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INTRODUÇÃO

Este trabalho aborda sobre A Mão-de-Obra Africana na Economia Colonial, tema este,
aplicado pelo Professor de História nomeadamente Nsimba Garcia. O mesmo pretende abordar
os factos diretamente relacionados à este assunto de grande destaque nas épocas passadas até aos
dias de hoje.
Sabe-se que a substituição da mão-de-obra escrava indígena pela africana ocorreu,
progressivamente, a partir de 1570. As principais formas de resistência indígena à escravidão
foram as guerras, as fugas e a recusa ao trabalho, além da morte de uma parcela significativa
deles.
Com este trabalho iremos explicar o porquê destes acontecimentos e como ocorreram. Ao
longo do trabalho será possível constatar os seguintes subtemas: a escravidão de indígenas, a
mão de obra africana, o ciclo do açúcar, a crise do ciclo do açúcar.
Em suma, espera-se o máximo aproveitamento por parte de todos os ouvintes!

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A ESCRAVIDÃO DE INDÍGENAS
A escravidão indígena existe desde os primórdios da colonização portuguesa no Brasil,
sobretudo entre os anos de 1540 até 1570. Trata-se de uma alternativa à mão de obra africana
durante todo o período do Brasil Colônia.
Contudo, como os indígenas eram considerados súditos da Coroa portuguesa, escravizá-
los era relativamente polêmico. Mesmo assim, isso era legalmente possível e foi prática
recorrente até o final do século XVIII.
No início da colonização, a mão de obra indígena era utilizada na extração do pau-brasil.
Era recompensada pelo escambo de alguns objetos, tais como facões e espelhos ou até
aguardente.
Posteriormente, os índios passaram a ser capturados e empregados em pequenas lavouras
ou na coleta de “drogas do sertão”.
Como os escravos africanos eram caros demais para aqueles que possuíam terra e a
demanda por mão de obra somente crescia, a escravidão indígena tornou-se uma alternativa.
Os senhores de engenho passaram a recorrer à escravização de índios por meio de
expedições conhecidas como “bandeiras de apresamento”.
Entretanto, impedimentos legais foram surgindo a partir do século XVI. Conforme a lei, o
índio somente poderia ser escravizado em situações de “Guerra Justa”, ou seja, quando eram
hostis aos colonizadores.
Apenas o Rei poderia decretar uma “Guerra Justa” contra uma tribo, apesar de que
Governadores de Capitanias também o tenham feito.
Além disso, outra forma de obter escravos indígenas era comprando os prisioneiros de
conflitos entre as tribos nas guerras intertribais, na chamada “compra à corda”.
Não obstante, a mão de obra indígena era muito valorizada na povoação do território ou
para ocupar fronteiras. Era utilizada em larga escala em combates, para conter escravos africanos
ou para auxiliar os capitães do mato na captura de escravos fugidos.
Por fim, a escravidão indígena foi suplantada pela africana, pois se acreditava que os
índios não suportavam o trabalho forçado e acabavam morrendo.
Isso acontecia em decorrência do trabalho pesado ou vítimas de epidemias contraídas do
contato com o homem branco, gripe, sarampo e varíola.
Atualmente, sabe-se que os indígenas eram muito rebeldes, mesmo quando eram punidos,
além da possibilidade de fugirem para a mata, onde conheciam o território melhor que o
colonizador.

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A MÃO-DE-OBRA AFRICANA
Devido a origem e a grande demanda, a cana-de-açúcar por ser tropical, ou seja,
adaptável à algumas regiões do Brasil era uma boa investida dos portugueses para o mercado
externo, e foi baseado no interesse mercantilista que a escravidão surgiu como a melhor opção
para a produção do açúcar, para render muito lucro aos portugueses a alternativa foi:
escravizar índios nativos do Brasil e negros trazidos da África, eles eram considerados seres
imaturos e inferiores.
De um lado estavam os índios escravizados, utilizados em massa em pequenas e médias
produções, sendo quase todas voltadas para o consumo próprio da colônia. Do outro estavam os
negros escravos e seus descendentes utilizados nas atividades, como a produção de açúcar
e a mineração. Além disso, no século X VI, o valor do escravo africano era baixo, e ter
escravos representava investimentos, pois após alguns anos o proprietário supria seus gastos
e desfrutava dos anos de serviços de seus escravos. Foi assim que no século XV I, a
escravização indígena foi substituída pelos negros africanos, simplesmente por duas razões :
 A primeira era a fragilidade que os indígenas possuíam em relação às epidemias que se
faziam presentes nos engenhos de açúcar.
 A segunda se deu pela grande concentração de dinheiro resultante do tráfico
transatlântico de africanos.
O transporte era feito da África para o Brasil nos porões dos navios negreiros, muitos
morriam durante essa viagem ou adoeciam. Quando chegavam, os africanos mais fragilizados,
que haviam contraído doenças, ficavam em galpões durante uma quarentena, os mesmos
recebiam uma alimentação especial para se recuperar.
Assim que estivessem mais fortes, eram levados para os mercados onde seriam
comprados. Nas fazendas de açúcar, os escravos eram tratados de forma inadequada.
Trabalhavam muito, cerca de 12 à 18 horas por dia, sendo vigiados por capatazes, eles recebiam
apenas trapos de roupa e possuíam uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites
nas senzalas e eram constantemente castigados fisicamente, se não suprissem a demanda
decretada de produção.
O que parece ter sido decisivo na substituição da mão de obra indígena pela africana foi a
combinação de três fatores: um crescente decréscimo da população indígena (nos anos 1540,
mais pela guerra; nos anos 1560, mais por pestes e epidemias), a multiplicação dos engenhos
necessitados de cativos e as boas relações dos portugueses com dirigentes e comerciantes
africanos envolvidos com o mercado de escravos.
Escravos africanos, ainda em pequeno número, já viviam no Brasil em meados do século
XVI.  O tráfico transatlântico de pessoas logo se tornaria um dos mais lucrativos ramos do
comércio colonial. Estima-se que cerca de 10 milhões de africanos chegaram vivos na América
durante o tempo em que o tráfico transatlântico fez circular os navios negreiros.
Segundo o historiador Boris Fausto, morreram em torno de 60 mil índios, entre os anos
de 1562 e 1563. As causas eram doenças contraídas pelo contato com os brancos, especialmente
os jesuítas: sarampo, varíola e gripe, para as quais não tinham defesa biológica. Outro fator
bastante importante, se não o mais importante, na substituição de mão-de-obra indígena pela
africana, era a necessidade de uma melhor organização da produção açucareira, que assumia um

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papel cada vez mais importante na economia colonial. Para conseguir dar conta dessa expansão e
demanda externa, tornou-se necessária uma mão-de-obra cada vez mais especializada, como a
dos africanos, que já lidavam com essa atividade nas propriedades dos portugueses, na Ilha da
Madeira, litoral da África.
Nessa época, a Coroa começou a tomar medidas contra a escravização dos indígenas,
restringindo as situações em que isso poderia ocorrer, como: em "guerras justas", isto é, conflitos
considerados necessários à defesa dos colonos, que assim, poderiam aprisionar e escravizar os
indígenas, ou ainda a título de punição pela prática da antropofagia. Podia-se escravizá-los,
também, como forma de "resgate", isto é, comprando os indígenas aprisionados por tribos
inimigas, que estavam prontas a devorá-los.
Ao longo desse processo os portugueses já tinham percebido a maior habilidade dos
africanos, tanto no trato com a agricultura em geral, quanto em atividades especializadas, como o
fabrico do açúcar e trabalhos com ferro e gado. Além disso havia o fato de que, enquanto os
portugueses utilizaram a mão-de-obra indígena, puderam acumular os recursos necessários para
comprar os africanos. Essa aquisição era considerada investimento bastante lucrativo, pois os
escravos negros tinham um excelente rendimento no trabalho.

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O CICLO DO AÇÚCAR
O açúcar comum é resultado de um processo de transformação que foi desenvolvido por
volta do século VI a.C. a partir da cana-de-açúcar. As Cruzadas foram responsáveis pelo
acesso dos povos europeus a essa iguaria, que passou a ser muito apreciada. Por volta do
século XII, a então República de Veneza passou a dominar seu processo de produção e abastecer
a Europa.
O que podemos chamar de revolução do mercado açucareiro só ocorreu a partir das
expansões marítimas europeias por meio, sobretudo, do Oceano Atlântico, no contexto
do mercantilismo. Pequenas ilhas passaram a comportar estruturas de produção açucareiras.
Portugal passou a desenvolver a produção de açúcar em maior escala a partir de meados
do século XV, nos territórios da Ilha da Madeira, Açores e Cabo Verde. Portanto, antes dessa
produção chegar às colônias nas Américas, por volta do século XVI, os portugueses já
dominavam as técnicas de produção do açúcar, inclusive com a implementação da mão de obra
escrava.
Após o estabelecimento dos portugueses, em 1500, na terra em que seria chamada de
Brasil, a produção do açúcar não foi implementada a princípio. Até 1530, consolidou-se o que
ficou conhecido como Ciclo do Pau-Brasil, no qual a madeira que  concede o nome ao ciclo era
o principal produto comercializado entre a colônia e a metrópole.
Foi somente a partir da expedição colonizadora designada pelo Império Português a
Martim Afonso de Sousa, entre 1530 e 1532, que a produção do açúcar passou a se desenvolver
no Brasil, tornando-se, depois, a base da economia colonial até o século XVIII e
caracterizando o que ficou conhecido como Ciclo do Açúcar.
Com a expansão marítima e a descoberta de novos territórios nas Américas pelos
espanhóis e portugueses, outras nações, como França, Holanda e Inglaterra, despertaram o
interesse em promover suas próprias conquistas e participarem ativamente de todo o comércio
decorrente disso. Essa nova configuração ditou o desenvolvimento econômico e político dos
principais países europeus entre os séculos XV e XVIII, dentro do contexto do que ficou
conhecido como mercantilismo, o conjunto de práticas econômicas adotado pelas nações
europeias entre o século XV e o século XVIII.
Nesse sentido, Portugal começou a sentir seu império ultramarino ameaçado, sobretudo
pela França e pela Holanda, que, entre os séculos XVI e XVII, chegaram a invadir as terras
brasileiras e estabelecerem, mesmo que momentaneamente, projetos de colonização.
Para conter essas ameaças, por volta de 1530, a Coroa portuguesa decidiu enviar uma
campanha oficial para o Brasil com o objetivo principal de mapear e demarcar o seu território e
estabelecer uma administração colonial.
A partir de então, a produção de açúcar passou a desempenhar um papel fundamental sob
diversos aspectos de todo o sistema colonial português. Além do seu impacto na alimentação, na
colônia e também no mundo, sua produção em grande escala permitiu maiores acessos ao

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produto. Todo o seu sistema de produção acabou formando também as bases sociais de todo o
período e possui heranças até os dias de hoje.
Sob a lógica do mercantilismo, Portugal estabelecia uma série de normas e regras às
suas colônias com o objetivo de manter uma exclusividade comercial tanto na compra de
matérias-primas a preços baratos quanto na venda de produtos manufaturados a preços mais
elevados. Esse conjunto de regras e normas ficou conhecido como Pacto Colonial.
Os engenhos eram unidades produtivas que estruturaram boa parte da sociedade
colonial. Eram instalados em latifúndios, concedidos a donatários pelo Império Português por
meio sistema de sesmarias. A mão de obra utilizada era predominantemente escravagista.
Em um primeiro momento, entre o século XVI e o início do XVII, os indígenas foram
utilizados como mão de obra escrava. Contudo, uma série de problemas começou a se colocar
frente à escravização indígena. Os primeiros contatos com diferentes povos nativos e
complicações como epidemias e choques culturais dificultavam o apresamento desses povos. Ao
mesmo tempo, os jesuítas, que chegaram em missão à colônia brasileira em meados do século
XVI, passaram a se opor à utilização dos índios para trabalhos forçados.
Diante dessas dificuldades, o tráfico negreiro possibilitou a substituição da mão de
obra indígena pelos africanos escravizados. A escravidão africana, os latifúndios e a
monocultura de exportação passaram a ser as bases do sistema que ficou conhecido
como plantation.

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A CRISE DO CICLO DO AÇÚCAR
Somada às condições naturais favoráveis e ao conhecimento técnico, também devemos
frisar que a produção de açúcar foi escolhida pela alta demanda que o produto tinha no mercado
europeu. Dessa forma, observamos que a indústria açucareira representava perfeitamente a lógica
do colonialismo, onde a metrópole se dispunha das terras dominadas para buscar lucro e explorar
as mesmas, em função das necessidades do mercado externo.
Não tendo condições de arcar com os altos investimentos exigidos pela fabricação de
açúcar, os portugueses realizaram uma sólida parceria com os comerciantes holandeses. Em
suma, os mercadores da região flamenca recolhiam o açúcar que chegava à cidade de Lisboa e
realizava a distribuição do produto em várias regiões da Europa, como França, Inglaterra e no
Báltico. Em outros casos, os holandeses participavam da produção açucareira oferecendo
empréstimos para a construção de engenhos no Brasil.
Na medida em que ofereceu um significativo retorno financeiro, a Coroa Portuguesa
estabelecia isenções de tributos e outros privilégios que buscavam facilitar a produção dos
senhores de engenho. Em pouco tempo, podemos ver que o produto conquistou o mercado
europeu e ocupou novos espaços no ambiente colonial brasileiro. Na década de 1570, estima-se
que já havia cerca de 60 engenhos construídos ao longo do território. Já em 1627, novos dados
indicavam praticamente o quádruplo dessas instalações.
Alcançando a segunda metade do século XVII, vemos que o triunfo alcançado pelo
açúcar já não era mais o mesmo. Nessa época, os holandeses foram expulsos da região Nordeste
– principal polo de fabricação do açúcar brasileiro – para empreender o cultivo de cana-de-
açúcar nas Antilhas. Nesse contexto, Portugal não conseguiu fazer frente ao preço e à qualidade
mais competitiva do açúcar antilhano. De tal modo, a produção açucareira entrara em crise.
Diante das dificuldades que a economia açucareira passou a sofrer,  outro acontecimento
acabou por minimizar a importância do cultivo da cana-de-açúcar: a descoberta do ouro, no final
do século XVII. Dada a importância do metal como reserva de valor, sobretudo no
mercantilismo, a produção do açúcar, longe de acabar, deixou de ter a importância de outrora,
dando início, portanto, ao Ciclo do Ouro.

10 | P á g i n a
CONCLUSÃO
Com a realização deste trabalho concluímos que com o trabalho escravo vindo da África
sendo vantajoso financeiramente e atraente para os senhores de engenho do Nordeste, o tráfico
negreiro intensificou-se para essa região, e, dessa forma, a escravidão indígena foi sendo
substituída pela mão de obra negra.
 A substituição da mão de obra dos indígenas pela dos africanos foi uma tendência que
aconteceu em toda a América. No caso da América Portuguesa, essa migração não foi uniforme e
cada local teve fatores específicos que contribuíram para uma migração mais rápida ou mais
lenta. A migração para a mão de obra escrava de africanos deu-se com o crescimento de um
comércio que atravessou séculos: o tráfico negreiro.
A substituição do indígena pelo africano está diretamente relacionada com a necessidade
contínua por trabalhadores escravizados e com a diminuição da disponibilidade dos indígenas.

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AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente, a Deus, por ter nos dado a grande oportunidade de estudar
e ter a chance de realizar grandes conquistas em nossas vidas. Agradecemos também aos nossos
pais, que nos incentivaram de todas as maneiras e sempre nos apoiaram em todos os momentos.
Agradecemos ao Professor pela oportunidade concedida para testar os nossos
conhecimentos, que será sempre bem-vinda.
É de agradecer á todos que participaram do trabalho directa e indirectamente, e por fim
muito obrigada à todos!

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BIBLIOGRAFIA
https://brasil-colonia.info/economia-colonial.html
https://www.todamateria.com.br/escravidao-indigena-no-brasil-colonial/
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/escravidao-indigena.htm
https://histriadobrasilead.blogspot.com/2011/11/mao-de-obra-africana.html
https://www.passeidireto.com/arquivo/43776262/a-mao-de-obra-indigena-e-africana
https://www.studypool.com/documents/22035148/plano-de-aula-a-m-o-de-obra-ind-gena-e-
africana-na-constru-o-da-col-nia#_=_
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/escravidao-indigena-x-escravidao-
africana.htm
https://prezi.com/s9sijgd13tou/escravidao-indigena-e-africana/

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