Você está na página 1de 19

JESSICA BEATRIZ VIEIRA MANOEL

Registro do Aluno: 00339046

Disciplina Crimes em Espécie – Interesses Coletivos

BACHARELADO EM DIREITO

FACULDADE DAS AMÉRICAS

SÃO PAULO

2022
1 - Discorra e diferencie os crimes contra o sentimento religioso; e os
crimes de respeito aos mortos.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que o Estado Brasileiro é laico, ou
seja, não adota nenhuma religião oficial e mantém-se imparcial em questões
religiosas. Porém, o texto constitucional também prevê que os cidadãos têm a
liberdade de exercício de religião e de crença, sendo esse um direito
fundamental.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
aos locais de culto e a suas liturgias;

A liberdade de consciência referida no texto envolve a liberdade de uma pessoa


ter as suas próprias convicções, padrões éticos e morais. A liberdade de crença
é a liberdade das pessoas de adotar ou não uma religião. Já a liberdade de culto
refere-se a liberdade de a pessoa exercer na prática a sua religião.
A partir dessa garantia constitucional, o Código Penal tipificou algumas condutas
praticadas contra a liberdade religiosa das pessoas. Trata-se do crime de ultraje
a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo, expresso no artigo
208 do CP.
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou
função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso;
vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um
terço, sem prejuízo da correspondente à violência.

Estamos diante de um tipo misto cumulativo, ou seja, há três crimes dentro do


artigo 208, quais sejam:
Escarnecer alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa;
Impedir ou perturbas cerimônia ou prática de culto religioso;
Vilipendiar publicamente ato ou objeto religioso.

Nesse caso, com a prática de apenas um dos crimes já há a configuração do tipo


penal. Além disso, se mais de um crime do artigo for praticado, há um concurso
de crimes, quer dizer, o agente irá responder, cumulativamente, por quantos
crimes vier a praticar e as penas serão somadas.
Escarnecer Alguém Publicamente por Motivo de Crença ou Função Religiosa
Dependendo do caso prático, pode haver um conflito aparente de normas, ou
seja, uma mesma conduta poderia se enquadrar em mais de um tipo penal. Para
saber qual tipo penal aplicar, devemos usar o princípio da consunção ou
absorção, mediante a qual o crime meio será absorvido pelo crime fim
Impedir ou Perturbar Cerimônia ou Prática de Culto Religioso
Os dois verbos núcleos do tipo são "impedir", que significa obstar que aconteça,
e "perturbar", ou causar transtorno. O "culto religioso", como visto, é a
manifestação coletiva de adoração a uma divindade. A "cerimônia" é um culto
revestido de solenidade. A "prática de ato religioso" é um ato individual. Em
quaisquer desses casos, a conduta se enquadra no tipo penal estudado.
Vilipendiar Publicamente Ato ou Objeto de Culto Religioso
Os três crimes do art. 208 do CP podem ser classificados doutrinariamente
como:
Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa;
Crime formal: a consumação independe da ocorrência do resultado naturalístico;
Praticado de forma livre: o delito pode ser cometido de qualquer maneira, porque
o tipo penal não prevê uma forma específica para a sua execução;
Crime unissubjetivo: basta uma única pessoa praticar a conduta para a
realização dele;
Crime unissubsistente (composto por um único ato) ou plurissubsistente (a
conduta pode ser fracionada em vários atos e, portanto, há possibilidade de
tentativa);
Crime instantâneo: há consumação imediata, em único instante, ou seja, uma
vez encerrado está consumado.
Perder um ente querido, não é a mesma coisa do que perder um carro numa
enxurrada. O bem material pode ser recuperado novamente, mas recuperar
uma vida perdida, é algo que foge completamente da capacidade humana. Por
esse motivo, o legislador sentiu a necessidade de proteger esse bem jurídico
em vários aspectos. Visando um bem estar social e justo para os familiares dos
entes queridos, de acordo com o que será abordado de forma subsequente no
respectivo artigo. Tendo como base referencial, o Decreto-lei de nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940, do Código Penal.
O respeito aos entes queridos e a proteção do Estado
Nos últimos acontecimentos, a humanidade vivenciou um dos seus piores
momentos em existência. A superação do luto é algo que é concernente a
individualidade de cada pessoa. Essa individualidade é contextualizada em
vários ambientes sociais. Embora muitas pessoas não sabem, o Estado possui
uma grande preocupação em proteger e ao mesmo tempo punir, aqueles que
desrespeitam os mortos.

Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária


Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um
terço, sem prejuízo da correspondente à violência.

Violação de sepultura
Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver


Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Vilipêndio a cadáver
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Respeitar o direito dos mortos, é respeitar a dor que os familiares enfrentam no


seu dia a dia. O desenvolvimento de uma sociedade, é concretizada a partir do
momento que a sociedade tem ciência de que a empatia pode fazer a grande
diferença. Além do papel que a sociedade precisa exercer, o Estado continuará
sendo fruto permanente da verdadeira democracia. Inclusive, na proteção com
respeito aos mortos.

2 - Conceitue e diferencie os crimes contra a família;


CRIMES CONTRA O CASAMENTO

Art. 235 do Código Penal dispõe sobre bigamia, consta em seu texto:
“Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena — reclusão, de dois
a seis anos”.

Ensina Rogério Greco: Uma vez adotada pelo Estado a monogamia, torna-se
impossível que alguém, desprezando as determinações legais e sociais, contraia
um segundo matrimônio A conduta afeta, de tal modo, a paz social que o
legislador entendeu por bem tipificá-la, criando o delito de bigamia. Seu sujeito
ativo é a pessoa casada que contrai novo casamento, na bigamia, no caso, uma
pessoa solteira que casa com pessoa que é casada sabendo q esta é casada.
Casar duas vezes é crime, casamento tem que ser registrado no cartório, casado
civilmente. Se for união estável não caracteriza crime de bigamia.
Contrair casamento, induzindo ao erro essencial levando-o a casar com alguém
em erro essencial referente à pessoa como ocultação de crime anterior ao
casamento. Disfarçar, esconder, encobrir impedimento para casar. O casamento
é anulável, o direito de queixa deverá ser exercido pelo cônjuge enganado e
após o trânsito em julgado da sentença que anule o casamento. É inaplicável
sucessão queixosa, é direito personalíssimo. A contagem do período
prescricional inicia-se no dia do trânsito em julgado 6 meses.
Dolo na vontade de atribuir falsamente autoridade para celebrar casamento. É
necessário o efetivo conhecimento da falta de atribuição para presidir o ato.
Consuma-se com o simples ato de atribuir-se falsamente.

CRIME CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR


O direito à educação está preceituado nos arts 205 e 229 da Carta República,
assim como na legislação infraconstitucional, cita-se a Lei de Diretrizes e Base
da Educação - LDBEN, no art. 1º da Lei 9394/96. “A educação, direito de todos
e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Um direito
inalienável, sendo de competência administrativa do Estado sua oferta, isto é
uma ação estatal. A efetivação dos direitos sociais, que na maioria das vezes
exige uma ação positiva do Estado, não pode está à mercê de uma ou daquela
decisão política, o poder dever do Estado é oriundo da manifestação popular,
tornando assente em determinado ordenamento jurídico. No tocante ao direto à
educação seu caráter de universalidade, decorre do entendimento de que
nenhuma sociedade se desenvolve, sem investir em capital humano, jamais se
corrige desigualdades sociais, com exército de analfabetos, sem qualificação
das forças produtivas.
A FAMÍLIA ENQUANTO ORGANISMO SOCIAL
A instituição étnico-jurídica da família, considerada como célula indispensável à
sobrevivência do corpo social, foi colocada pelo legislador penal de 1940 sob a
proteção especial do Estado, seguindo ditame da CF. O Código Penal vigente
pela primeira vez apresenta um Título de Crimes contra a família, seguindo
orientação legislativa de vários povos. Considera o legislador a família como
indispensável instrumento de controle social, tal como concebida na civilização
cristã ocidental, e como centro de onde irradia a vida social da Nação. Entende-
se que a organização familiar, a qual se refere o autor, não seria apenas aquela
família prescrita no art. 226 § 3º segundo o qual para efeito de proteção do
Estado seria reconhecida tão somente a família oriunda da união estável entre o
homem e a mulher. Como é sabido a Lei 9.278/96 art. 1º Caput, reconheceu
como entidade familiar a convivência duradoura, pública e continua de um
homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família,
assim como o dispositivo do Diploma Civil art. 1723, in fine.

CRIMES DE ABANDONO MATERIAL


O crime de abandono material está previsto no art. 244 do CP, trata-se de um
crime contra a assistência familiar, do tipo próprio, unisubjetivo, tem como
sujeitos ativo o cônjuge, ou companheiro e como passivo o filho menor de 18
anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de sessenta
anos e os gravemente infernos.
A tipicidade do crime por abandono material preceituado na legislação penal em
apreço decorre de uma ação do agente, segundo o qual conforme o verbo
expressa, tanto a doutrina como a legislação penal e civil, preceituados nos arts.
244 Caput do Código Penal e arts. 1634, inciso I e 1740, inciso I do Diploma Civil
afirmam que os cônjuges companheiros e tutores devem prover, ou seja, fazer
reserva contábil para assegurar à assistência familiar, aos sujeitos citados nos
dispositivos legais ora mencionados, todavia é salutar assinalar que o rol das
pessoas mencionadas, tanto podem configurar como sujeitos ativos, quanto
passivos.
Vale salientar que o objeto jurídico protegido é o “organismo familiar” trazida pelo
legislador constituinte visa evitar a mendicância, garantir a subsistência,
alimentar, medicar educar abrigar entre outros. “O tipo apresenta um elemento
normativo, contido na expressão "sem justa causa", isto é, omitir as medidas
necessárias para que seja ministrada instrução ao filho em idade escolar,
indevidamente, injustificadamente”.
A legislação pátria nos artigos ora estudada versa sobre a responsabilidade
também dos tutores em prover à educação ao filho, prestando-lhe assistência
material necessária para a sua subsistência, salientando-se que o termo
necessário para a sobrevivência, consiste em garantir recursos necessários para
o desenvolvimento básico do assistido, alimentado, dependente, isto é ao sujeito
passivo. Cabe ainda lembrar que os tais recursos devem assegurar ao sujeito
passivo, também os recursos destinados à saúde, lazer, moradia, vestuário e
material suficiente para o desenvolvimento saudável dos indivíduos.

Nesse sentido o crime se configura com o inadimplemento de um dos recursos


supracitados. De acordo com a lei 8.069/90 art. 7º deixa assente que a criança
e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio
e harmonioso, em condições digna de assistência. Já era esse o entendimento
de Rogério Greco, quando das análises sobre a forma de como a modalidade da
conduta se materializa, em tese não há divergência doutrina, em relação à
maneira segunda a qual a modalidade se apresenta.

De acordo com as lições de Guilherme de Souza Nucci, "objeto material pode


ser renda, pensão ou outro auxílio. O objeto jurídico é a proteção dispensada
pelo Estado à família". Trata-se, porém de uma interpretação extensiva, pois, o
que seria outros auxílios? Seria uma cesta básica, quantia em dinheiro, o
suficiente para a subsistência? Como mensurar a tal subsistência no contexto
atual? O termo a “subsistência” pode ser interpretado de maneira extensiva, ao
passo que o termo suficiente, deve ser mensurado e arbitrado conforme o
princípio da proporcionalidade e razoabilidade. Ressaltando-se que o termo
subsistência deve contemplar às necessidades, alimentar, de saúde, educação,
vestuário, material escolar entre outros.

PODER FAMILIAR, TUTELA E CURATELA

Dispõe o art. 248 do Código Penal: “Induzir menor de dezoito anos, ou interdito,
a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce
autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem
do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou
deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame: Pena
— detenção, de um mês a um ano, ou multa”.

Apesar de ainda constar no Título IV do Código Penal a expressão “pátrio poder”


oriunda da antiga previsão do homem como chefe da família, ela já não se
enquadra à realidade da responsabilidade pela proteção dos filhos pela família.
O artigo 226, § 5º, da Constituição Federal de 1988, consagra que “os direitos e
deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem
e pela mulher”. Passa-se, dessa forma, à utilização da expressão “poder familiar”
Cabe, dessa forma, aos pais dirigir a educação dos filhos, tendo-os sob sua
guarda e companhia, sustentando-os e criando-os. O poder familiar é
indisponível, não podendo ser transferido por iniciativa dos titulares para
terceiros. Nos casos de adoção, o poder familiar não é transferido, mas
renunciado.

Tutela
A tutela e a curatela são institutos que objetivam suprir incapacidades de fato e
de direito de pessoas que não as têm e que necessitam de proteção. Para agir
na vida civil, reclamam a presença de outrem que atue por elas.
Visa à proteção de menores que não estão sob a autoridade dos pais, investindo
a outra pessoa maior e capaz os poderes necessários para a proteção do menor.
O menor fica sob tutela quando não tem pais conhecidos ou forem falecidos e
quando os pais forem suspensos ou destituídos do poder familiar. Dessa forma,
os tutores assumem o exercício do poder familiar (artigo 1.728, CCB). A tutela
implica necessariamente no dever de guarda e de assistência moral e
educacional (artigo 36, ECA).

Curatela
O instituto, previsto nos artigos 1.767 a 1.783 do Código Civil, constitui-se um
múnus público, que visa à proteção daqueles que estejam privados de sua
capacidade plena, e sempre decorre de sentença judicial de interdição, com a
consequente nomeação do curador.

3 - Conceitue e diferencie os crimes contra a incolumidade pública e os


crimes contra a paz pública.

A incolumidade pública significa evitar o perigo ou risco coletivo, tem relação com
a garantia de bem-estar e segurança de pessoas indeterminadas ou de bens
diante de situações que possam causar ameaça de danos.

O Código Penal trouxe a previsão dos crimes contra a incolumidade pública no


intuito de evitar e punir atos que causem perigo comum ou coloquem em risco a
segurança pública, a segurança dos meios de comunicação, transporte e outros
serviços públicos e a saúde pública. Os referidos crimes estão descritos nos
artigos 260 a 285. São exemplos, os crimes de: incêndio, explosão,
desabamento, difusão de doença ou praga, entre outros.

O bem jurídico genérico é a paz pública. Na medida em que eu entendo que a


paz pública é o sentimento de tranquilidade e segurança que deve vigorar na
coletividade para que haja normal sentimento da vida social, acaba-se
entendendo que todo crime ofende a paz pública. Mas existe este tipo especifico,
pois o legislador resolver estabelecer crimes específicos que dão proteção
antecipada ao bem jurídico da paz pública.

De início, é indispensável conceituar a Paz pública como sendo o sentimento de


segurança que deve existir na coletividade/sociedade. Esse sentimento é
colocado em risco quando são executadas condutas que causem medo à
sociedade, sendo por isso, tipificadas como criminosas pelos artigos 286 a 288
do código penal.
Aqui, o bem jurídico protegido é a paz pública, e o crime poderá ser catalogado
de 4 formas diferentes:

1 – Incitação ao crime

Art. 286 – Incitar, publicamente, a prática de crime:

Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa.

Incitar significa reforçar, induzir, provocar, ou estimular a prática do crime em


questão. Tal incitação precisa ser pública, e deve ser direcionada a um número
indeterminado de pessoas.

O crime em questão poderá ser praticado em qualquer meio de execução,


inclusive através da internet. O elemento subjetivo é o dolo de incitar a
coletividade à prática do crime, ou seja, a vontade consciente do agente.
Importante destacar que o elemento publicidade é indispensável para que haja
consumação do crime. Além disso, a forma culposa não é permitida.

O crime é de perigo abstrato e admite tentativa, especialmente se for na forma


escrita. Ademais, é considerado comum, já que o sujeito ativo poderá ser
qualquer indivíduo. Vale lembrar que o concurso de pessoas também é admitido,
sendo possível a presença de um partícipe. O sujeito passivo, por sua vez, é a
coletividade, sendo por isso um crime vago, já que esse sujeito não possui
personalidade jurídica.

Por fim, por ser tratar de um crime formal, a incitação ao crime consuma-se com
a mera incitação.

2 – Apologia de crime ou criminoso

Art. 287 – Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de


crime: Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa.

Fazer apologia significa exaltar, elogiar, enaltecer, de forma pública, um fato


criminoso ou autor de algum crime. Assim como na incitação ao crime, a apologia
deverá ser direcionada a um número indeterminado de pessoas.

Importante destacar que o crime que a conduta exalta deverá ter sentença
transitada em julgado. Além disso, o crime é comum, tendo assim, como sujeito
ativo qualquer pessoa. O sujeito passivo continua sendo a sociedade e o
elemento subjetivo é o dolo.

Por fim, a tentativa é admissível, e o crime consuma-se com a apologia,


independentemente do resultado que essa poderá causar.

3 – Associação criminosa

Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de


cometer crimes:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é


armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.

Importante destacar que a grande diferença se encontra nesse artigo, já que o


mesmo passou por algumas modificações após a Lei 12.850 de 2013. Entenda:

Antes de 2013: O crime era conhecido como Formação de quadrilha ou bando,


e necessitava de, no mínimo, 4 pessoas.

Depois de 2013: O crime é denominado Associação criminosa e exige


apenas a participação de 3 pessoas.

O sujeito passivo continua sendo a coletividade, e o grupo de pessoas deverá


se unir para praticar um número indeterminado de crimes. Ademais, essa união
de pessoas deverá ter vínculo permanente e estável, sendo por isso inadmissível
a tentativa.

O elemento subjetivo é o dolo de associar-se a fim de cometer número


indeterminado de crimes.

A pena é aumentada até a metade quando a associação estiver armada ou


quando houver a participação de criança ou adolescente.

4 – Constituição de milícia privada

Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização


paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de
praticar qualquer dos crimes previstos neste Código:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.


O sujeito ativo continua sendo qualquer pessoa, desde que seja no mínimo de
4. O sujeito passivo também permanece sendo a coletividade e um número
indeterminado de pessoas.

A mera constituição já consuma o crime, e a tentativa é inadmissível por ser um


crime abstrato.

Por fim, o crime é classificado como comum, formal, comissivo, permanente, de


perigo comum abstrato, plurissubjetivo e unissubsistente

4 - Discorra sobre os crimes contra a fé pública

Os crimes de moeda falsa; uso de documento falso; fraudes em certames de


interesse público estão presentes no título X, da parte especial do Código
Penal que, por sua vez, referem - se aos crimes contra a fé pública. Estes crimes
mencionados encontram-se respectivamente nos artigos 289; 304; 311-A;
capítulo I, III, V, respectivamente do Código Penal.
Crimes Contra a Fé Pública são aqueles que possuem como sujeito passivo (ou
vítima), o coletivo, pois não há necessariamente uma vítima em específico, pode
- se dizer, então, que estes crimes atuam diretamente contra o Estado. Para a
configuração deste crime deve haver a existência do dolo e a alteração ou
imitação da verdade. A expressão “Fé Pública” significa confiança na
legitimidade de alguma coisa, sendo necessária à vida social. É o alicerce do
mecanismo de autenticação e legitimação de atos, negócios ou fatos jurídicos
humanos, ou de certificação sobre acontecimentos naturais. Proveniente do
tabelião e do registrador, delegados da lei, qualifica os atos jurídicos a eles
submetidos com a presunção legal de veracidade.

Moeda Falsa

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou


papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa

O crime de moeda falsa para muitos autores é configurado por meio do


enriquecimento ilícito. A consumação ocorre mediante processo de fabricação
ou alteração do papel-moeda ou da moeda metálica apta a iludir a fé pública. O
sujeito ativo, ou seja, o agente que repassa a moeda falsa pode ser qualquer
pessoa, não exigindo qualidade especial do agente. Já o sujeito passivo é o
Estado e, secundariamente, o particular lesado pela conduta do agente, que são
aqueles que sofrem com a conduta do agente. Logo, o ordenamento jurídico
prevê esse crime com o objetivo de garantir a credibilidade da moeda circulante.

Deve-se observar que o tipo não exige o animus lucrandi e a moeda deve ter
curso legal no país ou no estrangeiro. Assim, o objeto jurídico a ser tutelado é a
fé pública que incide sobre a moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
Brasil ou no estrangeiro.
Portanto, não se considera como tal a moeda que, não tendo aceitação legal, é
convencionalmente utilizada, assim como aquela retirada terminantemente de
circulação. Nesse caso, não configura crime contra a fé pública, podendo ser
caracterizado como estelionato. É considerado estelionato, também, quando
houver falsificação de moeda antiga. A falsificação deve ter potencialidade
lesiva, ou seja, deve ser capaz de enganar uma pessoa de diligência comum, de
modo a colocar em risco a fé pública. Caso contrário, como previsto na súmula
73 do STJ: “Utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura em
tese o crime de estelionato, de competência da justiça estadual”.

Outra hipótese é o caso em que se apresente inidôneo a iludir a vítima, o fato


será considerado atípico. Configura-se nessa situação como crime impossível,
previsto no artigo 17 do Código Penal.

Uso de documento Falso

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a


que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

A função do documento é: de perpetuidade, de garantia e probatória. Pois deixa


gravado de forma escrita, garantindo a vontade ou pensamento de alguém ou
coisa, provando a existência de fato juridicamente relevante.
A falsificação do documento pode ser de cunho material e/ou ideológico. A
distinção é: enquanto a primeira está prevista no artigo 298 do CP, a ideológica
é regida pelo artigo 299, CP. Assim abordado por Sylvio do Amaral, no livro
“Falsidade documental”, a falsificação material é a alteração de documento
verdadeiro, a qual incide sobre a “integridade física do papel escrito, procurando
deturpar suas características originais através de emendas ou rasuras, que
substituem ou acrescem no texto letras ou algarismos”; ou a ideológica, a qual
se dá na omissão de declaração em documento público ou particular, que devia
constar (é crime omissivo próprio e não admite tentativa), ou nele inserir ou fazer
inserir (é crime comissivo e admite tentativa), com o intuito de prejudicar direito,
bem como criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante.

Fraudes do Certame de interesse publico

Art. 311-A - Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a


si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
sigiloso de:
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Primeiramente cabe definir o que seria “certame”. O significado de certame é


disputa, concorrência, discussão. A posteriori tem-se a expressão interesse
público que é o interesse da sociedade de um modo geral, ou seja, algo que
interessa a todos, indistintamente. Portanto, conclui-se que certame de interesse
público é a concorrência que interessa à sociedade e que, por isso, precisa de
credibilidade. Esse crime não apresenta a possibilidade, em hipótese alguma, da
aplicação do princípio da insignificância no delito fraudes em certames de
interesse público, devido ao entendimento do STF em que diz que pelo fato do
bem violado ser a fé pública acarreta em ser interpretado como um bem
intangível e que corresponde à confiança que a população deposita nos
certames de interesse público.

O elemento subjetivo nesse tipo penal é o dolo. E os seus elementos normativo


são as palavras “indevidamente”, presente no caput e “funcionário público”, no §
3º. Seriam o núcleo do tipo. O objeto jurídico tutelado é a fé pública. É
considerado crime formal, por não precisar do resultado naturalístico. Logo, sua
consumação acontece: no caput, com efetiva utilização ou divulgação do
conteúdo sigiloso. Não se exige que o beneficiário tenha tido proveito (formal).
No § 1º, a consumação ocorre com a permissão ou facilitação, por qualquer
meio, ao acesso às informações sigilosas. Novamente não é necessário que
tenha tido proveito; e o dano à Administração Pública é mero exaurimento da
conduta, punível na forma qualificada – previsto no § 2º. É permitida a tentativa
nesse tipo penal. O crime é de ação penal pública incondicionada. Possui a
exceção de ser possível ser interposta a ação privada subsidiária da pública,
somente na hipótese prevista no artigo 5º, inciso LIX, da CF. O sujeito ativo pode
ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo pode ser: A União; o Estado; o
município; outra instituição que, embora não seja um ente integrante da
Federação, promove certames de interesse público; ou a empresa que organiza
o certame. É considerado sujeito passivo a pessoa lesada pela atividade do
agente ativo, se houver.

5 - Discorra sobre os crimes contra a administração pública

os principais crimes contra a administração pública aumentaram as

investigações e ações judiciais. Segundo o Código Penal, é classificado como

crime toda ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens

jurídicos penalmente tutelados.

E os crimes contra a administração estão relacionados a possíveis práticas de

atos ilícitos contra a União, Estados, Municípios e o DF, incluindo todas as

entidades ligadas a esses entes federativos. Ou seja, os crimes contra a

administração pública são atividades ilícitas contra os órgãos, fundações

públicas, autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, os

demais poderes e o ministério público.

Os crimes cometidos contra a administração pública são processados na área


criminal, previstos no Código Penal, como:
• Exercício arbitrário ou abuso de poder;
• Falsificação de papéis públicos;
• Má-gestão praticada por administradores públicos;
• Apropriação indébita previdenciária;
• Lavagem e ocultação de bens de corrupção;
• Emprego irregular de verbas;
• Contrabando;
• Corrupção ativa ou passiva;

Importante destacar que em muitos casos a administração pública será o agente

que cometerá o crime tais como o peculato, a prevaricação e a concussão.

Corrupção

Conforme prescrito no Art. 333 do Código Penal, pratica o crime de corrupção

ativa aquele que oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público

como forma de determinação para prática, omissão ou retardo de algo que seria

seu de ofício.

Já, no caso da corrupção passiva, prescrito no Art. 317 do Código Penal, é

praticado pelo agente público que solicita ou recebe, para si próprio ou para

demais pessoas do seu interesse, de maneira direta ou indireta, vantagens

indevidas em nome do cargo que ocupa.

Tanto a corrupção ativa, quanto a corrupção passiva, trata-se de crimes com

penas previstas de 2 a 12 anos de reclusão e pagamento de multa.

Peculato

Quando o funcionário público, em benefício próprio ou de demais pessoas,

desvia ou apropria-se de dinheiro ou algum bem público de que tenha posse

devido ao cargo que ocupa, denomina-se crime de peculato, conforme o Art. 312

do Código Penal.
O peculato pode ser resultado do desvio de determinado bem, para benefício

próprio ou de outras pessoas. A pena, no caso de peculato, possui reclusão de

2 a 12 anos e multa.

Concussão

A concussão ocorre quando um funcionário exige para si, ou para demais

pessoas, algum tipo de vantagem indevida em por causa do cargo que ocupa.

Diferente da corrupção passiva, o crime de concussão, previsto no Art. 316 do

Código Penal, apesar de também haver solicitação de vantagem, é uma

exigência que causa temor e até ameaças pelo servidor que exige o pagamento

indevido, em função ao cargo exercido pelo funcionário público. Este crime

também possui pena de 2 a 12 anos e multa.

Prevaricação

O crime de prevaricação contra a administração pública, previsto no Art. 319 do

Código Penal, ocorre quando o funcionário retarda ou deixa de praticar um ato

que seria obrigatório, além de praticar um ato de ofício contra a disposição

expressa da lei, satisfazendo seu interesse pessoal. A pena é de detenção de 3

meses a 1 ano, além da multa.

A lista dos crimes contra a administração pública é bastante extensa, visto que

representa um grande grupo de categorias penais que estão entre o artigo 312

a 359 do Código Penal. Este grupo é dividido em cinco subgrupos:

Crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral


(arts. 312 a 327 do CP); Crimes praticados por particular contra a
administração em geral (arts. 328 a 337-A do CP); Crimes contra a
administração pública estrangeira (arts. 337-B a 337D do CP); Crimes contra
a administração da Justiça (arts. 338 a 359 do CP); Crimes contra as finanças
públicas (arts. 359-A a 359-H do CP);
Bibliografia:

CRIMES Contra a Administração Pública. [S. l.], 29 mar. 2022. Disponível em:
https://www.galvaoesilva.com/crimes-contra-a-administracao-
publica/#:~:text=Ou%20seja%2C%20os%20crimes%20contra,poderes%20e%20o
%20minist%C3%A9rio%20p%C3%BAblico. Acesso em: 1 jun. 2022.

CRIMES Contra a Administração Pública. [S. l.], 29 mar. 2022. Disponível em:
https://carmemrrk.jusbrasil.com.br/artigos/337596971/crimes-contra-a-fe-publica-
moeda-falsa-uso-de-documento-falso-e-fraudes-em-certames-de-interesse-
publico. Acesso em: 1 jun. 2022.

CRIMES Contra a Familia. [S. l.], 29 mar. 2022. Disponível em:


https://jus.com.br/artigos/69938/dos-crimes-contra-a-familia. Acesso em: 1 jun.
2022.

DOS CRIMES contra a Paz Pública. [S. l.], 30 set. 2019. Disponível em:
https://noticias.cers.com.br/noticia/dos-crimes-contra-a-paz-
publica/#:~:text=crime%20ou%20criminoso-
,Art.,ou%20autor%20de%20algum%20crime. Acesso em: 1 jun. 2022.

DOS CRIMES contra a incolumidade publica e contra a paz publica. [S. l.], 12 dez.
2020. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/87416/dos-crimes-contra-a-
incolumidade-publica-e-contra-a-paz-publica. Acesso em: 1 jun. 2022.

CRIMES contra o Sentimento Religioso - Noções Gerais. [S. l.], 12 dez. 2020.
Disponível em: https://trilhante.com.br/curso/crimes-contra-a-organizacao-do-
trabalho/aula/crimes-contra-o-sentimento-religioso-nocoes-gerais-2. Acesso em: 1
jun. 2022.

Você também pode gostar