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Nome: David Elias da Silva Matrícula: 20181423029

Curso: Licenciatura 2018 –1

FICHAMENTO

Aula: HM VII

Professor: Avelino

Parte I: A construção da memória tanguera

RODRÍGUEZ MOLAS, Ricardo. Aspectos ocultos de la identidad nacional: los


afroamericanos y el origen del tango. Ciclos en la historia, la economia y la sociedad.
Instituto de Investigaciones de Historia Económica y Social. Facultad de Ciencias
Económicas. UBA. Buenos Aires, año III, vol. III, n. 5, 2do. semestre de 1993, p.
147-161.

Durante mais de duzentos anos, os portos de Buenos Aires e Montevidéu estiveram


envolvidos nas especulações comerciais dos traficantes de escravos. Dezenas de milhares de
africanos desembarcaram nesses portos e foram enviados para o interior ou vendidos nas cidades
costeiras. Muitos chegaram à região da Alta Peru, ao Chile e em menor medida ao Paraguai. Pouco
conhecido é o fato de que, no final do século XVIII, cerca de cinquenta por cento da população das
cidades do interior do território argentino era composta por negros e mulatos. Na cidade de Buenos
Aires, cerca de quarenta por cento da população era africana ou descendente de africanos. Vejamos
os percentuais conhecidos da população total - rural e urbana - naquele momento: Tucumán, 64%;
Santiago del Estero, 54%; Catamarca, 52%; Salta, 46%; Córdoba, 44%; Buenos Aires e Mendoza, 24%
cada uma; La Rioja, 20%; San Juan, 16%; Jujuy, 13%; San Luis, 9%.

A partir da primeira chegada de negros em 1587, devido às especulações comerciais do bispo


Victoria, o tráfico de escravos aumentou constantemente. Contrabando e escravidão tornaram-se
termos intimamente relacionados desde o século XVI. Na Argentina atual, a mão de obra escrava era
destinada a trabalhos artesanais, domésticos, agrícolas e rurais. Muitas vezes, eles eram motivo de
ostentação e luxo para as classes dominantes. A maioria dos escravos pertencia ao grupo étnico
bantu, o mais numeroso na cidade de Buenos Aires, como indicado pela composição das
"sociedades" e "irmandades". Além dos motivos de política econômica internacional em relação ao
tráfico, como o domínio de áreas na África e monopólios, Angola e a região do Congo, mais próximas
do Rio da Prata e do litoral sul do Brasil do que da Mauritânia, eram amplamente predominantes nos
registros de envios. Além disso, é importante destacar um fato que não recebeu atenção suficiente
nos estudos sobre a origem dos escravos. Referimo-nos à indiscutível preferência, em uma área onde
não existem economias de plantação, pelas etnias de origem bantu, mais dóceis e adequadas para
tarefas domésticas, como afirmam os manuais dos traficantes de escravos. Por sua vez, aqueles da
Costa da Mina - em grande parte islamizados - e da Costa dos Escravos são requisitados pelas usinas
e plantações do Brasil (especificamente em Bahia e Pernambuco) devido à força de seus corpos, sem
esquecer o interesse em fornecer tabaco e cachaça para essas áreas como produtos de troca. É
também importante ter em mente que a Coroa espanhola, desde o século XVI até o final do XVIII,
proibiu a entrada em seus domínios de grupos islâmicos (iorubá, fanti, ashanti e outros), que, devido

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