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INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por objetivo o fornecimento de informações sobre as fake news,
consideradas um problema que está se espalhando rapidamente na internet por conta da era
tecnológica na qual vivemos, provocando assim inúmeras controvérsias e reflexões sobre o
tema. Por meio de uma análise, foi possível identificar os efeitos atribuídos às fake news, bem
com avaliar suas consequências na política e a responsabilidade civil de quem propaga, e
confirmando a necessidade que existe em garantir que as medidas adotadas contra essas
atitudes não afetem a liberdade de expressão e o direito à informação. Desta forma, traremos
inicialmente uma análise sobre o tema e seu impacto na sociedade e, em seguida, as possíveis
formas de combate sem que haja censura, bem como um exame detalhado ao conflito de
direitos fundamentais vinculados a essa prática.

CAPÍTULO III- Do Direito fundamental a liberdade de expressão

Liberdade de Expressão é o direito que permite as pessoas manifestarem suas


opiniões sem medo de represálias. Igualmente, autoriza que as informações
sejam recebidas por diversos meios, de forma independente e sem censura.

Ou seja, ela significa o direito de exteriorizar a opinião pessoal ou de um grupo,


sempre com respeito e respaldada pela veracidade de informações.

Uma das mais influentes defesas da liberdade de expressão na


política seria publicada no século seguinte, de 1720 a 1723,
pelos escritores britânicos John Trenchard e Thomas Gordon. A
influência da obra Cartas de Catão seria percebida na Europa, na
América e na Ásia.
"Sem liberdade de pensamento, não pode haver conhecimento;
e não há qualquer liberdade pública sem liberdade de
expressão; isso é direito de todo homem, na medida em que por
ele não fere ou contraria o direito de outro: este é o único
controle que deve sofrer, e o único limites que deve conhecer.
Este privilégio sagrado é tão essencial para os governos livres
que a segurança da propriedade e a liberdade de expressão
andam sempre juntas; e nos países miseráveis onde um homem
não pode chamar sua língua de sua, ele dificilmente pode
chamar qualquer outra coisa de sua", afirma um trecho de um
dos 144 manifestos que compõem Cartas de Catão, obra contra a
tirania, a corrupção e o abuso de poder inicialmente publicada
em jornais britânicos.

A liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um direito inalienável,


somente no século XVIII, com o advento do iluminismo. A Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789, na França, e a Primeira Emenda da Constituição dos
Estados Unidos, em 1791, foram marcos importante nessa conquista. O filósofo liberal
John Stuart Mill, no século XIX, defendeu a liberdade de expressão, para ele essa
liberdade seria a única forma de assegurar a descoberta da vitalidade da verdade.
No Brasil, a liberdade de expressão foi bastante limitada em alguns períodos,
como no imperial, republicano e durante a ditadura. Durante o período imperial, ela foi
limitada pelo Regulamento para o Exercício da Liberdade de Imprensa, decretado em
1824, que instituiu a censura prévia nos jornais e com a proclamação da república, ainda
persistiu restrições à imprensa, principalmente durante a Primeira República (1889-
1930), em que o Estado buscava controlar a liberdade de expressão e reprimir oposições
políticas.
Além disso, durante a Ditadura do Estado-Novo (1937-1945) e a Ditadura Civil-
Militar (1964-1985), a liberdade de expressão foi gravemente censurada, com destaque
para a os governos militares, onde submeteram a imprensa à censura prévia e à
autocensura, com a imposição de diretrizes editoriais e a vigilância constante por parte
do governo. Jornalistas, escritores e intelectuais críticos ao regime foram perseguidos,
presos, torturados e, em alguns casos, assassinados. A repressão também se estendeu às
manifestações culturais, com músicas, filmes e peças teatrais sendo censurados ou
proibidos.
Com a redemocratização do país e a promulgação da Constituição Federal de 1988,
houve um importante avanço, no qual a Constituição passou a garantir a liberdade de
manifestação do pensamento, vedando a censura prévia e estabelecendo que a
responsabilidade pelos abusos cometidos no exercício da liberdade de expressão é
posterior à manifestação. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
seu artigo 19 contempla o direito à liberdade de expressão, considerando que a mesma
seja uma peça fundamental da democracia.

Artigo 19.º

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão,


este direito implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões
sem interferência e de procurar, receber e difundir informações e
ideias por qualquer meio de expressão independentemente das
fronteiras.
https://www.todamateria.com.br/liberdade-de-expressao/

I.I – liberdade de expressão no plano constitucional

A liberdade de expressão está assegurada na Constituição Federal de 1988, em


seu artigo 5º, IV, IX e 220º. Ela é apresentada como um direito fundamental que garante
a todos os cidadãos o livre exercício da manifestação do pensamento em sociedades
democráticas, que permite a expressão de opiniões, idéias e crenças sem censura ou
repressão, ela também abrange o direito de buscar, receber e compartilhar informações e
idéias por meio da escrita, da fala, da imprensa, da arte ou de qualquer outra fonte de
comunicação. No entanto, a liberdade de expressão também cria um dilema quando se
trata de lidar com discursos de ódio, intolerância e propagação de ideologias que visam
destruir a própria sociedade democrática.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da
fonte, quando necessário ao exercício profissional;1

1
O artigo 5º IV e IX estabelece que seja livre a expressão do pensamento por
meio da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença, sendo vedado o anonimato do autor. Porém, embora a liberdade
de expressão seja garantida, esse direito não é absoluto. O mesmo artigo em seu inciso
X determina que a liberdade de expressão seja limitada quando ocorre a violação da
intimidade, da honra, da vida privada e da imagem de outras pessoas. Por isso, em casos
de violação ao direito de outrem é assegurado o direito à indenização pelo dano material
ou moral decorrente do abuso de liberdade de expressão.
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a
informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à
plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de
comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e
artística.
§ 3º Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder
Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a
possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e
televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio
ambiente.
§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos,
medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso
II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os
malefícios decorrentes de seu uso.
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou
indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação independe de
licença de autoridade.2

2
O presente artigo 220º da Constituição Federal de 1988, que trata dos meios de
comunicação social, ainda estabelece que seja vedada qualquer censura de cunho
político, ideológico e artístico aos meios de comunicação social, e a publicação de
veículo impresso de comunicação não depende de licença de autoridade.
No entanto, é importante ressaltar que, apesar de a Constituição Brasileira
assegurar a liberdade de expressão, a interpretação e a aplicação dos seus artigos podem
variar ao longo do tempo, em resposta às mudanças na sociedade. Diante do impacto
das tecnologias de informação, a legislação brasileira está em constante transformação
para enfrentar os novos desafios apresentados, sobretudo pela disseminação nas redes
sociais do discurso de ódio, do assédio on-line, da desinformação e de notícias falsas.

I.2 – liberdade de expressão e PL 2630


Veja mais sobre "Liberdade de expressão" em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/liberdade-de-expressao.htm

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