Você está na página 1de 3

História do Rio Grande do Sul I

Henrique Jacobus Bastos


Conrado Jacobus Bastos
Patrick Kluivert Amaral

Na segunda obra de Helen Osório, intitulada Para além das charqueadas:


estudo do padrão de posse de escravos no Rio Grande do Sul, segunda
metade do século XVIII, a autora evidencia que entre os anos de 1780 a 1807, o
Rio Grande do Sul era uma das capitanias com a maior população escrava, com
uma porcentagem que oscilava entre os 28 e 36% sobre a população total do
Estado no período. Osório então analisa a estrutura de posse de escravos através
dos inventários post mortem, o qual mostra que 87% dos inventariados tinham
posses de escravos. O Rio Grande (87%) só ficava atrás do Rio De Janeiro, em que
90% dos inventariados eram proprietários de escravos. Mas apesar disso, o Estado
gaúcho e o Rio de Janeiro mostravam grandes diferenças na distribuição desses
escravos e no tamanho dos plantéis em meio rural.
Enquanto no RS os plantéis de até 4 escravos predominavam no território, no
RJ a maior parte dos senhores possuíam entre 10 e 19 escravos, oscilando entre
alguns senhores entre 20 e 39 cativos. Desta forma, Helen explica que no Rio
Grande a distribuição de escravos era considerada como pequenos plantéis. Os
grandes proprietários de cativos no Estado eram os charqueadores, que possuíam
na média aproximadamente 40 escravos. Em Viamão, no ano de 1751, o distrito
contava com 700 habitantes na população total, sendo destes 45% escravos de
origem africana. Os campos do distrito eram semelhantes às zonas mineradoras e
de plantation. E mesmo após 30 anos, em 1778, a população escrava diminui
apenas para 40,5% do total, mostrando que a escravidão era a características
estrutural e econômica da região.
Consequentemente, Osório torna evidente um levantamento das áreas rurais
realizado em 1797 em quatro freguesias (Viamão, Nossa Senhora dos Anjos, Caí e
Porto Alegre) que corroboram e destacam o peso da escravidão no Rio Grande.
Dados analisados nessas freguesias mostram que o número de escravos em geral
nas áreas rurais eram semelhantes ou superiores a América portuguesa,
sustentando em como a escravidão marcou a estrutura agrária, agricultura ou
pecuária no Rio Grande do Sul.
Destaques: “Se a proporção de proprietários de escravos foi muito semelhante entre o Rio de
Janeiro e o Rio Grande do Sul, a situação modifica-se bastante quando se observa a distribuição dos
cativos entre seus proprietários. O padrão rio-grandense foi o dos pequenos plantéis.” (OSÓRIO, p.
5).
A segunda obra é de relevância para que possamos compreender como a
prática escravista esteve completamente interligada ao crescimento da agricultura e
pecuária no Rio Grande do Sul, além de ser considerada uma das principais
capitanias com maior população de cativos no país. É importante observar também
que, nos principais distritos do Rio Grande, os escravos de origem africana eram em
sua grande maioria, demonstrando o aumento significativo principalmente na
economia do estado. Vale ressaltar que Pelotas foi uma das cidades que mais
receberam escravos no período, tendo indícios de mais de mil cativosnventariados
na região, e tendo como principal atividade econômica o charque (MANFREDINI,
MONTEIRO, 2014, p. 2).
Também relevante ressaltar que os senhores optavam pelos escravizados
mais jovens, pois poderiam dominar melhor a técnica de alguns trabalhos que, por
exemplo, homens mais adultos já não conseguiriam aprender. Outra característica
que distinguiam o escravismo no campos de gados no sul do estado para as mais
atribuídas, como as de café e cana, era o fato de não ser tão grande em respeito a
escravizados.
Os estancieiros precisavam andar a cavalo com faca na mão, indicando
que os escravizados campeiros fosses perigosos e por ser lugares distantes, muitas
vezes era difícil alguma pessoa intervir, seja para ajudar seja para reprimir os
escravizados. Por exigir um baixo nível de escravizados nos campos, também os
estancieiros conheciam seus escravizados individualmente até os enviando para
cuidar de algumas coisas que era de seu interesse, mandando um escravizado de
confiança dos senhores.

.
Referência Bibliográfica:

MANFREDINI, Denise; MONTEIRO, Sergio M. M. Rentabilidade do trabalho


escravo no Rio Grande do Sul no século XIX.

MONSMA, Karl. Escravidão nas Estâncias do Rio Grande do Sul: Estratégia de


dominação e de resistência.

Você também pode gostar