Você está na página 1de 14

HISTÓRIA

O Escravismo
Colonial
FICHA CATALOGRÁFICA

Hamilton Milczvski Junior

História / MILCZVSKI JUNIOR, H. - FILADD.


SUMÁRIO

O ESCRAVISMO COLONIAL 6
INTRODUÇÃO 7
26. O ESCRAVISMO COLONIAL 8
26.1 O ESCRAVISMO AFRICANO 10
PARA FIXAR 12
REFERÊNCIAS 13
O ESCRAVISMO COLONIAL

PRÉ-REQUISITOS:
• mercantilismo e comércio
negreiro;

• formação colonial;

• exploração de mão de obra


escravizada como base
de sustentação do modelo
econômico colonialista.
O ESCRAVISMO COLONIAL
INTRODUÇÃO
O processo de escravismo não foi algo inédito em terras brasileiras no aden-
trar do século XVI, ou seja, não teria se iniciado a partir da chegada dos navega-
dores europeus, pois povos autóctones já faziam uso dessa prática desde o Ne-
olítico superior, em que os cativos eram espólios de guerras ou de conflitos entre
grupos rivais. A intensificação da ação escravista, bem como sua brutalização e
viés comercial em terras americanas, ocorreu devido às demandas decorrentes
da incursão de europeus colonizadores ao território.

A escravidão de indígenas foi a primeira tentativa da Coroa lusitana de explora-


ção de mão de obra no Brasil. No entanto, os portugueses encontraram inúmeras
dificuldades em capturar indígenas para esse fim, ou mesmo, mantê-los sob o
regime de escravidão. Logo, passou-se ao emprego da mão de obra escravizada
de negros vindos da África e, tendo em vista a lucratividade do comércio negreiro,
a escravidão indígena foi paulatinamente deixada de lado ou mesmo teve uma
queda acentuada, enquanto a africana se intensificava. (Mas cabe ressaltar que
a escravização indígena perdurou em diversas regiões do Brasil, mesmo com leis
proibitivas. O apresamento de nativos continuou ocorrendo de forma clandestina
por ação dos bandeirantes paulistas), e esse sistema escravista perdurou por
quase quatro séculos.

CURIOSIDADE
O escravismo é uma prática extremamente remota nas
comunidades humanas. A escravidão foi recorrente desde
as sociedades do Império Antigo no Egito (c. 2700 – 2200
a.C.), assim como na região da Mesopotâmia, sobretudo
na Suméria, por volta de 2.500 a.C.

Fale com o seu orientador sobre o seu progresso


e a melhor forma de estudo para você!

7
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender como se deu o processo de escravismo em terras brasileiras tan-


to de povos nativos quanto de africanos, os quais sofreram uma transmigração
forçada de sua terra natal para o território colonial luso.

• Entender o viés comercial e exploratório do processo escravista, bem como os


fatores que conduziram os colonizadores portugueses ao uso de tal recurso.

26. O ESCRAVISMO COLONIAL


Quando a esquadra cabralina desembarcou no Brasil, em 22 de abril de 1500,
buscava-se o empossamento das terras, reclamando-as para a Coroa portugue-
sa, e, como prática corriqueira desses navegadores, a descoberta de riquezas.
Devemos nos lembrar de que esse processo ocorreu no contexto mercantilista.
Concomitantemente, houve um primeiro contato com os aborígenes para co-
nhecer melhor a região. Logo, verificou-se a existência do pau-brasil, árvore de
ótimo valor comercial que passou a ser amplamente explorada. Porém, a mão de
obra utilizada para tal fim foi a nativa. Inicialmente, o contato entre europeus e
nativos foi pacífico e houve uma troca amonetária entre ambos, conhecida como
escambo, isto é, uma troca simples de bens (mas, na introdução de um proces-
so colonizatório mais efetivo, tal contexto se modificou, e os povos indígenas
passaram a ser escravizados. Nesse sentido, a população autóctone foi alvo de
exploração e subjugação, sendo forçada a trabalhar não apenas no processo de
extração da madeira, mas em plantações, na exploração de minérios e em outras
atividades econômicas.

A escravidão indígena se baseou na crença de que os nativos não eram se-


res humanos plenos, mas criaturas sem alma, uma vez que não eram cristãos e
que, nesse sentido, deveriam ser encaradas como uma espécie de propriedade
dos colonizadores. Isso resultou em um tratamento brutal e desumano, incluindo
violência física, exploração sexual e separação familiar. Contribuiu para tal fim a
chamada “Guerra Justa”, conceito de origem medieval (advindo de Santo Agos-
tinho) segundo o qual os cristãos que fossem atacados teriam o direito de se
defender dos outros povos e subjugá-los. Com a resistência indígena cada vez
maior contra os colonizadores/invasores, os europeus evocavam a Guerra Justa e
escravizaram tais populações. Nesse processo, os indígenas enfrentavam a per-
da de suas terras, supressão de sua cultura e desvalorização de suas tradições.
A imposição do trabalho forçado os expôs a várias doenças trazidas pelos euro-

8 HISTÓRIA
peus, levando a um declínio populacional significativo. Além desse fator, outras
ocorrências corroboraram para que os portugueses passassem da exploração
da mão de obra nativa para a africana, como a resistência sub-reptícia (desde
embriaguez até o suicídio), as fugas constantes para as selvas adjacentes, os
ataques aos aldeamentos e às vilas e a interferência dos jesuítas que, por volta
da segunda metade do século XVI, iniciaram várias missões catequizando os na-
tivos e se opondo à sua escravidão indiscriminada.

GLOSSÁRIO
Sub-reptícia: de forma velada, evasiva, uma ação
disfarçada ou escondida, agir de forma não evidente ou
furtiva.

Vale ressaltar que os jesuítas não eram contra todos os tipos de escra-
vidão, mas se opunham à escravidão que visava unicamente ao lucro, bem
como à de nativos já catequizados, pois a Igreja tinha interesses em conquis-
tar novos fiéis no continente americano, e os jesuítas disputaram os indígenas
com os colonizadores, gerando imensos conflitos entre esses dois setores.
No entanto, a brutalidade do sistema escravista e a superioridade numérica
e tecnológica dos europeus dificultaram a conquista da liberdade dos grupos
autóctones.

Utilize flashcards para anotar os conteúdos mais


relevantes deste tema!

9
BRUNIAS, A. ÍNDIOS ATRAVESSANDO UM RIACHO (O CAÇADOR DE ESCRAVOS). 1730-1796.
PINTURA. ÓLEO SOBRE TELA. 80,5 CM × 112,2 CM × 2,5 CM.

Fonte: Museu de Arte de São Paulo (2023).


#pratodosverem: óleo em tela retratando um local no meio da mata, com uma construção de
madeira ao fundo; ao centro, um homem de roupa branca parece dar ordens enquanto duas
mulheres indígenas atravessam um riacho com mercadorias nas costas. Ao redor, há outros
indígenas.

26.1 O ESCRAVISMO AFRICANO

Nesse ínterim, Portugal lucrava com o comércio de especiarias das Índias, e as


novas terras na América serviam de ponto de parada para as navegações vindas
da Europa para, em seguida, continuarem a viagem em direção a Ásia. Enquanto
isso, o comércio do pau-brasil foi mantido. Em decorrência do périplo africano a
caminho das Índias, os portugueses passaram a ampliar seus entrepostos, que
resultaram na criação de inúmeras feitorias, nas quais realizavam o comércio
com os nativos. O enfoque era a troca de mercadorias por escravizados, muitos
dos quais eram espólios de conflitos entre agrupamentos (rivais autóctones da
África). Com isso, a escravidão no continente africano se ampliou gradativamente
e, em 1535, chegou ao Brasil o primeiro navio negreiro.

Os africanos, capturados e comprados em diferentes regiões da África eram


trazidos em embarcações superlotadas e enfrentavam condições desumanas
durante a travessia do Atlântico. Esse processo é considerado a maior transmi-
gração forçada de toda a história humana. A chegada dos escravizados africanos
foi um fator determinante para o desenvolvimento da economia colonial, sobre-

10 HISTÓRIA
tudo para o estabelecimento da sociedade sacarocrática (baseada no comércio
do açúcar e na qual o poder se concentrava nas mãos dos Senhores de Enge-
nho), também conhecida como elite açucareira ou aristocracia rural brasileira.

Tratados de forma cruel, sofrendo castigos físicos e restrições na liberdade, os


africanos eram mantidos em propriedades agrícolas sob a supervisão de feitores.
Eram a base de sustentação para o funcionamento dos Engenhos. Apesar de a
resistência à escravidão ser constante, com fugas, rebeliões e criação de quilom-
bos — comunidades autônomas de escravizados fugidos —, o comércio negreiro
foi altamente lucrativo e se manteve por vários séculos. A abolição só ocorreria
em 13 de maio de 1888, quase quatro séculos após o início do processo colonial.
No entanto, a cultura e os conhecimentos trazidos pelos africanos influenciaram
profundamente a formação da sociedade brasileira.

Na imagem, vemos a representação de Anastácia, uma (escravizada) africana


que viveu no século XVIII e sobre a qual se originaram vários mitos populares.
Anastácia ganhou notoriedade por ter sido arredia às investidas de seu senhor,
que a puniu com uma mordaça, mais conhecida como máscara de Flandres, e
com o chamado libambo.

ANASTÁCIA ESCRAVIZADA, NA ILUSTRAÇÃO DE JACQUES ETIENNE ARAGO, FEITA EM 1839.

Fonte: ARAGO, J.; HORTET, O.; POMMERET, G. Souvenirs d' un aveugle: voyage autour du monde.
Paris: Hortet et Ozanne (1839).
#pratodosverem: na imagem, observa-se a figura de Anastácia, uma mulher negra amordaçada
com um colar de ferro em torno de seu pescoço.

11
GLOSSÁRIO
Libambo: gargalheira de ferro que se colocava no pescoço
de escravizados para prendê-los nas paredes de senzalas
ou para evitar que fugissem pelas matas, uma vez que
várias pontas poderiam se projetar da gargalheira, pesando
sobre o corpo e enroscando na vegetação.

PARA FIXAR
Durante nosso estudo, abordamos os fatores que foram determinantes para a
ocorrência do processo escravista no Brasil no decorrer do período colonial. Tan-
to a mão de obra indígena quanto africana foram exploradas, apesar de seu cruel
legado de infelizes desigualdades. Assim, seu estudo é de suma importância para
compreender o desenvolvimento e constituição do país.

JÁ ESTÁ ESTUDANDO HÁ UMA HORA?


Então, chegou o momento de seguir para a resolução
de exercícios! Vamos lá! Foco na aprendizagem ativa!

12 HISTÓRIA
REFERÊNCIAS
GOMES, L. Escravidão: da corrida do ouro em Minas Gerais até a chegada da
corte de dom João ao Brasil. São Paulo: Globo Livros, 2021. v. 2.

GOMES, L. Escravidão: da Independência do Brasil à Lei Áurea. São Paulo: Globo


Livros, 2022. v. 4.

GOMES, L. Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de


Zumbi dos Palmares. São Paulo: Globo Livros, 2019. v. 1.

PINSKY, J. A escravidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 2012.

13

Você também pode gostar