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Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso

PJe - Processo Judicial Eletrônico

12/10/2021

Número: 1014963-52.2021.8.11.0042

Classe: AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


Órgão julgador: NÚCLEO DE AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA DE CUIABÁ
Última distribuição : 12/10/2021
Assuntos: Desacato, Resistência
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO

Partes Procurador/Terceiro vinculado

POLICIA JUDICIARIA CIVIL DO ESTADO DE MATO


GROSSO (AUTORIDADE)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO


(AUTORIDADE)

NILDES DE SOUZA (RÉU PRESO)

BENEDITO ANASTACIO DE OLIVEIRA (TERCEIRO


INTERESSADO)

MARCOS SILVA DE MATOS (TERCEIRO INTERESSADO)

ESTADO (VÍTIMA)

EDSON VOBETO (VÍTIMA)


Documentos

Id. Data da Documento Tipo


Assinatura
67642 12/10/2021 17:00 Decisão Decisão
952

ESTADO DE MATO GROSSO


PODER JUDICIÁRIO
NÚCLEO DE AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA DE CUIABÁ
TERMO DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

POR VÍDEOCONFERÊNCIA

Auto de Prisão em Flagrante nº 1014963-52.2021.8.11.0042

Flagrado: NILDES DE SOUZA

Presentes: Dra. Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, Juíza de Direito; Dr. Vinicius
Gahyva Martins, Promotor de Justiça; Dr. Caio Cézar Buin Zumioti, Defensor Público, e o flagrado
NILDES DE SOUZA.

Aos 12 de outubro de 2021, na sala virtual do sistema Microsoft Teams, foi aberta a
presente audiência, sob a presidência da MM. Juíza de Direito Dra. Ana Graziela Vaz de Campos
Alves Corrêa.

Nos termos da Resolução nº. 9/2015/TP do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de


Mato Grosso e Resolução 213 do CNJ, com fundamento no artigo 5º, inciso XXXV da CF (Princípio
da Inafastabilidade da Jurisdição) e Art. 7º, item 5, da Convenção Americana de Direitos Humanos
(Pacto de San José da Costa Rica), promulgada por meio do Decreto Presidencial nº. 678, de 06 de
novembro de 1992, bem como, considerando a autorização e regulamentação do ato por
videoconferência, por meio da Resolução nº 357 de 26 de novembro de 2020 do CNJ, Provimento
n. 01/2017-CM do TJMT e Ofício Circular n.º 04/2020/GAB da 11ª Vara Especializada de Justiça
Militar e Custódia da Comarca da Capital, a MM. Juíza de Direito declarou aberta a presente
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA, com a apresentação do autuado que teve a prévia oportunidade de
entrevista reservada com seu Defensor constituído, passando a qualificá-lo:

NOME: NILDES DE SOUZA

HÁ RELATOS DE TORTURA: SIM-AMEAÇA DE MORTE

HÁ NÚMERO DO REGISTRO JUDICIÁRIO INDIVIDUAL (RJI) DO BANCO NACIONAL DE


MONITORAMENTO DE PRISÕES (BNMP)? NÃO

DATA DO FATO: 12/10/2021

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LOCAL DO FATO: BAR CERVEJA DE GARRAFA – PRAÇA POPULAR, EM CUIABÁ/MT.

AUTUADA PELO CRIME: ART. 329 e 331, DO CÓDIGO PENAL.

Cumpridas as formalidades legais e apregoadas as partes, a MM. Juíza de Direito


passou a proferir perguntas relacionadas às circunstâncias da prisão (fumus comissi delicti e
periculum libertatis), vinculadas à análise das providências cautelares, conforme termos gravados
em mídia audiovisual anexada ao processo.

Em seguida a MM. Juíza de Direito concedeu a palavra ao Ministério Público para


manifestar quanto à regularidade da prisão, bem como acerca das hipóteses previstas no artigo 310
e/ou art. 319, ambos do Código de Processo Penal, tendo o digno Representante pugnado pela
homologação da prisão em flagrante, bem como, pela conversão em prisão preventiva, em razão
do somatório das penas dos delitos atribuídos à custodiada ultrapassarem a pena mínima de 04
anos e da reiteração delituosa, demonstrando ela em audiência não se importar com a custódia
cautelar, desrespeitando constantemente o estado e caso não seja esse o entendimento que a
concessão da liberdade provisória somente ocorra após o prévio recolhimento de fiança, conforme
termos gravados em mídia audiovisual.

Concedeu-se a palavra à Defesa que requereu a homologação do flagrante e a


concessão da liberdade provisória à custodiada em razão dos crimes a ela atribuídos serem punidos
com pena de detenção e, em que pese os antecedentes criminais, ela possui endereço fixo,
trabalho, é mãe de 02 filhos menores de 12 anos e caso não seja esse o entendimento que seja
arbitrada fiança em valor inferior ao arbitrado em Delegacia e que, caso seja mantido que seja
deferido o parcelamento do valor, conforme termos gravados em mídia audiovisual.

Em seguida, a MM. Juíza de Direito passou a proferir a decisão abaixo transcrita:

“VISTOS EM PLANTÃO

Trata-se de Auto de Prisão em Flagrante de NILDES DE SOUZA, autuada pela


suposta prática dos crimes de desacato e resistência, tipificados nos arts. 331 e 329 do Código
Penal, conforme circunstâncias narradas no Boletim de Ocorrência nº 2021.265353, termo de
depoimento dos policiais que efetuaram a prisão e termo de qualificação, vida pregressa e
interrogatório do custodiado, constantes dos autos.

Extrai-se dos autos, conforme Boletim de Ocorrência n.º 2021.265353, que a guarnição
policial estava realizando policiamento em ponto base na Praça Popular quando a custodiada, que
estava no Bar Cerveja de Garrafa, jugou uma garrafa de cerveja contra a VTR, então a guarnição
se aproximou para conversar com ela, momento em que, ela começou a proferir palavras de baixo
calão contra a guarnição, tipo: "seus policiais de merda, meu pai é policial federal e vocês vão ver",
em seguida, a mesma segurava um copo de cerveja na mão, veio a jogar contra a face do cabo PM
Matos, sendo assim, foi dado voz de prisão a custodiada, que no momento de sua detenção, resistiu,

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desferindo um pontapé contra o policial, derrubando-o ao solo e, com auxilio da vitima Edson
(segurança do mencionado bar), com muito custo e utilizando de técnicas, foi possível imobilizar a
suspeita e fazer sua detenção. Acrescentam ainda que a vítima Edson, apresenta uma lesão no
braço direito, ocasionado pela custodiada, no momento de sua detenção.

Com a efetiva captura da representada, nesta data, a mesma fora apresentada a este
Juízo, nos termos do art. 9º, parágrafo único, do Provimento nº 01/2017 – CM do Tribunal de Justiça
de Mato Grosso e Resolução nº 357 de 26 de novembro de 2020 do CNJ.

Assim, em conformidade com o Provimento n. 14/2015, do Presidente do Conselho da


Magistratura do E. Tribunal de Justiça de Mato Grosso, a autuada foi entrevistada, nos termos do
art. 7º, do Provimento nº 01/2017 – CM, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, advindo as
manifestações do Ministério Público e da Defesa.

Em cognição sumária, da análise dos elementos informativos existentes nos autos,


verifica-se que há prova da materialidade e indícios suficientes de autoria da suposta prática dos
crimes de desacato e resistência, conforme depoimentos dos policiais militares que foram vítimas e
efetuaram a prisão, corroborados por imagens do ocorrido divulgadas em diversos meios de
comunicação e mídias sociais e declarações prestadas pela própria custodiada na presente
audiência de custódia na qual admite “ter jogado um copo de água no rosto” do policial, razão pela
qual houve a situação de flagrância, sendo legal e legítima a prisão do autuado, inexistindo qualquer
motivo que justifique o seu relaxamento, razão pela qual, MOTIVO PELO QUAL HOMOLOGO O
FLAGRANTE.

Passo à análise, pois, da necessidade da manutenção da prisão da custodiada.

A Lei 12.403/11, que alterou dispositivos do Código de Processo Penal, estipulou que as medidas
cautelares penais serão aplicadas com a observância da necessidade de aplicação da lei penal,
necessidade para a investigação ou instrução penal e para evitar a prática de infrações, devendo
a medida em questão, ainda, ser adequada à gravidade do crime, às circunstâncias do fato e às
condições pessoais do averiguado. Além do mais, a prisão preventiva será determinada quando
as outras cautelares se mostrarem insuficientes ou inadequadas para o caso concreto (art. 282, §
6.º, do CPP).

Com efeito, superada a demonstração da materialidade e presentes os indícios de autoria, após


compulsa detida, chega-se à inferência de no caso em liça, não se vislumbra a possibilidade da
manutenção da custódia da autuada em destaque.

Isto porque, no caso dos autos, a despeito dos antecedentes criminais da custodiada e de ficar
demonstrado em audiência o menosprezo dela em relação ao Judiciário, não parecendo se
importar com os processos que responde, sendo irônica e destratando a magistrada e o Promotor
de Justiça, há que se considerar que os crimes a ela atribuídos são punidos com detenção,
estando, portanto sujeita ao cumprimento da pena em regime diverso do fechado.

Diante disso, em que pese a gravidade dos fatos, considerando que, caso seja eventualmente
condenada pelos fatos apurados nestes autos, cumprirá a reprimenda em regime mais brando do
qual está submetida no presente momento, deve-se, portanto, superar a demonstração da

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materialidade e da presença os indícios de autoria e ater-se a analisar a necessidade da
manutenção da prisão da custodiada.

Não bastasse isso, nada há que justifique a custódia com relação à conveniência da instrução
criminal, tendo em vista que nada faz supor que conturbará a colheita de provas. Da mesma
forma, pode se dizer quanto à garantia de aplicação da lei penal, pois, como possui domicílio
certo, não há indicativos de que se furtará da aplicação da lei, caso seja colocado em liberdade.

Corroborando esse entendimento:

“HABEAS CORPUS - ARTIGO 306 C/C ARTIGO 298, III, AMBOS DO CTB - PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA NÃO SUPERIOR A 04 (QUATRO) ANOS - RÉU
PRIMÁRIO - IMPOSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
Considerando que a pena cominada para o crime de dirigir embriagado não é superior a
quatro anos, o paciente é primário e não há dúvidas quanto à sua identificação, incabível
é o decreto de prisão preventiva, por expressa vedação legal.” (TJMG Habeas Corpus
Criminal 1.0000.17.030943-9/000, Relator(a): Des.(a) Denise Pinho da Costa Val , 6ª
CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 20/06/2017, publicação da súmula em 30/06/2017)

“HABEAS CORPUS - DIRIGIR EMBRIAGADO E SEM HABILITAÇÃO - PRISÃO


PREVENTIVA - AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP PARA
SEGREGAÇÃO CAUTELAR - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
- CONSTRANGIMENTO ILEGAL DEMONSTRADO PRISÃO SUBSTITUÍDA POR
OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES - ORDEM
CONCEDIDA. - A prisão anterior ao trânsito em julgado de sentença penal condenatória
constitui medida excepcional, de cunho acautelatório, justificável estritamente nos casos
previstos no art. 312 do CPP. - Considerando que o acusado não representa uma ameaça
à ordem pública, ordem econômica, instrução criminal ou aplicação da lei penal, possui
bons antecedentes, residência fixa, não há como ser mantida a medida cautelar extrema
que é a prisão preventiva. - Existindo, in casu, medidas cautelares mais adequadas e
diversas da prisão, deverá esta ser substituída .” (TJMG - Habeas Corpus Criminal
1.0000.14.081092-0/000, Relator(a): Des.(a) Kárin Emmerich , 1ª CÂMARA CRIMINAL,
julgamento em 04/11/2014, publicação da súmula em 14/11/2014)

Feitas essas considerações, porém atenta à necessidade de reprienda dos atos


atribuídos a custodiada, afim de que passe a tratar com mais seriedade suas obrigações legais,
CONCEDO LIBERDADE PROVISÓRIA à custodiada NILDES DE SOUZA, mediante o pagamento
de FIANÇA, que mantenho em 01 salário mínimo, em razão das alegações da custodiada de que
possui emprego fixo, imóveis e renda de alugueis, a ser pago em 02 parcelas mensais e iguais,
concedendo o prazo de 05 dias para o pagamento da primeira parcela, devendo quitar a parcela
seguinte, 30 dias após o primeiro pagamento, sob pena de revogação do benefício de decretação
de sua prisão preventiva e aplico-lhe as seguintes medidas cautelares
(CPP, art. 319):

1) MONITORAMENTO ELETRÔNICO, POR MEIO DA COLOCAÇÃO


DETORNOZELEIRA NA ACUSADA, PELO PRAZO DE 90 (NOVENTA)
DIAS;

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2) COMPROVAÇÃO NOS AUTOS DO ENDEREÇO E PROIBIÇÃO
DEMUDANÇA DE ENDEREÇO SEM COMUNICAÇÃO AO JUÍZO, DEVENDO
MANTÊ-LO ATUALIZADO;

3) COMPARECIMENTO A TODOS OS ATOS DO PROCESSO


PARAINFORMAR E JUSTIFICAR ATIVIDADES (ART. 319, I);

4) RECOLHIMENTO NOTURNO DAS 22H ÀS 06H;

5) PROIBIÇÃO DE FREQUENTAR BARES, BOATES E CONGÊNERES (art.


319, II, CPP);

6) COMPARECIMENTO AOS ALCOOLICOS ANÔNIMOS PELO PERÍODO DE


06 MESES, COM COMPROVAÇÃO MENSAL NOS AUTOS.

Fica a custodiada advertida no presente ato que o descumprimento de determinação


de recolhimento da fiança ou de qualquer uma das cautelares acima impostas levará a revogação
do benefício da liberdade provisória com a decretação de sua prisão.

EXPEÇA-SE ALVARÁ DE SOLTURA em favor da autuada, observando as


medidas cautelares acima.

Por derradeiro, registro que não aportou nos autos, até o presente momento, o exame de
corpo de delito, com registro fotográfico do rosto e corpo inteiro do custodiado, em desconformidade
com a Recomendação nº 62/2020 do Conselho Nacional de Justiça.

Saem os presentes devidamente intimados e o autuado cientificado. Não havendo óbice


na utilização de sistema de videoconferência para a realização da presente audiência, todas as
ocorrências, manifestações, declarações entrevistas foram captados em áudio e vídeo, cuja mídia
digital encontra-se anexada aos autos. Nada mais. Eu, Lígia Cristina Campos, Assessora Técnico-
Jurídica, digitei.

Cuiabá, 12 de outubro de 2021.

ANA GRAZIELA VAZ DE CAMPOS ALVES CORRÊA Juíza de Direito


Plantonista

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