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Fala muito sobre a formação do sistema prisional no Estados Unidos (mas que se
aplica, também, ao Brasil) onde a população negra é vítima não somente da violência
policial e do extermínio mas, principalmente, do encarceramento em massa que tem
como veículo fundamental a guerra às drogas.
Nossos problemas são interconectados. A sociedade é pautada numa economia cada vez
mais excludente, onde há o extermínio daqueles que não podem consumir e tampouco
serem inseridos no mercado de trabalho; Mais especificamente falando, as pessoas
pretas, pobres, periféricas e de baixa escolaridade. Dentro desse cenário, essas
são as pessoas que mais vão sofrer, provando que o encarceramento é uma arma
utilizada, em todos os lugares do mundo, para realizar o controle social dos
indesejáveis (aqueles que a sociedade capitalisma e o neoliberalismo não pode dar
conta).
A segregação gerou uma série de movimentos sociais que lutavam pelos direitos civis
e contra o massacre e a superexploração da população negra.
À partir dos anos 60, com o fim da segregação, o sistema se reorientou para, em
outras bases, manter essa segregação.
O sistema penitenciário dos Estados Unidos é equivalente ao Jim Crow porque, em seu
funcionamento, ele tem um alvo especifíco: a população mais pobre que, em sua
maioria, é constituída por pessoas negras.
Os crimes que recebem maior atenção do sistema de justiça criminal são os crimes
ligados à condutas próprias de pessoas mais pobres: crimes contra o patrimônio e ao
porte e tráfico de drogas. Há uma seletividade do sistema penal em torno de grupos
minoritários.
À partir do momento em que esses grupos são inseridos no sistema prisional, eles
são etiquetados; São tidos como pessoas que carregam para sempre a marca de uma
condição social diminuta. Após cumprir sua pena, por exemplo, eles terão
dificuldade de conseguir emprego ou conseguirão os piores empregos, aqueles com os
piores salários e pouca ou nenhuma segurança. Os empregos, portanto, que o cidadão
de classe média branco não quer.
Também tinham como prática o trabalho social; Eles organizavam cafés da manhã
gratuitos em instituições que abarcavam a população negra, além de intervenções em
clínicas médicas de sáude pública para ouvir da população negra o que acontecia
durante o contexto histórico da época.
Eles eram aliados ao Black Power; o negro não está abaixo do branco e precisa estar
em igualdade de condições dos brancos.
No Brasil, o que nos traz hoje à esse cenário de encarceramento em massa está na
nossa formação colinal escravista.
O sistema criminal não é apenas perpassado pelo racismo, ele é uma instituição que
surgem em países colonizados para garantir o controle social dessa população e para
manutenção de um sistema baseado em hierarquias raciais.
No Brasil Império, por exemplo, a primeira lei criminal no Brasil instituída ainda
com o funcionamento da escravidão. Temos relatos historiográficos de que, uma vez
que os escravizados eram presos devido à alguma infração, os seus proprietários iam
até as prisões pedir que eles fossem solto em troca deles mesmos aplicarem a
punição em âmbito privado. Desde então, o sistema prisional no Brasil já se
estabelece aplicando penas diferenciadas entre negros e brancos e negros libertos e
negros escravizados.
O Brasil República também traz uma série de reformas no sistema criminal no Brasil
e, ali, temos uma série de leis que vão garantir a criminalização dessa população
que passa a ser liberta da escravidão. Por exemplo, a Lei da Vadiagem: a
criminalização de pessoas que não tinham trabalho e "vadiavam" pelas ruas.