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1º EXERCÍCIO - Gabarito

Durante investigação para apurar a prática de roubos a agências


bancárias ocorridos em Volta Redonda/RJ, agentes da polícia civil,
embora desconfiados que Carlos esteja envolvido nos crimes, não
conseguiram reunir provas suficientes para apontá-lo como um dos
assaltantes de banco. Diante disso, o Delegado de Polícia orientou
um dos policiais a passar a estabelecer com o investigado relação de
confiança.

Ao manter reiterados contatos com Carlos, o agente policial


disfarçado convence o investigado a com ele praticar um roubo em
determinada agência bancária. Diante disso, no dia 15 de outubro de
2012, previamente engendrados, o policial disfarçado e o investigado
dirigem-se ao banco e, no instante em que ingressaram na agência
bancária e anunciaram o assalto, diversos policiais, que
monitoravam toda a ação, prenderam Carlos em flagrante, sob a
acusação da prática do crime de roubo majorado tentado.

Durante a elaboração do auto de prisão em flagrante, a autoridade


policial dispensou a presença de advogado. Ao final, o Delegado de
Polícia lavrou o auto de prisão em flagrante, entregando ao acusado
a respectiva nota de culpa três dias depois da prisão. Você é
procurado pela família do preso, sendo-lhe informado que somente
após a remessa do auto de prisão em flagrante à autoridade judiciária
que tomaram conhecimento da prisão de Carlos.

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem
ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de
Carlos, redija a peça cabível (diferente de Habeas Corpus), exclusiva
de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE VOLTA REDONDA/RJ

(6 a 10 linhas)

Autos n. ...

CARLOS, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG n. ..., CPF...,


residente e domiciliado..., por seu procurador infra-assinado, com
procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência requerer o

RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE,


Com base no art. 310, inciso I, Código de Processo Penal e art. 5º,
LXV, da Constituição da República/88, pelos fatos e fundamentos
jurídicos a seguir expostos

I – DOS FATOS
O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado, em
tese, o delito de roubo majorado tentado. O auto de prisão em
flagrante foi lavrado e encaminhado à autoridade judiciária.
Todavia, a prisão deve ser relaxada, porque absolutamente ilegal.

II – DO DIREITO

A) DO FLAGRANTE PREPARADO OU PROVOCADO


O requerente foi preso acusado de ter praticado, em tese, o crime de
roubo majorado tentado. Todavia, trata-se de prisão ilegal, já que um
policial disfarçado convenceu o requerente a ingressar na agência
bancária e anunciar o assalto, momento em que foi preso em
flagrante.

Trata-se de hipótese de flagrante preparado, nos termos da Súmula


145 do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual não configura
crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível
a sua consumação.

Logo, em se tratando de flagrante preparado e crime impossível,


previsto no art. 17 do Código Penal, verifica-se que a prisão é ilegal,
devendo ser relaxada.

B) DA DISPENSA DO ADVOGADO
A autoridade policial dispensou a presença de advogado na lavratura
do auto de prisão em flagrante. Todavia, nos termos do art. 306, §
1º, do Código de Processo Penal, e art. 5º, LXIII, da Constituição da
República/88, o preso tem direito à presença de advogado. Logo,
deveria a autoridade policial providenciar a presença de advogado ou
encaminhar a cópia dos autos à Defensoria Pública.
Portanto, trata-se de prisão ilegal.

C) DA COMUNICAÇÃO À FAMÍLIA
A família do preso foi comunicada somente após a remessa do auto
de prisão em flagrante à autoridade policial. Todavia, nos termos do
art. 306 do Código de Processo Penal e art. 5º, LXII, da Constituição
da República/88, a prisão deveria ter sido comunicada
imediatamente à família do preso.
Logo, a prisão é ilegal.

D) DA NOTA DE CULPA
A nota de culpa foi expedida e encaminhada à autoridade judiciária
36 horas após a prisão. Todavia, nos termos do art. 306, §§ 1º e 2º,
do Código de Processo Penal, a nota de culpa deveria ter sido
entregue ao preso e o auto de prisão em flagrante encaminhado à
autoridade judiciária no prazo de 24 horas.
Logo, a prisão é ilegal.

Convém referir que vigora a favor do requerente o princípio da


presunção da inocência, previsto no art. 5º, inciso LVII, da
Constituição da República/88. Como se vê, restou suficientemente
demonstrada a ilegalidade da prisão do requerente, já que não
observadas as formalidades previstas na legislação, devendo, por isso,
ser relaxada a prisão em flagrante.

III – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM
FLAGRANTE, a fim de que possa responder a eventual processo em
liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, por ser
medida de inteira justiça.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...

Advogado. OAB n. ...

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