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Intolerância religiosa

Intolerância religiosa é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela


falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças ou
crenças religiosas de terceiros. Pode-se constituir uma intolerância ideológica ou política,
sendo que, ambas têm sido comuns através da história. A maioria dos grupos religiosos já
passou por tal situação numa época ou outra. Floresce devido à ausência de liberdade de
religião e pluralismo religioso.
Perseguição, neste contexto, pode referir-se a prisões ilegais,
espancamentos, torturas, execução injustificada, negação de benefícios e de direitos e
liberdades civis. Pode também implicar em confisco de bens e destruição de propriedades,

Perseguição na Antiguidade
Um exemplo de intolerância religiosa na Antiguidade, é a perseguição dos
primeiros cristãos pelos judeus e pagãos.

Perseguições na Idade Média e Moderna


Os judeus tornaram-se alvo preferencial de perseguição religiosa ainda antes do
fim do Império Romano, mas esta perseguição recrudesceu durante a Idade
Média. Conversões forçadas tornaram-se comuns, por exemplo na Península Ibérica, a
partir de meados do Século XIV.

Perseguições na Idade Contemporânea


A perseguição religiosa atingiu níveis nunca vistos antes na História durante o século XX,
quando os nazistas perseguiram milhões de judeus e outras etnias indesejadas pelo
regime. Esta perseguição em massa usualmente conhecida por Holocausto, vitimou ainda
muitos milhares, não apenas devido à sua raça, mas especificamente em retaliação contra
os seus ideais religiosos e à sua objecção de consciência. Outro exemplo de perseguição
religiosa na idade contemporânea foi a perseguição por parte da antiga União
Soviética que perseguiu vários grupos religiosos pois eram um estado de jurisdição
ateísta. A perseguição não precisa ser necessariamente estatal na contemporaneidade,
como no caso da extinção de duas cidades cristãs no Levante pelo Al-jayš as-suri al-ħurr,
o que levou ao deslocamento forçado de oitenta mil pessoas. [1] Ditaduras nem sempre
estão associadas a perseguição religiosa. Por exemplo, no Egito de Hosni Mubarak, no
Iraque de Saddam Hussein e na Líbia de Muammar al-Gaddafi, as minorias cristãs
sentiam-se protegidas da perseguição islâmica e eram autorizadas a praticar suas
doutrinas. Em contrapartida, comprometiam-se a ficar afastadas da política.
O Vaticano denomina esses acordos como síndrome dos pandas, nome dos inofensivos
ursos vegetarianos protegidos pelas autoridades chinesas, para evitar sua extinção.
Nos Estados Unidos da América
No século XIX, houve intensa perseguição contra os pioneiros mórmons que
habitavam os estados de Ohio, Missouri e Illinois, sendo que muitos chegaram a ser
expulsos de suas casas.
No Brasil
Com o crescimento da diversidade religiosa no Brasil é verificado um crescimento
da intolerância religiosa, tendo sido criado até mesmo o Dia Nacional de Combate à
Intolerância Religiosa (21 de janeiro) por meio da Lei nº 11.635, de 27 de
dezembro de 2007, sancionada pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, o que foi um
reconhecimento do próprio Estado da existência do problema.
A data foi instituída tendo como pano de fundo um dos episódios de grande
repercussão no país, a violência praticada contra a yalorixá Gildásia dos Santos, a Mãe
Gilda, falecida em 2000 por complicações na saúde, consequentes de perseguição
religiosa. Implementar a data no calendário nacional foi o reconhecimento oficial da
trajetória de luta da sacerdotisa e, notadamente, de diversas líderes religiosas,
evidenciando o trabalho das mulheres negras pela superação do racismo, das
desigualdades e da busca por justiça ao povo de candomblé. O caso de Mãe Gilda é um
dos mais emblemáticos na luta contra o racismo e o ódio religioso no Brasil. Após ter sua
imagem maculada e o terreiro (Ilê Axé Abassá de Ogum, em Salvador) invadido e
depredado por representantes de outra religião, a sacerdotisa teve agravamentos de
problemas de saúde e morreu em 21 de janeiro de 2000. O caso repercutiu amplamente,
resultando em projetos de lei na esfera municipal e, em seguida, sendo reconhecido na
esfera federal pelo então presidente Lula que, em 2007, sancionou o Dia Nacional de
Combate à Intolerância Religiosa, fazendo da data um marco nacional.

Legislação contemporânea
Vários países ao redor do mundo incluíram cláusulas nas
suas constituições proibindo expressamente a promoção ou prática de certos actos de
intolerância religiosa ou de favorecimento religioso dentro das suas fronteiras. Exemplos
incluem a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, o Artigo 4 da Lei Básica
da Alemanha, o Artigo 44.2.1 da Constituição da República da Irlanda, o Artigo 40 da
Constituição da Estônia [1], o Artigo 24 da Constituição da Turquia, o Artigo 19, Inciso I,
da Constituição do Brasil e o Artigo 13, Inciso 2, da Constituição de Portugal. Muitos outros
estados, embora não apresentem disposições constitucionais diretamente relacionadas à
religião, contém não obstante, disposições proibindo a discriminação em bases religiosas
(veja, por exemplo, o Artigo 1 da Constituição da França, o Artigo 15 da Carta de Direitos e
Liberdades Canadense e o Artigo 40 da Constituição do Egito). Deve ser notado que estas
disposições constitucionais não garantem necessariamente que todos os elementos do
estado permaneçam livres de intolerância religiosa por todo o tempo, e a prática pode
variar amplamente, de país para país.
Outros países permitem o favorecimento religioso por estabelecerem uma ou mais
religiões estatais, condenando, ainda assim, a intolerância religiosa. A Finlândia, por
exemplo, aprovou a Igreja Luterana Evangélica da Finlândia e a Igreja Ortodoxa
Finlandesa como suas religiões oficiais estatais assegurando, no entanto, o direito da livre
expressão religiosa no Artigo 11 da sua constituição.

Brasil
Na legislação brasileira, há vários dispositivos que condenam a discriminação religiosa.
A lei federal 7716, alterada pela lei 9459.
O artigo 208 do código penal
"Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou
perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de
culto religioso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa."
Parágrafo único - "Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem
prejuízo da correspondente à violência."

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