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UNIVERSIDADE POTIGUAR

CURSO DE DIREITO

MARIA EDUARDA FEITOSA

Projeto de Pesquisa
LIBERDADE DE EXPRESSÃO x IMPRENSA: A CULTURA
DO CANCELAMENTO, FAKE NEWS E A NECESSIDADE
DE LACRAÇÃO.

NATAL
2024
MARIA EDUARDA FEITOSA

Projeto de Pesquisa
LIBERDADE DE EXPRESSÃO x IMPRENSA: A CULTURA
DO CANCELAMENTO, FAKE NEWS E A NECESSIDADE
DE LACRAÇÃO.

Projeto de Pesquisa apresentado como requisito para


obtenção de nota na disciplina Projeto Integrador, no
curso de bacharel em Direito, da Universidade Potiguar
- UnP.

NATAL
2024
LIBERDADE DE EXPRESSÃO x IMPRENSA: A CULTURA DO CANCELAMENTO, FAKE
NEWS E A NECESSIDADE DE LACRAÇÃO.

1. Surgimento da Internet
A internet surgiu em meio a necessidades militares de comunicação e em pouco tempo
se transformou em um dos meios de comunicação mais utilizados em quase todo mundo
atualmente. Em meio ao seu desenvolvimento e processo evolutivo, diversas ferramentas
surgiram a fim de melhorar a interface dos sites e a interatividade do mesmo. No mundo dos
negócios, a internet veio transformar o modo de comunicar marcas. Primeiro vieram os
websites, os banners. Hoje, com a web 2.0, sinônimo de interação, as empresas encontram um
infinidade de possibilidades para divulgar seu negócio: sites, banners, links patrocinados, viral,
redes sociais e os blogs.
Atualmente, o crescimento da internet é tamanho que se tornou um dos principais
meios de comunicação existente. Interliga milhões de pessoas todos os dias que trocam
informações, cultura e conhecimento.
A internet foi um dos maiores desenvolvimentos tecnológicos da humanidade e causou
impactos de nível global, pois proporcionou uma nova forma de pensar e fazer comunicação
na sociedade contemporânea. Essa grande criação pode ser considerada o paradigma do mundo
moderno, ou seja, as constantes mudanças no nosso dia-a-dia e na sociedade. Essas mudanças
ocorrem em vários níveis que atingem não só a comunicação: tais mudanças são capazes de
mudar uma sociedade, promovendo a disseminação das informações sejam reais ou chamadas
“Fake News”, nos quais poderia salientar a Cultura do Cancelamento e a necessidade de lacração
com impactos absurdos, sem limites de fronteiras.

1.1 Direito e a Imprensa


O papel da imprensa é fundamental para a manutenção do Estado democrático de
direito. Alguns autores a encaram como um quarto poder, devido ao fato de quando veiculam
informações elas estão desempenhando uma função essencial para exercer uma capacidade
crítica sobre os outros poderes, sendo eles o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Mesmo
não a olhando como um quarto poder constituído é certo que a imprensa é um poder de
controle externo sobre os demais poderes.
Conforme Caldas (1997, p.66-67):

Acrescenta-se que a liberdade de imprensa exige o princípio da verdade, haja vista


que, se por um lado lhe é reconhecido o direito de informar a sociedade sobre fatos e
idéias, por outro sob este direito incide o dever de informar objetivamente, ou seja,
sem alterar-lhes a verdade ou modificar o sentido original, posto que assim agindo não
temos informação, mas sim uma deformação.

No mesmo sentido sobre o direito de informação dispõe o Código de Ética dos


Jornalistas em vigor em 1987, ressaltando que é um dever dos meios de comunicação veicular
a informação de maneira correta e precisa. O referido Código de Ética ao tratar sobre os direitos
dos profissionais de imprensa dispõe que é um dever do jornalista divulgar todos os fatos que
sejam de interesse público e que se respeite o direito à privacidade do cidadão.
Com relação à liberdade de imprensa, a Constituição Federal (BRASIL, 1988) em seu
artigo 5º, inciso IX dispõe: “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e
de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

O art. 220, § 1º da nossa Lei Maior acrescenta: “Nenhuma lei conterá dispositivo que
possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer
veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV”.

Os respectivos incisos dispostos no art. 5º da Constituição declaram que:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por


dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

XIV - e assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,


quando necessário ao exercício profissional;

De acordo com o ilustre autor Carvalho (1994, p.31):


“tais normas possuem eficácia plena, não admitindo qualquer contenção através da lei
ordinária, a não ser que seja para confirmar as próprias restrições mencionadas nos
incisos referidos do art. 5º.”
Para que a imprensa possa cumprir o seu papel na sociedade é imprescindível que ela
seja livre de interdições e censuras, mas ela não pode ser ilimitada e ausente de
responsabilidade, haja vista que ser livre significa ser responsável, uma vez que ao assumir a
liberdade o indivíduo assume a responsabilidade originada dela.
Nos dias atuais, parte da imprensa transmite notícias superficiais, sensacionalistas,
sem serem anteriormente constatada a sua veracidade, ocasionando a destruição dos mais autos
valores e sentimentos dos seres humanos, propagando ao que chamamos de Cultura do
Cancelamento atingindo de maneira direta a dignidade humana do indivíduo envolvido na
notícia.
De acordo com Vieira (2003, p.44) isto ocorre, dentre outros motivos, pelo próprio
mercado da mídia, posto que: “está é dominada por grandes conglomerados empresariais que
visam à obtenção de lucro a qualquer custo, ainda que este seja a dignidade do ser humano”.
A notícia dever retratar os fatos de forma exata e verdadeira, levando em consideração
as suas limitações, tendo em vista que a própria verdade em si pode não ser absoluta, pois
muitas vezes é impossível alcançar as verdades dos fatos.
Diante do caso concreto é necessário averiguarmos se a notícia foi parcial, errônea,
intencional ou não, pois uma notícia ao ser veiculada pode ocasionar danos irreparáveis a
dignidade da pessoa humana e aos bens personalíssimos. Notícias transmitidas acerca de
matérias sobre pessoas investigadas e processadas criminalmente devem ser analisadas com o
máximo de cautela, pois tais pessoas podem estar sendo submetidas a um julgamento
processual antecipado pela mídia.
A revogada Lei de imprensa (Lei nº 2.083, de 12 de novembro de 1953) restringia o
conceito de imprensa aos jornais e periódicos, ficando os demais impressos para a esfera do
direito comum. A atual Lei de Imprensa (Lei nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967) inovou o
conceito tradicional de imprensa e nele incluiu os serviços de radiodifusão e as agências de
notícias. Atualmente, portanto, pode-se afirmar que a palavra imprensa não tem apenas o
significado restrito de meio de difusão de informação impressa, devesse levar em conta sua
asserção ampla de significar todos os meios de divulgação de informação ao público,
principalmente quando através dos modernos e poderosos veículos de difusão como o rádio e a
televisão, cujo alcance sobre a grande massa é ilimitado.
A liberdade de imprensa é para veículos de comunicação o equivalente ao que a
liberdade de expressão significa a uma artista. Não há como exercer os fundamentos do
jornalismo e da comunicação em geral sem ampla e irrestrita liberdade em fazê-lo.
O jornalismo deve atender à sociedade civil ao noticiar, informar, denunciar, escrever, detalhar
tudo aquilo que é ou pode vir a ser de interesse público.
A liberdade de imprensa é importante para toda a sociedade, porque veículos de
comunicação devem ser capazes de denunciar e dar informações sobre escândalos de empresas
estatais em seus jornais, sem que o governo os censure; da mesma forma, falar sobre lobby e
irregularidades promovidas por empresas privadas. Assim como devem ter soberania
investigativa e trazer à tona questões invisíveis, outras perspetivas e ser o mais honestos
possível nas suas publicações.
Portanto, tem também o dever profissional de ouvir o máximo de versões possíveis
dos fatos, entrevistar o máximo de fontes necessárias – não apenas as “oficiais”, como o
governo – e reportar seu lado com a honestidade inerente à atividade jornalística. Porém, só
consegue fazê- lo se for livre. A liberdade de expressão é um direito previsto na Carta Magna
de 1988 e que foi obtido depois de muito esforço, entretanto nesse ambiente virtual muitos
extrapolam e é possível perceber esse comportamento através das redes sociais com práticas
abusivas de racismo, ataques contra a honra, calúnia e difamação – condutas criminosas nos
termos do citado Código Penal. É preciso saber que esse direito, que é uma garantia
constitucional, não possui natureza absoluta e pode ser desconsiderado quando ultrapassar
limites morais e jurídicos. Assim, é necessário conhecer até que ponto é liberdade de
expressão e não um crime digital.

2. CÓDIGO PENAL
2.1 Fake News e a liberdade de expressão
O Dicionário Online de Português assim define o estrangeirismo “fake news”:
“notícias falsas; quaisquer notícias e informações falsas ou mentirosas que são
compartilhadas como se fossem reais e verdadeiras, divulgadas em contextos virtuais,
especialmente em redes sociais ou em aplicativos para compartilhamento de mensagens”. O
Wikipédia diz que “fake news” são “uma forma de imprensa marrom que consiste na
distribuição deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio, ou
ainda online, como nas mídias sociais”. Em suma, na sua tradução livre, “fake news”
significa “notícia falsa”, uma “mentira”.

Daí vem a indagação, “fake news” é crime no Brasil?

O Art. 5º, Inciso XXXIX, da Constituição Federal de 1988 proclama: “não há


crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. É o chamado
Princípio da Legalidade em Matéria Penal (Nullo crimen, nullo poena sine lege praevia).
Sem lei penal, sem fato anterior à edição da norma incriminadora, não temos
crime. Poderemos estar diante de uma imoralidade, de um ilícito civil ou de um pecado
grave, mas sem lei anterior que o defina e comine pena não temos crime.

No entanto, se uma pessoa nota que sua reputação está sendo atacada pode
recorrer a justiça para obtenção dos seus direitos. O primeiro passo, é solicitar uma
autorização judicial para exigir a retirada do conteúdo da Internet. Se o provedor que
divulgou o conteúdo não acatar a decisão e não retirar o conteúdo do ar dentro do prazo
determinado, o mesmo pode ser responsabilizado pelos prejuízos causados à vítima.

Observando nossa legislação penal doméstica – o Código Penal e sua legislação


extravagante – , verificamos que, definitivamente, “Fake News” não se constitui em crime
no Brasil. Tanto pela ausência de previsão de seu tipo normativo, assim como pela ausência
de qualquer cominação de pena.

Alguns projetos tramitam no Congresso Nacional a respeito do tema, visando à


criminalização das “Fake News”. Vejamos:

“Divulgação de notícia falsa

Art. 287-A - Divulgar notícia que sabe ser falsa e que possa distorcer, alterar ou
corromper a verdade sobre informações relacionadas à saúde, à segurança pública, à
economia nacional, ao processo eleitoral ou que afetem interesse público relevante

Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui crime
mais grave.

§ 1º Se o agente pratica a conduta prevista no caput valendo-se da internet ou de


outro meio que facilite a divulgação da notícia falsa:

Pena – reclusão, de um a três anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.

§ 2º A pena aumenta-se de um a dois terços, se o agente divulga a notícia falsa


visando a obtenção de vantagem para si ou para outrem”.

Como se vê, trata-se apenas de projeto de lei, ainda sem qualquer repercussão no
Direito Penal, que, inclusive, poderá vir a ser rejeitado ou arquivado.

A liberdade de expressão é fruto da luta histórica pelo direito a dignidade que


começou pela Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, de 1948, a qual visa
garantir a premissa dos direitos de dignidade da pessoa humana e liberdade.

A liberdade de expressão e comunicação no entendimento de José Afonso da


Silva (2000, p. 247), consiste
[...] num conjunto de direitos, formas, processos e veículos, que possibilitam a
coordenação desembaraçada da criação, expressão e difusão do pensamento e da
informação. É o que se extrai dos incisos IV, V, IX, XII, e XIV do art. 5.º
combinados com os arts. 220 a 224 da Constituição. Compreende ela as forma de
criação, expressão e manifestação do pensamento e de informação, e a organização
dos meios de comunicação, está sujeita a regime jurídico especial.

Elenca a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 19º, o seguinte:

Art. 19. Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que
implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e
difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de
expressão.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU foi um marco


fundamental para que países tomassem um norte a ser seguido no que tange aos direitos a
liberdade de expressão. No Brasil, esta garantia encontra base legal na Carta Magna de 1988,
em seu art. 5º, inciso IV, que versa, “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato”.

A respeito da liberdade de expressão, apontam Luiz Alberto e Vidal Serrano


(2002, p. 47):
[...] enquanto opinião diz respeito a um juízo conceitual, uma afirmação do
pensamento, a expressão consiste na sublimação da forma das sensações humanas,
ou seja, na situação em que o indivíduo manifesta seu sentimento ou sua
criatividade, independente da formulação de convicções, juízos de valor e conceitos.

Apesar de haver a garantia da liberdade de expressão; é necessário observar


que há limites ao que se fala, não tendo o indivíduo liberdade total de fala, ou seja, o direito à
liberdade de expressão termina onde adentra o direito de outrem, podendo assim, gerar
punições cíveis ou penais para o que se fala.

2.2 Crimes cibernéticos

Crimes cibernéticos ou cibercrimes são práticas ilícitas que acontecem no


ambiente virtual e podem envolver desde invasões de sistema, roubo de dados pessoais,
falsidade ideológica, até práticas de injúria cometidas na internet.

Assim, para que eles sejam realizados, os infratores usam computadores com o
objetivo de atingir redes públicas, privadas ou domésticas.

De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, os crimes


cibernéticos podem ser divididos em três categorias principais:
- Cibercrimes puros: são aqueles em que o computador é o alvo dos infratores. Ou seja, quando o
sistema (pessoal ou corporativo) sofre um ataque.

- Cibercrimes mistos: acontecem quando o sistema de computador é usado como “arma”


para a prática dessas ações.

- Cibercrimes comuns: são aqueles em que o computador é usado como um acessório,


apenas para guardar informações ilegais e roubadas.

Em 2012, duas leis que tipificam crimes cibernéticos entraram em vigor, modificando o
Código Penal e instituindo as penas para pessoas julgadas culpadas por tais infrações. As leis abrangem
atividades como criação e distribuição de vírus de computador, disseminação de software para
interceptação de dados, invasão de redes e computadores e uso de dados de cartões de crédito sem
autorização do titular.

A "Lei dos Crimes Cibernéticos" também classifica atos como invasão de


computadores, violação da integridade de dados pessoais de terceiros e o ato de derrubar sites
do ar como crimes. As penas variam de acordo com a gravidade da ação, compreendendo de
três meses a um ano e multa para crimes mais leves e seis meses a dois anos de reclusão —
inclusive com multa — nos casos mais graves.

Ainda existem fatores agravantes perante a lei: quem obtiver dados pessoais de
uma pessoa e tirar proveito dessa informação — como venda ou divulgação gratuita de de
dados íntimos — pode ter a pena aumentada em um a dois terços do total.

A lei 12.735/2012, aprovada em 2021, tipifica infrações envolvendo o uso de


sistemas eletrônicos para o comprometimento e interceptação de dados em redes. Essa lei
também é responsável por instituir a formação das delegacias especializadas em crimes
cibernéticos.

Outro amparo legal relacionado a crimes cibernéticos é o "Marco Civil da


Internet", que vigora desde 2014. Esse recurso tem a função de proteger os dados e a
privacidade dos usuários na Internet, garantindo salvaguardas à proteção dos dados de cada
cidadão perante a lei, além de oferecer formas para que vítimas que tenham sua privacidade
exposta na web possam exigir a remoção do conteúdo.
2.3 NECESSIDADE DE LACRAÇÃO

Dentre todos os aspectos citados anteriormente, pode-se dizer que a necessidade


de lacração é um dos mais epidémicos. Abrangendo o mundo cibérnetico, seja Twitter,
Instagram, Facebook e Blogs, lá estarão eles, os lacradores, sempre com opiniões polêmicas e
seus milhares de likes, sem importar se está ferindo a dignidade alheia.
No que diz respeito à linguagem, aparece como um recurso retórico, em um
discurso combativo e que passamos a conhecer, principalmente no cenário da cibercultura
contemporânea, pelo termo “lacração”. A linguagem, como sabemos, é formadora e formado
pela cultura. No contexto midiático em massa e no digital, a linguagem se entrelaça com os
meios de sua produção e, portanto, o mesmo acontece com a cultura. A cultura e a
subjetividade, por sua vez, têm essa relação também de formante e formada.
De acordo com Suely Rolnik (1997, p.4):
“Não há subjetividade sem uma cartografia
cultural que lhe sirva de guia; e, reciprocamente,
não há cultura sem um certo modo de subjetivação
que funcione segundo seu perfil. A rigor, é
impossível dissociar estas paisagens”.
A lacração, nas discussões nas redes sociais digitais, além de performar uma
ação no fluxo interativo da Internet, também revela o quanto essa performance está atrelada a
uma prática de consumo, em busca de aplausos, reproduções e reconhecimento (likes, retuítes,
relevância, engajamento).

3. PROBLEMÁTICA

Por que a liberdade da imprensa é tão importante? Quais as consequências de Fake News? Você
acredita em tudo que lê e ouve? Até que ponto os lacradores são capazes para serem exaltados
apenas por um like? Como seu direito a privacidade está sendo resguardado e quais as
consequências de sua violação?

“Nenhuma democracia sobrevive sem uma imprensa livre e nenhuma


ditadura sobrevive com uma imprensa livre.” – Jorge Pedro Sousa.
4. JUSTIFICATIVA

A escolha do tema em tela baseou-se, inicialmente, nas disputas diárias nas redes
sociais, a liberdade de imprensa é base para todo Estado Democrático. Através dela, o povo
exerce seu direito de ser informado e participar da cidadania com consciência sobre a
realidade pública. Por outro lado, por mais fundamental que seja, a liberdade de informação
deve respeitar seus limites internos e externos, em especial o respeito aos direitos de igual
hierarquia normativa.

Neste texto iremos abordar qual o conteúdo da liberdade de imprensa, quão ampla é
esta liberdade e quais as razões para sua proteção na Constituição Federal. Na sequência,
enfrentaremos as restrições pré-estabelecidas sobre seu regime jurídico, verificando como a
jurisprudência tem interpretado tais limites.

Um exemplo forte é a disseminação de notícias falsas na internet, as famosas Fake


News, que vêm em evidência desde 2017, provocando impactos significativos, principalmente
no âmbito da política, que tem como propósito compartilhar de modo rápido e fácil conteúdos
não verídicos atingindo grande número de leitores prejudicandoa formação de opinião de
grande parte das pessoas que recebem esse tipo de conteúdo e não sabem distinguir se é
verdadeiro ou falso, coloca em perigo a liberdade de informação e qual a importância da
comunicação jornalística em barrar notícias fraudulentas. no aumento dos crimes ocorridos no
meio digital nos dias atuais, especialmente com a propagação de vários ambientes digitais,
como as várias redes sociais e os milhares de aplicativos, como também através de
mensagensde texto pelos telefones celulares
Outro ponto é a antiguidade do Código Penal Brasileiro, que tem o intuito de proteger
a coletividade, mas não contém a previsão de vários dos crimes virtuais, pois na época em que
foi elaborado, em 1940 só passando a vigorar em 1942, tais condutas não existiam. Foram
feitas algumas tentativas de mudanças na legislação penal, mas sem êxito havendo apenas
promulgação de leis sem alteração no Código Penal. Apesar disto o Direito Penal tem
evoluído tentando acompanhar a modernidade.

Por fim, esclarecer a diferença entre liberdade de expressão e determinados crimes


praticados na internet através das variadas plataformas. A liberdade de expressão está prevista
na Constituição Federal de 1988, porém é preciso conhecimento para discernir o limite de
liberdade para escrever ou falar o que bem entender e não um possível crime virtual.

5. OBJETIVO
6.1 Geral:

Analisar se a evolução do Direito Penal relacionada aos crimes na internet


englobando demaneira justa todos os crimes cometidos através da liberdade de expressão e a
liberdade de imprensa do meio digital de acordo com os danos sofridos.
6.2 Específicos:

Diferenciar liberdade x Denegrir;

O que a impressa pode afetar na vida offline;

Pesquisar os efeitos ocasionados pelos crimes na internet;


Compreender porque se tem a falsa sensação de liberdade;
Identificar os limites da liberdade de expressão;
Esclarecer a diferença entre liberdade de expressão e crime virtual;
Apontar e analisar as leis que compreendem os crimes na internet.

6. METODOLOGIA

Será empregado o método de pesquisa bibliográfica para o desenvolvimento do


presente estudo que tem como objetivo a investigação em material teórico sobre o assunto de
interesse.
Este estudo se desenvolverá a partir de revisão de literatura constituída por meio de
leitura e detalhamento de obras doutrinárias, artigos científicos, periódicos, revistas eletrônicas,
artigos e por observação de leis e jurisprudências sobre o tema aqui retratado.

7. REFERENCIAL TEÓRICO

Os inúmeros direitos e garantias inseridos no bojo constitucional, expressaram não


somente uma simples vontade política de um determinado grupo social, mas o desejo de um
povo, cuja precedência histórica remetia a ditadura em todas as suas acepções, quais sejam de
imprensa, de comunicação, artística, além de inúmeros atos que buscavam suprimir o direito a
liberdade humana, em todas as suas formas.

No Brasil, também são chamados de direitos constitucionais já que foram inseridos na


Constituição Federal de 1988, tornando o centro de proteção à dignidade da pessoa humana.
Dentre tais direitos, a liberdade de expressão é de extrema relevância em uma sociedade
democrática. De igual modo, se faz necessário verificar dentro do ordenamento jurídico vigente
em nosso Estado, limites legais que tenham como escopo limitar e sancionar os excessos
decorrentes de tal direito, uma vez que embora seja prerrogativa constitucional irrenunciável, seu
gozo carece de bom senso e, acima de tudo, observância a outros direitos individuais e coletivos.
É oportuno ressaltar que tais limites e sanções, não podem, sob qualquer argumentação ou
justificativa, transformarem-se em objeto de cerceamento de direitos ou forma deliberada de
censura ao cidadão, órgãos de imprensa, veículos de comunicação televisiva, escrita, dentre
outros.

É ponderável ressaltar que nenhuma liberdade é absoluta, e apresenta limites inerentes


ao próprio conceito de liberdade. Assim, uma ação qualquer só será legitimada pela liberdade de
expressão se coexistir com outras liberdades, de forma pacífica, não ferindo direitos de nenhum
indivíduo, ou seja, não extrapolando os limites que possam prejudicar ou denegrir a imagem ou
reputação alheia.

Entre as normas positivadas que detém eficácia e vigor para conter os excessos
decorrentes da liberdade de expressão, elencamos os crimes inseridos no Capitulo V, intitulados
“Dos crimes contra a honra”, do Decreto-Lei 2.848/1.940, o Código Penal Brasileiro, cuja
missão precípua consiste em tutelar os bens jurídicos de maior relevância para uma sociedade,
como a vida, a honra, a liberdade, descrevendo as condutas definidas como crime e cominando
sanções para todo aquele que a transgride ou não a observa, tais como as privativas de liberdade,
restritivas de direitos e as penas pecuniárias. O pensamento jurídico moderno, conforme posição
majoritária da doutrina reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal radica na
proteção de bens jurídicos essenciais ao individuo e a coletividade.

Os discursos advindos da Injúria, Calúnia e Difamação, embora a liberdade de


expressão seja plena e constitucional, devem ser suprimidos ou silenciados. O Estado, ao punir
os excessos dessa natureza, não está atentando na esfera particular de maneira arbitrária, ou
descumprindo um mandamento constitucional, mas, porém, está garantido o direito a honra, a
intimidade e a vida privada.

Na verdade, os crimes contra a honra, instituídos pelo Código Penal Brasileiro, são
instrumentos normativos e positivados para salvaguarda de direitos e garantias fundamentais,

como a própria honra e outras a ela vinculadas.

O Código Penal Brasileiro, pelo Princípio da Intervenção Mínima, busca tutelar somente
os bens mais relevantes, ou de acordo com as precisas lições de Greco (2008) “os bens mais
importantes e necessários à vida em sociedade”. Assim, a honra imerge nesses “bens valiosos”,
motivo pelo qual deve, sim, ser amplamente tutelado.
8. CRONOGRAMA

FASE DA PESQUISA ANO 2024.1 ANO 2024.2


(ETAPA)

MAR AB MAI JUN AG SET OU NO DEZ


R O T V
Delimitação do tema e
identificação dos objetivos
Elaboração do Projeto de
Pesquisa
Pesquisa bibliográfica e
estruturação do conteúdo a
ser estudado
Leitura aplicada
(Fichamentos)
Redação provisória
Revisão e correção do
texto
Redação final
Apresentação do TCC

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................
1. LIBERDADE DE EXPRESSÃO X IMPRENSA: A CULTURA DO CANCELAMENTO,
FAKE NEWS E A NECESSIDADE DE LACRAÇÃO.
1.1 O Surgimento da Internet ........................................................................................................
1.2 Direito e a Imprensa.................................................................................................................
2. CÓDIGO PENAL
2.1 Fake News e liberdade de expressão.......................................................................................
2.2 Crimes Virtuais........................................................................................................................
2.3 Necessidade da lacração ........................................................................................................
3. PROBLEMÁTICA.................................................................................................................
4. JUSTIFICATIVA...............................................................................................................................
5. OBJETIVOS.............................................................................................................................
6. METODOLOGIA .....................................................................................................................
7. REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................................
8. CRONOGRAMA ......................................................................................................................
CONCLUSÃO............................................................................................................................
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:


Senado Federal, 2017.

BRASIL. Decreto-Lei no 2.848, de 7 de Dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 09 out.
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https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-
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http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_publicacao_
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https://www.politize.com.br/liberdade-de-expressao-liberdade-de-imprensa/ . Acesso em: 01
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https://www2.camara.leg.br/a-camara/presidencia/galeria-presidentes/michel-temer-2009-
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JUSBRASIL. https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91972/constituicao-da-
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FIORILO, Bruno. https://brunovfadv.jusbrasil.com.br/artigos/185532154/os-limites-da-


liberdade-de-imprensa-no-estado-democratico-de-direito. Acesso em: 01 out. 2021.

PEDUZZI, Cristina. Justiça do Trabalho, “Tratar sobre liberdade de imprensa é fundamental


para compreendermos o conceito de democracia”, diz
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https://www.tst.jus.br/web/guest/-/-tratar-sobre-liberdade-de-imprensa-%C3%A9-fundamental-
para-compreendermos-o-conceito-de-democracia-diz-presidente-do-tst%C2%A0 . Acesso em:
01 out. 2021.

SHARE AMERCICA. Por que a liberdade de imprensa é importante


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Acesso em: 01 out. 2021.

JUS BR, Limites constitucionais ao exercício da liberdade de imprensa, 2012.


https://jus.com.br/artigos/23177/limites-constitucionais-ao-exercicio-da-liberdade-de-
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FIA, FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADM, Liberdade de expressão: lei, evolução,


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