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ÉTICA E POLÍTICA

Moral Civil na Sociedade Democrática


Do estado confessional à Laicidade

Moral Social e pluralismo. As sociedades abertas assentam na noção de pluralismo –


não confundir com relativismo ético.

O relativismo é a indiferença e a ausência de diálogo e de troca de ideias e perspetivas.

O pluralismo é a consagração da diversidade, com respeito mútuo.

Na sociedade democrática, importa distinguir o que deve ser estável (a Constituição ou


a lei fundamental) e o que é circunstancial. As eleições permitem escolher caminhos e
programas diferentes – mas deve haver sempre respeito por todos. A separação de poderes
permite que os poderes se limitem entre si.

A sociedade democrática é aberta e conflitual, pressupõe diferenças, e que ninguém seja


infalível. É preciso haver compromissos e regulação de conflitos.

O Estado democrático deve ser laico.

A laicidade não se confunde com o laicismo. A laicidade pressupõe a liberdade religiosa


(que significa poder ter ou não ter religião). O laicismo é uma atitude crítica quanto ao
fenómeno religioso.
A laicidade corresponde a uma doutrina ou um sistema político que defende a exclusão
da influência da religião no estado, na cultura e na educação.

A laicidade sofreu uma expansão com a Revolução Francesa e teve como consequência
a separação entre a Igreja e o Estado. Por esse motivo, a laicidade é centrada na cultura
e no ensino. Alguns autores afirmam que em alguns casos, a laicidade originou a
irreligiosidade, e muitas vezes a anti-religiosidade, que muitas vezes culminam em
manifestações contra algumas religiões, como o catolicismo, por exemplo.

Muitos dicionários classificam o laicismo como um sinónimo de laicidade, pois ambas


as expressões se referem a alguma coisa que é laica.

Apesar disso, alguns estudiosos defendem que os dois termos são distintos, sendo que o
laicismo se refere ao conceito de ausência de interferência de uma ordem religiosa
em matérias do Governo; e a laicidade diz respeito ao sistema político em si, que
determina que o Estado é laico ou secular.

O laicismo rejeita toda a influência ou presença religiosa nos indivíduos e nas


instituições, públicas ou privadas.

A laicidade admite esta influência, mas, atendendo a que há várias confissões religiosas,
impede que o Estado aceite como própria uma só confissão e respeita-as a todas por igual.
Se aceitasse alguma como própria e oficial, acabaria com a igualdade de todos os
cidadãos.

A laicidade de um Estado não significa que ele é contra a religião, significa que as
decisões administrativas do país são tomadas pela classe política e não pela classe
religiosa. Aliás, uma das tarefas do Estado Laico é garantir que existe liberdade
religiosa, e que não há religiões com mais regalias e benefícios legais. De igual forma, a
laicidade de um país concede o direito ao cidadão de ter ou não uma fé religiosa, sendo
que essa escolha não pode ser motivo de discriminação.

Para garantir simultaneamente a liberdade de todos e a liberdade de cada um, a Laicidade


distingue e separa o domínio público, onde se exerce a cidadania, e o domínio
privado, onde se exercem as liberdades individuais (de pensamento, de consciência,
de convicção) e onde coexistem as diferenças (biológicas, sociais, culturais).
Pertencendo a todos, o espaço público é indivisível: nenhum cidadão ou grupo de
cidadãos deve impor as suas convicções aos outros. Simetricamente, o Estado laico
proíbe-se de intervir nas formas de organização colectivas (partidos, igrejas, associações
etc.) às quais qualquer cidadão pode aderir e que relevam do direito privado.

"A convivência pacífica entre as diferentes religiões vê-se beneficiada pela laicidade
do Estado, que, sem assumir como própria nenhuma posição confessional, respeita e
valoriza a presença do factor religioso na sociedade." (Papa Francisco)

A laicidade do Estado, isto é, a sua neutralidade confessional, é essencial para garantir a


liberdade religiosa de todos: ter esta ou aquela religião, não ter nenhuma, mudar de
religião. Aliás, a laicidade é exigida pela própria religião. Porque confundir religião e
política significa ofender a transcendência de Deus, e também porque só homens e
mulheres livres podem professar de modo verdadeiramente humano uma religião.
A laicidade contrapõe-se ao confessionalismo. Portugal tem um Estado laico desde
1910. Há exceções: em Inglaterra há uma religião do Estado – a Rainha é chefe da Igreja
Anglicana. No entanto, na prática há um Estado laico. O mesmo se passou até há pouco
com os países nórdicos em que a Igreja Reformada luterana foi oficial até há duas
décadas.

Estado laico significa um país ou nação com uma posição neutra no campo religioso.
Também conhecido como Estado secular, o Estado laico tem como princípio a
imparcialidade em assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando nenhuma religião.

Um Estado laico defende a liberdade religiosa a todos os seus cidadãos e não permite a
interferência de correntes religiosas em matérias sociopolíticas e culturais.

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