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A origem dos povos Kimbundu: O Reino de Ndongo

1 Juillet 2011 , Rédigé par Angola-InteligentePublié dans #Africa

Quando os portugueses chegaram à foz do rio Zaire encontraram dois reinos, Kongo e
Ndongo. Ndongo foi fundado no início do século XVI, por um pequeno chefe Kimbundo
que possivelmente, controlava o comércio de ferro. Os primeiros ngolas, partindo da
possível ligação com a arte do ferro, estenderam a autoridade do Ndongo sobre diversos
sobas. (Soba: do quimbundo, senhor de um distrito) para terminarem, em meados do
século XVI, ocupando as terras compreendidas entre os rios Dande, Lucala e Cuanza.

Os ngolas foram obrigados a se submeteram os manikongos e pagarem impostos e


rendiam a eles homenagens. A organização do estado Ndongo era parecida com a do
Kongo, o estado Kimbundo só se tornou independente em l556, quando as tropas do ngola
Inene, apoiadas por alguns portugueses, infligiram uma importante derrota ao manikongo.
Este último, inspirado pelos
portugueses, tentava uma aventura militar nos territórios do Ndongo.

Após a independência do reino do Ndondgo, o ngola, ouvindo os conselhos dos


escravistas da ilha de São Tomé e sendo chefe de um estado totalmente soberano, enviou
uma embaixada a Portugal para pedir contatos diretos com a Coroa. Era a melhor forma
de garantir um fluxo sistemático dos produtos europeus, imprescindíveis a chefes políticos
que assentavam parte do poder e prestígio sobre o controle do comércio de longa
distância.

O nula Ndambi, que sucedeu o Inene e olhava com desconfiança os contatos com os
europeus, recebeu, em l560, uma embaixada portuguesa comandada por um jovem e
ambicioso nobre português, Paulo Dias de Novaes, e mais quatro jesuítas.

As relações entre a embaixada portuguesa e o ngola ruíram-se a tal ponto que o único
jesuíta que continuava na região foi reduzido praticamente à escravidão e Paulo Novaes
foi colocado sob residência forçada. O jovem português, em melhores condições com
ngola, voltou à corte em l566, com um carregamento de escravos e de marfim. Em
Portugal, Dias de Novaes convenceu o rei a conceder-lhe, como donatária, as terras
defronte à ilha de Luanda e os territórios orientais que conquistasse. Ele voltou em l575
como proprietário exclusivo das terras do manikongo e do ngola.

O desembarque de Dias de Novaes não encontrou resistência. As terras, próximas ao


reino de Ndongo, onde alguns portugueses já comerciavam com escravos, pertenciam ao
distante reino do Kongo. Era nestas praias que os manikongos mandavam pescar os
nzimbos, que serviam como moeda nacional no reino do Kongo. O ngola não se sentiu
ameaçado. Mandou, no mesmo ano, uma delegação de boas-vindas ao nobre lusitano. O
lusitano começou sua expansão a procura de preta e escravos. Invadiu terras do Ndongo.

O Senhor africano, após massacrar o comerciante português aliados de Dias de Novaes,


que se encontravam na capital, reuniu suas tropas e atacou os lusitanos de Luanda. Uma
longa e sanguinária guerra. Uma aliança entre Ndongo e Mtamba, um reino mais a leste
permitiu vitórias importantes sobre os portugueses. A Aliança entre portugueses e os
yagas (jagas) permitiu que aqueles fossem impondo sua soberania aos sobas e
apoderando-se das terras do reino do Ndongo. Os resultados da guerra foram prejudiciais
a todos os tipos de comércio, todo mundo corria perigo e nos primeiro anos do século XVII,
os portugueses foram obrigados a abrirem uma conversa sobre a paz em Luanda, com os
Kimbundos dos Ndongo. Ai apareceu à figura de Nzinga pela primeira vez na vida dos
lusitanos, Nzinga Mbundi – rainha Ginga dos documentos da época – embaixadora
plenipotenciária de seu tio, o ngola. A Africana mostrou-se esperta na arte da diplomacia e
mais tarde nas artimanhas da guerra. Ela com habilidade conquistou na mesa de
negociação quase tudo que o Ndongo havia perdido na guerra. Morrendo o ngola, ela
quebrou as regras de sucessão e subiu ao poder. Exigiu então dos portugueses os que
haviam sido acordados no tratado.

Os portugueses preocupados com a possível aliança entre holandeses e o manikongo,


não deram importância às exigências de Nzinga, que de imediato, rearticulou uma
poderosa frente de batalha composta de yagas, quimbares, cativos fugidos, kongos e até
holandeses. Ocupou o reino de Mtamba e reforçou suas tropas. Os portugueses
desesperaram. Os holandeses abandonaram Luanda. Portugal voltou às negociações.

Inúmeros historiadores apresentam Nzinga Mbundi como um exemplo de mulher


combatente, no entanto é bom frisar que ela foi sempre um expoente de uma elite
senhorial envolvida no tráfico escravista. Sua resistência visava manter o monopólio das
rotas escravistas.

Estabelecida à paz, Nzinga estreitou seus contatos com os negreiros portugueses.


Convertida à monogamia (era casada com inúmeros esposos) e ao catolicismo como
nome de Ana de Souza, guardou até a morte o poder e o prestígio que o comércio
negreiro lhe assegurou.

OS KIMBUNDO
Trabalhos Feitos Navegante
OS KIMBUNDO
Os M’bundu (Kimbundu), situados entre os rios Cuanza e Dande, com cerca de 26% da
população, abrangendo Luanda, na costa, até à bacia do Cassange, na parte oriental do
distrito de Malange. Faziam parte deste grupo Kimbundu vinte povos: Ambundu,
Luanda, Luango, Ntemo, Puna, Dembo, Bangala, Holo, Cari, Chinje, Minungo,
Bambeiro, Quibala, Haco, Sende, Ngola ou Jinga, Bondo, Songo, Quissama e Libolo.
Exprimem-se em Kimbundu.
Como afirma Segundo Teresa Neto:
‘’ grupo Kimbundu constitui o grupo étnico, no centro do país, que mais assimilou os
costumes coloniais portugueses’’; e, Lawrence W.Henderson corrobora afirmando
também que ali foi o centro da assimilação porque na abordagem dele: ‘’os Kimbundu
aprenderam o português ao serem assimilados, como foram eles quem produziu as
primeiras obras das literaturas escritas angolana’’.
A zona sobre qual me debruço é a que vai do Libolo a Kibala, abrangendo Kilenda,
Ebo, Gabela, Mussende e partes do Uaco-Kungo, Kassongue entre outros espaços da
Província do Kuanza-Sul. Trata-se de uma zona de transição etno-linguística entre os
ovimbundu e os ambundu. Por isso, a língua contém elementos de duas outras línguas,
com maior ou menor acentuação ou prodominância, à medida que se vai aproximando
ou distanciando dos pólos (ambundu e ovimbundu). No período da existência do reino
do Ndongo, o Libolo, a Kibala, Ebo, Kilenda, Gabela e até parte do Uaco Kungo
integravam este reino, razão pela qual, ainda hoje, quando perguntamos às pessoas
destas áreas que língua falam, muitos respondem que falam Kimbundu. Porém, há as
que dizem falar Kibala ou Ngoya, conforme um estudo publicado nesta pa'gina. Sobre a
origem dos povos Kibala, demonstrou-o, e muito bem, o Reverendo Vinte e Cinco no
seu livro “Os Kibalas”. Também o Dr. Moisés Malumbu no seu livro “Os Ovimbundos
do Planalto Central de Angola” faz excelentes apreciações sobre os povos vizinhos dos
ovimbundu e das relações de interdependência entre eles. Malumbu diz mesmo que os
actuais povos Mbalundu e Ndulo (Bailundo e Andulo), dos quais nascem os povos
planálticos dos nossos dias, são descendentes dos Kibala a quem os ovmbundu tratam
por Va-kua-nano (os de cima/norte). Porém, não basta esta relação de pertença para se
dizer, como muitos o fazem, que que os povos que habitam o Kuanza-Sul são
"bailundus ou kimbundus" por extensão. Têm uma língua e características próprias.
Costumes que fazem uma cultura e língua próprias e que devem ser estudas. Têm
também os seus provérbios com grande carga pedagógica. No que toca a outras
particularidades da Cultura e História, é só ver que nenhum outro povo, dos que habitam
Angola, construiu necrópoles (sepulturas em pedras) senão os ancestrais dos Kibalas e
seus vizinhos. O que partilho convosco é que independentemente dos kibalas falarem
uma língua parecida com o kimbundu ou umbundu, esta língua tem um nome. Tratemo-
la por Kibala ou Ngoya (termo depreciativo mas muito divulgado), ela deve ser
divulgada de modo a legá-la a novas gerações. Para que tal aconteça é preciso que seja
investigada, divulgada e ensinada. Tenhamos como exemplo a própria língua
portuguesa que falamos, herdada do colono. É uma língua que deriva do latim, tal como
o espanhol, o italiano, o francês, o romeno, entre outras e recebe empréstimos do inglês
e línguas africanas. -O português é ou não uma língua própria?-Tem ou não um nome?-
É ou não estudado, desenvolvido, divulgado e transmitido a novos falantes?Este
exemplo chama-nos atenção para o que devemos fazer para a valorização da nossa
língua. Não quero, aqui e hoje, definir que nome atribuir à nossa língua. Pesquisei um
pouco e encontrei várias divergências entre os autores. Mas que temos que investigar,
isso temos. Em seguida quero mostrar-vos o que tenho feito para demonstrar a carga
pedagógica dos provérbios da nossa língua.

Os Ambundu são o povo dominante na região da capital angolana, mais


precisamente nas províncias do Bengo,Kwanza Norte, Malange e nordeste
do Kwanza Sul. Apesar de os portugueses terem travado relações comerciais com
os Ambundu, logo após a sua chegada ao reino do Kongo, a partir da altura em
que estabeleceram uma colónia permanente em Luanda, no ano de 1576, como
base para o comércio de escravos, houve revoltas constantes contra a ocupação
dos portugueses na região, sendo a mais famosa a encabeçada pela Rainha
N'Ginga.

Boa parte dos mais de 4 milhões de escravos traficados para o estrangeiro entre
os séculos XVI e XIX (especialmente para o Brasil) eram Ambundu, já que este foi
o grupo étnico onde a secular presença portuguesa na "cabeça de ponte" de
Luanda teve mais impacto1 nota 4 .

O desenvolvimento da cidade de Luanda como capital e principal centro industrial


levou a que muitos Ambundu se deslocassem para a capital, terminando na
construção de imensos musseques nos arredores da cidade e levando a que, por
causa da pesada presença dos portugueses e do grande número de mestiços
lusófonos, o português se sobrepusesse à língua nativa, levando a que hoje muitos
Ambundu só saibam falar o português1 .

Foi no tecido social constituído pela sociedade luandense e os Ambundu que


começou a desenvolver-se, no século XX, uma identidade social "nacional", isto é,
um sentido de pertença a Angola no seu conjunto. Gerou-se, em consequência
disto, uma oposição à ocupação colonial que desde o início teve uma perspectiva
"nacionalista".

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