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DISCIPLINA: Direito Constitucional

PROFESSOR: Bernardo Fernandes


MATÉRIA: Processos Legislativos Especiais/ Poder Executivo/ Procedimento/Julgamento

Indicações bibliográficas:
• Curso de Direito Constitucional, Bernardo Gonçalves Fernandes

Leis e artigos importantes:


• Art. 85,86, 89, 90 e 91 da CRFB/88
• Súmula Vinculante 46

Palavras-chave:
• Crime de Responsabilidade
• Crime Comum

TEMA: Processos Legislativos Especiais/ Poder Executivo/ Procedimento/Julgamento

PROFESSOR: Bernardo Fernandes

O Conselho da República e o Conselho da Defesa são órgãos de consulta do Presidente


da República que emitem pareces não vinculantes.

Conselho da República Conselho de Defesa


(defesa da soberania nacional
e do Estado Democrático)
Funções Emite parecer sobre o Estado Emite parecer sobre o Estado
de Defesa, Estado de Sítio e de Defesa, Estado de Sítio e
Intervenção Federal Intervenção Federal. Art. 91
§1º inc. I, II, III e IV da
CRFB/88
Composição Vice Presidente da República, Vice Presidente da República,
Presidente da Câmara dos Presidente da Câmara dos
Deputados, Presidente do Deputados, Presidente do
Senados, os líderes da maioria Senados, Ministro da Justiça,
e minoria da Câmara, líderes Ministro da Defesa, Ministro
da maioria e minoria do das Relações Exteriores,
Senado, Ministro da Justiça e Ministro do Planejamento,
6 brasileiros natos. Art. 89 inc. Comandantes da Marinha,
I, II, III, IV, V, VI e VII da Comandantes do Exército e
CRFB/88. Comandantes da Aeronáutica.

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Crimes cometidos pelo Presidente da República

• Imunidade material – o Presidente da República não é dotado de imunidade material.


• Imunidade formal – o Presidente da República vai ter imunidade formal em relação a
prisão e ao processo.

Art. 86 da CRFB/88 - Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois


terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado
Federal, nos crimes de responsabilidade.

§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o


Presidente da República não estará sujeito a prisão.

§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser


responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. (cláusula de
Irresponsabilidade Penal Relativa – In officio – Propter officium).

Observação: Imunidade Formal em relação ao Processo: crime de responsabilidade –


Senado / crime comum – STF – após autorização da Câmara dos Deputados por 2/3 dos
membros.

• Crimes de Responsabilidade – são infrações políticos-administrativas praticadas pelo


Presidente da República, definidas em legislação federal que atentam contra a Constituição
e especialmente contra o rol do artigo 85 da Constituição. A lei 1.079/50 regulamenta os
crimes de responsabilidade do Presidente da República e dos Governadores. O decreto-lei
201/67 regulamenta os crimes de responsabilidade dos prefeitos.

Súmula vinculante 46 - A definição dos crimes de responsabilidade e o


estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da
competência legislativa privativa da União.

Art. 85 da CRFB/88 - São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da


República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e


dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

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VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as
normas de processo e julgamento.

➢ Observação: O rol elencado no do art. 85 da CRFB/88 é exemplificativo.

• Procedimento para o julgamento do Crime de Responsabilidade cometido pelo


Presidente da República

➢ 1ª Fase: Câmara dos Deputados – admissibilidade para um futuro processo no


Senado (2/3 dos Deputados para a autorização)

➢ 2ª Fase: Senado Federal – será processado e julgado (2/3 dos senadores para a
condenação).

1ª Observação: 1) Perda do Cargo (impeachment); 2) Inabilitação para o exercício


de funções púbicas por 8 anos.

➢ Observações importantes para provas:

1. É necessário, devido ao art. 14 da Lei nº 1.079/50 que um cidadão (indivíduo


dotado de capacidade eleitoral ativa) apresente a denúncia (acusação)
contra o Presidente da República na Câmara dos Deputados.

2. O Presidente da Câmara faz um juízo prévio de admissibilidade da denúncia e


pode já rejeitá-la liminarmente se entender que o pedido apresentado é inepto
e não tenha regularidade formal ou que não tinha justa causa (conteúdo).
Assim, seu papel no recebimento dessa denúncia não é meramente
burocrático, havendo um juízo decisório.

3. Se o Presidente da Câmara dos Deputados aceita a denúncia/acusação ele


inicia o procedimento. Presidente da Câmara, após receber a denúncia,
determina que ela seja lida na sessão seguinte da Casa e que seja eleita uma
comissão especial para analisar o pedido formulado.

4. A Câmara dos Deputados, portanto, elegerá uma comissão especial que irá
elaborar um parecer sobre a denúncia (se ela deve ou não ser objeto de
deliberação). Essa comissão é formada por 65 Deputados Federais (titulares)
e mais 65 suplentes.

5. Haverá direito de defesa do Presidente em 10 sessões. Posteriormente a


defesa do Presidente será elaborado o parecer da comissão. Submetido a
votação na comissão.

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6. Posteriormente o parecer vai a plenário para a votação. Quórum para
autorizar um futuro processo (2/3 dos Deputados em votação aberta)

7. Autorizado o processo, o senado não é obrigado a iniciar o processo. Afirmou


o STF na ADPF nº378, que a Câmara não funciona como um “tribunal de
pronúncia”, mas apenas implementa ou não uma condição de
procedibilidade para que a acusação prossiga no Senado. Nesse sentido,
a atuação da Câmara dos Deputados deve ser entendida como parte de um
momento pré-processual, isto é, anterior à instauração do processo pelo
Senado.

8. O Senado vai decidir se inicia ou não o processo por maioria simples. Se ele
iniciar o processo, o Presidente ficará suspenso de suas funções por 180
dias.

9. O Processo e seu julgamento serão conduzidos pelo Presidente do STF.


Haverá direito de defesa no processo e também no julgamento.

• Julgamento do caso Collor e do caso Dilma

➢ Caso Collor:
✓ O Presidente renúncia ao cargo – os advogados vão alegar que não poderá
haver o julgamento para o impeachment já que houve a renúncia.
✓ Os advogados do ex. Presidente alegavam que a sanção de inabilitação para
o exercício das funções públicas seria acessória da principal (impeachment),
então, Collor não poderia ser julgado já que havia renunciado ao cargo.
✓ Os senadores decidiram que ambas as penas eram principais, portanto, o
Collor não poderia ser condenado a perda do cargo e o julgamento deveria
continuar para a outra sanção: a inabilitação para o exercício das funções
públicas.
✓ Collor foi condenado a inabilitação para o exercício das funções públicas.
✓ Resolução 101/1992 do Senado

➢ Caso Dilma:
✓ Não houve renúncia
✓ Condenada a perda do cargo (61X20)
✓ Não foi condenada a inabilitação para o exercício das funções públicas
✓ Art. 52 da CRFB/88 - Compete privativamente ao Senado Federal:
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como
Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação,
que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado
Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o
exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
cabíveis.

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✓ art. 1º , I, “K” da Lei da Ficha Limpa - o Presidente da República, o
Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do
Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara
Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a
abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição
Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal
ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem
durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e
nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura;

• Julgamento dos Crimes comuns cometidos pelo Presidente da República

➢ Conceito

➢ Fases

1ª Fase – STF – Análise da irresponsabilidade penal relativa

2ª Fase – Câmara dos Deputados – (após a autorização da Câmara o STF vai


decidir se inicia ou não o processo)

3ª Fase – STF – Processamento e Julgamento (iniciada a ação penal o Presidente


vai ficar suspenso de suas funções por 180 dias). Lei 8.038/90, Regimento interno
do STF e subsidiariamente o Código de Processo Penal.

✓ Observação: Perda do Mandato: Sobre a questão atinente à perda do


mandato existem duas possibilidades. A primeira é se na própria decisão
condenatória o STF determinar a perda do mandato eletivo, nos termos do
art. 92, I, do Código Penal. A segunda será se o STF não determinar na
condenação a perda do mandato. Nesse caso, certo é que o Presidente não
perderá o mandato pela condenação em si, mas perderá o mandato pelos
efeitos reflexos da condenação à luz do art. 15, III da CFRB/88. Portanto,
nesse caso, haverá a perda do mandato não por determinação direta do
STF, mas, como dito, por efeitos reflexos da condenação que vão de
encontro ao art. 15, III da CFRB/88. Esse determina que haverá a suspensão
dos direitos políticos na hipótese de condenação criminal transitada em
julgado. Nesse caso, com os direitos políticos suspensos (sem o exercício da
capacidade eleitoral ativa e passiva, ou seja, sem poder votar e ser votado), o
Presidente perderá o mandato.

✓ Temos ainda que, nos termos da Lei Complementar nº 135/2010,


dependendo do crime em que o Presidente foi condenado (nos termos do art.
1, I “e” da LC nº 135/2010) ele poderá ficar inelegível (sem capacidade
eleitoral passiva) desde a condenação até o transcurso de 8 (oito) anos
após o cumprimento da pena.

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