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EREM PROFESSOR JERÔNIMO GUEIROS

O QUE FOI A SEGREGAÇÃO RACIAL


NOS EUA
Aluno: Gabriel Henrique Leite de Morais
Turma: 3°B
Professor: Glaydson
Disciplina: PVE

Garanhuns
2023
O que é a segregação racial?
A segregação racial, no contexto da Idade Contemporânea, pode ser definida como
um tipo de política de Estado que tem por objetivo separar indivíduos ou grupos de
indivíduos de uma mesma sociedade por meio de critérios raciais (ou étnicos). Esse
tipo de medida passou a ser executado a partir do fim do século XIX e teve forte
vigor no século XX, em países como a Alemanha nazista, com o antissemitismo, a
África do Sul, com o apartheid, e os Estados Unidos da América. Nos Estados
Unidos da América, que começaram a existir politicamente a partir de sua
Independência, em 1776, a segregação racial começou a vigorar no início do século
XIX, quando ainda havia escravidão, fenômeno típico dos estados da região sul
desse país.
Guerra civil e o fim da escravidão
Nos estados escravistas do sul dos EUA havia leis antimiscigenação, isto é, brancos
eram proibidos por lei de se casarem com negros, ainda que libertos, ou mestiços. O
estado de Indiana, em sua Constituição de 1851, proibia que negros libertos e
mestiços fixassem residência em seu território. Quando os Estados Confederados
dos Sul perderam a Guerra Civil para os Estados do Norte, liderados por Abraham
Lincoln, em 1865, as leis de segregação intensificaram-se, visto que a escravidão –
que sustentava o modelo econômico eminentemente rural do Sul – havia sido
abolida dois anos antes. Os brancos do Sul não queriam partilhar os mesmos
direitos com os negros libertados e, tampouco, permitir aos negros a ascensão a
altos postos políticos e jurídicos. Para desarticular as legislações racistas do Sul, a
União, isto é, os Estados Unidos do Norte, precisou ocupar militarmente os estados
sulistas, em um processo conhecido como Restauração – que, na verdade, consistia
na reintegração do Sul com o Norte.

Uma “sala de espera para negros” em Oklahoma, em 1955.


Formação da Ku Klux Klan e as Leis Jim Crow
No ano final da Guerra Civil (1865), foi criada a Ku Klux Klan no estado do
Tennessee. A Klan (como também é chamada) era um grupo paramilitar de fanáticos
que misturavam ideologia racial com religião e promoviam agressões, perseguições,
assassinatos e atentados contra estabelecimentos públicos frequentados por
negros, como restaurantes e templos religiosos. Os primeiros membros da Klan
eram veteranos das forças confederadas, e seu primeiro líder foi o general Nathan
Bedford Forrest. A Ku Klux Klan foi reprimida pelo governo da Restauração, mas
voltaria depois, no início do século XX.
Em 1876, teve fim a ocupação militar nos estados no Sul. Aproveitando-se da
condição federativa dos EUA, na qual cada estado da Federação era plenamente
livre para elaborar suas próprias leis, os sulistas passaram a aprovar um conjunto de
leis que ficou conhecido como Leis Jim Crow. O conteúdo dessas leis era
completamente segregacionista e tinha como critério aquilo que o geógrafo Demétrio
Magnoli, em seu livro Uma gota de sangue: história do pensamento racial, denomina
de regra da “gota de sangue única”. Não era necessário que determinada pessoa
fosse visivelmente negra para ser discriminada pelas leis segregacionistas. Bastava
apenas que ficasse comprovado que essa pessoa tivesse algum antepassado negro.
Lei da Virgínia de 1924 e o fenômeno do passing racial
O critério da “gota de sangue única” deu base para o sistema legal de discriminação
por cerca de 90 anos. Essa regra só foi de fato revogada nos estados do Sul do EUA
nas décadas de 1960 e 1970. Antes disso, a segregação foi institucionalizada em
vários estados. O caso mais emblemático foi o da lei do estado da Virgínia, de 1924,
que, em seu item 5, diz:
Será ilegal, de agora em diante, que qualquer pessoa branca case-se com qualquer
um que não seja uma pessoa branca ou com uma pessoa com uma mistura de
sangue que não seja de branco e índio americano. Para a finalidade dessa lei, o
termo ‘’pessoa branca’’ deve se ampliar somente àquele que não tenha traço algum
de qualquer sangue senão o caucasiano; mas pessoas que tenham 1/16 ou menos
de sangue de índio americano e não tenham nenhum outro sangue não caucasiano
devem ser definidas como pessoas brancas.
Como visto, essa lei narra os critérios de delimitação da raça de um indivíduo. Esse
critério foi adotado como padrão em praticamente todos os estados segregacionistas
dos EUA, o que estimulou ainda mais o racismo nesse país (No Brasil, vale dizer, ao
contrário dos EUA, o racismo nunca foi institucionalizado, isto é, tornado lei). Como
forma de “driblar” o segregacionismo, muitos americanos descendentes de negros,
mas de cor branca, procuraram falsificar sua história por meio de mudança de nome,
construção de nova identidade etc.
Esse fenômeno ficou conhecido como passing racial, como bem destaca Demétrio
Magnoli em livro já citado: “O modelo racial bipolar dos EUA converte os mestiços de
uniões entre brancos e negros em negros. Entre os efeitos mais notáveis está o
fenômeno do passing, uma estratégia de reinvenção identitária pela qual um
indivíduo se ‘’faz passar’’ por integrante de um grupo social no qual não seria
normalmente admitido. Como regra, no passing racial americano, um mestiço,
socialmente classificado como negro, refaz a sua identidade como branco.” O
exemplo mais notório de passing, segundo Magnoli, é o de Walter Francis White,
que foi chefe executivo da NAACP (Associação Nacional para o Progresso de
Pessoas de Cor) entre 1929 e 1955. White era “um mestiço com 27 ancestrais de
quarta geração brancos e cinco negros, mas definido como negro pela regra da gota
de sangue única. Loiro, de olhos azuis e pele branca, White passou-se por branco
durante suas investigações de linchamentos cometidos no sul contra negros”.

Movimentos pelos direitos civis e processo de dessegregação


As leis de segregação racial dos EUA só começaram a ser revogadas a partir da
eclosão dos movimentos pelos direitos civis e pela igualde das leis entre negros e
brancos encabeçados nos anos 1950 e 1960 por líderes como Martin Luther King Jr.,
que se notabilizou pela sua capacidade de reunir grandes massas de pessoas em
protestos pacíficos
Referências:
https://www.britannica.com/biography/Martin-Luther-King-Jr
https://mundoeducacao.uol.com.br/historia-america/segregacao-racial-nos-estados-
unidos.htm
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/segregacao-racial.htm
https://escolakids.uol.com.br/historia/segregacao-racial-nos-estados-unidos.htm
https://buzzfeed.com.br/post/29-fotos-perturbadoras-de-quando-a-segregacao-racial-
era-permitida-nos-eua
https://brasilescola.uol.com.br/amp/historiag/ku-klux-klan.htm

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