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Resenha sobre o documentário Décima Terceira Emenda

Discente: Otávio José Cabral Braga


Docente: Sergio Wiliam Domingues Teixeira
Disciplina: Criminologia
O documentário Décima Terceira Emenda apresenta, até sua metade, uma linha
cronológica desde a abolição da escravidão nos Estados Unidos até a situação atual do
país, relacionando os eventos históricos com a continuidade de um trabalho compulsório
não voluntário e como ele fora se moldando pouco a pouco com o passar do tempo.
Pouco antes da publicação do dito documento, a população afro-americana era
tratada de maneira afável na literatura e nas artes. Dessa forma, com a instituição da
décima terceira emenda, que dispõe que “não haverá, nos Estados Unidos ou em
qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo
como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado”, por
mais que o lado não escravagista tivesse ganho a guerra civil, os Estados Unidos
prosseguiram com tal sistema ao passo que a população negra, para manter a economia
do sul do país, começou a ser presa em massa de forma injusta, como no caso de crime
de vadiagem ou ociosidade.
Com o passar do tempo, os afro-americanos começaram a ser retratados de
forma depreciativa e animalesca, como no caso do filme “O Nascimento de uma Nação”,
que, por vezes, demonstrou os negros como estupradores e criminosos e, por outro
lado, representava os membros da Ku Klux Klan de forma heroica, aqueles que viriam
para salvar as pessoas inocentes desses supostos criminosos. Por conseguinte, a partir
dessa representação, uma onda de terrorismo contra pessoas de cor começou a
permear o sul do país, forçando essa população a migrar para outros estados com o fito
de escapar das execuções e escarneio público.
Ao momento que o terrorismo fora tornando-se menos aceitável, esse se moldou
para a política a partir de um sistema de segregação racial. Tal regime tinha como base
que a população afro-americana era considerada como uma classe inferior aos brancos
e, portanto, para que não se misturassem e isso viesse a gerar o colapso de ambas,
elas deveriam ficar estritamente separadas. Concomitantemente a essa política,
diversos ativistas dos direitos humanos começaram a surgir com protestos na tentativa
de serem reconhecidos como seres humanos complexos, o que resultou em décadas
de perseguições e criminalização dessas comunidades até 1964, quando Lyndon
Johson assinou uma lei que dava fim à segregação.
Logo após o fim da segregação, com uma justificativa externa de luta contra as
drogas e com uma interna de combater as comunidades negras e latinas, iniciou-se um
processo de transformar o consumo de drogas de uma questão de saúde para uma de
segurança, criminalizando o usuário e aplicando penas exorbitantemente mais severas
para o porte de psicoativos mais utilizados nessas populações. Junto a essa
criminalização, as penas tornaram-se cada vez mais rígidas, como no caso de
obrigatoriedade de cumprir oitenta e cinco porcento da pena e do terceiro crime
registrado ter a sentença pré-determinada de prisão perpétua.
Com a explosão da população carcerária a partir do que fora dito, diversas
empresas começaram a se beneficiar desse sistema, como as prisões privadas e os
fornecedores que, com seus investimentos cada vez maiores, influenciavam as leis para
que as cadeias sempre permaneçam cheias e, analogamente, seus lucros se
maximizem cada vez mais.
Por fim, a repressão contra determinadas comunidades e a monetização do
encarceramento, seja por investimentos, fornecimentos ou trabalho escravo, demonstra
que as castas sociais nos Estados Unidos não acabaram, apenas se redefiniram para
se encaixarem na realidade moderna, e que uma ilusão de liberdade vem mantendo-se
ao longo das décadas, visto que noventa e sete porcento dos encarcerados são pessoas
que nem foram julgadas e sim submetidas a um acordo com os promotores ao visar
menos tempo de cárcere, mesmo que muitos desses sejam inocentes.

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