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Material apostilado para a turma de sétimo ano referente a disciplina de

História com o tema: Congo-Angola, cultura, colonialismo e escravidão

Discentes: Marcélia Protázio dos Santos Oliveira , Pedro Henrique Lobo


Pedrosa, Heyder Gabriel Vieira Brito, Flávio Souza de Oliveira, Mickael Ruan Bastos
de Menezes.

A escravização na história da humanidade ocorreu em todos os continentes do


planeta por meios de guerras, conflitos étnicos. No continente africano não foi diferente,
todavia, com as chegada dos europeus, principalmente os portugueses, essa lógica
começou alterar.

Partindo dessa análise, percebemos que o contato de Portugal com a região,


tornou-se problemático. A região com o passar do tempo se tornou a principalmente
exportadora de escravizados negros para o Brasil e com isso o fluxo migratório atingiu
elevadas estatísticas. Ainda em relação ao tráfico de escravizados, o Brasil desde o
século XVI até o XVIII recebeu a maior parte dessa exportação, tendo como
Pernambuco, Salvador e o Rio de Janeiro como principais portos de recepção na
América.

Os principais povos que sofreram esses ataques da região tem como o tronco
linguístico Bancu no qual tinham diversos grupos étnicos espalhados no território
africano, como por exemplo o Congo, Angola, Moçambique... E foi com essa mão de
obra dessas regiões que a economia Congo-Angola foi definida, o comércio de
escravizados foi principalmente fonte de renda dos europeus.

A escravidão se fez presente durante uma considerável história da humanidade,


desde que o homem passou a considerar outro homem como inimigo ou inferior. A
maior fonte de escravizados foi provinda das guerras, no qual os escravizados eram
obrigados a trabalhar, ou eram vendidos ou trocados pelos seus dominantes.

No continente africano, pessoas abriam mão de sua liberdade por questões de


sobrevivência, em casos de necessidades extremas. Ainda é possível destacar, que a
escravidão africana também ocorre por um sistema de linhagem e parentesco, já que não
existia uma organização política e econômica, os africanos eram livres para vender,
comprar e exportar escravos, desde o século VII com mercadores islâmicos no norte do
continente.

O contato do português com o continente, que a princípio possuía uma


admiração pelo ouro, se deu bem antes da sua chegada ao Brasil. Com o conhecimento
da riqueza do Brasil em possuir terras que poderiam ser destinadas à plantação, há um
aumento na busca de mais escravizados que pudessem satisfazer o desejo em adquirir os
elementos da terra, em meados do século XV.

E é com essa ambição que os portugueses chegam à costa Atlântida da África


subsaariana, momento onde ocorre um aumento do comercio lusitano, aumento das
guerras internas entre os povos africanos, e um aumento na exportação em massa para a
América, a cada 10 africanos importados para as Américas, 4 vinham para o Brasil,
entre os séculos XVI e XIX.

Esse aumento contaria com a conquista de uma nova feitoria na capital de


Angola, Luanda, ocorrendo a partir de 1575, onde a cidade passa a ser um ativo posto
para o comércio de escravizados.Entre 1480 e 1490, quando os portugueses tiveram os
primeiros contatos com o rei de Congo Nzinga a Nkuwu, que resultariam na instalação
dos portugueses no reino e no porto de Luanda, em bases que fariam o comercio
ultrapassar o tráfico realizado no interior da África em 1597. Contudo, devido ao
monopólio do rei congolês e os critérios que eram estabelecidos acerca dos
escravizados, Portugal passou a concentrar esforços mais na região sul, onde era situado
Angola.

As rotas de Angola forneceram cerca de 40% dos 10 milhões de escravizados


que vieram para a América, com destino principalmente em nos portos de Recife,
Pernambuco e Rio de Janeiro. No século XVI a viagem de Angola para Pernambuco
demorava cerca de 35 dias, 40 até a Bahia e 50 para o Rio de Janeiro - se os ventos não
fossem favoráveis, a viagem poderia aumentar, assim como a porcentagem de morte em
20%.

Em meados de 1770, os escravizados africanos desembarcavam em vários locais


do Rio de Janeiro, causando incomodo à elite que hora ou outra, esbarravam-se com a
inconveniente situação que os escravizados se encontravam. Assim, é a partir do início
do século XIX, que o mercado no Valongo (situado na costa do Rio de Janeiro), é
construindo, passando a ser o principal ponto de desembarque dos escravizados vindo
de Angola.

De maneira geral, pode-se dizer que até o ano de 1830 (após 1831 houve um
desenvolvimento acerca do tráfico ilegal pelo Atlântico, o que interferiu na entrada dos
escravizados na brasil), houve uma entrada massiva de escravizados provenientes da
zona congo-angolana, com um contingente centro-ocidental de 81% de todos os cativos
desembarcados no porto do Rio de Janeiro.

Os aspectos culturais ao que refere-se a questão da divisão e presença feminina


na região de Congo-Angola é notório começar pela forma que se encontrava a divisão
entre homens e mulheres, além da forma que eram visualizados pela sociedade Melo e
Souza (2014) fala a respeito que as mulheres além dos trabalhos rurais e domésticos
eram utilizadas para aumentar o harém do rei, e os homens eram colocados em um
espectro de trabalho vinculado a força física em que deveriam atuar no campo e como
trabalhadores nas caravanas. Nessa perspectiva, inicialmente mostra a mulher como
relacionada ao seu físico em um quesito de ser vista como mãe e cuidadora, estando
presentes no cuidado do lar com os filhos e como formadoras dos harém, colocado
como semelhante a escravidão que era vista no mundo árabe.

A escravidão se tornava mais presente no grandes centros urbanos formados


pelas massivas rotas comercias, o que proporcionava os africanos serem visualizados
como uma importante mercadoria também se encontravam integrados naquela
sociedade, indo além do papeis em que se visualizavam inicialmente podendo ocupar os
mais diferentes cargos e papeis de importância. As mulheres eram as preferidas para
serem exportadas para trabalhar na península arábica, em que essas escravas belas
poderiam alcançar os mais elevados preços sendo cogitadas para trabalharem nos no
harém ou colocadas como esposas para aqueles que poderiam arcar com o preço.

Para contextualizar, é necessário que o tratamento das mulheres na região de


congo-angola devido a forma que os portugueses interagiram naquela região, um estado
afrocatólico que durou do século XVI ao XX. Em que conforme explicitado por Melo e
Souza (2014) os imbangalas era formado por pessoas de diferentes origens que após os
ritos ficavam ligadas para sempre, esses ritos se relacionavam com o sacrifício de
crianças e com eles a produção de ungüentos que protegiam os guerreiros esses que
vivam de saquear os pastores e agricultores e roubavam as mulheres e crianças para a
realização do treinamento militar. Nessa região, mais precisamente as baías de Benguela
e Luanda, essa penetração deu origem a uma sociedade mestiça portuguesa, em que em
torno das prisões, feiras e presídios os portugueses se africanizaram e os africanos se
aportuguesaram. Em que devido ao casamento dos portugueses com as mulheres nativas
muitos hábitos locais foram incorporados por eles, principalmente que esses casamento
se davam pelo baixíssimo número de mulheres portuguesas que migravam para a região.

Nesse sentindo, ao ser contemplado o papel essencial da mulher na sociedades


africanas, de acordo com Nascimento (1996) nas civilizações agrárias africanas a
mulher desempenha uma função econômica central representado pela estabilidade da
vida agrícola garantido o sistema de coletividade em que o homem desempenhava
outras funções, como a caça, a pesca e a guerra. Logo a autora põem que essa divisão
entre ambos seria “implica uma dominação da mulher sobre o homem, mas uma divisão
igualitária de responsabilidades e privilégios, como o poder compartilhado entre mulher
e homem, assegurando um equilíbrio estável nos negócios de estado”). Nas sociedades
africanas a presença de um sistema matrilinear, em que segundo Munanga (1986), a
criança mantém um contato longo e estreito com a mãe, em uma figura de linguagem o
cortão umbilical nunca é cortado. Por essa razão a relação profunda com os ancestrais se
mantém entre os povos africanos por meio dessa linhagem que se forma. Em relação a
angola, de acordo com Menezes (2000) sua população é formada or cem grupos etno-
linguisticos de origem banto que podem ser em nove grandes grupos: ambós, bacongos,
hereros, lunda-tchoukué, nganguelas, nhanecas-humbes, ovimbundos, quimbundos e
xindongas. Em que no pré-colonial os povos bantos as mulheres ocupavam e exerciam
um lugar importante, até mesmo de soberania em que nos reinos o sistema político-
social predominante era o matrilinear o que proporciona as mulheres um prestigio
diferente, mostrando assim uma configuração histórica e cultural diferente de outros
povos.

Referências:

JUNIOR, Manoel Batista do Prado. O atlântico, um mar de identidades: etnias


africanas no Sudeste brasileiro (Mangaratiba, século XIX). Artigo do Governo do
Estado de São Paulo, publicado na edição nº 46 de fevereiro de 2011.
MELO E SOUZA, Marina de. O comércio de escravos e a escravidão. In: África
e Brasil Africano. São Paulo: Ática, Pp. 48-75, 2014

MENEZES, Solival. Mamma Angola: sociedade e economia de um país


nascente. São Paulo:Edusp, Fabesp, 2000

NASCIMENTO, Elisa Larkin. Expressão literária e matrizes africanas no Brasil.


SEMINÁRIO DAS LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA, 1,
1994. Atas... Rio de Janeiro: UFRJ, 1996

SCHWARCZ, L. K. M. Brasil: uma biografia. Cap. 3, 2015.

SANTOS, Nívia Pombo Cirne dos Santos. Disponível em:


http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/index.php?option=com_content&vi
ew=article&id=2971&Itemid=326#.

RODRIGUES, Jaime. De costa a costa (Nova edição): Escravos, marinheiros e


intermediários do tráfico negreiro de Angola ao Rio de Janeiro (1780-1860), 2005.

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