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LIBERDADE DE EXPRESSÃO OU DISCURSO DE ÓDIO: Os impactos nas redes

sociais1

FREEDOM OF EXPRESSION OR HATE SPEECH: Impacts on social media

Amanda silva de Paula Costa.2


Isnara Eduarda Freires Lima.3
Vicente Celeste de Oliveira Junior.4

Resumo: A liberdade de expressão refere-se ao direito que permite que às pessoas


expressarem suas opiniões, pessoais ou coletiva sem medo de represálias, de forma
independente, sem julgamentos, sempre com respeito e amparada pela
autenticidade das informações. Já o discurso de ódio também chamado hater
speech, refere-se as palavras que tendam a insultar, intimidar ou assediar pessoas,
seja em forma de pensamento, fala, posicionamento social, verbalizado ou por
escrito e sua intenção é discrimina, incita à violência contra diferentes grupos e
classes sociais. O trabalho aborda sobre às seguintes problemáticas: Liberdades de
expressão ou discurso de ódio, impactos nas redes sociais, limites, o discurso do
ódio pode ser impedido, e se é passível de punição, limites da liberdade de
expressão nas redes sociais, existência de lei para punir quem pratica discurso de
ódio nas redes sociais, buscando de essa forma entender qual a importância da
liberdade de expressão para a sociedade.

Palavras-chave: Discurso de ódio. Redes sociais.Liberdade de expressão.

Abstract: Freedom of expression refers to the right that allows people to express
their opinions, personal or collective, without fear of reprisals, independently, without
judgment, always with respect and supported by the authenticity of the information.
Hate speech, also called hater speech, refers to words that tend to insult, intimidate
or harass people, whether in the form of thought, speech, social positioning,
verbalized or written, and its intention is to discriminate, incite violence against
different groups and social classes. The work addresses the following issues:

1
Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Direito da
Universidade Potiguar (UnP) da rede Ânima Educação. 2022.
2
Acadêmica do curso de Direito da Universidade Potiguar(UnP) da rede Ânima Educação. E-
mail:aman.dasilva07@hotmail.com.
3
Acadêmica do curso de Direito da Universidade Potiguar (UnP) da rede Ânima Educação. E-mail:
isnarafreires18@gmail.com
4
Orientador: Prof. Vicente Celeste de Oliveira Júnior. Curso de Extensão Universitária
(UnB/UERN/UnP). Graduado em Direito (UnB/UnP). Especialista em Direito Civil e Processo Civil
(UFRN). Especialista em Educação (UERN). Mestrado em Ambiente Tecnologia e Sociedade (Meio
Ambiente - UFERSA - dissertação: Direito e Inclusão). Mestrado em Educação (dissertação: Sistema
Prisional Federal - UERN). Cursa o Doutorado em Arquitetura e Urbanismo (tese: História da
Arquitetura e o Poder - UFRN). Autor de livro (Brasília/DF) e autor de capítulo de livro pelo Doutorado
em Educação (UERJ). É citado em 452 artigos científicos no Brasil e exterior, segundo o site:
ACADEMIA (trabalhos acadêmicos e pesquisas). Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8755911560333981
2

Freedom of expression or hate speech, impacts on social networks, limits, hate


speech can be prevented, and whether it is punishable, limits of freedom of
expression on social networks, existence of law to punish those who practice hate
speech on social networks, thus seeking to understand the importance of freedom of
expression for society.

Keywords: Hate speech. Social networks. Freedomof expression.

1. INTRODUÇÃO

Sabe-se, que hoje, no Brasil, com a propagação das redes sociais e da


internet, o aumento de circulação de notícias falsas, distorção intencional de fatos,
com destino a arruinar a reputação e a imagem de pessoas e entidades escolhidas
como desafetos, técnicas essas usadas como elementos essenciais para propagar o
discurso de ódio nas redes sociais. Trazendo as seguintes problemáticas liberdade
de expressão e discurso de ódio, quais são seus impactos nas redes sociais, limites
na liberdade de expressão nas redes sociais, o discurso de ódio, punições para
quem pratica tal ato.
O Marco Civil da Internet é uma lei, que regula o uso e determina certos
parâmetros em relação à internet e como ela é estendida em território nacional. Por
isso recebeu a alcunha “Constituição da Internet”. Sua construção deu inicio em
2009, contou com a participação popular, em audiências realizadas no país inteiro e
via blogs oficiais, essa foi uma das razões por tanta demora para a Lei ser
sancionada que ocorreu em junho de 2014.
Lei 12/965/14, dispões sobre:

Art. 1º Esta Lei estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o


uso da internet no Brasil e determina as diretrizes para atuação da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em relação à matéria.

Art. 2º A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o


respeito à liberdade de expressão. (BRASIL, 2014).

Com o avanço das novas tecnologias no mundo, a criação de diversas


ferramentas virtuais desenvolvidas com o objetivo de aplicar à sociedade uma forma
de diálogo, essa nomenclatura estabeleceu diversos segmentos no mundo virtual,
um deles é a, liberdade de expressão que muitas das vezes vem cheio de
pensamentos inadequado, com foco em propagar a intolerância, o ódio, preconceito
3

e até mesmo com incitação à violência, essas manifestações de discurso de ódio


torna-se mais grave e de maior potencial.
O desenvolvimento deste artigo científico ocorreu por materiais bibliográficos
sobre a temática em questão, com diversas leituras, pesquisas de diferentes textos,
artigos científicos, internet e livros. Visando abordar a importância do estudo do
tema, especialmente considerando o momento dos avanços das novas tecnologias,
criação de novas ferramentas digitais, a propagação das fake news, instabilidade
político-social a aproximação das eleições presidenciais, onde a finalidade do direito
à liberdade de expressão se destaca, sendo o instrumento de soberania do povo
garantido pela Constituição Federal de 1988.
Portanto, se faz necessário que todos os cidadãos tenham acesso as
informações de modo universal, dispondo do direito de exercer sua cidadania e
usufruir com maior capacidade, ou seja, de forma que ninguém tenha seus direitos
minimizados por causa de suas crenças, origens e ideais.

2. O QUE DIZ A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 SOBRE A LIBERDADE DE


EXPRESSÃO E PENSAMENTO:

Como consta na CF/88, existe um entendimento sobre o que se trata a


liberdade de expressão, previsto no artigo 5º, inciso IV, que assegura a garantia ao
livre pensamento e à livre expressão tendo como prerrogativa às 133 liberdades
individuais (direitos civis e políticos) caracterizando o espírito democrático. Sendo
assim ter liberdade de expressão não significa de forma alguma liberdade para a
agressão.
Como se prevê no art.1º

A República Federativa do Brasil,que é formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo um Estado
Democrático de Direito que tem como fundamentos:

[...]

III - a dignidade da pessoa humana;

Vejamos o que se refere o Art. 5° da CF de 88:


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
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inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à


propriedade, nos termos seguintes:

[...]
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
aos locais de culto e a suas liturgias;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação; (constituição federal);
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da
fonte, quando necessário ao exercício profissional. (BRASIL,1 988).

A CF/88 reconhece o direito à liberdade de expressão, em todas as suas


modalidades como liberdade de manifestação do pensamento, expressão artística,
ensino, de busca, comunicação, informação e manifestação religiosa garante que
os cidadãos possam expressar suas opiniões, divulgar fatos, bem como compartilhá-
los, também garantindo que veículos de imprensa exerçam o seu papel informativo
sem sofrerem nenhuma censura, como já aconteceu antes em nosso país, conforme
prevê o art. 220.

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a


informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena
liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação
social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e
artística. (BRASIL, 1988).

A liberdade de expressão está prevista na CF/88 em seu artigo 5º, incisos IV


e IX, e 220, é de direito imprescindível da pessoa humana, e de suma importância
para a vulgarização do país, após tenebrosos anos de ditadura civil-militar, nesse
período o direito de expressar pensamentos era restrito de maneira mais violenta.
De tudo o que foi dito, podemos concluir que a liberdade de pensamento, sob
a luz da CF/88 faz menção a uma agregação de benefícios legais, de comunicação,
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intelectuais e religiosas que impossibilita a coação da transmissão de ideias e


penalidade decorrente de pensamentos que discorrem. Um imenso avanço da
humanidade, são os indivíduos de uma sociedade terem o direito de expressar sua
opinião, de uma maneira livre, tornando-se seres críticos, possibilitando, assim, o
desenvolvimento de uma sociedade livre e mais democrática.

3. LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A liberdade de expressão possibilita uma ou mais pessoas exponham suas


ideias sem receio de represálias, ou coerção, não implicando, se divergem,
discordem uma das outras, seja em alguns pontos, qualquer tema ou indivíduo.
Para se ter um bom convívio social, é preciso está atento as declarações que
possam, ofender as preferências, de origens, estilo de vida de outros indivíduos.
Segundo o artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)
e da Organização das Nações Unidas (ONU), resolução 217 A III, em 10 de
dezembro 1948, diz que:

Art. 19°. Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão,


o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de
procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e
ideias por qualquer meio de expressão. (DUDH, ONU, 1948).

A liberdade de expressão é um direito fundamental, visto que visa garantir a


realização da dignidade da pessoa humana, e autoriza instituições a veicularem
informações em massa, garantindo também sua liberdade de receber, emitir e
compartilhar informações verídicas sem haver impedimentos. O direito fundamental
possui duas, funções que são: subjetiva proteger a pessoa humana nas relações de
posições ou de natureza jurídica, como também tem sua função objetiva: que
constitui um valor objetivo para a comunidade independentemente de sua função
subjetiva, ou seja, é uma condição especial para o crescimento de uma nação mais
democrática, consolidada em uma sociedade mais livre e exercendo seu direito da
cidadania.
Para Burdeau (1972) observa-se que a liberdade diz respeito a não haver
submissão a outrem, no fato de não haver controle de terceiros e de não sofrer
restrições sejam alas do estado ou de um outro individuo.
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Com a outorgação da constituição de 1937, dando inicio ao período de


inspiração fascista e censura com Getúlio Vargas. A liberdade de expressão foi
restringida sob ponto de vista político quanto de imprensa. As informações e
divulgação era controlada pelo governo e quem contestava as ordens era exilado ou
preso. A constituição seguinte, a de 1946, estabeleceu novamente os direitos a
liberdade individual dos cidadãos, pondo fim na pena de morte, censura e o direito à
greve. No entanto, a democracia volta a perder o seu lugar, pois logo veio o Golpe
de 1964, assim oficializado a ditadura militar no país, em 1967, nesse mesmo ano
a Lei de imprensa n° 5.250/1967, censurando os meios de comunicação em uma
das medidas que integram o AI 5 - ato institucional n° 5 de 1968,nesse período a
liberdade de expressão padeceu um ataque ainda maior que durante o Estado Novo.
Segundo João Pedro Zambianchi Caetano (2016, p18) em seu artigo
evolução histórica da liberdade de expressão, diz:

Embora a Lei de Imprensa tenha ampliado os meios de difusão midiáticos,


acrescentando os de radiodifusão e agências de notícias, a censura
persistia com a entrada em vigor do regime de exceção. Nesse assombroso
período, não apenas os pensamentos que contrariavam o governo que
receberiam censuras. A partir do momento em que criaram a Censura
Prévia, todas as notícias e trabalhos da imprensa deveriam passar por uma
análise governamental antes de ser publicadas para só então o cidadão
brasileiro conseguir acesso à determinada notícia. Inúmeros são os casos
em que foram censuradas reportagens, notícias, revistas, livros e até
mesmo músicas e peças teatrais. Um verdadeiro golpe na cultura do nosso
país. Além das várias pessoas que foram torturadas, mortas e exiladas por
simplesmente tentar exercer o direito de falar. (CAETANO, 2016, p.18).

Finalmente, o direito a liberdade de manifestar os pensamentos foi


reintegrada com o fim da ditadura, a censura foi banida, assegurando um Estado
democrático de Direito, assegurado pela CF/88, que está em vigor até hoje em seu
artigo 220°, parágrafo 2°.

Art. 220°. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a


informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e


artística. (BRASIL, 1988).

Como diz Renata Silveira (2007) se constitui a liberdade de expressão como


se fosse uma ferramenta para legitimação dos poderes, como se fosse um
termômetro para a democracia em uma determinada sociedade, como se trata de
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um elemento essencial para o seu pleno exercício. Sendo assim é um direito que é
indissociável da democracia, já que em um Estado considerado como Democrático
de Direito, a liberdade deve ser uma garantia e devem ser respeitadas
independentemente das visões acerca do mundo vivido, mesmo que essas visões
sejam mínimas.
A teoria de propugnada por Owen Fiss (2005), denomina a posição
intermediaria, que segundo a mesma fixa que os limites da liberdade de expressão
exige uma análise que harmonize a autonomia individual tem garantia e a promoção
do debate democrático, o exame deve envolver tanto com o aspecto defensivo
quanto ao protetivo de direito fundamental. Sendo que ela não pode ser dissociada
dos direitos fundamentais de liberdade de expressão com fixação aos direitos
sociais, pois os mesmos dão amparo fático ao direito à liberdade de expressão.
Vejamos, o que diz George Marmelstein (2013, p. 130):

Apesar de a liberdade de expressão, em suas diversas modalidades, ser um


valor indispensável em um ambiente democrático, infelizmente, o que se
tem observado com muita frequência é que a mídia nem sempre age com o
nobre propósito de bem informar o público. Muitas vezes, os meios de
comunicação estão interessados em apenas vender mais exemplares ou
obter índices de audiência mais elevados. Por isso, é inegável que a
liberdade de expressão deve sofrer algumas limitações no intuito de impedir
ou diminuir a violação de outros valores importantes para a dignidade
humana, como a honra, a imagem e a intimidade das pessoas, ou seja os
chamados direitos da personalidade.(GEORGE MARMELSTEIN,2013,p.
130).

Sim, esse direito tem limites, principalmente quando viola outras garantias
fundamentais estabelecidas pela Constituição. Em outras palavras, ter liberdade de
expressão não significa aceitar ofensas, calúnia, invasões, dano material ou moral
sem punição. Além de garantir o crédito de uma ideia, essa decisão também serve
para contatar o autor posteriormente, caso suas idealizações cruzem fronteiras e
invadam a privacidade de outras pessoas.
A primeira limitação da liberdade de expressão é a proibição do anonimato
especificada no art. 5º, IV, da CF/88, o artigo que trata da liberdade de expressão.
Segundo a lei 7.716/89, art.1, serão punidos os crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, e no art. 5, XLII,
a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sendo repudiado no
art.4, VIII, ambos da CF/88, portanto, não é permitido se valer do direito à liberdade
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de expressão para emitir e/ou compartilhar discursos racistas, ou seja, além do


direito de resposta ser limitação à liberdade de expressão assegurado no art. 5º, V,
da CF/88, quem ultrapassar os limites da liberdade de expressão também pode ser
responsabilizado legal e criminalmente pelos danos causados por seu
comportamento.
A CF/88, em seu art. 223, dispõe:

Art. 223. Que cabe ao poder executivo outorgar e renovar concessão,


permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e
imagens, observando o principio da complementaridade dos sistemas
privado, público e estadual. (BRASIL, 1988).

Esse dispositivo constitucional é um claro limite à liberdade coletiva de


expressão, uma vez que o funcionamento das atividades de rádio e televisão exige
um compromisso e está subordinado ao poder executivo de emitir e renovar.
O art. 220 da CF/88, §3° do mesmo dispositivo, em seu inciso I, traz:

§ 3º Compete à lei federal:


I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público
informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre
inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a
possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e
televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda
de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio
ambiente. (BRASIL,1988).

Assim, a Constituição possibilita limitar a liberdade de expressão coletiva em


detrimento de outros direitos, como é o caso elencado pelo Estatuto da criança e
adolescente (ECA) em seu art. 75, da Lei nº 8.069/1990 que dispõe da classificação
do conteúdo adequado para faixa etária.
A CF/88 dispõe em seu art. 5º, todos são iguais perante a lei, incisos VI, é
inviolável a liberdade de consciência e de crença, e inciso VIII, [...] salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei. Assim, determinando limites sobre liberdade
religiosa.
E, por ultimo, a obrigatoriedade da observância dos princípios na formulação
da programação previstos no art. 221 da CF/88, esses princípios incluem
preferências educacionais, artísticas, culturais e informativas, promoção da cultura
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nacional, regional e respeito, entre outros, pelos valores éticos e sociais do indivíduo
e da família.
Embora a liberdade de expressão venha a ser uma grande conquista
democrática, há, também, uma repercussão negativa dessa garantia constitucional,
que ocorre quando o direito à liberdade de expressão extrapola seus limites e acaba
por ferir outros direitos fundamentais garantidos constitucionalmente. Como é
sabido, nenhum direito é absoluto, os direitos devem coexistir e possuem limites.

4. DISCURSO DE ÓDIO

O discurso de ódio é um ato de discriminação e também pode envolver


diferentes tipos de intolerância. A discriminação é uma atitude que trata as pessoas
de forma injusta, enquanto a intolerância é um comportamento que não aceita a
existência de diferenças, levando muitas vezes a uma atitude eugênica. A
intolerância pode se manifestar através do discurso de ódio. Isso é considerado
violência verbal e a base desse tipo de discurso é a rejeição das diferenças entre as
pessoas. Essas diferenças são consideradas como fatores que distinguem grupos
sociais uns dos outros e ainda conseguem definir um determinado grupo, como
cultura, nacionalidade, religião, etc.

Genericamente, esse discurso se caracteriza por incitar a discriminação


contra pessoas que partilham de uma característica identitária comum,
como a cor da pele, o gênero, a opção sexual, a nacionalidade, a religião,
entre outros atributos. A escolha desse tipo de conteúdo se deve ao amplo
alcance desta espécie de discurso, que não se limita a atingir apenas
os direitos fundamentais de indivíduos, mas de todo um grupo social,
estando esse alcance agora potencializado pelo poder difusor da rede, em
especial de redes de relacionamento [...] (SILVA, 2011,p446).

Em consequência das ações e posições intolerantes na rede, em sua maioria,


em forma de discurso do ódio, aumentam simultaneamente esses crimes. O ataque
principalmente às minorias na forma de racismo, homofobia, misoginia, xenofobia,
intolerância religiosa, etc., são as principais características de crimes cibernéticos.

Muitas são as semelhanças com os modelos fascistas de Estado, uma vez


que o absolutismo que os caracteriza promove a perseguição, o preconceito
com aqueles que não se alinham ao tipo idealizado imposto e a construção
de dogmas pautados no senso comum (TIBURI, 2016, p. 167).
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Por ser socialmente construído, com base em preconceitos que aparecem ao


longo da história humana, como preconceitos étnicos, raciais, de gênero, culturais,
deficiência e outros, não pode ser considerado como uma opinião. A opinião é
baseada em sentimentos e conclusões individuais, enquanto os preconceitos são
mantidos socialmente por situações de dominação de um grupo sobre outro. O
discurso de ódio também não pode ser considerado uma opinião, pois incita e leva à
violência e essa atitude é considerada crime no Brasil.

[...] no sentido de dividir o tal discurso em dois atos: o insulto e a instigação.


O primeiro diz respeito diretamente à vítima, consistindo na agressão à
dignidade de determinado grupo de pessoas por conta de um traço por elas
partilhado. O segundo ato é voltado a possíveis “outros”, leitores da
manifestação e não identificados como suas vítimas, os quais são
chamados a participar desse discurso discriminatório, ampliar seu raio de
abrangência, fomentá-lo não só com palavras, mas também com ações.
(SILVA et al, 2011, p.448).

Nas redes sociais, este tipo de manifestações é pautado em descriminações e


estigmas sociais como se fosse uma disputa na qual quanto mais odioso o discurso,
mais aceito e confiável é o emissor por grupos de indivíduos que compartilham de
suas ideias.

Parece haver um ‘ganho’ para quem incita ódio em redes sociais, e este
ganho é a visibilidade, popularidade, reputação e influência. Tais fatores
estão ligados a questões de pertencimento ao grupo ou afirmação de
identidade (SANTOS; SILVA, 2016, p. 5).

Os hatersspeech são indivíduos que divulgam mensagens com teor


preconceituoso, normalmente contra as minorias sociais sendo sua principal base as
diferenças religiosas, o racismo, étnicas ou de nacionalidade. Atualmente acrescido
pelas redes sociais digitais, o discurso do ódio, ganha destaque a partir da ação
de haters speech (ROSENFELD, 2001, p. 02).
As Considerações de Tiburi (2016, p. 32) contribuem para que possamos
refletir que “se o ódio surge no meio da sociedade em seu exercício tecnológico e,
em nossa época, no ápice da tecnologia que é o digital, é porque, de alguma forma,
ele é parte dessa sociedade”.
Como instrui Chauí (2000), sobre as manifestações de intransigência e ódio
não são um acontecimento recente, pois a sociedade, diferentemente do que se
prega historicamente, está longe de ser cordial e pacífica. As redes sociais é um
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lugar em que o ambiente privado se torna comum, e as opiniões e pontos de vista


que se retém no preconceito e na intolerância ficam expostas.
De acordo com Santos e Silva (2014, p. 05), a estrutura argumentativa do
discurso do ódio comporta:

[...] banimento do outro, ou a tentativa de banimento (I) que se revela numa


atitude de intolerância quanto ao diferente geralmente considerado como
inimigo. O acionamento do pânico, tanto moral quanto social (II) instiga
intencionalmente o medo entre a maioria dominante com o objetivo de torna
- lá opressora O argumento ideológico (III) de cunho político, social ou
religioso mira a manutenção de um estado de coisas para um grupo
dominante.(SANTOS E SILVA (2014, p. 05).

A retórica controvérsia pode ensejar a razão da inversão, que resulta na


capacidade de distorcer os fatos. Pela inversão basta apenas colocar uma coisa no
lugar da outra, trocar o lugar de quem fala, por exemplo. Vemos essa lógica tão
sempre presente na culpabilização da vítima, quanto na vitimização do culpado.
(TIBURI, 2016, p. 59).
Diante de tudo que foi exposto todas as contradições desse sistema, é
mantido e legitimado pelo direito, a intensificação de ódio e intolerância, pode
incentivar saídas coletivas e despertar mais sujeitos para a construção de uma nova
sociedade. Por isso, reafirma-se a violência possui proporções culturais, mas não se
limita a estas, se reproduz via discursos, mas também em ações.

5. INTERNET E REDES SOCIAIS É UMA TERRA SEM LEI?

A popularização da internet no Brasil tem pouco menos de duas décadas de


vida, e desde lá a web já mudou inúmeras vezes. O Marco Civil da Internet foi
realmente um marco, obtido depois de inúmeras discussões, hoje ainda há
necessidade atualizações, devido aos golpes financeiros, vazamentos de dados,
disseminação de informação falsa, ataques à honra, tudo ocorre na grande rede
mundial de computadores. Por isso, e de fundamental importância que haja
fiscalização e punição a quem causar prejuízo ao outrem.
Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 em seu art. 3° dispõe:

Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios:


I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de
pensamento, nos termos da Constituição Federal;
II - proteção da privacidade;
III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei;
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IV - preservação e garantia da neutralidade de rede;


(BRASIL,2014).

Em maio de 2011, a atriz Carolina Dieckmann teve seu computador invadido


por um hacker (criminoso virtual), tendo várias de suas fotos intimas espalhadas
pelas redes sociais e toda internet. Acreditando o hacker que não haveria punição
para mesmo.
No dia 29 de novembro de 2011 apresentou-se o projeto de lei dado o seu
nome de LeiCarolina Dieckmann e sua sanção se deu em 2 de dezembro de 2012
pela presidenta Dilma Rousseff. Essa é uma alteração no Código Penal Brasileiro
voltada para crimes virtuais e delitos informáticos. Com o avanço da tecnologia e a
democratização e o acesso facilitado às redes sociais, o sistema judiciário brasileiro
viu a necessidade de tipificar crimes cometidos no ambiente virtual.

A Lei nº 12.737/2012, conhecida popularmente como Lei Carolina


Dieckmann, prevê a tipificação criminal de crimes virtuais e delitos
informáticos, além de acrescentar os artigos 154-A e 154-B ao Código
Penal.
Art. 154-A invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de
computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e
com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou
difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a
prática da conduta definida no caput.
§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta
prejuízo econômico.
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações
eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações
sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do
dispositivo invadido:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta
não constitui crime mais grave.
§ 4º Na hipótese do § 3º, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver
divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos
dados ou informações obtidos.
§ 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado
contra:
I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de
Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal
ou de Câmara Municipal; ou
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal”
“Ação penal
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede
mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a
administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União,
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Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias


de serviços públicos”
Art. 3º Os arts. 266 e 298 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático,
telemático ou de informação de utilidade pública. (BRASIL,2012).

As redes sociais tem sido uma grande fonte de discurso de ódio e violação do
que está previsto na constituição, todos os dias são feitos comentários ofensivos,
espalhadas fakesnews, divulgação de informações falsas e até dados pessoais que
são divulgados sem autorização e conhecimento das vítimas. O facebook,
instagram, e até mesmo o tiktok uma rede social que se popularizou no período de
pandemia, tem sido utilizada para distribuir discurso de ódio afim de ganhar
visualizações ou até mesmo prejudicar terceiros.

Não fosse o suficiente, a Legislação Civil ainda estabelece que aquele que
por ação, omissão ou negligência causar prejuízo a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito e tem, portanto, o dever de repará-
lo. Logo, pensando nesses atos quando praticados por crianças, é sabido
que são responsáveis pela reparação civil, os pais pelos filhos menores de
18 anos (BORELLI, 2021).

Muitos meios de comunicação sendo eles instagram de fofoca, sites de


notícias, programas de televisão e etc.. Vem fazendo o uso de informações falsas
chamadas popularmente de fakenews que se caracterizam como calunia e
difamação para acabar com reputação de pessoas afim de conseguir seja
visibilidade, seguidores, audiência ou simplesmente prejudicar alguém através de
inverdades.

Calúnia
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
comocrime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala
oudivulga.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Difamação
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido
éfuncionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.(BRASIL,1988).
14

De acordo com a CF de 1988 considera-se ilegais as declarações com


características racistas, que fazem apologia a crimes, que façam incitação á
violência e que façam acareação aos crimes de injuria ou difamação. A liberdade de
expressão não se caracteriza como um direito absoluto que o anonimato não é
permitido (nem nos aplicativos que se dizem anônimos) e que ao ofendido é
assegurado o direito de resposta e de pedir justa gratificação por eventual prejuízo
sofrido.

Art. 5º
[...]

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;

[...]

Art.140°. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou decoro.


(BRASIL,1988).

Muitas pessoas não sabem o que fazer quando são ofendidas na internet,
nesses casos deve-se procurar um especialista para ver se de fato ocorreu o crime
de difamação, porque em alguns casos o comentário negativo pode ser apenas uma
manifestação da liberdade de expressão, e então não é abrangido pela lei. Esse
especialista poderá ajudar a reunir provas que demonstram a existência de
difamação e depois, a procurar o judiciário. Em algumas cidades, inclusive, há
delegacias especializadas em crimes virtuais, com tecnologias avançadas para que
os fatos sejam apurados e os culpados punidos. Há casos que pode ser feita a
solicitação da retirada do conteúdo que publicado nos sites ou nas redes sociais,
étambém possível a busca por uma indenização por danos morais na esfera cível, e
um pedido de retratação ao ofensor.

Ademais, sempre que os direitos reconhecidos por nossa Carta


Magna e neste caso, em especial, os também previstos no Estatuto
da Criança e Adolescente, forem ameaçados ou violados, medidas
de proteção devem, prioritariamente, serem adotadas. (BORELLI,
2021).

Em meio ao mundo virtual as difamações ocorrem ainda com mais frequência


nas redes sociais, mas principalmente com aquelas que pessoas estão conectadas
diariamente, como os aplicativos de mensagens e de postagem de fotos e
15

conteúdos momentâneos. Alguns casos podem causar situações delicadas


principalmente quando se acusa alguém de ter cometido um crime grave, e muitas
vezes não ter provas disso, e acaba destruindo a vida de alguém. E, muitas vezes
conseguindo provarão contrário em juízo, a pessoa fica marcada por aquele
episódio. Sempre o mais correto é buscar a justiça, e não usar internet como forma
de vingança.

6. EXISTÊNCIA DE LEI PARA PUNIR QUEM DISSEMINA O ÓDIO NAS REDES


SOCIAIS:

Como já ressaltado neste presente artigo a internet não é terra sem lei, sendo
que tem previsões em lei.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito. (BRASIL,1988).

A internet é um meio de comunicação sem mediador, onde:

“[...] ao mesmo tempo em que abrem exponencialmente as possibilidades


de exercício das liberdades públicas e de participação democrática, acentua
o risco de abuso dessas liberdades sob a forma de difusão de conteúdos
ilícitos, difamação e ofensa ao bom nome e reputação, e outras práticas de
caráter fraudulento” (GONÇALVES, 2012, p. 15).

Um grande problema dos crimes praticados na internet é uma certa ausência


quase total de punibilidade pelo Estado, sendo que, a prática de tais crimes avançou
mais rápido do que as medidas cabíveis ao combate e a identificação dos
praticantes. Os crimes virtuais vêm se tornaram frequentes em nosso país, e,
infelizmente, tem uma certa lentidão do poder legislativo e judiciário em traçar
medidas voltadas ao combate à essas modalidades de crimes, o que vem criando
um clima de “terra sem lei” na internet, pois os criminosos sabem da dificuldade para
a identificação desses crimes, e ainda que identificados, a lentidão do judiciário ao
punir essas certas condutas deixando uma impressão de impunidade.
Os meios de comunicação jornalísticos e as redes sócias se fazem crimes de
discurso de ódio no Brasil, cada vez mais presentes já que, o número de denúncias
tem crescido e chamado atenção da sociedade. Diversas vezes em que o termo
“discurso de ódio” foi citado, não se esclareceu o real significado jurídico para tal.
16

A legislação brasileira se encontra em estado defasado ao que diz respeito a


prática dos crimes de discurso de ódio no convívio social e nas redes sociais. A
legislação brasileira não é especifica quando o assunto de é crime de discurso de
ódio praticados na internet, já que é uma pratica recente no nosso país em nosso
judiciário. Assim, segundo a Lei n° 7116/89 de 5 de janeiro de 1989:

Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de


discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Está em tramitação no Congresso Nacional o projeto de Lei Nº 7582/2014 que


tem como objetivo definir o que são os “crimes de ódio”, e ainda incluir grupos não
inseridos na Lei 7116/89.

Art. 5º Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito, por meio


de discurso de ódio ou pela fabricação, comercialização, veiculação e
distribuição de símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda,
por qualquer meio, inclusive pelos meios de comunicação e pela internet,
em razão de classe e origem social, condição de migrante, refugiado ou
deslocado interno, orientação sexual, identidade e expressão de gênero,
idade, religião, situação de rua e deficiência.
Pena – Prisão de um a seis anos e multa. (BRASIL,2014).

Assim a lei nº 7116/89 de 5 de janeiro de 1989 assegura a punição para os


crimes que resultam discriminação ou preconceito, já na lei nº 7582/2014 vem para
inserir os grupos que não estão previstos na lei anterior sendo assim garantindo os
direitos e deveres de todas as classes sociais.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No que diz respeito à relação entre liberdade de expressão e discurso de


ódio, pode-se perceber que a liberdade de expressão de pensamento, conforme as
técnicas de processamento promovidas pelo Estado Livre, tenderá a ser
universalmente aceito como direito fundamental da hierarquia superior, colocando-o
acima de outros valores constitucionais sem qualquer restrição à sua função. Dessa
forma, o discurso de ódio e a intolerância na Internet devem ser vistos como uma
violação dos direitos humanos, mas também como um risco para a construção de
uma esfera pública virtual pluralista e democrática. Compreender a dinâmica de
17

trabalho das redes sociais digitais e seus filtros é, portanto, essencial para adotar
uma postura crítica e equilibrada diante das controvérsias reproduzidas diariamente
na Internet.
O direito à liberdade de expressão garante a liberdade de expressão sem
medo de retaliação. O discurso de ódio, por outro lado, extrapola esse direito e o
utiliza para expressar ideias que incitam a discriminação, muitas vezes por parte de
grupos pertencentes a minorias sociais, devido a sua raça, cor, etnia, nacionalidade,
gênero ou religião. Todos têm o direito de desenvolver seus próprios pontos de vista,
moldar suas crenças, criar seus pensamentos e ideais e depois ter o direito de
expressá-los, caso contrário, eles desfrutariam de pouca ou nenhuma relevância. A
expressão é parte integrante da evolução das ideias, da pesquisa pessoal e da
autoafirmação, e sua supressão é um insulto à dignidade humana. Considerando
ainda os limites da Liberdade de Expressão para garantir a participação de minorias,
pode-se indagar sobre a visibilidade das restrições ao seu conteúdo, baseadas na
dignidade da proteção, em casos não contemplados por norma material
constitucional. Dessa forma, pode haver irradiação de seu conteúdo, banindo o
discurso de ódio, mas também protegendo-o.
"A liberdade de um termina quando a do outro inicia", essa é uma expressão
popular, e um exemplo da aplicação constitucional. A constituição diz que toda e
qualquer manifestação que feri a dignidade do outro, seja, sua imagem ou
integridade, deixa de ser liberdade de expressão. A final, o indivíduo está infringindo
direitos básicos à vida, sem contar nos possíveis crimes que podem ser gerados,
como racismo, que está caracterizado no Código Penal, ou seja,o discurso de ódio
não está amparado na liberdade de expressão.
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de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; e dá outras providências. Disponível
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