Você está na página 1de 9

Lição nº 07

1.4 A sociedade Colonial: Os colonos e os filhos do país; a Imprensa africana

A sociedade colonialista era totalmente escravista e a economia latifundiária e


baseada na monocultura. A cana-de-açúcar ocupava o posto de produto mais produzido.

Angola foi colónia portuguesa até ao ano de 1975, pode falar na existência de três
grandes grupos sociais, designadamente os colonizadores, os assimilados e os indígenas e
dois tipos de sociedade, designadamente uma sociedade central e sociedades (ou
comunidades) periféricas. Na Angola colonial, a um relativamente pequeno grupo de
colonizadores (brancos) 26% e seus descendentes mestiços 8%, opunha-se um grande grupo
de colonizados (negros) 67%, do conjunto urbano. (Carvalho 2011, p.57-69).

A sociedade colonial deixou rastros no sector econômico, político e social que podem
ser percebidos até hoje, porém a estrutura social se modificou. As reivindicações
autonomistas do século XIX em Angola ficaram conhecidas como proto-nacionalismo e
foram protagonizadas pelos filhos da terra que veicularam o seu discurso na imprensa
daquela época.

A situação económica e social da burguesia colonial também conhecida de “filhos de


Angola” deteriorava-se bruscamente contribuindo assim na proliferação de jornais com temas
de crítica social e abordagem sobre a independência de Angola, embora nessa altura o campo
do exercício da livre comunicação tinha como fruto a revolução liberal portuguesa de 1820.

Do arquivo nacional de 1993 apontam a existência de 26 jornais na colónia de


Angola, os jornais que mais expressavam a ideia dos “filhos da terra” destacavam-se o Echo
de Angola (1881-1882), o futuro de Angola (1882-1891), a Verdade (1882-1888), o Pharol
do povo (1883-1885), Muen´exi- Senhor da terra (1889) e Kamba Dya Ngola (1898).
Geralmente os artigos divulgados no futuro de Angola abordavam mais a questão da
independência de Angola.

Lição nº 08

1.5 As sociedades africanas face à mudança


O colonialismo é uma prática na qual um território exerce domínio político, cultural
ou religioso sobre um determinado povo. O controle é exercido por meio de uma potência ou
força política militar externa que deseja explorar, manter ou expandir seu território.

A evolução económico-social que aboliu o trabalho escravo criou classes sociais,


introduziu novas plantas, desenvolveu as cidades. Estendia-se a África, procurando
aproveitar-se das suas riquezas naturais. Era o tempo em que a exploração económica das
terras africanas começava a tornar-se rentável e em que o excedente da população emigrava
não para as cidades mas para as colónias, atraídas pela prespectiva de um alto rendimento
económico.

Muitas vezes, populações internas abandonavam as regiões mais atingidas pelo


recrutamento forçado, ou desencadeavam guerras que punham as autoridades portuguesas e
não só nas maiores dificuldades.

Face às novas políticas europeias, as sociedades africanas tiveram em certa medida, de


as acompanhar, no entanto, foram submetidas sistematicamente aos interesses económicos
europeus, por força da diferença de meios em uso no quadro das resistências que os africanos
foram impondo um pouco por todo lado, para tentar manter a sua independência, liberdade e
soberania.

1.5.1 Cabinda

As populações de cabinda são da área sócio-cultural bantu, mais especificamente


Bakongo. O primeiro Estado, o Ngoio, era limitado a Norte pelo rio Lulondo, na foz de
Buco-Mazi; a Sul a margem direita do rio Congo e a Este até à actual cidade de Boma (Congo
Democrático) e a Oeste, pelo oceano atlântico.

O segundo Estado, reino do Kakongo: a Norte, a entrada da grande floresta de


mayombe, a Sul na margem direita do rio Lulondo, fazendo fronteira com o reino Ngoio, a
Este também fazia fronteira com o reino do Ngoio na região de Boma (Congo Democrático) e
a Oeste pelo oceano atlântico.

O terceiro Estado, o reino Loango, começava do rio Kuilo (Congo Brazzaville), a


Norte, a Sul fazia fronteira com o reino de Kacongo, a Oeste pelo oceano Atlântico até à
actual cidade de Ponta Negra (Congo-Brazzaville).
A presença portuguesa na região data de 1491, com a instalação de feitorias cuja
actividade fundamental foi o comércio de escravos. De 1580 até 1648, a Holanda dominou o
território. O domínio português foi restabelecido e em 1680 a actividade comercial foi
retomada nos portos locais (Soyo, Cabinda, e Malembo) com visitas frequentes de navios
franceses e ingleses.

O termo Cabinda foi sofrendo sucessivas mudanças nomeadamente:

 Até meados do século XVI, o território era conhecido por Kiona ou Tchioud
que significava mercado.
 Em finais do século XVI e Princípio do século XVII, surgiram nomes de
Kapinda, Kabinda, com os Negoio, Lândana, Molembo.
 No século XIX ficou conhecido como pelo nome de Porto Rico.
 A partir de 1885 e após a conferência de Berlim o território passou a ser
conhecido por Enclave de Cabinda. Em 1887 passa a ser a sede do distrito do
congo.
 Em 1896, Cabinda foi baptizado como vila Amélia até 1910 pelo governador
Serpa Pimentel. Em 1917 deixa de ser distrito do Congo e passa para Maquela
do Zombo.
 Com a criação do distrito do Zaire em 1922, Cabinda permanece na jurisdição
administrativa desta. Em 1934 Cabinda fica subordinada ao governo de
Luanda, fruto da nova divisão administrativa da colónia. Já no ano de 1946,
passa ser distrito, elevada à categoria de cidade no ano de 1956.

Através das convenções de 14 de Fevereiro de 1885, entre Portugal e a Bélgica, Cabinda


ficou separado do resto do território do país, pois este acordo permitiu a Portugal ceder 40
quilómetros da margem direita do rio Zaire.

Lição nº 09

1.5.2 O Antigo Reino do Kongo

Fundado por volta do século XIV, esse Estado centralizado dominava a parcela
centro-ocidental da África. Albergava países como: Angola, Gabão, República do Congo,
República Democrática do Congo. Nessa região encontrava-se seis províncias: Soyo,
Mbamba, Nsundi, Mpango, Mbata e Mpemba (VANSINA, 1965: 34). Inúmeras eram as
etnias que estavam presentes na região do reino do Kongo; Esse grupo habitava a área ao
norte e ao sul do rio Zaire, entre a costa atlântica ocupando a região do Baixo Zaire, grande
parte do Noroeste de Angola, o enclave de Cabinda e atingindo a parte ocidental da atual
República do Congo (MARTIN, 1999: 500).

Ao sul do rio Zaire, o grupo Kongo subdividia-se nas seguintes etnias: Solongo,
Mboma, Ashikongo, Zombo (Mbata), Nkanu, Mpangu, Nsundi. Povos que se estendiam
para o norte do grande rio: Tsotso, Hungu, Yaka e Suku. Ao norte do Zaire, habitam as
etnias Woyo, Kakongo, Vili, Yombe, Kunyi, Manyanga e Bembe (MARTIN, 1999: 500).

Havia uma divisão fundamental na sociedade konguesa: as cidades – Mbanza onde


viviam os nobres e alguns privilegiados, e as comunidades de aldeias, conhecidas como
lubatas (VAINFAS; SOUZA, 2006: 48). As principais diferenças entre esses dois espaços
sociais consistia no facto de que, nas aldeias, os chefes ou Nkuluntus, não tinham controle
sobre a produção. O reino do Kongo contava com a presença de administradores locais
provenientes de antigas famílias ou escolhidos pela própria autoridade monarquia. Limitava-
se geograficamente:

 A Norte limitado pelo rio Ogowé no Gabão


 A Sul limitado pelo rio Kwnaza.
 A Este limitado pelo rio Kuango (afluente do rio Zaire).
 A Oeste banhado pelo oceano atlântico.
 Para além do território acima delimitado, existiam zonas de influência política
do congo que reconheciam a autoridade do Mani-Congo e que lhe enviavam
tributos como foi o caso das chefaturas dos Dembos, da Matamba e do Congo.

Em algum ponto por volta de 1375, Nímia A Nzinga, governante de Pemba Cazi, fez
uma aliança com Nsaku Lau, governante do vizinho Reino Mbata. Nímia A Nzinga casou-se
com Lukeni Luansanze, um membro do povo bata e possivelmente filha de Nsaku Lau. Essa
aliança garantia que cada um dos dois aliados ajudaria a garantir a sucessão da linhagem de
seu aliado no território do outro.

O reino do Kongo assim como boa parte dos povos da África centro-ocidental era
organizada de forma parental, essa organização social também é referida como sociedade
doméstica. Figuras que Reinaram o antigo Estado do Kongo:
 Nzinga Nkuwu ( baptizado como D. João I, 3/05/1491, faleceu cerca de 1506).
 Nzinga Mvemba (D. Afonso I, filho de D. João I, faleceu em 1443).
 Nkanga Mvemba (D. Pedro I, filho de D. Afonso I, renunciou cerca de 1545).
 Mpudi-a-Nzinga Mvemba (D. Francisco I, até cerca de 1546).
 Nkubi Mpuadi-a-Nzinga (D. Diogo, neto de D. Afonso I, faleceu em 1561).
 Nzinga Mvemba (D. Afonso II, filho de D. Diogo I, faleceu em 1561).
 Nzinga Mvemba (D. Bernardo I, irmão de D. Afonso II, faleceu em 1567).
 Mpuadi-a-Nzinga Mvemba (D. Neriko ou Henrique I, faleceu cerca de 1568,
ultima linhagem de Nzinga Mvemba).
 Nimi-ne-Mpangu, Lukeni-lua-Mvemba (D. Álvaro I, faleceu em 1587).
 Nimi-ne-Mpangu Lukeni, Lua Mvemba (D. Álvaro II, filho de D. Álvaro I,
faleceu em 1614).

Reis no âmbito da Vassalagem Portuguesa:

 Álvaro XIV (1891 - 1896)


 Henrique IV (1896 - 1901)
 Pedro VII (1901 - 1910)
 Manuel Comba (1910 - 1911)
 Manuel III (1911 - 1914)

No Kongo, os portugueses encontram grandes. Mercados regionais, onde se fazia troca de


produtos, além do tráfico de escravos, as principais atividades comerciais do Reino do Kongo
giravam em torno do escambo de mercadorias como o sal, tecidos e metais.
Lição nº10

1.5.3 O Bié e o Bailundo

BIÉ Bailundo é uma das províncias situada a oeste de Angola e faz fronteira com a
província do Huambo entre os rios Kuvo e Kutato, seu povo é Ovimbundu. Antiga mente
contava – se com cerca de 450.000 habitantes dispersos pela mais de 300 aldeias existente e
faz parte na sociedade Africana. O primeiro ataque do planalto foi em 1645, pelos
portugueses quando ainda estavam conservados em Massango e em luta aberta, com a rainha
Njinga, da Mutamba.

O segundo ataque foi em 1660 nova mente recheado. No meiado do século XVIII, os
Portugueses atacaram o reino do Ngalangui, prenderam o rei e estabeleceram em 1769, uma
aliança com o rei do Kakonda, que facilitaram a construção do forte do Kakonda-a-Nova.
Cidades africanas: Congo, Eioje, Matamba Holo, Mbula Catole, LuandaTombo Nzele,
Ambaca ngoleme – Kitambo , Cassanje hango, Maconde ndongo, Kabasa, Pungo andongo,
Quissama, Muxima , Massangono, Cambambe.

Em 1774, começou a campanha de invasão ao reino de Ciyaka, Ndulo, Cingolo


Bailundo. Como não havia forças para ocupar efectivamente o terreno, eram forçados a
abandonar a região e tudo voltava ao princípio. Em 1778, Portugal conseguiu um aliado de
peso no Bié. Aquele estado era governado por Ndjilahulu, os portugueses apoiaram o
pretendente Kangombe, colocando-o arbitrariamente no trono e a segurando, assim a
neutralidade da região até em 1890.

A segunda coligação formou – se mais tarde em 1856, de novo chefiada pele Ciayaka,
compreendendo as regiões de Cingolo e Kalukembe, embora não tenha obtido resultados
positivos.

BIÉ

Quando Ciyoka se tornou rei do Bié, estavam criadas as condições para uma aliança
contra os portugueses. Como resultado do seu reinado conquistou o reino do Ngolangui,
construído o forte do Kuango, no reino de Nganguela. Ciyoka morreu em 1888, sucedendo
lhe o rei Ndunduma Iº do Bié, que renova com a crescida a aliança anterior.

Em 1891, os portugueses decidiram fazer ataque. Dando comando ao Teixeira da silva


capitão das tropas, equipadas com artilharia e guiadas por batalhadores bóeres. Ndunduma foi
feito prisioneiro e desterrado para cabo – verde, onde morreu. No Bié foi construído um forte
de reino que perde a sua independência. O Bié é habitado pelos Uvimbundus agricultores,
caçadores de gados e ferreiros.

A sua agricultura prosperava permitindo produzir excentes, que foram utilizados no


comércio com os povos vizinhos: Huambo – fundada por Wambu Kalunga, Tchiyaka-
fundada por Tchilulu – e Ndulo ou Andulo, fundado por Kateculo – mengo.

Existiam ainda outros reinos no planalto do Bié, nomeadamente Ngalanga, Sambu,


Tchivula, Tchingola, Tchicomba, Tchitata, Ekekete, Tchicuma e Cululembe.

No final do século VIII, Bié foi o local onde negociava-se produtos alimentares, a parece
como um ponto estratégico no caminho que os portugueses encontraram e que os leva até as
terras do Lovale.

O acesso ao planalto do Bié efectuou-se através de Benguela fundada em 1617, e que


funcionou como escoador dos produtos transaccionado pelos povos ovimbundo. A região em
causa sofreu um surto de desenvolvimento durante o governado de Sousa Coutinho, em que
foi desenvolvido um esforço enorme de edificação de novas localidades tentando fixar novas
populações de origem europeia com base na exploração agrícola.

A origem e fundação do viye não são bem claras. As contradições sobre sua fundação
nem sempre coincidem. Mas existem visões que, atendendo a globalidade da historia dos
Ovimbundu e dos seus vizinhos Songos e Lumbes, e sobre tudo os Tchokwe suscitam
algumas credibilidade. De entre tantas podemos enfatizar a que concerne o significado e a
origem do termo Viye (Bié), que é um contacto que atesta a proveniência do vocábulo
«Viye» do imperativo na terceira pessoa do plural, do verbo Umbundu Okwiya isto é, vir.

O plano do Bié foi ocupado pelos Ovimbundu, que se ocupavam primordialmente da


agricultura. Desde sempre foi a região território de Angola que possuiu maior densidade
populacional, o que se reflectiu nos altos níveis de produção alcançados não só do ponto de
vista agrícola, mas também artesanal e de exploração mineiro especial do ferro extraído das
minas do Andulo.
Em 1671, nasceu o reino Ndulo (Andulo), organizado por Katekulo – Mengu, chefe.
Os reinos do bailundo, Bié e Kakonda, formaram – se respectivamente em 1750 e 1760 o
primeiro pelo chefe Katiavala da Kibala, o segundo por Vie, guerreiro e caçador do Humbe, e
o ultimo por Kakonda, um escravo fugindo de Benguela. Alem destes considerados os mais
importantes, outros se formaram, sobre tudo no sul do planalto formando um conjunto de
pequenos estados, difíceis de identificar e seguramente difíceis de controlar, tal como
Ngalangui, Sambu Civula, Cingolo Cikomba, Citata, Ekekete Cikuma, Kalukembe e outros.

ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL

Os reinos do planalto estava dividido em províncias, que são: Tumbos, e estes em


distritos. Cada Tumbo era construído por numerosas aldeias e cada uma delas em bairro. Os
chefes de todas estas organizações em os mune. Os da província eram nomeados pelos reis,
os restantes eram nomeados pelos povos. Depois de consultado o conselho de velho de
velhos.

ORGANIZAÇÃO ECONOMICA

Recolhiam produtos das florestas como o mel e acera, e da caça aos elefantes extraiam
o marfim e apele. Sendo Habis utilizadores da metalurgia de ferro, produziam uma serie de
instrumentos agrícolas, de caça e defesa que foram úteis em diversas actividades
desenvolvida pelos Ovimbundo durante o século da sua existência.

Com abolição de tráfico de escravo a região voltou a merecer a tensão das autoridades
portuguesas, mas no sentido da repressão do que da implantação de um projecto de
desenvolvimento autónomo. Nesta época, a presença portuguesa circunscrevia – se, a morte
as feitorias de Benguela velha, fundada no século XVII, novo redondo, fundado por Sousa
Coutinho, assim como Kilombo e Egipto.

No interior de Benguela encontra-se Catumbela, que atingiu o seu auge económico


entre 1864 e 1874, com o comércio da urzela, do marfim e da goma, e do Dombe grande,
cercados pelos pastores Dombes, cujo forte foi constituído em 1847. Para leste, situava – se o
forte de Kakonda criado em 1769, herdeiro da antiga Kakonda velha, incrustada mais a oeste,
na Hanha e que teve de ser abandonado por se ter tornado insustentável a sua situação. Por
último, Kilengues, sudoeste de Kakonda, antiga Salva-Terra de magos que, embora possuísse
um requente e alma tropas tal como os resultantes bases, estava a mercê da vontade da
autoridade pública dos dirigentes dos povos locas.
Referências Bibliográfica

CARVALHO Paulo De 2011, Angola: Estrutura Social da Sociedade Colonial, Revista


Angolana de Sociologia, Pag. 57-69

MARTIN, Rui de Souza. Mito e história no noroeste de Angola arquipélago: HISTÓRIA, 2a


série, III (1999).

VAINFAS, R.; SOUZA, M. M. E. Catolização e ressurreição: o Reino do Congo da


conversão coroada ao movimento antoniano, séculos XV-XVIII. In: BELLINI, Lígia;
SOUZA, Evergton Sales; SAMPAIO, Gabriela dos Reis (Org.). Formas de crer: ensaios de
história religiosa do mundo luso-brasileiro, séculos XIV-XXI. Salvador: Corrupio, 2006

VANSINA, Jan. Les anciens royaumes de la savane. Collection etudes sociologiques,

Institut de recherches economiques et sociales, Léopoldville, 1965.

Você também pode gostar