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LEI 8457/92

Os militares são regidos por um sistema de disciplina e hierarquia e tem a missão de proteger
a soberania nacional. Hoje, no Brasil, temos um contingente de aproximadamente 480 mil militares.
Obviamente estes podem vir a cometer crimes, os quais serão julgados pela Justiça Militar da União.
A Justiça Militar é um ramo especializado do poder judiciário juntamente com a justiça
eleitoral e do trabalho.

• Em 1808 D. João VI cria o Conselho Supremo Militar (não fazia parte do PJ).
• Em 1889 Marechal Deodoro cria o Supremo Tribunal Militar (não fazia parte
do PJ).
• Em 1934 Getúlio Vargas cria o Superior Tribunal Militar e o inclui entre os
órgãos do PJ.
• Nas CF’s de 1946 e 1967 temos uma ampliação da justiça militar.
• Na CF de 1988 temos a Justiça Militar da União a partir do art. 122.

OBS! A Justiça Militar só vai julgar os crimes previstos no Código Penal Militar (crimes
militares). Cuidado! Se um militar cometer um crime comum ele será julgado pela justiça comum.

A justiça militar julgará, nos tempos de paz os crimes militares:

a) Cometidos contra militares e o dever militar;


b) Cometidos contra a administração e o patrimônio militar;
c) Cometidos em locais sob a administração militar.

Ex.: Se um militar comete um homicídio contra civil »»»» Tribunal do Júri. Se um militar
mata outro militar »»»» Justiça Militar

Art. 122 da CF: São órgãos da JMU: O STM e os tribunais e juizes militares, na forma da lei
8457/92.
Justiça Militar da União possui jurisdição em todo território nacional (divisão em
circunscrições)

12 Circunscrições: compreende 19 auditorias (1º grau). Cada auditoria possui um juiz auditor
e um juiz-auditor substituto.

STM  2º grau (os ministros militares permanecem na ativa, não usam toga. O STM julga
com base em um regime de escabinato, ou seja, os ministros militares [10] são leigos e julgam com base
em suas experiências nos quartéis. Já os ministros civis [5] são de carreira e togados e existem
justamente para contrabalancear a rigidez dos militares nos julgados, sendo assim, julgam com base no
notável saber jurídico e experiência nos julgados cíveis)

Auditorias  1º grau

Requisitos para ser Ministro do STM:

a) Nacionalidade: os militares necessitam ser brasileiros natos (art. 12 § 3º da CF), já os civis


podem ser natos ou naturalizados.

b) + 35 – 65 para os civis. Para os militares não há nada expresso. Aplica-se por analogia.

c) Origem:  4 generais oficiais do exército


 3 almirantes de esquadra da marinha
 3 tenentes brigadeiros do ar da aeronáutica
 5 civis, dos quais:

 3 adv. de notável saber jurídico, reputação ilibada e mais de 10 anos de atividade profissional. Não
são escolhidos pela OAB, mas pela Dilmão.
 2 de escolha paritária entre juízes-auditores (1) e membros do MPM (1). Também escolhidos por
Dilmão.

d) Gozo dos D. Políticos


e) Reputação Ilibada

Procedimento: Dilmão indica – Senado Federal – Sabatina na CCJ (23 senadores) – precisa
ser aprovado por um quorum de maioria absoluta (12 senadores) – parecer da CCJ – plenário do SF –
precisa ser aprovado por um quorum de maioria absoluta (41 senadores) – Dilmão nomeia – publicação
no DOU – posse no STM: quando tomam posse se tornam vitalícios.

Critério de Antiguidade:

1º posse;
2º mais antigo na carreira;
3º mais tempo de efetivo exercício no serviço público federal e
4º mais idoso.

O Regimento Interno do STM poderá organizar os ministros em turmas e poderá organizar o


Conselho de Administração (matéria administrativa)

Conselho de Adm.:

Presidente: PRSTM
Integrado pelo VPRSTM e mais 3 ministros

Deliberações do STM: Tanto as judiciais quanto as adm. serão tomadas por maioria absoluta
(8). Sendo que desses 8 é obrigatória a presença de 4 militares e 2 civis.

Rotina da JMU:

Crime  instauração do Inquérito Penal Militar (lembrar que se trata apenas de um


procedimento administrativo sigiloso e que por isso não há contraditório, ampla defesa e testemunha 
Juiz-Auditor  MPM poderá:
a) requerer o arquivamento  J.A.  arquivamento
b) oferecer a denúncia  juiz recebe  juiz convoca o CPJ (graduados e praças)
c) oferecer a denúncia  juiz recebe  juiz convoca o CEJ (oficiais)

São Órgãos da JM:

1 – STM;
2 – Auditoria de Correição (órgão de fiscalização e orientação jurídico-adm.);
Um juiz auditor
Um diretor de secretaria
Auxiliares do quadro
3 – Conselhos de Justiça;
4 – Juizes Auditores e Juizes Auditores Substitutos;
Provimento: concurso realizado pelo STM/OAB
Requisitos: nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado)
+25 – 40 anos, salvo se ocupante de função pública
Bacharel em direito
Mínimo de 3 anos de prática jurídica

CIRCUNSCRIÇÕES JUDICIÁRIAS MILITARES

Nº Estados Abrangidos Nº de Auditorias


1ª Rio de Janeiro e Espírito Santo QUATRO
2ª São Paulo DUAS
3ª Rio Grande do Sul TRÊS
4ª Minas Gerais UMA
5ª Paraná e Santa Catarina UMA
6ª Bahia e Sergipe UMA
7ª Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas UMA
8ª Pará, Amapá e Maranhão UMA
9ª Mato Grosso do Sul e Mato Grosso UMA
10ª Ceará e Piauí UMA
11ª Distrito Federal, Goiás e Tocantins DUAS
12ª Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia UMA

 As jurisdições das auditorias são mistas, conhecendo dos feitos da marinha, exército e
aeronáutica.
 Nas circunscrições com mais de uma auditoria e sedes coincidentes a distribuição dos
feitos cabe ao juiz mais antigo. Nas circunscrições com mais de uma auditoria e sedes na mesma cidade
em processos indiciados somente civis a distribuição dos feitos cabe ao juiz mais antigo.

Composição das Auditorias:

a) 1 Juiz-Auditor
b) 1 Juiz-Auditor Substituto
c) 1 Diretor de Secretaria
d) 2 Oficiais de Justiça Avaliadores
e) Demais auxiliares

CONSELHOS DE JUSTIÇA

 Funcionarão da sede da auditoria (regra)


 Juízes militares serão sorteados dentre os oficiais da carreira na auditoria (regra)
 Instalação: a lei fala em maioria dos membros, não é maioria absoluta, nem simples
(obrigatório a presença do JÁ+Presidente do Conselho)
 Para a instalação pode ser maioria dos membros, mas para o julgamento é obrigatória a
presença de todos!
 Os Juízes militares ficam dispensados nos dias de julgamento das obrigações nas
organizações que fazem parte
 Para a escolha dos Juízes militares será organizada uma lista pelos comandantes:
a) Trimestral.
b) Com os dados do pessoal tais como o posto, a antiguidade e o local de serviço.
c) Será publicada em boletim.
d) Será remetida ao JÁ até o 5º dia do último mês do trimestre.
e) Se for necessária alguma alteração ou retificação esta será feita mensalmente.
f) Se não for remetida uma lista nova, será usada a anterior.
Cuidado com a pegadinha!!! A organização da lista é trimestral, mas a alteração e atualização
é mensal.

Conselho Especial (julgará oficiais superiores, intermediários e subalternos).

Composição:

a) JA
b) 4JM

Presidência:

1 Of. General (em regra será o presidente). Porém, pode acontecer de não haver nenhum
general na circunscrição, sendo recorrido assim a um Of. Superior para exercer a presidência. Este será
de posto mais elevado ou mais antigo na carreira que os demais juízes.

 Haverá um sorteio para a escolha dos 4JM a ser realizado pelo JA em audiência pública,
com a presença do MPM, do diretor de secretaria e do acusado (somente quando preso).

 O STM poderá autorizar o funcionamento dos CJ fora da sede habitual.

 Não há suplentes para os juízes militares.

Conselho Permanente (julgará praças e graduados)

Composição

a) JA
b) 1 Of. Sup. (Presidente)
c) 3 Of. de posto até Capitão

 Também há um sorteio para a escolha dos 4JM a ser realizado pelo JA em audiência
pública, com a presença do MPM e do diretor de secretaria. Diferentemente do Conselho Especial, no
Permanente não há a possibilidade do acusado presenciar o sorteio. Esse sorteio ocorrerá entre os dias 5
e 10 do último mês do trimestre.

 Haverá sorteio de suplentes – 1 Of. Sup. que substituirá o PRCON. e 1 Of. de posto até
capitão ou capitão-tenente para substituir os demais.

 O mandato dos membros será de três meses prorrogáveis por igual período. O oficial que
tiver integrado o conselho em regra não será sorteado para o trimestre seguinte, salvo quando for
insuficiente o quantitativo de oficiais.

JUIZ-AUDITOR

Ingresso na carreira no cargo de juiz-auditor substituto e promoção ao cargo de juiz-auditor.


Topo da carreira: juiz-auditor corregedor. Lembrar que ministro do STM não é carreira.

O juiz-auditor corregedor é escolhido em escrutínio secreto realizado pelo STM dentre os


juízes-auditores.
Requisitos para ingresso na carreira:

a) Nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado)


b) +25 – 40 anos, salvo de ocupante de cargo ou função pública
c) Bacharel em direito
d) Gozo dos D. políticos
e) Prática jurídica de três anos nos últimos 10 anos
f) Concurso de provas e títulos realizado pelo STM/OAB

 Quem dá posse ao juiz-auditor subst. é o PRSTM e quem dá posse aos ministros do STM
é o próprio STM

 Prazo para posse: 30 dias, prorrogáveis por igual período.


 Prazo para entrar em exercício: 30 dias improrrogáveis
 Só pode ser promovido a juiz-auditor quem é vitalício, ou seja, após 2 anos de efetivo
exercício e só quando houver vaga.

Promoção: alternadamente entre antiguidade e merecimento.

Ao se auferir a antiguidade, se a data da posse for a mesma, o desempate se dará em favor


daquele que obteve melhor classificação no concurso.

Terá direito à promoção o juiz que figurar por 3x consecutivas ou 5x alternadas em lista de
merecimento (art. 94 CF)

 O tribunal somente pode recusar a promoção de juiz pelo quorum de maioria qualificada
dos seus membros (2/3)

Antiguidade de JA  divulgação anual de uma lista  prazo de publicação até 31/1 


prazo para reclamação 30 dias.

CRITÉRIOS DE ANTIGUIDADE

JUÍZES-AUDITORES MINISTROS DO STM


1. maior tempo de efetivo exercício 1. posse
2. melhor classificação no concurso 2. maior antiguidade na carreira
3. maior tempo de serviço na posse 3. maior tempo de serviço público federal (JM)
4. maior tempo de serviço na carreira da mag. JM. 4. idade
5. maior tempo de serviço público federal (JM)
6. idade

COMPETÊNCIAS JURISDICIONAIS DO STM

Regra geral, o quorum para decisões é de maioria absoluta, ou seja, 8 ministros, sendo que
desses é obrigatória a presença de 4 militares e 2 civis.

 No entanto, existem algumas competências do tribunal que devido a sua importância a lei
confere um quorum maior para as decisões (2/3 = 10). São elas:

1) Representação por decretação de indignidade ao oficialato. Ou seja, o tribunal irá decidir


se o militar é digno de ser um representante as forças armadas, e em caso negativo ele perderá a patente.

2) Representação formulada pelo MPM/CJ/JA/ADV.


3) Processos originários do conselho de justificação. Conselho de justificação??? É um
conselho que julga a incapacidade do militar para permanecer na ativa. Esse conselho tem uma
participação essencial em tempos de guerra onde será aplicada normalização própria.

4) Remoção de JA

5) Aposentadoria por invalidez

São essas 5. O resto é tudo maioria absoluta! São elas:

1) Processar e julgar oficiais generais por meio da ação penal originária. O relator nesse caso
será um ministro civil (pegadinha violenta na hora da prova!). Haverá um revisor, que a lei não diz se é
civil ou militar.

2) Os remédios const. tirando o mandado de injunção. HC/HD/MS. O MS contra atos do


tribunal, do PRSTM e das autoridades militares. Veja a nova lei do MS.

3) Revisão de processos findos (revisão criminal, recurso contra decisão criminal).

4) Reclamação, que tem por objetivo a manutenção da competência.

5) Proc. Adm. envolvendo ministros do tribunal, tais como perda do cargo, disponibilidade e
remoção
6) Julgar embargos de declaração (visa tornar clara uma decisão omissa ou obscura),
embargos infringentes (recurso contra decisão não unânime) e embargos de nulidade (exclusivo da
justiça militar: recurso contra decisão não unânime do recurso em sentido estrito/apelação/conselho de
justificação/ação penal originária).

7) Os pedidos de correição parcial (corrige uma falha adm.).

8) Apelações e recursos oriundos do 1º grau de jurisdição (auditorias)

9) Julgar os incidentes processuais: O STM apenas julgará os fatos novos surgidos na


instrução processual quando se tratar de Of. General.

10) Processos oriundos do Conselho de Justificação.

11) Agravo regimental: recurso contra decisão monocrática. É o recurso contra decisão
monocrática impetrado contra ato do relator.

12) Conflito de competências entre Conselhos, J.A. e autoridades adm. e jud.

13) Pedidos de desaforamento: deslocamento do foro de julgamento. O STM autoriza o


deslocamento de uma competência de uma CJ para outra.

14) Declaração de inconstitucionalidade. Q=M.A.

15) Avocatória

16) Determinar medidas preventivas. Ex.: prisão preventiva

17) Conceder ou revogar menagem: forma de prisão provisória sendo classificada em:
a) Menagem liberdade: onde será concedida a liberdade mediante o pgto de fiança
b)Menagem especial: corresponde à execução de prisão especial mediante requerimento da
parte,
18) Determinar a restauração dos autos extraviados

COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS DO STM

1) Recursos contra atos do PRSTM (inclusive alguma prevista na lei 8112)

2) Recursos contra as penalidades aplicadas por JAC, JA e Conselhos (inclusive alguma


prevista na lei 8112)

3) Elaborar seu regimento interno

4) Remeter ao MPM cópias peças (doc.) quando houver indícios de crime

5) Deliberar sobre o Plano de correição (plano bienal advindo da auditoria de correição). O


tribunal apenas irá aprovar. Não entra no mérito. Quem manda esse plano ao STM é o JAC.

6) Organizar suas secretarias e serviços auxiliares

7) Prover os cargos por meio de concurso

8) Propor ao legislativo (depende de leis): alteração no nº de membros, criação/extinção de


cargos e a fixação de vencimentos

9) Sanções disciplinares aos magistrados (JA) e aos próprios ministros. Aos servidores é a
chefia imediata

10) Alterações na lei 8457/divisão da JMU. Para essa alteração é necessária a apresentação
de um PL ordinária. Para que seja alterada a divisão da JMU será necessário que na CJ tenha em
atividade no mínimo 20 mil militares.

11) Eleger o PRSTM/VPRSTM. Serão eleitos dentre os ministros para mandato de 2 anos
vedada a recondução. Q=M.A.

12) Concessão de férias, licenças e aposentadorias

13) Aprovar as instruções para concurso de JA/servidores

14) Aprovar a proposta orçamentária (encaminhada ao leg.)

15) homologação de resultados de concursos

16) Apreciar as reclamações relativas à lista de antiguidade de JA. A lista é publicada até
31/01 e os JA tem 30 dias para reclamarem.

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