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1.

A noção de progresso sob interrogação

A definição de progresso parte do pressuposto de que a


humanidade avança historicamente para uma
civilização superior, delimitada pelo controle tecnológico sobre a
natureza, pela organização racional das relações sociais e pela autonomia

dos cidadãos, foi desafiado pelo contexto histórico


do século XX, estimulando reflexões que inspecionam de forma crítica
a confiança na emancipação das sociedades humanas pela via da razão.

Prof. Ms. Helder Pereira - Filosofia


E-mail: heldersantospereira@hotmail.com
A. O século XX e suas crises
• Crises capitalistas: um exemplo é a Grande
Depressão, deflagrada pela Quebra da Bolsa de Valores de Nova
York em outubro de 1929. A crise da década seguinte, decorrente da
superprodução e da especulação financeira;

• Guerras: a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda


Guerra Mundial (1939-1945) expressam a supremacia do belicismo;

• Regimes totalitários: caracterizados pela negação radical da


liberdade, pela supressão dos direitos individuais, perseguição
sistemática a determinados grupos sociais e extermínio planejado de
seres humanos.

• Problemas ambientais: no decorrer do século XX, evidenciam-se os


desequilíbrios ecológicos resultantes das intervenções humanas na
natureza. Prof. Ms. Helder Pereira - Filosofia
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Entre os filósofos comprometidos com o exame dos
problemas atinentes ao mundo contemporâneo, estão os intelectuais

vinculados à Escola de Frankfurt, instituto de pesquisas

fundado na Alemanha em 1923. Max Horkheimer (1898-


1973), Theodor Adorno (1903-1969), Herbert
Marcuse (1898-1979) e Walter Benjamin (1892-
1940) são alguns dos principais pensadores frankfurtianos.

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As esperanças da espécie humana parecem hoje mais distantes de serem realizadas do que mesmo nas

épocas ainda tateantes em que primeiro foram formuladas pelos humanistas. Parece que enquanto
o conhecimento técnico expande o horizonte da atividade e do pensamento
humanos, a autonomia do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade de
opor resistência ao crescente mecanismo de manipulação das massas, o seu
poder de imaginação e o seu juízo sofreram uma aparente redução. O avanço

dos recursos técnicos de informação se acompanha de um processo


de desumanização. Assim, o progresso anula o que se supõe ser o
seu próprio objetivo: a ideia de homem.
HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Tradução de Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Centauro, 2002.
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p. 9-10. E-mail: heldersantospereira@hotmail.com
Max Horkheimer (1898-1973) conceitua como razão objetiva
um aspecto presente na origem grega da
filosofia e que persiste por muitos séculos na
tradição intelectual e cultural, o pressuposto
de que a realidade é racional. A razão objetiva exprime
o postulado segundo o qual a razão é imanente ao mundo – à

totalidade do real – e o conhecimento se realiza na


confluência entre a racionalidade dos seres
humanos e os conteúdos racionais da
realidade.
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Por razão subjetiva, esse filósofo compreende a
faculdade intelectual dos seres humanos, isto é, a

capacidade intelectual dos sujeitos.

Sob a subjetivação da razão, removem-se


critérios de verdade externos aos seres humanos,
priva-se a racionalidade de conteúdos objetivos.
Destituída de referências exteriores aos sujeitos

humanos, a razão torna-se puramente


formal e instrumental.

Portanto, na contemporaneidade nota-


se a dissociação entre razão e ética.
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Essa instrumentalização da razão subjetiva, argumenta
Horkheimer, tem desdobramentos práticos

no plano sociopolítico. Afinal, uma vez que a razão –


subjetiva, formal e instrumental – não é instância
de fundamentação de valores para as relações
entre os seres humanos, abandona-se a
expectativa de demonstrar racionalmente que
justiça, igualdade e democracia são
objetivamente legítimas, especialmente quando
confrontadas com as possibilidades de injustiça, desigualdade e
opressão.
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