Você está na página 1de 5

ANALISE DE FONTE

Fonte a ser analisada: programa dos 10 pontos dos panteras negras.

Antes de analisarmos a fonte, faremos um panorama sobre quem foram


os Panteras Negras e qual o contexto histórico em que estavam situados. Na
década de 60, nos Estados Unidos, policiais perseguiam, agrediam,
criminalizavam e prendiam arbitrariamente a população negra. O número de
pessoas dentro da prisão era cada vez maior, a miséria tomava conta de vários
estados do Sul do país, e os resquícios da escravidão acarretavam o
aprofundamento das desigualdades sociais.

Bobby Seale e Huey P. Newton nasceram e viveram nesse contexto.


Ambos vieram de famílias pobres dos estados do Sul. Se conheceram na
faculdade. Lá, começaram a participar de movimentos estudantis por igualdade
racial.

Os dois estudantes organizaram um grupo como forma de combater a


violência policial, dessa forma, acompanhavam, sempre armados, as
operações policiais para impedir que violência contra negros. Os Panteras
Negras, nos seus primeiros anos de atuação, agiam de forma intimidadora
contra racistas. No entanto, aos poucos, o grupo desenvolveu-se e aderiu
novas pautas, até que se tornou um partido.

Com o tempo, o grupo engajou-se pela realização de ações


sociais seguindo uma ideologia marxista, e criticando o capitalismo. Os
Panteras Negras também defendiam o estabelecimento de
uma sociedade autogestionada.

À medida que os Panteras Negras ganhavam influência,


implantaram escolas e hospitais comunitários que prestavam serviços gratuitos
para pessoas pobres, sobretudo, negros e latinos. Eles também realizavam
a distribuição de alimentos e faziam o transporte das crianças para a escola.
Nessas escolas eles ensinavam a história dos Estados Unidos dentro da
perspectiva própria do partido.
O Partido dos Panteras Negras chegou ao fim oficialmente quando foi
dissolvido, em 1982, o que foi resultado de um longo processo de desgaste
causado FBI. A violência contra os Panteras Negras também aumentou
consideravelmente, e dezenas de membros do partido foram mortos todos os
anos. Muitos eram presos, e a quantidade de processos que o partido teve de
enfrentar na justiça fez com que enfrentasse também graves problemas
financeiros.

A organização formulou uma carta de 10 pontos, que foi regida em 1966,


e que analisaremos aqui. O primeiro ponto “Queremos liberdade. Queremos
o poder para determinar o destino de nossa Comunidade Negra”, deixava
claro que o governo racista da época não era capaz de assegurar os direitos e
suprir as necessidades do povo negro, dessa forma, é explicitado que eles
quem gostariam (e deveriam) tomar as decisões que se referissem a eles.

O ponto dois, “Queremos emprego para nosso povo”, se refere


diretamente ao capitalismo, já que, inseridos nesse modelo econômico, todos
devem trabalhar para a sua sobrevivência. Porém, o que de fato acontecia, era
o grande desemprego de pessoas negras, dessa forma o aumento da pobreza
e da marginalização. A organização, então, reivindicava o seu direito a
emprego, e caso não houvesse, os meios de produção seriam tomados,
seguindo a linha marxista.

Já o terceiro ponto, “Precisamos acabar com a exploração do


homem branco na Comunidade Negra”, reivindicava uma reparação
histórica, que demandava o pagamento de certa quantia, e que seria distribuída
ás comunidades em que a organização atuava. Essa reivindicação era
respaldada no fato de que os negros nunca receberam o mínimo por tudo que
sofreram durante toda a história

“Nós queremos moradia, queremos um teto que seja adequado


para abrigar seres humanos”, se trata do quarto ponto, em que os
integrantes da organização tratavam do seu direito a moradia, que lhe foi tirada
durante os anos de escravidão, e que nunca lhes foi devidamente concedido
uma moradia após a abolição da escravatura. Fato esse, que fez com que a
população negra fosse jogada para as periferias, não tivessem condições
dignas de vida e nem direitos básicos, fundamentado o racismo institucional.

O ponto cinco, “Nós queremos uma educação para nosso povo que
exponha a verdadeira natureza da decadente sociedade Americana.
Queremos uma educação que nos mostre a verdadeira história e a nossa
importância e papel na atual sociedade americana”, se debruça e critica a
educação que se é dada, sendo contada através da visão dos opressores, de
forma que o povo negro e oprimido jamais tenha acesso a sua verdadeira
história.

Já os pontos seis, sete, oito e nove respectivamente, “Nós queremos


que todos os homens negros sejam isentos do serviço militar”, “Nós
queremos o fim imediato da brutalidade policial e assassinato do povo
preto”, “Nós queremos a liberdade para todos os homens pretos
mantidos em prisões e cadeias federais, estaduais e municipais” e “Nós
queremos que todas as pessoas pretas quando trazidas a julgamento
sejam julgadas na corte por um júri de pares do seu grupo ou por
pessoas de suas comunidades pretas, como definido pela Constituição
dos Estados Unidos.”, conversam entre si.

Durante os anos, os panteras negras estiveram dentro do contexto da


guerra do vietinã. A organização que era contra a postura do pais em relação a
gurra, foi até o Vietnã mostrar solidariedade a população que ali sofria, dessa
forma, percebendo que o mesmo Estado que assassinava a população negra
nas ruas também enviava seus jovens para morrer na guerra e “defender seu
país”.

A organização exigia o fim da truculência policial, que matava e prendia


a população negra, guiados pelo puro racismo. Assim como, pediam por
julgamentos mais justos e com participação de pessoas pretas no júri.

Por fim, o último ponto, “Nós queremos terra, pão, moradia,


educação, roupas, justiça e paz. E como nosso objetivo político principal,
um plebiscito supervisionado pelas Nações-Unidas a ser realizado em
toda a colônia preta no qual só serão permitidos aos pretos, vítimas do
projeto colonial, participar, com a finalidade de determinar a vontade do
povo preto a respeito de seu destino nacional“ reivindica os direitos básicos
para a sobrevivência.

Dessa forma, podemos analisar que as questões reivindicadas pela


organização das panteras negras, em 1966, ainda são muito atuais,
comprovando que o Estado não oferece o mínimo à população matginalizada,
assim como não reparou todos os dados causados pela escravidão.

Resgatar a memória dessa organização nos faz entender como a luta


antirracista foi, e ainda é, muito importante. A história de resistência do povo
negro é extremamente rica, mas por muitas vezes é apagada, principalmente
devido ao fato de que a história não dá voz aos oprimidos. É o objetivo de ir
contra essa versão elitizada e opressora, que devemos resgatar memorias de
resistência e colocar em pauta o racismo, o silenciamento e a opressão vivida o
povo negro.
Bibliografia

Programa dos 10 pontos dos Panteras Negras (1966) – Acessado


através do link file:///C:/Users/rosia/Downloads/32101.pdf

Você também pode gostar