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A prática do 

tráfico negreiro pelos portugueses foi realizada entre os


séculos XV ao XIX. Nos anos iniciais, os africanos escravizados por
Portugal eram utilizados em serviços urbanos, sobretudo em Lisboa,
mas também nas atividades de plantio, como na produção de açúcar,
nas ilhas atlânticas de Portugal, a exemplo de Açores e Madeira.

O desenvolvimento do tráfico negreiro no Brasil está associado com a


instalação da produção açucareira que aconteceu no país, em
meados do século XV. Samuel Cardeal escreve no prefácio da obra O
Navio Negreiro, de Castro Alves, que na Bahia de 1585, o número de
africanos era estimado entre três a quatro mil. Segundo esse autor,
Guiné, Ilha de São Tomé, Congo, Angola e Moçambique eram os
mercados mais procurados para a aquisição dos escravos.

Ao analisarmos o contexto do continente Africano nesse período, é


possível observar diferentes formas de organizações sociais entre os
grupos étnicos. Havia impérios, como o de Songai, que durou até
aproximadamente o final do século XV, mas também tribos
autóctones.

Antigamente, nas aulas de história, pouco se ouvia falar sobre as


sociedades africanas, predominando uma imagem de um continente
uniforme, habitados por tribos. Mas a produção historiográfica sobre o
continente vem crescendo nos últimos tempos, sendo possível
encontrar livros gratuitos na internet sobre o tema, como a coletânea
História Geral da África, e o livro Desvendando a história da África.

Esse apanhado geral teve o objetivo de enfatizar a diversidade de


culturas que habitavam a África no período do tráfico de pessoas
escravizadas. Com isso, diferentes etnias que apresentavam elementos
culturais variados chegaram ao Brasil.

Estima-se que cerca de 280 etnias entraram no mercado de escravos.


Entre as colônias agrícolas da América portuguesa, o Brasil foi
destino de 40% dos africanos que compulsoriamente deixaram seu
continente para serem escravizados, totalizando cerca de 3,8 milhões
de imigrantes.

Alguns dos grupos escravizados que vieram ao Brasil estão os Minas,


Congos, Ombundos, Bacongos, Ovibundos, Monjolos, Balundos,
Jejes, Angolas, Anjicos, Lundas, Quetos, Hauças, Fulas, Ijexás,
Jalofos, Mandingas, Anagôs, Fons, Ardas, dentre muitos outros.
Destacando-se entre eles na nossa formação cultural atual as
populações de matriz Bantu, com origem na África Central e os
Iorubás, também denominados, Nagôs, oriundos da África Ocidental.

Os bantos são os grupos étnicos falantes do tronco linguístico banto,


habitantes principalmente da África Subsariana. Acredita-se que a sua
maioria tenha vindo dos atuais países da Nigéria e Camarões, e nos
primeiros séculos da era cristã se espalharam por todo o sul da África.
Sua migração forçada ao Brasil é datada desde o século XVI,
perdurando até o final da escravidão no Brasil.

Os Iorubás são os grupos étnicos falantes do tronco linguístico iorubá,


um dos maiores grupos linguísticos do continente africano em termos
populacionais, habitando principalmente o sudoeste da Nigéria, além
de outras comunidades presentes em Benim, Gana, Togo e Costa do
Marfim. Os registros históricos apontam um intenso tráfico de grupos
iorubás para o Brasil durante o século XVIII.

Depois desse breve panorama que objetivou pincelar sobre a


diversidade étnico-cultura do continente africano, voltemos a questão
apresentada. O texto fala sobre africanos escravizados do Recife que
praticavam o maometismo, mulçumanos. No Brasil, os negros
mulçumanos ficaram conhecidos como Malês, termo que lhes deve ser
conhecido pela Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia em 1835.

No excerto apresentado, esses grupos de africanos mulçumanos estão


requerendo ao chefe da polícia permissão para praticar o seu culto, se
fundamentando ainda na Constituição do Império. Assim a alternativa
correta é a letra B.

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