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O Kimbundu pertence ao grande grupo de família das línguas africanas designada por
"Bantu". Bantu significa pessoas e é o plural de muntu. Em kimbundo mutu é o nome
que significa pessoa, sendo o plural atu. Todas a línguas do grupo Bantu, possuem o
mesmo parentesco que notamos por exemplo entre as línguas neo-latinas, tendo sido por
isso mesmo enquadradas neste grupo (grupo Bantu). O povo Bantu faz referência aos
indivíduos pertencentes a este grupo linguístico, mas não constituem um grupo isolado
mas a união de vários povos ao qual pertencem segundo uma classificação feita pela
semelhança da linguagem. Portanto não devemos falar em língua Bantu e sim em
línguas Bantu, ou civilizações Bantu porque inúmeras são as línguas e as civilizações ou
povos que estão enquadrados neste grupo, tendo em comum somente o elo do
parentesco da linguagem que sugere pela grande semelhança, um tronco comum de
origem, mas que apresentam no entanto diversidades sociais, culturais e políticas,
mudanças essas ocorridas provavelmente ao longo do tempo. Esta semelhança da
linguagem, faz supor evidentemente uma língua e até mesmo um lugar-comum de
origem desses povos, que acabou por dar devido a circunstâncias históricas os diversos
grupos com seus costumes e línguas diferentes (embora identifiquemos o parentesco
linguistico). Actualmente o Kimbundu é falado por muitas pessoas. Chamamos de
Kimbundu, ou língua de Angola, por ser a língua geral do antigo reino de Ngola e ser a
primeira a ter a honra de ser estudada e traduzida pelos Europeus.
OBJECTIVOS
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os Mbundu, Ambundu ou ambundos são um grupo étnico do filo linguístico Bantu que
vive em Angola, na região que se estende da capital Luanda para Leste. A sua língua é
o Kimbundu ou quimbundo. Os Ambundu são o segundo maior grupo étnico Angolano,
representado cerca da quarta parte da população do país. Os seus subgrupos mais
importantes são os Luanda (ou Muxilwanda( Besangana), os Ambundu em sentido
restrito, os Kissama (Quissama), os Hungo, os Libolo, os Kibala (Quibala), os Ngola,
os Bângala (ou Imbangala), os Songo, os Chinje e os Minungo.
História
Boa parte dos mais de 4 milhões de escravos traficados para o estrangeiro entre os
séculos XVI e XIX (especialmente para o Brasil) eram Ambundu, já que este foi
o grupo étnico onde a secular presença portuguesa na "cabeça de ponte" de Luanda teve
mais impacto.
O desenvolvimento da cidade de Luanda como capital e principal centro industrial levou
a que muitos Ambundu se deslocassem para a capital, terminando na construção de
imensos musseques nos arredores da cidade e levando a que, por causa da pesada
presença dos portugueses e do grande número de mestiços lusófonos, o português se
sobrepusesse à língua nativa, levando a que, hoje, muitos Ambundu só saibam falar o
português.
Foi no tecido social constituído pela sociedade luandense e os Ambundu que começou a
desenvolver-se, no século XX, uma identidade social "nacional", isto é, um sentido de
pertença a Angola no seu conjunto. Gerou-se, em consequência disto, uma oposição à
ocupação colonial que, desde o início, teve uma perspectiva "nacionalista". Fundaram-
se, neste âmbito,[5] nos anos 1950, vários grupos de resistência anticolonial, dos quais o
mais importante, que absorveu ou eclipsou os outros, viria a ser o Movimento Popular
de Libertação de Angola. Embora este tivesse pouca margem para marcar uma presença
no complexo Ambundu-Luanda, durante a Guerra de Libertação (1961-1974), foi este
que constituiu a sua principal base social no conflito que eclodiu em torno
da descolonização do país, sendo uma das condições que lhe garantiram a vitória. O
mesmo sucedeu durante o período da Guerra Civil Angolana, de 1975 a 2002. Como
revelaram as eleições realizadas em 2008, esta ligação continua a ser expressiva no
período pós-colonial, marcado pelo domínio político do MPLA.
Quando os portugueses chegaram à foz do rio Zaire encontraram dois reinos, Kongo e
Ndongo. Ndongo foi fundado no início do século XVI, por um pequeno chefe
Kimbundo que possivelmente, controlava o comércio de ferro. Os primeiros Ngolas,
partindo da possível ligação com a arte do ferro, estenderam a autoridade do Ndongo
sobre diversos sobas. (Soba: do quimbundo, senhor de um distrito) para terminarem, em
meados do século XVI, ocupando as terras compreendidas entre os rios Dande, Lucala e
Cuanza.
O Nula Ndambi, que sucedeu o Inene e olhava com desconfiança os contactos com os
europeus, recebeu, em l560, uma embaixada portuguesa comandada por um jovem e
ambicioso nobre português, Paulo Dias de Novaes, e mais quatro jesuítas.
As relações entre a embaixada portuguesa e o Ngola ruíram-se a tal ponto que o único
jesuíta que continuava na região foi reduzido praticamente à escravidão e Paulo Novaes
foi colocado sob residência forçada. O jovem português, em melhores condições com
Ngola, voltou à corte em l566, com um carregamento de escravos e de marfim. Em
Portugal, Dias de Novaes convenceu o rei a conceder-lhe, como donatária, as terras
defronte à ilha de Luanda e os territórios orientais que conquistasse. Ele voltou em l575
como proprietário exclusivo das terras do manikongo e do Ngola.
A área sociocultural
Actividades
Tanto os do norte como os do sul do rio Kwanza são bons agricultores em estações
chuvosas, cujos produtos principais (mandioca, feijão, abóboras, legumes, frutas,
inhame , etc.) são a base da sua alimentação, servindo também para o comércio nas
kitanda (mercados populares onde se vende produtos diversos). Ao lado da agricultura,
dedicam-se igualmente à caça, à pesca fluvial, lacustre e do litoral.
Entre os Ngola e os Njinga manifesta-se o talento musical expresso em xilofones
(marimbas) curvos, de doze a trinta e duas teclas e cujas caixas-de-ressonância são
constituídas por cabaças. O som da marimba apaixona não só os seus tocadores mas
acima de tudo os bailarinos, tanto nos momentos de alegria (por exemplo nas
cerimónias de casamento, iniciação dos jovens ou na entronização dos seus soberanos)
como de infortúnio (mortes e outras calamidades).
“Não há momento mais doce e apreciável para se contemplar o modus vivendi dos
Axilwanda do que ver os pescadores a manejarem as nguya (agulhas), wanda (redes) e
cordão na concertação das armadilhas de pesca. Neste ofício, os pescadores apresentam-
se vestidos de um pano, mas com o tronco nu ou com camisola interior. A cabeça, regra
geral, é coberta com um pano em forma de turbante para se protegerem do sol”.
À pesca é dedicada uma cerimónia ritual conhecida como festa da Kyanda, uma
evocação e prece à Sereia, padroeira do mar, a fim de proporcionar aos seus cultores a
prosperidade e tranquilizar as forças do mar, as Kalema. Esse ritual que envolve
oferendas de bebidas, comida e flores que são atiradas ao mar, é de extrema
importância, pois não só participam os pescadores como também os anciãos e a
comunidade da Ilha em geral, e de Luanda em particular.
Os Kimbundu foram activos organizadores de estados e constam na sua história,
notáveis reis guerreiros.
Bibliografia
MELLO, António Brandão de. Breve história da rainha Zinga Mbandi, D. Ana de
Sousa. in: Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, série 63, nº 3 e 4 (1945),
p. 134-146.
MILLER, Joseph C., Kings and kinsmen: early Mbundu states in Angola, Oxford,
England: Clarendon Press, 1976