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Nota de Repúdio 001/2022

Considerando Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 5º,


inciso VI, dispõe que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias [1].
Considerando LEI MUNICIPAL Nº 8.488, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2020
Considerando LEI MUNICIPAL Nº 8.413, DE 21 DE AGOSTO DE 2019.
Considerando Lei nº 9.459/97;
Considerando Lei Federal 12288;
Considerando Decreto Federal 6040;
Considerando ainda que estas atitudes racistas, preconceituosas,
discriminatórias e vexaminosas tão recentes em nosso país são a grande falta
de conhecimento dos nossos costumes e tradições, e não toleraremos crimes
nem falta de respeito.
Por duas vezes a Comunidade de Terreiro Santa Sara Kali, localizada no
Cassino após 12 anos de funcionamento no mesmo local sofre agressões a
sua estrutura física durante os dias de atividades; uma comunidade ativa diante
das comunidades em vulnerabilidade, uma comunidade de terreiro que presta
seus serviços sociais mensalmente, paga seus impostos e mantém suas
obrigações e deveres em dia, acaba sendo apedrejada e tem seu telhado
quebrado.
Não se pode permitir tais atos em plena época da democracia e abrigados em
uma Nação miscigenada e multiétnica como a brasileira, em um estado que
agrega a maior parte dos adeptos das religiões de terreiros, nos deparamos
com expressões de ódio, racismo e intolerância. Por todo exposto, em defesa
do Estado Democrático de Direito, do Estado Laico e dos princípios
constitucionais de dignidade e de liberdade de consciência, de religião e de
convicção, perpetuados na Magna Carta Republicana de 1988 (Constituição
Federal), em favor da prática da tolerância religiosa e da cultura de paz e em
conformidade com seus princípios e missão institucional, o Instituto repudia
veemente toda pratica que atente contra a dignidade humana, a prática de
qualquer culto ou religião principalmente os cultos de terreiro ou seus adeptos,
decorrente de misantropia, segregação racial, ou ódio religioso.
Diante de fatos tão tristes, manifestamos nossa solidariedade a Sacerdotisa e
dirigente Lucia Bezerra e todos, todas e todes da sua tradição que vítimas
desses ataques e ressaltamos o nosso compromisso com a pluralidade das
inúmeras fés brasileiras, repudiando, confrontando e combatendo o racismo
religioso.
Importante salientar que, além do direito constitucionalmente garantido de
todos, sem exceção, professarem a sua fé, os atos destacados configuram
crime de acordo com o código penal pátrio, extrai-se da letra da lei que dos
crimes contra o sentimento religioso, constam o ultraje a culto e impedimento
ou perturbação de ato a ele relativo, que descreve o ato da seguinte maneira:
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função
religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar
publicamente ato ou objeto de culto religioso:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.


Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um
terço, sem prejuízo da correspondente à violência.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Artigo II 1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie,
seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Artigo XVIII Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou
crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela
prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular.
Através do nosso Núcleo De defesa de Direitos estaremos auxiliando para
tomar todas as providências judiciais.
A direção.

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