Na segunda obra de Helen Osório, intitulada Para além das charqueadas:
estudo do padrão de posse de escravos no Rio Grande do Sul, segunda metade do século XVIII, a autora evidencia que entre os anos de 1780 a 1807, o Rio Grande do Sul era uma das capitanias com a maior população escrava, com uma porcentagem que oscilava entre os 28 e 36% sobre a população total do Estado no período. Osório então analisa a estrutura de posse de escravos através dos inventários post mortem, o qual mostra que 87% dos inventariados tinham posses de escravos. O Rio Grande (87%) só ficava atrás do Rio De Janeiro, em que 90% dos inventariados eram proprietários de escravos. Mas apesar disso, o Estado gaúcho e o Rio de Janeiro mostravam grandes diferenças na distribuição desses escravos e no tamanho dos plantéis em meio rural. Enquanto no RS os plantéis de até 4 escravos predominavam no território, no RJ a maior parte dos senhores possuíam entre 10 e 19 escravos, oscilando entre alguns senhores entre 20 e 39 cativos. Desta forma, Helen explica que no Rio Grande a distribuição de escravos era considerada como pequenos plantéis. Os grandes proprietários de cativos no Estado eram os charqueadores, que possuíam na média aproximadamente 40 escravos. Em Viamão, no ano de 1751, o distrito contava com 700 habitantes na população total, sendo destes 45% escravos de origem africana. Os campos do distrito eram semelhantes às zonas mineradoras e de plantation. E mesmo após 30 anos, em 1778, a população escrava diminui apenas para 40,5% do total, mostrando que a escravidão era a características estrutural e econômica da região. Consequentemente, Osório torna evidente um levantamento das áreas rurais realizado em 1797 em quatro freguesias (Viamão, Nossa Senhora dos Anjos, Caí e Porto Alegre) que corroboram e destacam o peso da escravidão no Rio Grande. Dados analisados nessas freguesias mostram que o número de escravos em geral nas áreas rurais eram semelhantes ou superiores a América portuguesa, sustentando em como a escravidão marcou a estrutura agrária, agricultura ou pecuária no Rio Grande do Sul. Destaques: “Se a proporção de proprietários de escravos foi muito semelhante entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, a situação modifica-se bastante quando se observa a distribuição dos cativos entre seus proprietários. O padrão rio-grandense foi o dos pequenos plantéis.” (OSÓRIO, p. 5). A segunda obra é de relevância para que possamos compreender como a prática escravista esteve completamente interligada ao crescimento da agricultura e pecuária no Rio Grande do Sul, além de ser considerada uma das principais capitanias com maior população de cativos no país. É importante observar também que, nos principais distritos do Rio Grande, os escravos de origem africana eram em sua grande maioria, demonstrando o aumento significativo principalmente na economia do estado. Vale ressaltar que Pelotas foi uma das cidades que mais receberam escravos no período, tendo indícios de mais de mil cativosnventariados na região, e tendo como principal atividade econômica o charque (MANFREDINI, MONTEIRO, 2014, p. 2). Também relevante ressaltar que os senhores optavam pelos escravizados mais jovens, pois poderiam dominar melhor a técnica de alguns trabalhos que, por exemplo, homens mais adultos já não conseguiriam aprender. Outra característica que distinguiam o escravismo no campos de gados no sul do estado para as mais atribuídas, como as de café e cana, era o fato de não ser tão grande em respeito a escravizados. Os estancieiros precisavam andar a cavalo com faca na mão, indicando que os escravizados campeiros fosses perigosos e por ser lugares distantes, muitas vezes era difícil alguma pessoa intervir, seja para ajudar seja para reprimir os escravizados. Por exigir um baixo nível de escravizados nos campos, também os estancieiros conheciam seus escravizados individualmente até os enviando para cuidar de algumas coisas que era de seu interesse, mandando um escravizado de confiança dos senhores.
. Referência Bibliográfica:
MANFREDINI, Denise; MONTEIRO, Sergio M. M. Rentabilidade do trabalho
escravo no Rio Grande do Sul no século XIX.
MONSMA, Karl. Escravidão nas Estâncias do Rio Grande do Sul: Estratégia de