,90 0,95
Glandularia aristigera 2,00 10,00 1,01 0,72 0,86
Hypochaeris cf. radiata 2,00 10,00 1,01 0,72 0,86
Relbuniumsp. 2,00 10,00 1,01 0,72 0,86
Briza minor 2,50 6,67 0,67 0,90 0,79
Richardiasp. 2,50 6,67 0,67 0,90 0,79
Polygala cf. paniculata 1,50 10,00 1,01 0,54 0,77
Sporobolus indicus 2,00 6,67 0,67 0,72 0,70
cf.Bacopa monnieri 1,50 6,67 0,67 0,54 0,61
Herbertia lahue 1,50 6,67 0,67 0,54 0,61
sp. 1 1,50 6,67 0,67 0,54 0,61
Baccharis angusticeps 1,00 6,67 0,67 0,36 0,52
Drosera brevifolia 1,00 6,67 0,67 0,36 0,52
Senecio heterotrichius 1,00 3,33 0,34 0,36 0,35
sp. 5 1,00 3,33 0,34 0,36 0,35
Achyrocline satureioides 0,50 3,33 0,34 0,18 0,26
Artemisiasp. 0,50 3,33 0,34 0,18 0,26
cf.Cardionema ramosissima 0,50 3,33 0,34 0,18 0,26
Facelis apiculata 0,50 3,33 0,34 0,18 0,26
Oxalissp. 0,50 3,33 0,34 0,18 0,26
Sommerfeltia spinulosa 0,50 3,33 0,34 0,18 0,26
Stylosanthes viscosa 0,50 3,33 0,34 0,18 0,26
sp. 2 0,50 3,33 0,34 0,18 0,26
sp. 4 0,50 3,33 0,34 0,18 0,26
TOTAL 278,00 990,00 100,00 100,00 100,00

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


109
A família com maior número de espécies amostradas foi Asteraceae, representada
por 12 espécies. A segunda família com maior riqueza foi Poaceae (07), seguida por
Apiaceae (06) e Cyperaceae e Fabaceae, com quatro espécies cada. (Figura 23). A
maioria dos indivíduos (53%) pertence apenas às três primeiras famílias citadas.
Entretanto, o gênero Eryngium (Apiaceae) foi o que apresentou o maior número de
espécies (03).

Asteraceae

17% Poaceae
4% 25%
Apiaceae
4%
Cyperaceae
6%
15% Fabaceae
8%
Rubiaceae
8% 13%
Iridaceae
Plantaginaceae
Outras Famílias

Figura 23: Riqueza específica por família registrada na área da APA da Lagoa Verde para o
levantamento fitossociológico. “Outras famílias” correspondem ao somatório de todas as que
apresentavam apenas uma espécie.

As espécies com maiores valores de frequência relativa (FR) foram Axonopus


affinis, Desmodium adscendens e Bulbostylis capilaris. A grande maioria das espécies
ocorreu com baixas frequências, sendo que 32 espécies apresentaram valores
inferiores a 2%.
A contagem de indivíduos para espécies campestres é impraticável, uma vez que
muitas espécies de gramíneas e ciperáceas encontram-se na natureza em forma
agregada, inviabilizando a contagem de um único indivíduo. Deste modo, adota-se
como medida quantitativa a análise da cobertura das espécies. Quanto à cobertura
relativa, os maiores valores encontrados foram de Axonopus affinis (16,01%),
Bulbostylis capilaris (8,63,%) e Desmodium adscendens (5,40%). Estas mesmas
espécies apresentaram os maiores valores de importância, correspondendo a
aproximadamente 25% do valor total.

4.6.1.3 Espécies Ameaçadas de Extinção e Imunes ao Corte

Os estudos florístico e fitossociológico das espécies campestres não registraram


nenhuma espécie integrante da Lista das Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção
do Estado do Rio Grande do Sul, divulgada pela Secretaria Estadual do Meio
Ambiente, assim como da lista apresentada na Instrução Normativa MMA nº. 06/2008
para espécies campestres.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


110
No levantamento florístico, foi registrada a presença de quatro espécies arbóreas
que constam na Lista das Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do Estado do
Rio Grande do Sul da SEMA/RS. Tillandsia aeranthos , Tillandsia geminiflora,
Tillandsia usneoides e Cattleya intermediana categoria vulnerável (VU) e Myrcianthes
cisplatensis na categoria em perigo (EN). Além disso, foram encontradas duas
espécies de figueira, Ficus luschnathiana e Ficus cestrifolia e a corticeira-do-banhado
(Erythrina crista-galli) consideradas espécies imunes ao corte conforme Lei Estadual
9.519/1992, portaria do IBAMA nº37/1992 e Decreto Estadual nº 42.099/2003 (Tabela
9).

Tabela 9: Espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção e imunes ao corte, amostradas


na APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS.

FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR STATUS


Tillandsia aeranthos (Loisel.) L. B.
cravo-do-mato VU
Sm.
Bromeliaceae Tillandsia geminiflora Brogn. cravo-do-mato VU

Tillandsia usneoides L. barba-de-pau VU

Fabaceae Erythrina crista-galli L. coticeira-do-banhado IMUNE

Ficus cestrifolia Schott ex Spreng. figueira-da-folha-miúda IMUNE


Moraceae
Ficus luschnathiana (Miq.) Miq figueira IMUNE
Myrcianthes cisplatensis (Cambess.)
Myrtaceae araçá-do-prata EN
O.Berg
Orchidaceae Cattleya intermedia Grah. Ex. Hook orquídea VU

4.6.1.4 Conclusões e Recomendações

 A APA da Lagoa Verde representa a última área com ecossistemas


preservados dentro da zona urbana de Rio Grande.
 O levantamento realizado mostrou paisagens com diferentes graus de
antropização, onde se observa que a vegetação das margens dos arroios
Senandes e Bolaxa e da Lagoa encontra-se degradada e fragmentada devido
principalmente ao desmatamento, poluição e criação de gado, visto que não se
respeita limites de APP.
 Em, pelo menos uma das paleodunas, na zona de entorno da APA da Lagoa
Verde, tem a presença de Myrcianthes cisplatensis (espécie ameaçada de
extinção, categoria EM (em perigo) Coordenada: 22H 0389948/6446968),
sendo assim, esta é uma área com especial interesse para conservação, o que
reforça sua inclusão nas Áreas Prioritárias para Inclusão na APA da Lagoa
Verde (Item 5.3).
 A zona de entorno apresentou ocupação irregular e poluição (lixo).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


111
 Compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos,
a conservação desse ambiente propiciará melhor qualidade de vida para a
comunidade.
 Criar programas para restringir o acesso de gado e para recuperação de áreas
degradadas na APA da Lagoa Verde.
 Criar programa para controlar a invasão de espécies exóticas, especialmente
Pinussp. e Eucalyptus sp.

4.6.2 Fauna

A conservação dos ecossistemas naturais, sua flora, fauna e os microrganismos,


garantem a sustentabilidade dos recursos naturais e permitem a manutenção de vários
serviços essenciais à manutenção da biodiversidade. Especificamente, a fauna de
vertebrados possui grande importância ecológica nos ambientes naturais tendo em
vista a sua função como dispersores de sementes, polinizadores, indicadores
biológicos, reguladores e estabilizadores de ecossistemas. Essas características são
determinadas de acordo com a estrutura da paisagem e com os fatores bionômicos
intrínsecos de cada táxon.

Muitas espécies de vertebrados são reconhecidamente úteis indicadoras de


distúrbios no habitat, destas, algumas são especialmente sensíveis, sendo
consideradas, portanto, excelentes modelos para estudos de diagnóstico ambiental
(FENTON et al., 1992). Dos mais citados nesse sentido destacam-se várias espécies
de mamíferos e aves; no entanto, podemos também considerar os anfíbios e os
répteis por sua baixa mobilidade, requerimentos fisiológicos, especificidades de habitat
e facilidade de estudos (SILVANO et al., 2003) e os peixes por sua íntima, obrigatória
e recíproca relação com o meio circundante (ESPÍNDOLA et al., 2003).

Dentre a fauna terrestre, ainda existe aquela em risco de extinção, ou seja, cujas
populações estão diminuindo rapidamente, podendo desaparecer para sempre.
Segundo Townsend et al. (2006), os principais motivos de extinção são a destruição,
degradação ou perturbação de hábitats; invasão de espécies exóticas em novas áreas
geográficas e sobre-exploração, esta última sendo uma prática comum desde os
tempos pré-históricos, onde muitos animais de grande porte foram extintos por ação
antrópica.

4.6.2.1 Material e Métodos

O diagnóstico da fauna de vertebrados da APA da Lagoa Verde foi baseado em


levantamentos de dados primários e secundários. A coleta de dados primários ocorreu
entre os dias 17 e 21 de janeiro de 2011, e seguiu métodos específicos para cada
grupo de fauna, conforme apresentado a seguir. O levantamento de dados
secundários baseou-se em bibliografias especializadas, consulta em coleções
científicas e em dados oriundos de projetos e consultorias realizados pela equipe da
Polar Meio Ambiente em empreendimentos próximos à APA da Lagoa Verde.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


112
Para a identificação das espécies de interesse, foram levados em consideração
atributos tais como a presença em listas de espécies ameaçadas, grau de endemismo,
raridade, importância cultural, econômica ou médico-sanitária e valor estético. Para
análise da vulnerabilidade das espécies considerou-se o Decreto Estadual n° 41.672,
de 11 de junho de 2002, que trata da Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de
Extinção no Rio Grande do Sul. Também foram consideradas a Instrução Normativa
do Ministério do Meio Ambiente nº 03/03, que reconhece as espécies da fauna
brasileira ameaçadas de extinção, e a lista mundial de espécies ameaçadas da
International Union for Conservation of Nature - IUCN (2010).

4.6.2.1.1 Ictiofauna

O levantamento de dados primários na área da Lagoa Verde e adjacências, bem


como arroios que deságuam na lagoa foram obtidos a partir de oito pontos amostrais.
A localização dos pontos amostrais (Tabela 10) foi obtida por meio da utilização de
GPS Garmim, modelo Etrex visualizado no mapa da área (Mapa 9). A Tabela 10 indica
os pontos de coleta e a caracterização do método de amostragem.

Para cada ponto amostral foram utilizadas diferentes artes de pesca para a
captura dos peixes. Os métodos são complementares para que o esforço amostral
torne-se mais consistente obtendo, assim, uma resposta mais precisa em relação à
fauna ocorrente. O uso de métodos combinados minimiza as diferenças de
seletividade e eficiência de cada método, alcançando uma representação mais precisa
da estrutura da comunidade de peixes (LUNDBERG; MCDADE, 1990). Assim, a
metodologia empregada para o levantamento foi baseada no emprego de três artes de
pesca: o puçá, a rede de arrasto do tipo picaré e a rede de espera (baterias de redes
de diferentes malhas).

Tabela 10: Localização dos Pontos de Amostragem – Coordenada UTM - realizados no


Levantamento Primário para avaliação de Ictiofauna da Área da Lagoa Verde e Entorno, com
descrição breve da localização e arte de pesca utilizada na amostragem.

PONTO DE COORDENADA ARTE DE


LOCALIZAÇÃO
COLETA UTM 22H PESCA

0388009/ Ponte sobre Arroio Bolacha, RS 734, próximo Balneário


P1 Puçá
6441268 Cassino

0388925/
P2 Lagoa Verde, margem esquerda, acesso RS 734, km 10 Rede
6444749

0390658/ Arroio Vieira, na lateral da BR 392, próximo Canal da


P3 Puçá
6446681 Lagoa Verde/ Canal São Simão

0384866/ Açude localizado na lateral do Arroio Senandes, trecho


P4 Picaré
6440194 de nascente

0390811/ Área da ponte da BR 392, sobre Canal da Lagoa Verde


P5 Rede
6446392 e Saco da Mangueira (Canal São Simão).

03866724/ Açude localizado na lateral do Arroio Bolacha, trecho de


P6 Puçá
6438861 nascente

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


113
PONTO DE COORDENADA ARTE DE
LOCALIZAÇÃO
COLETA UTM 22H PESCA

0388137/ Arroio Vieira, calha principal próximo área de nascente.


P7 Puçá
6447412 Região do Parque Marinha

0389432/ Lagoa Verde, margem esquerda, acesso RS 734, pela


P8 Puçá
6444968 estrada próximo Bairro Boa Vista

Para complementar os dados obtidos em campo, foi realizado concomitante


entrevistas com pescadores da região, além de um levantamento com base em dados
secundários.

Descrição dos petrechos de pesca:

O puçá (Foto 27) é um petrecho de pesca que apresenta uma rede de malha
muito fina (0,5mm) em forma de saco, com a abertura presa a uma armação de ferro
retangular (0,6m x 0,4m) ligada a uma haste com aproximadamente 1,2m de
comprimento. O petrecho pode ser utilizado junto ao fundo arenoso, vegetação
marginal, e/ou posicionado em frente às pedras em ambientes de corredeira. A
metodologia foi empregada em diversos pontos de coleta, conforme indicado na Foto
27.

Foto 27: Método de coleta com uso


de puçá no rio

A arte de pesca do tipo picaré (Foto 28) necessita de dois amostradores para sua
utilização (um em cada extremidade). Consiste em uma rede de arrasto de malha
simples com espaçamento entre nós de 0,5mm, de forma retangular (10m x 2,6m),
equipada com bóias na porção superior e pesos de chumbo na porção inferior. Esse
método pode ser utilizado em ambientes de fundo arenoso ou lodoso, onde ocorre a
formação de praias.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


114
Foto 28: Método de amostragem
com rede do tipo picaré.

As redes de espera (Foto 29), consistiram em uma bateria de redes de malha


simples com 20m de comprimento, 1,5m de altura e espaçamento entre nós de 15mm,
20mm, 25mm, totalizando 60m de rede. Em cada ponto amostral as redes foram
dispostas por volta das 18h e retiradas por volta das 9h, da manhã seguinte,
totalizando 15 horas de exposição.

Foto 29: Método de amostragem


com rede de espera: momento da
retirada da rede

Tais artes de pesca foram aplicadas de acordo com as condições dos ambientes
aquáticos amostrados, de modo a contemplar todos os habitats disponíveis para as
comunidades ícticas. Após cada amostragem, os animais capturados eram
identificados in loco, e liberados ainda em campo. No entanto, os espécimes
capturados que não tiveram sua identificação confirmada, foram fixados em formalina
10% e armazenados para posterior identificação.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
115
No Laboratório de Ecologia de Peixes da UNISINOS os espécimes foram triados e
identificados com base na bibliografia taxonômica pertinente. Após identificação, os
animais foram conservados em solução de álcool 70% e serão depositados na coleção
zoológica da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).

Descrição dos pontos de amostragem:

Neste levantamento foram selecionados pontos estratégicos na área da Lagoa


Verde, no seu entorno (banhados, açudes) e arroios e canais que desaguassem no
seu interior, auxiliando na drenagem hídrica da lagoa.

A estrutura dos pontos difere de acordo com o tipo de local amostrado, mas uma
característica, com influência abiótica direta, foi a diminuição na lâmina de água dos
recursos hídricos amostrados, devido a estiagem que afeta a região sul do Estado do
Rio Grande do Sul, que caracterizou praticamente todos os pontos de coleta.
Desta forma, pontos de banhado não puderam ser amostrados porque não havia
uma lâmina de água suficiente para a coleta de peixes, e sim somente uma água
superficial (Foto 30).

Foto 30: Banhado as margens da BR


392, próximo ao Canal São Simão,
praticamente seco, devido a estiagem
que afeta a região sul do Estado do RS.

A seguir pequena descrição dos pontos de amostragem e fotos para uma melhor
ilustração do local de coleta.

O ponto 1 (Foto 31) localiza-se à montante da Lagoa Verde, e situa-se no Arroio


Bolacha, que e é um dos formadores da Lagoa Verde. As nascentes do arroio estão
dentro dos limites de Rio Grande e neste trecho o arroio já apresenta uma largura
entre margens de aproximadamente 8 a 10m. A profundidade no local varia de poucos
centímetros (como no momento da amostragem devido a estiagem) a 150 cm. A
vegetação marginal não é muito densa, embora já existam alguns espécimes com
porte arbóreo.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
116
Foto 31: Ponto 1- Arroio Bolacha, calha
principal próximo a ponte da RS 734,
Balneário do Cassino.

O ponto 2 (Foto 32) localiza-se no trecho mais à montante da foz da Lagoa Verde,
na margem esquerda, na altura do km 10 da RS 734. O local já esta com conformação
de lagoa, e não em forma de meandro nem canal, já apresentando pelo menos 500m
de distancia entre margens. O local apresenta fundo é arenoso/lodoso e a vegetação é
formada principalmente por gramíneas.

Foto 32: Ponto 2- Lagoa Verde na


altura do km 10 da RS 734,
margem esquerda.

O ponto 3 (Foto 33), é um trecho do Arroio Vieira, às margens da BR 392, próximo


ao Canal São Simão. O local sofre influencia antrópica, visto que recebe material
orgânico de uma canalização de efluentes domésticos. O ponto apresentava uma
vegetação típica de área úmida, com touceiras e vegetação pioneira.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


117
Foto 33: Ponto 3: Arroio Viera,
calha principal próximo a BR 392.

Outro arroio formador da Lagoa Verde, e que também apresenta sua nascente
dentro do município de Rio Grande é o Arroio Senandes. Este arroio nasce á montante
da lagoa, e deságua próximo ao Arroio Bolacha. Como neste período a região esta
sofrendo com uma seca forte, o Arroio Senandes nos trechos mais à montante
estavam praticamente secos. Optou-se então por amostrar um açude – Ponto 4, que
em época de nível hídrico normal, tem conexão com o arroio, e desta forma, a fauna
encontrada no açude pode fornecer uma prévia das espécies.
O açude (Foto 34) encontra-se a menos de 30m de onde passa o Arroio
Senandes, e fica localizado numa área particular.

Foto 34: Ponto 4 - Açude


localizado na lateral do Arroio
Senandes, na área da nascente.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


118
O ponto 5 (Foto 35) é no local denominado Canal São Simão, onde ocorre a
conexão da Lagoa Verde com o Saco da Mangueira. O local é um estuário, pois
apresenta esta ligação com o Saco da Mangueira, que por sua vez, conecta-se ao
Canal de Rio Grande. Embora o local já esteja com uma inserção continental, a
salinidade oriunda do mar adentra os canais e chega ate a Lagoa Verde.

Estudos na região mostram espécies marinhas e de água doce que eventualmente


utilizam o estuário durante um período de sua vida, como já explicado anteriormente.
O resultado sobre as espécies encontradas será discutido no tópico a seguir.

Foto 35: Ponto 5 - Canal São


Simão, local de conexão entre
a Lagoa Verde e o Saco da
Mangueira, junto a ponte da BR
392.

O ponto 6 (Foto 36) é um banhado artificial (açude) localizado próximo a nascente


do Arroio Bolacha, usado para a dessedentação animal. Próximo a ele, existem vários
pequenos banhados, todos sem lâmina de água por causa da estiagem.

O local apresentava fundo lodoso/arenoso e vegetação tipo juncal em uma das


margens.

Foto 36 - Ponto 6 - Local de


amostragem à montante da
lagoa Verde, junto à nascente
do Arroio Bolacha.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
119
Outro trecho do Arroio Viera, o ponto 7 (Foto 37) foi amostrado nesta campanha,
na região denominada Parque Marinha. Este local foi escolhido, pois o primeiro trecho
amostrado era localizado em área com forte antropização. Este ponto situava-se
próximo as residências, mas em área mais rural, acima da urbanização, sem tanta
influencia de descarte de resíduos líquidos domésticos e resíduos sólidos.

Foto 37: Ponto 7- Arroio Viera,


em trecho acima do Parque
Marinha.

O ponto 8 (Foto 38) localiza-se na área central da Lagoa Verde, próximo ao inicio
do canal, é um local que apresenta fundo lodoso/arenoso, e muitas gramíneas. À
montante do ponto a Lagoa Verde apresentava margens largas, e do ponto para baixo,
as margens já são mais estreitas e já formam uma configuração de meandro.

Foto 38: Ponto 8 - calha da


Lagoa Verde em local de
trecho em forma de meandro.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


120
Além do resultado do inventário, são listadas as espécies ameaçadas e sobre-
explotadas, tanto em base de dados primários, quanto com base em dados
secundários. Ainda nos Resultados e Discussão será apresentado uma pequena
contribuição sobre a vazão negativa, que altera a salinidade da água e muitas vezes
influencia nas comunidades ícticas existentes.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


121
384.000 386.000 388.000 390.000 Saco da Mangueira

6.448.000

6.448.000
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS MUNICÍPIOS
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

¡
[ P7 MS São
SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
do
[ P3
¡ SC
Pelotas

La
gu
n a

[ P5
¡ Herval
Capão do
Leão

-29°30'

-29°30'
-32°0'

-32°0'
Argentina
6.446.000

6.446.000
RS APA da Lagoa
Arroio ! Verde
Grande Rio Grande
OCEANO
Uruguai ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão

[ P8
¡ goa M
i ri m

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
km km

[ P2
¡ -59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
6.444.000

6.444.000
Legenda

¡
[ Pontos de Amostra de Ictiofauna

APA da Lagoa Verde

Massa d'água
6.442.000

6.442.000
[ P1
¡ ®
Projeção Universal Transversa de Mercator
Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
Imagem GeoEye - 31/08/2009
0 750 1.500
m

[ P4
¡ Escala numérica - folha A3
6.440.000

6.440.000
1:40.000

Empreendedor Responsabilidade Técnica


Prefeitura Municipal de Rio Grande

[ P6
¡ Cassino
Empreendimento
APA da Lagoa Verde

Projeto
Plano de Manejo

Título
Amostras de Ictiofauna
6.438.000

6.438.000

Fonte Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005). Data Janeiro/2011

384.000 386.000 388.000 390.000


O
IC
T
N
Â
4.6.2.1.2 Herpetofauna

Anfíbios

Os dados primários referentes à fauna de anfíbios foram obtidos com base em três
métodos de obtenção de registros: levantamento por encontros visuais (VES),
transecções auditivas (AST) e registros ocasionais (RO).

Levantamento por encontros visuais (visual encounter survey - VES)

O método consiste em realizar uma busca ativa por desovas, larvas e adultos,
durante um determinado período de tempo, em todos os microambientes
potencialmente ocupados pelos anfíbios (CRUMP; SCOTT, 1994). A busca, realizada
por dois herpetólogos, consistiu na realização de deslocamentos pelas áreas, nas
quais eram vasculhados corpos d‟água e possíveis abrigos (embaixo de troncos,
pedras, entulhos, em tocas e bromélias). Para o registro visual, foram considerados
apenas os animais que não se encontravam em atividade de vocalização. Foram
realizadas sete buscas diurnas e cinco buscas noturnas, perfazendo um esforço
amostral total de 31 horas por pessoa (21 horas durante o dia e dez horas durante a
noite).

Transecções auditivas (audio strip transect - AST)


Neste método, um trecho pré-definido da área estudada é percorrido e as
espécies em atividade de vocalização são registradas (ZIMMERMAN, 1994). As
transecções auditivas foram realizadas predominantemente nas primeiras horas
depois do ocaso, período no qual a atividade de vocalização dos anuros é mais
intensa. As amostragens foram direcionadas a diferentes tipos de corpos d‟água
existentes na região (banhados, açudes, arroio Bolaxa e áreas úmidas em geral). Os
corpos d‟água foram percorridos em cada ponto, contabilizando-se os indivíduos em
atividade de vocalização, perfazendo um esforço amostral total de dez horas.
Indivíduos fora de atividade de vocalização no período das amostragens foram
registrados no método de levantamento por encontros visuais (busca ativa).

Registros ocasionais

Anfíbios encontrados de outras formas, que não os dois métodos descritos acima,
foram considerados registros ocasionais, incluindo-se animais visualizados ou em
atividade de vocalização fora das coordenadas de amostragem, encontrados em
estradas, locais entre os pontos de levantamento e demais áreas adjacentes.
Adicionalmente, foram considerados todos os espécimes encontrados nas áreas de
influência por membros de outras equipes técnicas, quando possível confirmar a
identificação da espécie por meio de fotografias.
As coordenadas geográficas dos locais de amostragem (Tabela 11 e Mapa 10)
foram obtidas através da utilização de aparelhos GPS (Global Positioning System),
datum SAD69, zona 22 Sul. A nomenclatura e a classificação das espécies foram
baseadas em Frost (2010) e SBH (2010).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


123
Com relação às bibliografias referentes ao levantamento dos dados secundários,
foram utilizados: Braun e Braun (1980), Loebmann e Figueiredo (2004), Loebmann e
Vieira (2005), Quintela et al. (2007). Além dessas e dos trabalhos realizados pela
equipe da Polar Meio Ambiente na região, foram levantadas as espécies tombadas na
Coleção Herpetológica do Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (MCP), procedentes do município de Rio Grande, RS.

Répteis

Para a amostragem dos dados primários da fauna reptiliana foram empregados


dois diferentes métodos: procura visual (PV) e registro ocasional (RO).

Procura visual

Adaptado de Martins e Oliveira (1998), o método consiste em realizar buscas


ativas diurnas e noturnas. No período diurno, foram feitas procuras no maior número
possível de microhabitats em busca de vestígios (mudas, cascos e carcaças) e
animais em atividade ou em abrigos em potencial (sob folhas, em tocas, troncos
caídos, cupinzeiros, madeiras, restos de construção, sob pedra e na margem de
corpos d‟água). No período noturno, foram realizadas procuras ativas ao redor de
corpos d‟água presentes na região de realização do estudo. Todos os locais foram
amostrados por dois herpetólogos. Foram realizadas sete buscas diurnas e cinco
buscas noturnas, perfazendo um esforço amostral total de 31 horas por pessoa (21
horas durante o dia e dez horas durante a noite).

Registros ocasionais

Foram atribuídos a este método todos os espécimes encontrados de outras


formas, que não o método de procura visual, incluindo-se animais visualizados fora
das coordenadas de amostragem, em estradas, locais entre os pontos de
levantamento e demais áreas adjacentes. Adicionalmente, foram considerados todos
os espécimes encontrados nas áreas de influência por membros de outras equipes
técnicas, quando possível confirmar a identificação da espécie por meio de fotografias.

As coordenadas geográficas dos locais de amostragem (Tabela 11 e Mapa 10)


foram obtidas através da utilização de aparelhos GPS (Global Positioning System),
datum SAD69, zona 22 Sul. A classificação e nomenclatura dos táxons citados
seguem Bérnils (2010).

Com relação aos dados secundários, além da bibliografia (QUINTELA;


LOEBMANN; GIANUCA, 2006) e dos trabalhos realizados pela equipe da Polar Meio
Ambiente na região, foram levantadas as espécies tombadas na Coleção
Herpetológica do Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (MCP), procedentes do município de Rio Grande, RS.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


124
Tabela 11: Localização das coordenadas de amostragem da herpetofauna durante o
levantamento realizado entre 17 e 20 de janeiro de 2011, nas áreas de influência da APA da
Lagoa Verde, no Município de Rio Grande, RS. Onde, VES: levantamento por encontros
visuais; AST: transecções auditivas.

LOCA COORDENADA TURNO DE


MÉTODO1 DATA AMBIENTE
L (UTM 22 SUL) AMOSTRAGEM

Diurno e
L1 385562/6437994 AST; VES 17/jan Campos alagáveis (secos).
norturno
390997/6444092
Capão de eucalipto, campos
L2 a VES 18/jan Diurno
alagáveis (secos) e entulhos.
390251/6444406
Diurno e Campos alagáveis (secos), entulhos,
L3 390223/6447311 AST; VES 18/jan
norturno açude.
387884/6440627
Diurno e Margens do Arroio Bolaxa, áreas de
L4 a AST2; VES 19/jan
norturno campo.
387595/6440170
387697/6443561
Capão de eucalipto e área de dunas
L5 a VES 20/jan Diurno
na beira da lagoa.
388079/6444014
388094/6447386
Capão de eucalipto, campos
L6 a VES 20/jan Diurno
alagáveis (secos) e entulhos.
387231/6446866
Pequeno açude ao lado de estrada
L7 391007/6443730 AST; VES 20/jan Noturno
em área aberta.
359575/6444910
17 e Diurno e
L8 a AST; VES Margem da Lagoa Verde.
20/jan norturno
389476/6444796
1
Método utilizado nas amostragens da fauna de anfíbios. No caso dos répteis, em todos os pontos foi realizada
procura visual.
2
A transecção auditiva neste local ficou concentrada na área próxima à coordenada 387884/6440627.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


125
384.000 386.000 388.000 390.000 392.000
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS MUNICÍPIOS

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

MS São
Saco da Mangueira SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu
6.448.000

6.448.000
do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
do
L3
Pelotas a
L6 SC La
g un

´
[ Herval
Capão do
Leão

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
RS APA da Lagoa
Arroio ! Verde
Grande Rio Grande
OCEANO
ATLÂNTICO
6.446.000

6.446.000
Uruguai
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão

ir im
goa M

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
km km

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

L8
L2
Legenda
6.444.000

6.444.000
L5
L7
´
[ APA da Lagoa Verde
Massa d'água
Locais Amostragem de Réteis e Anfíbios

´
[ Pontos Amostrais

Transectos
6.442.000

6.442.000
®
L4

Projeção Universal Transversa de Mercator


Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
6.440.000

6.440.000
Imagem GeoEye - 31/08/2009
0 1.000 2.000
m

Escala numérica - folha A3


1:50.000

Cassino

Empreendedor Responsabilidade Técnica


L1
O
IC
6.438.000

6.438.000

Prefeitura Municipal de Rio Grande


´
[
T
N
Â

Empreendimento
APA da Lagoa Verde
L
T
A

Projeto
Plano de Manejo
O
N

Título
A

Amostras de Herpetofauna
E
C
O

Fonte Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005). Data Janeiro/2011

384.000 386.000 388.000 390.000 392.000


4.6.2.1.3 Avifauna

O trabalho de campo deste grupo foi realizado durante todos os horários do dia.
Contudo, para potencializar o esforço amostral e aproveitar os momentos de maior
movimentação das aves, deu-se preferência ao período da manhã, minutos depois do
nascer do sol, e ao entardecer, cerca de duas horas antes do pôr do sol.

Os dados secundários foram provenientes de bibliografia especializada (VOTTO et


al., 2006; DIAS e MAURICIO, 1998; MAURICIO e DIAS, 1996; BELTON, 2003),
Relatório Anual do Superporto de Rio Grande (2006, 2007 e 2008) e de estudos
realizados pelas equipes da Polar Meio Ambiente em empreendimentos próximos à
área em questão.O levantamento dos dados primários teve amostragens quali e
quantitativas, e foram obtidos através dos métodos de pontos de escuta, transectos e
registros ocasionais, distribuídos ao longo da AII e AID do empreendimento.

Pontos de escuta

Foram realizados doze pontos de escuta com duração de 10 minutos cada, nos
quais todos os indivíduos avistados e/ou ouvidos foram contabilizados (BIBBY et al.,
1992). Diferentes ambientes (mata ciliar, campo, áreas úmidas e capoeiras) foram
aleatoriamente escolhidos para os pontos amostrados, o raio de detecção de cada
ponto foi ilimitado e a distância maior que 300 metros. Para estimar a abundância das
espécies contabilizadas nos pontos de escuta, foi utilizado o Índice Pontual de
Abundância - IPA (SILVA & VIELLIARD, 1990), dividindo-se o número total de
contatos, obtidos para uma determinada espécie, pelo número total de pontos
realizados. Os pontos amostrais são listados na Tabela 12.

Tabela 12: Pontos amostrados durante levantamento da avifauna, com sucinta observação do
ambiente.

PONTO COORDENADA UTM 22H OBSERVAÇÃO

01 0390202/6446753 Área úmida/ campo


02 0390383/6445599 Campo
03 0390284/6447190 Campo
04 0390039/6443960 Área úmida / campo
05 0389005/6443492 Área úmida / borda de mata
06 0388183/6442340 Área úmida / campo
07 0391473/6445455 Área úmida
08 0386449/6440839 Área úmida / campo
09 0385770/6439950 Área úmida / campo
10 0385339/6438793 Campo
11 0388069/6443966 Eucalipto / mata nativa
12 0384675/6438117 Área úmida / campo

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


127
Transectos

Os transectos foram realizados durante os deslocamentos entre os pontos de


escuta e em áreas que se mostraram de relevância para os dados ornitológicos. Seu
esforço foi apenas de caráter qualitativo.

Registros ocasionais

Todas as espécies avistadas e/ou ouvidas fora dos pontos amostrais ou


transectos (atropeladas, durante deslocamento de carro), tanto na AID como na AII
foram anotadas como registros ocasionais e compiladas em uma lista total de
espécies. Optou-se em percorrer as estradas próximas ao empreendimento no turno
da noite, de carro, para registrar possíveis aves com hábitos noturnos. Registros
fotográficos ou auditivos capturados pelos biólogos responsáveis pelo inventário dos
demais grupos faunísticos também foram considerados registros ocasionais.

Para auxiliar na visualização e identificação das aves foram utilizados binóculo


(zoom 8x40), guias de campo (NAROSKY & YZURIETA, 2006; PERLO, 2009;
OLMOS, 2009), câmera fotográfica (Panasonic FZ18, zoom óptico de 18 vezes) e
gravador digital (Sony ICD-PX820). Para identificação dos cantos gravados, foi
utilizado, como referência, um banco de dados digital.

A nomenclatura científica e a ordem taxonômica seguem a disposição proposta


pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2010), os nomes populares e o
status de ocorrência seguem os propostos por Bencke (2001). A localização dos
pontos amostrais, juntamente com os transectos, estão apresentados no Mapa 11.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


128
384.000 386.000 388.000 390.000 392.000
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS MUNICÍPIOS
Saco da Mangueira -59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
6.448.000

6.448.000
MS São
SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
Pelotas do
a
un
1 SC La
g
Capão do
[
` Herval
Leão

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
RS APA da Lagoa
Verde
6.446.000

6.446.000
Arroio !
Grande Rio Grande
2 OCEANO
ATLÂNTICO
7 Uruguai
OCEANO ATLÂNTICO
[
`

-32°30'

-32°30'
Jaguarão
[
` goa M
ir im

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
3 km km

[
` -59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

11 4
6.444.000

6.444.000
[
` 5
[
`
[
` Legenda

APA da Lagoa Verde Amostras de Avifauna

Massa d'água
6 [
` Pontos Amostrais

[
` Transectos
6.442.000

6.442.000
8

9
[
`
®
6.440.000

6.440.000
Projeção Universal Transversa de Mercator
Fuso 22 Sul
[
` Datum SAD-69
Imagem GeoEye - 31/08/2009
0 1.000 2.000
m

10 Escala numérica - folha A3


1:50.000
[
` Cassino

12
6.438.000

6.438.000

[
` Empreendedor Responsabilidade Técnica
O

Prefeitura Municipal de Rio Grande


IC
T

Empreendimento
N

APA da Lagoa Verde


Â
L
T

Projeto
Plano de Manejo
A
O

Título
N

Amostras de Avifauna
A
E
6.436.000

6.436.000

Fonte Data
C

Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005). Janeiro/2011


O

384.000 386.000 388.000 390.000 392.000


4.6.2.1.4 Mastofauna

O diagnóstico da mastofauna foi conduzido em duas etapas: o levantamento de


dados primários, cujos registros foram obtidos única e exclusivamente durante os
cinco dias de amostragem; e o levantamento de dados secundários, no qual os
registros foram obtidos posteriormente, através de revisão bibliográficas e coleções
científicas. As metodologias de campo, os critérios aplicados nas revisões e os
resultados obtidos são apresentados separadamente.

De maneira geral, a nomenclatura e a ordenação taxonômica para todas as


espécies citadas seguem as referências contidas em Wilson & Reeder (2005). As
exceções são discutidas ao longo dos resultados. Os nomes populares estão listados
conforme Silva (1994) ou traduzidos de Achaval et al. (2007). Os níveis de ameaça
regional seguem as listas vermelhas compiladas por Fontana et al. (2003), além da
avaliação nacional e global classificada de acordo com Chiarello et al. (2008) e IUCN
(2010), respectivamente.

DADOS PRIMÁRIOS

O levantamento de dados primários priorizou o entorno do curso do arroio Bolaxa,


a Lagoa Verde e o saco da Mangueira. As técnicas de amostragem detalhadas a
seguir foram aplicadas de maneira a contemplar a variação de tamanho corpóreo, os
diferentes hábitos de vida e as preferências de habitat das espécies com ocorrência
potencial para a região. A representação gráfica do número acumulado de espécies
(curva de suficiência amostral) é apresentada considerando a diversidade acumulada
após o quinto dia de amostragem.

Mamíferos de Médio e Grande Porte (>1kg)

As espécies de mamíferos de médio e grande porte foram registradas por


determinação indireta, busca ativa (visualização) e armadilhas fotográficas. A seguir,
são descritos os métodos aplicados:
- Busca por vestígios (determinação indireta): O método consistiu no uso de
transectos lineares com distância pré-estabelecida de 500m entre o ponto inicial e
final. Cada percurso foi efetivado durante o dia, objetivando a determinação indireta
através da busca por pegadas, marcas e padrão de mordidas em frutos secos, marcas
odoríferas, tocas escavadas, fezes ou contato auditivo segundo Oliveira & Cassaro
(2005) e Becker & Dalponte (1991). O esforço amostral para esta metodologia foi de
nove transectos lineares totalizando 4,5km percorridos (Foto 39). Três fisionomias
foram selecionadas: banhados, representados pelos campos úmidos marginais às
lagoas e arroios; fragmentos florestais, representados pela mata ciliar relictual; e
campos secos, representados por áreas atualmente drenadas para agropecuária
(Tabela 13, Mapa 12).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


130
Foto 39: Transecto realizado em
campo úmido durante o
levantamento de dados primários da
mastofauna na APA da Lagoa
Verde.

Tabela 13: Coordenada inicial/final e fisionomia dominante nos transectos lineares


percorridos durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da Lagoa
Verde.

TRANSECTO COORDENADAS (UTM 22H) FISIONOMIA LOCAL

Inicio 389410 6445697


T1 Banhado
Fim 389842 6445430
Inicio 390302 6446609
T2 Banhado
Fim 390780 6446445
Inicio 389438 6444696
T3 Banhado
Fim 389681 6444357
Inicio 391268 6444522
T4 Fragmento florestal
Fim 391684 6444877
Inicio 387029 6442260
T5 Fragmento florestal
Fim 387479 6442597
Inicio 387881 6441211
T6 Fragmento florestal
Fim 388008 6440841
Inicio 386022 6441567
T7 Campo seco
Fim 386390 6441922
Inicio 392829 6442671
T8 Campo seco
Fim 392609 6442384
Inicio 390854 6444347
T9 Campo seco
Fim 390959 6443883

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


131
A frequência de ocorrência (FO) é calculada através da presença/ausência de
registros indiretos das espécies. Considera-se a razão entre o número de transectos
em que a espécie foi registrada e o total de transectos percorridos. Foram
consideradas “ocasionais” a espécie com ocorrência em 20% dos transectos;
“incomum” entre 21-40%; “comum”, entre 41-60%; “abundante”, entre 61-80%; e
“frequente”, entre 81-100%. Foi aferida a similaridade entre os transectos de acordo
com diversidade verificada entre os ambientes. Os dados foram analisados pelo
programa PAST 1.81 (HAMMER et al., 2001), através da utilização do coeficiente de
afinidade de Jaccard (Cj), com posterior análise de agrupamento de Clustering
(KREBS, 1994).

- Busca ativa (visualização direta): O método principal constituiu em percursos


noturnos com auxílio de automóvel, visor noturno e farol de milha com capacidade de
foco visual de aproximadamente 300m (1.000.000 de velas). Os habitats campestres e
as bordas de fragmentos florestais foram amostrados em percursos abrangendo as
rodovias, as estradas vicinais e os acessos locais inseridos na área de interesse. O
esforço amostral despendido com o método foi de 75km rodados. Os espécimes
encontrados atropelados, predados, bem como as visualizações ocasionais diurnas
obtidas durante os cinco dias em que se permaneceu em campo também foram
incluídas nesta modalidade.

- Armadilhas fotográficas: Sete equipamentos foram instalados em pontos


estratégicos como estradas abandonadas, trilhos na mata, acessos a corpos d‟água e
em locais onde se verificou a presença de indícios indiretos. Foram utilizadas iscas e
atrativos olfativos como abacaxi, sardinha e essências de frutas para potencializar a
chance de obter registros (Foto 40).

Foto 40: Instalação de armadilha


fotográfica em ambiente florestal
durante o levantamento de dados
primários da mastofauna na APA da
Lagoa Verde.

Visando proporcionar o melhor funcionamento e segurança do material, optou-se


por dispor grande parte das armadilhas em ambiente florestal (Tabela 14, Mapa 12). O
esforço amostral total investido para esta metodologia foi de 25 armadilhas/24h. Cada
foto obtida por espécie, em um intervalo superior à uma hora, foi considerada como
um registro independente. Desta forma, o índice de captura foi calculado dividindo-se
o número de espécimes registrados pelo esforço total aplicado.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
132
Tabela 14: Coordenadas, fisionomia dominante e esforço amostral despendido com uso de
armadilhas fotográficas (AF) durante o levantamento de dados primários da mastofauna da
APA da Lagoa Verde.

ARMADILHA
COORDENADAS (UTM 22H) FISIONOMIA LOCAL ARMADILHA/24H
FOTOGRÁFICA

AF1 390119 6443699 Fragmento florestal 4


AF2 390154 6443900 Fragmento florestal 4
AF3 391306 6444591 Fragmento florestal 4
AF4 391532 6444738 Fragmento florestal 4
AF5 387839 6441348 Fragmento florestal 3
AF6 387847 6441085 Fragmento florestal 3
AF7 389933 6444638 Banhado 3

Estimativas de abundância populacionais de mamíferos de médio e grande porte


foram obtidas através da adaptação das medidas de MNI (Minimum Number of
Individuals) (KLEIN & CRUZ-URIBE, 1984; REITZ & WING, 1999). Neste caso, os
esforços despendidos com métodos de busca ativa (visualização direta) e armadilhas
fotográficas permitiram quantificar o número mínimo de indivíduos registrados dentro
de cada agrupamento específico de maneira segura. O percentual de registros
individuais foi expresso pela formula: “%MNI= n(100/N)”, na qual “%MNI” é o
percentual da espécie que se quer calcular, “n” é o número de indivíduos da espécie, e
“N” é o número total de indivíduos na amostra.

Mamíferos Não-voadores de Pequeno Porte (≤ 1kg)

As espécies de mamíferos não-voadores de pequeno porte foram registradas


através de captura com armadilha não-letal, análise de egagrópilos de corujas e
encontros ocasionais. A seguir são descritos os métodos aplicados:

- Armadilhas não-letais: A captura de pequenos mamíferos não-voadores foi


conduzida com o uso de armadilhas modelo Sherman (9x9x24cm), Tomahawk
(12x12x30cm) e Leghold (nº1) (Foto 42). As armadilhas convencionais modelo
Sherman e Tomahawk foram iscadas com uma mistura de frutas, pasta de amendoim,
milho e essência de baunilha em diferentes proporções. A revisão foi diária e a
disposição ocorreu em transectos de 300m de extensão, espaçadas por 10m de
distância entre cada unidade amostral (sensu VOSS & EMMONS, 1996) (Foto 41).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


133
Foto 41 - Armadilha não-letal modelo
Sherman direcionada para um abrigo
potencial durante o levantamento de
dados primários da mastofauna da APA
da Lagoa Verde.

Foto 42 - Modelo Leghold.

Devido às exigências ecológicas específicas dos pequenos mamíferos não-


voadores (ordens Didelphimorphia e Rodentia), procuramos distribuir as armadilhas
igualmente em ambientes florestal e campestre (banhado e campo seco), observando
o estado de conservação e a presença de recursos alimentares no local. O esforço
amostral total investido para esta metodologia foi de 408 armadilhas/24h (Tabela 15,
Mapa 12).
Tabela 15: Coordenadas, fisionomia dominante e esforço amostral despendido com uso de
armadilhas não-letais durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da
Lagoa Verde.

ARMADILHA ARMADILHA/24
COORDENADAS (UTM 22H) FISIONOMIA
S H
A1 Inicio 390547 6444876 Banhado 136

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


134
ARMADILHA ARMADILHA/24
COORDENADAS (UTM 22H) FISIONOMIA
S H
Fim 390817 6444716
Inicio 391445 6444511 Fragmento
A2 136
Fim 391647 6444762 florestal

Inicio 389419 6442038


A3 Campo seco 136
Fim 389314 6441754

O índice de captura foi calculado dividindo-se o número de espécimes capturados


pelo esforço total. Diferenças significativas relacionadas aos resultados obtidos entre
os ambientes amostrados serão testadas através do teste não paramétrico de Kruskal-
Wallis, teste-H (ZAR, 1999). Será verificada a diversidade entre os ambientes
amostrados através da aplicação do índice ecológico de Shannon-Wiener (SHANNON,
1948).

De maneira adicional foi aplicado um esforço direcionado para roedores fossoriais.


Foram utilizadas duas armadilhas modelo Leghold dispostas no interior de galerias
subterrâneas em A3 visando confirmar por, meios diretos, as espécies de tuco-tuco
(Ctenomys spp.) com ocorrência para a área de interesse. O método totalizou um
esforço amostral de duas armadilhas/hora.

- Análise de egagrópilos de coruja: Inventários de pequenos mamíferos


complementados com a análise de egagrópilos de aves de rapina são amplamente
discutidos em Bonvicino & Bezerra (2003), Escarlate-Tavares & Pessoa (2005) e
Scheibler & Christoff (2007). O material em questão é proveniente da coruja-do-campo
(Athene cunicularia) e coruja-de-igreja (Tyto alba) (sensu BENCKE, 2001). As
egagrópilas e demais fragmentos de presas não ingeridas foram coletadas e
analisadas em laboratório. A identificação das espécies ocorreu por comparação dos
fragmentos (crânios, mandíbulas, séries molares) encontrados com o material ósseo
colecionado pelo Museu de Ciências Naturais da Universidade Luterana do Brasil
(MCNU), (Foto 43 e Tabela 16).

Foto 43: Egagrópilas e fragmentos


de presas não-ingeridas pela
coruja-do-campo (Athene
cunicularia) encontrados na APA da
Lagoa Verde.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
135
Tabela 16: Coordenadas e esforço amostral despendido com análise de egagrópilos de
coruja durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da Lagoa Verde.

FISIONOMIA
PONTO COORDENADAS (UTM 22H) PREDADOR
LOCAL

Athene
P1 389337 6444996 Campestre
cunicularia
Athene
P2 386564 6440616 Campestre
cunicularia
Athene
P3 389933 6444638 Campestre
cunicularia
P4 391445 6444511 Tyto alba Fragmento florestal

- Encontros ocasionais: Foram considerados os registros aleatórios de pequenos


mamíferos não-voadores obtidos durante os deslocamentos na área de trabalho. Este
método contempla encontros visuais e capturas manuais, encontro de carcaças e
eventuais dados indiretos que possibilitem registrar as espécies (e.g. marcas de
predação, tocas, ninhos e pegadas).

A combinação dos três métodos citados permite estimar a abundância dos


pequenos mamíferos não-voadores. A abundância relativa é expressa pela formula:
%Spi= n(100/N), na qual %Spi é o percentual da espécie que se quer calcular, n é o
número de organismos da espécie, e N é o número total de organismos na amostra. A
única exceção aplica-se para espécies identificadas exclusivamente por determinação
indireta, visto a impossibilidade de quantificar os indivíduos.

Mamíferos Voadores (Quirópteros)

As espécies de mamíferos voadores (quirópteros) foram registradas através de


captura com redes de neblina e busca colônias (indícios da presença ou visualização).
A seguir, são descritos os métodos aplicados:

- Redes de neblina: Para os quirópteros, foram armadas redes de neblina


(12x2,5m) com malha de 20mm, a partir de 0,5m do solo e sustentadas por hastes de
alumínio a altura máxima de quatro metros. As redes permaneceram abertas a partir
do entardecer e fechadas em horários variados, já que o sucesso fica diretamente
relacionado às condições climáticas durante os eventos de amostragem (PACHECO,
2005). O esforço de captura, contabilizado a partir do método descrito por Straube &
Bianconi (2002), foi de 1620m².h. aplicados em fragmentos florestais (Foto 44 e
Tabela 17).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


136
Tabela 17: Coordenadas, fisionomia dominante e esforço amostral despendido com redes
de neblina durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da Lagoa Verde.

FISIONOMIA
REDE COORDENADAS (UTM 22H) ESFORÇO (M².H)
LOCAL

1 387660 6443008 Fragmento florestal 540


2 390162 6447353 Fragmento florestal 540
3 391445 6444511 Fragmento florestal 540

- Busca por colônias: Visando otimizar a coleta de dados diante de fatores


climáticos adversos, foi necessária a execução de métodos alternativos como busca
por colônias. A busca de morcegos em abrigos ocorreu a partir de vistorias em
habitações humanas, estrebarias, galpões, pontes, tubulações, ocos de árvores,
frestas em rochas e em qualquer outra estrutura que pudesse servir de abrigo para os
morcegos. A vistoria consistia tanto na busca dos exemplares quanto na verificação de
qualquer indício de sua presença (Foto 44). Os resultados são apresentados
separadamente a partir da quantificação das espécies capturadas com redes de
neblina e da qualificação das colônias encontradas.

Foto 44 - Fezes de quirópteros


localizadas em habitação humana
durante o levantamento da
mastofauna na APA da Lagoa
Verde

Dados Secundários:

As espécies não registradas a partir do levantamento de dados primários, foram


incluídas, principalmente, a partir do levantamento de material testemunho disponível
em coleções de referencia regionais: Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-
Canoas) e Fundação Zoo-botânica do Rio Grande do Sul (FZB-RS). Espécies não
encontradas em museus, mas citadas em relatórios técnicos ou bibliografia científica
foram adicionadas de maneira complementar. Dados históricos não foram incluídos,
sendo consideradas apenas as espécies cujos dados de coleta ou documentação
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
137
remetam aos últimos 50 anos, excluindo assim a possibilidade de considerar espécies
localmente extintas (FONTANA et al., 2003).

A listagem secundária considera as espécies coletadas ou documentadas para a


APA da Lagoa verde como espécie de ocorrência confirmada. Em contraponto, a
grande mobilidade e distribuição geográfica dos integrantes da classe Mammalia
impõe a necessidade de investigação em grandes áreas, sendo necessário extrapolar
por vezes os limites da área de interesse para a realização de um diagnóstico
consistente. Deste modo, as espécies citadas para o município de Rio Grande serão
consideradas como espécies de ocorrência potencial para a APA da Lagoa Verde.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


138
390.000 6.450.000 6.453.000 6.452.000
LOCALIZAÇÃO

390.000
ESTADOS MUNICÍPIOS

393.500
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
Saco da Saco da

6.452.500

6.450.000
São
Mangueira
MS
Mangueira SP Lourenço
388.500

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
Pelotas do
n a

393.000
SC gu
La
Capão do
Leão
Herval
388.000

-29°30'

-29°30'
-32°0'

-32°0'
Argentina

6.450.000
RS APA da Lagoa

6.447.500
! Arroio Verde
@
2 Grande Rio Grande
!
OCEANO

392.500
Uruguai ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão
387.500

i ri m
goa M

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
km km

6.447.500
T2
4

6.445.000
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

392.000
4
1
3
3
(!
!
@
(
!
(
!
3
387.000

!
( ! 7 T4
(
!
( T1
A1 A2
2
386.500 6.445.000

1 !
( Legenda
391.500

!
( 6.445.000 T3 T9
Massa d'água Pontos de Amostra de Mastofauna

6.442.500
T8
APA da Lagoa Verde ! Rede

@
Armadilha !
( Egagrópilos
391.000

! Transecto
@

1
T5 !
( Armadilha Fotográfica
386.000

A3
6.442.500

6.440.000
T7
390.500

5 T6
6 !
(
!
(
385.500

!
(
2 Cas
sin
o

®
6.440.000
390.000

o
sin

6.437.500
Projeção Universal Transversa de Mercator
Cas Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
385.000

Imagem GeoEye - 31/08/2009


389.500

6.437.500
384.500

6.435.000
o

Empreendedor Responsabilidade Técnica


ic

Prefeitura Municipal de Rio Grande


nt

Empreendimento
APA da Lagoa Verde
390.000
At

Projeto
Plano de Manejo
384.000

no

Título

6.435.000

Amostras de Mastofauna
0 750 1.500 0 1.000 2.000
6.432.500
Oc

m m
388.500

Fonte Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005). Data Janeiro/2011

385.000 6.434.000 6.433.000 6.432.000


4.6.2.2 Resultados e Discussão

Na região da APA da Lagoa Verde, considerando os dados primários e


secundários, foi registrada uma riqueza de 549 espécies de vertebrados. No total,
foram 210 espécies de peixes, 24 anfíbios, 35 répteis, 223 aves e 57 mamíferos
(Tabela 18).

Tabela 18: Espécies de vertebrados registrados, através de dados primários e


secundários, nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio Grande,
RS.

GRUPO DADOS PRIMÁRIOS DADOS SECUNDÁRIOS TOTAL

Peixes 28 210 210


Anfíbios 11 24 24
Répteis 15 35 35
Aves 124 223 223
Mamíferos 29 28 57
TOTAL 549

Os dias amostrados foram de clima muito seco na região, o que interferiu


negativamente nas amostragens dos dados primários de alguns grupos. Amostragens
sazonais certamente incluirão outras espécies na área de influência, podendo incluir
animais ameaçados como os peixes anuais, o sapinho-de-barriga-vermelha, o sapo-
de-chifres e diferentes espécies de aves. Ainda assim, incluindo os dados primários e
secundários a riqueza geral das áreas de influencia da APA da Lagoa Verde é alta,
representando em média 30% da riqueza do Estado.

4.6.2.2.1 Ictiofauna

Segundo Böhlke et al. (1978), a fauna de peixes da América do Sul constitui-se


em cerca de 2500 a 3000 espécies; para estes autores, no entanto, este número pode
estar subestimado e o total de espécies pode chegar a 5000. Schaefer (1998), ao
analisar a evolução do número de descobertas de novas espécies, concluiu que o
número de espécies pode alcançar a marca de 8000.

Considerando a fauna de peixes destes sistemas hidrográficos em conjunto, há no


Rio Grande do Sul 262 espécies de água doce descritas, além de pouco mais de 60
espécies já conhecidas, porém ainda não descritas (REIS et al., 2003). Para o sistema
da Laguna dos Patos em particular, são conhecidas 121 espécies de peixes de água
doce, ao passo que os sistemas do rio Uruguai e do rio Tramandaí possuem,
respectivamente, 202 e 79 espécies registradas (REIS et al., 2003). Estes números
provavelmente sofrerão alterações, pois é previsível que novas espécies venham a ser
descobertas à medida que os estudos sistemáticos e a abrangência geográfica dos
inventários se ampliem. Nas águas interiores do Rio Grande do Sul existem pelo
menos 28 espécies de peixes ameaçadas de extinção ou sobre explotadas
(MARQUES et al., 2002; Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio
Ambiente).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


140
A APA da Lagoa Verde liga-se ao Saco da Mangueira, que por sua vez conecta-se
ao Canal de Rio Grande. O Canal de Rio Grande deságua no mar, logo esta
seqüência de conexões apresenta influência marinha na sua composição. Desta
forma, embora a Lagoa Verde seja um ambiente aquático dulceaquícola, eventual
salinidade em sua composição pode ocorrer tornando a água salobra. O Canal de Rio
Grande já um estuário consolidado devido sua ligação com o mar, e o refluxo que
ocorre eventualmente pode afetar os corpos d‟água tornando-os levemente salinos.
Durante o período de coleta, foram registrado 347 indivíduos, distribuídos em 28
espécies de 6 ordens e 13 famílias. A listagem apresentada na Tabela 19, mostra as
espécies e sua respectiva abundância para este levantamento. Cabe salientar que das
28 espécies citadas, 3 espécies são espécies estuarinas-dependentes, neste caso são
marinhas que visitam o ambiente estuarino.

Tabela 19 - Lista das espécies e número de exemplares amostrados nos pontos de coleta
estabelecidos para o inventário da ictiofauna na APA da Lagoa Verde e seu entorno.

ORDEM

Família NOME POPULAR ABUNDÂNCIA

Espécie

CHARACIFORMES
Characidae
Astyanax fasciatus Lambari 17
Astyanax jacuhiensis Lambari 2
Astyanax sp. Lambari 19
Astyanax sp.1 Lambari 2
Cyanocharax sp. Tetra 1
Hyphessobrycon bifasciatus Lambari 4
Oligosarcus jenynsii Peixe-cachorro/Branca 5
Crenuchidae
Characidium rachovii Canivete 20
Erythrinidae
Hoplias lacerdae Trairão 1
Hoplias malabaricus Traíra 4
SILURIFORMES
Callichthyidae
Corydoras paleatus Limpa fundo 17
Hoplosternum littorale Tamboatá 7
Heptapteridae
Rhamdia aff. quelen Jundiá 2
Loricariidae
Hisonotus sp Cascudinho 1

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


141
Rineloricaria sp Violinha 1
Pseudopimelodidae
Microglanis cottoides cascudo 2
CYPRINODONTIFORMES
Poeciliidae
Jenynsia multidentata Barrigudinho >80
Poecillia vivipara Barrigudinho 7
Phalloceros caudimaculatus Barrigudinho >50
PERCIFORMES
Cichlidae
Australoheros sp. Cará 40
Australoheros facetum Cará 64
Crenicichla lepidota Joana 1
Gymnogeophagus gymnogenys Cará 3
Cichlasoma sp. Cará 1
Mugilidae
Mugil platanus ´8
Sciaenidae
Micropogonias furnieri Corvina 1
CLUPEIFORMES
Engraulidae
Lycengraulis grossidens Sardinha 1
SYNBRANCHIFORMES
Synbranchidae
Synbranchus marmoratus Muçum 1

Quanto a distribuição das espécies e abundância por ponto de amostragem, o


gráfico da Figura 24 indica que o ponto 5 foi o que apresentou maior riqueza (n=11), e
o ponto 6 apresentou maior abundância (n=116). Cabe salientar que o ponto 5 é o
Canal São Simão, que apresenta a conexão da Lagoa Verde com o Saco da
Mangueira, e portanto, um trecho com diferentes níveis de salinidade na água, alem
de uma conformação de meandro com reentrâncias, e trechos mais abertos,
possibilitando que uma maior quantidade de espécies que vivam nas diferentes
formações, ocorram.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


142
1000

100

10

1
ponto 1 ponto 2 ponto 3 ponto 4 ponto 5 ponto 6 ponto 7 ponto 8
N Riqueza
Figura 24: Numero total de indivíduos (N) por ponto, e número total de espécies (riqueza) por
ponto amostrado durante o levantamento da ictiofauna na APA da Lagoa Verde.

No ponto 5 foi onde ocorreu a maior quantidade de espécies marinhas registradas,


como por exemplo a tainha – Mugil platanus Günther 1880 (Foto 45), a sardinha –
Lycengraulis grossidens Agassiz 1829 (Foto 46) e a corvina – Micropogonias furnieri
Quoy & Gaimard 1825 (Foto 47), consideradas estuarino-dependentes. No ponto 2,
margem esquerda da Lagoa Verde, a tainha também foi capturada, após forte refluxo
sofrido durante a noite.

Foto 45: Mugil platanus


registrada no Canal São Simão e
na Lagoa Verde.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


143
Foto 46: Lycengraulis
grossidens registrado no Canal
São Simão.

Foto 47: Micropogonias furnieri


registrada no Canal São Simão.

Já o ponto 6 – açude foi o que apresentou maior abundância, no entanto esse


valor esta associado a forte presença de Jenynsia multidentata Jenyns, 1842, que
apresentou um resultado de mais de 70 espécimes capturados. O barrigudinho, como
é conhecido popularmente no Brasil é uma espécie eurihalina, secundária de água
doce, ocorrendo em corpos de água doce e estuarinos, e pode ser considerado um
dos componentes dominantes da associação de peixes de zonas rasas (< 2 m) do
estuário da Lagoa dos Patos, que juntamente com os peixes-rei, juvenis de tainhas e
clupeídeos contribuem com mais 90% do total capturado com rede de arrasto de praia
(VIEIRA et al. 1998).

A Jenynsia multidentata (Foto 48) apresenta fecundação interna, com um período


de "gestação" de cinco a seis semanas, e é marcada por dimorfismo sexual. As
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
144
fêmeas são maiores que os machos e apresentam abertura urogenital, enquanto que
os machos possuem a nadadeira anal modificada em gonopódio (VIEIRA et.al, 2005).
Esta espécie foi capturada no açude adjacente ao Arroio Bolacha, e nos pontos de
amostragens da Lagoa Verde, sendo que nestes locais, apresentavam maior
comprimento (cm).

Foto 48: Jenynsia multidentata


registrada em diversos pontos
de amostragens da APA da
Lagoa Verde.

No ponto 4 foi obtida a segunda maior abundância (n=76), com registros elevados
de Australoheros facetus (Foto 49), um ciclídeo conhecido popularmente por Acará
camaleão, distribui-se nas drenagens da Argentina, Rio Grande do Sul e Uruguai,
podendo chegar até a bacia do Paraná.

Foto 49: Australoheros facetus


(Cichlasoma facetum) - Acará
camaleão capturado no ponto
4, ponto 6 e ponto 7.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


145
Em relação às Ordens encontradas, o percentual mais elevado foi da Ordem dos
Characiformes (36%), seguida das Perciformes (25%). Em ambientes hídricos
neotropicais a seqüência mais comum é maior numero de espécies da Ordem dos
Characiformes, seguida de Silurifomes (Figura 25).

Estes valores, para o caso da APA da Lagoa Verde, são apropriados,


considerando que os ambientes amostrados são na sua maioria lênticos. Os arroios
amostrados, que apresentaram pouca correnteza, tiveram registro de Siluriformes,
como o caso do Hisonotus sp.(Foto 50), Microglanis cottoides (Foto 51), Rineloricaria
sp., e ainda presença de algumas espécies de fundo que utilizam tanto ambientes
lênticos como lóticos, como o caso da Corydoras paleatus (Foto 52) e do
Hoplosternum littorale (Foto 53).

Considerando que a maioria dos recursos hídricos apresentam características


lênticas, apareceram então, como segundo maior registro de espécies, a ordem dos
Perciformes, que são formadas pelos carás, peixes-lua, entre outros. Estes peixes
normalmente vivem em ambientes lênticos, mas podem ocorrem em sistemas lóticos,
próximo as margens em microhabitats mais protegidos, para evitarem a predação.

Perciformes
25%
Cyprinodontiformes
11%

Siluriformes
21% Clupeiformes
3%
Synbranchiformes
4%
Characiformes
36%

Figura 25: Riqueza das Ordens encontradas no Levantamento da Ictiofauna encontrada na


APA da Lagoa Verde, durante as amostragens realizadas em janeiro de 2011.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


146
Foto 50: Hisonotus sp.
registrado na calha principal do
Arroio Bolacha, trecho que
passa pela RS 734.

Foto 51: Microglanis


cottoides registrado no Arroio
Vieira, à montante da área do
Parque Marinha.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


147
Foto 52: Corydoras paleatus,
também conhecido como
limpa-fundo, registrado em
açude próximo ao Arroio
Bolaxa.

Foto 53: Hoplosternum littorale,


popularmente chamado de
Tamboatá, registrado no ponto 4
– açude próximo ao Arroio
Senandes.

Uma observação interessante, e que deve ser levada em consideração quanto as


áreas do entorno da Lagoa Verde que devem ser fiscalizadas e protegidas, são as
áreas úmidas do tipo banhado. Nesta campanha, a região sul do estado estava sobre
influência de uma forte estiagem, já contabilizando pelo menos 3 meses de seca e
mínimos índices pluviométricos. Por este fato, os banhados estavam sem lâmina de
água, somente sendo encontrados açudes com pouca água.

Neste sentido amostragens em banhados naturais não puderam ser realizadas, e


provavelmente espécies específicas destes habitats não foram incluídos. Dados
secundários da região, baseados em estudos realizados pela Polar Ambiental, por
professores e pesquisadores da FURG e outras Universidades, indicam a presença da
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
148
família Rivullidae, pertencente a Ordem dos Cyprinodontiformes, na região. Desta
maneira, é provável sua ocorrência, mas devido a sua biologia de vida peculiar,
somente após as chuvas é que talvez pudesse ser feito o seu registro.

Esta espécie normalmente morre durante os períodos de seca, após depositarem


seus ovos no fundo do recurso hídrico que se encontram. Assim, após a seca, e inicio
das chuvas, os ovos eclodem dando surgimento a próxima geração. Seus alevinos
aparecem e iniciam o processo do novo ciclo de vida desta geração. Costa (2002a)
cita que o período dos adultos é curto, e pelo fato de morrerem após a deposição dos
ovos no substrato, apresentam este nome popular: peixe anual.

Para o diagnóstico da área da APA da Lagoa Verde, em Rio Grande, foram


utilizados dados primários e dados secundários obtidos através de levantamentos
realizados em outros empreendimentos em áreas próximas a APA, pela equipe da
Polar Meio Ambiente, além de Chao et al. (1985),Vieira & Musick, 1994; Vieira et al.,
1998, Reis et al., 2003, gerando a Tabela 20. Esta tabela indica uma lista de peixes de
água doce e de ambiente marinho que podem ser encontradas no Sistema da Laguna
dos Patos.

Tabela 20: Lista de espécies de peixes ocorrentes no sistema hidrográfico da laguna dos Patos
(MALABARBA, 2008; CHAO et al. 1982). Espécies com (*) foram registradas durante o
levantamento.

ORDEM
FAMÍLIA NOME POPULAR
ESPÉCIE

CHARACIFORMES
Acestrorhynchidae
Acestrorhynchus pantaneiro Peixe-cachorro
Anostomidae
Leporinus obtusidens Piava
Schizodon jacuiensis Piava
Characidae
Aphyocharax anisitsi Lambari
Astyanax aff. Fasciatus * Lambari
Astyanax henseli Lambari
Astyanax jacuhiensis * Lambari
Astyanax laticeps Lambari
Astyanax obscurus Lambari
Astyanax sp. * Lambari
Bryconamericus ecai Lambari
Bryconamericus iheringii Lambari
Charax stenopterus Lambari-corcunda
Cheirodon ibicuhiensis Lambari

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


149
ORDEM
FAMÍLIA NOME POPULAR
ESPÉCIE

Cheirodon interruptus Lambari


Cyanocharax alburnus Lambari
Cyanocharax dicropotamicus Lambari
Cyanocharax tipiaia Lambari
Diapoma speculiferum Lambari
Diapoma sp. Lambari
Heterocheirodon jacuiensis Lambari
Hyphessobrycon anisitsi Lambari
Hyphessobrycon bifasciatus * Lambari
Hyphessobrycon boulengeri Lambari
Hyphessobrycon luetkenii Lambari
Hyphessobrycon meridionalis Lambari
Macropsobrycon uruguayanae Lambari
Mimagoniates inequalis Lambari
Oligosarcus jenynsii * Peixe-cachorro
Oligosarcus robustus Peixe-cachorro
Pseudocorynopoma doriae Lambari
Serrapinnus calliurus Lambari
Crenuchidae
Characidium pterostictum Canivete
Characidium rachovii * Canivete
Characidium tenue Canivete
Characidium aff.zebra Canivete
Curimatidae
Cyphocharax saladensis Birú
Cyphocharax spilotus Birú
Cyphocharax voga Birú
Steindachnerina biornata Birú
Erythrinidae
Hoplias aff.lacerdae * Traíra
Hoplias aff. Malabaricus * Traíra
Lebiasinidae
Pyrrhulina australis
Prochilodontidae
Prochilodus lineatus Grumatã
SILURIFORMES

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


150
ORDEM
FAMÍLIA NOME POPULAR
ESPÉCIE

Ariidae
Genidens barbus Bagre
Genidens genidens Bagre
Genidens planifrons Bagre
Netuma barba Bagre
Netuna planifrons Bagre – boca – larga
Aspredinidae
Bunocephalus iheringii Guitarrero
Auchenipteridae
Glanidium sp.
Trachelyopterus lucenai Porrudo
Callichthyidae
Callichthys callichthys Tamboatá
Corydoras paleatus * Limpa-fundo
Corydoras undulates Limpa-fundo
Hoplosternum littorale * Tamboatá
Heptapteridae
Heptapterus mustelinus Jundiá-cobra
Heptapterus sympterygium Jundiá-cobra
Pimelodella australis Mandi
Rhamdella eriarcha Mandi
Rhamdia quelen * Jundiá
Rhamdia sp. Jundiá
Loricariidae
Ancistrus brevipinnis Cascudo
Hisonotus leptochilus Cascudinho
Hisonotus nigricauda Cascudinho
Hisonotus taimensis Cascudinho
Hisonotus sp. *
Loricariichthys anus Cascudo-viola
Otocinclus flexilis Limpa-vidro
Otothyris rostrata Limpa-vidro
Rineloricaria cadeae Violinha
Rineloricaria longicauda Violinha
Rineloricaria microlepidogaster Violinha
Rineloricaria strigilata Violinha

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


151
ORDEM
FAMÍLIA NOME POPULAR
ESPÉCIE

Rineloricaria sp. *
Pimelodidae
Parapimelodus nigribarbis Mandi
Parapimelodus valenciennis Mandi
Pimelodus maculatus Pintado
Pseudopimelodidae
Microglanis cottoides *
GYMNOTIFORMES
Gymnotidae
Gymnotus aff. carapo tuvira, peixe-elétrico
Hypopomidae
Brachyhypopomus bombilla Peixe-elétrico
Brachyhypopomus draco Peixe-elétrico
Brachyhypopomus gauderio Peixe-elétrico
Sternopygidae
Eigenmannia trilineata Tuvira, peixe-elétrico
CYPRINODONTIFORMES
Anablepidae
Jenynsia eirmostigma Barrigudinho
Jenynsia lineata Barrigudinho
Jenynsia multidentata * Barrigudinho
Poeciliidae
Cnesterodon brevirostratus Barrigudinho
Cnesterodon decemmaculatus Barrigudinho
Phalloceros caudimaculatus * Barrigudinho
Phalloptychus januaris Barrigudinho
Phalloptychus iheringii Barrigudinho
Poecilia vivipara * Barrigudinho
Rivulidae
Austrolebias arachan Peixe-anual
Austrolebias charrua Peixe-anual
Austrolebias gymnoventris Peixe-anual
Austrolebias jaegari Peixe-anual
Austrolebias juanlangi Peixe-anual
Austrolebias minuano Peixe-anual
Austrolebias nachtigalli Peixe-anual

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


152
ORDEM
FAMÍLIA NOME POPULAR
ESPÉCIE

Austrolebias nigrofasciatus Peixe-anual


Austrolebias prognathus Peixe-anual
Austrolebias salviai Peixe-anual
Austrolebias univentripinnis Peixe-anual
Austrolebias vazferreirai Peixe-anual
Cynopoecilus fulgens Peixe-anual
Cynopoecilus intimus Peixe-anual
Cynopoecilus melanotaenia Peixe-anual
Cynopoecilus nigrovittatus Peixe-anual
PERCIFORMES
Cichlidae
Australoheros facetus* Cará
Cichlasoma portalegrense Cará
Cichlasoma sp.* Cará
Crenicichla lepidota* Joaninha
Crenicichla punctata Joaninha
Geophagus brasiliensis Cará
Gymnogeophagus gymnogenys* Cará
Gymnogeophagus labiatus Cará
Gymnogeophagus lacustris Cará
Gymnogeophagus rhabdotus Cará
Sciaenidae
Cynoscion guatucupa Pescada-olhuda
Cynoscion striatus Pescada-olhuda
Ctenosciaena gracilicirrhus
Macrodon ancylodon Pescadinha-real
Paralonchurus brasiliensis Maria-luiza
Micropogonias furnieri * Corvina
Pachyurus bonariensis Corvina-de-rio
Paralonchurus brasiliensis Maria-luiza
Pogonias cromis Miraguaia
Menticirrhus americanus Papa-terra
Menticirrhus littoralis Papa-terra
Stellifer brasiliensis
Stellifer rastrifer
Umbrina canosai Castanha

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


153
ORDEM
FAMÍLIA NOME POPULAR
ESPÉCIE

Pomatomidae
Pomatomus saltatrix Enchova
Trichiuridae
Trichiurus lepturus Peixe-espeda
Centropomidae
Centropomus ensiferus Robalo
Sphyraenidae
Sphyraena guachancho Barracuda
Stromateidae
Peprilus paru Gordinho
Stromateus brasiliensis Pampo-pintado
Epinephelus nigritus Garoupa
Epinephelus niveaatus Cherne
Gobiidae
Gobionellus oceanicus
Gobionellus smaragdus
Gobionellus schufeldti
Gerreidae
Diapterus rhombeus
Eucinostomus argenteus Carapim
Eucinostomus gula Carapim
Eucinostomus melanopterus Carapim
Ulaema lefroyi Carapim
Carangidae
Caranx latus Xarelete
Chloroscombus chrysurus Palometa
Parona signata Palombeta
Selene setapinnis Peixe-galo-verdadeiro
Selene vomer Peixe-galo-de-penacho
Trachinotus blochii Pampo
Trachinotus carolinus Pampo-real
Trachinotus falcatus Pampo-galhudo
Trachinotus marginatus Pampo-malhado
Trachurus lathami
SYNBRANCHIFORMES
Synbranchidae

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


154
ORDEM
FAMÍLIA NOME POPULAR
ESPÉCIE

Synbranchus marmuratus * Muçum


MUGILIFORMES
Mugilidae
Mugil platanus * Taínha
Mugil curema Taínha
Mugil gaimardianus Taínha
Mugil liza Taínha
ATHERINIFORMES
Atherinopsidae
Atherinella brasiliensis Peixe – rei
Autroatherina incisa Peixe – rei
Odontesthes bonariensis Peixe – rei
Odontesthes humensis Peixe – rei
Odontesthes mirinensis Peixe – rei
Odontesthes aff. perugiae Peixe – rei
Odontesthes retropinnis Peixe – rei
PLEURONECTIFORMES
Achiridae
Catathyridium garmani Linguado
Pleuronectidae
Oncopterus darwini Linguado
Paralichthyidae
Paralichthys orbignyana Linguado
Cynoglossidae
Symphurus jenynsi Língua-de-vaca
CLUPEIFORMES
Clupeidae
Platanichthys platana Sardinha
Ramnogaster arcuata Sardinha
Brevoortia pectinata Savelha
Engraulidae
Anchoa marinii Anchova
Engraulis anchoita Anchoita
Lycengraulis grossidens * Sardinha
BELONIFORMES
Hemiramphidae

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


155
ORDEM
FAMÍLIA NOME POPULAR
ESPÉCIE

Hyporhamphus unifasciatus Peixe-agulha


SCORPAENIFORMES
Triglidae
Prionotus punctatus Cabrinha
SYNGNATHIFORMES
Syngnathidae
Syngnathus folletti Peixe-cachimbo
Hippocampus reidi Cavalo-marinho
TETRADONTIFORMES
Tetraodontidae
Lagocephalus laevigatus Baiacu
Diodontidae
Chilomycterus spinosus Baiacu-de-espinho
Monacanthidae
Stephanolepis setifer
Balistidae
Balistes capriscus Peixe-porco
Balistes vetula Peixe-porco
GADIFORMES
Phycidae
Urophycis brasiliensis Abrótea
Merlucciidae
Merluccius hubbsi Merluza
ANGUILLIFORMES
Congridae
Conger orbignyanus Côngrio
CARCHARHINIFORMES
Triakidae
Mustelus schmitti Cação
Mustelus fasciatus Cação-malhado
Sphyrnidae
Sphyrna lewini Cação-martelo
Carcharhinidae
Carcharhinus plumbeus Cação-galhudo
SQUATINIFORMES
Squatinidae

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


156
ORDEM
FAMÍLIA NOME POPULAR
ESPÉCIE

Squatina argentina Cação-anjo


RAJIFORMES
Rhinobatidae
Rhinobatos horkelii Raia-viola
Rhinobatos percellens Raia-viola
Rajidae
Sympterygia acuta Raia-emplastro
Sympterygia bonapartei Raia-emplastro
Myliobatidae
Myliobatis freminvillei Raia-amarela
Myliobatis goodei Raia-amarela
Rhinoptera bonasus
BELONIFORMES
Exocoetidae
Hyporhamphus unifasciatus Peixe-agulha
SCORPAENIFORMES
Dactylopteridae
Dactylopterus volitans Peixe-voador
TORPEDINIFORMES
Narcinidae
Narcine brasiliensis Treme-treme
Dasyatidae
Dasyatis centroura Raia-prego
Dasyatis say Raia-prego
Gymnura altavela Raia-borboleta

Muitos dos peixes citados acima são marinhos, sem dependência de ambientes
estuarinos, mas algumas espécies visitam estes locais e outras necessitam destes
ambientes em alguma fase de sua vida, por este motivo, e por termos encontrado
espécies marinhas tanto no Canal São Simão, quanto na Lagoa Verde, em locais mais
à montante do deságüe, é importante ressaltar a lista de espécie que podem ocorrer
na região e seu entorno.

Ramos e Vieira (2001) registraram os ovos e larvas de aproximadamente 29


espécies de peixes encontrados no estuário e águas costeiras adjacentes. Estas
espécies pertencem às diferentes categorias ecológicas (CHAO et al., 1982) e sua
presença e abundância nos primeiros estágios de desenvolvimento refletem seu grau
de utilização do estuário.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
157
Peixes estuarinos residentes são representados principalmente por ovos e larvas
do Achirus garmani (linguado) e por larvas de Syngnathus follett, e integrantes das
famílias Atherinidae, Blenniidae, Gobiidae e Godiesocidae. Estas espécies e grupos,
não são muito abundantes (0,4-3,3%), e são geralmente encontrados em regiões
interiores rasas.

Muitas espécies marinhas dependem do estuário para seu desenvolvimento,


sendo que 88% dos ovos e 66% das larvas encontradas no estuário são
representados pelas espécies Brevoortiapectina, Lycengraulis grossidens (registrado
em campo) e Micropogonias furnieri (registrado em campo). Os grupos menos
abundantes utilizam o estuário somente de forma oportuna, durante períodos
favoráveis para suas exigências.

O grau de transporte e o local de desova são os principais fatores que controlam a


distribuição espacial do ictioplâncton. A distribuição dentro do estuário reflete os locais
de desova. Espécies como Egraulis anchoita e Anchoa marini, por exemplo, desovam
em região mais afastada da costa e não dependem do estuário para o seu
desenvolvimento. Micropogonias furnieri e Achirus garmani, que utilizam o estuário
durante o seu desenvolvimento, têm seus ovos distribuídos em todo o estuário
(SINQUE & MUELBERT, 1998).

Os estuários têm grande importância como zona de criação e alimentação de


peixes, inclusive de espécies com valor comercial (CHAO et al., 1985). Embora
poucas espécies possam suportar o estresse da variação da salinidade inerente aos
estuários, existe uma grande biomassa de peixes, associada à alta produtividade
primária desses ambientes. Este fato caracteriza a ictiofauna estuarina como sendo
dominada por densas populações de poucas espécies. A hipótese mais plausível para
explicar a evolução dos padrões migratórios apresentados pelas espécies para esses
locais, é que o estresse fisiológico é compensado pela abundância de alimento que
pode ser explorado e pelo abrigo contra os predadores nas águas rasas dos estuários
(VIEIRA et al., 1998).

O estuário da laguna dos Patos, possui uma riqueza estimada de 110 espécies de
peixes (CHAO et al., 1982, 1985, 1986), sendo poucas espécies dominantes em
número ou biomassa, as quais podem ser capturadas na região do estuário durante o
ano todo (CHAO et al., 1985). Uma variedade de habitats propicia um suprimento
abundante de alimento e proteção contra os predadores, e faz deste estuário um
ambiente próprio para o desenvolvimento de ovos e larvas (SINQUE & MUELBERT,
1988). A natureza dinâmica do estuário também contribui para a presença esporádica
de muitas espécies oceânicas no ictioplâncton.

Baseados na abundância, distribuição espacial e temporal e no ciclo de vida,


(VIEIRA & MUSICK, 1994; VIEIRA et al., 1998), as espécies ocorrentes no sistema da
Laguna dos Patos, o qual abrange a APA da Lagoa Verde podem ser agrupadas em
cinco categorias:

1) Espécies residentes do estuário: são aquelas que completam todo seu ciclo
de vida dentro do estuário, sendo frequentes e abundantes no mesmo. As espécies
incluem Odontesthe ssp., Xenomelaniris brasiliensis, Jenynsia lineata, Achirus

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


158
garmani, Hyperochilus fissicornis e Genidens genidens (bagre) dentre as mais
abundantes;

2) Espécies estuarino dependentes: são aquelas espécies marinhas ou de água


doce que utilizam o estuário para desova, podendo ser capturadas em abundância
nesse ambiente durante determinados períodos do ano. Esta categoria inclue as
espécies Micropogonias furnieri, Macrodon ancylodon, Menthicirrhus americanus,
Menticirrhus littoralis, Mugil platanus, Mugil curema, Mugil gaimardianus, Lycengraulis
grossidens, Paralichthy sorbignyana, Netuma barba;
3) Espécies marinhas visitantes: são aquelas que habitam o ambiente marinho e
ocorrem ocasionalmente no estuário. Fazem parte deste grupo as espécies Ulaema
lefroyi, Menticirrhus littoralis, Trachinotus marginatus, Citharichthys spilopterus,
Trachinotus falcatus, Oncopterus darwini, Umbrina canosai, Prionotus punctatus,
Trichiurus lepturus, Gobionellus oceanicus, Symphurus jenynsi, Trachinotus carolinus,
Eucinostomus argenteus, Epinephelus spp., Eucinostomus melanopterus e Diapterus
rhombeus;

4) Espécies de água doce visitantes: são aquelas que habitam os ambientes


límnicos e fluviais e ocorrem ocasionalmente no estuário, principalmente nos períodos
de maior precipitação pluviométrica. Fazem parte deste grupo as espécies
Parapimelodus nigribarbis, Astyanax eigenmanniorum, Oligosarcus jenynsii,
Oligosarcus robustus, Pimelodus maculatus, Cyphocarax voga, Geophagus
brasiliensis, Crenicichla lepidota, Rhamdia sp., Loricariichthy sanus, Hyphessobryconbi
fasciatus, Hyphessobrycon luetkeni, Cnesterodondecem maculatus e Hoplias
malabaricus.

Dentro do Programa de Monitoramento Ambiental para o Canal de Acesso ao


Porto de Rio Grande, Bacia de Evolução do Porto Novo e da Área de Descarte do
Material Dragado, coletas mensais da ictiofauna nos mesmos pontos de amostragem e
empregando o mesmo método de coleta têm sido realizadas nos últimos 10 anos.
Essa série ininterrupta de amostras tem sido utilizada como „dados de referência‟,
permitindo uma análise e interpretação precisa e eficiente dos dados em
monitoramento.

O Programa de Monitoramento realizado no ano de 2008 (ASMUS & SILVA, 2008)


registrou um total de 25 espécies de peixes capturados, sendo que 7 destas, as
tainhas (Mugil platanus, M. gaimardianus e M. curema), os peixes-rei (Atherinella
brasiliensis e Odontesthes sargentinensis), a sardinha (Brevoortia pectinata) e o
barrigudinho (Jenynsia multidentata) totalizaram mais de 90% das capturas. A
composição das espécies, o padrão de abundância relativa, a composição de tamanho
e a diversidade da assembléia de peixes do estuário durante os meses de janeiro a
agosto de 2008, foram considerados dentro dos limites observados nos dados
históricos disponíveis (1997-2006) e também em conformidade com a literatura
disponível sobre a ictiofauna estuarina da laguna dos Patos (CHAO et al., 1982; CHAO
et al., 1985; VIEIRA et al., 1998; GARCIA et al., 2003).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


159
Considerações sobre a Lagoa Verde

A Lagoa Verde é um sistema dulceaquicola com influência marinha, por este


motivo, seu canal de acesso é considerado um estuário. Estuários são considerados
sistemas semifechados, com conexão entre as águas doces e marinhas (TAGLIANI,
1998) tornando o local rico em nutrientes e condições peculiares.

A região, localizada na Planície Costeira da região sul do Estado do Rio Grande


do Sul apresenta condições ecológicas diversas, favorecendo a ocorrência de
inúmeras espécies que usam estes ecossistemas em pelo menos uma fase da sua
vida.

A Lagoa Verde, assim como outros recursos hídricos ligados ao Sistema da


Laguna dos Patos, apresenta uma característica única, devido a inversão dos ventos
do quadrante sul/sudeste, que geram um fluxo contrário das águas, ocasionando a
entrada em maior quantidade oriunda do mar, canal adentro. Este fenômeno é
denominado, popularmente, refluxo. Outro motivo que pode gerar o refluxo da água é
quando em casos de estiagem dos afluentes de menos porte que deságuam na
Lagoa, ou mesmo o menor nível de água da Lagoa, estão com níveis inferiores ao
sistema hídrico à jusante. Desta forma a vazão torna-se negativa, e o corpo d‟água à
jusante inverte seu fluxo normal e ocorre a contracorrente.
Este fenômeno ocorre com freqüência no Lago Guaíba e seus contribuintes,
gerando refluxo nos rios Gravataí, Sinos, Caí, Jacui, entre outros que desembocam no
lago, sob influencia dos ventos ou da vazão negativa (FEPAM, 2010).

No caso do Saco da Mangueira e da Lagoa Verde, a influência deste tipo de


fenômeno gera um aporte salino maior, visto que a distância com o mar é bem menor,
por exemplo, que o Lago Guaíba. Neste caso, a entrada de animais marinhos, que
suportam água salobra, pode ser mais fortemente notada.
Nesta campanha, este fato foi evidenciado, quando no primeiro dia de
amostragem foram colocadas as redes de espera no ponto 2, e neste instante altura
da lâmina de água era baixa (Foto 54). No outro dia, no momento da retirada das
redes, o fluxo havia se invertido e nitidamente a Lagoa Verde estava com maior nível
de água (Foto 55). Esta situação não teve relação com aporte hídrico dos outros
arroios ou por precipitações pluviométricas, pois há dias ocorria chuvas e os arroios
permaneciam com seus níveis de água críticos.

Com o refluxo, pode-se constatar que a entrada de espécies marinhas ocorreu,


havendo captura de uma tainha (Mugil platanus), que se encontrava à montante do
estreito da Lagoa Verde, que se liga ao Canal São Simão. Após analise, o espécime
foi devolvido à lagoa.

Por este motivo, espécies marinhas e de água doce, que muitas vezes desovam
nos canais estuarinos, e que buscam refúgios nestes locais sofrem com a pesca.
Pescadores artesanais e que pescam para subsistência não causam impacto negativo
no pescado, mas a pesca intensiva, muitas vezes no defeso, podem acarretar a longo
prazo a diminuição dos estoques.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


160
Foto 54: Dia 1 de
amostragem - Ponto 2.

Foto 55: Dia 2 de


amostragem - ponto 2,
inversão do fluxo, gerando
aumento do nível de água.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


161
4.6.2.2.2 Herpetofauna

Anfíbios

Durante a campanha de diagnóstico da fauna de anfíbios, foram registradas 11


espécies, pertencentes a cinco famílias diferentes: Bufonidae (01), Hylidae (05),
Leiuperidae (02), Leptodactylidae (02), e Gymnophiona (01) (Tabela 21). Dentre estas
espécies, 08 foram registradas durante os levantamentos por encontros visuais, 06
nas transecções auditivas e 03 nos registros ocasionais. No Anexo 2, encontra-se
relatório fotográfico com algumas das espécies registradas nesta campanha. A curva
de suficiência amostral, baseada no levantamento de dados primários, não estabilizou
(Figura 26), demonstrando que novas espécies poderiam ser registradas na área com
a continuidade das amostragens.

Tabela 21: Espécies de anfíbios registradas, através de dados primários e secundários,


nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS. Onde, RA:
registro auditivo; RV: registro visual; RO: registro ocasional; RB: referências bibliográficas; CC:
coleção científica.

DADOS PRIMÁRIOS DADOS SECUNDÁRIOS


TAXA NOME POPULAR
TIPO DE REGISTRO TIPO DE REGISTRO

ORDEM ANURA
BUFONIDAE
Melanophryniscus dorsalis Sapo-de-barriga-vermelha RB
Rhinella achavali Sapu-cururu RB
Rhinella arenarum Sapo-da-areia RB
Rhinella dorbignyi Sapinho-de-jardim RV RB
CERATOPHRYIDAE
Ceratophrys ornata Intanha, Untanha RB
CYCLORAMPHIDAE
Odontophrynus americanus Sapo-boi-mocho RB
Odontophrynus maisuma Sapinho-da-enchente RB
HYLIDAE
Dendropsophus minutus Perereca-rajada RA, RV RB
Dendropsophus sanborni Pererequinha RA RB, CC
Hypsiboas pulchellus Perereca-do-banhado RV RB, CC
Pseudis minuta Rã-boiadora RA, RV, RO RB, CC
Scinax fuscovarius Perereca-de-banheiro RB, CC
Scinax granulatus Perereca-de-gravatá RB, CC
Scinax squalirostris Perereca-nariguda RA, RV RB, CC
LEIUPERIDAE
Physalaemus biligonigerus Rã-chorona RB
Physalaemus cuvieri Rã-cachorro RB
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
162
DADOS PRIMÁRIOS DADOS SECUNDÁRIOS
TAXA NOME POPULAR
TIPO DE REGISTRO TIPO DE REGISTRO

Physalaemus gracilis Rã-chorona RV, RO RB, CC


Physalaemus henselii Rãzinha RB
Pseudopaludicola falcipes Rãzinha-da-lagoa RA RB
LEPTODACTYLIDAE
Leptodactylus gracilis Rã-listrada RA, RO RB
Leptodactylus latinasus Rã-piadora RB
Leptodactylus latrans Rã-manteiga, Rã-crioula RV, RO RB, CC
MICROHYLIDAE
Elachistocleis bicolor Sapinho-guarda RB
ORDEM CAUDATA
GYMNOPHIONA
Chthonerpeton indistinctum Cobra-de-duas-cabeças RV CC

12
Número de espécies registradas

10

0
17/jan 18/jan 19/jan 20/jan
Dias de amostragem

Figura 26: Curva de suficiência amostral da fauna de anfíbios da área de influência da APA da
Lagoa Verde, Rio Grande, RS, calculada a partir dos dados obtidos durante a campanha de
Diagnóstico de Fauna.

Das oito espécies de anfíbios registradas nos levantamentos por encontros


visuais, quatro foram exclusivamente através deste método. A maioria dos indivíduos
foi encontrada durante a noite (em deslocamento ou postura de salto) em volta dos
corpos d‟água amostrados. Também foram encontrados alguns indivíduos em repouso
durante o dia, escondidos embaixo de troncos, entulhos e gravatás. No total, foram 66
encontros (Tabela 22), e a espécie mais abundante e frequente na área foi a rã-crioula

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


163
Leptodactylus latrans (Foto 56), com 46 registros visuais distribuídos em cinco pontos
de amostragem diferentes.

Tabela 22: Espécies de anfíbios e respectivas abundâncias registradas nos levantamentos


por encontros visuais realizados durante diagnóstico da fauna, na área de influência da APA da
Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS.

LEVANTAMENTOS POR ENCONTROS VISUAIS


ESPÉCIE TOTAL
L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8

Chthonerpeton indistinctum 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Dendropsophus minutus 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Hypsiboas pulchellus 3 1 0 5 0 0 0 0 9
Leptodactylus latrans 7 6 0 20 0 0 3 10 46
Physalaemus gracilis 0 0 1 2 0 0 2 0 5
Pseudis minuta 0 0 0 0 0 0 2 0 2
Rhinella dorbignyi 0 0 0 1 0 0 0 0 1
Scinax squalirostris 1 0 0 0 0 0 0 0 1
TOTAL 13 7 1 28 0 0 7 10 66

Foto 56: Rã-crioula,


Leptodactylus latrans,
registrada nas áreas de
influência da APA da Lagoa
Verde, município de Rio
Grande, RS.

Através do método de transecções auditivas, foram registradas seis espécies


(Tabela 23), sendo duas exclusivamente através desse método. No total, foram
encontrados apenas 16 indivíduos em atividade vocalização. A espécie mais
abundante e frequente foi a rã-listrada Leptodactylus gracilis, com cinco indivíduos
distribuídos em dois pontos de amostragem. Nos registros ocasionais foram
registradas três espécies (Tabela 24, Mapa 13), todas também registradas através dos
outros dois métodos.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


164
Tabela 23: Espécies de anfíbios e respectivas abundâncias registradas nas transecções
auditivas realizadas na área de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio
Grande, RS.

TRANSECÇÕES AUDITIVAS
ESPÉCIE TOTAL
L1 L3 L4 L7 L8

Dendropsophus minutus 0 0 1 0 0 1
Dendropsophus sanborni 0 0 1 0 0 1
Leptodactylus gracilis 4 0 1 0 0 5
Pseudis minuta 0 1 0 0 0 1
Pseudopaludicola falcipes 0 0 0 7 0 7
Scinax squalirostris 0 0 1 0 0 1
TOTAL 4 1 4 7 0 16

Tabela 24: Espécies de anfíbios encontradas nos registros ocasionais, respectivos tipos de
registro e abundâncias, coordenadas geográficas e localização no mapa na área de influência
da APA da Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS. Onde, RA: registro auditivo.

TIPO DE REGISTRO PONTO


ESPÉCIE DATA COORDENADA (22 SUL)
(N°INDIVÍDUOS) (MAPA)

Leptodactylus latrans atropelado (1) 18/jan 387904/6441212 P1


Leptodactylus gracilis RA (1) 18/jan 389111/6445193 P2
Psudis minuta RA (1) 18/jan 389096/6445491 P3
Leptodactylus gracilis RA (5) 20/jan 389734/6438838 P4

Com base nos dados primários e secundários, obteve-se a um total de 24


espécies de anfíbios para a região (Tabela 21). Foram registrados representantes de
uma família da Ordem Caudata (um gênero e uma espécie) e oito famílias da Ordem
Anura (12 gêneros e 23 espécies). Até o momento, a família que apresenta maior
riqueza na região é Hylidae, com sete espécies, representando 29% do total, seguida
por Leiuperidae (cinco espécies, 21%) (Figura 27). Com exceção das espécies
ameaçadas (citadas a seguir), de forma geral, pode-se dizer que as espécies
registradas até o momento são bastante comuns, abundantes e apresentam ampla
distribuição geográfica. As 24 espécies registradas na região representam cerca de
25% da riqueza de anfíbios do Rio Grande do Sul, o qual apresenta 94 espécies
(HERPETOLOGIA UFRGS, 2010).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


165
BUFONIDAE
17%

LEPTODACTYLIDAE
13%

LEIUPERIDAE
21%
CYCLORAMPHIDAE
8%

MICROHYLIDAE
4%

GYMNOPHIONA
4%
CERATOPHRYIDAE
4%
HYLIDAE
29%
Figura 27: Riqueza das famílias de anfíbios registradas através de dados primários e
secundários na área de influência da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS.

Répteis

Durante os dias de amostragem da campanha de diagnóstico de fauna, foram


registradas 16 espécies de répteis (Tabela 25), pertencentes a sete famílias diferentes:
Emydidae (01), Chelidae (02), Alligatoridae (01), Gekkonidae (01), Teiidae (01),
Anguidae (01), e Dipsadidae (09). No Anexo 2, encontra-se um relatório fotográfico
com algumas das espécies registradas no diagnóstico. A curva de suficiência amostral
não apresentou uma tendência à estabilização (Figura 28), indicando que, com a
continuidade das amostragens na região, outras espécies poderiam ser registradas.
Estudos de comunidades herpetofaunísticas em diferentes ecorregiões brasileiras têm
demonstrado que a riqueza de espécies de uma determinada área tende a aumentar
com o aumento do esforço amostral.
Tabela 25: Espécies de répteis registradas, através de dados primários e secundários, nas
áreas de influência da APA da Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS. Onde, RV:
registro visual; RO: registro ocasional; RB: referências bibliográficas; CC: coleção científica.
DADOS PRIMÁRIOS DADOS SECUNDÁRIOS
TAXA NOME POPULAR
TIPO DE REGISTRO TIPO DE REGISTRO

TESTUDINES
EMYDIDAE
Trachemys dorbigni Tigre-d‟água RV, RO RB
Trachemys scripta Tartaruga-de-orelha- RB

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


166
DADOS PRIMÁRIOS DADOS SECUNDÁRIOS
TAXA NOME POPULAR
TIPO DE REGISTRO TIPO DE REGISTRO

vermelha

CHELIDAE
Acanthochelys spixii Cágado-preto RB, CC
Hydromedusa tectifera Cágado-pescoço-de-cobra RV RB
Phrynops hilarii Cágado-de-barbicha RV, RO RB
CROCODILIA
ALLIGATORIDAE
Caiman latirostris Jacaré-do-papo-amarelo RV RB
SAURIA
GEKKONIDAE
Hemidactylus mabouia Lagartixa-de-parede RV, RO RB
LIOLAEMIDAE
Liolaemus occipitalis Lagartixa-das-dunas RB
GYMNOPHTHALMIDAE
Cercosaura schreibersii Lagratixa-comum RB
TEIIDAE
Teius oculatus Teiú-verde RB
Tupinambis merianae Lagarto-do-papo-amarelo RV, RO RB
SCINCIDAE
Mabuya dorsivittata Lagartixa, papa-vento RB
ANGUIDAE
Ophiodes striatus Cobra-de-vidro-verde RO RB
Ophiodes vertebralis Cobra-de-vidro-dourada RB
AMPHISBAENIA
AMPHISBAENIDAE
Amphisbaena trachura Cobra-cega-comum RB, CC
SERPENTES
DIPSADIDAE
Boiruna maculata Muçurana-comum RB
Clelia rustica Muçurana CC
Helicops infrataeniatus Cobra-d‟àgua RO RB, CC
Liophis anomalus Jararaquinha-d‟água RO RB, CC
Liophis flavifrenatus Corredeira-listrada RV, RO RB
Liophis jaegeri Cobra-d‟àgua-verde RV, RO RB, CC
Liophis poecilogyrus Cobra-verde RV, RO RB, CC
Liophis semiaureus Cobra-lisa RB, CC
Oxyrhopus rhombifer Falsa-coral RB
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
167
DADOS PRIMÁRIOS DADOS SECUNDÁRIOS
TAXA NOME POPULAR
TIPO DE REGISTRO TIPO DE REGISTRO

Phalotris lemniscatus Cabeça-preta RB, CC


Philodryas aestiva Cobra-cipó-carenada RV, RO RB, CC
Philodryas patagoniensis Papa-pinto RV, RO RB, CC
Psomophis obtusus Corredeira-do-banhado RB, CC
Sibynomorphus ventrimaculatus Dormideira-comum RB
Corredeira-de-barriga-
Taeniophallus poecilopogon RB, CC
vermelha
Thamnodynastes hypoconia Corredeira RV, RO RB, CC
Tomodon dorsatus Cobra-espada RB
Xenodon dorbignyi Narriguda-grande RO RB, CC
VIPERIDAE
Rhinocerophis alternatus Cruzeira, Urutu RB, CC
Bothropoides pubescens Jararaca-pintada RB, CC

18
16
Número de espécies registradas

14
12
10
8
6
4
2
0
17/jan 18/jan 19/jan 20/jan
Dias de amostragem

Figura 28: Curva de suficiência amostral da fauna de répteis da área de influência da APA da
Lagoa Verde, Rio Grande, RS, calculada a partir dos dados obtidos durante a campanha de
Diagnóstico de Fauna.

Através do método de procura visual foram obtidos 22 registros, referentes a 12


espécies (Tabela 26). Duas espécies foram registradas exclusivamente através deste
método: o cágado-de-pescoço-de-cobra Hydromedusa tectifera (Foto 57) e o jacaré-
do-papo-amarelo Caiman latirostris (Foto 58). A espécie mais abundante foi a
tartaruga tigre d-água, Trachemys dorbigni (Foto 59), com seis encontros.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
168
Nos registros ocasionais (Tabela 27, Mapa 13) foram encontrados 26
indivíduos/vestígios. Estes registros constiruiram-se, principalmente, de animais
encontrados atropelados nas vias de acesso próximas à APA da Lagoa verde (14
indivíduos), como ocorreu com a corredeira-listrada Liophis flavifrenatus (Foto 60). A
espécie que obteve maior registro de atropelamentos foi o lagarto-do-papo-amarelo
Tupinambis merianae (cinco indivíduos atropelados).

Tabela 26: Espécies de répteis e respectivas abundâncias registradas nas procuras visuais
realizadas durante diagnóstico da fauna, na área de influência da APA da Lagoa Verde, no
município de Rio Grande, RS.
PROCURAS VISUAIS
ESPÉCIE TOTAL
L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8

Caiman latirostris 1 0 0 1 0 0 0 0 2
Hemidactylus mabouia 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Hydromedusa tectifera 1 0 0 0 0 0 0 0 1
A
Liophis flavifrenatus 0 1 0 0 0 0 0 0 1
A
Liophis jaegueri 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Liophis poecilogyrus 0 1 0 1 0 0 0 0 2
Philodryas aestiva 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Philodryas patagoniensis 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Phrynops hilarii 0 0 0 1 0 0 0 0 1
B
Thamnodynastes hypoconia 1 1 0 0 0 0 0 0 2
C
Trachemys dorbigni 0 2 0 3 0 0 0 1 6
B B
Tupinambis merianae 0 2 0 0 0 1 0 0 3
TOTAL 3 7 2 6 0 3 0 1 22
A
Registro feito através de carcaça.
B
Registro feito através de muda.
C
Registro feito através de casco.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


169
Foto 57: Casco do cágado-
de-pescoço-de-cobra,
Hydromedusa tectifera,
registrado nas áreas de
influência da APA da Lagoa
Verde, município de Rio
Grande, RS.

Foto 58: Jacaré-do-papo-


amarelo, Caiman latirostris,
registrado nas áreas de
influência da APA da Lagoa
Verde, município de Rio
Grande, RS.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


170
Foto 59: Tigre d‟água,
Trachemys dorbigni,
registrada nas áreas de
influência da APA da Lagoa
Verde, município de Rio
Grande, RS.

Foto 60: Corredeira-listrada,


Liophis flavifrenatus,
atropelada nas áreas de
influência da APA da Lagoa
Verde, município de Rio
Grande, RS.

Tabela 27: Espécies de répteis encontradas nos registros ocasionais, respectivos tipos de
registro e abundâncias, coordenadas geográficas e localização no mapa na área de influência
da APA da Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS.
TIPO DE REGISTRO
ESPÉCIE DATA COORDENADA (22 SUL) PONTO
(N°INDIVÍDUOS)

Helicops infrataeniatus registro visual (1) 17/jan 387412/6439434 P5


Liophis poecilogyrus atropelada (1) 17/jan 389231/6441412 P6
Philodryas patagoniensis atropelada (1) 17/jan 383693/6438832 P7
Hemidactylus mabouia registro visual (2) 17/jan 389512/6438612 P8
Philodryas aestiva atropelada (1) 18/jan 390394/6447238 P9
Liophis jaegueri atropelada (1) 18/jan 387904/6441212 P1
Tupinambis merianae atropelado (1) 18/jan 387904/6441212 P1
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
171
TIPO DE REGISTRO
ESPÉCIE DATA COORDENADA (22 SUL) PONTO
(N°INDIVÍDUOS)

Xenodon dorbignyi atropelado (1) 18/jan 389936/6447367 P10


Tupinambis merianae atropelado (1) 18/jan 389936/6447367 P10
Liophis flavifrenatus atropelada (1) 18/jan 389936/6447367 P10
Tupinambis merianae registro visual (1) 18/jan 390697/6446503 P11
Tupinambis merianae atropelado (1) 18/jan 387822/6444116 P12
Tupinambis merianae atropelado (1) 18/jan 390144/6443984 P13
Tupinambis merianae atropelado (1) 18/jan 389408/ 6445730 P14
Philodryas patagoniensis em estrada (1) 18/jan 389408/ 6445730 P14
Liophis anomalus atropelada (1) 18/jan 391632/6443298 P15
Phrynops hilarii casco (1) 18/jan 388925/6444749 P16
Tupinambis merianae registro visual (1) 19/jan 387865/6441122 P17
Tupinambis merianae registro visual (1) 19/jan 387259/6440336 P18
Tupinambis merianae muda (1) 19/jan 389448/6445182 P19
Philodryas patagoniensis registro visual (1) 19/jan 386302/6438148 P20
Trachemys dorbigni casco (1) 19/jan 385196/6439145 P21
Trachemys dorbigni casco (2) 19/jan 390479/6444149 P22
Philodryas patagoniensis atropelada (1) 19/jan 387904/6441212 P1
Thamnodynastes hypoconia atropelada (1) 20/jan 389950/6442580 P23
Ophiodes striatus registro visual (1) 21/jan 392117/6442932 P24

Considerando tanto os dados primários quanto os secundários, obteve-se uma


riqueza total de 35 espécies de répteis para a região (Tabela 25). Serpentes foi o
grupo mais representativo com 20 espécies registradas (57% do total registrado),
seguido de Sauria com oito espécies (23%) e Testudines com três espécies (14%)
(Figura 29). Entre as Serpentes, Dipsadidae foi a família com o maior número de
representantes, com 18 espécies registradas. As outras duas espécies de serpentes
encontradas pertecencem à família Viperidae.

As 35 espécies registradas na região representam quase 30% da riqueza de


répteis do Rio Grande do Sul, o qual apresenta 118 espécies (HERPETOLOGIA
UFRGS, 2010). Algumas dessas apresentam algum grau de interesse, como ameaça
de extinção, interesse médico, entre outros, que serão abordados no item
correspondente do presente plano de manejo.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


172
SERPENTES
57% CROCODILIA
3%
AMPHISBAENIA
3%

TESTUDINES
14%

SAURIA
23%
Figura 29: Riqueza dos grupos de répteis registrados através de dados primários e secundários
na área de influência da APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


173
384.000 386.000 388.000 390.000 392.000
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS MUNICÍPIOS
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
Saco da
Mangueira MS São
6.448.000

6.448.000
SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
P10 do
s
W WP9
! Pelotas
gu
n a

! SC
Capão do
La
Leão
Herval
P11

-29°30'

-29°30'
-32°0'

-32°0'
Argentina
RS APA da Lagoa
!
W Arroio
Grande
! Verde

OCEANO Rio Grande


6.446.000

6.446.000
P14 Uruguai ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão

P3 X
! P19
!
W
goa M
i ri m

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
P2 !
X !
W km km
P16 -59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
!
W
P12 P22
P13
!
W
6.444.000

6.444.000
!
W
!
W Legenda
P15 APA da Lagoa Verde
!
W P24 Massa d'água

P23 !
W Pontos de Registros Ocasionais

!
W !
X Anfíbios

!
W Répteis
6.442.000

6.442.000
P6
P1
P1 X
!
W

®
!
W
!
!
W
P17
P18
Projeção Universal Transversa de Mercator
!
W Fuso 22 Sul
6.440.000

6.440.000
Datum SAD-69
Imagem GeoEye - 31/08/2009
P5 0 1.000 2.000
m
P21 !
W Escala numérica - folha A3
P7 !
W 1:50.000

!
W P4 X
! Cassino
!
W P8
P20
Empreendedor Responsabilidade Técnica
!
W
6.438.000

6.438.000
O

Prefeitura Municipal de Rio Grande


IC
T

Empreendimento
N

APA da Lagoa Verde


Â
L
T

Projeto
Plano de Manejo
A
O

Título
N

Amostras de Herpetofauna
A
E

Fonte Data
C

Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005). Janeiro/2011


O

384.000 386.000 388.000 390.000 392.000


4.6.2.2.3 Avifauna

As aves do Rio Grande do Sul apresentam ampla diversidade. Sua distribuição


resulta da variabilidade natural dos habitats proporcionados pela sua situação
geográfica dentro da zona de transição entre as florestas brasileiras e os campos
característicos da região sul do país. Segundo Glayson Bencke (comentário pessoal),
existem 657 espécies de aves já registradas para o estado do Rio Grande do Sul, que
somam mais de um terço de todas as espécies conhecidas no Brasil.

Durante a campanha realizada para o levantamento dos dados primários da


avifauna, nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde, 124 espécies foram
observadas, distribuídas em 44 famílias (Tabela 28). Oito famílias (18%) tiveram
destaque com relação ao maior número de espécies, são elas Tyrannidae (13
espécies), Emberizidae (9 espécies), Icteridae, Ardeidae e Furnariidae (7 espécies);
Columbidae (6 espécies) e Anatidae e Rallidae (5 espécies), que juntas somam cerca
47% do total de espécies observadas (Figura 30). A família Tyrannidae, que
apresentou o maior número de espécies durante o levantamento, é a maior família de
aves do hemisfério ocidental (SICK, 1997). Um relatório fotográfico, com os registros
de algumas espécies encontradas, é apresentado no Anexo 3.

Tabela 28: Espécies de aves registradas durante o levantamento de dados primários e


secundários nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde.

DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT

FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

TINAMIDAE
Nothura maculosa perdiz ou codorna R C x 0,1
ANHIMIDAE
Chauna torquata tachã R A x 0,1
ANATIDAE
Dendrocygna viduata marreca-piadeira ou irerê R A x x
Cygnus melancoryphus cisne-de-pescoço-preto R A x x
Coscoroba coscoroba capororoca R A x
Callonetta leucophrys marreca-de-coleira D A x
Amazonetta brasiliensis marreca-pé-vermelho R A x 0,1
Anas flavirostris marreca-pardinha R A x
Anas georgica marreca-parda R A x 0,4
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
175
DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

Anas versicolor marreca-cricri R A x 0,2


Anas platalea marreca-colhereira S A x
PODICIPEDIDAE
Rollandia rolland mergulhão-de-orelha-branca R A x
Podilymbus podiceps mergulhão R A x x
Podicephorus major mergulhão-grande R A x
PHALACROCORACIDAE
Phalacrocorax brasilianus biguá R A x 0,3
FREGATIDAE
Fregata magnificens tesourão P A x
ARDEIDAE
Botaurus pinnatus socó-boi-baio M# A x
Ixobrychus involucris socoí-amarelo R A x
Nycticorax nycticorax savacu R A x x
Cochlearius cochlearius arapapá A x
Butorides striata socozinho M A x x
Bubulcus ibis garça-vaqueira R C x x
Ardea cocoi garça-moura ou socó-grande R A x 0,1
Ardea alba garça-branca-grande R A x 0,1
Syrigma sibilatrix maria-faceira R C x x
Egretta thula garça-branca-pequena R A x 0,3
Egretta caerulea garça-morena V A x
THRESKIORNITHIDAE
Plegadis chihi maçarico-preto R A x 0,2
Phimosus infuscatus maçarico-de-cara-pelada R A x x
Theristicus caerulescens maçarico-real R A x x
Platalea ajaja colhereiro R A x x
CICONIIDAE

Ciconia maguari joão-grande R A x x


Mycteria americana cabeça-seca M A x 0,1
PHOENICOPTERIDAE

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


176
DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

Phoenicopterus chilensis flamingo S A x


PANDIONIDAE
Pandion haliaetus águia-pescadora N A x
ACCIPITRIDAE
Rostrhamus sociabilis gavião-caramujeiro R A x x
Circus cinereus gavião-cinza S A x
Circus buffoni gavião-do-banhado R A x 0,1
Heterospizias meridionalis gavião-caboclo R C x x
Rupornis magnirostris gavião-carijó R B x x
Urubitinga urubitinga gavião-preto R B x
FALCONIDAE
Caracara plancus caracará R C x x
Milvago chimachima carrapateiro R B x
Milvago chimango chimango R C x 0,3
Falco sparverius quiriquiri R C x
Falco peregrinus falcão-peregrino N C x
ARAMIDAE
Aramus guarauna carão R A x x
RALLIDAE
Coturnicops notatus pinto-d'água-pintalgado V A x
Aramides ypecaha saracuruçu R A x 0,2
Aramides cajanea três-potes R A x x
Laterallus melanophaius pinto-d'água-comum R A x
Laterallus leucopyrrhus pinto-d'água-avermelhado D A x
Porzana spiloptera sanã-cinza D+ A x
Pardirallus maculatus saracura-carijó R# A x
Pardirallus sanguinolentus saracura-do-banhado R A x x
Gallinula galeata galinhola ou frango-d'água R A x x
Gallinula melanops frango-d'água-carijó R A x
Fulica rufifrons carqueja-de-escudo-roxo R A x x
Fulica leucoptera carqueja-de-bico-amarelo R A x
CHARADRIIDAE

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


177
DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

Vanellus chilensis quero-quero R C x 1,1


Pluvialis dominica batuiruçu N A x x
Pluvialis squatarola batuiruçu-de-axila-preta N A x
Charadrius semipalmatus batuíra-norte-americana N A x
Charadrius collaris batuíra-de-coleira R A x
Charadrius falklandicus batuíra-de-coleira-dupla R A x
Charadrius modestus batuíra-de-peito-avermelhado S A x
HAEMATOPODIDAE
Haematopus palliatus piru-piru R A x
RECURVIROSTRIDAE
Himantopus melanurus pernilongo-de-costas-brancas R A x 0,1
SCOLOPACIDAE
Gallinago paraguaiae narceja R A x x
Limosa haemastica maçarico-de-bico-virado N A x
Bartramia longicauda maçarico-do-campo N A x
Actitis macularius maçarico-pintado N A x
Tringa melanoleuca maçarico-grande-de-perna-amarela N A x x
Tringa flavipes maçarico-de-perna-amarela N A x 0,2
Arenaria interpres vira-pedra N A x
Calidris canutus maçarico-de-papo-vermelho N A x
Calidris alba maçarico-branco N A x
Calidris fuscicollis maçarico-de-sobre-branco N A x
Calidris bairdii maçarico-de-bico-fino NV A x
Calidris melanotos maçarico-de-colete N A x x
Tryngites subruficollis maçarico-acanelado N A x
Phalaropus tricolor pisa-n'água N A x
JACANIDAE
Jacana jacana jaçanã R A x x
ROSTRATULIDAE
Nycticryphes semicollaris narceja-de-bico-torto M# A x
STERCORARIIDAE
Stercorarius parasiticus gaivota-rapineira-comum PN A x

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


178
DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

LARIDAE
Chroicocephalus maculipennis gaivota-maria-velha R A x x
Chroicocephalus cirrocephalus gaivota-de-cabeça-cinza D A x 0,4
Larus atlanticus gaivota-de-rabo-preto V A End. C x
Larus dominicanus gaivotão R A x
STERNIDAE
Sternula superciliaris trinta-réis-anão R A x
Phaetusa simplex trinta-réis-grande R A x
Gelochelidon nilotica trinta-réis-de-bico-preto R A x
Sterna hirundo trinta-réis-boreal N A x
Sterna hirundinacea trinta-réis-de-bico-vermelho S A x
Sterna trudeaui trinta-réis-de-coroa-branca R A x x
Thalasseus sandvicensis trinta-réis-de-bico-amarelo S A x
Thalasseus maximus trinta-réis-real R# A x
RYNCHOPIDAE
Rynchops niger talha-mar R A x 0,1
COLUMBIDAE
Columbina talpacoti rolinha-roxa R B x x
Columbina picui rolinha-picui R C x x
Columba livia pombo-doméstico R C x 0,1
Patagioenas picazuro asa-branca ou pombão R C x 0,2
Zenaida auriculata pomba-de-bando R C x 0,1
Leptotila verreauxi juriti-pupu R F x x
Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira R F x
PSITTACIDAE
Myiopsitta monachus caturrita R B x 0,6
CUCULIDAE
Piaya cayana alma-de-gato R F x
Coccyzus americanus papa-lagarta-norte-americano N B x
Crotophaga ani anu-preto R B x
Guira guira anu-branco R C x 0,2
Tapera naevia saci R B x x

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


179
DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

TYTONIDAE
Tyto alba coruja-de-igreja R B x x
STRIGIDAE
Bubo virginianus jacurutu R# B x
Athene cunicularia coruja-do-campo R C x 0,1
Asio clamator coruja-orelhuda R C x
CAPRIMULGIDAE
Chordeiles nacunda corucão M C x
Hydropsalis albicollis bacurau R C x
Hydropsalis torquata bacurau-tesoura R C x x
TROCHILIDAE
Hylocharis chrysura beija-flor-dourado R B x x
Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho R B x
ALCEDINIDAE
Megaceryle torquata martim-pescador-grande R A x x
Chloroceryle amazona martim-pescador-verde R A x x
Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno R A x x
PICIDAE
Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó R F End. MA x x
Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado R B x x
Colaptes campestris pica-pau-do-campo R C x 0,2
THAMNOPHILIDAE
Thamnophilus caerulescens choca-da-mata R F x x
Thamnophilus ruficapillus choca-de-boné-vermelho R B x 0,1
SCLERURIDAE

Geositta cunicularia curriqueiro R C x x


FURNARIIDAE
Cinclodes fuscus pedreiro-dos-andes S C x
Furnarius rufus joão-de-barro R C x 0,7
Limnornis curvirostris junqueiro-de-bico-curvo R A End. C x x
Phleocryptes melanops bate-bico R A x x

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


180
DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

Spartonoica maluroides boininha R A End. C x


Synallaxis spixi joão-teneném R B x 0,1
Certhiaxis cinnamomeus curutié R A x x
Phacellodomus striaticollis tio-tio R A x x
Phacellodomus erythrophthalmus joão-botina R A End. MA x
Anumbius annumbi cochicho R C x x
Cranioleuca sulphurifera arredio-de-papo-manchado R F End. C x
Cranioleuca pyrrhophia arredio R F x
RHYNCHOCYCLIDAE
Phylloscartes ventralis borboletinha-do-mato R F x
TYRANNIDAE
Elaenia mesoleuca tuque M F x
Elaenia obscura tucão R B x
Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela R B x x
Elaenia parvirostris guaracava-de-bico-curto M B x x
Camptostoma obsoletum risadinha R B x 0,1
Serpophaga nigricans joão-pobre R A x
Serpophaga subcristata alegrinho R B x 0,2
Myiophobus fasciatus filipe M B x
Pyrocephalus rubinus príncipe M C x x
Lessonia rufa colegial S A x
Knipolegus cyanirostris maria-preta-de-bico-azulado R B x
Hymenops perspicillatus viuvinha-de-óculos S A x x
Satrapa icterophrys suiriri-pequeno R C x x
Xolmis irupero noivinha R C x 0,2
Xolmis dominicanus noivinha-de-rabo-preto R A x
Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro R C x x
Pitangus sulphuratus bem-te-vi R B x 0,1
Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado M F x x
Tyrannus melancholicus suiriri M B x 0,2
Tyrannus savana tesourinha M C x x
Pseudocolopteryx sclateri tricolino R A x

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


181
DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

Lathrotriccus euleri enferrujado M F x


Myiarchus swainsoni irré M F x
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis gente-de-fora-vem ou pitiguari R F x x
Vireo olivaceus juruviara M F x x
HIRUNDINIDAE
Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa R AE x 0,1
Alopochelidon fucata andorinha-morena R AE x
Progne tapera andorinha-do-campo M AE x 0,8
Progne chalybea andorinha-doméstica-grande M AE x
Tachycineta meyeni andorinha-chilena S AE x
Tachycineta leucorrhoa andorinha-de-testa-branca R AE x
Riparia riparia andorinha-do-barranco N AE x
Hirundo rustica andorinha-de-bando N AE x 0,1
TROGLODYTIDAE
Troglodytes musculus corruíra R B x 0,6
Cistothorus platensis corruíra-do-campo D C x
POLIOPTILIDAE
Polioptila dumicola balança-rabo-de-máscara R B x x
TURDIDAE
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira R F x x
Turdus amaurochalinus sabiá-poca R B x 0,1
Turdus albicollis sabiá-coleira R F x
MIMIDAE
Mimus saturninus sabiá-do-campo R C x 0,2
Mimus triurus calhandra-de-três-rabos S C x
MOTACILLIDAE
Anthus lutescens caminheiro-zumbidor R C x
Anthus furcatus caminheiro-de-unha-curta R C x
Anthus correndera caminheiro-de-espora R C x x
Anthus hellmayri caminheiro-de-barriga-acanelada R C x
COEREBIDAE

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


182
DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

Coereba flaveola cambacica R B x


THRAUPIDAE
Lanio cucullatus tico-tico-rei R B x x
Tangara sayaca sanhaçu-cinzento R B x 0,1
Pipraeidea bonariensis sanhaçu-papa-laranja R B x x
Stephanophorus diadematus sanhaçu-frade R F x
EMBERIZIDAE
Zonotrichia capensis tico-tico R C x 0,5
Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo R C x 0,4
Donacospiza albifrons tico-tico-do-banhado R A x
Poospiza nigrorufa quem-te-vestiu R A x x
Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro R C x 0,4
Sicalis luteola tipio R C x 0,6
Emberizoides herbicola canário-do-campo R C x
Emberizoides ypiranganus canário-do-brejo R A x
Embernagra platensis sabiá-do-banhado R A x 0,1
Volatinia jacarina tiziu R C x
Sporophila collaris coleiro-do-brejo R A x x
Sporophila caerulescens coleirinho R B x x
Sporophila palustris caboclinho-de-papo-branco M# A End. C x
Paroaria coronata cardeal R C x x
PARULIDAE
Parula pitiayumi mariquita R F x x
Geothlypis aequinoctialis pia-cobra R A x x
Basileuterus culicivorus pula-pula R F x x
Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assobiador R F End. MA x x
ICTERIDAE
Amblyramphus holosericeus cardeal-do-banhado R A x 0,1
Agelasticus thilius sargento R A x 0,3
Chrysomus ruficapillus garibaldi R A x
Pseudoleistes virescens dragão R A x x
Agelaioides badius asa-de-telha R B x x

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


183
DADOS PRIMÁRIOS/IPA
DADOS SECUNDÁRIOS
STATUS OCORRÊNCIA

ENDEMICO
HABITAT
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR

Molothrus rufoaxillaris vira-bosta-picumã R C x


Molothrus bonariensis vira-bosta R C x 0,1
Icterus cayanensis encontro R B x x
Sturnella superciliaris polícia-inglesa R C x x
FRINGILLIDAE
Sporagra magellanica pintassilgo R B x x
Euphonia chlorotica fim-fim R F x
ESTRILDIDAE
Estrilda astrild bico-de-lacre R B x
PASSERIDAE
Passer domesticus pardal R B x 0,1
Legenda: Status de Ocorrência: Residente anual (R); Residente de primavera/verão migratório, nidifica
no RS (M); Visitante migratório vindo do Cone Sul do Continente (S); Visitante migratório vindo do
Hemisfério Norte (N); Visitante pelágico vindo do Hemisfério Sul (P); Visitante pelágico vindo do
Hemisfério Norte (PN); Status desconhecido (D); Vagante (V); Status assumido mas não confirmado
(#);(End. C) - Endêmico de Campo; (End. MA) - Endêmico de Mata Atlântica. Habitat: (F) - Floresta; (B) -
Borda; (C) - Campo; (A) - Áreas Úmidas; (AE) – Aéreo. IPA – Índice Pontual de Abundância.

Tyrannidae
10%

Emberizidae
7%

Outras Ardeidae
53% 6%

Icteridae
6%
Columbidae
5%
Furnariidae
Rallidae Anatidae 5%
4% 4%
Figura 30: Representação gráfica da distribuição de espécies por famílias (dados primários).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


184
O levantamento de dados primários não agregou nenhuma espécie diferente das
já amostradas na APA da Lagoa Verde e suas áreas limítrofes. Contudo contribuiu
para confirmação de espécies importantes na área.

Entre as espécies observadas, em campo, nove são residentes de


primavera/verão - migratório e nidificam no Estado, cinco são visitantes migratórios
vindo do Hemisfério Norte, uma é visitante migratório vindo do Cone Sul do Continente
e as demais espécies são residentes no Estado (BENCKE, 2001). Hymenops
perspicillatus (a espécie visitante do Cone Sul) é considerada residente o ano todo no
Estado por Belton (2003), no entanto, o mesmo autor afirma haver um aumento
significativo no número de espécimes durante o outono e inverno.

Algumas espécies tiveram suas abundâncias destacadas em relação às demais


nos pontos de escuta, apresentando o IPA próximo a 1 (Tabela 28). Seis delas são
residentes e abundantes em todo o Estado – Vanellus chilensis, Myiopsitta monachus,
Furnarius rufus, Troglodytes musculus, Zonotrichia capensis e Sicalis luteola,
(BELTON, 2003), habitando, preferencialmente, áreas campestres. Progne tapera é
um exemplar migratório abundante na maior parte do Estado.
A heterogeneidade de ambientes ocupados pelas aves no presente levantamento,
apresentado na Figura 31, é a clara evidência da diversidade local. A área campestre
forma a matriz predominante da fitofisionomia, seguida pelos banhados e demais
áreas úmidas. Alguns poucos capões nativos formam os ambientes florestais. Cerca
de 42% das aves avistadas durante os trabalhos de campo possuem suas vidas
relacionadas a ambientes mais úmidos, relevando a importância dessas áreas.

Borda, vegetação
arbustiva (B)
21%

Campo (C)
26% Aereo (AE)
3%
Floresta (F)
8%
Área Úmida
(A)
42%

Figura 31: Ambientes ocupados pelas aves na área de influência da APA da Lagoa Verde
(dados primários).

A curva de suficiência amostral mostrou uma tendência ao aumento do número de


espécies (Figura 32). De acordo com trabalhos feitos próximo e/ou na área de
influência da APA, apresentados como dados secundários, o número total de espécies
que podem se beneficiar com o ambiente da APA chega a 223 espécies.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


185
140
Riqueza de espécies 120

100

80

60

40

20

0
1º dia 2º dia 3º dia 4º dia
Dias amostrados

Figura 32: Curva de suficiência amostral durante o inventário da avifauna na APA da Lagoa
Verde.

A junção dos dados primários e secundários totalizou 223 espécies de aves para a
região da APA da Lagoa Verde, representando mais de um terço das aves presentes
no Estado. Desse total, cerca de cinquenta por cento são aves que habitam áreas
úmidas, e para isso, necessitam da manutenção das mesmas (Figura 34).

Floresta (F)
Campo (C) 9%
21%

Borda,
vegetação
Área Úmida arbustiva (B)
(A) 17%
49%

Aereo (AE)
4%

Figura 33: Ambientes ocupados pelas aves na área de influência da APA da Lagoa Verde
(dados primários e secundários).

O número de espécies endêmicas é aparentemente baixo (Tabela 28), no entanto,


as cinco espécies endêmicas de áreas campestres representam mais de setenta por
cento das espécies endêmicas de campo do Rio Grande do Sul. Os registros de
espécies endêmicas de mata atlântica numa região campestre consistem em espécies
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
186
com maior plasticidade ecológica, tendo os seus limites de distribuição um pouco além
dos limites fitofisionômicos.

Dias e Maurício (1998) destacaram, em suas conclusões, a importância da


conservação da região da APA da Lagoa Verde para a avifauna. Citam o destaque a
nível internacional da área, visto que foi o único local com registro regular de Larus
atlanticus e também por representar um importante habitat para aves migratórias,
vindas do hemisfério norte e regiões mais austrais da América do Sul.

O Programa de Áreas Importantes para a Conservação das Aves (Important Birds


Areas - IBAs) da BirdLife International é uma iniciativa global que visa a identificar e
proteger uma rede mundial de áreas críticas para a conservação das aves. No Rio
Grande do Sul doze IBAs foram sugeridas (Figura 34) e a APA está situada na “RS09 -
Estuário da Laguna dos Patos” (BENCKE et al., 2006). Para serem consideradas IBAs
espécies ameaçadas de extinção, com distribuição restrita, seja de algum bioma ou de
espécies congregantes, devem ser registradas no ambiente. A IBA em questão possui
registro confirmado de espécies ameaçadas, congregantes e em alguns anos pode
registrar concentrações correspondentes a grande parte da população de Cygnus
melancoryphus (cisne-de-pescoço-preto) do Estado (BENCKE et al., 2006).

Figura 34: Áreas importantes para conservação das aves no Rio Grande do Sul. Fonte: Projeto
Biodiversidade RS.

4.6.2.2.4 Mastofauna

Como resultado do levantamento de dados primários, apresenta-se uma lista com


29 espécies de mamíferos registrados em campo. Três espécies são consideradas de
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
187
interesse conservacionista: uma ameaçada de extinção e duas deficientes em dados
segundo as listas vermelhas analisadas (FONTANA et al., 2003; CHIARELLO et al.,
2008; IUCN, 2010). Cinco espécies são alóctones a fauna brasileira (Tabela 29).
Tabela 29 - Lista das espécies de mamíferos registrados durante o levantamento de dados
primários da mastofauna da APA da Lagoa Verde.

TÁXON NOME VERNÁCULO MÉTODO DE REGISTRO

DIDELPHIMORPHIA
DIDELPHIDAE
Cryptonanus guahybae¹ Cuica Eg
Didelphis albiventris Gambá-de-orelha-branca Vis-Ras
Lutreolina crassicaudata Cuica-da-cauda-grossa Cap
CINGULATA
DASYPODIDAE
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha Vis-Ves
Dasypus hybridus Tatu-mulita Vis-Ves
RODENTIA
CRICETIDAE
Calomys laucha Camundongo Eg
Deltamys kempi Rato-do-chão Cap-Eg
Holochilus brasiliensis Rato-do-junco Eg
Oligoryzomys nigripes Camundongo-do-mato Cap
Oligoryzomys flavescens Camundongo-do-campo Eg
Oxymycterus nasutus Rato-focinhudo Cap-Eg
Scapteromys tumidus Rato-d'água Cap
MURIDAE
Rattus norvergicus Ratazana Vis
Rattus rattus Rato-das-casas Eg
Mus musculus Camundongo-doméstico Cap-Eg
CTENOMYDAE
Ctenomys torquatus Tuco-tuco Cap-Vis-Ves-Eg
CAVIIDAE
Cavia magna Preá Vis-Ves
Hydrochoerus hydrochaeris Capivara Vis
MYOCASTORIDAE
Myocastor coypus Ratão-do-banhado Vis-Eg
CHIROPTERA
MOLOSSIDAE

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


188
TÁXON NOME VERNÁCULO MÉTODO DE REGISTRO

Tadarida brasiliensis Morcego-das-casas Cap-Col


Molossus molossus Morcego-da-cauda-grossa Cap-Col
VESPERTILIONIDAE
Myotis nigricans Morcego-borboleta Cap-Col
LAGOMORPHA
LEPORIDAE
Lepus europaeus Lebre Vis-Ves
CARNIVORA
CANIDAE
Cerdocyon thous Graxaim-do-mato Ves-Fot
MUSTELIDAE
Galictis cuja Furão Ves
Lontra longicaudis Lontra Ves
MEPHITIDAE
Conepatus chinga Zorrilho Vis-Ves
PROCYONIDAE
Procyon cancrivorus Mão-pelada Ves-Fot
ARTIODACTYLA
SUIDAE
Sus scrofa Porco-mateiro Ves-Fot
Legenda: Formas de registro: Vis= busca ativa/visualização; Ves= busca por vestígios (determinação indireta); Cap=
captura em armadilha não letal; Eg= egagrópilos; Red= captura em rede de neblina; Col= busca por colônias.
¹Determinação de acordo com VOSS et al. (2002).

A representação gráfica do número acumulado de espécies ao longo dos cinco


dias de amostragem (curva de suficiência amostral) apresenta o mesmo padrão
crescente ao longo da execução dos trabalhos de campo (Figura 35). Até o quarto dia
de amostragem (96h), nota-se uma inclinação acentuada da curva em relação ao eixo
“X”. Esta inclinação indica um grande aporte de espécies novas, perfazendo 96% da
diversidade registrada (29 espécies). Ao final do quinto dia (120h) a curva ainda
apresenta nítida, porém lenta, tendência ao crescimento, demonstrando a importância
do complemento da listagem através do levantamento de dados secundários.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


189
Gráfico de suficiência amostral

40
35
Espécies acumuladas

30
25
20
15
10
5
0
24 48 72 96 120
Horas acumuladas

Figura 35 - Curva de suficiência amostral gerada durante o levantamento de dados primários


da mastofauna da APA da Lagoa Verde.

Apesar das alterações provocadas pela ação humana, a APA da Lagoa Verde
ainda abriga uma rica fauna de mamíferos, constituindo-se em um reduto valioso para
diversas espécies. Entre as principais ameaças, esta a eminente expansão urbana e
industrial, a qual compromete a disponibilidade de habitats para muitas espécies de
médio/grande porte. Os atropelamentos são frequentes visto a ausência de redutores
de velocidade, barreiras e passagens de fauna ao longo das diversas estradas e
acessos que interceptam a área de interesse. Em contraponto, pequenos roedores,
marsupiais e quirópteros passam despercebidos perante a população humana e
podem até obter favorecimento em decorrência das condições adversas a predadores
nativos e da disponibilidade de abrigos e alimentos de origem antrópica (Figura 36). A
seguir são comentados os resultados obtidos com as metodologias direcionadas a
cada grupo amostrado:

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


190
Pequeno não
voador
48%
Voador
10%

Médio e
grande porte
42%

Figura 36: Composição da comunidade de mamíferos verificada durante o levantamento de


dados primários da APA da Lagoa Verde.

Mamíferos de Médio e Grande Porte (>1kg)

Durante o levantamento de dados primários foram registradas 12 espécies de


mamíferos de médio e grande porte. Este número representa 41,37% da riqueza total
verificada em campo.

A frequência de ocorrência de registros indiretos foi muito baixa, apesar do esforço


amostral empregado (Tabela 30). Ao analisarmos os resultados de forma conjunta,
verificamos que a frequência máxima de 34% reflete a ocorrência “ocasional” ou
“incomum” de encontros de fezes, tocas, pegadas e demais indícios indiretos da
presença das espécies nos transectos.
Tabela 30: Frequência de ocorrência (FO%) das espécies de mamíferos registrados em
transectos lineares durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da
Lagoa Verde.
TRANSECTO LINEAR
ESPÉCIE FO% STATUS
T1(B) T2(B) T3(B) T4(F) T5(F) T6(F) T7(C) T8(C) T9(C)

Didelphis albiventris - - - x x x - - - 34 Incomum


Dasypus novemcinctus - - - - - - - - x 11 Ocasional
Dasypus hybridus - - - - - - x - - 11 Ocasional
Hydrochoerus hydrochaeris x - - - - - - - - 11 Ocasional
Myocastor coypus x - - - - - - - - 11 Ocasional
Lepus europaeus - - - - - - x x x 34 Incomum
Cerdocyon thous x - - x - - - - - 22 Ocasional
Galictis cuja - - - - - - x - - 11 Ocasional

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


191
TRANSECTO LINEAR
ESPÉCIE FO% STATUS
T1(B) T2(B) T3(B) T4(F) T5(F) T6(F) T7(C) T8(C) T9(C)

Lontra longicaudis x x x - - - - - - 34 Incomum


Conepatus chinga - - - - - - x - - 11 Ocasional
Procyon cancrivorus x - - x - - - - - 22 Ocasional
Sus scrofa - - - x - - - - - 11 Ocasional
Riqueza por transecto (n) 5 1 1 4 1 1 4 1 2 - -
Riqueza por transecto (%) 42 8 8 34 8 8 34 8 16 - -
Legenda: Tx(B): Transectos realizados em banhado; Tx(C): Transectos realizados em campo seco; Tx(F):
Transectos realizados em fragmento florestal; n: valor absoluto; %: porcentagem.

A média de espécies verificadas por transecto foi de 2,2 ± 0,54 SE. No entanto,
destacamos o T1 em banhado; o T4 em fragmento florestal e o T7 em ambiente
campestre como detentores da maior diversidade registrada. A dissimilaridade entre
estes três transectos e entre os demais é clara ao verificarmos a análise de
agrupamento (Clustering) (Figura 37). Os três transectos em questão apresentaram
registros exclusivos do ratão-do-banhado (Myocastor coypus) e da capivara
(Hydrochoerus hydrochaeris) em T1; do porco-mateiro (Sus scrofa) em T4; e do furão
(Galictis cuja), do zorrilho (Conepatus chinga) e dos tatus (Dasypus spp) em T7.
Ao analisarmos os transectos separadamente, levando em consideração o
ambiente amostrado, é possível verificar que a lontra (Lontra longicaudis), o gambá-
de-orelha-branca (Didelphis albiventris) e a Lebre (Lepus europaeus) apresentaram
100% de ocorrência exclusiva aos transectos realizados em banhado, fragmento
florestal e campo seco, respectivamente. Este fato demonstra certa especialidade em
relação ao uso dos habitats locais por estas espécies.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


192
T8(C)

T9(C)

T7(C)
T2(B)

T3(B)

T5(F)

T6(F)

T4(F)

T1(B)
0

-0.3

-0.6

-0.9

-1.2
Similarity

-1.5

-1.8

-2.1

-2.4

-2.7

-3
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Figura 37: Similaridade e coeficiente de afinidade de Jaccard (Cj) com posterior análise de
agrupamento (Clustering) entre os transectos realizados nos diferentes ambientes durante o
levantamento de dados primários da mastofauna da APA da Lagoa Verde. Tx(F): Transectos
realizados em fragmento florestal; Tx(C): Transectos realizados em campo seco; Tx(B):
Transectos realizados em banhado.

Os transectos não-lineares realizados a noite não foram efetivos para detecção de


mamíferos de médio e grande porte. Todas as visualizações ocorreram de maneira
ocasional (n= 16), ocorrendo durante a realização de outras metodologias (L.
europaeus, n= 1), decorrentes de atropelamentos (D. albiventris, n=7; M. coypus, n=1;
L. europaeus, n= 1; D. novemcinctus, n=1; C. chinga, n=1) ou morte diversa (D.
novemcinctus, n=1; H. hydrochaeris, n=1; M. coypus, n=2). Os registros fotográficos
corresponderam a um índice de captura de 44%. Ocorreram apenas em AF-3 e AF-4,
possibilitando a detecção do graxaim-do-mato (C. thous, n= 8), do mão-pelada (P.
cancrivorus, n= 1) e do porco-mateiro (S. scrofa, n= 2) (Foto 62). A combinação deste
método com os registros visuais obtidos permitiram contabilizar de maneira segura 27
espécimes de mamíferos de médio e grande porte. Desta forma destacamos o
graxaim-do-mato (Cerdocyon thous) (Foto 62) e o gambá-de-orelha-branca (Didelphis
albiventris) com 29,6% e 25,9% dos registros, respectivamente.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


193
Foto 61 - graxaim-do-mato
(Cerdocyon thous).

Foto 62 - mão-pelada (Procyon


cancrivorus).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


194
100 9
90 8
80 7
70 6
60
MNI%

5
50
4
40
30 3
20 2
10 1
0 0

Figura 38 - Percentual do número mínimo de indivíduos (MNI%) (colunas) e frequência


absoluta (linhas) de mamíferos de médio e grande porte registrados por determinação direta e
armadilhas fotográficas durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da
Lagoa Verde.

Mamíferos Não-voadores de Pequeno Porte (≤ 1kg)

Durante o levantamento de dados primários foram registradas 14 espécies de


mamíferos não-voadores de pequeno porte, representando 48,27% da riqueza total
verificada em campo. Apesar da ausência de registros de espécies ameaçadas,
destacamos que o conhecimento geral em relação aos pequenos mamíferos no RS é
considerado incipiente e necessita de maiores investigações de cunho ecológico,
genético e sistemático (CHRISTOFF, 2003). Em geral, os pequenos roedores e
marsupiais são espécies mais vulneráveis às alterações ambientais, atuando como
bioindicadores de áreas naturais e servindo como excelentes objetos de estudo para
investigação de padrões e processos ecológicos devido à baixa capacidade de
dispersão e à resposta rápida às alterações ambientais (PARDINI & UMETSU, 2006).
Adicionalmente, contribuem ecologicamente para os ambientes no quais habitam,
interagindo nos processos de dispersão de sementes, polinização, predação e
herbivoria (CASELLA & CÁCERES, 2006).

O uso de armadilhas convencionais modelo Sherman e Tomahawk resultou no


sucesso de captura total de 5,14%. Este índice certamente condiz com a falta de
recursos decorrente do período sazonal. Amostragens de inverno ou primavera
poderiam aproximar o índice total ao índice verificado em A1 (12%). Neste local, as
armadilhas foram dispostas entre o banhado e o aterro construído para sustentar a via
férrea. A concentração de umidade, abrigo e alimento (soja, arroz e trigo) proveniente
dos carregamentos ferroviários, aliado a ausência de gado, torna as condições do
hábitat diferenciadas em relação ao observado em A2 e A3 (Tabela 31). O índice de
diversidade de Shannon-Wiener em A1 foi de 1,05, representado pelas capturas
exclusivas do rato-do-chão (Deltamys kempi), rato-d‟água (Scapteromys tumidus –
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
195
Foto 63) e camundongo-doméstico (Mus musculus), o roedor mais capturado com o
método.

Foto 63 - Rato-d‟água (Scapteromys


tumidus) capturado com armadilha
Tomahawk durante o levantamento
de dados primários da mastofauna
da APA da Lagoa Verde.

O interior do fragmento florestal representado por A2 apresentava ausência de


sub-bosque, estando claramente impactado pela ação de bovinos e porcos-mateiros
(Sus scrofa). Deste modo, as capturas neste ambiente ocorreram nas armadilhas
dispostas nas bordas O índice de diversidade de Shannon-Wiener em A2 foi de 1,04,
representado pelas capturas exclusivas da cuíca-da-cauda-grossa (Lutreolina
crassicaudata) e do camundongo-do-mato (Oligoryzomys nigripes).

As amostragens em campo seco (A3) não foram produtivas. Até mesmo os canais
de drenagem estavam secos em decorrência da estiagem de verão. No entanto, a
avaliação estatística das capturas nos três pontos não é suficiente para diferir
significativamente entre os ambientes (H= 4,44; p= 0,1), sobretudo devido ao baixo
sucesso de capturas.
Tabela 31 - Espécies de pequenos mamíferos não-voadores registrados através de captura
com armadilha não-letal, da análise de egagrópilas de coruja e encontros ocasionais durante o
levantamento de dados primários da mastofauna da APA da Lagoa Verde.
OCASIONA
EGAGRÓPILAS TOTAL
ARMADILHAS L

SHERMAN/ LEG
TÁXON
A.
HOL T.
CUNICULARI VES* VIS (n) (%)
TOMAHAWK D ALBA
A

A1 A2 A3 A3

Cryptonanus guahybae - - - - 1 - - - 1 0,6


Lutreolina crassicaudata - 1 - - - - - - 1 0,6
Calomys laucha - - - - 2 1 - - 3 1,9

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


196
OCASIONA
EGAGRÓPILAS TOTAL
ARMADILHAS L

SHERMAN/ LEG
TÁXON
A.
HOL T.
CUNICULARI VES* VIS (n) (%)
TOMAHAWK D ALBA
A

A1 A2 A3 A3

Deltamys kempi 1 - - - 2 - - - 3 1,9


Holochilus brasiliensis - - - - 18 1 - - 19 11,58
Oligoryzomys nigripes - 2 - - - - - - 2 1,2
Oligoryzomys flavescens - - - - 1 - - - 1 0,6
Oxymycterus nasutus 2 2 - - 2 1 - - 7 4,2
Scapteromys tumidus 3 - - - - - - - 3 1,9
Rattus norvergicus - - - - - - - 89 89 54,26
Rattus rattus - - - - - 1 - - 1 0,6
Mus musculus 10 - - - 12 - - - 22 13,41
Ctenomys torquatus - - - 2 6 - x 2 10 6,09
Cavia magna - - - - - - x 2 2 1,2
Total (n) 16 5 0 2 44 4 - 93 164 100
Sucesso de captura (%) 12 4 0
Sucesso de captura (%) 5,14
Legenda: n= frequência absoluta; A= transecto; Ves= vestígio; Vis= visual. *Registros indiretos e não
quantificados.

A análise de egagrópilos de coruja possibilitou a análise de 44 espécimes


predados por coruja-do-campo (Athene cunicularia) e quatro espécimes predados pela
coruja-de-igreja (Tyto alba). Este material forneceu o registro exclusivo da cuíca
(Cryptonanus guahybae), do camundongo (Calomys laucha), do camundongo-do-
campo (Oligoryzomys flavescens), do rato-do-junco (Holochilus brasiliensis) e do rato-
das-casas (Rattus rattus). Neste caso destacamos também a grande
representatividade do rato-do-junco (Holochilus brasiliensis), na comunidade de
pequenos mamíferos não-voadores inventariada (Foto 64).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


197
Foto 64 - Fragmentos ósseos
individuais de pequenos
mamíferos predados por coruja-
do-campo (Athene cunicularia)

Registros ocasionais obtidos durante a metodologia de busca ativa para


mamíferos de médio e grande porte resultaram no avistamento de 89 ratazanas
(Rattus norvergicus, Foto 65). Todos os indivíduos foram visualizados as margens da
estrada do Porto, em trecho de apenas 1km entre 22H 395103/ 6446714 e 22H
395170/6445998. A vistoria do local possibilitou verificar o uso dos taludes da rodovia
como abrigo e a utilização de soja, trigo e arroz proveniente dos carregamentos ao
Porto de Rio Grande como recurso alimentar.

Foto 65 - Ratazana (Rattus


norvergicus) atropelada e registrada
durante o levantamento da
mastofauna da APA na Lagoa
Verde.

O tuco-tuco (Ctenomys torquatus) foi confirmado através da captura de dois


espécimes em armadilhas leghold, dois registros de atropelamento nas rodovias e
acessos locais e seis predações por coruja-do-campo. Seus abrigos foram
constantemente localizados nas áreas livres de alagamento ao longo de toda a área
de interesse. Taludes de estradas, campos drenados, bordas de fragmentos florestais,
pátios de residência ou em qualquer área campestre arenosa e com pouca vegetação
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
198
é possível identificar os dutos e galerias atribuídas à espécie (Foto 67). Apesar de não
constar nas listas vermelhas oficiais, Fernandes et al. (2007) considera o atual nível de
conhecimento sobre a espécie suficiente para aferir a vulnerabilidade do gênero no
Brasil. Alterações no solo tem consequências negativas consideráveis para
manutenção das populações deste roedor (CANEVARI & BALBOA, 2003). Ademais, a
espécie é combatida por ser considerada praga agrícola, situação confirmada na
metade sul do Estado em Peters et al. (no prelo). Estes fatos justificam a necessidade
de áreas de proteção que contemplem campos nativos e demais habitats favoráveis
aos ctenomídeos.

Foto 66 - Tuqueiras localizadas


em talude de rodovia BR 392.

Foto 67 - Tuco-tuco (Ctenomys


torquatus) capturado em
armadilha Leghold durante o
levantamento da mastofauna
da APA na Lagoa Verde.

Os pequenos marsupiais compreendem um grupo de mamíferos cujo


conhecimento ecológico e taxonômico é atualmente precário (CHIARELLO et al.,
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
199
2008). A cuíca-da-cauda-grossa (Lutreolina crassicaudata) e a cuíca (Cryptonanus
guahybae) são típicas de áreas campestres de inundação e áreas florestais,
respectivamente, distribuindo-se em associação com estes ambientes (PARERA,
2002) (Foto 68).

Foto 68 - Cuíca-da-cauda-grossa
(Lutreolina crassicaudata)
capturada em armadilha Tomahawk
durante o levantamento da
mastofauna da APA Na Lagoa
Verde.

Analisando as características ecológicas dos pequenos roedores registrados em


campo, nota-se a prevalência das espécies campestres, vinculadas a áreas úmidas,
como Holochilus brasiliensis, Scapteromys tumidus, Oxymycterus nasutus,
Oligoryzomys flavescens, Deltamys kempi (Foto 69, Foto 70).

Foto 69 - Camundongo-do-mato
(Oligoryzomys nigripes).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


200
Foto 70 - Rato-focinhudo
(Oxymycterus nasutus).

Mamíferos Voadores (Quirópteros)

Durante o levantamento de dados primários foram registradas apenas três


espécies de quirópteros, o que representa 10,3% da riqueza total verificada em
campo. As espécies de morcegos registradas não estão enquadradas em nenhuma
categoria de ameaça, no entanto, os habitats disponíveis oferecem interessantes
indícios e argumentos para visualizar a área de interesse como relevante sítio de
preservação ao grupo. Assim como já mencionado no item “pequenos mamíferos não-
voadores”, fatores sazonais podem ter sido determinante para a baixa diversidade
verificada. A ausência de recursos alimentares foi evidente para a não captura de
morcegos frugívoros e nectarívoros (Phyllostomidae).

As espécies capturadas são generalistas e sinantrópicas, sendo muito comum a


utilização de abrigos urbanos (PACHECO et al., 2010) (Tabela 32). O morcego-
borboleta (Myotis nigricans) (Foto 71), morcego-da-cauda-grossa (Molossus molossus)
(Foto 72), e o morcego-das-casas (Tadarida brasiliensis) apresentam hábitos
alimentares insetívoros sendo muito importantes no controle de pragas, incluindo
insetos considerados vetores e reservatórios de enfermidades (e.g. Diptera).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


201
Foto 71 - morcego-borboleta
(Myotis nigricans).

Foto 72 - morcego-da-cauda-
grossa (Molossus molossus).

De forma complementar procedeu-se à busca por colônias de quirópteros. Através


deste método foi possível registrar o uso de zonas peri-urbanas para manutenção das
colônias. Foram localizados quatro abrigos pertencentes às mesmas espécies já
capturadas. Um dos abrigos era ocupado por um grupo misto de morcego-das-casas
(Tadarida brasiliensis) e morcego-borboleta (Myotis nigricans) (Foto 73).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


202
Foto 73 - Morcego-das-casas
(Tadarida brasiliensis).

Tabela 32 - Espécies de quirópteros registrados através de captura com redes de neblina e


busca por colônias durante o levantamento de dados primários da mastofauna da APA da
Lagoa Verde.

REDES BUSCA POR COLÔNIAS

R R R
TÁXON
1 2 3 n TIPO DE COORDENADAS
MÍNIMO ABRIGO (UTM 22H)
n

Forro de
15< 387343/ 6443194
residência
Molossus
8 - -
molossus
Forro de
5< 388036/ 6444340
residência

Tadarida Forro de
- 3 - 2< 388212/ 6444626
brasiliensis residência

Forro de
- - 2 5< 388212/ 6444626
Myotis nigricans residência

Total 8 3 2 27< - -

Legenda: n= frequência absoluta; R= rede de neblina.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


203
Dados Secundários

A análise de dados secundários permitiu contabilizar 28 espécies. O levantamento


do material depositado em coleções e os estudos técnico-científicos desenvolvidos na
região permitiram confirmar a ocorrência de mais duas espécies para a APA da Lagoa
Verde. Vinte e seis espécies foram citadas para o município de Rio Grande, portanto,
foram consideradas de ocorrência potencial para a área de interesse. Onze espécies
são de interesse conservacionista segundo as listas vermelhas analisadas, sendo sete
consideradas ameaçadas e quatro deficientes em dados biológicos (Tabela 33).

O gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi) e o graxaim-do-campo (Lycalopex


gymnocercus) foram às únicas espécies já confirmadas para a APA da Lagoa Verde e
não registradas na ocasião da amostragem. Em relação aos registros de mamíferos de
médio e grande porte descritos para a APA da Lagoa Verde em Quintela et al. (2007),
há citação da ocorrência do tatu-mulita (Dasypus septemcinctus) e da lebre (Lepus
capensis). No caso da lebre, optamos em seguir as considerações de Hoffmann &
Smith (2005), os quais consideram L. europaeus como lagomorfo alóctone atualmente
em estado selvagem na América do Sul. Ihering (1892) já citava a possibilidade de
erro na identificação do tatu-mulita com ocorrência para o RS. Segundo Gardner
(2005), D. septemcinctus apresenta ocorrência para a bacia Amazônica, Bolívia,
Paraguai e norte da Argentina. Neste caso, foi conveniente considerar o registro de D.
septemcinctus como sinônimo de D. hybridus, já confirmada para a região mediante
dados primários.

O trabalho em campo combinado com a análise de dados secundários permite


uma diagnose robusta em relação à biodiversidade confirmada e potencial para a APA
da Lagoa Verde. Após a listagem de Silva (1994), são reconhecidos por González &
Marin, (2004) e Jardim (2007) cerca de 170 espécies de mamíferos para o RS. Desta
forma podemos dizer que as 57 espécies aqui compiladas representam
aproximadamente 33% deste grupo faunístico, justificando os esforços em inventário
de fauna local como forma inicial ao direcionamento de estudos específicos e
monitoramentos ambientais.
Tabela 33: Lista das espécies de mamíferos registradas através de levantamento de dados
secundários para o município de Rio Grande (ocorrência potencial) e APA da Lagoa Verde
(ocorrência confirmada).

REFERÊNCIAS ANALISADAS
NOME
TÁXON
VERNÁCULO APA LAGOA
RIO GRANDE
VERDE

DIDELPHIMORPHA

DIDELPHIDAE

Monodelphis
Cuíca-anã - GARDNER, 2007
dimidiata

CINGULATA

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


204
REFERÊNCIAS ANALISADAS
NOME
TÁXON
VERNÁCULO APA LAGOA
RIO GRANDE
VERDE

DASYPODIDAE

Euphractus
Tatu-peludo - QUINTELA, et al., 2010
sexcinctus

PILOSA

MYRMECOPHAGID
AE

Tamandua
Tamanduá-mirim - ROSA et al., 2010
tetradactyla

CRICETIDAE

Akodon azarae Rato-do-chão - BONVICINO et al., 2008

Akodon montensis Rato-do-chão - BONVICINO et al., 2008

Akodon reigi Rato-do-chão - BONVICINO et al., 2008

Brucepattersonius
Rato - BONVICINO et al., 2008
iheringi

Wilfredomys oenax Rato-do-mato - BONVICINO et al., 2008

CTENOMIDAE

Ctenomys flamarioni Tuco-tuco-branco - FERNADES et al., 2007

CAVIIDAE

Cavia aperea Preá MCNU-925

CUNICULIDAE

Cuniculus paca Paca - BONVICINO et al., 2008

CHIROPTERA

PHYLLOSTOMIDAE

Morcego-beija-
Anoura caudifera - PORCIUNCULA et al., 2007
flor

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


205
REFERÊNCIAS ANALISADAS
NOME
TÁXON
VERNÁCULO APA LAGOA
RIO GRANDE
VERDE

Desmodus rotundus Morcego-vampiro - MCN-1765

Glossophaga Morcego-beija-
- PORCIUNCULA et al., 2007
soricina flor

Sturnira lilium Morcego-fruteiro - GANNON et al., 1989

MOLOSSIDAE

Nyctinomops
Morcego - WEBBER et al., 2007
laticaudatus

VESPERTILIONIDA
E

Eptesicus Morcego-das-
- MCN-1648
brasiliensis casas

Morcego-
Histiotus montanus - GARDNER, 2007
orelhudo

Morcego-
Histiotus velatus - PORCIUNCULA et al., 2007
orelhudo

Lasiurus ega Morcego - MCN-1687

Lasiurus borealis Morcego-grisalho - MCN-1656

Morcego-
Myotis albescens - QUINTELA, et al., 2008
borboleta

Morcego-
Myotis levis - MCN-1651
borboleta

Morcego-
Myotis riparius - GARDNER, 2007
borboleta

CARNIVORA

FELIDAE

Leopardus colocolo Gato-palheiro - PORCIUNCULA et al., 2006

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


206
REFERÊNCIAS ANALISADAS
NOME
TÁXON
VERNÁCULO APA LAGOA
RIO GRANDE
VERDE

Gato-do-mato-
Leopardus geoffroyi MCNU-2292 -
grande

INDRUSIAK & EISIRIK,


Puma yagouaroundi Gato-mourisco -
2003

CANIDAE

Lycalopex Graxaim-do- QUINTELA, et


-
gymnocercus campo al., 2007

Legenda: Formas de registro: MCNU= Museu de Ciências Naturais da Universidade Luterana do Brasil; MCN= Museu
de Ciências Naturais da Fundação Zoo-botânica do Rio Grande do Sul.

A área de interesse abriga grande diversidade, apesar da marcada fragilidade


ecológica do ecossistema em que esta inserida. As ocorrências apresentadas neste
trabalho, principalmente no que se refere aos carnívoros, são de grande importância
ecológica, visto as altas condições ambientais necessárias à manutenção deste grupo.
São predadores ativos que necessitam de extensas áreas para o desenvolvimento de
suas atividades, especialmente no que se refere a alimentação e reprodução. A
diversidade de pequenos mamíferos verificados também é de importância significativa.
Atuando como dispersores de sementes (VIEIRA & DALMAGRO, 2005) e como base
de teias alimentares, ocupam o nível trófico de consumidores primários em ambientes
aquáticos (Holochilus brasiliensis), campestres (Ctenomys torquatus e Cavia magna) e
florestais (Oligoryzomys nigripes); ou secundário, regulando as populações de vários
artrópodes (Cryptonanus guahybae, Oxymycterus nasutus e Scapteromys tumidus).
São predados por carnívoros caniformes (Cerdocyon thous, Conepatus chinga, Lontra
longicaudis, Galictis cuja e Procyon cancrivorus) (PARERA, 2002). Constituem a base
alimentar dos felinos de pequeno porte (Leopardus colocolo, Leopardus geoffroyi e
Puma yagouaroundi) (PARERA, 2002; TIRELLI et al. 2008), além de didelfimorfos
(Didelphis albiventris e Lutreolina crassicaudata) que fazem uso esporádico de
pequenos roedores como complementação de suas dietas. Representam um recurso
largamente utilizado por aves de rapina, como várias espécies de Falconiformes e
Strigiformes (SCHEIBLER & CHRISTOFF, 2007), por serpentes (Viperidae) e por
lagartos (Tupinambis meriane) de uma forma mais generalista.

4.6.2.3 Espécies de interesse

Ameaçadas de Extinção

Nas áreas de influência da APA da Lagoa Verde, foram registradas 33 espécies


da fauna com algum grau de ameaça de extinção em nível regional, nacional ou
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
207
global. Ao todo foram registradas cinco espécies ameaçadas de peixes, duas espécies
de anfíbios, uma de réptil, onze de aves e quatorze de mamíferos. Na Tabela 34 é
apresentada a lista das espécies ameaçadas, o tipo de registro na área da APA
(dados primários ou secundários) e o status segundo a lista de espécies ameaçadas
do Rio Grande do Sul, do Brasil e da IUCN.
Tabela 34: Lista das espécies da fauna ameaçadas de extinção com ocorrência descrita para a
área de influência da APA Lagoa Verde, no município de Rio Grande, RS. Onde, DP: dados
primários; DS: dados secundários; QA: quase ameaçada; DD= deficiente em dados; VU=
vulnerável; EN= em perigo; CR= criticamente em perigo.
TAXA NOME POPULAR DP DS RS BRASIL IUCN

PEIXES
CYPRINODONTIFORM
ES
RIVULIDAE
Austrolebias charrua Peixe-anual X EN
Austrolebias minuano Peixe-anual X EN
Austrolebias
Peixe-anual X EN
nigrofasciatus
CARCHARHINIFORME
S
TRIAKIDAE
Mustelus fasciatus Cação-malhado X VU
RAJIFORMES
RHINOBATIDAE
Rhinobatos horkelii Raia-viola X VU
ANFÍBIOS
BUFONIDAE
Melanophryniscus Sapo-de-barriga-
X VU VU VU
dorsalis vermelha
CERATOPHRYIDAE
Ceratophrys ornata Intanha, Untanha X VU QA
RÉPTEIS
LIOLAEMIDAE
Liolaemus occipitalis Lagartixa-das-dunas X VU VU VU
AVES
PHOENICOPTERIDAE
Phoenicopterus chilensis flamingo X QA
ACCIPITRIDAE
Circus cinereus gavião-cinza X VU VU
RALLIDAE
Porzana spiloptera sanã-cinza X EN VU VU
SCOLOPACIDAE

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


208
Tryngites subruficollis maçarico-acanelado X VU QA
LARIDAE
Larus atlanticus gaivota-de-rabo-preto X VU VU VU
STERNIDAE
Thalasseus maximus trinta-réis-real X VU
FURNARIIDAE
Spartonoica maluroides boininha X VU QA
TYRANNIDAE
Xolmis dominicanus noivinha-de-rabo-preto X VU VU
TROGLODYTIDAE
Cistothorus platensis corruíra-do-campo X EN
EMBERIZIDAE
Sporophila collaris coleiro-do-brejo X X VU
caboclinho-de-papo-
Sporophila palustris X EN EN EN
branco
MAMÍFEROS
DIDELPHIDAE
Cryptonanus guahybae Cuica X DD
Monodelphis dimidiata Cuíca-anã X DD DD
CINGULATA
DASYPODIDAE
Dasypus hybridus Tatu-mulita X DD
PILOSA
MYRMECOPHAGIDAE
Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim X VU
CRICETIDAE
Wilfredomys oenax Rato-do-mato X VU CR EN
CTENOMIDAE
Ctenomys flamarioni Tuco-tuco-branco X VU VU EN
CUNICULIDAE
Cuniculus paca Paca X VU
CHIROPTERA
MOLOSSIDAE
Nyctinomops
Morcego X DD
laticaudatus
VESPERTILIONIDAE
Myotis albescens Morcego-borboleta X DD
Myotis riparius Morcego-borboleta X DD
CARNIVORA
FELIDAE

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


209
Leopardus colocolo Gato-palheiro X EN VU
Leopardus geoffroyi Gato-do-mato-grande X VU
Puma yagouaroundi Gato-mourisco X VU
MUSTELIDAE
Lontra longicaudis Lontra X VU DD

Peixes

Para a área da APA da Lagoa Verde, foram listadas cinco espécies ameaçadas,
sendo elas 3 espécies de peixes anuais, ocorrentes em ambientes dulceaquicola, além
do cação-malhado e da raia-viola (FONTANA et al., 2003).

Os peixes anuais pertencem à família Rivulidae, que reúne atualmente 27


gêneros, agrupando 235 espécies descritas (REIS et al., 2003). A maioria das
espécies da família habita ambientes aquáticos temporários, muitas vezes de
periodicidade anual, depositando seus ovos fecundados no fundo lodoso destas
poças, os quais permanecerão neste local quando o mesmo secar e irão eclodir na
próxima estação de chuvas. As espécies de peixe-anual têm distribuição geográfica
extremamente restrita sendo endêmicas de certas áreas, além de serem, em geral,
espécies extremamente sensíveis a todo tipo de degradação de seus habitats
(COSTA, 2002). No Rio Grande do Sul, 24 espécies são conhecidas, sendo 18
espécies pertencentes ao gênero Austrolebias (COSTA, 2006; FERRER, 2008).
O cação-malhado, Mustelus fasciatus, é uma espécie costeira do oceano Atlântico
sul-ocidental, habitando áreas próximas as praias, preferencialmente em
profundidades de até 70 m (LESA et al., 2000). Segundo Fontana et al. (2003), a
provável causa da diminuição das populações da espécie é a pesca predatória
realizada tanto pela pesca industrial quanto pela artesanal.
A raia-viola, Rhinobatos horkelii, é também uma espécie costeira do oceano
Atlântico sul-ocidental (LESA et al., 2000), ocorrendo durante todo o ano em
profundidades que podem variar de 10 a 100 m. Na costa do Rio Grande do Sul, esta
espécie é comumente encontrada entre os meses de dezembro e março, quando
realiza sua reprodução e desenvolvimento, migrando posteriormente para águas mais
profundas e frias (LESA et al., 2000). A pesca indiscriminada tem sido registrada como
o principal fator determinante para o declínio populacional da espécie (FONTANA et
al., 2003).

Durante a amostragem realizada para o levantamento de ictiofauna da APA da


Lagoa Verde em janeiro de 2011, não foram registradas nenhuma espécie ameaçada
de extinção.

Anfíbios

O sapinho-de-barriga-vermelha, Melanophryniscus dorsalis, ocorre na planície


litorânea do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (GARCIA; VINCIPROVA, 2003).
Recentemente, sua área de ocorrência foi ampliada até o município de Rio Grande, já
que a espécie foi registrada na Ilha dos Marinheiros (QUINTELA et al, 2007). Isso
indica que é bastante provável que M. dorsalis ocorra na área da APA. A reprodução
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
210
da espécie é do tipo explosiva, ocorrendo entre outubro e abril em poças temporárias
formadas após intensas chuvas (GARCIA; VINCIPROVA, 2003). A principal ameaça é
a destruição do habitat, devido ao crescimento e urbanização das cidades litorâneas e
a consequente exploração turística e imobiliária (GARCIA; VINCIPROVA, 2003).

A untanha Ceratophrys ornata ocorre na Argentina, Uruguai e no Rio Grande do


Sul, onde está restrita aos municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar
(BRAUN; BRAUN, 1980; KWET et al., 2004). Habita áreas de campo, e nos períodos
secos permanece enterrada (GARCIA; VINCIPROVA, 2003). A reprodução ocorre de
outubro a fevereiro, em campos alagados e poças semi-permanentes (ACHAVAL;
OLMOS, 2007). No Rio Grande do Sul, a espécie não é registrada há quase 30 anos
(GARCIA; VINCIPROVA, 2003). É rara na Argentina e, no Uruguai, aparentemente
desapareceu de pelo menos dois locais (KWET et al., 2004). A principal ameaça é a
destruição e degradação do habitat, devido à atividade agropecuária e às queimadas
(GARCIA; VINCIPROVA, 2003; KWET et al., 2004). Além disso, algumas
comunidades rurais acreditam que a espécie é venenosa, existindo pré-disposição ao
seu extermínio (GARCIA; VINCIPROVA, 2003; KWET et al., 2004). Também se
constitui ameaça a coleta para fins comerciais, tanto de indivíduos para criação em
cativeiro, quanto de seus ovos, que são vendidos no exterior para pesquisa científica
(GARCIA; VINCIPROVA, 2003; KWET et al., 2004).

Répteis

A lagartixa-das-dunas Liolaemus occipitalis ocorre na costa atlântica de Santa


Catarina e do Rio Grande do Sul, neste último, desde o município de Torres até o Chuí
(DI-BERNARDO; BORGES-MARTINS; OLIVEIRA, 2003). Possui habito terrícola e
ocorre exclusivamente em ambientes arenosos, onde frequentemente é encontrada
sob a areia (BUJES; VERRASTRO, 1998). A principal ameaça da espécie é a
destruição e descaracterização das dunas costeiras, em decorrência do rápido
processo de urbanização da região litorânea do Estado, que, associado à baixa
plasticidade ecológica da espécie, tem ocasionado declínio em suas populações (DI-
BERNARDO; BORGES-MARTINS; OLIVEIRA, 2003).

Aves

- Phoenicopterus chilensis (flamingo): Segundo Butchart e Symes (2008) está


havendo um declínio rápido das populações devido à perda de habitats, caça e
perturbações.

- Circus cinereus (gavião-cinza): É considerado raro ou escasso ao longo de sua


área de distribuição. A principal ameaça pela destruição e descaracterização de seus
locais de reprodução – áreas úmidas.

- Porzana spiloptera (sanã-cinza): Habita áreas úmidas, seja de água doce ou


salobre, incluindo marismas, banhados e capinzais inundáveis. O desenvolvimento
não planejado do setor portuário e industrial de Rio Grande em direção à extremidade
sudoeste do Saco da Mangueira é uma das ameaças mais preocupantes para a
espécie, constando como ação recomendada pelo livro Vermelho o indeferimento de
quaisquer projetos de saneamento ou expansão industrial.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


211
- Tryngites subruficollis (maçarico-acanelado): Ave migratória que se reproduz na
tundra ártica e se desloca para uma área relativamente restrita da América do Sul
durante o inverno boreal, concentrando-se principalmente nas regiões costeiras do Rio
Grande do Sul (BENCKE et al., 2007). Uma série de atividades representam ameaças
potenciais ao seu restrito habitat (plantações de espécimes exóticas, mineração,
criação de gado, construções elevadas – aerogeradores e linhas de transmissão)

- Larus atlanticus (gaivota-de-rabo-preto): Assim como a sanã-cinza esta espécie


possui como principal ameaça, no Estado, a destruição da extremidade sudoeste do
Saco da Mangueira e marismas anexas. Sua principal ameaça em nível global é a
pressão humana sobre as colônias reprodutivas.

- Spartonoica maluroides (boininha): É uma espécie considerada escassa no Rio


Grande do Sul, e sua principal ameaça é a destruição e descaracterização do seu
habitat pelo fogo, cultivo de pastagens exóticas e outras atividades agropecuárias.

- Xolmis dominicanus (noivinha-de-rabo-preto): No Rio Grande do Sul habita uma


ampla área das regiões nordeste e sul/sudoeste, ocorrendo em alguns pontos
dispersos do litoral e interior. A destruição e degradação de seus habitat são
apontadas como as principais ameaças à espécie em escala global.

- Cistothorus platensis (corruíra-do-campo): Espécie que ocupa capinzais e


macegais em áreas campestres ou pantanosas, incluindo banhados, marismas,
savana e serrado. Sua principal ameaça é a destruição e descaracterização do seu
habitat pelo fogo, cultivo de pastagens exóticas e outras atividades agropecuárias.

- Sporophila collaris (coleiro-do-brejo): Espécie considerada escassa no estado. A


captura pelo comércio ilegal e a substituição de seu ambiente natural em arrozais e
açudes são as principais causas da ameaça à espécie. É considerada vulnerável para
o Estado. Foi a única espécies ameaçada encontrada durante as amostragens de
dados primários.

- Sporophila palustris (caboclinho-de-papo-branco): Ocorre em capinzais


inundados e banhados, sendo um dos caboclinhos mais ligados a ambientes palustre,
pelo menos no período de reprodução. A captura pelo comércio ilegal é a principal
causa do declínio da espécie em escala global. No Estado a sua principal ameaça é a
destruição e descaracterização do seu habitat pelo fogo, cultivo de pastagens exóticas
e outras atividades agropecuárias

Mamíferos

A lontra (Lontra longicaudis) teve sua ocorrência confirmada de maneira indireta


nos três transecto lineares realizados em banhados (T1, T2, e T3). Os registros
ocorreram através da detecção de marcas odoríferas localizadas em pontos
conspícuos as margens do arroio Bolaxa e lagoa Verde. A espécie é considerada
“vulnerável” no RS e “deficiente em dados” mundialmente, sendo considerada
ameaçada regionalmente, principalmente, pela construção de barragens
(MARGARIDO & BRAGA, 2004). Um dos motivos alegados seriam as alterações no
regime de vazão das águas, fato que tende a provocar modificações drásticas na
composição da ictiofauna (INDRUSIAK & EIZIRIK, 2003). O ambiente extremamente
seco encontrado na ocasião da amostragem pode ter contribuído para a baixa

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


212
ocorrência verificada, obrigando o deslocamento da espécie para as margens dos
corpos hídricos, áreas com maior concentração de recursos.

O tatu-mulita (Dasypus hybridus) foi registrado em apenas um transecto realizado


em campo seco (T7). No local, foram identificadas marcações de rastros em um canal
de drenagem (Foto 74). Aparentemente suas populações encontram-se fora de perigo
no RS, apesar de considerada “deficiente em dados” em território brasileiro. O tatu-
mulita pertence ao grupo de mamíferos cinegéticos mais perseguidos localmente em
função do valor da sua carne (PETERS et al., no prelo). O hábito de caçar tatus para
consumo ou venda, aliado a perda de habitat em função da transformação dos
campos rupestres em lavouras e áreas de pastoreio são as principais ameaças à
conservação da espécie.

Foto 74 - Rastros de tatu-mulita


(Dasypus hybridus).

A cuíca (Cryptonanus guahybae) apresenta hábitos florestais, sendo de difícil


determinação, visto que foi recentemente reconhecido como espécie válida. O
morfótipo em questão era considerado uma variação dentro do táxon Gracilinanus
microtarsus do qual foi diferenciado por VOSS et al. (2002). A perda de habitat e a
predação por cães e gatos domésticos são as principais ameaças para conservação
destes pequenos marsupiais (VIEIRA & IOB, 2003). È atualmente considerado
“deficiente em dados” biológicos pela IUCN (2010).

A cuíca-anã (Monodelphis dimidiata) apresenta ocorrência para Rio Grande,


segundo as considerações de GARDNER (2007). Apresenta hábito cursorial e difícil
detecção devido as suas pequenas dimensões e baixa densidade. Estas condições
biológicas somadas ao caráter semélparo do gênero (MASSOIA et al., 2000) refletem
a atual carência de dados ecológicos a respeito da sua situação populacional no
Estado e no País.

O tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) foi registrado para o município de Rio


Grande nas proximidades da BR-392 (ROSA et al., 2010). A espécie habita uma
ampla gama de ambientes, entretanto sua distribuição geográfica no Rio Grande do
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
213
Sul sofreu retração e está restrita a pequenos setores da Planície Costeira, Depressão
Central e Planalto Rio-Grandense (OLIVEIRA & VILELLA, 2003). A perda de habitat e
a interação com cães domésticos (OLIVEIRA & VILELLA, 2003), os atropelamentos
(PETERS, 2009) e a caça historicamente aplicada sem justificativas (IHERING, 1892),
são impactos que contribuem para a atual classificação da espécie como “vulnerável”
a extinção no RS.

Entre os quirópteros, destacamos Myotis albescens (QUINTELA et al. 2008),


Myotis riparius (GARDNER, 2007) e Nyctinomops laticaudatus (WEBBER et al., 2007)
como as espécies “deficientes em dados” que apresentando registros pontuais para o
estado (MARQUES, 2003). Estas espécies ocupam áreas campestres, bordas de
fragmentos florestais e ambientes peri-urbanos podendo colonizar habitações
humanas.

Entre os carnívoros, o gato-palheiro (Leopardus colocolo) representa o pequeno


felídeo em situação mais delicada no RS. A espécie é considerada “em perigo” de
extinção no Estado e “vulnerável” no Brasil, onde há duvidas em relação ao real status
taxonômico. Neste trabalho consideramos as determinações de INDRUSIAK &
EIZIRIK (2003), já que WOZENCRAFT (2005) considera L. braccatus, o gato-palheiro
com ocorrência no Brasil. O registro apresentado por Porciuncula et al. (2006) é
proveniente das imediações da Estação Ecológica do Taim e trata-se de uma
visualização. A potencialidade da ocorrência da espécie nas imediações da APA da
Lagoa Verde é atestada por moradores locais, os quais descrevem a ocorrência de
felídeo com as mesmas características da espécie em questão (Fernando Quintela,
com. pess.).

O gato-mourisco (Puma yagouaroundi) apresenta registros pontuais para o


Estado, incluindo as imediações do município de Rio Grande (INDRUSIAK & EIZIRIK,
2003). Este felino ocupa um amplo espectro de ambientes (NOWELL & JACKSON,
1996), utilizando bordas de banhado, campos encharcados, florestas úmidas e áreas
secundárias (INDRUSIAK & EIZIRIK, 2003). É considerada espécie “vulnerável” a
extinção no Estado.

O gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi) é considerado “vulnerável” a


extinção no Estado. A espécie foi confirmada para a APA da Lagoa Verde através do
registro de diversos espécimes tombados no MCNU. Os exemplares foram coletados
pelo biólogo Fernando Quintela e são procedentes de resgate pós-atropelamento nas
rodovias locais. Assim como verificado em trabalhos paralelos realizados na região, é
relativamente comum a presença de melanismo em gatos-do-mato-grande (Leopardus
geoffroyi) desta localidade do Rio Grande do Sul (PETERS et al., 2008). Ao contrário
do verificado por Tireli et al. (2008), a espécie é acusada de ser nociva a criações
domésticas, sendo perseguida e abatida como forma de controle a predadores
(PETERS et al., no prelo). A espécie apresenta registros constantes em
atropelamentos nas rodovias da metade sul do Estado conforme o testemunho do
material tombado em museu e citações de Acosta et al. (2008), Peters (2008) e Gallas
et al. (2008). Estes dados ressaltam a importância da avaliação do impacto das
estradas que cortam a APA sobre a mastofauna local.

O rato-do-mato (Wilfredomys oenax) apresenta área de distribuição potencial


coincidente com o município de Rio Grande (sensu BONVICINO et al., 2008). Este
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
214
roedor de difícil detecção vem sendo coletado em egagrópilos de corujas (Felipe
Peters, dados inéditos) em diversas localidades RS. É considerada espécie “deficiente
em dados” no RS, “criticamente em perigo” no Brasil e “em perigo” de extinção
mundial. A espécie foi originalmente descrita a partir de material coletado no inicio do
século passado em São Lourenço do Sul e desde então vem apresentando poucos
registros para o Estado (ver CHRISTOFF et al., 2010). A consulta a espécimes
tombados na coleção científica do MCNU permite verificar adaptações morfológicas
favoráveis a locomoção escansorial, preferência por uma dieta herbívora, aparente
distribuição disjunta no Estado (Campanha e Campos de Cima da Serra), além de ser
recurso alimentar utilizado pela coruja-de-igreja (Tyto alba) e pelo gato-maracajá
(Leopardus wiedii). Oficialmente este roedor representa um táxon carente de
informações o que demonstra a extrema importância em ações que visam
proporcionar o incremento de dados a respeito de sua ecologia e real status
taxonômico (CHRISTOFF, 2003).

O tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni) é uma espécie endêmica do litoral Sul


do Brasil, onde é considerada vulnerável a extinção. Esta espécie é muito abundante
no cordão de dunas frontais encontradas ao longo da faixa litorânea de Rio Grande
(Foto 75). Neste caso, optou-se em incluir a espécie na listagem de dados
secundários, visto que o ecossistema disponível na APA não contempla o habitat ideal
para a manutenção desta espécie. Entre a principal ameaça a sua conservação esta a
remoção e o manejo inadequado dos cordões de dunas frontais. Não obstante, a
circulação de veículos e animais domésticos pelo cordão de dunas são ameaças
secundárias que causam destruição de abrigos e transtornos comportamentais para
estes roedores fossoriais. Segundo CHRISTOFF (2003), medidas para conservação
da espécie passam pela criação de Unidades de Conservação, com inclusão de áreas
de dunas, desenvolvimento de programas de educação ambiental e realização de
atividades de fiscalização, além do desenvolvimento de pesquisas científicas sobre a
espécie ao longo de sua distribuição geográfica.

Foto 75 - Tuqueira de
tuco-tuco-branco
(Ctenomys flamarioni).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


215
A paca (Cuniculus paca) esta relacionada a cursos d‟água e apresenta relatos
pontuais de sua ocorrência para o Estado (CHRISTOFF, 2003). A inclusão da espécie
na listagem potencial é justificada pela área de distribuição apresentada por
BONVICINO et al., (2008). É enquadrada na categoria “em perigo” de ameaça de
extinção regional, onde sofre com a diminuição das matas ciliares e caça ilegal. Não
há informações quantitativas sobre sua situação populacional (CHRISTOFF, 2003).

Exóticas

Com relação aos vertebrados terrestres exóticos, foram registradas 11 espécies


(Tabela 35): dois répteis (Foto 76), quatro aves e cinco mamíferos. As invasões
biológicas estão entre as principais ameaças para a manutenção da biodiversidade
global (VITOUSEK et al., 1996) gerando sérias modificações nos ecossistemas
através da introdução de doenças, predação e competição direta por recursos com
espécies nativas, além de afetarem a saúde pública e a economia rural (NOVILLO &
OJEDA, 2008). Tendo em vista que Rio Grande é uma cidade portuária, é facilitada a
entrada de espécies exóticas oriundas de embarcações.
Tabela 35: Lista das espécies exóticas descritas para a área de influência da APA Lagoa
Verde, no município de Rio Grande, RS.
DADOS
TAXA NOME POPULAR DADOS PRIMÁRIOS
SECUNDÁRIOS

RÉPTEIS
EMYDIDAE
Trachemys scripta Tartaruga-de-orelha-vermelha X
GEKKONIDAE
Hemidactylus mabouia Lagartixa-de-parede X X
AVES
ARDEIDAE
Bubulcus íbis garça-vaqueira X X
COLUMBIDAE
Columba Lívia pombo-doméstico X X
ESTRILDIDAE
Estrilda astrild bico-de-lacre X X
PASSERIDAE
Passer domesticus pardal X X
MAMÍFEROS
MURIDAE
Rattus norvergicus Ratazana X
Rattus rattus Rato-das-casas X
Mus musculus Camundongo-doméstico X
LEPORIDAE
Lepus europaeus Lebre X
SUIDAE
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
216
DADOS
TAXA NOME POPULAR DADOS PRIMÁRIOS
SECUNDÁRIOS

Sus scrofa Porco-mateiro X

Foto 76: Lagartixa-de-


parede, Hemidactylus
mabouia, espécie exótica
registrada nas áreas de
influência da APA da Lagoa
Verde, município de Rio
Grande, RS.

Atualmente apenas duas espécies de aves se introduziram do exterior no Brasil, o


bico-de-lacre e o pardal, vindos da África e da Europa, respectivamente (SICK, 1997).
O pombo-doméstico (trazido pelos portugueses) e o pardal são consideradas duas
espécies sinântropas, isso é, se associam ao homem. A simples presença de grandes
bandos dessas espécies pode afungentar espécies nativas, interferindo na dinâmica
dos ecossistemas.

A garça-vaqueira,é originária da África e sua reprodução no Brasil está


comprovada desde 1965. Aparentemente não tem qualquer tipo de competição por
nichos ecológicos com as demais garças nativas. Tornou-se “útil” por apanhar insetos
nos campos e pastagens por ingerir grandes quantidades de insetos (SICK, 1997).

Em relação aos mamíferos, o porco-mateiro (Sus scrofa) foi registrado através da


localização de marcas de forrageio no solo (T4) e através do uso de armadilhas
fotográficas (AF4) (Foto 77, Foto 78).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


217
Foto 77 - Registros de suínos
(Sus scrofa).

Foto 78 - porco-mateiro (Sus


scrofa).

A presença destes animais em vida livre é preocupante já que os ambientes


disponíveis na região são favoráveis para o desenvolvimento da linhagem conhecida
por javali. Segundo Quintela et al (2010), a presença de porcos-ferais e javalis vem
sendo registrada no mesmo local amostrado desde 2007. De afamada agressividade,
apresentam hábitos noturnos e gregários, ocupando campos e matas próximos a
corpos d‟água. Além de predar espécies de plantas e animais nativos, pode atacar
plantações comerciais e animais de criação (TIEPOLO & TOMAS, 2006). Este prejuízo
agropecuário pode acarretar em conflitos com a população local, estimulando práticas
de caça furtiva, um hábito que pode atingir diretamente as espécies autóctones. O
aumento populacional de javalis e porcos-ferais (Sus scrofa) é relacionado por
Quintela et al. (2010), com o atual decréscimo de registros diretos e indiretos de
herbívoros autóctones como a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) (Foto 79).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


218
Foto 79 - Crânio de
(Hydrochoerus hydrochaeris)
encontrado durante o
levantamento de dados
primários na APA da Lagoa
Verde.

A lebre (Lepus europaeus) foi frequente nos três transectos lineares realizados em
campo seco (T7, T8, e T9). A espécie vem encontrando plenas condições para
manutenção de suas populações no sul do Brasil, visto que a expansão de áreas
cultivadas e as pressões de caça, atropelamento e perda de habitat que atingem
potenciais predadores autóctones (PETERS et al., 2009). Aparentemente a lebre não
é procurada por caçadores (PETERS et al, no prelo), ao contrário do que se verifica
em regiões cujo plantio de citrus, grãos ou leguminosas são atividades principais.
Nestes locais a espécie é combatida como “praga” em decorrência dos danos
relacionados à produção agrícola (OLIVEIRA et al., 2006).

Os murídeos (Mus musculus, Rattus norvergicus e Rattus rattus) representam as


espécies exóticas e sinantrópicas que atualmente vêem habitando de forma selvagem
os agroecossistemas gaúchos. Beneficiando-se das ações humanas na área de
interesse, estes roedores apresentam altas taxas de natalidade, de maneira que uma
explosão populacional pode resultar em conflitos com produtores de grãos, além de
aumentar consideravelmente os riscos de transmissão de doenças.

Sobre-explotadas/cinegéticas

Este item é dedicado às espécies que sofrem pressões antrópicas de sobre-


explotação, caça ou outros tipos de morte e perseguição. No grupo dos peixes, além
das espécies citadas como ameaçadas de extinção, quatro espécies com ocorrência
registrada para a região da APA da Lagoa Verde integram a Lista Nacional das
Espécies de Invertebrados Aquáticos e Peixes Sobreexplotadas ou Ameaçadas de
Sobreexplotação (IN N°5/2004), sendo estas a enchova, Pomatomus saltatrix, duas
espécies de tainha, Mugil platanus e Mugil liza, além do cação-martelo, Sphyrna
lewini. Das espécies que estão ameaçadas de sobre-explotação, Mugil platanus foi a
única registrada no presente levantamento, no Canal São Simão (ponto 5) e na
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
219
margem direita da Lagoa Verde (Ponto 2). A presença das espécies marinhas neste
ambiente se deve ao fato de a água apresentar certo grau de salinidade.

Com relação aos anfíbios, a untanha, Ceratophrys ornata, pode sofrer com a
coleta para fins comercias, com citado anteriormente. Esta espécie ameaçada de
extinção também é perseguida devido à crença popular no seu veneno.

Entre os répteis, a espécie comumente caçada por interesses pelo couro, carne ou
mesmo por temor é o jacaré-do-papo-amarelo Caiman latirostris (Foto 80), que é o
único crocodiliano registrado no Rio Grande do Sul. Essa espécie é tolerante em
relação à qualidade do habitat e sobrevive em ambientes moderadamente alterados,
como por exemplo, áreas utilizadas para agricultura ou para criação extensiva de gado
(DI-BERNARDO; BORGES-MARTINS; OLIVEIRA, 2003). Ocorre no nordeste da
Argentina, sudeste da Bolívia, Paraguai, norte do Uruguai e leste do Brasil (BORGES-
MARTINS et al., 2007), onde vive sempre associado à água, principalmente em
grandes banhados. No passado, essa espécie sofreu uma pressão de caça
relativamente intensa, que visava principalmente a utilização do seu couro (DI-
BERNARDO; BORGES-MARTINS; OLIVEIRA, 2003). Atualmente, a pressão da caça
diminuiu consideravelmente (DI-BERNARDO; BORGES-MARTINS; OLIVEIRA, 2003).
Até recentemente, estava incluído na lista brasileira de espécies ameaçadas de
extinção e já foi considerado ameaçado pela IUCN. Entretanto, a IUCN não relaciona o
jacaré como espécie ameaçada desde 1996 (IUCN, 2010).

Cabe ressaltar que, com relação aos outros répteis, algumas espécies,
principalmente as serpentes, também acabam sofrendo pressões de mortes e
perseguições. Nesses casos, o principal motivo é a falta de conhecimento e de
informação da população a respeito dos animais. Esse desconhecimento fez das
serpentes uns dos animais mais temidos, rejeitados e, consequentemente,
perseguidos pela humanidade (MELGAREJO, 2003).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


220
Foto 80: Couro do jacaré-
do-papo-amarelo, Caiman
latirostris, encontrado nas
áreas de influência da APA
da Lagoa Verde, município
de Rio Grande, RS.

Com relação às aves, por serem apreciados como alimento humano e fonte de
renda resultante do comércio ligado a cinegética, os Anatídeos constituem importante
reserva econômica no país (SICK, 1997). No Rio Grande do Sul são conhecidas vinte
e uma espécie de Anatídeos, dos quais nove estão presentes na APA da Lagoa Verde
e poderão sofrer algum tipo de pressão furtiva.

Interesse médico/sanitário

Entre as espécies de interesse médico e sanitário estão as peçonhentas e aquelas


que podem transmitir doenças aos seres humanos. No grupo dos répteis, destaca-se a
presença das serpentes peçonhentas cruzeira (Rhinocerophis alternatus) e jararaca-
pintada (Bothropoides pubescens). A primeira é uma serpente de grande porte e corpo
robusto, que ocorre no centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e
Argentina (CAMPBELL; LAMAR, 2004). Já a jararaca-pintada possui distribuição mais
restrita, ocorrendo no Rio Grande do Sul e Uruguai (SILVA, 2004). Ambas as
serpentes são vivíparas, de hábito terrícola e ocupam geralmente áreas abertas
(ACHAVAL; OLMOS, 2007). São responsáveis por grande número de acidentes
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
221
graves. Apresentam veneno de ação proteolítica, coagulante e hemorrágica e podem
causar acidentes fatais ou mutiladores, caso não seja feito o tratamento com soro
antiofídico (BORGES-MARTINS et al., 2007).

Entre as aves, pombos-domésticos e pardais estão sujeitos à doença de


Newcastle, virose ocorrente em galinheiros (SICK, 1997). As mesmas espécies podem
estar infeccionadas pelo protozoário Toxoplasma gondii.

No grupo dos mamíferos, destacam-se as espécies exóticas de murídeos (Mus


musculus, Rattus norvergicus e Rattus rattus). Estas espécies são transmissoras de
sérias enfermidades através de seus ectoparasitos que atuam como vetores (peste
bubônica, Tifus murinus), de seus excrementos e secreções (leptospiroses, teníase),
da ingestão de material infectado (cólera, hepatite, tuberculose), além de serem
reservatórios de hantaviroses e Salmonella spp. (VILLAFAÑE et al., 2005).

Fácil visualização/Valor estético

Com relação às espécies de fácil visualização e/ou valor estético encontram-se


aquelas que podem ser apreciadas pela população e utilizadas em trabalhos de
educação ambiental na área da APA.

No grupo dos anfíbios, a maioria das espécies está em atividade durante o


período noturno. Entre as espécies que também possuem atividade de vocalização
durante o dia e que podem ser facilmente escutadas na região está a rã-listrada
Leptodactylus gracilis. No grupo dos répteis, as tartarugas no geral chamam a
atenção, e podem facilmente ser visualizadas dentro da Lagoa Verde. Outro réptil que
se destaca por sua fácil visualização é o lagarto-do-papo-amarelo, Tupinambis
merianae (Foto 81).

Foto 81: Lagarto-do-papo-


amarelo, Tupinambis
merianae, registrado nas
áreas de influência da APA
da Lagoa Verde, município
de Rio Grande, RS.

As aves, em geral, são o grupo dos vertebrados melhor representados


visualmente em áreas verdes. Sua visualização é facilitada pelo colorido das penas e
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
222
pelo melodioso canto que os passeriformes emitem. Os mais atentos podem observar
pequenas aves que possuem coloração quase imperceptível. As diversas formas,
tamanhos, áreas de vida e comportamento fazem com que o observador aproveite
cada instante de sua espécie favorita. Na APA da Lagoa Verde é possível ver, em
algumas épocas do ano, o cisne-de-pescoço-preto e o flamingo espécies incomuns no
Estado e de rara beleza. Corujas-do-campo, marrecas, tachas e uma enorme
variedade de outras belas aves podem ser visualizadas praticamente todos os dias
nas imediações da APA.

4.6.2.4 Conclusões e recomendações

A APA da Lagoa Verde é de extrema importância ecológica para a região, visto


que protege uma área de considerável fragilidade: os ecossistemas estuarinos. No
entanto, verifica-se que mesmo com sua criação legal em 2005, ainda não esta de fato
consolidada (BEHLING, 2007). A área em questão pode ser considerada
extremamente impactada por duas atividades principais: a expansão urbano-industrial
e a criação de bovinos. Ambas atividades podem ser consideradas muito prejudiciais
às espécies da fauna nativa não oportunista, visto que acarretam em fragmentação do
hábitat e favorecem a introdução de espécies exóticas no ambiente (RICKLEFS,
2003).

A expansão da área urbana (Foto 82) da praia do Cassino e do Porto do Rio


Grande é notável e resultante na supressão da vegetação original, além da drenagem
e aterro dos banhados. Os resíduos domésticos gerados pelos aglomerados urbanos
são visíveis ao longo das margens dos corpos hídricos (Foto 83). A proximidade com
as áreas urbanas resultam na contaminação biológica da área de interesse por
roedores exóticos, predadores domésticos como cães e gatos domésticos e ainda
animais de criação em estado feral ou cativo.

Foto 82 - Invasão da área


urbana sobre os banhados
marginais a lagoa Verde.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


223
Foto 83 - resíduos domiciliares
depositados as margens do
canal que liga a lagoa Verde ao
saco da Mangueira.

As alterações ambientais são visíveis mesmo no interior da APA, onde é possível


notar o descaso com a Unidade de Conservação (Foto 84).

Foto 84 - Placa
sinalizando a existência da
APA. Ao fundo, área
totalmente modificada por
ações de terraplanagem.

Os atropelamentos são frequentes nas rodovias e acessos locais que circundam a


APA. O tráfego de veículos pesados em torno das instalações do Porto de Rio Grande
e o intenso fluxo de carros de passeio, principalmente no verão em direção a praia de
Cassino, resulta em constantes acidentes envolvendo toda a fauna silvestre. Além de

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


224
causar alterações ambientais e comportamentais, as atuais obras de ampliação das
rodovias locais irão contribuir para o aumento no fluxo de veículos, podendo aumentar
consideravelmente as taxas de atropelamento (Foto 85, Foto 86). Segundo FONTANA
et al. (2003), os atropelamentos são a causa direta do declínio populacional de 2,5%
das espécies ameaçadas no Rio Grande do Sul. Alguns répteis utilizam essas
estradas para deslocamentos, descanso, alimentação ou termorregulação, sendo
atropelados até propositalmente por serem temidos pela população.

Outros impactos verificados, inclusive relatados por moradores locais, foram a


pesca intensiva e irregular na Lagoa Verde e a caça de animais terrestres que
usufruem da APA.

Foto 85 - Preá (Cavia magna)


atropelada na travessia sobre o
arroio Bolaxa.

Foto 86 - alterações no solo


decorrentes das obras de
duplicação da BR- 392 sobre o
canal que liga a lagoa Verde ao
saco da Mangueira.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


225
Foi observada a ausência de medidas físicas visando restringir e limitar o
deslocamento do gado nas APPs florestais e campestres (Foto 87, Foto 88). As áreas
campestres, predominantemente formadas por banhados, são transformadas em
campos secos devido à abertura de canais de drenagem. Com a presença do gado,
ocorre o pisoteio e pastoreio excessivo sobre a cobertura vegetal. Não menos
impactante, o acesso do gado ao interior dos fragmentos florestais relictuais resultam
na completa eliminação do sub-bosque. Além da substituição de espécies resultantes
deste impacto, esta situação altera substancialmente o comportamento e a dinâmica
da comunidade faunística local.

Foto 87- Registro de do gado


na APP da APA da Lagoa
Verde.

Foto 88 - Ação do pisoteio do


gado sobre as áreas
úmidas.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


226
Além dos impactos acima descritos, a presença de uma linha de transmissão na
área da APA da Lagoa Verde está causando impacto negativo na avifauna local.
Durante os levantamentos primários observou-se elevado número de aves de grande
porte mortas na proximidade da linha (Foto 89), sendo importante realizar estudos
mais aprofundados a respeito da sua interferência na comunidade de aves local.

Foto 89 – Carcaça de Ciconia


maguari (joão-grande)
encontrada embaixo da linha de
transmissão na área da APA da
Lagoa Verde.

MEDIDAS MITIGATÓRIAS E SUGESTÕES

A consolidação da APA da Lagoa Verde, através de um Plano de Manejo


demonstra a preocupação em preservar um ambiente que apresenta muitas
características importantes para a manutenção da diversidade ocorrente no local. Para
uma ação efetiva e capaz de lidar com a degradação ambiental, algumas medidas
devem ser tomadas:

- Em áreas destinadas a educação ambiental, sempre que necessário, construir


trapiche de madeira com placas explicativas sobre o ambiente e os animais que ali
vivem, eviatando o pisoteio;

- Instalar placas de velocidade e sensibilização para evitar atropelamentos da


fauna;

- Oferecer palestras educativas;

- Monitorar a linha de transmissão que atravessa a APA e propor medidas


mitigatórias;

- A presença do gado na área da APA somente com manejo adequado;

- Cadastrar os pescadores locais, recebendo uma carteira de Pescador Amador,


permitindo acesso aos locais de pesca. Para esses, informações sobre os
períodos permitidos para pesca do camarão e dos peixes deverão ser fornecidas
sempre que necessário.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


227
- Divulgar à comunidade local sobre as ações e pesquisas em desenvolvimento na
APA;

- Fiscalizar.

Toda a interdependência da comunidade faunística demonstra a grande


importância em esforços que resultem em uma correta implementação das áreas de
preservação permanente. Estas medidas poderiam garantir à fauna local um refúgio
valioso, caso essas áreas sejam fiscalizadas contra a caça, pesca predatória, plantio e
pecuária. Sendo assim para a efetiva conservação destas espécies é necessária a
intervenção urgente com esforços de re-estruturação e manejo principalmente das
APP‟s formadas pelos banhados e mananciais do entorno, ampliação dos limites da
APA compreendendo também cordão de dunas fixas (proteção do tuco-tuco-branco,
Ctenomys flamarioni, e da lagartixa-da-praia, Liolaemus occipitalis) e região sudoeste
do Saco da Mangueira (proteção de aves ameaçadas e migratórias) e criação urgente
de uma área de Reserva Biológica integrada a APA.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


228
4.7 DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECÔNOMICO

4.7.1 Contexto Municipal

O município de Rio Grande – município onde a APA da Lagoa Verde está inserida
– está localizado no sul do Estado do Rio Grande do Sul. Este tem por característica
ser o mais antigo entre os municípios gaúchos, além de ser considerado como ponto
estratégico em virtude de possuir o mais meridional dos portos marítimos brasileiros, o
Porto de Rio Grande.
Face à sua localização, atualmente o porto é uma importante opção logística para
a implantação de empreendimentos voltados a indústria naval, assim como para a
implantação de empreendimentos que necessitem de meios de recebimento de
insumos e escoamento de produção.

Nesse contexto, tendo por objetivo contribuir para um melhor entendimento desse,
que é um dos mais importantes municípios do Rio Grande do Sul, além de grande
potencial de crescimento econômico em um futuro próximo, o estudo em questão
apresenta um diagnóstico socioeconômico, o qual abrange as principais
características e indicadores locais. Para isso serão apresentados a seguir aspectos
como: caracterização demográfica, indicadores econômicos, Porto do Rio Grande,
infraestrutura e indicadores sociais e de qualidade de vida.

4.7.1.1 Caracterização Demográfica de Rio Grande

A caracterização demográfica busca contextualizar historicamente sua evolução.


Assim, são apresentados dados comparativos desde o Censo Demográfico de 1970,
realizado pelo IBGE, até os dados mais recentes. Ressalta-se que no período em que
foi elaborado o estudo não estavam disponibilizados todos os dados relacionados ao
censo 2010.

 População total, urbana e rural, por sexo e faixa etária

Conforme os primeiros resultados do Censo 2010, a população de Rio Grande


encontra-se atualmente com 197.253 habitantes, assim distribuída: 189.472
moradores em domicílio urbano, correspondendo a 96,06% da população total, e
7.781 moradores em domicílio rural, ou seja, 3,94% da população total do município.

Confirmando uma característica que tem sido observada nas cidades brasileiras,
em 2010, o número de mulheres é superior ao número de homens em Rio Grande. Do
número de habitantes total, 94.997 (48,16%) são do sexo masculino e 102.256
(51,84%) do feminino.Esta diferença manteve-se similar quando comparada ao ano de
2000: 90.413 (48,46%) eram homens e 96.131 (51,54%) habitantes eram mulheres
(Figura 39).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


229
51,84% 48,16%
homens
mulheres

Figura 39: Percentual de distribuição por sexo da população total de Rio Grande em 2010
(Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2010), primeiros resultados).

Segundo o IBGE, a taxa média geométrica de crescimento anual da população


utiliza variáveis referentes à população residente em distintos marcos temporais.
Assim, a análise desta taxa de crescimento transforma-se em importante ferramenta
para subsidiar a formulação de políticas públicas de natureza social, econômica e
ambiental, uma vez que a dinâmica do crescimento demográfico permite o
dimensionamento de demandas, tais como: acesso aos serviços e equipamentos
básicos de saúde e de saneamento, educação, infraestrutura social, emprego, etc.

A taxa de crescimento geométrico médio verificado para o município no período


2000-2010 foi de 0,56%. Em decorrência da instalação de novas indústrias em Rio
Grande, a partir da década de 1970, a população cresceu significativamente,
apresentando taxa de crescimento de 2,29% no período 1970-1980, como pode ser
observado na Tabela 36 e Figura 40.

Tabela 36: População urbana, rural, total e taxa de crescimento geométrico8 da população de
Rio Grande (1970 a 2010) (Fonte: IBGE – Censos Demográficos).

POPULAÇÃO RESIDENTE (HABITANTES) TAXA DE CRESCIMENTO


SITUAÇÃO ANO PERÍODO
1970 1980 1991 2000 2010 70/80 80/91 91/00 00/10
Urbana 103.488 137.142 165.025 179.208 189.472 2,86% 1,70% 0,92% 0,56%
Rural 12.592 8.972 7.397 7.336 7.781 -3,33% -1,74% -0,09% 0,59%
Total 116.488 146.114 172.422 186.544 197.253 2,29% 1,52% 0,88% 0,56%

8
Percentual de incremento médio anual da população residente em determinado espaço geográfico, no período
considerado. É medido pela fórmula: .
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
230
No contexto populacional é importante destacar que o município vive desde 2006
a presença da indústria naval, fato que estimularia o incremento da população na
região para os próximos anos. Sendo assim, apenas por meio dos resultados dos
futuros censos demográficos é que se terá o real cenário da evolução populacional do
município.

220.000

200.000
População de Rio Grande

197.253
180.000
186.544
172.422
160.000

140.000 146.114

120.000
116.488
100.000
1970 1980 1991 2000 2010

Ano

Figura 40: Evolução da População total de Rio Grande (1970 a 2010). Fonte: IBGE.

Em relação à moradia, a população urbana de Rio Grande apresentou


crescimento positivo ao longo do tempo, aumentando significativamente no período
1970-1991. Isto ocorreu em função do fenômeno de migração da população para as
cidades, e nada mais é do que uma reprodução do quadro geral das cidades
brasileiras.
Com o crescimento da população aumentam também as taxas de densidade
demográfica (número de habitantes por km2). O município apresenta, em 2010, uma
taxa de 70,1 hab/km2. Em 2000, uma taxa de 66,3 hab/km2, esteíndice em 1991 era de
61,2 hab/km2. Em 1980 e 1970 a densidade demográfica era de 51,9 e 41,3 hab/km2,
respectivamente.

De acordo com o grau de urbanização, os municípios podem ser divididos em


“urbanos” (mais de 75% de população urbana), em “de transição do rural para o
urbano” (grau de urbanização entre 50% e 75%) e “rurais” (urbanização menor que
50%). Em 2010, Rio Grande, com 96,06% da população morando na área urbana, já
se enquadra no primeiro grupo desde a década de 1970. A Figura 41 apresenta a
evolução das taxas de urbanização do município para os anos de 1970, 1980, 1991,
2000 e 2010.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


231
98,00%

96,00%
95,71% 96,07% 96,06%
Taxa de Urbanização

94,00%
93,86%
92,00%

90,00%
88,84%
88,00%

86,00%
1970 1980 1991 2000 2010

Ano

Figura 41: Evolução das taxas de urbanização em Rio Grande (1970-2010).

Adiante, na Figura 42, é demonstrado um comparativo para os censos de 1991 e


2000, relacionado com a estrutura etária. De acordo com os dados do Censo
Demográfico do IBGE de 1991, a população de até 19 anos (jovens) constituía 37,6%
do total dos moradores de Rio Grande, enquanto que a população entre 20 e 59 anos
(adultos) correspondia a 52,3%. Aquela com mais de 60 anos (idosos) correspondia a
10,1%.

Realizando a mesma análise para os dados do Censo Demográfico do IBGE de


2000, percebe-se que os dados já apontavam para o envelhecimento da população,
em que a faixa de até 19 anos é constituída de 35,4% da população (menor em
relação ao Censo de 1991), aquela entre 20 e 59 anos representada por 53,4%, e a
com mais de 60 anos 11,2%.

Comparando-se os censos de 1991 e 2000, nota-se que a faixa etária


predominante no município continua sendo a adulta (20-59 anos) e que a taxa de
população jovem (até 19 anos) diminuiu em relação ao total de habitantes. A
população idosa também cresceu: enquanto, em 1991, representava 10% da
população total, em 2000 passou a representar 11,2%.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


232
45.000
40.000
35.000
30.000
Habitantes

25.000
20.000
1991
15.000
2000
10.000
5.000
0
0 a4 5 a9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 59 60 ou
anos anos anos anos anos anos anos mais

Faixa etária

Figura 42: Distribuição da população por grupos de idade no município de Rio Grande: 1991 e
2000 (Fonte: IBGE, SIDRA).

Observando a Figura 42 pode-se verificar, ainda, que a população na faixa etária


entre 40 e 59 anos, grupo etário mais numeroso do município nos dois períodos,
obteve expressivo aumento: de 33.980 habitantes, em 1991, para 43.180, em 2000.

 População economicamente ativa em Rio Grande

Pessoas com 10 anos de idade ou mais formam a chamada população em idade


ativa (PIA). Esta é subdividida em dois tipos: população economicamente ativa (PEA)
e população não economicamente ativa (PNEA).

A PEA é composta por pessoas desocupadas, mas dispostas a trabalhar


(desempregados) e trabalhadores ocupados, sejam empregados (registrados ou não),
autônomos, empregadores ou não-remunerados. Quanto à PNEA, esta é formada
principalmente por aposentados, donas-de-casa, estudantes, inválidos e crianças.

Segundo o IBGE, no ano de 2000, a PIA, em Rio Grande, estava em 154.739


pessoas, e a PEA e a PNEA contavam com 80.751 e 73.988 pessoas,
respectivamente. Na Tabela 37 tem-se a PEA de Rio Grande no ano de 2000,
juntamente com percentuais de homens e mulheres e percentuais de moradores da
zona urbana e da rural nesta situação.

Em 2000, os indicadores do mercado de trabalho apontavam que a PEA, em Rio


Grande, correspondia a 80.751 pessoas, das quais 59,91% eram homens e 40,09%
eram mulheres. Na Tabela 37 constata-se a predominância da força de trabalho na
zona urbana (96,29% da PEA).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


233
Tabela 37: População economicamente ativa (PEA) no ano de 2000 em Rio Grande (Fonte:
Censo demográfico - IBGE, 2000).

PEA (pessoas) 80.751


Urbana (%) 96,29
Rural (%) 3,71
Homens (%) 59,91
Mulheres (%) 40,09

Em relação à população ocupada, ou seja, população com 10 anos ou mais que


trabalhou durante toda ou parte da semana de referência de pesquisa (Censo
Demográfico IBGE, 2000), esta representava 65.363 pessoas em Rio Grande no ano
de 2000. Na Figura 43 é apresentada a população ocupada por setor de atividade
econômica no ano de 2000, em Rio Grande.

Ao analisar a Figura 43, observa-se que, no ano de 2000, 71% das pessoas
ocupadas e com idade superior a 10 anos encontrava-se no setor terciário,
pertencendo, principalmente, ao grupo caracterizado pelo IBGE como “trabalhadores
dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados”. Quanto ao setor primário
(agropecuária e pesca), este se caracteriza por representar a menor quantidade de
trabalhadores: apenas 8,13% dos ocupados do município.

100

71,84%
80

60
(%)

40 20,04%

20 8,12%

0
Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

Figura 43: Pessoas ocupadas com 10 anos ou mais de idade, por setor atividade econômica
em Rio Grande – 2000. (Fonte: IBGE - Censo Demográfico).

Por fim, o setor secundário, ou seja, as atividades industriais, representavam


20,04% dos ocupados no ano de 2000, em Rio Grande. Ressalta-se para os próximos
anos a tendência de crescimento de pessoas ocupadas neste setor, em virtude da
instalação da indústria naval no município.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


234
 Nível de Renda da população de Rio Grande

Para determinar a renda da população de Rio Grande foram utilizados dados de


rendimento mensal (em salário mínimo9) dos responsáveis por domicílios no ano 2000.
Conforme o IBGE, “as investigações limitaram-se às pessoas definidas como
responsáveis (pelos domicílios particulares ou pelas famílias residentes em unidades
de habitação em domicílios coletivos) ou como individuais em domicílios coletivos”.

Nota-se, na Figura 44, que a classe salarial de maior participação no município de


Rio Grande em 2000, correspondente a 35%, recebia de 3 a 10 salários mínimos. Os
responsáveis por domicílios com rendimentos acima de 10 salários mínimos
correspondiam a 8,7%.

2,6%
7,4%

6,1% 17,1%
0a1
1a3
3 a 10
10 a 20
35,0% 31,9%
> de 20
Sem Rend

Figura 44: Rendimento nominal mensal (salário mínimo) das pessoas responsáveis pelos
domicílios particulares permanentes em Rio Grande (Fonte: IBGE- Censo demográfico 2000).

 Indicadores econômicos

Com o objetivo de apresentar os indicadores econômicos de Rio Grande serão


utilizados em um primeiro momento os valores monetários do Produto Interno Bruto
(PIB) e também do PIB per capita no ano de 2007. O PIB representa a soma (em
valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos em uma
determinada região durante certo período de tempo. PIB per capita é o PIB dividido
pela população local. A Tabela 38 apresenta os municípios com os 10 maiores
produtos do RS em 2007, com destaque para Rio Grande na 6º posição.

9
salário mínimo utilizado foi de R$ 151,00 no ano de 2000.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
235
Tabela 38: Produto Interno Bruto (PIB) dos principais municípios do RS – 2007
(Fonte:FEE/Centro de Informações Estatísticas/Núcleo de Contabilidade Social).

PIB Nominal Participação (%) no Posição no Ranking


Municípios
(R$ 1 000) PIB do RS em 2007
Porto Alegre 33.434.026 18,93 1º
Canoas 10.770.196 6,10 2º
Caxias do Sul 9.811.991 5,56 3º
Gravataí 4.868.336 2,76 4º
Triunfo 4.705.677 2,66 5º
Rio Grande 4.444.840 2,52 6º
Novo Hamburgo 4.113.919 2,33 7º
Pelotas 3.178.159 1,80 8º
Passo Fundo 3.065.273 1,74 9º
Santa Cruz do Sul 2.961.582 1,68 10º
Rio Grande do Sul 176.615.073 100,00 -

Atualmente, a metade sul do Rio Grande do Sul, mais precisamente o municipio


de Rio Grande, passa por transformações econômicas significativas, em que impactos
na economia e na rotina dos moradores já são notados. Um novo ciclo econômico de
prosperidade parece começar para esta região.
As causas desse otimismo são pertinentes, visto que atualmente ocorrem obras
de modernização do Porto, como, por exemplo, o prolongamento dos molhes da barra
de Rio Grande, mas, principalmente, pela instalação da indústria naval. Dentre os
municípios da metade sul do estado gaúcho, Rio Grande é destaque em termos
econômicos e a tendência para os próximos anos – em virtude da consolidação do
Polo naval - é que esta diferença se acentue cada vez mais.

Na Figura 45 é apresentado o PIB per capita de alguns municípios da região.


Observa-se valores superiores para o município de Rio Grande quando comparados
aos outros da metade sul, confirmando, assim, o que foi descrito anteriormente.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


236
22.870
25.000

20.000 16.689
PIB Per Capita (R$/hab.)

15.000

9.349
10.000 6.826

5.000

0
Rio Grande Pelotas São José do Norte Rio Grande do Sul

Municípios

Figura 45: PIB per capita de municípios da metade sul e RS em 2007, em reais (R$) a preços
correntes. Fonte: FEE / Núcleo de Contabilidade Social, 2010.

Ainda tratando-se de indicadores econômicos, com o intuito de apresentar a


influência de cada setor da economia de Rio Grande, a Figura 46 mostra valores
percentuais do valor adicionado bruto a preços básicos (VAB) para o ano de 2007.
Segundo a FEE (2009), o VAB apresenta a diferença entre o valor bruto da produção,
medido a preços do produtor, e o consumo intermediário, mensurado a preços de
mercado.

55,8%
60

50 41,2%

40
(%)

30

20

10 3,0%

0
Agropecuária Indústria Serviços

Figura 46: Participação percentual por setor da economia no VAB total em Rio Grande (2007).
Fonte: FEE / Núcleo de Contabilidade Social, 2010.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


237
Em relação à participação percentual do VAB de cada setor da economia no VAB
total, nota-se que, em Rio Grande, a agropecuária se destaca como o setor de menor
participação, com 3% do VAB total. Por outro lado, os setores da indústria (41,2%) e
do comércio (Foto 90) e serviços (55,8%) foram os que mais contribuíram com o valor
adicionado total de Rio Grande em 2007.

Foto 90: Atividades


comerciais na Rua General
Bacelar, calçadão de Rio
Grande.

4.7.1.2 Porto do Rio Grande

O Porto do Rio Grande está entre os maiores portos do país em movimentação de


cargas, e caracteriza-se por ser o único porto marítimo do Estado do Rio Grande do
Sul e principal local de escoamento da produção gaúcha.
A área do Porto Organizado é constituída pelas instalações portuárias terrestres
nos municípios de Rio Grande e São José do Norte.
O Porto Organizado abrange todos os cais, docas, píeres, armazéns, pátios,
edificações em geral, vias internas de circulação rodoviária e ferroviária, e mais os
terrenos ao longo dessas faixas marginais e em suas adjacências, pertencentes à
União, incorporados ou não ao Patrimônio do Porto de Rio Grande. Faz parte, ainda,
do Porto Organizado e está sob sua responsabilidade, a infraestrutura de proteção dos
acessos, como os Molhes Leste e Oeste, as áreas de fundeio, bacias de evolução,
canal de acesso e áreas adjacentes, até as margens das instalações terrestres do
referido porto.
Conforme o plano de zoneamento realizado em 2008 pela Superintendência do
Porto do Rio Grande (SUPRG), o complexo portuário do Porto do Rio Grande é
constituído de quatro zonas portuárias: o Porto Velho, o Porto Novo, o Superporto e
São José do Norte, como pode se observar na Figura 47.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


238
Figura 47: Zoneamento do Porto de Rio Grande (Fonte: SUPRG).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


239
4.7.1.2.1 Dados do Porto do Rio Grande

 Principais mercadorias embarcadas

O Porto de Rio Grande caracteriza-se por sero principal responsável pelo


escoamento dos produtos agropastoris do Estado do Rio Grande do Sul, destacando-
se a soja e o trigo. Por meio da Tabela 39 constata-se que os produtos que compõem
o complexo da soja são os principais embarcados no Porto. Dentro desse complexo
está a soja em grão, o farelo de soja lowpro (baixa proteína) e, mais abaixo o farelo de
soja hipro (alta proteína).

Tabela 39: Principais mercadorias embarcadas no Porto do Rio Grande no ano de 2008
(Toneladas) (Fonte: SUPRG, 2009).
Mercadorias Embarque

SOJA EM GRÃO 3.406.114,888


FARELO DE SOJA LOWPRO 1.144.543,386
TRIGO 1.056.607,368
CAVACOS DE MADEIRA 958.742,544
FARELO DE SOJA HIPRO 810.768,233
FERTILIZANTES OUTROS 800.636,998
ÓLEO DE SOJA 525.628,845
ARROZ 358.266,837
MILHO 355.492,094
CELULOSE 301.396,000

 Evolução do fluxo de cargas do Porto do Rio Grande

Em relação à movimentação de cargas no Porto do Rio Grande, nota-se, na


Figura 48, que a privatização dos serviços no final de 1996 possivelmente tenha sido a
responsável pelo expressivo crescimento na movimentação a partir desta data.
Observa-se que, nos primeiros 11 anos da amostra (1986 a 1996), a movimentação de
cargas no porto oscilava entre 10.000.000 e 12.000.000 toneladas. Já a partir de 1996
até 2007, é notável uma tendência de alta. Somente em alguns anos, caso de 2005,
devido a uma forte estiagem ocorrida no Rio Grande do Sul, registrou-se queda na
movimentação de cargas.

Para se ter uma idéia do crescimento na movimentação do Porto do Rio Grande,


no ano de 1996 foram movimentadas 9.683.491 toneladas, já em 2007, 26.680.345;
alta de expressivos 175% no período.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


240
28.000.000

26.000.000

24.000.000

22.000.000

20.000.000

18.000.000

16.000.000

14.000.000

12.000.000

10.000.000

8.000.000

Movimentação de cargas (t) no Porto do Rio Grande

Figura 48: Evolução da movimentação de cargas no porto do Rio Grande – 1986-07 – (Em
toneladas)(Fonte: ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários).

 Importância do Porto do Rio Grande na arrecadação do ISSQN

De competência dos municípios, o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza


(ISSQN) tem como fato gerador a prestação de serviços, sendo o contribuinte o
prestador do serviço. Interessante destacar que este imposto incide apenas sobre os
serviços desenvolvidos no Brasil, cujos resultados sejam aqui verificados, não sendo
aplicável às exportações.

Dentre a lista de serviços sujeitos ao ISSQN, os serviços portuários apresentam-


se como representativos para o município de Rio Grande. Algumas das atividades
portuárias tributáveis realizam-se através da atracação, desatracação, serviços de
praticagem, capatazia, armazenagem de qualquer natureza, serviços acessórios,
movimentação de mercadorias, serviços de apoio marítimo e de movimentação ao
largo, serviços de armadores, estiva, conferência, logística e congêneres.
Através da Tabela 40 procura-se demonstrar uma possível dependência entre os
resultados do Porto do Rio Grande e a arrecadação de ISSQN pela Prefeitura local.
Para isso observou-se a arrecadação real do ISSQN no período de 2002 à 2008.

Como resultado, constatou-se uma provável dependência entre as duas variáveis,


visto que no período em análise, o único ano (2005) em que o município registrou
variação percentual negativa na arrecadação, foi um ano de estiagem no Rio Grande
do Sul e, consequentemente, de queda na movimentação no Porto local.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


241
Tabela 40: Variação percentual (%) real da arrecadação de ISSQN no município de Rio Grande
(valor corrigido pelo IPCA). (2002 – 2008) (Fonte: Resultados obtidos a partir dos dados brutos
da secretaria municipal da fazenda de Rio Grande).

Ano Variação % do ISSQN

2002 22,12
2003 11,19
2004 13,16
2005 -2,27
2006 15,90
2007 23,23
2008 18,19

4.7.1.3 Polo Naval de Rio Grande

Atualmente, o município de Rio Grande vive importante transformação em sua


economia, advinda principalmente da instalação da indústria naval. Localizado no
Porto de Rio Grande, o pólo naval já é realidade e está modificando toda a economia
da metade sul do estado, trazendo empregos e geração de renda para a população
local, através de novas oportunidades tanto na indústria (de forma direta) como no
comércio e serviços (forma indireta).Hoje em dia, em função do incremento na renda
dos habitantes locais, ocorre em Rio Grande a elevação na demanda por todos os
tipos de produtos e serviços.

O início da consolidação do polo naval em Rio Grande ocorreu através das obras
de construção da plataforma P-53, nas quais foram gerados inúmeros postos de
trabalho, causando impactos para a economia do município de Rio Grande e região.
Atualmente, a região espera com ansiedade o término das obras do Estaleiro Rio
Grande (Foto 91), que está em fase de implantação de um dique seco na área do
Superporto e tem a promessa de gerar mais postos de trabalho durante a fase de
operação, bem como de outros empreendimentos os quais já anunciaram instalação
no município.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


242
Foto 91: Estaleiro Rio Grande.

4.7.1.4 Infraestrutura Básica em Rio Grande

4.7.1.4.1 Esgotamento sanitário

Através dos dados do IBGE do ano de 2000, quanto ao tipo de esgotamento


sanitário, 58,7% dos domicílios do município utilizavam fossa séptica, 28,7% coleta de
esgoto por rede geral, e 10,2% outro destino. A Figura 49 apresenta o tipo de
esgotamento sanitário do município na totalidade e nas áreas urbana e rural. Observa-
se que o número de domicílios sem banheiro nem sanitário era superior na zona rural
quando comparada a urbana (7,8% e 2,2%, respectivamente).

70,0%

60,0%

50,0% Rede geral de esgoto

40,0%
Fossa séptica
30,0%

20,0% Outro escoadouro

10,0%
Não tinha banheiro ou
0,0% sanitário
Total Urbana Rural

Situação dos domicílios

Figura 49: Percentual dos tipos de esgotamento sanitário por situação de domicílios em Rio
Grande – 2000 (Fonte: IBGE, 2000).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


243
4.7.1.4.2 Limpeza urbana

De acordo com o IBGE, no ano 2000 a coleta de resíduos sólidos atingiu 94,9%
dos domicílios de Rio Grande. Observa-se que, em 58,1% dos domicílios rurais, o lixo
era queimado, 16,8% enterrado, 5,7% jogado em terreno baldio e somente 12,1% era
coletado (Figura 50). Já nos domicílios urbanos, este índice chegou a 98,3% de
resíduos coletados, e apenas 0,9% e 0,4% eram queimados ou enterrados,
respectivamente.

100%
90%
80% C oletado
70%
Queimado
60%
50% Enterrado

40%
Jogado em terreno baldio
30%
Jogado em rio, lago ou
20%
mar
10% Outro destino
0%
Total Urbanos Rurais

Situação dos domicílios

Figura 50: Percentual das formas de coleta de resíduos sólidos por situação de domicílios em
Rio Grande – 2000 (Fonte: IBGE, 2000).

4.7.1.4.3 Abastecimento de água

De acordo com os dados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2000, os


moradores dispõem de algum tipo de abastecimento de água, seja a rede geral, poço
ou nascente, ou outras formas que podem ser incluídas no abastecimento de água.

Neste contexto, observa-se, na Figura 51, que em 92,8% dos domicílios de Rio
Grande o abastecimento de água é realizado por meio da rede geral. Importante
salientar que os domicílios localizados na área urbana contribuíram para este elevado
valor, visto que, além de representar a maioria dos domicílios do município, 96%
desses são abastecidos pela rede geral. Já na área rural destaca-se o abastecimento
realizado por poço ou nascente.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


244
100%
90%
80%
70%
60%
50% Rede geral
40% Poço ou nascente
Outra forma
30%
20%
10%
0%
Total Urbanos Rurais

Situação dos domicílios

Figura 51: Percentual das formas de abastecimento de água por situação de domicílios em Rio
Grande (Fonte: IBGE, 2000).

4.7.1.4.4 Energia elétrica

Em Rio Grande, os serviços de energia elétrica estão a cargo da Companhia


Estadual de Energia Elétrica (CEEE). A área de cobertura da CEEE compreende a
região Metropolitana de Porto Alegre, Litoral e Campanha Gaúcha. A CEEE atende a
72 municípios, abrangendo 73.627 km², o que corresponde aproximadamente a 32%
do mercado consumidor do Rio Grande do Sul.

Segundo dados da FEE (Fundação de Economia Estatística) e, em 2007 o


município possuía um total de 75.553 consumidores de energia elétrica, que
respondiam por um consumo total de 443.177 MWh10. A Tabela 41 apresenta o
consumo de energia elétrica por classe consumidora para o ano de 2007.

Tabela 41: Consumo de energia elétrica em Rio Grande por classe de consumidores (MWh) em
2007 Fonte: FEEDADOS.
CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA (MWh) POR CLASSE
RESIDENCIAL INDUSTRIAL COMERCIAL RURAL SETOR OUTROS* TOTAL
PÚBLICO
111.832 88.214 76.289 15.781 40.314 110.747 443.177

*Corresponde à utilização de energia elétrica pela própria concessionária ou outras.

De acordo com os dados, pode ser observado que o setor residencial é o que
apresenta maior consumo de energia elétrica por classe consumidora (25,2%),
seguido pela classe “outros” (24,9%) e setor industrial (21,1%). Em virtude da
população rural representar pequena parcela da comunidade, o setor rural era o que
apresentava menor consumo naquele ano. O setor público e o comercial
representavam 9% e 17,2% desse consumo, respectivamente.

10
Megawatt-hora: é o indicador que mede a energia produzida ou consumida por hora.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
245
Com relação ao número de consumidores de energia elétrica do município,
percebe-se que a grande maioria pertence à classe residencial, que responde por
90,7% dos consumidores locais. Em segundo lugar está a classe comercial, que
representa 5,9% do total dos consumidores, conforme dados da Tabela 42.

Tabela 42: Consumidores de energia elétrica em Rio Grande por classe consumidora (2007)
Fonte: FEEDADOS.
Nº DE CONSUMIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA POR CLASSE
RESIDENCIAL INDUSTRIAL COMERCIAL RURAL SETOR OUTROS TOTAL
PÚBLICO
68.586 506 4.495 1.555 394 17 75.553

4.7.1.4.5 Circulação e transporte

- Sistema Rodoviário

As principais vias rodoviárias de acesso ao município de Rio Grande são as


rodovias federais BR-392 (Pelotas/Rio Grande) e a BR-471 (Chuí/Rio Grande). A BR-
392 é uma importante rodovia que conecta ao extremo sul do Estado e às demais
localidades do Brasil. Esta rodovia tem início no município de Rio Grande, e segue até
a cidade de Porto Xavier, na fronteira com a Argentina. Atualmente, a ECOSUL
(Empresa Concessionária de Rodovias do Sul S/A) é que possui a concessão para
administrar a BR-392 em um trecho de 201,8 km (Rio Grande/Pelotas/Santana da Boa
Vista). Outra importante via presente no município é a ERS-734, que liga o centro de
Rio Grande ao Balneário Cassino.

Ainda em relação ao sistema viário, é importante destacar o momento atual de


crescimento econômico de Rio Grande, principalmente em função da instalação do
Polo Naval no município, contribuindo assim para o incremento no número de
veículos. Neste contexto, o trânsito entra como uma questão de extrema importância,
e que merece ser tratada com cuidado especial pelo poder público local.

Para melhor entendimento da atual situação, é apresentada a Figura 52, que


mostra a evolução no número de veículos em Rio Grande no período de 2003 a 2009.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


246
75.000
Número de veículos em Rio Grande 73.501

70.000
68.786

65.000
63.159
60.000
58.365

55.000 54.778

51.048
50.000
47.678
45.000
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Ano

Figura 52: Evolução no número de veículos em Rio Grande no período de 2003 a 2009. Fonte:
Secretaria da Justiça e da Segurança - Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS).

Ao analisar a Figura 52, observa-se a variação positiva na frota no município, no


período 2003-2009. No período o incremento foi de expressivos 54,1%, saindo de
47.678 veículos no ano de 2003 para 73.501, em 2009.

- Sistema Hidroviário

No que se refere ao acesso hidroviário ao município, estão disponíveis algumas


vias navegáveis pela Laguna dos Patos e por via marítima até o Porto de Rio Grande.
Destaca-se, ainda, a ligação entre Rio Grande e o município de São José do Norte,
realizada diariamente por meio de lanchas de transporte de passageiros (Foto 92) e de
balsa para transporte de veículos.

Foto 92: Lancha de


passageiros (travessia Rio
Grande – São José do Norte).

- Sistema Aéreo

Com relação ao acesso via aérea, o município dispõe do Aeroporto Comandante


Gustavo Kremer (Foto 93), que integra a rede de 15 aeroportos do Estado do Rio
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
247
Grande do Sul. O aeroporto de Rio Grande é administrado pela Secretaria Estadual
dos Transportes, e, praticamente, movimenta somente passageiros por meio de vôos
diários a Porto Alegre, seguindo da Capital para os demais aeroportos do país.

O aeroporto possui capacidade para a operação de aeronaves de pequeno e


médio porte em pista asfaltada de 1.290 m, sinalizada para operações noturnas. Ainda
possui um terminal de passageiros, hangar e estacionamento para aeronaves e
veículos, situando-se a 10 km do centro da cidade.

Foto 93: Sala de embarque do


aeroporto.

- Sistema de Comunicações
Em Rio Grande, as concessionárias responsáveis pelos serviços de telefonia fixa
são a Global Village Telecom (GVT), Oi e NET, disponibilizando serviços de discagem
direta à distância e de discagem internacional, bem como os serviços de transmissão
de dados via fax e de acesso rápido à internet. O município dispõe também de
serviços de telefonia móvel tendo como operadoras a Vivo, a Tim, a Claro e a Oi.

Quanto aos serviços postais, Rio Grande dispõe de cinco agências dos correios.
Na Tabela 43 pode-se observar o nome de cada agência e o bairro do município em
que estão localizadas.

Tabela 43: Agências dos correios em Rio Grande (Fonte: Correios).

Nome da Agência Bairro

AC RIO GRANDE (Agência Central dos correios) Centro


ACC I CASSINO (Agência dos correios) Cassino
ACF SILVA PAES (Agência franqueada dos correios) Centro
AGC QUINTA (Agência comunitária dos correios) Quinta
AGC POVO NOVO (Agência comunitária dos correios) Povo Novo

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


248
No que se refere ao acesso a canais de televisão, segundo informações básicas
municipais do IBGE, referentes ao ano de 2005, Rio Grande conta com 4 canais de
televisão de transmissão aberta. A RBS TV Rio Grande é a emissora de TV local, que
transmite a programação da Rede Globo e da RBS Porto Alegre. O município dispõe,
ainda, de retransmissoras de TV de outras redes, como a TVE de Porto Alegre, TV
Pampa e TV Bandeirantes.

A comunicação por rádio é realizada por meio das emissoras Rádio Nativa (740
Khz), Rádio Cassino (1450 Khz) e Rádio Minuano (1410 Khz) no sistema AM, e Rádio
Oceano (97.1 MHz), Rádio Aleluia (92.5 MHz), Rádio Universidade (106.7 MHz) e
Rádio Atlântida (102.1 MHz), em FM.

Quando se trata da mídia impressa, o município de Rio Grande possui atualmente


dois jornais de circulação diária, o Jornal Agora e o Diário Popular.

- Educação em Rio Grande

 Ensinos Infantil, Fundamental e Médio

O sistema educacional do município de Rio Grande atende às demandas para a


Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio mediante uma infraestrutura
controlada principalmente pela administração municipal e estadual.

Em 2007, o município apresentava um total de 188 estabelecimentos de ensino


nos níveis infantil, fundamental e médio. A maioria das escolas era de Ensino
Fundamental (96). A Tabela 44 apresenta a infraestrutura educacional - número de
estabelecimentos - do município por rede e nível de ensino no ano de 2007.

Tabela 44: Número de estabelecimentos de ensino em Rio Grande por nível e rede (2007)
Fonte: IBGE Cidades.

NÍVEL DE ENSINO
REDE DE
ENSINO EDUCAÇÃO ENSINO
ENSINO MÉDIO TOTAL
INFANTIL FUNDAMENTAL

Municipal 39 52 0 91
Estadual 22 29 10 61
Federal 0 0 1 1
Particular 15 15 5 35
Total 76 96 16 188

De acordo com o Censo Educacional 2007, o número total de alunos matriculados


em Rio Grande nos níveis de ensino infantil, fundamental e médio era de 41.144.
Destes, 90,9% pertenciam ao ensino público. Na Figura 53 pode-se observar a
distribuição dos alunos matriculados em Rio Grande por rede de ensino.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


249
20.000
18.000
16.000
Nº de matrículas 14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
Municipal Estadual Federal Particular

Rede de ensino

Figura 53: Número de matrículas em Rio Grande por rede de ensino em 2007 (Fonte: IBGE
Cidades).

Observa-se que a rede federal, que apresenta um estabelecimento de ensino de


nível médio (Campus Rio Grande do IFRS – Antigo Colégio Técnico Industrial),
apresentou, naquele ano, 339 alunos matriculados, o que representou 4,32% dos
alunos matriculados na rede de ensino médio.

Entre os alunos matriculados em Rio Grande, a maioria estava no Ensino


Fundamental, 30.048, 7.841 estavam no Ensino Médio e 3.255 eram alunos da
Educação Infantil. O corpo docente do município era composto, em 2007, por um total
de 2.315 professores (excetuando-se o corpo docente do ensino superior), dos quais
44,3% eram vinculados à rede estadual, 40,7% à rede municipal, 14,1% à rede
particular e 0,8% à rede federal (Tabela 45).

Tabela 45: Corpo docente das escolas de Rio Grande por nível e rede de ensino (2007) Fonte:
IBGE Cidades, 2008.

NÍVEL DE ENSINO
REDE DE
EDUCAÇÃO ENSINO
ENSINO ENSINO MÉDIO TOTAL
INFANTIL FUNDAMENTAL

Municipal 116 828 0 944


Estadual 33 615 377 1.025
Federal 0 0 19 19
Particular 53 203 71 327
Total 202 1.646 467 2.315

Pelos dados da Tabela 45, percebe-se que o Ensino Fundamental possuía, em


2007, mais de 1.600 professores, dos quais mais da metade (50,3%) eram vinculados
à rede municipal. Os docentes do Ensino Médio e da Educação Infantil representavam,
naquele ano, 20,1% e 8,7%, respectivamente, do total de professores do município.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


250
 Ensino Superior, Técnico e Profissionalizante

O município de Rio Grande abriga dois estabelecimentos de Ensino Superior: a


Universidade Federal do Rio Grande (FURG) (Foto 94), com ensino público, e a
Faculdade Atlântico Sul, estabelecimento privado, pertencente à Anhanguera
Educacional (Foto 95).

Foto 94: Entrada da


Universidade Federal do Rio
Grande (FURG). Detalhe do
prédio da Reitoria ao fundo.

Foto 95: Entrada da


Anhanguera Educacional –
Campus Rio Grande.

Situada em uma cidade em que o ambiente costeiro é tão importante, seja do


ponto de vista ambiental, seja pela inserção da população em atividades ligadas a
esse meio, uma das principais linhas de atuação da FURG está justamente voltada ao
Ecossistema Costeiro. Por meio dela, busca-se produzir, organizar e disseminar o
conhecimento sobre esse ambiente, através do ensino, da pesquisa e da extensão.
Neste sentido, Rio Grande é o único município do Rio Grande do Sul a apresentar o
curso de Oceanologia, na própria FURG.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


251
A Tabela 46 apresenta o número de vagas oferecidas por cursos de graduação
nos últimos processos seletivos da universidade. Ao analisar esta tabela, observa-se
que foram acrescentados, recentemente, novos cursos, entre eles: Engenharia
Agroindustrial (Agroquímica), Engenharia Agroindustrial (Indústrias Alimentícias),
Engenharia Civil Costeira e Portuária, Tecnologia em Gestão Ambiental, etc. Dentre os
novos cursos, destaca-se o curso de Engenharia Mecânica Naval, que tem por intuito
oferecer mão-de-obra qualificada ao Pólo de construção naval, em fase de instalação
no município.
Tabela 46: Número de vagas oferecidas por cursos de graduação nos últimos processos
seletivos da FURG Fonte: Manual do Candidato, Processo Seletivo FURG 2010).

CURSO 2008 2009 2010

Administração 55 80 100

Arqueologia 40 40 40
Arquivologia 40 40 40
Artes Visuais– Licenciatura 36 - -
Artes Visuais– Licenciatura e Bacharelado - 50 50
Biblioteconomia 40 40 40
Ciências Biológicas – Bacharelado 20 25 40
Ciências Biológicas – Licenciatura 20 25 40
Ciências Contábeis – D 30 - -
Ciências Contábeis – N 50 100 100
Ciências Econômicas 50 100 100
Direito–D 33 35 35
Direito–N 66 70 70
Educação Física – Licenciatura 30 30 30
Enfermagem 50 50 55
11 - 50 50
Engenharia Agroindustrial - Agroquímica
12 - 50 50
Engenharia Agroindustrial- Indústrias Alimentícias
Engenharia Bioquímica - - 50
Engenharia Civil 50 60 60
Engenharia Civil Empresarial 25 35 35
Engenharia Civil Costeira e Portuária - - 25
Engenharia de Alimentos 50 50 50
Engenharia de Automação - 40 40
Engenharia de Computação 40 50 50
Engenharia Mecânica 50 60 60
Engenharia Mecânica Empresarial 25 35 35
Engenharia Mecânica Naval - - 25
Engenharia Química 50 50 50
Física – Licenciatura e Bacharelado 40 60 70

11
Curso e Processo Seletivo oferecido no campus do município de Santo Antônio da Patrulha – RS.
12
Curso e Processo Seletivo oferecido no campus do município de Santo Antônio da Patrulha – RS.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
252
CURSO 2008 2009 2010

Geografia – Bacharelado 25 25 25
Geografia – Licenciatura 25 25 25
História – Bacharelado 23 40 40
História – Licenciatura 27 27 27
Letras–Português 50 50 50
Letras–Português / Espanhol – D 25 25 25
Letras–Português / Espanhol – N 25 25 25
Letras–Português / Francês 25 25 25
Letras–Português / Inglês 25 25 25
Matemática – Licenciatura 40 40 40
Matemática Aplicada 40 40 40
Medicina 66 70 70
Oceanologia 40 40 40
Pedagogia – Licenciatura - D 45 45 45
Pedagogia – Licenciatura - N 45 45 45
Psicologia 35 35 35
Química - Bacharelado - - 50
Química - Licenciatura 25 25 25
Sistemas de Informação - Bacharelado - 40 40
Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas 50 50 50
Tecnologia em Eficiência Energética em Edificações - 60 60
Tecnologia em Gestão Ambiental - - 30
Tecnologia em Gestão Ambiental13 - - 30
Tecnologia em Refrigeração e Climatização - 50 50
Tecnologia em Toxicologia - 24 24
14 - - 30
Turismo Binacional
TOTAL 1526 2056 2361

Já a Anhanguera Educacional oferece cursos de graduação em Administração,


Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Direito, Enfermagem, Engenharia de
Produção, Fisioterapia, Psicologia, Técnico em Marketing e Técnico em Sistemas para
Internet.

Quando se trata do Ensino Técnico no município, destaca-se o Colégio Técnico


Industrial Prof. Mário Alquati (CTI), vinculado à Universidade Federal do Rio Grande.
Em 2008, o CTI passou a integrar o Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) como Campus Rio Grande. O IFRS é uma
instituição federal de ensino público e gratuito, criada em dezembro de 2008,
juntamente com outros 37 institutos. A Tabela 47 apresenta os cursos oferecidos,
vagas e as modalidades, de acordo com informações do Teste de Classificação de
2010 deste instituto.

13
Curso e Processo Seletivo oferecidos no campus do município de São Lourenço do Sul – RS.
14
Curso e Processo Seletivo oferecidos no campus do município de Santa Vitória do Palmar – RS.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
253
Tabela 47:Cursos oferecidos, vagas e modalidades no Processo Seletivo 2010 do Campus Rio
Grande do IFRS Fonte: IFRS, Campus Rio Grande).

Vagas
Modalidade Cursos Oferecidos
1ºsem 2ºsem
Pós Ensino Médio

Eletrotécnica 40 40
Refrigeração e Climatização 40 40
Geoprocessamento 26 -
Enfermagem 26 -
Automação Industrial 40 40
Eletrotécnica 48 -
Ensino Médio
Integrado ao

Refrigeração e Climatização 36 -
Informática para Internet 30 -
Geoprocessamento 30 -
Automação Industrial 36 -
Eletrotécnica 30 30
Integrado ao

Refrigeração e Climatização 30 30
EJA

Geoprocessamento 30 30
Automação Industrial 30 30

Para os alunos com Ensino Médio concluído foram oferecidos, no Processo


Seletivo de 2010, os cursos de Eletrotécnica, Refrigeração e Climatização,
Geoprocessamento, Enfermagem e Automação Industrial, totalizando 172 vagas no 1º
semestre e 120 no 2º semestre.

Já os alunos que possuem apenas o ensino fundamental e desejam realizar curso


técnico integrado ao ensino médio, são oferecidas pelo IFRS Rio Grande, 180 vagas
divididas nos mesmos cursos do modelo anterior, apenas sendo inserido o curso de
Informática para Internet e retirado o curso de Enfermagem. Quanto à modalidade
Integrado ao EJA, são cursos para alunos que já concluíram o Ensino Fundamental.
Esta modalidade caracteriza-se pelos alunos optarem, ao final do 4º semestre
cursado, por uma das vagas oferecidas por curso a cada semestre.

 Taxas de analfabetismo

O analfabetismo é um dos indicadores mais importantes como indício do nível de


qualidade de vida da população, sendo muito utilizado por órgãos internacionais como
um indicador que mede os níveis de desenvolvimento socioeconômico de países.Para
o IBGE (2000) considera-se como alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever pelo
menos um bilhete simples no idioma que conhece.

Como as políticas educacionais são, geralmente, voltadas para a população em


idade escolar, com prioridade para o ensino básico, as análises sobre as taxas de
analfabetismo expressam melhor a realidade se forem realizadas por faixa etária. A
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
254
análise das taxas de analfabetismo por faixa etária pode mostrar indícios de como a
população está ou não preparada, do ponto de vista educacional, para o mercado de
trabalho.

A Figura 54 apresenta as taxas de analfabetismo em Rio Grande por faixa etária


da população no ano de 2000.

8,54%
9%
8%
7%
6% 4,83%
5%
4%
2,35%
3%
1,39%
2%
1%
0%
de 7 a 14 anos de 5 anos a 17 de 18 a 24 anos de 25 anos ou
anos mais

Figura 54: Taxa de analfabetismo em Rio Grande por faixa etária da população (2000).Fonte:
Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil – PNUD, 2000 e IBGE, 2000.

 Saúde em Rio Grande

Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, Rio Grande dispõe de 17


Postos de Saúde e 20 módulos do Programa Saúde da Família (PSF). O município
conta ainda, com 4 Postos de Atendimento 24 horas, uma Unidade de Vigilância
Sanitária e uma Unidade de Vigilância Epidemiológica.

Abaixo na Tabela 48 são apresentados o número de leitos hospitalares segundo a


especialidade. Conforme informações obtidas por meio do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde - CNES – o município de Rio Grande dispõe de 756 leitos
hospitalares, com destaque para as especialidades clínicas e cirúrgicas.

Tabela 48: Número de leitos hospitalares segundo a especialidade – 2009 (Fonte: Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES).

Especialidade Leitos hospitalares

Cirúrgicos 145
Clínicos 264
Complementares 79
Obstétrico 53
Pediátrico 55
Outras Especialidades 124

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


255
Especialidade Leitos hospitalares

Hospital/DIA 36

Total 756

Destaca-se o fato de que o município sofreu um decréscimo no número de leitos


hospitalares em decorrência do encerramento das atividades do Hospital Beneficência
Portuguesa. Porém, o município conta com dois hospitais, são eles o Hospital
Universitário Dr. Miguel Riet Correa Jr. (Foto 96) e a Associação de Caridade Santa
Casa de Rio Grande (Foto 97).

Foto 96: Vista frontal do


Ambulatório do Hospital
Universitário Dr. Miguel Riet
Correa Jr, em Rio Grande.

Foto 97: Vista de uma das


entradas da Associação de
Caridade Santa Casa de Rio
Grande.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


256
4.7.1.5 Indicadores sociais e de qualidade de vida

Conforme o PNUD, 2007/2008, o índice de desenvolvimento humano (IDH)


trabalha com a média de metas alcançadas em três dimensões básicas de
desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, acesso à educação e condições
de vida dignas. As dimensões básicas são medidas pela expectativa de vida do
indivíduo ao nascer, a alfabetização entre os adultos e a escolarização bruta
combinada nos níveis de ensino primário, secundário e superior, bem como o produto
interno bruto per capita em PPC15 em dólares americanos. O índice é construído a
partir de indicadores que estão disponíveis globalmente, usando uma metodologia que
seja simples e transparente. Na Figura 55 está apresentada, de forma simplificada e
resumida, a construção deste índice.

As três dimensões (IDHM16) têm a mesma importância no índice, que varia de zero
a um. Quanto mais próximo de 1, melhor é a qualidade de vida de um local. Assim, um
índice menor que 0,5 equivale a um desenvolvimento humano baixo, índice entre 0,5 e
0,799 é considerado de médio e índice 0,8 ou superior equivale a um alto
desenvolvimento humano.

Figura 55: Diagrama que apresenta um resumo de como é construído o IDH, segundo o
Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008, elaborado pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Observando-se a Tabela 49, que mostra o IDH total e por blocos (IDHM) no Brasil,
no Rio Grande do Sul e em Rio Grande, no período 1991-2000, nota-se que Rio
Grande apresenta um crescimento do indicador neste período, puxado em especial
pelo IDHM educação. Nos dois períodos analisados, o município ficou na faixa
considerada de médio desenvolvimento, porém já bem próximo de entrar na
classificação de alto índice. O Estado, com índice de 0,814 em 2000, possui alto nível
de desenvolvimento humano. Já em relação aos dados apresentados para o Brasil, o
país apresenta desenvolvimento médio.

15
Paridade do Poder de Compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países.
16
IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é a representação do índice médio na dimensão estudada,
podendo ser a longevidade, a educação ou a renda.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
257
Tabela 49: IDH total e por blocos no Brasil, no Rio Grande do Sul e em Rio Grande (1991-
2000) (Fonte: PNUD, 2000).

INDICADOR IDH BRASIL IDH RS IDH RIO GRANDE


PERÍODO 1991 2000 1991 2000 1991 2000
Educação 0,745 0,849 0,827 0,904 0,843 0,918
Renda 0,681 0,723 0,702 0,754 0,684 0,735
Longevidade 0,662 0,727 0,729 0,785 0,691 0,727
Total 0,696 0,766 0,753 0,814 0,739 0,793

4.7.2 Contexto da Área de Inserção da Unidade de Conservação

Para o estudo de diagnóstico do meio socioeconômico da área de inserção da


Unidade de Conservação definiu-se a região compreendida pelos bairros Senandes,
Bolaxa e Boa Vista. Estaanálise tem o objetivo não somente traçar o perfil da
população residente na região do estudo, mas também revelar algumas carências
socioeconômicas existentes na área da APA e no município de Rio Grande. Para tanto
foi avaliadoem primeiro lugar o rendimento domiciliar por situação de domicílio, em
segundo lugar a distribuição etária da população residente, e por fim os anos de
estudo do responsável pelo domicílio. Estas três variáveis foram escolhidas, por elas
comporem o índice de vulnerabilidade social formado por três aspectos fundamentais:
rendimento domiciliar per capita, pessoaresponsável com menos de 4 anos completos
de estudo, e a presença nosdomicílios de crianças (até 14 anos de idade), conforme
os Indicadores Sociais Municipais - IBGE (2000).

Neste contexto, pode-se observar através da Tabela 50 que 23,91% dos


domicílios do bairro Boa Vista recebiam até um salário mínimo, 30,43%, entre um e
dois salários mínimos, ou seja, mais da metade das famílias(54,34%) recebem até
dois salários mínimos, no Bairro Senandes, 34,5% e no Bolaxa, 37,41%. Quando
comparamos estes dados com o município de Rio Grande observamos que 36,82%
recebem até dois salários mínimos.

Tabela 50: Percentual do rendimento nominal mensal por situação de domicílios área da APA
da Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000).
Urbana

De mais De mais De mais


De mais De mais De mais Sem
Rendimento Até 1 de 5 a de 10 a de 15 ou
de 1 a 2 de 2 a 3 de 3 a 5 rendimento
nominal Salário 10 15 mais
salários salários salários nominal
mensal Mínimo salários salários salários
mínimos mínimos mínimos mensal
mínimos mínimos mínimos

Boa Vista 23,91% 30,43% 11,96% 11,41% 10,87% 1,09% 0,54% 9,78%
Senandes 17,54% 16,96% 13,16% 17,84% 20,18% 3,22% 7,31% 3,80%
Bolaxa 17,65% 19,76% 11,06% 17,41% 18,35% 6,59% 6,82% 2,35%
Rio Grande 17,10% 19,72% 12,17% 17,20% 17,76% 3,85% 4,81% 7,41%

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


258
As médias salariais dos bairros Senandes e Bolaxa (Figura 56) se aproximamda
do município de Rio Grande, contudo o agrupamentoresidencial Boa Vista apresenta
esta variável em percentuais inferiores. Observa-se também que quase 10% dos
domicílios da localidade Boa Vista não apresentam rendimento nominal mensal,
agravando o poder de consumo desta população. Os bairros Bolaxa e Senandes
apresentam médias de rendimentos salariais acima de cinco salários mínimos,
melhores que a localidade Boa Vista.

35,00%

30,00%

25,00%
Até 1 Salário Mínimo

20,00% De mais de 1 a 2 salários mínimos


De mais de 2 a 3 salários mínimos
15,00% De mais de 3 a 5 salários mínimos
De mais de 5 a 10 salários mínimos
10,00%
De mais de 10 a 15 salários mínimos
De mais de 15 ou mais salários mínimos
5,00%
Sem rendimento nominal mensal
0,00%
Boa Vista Senandes Bolaxa Rio Grande

Figura 56: Percentual dos tipos de rendimento nominal mensal por situação de domicílio na
área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000).

Segundo os Indicadores Sociais Municipais - IBGE (2000) o estudo desta variável


é de suma relevância, na medida em que não somente pode ser um fator
preponderante na determinação do bem-estar das pessoas, mas também pode definir
a tomada de decisões de consumo e possibilidades de utilização dos rendimentos
pelos membros domiciliares. A seguir analisaremos o indicador de situação etária da
população residente na área da APA e seu entorno.

A (Tabela 51) mostra que o conjunto residencial Boa Vista apresenta o maior
percentual de crianças (até 14 anos) das regiões comparadas, ou seja, 35,45%, contra
a média de aproximadamente 25% nas demais regiões. A presença de elevadas
proporções de crianças (até 14 anos de idade) em domicílios com rendas per capita
inferiores ou inexistentesagrava a situação de vulnerabilidade social.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


259
Tabela 51:Percentual de distribuição etária da população residente por situação de domicílios
na área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000).

Urbana
Distribuição
Etária Pessoas de 0 a 14 Pessoas de 25 a Pessoas de 60 anos
Pessoas de 15 a 24 anos
anos 59 anos ou mais

Boa Vista 35,45% 16,38% 40,70% 7,47%


Senandes 25,05% 19,11% 41,71% 14,12%
Bolaxa 23,75% 16,17% 42,61% 17,47%
Rio Grande 25,89% 18,07% 44,99% 11,05%

Outro aspecto a considerar refere-se ao percentual de idosos entre os bairros


analisados. O conjunto residencial Boa Vista possui 7,47% de idosospor situação de
domicílio, contra 11,5% em Rio Grande. Segundo o estudo: O Perfil dos Idosos
Responsáveis pelos Domicílios no Brasil – IBGE (2000), Porto Alegre apresentou-se
como a capital com a segunda maior população de idosos (11,8%), ficando atrás
apenas do Rio do Janeiro, com 12,8% de idosos. Os baixos percentuais desta
população na localidade Boa Vista, em relação às médias municipais e federal, pode
ser reflexo das precárias condições de vida da localidade.

Em relação às características educacionais da população da área do diagnóstico,


referencia-se neste estudo um indicador de educação clássico, o percentual de
pessoas com menos de 4 anos de estudos completos, conhecido como analfabetismo
funcional. Esse fenômeno é assim chamado, pois se considera que o processo de
alfabetização somente se consolida após o término do 4ª série do ensino fundamental.
No Brasil, um dos maiores problemas da educação diz respeito à defasagem escolar
observada ao longo de todo sistema de ensino. O analfabetismo funcional mostra-se
de forma mais intensa nos municípios menos populosos, atingindo 39,0% nos
municípios com até 5 000 habitantes, e 15,6% nos municípios de maior porte
populacional. Possivelmente isso ocorra não somente pela menor oferta de ensino
nestas localidades, mas também devido a menores exigências dos mercados de
trabalho.
Sendo assim, os dados da Figura 57 demonstram que existe um elevado
percentual de responsáveis que possuem três anos de estudo (considera-se
analfabeto funcional até quatro anos de estudo incompletos).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


260
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
Boa Vista
5,00%
Senandes
0,00%
Bolaxa
Rio Grande

Figura 57:Percentual de anos de estudo do responsável pelo domicílio na área da APA da


Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000).

Na localidade Boa Vista cerca de 19% dos responsáveis completaram até três
anos de estudo, no Senandes 21%, no Bolaxa 23%, e em Rio Grande 23%. Todavia
se considerarmos os quatro anos de estudo completos, a situação educacional dos
responsáveis pelos domicílios se agrava, uma vez que, aproximadamente, 51% dos
responsáveis pelos domicílios no Boa Vista atingiram até a quatro anos de estudo,
35% no Senandes, 45% no Bolaxa e 46% em Rio Grande. Verifica-se ainda, de forma
geral, que os responsáveis pelos domicílios possuem uma baixa média de anos de
estudo, forte defasagem escolar ao longo de todo sistema de ensino, bem como um
gargalo de acesso à educação, principalmente, no ensino superior. Conforme os
dados apresentados sobre a variável renda, distribuição etária e anos de estudo,
pode-se concluir que entre as regiões da área da APA e seu entorno o conjunto
residencial Boa Vista apresenta maior vulnerabilidade social em relação aos demais,
por apresentar rendimentos inferiores, percentual de crianças superior e maior
defasagem de anos de estudo dos responsáveis por domicílio. As demais regiões se
assemelham as médias do município de Rio Grande. A seguir ver-se-á o estudo sobre
a infraestrutura destes locais.

 Esgotamento sanitário
Conforme os Indicadores Sociais Municipais (IBGE, 2000) o esgotamento sanitário
provenientes da rede geral ainda é um serviço precário no Brasil chegando, em média,
a 56% dos domicílios urbanos, não foram registradas diferenças significativas até o
patamar de 20 000 habitantes. Nos municípios maiores, acima de 500 000 habitantes,
a proporção atingiu 70%. Entretanto, o censo de 2000 registrou ainda em áreas
urbanas 1.072.868 domicílios sem instalação sanitária, sendo esta situação mais
freqüente nos municípios menores. Já nos domicílios rurais, essa situação é ainda
mais expressiva, uma vez que apenas uma pequena parcela de municípios possuía
esgotamento sanitário por rede geral.

Nesse contexto, observa-se, na Tabela 52, que apesar dos bairros estudados
neste diagnóstico pertencerem à zona urbana de Rio Grandea maior parte dos
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
261
domicílios não está ligada a rede geral de esgotamento sanitário para o destino de
seus dejetos domésticos. As três localidades estudadas apresentam em média 96%
de tratamento sanitário ligado a fossa séptica. O município de Rio Grande, apesar de
possuir 59,46%de seu esgotamento sanitário ligado a fossa séptica, já tem uma
cobertura de 28,92% pela rede geral de esgoto. Ao analisar a variável “sem banheiro,
nem sanitário”, observa-se que o bairro Senandes possui o maior número de
domicílios com esta característica (2,05%), seguida do bairro Boa Vista I (1,63%) e
Bolaxa (0,71%).

Tabela 52: Percentual da forma de esgotamento sanitário por situação de domicílios na área da
APA da Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000).
Urbana

Esgotamento Sem
Sanitário Rede geral Fossa Fossa Via Via rio, lago Via outro banheiro,
de esgoto séptica rudimentar vala ou mar escoadouro nem
sanitário

Boa Vista 0,54% 97,28% 0,00% 0,00% 0,00% 0,54% 1,63%


Senandes 1,17% 94,74% 1,75% 0,29% 0,00% 0,00% 2,05%
Bolaxa 0,24% 96,00% 2,35% 0,47% 0,00% 0,24% 0,71%
Rio Grande 28,92% 59,46% 7,56% 0,78% 0,84% 0,35% 2,09%

Os dados da Figura 58 demonstram uma homogeneidade em relação ao sistema


de fossa séptica para o esgotamento sanitário nos bairros estudados. Segundo os
dados do estudo: Os Indicadores Sociais Mínimos - IBGE (2000), a média brasileira
(zona urbana) de domicílios ligados ao esgotamento sanitário por rede geral
(municípios de 100 001 a 500 000 habitantes) apresenta 58,6% de cobertura. Todavia,
em Rio Grande, conforme os dados da Tabela 53, o percentual é de aproximadamente
29% (rede geral), parauma população de 179.208 (IBGE, 2000).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


262
120,00%
Rede geral de esgoto
100,00%
Fossa séptica
80,00%
Fossa rudimentar
60,00%
Via vala

40,00%
Via rio, lago ou mar

20,00%
Esgotamento sanitário
via outro escoadouro
0,00% Sem banheiro, nem
Boa Vista Senandes Bolaxa Rio sanitário
Grande

Figura 58: Percentual do tipo de esgotamento sanitário por situação de domicílio na área da
APA da Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000).

 Limpeza urbana
De acordo com o IBGE, no ano 2000 a coleta por serviço de limpeza de resíduos
sólidos na área da APA e seu entorno (Tabela 53) atingiu 96,20% de cobertura no
bairro Boa Vista, 96,78% no Senandes, e 94,12% no Bolaxa. Já em Rio Grande, a
coleta por serviço de limpeza atinge 93,33% dos domicílios urbanos.

Tabela 53: Percentual de destino dos resíduos sólidos por situação de domicílios na área da
APA da Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000).
Urbana

Destino Coleta em
dos Coleta
caçamba Jogado Jogado
resíduos por Queimado Enterrado
de em terreno em Rio, Outro
sólidos serviço (na (na
serviço baldio ou Lago ou destino
de propriedade) propriedade)
de logradouro Mar
limpeza
limpeza

Boa Vista 96,20% 0,54% 1,09% 1,63% 0,00% 0,00% 0,54%

Senandes 96,78% 0,29% 2,05% 0,29% 0,00% 0,00% 0,58%

Bolaxa 94,12% 4,24% 1,65% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Rio Grande 93,33% 5,11% 0,80% 0,35% 0,17% 0,17% 0,07%

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


263
Conforme a Figura 59, pode-se observar que apesar da cobertura da coleta de
resíduos sólidos atingirem a maioria dos domicílios particulares permanentes, ainda
existem outras formas de destino dos resíduos como: coleta em caçamba, queimado
ou enterrado na propriedade, e ainda outras práticas potencialmente poluidoras para a
zona da APA e seu entorno.

120,00%
Coleta por serviço de
100,00% limpeza
Coleta em caçamba de
serviço de limpeza
80,00%
Queimado (na propriedade)

60,00% Enterrado (na propriedade)

40,00% Jogado em terreno baldio


ou logradouro

20,00% Jogado em Rio, Lago ou Mar

Outro destino
0,00%
Boa Vista Senandes Bolaxa Rio Grande

Figura 59: Percentual das formas de coleta de resíduos sólidos por situação de domicílio na
área da APA da Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000).

 Abastecimento de água
Segundo os Indicadores Sociais Municipais – IBGE (2000), quase a totalidade dos
municípios brasileiros possuía mais de 90% dos domicílios urbanos ligados à rede
geral de abastecimento de água. Para os domicílios rurais, o abastecimento de água
varia de 14,2% nos municípios de pequeno porte a 66,7% naqueles mais populosos.
Nos demais casos, o abastecimento de água ocorria tanto por meio de poço ou
nascente como por meio de alguma outra forma de abastecimento - reservatório,
chuvas, carro-pipa, poço ou nascente localizado fora do terreno ou da propriedade em
que o domicílio estava construído.

Neste contexto, observa-se, na Tabela 54 que na maioria dos domicílios da região


APA da Lagoa Verde o abastecimento de água é realizado por meio da rede geral (em
média 96%). O abastecimento de água por poço ou nascente no bairro Bolaxa ocorre
em 5,65% dos domicílios, no Senandes em 2,63% e na localidade Boa Vista em
0,54%.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


264
Tabela 54: Percentual de abastecimento de água por situação de domicílios na área da APA da
Lagoa Verde e em Rio Grande (Fonte: IBGE, 2000).

Urbana
Abastecimento de Água
Rede geral Poço ou nascente Outra forma

Boa Vista 96,74% 0,54% 2,72%

Senandes 95,91% 2,63% 1,46%

Bolaxa 93,88% 5,65% 0,47%

Rio Grande 95,95% 2,28% 1,77%

Sendo assim, o serviço de rede de água ligado à rede geral, tanto na região da
APA e seu entorno, quanto no município de Rio Grande estão dentro da média
nacional (90% para municípios entre 100 001 e 500 000 habitantes). Conforme se
pode observar na Figura 60.

120,00%

100,00%

80,00%

Rede geral
60,00%
Poço ou nascente
Outra forma
40,00%

20,00%

0,00%
Boa Vista Senandes Bolaxa Rio Grande

Figura 60: Percentual das formas abastecimento de água por situação de domicíliona área da
APA da Lagoa Verde e em Rio Grande. (Fonte: IBGE, 2000).

Enfim, o estudo sobre infraestrutura básica para a área na qual a APA está
inserida e seu entorno demonstra uma homogeneidade em suas características, tais
como, esgotamento sanitário por via de fossa séptica em 96% dos domicílios, coleta
por serviço de limpeza de resíduos sólidos em aproximadamente em 96% dos
domicílios e abastecimento de água via rede geral em 96%.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


265
4.7.3 Percepção da Situação das Comunidades da Região da UC

4.7.3.1 Instituições

A identificação das organizações e instituições atuantes na criação da região APA


da Lagoa Verde mostra-se de suma importância para a elaboração dos Programas de
seu Plano de Manejo, uma vez que se terá umpanorama geral não somente da
participação, mas também das expectativas destes atores e instituições. Algumas
questões norteadoras foram pesquisadas neste diagnóstico, entre elas, as funções e
atribuições da instituição, a opinião em relação à APA da Lagoa Verde, as
expectativas da instituição em relação à elaboração do Plano de Manejo da APA, às
contribuições do órgão para a criação da APA, os principais problemas
socioambientais que a instituição identifica na área da APA, as atividades conflitantes
que a instituição avalia que possam divergir com os objetivos da APA, as atividades
executadas pela entidade na área da UC e seu entorno, o potencial de colaboração e
limitação da instituição na gestão da APA. Utilizou-se para tanto uma metodologia
qualitativa para este estudo, com a utilização de um questionário semi-estruturado
com oito perguntas abertas referentes às questões norteadoras abordadas acima, o
qual se encontra Anexo 4. Este instrumento foi aplicado de forma presencial, bem
como por e-mail aos representantes das seguintes instituições:

 Secretaria Municipal do Meio Ambiente – SMMA


 Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental - NEMA
 Associação dos Amigos do Arroio Vieira – Pró-Vieira;
 Instituto de Oceanografia / Universidade Federal do Rio Grande – IO/FURG;
 Associação Comunitária de Amigos e Moradores do Bolaxa - ACAMBO

A seguir mostrar-se-á um quadro expositivo com respostas abordadas nos


questionário às instituições:

Tabela 55: Respostas das entrevistas realizadas com as instituições atuantes na região da
APA (Fonte: Plano de Manejo Polar Meio Ambiente).

Categorias Respostas das Instituições/Associações

1. Quais as funções e atribuições de sua instituição?

SMMA - Gestão Ambiental, controle e Educação Ambiental no município.


NEMA- Projetos de conservação marinha e costeira; Pesquisa; Gestão e
Educação Ambiental.

Funções e Pró-Vieira - A instituição tem por função buscar a manutenção da qualidade


atribuições ambiental e socioambiental, tendo como enfoque os recursos hídricos. A associação
é membro efetivo e ocupa a secretaria executiva no Conselho Municipal de Defesa do
Meio Ambiente (COMDEMA) de Rio Grande/RS.
IO /FURG - A missão institucional do Laboratório de Gerenciamento Costeiro, do
Instituto de Oceanografia da FURG é o de contribuir para o uso sustentável das
zonas costeiras, através de atividades de ensino, pesquisa e extensão, utilizando-se
de uma abordagem multidisciplinar e uma perspectiva holística, na qual é
reconhecida a complexidade das interconexões entre zonas costeiras e seus usos.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


266
Categorias Respostas das Instituições/Associações

ACAMBO - É uma associação que congrega moradores do bairro Bolaxa. Trata


de questões de cunho assistencial, como auxílio para desastres climáticos (tivemos
um tornado este ano, que destruiu duas casas e danificou várias outras), eventos
culturais (festa do dia da criança, Natal, etc., cursos para mulheres, apoio às escolas,
melhorias e manutenção da infra-estrutura do bairro, representação dos interesses
dos moradores junto à prefeitura municipal e outros órgãos públicos.

2. Qual sua opinião em relação à APA da Lagoa Verde?

SMMA - É um ecossistema importante para o município, caracteriza uma área


de banhados preservados, é circundada por mata de restinga e antigas dunas,
praticamente na área urbana, com grande importância para preservação desses
ambientes que abrigam uma fauna típica da região.
NEMA - No contexto de desenvolvimento acelerado do município, a implantação
efetiva desta unidade de conservação é essencial para garantir a qualidade de vida
do município, bem como, preservar a biodiversidade os ecossistemas representativos
da região.
Pró-Vieira - Com expansão da cidade, a APA torna-se um instrumento essencial
Opinião Geral para a manutenção da qualidade ambiental de um ecossistema tão relevante.
Infelizmente, a área que ficou definida, por razões políticas, é reduzida demais para
poder contemplar os interesses da conservação ambiental. Deve melhorar nesse
sentido.

IO/FURG - É importante a sua implantação, pois se constituem em espaços


naturais dentro da zona urbana e que estão francamente ameaçados pela expansão
urbana, mas para isso precisa de um processo bastante participativo na preparação
da agenda, onde as questões críticas deveriam ser explicitadas.
ACAMBO - A ACAMBO acredita em preservar a qualidade de vida, uma das
marcas do bairro Bolaxa, juntamente com a tranquilidade e a vida campeira. A APA
vem nesse sentido, na tentativa de preservar essa característica, principalmente em
relação aos arroios.
3. Quais as expectativas da instituição em relação à elaboração do Plano
de Manejo da APA?

SMMA - Zoneamento dos usos compatíveis desta área, reconhecimento desta


no SEUC, prevê a situação de reconhecimento de benefícios fiscais e ambientais,
com o plano busca-se também este enquadramento.

NEMA - Que o documento possa indicar de forma efetiva as diretrizes, os


programas e as ações de gestão necessária para a conservação desta unidade de
conservação.

Pró-Vieira - Elaborar algo compatível que consiga equacionar as divergências,


Expectativas
sem negá-las. Deve-se enxergar a oposição, caso contrário não será construído algo
efetivo. Que consiga contemplar de alguma forma a área proposta pelos estudos
iniciais, bem levar à renaturalização do Arroio Vieira.
IO/FURG - Objetiva e pontualmente gostaria que a qualidade ambiental dos
arroios Bolaxa e Senandes fossem efetivamente recuperados e que a expansão
urbana no entorno fosse planejada para evitar o adensamento e a supressão de
áreas úmidas.
ACAMBO - É importante identificar os problemas e conflitos existentes para que
sejam abordados no Plano de Manejo. Existe muito receio quanto às iniciativas de
proteção do meio ambiente, por causa da ESEC Taim. É preciso educação ambiental
para a comunidade.

Contribuições 4. Quais foram às contribuições de seu órgão para a criação da APA?

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


267
Categorias Respostas das Instituições/Associações

SMMA - Participação no processo de preparação e elaboração da Lei de criação


da APA; Acompanhamento no processo legislativo; Iniciativa de solicitação de
cadastramento junto ao SEUC, insistentemente, desde 2005;Iniciativa de
cadastramento no SNUC: cadastrada desde maio/2009; Participação no processo de
busca de recursos junto ao FMMA para elaboração do Plano de Manejo da APA da
Lagoa Verde;

NEMA - Realizou pesquisas, propostas técnicas, campanhas de educação


ambiental e articulação institucional para a criação e implantação da APA.
Pró-Vieira - Foi fundada após a criação da APA. Entretanto, os participantes
atuaram individualmente em diferentes frentes para a criação da APA, como
associações de bairro, NEMA, FURG.
IO/FURG - Fui um dos idealizadores e coordenadores do projeto inicial “Áreas
de Interesse Ambiental do Município” desenvolvido quando era dirigente do NEMA na
década de 80; Posteriormente participei de algumas discussões com a comunidade e
encaminhei proposta de ampliação dos limites para todo o Saco da Mangueira,
proposta esta rejeitada. Também realizei o primeiro estudo de ecologia de
comunidades de peixes desses arroios (Atlântica, Rio Grande, 16:55-68, 1994). (caso
haja interesse tenho exemplares disponíveis da publicação).

ACAMBO - A ACAMBO participou do COMDEMA, através de seu Departamento


de Meio Ambiente. Também fizemos reivindicações de instalações para proteger as
águas dos arroios Bolaxa e Senandes no contexto da duplicação da RS 734 (caixas
de areia e separadores de óleos e graxas) e temos colaborado com a escola Ana Néri
em atividades de educação ambiental. Propusemos a criação do Parque do Arroio
Bolaxa, juntamente com a Associação Pró-Vieira.
5. Quais os principais problemas sócio-ambientais que a instituição
identifica na área da APA?
SMMA - Ações antrópicas sem o devido controle, tais como: destinação
inadequada de resíduos sólidos e efluentes líquidos (esgoto); e sistema ineficiente de
tratamento das Lagoas da ETA/CORSAN causando transbordamento dos efluentes
líquidos junto a Lagoa Verde.
NEMA - Ocupação desordenada; desrespeito às APPs; Falta de interesse do
poder executivo e da sociedade em proteger de fato estes ecossistemas.
Problemas
socioambientais
Pró-Vieira - Pressão constante pela urbanização; Falta de fiscalização e
deficiências no arranjo institucional para a gestão ambiental; Especulação imobiliária,
gerando dificuldades político-administrativas na liberação de atividades e
licenciamento ambiental, assim como tentativas de alterações no Plano Diretor, por
exemplo, para se adequar aos empreendimentos propostos (ex. AFIA do Arroio
Vieira); Interesse ainda pequeno e desconhecimento da população em relação à
Lagoa Verde, por questões ligadas a interesses pessoais e financeiros. Isso sugere a
necessidade de um programa de educação ambiental e valorização dos
ecossistemas ligados à APA.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


268
Categorias Respostas das Instituições/Associações

IO/FURG - 1. A provável construção da ponte ligando a Via 1 a RS 734 irá


aumentar o nível de ruído no ecossistema da Lagoa Verde, já bastante prejudicada
pelo ruído causado pela estrada de ferro (Com a privatização desta linha férrea o
transporte ferroviário foi muito intensificado, o que é bom em muitos aspectos , mas
causa essa perturbação local). Além do ruído e riscos de atropelamentos de fauna, a
construção dessa estrada irá induzir o movimento de veículos pesados e com cargas
perigosas aumentando os riscos de acidentes nessa ponte. 2. Os canais de
drenagem laterais à estrada estão aportando excesso de nutrientes e contaminantes
para os arroios, que vem sofrendo processo de eutrofização lenta e continuada desde
as últimas duas décadas, o que é possivelmente (?) agravado pela contaminação
causada pelo aumento no número de fossas sépticas no entorno do arroio. 3. É
notável o aumento na densidade de vegetação aquática no leito do arroio Bolaxa, o
que indicador de eutrofização, assim como a mudança na cor da água e turbidez. 4.
No início da década de 90, quando realizei o estudo de peixes, a água tinha lago grau
de transparência, atualmente é escura e turva.
ACAMBO - Ocupação irregular de áreas alagáveis e APPs dos arroios,
drenagem urbana inadequada, corte de árvores, falta de infra-estrutura urbana,
ônibus, policiamento, etc.
6. Quais atividades conflitantes que a instituição avalia que possam
divergir com os objetivos da APA?
SMMA - Desde que tenhamos um plano de manejo que contemple as atividades
existentes de forma a atender os princípios da sustentabilidade e com previsão de
ordenamento da vocação econômica da área, acredito que serão conciliados os
interesses. Mas, preocupa-nos a expansão imobiliária!
NEMA - Projetos de ocupação desenfreada do solo (desenvolvimento urbano);
proteção irrestrita das margens e das nascentes Arroios Senandes, Bolaxa e Vieira
(APPs definidas por lei municipal de 50 metros de cada lado; necessidade de
ampliação da Unidade conservação para alcançar os objetivos de conservação.
Atividades
conflitantes
Pró-Vieira - Pecuária e agricultura em áreas de APP; Ocupação urbana, com
destruição de APPs e contaminação ambiental por esgotos, lixo, etc.; Expansão do
porto e distrito industrial (especificamente, construção da ponte sobre o Canal São
Simão, criando novo vetor de crescimento e grande movimentação de pessoas no
local).
IO/FURG - A construção da ponte já referida, a expansão urbana no entorno do
Arroio e em menor grau a pecuária extensiva praticada.

ACAMBO - Turismo descontrolado no veraneio e fins de semana, atividade


industrial, poluição, caça urbanização densificada.

7. Quais atividades executadas pela entidade na área da UC e seu entorno?

SMMA - Atividades de fiscalização ambiental, conforme recebimento de


denúncias.

NEMA - Educação ambiental; recuperação da mata ciliar; apoio a gestão da unidade


de conservação e monitoramento.
Atividades
executadas Pró-Vieira - Educação ambiental nas escolas; Monitoramento ambiental;
Denúncias ao Ministério Público, FEPAM, PARAM e SMMA/PMRG; Proposição de
medidas e Estudos na área.
IO/ FURG - O Plano de manejo das APs do Distrito Industrial foi realizado pelo
LABGEO, e atividades de ensino de graduação na área de Gerenciamento Costeiro;
ACAMBO - Organização e representação comunitária, atividades sociais e
culturais.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
269
Categorias Respostas das Instituições/Associações

8. Qual o potencial de colaboração e limitação de sua instituição na gestão


da APA?
SMMA - O potencial de colaboração da instituição dependerá da criação na
SMMA de uma estrutura administrativa própria, dentro do organograma da Secretaria
para atender as unidades de conservação municipal, conforme preconiza o Plano
Ambiental do Município com a criação de um Sistema Municipal de Unidades de
Conservação. Com relação à limitação da SMMA é a falta de pessoal e infra-estrutura
para atendimento dessa demanda.
NEMA - Temos total interesse em continuar atuando como parceiros da
comunidade, do órgão gestor, bem como, dos demais órgãos públicos com
competência administrativa e legal de implantar esta importante unidade de
Colaboração e conservação.
limitações
Pró-Vieira - Disponibilidade de participação em algum conselho consultivo; já
participamos atualmente da Câmara Técnica de Apoio à Gestão da APA Lagoa Verde
do COMDEMA; Grupo disposto a fazer atividades; Possui viveiro para a
recomposição de mata ciliar.

IO/FURG - A FURG não realiza atividades de gestão. Podemos contribuir com


pesquisas para dar suporte aos programas ambientais
ACAMBO - Podemos participar de um futuro comitê gestor, pelo Departamento
de Meio Ambiente desta associação. Atividades de monitoramento do meio ambiente
e educação ambiental. Nossas deficiências de organização são típicas de
associações de bairro, desinteresse da comunidade, falta de recursos financeiros,
não temos sede.

De acordo com a (Tabela 55) podem-se verificar, logo abaixo, as principais


argumentações, de acordo com cada categoria, dos representantes das instituições
atuantes na região da APA da Lagoa Verde:
1) Funções e atribuições da instituição:
 Gestão ambiental;
 Pesquisa;
 Educação Ambiental;
 Manutenção da qualidade ambiental;
 Atividades de ensino, pesquisa e extensão para a contribuição do Uso
Sustentável da zona costeira;
 Apoio institucional na promoção de eventos;
 Apoio institucional para melhorias de infraetrutura local;
 Representação dos interesses dos moradores junto à prefeitura municipal e
outros órgãos públicos;

2) Opinião geral sobre a APA:


Para as instituições a Área de Proteção Ambiental mostra-se um instrumento de
conservação da biodiversidade e qualidade de vida, de uma área que se encontra
ameaçada pela expansão urbana, mas que precisa de um processo bastante
participativo na preparação da agenda, na qual as questões críticas deveriam ser
explicitadas.

3) Expectativas ao Plano de Manejo:

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


270
 Zoneamento dos usos compatíveis desta área
 Reconhecimento desta no SEUC;
 Reconhecimento de benefícios fiscais e ambientais;
 Indicação efetiva das diretrizes, dos programas e das ações de gestão
necessários para a conservação desta unidade de conservação;
 Elaboração de algo compatível que consiga equacionar as divergências, sem
negá-las;
 Contemplação da área proposta nos estudos iniciais;
 Levar à renaturalização do Arroio Vieira;
 Contribuir para a qualidade ambiental dos arroios Bolaxa e Senandes;
 Planejamento da expansão urbana no entorno, para evitar o adensamento e a
supressão de áreas úmidas;
 Identificação de problemas e conflitos existentes;
 Educação Ambiental para a comunidade.

4) As contribuições do órgão para a criação da APA:


 SMMA - Participação no processo de preparação e elaboração da Lei de
criação da APA; iniciativa de cadastramento no SNUC: cadastrada desde maio/2009; e
busca de recursos junto ao FMMA para elaboração do Plano de Manejo da APA da
Lagoa Verde;

 NEMA – Realização de pesquisas, propostas técnicas, campanhas de


educação ambiental e articulação institucional para a criação e implantação da APA.

 Pró-Vieira - Atuação individual em diferentes frentes para a criação da APA,


como associações de bairro, NEMA, FURG;
 IO/FURG - Idealização e coordenação do projeto inicial “Áreas de Interesse
Ambiental do Município” desenvolvido quando era dirigente do NEMA na década de
80; realização do primeiro estudo de ecologia de comunidades de peixes desses
arroios;
 ACAMBO - Reivindicações de instalações para proteger as águas dos arroios
Bolaxa e Senandes no contexto da duplicação da RS 734 (caixas de areia e
separadores de óleos e graxas); colaboração à escola Ana Néri em atividades de
Educação Ambiental; proposta de criação do Parque do Arroio Bolaxa, junto com a
Associação Pró-Vieira.

5) Principais problemas socioambientais identificados na área da APA:


 Destinação inadequada de resíduos sólidos e efluentes líquidos (esgoto);
 Sistema ineficiente de tratamento das Lagoas da ETA/CORSAN causando
transbordamento dos efluentes líquidos junto a Lagoa Verde
 Falta de fiscalização e deficiências no arranjo institucional para a gestão
ambiental;
 Ocupação desordenada e irregular;
 Desrespeito às APPs
 Tentativa de alterações no Plano Diretor;
 Desinteresse e desconhecimento da população em relação à Lagoa Verde,
 Desinteresse do poder executivo e da sociedade em proteger de fato estes
ecossistemas;

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


271
 Necessidade de programa de Educação Ambiental e valorização dos
ecossistemas ligados à APA;
 Provável construção da ponte ligando a Via 1 a RS 734 irá aumentar o nível
de ruído no ecossistema da Lagoa Verde;
 Processo de eutrofização lenta e continuada dos arroios, tanto pelos canais
de drenagem laterais à estrada que estão aportando excesso de nutrientes e
contaminantes, quanto, possivelmente, pela contaminação causada pelo aumento no
número de fossas sépticas no entorno do arroio.
 Processo de eutrofização indicada pelo aumento na densidade de vegetação
aquática no leito do arroio Bolaxa;
 Escurecimento do lago (a água é escura e turva);
 Drenagem urbana inadequada;
 Corte de árvores;
 Falta de infraestrutura urbana, ônibus, policiamento, etc.

6) Ações conflitantes com os objetivos da APA:


 Ocupação desenfreada do solo (desenvolvimento urbano);
 Pecuária e agricultura em áreas de APP;
 Projetos de proteção inadequadas das margens e das nascentes Arroios
Senandes, Bolaxa e Vieira para alcançar seus objetivos de conservação;
 Contaminação ambiental por esgotos, lixo, etc
 Expansão do porto e distrito industrial (especificamente, construção da ponte
sobre o Canal São Simão, criando novo vetor de crescimento e grande movimentação
de pessoas no local);
 Turismo descontrolado no veraneio e fins de semana;
 Caça.

7) Atividades que as instituições executaram na área da UC e seu entorno:


 SMMA - Atividades de fiscalização ambiental, conforme recebimento de
denúncias;
 NEMA - Educação Ambiental; recuperação da mata ciliar; apoio a gestão da
unidade de conservação e monitoramento.
 Pró-Vieira - Educação Ambiental nas escolas; monitoramento ambiental;
Denúncias ao Ministério Público, FEPAM, PARAM e SMMA/PMRG;
 IO/FURG - O Plano de manejo das APs do Distrito Industrial foi realizado pelo
LABGEO; atividades de ensino de graduação na área de Gerenciamento Costeiro;
 ACAMBO - Organização e representação comunitária, atividades sociais e
culturais.

8) Colaboração de cada instituição na gestão da APA.


 SMMA - a colaboração da instituição dependerá da criação na própria
secretaria de uma estrutura administrativa para atender as unidades de conservação
municipal. Quanto as limitação a SMMA foram indicadas a falta de pessoas e
infraestrutura para atender esta demanda.
 NEMA - Possui total interesse em continuar atuando como parceiros da
comunidade, do órgão gestor, bem como, dos demais órgãos públicos com
competência administrativa e legal de implantar esta importante unidade de
conservação.
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
272
 A Associação Pró-Vieria e a ACAMBO estão dispostas a participarem do
futuro comitê gestor. A Pró-Vieria também possui viveiro para recomposição da mata
ciliar. O Departamento de meio ambiente da ACAMBO dispõe-se ao monitoramento e
educação ambiental. O Instituto de Oceanografia da FURG pode contribuir com
pesquisas para dar suporte aos programas ambientais.

Para tanto, encaminha-se a discussão para as avaliações das percepções da


comunidade da região da APA da Lagoa Grande.

4.7.3.2 Comunidade

A participação da comunidade da região da APA da Lagoa Verde no processo de


elaboração do Plano de Manejo mostra-se de suma importância, não somente para o
seu conhecimento sobre os objetivos e importância da criação da Unidade, mas
também para torná-los parte da construçãodo Plano.

No dia 08/11/2010a empresa Polar Meio Ambiente realizou, a primeira reunião


sobre o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa Verde, no
salão paroquial da Igreja São Francisco de Assis, no Bairro Bolaxa. Contou-se com a
participação de cerca de 60 pessoas, entre as quais estavam membros da
comunidade, professores de escolas e universidade locais e representantes de
instituições governamentais e não-governamentais.

O encontro contou com apresentação de represemtantes do NEMA/COMDEMA,da


Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Rio Grande, bem como da equipe
multidisciplinar da empresa Polar Meio Ambiente.

Na ocasião da reunião, também foiproposto aos participantes três metodologias:

1) História de vida - Na medida em que as pessoas chegavam ao local, foi


proposto que elas escrevessem uma história de sua vida envolvendo o contexto da
APA da Lagoa Verde, para tanto foi instalada uma urna na qual eram depositados os
relatos.
2) Aplicação de questionário oral,espontâneo, com quatro perguntas semi-
estruturadas, conduzidas por um educador ambiental, expostas na tela de projeção, na
qual foi reservado um tempo para as colocações.

3) Aplicação de um questionário escrito com seis perguntas semi-estruturadas. As


três primeiras questões referiam-se ao perfil dos participantes e as últimas duas, as
percepções socioambientais sobre a APA da Lagoa Verde.

A História de vida busca fundamentar uma metodologia para estudar o “outro”, a


qual está baseada no convívio não somente envolvendo os fatos e as pessoas, mas
também os relatos que elas fazem de suas experiências vividas, utilizando a
linguagem ordinária da vida do cotidiano Chizzoti (2003).

As questões orais foram analisadas pela técnica denominada “Análise de


Conteúdo” (AC), pelo fato dela possibilitar a descrição objetiva, sistemática,
quantitativa do conteúdo da comunicação, através da freqüência com que os dados
aparecem. A abordagem atual dá ênfase aos aspectos qualitativos, pois se analisa
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
273
também o significado do conteúdo, a presença e a ausência dos dados de
comunicação, bem como o sentido dos termos extraídos do texto, segundo (MORAES
2005, apud BEHLING, 2007).

A análise de dados do questionário semi-estruturado escrito foi realizada por meio


de variáveis quantitativas, a partir de suas mensurações, e qualitativas, fundamentada
em dados obtidos nas relações interpessoais e na co-participação dos informantes,
expressando, assim, manifestações de subjetividades, segundo Chizzoti (2003).

Definida as metodologias utilizadas para a investigação sobre as atitudes,


comportamentos e percepções da comunidade sobre a APA, relatam-se agora, as
histórias de vida de alguns participantes:

Tabela 56: Histórias de vida de membros da comunidade da APA da Lagoa Verde (Fonte:
Plano de Manejo Polar Meio Ambiente).

Conte sua história na Lagoa Verde...

1. "Local paradisíaco, muito verde, ecossistema diferenciado com grandes quantidades de fauna e
flora, merece ser preservado."

2. "Na Lagoa Verde pude observar e fotografar um casal de lontras acasalando, e no ano seguinte,
fotografei o filhote (Lagoa Verde um mundo a parte)."

3. "Há uns três anos atrás, eu e mais três colegas oceanógrafos fomos acampar nas margens da
Lagoa Verde, ambiente muito legal como área de lazer e de preservação ambiental."

4. "Lugar único, quase urbano, onde canta o sabiá, pasta o capincho e nada livre a lontra."

5. "A Lagoa Verde e seu entorno de banhados é muito encantador por si só. Há pouco tempo estive
no mirante e fiquei encantado com a quantidade de aves que havia lá, o que junto à ainda preservada
natureza me encantou. É curiosa a existência de tal local tão próximo a um centro urbano como Rio
Grande. Com certeza este ambiente deve ser valorizado e preservado."

6. "A escola em que trabalho (Boa Vista I) trabalha com os alunos com o meio ambiente em que eles
moram que por acaso dá fundos para a Lagoa Verde, onde se encontra com o saco da Mangueira, e
todos os anos fazemos a limpeza dos arredores."

Ao analisar as falas dos participantes da atividade (Tabela 56), pode-se perceber


uma ênfase na comunicação arraigada de emoção, na medida em que o relato de sua
história da vida com Lagoa Verde trouxe uma linguagem quase poética, como é o caso
de: “Lugar único, quase urbano, onde canta o sabiá, pasta o capincho e nada livre a
lontra”. Percebe-se entre as respostas que houve um destaque para as percepções
sobre um ambiente não somente de grande encanto, mas também preservado, com
fauna e flora ricas, “local paradisíaco”. Cabe ressaltar que há um envolvimento da
escola, da comunidade, de colegas de universidade, enfim de famílias com a APA da
Lagoa Verde, por ela ser uma área de lazer e entretenimento proporcionada pela bela
natureza, que necessita ser preservada para as futuras gerações.
No decorrer do encontro, após as explanações sobre a APA e a elaboração de
seu Plano de Manejo, propuseram-se algumas perguntas orais para avaliar as
expectativas, sugestões e conhecimento sobre as proibições e permissões de usos da
APA da Lagoa Verde, entre elas:

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


274
(1) O que vocês esperam com este Plano de Manejo?

(2) Que Programas têm a sugerir para a APA?

(3) O que vocês acham que pode ser feito na APA?

(4) O que vocês acham que não pode ser feito na APA?

Percebeu-se através da metodologia “Análise de Conteúdo” que as manifestações


foram mais direcionadas às duas primeiras questões. Isto pode ter ocorrido pelo fato
dos moradores da região desconhecer as permissão e proibições de uso do solo e
recursos hídricos de uma Área de Proteção Ambiental de uso sustentável. Em relação
às expectativas ao Plano de Manejo seguem as respostas mais frequentes dos
membros locais:

 Gestão da APA com conselho construtivo;


 Programas de isenção fiscal e recuperação de áreas degradadas;
 Reconhecimento da UC na esfera nacional (cadastro);
 Fiscalização das fossas;
 Sustentabilidade e preservação;
 Diminuição da pressão urbana e atenção para a ocupação urbana
desordenada;
 Preservação das nascentes e banhados;
 Fiscalização dos cortes de árvores;
 Serviços públicos de qualidade para manutenção de todo o sistema;

As ações e programas sugeridos pelo público, o qual se constituiu bem


diversificado (representantes da comunidade, membros de associações, professores
de escolas e universidade, alunos e autoridades locais), seguiram diferentes linhas de
raciocínio, porém todos convergindo para o objetivo de proteção da área. Forma
sugeridos pelos participantes:

 Projeto de ampliação da escola Ana Neri (trilhas, observatório);


 Programa sanitário (fossas com utilização de bananeiras);
 Limites de 3 km para APA;
 Programa de intervenção direta (recuperação de passivos ambientais);
 Programa com ações claras;
 Reuniões participativas (pelo menos mais duas - uma reunião e uma
audiência pública);
 Zoneamento urbano (para evitar a proliferação de microloteamentos);
 Programas de recuperação ambiental;
 Programa de comunicação social;
 Programas centrais para conservação do arroio (evitando eutrofização dessas
unidades);
 Monitoramento do nível de ruídos durante as obras da ponte que leva a ZEE
(frente à CORSAN);
 Programa de controle de aterros;
 Inclusão do Arroio Vieira na área;
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
275
 Projeto de revitalização do Arroio Vieira;
 Programa de fiscalização dos canais de irrigação das agriculturas;
 Programa de educação e conscientização ambiental também para as pessoas
de outras regiões que freqüentam a região;
 Programas para promoção do turismo ecológico;
 Programa de fiscalização dos agricultores em relação ao uso de agrotóxicos;
 Plano de proteção à rede de drenagem dos banhados;
 Plano de mapeamento dos sistemas de drenagem;
 Programa de qualificação dos moradores da região para ajudarem na
preservação;
 Programas de recolhimento de lixo limpo para beneficiamento pela própria
comunidade da APA como forma de geração de emprego e renda;

4.7.3.2.1 Entrevista percepção socioambiental

Com vistas a caracterizar a população presente na reunião, apresentam-se, a


seguir, os dados coletados na pesquisa de percepção socioambiental, na qual se
obteve respostas de 44 pessoas, das cerca de 60, presentes no encontro. Para a
realização do questionário aplicado por escrito foram apresentadas as seguintes
perguntas:

1) Bairro:
2) Idade:
3) Sexo:
4) Que nota você atribui (de 1 a 10) a importância da elaboração do Plano de
Manejo da APA da Lagoa Verde? Marque um X na sua resposta:

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)

5) Justifique a sua resposta.


6) Como é e o que tem na Área de Proteção Ambiental da Lagoa
Verde?

Quanto a localização da comunidade presente na reunião, 27% pertenciam ao


Bairro Bolaxa, 9% ao Senandes e 2% ao Boa Vista, sendo que as demais, 27%,
pertenciam ao bairro Cassino e 34% a outros bairros. Conforme pode ser observado
na Figura 61.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


276
7%
27% Bolaxa

34% Senandes
Boa Vista I
9%
Cassino
21% Outros

2% Não responderam

Figura 61: Localização de moradia dos participantes da primeira reunião de apresentação do


Plano de Manejo à Comunidade da região (Fonte: Polar Meio Ambiente).

De acordo com o gênero dos membros presentes na reunião, segundo os dados


da (Figura 62), 43%do público estava formado por mulheres e 50%, por homens,
enquanto 7% não responderam a esta variável.

7%

43%
Fem
50% Masc
Não respondeu

Figura 62: Classificação por gênero dos participantes da primeira reunião de apresentação do
Plano de Manejo à Comunidade da região (Fonte: Polar Meio Ambiente).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


277
Quanto à distribuição etária (Figura 63), 9,09% dos participantes eram constituídos
por jovens entre 18 e 24 anos, 77,27% por adultos entre 25 e 59 anos, 6,82%% por
idosos com mais de 60 anos e 6,82% não responderam sua idade.

6,82%
6,82% 9,09%

De 18 a 24
De 25 a 59
60 ou mais
77,27% Não respondeu

Figura 63: Classificação distribuição etária dos participantes da primeira reunião de


apresentação do Plano de Manejo à Comunidade da região (Fonte: Polar Meio Ambiente).

Em relação à percepção da importância do Plano de manejo da APA da Lagoa


Verde, conforme os dados (Figura 63), 72,73% dos participantes atribuíram à nota
máxima a importância do plano de manejo, cujas explicações mais recorrentes
discorreram sobre a preservação da biodiversidade local, o planejamento das
diretrizes de usos e ocupações, a participação popular neste processo, a proteção
frente pressão urbana, entre outros, conforme mostra a Tabela 57. Todavia, entre as
pessoas que conferiram avaliação sete (4,55%), uma justificou que é necessário
“gerenciar o uso dos recursos naturais”, e a outra “acredita que, sem a pressão
popular, o plano de manejo da APA da Lagoa Verde se tornará tão obsoleto quanto o
plano municipal do meio ambiente do distrito industrial [...]”.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


278
4,55% 4,55%

13,64%
4,55% Nota 7
Nota 8
Nota 9
72,73% Nota 10
Não respondeu

Figura 64: Percepção da importância do Plano de Manejo da APA da Lagoa Verdepela


Comunidade da região (Fonte: Polar Meio Ambiente).

Cabe ressaltar que, nas justificativas da importância da elaboração do Plano de


Manejo da APA da Lagoa Grande, segundo dados da Tabela 57, a comunidade
procurou ressaltar também os Planos e Programas ambientais, entre eles, a Educação
Ambiental; a recuperação das áreas degradadas; o desenvolvimento sustentável,
entre outros.

Tabela 57: Justificativa da importância da elaboração do plano de manejo por membros da


comunidade e instituições governamentais e não-governamentais atuantes na região da APA
(Fonte: Plano de Manejo Polar Meio Ambiente).

Justificativa para a importância do Plano de Manejo Ocorrência Percentual

Preservação do local (biodiversidade) 7 21,85%


Planejar Normas (diretrizes) de usos e/ou ocupação 5 15,63%

Participação/mobilização popular 4 12,50%


Proteção frente à pressão urbana 4 12,50%
Recuperação da área 2 6,25%
Trazer desenvolvimento sustentável 2 6,25%
Elaboração de Planos e Programas Ambientais 2 6,25%
Evitar degradação ambiental 2 6,25%
Evitar desmatamento 1 3,13%
Gestão da APA 1 3,13%
Direcionamento das verbas de compensação ambiental 1 3,13%

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


279
Justificativa para a importância do Plano de Manejo Ocorrência Percentual

Envolver o Poder Público 1 3,13%


Total 32 100,00%

Em relação à questão de como é e o que tem na APA da Lagoa Verde (Tabela


58), o conjunto de percepções discorreram principalmente sobre a riqueza da
biodiversidade local, além de serem citados também os banhados, flora e fauna;
arroios; aves; corticeira, jacarés; orquídeas, todavia, outras questões conflitantes
apresentaram-se, tais como a fauna ameaçada, o lixo, o desmatamento e a ocupação
irregular.

Tabela 58: Percepção socioambiental sobre como é a APA da Lagoa Verde por membros da
comunidade e instituições governamentais e não governamentais atuantes na região da APA
(Fonte: Plano de Manejo Polar Meio Ambiente).
O que tem e como é a APA? Ocorrências Percentual

Região rica em biodiversidade 15 17,00%

Banhados 9 10,23%

Flora e fauna 9 10,23%

Arroios 6 6,82%

Aves 7 7,95%

Corticeiras 4 4,55%

Jacarés 3 3,41%

Orquídeas 3 3,41%

Vida 3 3,41%

Lagoas 2 2,27%

Água 2 2,27%

Lontra 2 2,27%

Cisne de pescoço preto 2 2,27%

Capivara 2 2,27%

Mata nativa 2 2,27%

Fauna ameaçada 1 1,14%

Bromélias 1 1,14%

Marisma 1 1,14%

Pastoreio 1 1,14%

Furão 1 1,14%

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


280
O que tem e como é a APA? Ocorrências Percentual

Tartaruga 1 1,14%

Lagarto 1 1,14%

Peixes 1 1,14%

Zorrilho 1 1,14%

Capincho 1 1,14%

Siri azul 1 1,14%

Figueira 1 1,14%

Araçá 1 1,14%

Ocupação irregular 2 2,27%

Desmatamento 1 1,14%

Lixo 1 1,14%

Total 88 100,00%

Em vista disso, o presente estudo pretendeu resgatar importantes colaborações,


pesquisas, expectativas e trajetórias dos atores sociais e instituições envolvidas no
processo não somente de criação, mas também de construção da elaboração do
Plano de Manejo, bem como de sua gestão.
Neste sentido, esta pesquisa pretende subsidiar o processo de elaboração e
aplicação dos seguintes Programas:
 Programa de Construção e Coordenação do Conselho Consultivo da UC;

 Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social;

 Programa de Pesquisa e Monitoramento;

 Programa de Co-Gestão, Parcerias e Convênios;

 Programa de Gestão;

 Programa de Administração.

Enfim, pelo que pode ser observado através dos dados tanto do questionário
aplicado às instituições quanto às comunidades, ambas as esferas sociais atribuem a
Área de Proteção Ambiental um grande valor por mostrar-se um instrumento de
conservação da biodiversidade e qualidade de vida da população local. Além disso, a
comunidade considera que a APA pode ser uma área ameaçada pela expansão
imobiliária, por localizar-se na zona urbana, apresentando, portanto, problemas
relacionados ao destino inadequado de resíduos domésticos sólidos (lixo) e efluentes
líquidos (esgoto). Todavia,as opiniões convergiram na necessidade de envolvimento
entre a sociedade civil e as entidades governamentais e não-governamentais, na
busca da melhor resolução possível para os conflitos e divergências de opiniões, na

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


281
medida em que possam ser feitos estudos, pesquisas, debates e acordos entre as
partes envolvidas neste processo, para a constante melhoria da área.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


282
5 PLANO OPERACIONAL E DE MANEJO

5.1 ZONEAMENTO DA UC

As unidades de conservação, sejam elas de uso direto ou indireto, necessitam


também definidas suas configurações territoriais para o sucesso de sua efetivação. O
objetivo de estabelecer o zoneamento é organizar espacialmente as áreas protegidas
em parcelas, denominadas zonas, que demandam graus distintos de proteção e
intervenção (MMA, 1996). Também definido pela Lei Federal 9.985/00 como setores
ou zonas, com objetivos de manejo e normas específicas, com propósitos de
proporcionar os meios e as condições para que os objetivos da UC sejam alcançados
de forma harmônica e eficaz.
A área de proteção Ambiental da Lagoa Verde, em função de seu objetivo e
características, permite a ocupação humana em parte de sua área. Por meio de
inspeção visual de imagens orbitais e validação de campo verificou-se que a área da
APA da Lagoa Verde é composta por Áreas de Preservação Permanente (62,60%), e
áreas antropizadas, seja por ocupação humana ou outros. Considerando essa
composição, seu zoneamento foi estabelecido em quatro parcelas (Mapa14):

Zona de Preservação: São as áreas de preservação permanentes, determinadas


por legislação específica Federal e Municipal, quase sem ou nenhuma interferência
humana tem por objetivo a preservação e conservação da biota nativa, com ênfase
nas espécies raras, ou ameaçadas de extinção e de recursos naturais dignos de
proteção. São constituídas pelas matas ciliares, banhados, marismas e
remanescentes florestais com presença de espécies da flora ameaçadas de extinção.

Zona Recuperação: situada no entorno das zonas de preservação, onde contém


área consideravelmente antropizada. Uma vez recuperada, será incorporada
novamente às zonas de preservação. O objetivo geral de manejo é deter a
degradação dos recursos e/ou restaurar a área, e através de programas e projetos,
espécies exóticas introduzidas deverão ser removidas, APPs recuperadas, sendo a
restauração original ou naturalmente induzida.

Zona de Atividades Humanas: são admitidos os usos moderados e auto-


sustentáveis da biota e regulados os usos, de modo a assegurar a manutenção dos
ecossistemas naturais. Serão permitidas atividades e usos não predatórios, tais como
a pecuária extensiva e o turismo sustentável, bem como a construção de edificações,
tudo de acordo com normas a serem estabelecidas pelo conselho Gestor da UC. Será
permitida a agricultura desde que exercida de acordo com as normas técnicas de
conservação do solo e do uso controlado de agroquímicos.

Zona de Uso Conflitante: constituem-se em espaços localizados dentro da UC,


cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da criação da Unidade, conflitam com os
objetivos de conservação da área protegida. São áreas ocupadas por

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


283
empreendimentos de utilidade pública, linhas de transmissão, antenas, captação de
água, estradas e outros. Seu objetivo de manejo é contemporizar a situação existente,
estabelecendo procedimentos que minimizem os impactosou os mantenham estáveis.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


284
384.000 386.000 388.000 390.000 392.000
LOCALIZAÇÃO
ESTADOS MUNICÍPIOS

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

MS São
SP Lourenço
Canguçu

-24°0'

-24°0'
do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
d os
Pelotas
na
SC gu
La
Capão do
6.446.000

6.446.000
Leão
Herval APA da

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
RS Lagoa Verde
Arroio
!
Rio Grande
Grande
OCEANO
Uruguai ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão

r im
oa M i

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La g 0 20 40
km km

-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'


6.444.000

6.444.000
Legenda

APA da Lagoa Verde

Zoneamento

Zona de Preservação
Zona de Recuperação
Zona de Atividades Humanas
Zona de Uso Conflitante
6.442.000

6.442.000
6.440.000

6.440.000
®
Projeção Universal Transversa de Mercator
Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
Imagem GeoEye
Data do Imageamento: 31/08/2009
0 500 1.000
m

Escala numérica - folha A2


1:25.000

Empreendedor Responsabilidade Técnica

Empreendimento APA da Lagoa Verde


6.438.000

6.438.000
Projeto Plano de Manejo

Título Mapa de Zoneamento da APA da Lagoa Verde

Fonte Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005) Data Novembro/2010

384.000 386.000 388.000 390.000 392.000


5.2 ZONA DE ENTORNO

As figuras das zonas de entorno e de amortecimento de unidades de conservação


foram criadas em lei como áreas submetidas a limitações administrativas, nas quais
devem ser impedidas ou regulamentadas atividades que ofereçam ameaça aos
recursos naturais dos ecossistemas protegidos (VITALLI, 2007).

Segundo a Lei Federal nº 9985/2000, que institui o Sistema de Unidades de


Conservação, em seu art. 25, as unidades de conservação, exceto Áreas de Proteção
Ambiental e Reservas do Patrimônio Natural, devem possuir zona de amortecimento e,
quando conveniente, corredores ecológicos.

A área circundante de 10 (dez) quilômetros prevista na Resolução nº 13/1990, de


unidade de conservação, permite ao órgão gestor da unidade estabelecer "normas
específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos", deixando bem claro o
que se deve entender por zona de amortecimento: "o entorno de uma unidade de
conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições
específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade" (art.
25, § 1º, da Lei n. 9.985/2000).
Conforme prevê a Lei Federal nº 9.985/2000, no art. 36, caput e § 3º, nos casos
de licenciamento de empreendimentos de significativo impacto ambiental, quando o
empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de
amortecimento, o licenciamento só poderá ser concedido mediante autorização do
órgão responsável por sua administração. No caso do Estado do RS, o § unico, do art.
55, do Código Estadual do Meio Ambiente (Lei n° 11.520/2000), determina que essa
autorização/anuência deve ser mantida, mesmo nos casos de área circundante de
APA.

Isso ocorre porque o art. 55 e § único, da Lei Estadual, não especifica a categoria
de Unidade de Conservação, manifestando-se de forma geral. Pela Lei Estadual,
licenciamento de empreendimentos e atividades localizados em até 10 km (dez
quilômetros) do limite da UC deve ter autorização do órgão administrador da mesma,
independentemente da categoria na qual esteja inserida. Mesmo a Lei do SNUC, que
é federal, excetuando as APAs de possuírem zona de amortecimento, a Lei Estadual
considera todas as UCs, sem distinção, no caso de autorização para a instalação de
empreendimentos ou atividades que estejam localizados num raio de 10 km de seu
entorno (Mapa 15).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


286
375.000 380.000 385.000 390.000 395.000 400.000
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS MUNICÍPIOS

6.460.000

6.460.000
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

MS São
SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
Pelotas do
n a
SC gu
do La
Capão do
o al
6.455.000

6.455.000
c i
Sa rr a
Leão
Herval
A

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
RS APA da Lagoa
Arroio ! Verde
Grande Rio Grande
OCEANO
Uruguai ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão
Saco da im
Saco do go a Mi r
Mangueira

-35°0'

-35°0'
La
6.450.000

6.450.000
0 150 300 0 20 40
Justino

e
km km

d
ra n
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

io G
eR
al d
Legenda

Ca n
APA da Lagoa Verde Alagado
6.445.000

6.445.000
Área do Entorno (10km) Alagável
Áreas de Ocupação Urbana Intensiva Campo
Massa d'água Silvicultura
Uso do Solo Água
Agricultura Área Urbana
6.440.000

6.440.000
Areia

®
6.435.000

6.435.000
Projeção Universal Transversa de Mercator
Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
Imagem LANSAT 5 - TM (742) - RGB
Data do Imageamento: 02/05/2010
0 2.500 5.000
m
Escala numérica - folha A3
1:150.000
6.430.000

6.430.000

OCE AN O ATL ÂN TI C O Empreendedor Responsabilidade Técnica


Prefeitura Municipal de Rio Grande

Empreendimento
APA da Lagoa Verde

Projeto Plano de Manejo


6.425.000

6.425.000

Título Mapa de Uso do Solo da Área de Entorno da APA da Lagoa Verde

Fonte Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005). PMRG (2006)., Landsat 5 - TM (2010) Data
Novembro/2010

375.000 380.000 385.000 390.000 395.000 400.000


5.3 AREAS PRIORITÁRIAS PARA INCLUSAO NA APA DA
LAGOA VERDE

Desde novembro de 2004, quando uma proposta de Projeto de Lei Alternativo


para Criação da APA da Lagoa Verde foi apresentada pelo Secretário do Meio
Ambiente, diminuindo sua área de 3.500 ha (três mil e quinhentos hectares) para 510
ha (quinhentos e dez hectares) e facilitando sua aprovação no Poder Legislativo
Municipal, muitas discussões foram formadas em relação a essa redução. A
justificativa utilizada para aprová-lo foi a de que os estudos realizados não eram
suficientes para fundamentar a ampliação da área, gerando, assim, a necessidade de
cautela.

A possibilidade de expansão futura da área da APA não foi descartada à época da


aprovação do Projeto Alternativo, desde que estudos fundamentados e justificados
fossem apresentados. Esses estudos são, dessa forma, apresentados neste Plano de
Manejo.
Os estudos realizados para a definição de áreas prioritárias de inclusão na APA
partiram da análise preliminar da área do entorno, definida por um raio de 10 km dos
limites da APA. A área de entorno está localizada na Planície Costeira do Rio Grande
do Sul, e é caracterizada, conforme o Mapa 15, por apresentar áreas úmidas a Oeste,
Noroeste e Sudoeste da APA. Ao Norte, Leste e Sul, encontram-se áreas de ocupação
urbana intensiva, delimitadas pelo Plano Diretor do Município de Rio Grande.

Para delimitar as áreas prioritárias de inclusão na APA, dentro da área do entorno,


fez-se necessário a definição de critérios de inclusão. Para definir os critérios, utilizou-
se como referência o Roteiro Metodológico de Planejamento (IBAMA, 2002) e
levantamento de dados em imagens orbitais e saídas a campo.
Os critérios de inclusão foram estabelecidos com base nas áreas com risco de
expansão urbana, proximidade de remanescentes de ambientes naturais próximos a
APA, as microbacias dos cursos hídricos que fluem para a APA, proximidade às áreas
úmidas com importância ecológica para a APA bem como o uso do solo do entorno, a
distância euclidiana da APA, considerando que pontos mais distantes menos
influenciam na APA ao passo que pontos mais próximos têm maior influencia na APA.
Também foram considerados critérios as características geológicas da região e
corredores ecológicos, interligando unidades de conservação em áreas contíguas.
Como áreas de restrição, ficaram as áreas delimitadas no Plano Diretor do Município
de Rio Grande, como áreas de ocupação urbana intensiva (Mapa 16).

Dentre esses critérios de inclusão, a renaturalização de rios e arroios é uma


tendência mundial que, dentro dos limites possíveis, busca devolver a corpos
hídricos degradados as características naturais que lhes foram tiradas (COSTA,
2009). No que concerne os corpos hídricos do entorno da APA da Lagoa Verde, em
especial o Arroio Vieira, a problemática ambiental se dá pelo seu mau aproveitamento,
ou seja, há um descaso, por parte do poder público municipal, com o manejo de suas
águas e adjacências e a depredação do bem comum, por parte da população dos
bairros (BOBADILHO & CATTANEO).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


288
Além de servir como depósito de lixo, existe o agravante dos despejos de
efluentes (tratado e bruto) da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) do Parque
Marinha diretamente nas águas do arroio desde o início da década de 80. Porém, os
danos ambientais não são restritos ao curso d`água, podendo ser verificado a alguns
metros das margens a extração de areia e a ausência de mata ciliar, por exemplo
(BOBADILHO & CATTANEO).

Estas características, aliadas ao fato do Arroio Vieira desaguar no Saco da


Mangueira, um berçário natural para espécies de valorizadas comercialmente e de
grande importância ecológica para a região estuarina da Lagoa dos Patos
(BAUMGARTEN et al., 1995; SANTOS et al., 2008) e, em época de vazão negativa,
influenciar diretamente a qualidade da água da Lagoa Verde, torna a inclusão de
ambos como parte das áreas prioritárias para a inclusão na Unidade uma questão
fundamental.

Também, foi na área determinada como prioritária, na zona de entorno da APA da


Lagoa Verde, que em pelo menos uma das paleodunas, há a presença de Myrcianthes
cisplatensis, espécie ameaçada de extinção, categoria EM (em perigo), (Coordenada:
22H 0389948/6446968). Sendo assim, esta é uma área com especial interesse para
conservação, o que reforça sua inclusão nas Áreas Prioritárias para Inclusão na APA
da Lagoa Verde.
Após a definição dos critérios, a integração dos dados se deu por meio de um SIG
(Sistema de Informações geográficas). Em seguida, foi realizada a compatibilização
cartográfica, onde nessa etapa foi definida a projeção UTM (Universal Transversa de
Mercator), fuso 22 Sul, como projeção padrão e o datum SAD-69. As variáveis foram
rasterizadas e sobrepostas (overlay). O resultado do cruzamento dos dados
apresentou uma superfície contínua que representa gradiente de prioridade para a
inclusão de áreas na APA, conforme os critérios estabelecidos. A superfície contínua
(resultante do cruzamento das variáveis) ofereceu apoio a tomada de decisão para
estabelecer os limites físicos para as áreas prioritárias para inclusão na APA, como
apresenta Mapa 17. O limite estabelecido ficou próximo a uma distância de 3 km, na
porção Oeste da APA expandindo-se em direção Sudoeste. Já na porção Leste, a
área foi delimitada adjacente às áreas de ocupação urbanas intensivas apresentadas
no Plano Diretor do Município de Rio Grande.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


289
375.000 380.000 385.000 390.000 395.000 400.000
LOCALIZAÇÃO

ESTADOS MUNICÍPIOS

6.460.000

6.460.000
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

MS São
SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
Pelotas do
a
g un
SC La
do Capão do
o al
6.455.000

6.455.000
c i Leão
Sa r ra Herval
A

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
RS APA da Lagoa
Arroio ! Verde
Grande Rio Grande
OCEANO
Uruguai ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão
Saco da im
Saco do ir
Mangueira goa M

-35°0'

-35°0'
La
6.450.000

6.450.000
0 150 300 0 20 40
Justino

de
km km

ra n
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'

io G
eR
al d
Legenda

Can
APA da Lagoa Verde Prioridade de Inclusão
6.445.000

6.445.000
Áreas Prioritárias para Inclusão na APA Maior Prioridade
Área do Entorno (10km)
Áreas de Ocupação Urbana Intensiva Menor Prioridade
Hidrografia
Rede Hidrográfica
6.440.000

6.440.000
Massa d'água

®
6.435.000

6.435.000
Projeção Universal Transversa de Mercator
Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
Imagem LANSAT 5 - TM (742) - RGB
Data do Imageamento: 02/05/2010
0 2.500 5.000
m
Escala numérica - folha A3
1:150.000
6.430.000

6.430.000

OCEA NO ATLÂ NTICO Empreendedor Responsabilidade Técnica


Prefeitura Municipal de Rio Grande

Empreendimento
APA da Lagoa Verde

Projeto Plano de Manejo


6.425.000

6.425.000

Título Mapa de Prioridade de Inclusão de Novas Áreas na APA da Lagoa Verde

Fonte Data
Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005). PMRG (2006). Novembro/2010

375.000 380.000 385.000 390.000 395.000 400.000


380.000 385.000 390.000 395.000
LOCALIZAÇÃO
do d e
o al
c i ran ESTADOS MUNICÍPIOS
Sa r ra io
G
A
d eR -59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
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Ce MS São
SP Lourenço

-24°0'

-24°0'
Canguçu do Sul
Paraguai PR s
Piratini to
Pa

-31°30'

-31°30'
s
Pelotas do
a
g un
Saco da SC La
Capão do
Saco do Mangueira
6.450.000

6.450.000
Leão
Justino Herval

-29°30'

-29°30'
Argentina

-32°0'

-32°0'
BR 3 RS APA da Lagoa
92 Verde
Arroio !
Grande Rio Grande
OCEANO

rande
Uruguai ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO

-32°30'

-32°30'
Jaguarão

e R io G
ir im
goa M

-35°0'

-35°0'
0 150 300 La 0 20 40
km km

Canal d
-59°0' -53°30' -48°0' -53°0' -52°30' -52°0' -51°30'
6.445.000

6.445.000
4
Legenda
73
S
ER

APA da Lagoa Verde Sistema Viário


Áreas Prioritárias para Inclusão na APA Rodovia Federal
Massa d'água Rodovia Estadual
Ferrovia
6.440.000

6.440.000
Cassino

®
Projeção Universal Transversa de Mercator
Fuso 22 Sul
Datum SAD-69
Imagem LANSAT 5 - TM (321) - RGB
Data do Imageamento: 02/05/2010
6.435.000

6.435.000
0 2.500 5.000
m
Escala numérica - folha A3
1:100.000

OCEA NO ATLÂ NTICO Empreendedor Responsabilidade Técnica


Prefeitura Municipal de Rio Grande

Empreendimento
APA da Lagoa Verde

Projeto Plano de Manejo


6.430.000

6.430.000

Título Mapa das Áreas Prioritárias para Inclusão na APA da Lagoa Verde

Fonte Data
Polar Meio Ambiente (2010), PMRG (2005). Novembro/2010

380.000 385.000 390.000 395.000


5.4 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO

5.4.1 Definição de Infraestrutura

A infraestrutura necessária para o funcionamento da Área de Proteção Ambiental


da Lagoa Verde nos próximos cinco anos deverá definida baseando-se na
necessidade de Guaritas, Centro de Visitantes, Mirante, Trilhas e outros. Estes
deverão ser construídos e consolidados em áreas públicas, ou em áreas a serem
adquiridas pelo Governo Municipal, ou em parceria e/ou convenio com propriedades
particulares e outras instituições.

5.4.2 Organograma de Necessidade de Pessoal

A seguir é apresentado o organograma (Figura 65) a ser seguido na Área de


Proteção Ambiental da Lagoa Verde, estando entre parênteses o número de
funcionários necessários em cada função. Cabe destacar que este é o quadro
funcional mínimo para colocar a Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde em
funcionamento, sendo que com o incremento de ações e atividades ao longo dos
próximos cinco anos, este número de funcionários deverá ser aumentado,
principalmente com relação aos guardas-parques.

Figura 65: Organograma do quadro funcional da Área de Proteção da Lagoa Verde.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


292
5.4.3 Descrição de Cargos e Funções

Será apresentada neste tópico a descrição de cada cargo necessário para o


funcionamento da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde. É importante ressaltar
que o cargo de auxiliar de serviços gerais pode ser terceirizado, sendo que,
preferencialmente, sejam pessoas da comunidade local. Os cargos como, chefe da
APA, guarda-parque, técnico nível médio administrativo, educador ambiental e monitor
ambiental deverão fazer parte dos cargos que compõem o quadro de cargos e funções
do município de Rio Grande.

Segue abaixo, as descrições dos cargos citados anteriormente:

Chefe da APA da Lagoa Verde: o chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) da


lagoa Verde deve possuir curso superior em áreas de formação afins à atividade e
pertencer ao quadro de pessoal do município de Rio Grande. As atividades desse
profissional envolverão:
 Cumprimento da legislação em vigor relativa à área de proteção ambiental,
dentro dos limites de sua competência;
 Comunicação à autoridade competente quando ocorrer descumprimento das
normas mencionadas no item anterior, se o assunto não for de sua alçada para
adoção das providências cabíveis;
 Participação na implantação do Plano de Manejo da APA da Lagoa Verde,
assegurando o cumprimento das boas práticas ambientais;
 Acompanhamento da execução dos projetos de pesquisa em
desenvolvimento na área de proteção ambiental;
 Acompanhamento e fiscalização de quaisquer obras ou instalações e
atividades realizadas na APA, assegurando sua conformidade com o Plano de Manejo;
 Cumprimento das determinações do Departamento ao qual está afeto e
manter contato permanente com o mesmo;
 Organização, coordenação, controle e orientação das atividades dos
funcionários na APA;
 Apresentação de relatórios, pareceres, prestações de contas e outras tarefas
atinentes à administração da APA;
 Desenvolvimento de atividades de educação e conscientização ambiental na
área e em seu entorno, conforme os programas estabelecidos;
 Operacionalização, controle e avaliação dos programas de manejo
estabelecidos para a área de proteção ambiental.

Guarda Parque: deve possuir formação mínima de nível médio, desenvolver


funções de patrulhamento, vigilância e fiscalização nas áreas de proteção ambiental
da Lagoa Verde. Poderá ser capacitado por curso específico para o cargo oferecido e
custeado pela Unidade ou oferecido por outra instituição parceira. Segue abaixo, o
detalhamento das funções e atribuições de guarda-parque:

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


293
a) Na aplicação normas legais da área de proteção ambiental
 Manter-se informado, mediante capacitação, leitura e estudo das normas
básicas, o que deve cumprir e fazer cumprir em caso de delito ambiental e respectivas
sanções;
 Dependendo de suas atribuições, legalmente definidas em cada país, aplicar
medidas de restrição e sanção que sejam as indicadas, em caso de transgressão,
violação ou não cumprimento das normas legais;
 Informar aos visitantes e vizinhos sobre as normas de proteção e uso racional
do patrimônio natural e cultural da área protegida e seu entorno;
 Quando for necessário, coordenar suas atividades com os funcionários de
outras instituições ou com a população local.

b) Na proteção do patrimônio natural e cultural


 Estabelecer vigilância permanente e controle dos acessos da área de
proteção ambiental;
 Realizar patrulhas e rondas nos limites da área para prevenir e detectar
entradas ou outras atividades ilícitas;
 Informar o seu superior das observações realizadas sobre danos,
irregularidades e incidentes encontrados;
 Deverá manter um registro escrito das atividades realizadas em uma
caderneta de campo;
 Difundir as disposições legais e normas institucionais que regulam a restrição
e uso dos recursos da área protegida.

c) No atendimento a visitantes, pesquisadores e outros usuários


 Controlar e cobrar o ingresso de visitantes na área, se assim for estabelecido
pela administração;
 Propiciar informações básicas sobre os recursos e serviços existentes na
área de proteção ambiental, sua localização e acessos;
 Fazer conhecer pelos visitantes as normas de conduta e segurança que se
devem cumprir na área protegida;
 Advertir os visitantes sobre os riscos e perigos que podem ocorrer nas trilhas
e lugares destinados ao uso público;
 Auxiliar acidentados administrando os primeiros socorros;
 Organizar e conduzir atividades de busca e resgate, quando houver pessoas
em perigo ou desaparecidas;
 Acompanhar, como auxiliar do educador ou monitor ambiental, grupos de
visitantes em caminhadas de exploração e aventura;
 Acompanhar em campo pesquisadores, cuidando para que os mesmos
observem as normas e condições estabelecidas em seus planos de trabalho;
 Realizar atividades de monitoramento que apóiam a pesquisa e a tomada de
decisões de manejo.

d) Nas atividades de manutenção


 Cuidar e manter completo o estojo de primeiros socorros;
 Cuidar e manter em funcionamento seus instrumentos de comunicação e de
localização, bem como mapas e planos de trabalho;

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


294
 Cuidar e manter os meios de transporte que utilizam rotineiramente, incluindo
carros, botes e motores, motocicletas e bicicletas;
 Manter limpas e prontas para uso as ferramentas utilizada no desempenho da
função;
 Manter desobstruídas e em bom estado as infraestruturas existentes
dedicadas aos visitantes, como trilhas e pontes;
 Cuidar e manter limpos o uniforme e outros equipamentos utilizados;
 Cuidar e reparar das placas de informação, sinalização, limites e direções
para os visitantes.

Técnico Nível Médio Administrativo: funcionário com formação mínima de nível


médio, sendo necessário possuir capacitação para realizar atividades nas áreas de
informática, escritório, secretariado e contabilidade. Também, deverá assessorar o
chefe do Parque em todas as questões administrativas da Unidade.

Auxiliar de Serviços Gerais: funcionário com formação mínima de nível


fundamental, sendo necessário possui capacitação para realizar as seguintes
atividades:
 Executar trabalhos de limpeza e conservação em geral nasdependências
internas e externas da Unidade, bem como serviçosde entrega, recebimento de
correspondências, jornais e outros, utilizando osmateriais e instrumentos adequados e
rotinas previamente definidas;
 Efetuar a limpeza e conservação de utensílios, móveis eequipamentos em
geral, para mantê-los em condições de uso;
 Auxiliar na remoção de móveis e equipamentos;
 Separar os resíduos recicláveis e não-recicláveis para descarte (vidraria,
papéis, resíduos orgânicos);
 Reabastecer os banheiros com papel higiênico, toalhas e sabonetes;
 Controlar o estoque e sugerir compras de materiais pertinentes de sua área
de atuação;
 Executar outras atividades de apoio operacionais ou correlatas;
 Desenvolver suas atividades utilizando normas e procedimentosde
biossegurança e/ou segurança do trabalho;
 Zelar pela guarda, conservação, manutenção e limpeza dosequipamentos,
instrumentos e materiais utilizados, bem como do local de trabalho;
 Executar o tratamento e descarte dos resíduos de materiaisprovenientes do
seu local de trabalho;
 Executar outras tarefas correlatas, conforme necessidade ou acritério de seu
superior.
 Auxiliar nas atividades de jardinagem, como: manutenção e conservação de
área verdes, atuar na poda de árvores e folhagens, plantação de mudas, limpezas de
terrenos e canteiros, aplicar produtos para controle de pragas, regagem de plantas,
corte e toda manutenção de jardins.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


295
Educador Ambiental: profissional da área da educação com curso superior em
Ciências Biológicas, Geografia, Engenharia Ambiental, ou áreas afins com
especialização ou experiência em Educação Ambiental.Será o responsável pelo
desenvolvimento de todas as atividades propostas no Programa de Educação
Ambiental e Comunicação Social. Segue abaixo, o detalhamento de suas funções e
atribuições:

 Participar de campanhas educativas, promover intercâmbios de Educação


Ambiental entre a Unidade, instituições de ensino e comunidade;
 Elaborar e propor ações educacionais e de capacitação na área ambiental
aos funcionários da Unidade;
 Planejar, executar e controlar ações educativas e de comunicação social
dentro e fora da Unidade;
 Facilitar processos que contribuam para o desenvolvimento da postura
profissional, valores éticos e senso de trabalho em equipe entre os funcionários da
Unidade;
 Utilizar adequadamente recursos didáticos de acordo com as situações
específicas do processo de ensino-aprendizagem;
 Desenvolver estratégias de educação ambientale comunicação social que
promovam a interdisciplinaridade;
 Desenvolver junto aos visitantes e funcionários da Unidade conceitos,
procedimentos e atitudes socioambientalmente responsáveis;
 Elaborar material de apoio ecopedagógico, didático e informativo para
distribuição aos visitantes e em cursos e atividades relacionadas à Unidade;
 Propor projetos e cursos de acordo com as necessidades da Unidade e da
comunidade do entorno;
 Promover e participar do processo seletivo de candidatos para o ingresso
como monitores ambientais e estagiários em Educação Ambiental;
 Coletar informações especializadas sobre as atividades desenvolvidas na
Unidade para divulgação na mídia local.

Monitor Ambiental: funcionário com formação mínima de nível médio, sendo


necessário possuir capacitação para realizar atividades como guia ambiental na
Unidade e auxiliar o Educador Ambiental.

 O monitor ambiental deverá ser capacitado pelo curso oferecido pela


Unidade, além de ser morador da região e ter grandes conhecimentos da mata,
história, cultura e curiosidades da região;
 Deverá estar apto fisicamente para acompanhar visitantes da Unidade em
atividades que não excedam o período de um dia, percorrendo trilhas pré-existentes e
autorizadas pelo Gestor da Unidade;
 Seus procedimentos devem estar fundamentados nos conceitos e práticas da
Educação Ambiental e no conhecimento prévio do local garantindo, desta forma, a
qualidade da visita e das ações de sensibilização ambiental;
 A presença do monitor na área de visitação não implica na obrigatoriedade de
seu acompanhamento às visitas, nem o habilita a guiar grupos com interesses
diversos. As visitas deverão ser agendadas conforme previsto no Programa de
Educação Ambiental e Comunicação Social;
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
296
 As informações prestadas deverão ser técnico-especializadassobre
determinado tipo de atrativo da Unidade;
 Em caso de visitação de grupos com guias turísticos próprios, quem deverá
conduzir os visitantes é o monitor ambiental ou, em sua ausência, o guarda-parque. O
guia turístico ficará restrito às suas atribuições, como recepção, traslado e assistência
aos visitantes.

5.4.4 Definição de Programas de Treinamento


Treinar é uma constante no mundo atual, os programas de treinamento deverão
estar diretamente ligados às necessidades da APA da Lagoa Verde, com
comprometimento total da equipe de colaboradores, incluindo Chefe da Unidade.

O objetivo principal da implantação de Programas de Treinamento internos é o


desenvolvimento das competências necessárias para a formação de novas
habilidades, que serão requeridas especificamente para cada função do quadro
organizacional. A adoção desses procedimentos se refletirá no correto manejo da
Unidade, com menores danos ambientais, melhoria das condições e da segurança do
trabalho da equipe e, através da adoção de Códigos de Conduta, no relacionamento
com a sociedade local, reduzindo o impacto socialda Unidade.

Tendo isto em vista, todos os funcionários deverão receber treinamento e


reciclagem periódicos, pararealizar suas funções diárias, segundo padrões
estabelecidos e criados a partir de um manual de “Procedimentos Internos”. Além
disso:

 Deverá haver uma apresentação de toda a área da Unidade, bem como sua
infraestrutura, outros funcionários e dinâmica operacional.
 Todos os colaboradores deverão estar cientes dos aspectos e características
socioambientais da Unidade e da região, o que facilitará a comunicação e o
intercâmbio cultural com visitantes e comunidade do entorno.
 O funcionário que vier a ser contratado deverá receber treinamento para a
realização desua função, assim como as normas de segurança no trabalho, de saúde
e meio ambiente da Unidade.
 Os monitores ambientais e guardas-parque deverão receber treinamento
específico em Educação Ambiental, visando a sua formação como guias e como
dinamizadores do processo de sensibilização ambiental, conforme previsto no
Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social.
 Todos os colaboradores deverão receber treinamento em primeiros-socorros,
prevenção e combate a incêndios, prevenção de acidentes com animais peçonhentos
e venenosos, noções de gerenciamento de resíduos (separação do lixo), entre outros.

5.5 PROGRAMA DE GESTÃO OPERACIONAL E


INTERINSTITUCIONAL

Gerenciar uma APA, seja em seus aspectos físicos, bióticos, econômicos ou


sociais, significa exercer sobre ela um conjunto de ações políticas, legislativas e

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


297
administrativas para que, partindo da realidade atual, se possa atingir um novo
cenário, segundo objetivos preestabelecidos (Araújo, 1997). Para alcançar um ideal de
gestão, o principal desafio dos interessados na APA é o desenvolvimento e a
manutenção de uma cultura organizacional que promova trabalhos em equipe com a
comunidade, objetivando a capacitação dos atores, a produção de bens e serviços, de
modo a minimizar os impactos dessa produção sobre os recursos naturais, o
cumprimento dos objetivos conservacionistas, por meio da missão institucional do
IBAMA e a satisfação das necessidades dos atores da APA (Griffith et al., 1995).

A promoção da conservação ambiental no interior da APA irá depender


diretamente da eficácia das ações que estarão previstas nos programas ambientais e
da capacidade da APA em integrar-se ao ambiente local. A partir do momento em que
a APA alcança legitimidade e reconhecimento, ocorre naturalmente a adesão e a
aceitação pelas comunidades locais das modificações em seus hábitos e
comportamentos que serão necessárias na execução do Plano de Manejo. Além da
população que faz parte da área, o processo de gestão da APA extrapolará os limites
desta e deverá estar relacionado a outros públicos, especialmente o institucional.

Tendo isto em vista, o Programa de Gestão Operacional e Interinstitucional (PGOI)


aqui apresentado, agirá como um orientador das principais ações a serem
desenvolvidas visando à conservação, à manutenção e à gestão da APA da Lagoa
Verde.

5.5.1 Objetivo

As atividades deste programa direcionam-se ao aperfeiçoamento dos mecanismos


de administração, gerenciamento e cooperação institucional entre as entidades
participantes ou comprometidas com o processo de gestão da APA. Entre os objetivos
do programa estão:

 Identificar os agentes envolvidos na gestão, organizar o Comitê Gestor,


organizar as comissões técnicas e fomentar convênios e parcerias;

 Instrumentalizar a APA para que possa operacionalizar o Plano de Manejo,


providenciando os meios e as condições para tal;

 Promover a integração da APA à comunidade residente através da integração


entre as atividades previstas no Plano de Manejo e destas com outros
programas e ações de cunho local e regional;
 Produzir e disseminar informações relevantes para o conhecimento e a
integração dos atores sociais (institucionais e individuais) com a APA,
utilizando meios de comunicação convencionais (tais como rádios, jornais e
outras mídias) e alternativos (tais como atividades promovidas pela APA,
redes comunitárias e religiosas, etc.).
 Dar condições para a participação dos diferentes atores sociais no processo
de gestão ambiental e no entendimento de seus papéis como cidadãos e

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


298
agentes para a melhoria da qualidade de vida individual e coletiva na área da
APA.

 Desenvolver o turismo sustentável.

5.5.2 Plano de Ação/Metodologia

O Programa de Gestão Operacional e Interinstitucional deverá ser executado


durante a fase de implantação e operação da Unidade de Conservação.

Para que a APA da Lagoa Verde cumpra seus objetivos, é fundamental que o
Plano de Manejo seja implantado efetivamente. Todo o planejamento anual deverá
estar fundamentado, primeiramente, na avaliação das atividades programadas para o
ano anterior, avaliando-se as dificuldades encontradas, revendo prioridades e
incorporando ações necessárias. Deverá ser escolhido um modelo de avaliação de
efetividade da Unidade e do Plano de Manejo, sendo que diferentes organizações
conservacionistas disponibilizam ferramentas para tal. Basicamente, deverá ser
avaliada a realização das ações propostas nesse Plano de Manejo, considerando a
priorização estabelecida para as mesmas e o prazo estimado de vigência do referido
documento.

Visando nortear as ações gerenciais do PGOI, sugere-se a utilização de


estratégias organizacionais específicas. Segundo Nascimento et al. (2008), estratégia
organizacional é o conjunto dos grandes propósitos, dos objetivos, das metas, das
políticas e dos planos para concretizar uma situação futura desejada, considerando as
oportunidades oferecidas pelo ambiente e pelos recursos da organização.

O processo gerencial foi definido por Henry Fayol como “o processo relativo ao
estabelecimento de objetivos e planejamento, organização, comando, coordenação e
controle das atividades, de tal forma que os objetivos organizacionais sejam atingidos”.
Na gestão da qualidade, proposta por Deming, o processo gerencial foi simplificado e
é conhecido como PDCA (do inglês plan, do, check e act) (Nascimento et al., 2008).

Este processo é composto das seguintes atividades (Figura 66):

1. Planejar (plan): identificar os problemas e suas causas, assim como os


aspectos organizacionais que podem ser melhorados. Definir objetivos e
planejar as ações a implementar.
2. Fazer/implementar (do): implementar as ações definidas.
3. Verificar/corrigir (check): analisar os resultados obtidos, compará-los com os
objetivos e implementar as ações necessárias para reduzir os desvio.
4. Fazer a análise crítica (act): assegurar que os objetivos sejam atingidos e que
as ações implementadas estejam consolidadas. Divulgar os resultados e
começar novamente.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


299
Figura 66 – Ciclo do PDCA anual proposto para a APA da Lagoa Verde (Fonte: Adaptado de
Nascimento, 2008).

A gestão deverá ser realizada através de estratégias combinadas e adequadas


capazes de garantir a conservação e a preservação dos recursos naturais e o
enfrentamento dos problemas ambientais da APA. Deverá ser dirigida segundo as
orientações do Zoneamento Ambiental e das respectivas Normas de Proteção
Ambiental, aplicando-se a ele também a legislação ambiental estadual e nacional em
vigor.

5.5.3 Diretrizes recomendadas:

 As diretrizes deste programa são aquelas propostas para os demais


programas, tendo em vista que o PGOI será o principal gestor do Plano de
Manejo da Unidade.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


300
5.6 PROGRAMA DE CONSTRUÇÃO E COORDENAÇÃO DO
CONSELHO DE GESTÃO

A Lei Municipal No. 6.084/05 de Rio Grande que regulamenta a criação da APA da
Lagoa Verde, nos termos do Art. 2º dispõe sobre a classificação desta área como uma
Unidade de Conservação, objetivando: proteção de paisagens e belezas cênicas;
recursos hídricos; sistemas de marismas, banhados, arroios, matas e dunas interiores;
assim como estimular o desenvolvimento sustentável e estabelecer uma ocupação
humana controlada, entre outros.

As Áreas de Proteção Ambiental por serem Unidades de Conservação de Uso


Sustentável permitem que as terras privadas, contidas em seu interior, permaneçam
sob domínio de seus proprietários. Todavia, devem-se seguir algumas restrições de
usos do solo e recursos naturais, de acordo com o Plano de Manejo elaborado para
atender os objetivos de proteção ambiental. Nesse contexto poderão surgir conflitos,
devidamente intermediados por um Conselho Gestor da APA.
A análise de fatores sobre um modelo de gestão democrático estável remete-nos
aos estudos que abordam a importância de uma cultura política, assim entendida
como um conjunto de atitudes e comportamentos que os cidadãos têm em relação ao
sistema político, sendo indispensáveis para a sustentação das instituições
democráticas (ALMOND & VERBA 1998, apud BAQUERO e SANTOS, 2007).

O Brasil teve nos últimos anos, um avanço significativo em relação à democracia,


no que diz respeito à modernização tanto das instituições, quanto das leis. Todavia,
além da dimensão institucional e legal é preciso uma mudança na cultura política da
sociedade, para que se possa consolidar o modelo democrático, através da inclusão
do funcionamento da dimensão social (BAQUERO e SANTOS, 2007).
Nas últimas décadas, as Ciências Políticas aprofunda os estudos sobre o capital
social como elemento-chave para o funcionamento adequado ou não da democracia.
Argumenta-se nesta teoria que quanto mais capital social uma sociedade possui, mais
democrática ela se constitui, no entanto, pouco capital social produz sociedades
fragmentadas, individualistas e desiguais (Ibid., 2007).

Existe uma vasta literatura sobre capital social, trabalha-se aqui com o conceito de
Robert Putmam (2000), que aborda a idéia de capital social como algo comunitário.
Consiste em práticas sociais, normas e relações de confiança que existem entre os
cidadãos numa determinada sociedade, bem como sistemas de participação e
associação que estimulam a cooperação. Então, pode-se concluir que quanto maior a
capacidade dos cidadãos confiarem uns nos outros, para além de seus familiares,
assim como quanto maior a capacidade associativa, maior será o volume de capital
social de uma comunidade.

Segundo Fukuiama (1996) a confiança é o sentimento que nasce entre os


membros de uma comunidade com de comportamento estável e cooperativo, baseada
em normas compartilhadas por seus membros.

Neste sentido, o programa aqui proposto pretende, além de informar as questões


legais e institucionais de um Comitê Gestor de uma unidade de conservação, também
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
301
mostrar que por meio da participação efetiva dos diferentes setores da sociedade, num
processo cooperativo democrático poder-se-á auxiliar da melhor maneira possível o
processo de gestão executado pela administração da APA, na medida em que todos
os setores estarão agindo em prol de um bem comum, ou seja, a busca do alcance
dos objetivos da unidade de conservação.

5.6.1 Objetivos

Os objetivos do Conselho Gestor da APA da Lagoa Verde são:

 Apoiar a administração da APA da Lagoa Verde, auxiliando na implantação e


gestão da mesma, de forma consultiva ou deliberativa, conforme for decidido;
 Realizar ações que possibilitem compatibilizar a conservação da natureza
com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais.

5.6.2 Plano de Ação/Metodologia

Este Programa dará as diretrizes para o a Construção, Organização e


Competência do Conselho de Gestão da APA. Sugere-se aqui que tanto a formação
quanto a atuação do Conselho Gestor ocorra durante a fase de implantação e
operação da Unidade de Conservação.
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Renováveis (1997) uma das maiores dificuldades de viabilizar as APA‟s
ou torná-las efetivas é o excesso de restrições impostas pela legislação ambiental às
propriedades particulares, gerando conflitos associados aos objetivos
socioeconômicos e ecológicos. Portanto, a busca de um equilíbrio entre estes fatores
aponta para a necessidade de estabelecer processos de gestão de caráter
participativo, compartilhado entre os vários órgãos governamentais envolvidos, o setor
privado e a sociedade civil.
Quanto à construção do Comitê Gestor da unidade de conservação o Decreto No.
4.340/2000 que regulamenta artigos da Lei 9.985/2000, a qual institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, nos termos do Art. 17,
dispõe:“que as categorias de unidade de conservação poderão ter conselho consultivo
ou deliberativo, que serão presididos pelo chefe da unidade de conservação, o qual
designará os demais conselheiros indicados pelos setores a serem representados”.

O Conselho Gestor da APA poderá ser consultivo ou deliberativo, onde caberá a


administradora da Unidade de Conservação, em consonância com a comunidade local
e instituições governamentais e não governamentais, por meio de oficinas de
planejamento e reuniões definirem a sua competência.

Ainda em relação à construção do Conselho, o Decreto No. 4.340/2000 nos termos


do artigo Art. 17, parágrafos 1º e 2º remete aos setores que serão representados no
Comitê Gestor de uma Unidade de Conservação, elencando os seguintes princípios:
“A representação dos órgãos públicos deve contemplar, quando couber, os órgãos
ambientais dos três níveis da Federação e órgãos de áreas afins, tais como pesquisa

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


302
científica, educação, defesa nacional, cultura, turismo, paisagem, arquitetura,
arqueologia e povos indígenas e assentamentos agrícolas”.
“A representação da sociedade civil deve contemplar, quando couber, a
comunidade científica e organizações não governamentais com atuação
comprovada na região da unidade, população residente e do entorno, população
tradicional, proprietários de imóveis no interior da unidade, trabalhadores e setor
privado atuantes na região e representantes dos Comitês de Bacia Hidrográfica”.

A representação dos órgãos públicos e da sociedade civil nos conselhos, sempre


que possível, deverá ser paritária considerando as peculiaridades regionais.

5.6.3 Diretrizes recomendadas:

Quando a organização deverá ser levada em conta os seguintes princípios:

 O mandato do conselheiro será de dois anos, renovável por igual período,


não remunerado e considerado atividade de relevante interesse público.
 No caso de unidade de conservação municipal, o Conselho Municipal de
Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA), ou órgão equivalente, cuja composição e
competências incluam as especificadas no art. 20 do Decreto nº 4340/2002, pode ser
designado como conselho da unidade de conservação.
 A reunião do conselho da unidade de conservação deve ser pública, com
pauta preestabelecida no ato da convocação e realizada em local de fácil acesso.

As competências do órgão executor (chefe do conselho) serão:

 Convocar o conselho com antecedência mínima de sete dias;


 Prestar apoio à participação dos conselheiros nas reuniões, sempre que
solicitado e devidamente justificado.

As competências do Conselho Gestor da Unidade de Conservação serão:

 Elaborar o seu regimento interno, no prazo de noventa dias, contados da sua


instalação;
 Acompanhar a elaboração, implementação e revisão do Plano de Manejo da
UC, quando couber, garantindo o seu caráter participativo;
 Buscar a integração da unidade de conservação com as demais unidades e
espaços territoriais especialmente protegidos e com o seu entorno;
 Esforçar-se para compatibilizar os interesses dos diversos segmentos sociais
relacionados com a unidade;
 Avaliar o orçamento da unidade e o relatório financeiro anual elaborado pelo
órgão executor em relação aos objetivos da unidade de conservação;
 Opinar, no caso de conselho consultivo, ou ratificar, no caso de conselho
deliberativo, a contratação e os dispositivos do termo de parceria com OSCIP, na
hipótese de gestão compartilhada da unidade;
 Acompanhar a gestão por OSCIP e recomendar a rescisão do termo de
parceria, quando constatada irregularidade;

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


303
 Manifestar-se sobre obra ou atividade potencialmente causadora de impacto
na unidade de conservação, em sua zona de entorno, mosaicos ou corredores
ecológicos; e
 Propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar a relação
com a população do entorno ou do interior da unidade, conforme o caso.

Por fim, com este programa busca-se uma participação efetiva de todas as
pessoas envolvidas não somente no processo de gestão da APA da Lagoa Verde,
mas também na implementação e revisão de seu Plano de Manejo. Sendo assim, para
que se efetive um modelo de apoio a gestão administrativa, dever-se-á trabalhar na
defesa do meio ambiente de forma compartilhada com os interesses das comunidades
e instituições públicas e privadas ali presentes.

5.7 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E


COMUNICAÇÃO SOCIAL

"Se a educação sozinha não transforma a sociedade


sem ela tampouco a sociedade muda".
Paulo freire

No atual contexto mundial, em que há uma crescente preocupação com a


sustentabilidade socioambiental, busca-se cada vez mais compreender os processos
de intervenção causados pelo desenvolvimento humano e sua atuação direta e
indireta no meio natural. Essa compreensão pode e deve ser facilitada através da
Educação Ambiental.

A primeira definição internacional de Educação Ambiental, adotada pela


International Union for the Conservation of Nature (IUCN), enfatizava a questão
conservacionista da manutenção da biodiversidade e dos sistemas de vida. Somente
em 1977, na Conferência de Tbilisi, que a definição assumiu a sua forma mais
completa, quando foi enfatizado o enfoque interdisciplinar para o entendimento do
problema:

“A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e


clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento de habilidades e modificando
atitudes em relação ao meio para entender e apreciar as inter-relações entre os seres
humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. Ela também está relacionada com a
prática das tomadas de decisão e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade
de vida.”

Além disso, a Educação Ambiental busca incentivar a tomada de consciência e o


desenvolvimento de atitudes e comportamentos, através da promoção do acesso a
informações, que capacitem os cidadãos para participar ativa e positivamente de
ações de melhoria ambiental e de promoção da saúde no seu entorno. Falar sobre as
atitudes ambientais dos seres humanos em relação ao lixo, por exemplo, significa
refletir sobre questões que vão além do ato de separar os resíduos, tornando-se um
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
304
profundo exercício crítico sobre os valores que intervêm como suporte na ação
(Carvalho, 2008).

APolítica Nacional de Educação Ambiental (PNEA), Lei nº 9.795, de 27 de abril de


1999, em seu artigo primeiro, esclarece:

“Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o


indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”

Sendo assim, buscando amplificar as ações de Educação Ambientalda APA da


Lagoa Verde, o Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social (PEACS) foi
estruturado no contexto da Educomunicação. Este campo de reflexão/ação, que une
características das disciplinas de Educação e Comunicação Social, consiste na
utilização de tecnologias, recursos e ferramentas de comunicação para que os
grupos/pessoas se expressem, estudem, se informem e decidam sobre o mundo em
que vivem (SCHAUN, 2002).
“O sujeito pensante não pode pensar sozinho;
não pode pensar sem a coparticipação de outros sujeitos no ato de pensar sobre o objeto.
Não há um „penso‟, mas um „pensamos‟.
É o „pensamos‟ que estabelece o „penso‟ e não o contrário.
Esta coparticipação dos sujeitos no ato de pensar se dá na comunicação.
O objeto, por isso mesmo, não é a incidência terminativa do pensamento de um sujeito,
mas o mediador da comunicação.”
Paulo Freire

A Educomunicação configura-se como uma alternativa para trabalhar ações de


Educação Ambiental e Comunicação Social, mantendo um fluxo contínuo de
informações com a comunidade. Em Unidades de Conservação, quando ocorre
geração de conhecimentocientífico, associar a difusão do mesmo a um processo de
Educação Ambiental fundamentado emmétodos pedagógicos capazes de transformar
a relação ser humano-natureza, pode ser uma maneiraeficaz de promover o
crescimento da consciência ambiental. Isso pode, inclusive, expandir apossibilidade da
população participar em um nível mais alto no processo decisório, como uma formade
fortalecer sua co-responsabilidade na fiscalização e no controle dos agentes de
degradaçãoambiental.

Oreconhecimento de valores culturais e o respeito pelo conhecimento tradicional


são ambos vitais parao sucesso da comunicação da ciência. A ciência e os
conhecimentos locais não estão tão longe um dooutro, o que precisamos é
compartilhar espaço e tempo entre cientistas e comunidade locais (Semir& Revuelta,
2004).

Tendo isto em vista o Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social do


Plano de Manejo da APA da Lagoa Verde, aqui apresentado, agirá como um
instrumento de comunicação, sensibilização e orientação para os visitantes da
Unidade e comunidade do entorno acerca da necessidade da conservação ambiental
e da mitigação dos impactos ambientais ocasionados pelas visitações e atividades
socioeconômicas do entorno, estimulando, por meio de ações educativas, a tomada de
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
305
consciência para as questões ambientais relacionadas ao seu dia a dia dentro e fora
da APA.

5.7.1 Objetivos

De acordo com Miller (1997), para que as áreas protegidas tenham sua
sobrevivência assegurada, precisam estar integradas à economia e à cultura das
sociedades locais, tornando-se centros sociais tão valiosos quanto às escolas, os
hospitais e as bibliotecas. Esses objetivos podem ser alcançados, em grande parte,
através de Programas de Educação/Interpretação Ambiental, os quais funcionam
como elos entre as áreas protegidas como Unidades de Conservação e as pessoas,
conciliando a demanda e a satisfação do usuário com a conservação da área. Além
disso, através do Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social da APA da
Lagoa Verde, busca-se:

 Ordenar, orientar e direcionar o uso da Unidade de Conservação pelo público,


promovendo o conhecimento do meio ambiente como um todo,bem como dos
Sistemas Nacional e Estadual de Unidades de Conservação, situando a
Unidade e seu entorno.

 Equilibrar o uso tradicionalmente dado à área e a preservação do meio


ambiente através de ações presenciais de educadores ambientais ou em
forma de folhetos educativos, placas, painéis e simbologias.

 Promover a Educação Ambiental de síntese, que permita permanentemente


dispor de uma estrutura de pensamento global, sobre a vida do homem e da
sociedade, enfatizando a importância de preservar a Unidade e a diversidade
do planeta.

 Conectar os visitantes com o lugar, incentivando a conscientização, a


compreensão e a apreciação dos recursos naturais e culturais protegidos,
diminuindo os impactos negativos.

 Provocar mudanças de comportamento, atraindo e envolvendo as pessoas


nas tarefas de conservação.

 Aumentar a satisfação dos usuários, criando uma impressão positiva sobre a


área protegida e a instituição responsável.

 Influenciar a distribuição dos visitantes na área, tornando-a planejada e


menos impactante.

 Estimular ações de solidariedade, desenvolvendo trabalhos coletivos que


mobilizem a comunidade do entorno da Unidade em relação a questões de
vulnerabilidade socioambiental.
 Sensibilizar quanto à responsabilidade de cada cidadão em relação ao
patrimônio natural, ético e cultural do entorno da Unidade e da sociedade
humana.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


306
 Manter um relacionamento transdisciplinar entre o Programa de Educação
Ambiental e os demais programas do Plano de Manejo.

 Divulgar informações sobre a Unidade, assim como o resultado dos


programas realizados no local (p.ex. Programa de Pesquisa e
Monitoramento), para a comunidade da região através de um boletim
informativo periódico (impresso e/ou virtual), com linguagem acessível a todos
os públicos.

5.7.2 Plano de Ação/Metodologia

O Programa de Educação Ambiental (PEACS) do Plano de Manejo da APA da


Lagoa Verde deverá ser executado durante a fase de implantação e operação da
Unidade de Conservação. Através de palestras interativas audiovisuais, trilhas
interpretativas, cartazes, folhetos, boletins informativos, placas e painéis instalados em
toda a área da Unidade, os quais deverão abordar conteúdos associados aos
aspectos socioambientais da região, segregação de resíduos e reciclagem, noções de
ecologia e conservação, desenvolvimento sustentável e às pesquisas e
monitoramentos realizados no local.

As palestras direcionadas ao público deverão ser realizadas no Centro de


Visitantes, de acordo com o agendamento dos grupos. Após a palestra de pré-
visitação, que deverá conter orientações a respeito das normas da Unidade e
informações básicas a respeito das características socioambientais da região, os
visitantes poderão participar de atividades específicas de educação ambiental como
oficinas pedagógicas e trilhas interpretativas.

Como forma de alimentar o processo de Educação Ambiental (EA) na Unidade de


forma continuada e permanente, deverá ser realizada a formação de Dinamizadores
do processo de EA. Estes deverão agir como multiplicadores, mas não como
replicadores dos conhecimentos recebidos, e sim como agentes capazes de intervir no
cotidiano da Unidade, provocando em seus companheiros de trabalho e nos visitantes,
por meio de intervenções de caráter educativo, a dinamização do processo de EA e a
internalização das boas práticas ambientais.

As ações (palestras, trilhas, comunicação visual) deverão ser planejadas de forma


integrada para o desenvolvimento da educação ambiental, otimizando a distribuição
dos visitantes e da infraestrutura da Unidade, reduzindo, também, os impactos das
ações antrópicas sobre o ambiente local. Dessa forma, visando proporcionar um maior
entendimento das ações e abordagens necessárias ao desenvolvimento do PEACS na
APA da Lagoa Verde, este foi subdividido em três subprogramas: Visitação, Educação
Ambiental Itinerante e Formação de Multiplicadores.

5.7.3 Subprograma de Visitação

Entende-se como visitação em Unidades de Conservação as atividades


recreativas, educativas e interpretativas realizadas em contato com os atributos
naturais e culturais, nas quais o principal objetivo é despertar no visitante o respeito e
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
307
a importância desses recursos, contribuindo para a consolidação do Sistema Nacional
de Unidades de Conservação (Jesus, 2002).

Segundo Wallace (1997), ao visitarem Unidades de Conservação, as pessoas


sentem a força de uma cachoeira, veem o céu sem as luzes da cidade ou escalam
uma montanha, sendo capazes de compreender melhor a relevância do trabalho em
favor da proteção da natureza e do pressuposto de que essas áreas precisam ser
conservadas. Além disso, segundo Drumm & Moore (2003), muitas pessoas querem
aprender, para auto-satisfação, a respeito de espécies em perigo de extinção e sobre
os ambientes ameaçados. Essas informações podem ser perfeitamente repassadas ao
público através de visitas guiadas, unindo o teórico à prática ambiental e aumentando
o poder de sensibilização dos visitantes.

Contudo, os recursos naturais de uma Unidade de Conservação sofrem vários


tipos de impactos, dependendo da atividade do visitante. Alterações na vegetação e
no solo, por exemplo, são causadas pelo pisoteio associado à caminhada e ao
acampamento.

Segundo Marion & Farrell (1998), baixos níveis de impacto reduzem a vegetação
rasteira e a biomassa, podendo alterar a composição da flora mediante a eliminação
de espécies frágeis. Por outro lado, quando o nível de impacto é alto, pode ocorrer
alteração na composição e perda completa da vegetação forrageira, além de
prejudicar a regeneração de árvores e arbustos.

O excesso de uso pode provocar impactos nas trilhas, tais como danos à
vegetação, compactação do solo, diminuição da taxa de infiltração de água no solo e
alargamento da trilha, dentre outros. Preocupações adicionais estão relacionadas a
uma das atividades mais populares associadas às visitações, a observação da fauna.
O pisoteio ou tráfego de veículos pode degradar os habitats diretamente e a presença
humana pode impactar negativamente uma atividade de vida essencial à fauna
silvestre, como alimentação, descanso e reprodução (MARION&FARRELL, 1998).

Apesar dos esforços dos administradores das Unidades de Conservação, as


atividades de visitação sempre provocarão impactos no meio ambiente (mesmo em
baixos níveis de intensidade). Assim, é essencial que esses impactos sejam limitados
somente à Zona de Uso Intensivo e que sejam continuamente medidos e avaliados
para que seus efeitos sejam minimizados.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


308
Figura 67: Inter-relação dos impactos decorrentes de atividades de visitação/recreativas em
áreas naturais (Fonte: Adaptado de Hammitt & Cole, 1998).

Além dos impactos ao meio ambiente, a própria experiência de visitação pode ser
impactada negativamente. Segundo Takahashi (2004), o excesso de pessoas pode
reduzir as oportunidades daqueles que buscam a solidão, ou um certo isolamento em
meio à natureza.

Segundo Manning (1986), o impacto sobre a experiência da visita depende das


características pessoais dos visitantes, suas motivações, preferências, expectativas e
nível de experiência. Tendo isto em vista, é indispensável estabelecer processos de
avaliação para obter informações atualizadas sobre os visitantes e o tipo de visita, de
modo a subsidiar decisões de manejo adequadas.

As atividades de visitação à APA da Lagoa Verde deverão estar concentradas em


duas áreas principais, no Centro de Visitantes e nas trilhas. Estas áreas deverão ser
estruturadas conforme segue abaixo, com atenção especial às formas de
comunicação que serão utilizadas para orientação aos visitantes.

 Centro de visitantes

O centro de visitantes deverá ser a principal infra-estrutura utilizada no


recebimento dos usuários da Unidade e nas atividades de Educação Ambiental. A

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


309
partir dele, serão transmitidas as primeiras informações sobre as normas da Unidade,
sua biodiversidade e importância para a região.

Centros de visitantes, em Unidades de Conservação, partem do princípio da


educação e da responsabilidade compartilhada, com relação à conscientização
ambiental e o respeito para com o ambiente natural e seus atributos ecológicos.
Segundo Ceballos-Lascuráin (2001), centros de interpretação da natureza ou centros
de visitantes são espaços destinados a apresentar as características de uma Unidade
de Conservação ou de áreas naturais para o público em geral. Através dos museus,
salas de projeção, visitas guiadas, painéis ou folhetos explicativos, o visitante pode ser
informado sobre aspectos biológicos, geológicos, históricos ou socioeconômicos da
região.

De acordo com IBAMA (2000), de uma forma geral, faz parte dos objetivos dos
centros de visitantes propiciarem a aproximação das pessoas com a natureza,
permitindo que elas interiorizem o significado das áreas protegidas, a sua importância
em termos de preservação, manejo e aproveitamento indireto dos recursos naturais e
culturais. O enfoque que cada Unidade de Conservação dá ao centro de visitantes e a
sua caracterização pode variar muito em razão das peculiaridades de cada área.
Tendo isto em vista, o Centro de Visitantes deve funcionar como parte integrante do
processo de conscientização e de Educação Ambiental, sendo arquitetado de forma a
suprir as necessidades geradas por essa atividade.

A infraestrutura do Centro de Visitantes da APA da Lagoa Verde deve atender as


necessidades de todos os visitantes, contando com acessos, bebedouros e banheiros
adaptados a todos os públicos, inclusive portadores de necessidades especiais. Além
disso, é fundamental que o local possua um auditório com capacidade mínima para 20
pessoas, cuja finalidade será a realização de reuniões e de palestras, como a de pré-
visitação.

Em toda a estrutura do Centro deverão existir ferramentas de comunicação


atrativas ao olhar do visitante como: mapas, vídeos, painéis sobre a fauna e flora da
região, seus diferentes ecossistemas, animais taxidermizados, xiloteca, maquete
ilustrativa dos atrativos naturais da Unidade, painel ilustrativo dos objetivos específicos
da Unidade, miniaturas de símbolos da região, dentre outros.

O Centro de Visitantes será o local de recepção ao visitante e onde lhe serão


proporcionados os seguintes serviços:

 informação sobre serviços públicos oferecidos (transportes, telefones, água


potável, sanitários, etc.), passeios, visitas guiadas, serviços de hospedagem e
de camping da região, áreas e atividades de recreação, serviços de
alimentação e horários de funcionamento;

 informação sobre as normas que deverão ser seguidas pelo visitante;

 orientação espacial do local onde o visitante se encontra (uso de maquete,


mapas e folhetos);

 interpretação inicial das informações sobre os recursos naturais e culturais da


área que se está visitando.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


310
O Centro deverá ser visto pelo visitante como um agente incentivador de visitação
aos atrativos da Unidade em sua totalidade, já que, através dos painéis, mapas e
fotos, ele tem a oportunidade de saber previamente o que a Unidade poderá lhe
oferecer. Além disso, as informações e orientações permitem que o visitante planeje
melhor o tempo disponível para sua visita em função de seus interesses, enquanto a
interpretação leva a um melhor entendimento sobre o meio ambiente visitado. No
entanto, pode-se evidenciar que, cabe ao visitante maior responsabilidade em
desfrutar de maneira consciente o ambiente em que se encontra.
 Trilhas

As trilhas e os caminhos são provavelmente as rotas de viagem mais


disseminadas no mundo. Embora as rodovias modernas tendam a relegar o papel
tradicional desses para um segundo plano, para milhões de pessoas em todo o mundo
eles continuam como rotas básicas de acesso ou de viagem, mesmo em áreas
urbanas modernas (Lechner, 2006). Em locais menos ocupados, particularmente em
parques e áreas protegidas, as trilhas podem ser o único meio de acesso fácil à maior
parte da área.
A sustentabilidade das trilhas, particularmente no que diz respeito a sistemas de
trilhas, é mais facilmente alcançável mediante uma abordagem integrada de seu
manejo. Este tipo de abordagem integra o planejamento, a construção, a manutenção,
o monitoramento e a avaliação, vinculando cada uma dessas atividades por intermédio
de retorno e interação contínuos (Lechner, 2006).
O planejamento das trilhas deve considerar o objetivo da Unidade, assim como os
aspectos sociais e biofísicos da área destinada a receber a trilha. Uma compreensão
geral das condições biofísicas do local irá permitir a minimização de impactos, a
maximização de oportunidades de recreação, que sejam evitadas condições perigosas
e a implantação de medidas mitigadoras quando os impactos forem inevitáveis.
Entre os principais objetivos de criação de trilhas em uma Unidade de
Conservação estão:
 Evitar que o trânsito de pessoas provoque degradação no meio ambiente;

 Proporcionar ao visitante uma experiência agradável em comunhão com a


natureza;

 Dar ao caminhante uma visão geral da Unidade, ao invés de concentrar a


visitação em uma pequena área;

 Ser um instrumento de educação ambiental;

 Prover à Unidade com uma malha de caminhos bem conservados que


permitam o rápido acesso a locais onde a presença institucional é importante,
seja por razões de visitação, ligadas a incêndios, fiscalização, erradicação de
espécies exóticas ou outras.
Entre os estímulos que podem potencializar a implantação de trilhas em
determinados locais estão:
 Aspectos cênicos e paisagens;
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
311
 Fenômenos geológicos ou naturais únicos;

 Características naturais únicas como flora, fauna e corpos d‟água;

 Oportunidades culturais, educacionais e de interpretação da natureza;

 Acessibilidade plena;

 Acesso a áreas delimitadas como acampamentos, de pesca, de observação


de aves, etc;

 Integração com sistemas de trilhas e outras infra-estruturas.

Entre as restrições à implantação de trilhas em determinados locais estão:

 Zoneamento da área e objetivos de manejo;

 Questões relacionadas à segurança (áreas sujeitas a incêndios, raios,


enchentes súbitas, desmoronamento de encostas, etc.);

 Presença de espécies raras, ameaçadas ou sensíveis;


 Áreas frágeis como campos, nascentes, banhados e brejos;

 Locais inadequados devido ao tipo de solo, jurisdição e posse da terra (trilhas


em terras privadas);

 Problemas relacionados ao manejo da trilha (conflitos de visitantes,


manutenção, pessoal, etc.);

 Acesso potencial a usuários ilegais como caçadores, passarinheiros,


palmiteiros, madeireiros ilegais;

 Aumento excessivo do uso por usuários tradicionais.

Os aspectos sociais serão determinados, ainda durante a fase de planejamento


das trilhas, pela identificação dos potenciais usuários. O desenho da trilha, o
comprimento, o tipo de calçamento, os aspectos de segurança, a dificuldade e a
largura serão também afetados pelo tipo de usuário esperado.
Entre os usuários potenciais das trilhas em uma Unidade de Conservação estão:

 Grupos escolares;

 Cientistas e pesquisadores;

 Praticantes experientes de caminhadas de aventura, de caminhadas leves e


mochileiros;

 Observadores de aves ou de outros aspectos naturais;

 Artistas e fotógrafos de ambientes naturais;

 Usuários eventuais de fim de semana (famílias com crianças);

 Turistas estrangeiros;

 Portadores de necessidades especiais e idosos;


Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
312
 Cidadãos locais;

 Guardas-parque e funcionários da Unidade;

 Ciclistas e cavaleiros.

Fundamentalmente, o planejamento e o manejo das trilhas e infraestruturas


adjacentes devem ser realizados de maneira cuidadosa, de modo a manter um amplo
espectro de instalações ou de oportunidades de experiência para que sua integridade
possibilite ao visitante selecionar o conjunto de que necessita em um dado momento
(LECHNER, 2006). Além disso, a implantação de cada trilha, se não for
cuidadosamente concebida, pode fragmentar habitats e reduzir ou eliminar a
integridade de determinada área. As trilhas acabam por criar habitats de borda, o que
favorece o estabelecimento de espécies generalistas e desencoraja espécies
sensíveis. Também podem agir como vetores para a movimentação rápida de
espécies invasoras, facilitar a ação de predadores e de caçadores, bem como
estimular a presença humana, agindo como barreira para espécies com determinados
padrões comportamentais (HAMMITT & COLE, 1998).
Além dos cuidados em relação ao planejamento e manejo da infraestrutura das
trilhas, faz-se necessário permitir aos visitantes a oportunidade de entender o meio
circundante (fauna, flora, solo, entre outros), fortalecendo a relação homem-natureza e
tornando-a mais responsável e sustentável. Nesse contexto, as trilhas interpretativas
desempenham uma importante função.

Uma trilha é considerada interpretativa quando seus recursos são traduzidos para
o visitante com a utilização de guias especializados, folhetos, placas ou painéis
(VASCONCELLOS, 2006). A trilha interpretativa tem o propósito de desenvolver nos
usuários um novo campo de percepções, levando-os a descobrir um mundo ainda
desconhecido, uma nova forma de olhar e sentir a natureza, estimulando-os a
observar objetivamente, pensar criticamente e decidir conscientemente (FEINSINGER
et al., 1997). Além disso, elas devem traduzir para o visitante os fatos que estão além
das aparências (leis naturais, interações, história, cultura) ou fatos aparentes que não
são comumente percebidos (singularidades, detalhes, vestígios) (VASCONCELLOS,
2006). Para cumprir essas funções, segundo Lima (1998), as trilhas de interpretação
necessitam de técnica, ciência e arte para serem criadas, traçadas e trilhadas.

O planejamento de uma trilha interpretativa temática, independentemente do


método de interpretação utilizado, terá sempre o propósito de contar uma história em
capítulos, com início, meio e fim, deixando uma mensagem para o público. Além disso,
segundo Vasconcellos (2006), é importante que o tema escolhido esteja diretamente
relacionado aos elementos presentes na trilha. Para isso, deverá ser realizado um
reconhecimento e pesquisa da área a ser interpretada. Esta pesquisa poderá ser
realizada em conjunto, ou ser embasada pelas pesquisas realizadas através do
Programa de Pesquisa e Monitoramento.

Segundo Vasconcellos (1998), em uma mesma área ou em uma mesma trilha


deve ser possível desenvolver diferentes métodos de interpretação. São eles:

 Trilhas guiadas: requerem a presença de um intérprete treinado, que


acompanha os visitantes na caminhada, levando-os a observar, sentir,

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


313
experimentar, questionar, descobrir os fatos relacionados ao tema
estabelecido. A sua eficiência é influenciada pelas capacidades do guia.

 Trilhas autoguiadas: são trilhas com pontos de parada marcados, onde o


visitante, auxiliado por placas, painéis ou por folhetos contendo informações
para cada ponto, explora o percurso sem o acompanhamento de um guia. O
tema, dessa forma é desenvolvido por mensagens gravadas em placas ou
painéis colocados em pontos estratégicos (pontos de interesse), ou por um
folheto explicativo, contendo referência aos pontos de parada. Os folhetos
podem conter mensagens mais detalhadas do que as placas.

Durante as visitações na Unidade, o guia intérprete teria como função o


acompanhamento de grupos previamente agendados, em datas e horários pré-
estabelecidos, principalmente nos dias de maior visitação.

 Comunicação Visual aos Visitantes

Os visitantes da APA da Lagoa Verde deverão receber informações tanto no


interior da Unidade, quanto em seu entorno. Na zona de entorno, deverá haver um
sistema de placas informando sobre a existência da Unidade, serviços oferecidos e
horários de funcionamento; placas comrecomendações de conduta e informações de
práticas ecologicamente corretas tambémdeverão ser instaladas.

No interior da Unidade, os visitantes deverão receber informações através de


diversas ferramentas de comunicação. Deverá ser elaborado um folheto simples, a ser
entregue a todos os interessados, com informações gerais sobre a Unidade e normas
de funcionamento. Este folheto ainda poderá ser distribuído em palestras ou eventos
onde a Unidade for o tema gerador.

Outro folheto, mais aprofundado, deverá conter informações sobre aspectos


físicos, biológicos e históricosda área, fazendo parte das trilhas autoguiadas, poderá
ser distribuído gratuitamente a públicos mais específicos. Além dadisponibilização de
folhetos, deverá haver placas em todas as áreas de visitação cominformações sobre
os locais de visitação permitidos, trilhas e localização dos serviçosoferecidos, e placas
educativas relacionadas aos principais aspectos da Unidade.

Segundo Vasconcellos (2006), a escolha das técnicas interpretativas é


fundamental para que se obtenha uma efetiva comunicação com o público e considera
como técnicas mais utilizadas e eficientes aquelas que envolvem estimulação,
provocação, relevância, humor, personificação, prefiguração e mistério.

Na montagem das placas e dos folhetos é muito importante a utilização de


recursos visuais, como ilustrações, imagens, gráficos e mapas, pois estes recursos
facilitam e interpretação e substituem o emprego de muitas palavras, tornando o
material bem mais atraente.

As placas, diferentemente dos folhetos, representam uma forma rápida de


comunicação, planejadas para serem atrativas e compreendidas por públicos diversos.
Segundo Vasconcellos (2006), em Unidades de Conservação, as placas devem fazer

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


314
parte de uma programação abrangente de comunicação e educação, devendo cumprir
os seguintes propósitos:

 Placas reguladoras: divulgam as normas, regras e as precauções


relacionadas à Unidade ou a determinadas áreas.

 Placas informativas: informam as distâncias e os nomes dos lugares e da


infraestrutura.

 Placas indicativas: indicam as direções e também as distâncias.

 Placas interpretativas: explicam as características naturais ou culturais e seus


significados.

Além disso, pequenas placas informando o nome das espécies de animais e


plantas também devem ser utilizadas, tornando-as mais interessante ao público e
facilitando a sua memorização, se nestas constar alguma característica associada à
espécie (VASCONCELLOS, 2006).
De acordo com Fazio & Gilbert (1986), as placas devem apresentar um tema de
forma atrativa, simples e evidente para que este possa ser reconhecido e
compreendido em apenas 1 ou 2 segundos. Para tanto estabeleceram o “ABC” que
deve caracterizar todas as placas: A= atrativa, B= breve e C= clara.

Além disso, é importante lembrar que a placa pode não ser lida ou observada de
forma linear. Segundo Vasconcellos (2006), se o título for bastante atrativo, as
pessoas o lerão primeiro, mas nada pode garantir uma leitura linear (do início ao fim).
As pessoas dirigem sua atenção para as diversas partes da placa na ordem e no ritmo
que desejarem. Portanto, será um erro estruturar uma placa de forma que o tema só
possa ser entendido após uma leitura completa e na ordem imaginada por quem a
planejou. Tendo isto em vista, a escolha de bons títulos/tema é de fundamental
importância, o que os tornam a única informação realmente obrigatória.

Em seu conjunto, a placa deve conter unidade, equilíbrio e cor (VASCONCELLOS,


2006). A unidade é atingida quando todos os elementos (moldura, tipos de letra, cores,
formas, linhas, ângulos e ilustrações) são consistentes entre si, formando um conjunto
harmônico. Já o equilíbrio está associado à distribuição espacial dos diferentes “pesos
visuais”, com o qual se obtém simetrias e assimetrias. Para as cores não existem
critérios para escolha, mas de um modo geral, deve ser utilizado um esquema
cromático formado por uma cor predominante e outras que ressaltam a predominante,
harmonizando-se com ela.

Para a escrita da placa, cuidado especial deve ser dispensado à escolha da forma
e distância das letras (fontes). Trapp et al. (1994) recomendam as fontes Serif, Times,
Sans Serif, Helvetica, Garamond, Bodoni, Futura e Verdana. O espaço entre as letras,
palavras e linhas também são importantes na comunicação visual, pois quando estão
muito juntas, dificultam a leitura, levando a perda de interesse do público-alvo.

Outro aspecto que deve ser considerado é a distância de leitura. Existem regras
que estabelecem a variação do tamanho das letras conforme a distância que o leitor
estabelece em relação à placa (Tabela 59).

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


315
Tabela 59: Variação recomendada do tamanho das letras conforme a distância da leitura.

Distância do leitor (metros) Tamanho da letra (centímetros)


1,3 m 1,2 cm
2,0 m 1,9 cm
10,0 m 5,0 cm
20,0 m 10,0 cm

Segundo Vasconcellos (2006), é sempre recomendável que um profissional que


domine as técnicas de comunicação visual participe da equipe de planejamento como
forma de garantir a qualidade final e a adequação dos materiais produzidos, com a
possibilidade de incluir as placas interpretativas dentro de um amplo sistema de
comunicação visual.

5.7.4 Subprograma de Formação de Multiplicadores Ambientais

A Educação Ambiental constitui-se como um processo educativo que emerge


numa nova exigência ético-política, visando à formação de indivíduos e grupos sociais
capazes de conhecer, identificar, problematizar e agir sobre o meio em que está
inserido. Tendo isto em vista, este subprograma busca fomentar a formação de
agentes multiplicadores em Educação Ambiental que atuarão na comunidade do
entorno da Unidade.

Através de oficinas pedagógicas desenvolvidas no Centro de Visitantes da


Unidade e/ou em suas dependências, os educadores ambientais e os futuros
multiplicadores poderão compreender o contexto da comunidade em que estão
inseridos e as relações estabelecidas cotidianamente entre a sociedade e a natureza,
para em seguida, discutir ações para a resolução dos problemas ambientais da região
ou de localidades-chave.
Como objetivos específicos deste subprograma estão:

 Capacitar crianças, jovens, adultos e idosos como agentes multiplicadores em


educação ambiental na comunidade do entorno da APA da Lagoa Verde,
contribuindo para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e
atuarem na realidade socioambiental local, de modo comprometido com a
vida, com o bem-estar social e global;

 Disseminar informações e conceitos sobre a importância do meio ambiente e


a responsabilidade da população envolvida frente a essa questão;

 Desenvolver atitudes e ações concretas em que o ensino e a aprendizagem


de habilidades e procedimentos sejam vivenciados com compromisso para
que o comportamento ambiental da comunidade tenha sentido verdadeiro e
sejam reflexos da prática cotidiana de cada integrante da mesma;

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


316
 Evidenciar a necessidade de execução de tarefas vinculadas aos princípios
da dignidade do ser humano, da participação, da corresponsabilidade, da
solidariedade e da disposição em reconhecer igualmente o direito do outro.

5.7.5 Subprograma de Educação Ambiental Itinerante

A incapacidade de relacionarmos nosso bem-estar com a natureza na vida


artificial e mecanizada que levamos hoje, nos centros urbanos, nos afasta da nossa
real mantenedora. Segundo Mendonça (2000), vivemos sob o desejo de nos
apropriarmos da natureza, e não de nos conhecermos como seus filhos. Para
satisfazermos nossas "necessidades" de consumo, nós a transformamos em um
simples recurso para utilizarmos hoje e, talvez, no futuro.

Se perguntarmos a uma criança urbana de onde vem o leite, as frutas, o arroz, a


água e os ovos, é bem provável que ela responda imediatamente que vem do
supermercado. Segundo Alves (2003), "há crianças que nunca viram uma galinha de
verdade, nunca sentiram o cheiro de um pinheiro, nunca ouviram o canto do
pintassilgo e não tem prazer em brincar com a terra, pois a consideram como sujeira".
Segundo Legan (2007), precisamos lembrar constantemente que nossas crianças
herdarão a responsabilidade de cuidar do nosso planeta.O envolvimento das crianças
de hoje na educação ambiental é fundamental para o sucesso a longo prazo dos
esforços para a sustentabilidade.

As crianças são aproximadamente 30% da população mundial. No município de


Rio Grande, 32.085 crianças são alunos do ensino pré-escolare fundamental,
distribuídos em 165 instituições, e 7.234 são alunos do ensino médio, distribuídos em
19 escolas da região (MEC/INEP, 2009).

Devido a essa concentração do público infanto-juvenil, a escola pode ser


considerada o lugar mais adequado para a inserção das práticas educacionais
relacionadas ao meio ambiente. Uma das qualificações mais respeitáveis da escola é
a sua força de influência e de transformação em relação aos conceitos da comunidade
em que está inserida. Nesse contexto e, na temática ambiental, a escola oferece um
impacto expressivo na sociedade: a abertura de caminhos de difusão com os alunos
(crianças e adolescentes), que permitam reflexões sobre o papel destes como
cidadãos em relação ao meio ambiente.

Tendo isto em vista, este subprograma atuará na sensibilização de crianças e


adolescentes através do desenvolvimento de atividades de educação ambiental nas
instituições de ensino da região. Para isso, deverão ser utilizados diversos recursos
didáticos como vídeos, teatro, jogos e oficinas ecopedagógicas, exposições
fotográficas, mapas, painéis sobre a fauna e flora da região, maquetes ilustrativas dos
atrativos naturais da região epainel ilustrativo dos objetivos específicos da APA. Essas
ferramentas de Educação Ambiental serão levadas até as escolas por atores
envolvidos na Unidade, sendo eles educadores ou multiplicadoresambientais.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


317
5.7.6 Parcerias em Educação Ambiental

A Unidade deverá estar sempre disposta à realização de parcerias com outras


instituições, públicas ou privadas, que desejem realizar atividades educativas. Neste
contexto, a soma de esforços é fundamental, desde que as propostas de parceria
apresentadas venham ao encontro dos objetivos da Unidade e atenda às premissas
básicas da educação ambiental. Além disso, através de parcerias, torna-se possível a
realização de um intercâmbio de ferramentas e de ações educacionais, dando suporte
às inovações metodológicas realizadas no contexto da Unidade e da comunidade do
entorno.

Abaixo seguem sugestões de parcerias fundamentais na ampliação e


enriquecimento das atividades de Educação Ambiental:

 Projeto Quero-Quero

Desde 1993 a Secretaria Municipal de Educação e Cultura do Rio Grande (SMEC)


vem realizando ações de Educação Ambiental. A partir de 1997, essas ações
passaram a compor o Projeto de Educação Ambiental da Rede Municipal de Ensino do
Rio Grande, que, em 2003, recebeu o nome de Projeto Quero-Quero: Educação
Ambiental em Rio Grande.

A cada ano são traçadas metas para o Projeto, que lhe conferem a continuidade e
a inovação metodológica necessárias para que seus objetivos sejam
alcançados.Dessa forma, todas as escolas da rede municipal já foram envolvidas no
Projeto em algum momento e com alguma atividade específica.

 Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA)

O NEMA nasceu em 1985 a partir da mobilização de um grupo de estudantes de


Oceanografia da Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG,
preocupados com a situação ambiental no município. No ano seguinte, formou-se o
primeiro grupo que ampliou a idéia, dando início aos trabalhos de educação e
monitoramento ambiental, numa proposta pioneira de conexão entre o conhecimento
científico e a vivência da comunidade. A partir de 1987, o NEMA assumiu
personalidade jurídica como associação privada sem fins lucrativos e de utilidade
pública municipal, permitindo aos profissionais envolvidos a autonomia administrativa
necessária à agilização de instrumentos jurídicos de cooperação interinstitucional.

Atualmente, entre as atividades desenvolvidas estão ações educacionais nas


escolas e comunidades da zona costeira, incluindo um projeto específico para a APA
da Lagoa Verde. Para o sistema educacional, foi desenvolvida uma metodologia
baseada na Educação Ambiental, com uma abordagem interdisciplinar. Atividades
informais são desenvolvidas, em sua maioria, na própria sede, através de cursos,
palestras e promoção de eventos educativos destinados tanto ao público escolar
quanto à comunidade em geral. Além disso, promove-se a divulgação de
conhecimentos através de veículos de comunicação de mídia, impressos e
publicações, bem como exposições fotográficas de caráter itinerante.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


318
5.7.7 Diretrizes recomendadas:

 A Educação Ambiental deverá estar presente todo o tempo e em todos os


locais da Unidade, por meio de sinalização e pela comunicação entre os
visitantes e os agentes ambientais (todos os funcionários).

 A sede da Unidade poderá ser utilizada para realização de cursos gratuitos


relacionados a assuntos ambientais, sempre que aprovado pelo Órgão Gestor
e pela administração da Unidade.

 As propostas de atividades a serem desenvolvidas na Unidade que envolver


pagamento de taxa por parte dos participantes ou qualquer forma de ingresso
de finanças para o proponente, como venda de souvenirs com o logotipo da
Unidade, deverão ser avaliadas pelo Órgão Gestor e pela administração, com
repasse proporcional de recursos financeiros para a Unidade, conforme
legislação municipal.

 Poderá ser realizado um concurso entre as instituições de ensino da região


para a elaboração e escolha do logotipo que representará a Unidade.

 A confecção de materiais didáticos como cartazes, painéis e maquetes


deverá ser feita de forma duplicada, visando a sua utilização nas atividades
de educação ambiental desenvolvidas na sede da unidade e nas atividades
de educação ambiental itinerante, de forma a não comprometer, em nenhum
momento, a realização das atividades simultaneamente.

 Os visitantes terão livre acesso à área administrativa junto à sede (Centro de


Visitantes) podendo entrar nos horários de expediente.

 Em áreas privadas, fora da Zona de Uso Intensivo, os visitantes só terão


acesso mediante autorização prévia dos proprietários, que deverá ser
solicitada pelo Órgão Gestor da Unidade.
 De forma geral, ações de Educação Ambiental na área de visitação ocorrerão
em forma de palestras e trilhas orientadas para grupos agendados.
 Nas trilhas situadas fora da Zona de Uso Intensivo, o acesso será permitido
apenas a grupos pré-agendados de visitantes, acompanhados por guias ou
de pessoas credenciadas junto à administração da Unidade. O agendamento
deverá ser feito por telefone ou pessoalmente no Centro de Visitantes e
estará sujeito à autorização prévia dos proprietários das áreas, solicitada pelo
Órgão Gestor da Unidade.

 Os grupos agendados que queiram conhecer as trilhas situadas fora da Zona


de Uso Intensivo não deverão ultrapassar o número de 15 pessoas. Os
grupos maiores poderão ser divididos em até três subgrupos, se houver
disponibilidade de funcionários, monitores ou guias para acompanhá-los.
 Grupos com mais de 15 pessoas que não puderem ser divididos apenas
poderão circular na Zona de Uso Intensivo.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


319
 O agendamento deverá ser feito, com antecedência mínima de 48 horas,
durante período de funcionemento da administração.

 As palestras pré-visitação deverão ser enriquecidas por vídeo institucional


gravado na área da Unidade especialmente para este fim, com orientações a
respeito das normas da Unidade e sensibilizando sobre a importância do
manejo das Unidades de Conservação. Logo após a palestra o grupo poderá
participar de atividades específicas de Educação Ambiental como oficinas
pedagógicas e trilhas interpretativas. Cada grupo deverá ser acompanhado
de, no mínimo, um guia ou monitor.

 A palestra de orientação pré-visitação deverá ser proferida por um integrante


da equipe de Educação Ambiental da Unidade, ou guia, ou ainda
monitor/estagiário autorizado pela administração. Qualquer um dos acima
citados deverá ter acompanhado, como ouvinte, a visitação de, no mínimo,
cinco grupos agendados.

 A capacitação dos Dinamizadores de educação ambiental deverá ser


realizada como parte dos treinamentos necessários a todos os funcionários
que exercerem funções administrativas e de manutenção da Unidade.

 Vagas para estágios voluntários poderão ser disponibilizadas para


desenvolver o trabalho de Educação Ambiental e acompanhamento de
grupos em trilhas interpretativas orientadas.

 Os visitantes adultos ou adolescentes receberão, se desejarem, um folder


institucional da Unidade, que deverá conter informações básicas sobre a
história, biodiversidade e normas do parque, assim como um desenho
esquemático para que se localizem geograficamente.

 As crianças receberão uma cartilha sobre a Unidade, material didático para


ler, colorir e brincar, elaborado com base em características bióticas e
abióticas da Unidade.
 A cada início de ano letivo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente deverá
divulgar junto à rede de ensino a possibilidade de agendamento para grupos
de visitação e outras atividades oferecidas pela Unidade, assim como as
normas para agendamento, sua localização e contatos.

 Agências de turismo, grupos que queiram explorar a imagem da Unidade ou


qualquer pessoa física ou jurídica que tenha fim econômico, poderão dispor
de agendamentos desde que sejam autorizados pelo Órgão Gestor, com
repasse de compensação ambiental em forma de doação de equipamentos
ou materiais para a Unidade. Esses grupos também deverão passar pela
palestra de orientação pré-visitação. Para o uso de imagens da Unidade,
deverá ser firmado um Termo de Concessão de Uso de Imagens.

 Em todas as áreas de uso público, deverão ser divulgadas de forma clara


(através de panfletos, palestras, fiscalização) as restrições referentes ao
acesso e à visitação à Unidade. Entre as restrições estão o uso de
equipamentos de som, o acesso de animais domésticos (cães e gatos) e o
descarte de resíduos fora dos locais apropriados para este fim. Estas
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
320
restrições visam preservar a saúde e impedir mudanças comportamentais da
fauna nativa presente na Unidade.

 A comunidade da região deverá ser constantemente mantida com


informações a respeito das atividades realizadas na Unidade, como cursos,
palestras e pesquisas. Para isso, deverá haver um intercâmbio de
informações entre os responsáveis pelo PEACS e pelos demais programas.

 Poderão ser utilizados boletins informativos impressos ou virtuais (on line)


para comunicar atividades realizadas na Unidade, bem como imagens e
resultados de pesquisas científicas. Neste caso, somente após consentimento
escrito dos autores, e em linguagem acessível a todos os públicos.

5.8 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO

A pesquisa científica sempre apareceu como um convite para a conservação


ambiental, em particular quando nos referimos a áreas naturais. Já em 1876, André
Rebouças, quando explicitava seus desejos de criar Parques Nacionais no Brasil,
frisava o inesgotável potencial científico dessas áreas (BENSUSAN, 2006). À medida
que as áreas naturais protegidas iam se estabelecendo ao longo do século XX, a
vocação científica dos parques e reservas tornou-se recorrente entre seus objetivos.

Atualmente, a pesquisa científica em áreas protegidas tem sido privilegiada pelos


pesquisadores, pois, nesses locais, as garantias de que a pesquisa não será
prejudicada pela degradação ambiental são maiores. Além disso, nessas áreas as
restrições à pesquisa ocorrem em menor grau, quando comparadas àquelas
realizadas em áreas privadas. De acordo a Lei n° 9.985/2000, que institui o Sistema
Nacional deUnidadesdeConservação da Natureza (SNUC), a execução depesquisa
científica em Unidadesde Conservaçãodependede autorização prévia do órgão
responsável pela administração da Unidade e está sujeita às condições e restrições
por este estabelecidas.

Tendo isto em vista, o Programa de Pesquisa e Monitoramento (PPM) aqui


apresentado, agirá como um orientador das principais ações a serem desenvolvidas
visando à conservação e monitoramento da APA da Lagoa Verde e seu entorno.

5.8.1 Objetivo

O Programa de Pesquisa e Monitoramento tem como objetivo proporcionar


subsídios para a proteção, a conservação, o manejo,o planejamento, e o
monitoramento da Unidade através da realização de estudos e pesquisas científicas.
Sendo o conhecimento científico uma das principais ferramentas para o
estabelecimento das ações de manejo e para o cumprimento dos objetivos de criação
de uma Unidade de Conservação, é imprescindível que haja especial atenção e
incentivo a este programa. Entre os objetivos específicos do PPM estão:

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


321
 Aprofundar os conhecimentos científicos sobre a Unidade e seu entorno,
através da definição das prioridades, normas e procedimentos para a
pesquisa, procurando parcerias com instituições e universidades.

 Subsidiar o planejamento, a conservação e o manejo dos recursos da


Unidade, inclusive a visitação pública e a Educação Ambiental através da
realização de pesquisas e monitoramentos.

 Indicar as áreas conservadas e aquelas mais frágeis de forma a subsidiar a


implantação da infraestrutura no local, incluindo trilhas e áreas de lazer.

 Realizar monitoramentos específicos ao longo da implantação deste Plano de


Manejo e execução dos programas, visando ao sua posterior reelaboração.

 Ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade e obter informações


detalhadas sobre a fauna e a flora mais representativas da Unidade, assim
como sobre aquelas espécies bioindicadoras, ameaçadas, exóticas, raras,
endêmicas e vulneráveis.
 Monitorar a sucessão natural ou induzida em áreas atingidas por queimadas,
fenômenos climáticos e em locais onde houverem ocorrido a retirada de
espécies exóticas, gado, agricultura e a desocupação antrópica.

 Avaliar o impacto ocasionado pela abertura de trilhas na Unidade.

 Promover a restauração das áreas degradadas no interior da UC e contribuir


para a recuperação de áreas do entorno, de acordo com os recursos da flora
conhecidos, baseando-se na estrutura da vegetação local.

 Incentivar ações de monitoramento e recuperação da mata ciliar dos rios e


arroios, bem como as demais áreas de preservação permanentes (APPs) da
Unidade e do entorno.

 Estabelecer pontos de amostragem e monitorar regularmente os parâmetros


físicos, químicos e biológicos dos recursos hídricos do interior da Unidade e
em sua zona de entorno.
 Mapear e monitorar as alterações na cobertura vegetal, incluindo a invasão
de espécies exóticas, nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) do
interior da Unidade, de forma a embasar ações de manejo.

 Analisar as alterações no solo, mapeando e monitorando processos erosivos


naturais e antrópicos, em especial nas trilhas existentes, de forma a orientar
ações mitigadoras nas áreas impactadas.

 Realizar levantamento fundiário visando o ordenamento territorial e a


regularização da urbanização do entorno da Unidade.

 Orientar os pesquisadores quanto às áreas temáticas das investigações


científicas necessárias, através de análises das atividades já realizadas no
local e normas pré-estabelecidas para pesquisa.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


322
 Implantar um programa de estágio para que alunos de graduação de
universidades da região possam contribuir com atividades de pesquisa e
monitoramento, bem como na gestão da Unidade.

 Disponibilizar bases de apoio à pesquisa (a infra-estrutura da Unidade deverá


servir de apoio as atividades de pesquisa e monitoramento).

 Manter um acervo bibliográfico sobre a Unidade e um banco de dados sobre


os estudos e as pesquisas realizadas no local, disponibilizando a todos os
interessados (acadêmicos, técnicos, tomadores de decisão, gestores políticos
e cidadãos de um modo geral), mediante autorização dos autores, os
trabalhos, artigos, dissertações e teses, assim como as imagens geradas
pelas pesquisas.

 Manter uma base cartográfica atualizada da Unidade e da região de entorno,


embasando e enriquecendo visualmente ações de Educação Ambiental e de
visitação.

 Disponibilizar informações sobre a Unidade, assim como o resultado das


pesquisas e monitoramentos realizados no local, para a comunidade da
região através de um boletim informativo periódico (impresso e/ou virtual),
com linguagem acessível a todos os públicos (já citado no PEACS).

5.8.2 Plano de Ação/Metodologia

O Programa de Pesquisa e Monitoramento deverá ser executado durante a fase


de implantação e operação da Unidade de Conservação.
Para que a APA da Lagoa Verde cumpra seus objetivos, é fundamental que o
Plano de Manejo seja implantado efetivamente. Além disso, para avaliar se as
atividades previstas para a Unidade estão bem dimensionadas, é importante que se
estabeleçam indicadores de qualidade ambiental e que estes sejam monitorados
periodicamente através de um sistema e de uma rotina de monitoramento. Nesse
sistema deverão constar fichas e formulários a serem preenchidos pelos
pesquisadores e funcionários quando estiverem em campo, de forma a subsidiar,
aprimorar e atualizar as informações e modificações verificadas na Unidade.
Nas fichas e formulários para o monitoramento ambiental sugere-se que constem,
no mínimo, as seguintes informações: data, hora, local georreferenciado, nome do
observador, condição do tempo, características da vegetação, área danificada ou
degradada, origem e duração do evento. Para o monitoramento da fauna, além de
data, hora e local georreferenciado, sugere-se: espécie, forma de identificação (por
vestígios-rastros, fezes, pegadas, pelos; observação direta; vocalização), número de
indivíduos e nome do observador. Esta ficha poderá ser utilizada somente em caso de
identificação de espécies da fauna nunca antes registradas na Unidade.
Quando constatado que a visitação à Unidade está gerando impactos além do
esperado, adequações na capacidade de carga e/ou nos limites das zonas de uso
público deverão ser discutidas. A capacidade de carga permite a quantificação dos
visitantes, que ao estarem em uma área ou percorrerem o trajeto de uma trilha,
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
323
poderão causar danos em nível que o ambiente possa suportar, mantendo sua
resiliência.

Para avaliação da capacidade de carga das áreas de visitação e monitoramento


da mesma, deverá ser adotado o método PAVIM (sigla do nome original em inglês) –
Manejo do Impacto de Visitantes em Áreas Protegidas. O método tem como vantagem
a objetividade no levantamento de informações para a escolha de indicadores-chave
de impacto, possui embasamento científico consistente e pressupõe o envolvimento
da administração da Unidade onde o estudo é desenvolvido (FARRELL & MARION,
2002).

Como a causa e a natureza dos impactos tem caráter dinâmico, os programas de


manejo correspondentes devem ser flexíveis e responder rapidamente às mudanças
de condições.Os funcionários da Unidade deverão ser os principais responsáveis pela
identificação de parâmetros de qualidade ambiental e pelas atividades de
monitoramento. Universidades, órgãos de pesquisa e ONGs poderão firmar convênios
com o órgão administrador da APA para a realização de estudos relacionados ao
tema.
O incentivo às pesquisas na Unidade deverá ocorrer através da divulgação à
comunidade científica das principais linhas que serão priorizadas. Os pesquisadores
interessados em realizá-las deverão se cadastrar na Unidade como interessados e
serão informados dos procedimentos e legislação que regem a realização de
pesquisas em Unidades de Conservação.
Para a realização das pesquisas, deverão ser estabelecidos acordos de
cooperação e convênios com as principais instituições de pesquisa e fomento da
região.

Abaixo seguem listadas as linhas de pesquisas prioritárias sugeridas para a


Unidade:

 Estudos fitossociológicos em áreas florestais, identificando épocas de


floração e frutificação, mecanismos de polinização e dispersão das espécies
vegetais mais características da região e com maior importância ecológica.
Deverão ser priorizadas as áreas propostas para inclusão na APA.

 Determinação da magnitude, distribuição espaço-temporal e formas de gestão


dos impactos gerados por carnívoros domésticos no interior da Unidade e em
sua zona de entorno.

 Determinação da magnitude, distribuição espaço-temporal e formas de gestão


dos impactos gerados pela caça e pesca no interior da Unidade e em sua
zona de entorno.

 Identificação dos locais mais frequentes de atropelamento da fauna silvestre


nas vias de acesso que circundam a Unidade, indicando as medidas
mitigadoras necessárias.

 Determinação do grau de isolamento de algumas populações de espécies de


interesse da fauna e da flora.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


324
 Identificação dos serviços ecológicos e outros benefícios diretos e indiretos
providos pela área da Unidade.

 Resgate histórico e etnográfico da região de inserção da Unidade, buscando


conhecimento sobre a história recente do município, e avaliando as
modificações ocorridas na paisagem ao longo das últimas décadas,
considerando a elevada biodiversidade regional e a exploração descontrolada
dos recursos naturais.

 Estudos sobre fragmentação, efeito de borda e corredores ecológicos.

 Estudos sobre a biologia reprodutiva das espécies presentes na Unidade e no


entorno, com enfoque nas migratórias, nas ameaçadas de extinção e
naquelas exploradas comercialmente.

 Estudos geológicos e pedológicos na área da Unidade.

 Estudos sobre as áreas de marismas existentes na Unidade e no entorno,


subsidiando ações de conservação deste ecossistema.

 Mapeamento e conservação de banhados intermitentes e permanentes dentro


da área da Unidade visando à preservação de espécies ameaçadas de
extinção.

 Identificação e mapeamento das microbacias da região.

 Levantamento fundiário do entorno da APA.


 Identificação e mapeamento de métodos e ações educativas relativas à APA
da Lagoa Verde e seu entorno.

5.8.3 Diretrizes recomendadas:

 A pesquisa científica na área da APA da Lagoa Verde deverá ser incentivada,


principalmente nas áreas de conhecimento que auxiliem no estudo de seu
ambiente, sua biodiversidade e dos processos que se desenvolvem nele,
dando preferência àqueles que ofereçam subsídios para o seu
monitoramento.

 As pesquisas na área da Unidade, mesmo que este seja um sítio de coleta de


dados dentre outros, deverão ser solicitadas à Administração da Unidade
através de formulário próprio. Ao processo deverá ser anexando o projeto de
pesquisa e uma carta de apresentação da instituição à qual está ligado. O
Pesquisador deverá seguir as instruções e limitações impostas pela
administração visando minimizar o impacto provocado pela pesquisa.

 A coleta de material biológico e não biológico dentro da área da APA ficará


condicionada à autorização do Órgão Gestor da Unidade, levando em conta o
zoneamento, o tipo de material a ser coletado e a apresentação, quando
necessária, de autorização específica para coleta emitida por órgão
responsável.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


325
 O pesquisador que desejar desenvolver pesquisa envolvendo coleta de fauna
deverá apresentar documento comprobatório de autorização do IBAMA para
efetuá-la, o que não garantirá a sua autorização pelo Órgão Gestor da
Unidade, devido a eventuais peculiaridades locais.

 O pesquisador que desenvolver pesquisa na área da APA ou em seu entorno,


tendo relação com a Unidade, deverá apresentar cópia em duas vias
impressas e uma digital (CD) do relatório ou trabalho publicado ao final do
prazo previsto para a pesquisa, doando-as à Unidade, e permitindo sua
divulgação e uso nas futuras revisões e complementações do Plano de
Manejo.

 Em caso de confecção de painéis ou materiais didáticos (como maquetes,


folhetos, cartazes) a partir das pesquisas realizadas na Unidade ou entorno,
estes também poderão ser doados à Unidade para utilização nas atividades
de Educação Ambiental e de visitação.

 A Administração da Unidade deverá divulgá-la nas instituições de pesquisa


que atuam no município, demonstrando disposição em firmar convênios e
termos de parceria para promover conhecimento dos processos ecológicos e
o desenvolvimento de subsídios para o monitoramento da Unidade.
 Caso o monitoramento demonstre necessidade de mudança urgente de
alguma diretriz do Plano de Manejo, deve ser desencadeada uma reavaliação
com possível modificação do mesmo, devendo ser alterado com o aval do
Órgão Gestor e de pesquisadores de instituições ligados aos conhecimentos
em questão. Os dados que demonstrarem essa necessidade devem ser
encaminhados no primeiro momento à Administração, que deverá iniciar o
processo de reavaliação do Plano de Manejo.

 O monitoramento ambiental poderá ser desenvolvido pelos funcionários da


Unidade, coordenado pelo Gestor da Unidade, desde que exista um projeto
com esse objetivo aprovado pelo Órgão Gestor.

5.9 PROGRAMA PARA PARCERIAS, CO-GESTÃO,


TERCEIRIZAÇÃO E CONVÊNIOS

O Programa para Parcerias, Co-gestão, Terceirização e Convênios busca


possibilitar as relações responsáveis através de parcerias e outros mecanismos, afim
de que contribuam com a operação na Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa
Verde.

A abertura de concessões a iniciativa privada, está prevista na lei do SNUC, no


qual poderá diminuir a carga de atribuições da administração da unidade,
proporcionando emprego e renda na região.

Para que o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental seja realizado, as


ações destacadas nos programas necessitam ser colocadas em prática afim de que

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


326
sejam cumpridos os objetivos e contribuam para as relações com as comunidades
vizinhas e de dentro da APA.

5.9.1 Objetivo
As atividades deste programa direcionam-se ao aperfeiçoamento dos mecanismos
de co-gestão, convênios, terceirização e parcerias. Entre os objetivos do programa
estão:

 Possibilitar oportunidades de empregabilidade para a comunidade local;

 Formalizar convênios com instituições de pesquisa e ensino, ONGs e órgãos


ambientais;

 Permitir parcerias com operadoras turísticas especializadas em atrativos


naturais;

 Desenvolver o valor de preservação ambiental a partir dos colaboradores


internos.

5.9.2 Plano de Ação/Metodologia


O Programa para Parcerias, Co-Gestão, Terceirização e Convênios, deverá ser
executado durante a fase de operação da Unidade de Conservação.
Sabendo que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul poderá não dispor de
todos os recursos necessários para a implantação do Plano de Manejo, estratégias
complementares para a captação de fundos poderão estabelecer serviços fornecidos
pela APA da Lagoa Verde, como: restaurantes/lancherias, condutores de trilhas, etc.
Dando ênfase na empregabilidade local restringindo aos moradores dos bairros Boa
Vista I, Senandes, Bolaxa, Jardim do Sol, Parque Marinha e Parque São Pedro.

No âmbito turístico da região, parcerias com operadoras turísticas especializadas


em atrativos naturais, visando o desenvolvimento de roteiros específicos na APA,
poderão ocorrer abertura de concessões de serviços para o recebimento de visitantes
(guias locais de turismo). Esses guias locais de turismo poderão fixar a idéia de
preservação ambiental da APA.

O estabelecimento de convênios com órgãos ambientais, universidades, ONGs e


instituições de pesquisa, possibilita o investimento na capacitação institucional, na
formação de lideranças para o desenvolvimento socioambiental e na promoção de
pesquisas acadêmicas. O desenvolvimento dessas atividades estará contemplado no
programa de educação ambiental e comunicação social.

É de grande valia destacar a importância das parcerias e convênios em atuarem


no planejamento da APA durante a fase de operação. Colocando em prática todas as
ações pré-definidas nos programas do Plano de Manejo da APA da Lagoa Verde.

5.9.3 Diretrizes recomendadas:

 Deverão ser priorizadas, na abertura de concessão privada, vagas para a


comunidade local, bem como restringi-las para os moradores dos bairros internos da
APA, quando for necessário;

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


327
 Essas vagas deverão ser informadas conforme o programa de comunicação
social;

 Quanto às parcerias com as operadoras turísticas é necessário enfatizar que


as mesmas não disponibilizarão de guias locais de turismo, pois o enfoque é
possibilidade de empregabilidade local, oportunizando as operadoras turísticas realizar
os roteiros atrativos naturais da APA;

 É de extrema importância que os colaboradores sejam treinados para a


propagação da idéia de preservação ambiental da APA da Lagoa Verde para os
visitantes.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


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Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


347
7 ANEXOS

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


348
Anexo 1 – Espécies vegetais registradas na região fitoecológica do empreendimento,
segundo alguns autores.

NOME
FAMÍLIA ESPÉCIE HÁBITO AUTOR
POPULAR

Blutaparon portulacoides
capotiragua herbáceo Marangoni, 2003
Mears
Amaranthaceae Costa &
Salicornia gaudichaudiana
herbáceo Marangoni, 2000;
Mog.
Marangoni, 2003
NEMA, 1997;
Lithraea brasiliensis March aroeira-braba arbóreo Batista et al.,
2007
NEMA, 1997;
Anacardiaceae Schinus polygamus (Cav.)
assobiadeira arbustivo/arbóreo Batista et al.,
Cabrera
2007
Schinus terebinthifolius arroeira-
Arbóreo
Raddi. vermelha
Eryngium elegans Cham & Batista et al.,
gravatá herbáceo
Schltdl. 2007
Eryngium pandanifolium Batista et al.,
caraguatá herbáceo
Apiaceae Cham & Schltdl 2007
Costa &
Eryngium sp L. gravatá herbáceo
Marangoni, 2000
Eryngium sp. L. gravatá herbáceo Marangoni, 2003
Aquifoliaceae Ilex dumosa Reiss. caúna arbóreo NEMA, 1997.
costela-de-
adão; Batista et al.,
Monstera deliciosa Liebm. herbáceo
abacaxi-do- 2007
reino
Araceae
Pistia stratiotes L. alface-d‟água herbáceo NEMA, 1997
Zantedeschia aethiopica copo-de-leite; Batista et al.,
herbáceo
Spreng. lírio-do-nilo 2007
Costa &
Marangoni, 2000;
Hydrocotyle bonariensis
erva-capitão herbáceo Marangoni, 2003;
Lam.
Araliaceae Batista et al.,
2007
Hydrocotyle ranunculoides chapéu-de- Batista et al.,
herbáceo
L. sapo 2007
Batista et al.,
Butia capitata (Mart.) Becc. butiá arbóreo
2007
Arecaceae
Syagrus romanzoffiana Batista et al.,
jerivá arbóreo
(Cham.) Glassman 2007
Achyrocline satureiodes
macela herbáceo Marangoni, 2003
Asteraceae (Lam.) DC
Baccharis tridentata Vahl vassoura arbustivo NEMA, 1997

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


349
Marangoni, 2003;
Baccharis trimera DC. carqueja herbáceo Batista et al.,
2007
Conyza bonariensis (L.) Batista et al.,
buva herbáceo
Cronquist 2007
erva-botão;
Batista et al.,
Eclipta prostrata L. agrião-do- herbáceo
2007
brejo
Batista et al.,
Eclipta sp. L. herbáceo
2007
Gamochaeta americana Batista et al.,
herbáceo
(Mill.) Weed. 2007
Pterocaulon purpurascens Batista et al.,
herbáceo
Malme 2007
Senecio crassiflorus (Lam.) margarida- NEMA, 1997;
herbáceo
DC. das-dunas Marangoni, 2003
arnica-
Solidago chilensis Meyen herbáceo NEMA, 1997
brasileira
Batista et al.,
Vernonia sp. Schreb. herbáceo
2007
Doxantha unguis-cati (L.)
unha-de-gato trepadeira NEMA, 1997
Miers
Bignoniaceae
Pithecoctenium echinatum pente-de-
trepadeira NEMA, 1997
(Jacq.) K.Sch. macaco
Batista et al.,
Blechnaceae Blechnum brasiliense Desv. herbáceo
2007
Batista et al.,
Bombacaceae Chorisia speciosa St. Hill. paineira arbóreo
2007
Boraginaceae Varronia curassavica Jacq. baleeira arbustivo NEMA, 1997
Aechmea recurvata (Lois.)
epifítico NEMA, 1997
L.B.Smith
bananinha-
Bromelia antiacanta Bert. herbáceo NEMA, 1997
do-mato
NEMA, 1997;
Tillandsia aeranthos (Lois.) cravo-do-
epifítico Batista et al.,
Bromeliaceae L.B. Smith mato
2007
NEMA, 1997;
Tillandsia usneoides L. barba-de-pau epifítico Batista et al.,
2007
Batista et al.,
Vriesea sp. Lindl. bromélia epifítico
2007
Cereus hildmannianus K. Batista et al.,
cacto herbáceo
Schum. 2007
Cereus peruvianus (L.) Mill. cacto herbáceo NEMA, 1997
Lepismium cruciforme Batista et al.,
rabo-de-rato epifítico
Cactaceae (Vell.) Miq. 2007
Opuntia monoacantha Batista et al.,
arumbeva herbáceo
(Willd.) Haw 2007
Rhipsalis teres (Vell.) Batista et al.,
epifítico
Steud. 2007
Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
350
Celtis iguanaea (Jacq.) esporão-de-
Cannabaceae arbustivo NEMA, 1997
Sarg. galo
Batista et al.,
Canna sp. L. herbáceo
Cannaceae 2007
Canna glauca L. caeté herbáceo NEMA, 1997
NEMA, 1997;
Chenopodium ambrosioides erva-de-
Chenopodiaceae herbáceo Batista et al.,
L. santa-maria
2007
trapoeraba; Batista et al.,
Commelinaceae Commelina diffusa Burm. herbáceo
marianinha 2007
Batista et al.,
Convolvulaceae Ipomea sp. L. ipoméia herbáceo
2007
cipreste; Batista et al.,
Cupressaceae Cupressus lusitanica Mill. arbóreo
cedrinho 2007
tiririca-do- Batista et al.,
Cyperus lanceolatus Poir herbáceo
brejo 2007
Batista et al.,
Cyperus meyenianus Kunth tiririca-mansa herbáceo
2007
Costa &
Cyperus obtusatus (Presl.) Marangoni, 2000;
herbáceo
Mattf. & Kuk. Batista et al.,
2007
Costa &
Cyperus polystachyus Marangoni, 2000;
herbáceo
Rottb. Batista et al.,
2007
Cyperus sp. herbáceo Marangoni, 2003
Batista et al.,
Eleocharis bicolor Chapm. herbáceo
2007
Eleocharis maculosa (Vahl) Batista et al.,
Cyperaceae herbáceo
Roem & Schult 2007
Costa &
Fimbristylis spadicea (L.)
junquinho herbáceo Marangoni, 2000;
Vahl
Marangoni, 2003
NEMA, 1997;
Schoenoplectus californicus
junco herbáceo Batista et al.,
(C.A. Mey.) Soják
2007
NEMA, 1997;
Scirpus giganteus Kunth tiririca herbáceo Batista et al.,
2007
Scirpus maritimus L. junçá herbáceo Marangoni, 2003
Scirpus olneyi A. Gray herbáceo Marangoni, 2003
Batista et al.,
Scirpus sp. L. herbáceo
2007
Batista et al.,
Scleria distans Poir herbáceo
2007
Ebenaceae Diospyros inconstans Jacq. maria-preta arbóreo NEMA, 1997
Equisetaceae Equisetum giganteum L. herbáceo NEMA, 1997

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


351
Batista et al.,
Erytroxylum argentinum O.
Erythroxylaceae cocão arbóreo 2007; NEMA,
E. Schulz
1997
Euphorbia papillosa A.St.-
leiterinha herbáceo NEMA, 1997
Hil.
Sapium glandulatum (Vell.)
leiterinho arbóreo NEMA, 1997
Euphorbiaceae Pax
Sebastiania NEMA, 1997;
commersoniana (Baillon) L. branquilho arbóreo Batista et al.,
B. Smith & R. J. Downs 2007
NEMA, 1997;
corticeira-do-
Erythrina crista-galli L. arbóreo Batista et al.,
banhado
2007
Desmodium adscendens Batista et al.,
pega-pega herbáceo
(SW.) DC. 2007
Senna corymbosa (Lam.)
fedegoso arbustivo NEMA, 1997
H.S.Irwin & Barneby
Fabaceae
Sesbania virgata Batista et al.,
arbustivo
(Cav.)Pers. 2007
alfafa-do- Batista et al.,
Stylosanthes viscosa SW. herbáceo
campo 2007
Marangoni, 2003;
feijão-da-
Vigna luteola (Jacq.) Benth. herbáceo Batista et al.,
praia
2007
Myriophyllum brasiliense Batista et al.,
Haloragaceae pinheirinha herbáceo
Camb 2007
Costa &
Juncus acutus L. junco herbáceo Marangoni, 2000;
Marangoni, 2003
Costa &
Juncaceae Juncus effusus L. 33,0 77 junco herbáceo
Marangoni, 2000
NEMA, 1997;
Juncus sp. Junco herbáceo Batista et al.,
2007
Triglochin striata Ruiz. & Costa &
Juncaginaceae herbáceo
Pav. Marangoni, 2000
Nectandra megapotamica
Lauraceae canela-merda arbóreo NEMA, 1997
Mez.
Asparagus setaceus aspargo- Batista et al.,
Liliaceae herbáceo
(Kunth) Jessop. samambaia 2007
Cuphea carthagenensis Batista et al.,
Lithraceae sete-sangrias herbáceo
(Jacq.) Mcbr. 2007
NEMA, 1997;
Blepharocalyx salicifolius
murta arbóreo Batista et al.,
(Kunth) O. Berg
2007
Batista et al.,
Calyptranthes conccina DC. guamirim arbóreo
Myrtaceae 2007
Batista et al.,
Eucaliptus sp. L‟Hér. eucalipto arbóreo
2007
Batista et al.,
Eugenia uniflora L. pitangueira arbóreo
2007

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


352
Myrcianthes cisplatensis araçá-do-
arbóreo NEMA, 1997
(Camb.) Berg. prata
Myrcia
hartwegiana (O.Berg) guamirim arbóreo NEMA, 1997
Kiaersk.
pedra-ume-
Myrcia multiflora (Lam.) DC. arbóreo NEMA, 1997
caá
Myrcianthes pungens
guabiju arbóreo NEMA, 1997
(Berg.) Legr.
NEMA, 1997;
Psidium cattleyanum
araçá arbóreo Batista et al.,
Sabine
2007
NEMA, 1997;
Ficus luschnatiana (Miq.)
figueira arbóreo Batista et al.,
Miq.
2007
NEMA, 1997;
Moraceae figueira-da- Batista et al.,
Ficus cestrifolia Schott arbóreo 2007;
folha-miúda
NEMA, 1997
amoreira- Batista et al.,
Morus alba L. arbóreo
branca 2007
Guapira opposita (Vell.) Batista et al.,
Nyctaginaceae maria-mole arbóreo
Reitz 2007
Batista et al.,
Oleaceae Olea europaea L. oliveira arbustivo/arbóreo
2007
NEMA, 1997;
Onagraceae Ludwigia sp. L. herbáceo Batista et al.,
2007
Acianthera sp. orquídea epifítico NEMA, 1997
NEMA, 1997;
Cattleya intermedia Grah.
orquídea epifítico Batista et al.,
Orchidaceae Ex. Hook.
2007
Batista et al.,
Oncidium flexuosum Sims. orquídea epifítico
2007
Peperomia sp. 1 Ruiz & Batista et al.,
herbáceo
Pav. 2007
Piperaceae
Peperomia sp. 2 Ruiz & Batista et al.,
herbáceo
Pav. 2007
Batista et al.,
Pinaceae Pinus sp. L pinus arbóreo
2007
NEMA, 1997;
Costa &
Bacopa monnieri (L.) Marangoni, 2000;
Plantaginaceae Bacopa herbáceo
Pennel. Marangoni, 2003;
Batista et al.,
2007
Limonium brasiliense Costa &
Plumbaginaceae baicuru herbáceo
(Boiss.) O. Ktze. Marangoni, 2000
Batista et al.,
Platanaceae Platano x acerifolia L. plátano arbóreo
2007

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


353
Andropogon arenarius capim- Costa &
herbáceo
Hack. colchão Marangoni, 2000
Andropogon sp. rabo-de-burro herbáceo Marangoni, 2003
Androtrichum trigynum junco-da-
herbáceo Marangoni, 2003
(Spr.) Pf. praia
Batista et al.,
Agrostis sp. L. herbáceo
2007
Axonopus sp. herbáceo Marangoni, 2003
Batista et al.,
Axonopus sp. herbáceo
2007
Batista et al.,
Bambusa sp. Schreber bambu bambuzóide
2007
Batista et al.,
Digitaria horizontalis Willd. herbáceo
2007
Eriochloa punctata (L.)
herbáceo Marangoni, 2003
Desv.
Imperata brasiliensis Trin. capim-sapé herbáceo Marangoni, 2003
Costa &
grama-
Ischaemum minus Presl. herbáceo Marangoni, 2000;
catarina
Marangoni, 2003
Batista et al.,
Lolium sp. L. herbáceo
2007
Poaceae capim-das-
Panicum racemosum Spr. herbáceo Marangoni, 2003
dunas
Costa &
Marangoni, 2000;
Panicum cf. repens L. herbáceo
Batista et al.,
2007
Batista et al.,
Paspalum distichum L. herbáceo
2007
Costa &
Paspalum vaginatum Sw. capim-arame;
herbáceo Marangoni, 2000;
23,3 35 grama-doce
Marangoni, 2003
Rhynchelytrum repens
grama herbáceo Marangoni, 2003
(Willd.)
Costa &
Spartina alterniflora Loesel. macega-mole herbáceo Marangoni, 2000;
Marangoni, 2003
capim-
Spartina ciliata Kunth. herbáceo Marangoni, 2003
salgado
Costa &
Spartina densiflora Brong. macega herbáceo Marangoni, 2000;
Marangoni, 2003
Sporobolus indicus (L.) R. Batista et al.,
capim-moirão herbáceo
Brow. 2007
Stenotaphrum secundatum grama-santo- Costa &
herbáceo
(Water) Kuntze agostinho Marangoni, 2000
Campyloneurum major
Polypodiaceae (Hieron. ex Hicken) epifítico NEMA, 1997
Lellinger

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


354
Microgramma vacciniifolia Batista et al.,
cipó-cabeludo herbáceo/epifítico
(Langd. & Fisch) Copel 2007
NEMA, 1997;
Polygonum hydropiperoides
Polygonaceae erva-de-bicho herbáceo Batista et al.,
Michx.
2007
bacurur-de-
Batista et al.,
Anagallis arvensis L. cores; herbáceo
2007
anagalis
Myrsine laetevirens (Mez)
capororoca arbóreo NEMA, 1997
Primulaceae Arechav.
NEMA, 1997;
Marangoni, 2003;
Myrsine parvifolia A. DC capororoca arbóreo
Batista et al.,
2007
Acrostichum danaeifolium samambaia-
Pteridaceae herbáceo Marangoni, 2003
Langsd. Fisch das-marisma
Cephalanthus glabratus
Rubiaceae Arbustivo/arbóreo NEMA, 1997
(Spreng.) K. Schum.
Richardia brasiliensis poaia-branca; Batista et al.,
Rubiaceae herbáceo
Gomes poaia 2007
Fagara hiemalis (St. Hil.)
Rutaceae coentrilho arbóreo NEMA, 1997
Engler
Batista et al.,
Casearia sylvestris Sw. chá-de-bugre arbóreo 2007; NEMA,
Salicaceae 1997
salgueiro; Batista et al.,
Salix humboldtiana Wild. arbóreo
salso 2007
NEMA, 1997;
Azolla filiculoides Lam. herbáceo Batista et al.,
2007
Salviniaceae
NEMA, 1997;
Salvinia auriculata Aubl. salvinia herbáceo Batista et al.,
2007
NEMA, 1997;
Allophylus edulis (A. St. Hil.
chal-chal arbóreo Batista et al.,
& al.) Radlk.
Sapindaceae 2007
camboatá-
Cupania vernalis Camb. arbóreo NEMA, 1997
vermelho
Chrysophyllum
marginatum (Hook. & Arn.) aguaí arbóreo NEMA, 1997
Radlk.
Sapotaceae
Sideroxylon
coronilha-da-
obtusifolium (Roem. & arbóreo NEMA, 1997
praia
Schult.) T.D. Penn.
salsaparrilha- NEMA, 1997;
Smilacaceae Smilax campestris Griseb. verdadeira; arbustivo Batista et al.,
japicanga 2007
Batista et al.,
Solanum sp.L.
2007
Solanaceae
Solanum sisymbrifolium Batista et al.,
joá herbáceo
Lam. 2007

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


355
Batista et al.,
Petunia sp. Juss. petúnia herbáceo
2007
carne-de-
Styracaceae Styrax leprosum arbóreo NEMA, 1997
vaca
cedro-
Tamaricaceae Tamarix gallica L. arbóreo Marangoni, 2003
marítimo
Daphnopsis
Thymelaeaceae embira arbusto NEMA, 1997
racemosa Griseb.
Aloysia gratissima (Gillies & Batista et al.,
erva-santa herbáceo
Hook.) Tronc. 2007
Glandularia pulchella Batista et al.,
verbena herbáceo
Sweet. 2007
Verbenaceae
NEMA, 1997;
cambará;
Lantana camara L. herbáceo Batista et al.,
cambarazinho
2007
Verbena sp. herbáceo NEMA, 1997
Batista et al.,
Vitaceae Cissus striata Ruiz et Pav. uva-do-mato trepadeira
2007

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


356
Anexo 2 – Relatório fotográfico de alguns exemplares da herpetofauna, registrados durante
o diagnóstico da fauna realizado entre 17 e 21 de janeiro de 2011, na área de influência da
APA da Lagoa Verde, Rio Grande, RS.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


357
Foto 1: Cobra-de-duas-
cabeças, Chthonerpeton
indistinctum.

Foto 2: Perereca-rajada,
Dendropsophus minutus. Foto:
Claiton Machado.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


359
Foto 3: Pererequinha,
Dendropsophus sanborni.

Foto 4: Perereca-do-banhado,
Hypsiboas pulchellus. Foto:
Claiton Machado.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


360
Foto 5: Rãzinha-da-lagoa,
Pseudopaludicola falcipes.

Foto 6: Rã-chorona,
Physalaemus gracilis.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


361
Foto 7: Rã-boiadora, Pseudis
minuta.

Foto 8: Sapinho-de-jardim,
Rhinella dorbignyi.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


362
Foto 9: Perereca-nariguda,
Scinax squalirostris. Foto:
Claiton Machado.

Foto 10: Cobra d’água, Helicops


infrataeniatus. Foto: Claiton
Machado.

Foto 11: Cobra-verde, Liophis


poecilogyrus.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


363
Foto 12: Cobra-de-vidro-verde,
Ophiodes striatus.

Foto 13: Cobra-cipó, Philodryas


aestiva.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


364
Foto 14: Corredeira,
Thamnodynastes hypoconia.
Foto: Claiton Machado.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


365
Anexo 3 – Relatório fotográfico de alguns exemplares da avifauna, registrados durante o
diagnóstico da fauna realizado entre 17 e 21 de janeiro de 2011, na área de influência da APA
da Lagoa Verde, Rio Grande, RS.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


366
Foto 1: Chauna torquata (tachã)

Foto 2: Cygnus melancoryphus


(cisne-de-pescoço-preto)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 367


Foto 3: Ardea cocoi (garça-moura)

Foto 4: Syrigma sibilatrix (Maria-


faceira)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 368


Foto 5: Egretta thula (garça-branca-
pequena)

Foto 6: Plegadis chihi (maçarico-preto)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 369


Foto 7: Platalea ajaja (colhereiro)

Foto 8: Mycteria americana (cabeça-


seca)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 370


Foto 9: Heterospizias meridionalis
(gavião-caboclo)

Foto 10: Milvago chimango


(chimango)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 371


Foto 11: Fulica rufifrons (carqueja-
de-escudo-roxo)

Foto 12: Himantopus melanurus


(pernilongo)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 372


Foto 13: Jacana jacana (jaçanã)

Foto 14: Rynchops niger (talh-mar)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 373


Foto 15: Zenaida auriculata (pomba-
de-bando)

Foto 16: Athene cunicularia (coruja-


campo)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 374


Foto 17: Hylocharis chrysura (beija-
flor-dourado)

Foto 18: Hydropsalis torquata


(bacurau-tesoura)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 375


Foto 19: Veniliornis spilogaster
(picapauzinho-verde-carijó)

Foto 20: Colaptes campestris (pica-pau-


do-campo)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 376


Foto 21: Furnarius rufus (joão-de-
barro)

Foto 22: Limnornis curvirostris


(junqueiro-de-bico-curvo)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 377


Foto 23: Progne tapera (andorinha-
do-campo)

Foto 24: Embernagra platensis (sabiá-


do-banhado)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 378


Foto 25: Sporophila collaris (coleiro-
do-brejo)

Foto 26: Amblyramphus holosericeus


(cardeal-do-banhado)

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde 379


Anexo 4 – Entrevista com representantes das Instituições da APA Lagoa Verde.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


380
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
Plano de Manejo APA Lagoa Verde

Nome do entrevistado: ___________________________________________________________________________


Instituição:___________________________________________ Data: _______________________

1. Quais as funções e atribuições de sua instituição?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. Qual sua opinião em relação à APA da Lagoa Verde?
_______________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
___________________________________
3. Quais as expectativas da instituição em relação à elaboração do Plano de Manejo da APA?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4. Quais foram às contribuições de seu órgão para a criação da APA?
_______________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
___________________________________
5. Quais os principais problemas sócio-ambientais que a instituição identifica na área da
APA?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6. Quais atividades conflitantes que a instituição avalia que possam divergir com os objetivos
da APA?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
7. Quais atividades executadas pela entidade na área da UC e seu entorno?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


381
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
8. Qual o potencial de colaboração e limitação de sua instituição na gestão da APA?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

Obrigada pela sua colaboração!

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


382
Anexo 5 – Anotações de Responsabilidade Técnica - ARTs.

Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde


383
ART - Anotação de Responsabilidade Técnica Página 1 de 9

Serviço Público Federal


CONSELHO FEDERAL/CONSELHO REGIONAL DE BIOLOGIA 3ª REGIÃO
1-ART Nº:
ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA - ART 2010/10017

CONTRATADO
2.Nome: LETICIA SEIBEL HUMMES 3.Registro no CRBio: 053358/03-D
4.CPF: 954.431.420-20 5.E-mail: leticia@polar-ambiental.com.br 6.Tel: (51)32322868
7.End.: GETULIO VARGAS 1271 8.Compl.: 1703 - TORRE B
9.Bairro: MENINO DEUS 10.Cidade: PORTO ALEGRE 11.UF: RS 12.CEP: 90150-005
CONTRATANTE
13.Nome: PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO GRANDE
14.Registro Profissional: 15.CPF / CGC / CNPJ: 88.566.872/0001-62
16.End.: RUA BUARQUE DE MACEDO SN
17.Compl.: 18.Bairro: CIDADE NOVA 19.Cidade: RIO GRANDE
20.UF: RS 21.CEP: 96211-110 22.E-mail/Site:
DADOS DA ATIVIDADE PROFISSIONAL
23.Natureza : 1. Prestação de serviço
Atividade(s) Realizada(s) : Coordenação/orientação de estudos/projetos de pesquisa e/ou outros;

24.Identificação : COORDENAÇÃO GERAL DOS ESTUDOS AMBIENTAIS REFERENTE A ELABORAÇÃO DE PLANO DE MANEJO DA
ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA VERDE, NO MUNICÍPIO DE RIO GRANDE/RS
25.Município de Realização do Trabalho: RIO GRANDE 26.UF: RS
27.Forma de participação: EQUIPE 28.Perfil da equipe: BIÓLOGOS, GEÓLOGO, ENGENHEIRO, QUÍMICO,
SOCIÓLOGO, ECONOMIST
29.Área do Conhecimento: Botânica; Ecologia; Zoologia; 30.Campo de Atuação: Meio Ambiente

31.Descrição sumária : COORDENAÇÃO GERAL DOS ESTUDOS AMBIENTAIS REFERENTE A ELABORAÇÃO DE PLANO DE MANEJO
DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA VERDE, NO MUNICÍPIO DE RIO GRANDE/RS
32.Valor: R$ 2.000,00 33.Total de horas: 360 34.Início: OUT/2010 35.Término: JUN/2011
36. ASSINATURAS 37. LOGO DO CRBio
Declaro serem verdadeiras as informações acima

Data: Data:

Assinatura do Profissional Assinatura e Carimbo do Contratante

38. SOLICITAÇÃO DE BAIXA POR CONCLUSÃO 39. SOLICITAÇÃO DE BAIXA POR DISTRATO
Declaramos a conclusão do trabalho anotado na presente ART, razão
pela qual solicitamos a devida BAIXA junto aos arquivos desse
CRBio.
Assinatura do Profissional Data: / / Assinatura do Profissional
Data: / /

Assinatura e Carimbo do Contratante Data: / / Assinatura e Carimbo do Contratante


Data: / /

CERTIFICAÇÃO DIGITAL DE DOCUMENTOS


NÚMERO DE CONTROLE: 6506.8702.1585.2468

http://189.14.104.23/scripts/art.dll/login 25/10/2010
Preservar os sistemas
Proteger as de marismas, banhados,
paisagens e arroios, matas e dunas
suas belezas interiores
cênicas

Fomentar atividades
de pesquisa,
monitoramento e de
educação ambiental Conservar a
biodiversidade
da região

Proteger os
recursos
hídricos

Estabelecer o
desenvolvimento regional
integrado às práticas de
conservação, à
recuperação ambiental e
ao manejo sustentável

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