Você está na página 1de 6

LIBERDADES CONSTITUCIONAIS

As liberdades constitucionais não são protegidas de maneira absoluta. A


liberdade absoluta é incompatível com a vida em sociedade.
O exercício das liberdades encontra limites na Lei (Princípio da Legalidade),
respeitado o princípio da proporcionalidade.
CF/88 – art. 5º
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei.
 Impede o arbítrio e o abuso de autoridade, garantindo a liberdade dos
indivíduos de somente deverem obediência à lei.
Liberdades Constitucionais:
 Manifestação de pensamento – IV
 Consciência, crença e exercício de culto – VI
 Expressão das atividades artísticas, intelectual, científica e de
comunicação – IX
 Acesso à informação – XIV
 Exercício profissional – XIII
 Locomoção – XV
 Reunião – XVI
 Associação – XVII
 Criação de associações – XVIII
 Filiação à associação – XX

LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA


Liberdade de crença na CF/88 – art. 5º
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e suas liturgias.
3 direitos:
1 – liberdade de consciência e de crença; (não é apenas no viés religioso)
2 – liberdade de exercício dos cultos religiosos;
3 – proteção aos locais de culto e suas liturgias.
1) Liberdade de crença e de consciência: liberdade de crer ou não em
qualquer corrente filosófica, política, ideológica, religiosa, etc.
 liberdade de agir em conformidade com a crença e não sofrer
restrições de direitos em decorrência dela.
Estados autoritários, com regimes ditatoriais, frequentemente tentam suprimir
esta liberdade, impondo uma determinada ideologia ou corrente política,
dificultando ou proibindo outras.
CF/88
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do DF, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.

Modelos de Estado quanto à religião:


 Estados religiosos: confessional e teocrático;
 Estados não religiosos: laico e ateu.
Estado Confessional: Estado que confere tratamento desigual para as
religiões, mantendo alguma espécie de vínculo com uma ou algumas religiões,
protegendo-as, subvencionando-as (dando verba) e/ou proibindo outras
manifestações religiosas (ex: Argentina, Dinamarca).
Estado Teocrático: nível máximo de estado confessional, que adota religião
oficial, coloca leis e autoridades religiosas acima das leis e autoridades estatais
(ex: Vaticano, Irã).
Filosofia Iluminista
Iluminismo: a fé na razão e na valorização da ciência (apenas no séc. XVIII
surge teorias de que religião e política devem ser separadas).
Religião
Baseada em dogmas: verdades absolutas que não podem ser comprovadas
cientificamente, mas não admitem contestação.
Depende de fé para que se possa acreditar nestes dogmas
Isso explica porque a religião não deve interferir na política.
Ciência
Baseada em verdades que podem ser comprovadas empiricamente, através de
rigorosos processos de verificação.
Depende da razão para que se possa comprovar o conhecimento científico.
Estado Laico: não possui religião oficial, proíbe qualquer relação de
dependência entre Estado e Igreja, estabelece a mesma forma de tratamento
para todas as religiões, respeitando a liberdade de crença religiosa individual e
estimula a tolerância entre as religiões.
Estado Ateu: por não acreditar em nenhuma religião e entender que estas
constituem numa forma de alienação do indivíduo, o Estado proíbe ou dificulta
as manifestações religiosas (ex: antigos países comunistas).

Laicidade do Estado
Art. 19 É vedado a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes, relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público. (estabelece a separação e não intervenção)
A CF/88 e demais leis estabelecem parâmetros de proteção às religiões na
relação com o Estado brasileiro:
 Imunidade tributária dos templos religiosos (art. 150, VI, “b”, da
CF);
 Garantia de assistência religiosa em hospitais e presídios (art. 5º,
VII, Lei 9982/96);
 Ensino religioso em escolas públicas (art. 210, § 1º da CF, art. 33
da Lei 9394/96);
 Autorização para o uso de substâncias psicotrópicas em rituais
religiosos (Lei 11.343/06);
 Objeção de consciência (art. 5º, VIII, da CF).

Imunidade Parlamentar
Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado a União, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
b) templos de qualquer culto (para não dificultar o funcionamento das religiões)
Obs: a CF fala que apenas onde tem CULTO não paga impostos, porém se a
igreja compra um terreno não paga impostos, se constrói um galpão também
não paga, etc.
Assistência Religiosa
CF/88 – art. 5º, VII – é assegurado, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva. (ex:
hospitais, penitenciárias).
Ensino Religioso na CF/88 (ensino público)
Art. 210 Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de
maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e
artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
Ensino religioso na LDB
Características nas escolas públicas:
 Matrícula facultativa: livre decisão dos pais ou responsáveis;
 Oferecido no horário normal das aulas (há críticas, pois prejudica os
alunos que não assistem essas aulas);
 Ensino Confessional: segundo recente decisão do STF, o ensino
religioso pode ser confessional, ou seja, de uma só ou de algumas
religiões específicas  prejudica a laicidade do Estado (antes de 2017
era um ensino mais geral, das histórias das religiões);
 Proibido o proselitismo: influenciar a conversão a outra religião.
Substâncias Psicotrópicas para fins religiosos
Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 – Lei de Drogas do Brasil
Art. 2º Ficam proibidos, em todo o território nacional, as drogas, bem como o
plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais
possam ser extraídos ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de
autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção
de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a
respeito de plantas de uso estritamente ritualístico – religioso.
Ex.: chá do Santo Daime
Escusa ou obrigação de consciência (outro direito que deriva da liberdade
de crença)
Direito de não ser impedido de exercer outros direitos por invocar motivos de
crença para recursar-se a praticar atos impostos a todos, sujeitando-se, porém,
a prática de prestações alternativas.
Exemplos:
 Recusa de prestar serviço militar obrigatório;
 Objeção à frequência em aulas e realização de provas e concursos aos
sábados;
 Objeção a prática de vivisseção em cursos de nível superior.
Art. 5º, VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa
ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestações alternativas,
fixadas em lei.
Estado Laico
Discussões quanto à compatibilidade com o Estado Laico
 A evocação de Deus no Preâmbulo Constitucional;
 Inscrições religiosas na cédula do Real;
 Feriados religiosos;
 Presença de símbolos religiosos (crucifixo) em repartições públicas;
 Influência de opiniões religiosas nas decisões estatais.
Constituição de 1988
Preâmbulo: “... sob a proteção de Deus”
Preâmbulo não é norma constitucional
Quem faz a constituição é o poder constituinte originário  povo  o povo não
precisa ser laico, então não é contraditório o preâmbulo com o Estado Laico.
Cédula do Real
1986 – a inclusão da expressão “Deus seja louvado” nas cédulas aconteceu
por determinação direta do ex-presidente, José Sarney  Plano Cruzado
1994 – com a Plano Real, a frase foi mantida pelo então ministro da Fazenda,
FHC, por ser “tradição da cédula brasileira”.
Feriados Religiosos
Feriados cristãos e muitos apenas católicos
Plenário do STF
A maioria dos membros do CNJ decidiu que o uso de tais símbolos constitui um
traço cultural da sociedade brasileira e em nada agridem a liberdade da
sociedade, ao contrário, só a afirmam.
Influência de opiniões religiosas nas decisões estatais:
Lei Eleitoral:
Instituições religiosas não podem:
 Fazer qualquer tipo de propaganda eleitoral positiva e negativa;
 Pedir voto, ainda que simulado;
 Manifestar apoio ou agradecimento público a candidatos e pré-
candidatos;
 Fazer ou receber doação direta em dinheiro a propagandas e
candidaturas.
Grande crescimento das bancadas religiosas. Eles impedem, por dogmas,
algumas discussões de serem levadas para discussão no congresso. (ex:
aborto)
Programas de governo (ex: distribuição de preservativos e anticoncepcionais;
conteúdo de livros didáticos; educação sexual nas escolas);
Votação de Leis (ex: aborto, criminalização da homofobia);
Decisões judiciais (ex: pesquisas com células embrionárias, aborto, união
homoafetiva).
Princípio da Tolerância
Em um Estado Laico, devem coexistir pacificamente as diversas correntes de
pensamento, com a aceitação da diferença de ideias.
Em nome da tolerância, deve-se tolerar os intolerantes e as práticas de
intolerância? NÃO
Paradoxo da tolerância: se estendermos a tolerância ilimitada mesmo àqueles
que são intolerantes, se não nos encontrarmos preparados para defender uma
sociedade tolerante contra as arbitrariedades dos intolerantes, o resultado será
a destruição dos tolerantes e, com eles, da tolerância – Karl Popper.

Você também pode gostar