Você está na página 1de 4

PROF Murilo da Rocha

Disciplina: História –7º ANO


3º TRIMESTRE - 10ª SEMANA: 09/11 ATÉ 13/11/2020.
Nome:
CONTEÚDO: Escravidão no Brasil
OBJETIVO: Compreender como ocorreu a escravidão no Brasil e as consequências que este ato possui
ainda hoje no país.
DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE Olá estudante. Para esta semana daremos início ao tema da Escravidão no Brasil.
PROPOSTA: Para isso, leia o texto e realize a atividade.
ATIVIDADE  Como se deu o início do Tráfico Negreiro?
 Quando se deu o fim do tráfico?
FORMAS DE AVALIAÇÃO Avaliação é formativa, não será atribuído pontuação.Seguindo os critérios:coerência (respostas
completas), conteúdo solicitado, pontualidade na entrega,estética (letra legível, erros
ortográficos).
DICA DE Verifique se seu filho conseguiu entender o assunto e realizou a atividade. Caso não tenha
ACOMPANHAMENTO conseguido compreender o assunto ou teve dificuldades na realização da atividade, sinta-se a
AOS FAMILIARES vontade para escrever suas dúvidas.
ATIVIDADES EXTRAS. Navio Negreiro - Poema de Castro Alves:https://www.youtube.com/watch?v=2RAKjM-xLWE
NÃO OBRIGATÓRIA SUA
REALIZAÇÃO
FORMAS DE ENVIO PARA  Esta atividade deve ser desenvolvida no caderno, tire uma foto e envie para o professor
O PROFESSOR pelo WhatsApp ou pelo e-mail, não esqueça de colocar nome, turma e escola.
 Para os alunos sem acesso à internet, a atividade deve ser realizada nas folhas e
encaminhada pelos motoristas da prefeitura ou entregue na escola com nome e turma, no
envelope.
Dúvidas!Entrem em contato!

Tráfico Negreiro
O tráfico negreiro foi uma atividade realizada entre os séculos XV ao XIX. Os prisioneiros africanos eram comprados nas regiões litorâneas da África
para serem escravizados no continente europeu e no continente americano. Essa migração forçada resultou na chegada de milhões de cativos africanos ao
Brasil. O tráfico passou a ser proibido em terras brasileiras somente em 1850, por meio da Lei Eusébio de Queirós.

Como se iniciou o tráfico negreiro

O desenvolvimento do tráfico negreiro no Brasil está associado com a instalação da produção açucareira que aconteceu no país, em meados do século
XV. O tráfico ultramarino de africanos, com o objetivo de escravizá-los, tem relação direta com a necessidade permanente de trabalhadores nos engenhos e com
a diminuição da população de indígenas.
Desde o início da colonização do Brasil por Portugal, os indígenas sofriam com a escravização, mas uma série de fatores fez a população de indígenas
começar a diminuir. Primeiro, a violência dessa escravização, mas o fator mais relevante na diminuição da população indígena foi a questão biológica, uma vez
que os indígenas não possuíam defesa biológica contra doenças, como a varíola.
Isso, porém, não fez com que a escravização de indígenas acabasse, mas fez com que uma alternativa despontasse. Além disso, havia a questão dos
conflitos entre colonos e a Igreja, uma vez que a Igreja, por meio dos jesuítas, eram contrárias à escravização de indígenas, pois os consideravam alvos
potenciais para a conversão religiosa.
Outro fator relevante é o estranhamento cultural que existia nessa relação, pois os indígenas trabalhavam o suficiente para produzir aquilo que fosse
necessário para o sustento de sua comunidade.
A lógica europeia de trabalho para produzir excedente e riqueza não fazia parte do meio de vida indígena e isso fez os europeus taxarem pejorativamente
os indígenas de “inapropriados” para o trabalho. As constantes fugas dos indígenas, que conheciam a terra muito bem, também era outro fator relevante.
O último fator que explica o início do tráfico negreiro era o funcionamento do próprio sistema econômico mercantilista. Na lógica desse sistema, o
tráfico ultramarino de escravos era um negócio relevante tanto para a metrópole quanto para colonos que se lançassem nesse empreendimento.
Dentro do funcionamento do sistema colonial escravista, a existência do tráfico negreiro atendia a uma demanda por escravos das colônias e, por ser
uma atividade altamente lucrativa, atendia aos interesses da metrópole e da colônia.
Isso porque o envolvimento de Portugal com o tráfico de africanos, com o intuito de escravizá-los, era um negócio que existia desde meados do século
XV. Os portugueses possuíam uma série de feitorias na costa africana e nela compravam africanos para enviá-los como escravos para trabalharem nos engenhos
instalados nas ilhas atlânticas.
Concluindo, o entendimento dos historiadores, atualmente, a respeito desse assunto é que a escassez da mão de obra indígena e a instalação de um
negócio que tinha alta demanda por escravos – a produção de açúcar – gerou uma demanda por outra mão de obra, e os comerciantes portugueses, identificando
essa necessidade, ampliaram o tráfico negreiro a dimensões gigantescas.

Como funcionava o tráfico negreiro

O tráfico negreiro envolvendo os europeus iniciou-se no século XV, quando os portugueses instalaram feitorias pelo litoral do continente africano.
Nessas feitorias, os portugueses mantinham contato com os reinos africanos, estabelecendo relações diplomáticas que os possibilitavam manter comércio, ao
qual se incluía a venda de seres humanos. Com o tempo, outras nações europeias começaram a envolver-se com essa atividade e não apenas os portugueses.
O tráfico de africanos realizado pelos portugueses, a princípio, atendia suas necessidades internas e de suas ilhas atlânticas. No século XV, os africanos
escravizados por Portugal eram utilizados em serviços urbanos, sobretudo em Lisboa, e eram utilizados na produção de açúcar nas ilhas atlânticas de Portugal
(como Açores e Madeira).
Com o desenvolvimento da produção açucareira no Brasil, a demanda de Portugal e dos colonos instalados no Brasil aumentou consideravelmente e, já
na década de 1580, cerca de três mil africanos desembarcavam no Brasil. Apesar de concentrarem-se majoritariamente no litoral africano, os portugueses
conseguiram penetrar na África Central e criar relações importantes com diversos reinos.
Entre as principais feitorias portuguesas na costa africana está a construída em Luanda, localizada em Angola. O historiador Roquinaldo Ferreira afirma
que Luanda cumpriu “papel fundamental como centro de formulação e execução de operações militares contra reinos africanos, e como base de intensa
diplomacia entre europeus e africanos”.
Os escravos eram conseguidos por traficantes que obtinham os prisioneiros comprando-os, caso fossem prisioneiros de guerra, ou por meio de
emboscadas realizadas pelos próprios traficantes. Os africanos, após terem sido feitos prisioneiros, eram levados a pé até os portos onde seriam revendidos para
os portugueses (ou outros europeus). Nesses portos, os africanos eram marcados com ferro quente para identificá-los de qual comerciante eram.
Nesses portos, os africanos prisioneiros eram trocados por alguma mercadoria valiosa, que poderia ser tabaco, cachaça, pólvora, entre outros. Depois de
vendidos para algum comerciante europeu, os africanos embarcavam no navio que os transportaria para a América ou Europa. Esse navio era chamado de
tumbeiro, pelo fato de ser um local onde muitos dos escravos embarcados morriam.

Viagem nos navios negreiros

Os navios negreiros, em geral, comportavam, em média, de 300 a 500 africanos que ficavam presos nos porões em uma viagem que se estendia durante
semanas. Partindo de Luanda, a viagem para Recife durava 35 dias, para Salvador durava 40 dias e para o Rio de Janeiro durava de 50 a 60 dias.
As condições de viagem eram extremamente desumanas, e os poucos relatos que existem da forma como os africanos eram trazidos para as Américas
reforçam isso. O local no qual os africanos eram aprisionados (o porão) era geralmente tão baixo que os africanos não conseguiam ficar em pé e o espaço era
tão apertado que muitos tinham que ficar na mesma posição durante um longo período.
A alimentação era escassa e era resumida a uma refeição por dia. O historiador Jaime Rodrigues aponta que no começo das viagens (quando a
possibilidade de revolta dos africanos era maior), os traficantes de escravos davam uma quantidade de alimentos menor ainda, para evitar que eles se
rebelassem.
A água também quase nunca era potável e os alimentos disponibilizados eram feijão, farinha, arroz e carne-seca. A má alimentação, principalmente pela
falta de uma dieta rica em vitaminas, fazia com que doenças, como o escorbuto (causada pela falta de vitamina C), fossem proliferadas. Outras doenças também
se espalhavam pela sujeira dos locais que abrigavam os africanos. Os porões eram escuros, sujos e abarrotados de gente, de tal maneira que até respirar era
difícil.
Outras doenças que grassavam nos navios negreiros eram varíola, sarampo e doenças gastrointestinais. A mortalidade média era de ¼ de todos os
africanos embarcados. Claro que poderia haver variações nas taxas de mortalidade, com algumas viagens tendo menor número de mortes e outras tendo muitos
mortos.
Os relatos resgatados pelos historiadores já sugerem a motivação racista dos europeus no tráfico negreiro. Um exemplo foi trazido pelo historiador
Thomas Skidmore com o relato de Duarte Pacheco, um navegante português que chamava os africanos de “gente com cara de cão, dentes de cão, sátiros,
selvagens e canibais.
Tráfico negreiro no Brasil

O tráfico negreiro para o Brasil foi iniciado por volta da década de 1550, pelos motivos explicados anteriormente. O comércio ultramarino de escravos
no Brasil estendeu-se por três séculos e encerrou-se somente em 1850, quando foi decretada a Lei Eusébio de Queirós. Na década de 1580, o tráfico negreiro já
era uma atividade bem estabelecida no Brasil e teve sua atuação aumentada no período minerador.
Depois que o Brasil conquistou a sua independência, em 1822, o tráfico de africanos foi intensificado até a sua proibição definitiva, e, durante todo o
período de existência desse negócio, o Brasil foi o país que mais recebeu africanos para a escravização no mundo. A quantidade de africanos trazidos para o
Brasil e para a América é alvo de intenso estudo de historiadores.
O historiador Boris Fausto afirmou que cerca de 4 milhões de africanos foram trazidos forçadamente para o Brasil. Thomas Skidmore, apresentando
dados de Philip B. Curtin, fala que o total de africanos trazidos foram de 3,65 milhões. A revisão desses números levou os historiadores à conclusão de que o
total de escravos trazidos aproximou-se dos 5 milhões.
As historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling afirmaram que o número de africanos trazidos para cá foi de 4,9 milhões. Já Felipe Alencastro afirma
que esse número foi de 4,8 milhões. Essas duas últimas estatísticas mencionadas são as mais recentes dentro da produção historiográfica. Estima-se que entre
11-12 milhões de africanos foram trazidos para a América.
As regiões das quais a maior quantidade de africanos foi trazida para o Brasil foram Senegâmbia (Guiné), durante o século XVI, Angola e Congo,
durante o século XVII, e Costa da Mina e Benin, durante o século XVIII. Durante o século XIX, os ingleses proibiram o Brasil de traficar africanos de locais
acima da linha do Equador.
Ao todo, Angola correspondeu a 75% do total de desembarques de africanos no Brasil, e na primeira metade do século XIX, um grande número dos
africanos enviados ao Brasil eram de Moçambique. Os povos dos quais os africanos vieram foram variados, destaque para bantos, nagôs, hauçás, jejes etc.
Os colonos tinham preferência por escravos de diferentes povos, pois isso dificultava a possibilidade desses de se organizarem e de se rebelarem contra
a escravidão. Os locais que mais recebiam desembarque de africanos escravizados foram Rio de Janeiro, Salvador e Recife, e depois poderiam ser comprados e
enviados para diferentes locais do Brasil, como Fortaleza e Belém, por exemplo.
O escravo era um item com um preço bastante elevado, e o historiador Boris Fausto informou que um colono levava de 13 a 16 meses para recuperar o
valor que era gasto. Depois que iniciou o ciclo de mineração, o preço do escravo subiu e passaram a ser necessários cerca de 30 meses de trabalho para que o
valor gasto fosse recuperado.
Os traficantes pagavam impostos na alfândega instalada nos portos por cada africano que tivesse idade superior a três anos e na venda do africano.
Informações como sexo, idade e origem eram relevantes. Os africanos escravizados eram comprados para trabalhar na lavoura, engenhos ou mesmo em
trabalhos domésticos. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, um grande volume de africanos foram enviados para trabalhar nas minas.
O tráfico negreiro existiu no Brasil até 1850, após um longo período, e a proibição desse negócio só aconteceu pela pressão dos ingleses e pela ameaça
de guerra contra a Inglaterra por conta do Bill Aberdeen. Essa lei inglesa de 1845, permitia às embarcações britânicas invadir as águas territoriais do Brasil para
caçar navios negreiros.
A proibição do tráfico negreiro aconteceu por meio da Lei Eusébio de Queirós, aprovada no ano de 1850, e com ela o governo iniciou uma forte
repressão ao tráfico, fazendo com que essa prática acabasse rapidamente. Após a aprovação da lei, cerca de 6900 escravos foram desembarcados no Brasil até
1856 e depois disso a atividade acabou definitivamente.

Você também pode gostar