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TRIAL BY MEDIA: O processo penal do espetáculo

Ana Carolina dos Santos Pinto1


Clarissa de Souza Guerra 2

RESUMO: Sabe-se que os meios de comunicação exercem grande papel como formadores de
opinião, porém nos moldes de seus próprios interesses, na cessante busca por audiência. Com
o aumento da criminalidade no Brasil, o meio penal passou a chamar atenção da mídia,
tornando-se um formato publicitário, baseado no espetáculo, capaz de afetar a opinião pública
e de autoridades competentes na condução do caso concreto. Ainda que não possua todos os
detalhes para analisar o caso, a imprensa apresenta como se os tivesse, causando,
propositalmente, a emissão de sentença condenatória sem direito à defesa. Nesse sentido,
inicia-se a interferência no processo penal causando lesões aos envolvidos, fazendo com que
os órgãos competentes se tornem reféns e optem pelo direito penal do inimigo. Pontua-se os
casos “Isabella Nardoni”, “Eloá Cristina”, “Daniella Perez” e “Escola Base” como exemplos
para o momento em que a mídia deixou de ser fonte de informação para assumir as funções de
investigador e julgador, enquanto as instituições ficaram inertes à novela induzida pela
imprensa.

Palavras-Chave: Mídia; Processo Penal; Sentença; Direito à defesa.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A presente pesquisa trata da influência da mídia no processo penal, pois o julgamento


antecipado da causa é prejudicial as prerrogativas do réu. Os casos “Isabella Nardoni”, “Eloá
Cristina” e “Daniella Perez” são exemplos do momento em que a mídia deixou de ser fonte de
informação para assumir as funções de investigador e julgador. Nesse sentido, o problema da
pesquisa consiste na seguinte questão: A mídia é capaz de influenciar no julgamento
criminal?
Na busca de respostas à referida questão, os objetivos específicos do trabalho são:
analisar a liberdade de expressão no Direito brasileiro, identificar as garantias processuais
penais, demonstrar a influência da mídia no processo penal e citar os estudos de casos
criminais.
Há que se considerar que a fase de sentença ou do tribunal do júri é um momento
1
Acadêmica do IV semestre do Curso de Graduação em Direito pela Universidade Regional Integrada do Alto
Uruguai e das Missões – URI – Campus de Santiago, RS. E-mail: 102451@urisantiago.br
2
Coorientadora. Possui graduação em Direito pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das
Missões – Campus Santiago (2018) e Mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (2020). E-
mail: clarissa.guerra@urisantiago.br
frágil dentro do processo, pois, apesar da brutalidade de alguns casos, o juiz, procuradores e
júri devem renunciar seus valores morais para que haja uma decisão justa e legal. Ocorre que,
a emissão de juízos de valor pela mídia acaba prejudicando as prerrogativas do acusado,
forçando o legislador a agir de acordo com os anseios populares, aplicando um direito penal
do inimigo.
A metodologia utilizada será: como método de abordagem, a metodologia dedutiva da
temática, utilizando-se de artigos científicos, matérias jornalísticas, doutrinas e a legislação.
Enquanto método de procedimento, o comparativo dos crimes citados acima e o
posicionamento dos meios de comunicação. A técnica de pesquisa será de documentação
indireta, pois a pesquisa tem como fonte livros e artigos.

1 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO DIREITO BRASILEIRO

Conforme apresentado na introdução, o presente artigo busca analisar a influência da


mídia no processo penal, tendo em vista que os meios de comunicação exercem um grande
papel na sociedade como formadores de opinião, ainda que indiretamente. Para tanto, em
atendimento ao objetivo específico de expor a liberdade de expressão no direito brasileiro,
neste tópico, faz-se considerações a tal.

1.1 Liberdade de expressão x liberdade de imprensa

A liberdade de expressão é o direito de manifestação do pensamento, possibilidade de


o indivíduo emitir suas opiniões e ideias sem interferência do Estado. É um dos pilares de um
Estado democrático de direito, sendo garantia fundamental tutelada pelo artigo 5º da
Constituição Federal.

Art. 5º
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional. (BRASIL, 1988).
Ademais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos define esse direito como a
liberdade de emitir opiniões, ter acesso e transmitir informações e ideias, por qualquer meio
de comunicação.
Art. 19º. Todo indivíduo tem o direito à liberdade de opinião e de expressão, o que
implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e
difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de
expressão. (ASSEMBLEIA GERAL DA ONU, 1948).
Neste mesmo sentido, a Convenção Americana de Direitos Humanos, popularmente
conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, tratado ao qual o Brasil é subscritor, versa
também sobre a liberdade de expressão.

Artigo 13. Liberdade de Pensamento e de Expressão


1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito
compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de
toda natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou
em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a
censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser
expressamente fixadas pela lei a ser necessárias para assegurar:
a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral
públicas.
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais
como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de
frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de
informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação
e a circulação de ideias e opiniões.
No entanto, é importante ressaltar que o exercício da liberdade de expressão é
limitado, todo abuso e excesso, especialmente com intenção de injuriar, caluniar ou difamar,
pode ser punido conforme a legislação Civil e Penal. O ex-ministro do STF, Celso de Mello,
afirmou em voto:
"O direito à livre expressão do pensamento (...) não se reveste de caráter absoluto,
pois sofre limitações de natureza ética e de caráter jurídico. Os abusos no exercício
da liberdade de manifestação do pensamento, quando praticados, legitimarão,
sempre "a posteriori", a reação estatal, expondo aqueles que os praticarem a sanções
jurídicas, de índole penal ou de caráter civil." (STF – HC: 82424 RS, Relator:
MOREIRA ALVES, DJ: 17/09/2003, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 03/2004).
Ainda, sobre os limites da liberdade de expressão, afirmaram Mendes e Branco (2012,
p. 392):
A garantia da liberdade de expressão tutela, ao menos enquanto não houver colisão
com outros direitos fundamentais e com outros valores constitucionalmente
estabelecidos, toda opinião, convicção, comentário, avaliação ou julgamento sobre
qualquer assunto ou sobre qualquer pessoa, envolvendo tema de interesse público,
ou não, de importância e de valor, ou não – até porque “diferenciar entre opiniões
valiosas ou sem valor é uma contradição num Estado baseado na concepção de uma
democracia livre e pluralista.
Consolidando a temática, Archibald Cox (apud André Ramos Tavares, 2012, p. 633)
afirma:
A liberdade de expressão, apesar de sua fundamentabilidade, não pode nunca ser
absoluta. Em tempos de guerra ou crises similares, certas publicações podem
ameaçar até mesmo a sobrevivência da Nação. Em qualquer momento, expressões
sem limites podem entrar em conflito com interesses públicos e privados
importantes. Publicações difamatórias podem, injustamente, invadir o direito à
reputação. Impugnar a integridade de uma corte pela publicação de evidências, antes
do julgamento, pode ameaçar a administração da justiça. Obscenidade pode conflitar
o interesse público pela moralidade. Panfletagem, paradas, e outras formas de
demonstração, e até as próprias palavras, se permitidas em determinado tempo e
local, podem ameaçar a segurança pública e a ordem, independente da informação,
ideia ou emoção expressada.
É de conhecimento partilhado que os meios de comunicação no Brasil já foram
vítimas de censura, e sofreram durantes muitos anos com este fato. Dessa forma, um país que
viveu um regime político repressivo, é imprescindível que o ordenamento jurídico posterior
incentive a proteção à liberdade de expressão, informação e a vedação à censura como forma
de garantir que a função social da mídia seja respeitada.
Sob o mesmo ponto de vista, tem-se a liberdade de informação jornalística que decorre
do direito à informação. A Constituição Federal de 1988, mesmo dispositivo que garante a
liberdade de expressão, estabelece nos artigos 220 a 224, a importância de os meios de
comunicação cumprirem seu papel de informar. Contudo, percebe-se que a mídia exerce além
do seu papel de informar.
Assim, é possível entender como a liberdade de expressão e liberdade de imprensa são
tuteladas pelo ordenamento jurídico brasileiro, bem como suas limitações.

1.2 Direito à informação e o jornalismo investigativo

O jornalismo investigativo ou criminal refere-se à prática de reportagem especializada


em desvendar fatos ocultos do conhecimento do público, especialmente crimes que
eventualmente viram notícias. Com o aumento da criminalidade no Brasil, o meio criminal
passou a chamar atenção da mídia, ganhando destaque, apresentando fatos criminosos.
O meio televisivo à procura de audiência e pelo furo jornalístico 3, violam os princípios
do jornalismo, como, a imparcialidade e o respeito ao ordenamento jurídico vigente. O artigo
4º do Código de Ética do Jornalista Brasileiro esclarece que:
Art. 4º. O compromisso fundamental do jornalista é com a virtude no relato dos
fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração dos fatos
e pela sua correta divulgação.

3
Furo jornalístico é o jargão para a informação pública num veículo antes de todos os demais.
Contudo, atualmente o jornalismo criminal opta por um discurso tendencioso, onde o
crime necessita ser exposto e julgado pela população e terminar com uma solução justa. E,
por solução justa, entende-se o porquê da criação de narrativas.
A mídia colabora efetivamente para este processo de construção da imagem do
inimigo – em nosso país, quase sempre identificado com os setores subalternos –
mas auxilia na tarefa de eliminá-lo, silenciando considerações éticas e justificando o
que consideramos uma autêntica “opressão punitiva”. Para que tudo isso seja
possível, é necessário disseminar a insegurança, derivada de medos profundos da
maleficência “humana” e dos malfeitores “(des)humanos”, medos geralmente
capilarizados em prol da repressão e em detrimento dos direitos e garantias
individuais (CARVALHO, 2009, p. 83).
Em síntese, essa vertente do jornalismo é importante para que haja conhecimento dos
fatos jurídicos envolvendo crimes chocantes, entretanto, é necessário observar como a
informação é repassada por alguns meios de comunicação, pois geralmente utiliza-se do
sensacionalismo e do espetáculo para comover a sociedade instigando a justiça social.
Como observado neste capítulo, é notório que os meios de comunicação fazem sua
função social de informar, e isto é importante para a construção de uma sociedade
democrática e para que o acesso à informação seja garantido. Porém, também é visível que a
liberdade de imprensa irrestrita pode causar lesões a coletividade, sendo estendidas ao
processo penal e as garantias do acusado.

1.3 Os meios de comunicação como formadores de opinião

Inicialmente faz-se necessário citar Karl Marx que deu origem à tese de que a
comunicação é abstrata, que precisa ser compreendida no contexto da totalidade concreta.
Para Marx, a comunicação surge como meio de relação entre os indivíduos, visando a
produtividade. E, os meios de comunicação se desenvolvem com o avanço desta relação,
como forma de socialização. Assim, com a tecnologia a coletividade passa a dispor de mais
conhecimento sobre o mundo, veiculadas na forma de informação pelos jornais. No entanto, o
desenvolvimento dos meios de comunicação, ao invés de formar o pensamento social, acabou
padronizando a consciência.
Diante disso, surge a Escola de Frankfurt4 que se torna conhecida por desenvolver
uma teoria crítica, levantando o conceito de indústria cultural que é um conjunto de
reproduções que não estimulam o senso crítico.

4
Escola de Frankfurt é o nome dado ao grupo de pensadores alemães do I.P.S.
Os primeiros filósofos detectaram a dissolução das fronteiras entre informação,
consumo, entretenimento e política ocasionada pela mídia, bem como seu efeito nocivo na
formação de opinião de uma sociedade. Levantando-se o questionamento, qual a influência
dos meios de comunicação sobre uma sociedade? Como as pessoas são mobilizadas a
acompanharem um caso criminal, como ocorreu com Isabella Nardoni?
A mídia, que exerce poderosa influência em nosso meio, se encarrega de fazer o
trabalho de convencimento da sociedade, mostrando casos atrozes, terríveis sequer
de serem imaginados, e, como resposta a eles, pugna por um Direito Penal mais
severo, mais radical em suas punições. A disputa por pontos de audiência, por venda
de seus produtos, transformou nossa imprensa em um show de horrores que, por
mais que possamos repugná-lo, gostamos de assisti-lo diariamente. (GRECO, 2017,
p.2)
Ocorre que casos como Escola Base, Boate Kiss e Daniella Perez, por si, são capazes
de comover a sociedade, mas foram alvos de grande repercussão no Brasil, onde cada um
aguardava o próximo capítulo. Assim, é necessário citar que a mídia ‘elege’ casos para tal
repercussão, tendo em vista que milhares de crimes iguais acontecem, contudo só alguns
ganham esse espaço.
Corroborando com a ideia, tem-se o posicionamento de Luíz Flávio Gomes:
A maior crítica que cabe formular contra os meios de comunicação de massa
consiste no seguinte: eles não informam sobre as raízes da violência, não
discutem todos os riscos dela, muito menos o seu oposto, que é a cultura da não-
violência. Os meios de comunicação de massa configuram um grande obstáculo para
a democracia (Nilo Batista), na medida em que privam o público de debates sérios
sobre as causas da violência. Falam e mostram a própria violência. Com essa
técnica eles não criam uma opinião pública, sim, exploram (e incentivam) a
emoção pública. Essa exploração exacerbada da emoção pública, por si só, já
constitui uma forma de violência. Sob a perspectiva da cultura da não-violência
temos que combater (arduamente) a negativa exploração da emoção pública.
A mídia, como formadora de opinião, pode interferir no rito processual de crimes, pois
atua como órgão julgador e de maneira errônea acerca do acusado, prejudicando-o na medida
em que viola as prerrogativas deste.
A imprensa demoniza o acusado, de tal forma que este se torna um monstro, e um
monstro aos olhos da sociedade deixa de ser humano, logo deixa de ser sujeito de direitos.
Este fenômeno da condenação antecipada afasta do acusado a garantia da presunção de
inocência, sujeitando-o sem direito de resposta ou de recurso, a danos de imagem por vezes
equivalentes (se não mais gravosos) à eventual pena final, que sequer pode vir a receber
(SOUZA, 2010, p.2).
Em razão do exposto, é possível perceber que os meios de comunicação se aproveitam
do fenômeno violência para ganhar audiência, explorando a brutalidade como se buscassem
respostas severas e imediatas do Poder Judiciário para um fato. E, apesar do acesso à
informação ser importante, é necessário que haja um filtro acerca do que é consumido pela
sociedade.

2 GARANTIAS PROCESSUAIS PENAIS

Conforme apresentado na introdução, a presente pesquisa busca analisar a influência


da mídia no Processo Penal. Para tanto, em atendimento ao objetivo específico de identificar
as garantias processuais ao acusado, neste tópico, faz-se considerações sobre o devido
processo legal, contraditório e ampla defesa, imparcialidade do juiz e não-culpabilidade.

2.1 Princípio do Devido Processo Legal

O devido processo legal está regulamentado no artigo 5º, LIV da Constituição Federal,
dispondo que “ninguém será privado da sua liberdade ou dos seus bens sem o devido processo
legal”.
Todavia, no âmbito das garantias do processo é que o devido processo legal assume
uma amplitude inigualável e um significado ímpar como postulado que traduz uma
série de garantias hoje devidamente especificadas e especializadas nas várias ordens
jurídicas. Assim, cogita-se de devido processo legal quando se fala de (1) direito ao
contraditório e à ampla defesa, de (2) direito ao juiz natural, de (3) direito a não ser
processado e condenado com base em prova ilícita, de (4) direito a não ser preso
senão por determinação da autoridade competente e na forma estabelecida pela
ordem jurídica. (MENDES E BRANCO, 2012, p. 750).
Nesse artigo é aludido que não é possível que alguém seja condenado se não houver
procedimento regular e que esteja disposto na Constituição Federal e no Código de Processo
Penal. O princípio do devido processo legal exige o fair trial não apenas dentre aqueles que
fazem parte da relação processual, ou que atuam diretamente no processo, mas de todo o
aparato jurisdicional, o que abrange todos os sujeitos, instituições e órgãos, públicos e
privados, que exercem, direta ou indiretamente, funções qualificadas, constitucionalmente,
como essenciais à justiça.

2.2 Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa

O princípio do contraditório e a ampla defesa decorre do artigo 5º, LV da Constituição


Federal, prescrevendo que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral, serão assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes”.
O contraditório se refere ao direito que o acusado possui de tomar conhecimento das
alegações da parte contrária, e utilizá-las para se defender, contrapondo-se ao que foi alegado,
de forma que possa influenciar o juiz em sua decisão.
A ampla defesa, por sua vez, é uma garantia para ambas as partes, que deixa claro que
os litigantes podem utilizar todos os meios permitidos pelo ordenamento jurídico para se
chegar à verdade e contribuir com o juiz a concluir a demanda.
Dentro da ampla defesa, é coincidente o entendimento doutrinário da existência de
duas garantias: A defesa técnica e a autodefesa. A defesa técnica, realizada por meio de um
advogado, é imprescindível, como prevê no artigo 261 do Código de Processo Penal ao
disciplinar que “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado
sem defensor”. Já a autodefesa, realizada pelo próprio réu, é observada por meio da não-
obrigatoriedade de expressar suas razões ou a utilização do seu direito ao silêncio como forma
de defesa.

2.3 Princípio da Imparcialidade do Juiz

O princípio da imparcialidade do juiz transpassa todo o ordenamento jurídico


brasileiro, apesar de não expressamente previsto na Constituição. Um Poder Judiciário
imparcial é um dos pilares do Estado democrático de direito, assim como a imparcialidade do
magistrado é essencial para que haja um processo regular e válido, como afirmou o ministro
Sálvio de Figueiredo Teixeira no REsp 230.009/RJ, julgado pelo STJ.
A imparcialidade do magistrado, um dos pilares do princípio do juiz natural, que
reclama juiz legalmente investido na função, competente e imparcial, se inclui
dentre os pressupostos de validade da relação processual, que se reflete na ausência
de impedimento, nos termos do art. 134 do Código de Processo Civil. (DJU, ed.
27/03/00, p. 113).
Bem como o disposto no art. 8º do Código de Ética da Magistratura Nacional:
Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos,
com objetividade e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma
distância equivalente das partes, e evita todo o tipo de comportamento que possa
refletir favoritismo, predisposição ou preconceito.
De acordo com Aury Lopes Jr. (2019, p. 69) não é suficiente ‘ter um juiz’, é
necessário que ele possua qualidades éticas mínimas, para estar apto a desempenhar o seu
papel de garantidor da eficácia do sistema de direitos e garantias fundamentais do acusado no
processo penal.
O princípio da imparcialidade no processo penal é essencial, visto que uma sentença
realizada de forma arbitrária para os litigantes pode resultar em absolvição injusta ou
condenação sem fundamentos jurídicos.

2.4 Princípio da Não-Culpabilidade

O princípio da não-culpabilidade ou da presunção de inocência, está previsto no art.


5º, LVII, da Constituição Federal que preceitua que “ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, e no art. 11 da Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em
julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias
necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não
constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será
imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao
ato delituoso.
Vale destacar que se desdobra em duas vertentes: regra de tratamento em que o
acusado deverá ser tratado como inocente durante todo o decorrer do processo, e a regra
probatória, que é caracterizada pelo in dubio pro reo, ou seja, “na dúvida, adote-se a resolução
que for mais benéfica ao réu”. De acordo com a regra probatória, o ônus de provar o fato
criminoso é do Estado-acusação, e não da defesa.
Ademais, o princípio da não-culpabilidade assegura que privação de liberdade deve ser
o último recurso a ser utilizado no país, induz-se a prisão preventiva, outra garantia de grande
importância.
[...] essa modalidade de prisão deve ser vista como o ponto único e exclusivo de toda
e qualquer prisão cautelar de natureza processual, pois, se não houver necessidade
de se decretar a prisão preventiva, a prisão em flagrante não deve ser persistir (vide,
inclusive, a redação do art. 310, II, do CPP) e, se não existirem os motivos que
autorizam a prisão preventiva, a prisão temporária deve ser revogada ao final.
(RANGEL, 2012, p. 277).
Entretanto, existem casos em que a prisão preventiva é utilizada de maneira arbitrária.
E, o que influencia a decretação destas é o jornalismo criminal, que ao noticiar o fato
criminoso de maneira espetaculosa, buscando a dramatização do caso, acaba gerando
comoção na sociedade que almeja por uma solução justa. Em consequência disso, muitas
vezes o juízo decreta prisão em razão do clamor público, e não pelo disposto em lei.

3 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO PROCESSO PENAL

Como citado anteriormente, ao informar a prática de um crime, a mídia opta pela


criação de narrativas ‘dramáticas’, contudo detalhes relacionados a um fato penal devem ser
tratados com cuidado pelos meios de comunicação, visto que casos bárbaros tendem, por si
só, a causar grande comoção na sociedade.
Entretanto, principalmente a televisão, buscando ganhar audiência, acaba se
aproveitando dessa comoção e passa a realizar um espetáculo sobre o fato penal, ignorando
que ainda pode não haver investigação, baseando-se apenas em indícios sem base legal. Esse
fenômeno é conhecido como a espetacularização do direito penal, tema cada vez mais
discutido entre doutrinadores.
Para tanto, em atendimento ao objetivo específico de demonstrar a influência da mídia
no processo penal, neste tópico, faz-se considerações sobre a espetacularização do processo
penal.

3.1 Espetacularização do Processo Penal

Diante do exposto sobre o jornalismo criminal, é possível perceber que os meios de


comunicação, especialmente a mídia televisa, cria inúmeras narrativas capazes de fazer com
que o fato criminoso se torne um espetáculo. A espetacularização é um mecanismo utilizado
desde os primórdios destes, pois através da construção entre fato e emoção que se estabelece a
conexão entre o informante e o receptor.
A mídia encontrou dentro do jornalismo criminal um meio para captar espectadores e
aumentar sua audiência, pois com a crescente da violência no Brasil, qualquer informação é
relevante para cidadãos desesperados. Porém, na tentativa de prender a atenção de quem
assiste, utilizam-se de uma narrativa sensacionalista, sendo detentora da verdade.
Em “A sociedade do espetáculo”, Guy Debord (apud Ciocarri, 2015, p. 83) demonstra
o caminho utilizado pela mídia da época, afirmando que essa sociedade se baseia na “presença
de um sistema de acúmulo de imagens, [...] e que as imagens são mais importantes do que a
coisa ou texto em si”. Dentro do jornalismo, a imagem é o elemento essencial, pois causam
um grande impacto em quem vê, além do que é capaz de valer mais do que mil palavras.
Portanto, diante de um fato criminoso, qualquer imagem inédita é um sinal direto de
audiência, e para os meios de comunicação pouco importa quem irá ter acesso àquela
informação. Em “Diante da dor dos outros”, Susan Sontag aborda sobre estas imagens de
sofrimento que são expostas diariamente pela mídia, já que graças à televisão e a tecnologia,
estas imagens se tornaram comuns.
“Um apelo em favor da paz. Um clamor de vingança. Ou apenas a atordoada
consciência, continuamente, reabastecida de coisas terríveis que acontecem.”
(SONTAG, 2003, p. 16).
O “apelo de paz” ao “clamor de vingança” mencionado por Sontag, é o sentimento que
cada telespectador sente ao assistir algo relacionado a perda de um ente querido de maneira
brutal. E, situações envolvendo crianças, idosos ou pessoas conhecidas pelo público
costumam gerar ainda mais comoção na sociedade.
Paulo Sérgio do Carmo refere-se a esta situação de envolvimento emotivo do
espectador pela mídia, o jornalista oferece um apelo voltado exclusivamente para as emoções
que acaba alienando quem assiste, razão pela qual os meios de comunicação utilizam a
televisão para agregar programas que tratam crimes:
Grande parte das mensagens televisivas não pretende convencer com argumentos
racionais, e sim com a fascinação da magia sobre a lógica. Ao buscar índices cada
vez maiores de audiência, costuma-se dar tratamento espetacular a qualquer
realidade da qual se a tevê se aproxima. Inclusive a política tem se tornado um
espetáculo. A emoção impõe-se sobre a razão.
Conforme o exposto, a mensagem apresentada pela mídia ao telespectador não visa o
exercício do pensamento, pelo contrário, não interessa que a sociedade possua senso crítico
referente ao ordenamento jurídico. O interessante é que a notícia crie impacto, prendendo a
atenção de quem está assistindo, fazendo com que a informação torne-se, exclusivamente,
uma mercadoria a ser consumida.
Ademais, ser fiel aos fatos em cada pauta, não mais faz sentido em um modelo de
jornalismo que opta por vender um produto. Pois, quanto maior o impacto da notícia mais
telespectadores aguardarão pelo capítulo final da questão abordada.
Antônio Evaristo de Moraes explica que “a publicidade opressiva corresponde ao que
o Direito norte-americano denomina petrial ou trial by media, significando, em última análise,
o julgamento antecipado da causa, realizado pela imprensa, em regra com veredito
condenatório, seguido da tentativa de impingi-lo ao Judiciário”.
De maneira geral, fazendo uma breve análise dos noticiários criminais, como, por
exemplo, o Cidade Alerta veiculado pela emissora Record, ou o Linha Direta veiculado pela
Rede Globo, é possível perceber que ambos produzem um processo e um julgamento público
em rede nacional. Assim, o caso ‘eleito’ pela mídia para ser a novela do horário nobre, chega
ao Judiciário trazendo consigo uma carga popular enorme de condenação antecipada,
induzindo o magistrado – quase obrigando – a aceitar os argumentos produzidos pela mídia, e
caso profira sentença divergente à proferida pela mídia, se verá ‘jogado’ por esta na ala dos
incapazes e desonestos.
Corroborando com esta tendência, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
assumiu que, em alguns casos, o judiciário é levado a julgamento pela opinião pública, razão
pela qual não deve ser escandalizado com o reconhecimento de nulidades meramente formais
(TJSP, AP. Crim. Nº 152151-3). Resumidamente, argumentando que, em casos emblemáticos,
pouco importa as normas vigentes no ordenamento jurídico.
Em contraposição disto, contrariando a pressão pública e não se deixando coagir,
existem magistrados que se abstraem do alvoroço criado pela mídia e conduzem o processo
baseado tão-somente em fatos e atos processuais. Ainda que sejam raríssimas exceções,
servem para comprovar tal situação, isto é, situação a qual os juízes são submetidos para
condenar o réu, nos casos emblemáticos e de grande cobertura midiática.
Neste sentido, tem-se a decisão na ação penal que apurava as responsabilidades
criminais no desabamento do edifício Palace II, no qual o ex-deputado Sérgio Naya foi alvo
de julgamento pela mídia. A sentença proferida em primeira instância, em trecho citado trial
by media, desmoraliza a novela criada por emissoras do Brasil.
[...] quem folhear os diários e periódicos da época, ou pesquisar o noticiário
transmitido pelo rádio e pela televisão, muitos deles anexados ao processo,
perceberá que anteriormente, muito anteriormente, ao término do inquérito policial
instaurou-se no País, principalmente no Rio de Janeiro, o autêntico trial by media.
As supostas causas do desabamento eram francamente listadas e repetidas antes
mesmo da conclusão dos exames periciais. Os culpados pela tragédia,
antecipadamente mostrados e condenados pela mídia, eram submetidos à execração
pública e apontados para linchamento pelos mais exaltados. Argamassa era exibida
na televisão como se fosse concreto, reboco era esfarinhado entre os dedos em meio
a gritos de que tinha sido utilizado como concreto, impurezas encontradas na massa
eram apresentadas como causa da ruína do edifício. [...]

A divulgação do laudo foi falseada e distorcida. O Jornal Nacional, principal


informativo da televisão, noticiou, de forma desleal – mais com seus
espectadores do que com os envolvidos – as conclusões da prova técnica,
fazendo crer que no laudo existia o que ali não se continha, que os peritos
tinham concluído de uma forma, quando na realidade suas conclusões eram
outras. [...] (Ação Penal nº 980001.184167-8 da 33ª Vara Criminal do Rio de
Janeiro, p. 61/62).
Os noticiários entenderam que o crime é uma fonte inesgotável de entretenimento e
consumo, onde a essência da veiculação desse tipo de notícia é o escândalo, isto é, chamar
atenção da população através de grande dramatização, transformando a punição em
fascinação, conduzindo a sociedade a entender que a punição é o único direito dos acusados.
Entretanto, essa característica leva uma grande consequência para o direito penal. Na
cessante busca por uma solução eficaz para a problemática de certos crimes, algumas leis
foram criadas, porém mostram-se ineficientes quanto aos atos ilícitos que legislaram,
garantindo apenas penas mais severas, mas que se apresentam como um outdoor midiático,
que com o passar do tempo, enfraquecem.

3.2 Estudos de Casos

Após argumentar sobre a influência da mídia no processo penal, far-se-á o estudo de


casos concretos sobre a temática.

3.2.1 Caso Daniella Perez

No ano de 1992, na Rede Globo ia ao ar a telenovela ‘De Corpo e Alma’, escrita por
Glória Perez. Uma das atrizes do grande sucesso era Daniella Perez, à época chamada de
‘namoradinha do Brasil’, que interpretava Yasmin. Na trama, a atriz namorava o personagem
Bira, interpretado por Guilherme de Pádua. No decorrer da história, Yasmin e Bira
terminaram o namoro, o que deixou Guilherme nervoso e com medo de que seu personagem
saísse da novela. Infelizmente, na véspera do ano novo, o ator, junto de sua esposa Paula
Thomaz, perseguiram Daniella após as gravações e após conseguirem acesso ao carro da
vítima, a espancaram e assassinaram a jovem com dezoito perfurações no coração.
Nos dias que seguiram o fato, a investigação policial sobre o caso identificou
Guilherme como suspeito, visto que diversas provas de materialidade e autoria surgiram,
como o testemunho de camareiras da emissora de TV afirmando ter visto o ator com raiva
pelo seu sumiço nos capítulos seguintes, além de seu carro coincidir com o avistado na cena
do crime. Após ser confrontado com os indícios de sua participação no crime, Guilherme
confessou o assassinato
Assim, em 1994, Glória Perez, mãe de Daniella, passou a exigir, via mídia, que o
crime de homicídio qualificado fosse contemplado na Lei de Crimes Hediondos. Porém, a
princípio, o que seria o crime de homicídio qualificado? Em suma, seriam os homicídios que
pontuaram situações diferenciadas, como previsto atualmente no artigo 121 do Código Penal,
em seus parágrafos.
A inclusão deste tipo penal como crime hediondo foi muito discutido, principalmente
em relação a sua constitucionalidade e inconstitucionalidade, mas através da pressão da mídia,
a legislação acabou sendo adequada.
Os relatos veiculados pelos meios de massa para noticiar o caso Daniella Perez
ressaltaram, com grande vigor, o homicídio, a tal ponto do mesmo se tornar um
‘problema nacional” de grande repercussão. [...] Durante três meses subsequentes ao
crime, o Jornal Folha de São Paulo manteve notícias sobre o caso, ou seja, 29
páginas das 40 manchetes pesquisadas, das quais destacam-se: ‘Galã da novela das 8
mata com tesoura atriz Daniela Perez’; ‘18 golpes de tesoura matam ‘Yasmin’:
Daniela Perez estrelava ‘De Corpo e Alma’; Corpo foi encontrado em terreno
baldio; Polícia diz que ator confessou o crime; Pádua alega que estava sendo
ameaçado’; ‘A vítima: Dança levou à primeira participação na TV’, ‘O matador:
Pádua começou a carreira como ‘leopardo’, ‘Autora queria que a filha virasse estrela
de TV’; ‘Assassino de Daniela Perez é solto’ e ‘Guilherme assediava Daniela, diz
equipe’; ‘Daniela foi morta em ritual, diz advogado’; ‘Polícia acha tesoura na casa
de Pádua: Delegado diz ter encontrado também imagem de ‘preto velho’ no
apartamento do ator’ e ‘Artistas afirmam que Pádua é violento’; ‘Tchau Yasmin:
Yasmin rompe com Bira na novela e Daniela Perez enfrenta a fúria do ator
Guilherme de Pádua’; ‘Tatuagem no pênis é incomum’, ‘Pádua diz a revista que
misturava vida e novela’ ‘Daniela desmaiou antes dos golpes: Laudo mostra que a
atriz foi agredida a te ficar inconsciente, arrastada e perfurada no peito’; ‘Pádua diz
a revista que misturava vida e novela’; ‘Daniela desmaiou antes dos golpes: Laudo
mostra que a atriz foi agredida a te ficar inconsciente, arrastada e perfurada no
peito’; ‘Paula dominava marido submisso’. [...] Na revista VEJA, foram dedicadas
três capas, das edições de 08.01.1993, 13.01.1993 e 10.02.1993, com as seguintes
manchetes, respectivamente: ‘O PACTO DE SANGUE (Guilherme: peças gays,
histeria e sucesso a qualquer preço; Paula: ciúme doentio e contato com a noite barra
pesada)’, ‘O assassinato da atriz Daniela Perez’ e ‘A Dor e a Ira de uma Mãe’. Na
extinta Revista Manchete, encontra-se: ‘No matagal, já preparado para o ritual
macabro Guilherme e Paula golpearam Daniella com 16 tesouradas’. Na mídia
televisiva, onde foram dedicadas cerca de 2h30min em diversas emissoras,
especificamente na Rede Globo de Televisão, além dos plantões jornalísticos que
acompanharam o assassinato desde seu recente descobrimento. Realizou-se uma
edição especial do Globo Repórter em 05 de janeiro de 1993, uma edição do Jornal
Nacional (em 29 de dezembro de1992), do Fantástico e um bloco do programa
Retrospectiva 92. No cenário internacional, a revista americana People anunciou:
‘Kiss of Death: The Murder of a Soap Star—By Her TV Lover—Leaves Brazil in
Shock’. O crime é igualmente abordado pela CNN, fechando seu World News.
O crime que vitimizou Daniella foi protagonista de um grande apelo midiático para
que uma lei mais eficaz fosse estabelecida, porém também foi palco político para muitos. Os
legisladores tornaram-se reféns da mídia e da pressão pública pugnando por justiça. De
maneira que, novamente, um caso criminal ganhou aspectos de comoção e, ainda que
parecesse necessário, mesmo violando princípios constitucionais e penais, o importante era a
punição dos culpados.
Os meios de comunicação se aproveitaram da situação para instigar a população a
mudar a legislação, Leite e Magalhães explicam o assunto:
Itamar se diz contra a pena de morte mas quer debate a prisão perpétua. O presidente
Itamar Franco e o ministro da Justiça, Maurício Corrêa, se manifestaram ontem
contrários à pena de morte [...]. Para o Presidente temas como pena de morte e
prisão perpétua não podem ser tratados como ‘tabu’ na sociedade brasileira. Corrêa
admitiu que as mortes da atriz Daniella Perez e da menina Míriam Brandão criaram
no país uma verdadeira ‘epidemia de insegurança’. [...] Marinho apoia a pena de
morte O jornalista e empresário Roberto Marinho, 88, presidente das Organizações
Globo, disse ontem à Folha que o editorial de ‘O Globo’ defendendo a pena de
morte, publicado no sábado, ‘refletiu a indignação popular’ com o assassinato da
menina Míriam Brandão, de cinco anos, por seus sequestradores. Para Roberto
Marinho, a aplicação da pena de morte ‘teve um efeito formidável’ nos Estados
Unidos a partir do sequestro e morte do filho do aviador Charles Lindbergh, na
década de 30. Ele disse não temer um conflito com a Igreja por causa da posição do
seu jornal. ‘Sou católico, mas tenho a minha opinião’. [...] Igreja condena adoção da
pena de morte D. Luciano critica a apologia da violência na TV e teme que a pena se
transforme na justificativa para linchamentos. O presidente da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil), d. Luciano Mendes de Almeida, condenou ontem a
adoção da pena de morte no Brasil. Ele acredita que a pena de morte incutirá na
mentalidade das pessoas a ideia de que elas próprias podem matar. ‘Seria uma
justificativa para os linchamentos e facilitaria a violência policial’. Ele acha que a
Rede Globo de Televisão está fazendo a apologia da violência, para justificar uma
campanha nacional pela adoção da pena de morte no Brasil. [...] Na sua opinião as
cenas de violência das novelas e filmes na televisão têm incitado a onda de
criminalidade. [...] O presidente da CNBB criticou ainda a novelista Glória Perez,
mãe da atriz Daniella Perez,[...]. ‘Quem escreveu o papel para a filha morrer foi a
própria mãe’, disse.[...]. Amaral Netto consegue adesão para a pena de morte. Um
discurso do deputado Amaral Netto (PDS-RJ) em defesa da pena de morte provocou
polêmica ontem no plenário da Câmara. [...] Até o início da tarde Amaral havia
conseguido 40 assinaturas em um manifesto que defendo um plebiscito para que a
população decida sobre a pena de morte. [...] Globo brinca com a morte a pena de
morte. A Rede Globo caiu de cabeça na campanha do jornal ‘O Globo’. Deu
manchete no ‘Jornal Nacional’ e armou toda uma cobertura para envolver o
noticiário. Quem assistia o maior telejornal do país, ontem à noite, quer mais é a
morte. A cobertura foi cuidadosa. Começou com o caso Daniella Perez [...]. Seguiu
com o caso Míriam Brandão [...]. Terminou com a gangue da moto: os bandidos
fugiram da prisão. [...] No meio, a pena de morte. Só ela vai evitar que os bárbaros
assassinos de Daniella e Míriam continuem com a vida mansa. Só ela vai evitar que
os bárbaros assassinos fujam com facilidade da prisão [...]. A banalização da
tragédia – ‘a vida como ela é’ – fez sua estreia no ‘Aqui e Agora’ [...].
No caso Daniella Perez, não se faz referência a uma avaliação positiva ou negativa da
influência da mídia no caso, mas como a exposição midiática que os autores do fato (vítima,
sua mãe e autores) detinham, trouxe visibilidade ao acontecimento e possibilitou a mudança
do ordenamento jurídico correlacionado ao tema, impactando não só o crime em questão, mas
diversos outros posteriores, graças a inclusão do homicídio qualificado como crime hediondo
previsto em lei. Recentemente, o canal de streaming HBO, realizou uma minissérie acerca do
assassinato de Daniella, chamada ‘Pacto Brutal’, o que fez com que o caso ganhasse mais
notoriedade na sociedade.
3.2.2 Caso Escola Base

O caso Escola Base é um dos mais notórios da história do jornalismo brasileiro. Uma
série de erros cometidos pela polícia e pela imprensa levou uma escola infantil a se tornar
exemplo de como é possível acabar com vidas a partir da espetacularização de casos
criminais.
Duas mães, Lúcia Eiko Tanoue e Cléa Parente de Carvalho, se dirigiram à 6ª
Delegacia de Polícia, na zona sul de São Paulo e ‘prestaram queixa’ contra três
casais que trabalhavam na Escola de Educação Infantil Base, localizada no bairro da
Aclimação, em São Paulo. Tudo começou quando Fábio, um dos alunos, com quatro
anos de idade na época, ao brincar na cama com sua mãe, Lúcia Eiko Tanouse,
sentou em cima de sua barriga, começou a se movimentar e disse ‘o homem faz
assim com a mulher’. A mãe, surpresa com o comportamento do menino, lhe
questionou onde aprendera aquilo. Inicialmente, o infante não quis responder, disse
que era coisa do videogame. Lúcia começou a pressionar o marido para ver se ele
havia levado o garoto a algum local inapropriado, mas a resposta foi negativa. A
genitora continuou insistindo com a criança. Lúcia voltou ao quarto. Ninguém
presenciou a inquirição, mas o fato é que ela saiu de lá dizendo que o menino
revelara barbaridades. A fita pornográfica, ele a teria visto na casa de Rodrigo,
um coleguinha da Escola Base. Um lugar com porão verde, jardim na lateral,
muitos quartos, cama redonda e aparelho de televisão no alto. Seria levado a
essa casa por uma perua Kombi, dirigida por Shimada – o Ayres, marido da
proprietária da escolinha. [...] O delegado responsável pelo caso, Edélcio Lemos,
encaminhou as crianças ao IML (pois apresentavam assaduras causadas pela forma
de se sentar e pelo tempo de trocar a fralda) e obteve um mandado de busca e
apreensão para o apartamento de Saulo e Mara.
Como se pode deduzir da leitura, é um caso que parecia simples de resolver, bastando
a juntada de depoimentos, transformou-se em um caso de repercussão nacional, tornando-se
uma “caça às bruxas” promovida pela imprensa e corroborada pelo poder público.
Alex Ribeiro, ao investigar o caso, diz que o delegado que comandava a investigação
aproveitou aquele momento para criar um fato que o tomasse centro da atenção da mídia.
O delegado Edélson Lemos teria discutido com o jornal Diário Popular, devido a um
filme fotográfico arbitrariamente apreendido pela autoridade policial. Entretanto, no
momento em que chegou à delegacia o caso da Escola Base, Lemos teria telefonado
para o editor do Diário, Paulo Breitenvieser, passando as informações com
exclusividade, como forma de se redimir pela tal arbitrariedade da apreensão. Lemos
‘disse que tinha um caso bom, de violência sexual envolvendo crianças de quatro
anos’.
Apesar de a publicidade de atos estar prevista no artigo 5º, LX da Constituição
Federal, ao incentivar a mídia a levar a público um caso de abuso sexual em uma escola
contra menores, o delegado agiu de maneira absurda e fora dos padrões previstos no Direito
Processual Penal, apresentando possíveis suspeitos como acusados e condenados.
[...] Os quatro suspeitos referem que sofreram uma espécie de sessão de pressão
psicológica. Paula afirma, ainda, que a pressão não foi apenas psicológica, pois
alega ter sido agredida por policiais, conforme revela Ribeiro (2000). Todos
negaram envolvimento no suposto crime e só foram liberados pelo repórter às 23
horas. O inquérito passou a tramitar sob a responsabilidade do delegado Edélson
Lemos. A surpresa do dia foi o recebimento de um telex do IML, adiantando os
resultados do exame de corpo de delito realizado nas crianças: ‘referente ao laudo
nº. 6.254/94 do menor F.J.T Chang, BO 1827/94, informamos que é positivo para a
prática de atos libidinosos. Dra. Eliete Pacheco, setor de sexologia, IML’. Bastou
aquela informação para que todos os jornais já tomassem conhecimento sobre o
caso. Tamanha foi a repercussão que ‘nesse mesmo dia, o Jornal Nacional, da Rede
Globo, soltou a notícia, sem a versão dos acusados’, mas ‘o repórter da Globo não
assumia as denúncias como verdadeiras e apenas narrava o fato de um inquérito
policial ter sido aberto para apurar possível abuso sexual’. E várias foram as
manchetes do dia 30 de março informando sobre o caso, mas todos os jornais
mantiveram parcialidade naquele momento, agindo tecnicamente de forma correta,
já que apenas expuseram a informação sobre as acusações. A partir daí, o delegado
deu início a uma série de declarações à mídia, o que levou a opinião pública a
classificar essas seis pessoas – Maria Aparecida, Ayres, Paula, Maurício, Saulo
e Mara –como culpados por pedofilia. O Jornal Nacional chegou a sugerir o
‘consumo de drogas’ e a ‘contaminação pelo vírus da AIDS’, enquanto a Folha da
Tarde noticiava: ‘Perua carregava crianças para orgia’… o ‘Notícias Populares’
estampou em sua capa o título: ‘kombi era motel na escolinha do sexo’.
É fato compartilhado que a junção entre os meios de comunicação e os órgãos
julgadores tende a facilitar que a imprensa seja atualizada do que já foi apurado, contudo em
alguns casos em que ainda é necessário que sejam feitas as devidas apurações, é importante
manter a cautela, para que evite-se o julgamento antecipado da população.
Nos casos “Daniella Perez” e “Escola Base”, a mídia e o Estado agiram juntos, o
primeiro, como já relatado, por uma força de “vender” a notícia; o segundo, pela busca de
seus representantes em “adquirir status de paladinos”. Tudo isto fez dos episódios citados a
ruptura de tudo que se pode entender como devido processo legal.
O processo “Escola Base” perfez rupturas constitucionais que permeiam a utilização
de práticas policiais já combatidas desde o período denominado de “governo militar
brasileiro”. O inquérito e o processo estavam viciados, já apresentando, desde o seu começo,
culpados e antecipando julgamentos.
Vinícius Buono, quando apresenta o artigo “Caso Escola Base: a mentira que abalou
1994”, afirma que, naquele momento, a mídia teria assumido o triplo papel de juiz-júri-
carrasco, proporcionando, para uma sociedade desinformada e com sede de vingança, pessoas
inocentes que foram de todas as formas suprimidas de seus direitos e escrachadas
socialmente:
O delegado incumbido da investigação, Edélcio Lemos, enviou os filhos de Lúcia e
Cléa ao Instituto Médico Legal e conseguiu um mandado de busca e apreensão ao
apartamento onde, supostamente, as crianças eram abusadas. Quando nada foi
encontrado, as mães, indignadas, foram à Rede Globo. Foi a partir daí que o caso da
Escola Base explodiu e virou referência. No mesmo dia, o laudo do IML foi
analisado pelo delegado. Era inconclusivo, mas dizia que as crianças apresentavam
lesões que podiam ser de atos sexuais. Foi o suficiente para o delegado, que deu
declarações dúbias à imprensa. Os acusados já eram, aos olhos do povo, culpados
antes de qualquer julgamento. [...] Em junho, três meses depois, os suspeitos foram
inocentados pelo delegado Gérson de Carvalho, um dos que assumiram a
investigação. No entanto, o estrago já estava feito. Os danos psicológicos e morais
aos acusados eram enormes, além, é claro, dos materiais. Os inúmeros gastos com o
processo deixaram as finanças de todos completamente arruinadas. Os meios de
comunicação foram acusados de não retratar a verdade de fato, declarando, apenas,
que as investigações foram encerradas por falta de provas, sem necessariamente
dizer que os acusados eram inocentes. Diversos processos foram movidos contra o
Estado e a mídia. Maria e Icushiro faleceram sem receber todo o dinheiro que lhes
era devido, ela de câncer em 2007 e ele de infarto em 2014.
O caso da Escola Base é apenas mais uma amostra de como a mídia, ao exercer o
papel social, tem a soberania de arquitetar um teatro com os fatos ao repassá-los a sociedade e
essa manipulação, suprimindo garantias constitucionais, como, por exemplo, transformar a
presunção de inocência em presunção de culpa, é algo intolerável no ordenamento jurídico e
no estado democrático de direito vivido pelo País.

3.2.3 Caso Eloá Cristina

Em 2008, mais precisamente no dia 13 de outubro, mais um caso bárbaro acontecia.


Em um apartamento em Santo André, São Paulo, alguns adolescentes estavam fazendo um
trabalho escolar. A casa era de Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos. Durante a tarde, o ex-
namorado de Eloá, Lindemberg Fernandes, invadiu o local armado e passou a manter quatro
jovens em seu poder, dando início ao sequestro em cárcere privado mais longo e polêmico de
São Paulo.
Inicialmente, Lindemberg libertou dois adolescentes, mantendo no local apenas Eloá e
Nayara, melhor amiga da garota. Após horas de cárcere, a polícia e a imprensa já haviam sido
notificadas, e diversos carros se posicionaram no local, estabelecendo mais um espetáculo
sobre o sequestro de duas jovens. Diversos noticiários mudaram sua programação e repórteres
tomaram conta dos apartamentos vizinhos ao cativeiro.
Na medida que o sequestro continuava, com policiais tentando resolver o caso e
libertar as meninas, apresentadores tentavam contato com o sequestrador, tentando
telefonemas e até mesmo acenos para a câmera. Inclusive a apresentadora Sônia Abrão,
durante o ao vivo de seu programa, ligou para o local e conseguiu falar com Lindemberg,
realizando uma tentativa de entrevista com o mesmo.
Após mais de 100 horas de cárcere privado, policiais do GATE e da Tropa de Choque
da Polícia Militar arrombaram a porta – alegando, posteriormente, ter ouvido disparo de arma
de fogo no local – entrando em uma luta com o sequestrador que conseguiu atirar nas reféns.
De modo que o contato citado acima, repercutiu de maneira negativa, pois o desfecho do
sequestro foi trágico. Eloá faleceu após levar dois tiros, um no rosto e outro na virilha, e
Nayara saiu ferida.
O sequestrador foi preso em flagrante e denunciado pelos crimes de homicídio
duplamente qualificado, tentativa de homicídio qualificado, cárcere privado e disparo de arma
de fogo. Ele foi culpado por 12 crimes de que foi acusado e condenado a 98 anos e 10 meses
de prisão pela juíza Milena Dias. Após alguns recursos, e à época da condenação limitava-se a
30 anos o prazo máximo, o Tribunal de Justiça de São Paulo reduziu sua pena para 39 anos e
três meses de prisão.
A cobertura da mídia no caso Eloá foi bastante criticada após o desfecho do caso.
Rodrigo Pimentel, sociólogo e ex-integrante do BOPE, deu uma entrevista ao portal Terra:
A Sonia Abrão, da RedeTV! a Record e a Globo foram irresponsáveis e criminosas.
O que eles fizeram foi de uma irresponsabilidade tão grande que eles poderiam,
através dessa conduta, deixar o tomador das reféns mais nervoso, como deixaram;
poderiam atrapalhar a negociação, como atrapalharam... O telefone do Lindemberg
estava sempre ocupado, e o capitão Adriano Giovaninni (NR: negociador da Polícia
Militar) não conseguia falar com ele porque a Sonia Abrão queria entrevistá-lo.
Então essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na
próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência (TERRA,
2008)
Ainda, o Ministério Público Federal, corroborando com esse entendimento, moveu
ação civil pública contra a emissora Rede TV pela veiculação da entrevista com o
sequestrador, afirmando que as entrevistas interferiram na atividade policial em curso e
colocaram em risco a vida dos envolvidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa se preocupou, substancialmente, em analisar a influência da mídia


no processo penal, expondo que a liberdade de expressão e informação jornalística são de
grande importância na construção de uma sociedade democrática.
Entretanto, alguns veículos optam por utilizar o espetáculo como maneira de noticiar
causando prejuízo ao senso crítico da população.
Em atendimento ao objetivo central da pesquisa, num primeiro momento, buscou-se
analisar a liberdade de expressão no Direito brasileiro, sendo possível compreender que a
utilização da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa como direitos absolutos são
extremamente prejudiciais ao processo penal.
Num segundo momento, fez-se necessário abordar as garantias constitucionais do
acusado, demonstrando que, ainda que todos os indícios culpem o mesmo, ele possui direitos
que devem ser respeitados por todos.
Ao se abordar a influência da mídia no processo penal, constatou-se que os meios de
comunicação possuem grande papel da formação de opinião da população, e podem colaborar
para a emissão de juízo de valor de auxiliares da justiça e juízes, o que é prejudicial para o
acusado e para o processo penal, podendo levar a nulidade processual.
Portanto, conclui-se que a mídia é fundamental para a sociedade. Contudo, no âmbito
processual, principalmente processual penal, os meios de comunicação devem ter cautela ao
repassar informações à população, seguindo limites éticos e legais estabelecidos pelo
ordenamento jurídico. Dessa maneira, evita-se a violação de direitos e garantias.

REFERÊNCIAS

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