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DIREITO CONSTITUCIONAL

AULA 04

Unidade de Ensino 2: TUTELA CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES


Seção 1 – Da Liberdade de Consciência à Liberdade de Profissão;
Seção 2 – Do Devido Processo Legal à Assistência Gratuita.
Faculdade Anhanguera
Prof.ª: MSc. Lívia Maria Firmino Leite
E-mail: liviamaria.leite@gmail.com

Doutores, tudo bem com vocês?

Compartilho com os senhores o material referente a nossa quarta aula.


Bons estudos a todos! Avante!

AULA 04

1. DIREITOS DE LIBERDADE. DA LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA À


LIBERDADE DE PROFISSÃO.

O direito é cerceador da liberdade por natureza.


Quando se fala em liberdade, a primeira noção que se tem é a liberdade de ir e
vir, ou seja, a liberdade objetiva, ou a liberdade de locomoção, que é protegida por meio
de HC. Há também a liberdade subjetiva, ou a liberdade de pensamento, é a liberdade
de pensar. Delas decorrem as diversas expressões constitucionais da liberdade.
Exemplos: liberdade de associação, liberdade religiosa, liberdade de ideologia política,
isso tudo porque a CF/88 é pluralista (permite que as pessoas pensem como quiser).
Senão, vejamos:

1) LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA (foro íntimo, indevassável, absoluto):

a) Liberdade de crença: é a liberdade de pensamento de foro íntimo em


questões de natureza religiosa, incluindo o direito de professar ou não uma religião, de
acreditar ou não na existência de um, em nenhum ou em vários deuses (art. 5º, VI);
b) Liberdade de consciência em sentido estrito: é a liberdade de
pensamento de foro íntimo em questões não religiosas. Trata-se de convicções de
ordem ideológica, filosófica ou política. Liberdade de exteriorização de pensamento
(poder de polícia do Estado).

c) Liberdade de culto: é a exteriorização da liberdade de crença. Se a CF


assegura ampla liberdade de crença, a de culto deve ser exteriorizada na forma da lei.
Inclui o direito de honrar as divindades preferidas, celebrar as cerimônias exigidas pelos
rituais, a construção de templos e o direito de recolher contribuições dos fiéis (art. 5º,
VI).

ATENÇÃO. (Liberdade de consciência, de crença e de convicção filosófica ou


política)
Art. 5º, VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
aos locais de culto e a suas liturgias;
Art. 5º, VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa
nas entidades civis e militares de internação coletiva;
Art. 5º, VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou
de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Com relação aos incisos VI e VII do art. 5º, importante deixar claro que a citação
de “livre exercício dos cultos religiosos” e de “assistência religiosa” não retira a laicidade
do Estado brasileiro.
Não se tem dúvida de que a República Federativa do Brasil é um Estado laico,
que não adota religião oficial.
O inciso VIII, por sua vez, é conhecido pela doutrina como escusa de
consciência, ou objeção de consciência, ou, ainda, imperativo de consciência. Segundo
prevê este inc. VIII do art. 5º, é possível que a pessoa se recuse a cumprir determinadas
obrigações que conflitem com suas convicções religiosas, filosóficas ou políticas.
Porém, se alguém se vale da sua escusa de consciência (estas questões religiosas,
políticas ou filosóficas) para não cumprir a obrigação legal imposta a todos e também
não cumprir a prestação alternativa fixada na lei, poderá sim ser privado de direitos. A
consequência, como veremos futuramente, é a privação dos direitos políticos.

d) Liberdade de cátedra (art. 206):

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e
o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

Compete privativamente à União legislar sobre diretrizes e bases da educação


nacional (art. 22, XXIV, da CF), de modo que os Municípios não têm competência para
editar lei proibindo a divulgação de material com referência a “ideologia de gênero” nas
escolas municipais. Existe inconstitucionalidade formal. Há também
inconstitucionalidade material nessa lei. Lei municipal proibindo essa divulgação viola: •
a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber
(art. 206, II, CF/88); e • o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas (art. 206,
III). Essa lei contraria ainda um dos objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil, que é a promoção do bem de todos sem preconceitos (art. 3º, IV, CF/88). Por
fim, essa lei não cumpre com o dever estatal de promover políticas de inclusão e de
igualdade, contribuindo para a manutenção da discriminação com base na orientação
sexual e identidade de gênero. STF. Plenário. ADPF 457, Rel. Alexandre de Moraes,
julgado em 27/04/2020 (Info 980 – clipping).

e) Liberdade de informação jornalística (art. 220 e seus parágrafos):


compreende o direito de informar, bem como o do cidadão de ser devidamente
informado. Essa liberdade deverá ser exercida de forma compatível com a tutela
constitucional da intimidade e da honra das pessoas, evitando situações de abuso de
direito de informação previsto na CF. Segundo Vidal Serrano Nunes Jr., o direito à
liberdade de informação possui dupla face: uma de defesa da imprensa contra o Estado
e outra de defesa do cidadão contra os veículos de comunicação.

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação,


sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição.
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena
liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social,
observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e
artística.
§ 3º - Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público
informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e
horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade
de se
defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem
o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que
possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.

DICA DA PROF - SAIBA ++++

Em tempo de prisões espetaculosas, questiona-se sobre os limites do direito de


informar. Teriam os órgãos de persecução penal o direito de expor publicamente a figura
dos acusados? Ou teriam estes o direito à preservação da imagem e a proteção da
honra? Essa discussão, embora recente no Brasil, há tempos é tratada na jurisprudência
norte-americana. Naquele país, a exposição pública de acusados remonta aos anos 30,
quando o FBI, sob a gestão de Edgar Hoover, promovia verdadeiros espetáculos
midiáticos para apresentar "gângsters" aprisionados. A prática se incorporou à práxis
policial estadunidense e recebeu o nome de "perp walk" (caminhada do perpetrador).
Em um conceito preciso, o "perp walk" consiste na exposição midiática da pessoa
aprisionada, antes mesmo de qualquer julgamento ou acusação formal, normalmente
algemada e sob forte escolta policial. A prática é tolerada pela jurisprudência norte-
americana, em prol do direito à informação, da prevenção geral e da transparência da
ação policial, como restou decidido pelo Segundo Circuito, no caso Caldarola v. County
of Westchester (343 F. 3d 570. 2d Cir. 2003). Todavia, dois outros precedentes
instituíram limites à exposição do preso. O mesmo Segundo Circuito, no caso Lauro v.
Charles (219 F. 3d 202. 2d Cir. 2000), decidiu que a encenação na condução do preso
afronta a Quarta Emenda, que assegura a privacidade e obsta medidas arbitrárias nas
buscas policiais. No caso, o acusado, já preso e acautelado na delegacia, foi novamente
posto na viatura policial, que circundou o quarteirão e retornou à delegacia, com o único
propósito de viabilizar a filmagem da chegada ao distrito policial pela imprensa
(@bomnodireito).

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

A veiculação de matéria jornalística informando a investigação de determinada


pessoa gera direito à indenização? Segundo o STJ, em regra, o jornal não tem o dever
de indenizar a pessoa noticiada como investigada, ainda que ela venha a ser absolvida
no processo criminal. Nos termos do REsp 1297567-RJ, para que haja a
responsabilização da imprensa pelos fatos por ela noticiados é necessário que exista
prova de que o agente divulgador conhecia ou poderia conhecer a falsidade da
informação divulgada. A mera divulgação de informação não se mostra apta a ensejar
o abuso do direito de informação.

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em plataforma de


“streaming” apenas porque seu conteúdo desagrada parcela da população, ainda que
majoritária, não encontra fundamento em uma sociedade democrática e pluralista como
a brasileira. STF. 2ª Turma. Rcl 38782/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
3/11/2020 (Info 998).
SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

A redução da transparência dos dados referentes à pandemia de COVID-19


representa violação a preceitos fundamentais da Constituição Federal, nomeadamente
o acesso à informação, os princípios da publicidade e transparência da Administração
Pública e o direito à saúde. STF. Plenário. ADPF 690 MC-Ref/DF, ADPF 691 MC-Ref/DF
e ADPF 692 MC-Ref/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info
1000).

f) Liberdade científica:

Além do direito geral à liberdade de expressão do pensamento, a Constituição


assegura a livre expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação
(artigos 5º, IX, 218, 220 e 221). Trata-se, pois, da garantia da chamada “livre mercado
de ideias”, com base o qual a sociedade tem mais chances de evoluir e prosperar, não
só no âmbito das ciências, como em todas as demais áreas do conhecimento.

DICA DA PROF - SAIBA ++++

A expressão “livre mercado de ideias” quer dizer que a verdade surge da


competição entre ideias em ambiente de livre e transparente discurso. Essa noção é
atribuída à obra de John Stuart Mill, entre cujos fundamentos consta: “embora a opinião
silenciosa possa estar errada, ela pode, o que muito comumente ocorre, conter uma
parte de verdade; e uma vez que a opinião geral ou prevalecente em qualquer assunto
é raramente ou nunca toda a verdade, é apenas pela colisão de opiniões divergentes
que o restante da verdade tem chance de ver preenchido”.

Em um capítulo específico à Ciência e Tecnologia (art. 218, CF), a Constituição


assim prevê:
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a
pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação.
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento prioritário do
Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos
problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência,
pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive por meio do apoio às atividades de extensão
tecnológica, e concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de
trabalho.
§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação
de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos
humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado,
desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da
produtividade de seu trabalho.
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita
orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e
tecnológica.
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no caput, estimulará a
articulação entre entes, tanto públicos quanto privados, nas diversas esferas de governo.
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das instituições
públicas de ciência, tecnologia e inovação, com vistas à execução das atividades
previstas no caput.

g) Liberdade artística:

A CF/88, preocupada em assegurar ampla liberdade de manifestação de


pensamento, veda expressamente qualquer atividade de censura ou licença. Por
censura entende-se a verificação de compatibilidade entre um pensamento que se
pretende exprimir e as normas legais vigentes. Por licença, temos a exigência de
autorização de qualquer agente ou órgão para que um pensamento possa ser
exteriorizado.
A liberdade de expressão engloba não somente o direito de se exprimir, como o
também de não se expressar, de calar e de não se informar.
Outra forma de garantir a liberdade de expressão é coibir a formação de
monopólio ou oligopólio no controle da comunicação social, proibindo a formação de
grupos que revelem-se danosos à livre difusão de ideias.
A publicação pelos meios de comunicação de fato prejudicial a outrem gera
direito de indenização por danos sofridos, admitindo-se, entretanto, a prova da verdade,
como fator excludente da responsabilidade. O jornalista não merecerá censura se
buscou noticiar, diligentemente, os fatos por ele diretamente percebidos ou a ele
narrados, com a aparência de verdadeiro, dadas as circunstâncias.
O respeito à honra de terceiros é outro limite à liberdade de imprensa. A charge
política, entretanto, tem sido admitida em princípio, como lícita manifestação da
liberdade de expressão. *Nesse sentido: “A liberdade de imprensa assim
abrangentemente livre não é de sofrer constrições em período eleitoral. Ela é plena em
todo o tempo, lugar e circunstâncias. Tanto em período não-eleitoral, portanto, quanto
em período de eleições gerais. Se podem as emissoras de rádio e televisão, fora do
período eleitoral, produzir e veicular charges, sátiras e programas humorísticos que
envolvam partidos políticos, pré-candidatos e autoridades em geral, também podem
fazê-lo no período eleitoral. Processo eleitoral NÃO é estado de sítio. (ADI 4.451, relator
Min. Ayres Britto, julgamento em 26/8/2010).”
ATENÇÃO. Liberdade artística e os veículos de comunicação social: a CF
assegura ampla liberdade na produção da arte (literatura, música, teatro, cinema etc.).
Determinadas expressões artísticas, como artes plásticas, literária e musical, gozam de
ampla liberdade, não estando sujeitas a qualquer restrição por parte do Estado.
Contudo, nas expressões artísticas feitas pelos veículos de comunicação social
(imprensa, rádio e televisão) ou de forma pública (cinemas, teatros, casas de
espetáculos), que atingem pessoas indeterminadas, a CF admite certas formas de
controle. Tratando-se de diversões e espetáculos públicos, o Poder Público poderá
estabelecer faixas etárias recomendadas, locais e horários para a apresentação. Ao
mesmo tempo, lei federal deverá estabelecer meios para que qualquer pessoa ou família
possa defender-se de programações de rádio e televisão que atentem contra os valores
éticos vigentes (art. 220, §3º, I e II).

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

É inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art.


254 do ECA. "Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário
diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação: Pena - multa de vinte a cem
salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá
determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias." O Estado não
pode determinar que os programas somente possam ser exibidos em determinados
horários. Isso seria uma imposição, o que é vedado pelo texto constitucional por
configurar censura. O Poder Público pode apenas recomendar os horários adequados.
A classificação dos programas é indicativa (e não obrigatória). STF. Plenário. ADI
2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/8/2016 (Info 837).

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

O art. 220, § 4º da CF/88 prevê que lei poderá impor restrições às propagandas
de bebidas alcoólicas. Com o objetivo de regulamentar esse dispositivo, foi editada a
Lei 9.294/96. Ocorre que a Lei 9.294/96 afirmou expressamente que só haveria
restrições para as propagandas de bebidas alcoólicas com teor alcoólico superior a 13
GL (art. 1º, parágrafo único). O PGR não concordou com a medida e ajuizou ação direta
de inconstitucionalidade por omissão afirmando que o Congresso Nacional estaria em
mora legislativa, considerando que deveria impor restrições à propaganda de bebidas
alcoólicas independentemente do seu teor de álcool. O STF julgou improcedente o
pedido. A Corte entendeu que não é possível que o Poder Judiciário crie norma geral e
abstrata em substituição ao legislador definindo o que é bebida alcoólica para fins de
propaganda. Além disso, o STF considerou que não existe a alegada omissão. O
legislador federal aprovou a Lei 9.294/96, que foi objeto de amplo debate no Congresso
Nacional. Foi feita uma escolha política de só serem impostas restrições para
propagandas de bebidas alcóolicas com grau superior a 13 GL, não podendo o STF
rever essa decisão. Por fim, o STF entendeu que a Lei 9.294/96 não contraria a Lei
11.705/2008 (Lei Seca), considerando que são diplomas legislativos com âmbitos de
incidência totalmente diversos. A primeira lei cuida de restrições à propaganda e
liberdade de expressão. Nela não se está julgando o teor alcoólico da bebida e sim até
que limite pode ir a sua publicidade. Na segunda, estão sendo discutidos os efeitos do
álcool para pessoas que dirigem veículo automotor e a proibição imposta para essa
prática. STF. Plenário. ADO 22/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/4/2015 -
INFO 782.

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

A transmissão de músicas por meio da rede mundial de computadores mediante


o emprego da tecnologia streaming (webcasting e simulcasting) demanda autorização
prévia e expressa pelo titular dos direitos de autor e caracteriza fato gerador de cobrança
pelo ECAD relativa à exploração econômica desses direitos. STJ. 2ª Seção. REsp
1559264/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 08/02/2017 (Info 597).

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

O direito à retratação e ao esclarecimento da verdade possui previsão na


Constituição da República e na Lei Civil, não tendo sido afastado pelo Supremo Tribunal
Federal no julgamento da ADPF 130/DF. O princípio da reparação integral (arts. 927 e
944 do CC) possibilita o pagamento da indenização em pecúnia e in natura, a fim de se
dar efetividade ao instituto da responsabilidade civil. Dessa forma, é possível que o
magistrado condene o autor da ofensa a divulgar a sentença condenatória nos mesmos
veículos de comunicação em que foi cometida a ofensa à honra, desde que
fundamentada em dispositivos legais diversos da Lei de Imprensa. STJ. 3ª Turma. REsp
1.771.866-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/02/2019 (Info 642).

ATENÇÃO. As liberdades de expressão coletiva são modalidades de direitos


individuais, abrangendo o direito ou a liberdade de reunião e o direito ou a liberdade de
associação (art. 5º, XVII a XXI). São considerados direitos individuais, pois pertencem
ao indivíduo, e de expressão coletiva, porque pressupõem uma pluralidade de pessoas
para que possam ser exercidos.

2) LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO:

O art. 5º, inc. XV, consagra a liberdade de locomoção, dizendo que “é livre a
locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. Se violada a
liberdade de locomoção, a Constituição Federal coloca à disposição da vítima o remédio
constitucional chamado de habeas corpus.
A liberdade de locomoção consiste no direito de ir e vir. Para outros, no direito
de ir, vir e ficar. Apenas em tempo de guerra podem ser feitas restrições à liberdade de
locomoção. O direito de sair do país com seus bens não abrange a concessão de
qualquer imunidade fiscal.

3) LIBERDADE DE REUNIÃO:
A liberdade de reunião deve ser entendida como o agrupamento de pessoas,
organizado, de caráter transitório, com uma determinada finalidade. Em locais abertos
ao público, é assegurada expressamente no art. 5º, XVI, da CF/88, desde que
observados determinados requisitos:
a) Reunião pacífica, sem armas;
b) Fins lícitos;
c) Aviso prévio à autoridade competente: não se confunde com a exigência
de autorização do Poder Público. Sua finalidade é evitar a frustração de outra reunião
previamente convocada para o mesmo local;
d) Realização em locais abertos ao público.

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

Qual é o sentido de “prévio aviso” mencionado pelo dispositivo constitucional? O


STF fixou a seguinte tese: A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao
direito de reunião é satisfeita com a veiculação de informação que permita ao poder
público zelar para que seu exercício se dê de forma pacífica ou para que não frustre
outra reunião no mesmo local. STF. Plenário. RE 806339/SE, Rel. Min. Marco Aurélio,
redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral –
Tema 855) (Info 1003).

4) LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO:

A liberdade de associação é o agrupamento de pessoas, organizado e


permanente, para fins lícitos. Distingue-se do direito de reunião por seu caráter de
permanência. A liberdade de associação abrange o direito de associar-se a outras
pessoas para a formação de uma entidade, o de aderir a uma associação já formada, o
de desligar-se da associação, bem como o de autodissolução das associações.
A liberdade de associação está prevista no art. 5º, incs. XVII a XXI, vejamos:
Art. 5º, XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar;
Art. 5º, XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;
Art. 5º, XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou
ter suas atividades suspensas por decisão JUDICIAL, exigindo-se, no primeiro caso, o
trânsito em julgado; (a expressão “no primeiro caso” refere-se à dissolução da
associação)
Art. 5º, XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado;
Art. 5º, XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Associação é um agrupamento de pessoas para o exercício de uma atividade
lícita sem fins lucrativos.
Conforme o art. 5º, inc. XVII, parte final, é vedada associação de caráter
paramilitar, ou seja, proíbe a reunião de pessoas que não sejam militares para o
exercício de atividades bélicas.
Outro ponto muito importante diz respeito à suspensão e à dissolução das
associações, previstas no art. 5º, inc. XIX. Primeiro, lembre-se que só o JUIZ poderá
suspender ou dissolver as associações. Segundo, só é exigível o trânsito em julgado do
processo para a DISSOLUÇÃO da associação, isto é, para a suspensão não precisa
aguardar o chamado trânsito em julgado (o fim do processo). OK?
ATENÇÃO. Cuidado com o art. 5º, XXI. Quando se tratar de mandado de
segurança coletivo, não há necessidade de autorização dos associados, conforme
entendimento sumulado do STF, veja:
Súmula 629, STF: a impetração de mandado de segurança coletivo por entidade
de classe em favor dos associados independe da autorização destes.
Mas que fique claro: nos demais casos, necessita de expressa autorização, que,
segundo o STF, deve ser manifestada por ato individual do associado ou por deliberação
tomada em assembleia da entidade.

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

São compatíveis com a Constituição Federal os dispositivos da Lei nº


13.467/2017 (Reforma Trabalhista) que extinguiram a obrigatoriedade da contribuição
sindical e condicionaram o seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados.
No âmbito formal, o STF entendeu que a Lei nº 13.467/2017 não contempla normas
gerais de direito tributário (art. 146, III, “a”, da CF/88). Assim, não era necessária a
edição de lei complementar para tratar sobre matéria relativa a contribuições. Também
não se aplica ao caso a exigência de lei específica prevista no art. 150, § 6º, da CF/88,
pois a norma impugnada não disciplinou nenhum dos benefícios fiscais nele
mencionados, quais sejam, subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão
de crédito presumido, anistia ou remissão. Sob o ângulo material, o STF afirmou que a
Constituição assegura a livre associação profissional ou sindical, de modo que ninguém
é obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato (art. 8º, V, da CF/88). O princípio
constitucional da liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao empregador
a liberdade de se associar a uma organização sindical, passando a contribuir
voluntariamente com essa representação. Não há nenhum comando na Constituição
Federal determinando que a contribuição sindical é compulsória. Não se pode admitir
que o texto constitucional, de um lado, consagre a liberdade de associação,
sindicalização e expressão (art. 5º, IV e XVII, e art. 8º) e, de outro, imponha uma
contribuição compulsória a todos os integrantes das categorias econômicas e
profissionais. STF. Plenário. ADI 5794/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Luiz Fux, julgado em 29/6/2018 (Info 908).

5) LIBERDADE PROFISSIONAL:
Segundo o art. 5º, inc. XIII, “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Conforme já
entendeu o STF, nem todas as profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de
exigências legais, uma vez que a regra é a liberdade profissional. Só é admitida a
restrição legal quando determinada profissão possuir um potencial lesivo. Como
exemplo, citamos a atividade de músico, em que o STF definiu que prescinde de
qualquer controle. Noutro sentido, o STF entendeu que a exigência de inscrição na OAB
para o exercício da advocacia atende ao art. 5º, XIII, uma vez que a lei de regência (Lei
nº 8.906, de 1994) exige a referida inscrição e a atividade de advogado repercute no
campo de interesse de terceiros.

DICA DA PROF - SAIBA ++++

O legislador possui ampla liberdade para estabelecer quaisquer requisitos para


o exercício das profissões?
A regra é a liberdade no exercício das profissões. Somente podem ser exigidas,
pela lei, restrições para aquelas profissões que, de alguma forma, possam trazer perigo
de dano à coletividade ou prejuízos diretos a direitos de terceiros, sem culpa das vítimas,
como a medicina e as demais profissões ligadas à área da saúde, a engenharia, a
advocacia e a magistratura, dentre outras. Por outro lado, a lei não pode impor restrições
ao exercício de profissões que não tenham a aptidão de gerar tais riscos.

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

Os arts. 6º a 8º do Decreto nº 21.981/1932 exigem que o indivíduo que quiser


exercer a profissão de leiloeiro preste uma garantia (caução). A exigência de garantia
para o exercício da profissão de leiloeiro, prevista nos arts. 6º a 8º do Decreto
21.981/1932, é compatível com o art. 5º, XIII, da Constituição Federal de 1988. Isso
porque o leiloeiro lida diariamente com o patrimônio de terceiros, de forma que a
prestação de fiança como condição para o exercício de sua profissão busca reduzir o
risco de dano ao proprietário, o que reforça o interesse social da norma protetiva, bem
como justifica a limitação para o exercício da profissão. STF. Plenário. RE 1263641/RS,
rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
9/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 455) (Info 994).

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

São constitucionais as restrições impostas aos auditores independentes pelo art.


31 da Instrução 308/99 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). STF. Plenário. ADI
3033/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 998).
SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

É constitucional a expressão “privativas”, contida no caput do art. 3º da Lei nº


8.234/91, que regulamenta a profissão de nutricionista, respeitado o âmbito de atuação
profissional das demais profissões regulamentadas. STF. Plenário. ADI 803/DF, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/9/2017 (Info 879).

6) LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DIREITO DE RESPOSTA:

Art. 5º, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Como decorrência da adoção da democracia como regime de governo, a


Constituição Federal protege a liberdade de pensamento, ao mesmo tempo em que
proíbe o anonimato, pois quem faz uso da sua liberdade de manifestação do
pensamento assume a responsabilidade pelos eventuais danos causados.

A proibição do anonimato tem sua razão de existir na possibilidade do


prejudicado fazer valer seu direito de resposta, proporcional ao agravo, além das
indenizações pertinentes, conforme estabelece o art. 5º, inc. V.

Art. 5º, V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem.

Cuidado com a partícula “ou”, pois ela tem aqui caráter aditivo, ou seja, caso haja
um dano material, um dano moral e um dano à imagem provenientes de um mesmo
fato, caberá indenização pelos três danos cumulativamente.

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA
O STF, no HC 100.042, enfrentou a controvérsia acerca da (im)possibilidade de
investigação criminal pautada em delação anônima ou mediante cartas apócrifas.
Segundo a Corte, “as autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de
persecução (penal ou disciplinar), apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças
apócrifas ou em escritos anônimos. É por essa razão que o escrito anônimo não
autoriza, desde que isoladamente considerado, a imediata instauração de ‘persecutio
criminis’”; “peças apócrifas não podem ser formalmente incorporadas a procedimentos
instaurados pelo Estado, salvo quando forem produzidas pelo acusado ou, ainda,
quando constituírem, elas próprias, o corpo de delito (como sucede com bilhetes de
resgate no crime de extorsão mediante sequestro, ou como ocorre com cartas que
evidenciem a prática de crimes contra a honra, ou que corporifiquem o delito de ameaça
ou que materializem o ‘crimen falsi’ (crimes de falsidades)”.
O Supremo, asseverou, entretanto, que “nada impede, contudo, que o Poder
Público, provocado por delação anônima (disque-denúncia), adote medidas informais
destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, ‘com prudência e discrição’,
a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o
objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a
promover, então, em caso positivo, a formal instauração da ‘persecutio criminis’,
mantendo-se, assim, completa desvinculação desse procedimento estatal em relação
às peças apócrifas”. Ademais, o STF reconheceu que “o Ministério Público,
independentemente da prévia instauração de inquérito policial, também pode formar a
sua ‘opinio delicti’ com apoio em outros elementos de convicção – inclusive aqueles
resultantes de atividade investigatória por ele próprio promovida – que evidenciem a
materialidade do fato delituoso e a existência de indícios suficientes de autoria, desde
que os dados informativos que dão suporte à acusação penal não derivem de
documentos ou escritos anônimos nem os tenham como único fundamento causal”.
Em outras palavras, segundo o entendimento do STF, não podem as autoridades
públicas instaurarem um inquérito policial ou uma ação penal pautado exclusivamente
numa peça apócrifa (sem identificação de autoria). Caso as autoridades públicas
recebam uma delação anônima, como um disque-denúncia, poderão adotar medidas
informais para verificar a existência (ou não) de crime. Havendo os elementos mínimos
que caracterizem uma infração penal, aí sim poderão instaurar o procedimento
investigatório.
Vejamos agora o art. 5º, IX:
Art. 5º, IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
É importante deixar muito claro que, no Brasil, não mais se fala em censura
prévia, prática muito comum na época da ditadura militar.
Ainda no estudo sobre a liberdade de expressão, diz o art. 5º, inc. XIV, que “é
assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional”.
SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA
Com base na vedação à censura prévia, por unanimidade, o Supremo Tribunal
Federal julgou procedente a ADI 4815 e declarou inexigível a autorização prévia para a
publicação de biografias.

2. DO DEVIDO PROCESSO LEGAL À ASSISTÊNCIA GRATUITA

2.1. INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO

Segundo o art. 5º, inc. XXXV, “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Trata-se do princípio conhecido como
inafastabilidade da jurisdição.

Uma decorrência do primado da inafastabilidade da jurisdição é que não é


exigível, como regra, o esgotamento das instâncias administrativas para se acessar o
Poder Judiciário. Essa é a regra, mas existem exceções em que a jurisdição fica
condicionada ao cumprimento de certas etapas na seara administrativa. Vamos à elas:

1) justiça desportiva: a própria Constituição Federal exige que o Poder Judiciário


só admita ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se
as instâncias da justiça desportiva (art. 217, § 1º). A justiça desportiva, muito embora
receba o nome de “justiça”, não integra o Poder Judiciário. Constitui-se, na verdade, em
um tribunal administrativo;

2) no caso da impetração do habeas data (que estudaremos mais a frente), a


Súmula 2 do STJ determina que “não cabe o habeas data se não houve recusa de
informações por parte da autoridade administrativa”. Ou seja, deve o interessado,
inicialmente, dirigir-se às instâncias administrativas. Só após a recusa (expressa ou
tácita) por parte da autoridade administrativa, é que se poderá acessar o Poder
Judiciário. Apesar de não se falar aqui de esgotamento das instâncias administrativas,
é exigível buscar primeiro na esfera administrativa antes de entrar com a ação judicial
cabível (o habeas data);

3) outro exemplo é a impetração da reclamação por descumprimento de súmula


vinculante. A Lei n. 11.417, de 2006, diz que “da decisão judicial ou do ato administrativo
que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo
indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos
recursos ou outros meios admissíveis de impugnação” (art. 7º, caput). Continua a norma
afirmando que, contra omissão ou ato da administração pública que desrespeita a
súmula vinculante, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias
administrativas (art. 7º, § 1º). Perceba que a lei regulamentadora da súmula vinculante
exige o esgotamento das instâncias administrativas para o uso da reclamação no caso
de omissão ou ato da administração pública que desrespeita a súmula vinculante.

Por tudo isso, é possível concluir que a regra é a inafastabilidade da jurisdição,


estando as “portas” do Poder Judiciário abertas a todos. Entretanto, há situações de
jurisdição condicionada em que o interessado deve primeiro buscar o seu direito na
esfera administrativa para, após isso, entrar com a devida ação judicial.

2.2. IRRETROATIVIDADE DAS LEIS

De acordo com o art. 5º, inc. XXXVI, a lei não prejudicará o direito adquirido, o
ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Para saber a diferença entre direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa
julgada, temos que visitar a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB),
vamos lá:
Art. 6º, do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada.

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao


tempo em que se efetuou.

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por


ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou
condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não


caiba recurso.
O art. 5º, inc. XXXVI, tem por finalidade proteger a segurança das relações
jurídicas já consolidadas e a estabilidade das relações sociais.

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

O STF entende que não há direito adquirido a regime jurídico instituído por lei.
Por exemplo, pode uma nova lei alterar o Plano de Carreira de um determinado cargo e
o servidor que já integrava esta carreira não possui direito adquirido ao regime anterior.
Também aplicável no caso de alteração de regras previdenciárias para a aposentadoria.
As novas regras previdenciárias atingem a todos aqueles que já estão no sistema
previdenciário e não completaram os requisitos mínimos para se aposentar,
estabelecidos pelo regime anterior. Na verdade, se no momento em que as novas regras
previdenciária entraram em vigor, o servidor ainda não havia cumprido as condições
para a aposentadoria, este servidor possuía apenas expectativa de direito de se
aposentar, não um direito adquirido.

2.3. DIREITO AO JUIZ NATURAL

O direito ao juiz natural encontra-se capitulado no art. 5º, incs. XXXVII e LIII.
Segundo estes incisos, “não haverá juízo ou tribunal de exceção” e “ninguém será
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Por força do princípio
do juiz natural, todos têm direito de ser julgados por juízes competentes e imparciais.
Por consequência disso, é vedada a criação de órgãos judiciários após a ocorrência do
fato, o que, se criados, caracterizaria juízos ou tribunais de exceção.

2.4. JÚRI POPULAR

A Constituição Federal, no art. 5º, inc. XXXVIII, reconhece a instituição do júri,


com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo
das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos
crimes dolosos contra a vida.

Com relação à plenitude de defesa, é importante salientar que esse conceito vai
muito além do direito à ampla defesa previsto no art. 5º, LV. Enquanto a ampla defesa
assume um caráter estritamente processual, permitindo que os acusados se valham de
todos os meios e recursos admitidos no direito, a plenitude de defesa exercida no
tribunal do júri admite, além dos meios e recursos processuais, que a defesa utilize, para
convencer os jurados, de argumentos não jurídicos, tais como: sociológicos, políticos,
religiosos, morais etc.

Agora, no que toca à competência do tribunal do júri, a Constituição Federal


restringe ao julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

O STF editou a Súmula Vinculante 45 com o seguinte teor: “a competência


constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função
estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual”. Imagine que uma
Constituição Estadual preveja que o Secretário de Justiça seja processado e julgado por
eventuais crimes no respectivo Tribunal de Justiça. Se esse Secretário de Justiça venha
a cometer um homicídio doloso, onde ele seria julgado? No Tribunal de Justiça do seu
Estado, ou no tribunal do júri? No tribunal do júri, uma vez que é a Constituição Federal
(norma maior) que diz que aqueles que cometem crimes dolosos contra a vida serão
processados e julgados pelo júri. Não pode uma Constituição Estadual contrariar os
mandamentos da Constituição Federal. Agora, nesse mesmo exemplo, caso o
Secretário de Justiça cometa qualquer outro crime que não seja doloso contra a vida,
será julgado pelo respectivo Tribunal de Justiça. OK?

Compreendeu até aqui? Então vamos aprofundar. O enunciado da Súmula


Vinculante 45 continua válido. Portanto, temos que conhecê-lo para a prova. Entretanto,
a recente jurisprudência do STF afirma que normas estaduais sobre foro por
prerrogativa de função são inconstitucionais (ADIs 6512 e 6513). Em seu voto, o relator
das ADIs assinalou que as Constituições Estaduais, ao dispor sobre a competência dos
Tribunais de Justiça, só podem conferir foro por prerrogativa de função a autoridades
cujos similares na esfera federal também o detenham, em respeito ao princípio da
simetria.

2.5. LEGALIDADE PENAL E IRRETROATIVIDADE RELATIVA DA LEI PENAL

Estabelece o art. 5º, inc. XXXIX, que “não há crime sem lei anterior que o defina,
nem pena sem prévia cominação legal”. É a chamada legalidade penal que exige que o
crime seja cometido após a entrada em vigor da lei incriminadora.

Já o art. 5º, inc. XL, reza que “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
réu”. Como se vê, a regra é que a lei penal só tenha ultra-atividade, alcançando os fatos
futuros. Mas, excepcionalmente, a lei penal poderá ter também retroatividade, mas
apenas para BENEFICIAR o réu. Ou seja, a lei penal só retroage em BENEFÍCIO do
réu, jamais em seu prejuízo.

2.6. PUNIÇÃO ÀS DISCRIMINAÇÕES ATENTATÓRIAS

Determina o art. 5º, inc. XLI, que “a lei punirá qualquer discriminação atentatória
dos direitos e liberdades fundamentais”. Cuidado que a Constituição não estipula a pena
cabível.

Apesar disso, as bancas examinadoras gostam de inventar, dizendo que “a lei


punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais com
penas privativas de liberdade”.
2.7. PESSOALIDADE DA PENA, INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA E PENAS
PERMITIDAS E PROIBIDAS

Segundo o princípio da pessoalidade da pena (também chamado de


intranscendência da pena), nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo
a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido (art. 5º, inc. XLV).

Este princípio impede que alguém seja responsabilizado criminalmente por fatos
de terceiros.

Cuidado: de maneira nenhuma os efeitos penais transcendem da pessoa do


infrator, mas os efeitos civis (obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento
de bens) alcançam os sucessores no limite do patrimônio transferido (no limite da
herança).

O art. 5º, inc. XLVI, parte inicial, consagra o princípio da individualização da pena,
segundo o qual cabe ao juiz aplicar a pena de maneira individualizada a cada um dos
coautores de um crime, na medida da sua culpabilidade. Individualizar a pena significa
atribuir a sanção adequada a cada um dos corréus, de acordo com a reprovabilidade
social de sua conduta.

Isto é, o juiz, no momento da aplicação da pena, deve analisar as circunstâncias


em que o crime foi praticado, bem assim as características pessoais e o grau de
reprovabilidade da conduta da cada um dos agentes.

Além disso, esse mesmo inciso XLVI traz um rol de penas permitidas, são elas:
a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social
alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos.

Por sua vez, o art. 5º, inc. XLVII, traz as penas proibidas. Segundo o citado
inciso, “não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e e)
cruéis”.

É muito importante memorizar as penas permitidas e as penas proibidas,


sobretudo para concursos das carreiras policiais.

2.8. CUMPRIMENTO DA PENA E ALEITAMENTO MATERNO

No que tange ao cumprimento da pena e ao aleitamento materno, dizem os


incisos XLVIII e L do art. 5º, respectivamente, que “a pena será cumprida em
estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado” e “às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer
com seus filhos durante o período de amamentação”.
Separar os presos em razão da natureza do delito, da idade e do sexo do
apenado constitui um dever de individualização da execução penal para proporcional
condições de integração social do condenado.

2.9. RESPEITO À INTEGRIDADE FÍSICA E MORAL DO PRESO

A Constituição Federal assegura aos presos o respeito à integridade física e


moral (art. 5º, XLIX).

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

O STF reconheceu o direito de preso submetido a condições degradantes de ser


indenizado. Asseverou a Corte que “considerando que é dever do Estado, imposto pelo
sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade
previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do artigo 37,
parágrafo 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais,
comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das
condições legais de encarceramento”.

2.10. DIREITO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL

A Constituição Federal estabelece, no art. 5º, inc. LIV, que “ninguém será privado
da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. O devido processo legal é
aquele procedimento judicial que obedece os direitos fundamentais relativos ao
processo, tais como o contraditório, a ampla defesa, a imparcialidade do juiz, a
publicidade dos atos processuais, a fundamentação das decisões, o uso exclusivo de
provas obtidas por meios lícitos. Esse devido processo legal legitima o exercício da
jurisdição e, ao mesmo tempo, constitui uma garantia constitucional aos jurisdicionados
diante do poder estatal.

2.11. DIREITO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA

O art. 5º, inc. LV, assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
e aos acusados em geral o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.
Podemos definir contraditório como o direito das partes de tomarem ciência de
todos os atos praticados durante o processo, bem como o direito de contraditar
(contestar, impugnar) as provas trazidas pela parte contrária (contraditório = ciência +
participação). Já a ampla defesa significa a possibilidade de se defender amplamente
no processo com todos os meios e recursos oferecidos pela lei processual. O
contraditório e a ampla defesa constituem garantias processuais das partes do processo
que asseguram, ao lado de outras garantias, o respeito ao devido processo legal.

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA

Entendeu o STF que a presença de advogado no processo administrativo


disciplinar não é obrigatória. Segundo a Súmula Vinculante 5: “a falta de defesa técnica
por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.

2.12. VEDAÇÃO ÀS PROVAS ILÍCITAS

Segundo o art. 5º, inc. LVI, “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
por meios ilícitos”.

Provas ilícitas são aquelas produzidas em desacordo com a ordem jurídica (o


conjunto de normas). É uma decorrência, também, do respeito absoluto ao devido
processo legal.

ATENÇÃO. A doutrina e a jurisprudência têm admitido o uso da prova obtida por


meios ilícitos em benefício do réu, sobretudo quando seja o único meio para se
conseguir provar a sua inocência.

2.13. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

De acordo com o art. 5º, inc. LVII, “ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Cuida-se do princípio da
presunção de inocência.
Como decorrência desta previsão, temos o direito à não autoincriminação,
segundo o qual o acusado tem o direito de não produzir prova contra si mesmo (existe
um termo em latim muito utilizado para definir o direito à não incriminação: “nemo tenetur
se detegere”).

SE LIGA NA JURISPRUDÊNCIA
Cuidado com a (im)possibilidade de prisão após a condenação em segunda
instância. O STF havia entendido pela possibilidade de início da execução da pena após
condenação em segunda instância e antes do trânsito em julgado para garantir a
efetividade do direito penal e dos bens jurídicos por ele tutelados. Porém, modificando
seu entendimento, o STF passa a não mais admitir a execução antecipada da pena para
condenados em segunda instância.

2.14. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL


Segundo o art. 5º, inc. LVIII, “o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. Este inciso diz que aquele
que possuir uma identidade (identificação civil), em princípio, não será submetido à
identificação criminal (colheita de impressões digitais – método datiloscópico – e aquela
foto com a plaquinha com uma régua de altura no fundo). Que fique claro que a lei
poderá prever hipóteses em que o civilmente identificado será, também, submetido à
identificação criminal.

2.15. PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS PARA A PRISÃO

De acordo com o art. 5º, LXI, “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos
de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”. Ou seja, a regra
é a impossibilidade de prisão, exceto nas seguintes situações: 1) flagrante delito; 2)
ordem judicial escrita e fundamentada; 3) transgressão disciplinar militar; 4) crime
propriamente militar. Perceba que é possível a prisão em caso de transgressão militar
e crime propriamente militar, independentemente de ordem judicial prévia.

Ademais, segundo o art. 5º, LXVI, “ninguém será levado à prisão ou nela
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”. O instituto da
liberdade provisória é estudado no Direito Penal. Portanto, não precisamos aprofundar
nesse ponto aqui no Direito Constitucional. O que temos que saber é que ninguém
permanecerá preso quando a lei admitir a liberdade provisória, seja ela com fiança ou
sem fiança.

2.16. DIREITOS DO PRESO

Com relação aos direitos do preso, diz a Constituição Federal (art. 5º, incs. LXII,
LXIII, LXIV e LXV):

1) a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados


imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
Perceba que a Constituição determina uma comunicação imediata. É comum as bancas
examinadoras afirmarem que essa comunicação deverá ser feita em 24h, em 48h, o que
torna a questão errada. Outro cuidado que temos que tomar é que a comunicação deve
ser feita ao juiz E à família ou à pessoa indicada pelo preso. Quem definirá se a
comunicação será feita a um familiar ou a outra pessoa qualquer será o preso,
independentemente de justificativa;

2) o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer


calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. Como
decorrência do direito à não autoincriminação (conhecido como o princípio do “nemo
tenetur se detegere”), o preso não pode ser obrigado a prestar qualquer tipo de
informação que demonstre sua culpabilidade;

3) o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;

4) a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. Se a


prisão é ilegal o que o juiz deve fazer é relaxar a prisão (essa é a nomenclatura correta).

Imagine, a título de exemplo, que o delegado de polícia prenda alguém que não
esteja em flagrante delito e não haja ordem judicial para tanto. Essa prisão é ilegal.
Nesse caso, o juiz, ao tomar conhecimento dessa prisão ilegal, deve relaxar a prisão.
Compreendeu?

DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

Como decorrência do direito de não produzir prova contra si mesmo (em latim: nemo
tenetur se detegere), o STF entende que o acusado em processo penal e até mesmo o
indiciado em inquérito policial tem, além do direito de permanecer calado, a
possibilidade de mentir (direito de mentir) para não se autoincriminar.

O acusado e o investigado no âmbito do processo penal ou da investigação criminal


(incluída a comissão parlamentar de inquérito) não tem o dever de dizer a verdade.
Todavia, entende o mesmo STF que o princípio constitucional da autodefesa (art. 5º,
LXIII) não alcança aquele que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o
intento de ocultar maus antecedentes.

2.17. PRISÃO CIVIL POR DÍVIDA

Segundo o art. 5º, LXVII, “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a
do depositário infiel”.

Muito cuidado com isso!!! Muito embora a Constituição Federal preveja duas
hipóteses de prisão civil por dívida, o STF firmou relevante entendimento de que não é
possível a prisão civil do depositário infiel. Ou seja, a prisão civil por dívida é aplicável
apenas ao responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia. Isso, aliás, ficou consignado na Súmula Vinculante 25: “é ilícita a prisão civil
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.”

2.18. ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA

Segundo o art. 5º, inc. LXXIV, “o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.
Importante que se diga que esta assistência jurídica gratuita também se aplica
às pessoas jurídicas que comprovarem insuficiência de recursos para contratar o
advogado privado.

Esta assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados é efetivada pela


Defensoria Pública.

DICA DA PROF - SAIBA ++++

Lei 1.422/2001 - Dispõe sobre o Regimento de Custas do Poder Judiciário


do Estado do Acre, amplia o acesso à Justiça e dá outras providências.
Art. 10. O recolhimento da taxa judiciária será realizada somente no final:
I - nas ações de alimentos e nas revisionais de alimentos;
II - nas ações de reparação de danos por ato ilícito extracontratual, quando
promovidas
pelos sucessores da vítima;
III - na reconvenção e na declaração incidente;
IV - na ação de mandado de segurança, exigível exclusivamente quando
denegada a
ordem ou declarado extinto o processo sem julgamento de mérito;
V - na ação popular, na ação civil pública e na ação coletiva de que trata o Código
de
Defesa do Consumidor, se devidas, na hipótese de litigância de má-fé;
VI - se decorrente da lei ou de fato justificável, mediante decisão judicial.

JURISPRUDÊNCIA (PÓS-AULA)

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