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LÍNGUAS
O português é a única língua oficial de Angola. Para além de numerosos dialectos, Angola possui
mais de vinte línguas nacionais.
A língua com mais falantes em Angola, depois do português, é o umbundo, falado na região centro-
sul de Angola e em muitos meios urbanos. É língua materna de 26% dos angolanos.
O quimbundo (ou kimbundu) é a terceira língua nacional mais falada (20%), com incidência
particular na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malanje e no Kwanza-Sul. É uma língua com
grande relevância, por ser a língua da capital e do antigo reino dos N'gola. Foi esta língua que deu
muitos vocábulos à língua portuguesa e vice-versa. O quicongo (ou kikongo) falado no norte, (Uíge
e Zaire) tem diversos dialectos. Era a língua do antigo Reino do Congo. Ainda nesta região, na
província de Cabinda, fala-se o fiote ou ibinda. O chocué (ou tchokwe) é a língua do leste, por
excelência. Têm-se sobreposto a outras da zona leste e é, sem dúvida, a que teve maior expansão
pelo território da actual Angola. Desde a Lunda Norte ao Cuando Cubango. Cuanhama (kwanyama
ou oxikwnyama), nhaneca (ou nyaneca) e mbunda são outras línguas de origem bantu faladas em
Angola.
No sul de Angola são ainda faladas outras línguas do grupo khoisan, faladas pelos san, também
chamados bosquímanos.
Kimbundu Ovimbundu
O Kimbundu
O kimbundu pertence ao grande grupo de família das línguas africanas designada por "bantu".
Bantu significa pessoas e é o plural de muntu. Em kimbundo mutu é o nome que significa pessoa,
sendo o plural atu. Todas a línguas do grupo Bantu, possuem o mesmo parentesco que notamos
por exemplo entre as línguas neo-latinas, tendo sido por isso mesmo enquadradas neste grupo
(grupo Bantu). O povo bantu faz referencia aos indivíduos pertencentes a este grupo linguistico,
mas não constituem um grupo isolado mas a união de vários povos ao qual pertencem segundo
uma classificação feita pela semelhança da linguagem. Portanto não devemos falar em língua
bantu e sim em línguas bantu, ou civilizações bantu porque inúmeras são as línguas e as
civilizações ou povos que estão enquadrados neste grupo, tendo em comum somente o elo do
parentesco da linguagem que sugere pela grande semelhança, um tronco comum de origem, mas
que apresentam no entanto diversidades socias, culturais e políticas, mudanças essas ocorridas
provavelmente ao longo do tempo. Esta semelhança da linguagem, faz supor evidentemente uma
língua e até mesmo um lugar comum de origem desses povos, que acabou por dar devido a
circunstancias históricas os diversos grupos com seus costumes e línguas diferentes (embora
identifiquemos o parentesco linguistico). Atualmente o Kimbundu é falado por muitas pessoas.
Chamamos de kimbundu, ou língua de Angola, por ser a língua geral do antigo reino de Ngola e ser
a primeira a ter a honra de ser estudada e traduzida pelos Europeus.
"Na literatura portuguesa e estrangeira esta lingua era conhecida até hoje sob o nome de "lingua
bunda", ao passo que entre os brancos de Angola é mais conhecida como "ambundo".
Cientificamente, porém, nem uma nem outra destas denominações é admissível: a primeira por ser
quase um termo obsceno na lingua que pretende designar, a segunda porque significa " os pretos"
e não a sua linguagem, ambas por não serem usadas pelos indigenas que falam a lingua em
questão. " Kimbundu" pelo contrário, é o termo vernaculo, dizendo os pretos de Angola, os a-
mbumdu: o kimbundu, em kimbundu, falar kimbundu, mas nunca falar ambundo ou bundo ou
bunda. Os vocábulos mu-mbundu, um preto, ou uma preta, a-mbundu, pretos ou pretas e ki-
mbundu, linguagem dos pretos constam como base comum mbundu e dos prefixos mu-, a-, ki-,
significando mu- pessoa, a- pessoas e ki linguagem. Concorda com isto com o que se nota nas
linguas da familia bantu, a qual peretence também o nosso kimbundu, sendo o prefixo ki- o que
mais se emprega nelas para designar linguagem. Algumas tribos pronunciam o txi- (tyi), xi-, si-,
isi-, se-, outras preferem-lhe os prefixos u- ou lu-, outras, mais raras, contentam-se com a base
sem acrescentamento de prefixo algum. Assim, sem sairmos da Provincia de Angola, os Congueses
ou Exi-Kongo chamam a sua lingua kixikongo, os habitantes do Bailundo e do Bihe, os I-mbundu, a
sua u-mbundu, ao passo que os Akua-Mbamba denominam o seu dialeto simplesmente "mbamba".
É pois nossa opinião que, se quisermos falar corretamente, devemos dizer "o kimbundu", "o
umbundu", mas não "a língua kimbundu ou umbundu", porque ki- e u- já significam língua. Não
recomendamos tampouco o uso de "lingua mbundu" a não ser que se lhe junte: De Angola ou de
Benguela (Bangela) para obviar a confusão que, de outra forma, seria inevitável."
A área sociocultural Kimbundu comporta variantes como axiluwanda, lwangu, temwa, puna,
ndembo, imbanga, holo, kari, xinji, minungu, bambeiros, kibala, hako, sende, ngola jinga, songo,
mbondo, kisama e libolo. Elas estão repartidas numa grande extensão entre o mar e o rio Kwangu,
excedendo para leste e transpondo para o sul e médio Kwanza, envolvendo as província de
Luanda, Bengo, Kwanza Norte, Malanje e partes do Kwanza Sul.
Tanto os do norte como os do sul do rio Kwanza são bons agricultores em estações chuvosas, cujos
produtos principais (mandioca, feijão, abóboras, legumes, frutas, inhame , etc.) são a base da sua
alimentação, servindo também para o comércio nas kitanda (mercados populares onde se vende
produtos diversos). Ao lado da agricultura, dedicam-se igualmente à caça, à pesca fluvial, lacustre
e do litoral.
Na Ilha de Cabo, mais conhecida por Ilha de Luanda, a comunidade aí residente conhecida como
Axilwanda dedica-se à actividade piscatória.
“Não há momento mais doce e apreciável para se contemplar o modus vivendi dos Axilwanda do
que ver os pescadores a manejarem as nguya (agulhas), wanda (redes) e cordão na concertação
das armadilhas de pesca. Neste ofício, os pescadores apresentam-se vestidos de um pano, mas
com o tronco nu ou com camisola interior. A cabeça, regra geral, é coberta com um pano em forma
de turbante para se protegerem do sol”.
Os Kimbundu foram activos organizadores de estados e constam na sua história, notáveis reis
guerreiros.
Segundo o historiador Cornelio Kaley, “o nascimento da criança inicia a primeira etapa em que a
comunidade inteira chama a presença dos espíritos dos antepassados. Essa presença realiza-se
através de um nome que pode traduzir as circunstâncias que envolveram o seu nascimento: o
tempo, a geografia, a calamidade, a fome ou abundância.
Quando o casal tenha tido crianças que não sobreviveram, o recém-nascido recebe um nome
qualquer que afugenta os espíritos”.
À semelhança dos outros povos bantu, o nome é a tradução da personalidade individual e colectiva
com todos os aspectos que identificam o seu detentor e também a família, pelo que a outorga do
nome constitui o primeiro passo da socialização.
A educação tradicional começa logo que a criança nasce, envolvendo não só os seus principais
tutores (pais), mas também a comunidade.
Os aspectos mais importantes são transmitidos aos jovens no Ondjangu, “… onde os mais velhos
trocam ideias e experiências e onde a juventude é convocada para aprender tudo o que se
relaciona com a vida. Ondjangu é uma instituição de ensino onde é moldada a personalidade
(muntu) do povo, de acordo com os hábitos e costumes da terra”. A introdução dos jovens do sexo
masculino no mundo dos segredos dos adultos que envolve toda a idiossincrasia umbundu ocorre
numa instituição de educação conhecida como Evamba que começa com o corte de prepúcios a
sangue frio, passando por um duro processo de aprendizagem de tudo o que satisfaz a vida,
diferentes testes de resistência, danças, cânticos, construção de máscaras (ovingandji) e termina
com o regresso à comunidade aldeã.