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LIBERDADE RELIGIOSA - UM DIREITOS DE TODOS

Um dos valores fundamentais de povo brasileiro encontra-se


estabelecido na Constituição Federal, no artigo 3o, "Constituem
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil ...", em seu
inciso IV, "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas outras de discriminação".

Há algum tempo um grupo de crentes ao “evangelizar na praia em


meio a uma cerimônia umbandista”, após ter sido advertido pelos
líderes, foi condenado judicialmente a pagar multa por “invadir” o
espaço de outro grupo religioso para fazer proselitismo e ao mesmo
tempo denegrir sua expressão de religiosidade e suas crenças.

É importante destacar que a Constituição Federal de 1988, em seus


artigos 5o, Inciso: VI, e, 19, inciso I, respectivamente, estabelecem a
liberdade religiosa, garantindo a liberdade de culto, independente do
credo, e respeito aos locais de culto, na forma da lei, e, a separação
do Estado e Igreja, em nosso país.

Isso implica dizer que o Estado brasileiro, desde 1891, com a


instituição da república é laico, não tendo poder de intervir, para criar
obstáculos ou facilitar qualquer confissão religiosa, mas não só pode,
como deve, prerrogativa concedida pela sociedade civil organizada,
manter a paz social, no respeito a toda e qualquer manifestação de
fé, desde que atendidos os preceitos legais.

Por isso, não há que se falar em ilegalidade na evangelização, desde


que esta não afronte estes dois preceitos constitucionais, sobretudo
no respeito a qualquer grupo religioso, eis que o mesmo sistema legal
que concede a liberdade religiosa, nos obriga a respeitar os objetos,
liturgias e locais de culto, sendo crime punido pelo Código Penal
brasileiro, artigo. 208, "...impedir ou perturbar cerimônia ou
prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de
culto religioso...".

A lei visa exatamente proteger as igrejas evangélicas, os templos


católicos, as sinagogas, as mesquitas, os centros espíritas, os
terreiros de umbanda, os recintos orientais, bem como os diversos
locais, públicos ou privados, onde se pratica o culto religioso, e o
judiciário brasileiro esta cada vez mais atento ao desrespeito aos
direitos fundamentais do cidadão, inclusive quanto a livre expressão
de sua espiritualidade.

Justamente por isso, as penas relativas ao desrespeito à


manifestação religiosa, se aplicam para todos os cidadãos, que se
proponham a desrespeitar uma crença, seja ela evangélica, espírita,
católica, judaica, muçulmana, oriental etc.

Assim, evangelizar grupos em locais onde são realizados festejos


religiosos pode ser, como tem sido, interpretado pelo judiciário pátrio
como desrespeito a liberdade de manifestação religiosa, eis que
graças a Deus, em nosso país existe uma aceitação pacifica de todas
as religiões, inclusive para os denominados ateus e agnósticos,
que não crêem em qualquer manifestação divina, e aí os
excessos, de qualquer lado, tem sido coibidos, seja pela sociedade,
seja pela justiça, e, inclusive pelas próprias lideranças eclesiásticas,
no afã de que cada grupo religioso possa continuar propagando sua
fé, sem ferir os preceitos da boa convivência social.

Há alguns anos um grupo de evangélicos estavam realizando um


"culto ar livre" na praça central de sua cidade, quando chegaram ao
local católicos para uma programação. Acionado o guarda foi até o
pastor para solicitar sua saída, quando foi surpreendido pelos ofícios,
que comprovavam que ele havia remetido para as autoridades
competentes: prefeitura, corpo de bombeiros, policia militar etc,
cientificando ao poder público, de que naquele dia a Igreja estaria
naquele local para sua manifestação religiosa, e aí a autoridade
policial não teve outra alternativa senão convidar o padre e grupo de
católicos, a se reunirem em outro lugar.

Minha saudosa avó materna, Adonias Barbosa Viana, crente batista,


oriunda de Itabuna/BA, ensinou-me uma das lições universais da vida
em comunidade, relativa ao respeito pelo próximo: “Meu neto o seu
direito começa, quando o do outro termina”, também aplicável
no que tange ao exercício da liberdade de qualquer grupo religioso,
em qualquer parte do mundo civilizado.

Gilberto Garcia é advogado, pós-graduado e mestre em


direito. Professor Universitário e Conselheiro Estadual da
Ordem dos Advogados do Brasil - Rio de Janeiro. Autor dos
Livros: “O Novo Código Civil e as Igrejas” e “O Direito Nosso
de Cada Dia”, Editora Vida, e, Co-autor da Obra Coletiva:
“Questões Controvertidas - Parte Geral Código Civil” e “Novo
Direito Associativo”, Editora Método, e, do DVD - “Implicações
Tributárias das Igrejas”, Editora CPAD.

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