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Como começou

A escravidão no Brasil tem como ponto de partida a década de 1530, período em que os portugueses
deram início ao processo colonizatório. Até então, a ação desses havia sido baseada na exploração do pau-brasil,
e o trabalho dos indígenas era realizado por meio do escambo. Assim, os indígenas interessados derrubavam as
árvores, levavam até a costa e então eram pagos com objetos oferecidos pelos portugueses.
Em 1534, porém, Portugal implantou na América portuguesa o sistema de capitanias hereditárias e
começou a ser incentivado o desenvolvimento de engenhos de produção do açúcar. Essa era uma atividade mais
complexa e que demandava uma grande quantidade de trabalhadores. Como os portugueses consideravam o
trabalho braçal uma atividade inferior, a solução encontrada foi escravizar a única mão de obra disponível
naquele momento: os indígenas.

Escravização dos indígenas

Os indígenas foram a principal mão de obra dos portugueses até meados do século XVII, quando, de
fato, os escravos africanos começaram a tornar-se a maioria desse tipo de trabalhador no Brasil. A escravização
dos indígenas, apesar de mais barata, foi, na visão dos portugueses, conturbada e problemática.
O historiador Stuart Schwartz afirma que os indígenas mostravam-se relutantes em realizar trabalho
contínuo na lavoura porque, na visão deles, era um “trabalho de mulher”, além do fato de que a cultura indígena
não possuía a concepção de trabalho contínuo. Outro fator que tornava a escravização de indígenas complicada
para muitos foram os conflitos entre colonizadores e jesuítas. Isso acontecia porque os jesuítas posicionavam-se
contra a escravização dos indígenas, pois enxergavam-lhes como grupo a ser catequizado.
Assim, os colonos que escravizavam indígenas podiam sofrer problemas jurídicos devido à atuação dos
jesuítas. A pressão realizada pelos últimos, para que a escravização dos indígenas fosse cessada, levou a Coroa
portuguesa a decretar a proibição dessa escravização. Apesar da lei, a escravização de indígenas continuou,
sobretudo em locais nos quais não havia grande número de escravos africanos, como São Paulo, Paraná e
Maranhão.
A escravização de indígenas também encontrou obstáculos devido à alta taxa de mortalidade desse
grupo em decorrência da presença portuguesa na América. Essa alta mortalidade acontecia por causa de questões
biológicas, de guerras travadas entre grupos indígenas e motivadas pelos portugueses, além de guerras contra a
própria escravização e quem os escravizava etc.
Os indígenas eram conhecidos pelos portugueses como “negros da terra”, e o preço do escravo
indígena, em relação ao africano, era, em média, três vezes menor. Na década de 1570, um escravo indígena
custava cerca de sete mil-réis, enquanto um escravo africano tinha o custo geral de 20 mil-réis.
Por fim, é importante mencionar que, apesar da chegada dos escravos africanos ao Brasil, por volta da
década de 1550, os indígenas continuaram sendo a principal mão de obra na economia açucareira aqui instalada
até meados do século XVII. Na década de 1590, por exemplo, cerca de 2/3 dos escravos no Brasil eram indígena
Foi a prosperidade da economia açucareira que fez alguns lugares, como Bahia e Pernambuco, possuírem uma
grande quantidade de escravos africanos."

Escravização dos africanos


Por meio do tráfico negreiro, 4,8 milhões de africanos foram enviados para o Brasil como escravos.Os
primeiros africanos começaram a chegar ao Brasil por volta da década de 1550, inicialmente, por meio do tráfico
ultramarino, também conhecido como tráfico negreiro. Os portugueses, desde o século XV, possuíam feitorias na
costa africana, mantinham relações com povos africanos e realizavam a compra desses indivíduos para
escravizá-los, por exemplo, na Ilha da Madeira.
A razão para a prática do tráfico negreiro foram a já mencionada necessidade contínua da colônia por
trabalhadores escravos e os altos lucros que essa atividade rendia para os envolvidos.
A migração para o uso do escravo africano aconteceu, pois, só o tráfico de escravos africanos fornecia
um abastecimento internacional de mão de obra em grande escala e relativamente estável, que acabou por fazer
dos africanos escravizados as vítimas preferenciais| Assim, por meio do tráfico negreiro e ao longo de mais de
300 anos, cerca de 4,8 milhões de africanos foram desembarcados no Brasil.
O trabalho dos africanos, concentrado na economia açucareira, era duríssimo e pautado na violência. A
jornada de trabalho poderia estender-se por até 20 horas de trabalho diário.
Nas moendas, era comum que os escravos perdessem suas mãos ou braços, e nas fornalhas e caldeiras,
eram comuns as queimaduras. Nessa última etapa, o trabalho era tão pesado que os escravos utilizados nela,
geralmente, eram os mais rebeldes. Era comum que os grandes engenhos possuíssem por volta de 100 escravos,
lembrando que os escravos africanos só se tornaram a maioria em meados do século XVII.
Ao fim do dia, os escravos eram reunidos na senzala e lá eram monitorados para que não fugissem (os
indígenas dormiam em ocas e não na senzala). Eles tinham uma alimentação muito pobre e insuficiente, e parte
de sua sobrevivência dependia da pequena plantação de subsistência que possuíam, mas só tinham o domingo
para poderem cuidar dessa plantação.
Existiam escravos que trabalhavam no campo, nas residências e nas cidades. Os do campo eram
extremamente mal vestidos, e muitos não tinham contato direto com seu senhor, apenas com o feitor. Os
escravos domésticos tinham roupas melhores e contato direto com o senhor e sua família. Os escravos urbanos
trabalhavam em diferentes ofícios.
A violência era algo rotineiro na vida dos escravos, e o tratamento violento dedicado a eles tinha o
intuito de incutir-lhes temor de seus senhores. Esse medo visava mantê-los conformados com a sua escravização
e impedir fugas e revoltas. Uma punição muito comum aplicada sobre eles era o “quebra-negro”, que
ensinava-os a sempre olharem para baixo na presença de seus senhores.
Além disso, muitos escravos podiam ser acorrentados, para evitar que fugissem, e usar uma máscara de
ferro, conhecida como máscara de flandres, colocada neles para impedir que engolissem diamantes (nas regiões
mineradoras), se embriagassem, ou mesmo cometessem suicídio por meio da ingestão de terra.
Escravos rebeldes e que fugissem também poderiam ser acorrentados no tronco e chicoteados (alguns o
eram até a morte).Ao longo dos 300 anos de escravidão, os escravos africanos realizaram inúmeras ações de
resistência.

Navio negreiro era o nome pelo qual ficou conhecido o barco que transportavam os negros destinados
ao trabalho escravo no continente americano entre os séculos XVI e XIX. O primeiro embarque registrado de
africanos escravizados ocorreu em 1525 e o último em 1866.
Tráfico Negreiro

Até o início do século XVIII, antes das leis que começaram a proibir o comércio de escravos, os negros
era tratados como uma mercadoria semelhante a qualquer outra.
Assim, os escravizados eram transportados nos porões dos navios onde permaneciam confinados em
viagens que poderiam durar dois meses, até a chegada ao destino.
Eram embarcados à força e aprisionados em porões que mal davam para permanecerem sentados. Os
africanos escravizados eram mantidos nus, separados por sexo e os homens permaneciam acorrentados a fim de
evitar revoltas. Já as mulheres, sofriam violência sexual por parte da tripulação.
Por vezes era permitido que pequenos grupos subissem ao convés para um banho de sol. Havia também
o sadismo por parte da tripulação que obrigava os escravizados a dançarem ou os submetiam a humilhações
diversas.
Calcula-se que, de 1525 a 1866 12,5 milhões de indivíduos (estima-se que 26% eram ainda crianças)
foram transportados como mercadoria para os portos americanos.
Destes, cerca de 12,5% (1,6 milhão) não sobreviveram à viagem. É importante ressaltar que este
número se refere apenas a quem morreu ainda durante a viagem.Esse foi o maior deslocamento forçado da
história registrado até o momento.

Doenças

As principais causas de mortes estavam relacionadas a problemas gastrointestinais, escorbuto e doenças


infectocontagiosas - que também atingiam a tripulação.

Revoltas

Outro fator que contribuía para o elevado número de mortes eram os castigos aplicados aos revoltosos.
Grande parte dos escravos era obrigada a presenciar a punição a fim de que eles fossem persuadidos de não
tentarem o mesmo.
A mais conhecida foi a do navio "Amistad" em 1839 que teria sua estória levada ao cinema. No entanto,
outras revoltas como a do barco "Kentucky", de 1845, foi sufocada e todos os negros jogados ao mar.
Os escravos eram conseguidos por traficantes que obtinham os prisioneiros comprando-os, caso fossem
prisioneiros de guerra, ou por meio de emboscadas realizadas pelos próprios traficantes. Os africanos, após terem
sido feitos prisioneiros, eram levados a pé até os portos onde seriam revendidos para os portugueses (ou outros
europeus). Nesses portos, os africanos eram marcados com ferro quente para identificá-los de qual comerciante
eram.
Nesses portos, os africanos prisioneiros eram trocados por alguma mercadoria valiosa, que poderia ser
tabaco, cachaça, pólvora, entre outros. Depois de vendidos para algum comerciante europeu, os africanos
embarcavam no navio que os transportaria para a América ou Europa. Esse navio era chamado de tumbeiro, pelo
fato de ser um local onde muitos dos escravos embarcados morriam.

como os escravos eram tratados


Os escravos se alimentavam de forma precária, vestiam trapos e trabalhavam em excesso.Trazidos da
África para trabalhar na lavoura, na mineração e no trabalho doméstico, os escravos eram alojados em galpões
úmidos e sem condições de higiene, chamados senzala.
Além disso, eles viviam acorrentados para evitar fugas, não tinham direitos, não possuíam bens e
constantemente eram castigados fisicamente.

Quais eram as formas de resistência dos escravos

Entre as diferentes formas de resistência dos escravos podem ser mencionadas as fugas coletivas, ou
individuais, as revoltas contra feitores e seus senhores (que poderia ou não ter o assassinato desses), a recusa em
trabalhar, a execução do trabalho de maneira inadequada, criação de quilombos e mocambos.
Também havia a capoeira, que era considerada uma forma de resistência, diferente do fenômeno
urbano do século 19. Os negros colocavam navalhas nas pontas dos pés e giravam para cortar o pescoço de
policiais e autoridades.

A falsa abolição

A Lei Áurea foi decretada em 13 de maio de 1888, depois ter sido aprovada no Senado e assinada pela
princesa Isabel. Essa lei decretou a abolição definitiva e imediata da escravatura no Brasil e foi resultado da forte
pressão popular sobre o Império. Por meio dela, cerca de 700 mil escravos conquistaram sua liberdade.
A Lei Áurea – abolição da escravatura – , trouxe consigo duas consequências principais:a ausência de
políticas públicas para inclusão da população negra até então escravizada.o apagamento da resistência negra, que
se deu pela exaltação da imagem da princesa Isabel, a despeito do esforço de pensadores negros abolicionistas
daquele tempo que por muito foram esquecidos da história, como Luiz Gama, Joaquim Nabuco, André Rebouças
e José do Patrocínio

Quilombos

Eram comunidades formadas por africanos escravizados e seus descendentes. Eles eram locais onde os
escravos fugidos poderiam desenvolver uma vida em liberdade, buscando meios para garantir a própria
sobrevivência, estabelecendo laços comerciais com moradores próximos, instigando outros escravos a fugirem e
procurando, muitas vezes, reconstruir um estilo de vida parecido com o que possuíam no continente africano.

Zumbi de palmares

Zumbi dos Palmares foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares e ficou conhecido por ter liderado a
resistência do quilombo contra os ataques portugueses, no século XVII.
Ele seria o homem de confiança do importante chefe Ganga-Zumba e trabalhava como uma espécie de
general dos exércitos de Palmares. Os historiadores não conseguem afirmar com certeza absoluta se Zumbi veio
do próprio quilombo e, portanto, era livre, ou então se era escravo e fugiu para lá, porque os documentos são
escassos sobre o assunto.

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