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TÍTULO IV – DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES – Art. 44 – 135 CRFB/88

 CAPÍTULO I – DO PODER LEGISLATIVO – Art. 44 – 75 CRFB/88.


 CAPÍTULO II – DO PODER EXECUTIVO – Art. 76 – 91 CRFB/88.
 CAPÍTULO III – DO PODER JUDICIÁRIO – Art. 92 – 126 CRFB/88.
 CAPÍTULO IV – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA – Art. 127 – 135 CRFB/88.
→ CAPÍTULO II – DO PODER EXECUTIVO – Art. 76 – 91 CRFB/88:
 Função Típica = Administrar
Administração exercida pelo Presidente da República auxiliado pelos Ministros de Estado.

C.R
Art. 89 C.D.N
PODER EXECUTIVO ============ Presidente- Art. 76
ART Art.91

Ministros de Estado – Art. 87 CRFB/88

→ DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
→ Eleição do chefe do Chefe do Poder Executivo:
 1º Domingo de Outubro (1º Turno)
 Último Domingo de Outubro (2º Turno)
OBS: Vale para Prefeito e Governador (art. 28; 29, II da CRFB)
 Eleição via sistema majoritário – art 77,§ 2º, CRFB (considera eleito o candidato que obtiver maioria
absoluta dos votos, não computados os em brancos e os nulos).
MUITA ATENÇÃO: No caso do MUNICÍPIO a eleição poderá ocorrer em um só turno, considerando-se
eleito o candidato com maior votação, apenas será observada a regra do artigo 77 da CRFB/88 para aqueles
municípios com mais de duzentos mil eleitores – art. 29, II, da CRFB/88.
 Em caso de empate, classifica-se o mais idoso - PARA O 2º LUGAR.
ATENÇÃO: O mais idoso é classificado para concorrer ao segundo turno e não para ser eleito em caso de
empate. Quando o candidato não obtiver a maioria absoluta dos votos far-se-á nova eleição, (perceba que
não é novo turno de votação, mas sim nova eleição), conforme artigo 77, §3º, CRFB.
 Candidato eleito tem 10 dias para tomar posse sob pena de ser declarado vago o cargo, conforme art.
78, parágrafo único, CRFB. Contados do dia 01/01 – art. 82, CRFB/88.
 A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado –art. 77, §1°,
CRFB/88.
 Não poderá o Presidente E o Vice-Presidente, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do
país por mais de 15 dias, sob pena de perda do cargo – art. 83, CRFB/88. Com a devida licença do
Congresso Nacional nada obsta a ausência por mais de 15 dias – art. 49, III, da CRFB/88.

→ EM CASO DE VACÂNCIA DO CARGO DE PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE – ART. 80,


CRFB.
 Será CHAMADO sucessivamente ao exercício da Presidência:
Presidente da Câmara dos Deputados
Presidente do Senado Federal
Presidente do STF

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OBS: Declarado vago o cargo de Presidente e Vice-Presidente antes do termino do 2º ano do mandato, far-
se-á eleição em 90 (noventa) dias, após aberta a última vaga, (eleição direta – art. 81, da CRFB/88).
OBS: Declarado vago o cargo de Presidente e Vice-Presidente após o 2º ano do mandato, far-se-á eleição em
30 (trinta) dias, após aberta a última (eleição indireta – pelo Congresso Nacional, na forma da lei – art. 81,
§1°, da CRFB/88).
ATENÇÃO: Em qualquer dos casos OS ELEITOS (e não aqueles que foram chamados ao exercício da
presidência em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente) deverão completar o período de
seus antecessores – art. 81, §2°, CRFB/88.
MUITA ATENÇÃO: ADPF 402 – Que decide sobre réus perante a Corte (STF) se podem ou não exercer o
cargo de presidente mesmo estando na linha de substituição da presidência da República.

Réus em ação penal perante o Supremo Tribunal Federal (STF) não podem substituir presidente da
República. Com base nesse entendimento, o Plenário do STF decidiu nesta quarta-feira (7) que, na
condição de réu, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) não poderá substituir o presidente da
República em seus impedimentos eventuais. A maioria dos ministros, porém, votou pela manutenção
no cargo de presidente do Senado, referendando parcialmente liminar concedida na segunda-feira (5)
pelo ministro Marco Aurélio, que determinava o afastamento do senador da presidência daquela Casa.
A decisão se deu no referendo da liminar proferida na Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 402, na qual a Rede Sustentabilidade questiona a possibilidade de réus em ação
penal perante o STF poderem ocupar cargos que estão na linha de substituição na Presidência da
República. O julgamento de mérito da ADPF, iniciado em 3 de novembro, foi suspenso por pedido de
vista do ministro Dias Toffoli. Na ocasião, cinco ministros votaram acompanhando o relator no sentido
da procedência da ação. Diante do recebimento de denúncia contra Renan Calheiros pelo STF em 1º
de dezembro, a Rede pediu o seu afastamento, o que foi deferido pelo ministro Marco Aurélio.
Na sessão de hoje, a liminar foi referendada apenas em parte. Para seis ministros, não há risco iminente
que justifique o afastamento do senador do cargo, sendo suficiente a restrição de ocupar a presidência
da República.

→DAS ATRIBUIÇÕES DELEGÁVEIS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA – Art. 84, parágrafo


único, CRFB.
 DIS: Dispor mediante decreto, sobre:
 CO: Conceder indulto e comutar penas
 PRO: Prover os cargos públicos federais, na forma da lei.

ATENÇÃO: Essas atribuições são delegáveis para:


 AGU – Advogado Geral da União
 PGR – Procurador Geral da República
 Ministros de Estado
OBS: O STF firmou entendimento que para o provimento contempla também o desprovimento.
OBS: Não pode o Presidente delegar para extinção de cargo público, na forma do inciso XXV (na forma da
lei), mas sim e apenas na forma do inciso VI, b (extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos).

→ DOS MINISTROS DE ESTADO – Art. 87, CRFB.


Requisitos para ser Ministro de Estado:
 Ter + de 21 (vinte e um) anos.
 Em pleno gozo do exercício dos direitos políticos.
É nomeado pelo próprio Presidente da República, conforme art. 84, I, CRFB, sendo de livre nomeação e
exoneração.

→ DO CONSELHO DA REPÚBLICA – Art. 89, CRFB.


É órgão de consulta do Presidente da República, tem por competência PRONUNCIA-SE:
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 Estado de exceção (Estado de Defesa – Estado de Sítio – Intervenção Federal).


 Questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

OBS: O conselho da República apenas se PRONUNCIA sobre essas duas hipóteses, portanto frise nesses
dois, pois na prova o que estiver fora do mencionado acima será da competência do Conselho de Defesa
Nacional.

COMPOSIÇÃO: 3P – 2L – 1M – 6Ci
 Vice – Presidente da República;
 Presidente da Câmara dos Deputados;
 Presidente do Senado Federal;
 Os Líderes da maioria e da minoria da Câmara dos Deputados;
 Os Líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
 Ministro da Justiça;
 6 Cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 anos de idade, sendo 2 nomeados pelo Presidente da
República, 2 eleitos pelo Senado Federal e 2 eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato
de 3 anos, vedada a recondução.

→ DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL – Art. 91, CRFB.


É órgão de consulta do Presidente da República, têm por competência, assuntos sobre:
 Soberania Nacional.
 Defesa do Estado Democrático.
 Opinar nas hipóteses de declaração de Guerra e de celebração de Paz.
 Opinar sobre Estado de Exceção (Estado de Defesa – Estado de Sítio – Intervenção Federal).
 Propor critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança nacional e opinar sobre
seu efetivo uso.
 Estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a
independência nacional e defesa do Estado democrático.

ATENÇÃO: Os dois são órgãos de consulta do Presidente da República, portanto o Presidente não fica
vinculado as suas opiniões, em que pese ele seja obrigado a ouvir os órgãos de cúpula esse não se vinculado
as suas opiniões.
OBS: Ambos os Conselhos são presididos pelo Presidente da República – art. 84, XVIII, CRFB/88.
COMPOSIÇÃO: 3P – 4M – Co
 Vice – Presidente da República;
 Presidente da Câmara dos Deputados; Até aqui igual ao Conselho da República.
 Presidente do Senado Federal;
 Ministro da Justiça;

 Ministro de Estado da Defesa;


 Ministro das Relações Exteriores;
 Ministro do Planejamento;
 Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

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→ DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA – Art. 85 cc 86, CRFB.


 Procedimento para instauração do processo:

Denúncia Senado
Câmara Federal
dos
deputado
s
Admite acusação por maioria simples da
É permitido a qualquer Admite acusação casa (segundo entendimento do STF – ADPF
cidadão denunciar o por 2/3 dos seus 378).
Presidente da República membros * Admitida a acusação instaura-se o
ou Ministro de Estado, (maioria processo no próprio Senado.
por crime de qualificada).
responsabilidade, * Após a instauração do processo
perante a Câmara dos Presidente fica suspenso de suas atividades
Deputados. Art. 14 da pelo prazo de 180 dias.
lei 1.079/50.
* Decorrido o prazo sem conclusão do
julgamento, Presidente retorna, sem prejuízo
para o processo – art. 86, §2°,CRFB/88.

* O Senado será presidido pelo Presidente


do STF, conforme Art. 52, parágrafo único,
CRFB.

* A condenação no Senado será proferida


por 2/3 dos votos (maioria qualificada).

* A condenação consiste em perda do cargo,


COM inabilitação por 8 anos para o
exercício de função pública, sem prejuízos
das demais sanções cabíveis.

ADPF 378 - II. MÉRITO: PONTOS DE DIVERGÊNCIA COM O RELATOR 1. PAPEIS DA


CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL NO PROCESSO DE IMPEACHMENT
(ITENS “C”, “G”, “H” E “I”): 1.1. Apresentada denúncia contra o Presidente da República por crime
de responsabilidade, compete à Câmara dos Deputados autorizar a instauração de processo (art. 51, I,
da CF/1988). A Câmara exerce, assim, um juízo eminentemente político sobre os fatos narrados, que
constitui condição para o prosseguimento denúncia. Ao Senado compete, privativamente,
“processar e julgar” o Presidente (art. 52, I), locução que abrange a realização de um juízo
inicial de instauração ou não do processo, isto é, de recebimento ou não da denúncia autorizada
pela Câmara. 1.2. Há três ordens de argumentos que justificam esse entendimento. Em primeiro
lugar, esta é a única interpretação possível à luz da Constituição de 1988, por qualquer enfoque que
se dê: literal, histórico, lógico ou sistemático. Em segundo lugar, é a interpretação que foi adotada
pelo Supremo Tribunal Federal em 1992, quando atuou no impeachment do então Presidente Fernando
Collor de Mello, de modo que a segurança jurídica reforça a sua reiteração pela Corte nesta ADPF. E,
em terceiro e último lugar, trata-se de entendimento que, mesmo não tendo sido proferido pelo STF
com força vinculante e erga omnes, foi, em alguma medida, incorporado à ordem jurídica brasileira.
Dessa forma, modificá-lo, estando em curso denúncia contra a Presidente da República, representaria
uma violação ainda mais grave à segurança jurídica, que afetaria a própria exigência democrática de
definição prévia das regras do jogo político. 1.3. Partindo das premissas acima, depreende-se que não
foram recepcionados pela CF/88 os arts. 23, §§ 1º e 5º; 80, 1ª parte (que define a Câmara dos
Deputados como tribunal de pronúncia); e 81, todos da Lei nº 1.079/1950, porque incompatíveis com
os arts. 51, I; 52, I; e 86, § 1º, II, todos da CF/1988.
3. RITO DO IMPEACHMENT NO SENADO (ITENS “G” E “H”): 3.1. Por outro lado, há de se
estender o rito relativamente abreviado da Lei nº 1.079/1950 para julgamento do impeachment pelo
Senado, incorporando-se a ele uma etapa inicial de instauração ou não do processo, bem como uma
etapa de pronúncia ou não do denunciado, tal como se fez em 1992. Estas são etapas essenciais ao
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exercício, pleno e pautado pelo devido processo legal, da competência do Senado de “processar e
julgar” o Presidente da República. 3.2. Diante da ausência de regras específicas acerca dessas
etapas iniciais do rito no Senado, deve-se seguir a mesma solução jurídica encontrada pelo STF
no caso Collor, qual seja, aplicação das regras da Lei nº 1.079/1950 relativas a denúncias de
impeachment contra Ministros do STF ou contra o PGR (também processados e julgados
exclusivamente pelo Senado). 3.3. Conclui-se, assim, que a instauração do processo pelo Senado
se dá por deliberação da maioria simples de seus membros, a partir de parecer elaborado por
Comissão Especial, sendo improcedentes as pretensões do autor da ADPF de (i) possibilitar à própria
Mesa do Senado, por decisão irrecorrível, rejeitar sumariamente a denúncia; e (ii) aplicar o quórum
de 2/3, exigível para o julgamento final pela Casa Legislativa, a esta etapa inicial do processamento.
MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (grifos nossos)

→ DA IMUNIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA – Art. 86, §3º,§4º, CRFB.


 Imunidade formal:

Art. 86, §3º, CRFB “Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações
comuns o Presidente da República não estará sujeito a prisão.”
Ex: Presidente atira e mata seu inimigo político.
Este só será preso após sentença condenatória, não podendo ser preso em flagrante delito, nem mesmo que
seja por praticar crimes inafiançáveis (imunidade formal).
 Imunidade processual ou irresponsabilidade penal relativa:

Art. 86, §4º, CRFB “O Presidente da República, na vigência do seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções”.

Segundo o artigo acima, na vigência do mandado do Presidente da República, este só responde ao


que tiver ligação estrita com sua função. É uma maneira de garantir o livre exercício do Poder Executivo fora
de eventuais ingerências políticas capazes de utilizar o Poder Judiciário como uma via de inviabilizar o
governo por motivos estranhos à função de Presidente.
Assim, diante o exercício do mandato o Presidente, quanto a algo que não diga respeito a suas funções,
não poderá ser perseguido criminalmente. Isso não impede eventual inquérito, mas o processo penal não irá
tramitar. Isso suspende, implicitamente, o prazo prescricional.
Ex: Presidente atira e mata o amante da sua esposa.
Este só será responsabilizado pelo crime praticado após o termino do seu mandato, no juízo a quo (de
primeiro grau). Por ser tratar de crime doloso contra a vida, será julgado pelo tribunal do júri.

Existência de condição de procedibilidade específica para o STF receber uma


denúncia em face do Presidente da República: deve-se destacar que é sobre fatos exercidos no exercício
do mandato.
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
Presidente da República e os Ministros de Estado;
MUITA ATENÇÃO: ADI – 5540
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na sessão desta quarta-feira (3) o julgamento
da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5540, proposta pelo partido Democratas (DEM), e
decidiu, por maioria de votos (9 a 2), que não é necessária a licença prévia da Assembleia Legislativa
de Minas Gerais (AL-MG) para o recebimento da denúncia ou queixa-crime e a instauração de ação
penal contra o governador do estado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por crime comum. A
ação foi julgada parcialmente procedente para dar ao artigo 92, parágrafo 1º, inciso I, da Constituição
mineira interpretação conforme a Constituição Federal no sentido da desnecessidade de tal
autorização. Com esse julgamento, o STF alterou a jurisprudência até então existente e deu início aos
debates para a edição de uma súmula vinculante com o objetivo de pacificar a matéria.

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Portanto, cuidado, pois o artigo 51, I da CRFB/88 NÃO é de reprodução obrigatória


às constituições estaduais, muito pelo contrário, é norma de REPRODUÇÃO
PROIBIDA para constituição estadual.

A Câmara dos Deputados autoriza que o STF receba a denúncia. A Câmara dos Deputados não é
órgão julgador, apenas procede com a autorização, sendo que o STF seguirá com o processo penal de
competência originária do Supremo. Após essa autorização há o recebimento ou não da denúncia, como um
processo qualquer. A suspensão só ocorre se houver o recebimento da denúncia, conforme o art. 86, §1º, I,
da CRFB.
Prerrogativas de governadores e prefeitos: A CRFB silencia quanto a essas prerrogativas de
governadores e prefeitos. A CRFB foi detalhista quanto à Presidente da República, mas foi bem vaga quanto
a governador e prefeito. Em razão disso, há a possibilidade de sustentar a incidência do princípio da simetria.
O exercício do poder constituinte derivado decorrente, ou seja, de instituir Constituições Estaduais, é
pautado pelo princípio da simetria, que deve observar as normas de reprodução obrigatória da CRFB.

Exemplo: a CRFB fala que os poderes da União são o Legislativo, Executivo e Judiciário. Assim,
não pode a Constituição Estadual mencionar que são poderes do Estado o Legislativo, Executivo e o
Ministério Público. Em razão do princípio da simetria, as Constituições Estaduais devem observar o modelo
estadual no que for cabível, conforme o art. 25 da CRFB:

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem observados os
princípios desta Constituição.

Por isso surge a tese da reprodução obrigatória nas Constituições Estaduais das prerrogativas do
Presidente da República, desde que adaptadas, para o contexto Estadual.

Ocorre que, o entendimento do STF é de que NÃO É POSSÍVEL ESTENDER ESSAS


PRERROGATIVAS, materiais e processuais, do Presidente da República. Para tanto fundamenta nos
seguintes argumentos:

 Inicialmente, a competência para legislar sobre penal e processo penal é da União, em decorrência
do art. 22, I, da CRFB:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;

 Súmula Vinculante n°46


 Súmula 722 STF
 O Presidente e Governador não são cargos iguais capaz de incidir a simetria. O Presidente é chefe de
governo e chefe de estado, enquanto o governador e prefeito são apenas chefes de governo. O
governador exerce a função de chefe de governo do ente federativo Estado e o prefeito do ente
federativo Município. O presidente não é um cargo análogo no plano federal, vez que também é chefe
de estado.
 Princípio Republicano, da responsabilização dos governantes. Pelo princípio republicano impõe
sempre uma interpretação restritiva de eventuais prerrogativas que imunizem
alguém no exercício do poder da responsabilização de seus atos diante de uma lacuna. A
lógica de direito fundamentais é uma interpretação extensiva. Os prefeitos, basicamente, só possuem

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o foro de prerrogativa de função. Não há como estender aos prefeitos, nem com existência de previsão
expressa na Lei Orgânica, dessas prerrogativas.

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EXERCÍCIO 01 - Peça
Considere que uma organização não governamental, cujo objeto social seja a preservação do cerrado
e do patrimônio histórico brasileiro, constante que um grande produtor rural, Sr. José dos Tratores está
desmatando uma grande extensão de determinada área de proteção ambiental, restando na referida região,
inclusive, reminiscências históricas de antigos quilombos.
Nessa situação hipotética, no intuito de evitar danos ao meio ambiente e ao valor histórico do local,
na qualidade de advogado contratado por referida organização (ADCPH – ASSOCIAÇÃO EM DEFESA
DO CERRADO E DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO), entidade constituída nos termos da lei civil, sem fins
lucrativos e em funcionamento há 1 ano, promova a medida judicial cabível, observando: a) competência do
juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados, d) os
requisitos formais da peça inaugural.

1° EXERCÍCIO – DIREITO MATERIAL


Determinado Ministério apresentou desempenho considerado insuficiente pela imprensa e pela
opinião pública, havendo sério questionamento quanto aos gastos públicos destinados para a sua manutenção.
Dessa forma, um Senador pelo Estado Y apresentou um projeto de lei no sentido de extinguir este Ministério.
Tal projeto foi votado em plenário em um dia em que 32 (trinta e dois) dos 81 (oitenta e um) senadores
estavam presentes, sendo aprovado pelo voto da maioria dos presentes e encaminhado à Câmara dos
Deputados. Contando com forte apoio popular, a proposta legislativa foi aprovada pela maioria absoluta dos
deputados federais e encaminhada ao Presidente da República, que a sancionou doze dias úteis depois de tê-
la recebido, determinando sua imediata publicação no Diário Oficial da União. Uma semana após a
publicação da lei na imprensa oficial, a CONAMP (Associação Nacional dos Membros do Ministério
Público) ajuizou uma ação declaratória de constitucionalidade em que pleiteava a declaração de
conformidade da nova norma legal com a Constituição.
Responda justificadamente aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) Há algum vício que fulmine a constitucionalidade da norma em questão? (Valor: 0,80)

B) A CONAMP poderia ter ajuizado a ação declaratória de constitucionalidade? (Valor: 0,45) A simples
menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

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 CAPÍTULO I – DO PODER LEGISLATIVO – Art. 44 – 75 CRFB/88.


 CAPÍTULO II – DO PODER EXECUTIVO – Art. 76 – 91 CRFB/88.
 CAPÍTULO III – DO PODER JUDICIÁRIO – Art. 92 – 126 CRFB/88.
 CAPÍTULO IV – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA – Art. 127 – 135 CRFB/88.

→ CAPÍTULO I – DO PODER LEGISLATIVO – Art. 44 – 75 CRFB/88.

 Função Típica do Poder Legislativo:


LEGISLAR – C.N FISCALIZAR – C.N

* Conforme a Forma * Atos do Poder Executivo – Art. 49, X


* Conforme a Matéria * Investigar – CPI – Art. 58, §3º, CRFB

→ DO SISTEMA BICAMERAL DO CONGRESSO NACIONAL – C.N


CÂMARA DOS DEPUTADOS SENADO FEDERAL
 Representantes do POVO – Art. 45  Representantes dos ESTADOS – Art 46
 Eleitos pelo sistema PROPORCIONAL (ou  Eleitos pelo sistema MAJORITÁRIO
seja, depende da quantidade da população de SIMPLES (ou seja, considera-se eleito o
cada Estado) os votos são para o partido. candidato que obtiver maioria absoluta dos
 Limite mínimo de deputados federais por votos) os votos são no próprio candidato.
Estado = 8 e máximo = 70 – Art. 45, §1º, CRFB.  Limite de 3 Senadores por Estado – Art. 46,
 Cada mandato dura 4 anos. §1º, CRFB.
 Renovação Integral da casa.  Mandato de 8 anos.
 Renovação de 4 em 4 anos, alternando entre
1/3 e 2/3.
 Renovação Parcial da casa.

OBS: Fazer leitura dinâmica dos artigos abaixo mencionados.


→ Compete ao Congresso Nacional com a sanção do Presidente da República – Art. 48, CRFB.
→ Compete exclusivamente ao Congresso Nacional – Art. 49, CRFB.
→ Compete privativamente a Câmara dos Deputados – Art. 51, CRFB.
→ Compete privativamente ao Senado Federal – Art. 52, CRFB.

→ DOS DEPUTADOS E SENADORES – Art. 53, CRFB:


 Da imunidade dos parlamentares:
Aos deputados e senadores é atribuída a chamada imunidade formal, material e testemunhal, para o
regular exercício das suas funções parlamentares.

Imunidade FORMAL: É aquela relacionada à inviolabilidade penal, conforme disposta no artigo


53, §2º,§3º da CRFB. Trata-se da liberdade contra prisões, mas não só contra a prisão em si. Trata, também,
da possibilidade de suspensão do processo. Subdivide-se em dois pontos:

Art. 53, §2º, Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria
de seus membros, resolva sobre a prisão.

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OBS: A imunidade formal dos parlamentares é diferente da imunidade formal do Presidente da República,
posto que o Presidente da República SÓ será preso após sentença condenatória. Já os parlamentares não
serão presos, SALVO em caso de flagrante de crime inafiançável.

ATENÇÃO: No caso de prisão do parlamentar em hipótese de flagrante de crime inafiançável, os autos


deverão (auto de prisão em flagrante) deverão ser remetidos (enviados) dentro do prazo de 24h para a casa
do respectivo parlamentar que foi preso, nessa situação a maioria dos membros da casa respectiva decidirá
sobre a prisão.

Já no que tange a processabilidade dos Membros do Legislativo, menciona o artigo 53, §3° da
CRFB/88:
Art. 53, §3º, CRFB/88: recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal dará ciência à Casa respectiva, que, por
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros,
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

Vale destacar que não há impedimento de instauração do inquérito policial ou propositura da Ação
Penal, ou seja, pode haver a instauração de inquérito policial e oferecimento da denúncia. No entanto, a Casa
legislativa pode determinar a sustação do Processo. Entretanto, a não manifestação da Casa importa o
prosseguimento do feito.

Perceba que o parágrafo terceiro pode ser tido como uma complementação do parágrafo segundo.
Esse esclarece os procedimentos a serem seguidos em caso de recebimento da denúncia, caso o STF receba
a denúncia contra o Deputado ou Senador, por crime ocorrido após a diplomação, o STF deve:
 Comunicar a casa respectiva sobre o recebimento da denúncia;
 Após recebida a comunicação (sobre o recebimento da denúncia pelo STF) poderá a Casa respectiva,
por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria dos seus membros,
SUSTAR (obstar/parar) o andamento da ação penal.
 A Casa respectiva tem prazo de 45 dias, improrrogáveis, para apreciar o pedido de sustação, contados
a partir do recebimento da comunicação do STF pela Mesa diretora da Casa.
 Não fazendo (não sustando o andamento da ação) ou se em 45 dias não sobrevier decisão sobre o
pedido formulado na Casa respectiva, a ação continua correndo, se sobrevier decisão final durante
esse período não poderá mais a casa obstar o andamento da ação.
 A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato – art. 53, §5°, CRFB/88.

Imunidade MATERIAL ou PENAL: É aquela relacionada à inviolabilidade civil e penal, conforme


disposto no artigo 53, caput, CRFB.

Art. 53, Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por qualquer de suas
opiniões palavras e votos.

OBS: O Presidente da República não possui a imunidade material.

Essa imunidade estar relacionada ao exercício do mandato ou em razão dele, portanto mesmo fora
do Congresso Nacional os Deputados e Senadores estarão abrangidos sempre que forem proferidas suas
opiniões, palavras ou votos em razão da função. Atenção ao jugado do STF.

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In casu, (i) o parlamentar é acusado de incitação ao crime de estupro, ao afirmar que não estupraria
uma deputada federal porque ela "não merece"; (ii) o emprego do vocábulo "merece", no sentido e
contexto presentes no caso sub judice, teve por fim conferir a este gravíssimo delito, que é o estupro,
o atributo de um prêmio, um favor, uma benesse à mulher, revelando interpretação de que o homem
estaria em posição de avaliar qual mulher "poderia" ou "mereceria" ser estuprada. (...) In casu, (i) a
entrevista concedida a veículo de imprensa não atrai a imunidade parlamentar, porquanto as
manifestações se revelam estranhas ao exercício do mandato legislativo, ao afirmar que "não
estupraria" deputada federal porque ela "não merece"; (ii) o fato de o parlamentar estar em seu
gabinete no momento em que concedeu a entrevista é fato meramente acidental, já que não foi ali que
se tornaram públicas as ofensas, mas sim através da imprensa e da internet; (...) (i) A imunidade
parlamentar incide quando as palavras tenham sido proferidas do recinto da Câmara dos Deputados:
"Despiciendo, nesse caso, perquirir sobre a pertinência entre o teor das afirmações supostamente
contumeliosas e o exercício do mandato parlamentar" (Inq 3.814, Primeira Turma, rel. min. Rosa
Weber, unânime, j. 7-10-2014, DJE de 21-10-2014). (ii) Os atos praticados em local distinto escapam
à proteção da imunidade, quando as manifestações não guardem pertinência, por um nexo de
causalidade, com o desempenho das funções do mandato parlamentar. (...) Ex positis, à luz dos
requisitos do art. 41 do CPC, recebo a denúncia pela prática, em tese, de incitação ao crime; e recebo
parcialmente a queixa-crime, apenas quanto ao delito de injúria. Rejeito a queixa-crime quanto à
imputação do crime de calúnia.
[Inq 3.932 e Pet 5.243, rel. min. Luiz Fux, j. 21-6-2016, 1ª T, DJE de 9-9-2016.]
Vide Inq 1.958, rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 29-10-2003, P, DJ de 18-2-2005

A cláusula de inviolabilidade constitucional, que impede a responsabilização penal e/ou civil do


membro do Congresso Nacional, por suas palavras, opiniões e votos, também abrange, sob seu manto
protetor, as entrevistas jornalísticas, a transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos
ou de relatórios produzidos nas Casas Legislativas e as declarações feitas aos meios de comunicação
social, eis que tais manifestações – desde que vinculadas ao desempenho do mandato – qualificam-se
como natural projeção do exercício das atividades parlamentares.
[Inq 2.332 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 10-2-2011, P, DJE de 1º-3-2011.]

ATENÇÃO: Os Deputados Estaduais gozam das mesmas imunidades, conforme artigo 27, §1º, CRFB.

ATENÇÃO: Os Vereadores possuem apenas imunidade material (não respondem civil ou penalmente por
suas opiniões, palavras ou votos), conforme artigo, 29, VIII, CRFB. Entretanto uma ressalva, pois essa
imunidade e limitada ao território de circunscrição ao qual foi eleito e não em todo o território nacional.

MUITA ATENÇÃO: As imunidades dos parlamentares não se estendem ao corréu sem essa prerrogativa –
Súmula 245 STF. Por essa razão é certo que a finalidade das imunidades está ligada à manutenção da
independência harmoniosa dos Poderes, visando a subsistência da Democracia e do Estado de Direito.

Imunidade Testemunhal – art. 53, §6° da CRFB/88:

Art. 53 - § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre


informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas
que lhes confiaram ou deles receberam informações;

Trata-se de imunidade relativa, pois há necessidade de pertinência funcional, ou seja, “em razão do
exercício do mandato”.

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DAS VEDAÇÕES/PERDA E NÃO PERDA DE MADATO DE DEPUTADOS E


SENADORES:
As vedações começam em 2 momentos; desde a expedição do diploma e desde a posse – art. 54,
CRFB/88.

DESDE A EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA:

 Firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato
obedecer a cláusulas uniformes (contrato de adesão).
 Aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os que sejam demissíveis ad
nutum (livre nomeação e livre exoneração) nas entidades constantes acima.

DESDE A POSSE:

 Ser proprietário, controlador ou diretor de empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
 Ocupar cargos ou funções que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades do artigo 54, I, a, CRFB/88.
 Patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o artigo 54, I, a,
CRFB/88.
 Ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Os casos de perda do mandato estão definidos no art. 55, CRFB/88.

I - Que infringir qualquer das proibições estabelecida no artigo anterior;


II - Cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - Que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que
pertence, salvo licença ou missão por esta autorizada;
IV - Que perder ou tiver suspenso os direitos políticos;
V - Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos na Constituição;
VI - Que sofrer condenação criminal em sentença transitado em julgado.

OBS: Nos casos dos incisos I; II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou
pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa – art. 55, §2°, CRFB/88.

OBS: Nos casos previstos nos incisos III; IV e V a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva,
de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

Não perderá o mandato o Deputado ou Senador – art. 56, CRFB/88.

 Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito


Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
 Licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse
particular, desde que, neste caso, o afastamento NÃO ULTRAPASSE 120 DIAS por sessão
legislativa.

OBS: Nos casos de investidura em outro cargo, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do
mandato – art. 56, §3°, CRFB/88.

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OBS: O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas no artigo 56, I,
CRFB/88 (as investiduras acima) ou de licença superior a 120 dias – art. 56, §1°, CRFB/88.

ATENÇÃO: Ocorrendo a vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la SE FALTAREM
mais de quinze meses para o término do mandato – art. 56, §2°, CRFB/88.

→ DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUERITO – Art. 58,§3º, CRFB:

Possui poderem próprios das autoridades judiciais.


Pode ser criada pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou em conjunto.
São requisitos para sua criação:
 Requerimento de 1/3 dos membros.
 Apurar fato determinado. (Fato certo, não pode ser genérico).
 Prazo certo de duração. (Atenção para o art. 5, §2° da Lei 1.579/52).

OBS: Se for o caso, deve ser encaminhado suas conclusões para o Ministério Público, para que este promova
a responsabilidade civil ou penal dos investigados.

OBS: Sendo certo que a CPI possui poderes próprios das autoridades judiciais, essa necessita fundamentar
todos os seus atos, sob pena de nulidade, conforme artigo 93, IX, CRFB.

ATENÇÃO: A CPI NÃO PODE violar a clausula de reserva de jurisdição, ou seja, ela não pode:
 Determinar interceptação telefônica;
 Determinar prisão preventiva ou temporária;
 Busca e apreensão;
 Indisponibilidade de bens dos investigados;

ATENÇÃO: A CPI PODE:


 Determinar a quebra do sigilo bancário;
 Quebra do sigilo telefônico;
 Quebra do sigilo fiscal;
 Quebra do sigilo de correspondência.

ATENÇÃO: CPI e condução coercitiva de testemunhas e acusados: STF - HC. 150180 – Relator Ministro
Alexandre de Morais:
Terça-feira, 14 de novembro de 2017.
Liminar suspende condução coercitiva de artista perante CPI dos Maus-Tratos
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu pedido de liminar no
Habeas Corpus (HC) 150180 para sustar os efeitos da ordem de condução coercitiva do artista Wagner
Schwartz para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos, do Senado
Federal, que investiga irregularidades e crimes relacionados a maus tratos em crianças e adolescentes
no País. A decisão mantém, no entanto, a convocação para o comparecimento do artista à sessão a ser
designada pela CPI, garantindo-lhe o direito de ser assistido por advogado e com ele comunicar-se,
além do pleno exercício do direito ao silêncio.
O coreógrafo se apresentou na abertura do 35º Panorama de Arte Brasileira que aconteceu no Museu
de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Na performance “La Bête”, Schwartz se deita nu sobre
um tablado e o público é convidado a manipular seu corpo. A apresentação se tornou alvo de polêmicas
após ser divulgado vídeo de uma criança tocando o artista.

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Caso
De acordo com os autos, a condução coercitiva foi requerida pelo senador Magno Malta, presidente
da CPI dos Maus-Tratos, sob o pretexto de que o artista, intimado, não teria comparecido à audiência
pública realizada nos dias 23 e 24 no Ministério Público do Estado de São Paulo. O pedido do senador
foi acolhido pela Comissão e, até o momento, não foi designada nova audiência para a oitiva.
A defesa de Schwartz alega que o artista não foi intimado a comparecer à audiência. Explica que a
intimação foi enviada ao MAM-SP e não ao domicílio do coreógrafo. Pediu a dispensa de
comparecimento à CPI sob condução coercitiva, uma vez que não houve recusa injustificada para
comparecer a depoimento anterior. Em caso de comparecimento espontâneo, defende que o artista
tenha seus direitos fundamentais ao silêncio e à não-autoincriminação garantidos.
Relator
O ministro Alexandre de Moraes explicou que as CPIs, em regra, têm os mesmos poderes que os
magistrados possuem durante a instrução processual penal, mas deverão exercê-los dentro dos
mesmos limites constitucionais impostos ao Poder Judiciário, inclusive em relação ao respeito aos
direitos fundamentais.
A respeito da condução coercitiva, o ministro afirmou que a possibilidade legal de sua determinação
deve ser aferida de acordo com o caso concreto, e realizada com base na razoabilidade, impedindo
assim tratamentos excessivos e inadequados. “Pelo que se depreende das alegações trazidas, a medida
de condução coercitiva [no caso], ao menos neste juízo preliminar, não se revela razoável, sobretudo
em razão da aparente irregularidade da convocação para a audiência pública realizada em 24 de
outubro de 2017”, constatou. Já quanto a presença do artista na Comissão, o relator ressaltou que o
Supremo já assentou a obrigatoriedade de comparecimento de particular, devidamente intimado, para
prestar esclarecimento perante CPI.
O relator também garantiu ao artista o exercício do direito ao silêncio, caso seja indagado sobre
questões que o possam incriminar, e o direito de ser assistido por advogado e de poder se comunicar
com ele durante o depoimento.

OBS: Para convocação de Índio – art. 231, §5° da CRFB/88.

DO PROCESSO LEGISLATIVO - Art. 59, CRFB:

Antes de adentrar propriamente no tema (processo legislativo) quero aqui abordar outro tema com
vocês. Vamos falar sobre Poder Constituinte Originário e Poder Constituinte Derivado. Tema relevante à
compreensão dos próximos.

→ DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (ou PRIMÁRIO ou DE PRIMEIRO GRAU ou


INSTITUIDOR ou INAUGURAL) - PCO:

Introdução:

O Poder Constituinte Originário, também chamado de primário, de primeiro grau, instituidor, inicial
ou inaugural, possui natureza POSITIVISTA, ou seja, é um PODER DE FATO, pois se impõe, seja à base
da força, seja pelo consenso popular, sem fundamento jurídico prévio em nenhuma disciplina normativa
anterior, tampouco em qualquer tipo de direito que pudesse contra ele ser invocado.

OBS: O próprio STF na ADInMC 2.356/DF, ratifica essa tese, entendendo que o poder constituinte “provém
do exercício de um poder de fato ou suprapositivo”.

Serventia:

O PCO é poder cujo exercício ocasiona a instauração de novas ordens constitucionais, seja por meio
da criação de uma “primeira constituição”, seja mediante o rompimento da ordem anterior.

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Titularidade e exercício:

O povo, embora o exercício desse poder constituinte seja delegado a representantes (agentes), aos
quais se atribui a tarefa de confeccionar ou reestruturar uma constituição.
Contudo, não se pode confundir o titular com os agentes respectivos. O agente, por não ser o titular
do poder, age com aceitação do povo. Essa aceitação é presumida quando eleitos os agentes para compor
uma assembleia constituinte (aceitação anterior). O aceite popular, porém, pode efetivar-se posteriormente
(aceitação posterior), mediante instrumentos como o referendo, a exemplo do que ocorre nas constituições
cesaristas.
ATENÇÃO: O PCO não se finaliza com a simples edição de uma nova constituição. Mantém-se em estado
de latência (permanência do poder constituinte) durante todo o tempo de existência da manifestação
estatal a que corresponde. Decorrente disso, a nação pode mudar a Constituição sempre que bem lhe parecer.

Características do Poder Constituinte Originário:


 Inicial: Pois sua obra (constituição) é a base de uma nova ordem jurídica;
 Juridicamente ilimitado: Porquanto não tem de respeitar os limites impostos pelo direito antecessor.
 Incondicionado: Sua manifestação não está sujeita a qualquer regra de forma ou de fundo.
 Autônomo: A estrutura da constituição é dedicada pelo próprio constituinte originário.

Limites (extrajurídico) ao Poder Constituinte Originário:


Não é absolutamente correta a tese segundo a qual o PCO não possua limites. Mesmo o PCO deve
obediência a postulados lógicos-normativos (limite lógicos-normativos), como explica Von WRIGHT –
não adianta querer editar norma a permitir algo que seja necessário ou a determinar que se faça o que é
fisicamente impossível.

Jorge Vanossi reconhece ainda a presença de Limites extrajurídicos, sendo:

a) Limites ideológicos: Consistentes em crenças ou em valores que operam no âmbito supraestrutural.


b) Limites estruturais: Que conformam o âmbito social subjacente (infraestrutura).

Já Jorge Miranda reconhece como limites ao PCO:

a) Limites transcendentes: são aqueles que se impõe à própria vontade do Estado, tais como os imperativos
do direito natural e de valores ético superiores – os direitos fundamentais imediatamente conexos com a
dignidade da pessoa humana. Nessa linha, seria “inválido ou ilegítimo” criar normas constitucionais que
negassem a liberdade de crenças ou a liberdade pessoal ou que instituíssem desigualdades em razão de
raça.

b) Limites imanentes: esses decorrem da noção e do sentido do poder constituinte formal (observância dos
procedimentos necessários para o PCO, como a Assembleia Constituinte).

c) Limites heterônomo: são aqueles limites provenientes da conjugação com outros ordenamentos jurídicos
e que se referem à sujeição a certas regras ou atos provenientes do direito internacional.

ATENÇÃO: O próprio paradoxo da onipotência pode figurar como um limite ao PCO observe:
Sabemos que o PCO é autônomo, ilimitado e incondicionado. É ele o responsável pela instauração de
novas ordens constitucionais. Certo!
Bom, se o PCO é ilimitado, autônomo, incondicionado, significa que ele pode tudo (é onipotente).
Ok.

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Então, se uma divindade é onipotente, pode então criar uma pedra tão pesada que não possa carregar?
Ora, se pode criar tal pedra, mas não carregá-la, não será onipotente; e se não a pode criar, tampouco o será...

Conclusão do PCO: O PCO é ILIMITADO, AUTÔNOMO e INCONDICIONADO, entretanto


existem doutrinadores que entendem que ele possa sofrer certas limitações de natureza extrajurídicas, o que
não significa dizer que ele efetivamente as sofra. Pois a regra do PCO é pela sua natureza ilimitada, autônoma
e incondicionada.

Ilimitado
PCO ---------→ Autônomo
Incondicionado

→ DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO ou DE SEGUNDO GRAU ou CONSTITUÍDO - PCD:

Introdução: Nas constituições mutáveis (como é o caso da CRFB/88) as modificações são feitas
mediante o exercício de um poder constituinte derivado, já previsto e condicionado pelo próprio poder
constituinte originário.

Características do Poder Constituinte Derivado:


 Derivado: é criado e instituído pelo poder constituinte originário.
 Juridicamente limitado: sua atuação deverá atender às limitações jurídicas estabelecidas, implícitas
e explicitas.
 Condicionado: diferente do PCO, o PCD deve ser submetido à formas prefixadas de manifestação.

Espécies de manifestação:

a) Poder Constituinte Derivado Reformador: meio pelo qual se promovem mudanças formais no
texto constitucional a partir do qual se organiza a Federação (constituição federal). Podendo se
pela Revisão Constitucional - Ver art. 3° do ADCT ou pelo processo de Emenda à Constituição –
Ver art. 60, CRFB/88.

b) Poder Constituinte Derivado Decorrente: como o constituinte originário (PCO) concede


autonomia aos Estados-membros para adotarem diplomas constitucionais próprios, fazem isso em
decorrência do PCD Decorrente, que é o responsável por ELABORAR (criar) e REFORMAR
(modificar) o texto das constituições estaduais. Ver art. 11 do ADCT e 25 da CRFB/88.

c) Poder Constituinte Derivado Difuso: realiza notável papel na criação e no desenvolvimento da


eficácia de normas constitucionais, sem alteração formal de seu texto. Manifesta-se geralmente
quando os órgãos incumbidos de aplicar as normas constitucionais se deparam com imperfeições
ou obscuridades, espaços vazios ou omissões deixadas na constituição. Manifestando-se através
da chamada Mutação Constitucional.

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Conclusão do PCD: O PCD é DERIVADO, LIMITADO e CONDICIONADO.

Derivado
PCD ---------→ Limitado
Condicionado
Revisão Constitucional – Art. 3°, ADCT.
Reformador
PCD Emenda à Constituição – Art. 60, CRFB/88.
Decorrente ---------→ Elabora a Constituição Estadual (cria).
Reforma a Constituição Estadual (modifica).
Difuso---------------→ Mutação Constitucional

→ DA EMENDA À CRFB/88 – Art. 60 CRFB:

Deve observância:
 Limites CIRCUNSTÂNCIAIS – Art. 60, §1º, CRFB.
 Limites MATERIAIS - Art. 60, §4º, CRFB – Cláusulas Pétreas explícitas.

PEC sobre estas matérias sequer podem ser objeto de deliberação quando sua proposta for
TENDENTE A ABOLIR o direito, tanto que cabível Mandado de Segurança do
parlamentar para trancar processo legislativo. É o controle judicial preventivo de
constitucionalidade, que ocorre quando projeto de lei ou PEC viola o devido processo
legislativo constitucional.

ATENÇÃO: Quanto à abrangência da expressão “tendente a abolir”, contida no §4° do artigo 60 da Constituição, é
preciso esclarecer o seguinte. Embora possa ser interpretada como a impedir até reformas superficiais, a restrição só
garante imunidade, segundo a melhor doutrina, ao NÚCLEO ESSENCIAL da disciplina que o constituinte originário
quis petrificar. Nessa linha, pela jurisprudência do STF, as limitações materiais enumeradas pelo §4° do artigo 60 da
constituição “não significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina na Constituição originária, mas apenas a
proteção do NÚCLEO ESSENCIAL dos princípios e institutos cuja preservação nela se protege” (ADInMC 2.024/DF).
No mesmo sentido para CANOTILHO, a previsão de cláusulas pétreas não imuniza a “formulação linguística” das
normas protegidas, porém inverte o ônus da prova quanto a não ter sido afetado o “NÚCLEO ESSENCIAL” da norma
petrificada (2004, p.143).

DETALHE: AMPLIAÇÃO VIRTUAL DAS LIMITAÇÕES EXPLÍCITAS: para entender esse assunto basta fazer
uma pergunta e consequentemente ter sua resposta.

PERGUNTA: Seria possível a ampliação dos limites explícitos por emenda à constituição? Parte da doutrina entende
viável, entretanto, esse raciocínio acaba por sustentar que o constituinte derivado poderia limitar a si próprio, o que é
logicamente equivocado. O problema remete à impossibilidade lógica de um órgão limitar o poder de si mesmo. Daí
que, com exceção de novos conteúdos acrescentados por emenda constitucional apenas para explicitar normas que já
estavam implicitamente petrificadas, emendas supervenientes poderão removê-los no futuro. Portanto, o mais correto
é pensar que a petrificação atingiu só os direitos e garantias individuais concebidos pelo próprio constituinte originário,
pois mesmo a partir da ampliação facultada pelo §2° do art. 5°, o rol petrificado restringe-se a direitos e garantias
decorrentes do regime e dos princípios na constituição “adotados” (particípio passado), noves fora os direitos e
garantias que decorram dos tratados internacionais de que seja parte a República Federativa do Brasil.

COMO ESSE ASSUNTO FOI COBRADO EM CONCURSO: O concurso para advogado da união (2012)
considerou correta a afirmativa: “O poder constituinte de reforma não pode criar cláusulas pétreas, apesar de lhe ser
facultado ampliar o catálogo dos direitos fundamentais criado pelo poder constituinte originário”.

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CONCLUSÃO: Não pode o Poder Reformador de hoje criar limites ao Poder Reformador de amanhã, os limites ao
PCD são estabelecidos exclusivamente pelo PCO.
As cláusulas pétreas implícitas são:

a) a titularidade do poder pelo povo (o poder é do povo, permanece com o povo);


b) o Poder Reformador não pode mudar os limites estabelecidos pelo Poder Constituinte
Originário para o Poder Reformador;
c) Os limites estabelecidos para reforma não podem ser alterados.
d) vedação a dupla reforma: é a alteração de um limite ao PCD para depois alterar aquilo que
antes não era possível. Seria tirar um inciso de dentro do artigo 5° da CRFB/88 e colocar no
artigo 250 e, após, abolir esse direito, já que não mais seria cláusula pétrea.

 Limites PROCEDIMENTAIS

A) Art. 60, §2°, CRFB/88;


B) Art. 60, §3°, CRFB/88;
C) Art. 60, §5°, CRFB/88 (limite temporal para a matéria da PEC rejeitada ou havida por prejudicada
– princípio da irrepetibilidade).

Quem pode propor:

 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;


 Presidente da República;
 Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da federação, manifestando-se cada uma
delas por maioria relativa dos seus membros.

Qual o procedimento:

 Votação em cada casa do Congresso Nacional;


 Em dois turnos de votação;
 Aprovada se obtiver em cada turno 3/5 dos votos dos membros de cada Casa;
 Promulgada pelas mesas da Câmara do Deputado e do Senado Federal.

→ DA MEDIDA PROVISÓRIA – Art. 62 CRFB (norma de constitucionalidade duvidosa1):

Deve observância:
 Limites MATERIAIS – Art. 62, §1º, CRFB;
 Limites PROCEDIMENTAIS
a) Art. 62, §3° e §7º, CRFB – tempo de eficácia da MP;
b) Art. 62, § 10, CRFB – vedação para reedição de MP na mesma sessão legislativa em que tenha
sido rejeitada (expressamente) ou perdida sua eficácia por decurso de prazo (rejeição tácita) –
princípio da irrepetibilidade.

1
LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 16° ed. Rec.,atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012, p.597.
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 Limites IMPLÍCITOS: São as matérias que de competência exclusiva do Congresso Nacional e


privativa das Casas Legislativas, isso porque são vedadas MPs que disciplinem matérias para as quais
a iniciativa tenha sido reservada a órgãos ou autoridades especificas, pois nestes casos a apresentação
do projeto depende de os titulares da iniciativa entenderem-na conveniente.
a) Art. 49, CRFB/88;
b) Art. 51, CRFB/88;
c) Art. 52, CRFB/88.

 Quem pode propor:


 Somente o CHEFE DO PODER EXECUTIVO.
OBS: Pode propor o chefe do poder executivo federal, estadual e municipal, ou seja, Presidente, Governador
e Prefeito, adotando o princípio da simetria.
Ver artigo 25, §2º, CRFB.

Qual o procedimento:
 Pressupostos Constitucionais:

Relevância e Urgência – Art. 62, CRFB.

 Antes de cada casa do Congresso Nacional deliberar sobre a Medida Provisória, passará por uma
comissão mista de deputados e senadores para verificar os pressupostos constitucionais e sobre eles
elaborar um parecer – Art. 62, §5º, §9º, CRFB;
 Elaborado o parecer pela comissão mista aí sim o plenário de cada casa irá, em sessão separada,
examinar a MP, começando pela Câmara dos Deputados (art. 62, §8°, CRFB/88), insta destacar que
o prazo de 60 dias começa a contar a parir da publicação da MP, prorrogável uma única vez SE não
tiver o Congresso Nacional concluído a apreciação da M.P – Art. 60, §º3, §7º, CRFB;
 Após 45 dias, sem apreciação da M.P, essa entrará em regime de URGÊNCIA – Art. 62, §6º, CRFB.
Entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso
Nacional, ficando sobrestadas, até que se conclua a votação, todas as demais deliberações
legislativas da Casa em que estiver tramitando.

Na prática, isso gerou um problema: a edição abundante de medidas provisória acaba


bloqueando a atuação do Congresso Nacional. Para solucionar isso, foi elaborada tese,
chancelada pelo STF.

Assim, o atual entendimento do STF (2017) é no sentido de que o sobrestamento atinge


apenas as proposições legislativas que versem sobre matérias que podem ser objeto de MP.
Então, por exemplo, se existe projeto de lei sobre matéria penal, que não pode ser tratada por
medida provisória, e há uma medida provisória qualquer. Caso a MP entre em regime de
urgência, esta MP não irá trancar a pauta em relação aquele projeto de lei, este projeto de lei
seguirá normalmente.

Assim, a tese defende um sobrestamento parcial. Haverá sobrestamento, mas não de tudo,
apenas das proposições legislativas que envolvam matéria que poderia ser veiculada por
medida provisória.

MS 27931/DF.
Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Ministro Celso de Mello (Relator), indeferiu
o mandado de segurança e deu, ao § 6º do art. 62 da Constituição, na redação resultante da EC 32/2001,
interpretação conforme à Constituição, para, sem redução de texto, restringir-lhe a exegese, em ordem
a que, afastada qualquer outra possibilidade interpretativa, seja fixado entendimento de que o regime
de urgência previsto em tal dispositivo constitucional - que impõe o sobrestamento das deliberações
legislativas das Casas do Congresso Nacional - refere-se, tão somente, àquelas matérias que se
mostram passíveis de regramento por medida provisória, excluídos, em consequência, do bloqueio
imposto pelo mencionado § 6º do art. 62 da Lei Fundamental, as propostas de emenda à Constituição
19
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e os projetos de lei complementar, de decreto legislativo, de resolução e, até mesmo, tratando-se de


projetos de lei ordinária, aqueles que veiculem temas pré-excluídos do âmbito de incidência das
medidas provisórias (CF, art. 62, § 1º, I, II e IV). Vencido o Ministro Marco Aurélio. Impedido o
Ministro Dias Toffoli. Ausente o Ministro Ricardo Lewandowski, participando do Seminário de Verão
2017, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em Portugal. Presidiu o julgamento a
Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 29.6.2017.

 Não sendo editado o decreto legislativo após a perda da eficácia da M.P, no prazo de 60 dias,
permaneceram todos seus atos conservados. Art. 62, §11, CRFB.

OBS: Projeto de lei de conversão – Art. 62, §12, CRFB e o que seria o CONTRABANDO LEGISLATIVO
– quando o Congresso Nacional emenda a MP, mas essa emenda não guarda relação de pertinência temática
com a Medida Provisória, isso esta previsto na resolução n° 1/2002 do Congresso Nacional em seu artigo 4°.
“é vedada a apresentação de emendas que versem sobre matéria estranha àquela tratada na
Medida Provisória, cabendo ao presidente da Comissão o seu indeferimento liminar”.

ATENÇÃO: Art. 2° da EC n° 32/2001, que determina que as medidas provisórias editadas em data anterior
à da publicação da EC n°32/2001 (12.11.2001) continuam em vigor (não há, nesse caso, a revogação tácita,
aquela por decurso de prazo) até que uma medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até que
haja deliberação definitiva do Congresso Nacional.

→ DO PROJETO DE LEI – Art. 65 CRFB:

PROJETO DE
LEI – ART 65 C.D SEN

Aprova por MAIORIA * Aprova por MAIORIA SIMPLES, * Tem prazo de 15 dias úteis
SIMPLES, conforme conforme Art. 47, CRFB e envia para o para sancionar ou vetar. Não
Art. 47, CRFB. Presidente da República. fazendo nada durante esse
* Pode emendar o P.L, conforme art.65, tempo considera SANÇÃO
parágrafo único, CRFB. Nesse caso TÁCITA.
deveria retornar à Casa Iniciadora, * O veto pode ser jurídico
SALVO (entendimento do STF) se a (por entender inconstitucional
emenda não alterar o sentido normativo o P.L) ou pode ser político
do texto aprovado na Câmara, assim (por entender contrário ao
poderá enviar o P.L emendado direto interesse público).
para o Presidente.

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Veto do Presidente
da República. Art. C.D SEN
66, §4º, CRFB

* O Presidente da República deve comunicar, dentro de 48h, o


Presidente do Senado Federal os motivos do veto – art. 66, §1° da
CRFB/88.
* O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de 30 dias a contar
do seu recebimento, podendo ser rejeitado pela maioria absoluta dos
Deputados e Senadores – Art. 66, §4º, CRFB.
* Esgotado o prazo de 30 dias sem deliberação sobre o veto, ficará
sobrestadas as demais proposições até a votação do veto – art.66, §6°.
* Rejeitado o Veto o P.L será enviado para o Presidente da República
que no prazo de 48h deve promulgar – Art. 66, §5º, CRFB, este não
fazendo dentro do prazo será enviado o P.L para o Presidente do
Senado, para no mesmo prazo (48h) promulgar o projeto de lei. Este
também não fazendo será enviado para o Vice-Presidente do Senado,
para promulgar o projeto de lei – art. 66, §7° da CRFB/88.

OBS: A matéria constante de Projeto de Lei rejeitado, somente poderá ser apresentada na mesma sessão
legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das casas do Congresso
Nacional. Art. 67, CRFB. (Princípio da irrepetibilidade).
→ DA LEI DELEGADA – Art. 68 CRFB

 Quem pode propor:

 O Presidente da República, após resolução do Congresso Nacional limitando e especificando a


matéria da delegação.

Qual o procedimento (formas de delegação):

 TÍPICA (própria) = o C.N concede plenos poderes para que o presidente elabore, promulgue e
publique a Lei Delegada, sem participação ulterior do Poder Legislativo.
 ATÍPICA (imprópria) = o Presidente da República elaborará o Projeto de Lei Delegada e o
submeterá à apreciação do C.N, que sobre ele deliberará, em votação única.
OBS: É vedada qualquer emenda ao Projeto de Lei Delegada – Art. 68, §3º, CRFB.
OBS: O C.N pode sustar os atos do Poder Executivo que exorbitem dos limites da delegação – Art. 49,
V, CRFB (chamado de Veto legislativo, conforme doutrina).

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Congresso
Nacional

* Delegação TÍPICA – Presidente –Elabora – Promulga e Pública.

* Delegação ATÍPICA – Presidente – Elabora – Envia para o C.N – CN Pode: rejeitar tudo ou
aprovar tudo, desse último modo envia para o Presidente e esse promulga e pública.

→ DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – Art. 70, CRFB/88.


Falamos no início do capítulo que é competência típica do Poder Legislativo:
Legislar Fiscalizar:
Conforme a FORMA Atos do Poder Executivo – 49, X.
Conforme a MATÉRIA Investigar – CPI – 58, §3º.
Sabemos, então, que é competência típica do Congresso Nacional fiscalizar os atos do Poder
Executivo, entretanto ele não faz isso sozinho, pois, conforme Art. 71 da CRFB/88 o C.N fará essa
fiscalização com auxílio do Tribunal de Contas da União – TCU (como órgão de controle externo).
→ DO TCU – Art. 73, CRFB/88:

 É órgão ao qual compete auxiliar na fiscalização CONTÁBIL – FINANCEIRA –


ORÇAMENTÁRIA.

Composição: 9 ministros, sendo: (Art. 73, §1º, CRFB/88).


 + de 35 e – de 65 anos;
 Idoneidade moral e reputação ilibada;
 Notórios conhecimentos jurídicos – contábeis – econômicos e financeiros ou de
ADM Pública;
 + de 10 anos de exercício de função nas áreas acima.

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OBS: Dos 9 membros o Presidente da República escolhe 1/3 (3 membros), sendo que desses 3,
necessariamente, 2 vão ser escolhidos dentre auditores e membros do M.P segundo critério de antiguidade
e merecimento, apenas 1 é de livre escolha do Presidente.

T.C.U SENADO

* Elabora lista tríplice * Presidente recebe a * Delibera, por voto * Presidente da


contendo o nome de 3 lista e com plena secreto, sobre os nomes República nomeia os
auditores ou 3 membros discricionariedade indicados pelo novos Ministros do
do M.P (critério de escolhe 2 dentre eles, Presidente da República Tribunal de Contas da
antiguidade ou de ainda que não esteja por maioria simples. União – conforme Art.
merecimento). incluído o mais antigo 84, XV, CRFB/88.
dos 3. * Aprovados os nomes,
* Após escolha submete envia para o presidente,
à aprovação no Senado para que este nomeie os
federal (maioria novos ministros. Art.
simples). 52, III, b, CRFB/88.

Escolhido pelo Presidente da República 1/3 dos membros, os demais serão escolhidos pelo
Congresso Nacional – Art. 73, §2º, I, II, CRFB/88.
OBS: O Tribunal de Contas da União não tem poder jurisdicional, entretanto o STF entende que no exercício
das suas atribuições típicas constitucionais pode o TCU afastar a aplicação das leis que entender
inconstitucional – Súmula 347 do STF.
EX: TCU apreciando um processo de aposentadoria de servidor público onde recentemente tenha sido
publicado uma lei que incida sobre a questão. Poderá o TCU, se entender que a Lei é inconstitucional, afastar
por maioria absoluta (observada à cláusula de reserva de plenário – Art. 97, CRFB/88) a aplicação da lei para
o caso concreto. Podendo essa decisão ser posteriormente submetida à apreciação do Poder Judiciário.
ATENÇÃO: O TCU é vinculado ao Poder Legislativo, entretanto não existe hierarquia entre eles.
OBS: A Constituição Federal atribui ao TCU competência para realizar por iniciativa própria, inspeções e
auditorias nas unidades administrativas dos 3 Poderes (Executivo – Legislativo – Judiciário) – Art. 71, IV,
CRFB/88.
OBS: É garantido aos membros do TCU as garantias, prerrogativa, impedimentos, vencimentos e vantagens
dos ministros do STJ – Art. 73, §3º, CRFB/88.
OSB: As decisões dos Tribunais de Contas têm natureza administrativa e eficácia de título executivo
extrajudicial – art. 71, §3°, CRFB/88.
OBS: T.C.U não julga as contas do Presidente da República, sobre elas apenas elabora um parecer – art. 71,
I, CRFB/88.
OBS: T.C.U não susta contratos, a sustação de contrato é de competência do Congresso Nacional – art. 71,
§1°, CRFB/88.
OBS: T.C.U pode sustar ATO – art. 71, X, CRFB/88.
ATENÇÃO: Art. 75 c/c 31, §4º, CRFB/88. Criação dos Tribunais de Contas dos Estados/DF e Município
(sendo vedada a criança de Tribunais de Contas Municipais).

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DETALHES IMPORTANTES:

 Fiscalização no âmbito FEDERAL é feita pelo C.N com auxílio do TCU.


 Fiscalização no âmbito ESTADUAL é feita pela Assembleia Legislativa com auxílio do TCE.
 Fiscalização no âmbito MUNICIPAL é feita pela Câmara dos Vereadores com auxílio do TCE ou do
TC Municipal onde houver.

Portanto, a função de fiscalização de controle externo é do Poder Legislativo. Logo, na União, é


função do Congresso Nacional com auxílio do TCU. Nos Estados é função da Assembleia Legislativa com
auxílio do TCE. Nos Municípios é função da Câmara de Vereadores com auxílio do Tribunal de Contas do
Estado ou do Tribunal de Contas do Município (TCM), onde houver.

A atribuição da fiscalização é da Câmara de Vereadores com auxílio do TCE ou do TCM, onde


houver. O art. 31, § 4º da CRFB veda a criação de Tribunais de Contas pelos Municípios. Os Tribunais de
Contas Municipais (Rio de Janeiro e São Paulo) só puderam ser criados antes de 1988. Após essa data,
ninguém mais pode criar??????
Em parte, isso está certo, pois os municípios do Rio de Janeiro e São Paulo têm os seus próprios
TCMs que foram criados antes de 1988. Também está certo afirmar que os outros Municípios depois de 1988
não podem criar novos Tribunais de Contas Municipais.
Contudo, o STF entende que, quando o § 1º fala que a Câmara de Vereadores será auxiliada pelos
TCMs, onde houver, afirma-se que os Estados podem criar Tribunais de Contas para um ou para alguns
Municípios e isso, de fato, existe. Exemplo: Tribunais de Contas dos Municípios de Goiás.
O TCE vai auxiliar a Assembleia Legislativa do próprio Estado e as Câmaras de Vereadores de todos
os municípios. Para aliviar o TCE, o Estado pode escolher criar um Tribunal de Contas para seus municípios,
que fará o auxílio que o TCE iria exercer. Logo, a lógica aqui é desafogar o TCE e permitir que o Estado crie
para seus municípios um Tribunal de Contas específico. Esse Tribunal de Contas específico não é uma
criação do próprio município, e sim uma criação do Estado para auxiliar os municípios.

“Municípios e Tribunais de Contas. A Constituição da República impede que os Municípios


criem os seus próprios Tribunais, Conselhos ou órgãos de contas municipais (CF, art. 31, §
4º), mas permite que os Estados-membros, mediante autônoma deliberação, instituam
órgão estadual denominado Conselho ou Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ
135/457, Rel. Min. Octavio Gallotti – ADI 445/DF, Rel. Min. Néri da Silveira), incumbido
de auxiliar as Câmaras Municipais no exercício de seu poder de controle externo (CF, art.
31, § 1º). Esses Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios – embora qualificados
como órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º) – atuam, onde tenham sido instituídos, como órgãos
auxiliares e de cooperação técnica das
Câmaras de Vereadores. A prestação de contas desses Tribunais de Contas dos Municípios,
que são órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º), há de se fazer, por isso mesmo, perante o
Tribunal de Contas do próprio Estado, e não perante a Assembleia Legislativa do Estado
membro. Prevalência, na espécie, da competência genérica do Tribunal de Contas do Estado
(CF, art. 71, II, c/c o art. 75).” (ADI 687, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 2-2-1995,
Plenário, DJ de 10-2-2006.) (grifos nosso).

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EXERCÍCIO 02 - Peça
Crispim Soares é Bedel em uma Escola Técnica Federal, no Município de Casa Verde. A Escola se
localiza em uma zona de conflito entre facções criminosas. Dentro das instalações escolares há diversas
situações de violência e até troca de tiros. Após diversos incidentes, Crispim consegue porte de arma e
autorização excepcionalíssima para carregá-la durante o expediente. Realmente é uma situação muito difícil,
mas Crispim exerce sua função com orgulho e altives. No entanto, depois de muitos anos de serviços
públicos, Crispim começa a pensar em sua aposentadoria. Nesse sentido, procura o órgão previdenciário em
busca de informações sobre sua aposentadoria e conhecedor dos ditames constitucionais indaga sobre os
procedimentos para requerer sua aposentadoria especial já que exerce atividade de risco. A atendente do
órgão previdenciário explica que não tem sequer informações para apresentar a Crispim, pois não há lei que
regulamente tal direito da Constituição. Assim, Crispim o procura para tomar as providências judiciais
cabíveis no sentido deque seja suprida tal omissão e seja aplicada a legislação pertinente aos policiais
federais.
Na qualidade de advogado contratado por José, aponte a peça cabível ao tema, observando: a)
competência do juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais
vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural.

a) Legitimidade ativa:
b) Legitimidade passiva:
c) Escolha da peça:
d) Endereçamento:
e) Fundamentação (artigos e princípios relacionados)
f) Tópicos especiais

Questões
Questão 01
Lei do Município YY, de iniciativa da Câmara de Vereadores, estipulou novo plano de carreira para
a categoria de professores municipais, impondo remunerações escalonadas, fixando pisos mínimos e
vinculando a remuneração global ao percebido por servidores do Poder Legislativo local.
Com base no caso proposto, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

A) Observadas as regras constitucionais, há vício na referida lei? (Valor: 0,65)

B) A vinculação de remunerações entre Poderes é acolhida no texto constitucional? (Valor: 0,60)


Questão 02
Após intenso debate, a Assembleia Legislativa do Estado X editou a Lei n. 1.001, de iniciativa do
Deputado “M”, que prevê a obrigatoriedade de instalação, em até 360 (trezentos e sessenta dias), de um
sistema eletrônico de limitação da velocidade de veículos automotores, de baixo custo, a fim de reduzir o
número de acidentes com vítimas nas estradas estaduais. Irritado, o Deputado “P”, da oposição, quando
procurado por jornalistas, afirmou que estava envergonhado daquele dia, pois a lei aprovada era “uma piada,
uma palhaçada, ridícula”, protegia os empresários, e não a população e só poderia ter, como origem, um
Deputado associado a grupos interessados no mercado de peças automotivas.
Considerando o exposto, responda fundamentadamente, aos itens a seguir.

A) O Deputado “P” pode ser responsabilizado pelas ofensas proferidas durante a entrevista? (Valor: 0,85)

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B) É válida a lei estadual que impôs a obrigatoriedade de instalação de sistema de controle de velocidade de
veículos automotores? (Valor: 0,40)

Questão 03
Proposta de emenda à Constituição é apresentada por cerca de 10% (dez por cento) dos Deputados
Federais, cujo teor é criar novo dispositivo constitucional que determine a submissão de todas as decisões do
Supremo Tribunal Federal, no controle abstrato de normas, ao crivo do Congresso Nacional, de modo que a
decisão do Tribunal somente produziria efeitos após a aprovação da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional em sessão unicameral.
A proposta é discutida e votada nas duas casas do Congresso Nacional, onde recebe a aprovação da
maioria absoluta dos Deputados e Senadores nos dois turnos de votação. Encaminhada para o Presidente da
República, este resolve sancionar a proposta, publicando a nova emenda no Diário Oficial. Cinco dias após
a publicação da emenda constitucional, a Mesa da Câmara dos Deputados apresenta perante o Supremo
Tribunal Federal ação declaratória de constitucionalidade em que pede a declaração de constitucionalidade
desta emenda com eficácia erga omnes e efeito vinculante.
A partir da hipótese apresentada, responda justificadamente aos questionamentos a seguir,
empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) Há inconstitucionalidades materiais ou formais na emenda em questão? (Valor: 1,00)
B) A ação declaratória de constitucionalidade poderia ser conhecida pelo Supremo Tribunal Federal? (Valor:
0,25) A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

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 CAPÍTULO I – DO PODER LEGISLATIVO – Art. 44 – 75 CRFB/88.


 CAPÍTULO II – DO PODER EXECUTIVO – Art. 76 – 91 CRFB/88.
 CAPÍTULO III – DO PODER JUDICIÁRIO – Art. 92 – 126 CRFB/88.
 CAPÍTULO IV – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA – Art. 127 – 135 CRFB/88.
→ CAPÍTULO III – DO PODER JUDICIÁRIO – Art. 92 – 126 CRFB/88.
Conselho Nacional de
São órgãos do Poder Judiciário – Art. 92, CRFB/88. Justiça – órgão de
fiscalização administrativa
– financeira e funcional dos
STF juízes – Art.103-B,
CRFB/88

STJ TST TSE STM

TJ TRF TRT TRE

VARA VARA VARA VARA VARA


Requisitos para ser Magistrado – Art. 93, CRFB/88:
O Ingresso na Carreira, cujo cargo inicial será o de JUIZ SUBSTITUTO.
 Concurso Público de provas e títulos;
 Bacharel em direito;
 3 anos de atividade jurídica;
 Obediência à ordem de classificação.

 Garantias dos Magistrados – Art. 95, CRFB/88:


 Vitalidade (após 2 anos);
OBS: Constitui etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou
reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados – art. 93, IV, CRFB/88.

ATENÇÃO: Antes de adquirida a vitaliciedade o magistrado poderá perder o cargo por deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado. Após adquirida a vitaliciedade o magistrado só perderá o seu cargo
em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

 Inamovibilidade;
OBS: Salvo na hipótese de interesse público, fundado na decisão da maioria absoluta do respectivo tribunal
ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada a ampla defesa – art. 93, VIII, CRFB/88. Além dessas duas
situações, o magistrado também poderá ser removido a pedido – art. 93, VIII-A.
OBS: O CNJ poderá remover o magistrado a título de sanção administrativa, assegurada ampla defesa –
art.103-B, §4°, III.
 Irredutibilidade de subsídios.

Vedações aos Magistrados – Art. 95, parágrafo único, CRFB/88:


EX-DE-EX-RE-RE
 Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
 Dedicar-se à atividade político-partidária;
 Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorrido três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração;
 Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo.
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 Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.

ATENÇÃO: É VEDADO ao juiz exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorrido 3 anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (chamado tráfico de
influência/quarentena/exploração de prestígio).

 Da promoção dos Magistrados, Art. 93, II da CRFB/88:

 Ocorre por: Antiguidade e Merecimento;


 É obrigatória a promoção do magistrado que figurar por 3x consecutivas ou 5x alternativas em
lista de merecimento;
 A promoção por merecimento pressupõe 2(dois) anos de exercício na respectiva entrância e
integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta (entrância).
 Não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo
legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão.
 Previsão de cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento (é etapa obrigatória para adquirir
o vitaliciamento). – Art. 93, IV.

OBS: Na apuração de antiguidade o Tribunal poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de
2/3 de seus membros, assegurada ampla defesa. – Art. 93, II, d.

Do Quinto Constitucional – Art. 94, CRFB/88.

Art. 94 - Um quinto dos lugares, dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Território, será composto de membros do Ministério Público, com mais de dez anos
de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
respectivas classes.

Parágrafo único - Recebida as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

OBS: Essa regra, que determina a obrigatoriedade da observância do quinto constitucional na composição
dos Tribunais Regionais Federais (TRF), dos Tribunais de Justiça (TJ) dos estados e do Distrito Federal
(TJDF) não se aplica aos Tribunais Superiores, que têm regras próprias de composição e investidura. Ver
Art. 101; 104; 111-A, I; 115, I; 119; 123 todos da CRFB/88.

ATENÇÃO: Entretanto, a Emenda Constitucional 45/2004 passou expressamente a exigir a observância do


quinto constitucional na composição dos Tribunais da Justiça do Trabalho (TST e TRT) – ver Art. 111-A, I
e 115, I, CRFB/88.

MUITA ATENÇÃO: Em caso de preenchimento de uma vaga pelo quinto para o TJDF a nomeação será pelo
Presidente da República (e não pelo governador do DF) – art. 21, XIII, CRFB/88.

OBS: Aquele que ingressa na carreira do Poder Judiciário pelo quinto constitucional de pronto já possui a
vitaliciedade – art. 95, I da CRFB/88.

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Procedimento do quinto constitucional:

→ OAB → Lista sêxtupla → Tribunal dos 6 faz lista tríplice (escolhe 3) → Chefe do Poder Executivo dos
3 escolhe 1 no prazo de 20 dias após o recebimento da lista e nomeia.
→ M.P → Lista sêxtupla → Tribunal dos 6 faz lista tríplice (escolhe 3) → Chefe do Poder Executivo dos 3
escolhe 1 no prazo de 20 dias após o recebimento da lista e nomeia.

Composição do STF – Art. 101, CRFB/88:


 11 Ministro;

 Requisitos para ser Ministro do STF:


 + de 35 e – de 65 anos;
 Notável saber jurídico;
 Reputação ilibada;
 Brasileiro Nato (art. 12, §3°, IV, CRFB/88).

 Procedimento:
 Após preenchidos os requisitos acima, será submetido à apreciação do Senado Federal, que
deliberará sobre as indicações por maioria absoluta dos seus membros;
 Aprovados no Senado Federal serão nomeados pelo Presidente da República – Art. 84, XIV,
CRFB/88.

Composição da Justiça do Trabalho – Art. 111 a 116, CRFB/88:


 A justiça do trabalho, após a EC 45/2004, ampliou a sua competência para abarcar TODAS as
relações de trabalho que possam ser instauradas na vida social. Funcionam como ÓRGÃOS da Justiça
do Trabalho os seguintes.

I – Tribunal Superior do Trabalho;


II – Tribunais Regionais do Trabalho;
III – Juízes do Trabalho.

OBS: Insta destacar que é possível que a lei atribua a jurisdição trabalhista aos juízes de direito nas
comarcas onde não foram instituídas Varas da Justiça do Trabalho (caso em que os recursos serão
direcionados ao respectivo Tribunal Regional do Trabalho) – art. 112 da CRFB/88.

Composição do Tribunal Superior do Trabalho – Art. 111-A, CRFB/88:


 O TST, com sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional, COMPÕE-SE de 27
(vinte e sete) ministros, escolhidos entre Brasileiros Natos ou Naturalizados, com + de 35 e – de 65
anos de idade de NOTÁVEL SABER JURÍDICO e REPUTAÇÃO ILIBADA (redação dada pela
E.C n° 92/2016). Nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta
do Senado Federal. O TST será composto por:

a) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho, com mais de dez anos de efetivo exercício da função. Nesse caso
haverá uma lista sêxtupla elaborada pelos órgãos das respectivas classes que será encaminhada ao
TST. O TST, de posse da lista sêxtupla, elabora outra (faz um filtro dessa lista), agora tríplice que
será encaminhada ao Presidente da República, competente para verificar o cumprimento dos
requisitos. O mesmo procederá à escolha de um nome, tal escolha será encaminhada para sabatina
do Senado Federal e dependerá de aprovação por maioria absoluta. No fim de todo o trâmite,
ocorrerá a nomeação pelo Presidente da República.

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b) Os demais componentes, Quatro quintos, são escolhidos entre juízes dos Tribunais Regionais do
Trabalho, oriundos da magistratura de carreira (diferente da composição do STF), indicados pelo
próprio Tribunal Superior – nesse caso, há indicação do TST ao Senado Federal, que aprovará a
escolha por maioria absoluta e a encaminhará para a nomeação, a ser realizada pelo Presidente da
República.

ATENÇÃO: Nota-se uma peculiaridade na formação do TST: os quatro quintos dos Ministros do TST
provenientes dos TRTs não podem ter ingressado nos tribunais regionais pela regra do quinto constitucional,
isto é, não podem ser oriundos da advocacia ou do Ministério Público do Trabalho, devem ser magistrados
de carreira.

OBS: A E.C n° 92/2016 acrescentou o §3° ao artigo 111-A dizendo que cabe ao TST processar e julgar,
originariamente, a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de
suas decisões.

Funcionarão, juntamente ao TST:

a) A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (ENFAMT),


cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na
carreira (art. 111-A, §2º, I, CRFB/88).

b) O Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), cabendo-lhe exercer, na forma da lei a


supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro
e segundo grau, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeitos vinculantes (art. 111-A,
§2º, II, CRFB/88). Este Conselho Superior é integrado por 11 (onze) membros, sendo eles:

 O Presidente e o Vice - Presidente; São membros NATOS.


 Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho
 3 ministros do TST, eleitos pelo Tribunal Pleno;
 Cinco Presidentes de TRTs, cada um deles eleito por uma região geográfica do país.

Composição dos Tribunais Regionais do Trabalho – Art. 115, CRFB/88:


 Compõem-se de, no mínimo, sete juízes recrutados, quando possível, na respectiva região, e
nomeados pelo Presidente da República dentre os Brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos,
sendo:

a) Um quinto dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no
artigo 94, da CRFB/88.

b) Os demais, quatro quintos, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e


merecimento, alternadamente.

OBS: Atualmente existem 24 TRTs, lembrando que referidos Tribunais não estão distribuídos por Estados,
mas sim por regiões, o que significa que certos Estados-Membros não possuam um TRT próprio, como é o
caso do Acre (servido pelo TRT com sede em Rondônia), do Amapá (servido pelo TRT com sede no Pará)
e de Roraima (servido pelo TRT com sede no Amazonas). De outro lado, um Estado como São Paulo possui
mais de um TRT.

ATENÇÃO: Os TRTs instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de
atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos
e comunitários (art. 115, §1º, CRFB/88).
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OBS: Os TRTs poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar
o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo (art. 115, §2º, CRFB/88).

Composição dos Juízes do Trabalho – Art. 116, CRFB/88:


 No que concerne aos Juízes do Trabalho, com a EC nº24/1999, as juntas de Conciliação e Julgamento
foram substituídas pelas Varas do Trabalho, nas quais um juiz singular exerce a jurisdição. Porém,
nas comarcas em que não houver Vara do Trabalho, o juiz de direito será competente para exercer a
jurisdição do juiz do trabalho, devendo encaminhar eventuais recursos para o Tribunal Regional do
Trabalho da respectiva região.

COMPOSIÇÃO: 27 ministros,
Tribunal
escolhidos dentre brasileiros natos ou
Superior do
Trabalho. naturalizados, com mais de 35 e menos
de 65 anos de idade. Devem
respeitar a
COMPOSIÇÃO: no mínimo, 7 juízes, regra do
recrutados, quando possível, na quinto
Composiçã
Tribunais respectiva região, e nomeados pelo constitucional
o da
Regionais do Presidente da República dentre .
Justiça do
Trabalho. brasileiros com mais de 30 e menos de 65
Trabalho.
anos.

Juízes do Trabalho

Composição do Superior Tribunal de Justiça – Art. 104 e 105, CRFB/88:


O Superior Tribunal de Justiça tem sede na Capital Federal e jurisdição em todo o
território nacional (art. 92, §1°; §2°CRFB/88).

Composição do STJ:
 No mínimo 33 ministros – art. 104, CRFB/88;

Requisitos – art. 104, parágrafo único, CRFB/88:

 Nomeados pelo Presidente da República;


 Brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos;
 Notável saber jurídico e reputação ilibada;
 Aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal;

OBS: 1/3 dos ministros é de composição por juízes advindos dos Tribunais Regionais
Federais.

OBS: 1/3 dos ministros é composto por Desembargadores advindos dos Tribunais de Justiça.

OBS: 1/3 dos ministros, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,
Estadual, do Distrito Federal e Território, alternadamente, indicados segundo o
regramento previsto no artigo 94, CRFB/88 – ATENÇÃO: Apesar de a aritmética da

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formação do STJ não se subordinar à regra do “quinto constitucional”, o procedimento de


indicação dos membros do MP e da Advocacia segue os trâmites definidos por esta cláusula.

Procedimento – art. 104, CRFB/88:


Nas vagas destinadas aos membros dos TRFs e dos TJs, o próprio STJ elaborará, livremente, a lista
tríplice e a entregará ao Presidente da República, que indicará um nome a
ser sabatinado no Senado Federal. Se a Casa Legislativa aprovar o indicado, por maioria
absoluta, o Presidente da República irá nomeá-lo – art. 84, XIV, CRFB/88.
Para as vagas destinadas aos advogados e aos membros do Ministério Público, será
elaborada lista sêxtupla, por cada uma das instituições, e esta será encaminhada ao STJ que, por sua vez,
elaborará uma lista tríplice, a ser enviada ao Presidente da República. O
Presidente realizará a escolha, sendo que o selecionado será direcionado para arguição pública
perante o Senado Federal, que deverá aprovar a escolha por maioria absoluta dos votos.
Aprovado, o indicado, o Presidente irá nomeá-lo para o cargo de Ministro do STJ.

Funcionarão, juntamente ao STJ – art. 105, parágrafo único, CRFB/88:


a) A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para ingresso e promoção na
carreira;
b) O Conselho da Justiça Federal – CJF, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a
supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo
grau, como órgão central do sistema e com poderes correcionais, cujas decisões terão
caráter vinculante.
Órgão de Classe STJ reduz a lista
1/6 dos Membros, Sêxtupla para
oriundos do MP elabora lista
sêxtupla e lista Tríplice
Federal, Estadual encaminha para o
encaminha para o
e Distrital. Presidente da
STJ.
República.
Órgão de Classe
1/6 dos
elabora lista sêxtupla
Membros,
e encaminha para o
oriundos da
Composição do STJ. O Presidente
STJ – No mínimo Advocacia.
escolhe os
33 ministros. candidatos a
1/3 dos partir das listas
Membros, dentre Em ambos os casos tríplices; indica
desembargadores o próprio STJ um de cada lista
dos TJs. elabora lista e encaminha
tríplice e para apreciação
encaminha para o do Senado.
1/3 dos Membros,
Presidente da
dentre juízes dos
República.
TRFs.

Somente após aprovação da maioria


absoluta do Senado Federal haverá
nomeação pelo Presidente da República.

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Do Conselho Nacional de Justiça – CNJ – Art. 103-B, CRFB/88:


É órgão integrante do Poder Judiciário, entretanto NÃO dispõe de competência jurisdicional.

 Composição do CNJ:
Compõe-se de 15 membros com MANDATO DE 2 ANOS, admitida 1 RECONDUÇÃO. São eles:
 Presidente do STF;
 Ministro do STJ - indicado pelo respectivo Tribunal;
 Ministro do TST – indicado pelo respectivo Tribunal;
 Desembargador do TJ – indicado pelo STF;
 Juiz estadual – indicado pelo STF;
 Juiz de TRF – indicado pelo STJ;
 Juiz federal – indicado pelo STJ;
 Juiz do TRT – indicado pelo TST;
 Juiz do Trabalho – indicado pelo TST;
 Membro do MP da União – indicado pelo PGR;
 Membro do MP Estadual – indicado pelo PGR;
 2 advogados - indicados pelo Conselho Federal da OAB;
 2 cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados
e outro pelo Senado Federal.

ATENÇÃO: Caso não seja efetuado essas indicações, no prazo legal, caberá ao STF a escolha – art. 103-B,
§3°, CRFB/88.
OBS: O CNJ NÃO é composto apenas de magistrados, compõe-se também por advogados, membros do M.P
e cidadãos de notável saber jurídico. Art. 103-B, CRFB/88.
ATENÇÃO: Os membros do CNJ serão nomeados pelo Presidente da República, DEPOIS de aprovada a
escolha pela MAIORIA ABSOLUTA do Senado Federa (Art. 103-B, §2º CRFB/88). Entretanto o presidente
do CNJ, que é o mesmo Presidente do STF e o Vice-Presidente do CNJ que também é o mesmo Vice-
Presidente do STF, NÃO precisa passar pela aprovação no Senado - Art. 103-B, §1º CRFB/88.

 Competência do CNJ:

Atuar na atividade Administrativa; Financeira do Poder Judiciário (JAMAIS na atividade


jurisdicional do Poder Judiciário) e no cumprimento dos deveres Funcionais dos juízes. Art. 103-B, §4º,
CRFB/88.
Art. 103-B, §4º - Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e
financeira do Poder judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes,
cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da
Magistratura. (Rol exemplificativo)

→ Dentre as competências do CNJ, destaca-se ←

 Zelar pela autonomia do Poder Judiciário;


 Zelar pela observância do Art. 37, CRFB/88, podendo apreciar de OFÍCIO ou mediante
PROVOCAÇÃO a LEGALIDADE dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do
Poder Judiciário, podendo até DESCONSTITUÍ-LOS;
 Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgão do Poder Judiciário, inclusive contra
seus serviços auxiliares.
 Pode AVOCAR (tomar para si) processos disciplinares em curso;
 Representar ao Ministério Público no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de
autoridade;

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 Rever de OFÍCIO ou mediante PROVOCAÇÃO os processos disciplinares de juízes e membros de


tribunais julgados HÁ MENOS DE UM ANO;

OBS: O rol do artigo mencionado acima é exemplificativo, podendo ser ampliado pelo estatuto da
magistratura.
OBS: O CNJ será presidido pelo Presidente do STF.
OBS: É órgão de controle interno do Poder Judiciário.
OBS: Pode ter seus atos submetidos ao controle do STF – Art. 102, I, r, CRFB/88.

Da Súmula Vinculante - Art. 103-A, CRFB/88:


São decisões normativas que obriga a observância de todos os órgãos da Administração Pública e do
judiciário a atuarem conforme seus parâmetros.

 Da elaboração:
 STF, podendo ser:
* De ofício. (Art. 103-A, CRFB/88).
* Por provocação. (Art. 103-A, §2º, CRFB/88).
 Requisitos:
 Reiteradas decisões sobre matéria constitucional.
 Aprovação por 2/3 dos seus membros (STF).

 Legitimados para propor revisão ou cancelamento:


 Todos do Art. 103, CRFB/88; → CRFB/88, Art. 103-A, §2º.
 Defensor Público Geral da União;
 Tribunais Superiores; Lei 11.417/06, Art. 3º.
 T.J; TRF; TRT; TRE.

OBS: Município, SÓ pode propor a edição a revisão ou o cancelamento da súmula vinculante,


incidentalmente no curso de processo em que seja parte. – Art. 3º, §1º, Lei 11.417/06.

OBS: O Supremo Tribunal Federal pode modular os efeitos da Súmula Vinculante, por decisão de 2/3 dos
seus membros, para que essa só produza seus efeitos vinculantes em outro momento, tendo em vista razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse público. Art. 4º da Lei 11.417/06.

ATENÇÃO: A Súmula Vinculante NÃO vincula às funções TÍPICAS dos demais poderes, podendo o
Presidente inclusive propor Medida Provisória e o Congresso Nacional legislar sem observância à Súmula
Vinculante. Se tal observância fosse necessária isso afrontaria a independência dos Poderes – Art. 2º,
CRFB/88.

Da Reclamação Constitucional - Art. 103-A, §3º, CRFB/88:

Art. 103-A, §3 – Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente,
anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja
proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

A reclamação tem por objetivo preservar a competência e garantir a autoridade das decisões do
Supremo Tribunal Federal (Art. 102, I, l, CRFB) ou do Superior Tribunal de Justiça (Art. 105, I, f,
CRFB) ou do Tribunal Superior do Trabalho (Art. 111-A, §3°, CRFB/88 – Acrescentado pela EC n°
92/2016). Admite-se, também, em face da decisão judicial ou do ato normativo que contrariar enunciado
de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente (Art. 103, §3°, CRFB/88).
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OBS: Reclamação não pode ser utilizada como sucedâneo de recurso.


OBS: Não cabe reclamação após o trânsito em julgado da decisão – Súmula 734 STF
OBS: Não cabe reclamação das súmulas não vinculantes.
ATENÇÃO: A reclamação pode ser adotada no âmbito estadual, consoante com o princípio da simetria e
com o princípio da efetividade das decisões judiciais, por constituir instrumento de defesa judicial das
decisões proferidas pelas cortes estaduais.

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EXERCÍCIO 03 - Peça
Associação em Defesa dos Trabalhadores Rurais impetrou Mandado de Segurança, de forma
originária, no Tribunal Superior do Trabalho, sendo-lhe denegada a ordem. Mas, a decisão do Tribunal
Superior, proferida nos últimos cinco dias, viola uma série de dispositivos constitucionais e
infraconstitucionais, alguns estabelecidos no rol do art. 7° da CF, outros espalhados pela CLT.
Na qualidade de advogado contratado pela Associação, aponte a peça cabível ao tema, observando: a)
competência do juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais
vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural.

Questões
Questão 01
Com a aproximação do pleito eleitoral, o Prefeito do Município ABC, que concorrerá à reeleição, vem
tentando resgatar a sua imagem, desgastada por conta de sucessivos escândalos. O Prefeito deu início a uma
série de obras públicas de embelezamento da cidade e quadruplicou as receitas destinadas à publicidade. Para
fazer face a essas despesas, o Município deixou de aplicar o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde e anunciou corte ainda
maior nas verbas destinadas à educação e saúde para o exercício financeiro seguinte.

Considerando que a Constituição da República autoriza a intervenção nessa hipótese, responda,


fundamentadamente, aos itens a seguir.

A) A União pode intervir nos Municípios, caso o Estado deixe de fazê-lo? (Valor: 0,65)

B) Caso o Governador decrete a intervenção do Estado no Município, tal ato estará sujeito a alguma forma
de controle político? (Valor: 0,60)

Questão 02
Sob forte influência de grandes produtores rurais, numerosos parlamentares do Congresso Nacional se
mobilizam para a edição de uma Emenda à Constituição, a fim de retirar do texto constitucional a referência
à função social da propriedade. Como resposta, a sociedade civil começou uma campanha de coleta de
assinaturas para deflagrar a edição, por iniciativa popular, de uma Emenda para tornar crime a manutenção
de propriedades improdutivas.

Com base no fragmento acima, responda aos itens a seguir, fundamentadamente.

A) Um parlamentar tem iniciativa no processo legislativo de Emenda à Constituição? E a sociedade civil?


(Valor: 0,60)

B) É possível a edição de Emenda com o conteúdo pretendido pelos produtores rurais? (Valor: 0,65)

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 CAPÍTULO I – DO PODER LEGISLATIVO – Art. 44 – 75 CRFB/88.


 CAPÍTULO II – DO PODER EXECUTIVO – Art. 76 – 91 CRFB/88.
 CAPÍTULO III – DO PODER JUDICIÁRIO – Art. 92 – 126 CRFB/88.
 CAPÍTULO IV – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA – Art. 127 – 135 CRFB/88.
→ CAPÍTULO IV – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA – Art. 127 – 135.

As funções essenciais à justiça estão distribuídas do seguinte modo:

 Ministério Público – art. 127 a 130, CRFB/88;


 Advocacia Pública – art. 131 e 132, CRFB/88;
 Advocacia Privada – art. 133, CRFB/88;
 Defensoria Pública – art. 134, CRFB/88;

ATENÇÃO: Essas atividades acima não integram o Poder Judiciário.


Do Ministério Público:

Conceito: É instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, que tem como função a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis – art.
127, CRFB/88.

OBS: Existe, na doutrina, divergência quanto a integração do Ministério Público, a doutrina majoritária (que
é a qual devemos nos filiar) entende que o MP não integra nenhum dos Poderes estatais por ser uma
instituição independente e autônoma.

Princípios Institucionais do Ministério Público:

 Unidade: Traduz a ideia de que o MP é uno, de fato é, entretanto, não confundir essa ideia com a
divisão orgânica da instituição para atender a estrutura federativa vigente no país. Portanto não
podemos confundir MPU com os Ministérios Públicos Estaduais. Logo o princípio da unidade
existente é a de cada um dos Ministérios Públicos.

 Indivisibilidade: Como o MP é uno seus membros não se vinculam às causas processuais nas quais
atuam, viabilizando, com isso, eventuais substituições entre os membros.

 Independência funcional: É a garantia constitucional atribuída ao MP para que esse possa atuar de
forma livre, de acordo com às leis e, sobretudo, à Constituição Federal, não sendo subordinado às
convicções jurídicas de outros, ainda que no âmbito administrativo, mesmo embora os membros
estejam submetidos à chefia do Procurador-Geral, não há que se falar em subordinação de índole
funcional.

OBS: Os 3 princípios mencionados acima podem ser encontrados, de forma expressa, no artigo 127, §1°,
CRFB/88, portanto são princípios explícitos. Ocorre que, ao contrário dos 3, temos um 4° princípio que
estaria implícito no ordenamento constitucional, conforme sustenta parcela da doutrina.

 Princípio do promotor Natural (implícito): Impede-se designações casuísticas e arbitrárias,


realizadas pelo chefe da instituição, que acabariam por comprometer a plenitude e a independência
da instituição. Portanto é o fato impeditivo de que um membro do MP venha a ser arbitrariamente
afastado do desemprenho de suas atribuições nos procedimentos em que ordinariamente oficie (ou
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que deva oficiar), exceto se houver relevante motivo de interesse público, por impedimento ou
suspeição ou, ainda, por razões decorrentes de férias ou de licença.

ATENÇÃO: Esse princípio implícito é derivado da garantia constitucional de que ninguém será processado,
nem sentenciado, senão pela autoridade competente (art. 5°, LIII, CRFB/88). Insta destacar que também há
muita divergência nos posicionamentos dos ministros do STF quanto ao reconhecimento desse princípio, ora
os ministros do STF reconhecem como princípio ora não cogitam a existência do princípio. Para ilustrar HC
n° 90.277, julgado em 2008 – Min. Ellen Gracie; HC n° 102.147-GO, julgado em 2010 – Min. Celso de
Mello; HC n° 103.038, julgado em 2011 – Min. Joaquim Barbosa.

Ingresso na Carreira do MP – art. 129, §3°, CRFB/88:


Perceba que são os
 Bacharel em direito; mesmos requisitos para
 3 anos de atividade jurídica; o ingresso na carreira de
magistrado, na forma do
 Aprovação em concurso público de provas e títulos;
artigo 93, I, da
 Obedecer a ordem de classificação. CRFB/88.

Garantias institucionais e dos membros do MP:

 Autonomia funcional: O MP não se sujeita ao controle de qualquer dos Poderes – art. 127, §2°,
CRFB/88, ele é órgão independente e autônomo;
 Autonomia administrativa: Reconhece ao MP a capacidade de autogestão – art. 127, §2°, CRFB/88,
e isso é muito importante, pois na forma do mencionado artigo pode o MP propor ao Poder Legislativo
a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas
ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira.
 Autonomia financeira: Capacidade do MP elaborar sua proposta orçamentária, dentro dos limites
estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentária – art. 127, §3°, CRFB/88.
OBS: Essas 3 primeiras garantias são garantias institucionais. Passamos a trabalhar agora das garantias
constitucionais próprias aos membros do MP.

 Vitaliciedade: O membro do MP se torna vitalício após dois anos de efetivo exercício, não podendo
mais perder o cargo senão após decisão judicial transitada em julgado, antes de dois anos a perda do
cargo será decida pelo Conselho Superior – art. 128, §5°, I, “a”, CRFB/88.
 Inamovibilidade: Os membros do MP, uma vez titulares do cargo, somente poderão ser removidos
por iniciativa própria. Lembrar que essa garantia pode sofrer mitigação por motivo de interesse
público, mediante decisão, por maioria absoluta de votos, do órgão colegiado competente (que é o
Conselho Nacional do Ministério Público), assegurado ampla defesa – art. 128, §5°, I, “b”, CRFB/88.
 Irredutibilidade de subsídios: Assegura aos membros do MP que esses não sofreram pressões por
diminuições remuneratórias indevidas no exercício de suas funções e atribuições.

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Resumindo as garantias:
Autonomia funcional
Garantias
Garantias Autonomia Administrativa
institucionais
institucionais Autonomia financeira
e dos
membros do
Ministério Vitaliciedade
Público. Garantias
dos Inamovibilidade
membros
Irredutibilidade de subsídio

Vedações aos membros do MP – Art. 128, §5°, II, CRFB/88:


Ex³ - Re² - Pa
 Exercer advocacia;
 Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
 Exercer atividade político-partidária;
 Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
 Receber qualquer forma de auxílio ou contribuição de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
exceto nas situações autorizadas em lei.
 Participar de sociedade comercial, na forma da Lei.

ATENÇÃO: Os membros do MP admitidos antes da promulgação da Constituição Federal de 1988 puderam


optar pelo regime anterior, no que respeita as garantias, vantagens e vedações (apenas os integrantes do MPU,
pois para o MPE a vedação sempre existiu – resolução n° 16/2006 do CNMP). Assim, os que optaram pelo
regime anterior (no qual era possível exercer a advocacia), continuam com essa prerrogativa –
Conforme artigo 29, §3°, ADCT.

OBS: Conforme artigo 128, §6°, CRFB/88 – Também é vedado aos membros do MP exercer a advocacia
perante o juízo ou Tribunal junto ao qual oficiavam quando estavam em atividade, antes de decorrido o lapso
temporal de três anos – quarentena.

Organização e composição do Ministério Público – art. 128, CRFB/88:

I - Ministério Público da União que compreende – MPU;


 Ministério Público Federal - MPF;
 Ministério Público do Trabalho - MPT;
 Ministério Público Militar - MPM;
 Ministério Público do Distrito Federal e Territórios – MPDFT;
II – Ministério Público dos Estados – MPE.

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Resumindo a organização

Ministério Público Federal - MPF


Ministério
Público da Ministério Público do Trabalho - MPT
União - MPU
Ministério Público Militar - MPM
Organização
Ministério Público do DF e Territórios
do Ministério
- MPDFT
Público. Ministério
Público
Estadual -
MPE

ATENÇÃO: Lei complementar regulamentará organização do MP (tanto da União quanto dos Estados) –
art. 128, §5°, CRFB/88. O detalhe é quem tem a iniciativa para apresentação desse Projeto de Lei
complementar?

No âmbito Federal a iniciativa é concorrente entre o Procurador-Geral da República e o


Presidente da República (art. 61, §1°, II, “d”, c/c art. 128, §5°, todos da CRFB/88).

No âmbito Estadual a iniciativa é concorrente entre o Procurador-Geral de Justiça e


Governador (art. 61, §1°, II, “d”, c/c art. 128, §5°, todos da CRFB/88 – princípio da simetria).

OBS: Em relação aos Ministérios Públicos que atuam em conjunto com os Tribunais de Contas, destaca-se
que não haverá iniciativa concorrente entre o chefe do Executivo e o Procurador-Geral, pois a iniciativa
será do respectivo Tribunal de Contas devido à vinculação que aqueles (MPs) têm com estes.

MUITA ATENÇÃO: No tocante a Lei que regulamente a criação, extinção de cargos, serviços auxiliares, a
política remuneratória e os planos de carreiras dos membros do MP A INICIATIVA É PRIVATIVA do
Procurador-Geral da República e dos Procuradores-Gerais de Justiça – art. 127, §2°, CRFB/88. Portanto não
confundir a autonomia administrativa, visto acima, com a lei complementar que estabelece a organização,
atribuições e o estatuto de cada Ministério Público – art. 128, §5°, CRFB/88.

Do Procurador-Geral da República:
O PGR é o chefe do Ministério Público da União – art. 128, §1°, CRFB/88.

Requisitos para ser PGR:


 Nomeação pelo Presidente da República.
 Integrante da carreira;
 + de 35 anos;
 Aprovação do seu nome pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 52, III, e, CRFB/88);
OBS: O mandato do PGR é de 2 anos, sendo permitida a recondução (ILIMITADA), desde que observado
idêntico procedimento ao da nomeação - art. 128, §1°, CRFB/88.

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Requisitos para DESTITUIÇÃO do PGR antes do término do mandato – art. 128, §2°, CRFB/88.
 Iniciativa do Presidente da República;
 Autorização da maioria absoluta do Senado Federal.

ATENÇÃO: O processo e julgamento do PGR são feitos pelo Senado Federal, em se tratando de Crime de
Responsabilidade (Art. 52, II, CRFB/88) e no STF na hipótese do cometimento de crime comum (Art. 102,
I, “b”, CRFB/88).

Do Procurador-Geral de Justiça – art. 128, §3°, CRFB/88:


O PGJ é o chefe dos Ministérios Públicos dos Estados E DO DISTRITO FEDERAL - art. 128, §3°,
CRFB/88.
Requisitos para ser PGJ:
 O nome será escolhido dentre os nomes inscritos em lista tríplice formada por integrantes da
carreira;
 Nomeado pelo Chefe do Poder Executivo (Governador ou Presidente da República se PGJ do
DF).

OBS: O mandato do PGJ é de 2 anos, sendo permitida uma ÚNICA recondução - art. 128, §3°, CRFB/88.
Perceba que é diferente do mandato do PGR.

ATENÇÃO: Sua DESTITUIÇÃO antes do término do mandato é possível, mas deve ser precedida de
deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da Lei complementar respectiva – art. 128,
§4°, CRFB/88.

MUITA ATENÇÃO: A DESTITUIÇÃO do PGJ do DF, antes do termino do mandato será efetivada por
deliberação da maioria absoluta do SENADO FEDERAL e não pela maioria absoluta da Câmara Legislativa
do DF – Art. 156, §2°, da LC n° 75/1993.

OBS: O STF já decidiu que se houver vacância do cargo de PGJ, a eleição e a nomeação de outro titular do
cargo deve ser feita para um novo mandato de 2 anos, e não para cumprir o período que restava do antecessor.
Não se trata, pois, de “mandato tampão”, exatamente para evitar afronta à regra do artigo 128, §3°, CRFB/88.

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Resumindo:
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA - PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA - PGJ
PGR
 Escolha: feita pelo Presidente da República;  Escolha: feita pelo Governador, salvo se PGJ
 Inexistência de lista: Todos os integrantes da do DF.
carreira que preencherem os demais requisitos  Existência de lista tríplice
constitucionais estão, em tese, habilitados a  Admissibilidade de uma ÚNICA recondução.
ocupar o cargo.  Inexistência de participação do Poder
 Recondução ILIMITADA. Legislativo na nomeação do PGJ.
 Exigência de aprovação da escolha pela maioria  A Destituição exige prévia autorização do
absoluta dos membros do Senado Federal. Poder Legislativo, por sua maioria absoluta
 A Destituição exige prévia autorização do Poder (Assembleia Legislativa, salvo se PGJ do DF).
Legislativo (Senado Federal).

Do Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP – art. 130-A, CRFB/88:


É um órgão do controle INTERNO da instituição, sediado em Brasília e com atuação em todo o
território nacional.
Composição:
 14 membros;
 Nomeados pelo Presidente da República;
 Aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal;

OBS: O mandato dos membros do CNMP será de 2 anos, admitida UMA recondução.

ATENÇÃO: Dentre os 14 membros, temos:


Procurador-Geral da República - PGR Presidente do
CNMP

4 Membros do MPU, assegurada a


representação de cada uma de suas
carreiras.
7 membros do
3 Membros do MPE MP
Composição do
CNMP 2 Juízes, indicados um pelo STF e
outro pelo STJ.

2 Advogados, indicados pelo CFOAB

2 Cidadãos de notável saber jurídico e


reputação ilibada, indicados um pela
Câmara e outro pelo Senado Federal.

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Competência do CNMP – art. 130-A, §2°, CRFB/88:


Administrativa, financeira e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, além de:
 Zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público;
 Zelar pela observância do artigo 37 da CRFB/88;
 Apreciar, de oficio ou por provocação, a LEGALIDADE dos atos praticados por membros ou
órgãos do Ministério Público;
 Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público;
 Pode AVOCAR processos disciplinares em curso;
 Rever, de ofício ou por provocação, os processos disciplinares de membros do MP julgados
há menos de um ano;
ATENÇÃO: O CNMP escolherá um CORREGEDOR nacional, dentre seus próprios membros (CNMP),
em votação secreta para mandato de 2 anos, sendo VEDADA A RECONDUÇÃO. O corregedor tem como
competência:

 Receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativamente aos membros do MP


e dos seus serviços auxiliares;
 Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral;
 Requisitar e designar membros do MP, delegando-lhe atribuições, e requisitar servidores de
órgãos do MP.

OBS: O Presidente do CFOAB oficiará junto ao Conselho – art. 130-A, §4°, CRFB/88.

OBS: Serão criadas OUVIDORIAS do MP (pela União e pelos Estados por meio de Lei), que terá
competência para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do
Ministério Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao CNMP – art. 130-
A, §5°, CRFB/88.

MUITA ATENÇÃO: Os MPs que atuam juntamente aos Tribunais de Contas, o CNMP já decidiu (proc.
CNMP n° 0.00.000.000004/2005-19) que não lhe cabe a função de fiscalizá-los, já que não integram a
organização estruturada no artigo 128, CRFB/88.

Curiosidade sobre os MPs nos Tribunais de Contas:

Não se confundem com a fisionomia institucional dos MPs comuns (estudados até aqui, previstos no
artigo 128, CRFB/88), pois são dotados de fisionomia própria (sendo anômalo à abrangência do MP comum),
entretanto, seus MEMBROS (e não a instituição) foram agraciados com as mesmas, e expressivas, garantias,
vedações, requisitos para investidura e direitos dos membros do MP comum – art. 130, CRFB/88.

OBS: O STF já decidiu pela inadmissibilidade de transmigração para o MP especial de membros de outras
carreiras do MP comum, afinal as instituições não se confundem, dada a identidade muito peculiar e especial
do MP que oficia junto às Corte de Contas – MS 27.339-DF.

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Da Advocacia Pública:

A advocacia geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,


representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da Lei complementar (LC n°
73/1993) que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e
assessoramento jurídico do Poder Executivo.

Do Advogado-Geral da União – art. 131, §1°, CRFB/88:


É o chefe da Advocacia Geral da União, constituindo os seguintes requisitos para o cargo:

 É livremente nomeado pelo Presidente da República;


 Dentre cidadãos (advogado) + de 35 anos;
 Notável saber jurídico e reputação ilibada;
 Não tem aprovação pelo Senado Federal;

OBS: O AGU NÃO precisa integrar os quadros da Advocacia-Geral da União para ser nomeado para a
função.

OBS: O ingresso nas classes iniciais da Advocacia Geral da União ocorre mediante concurso público de
provas e títulos - art. 131, §2° da CRFB/88.

OBS: O AGU possui status de MINISTRO (art. 22, inciso VI, Lei n° 13.502/2017 de 1 de novembro de
2017) por conta disso é processado e julgado, nos crimes de responsabilidade, no Senado Federal (art. 52, II,
CRFB/88), e nos crimes comuns no STF (art. 102, I, “c”, CRFB/88).

ATENÇÃO: O AGU tem a competência para defender, nas ações diretas de inconstitucionalidade, a norma
legal ou o ato normativo (estadual ou federal), objeto de impugnação – art. 103, §3°, CRFB/88.

MUITA ATENÇÃO: O AGU, segundo STF (ADI 1616-PE informativo 229, STF) encontra-se desobrigado
de defender a norma impugnada quando o próprio STF já tenha considerada inconstitucional, assim como
também não está obrigado a defender tese que contrarie os interesses da União, pois a defesa do ente é sua
atribuição principal.

Dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal – art. 132, CRFB/88:


Esses são semelhantes ao AGU, mas suas atribuições são de representação, judicial, de
assessoramento e consultoria, das entidades Federadas e não da União, pois para União temos o AGU.

OBS: O ingresso na carreira de Procurador ocorre mediante concurso público de provas e títulos, com
participação da OAB em todas suas fases – art. 132, CRFB/88.

OBS: Os procuradores possuíram estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de
desempenho – art. 132, parágrafo único, CRFB/88.

ATENÇÃO: A chefia da Procuradoria-Geral é desempenhada pelo Procurador-Geral, cuja nomeação e


destituição são efetivadas livremente pelo Governador, que pode escolher membros que integrem (OU NÃO)
a carreira, conforme já decidiu o STF (ADI 291-MT).
MUITA ATENÇÃO: É possível que o Poder Constituinte Derivado Decorrente, quanto da elaboração do
texto da constituição estadual, opte por exigir que o Procurador-Geral do Estado seja escolhido,
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NECESSARIAMENTE, dentre componentes da própria carreira, conforme pronunciamento do STF (ADI


2.581-SP – informativo 476, STF).

OBS: Vale destacar que para esfera Municipal não há qualquer determinação de estruturação de carreiras
próprias de Procurador nos Municípios, mas nada impede que referidas entidades federais criem cargos com
essa finalidade.

Da Advocacia Privada:

O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações
no exercício da profissão e nos limites da lei – art. 133, CRFB/88.

Da Defensoria Pública:

É uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como


expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos,
de forma integral e gratuita, na forma do inciso LXXIV do art. 5° da constituição federal de 1988 – art. 134,
CRFB/88.
Logo incube à Defensoria apresentar aos mais carentes e necessitados os seus direitos, aproximando-
os das prerrogativas das quais são detentores, concretizando, com isso, sua vocação constitucional de
franquear o acesso à Justiça a todos, especialmente os que dela mais precisam.

Da organização da Defensoria Pública: A competência legislativa para a regulamentação da


assistência jurídica e da Defensoria Pública é concorrente, conforme artigo 24, XIII, CRFB/88. Logo temos
as Defensorias:
 Defensoria Pública da União – DPU;
 Defensoria Pública dos Estados – DPE;
 Defensoria do Distrito Federal – DPDF;
 Defensoria Púbica dos Territórios – DPT;

ATENÇÃO: Quanto à organização da Defensoria, essa rege-se pelos mesmos princípios que o Ministério
Público – art. 134, §4°, CRFB/88:
 Unidade;
 Indivisibilidade;
 Independência Funcional.

Do ingresso na carreira – art. 134, §1°, CRFB/88:


 Concurso público de provas e títulos – art. 134, §1°, CRFB/88.

Garantias dos integrantes da Defensoria Pública – art. 134, §1°, CRFB/88:


 Inamovibilidade;
 Independência funcional – consequência do princípio que rege a instituição;
 Irredutibilidade dos vencimentos;
 Estabilidade;
OBS: É vedado aos defensores exercer advocacia fora das atribuições institucionais – art. 134, §1°, CRFB/88.

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EXERCÍCIO 04 - Peça:
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é a entidade sindical
de um dos principais setores da economia do País. Juntas, estas categorias respondem por cerca de ¼ do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram aproximadamente 25 milhões de empregos diretos e formais.
Representante máxima dos cerca de 4,5 milhões de empreendedores do comércio de bens, serviços e turismo,
a CNC foi fundada em 4 de setembro de 1945.
Ela resolve contratá-lo para questionar o §1º, do art. 636 da Consolidação das Leis do Trabalho, que
redação dada pelo Decreto-lei 229, de 28.02.1967, e dispõe:

Art. 636. Os recursos devem ser interpostos no prazo de 10 (dez) dias contados do recebimento da
notificação, perante autoridade que houver imposto a multa, a qual, depois de os informar encaminhá-
los-á à autoridade de instância superior. (Redação dada pelo Decreto-Lei 229, de 28.02.1967.)
§1º. O recurso só terá seguimento se o interessado o instruir com a prova do depósito da multa.
(Incluído pelo Decreto-Lei 229, de 28.02.1967.)

A Confederação pretende argumentar, em síntese, que a exigência de depósito prévio para fins de
admissibilidade de recursos administrativo importa clara ofensa ao princípio da isonomia, sobretudo porque
coloca cidadãos em situação de desigualdade perante a Administração tendo em vista os seus recursos
materiais. Quer, também, apontar ofensa a outras normas constitucionais.
Na condição de advogado da Confederação, proponha a medida judicial mais adequada para atender
aos reclamos de sua constituinte.

Questões
Questão 01
No mês de março, um projeto de emenda constitucional foi rejeitado logo no primeiro turno de
votação, realizado na Câmara dos Deputados. Em agosto do mesmo ano, esse projeto de emenda foi
novamente posto em votação na Câmara dos Deputados. Na sequência, determinado Deputado Federal,
contrário ao projeto de emenda e decidido a impedir sua tramitação, afirmou que iria acessar o Poder
Judiciário. Discorra sobre a possibilidade de o Poder Judiciário exercer controle sobre a tramitação da
emenda, bem como sobre a possível medida cabível no caso em tela. (valor: 1,25)

Questão 02
Renata, servidora pública estadual, ingressou no serviço público antes da edição da Constituição da
República de 1988, e é regida pela Lei X, estatuto dos servidores públicos do Estado-membro. Sobre a
situação funcional de Renata, responda justificadamente:

A) O que ocorrerá com a Lei X caso ela não tenha sido editada conforme os trâmites do processo legislativo
previstos pela atual Constituição? (valor: 0,40)

B) É possível que Renata questione, em ação individual, por meio de controle difuso, a inconstitucionalidade
formal da Lei X perante a constituição revogada? (valor: 0,40)

C) Tendo em vista que Renata já estava inserida em um regime jurídico, é possível afirmar que a mesma tem
direito adquirido a não ser atingida pela Constituição de 1988 no que tange à sua situação funcional? (valor:
0,45)

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Questão 03
O Congresso Nacional autorizou o Presidente da República a normatizar, por via de lei delegada, na
sua forma típica ou própria (sem necessidade de posterior aprovação pelo Congresso), matéria que trata de
incentivo ao parque industrial brasileiro. Ocorre, porém, que o Chefe do Poder Executivo, ao elaborar o
diploma normativo, exorbitou dos poderes a ele conferidos, deixando de respeitar os limites estabelecidos
pelo Congresso Nacional, por via de Resolução. A partir dessa narrativa, responda aos itens a seguir.

A) No caso em tela, o aperfeiçoamento do ato de delegação, com a publicação da Resolução, retira do


Congresso Nacional o direito de controlar, inclusive constitucionalmente, o conteúdo da Lei Delegada
editada pelo Presidente da República? Justifique. (Valor: 0,75)

B) Caso a Resolução estabelecesse a necessidade de apreciação do projeto pelo Congresso Nacional


(delegação atípica ou imprópria), poderia a Casa legislativa alterar o texto elaborado pelo Presidente da
República? Justifique. (Valor: 0,50)

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TÍTULO V – DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS – Art. 136 - 144


CRFB/88.
 CAPÍTULO I – DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO – Art. 136 – 141.
 CAPÍTULO II – DAS FORÇAS ARMADAS – Art. 142 – 143.
 CAPÍTULO III – DA SEGURANÇA PÚBLICA – Art. 144.

→ CAPÍTULO I – DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO – Art. 136 – 141 CRFB/88.

→ DO ESTADO DE DEFESA – Art. 136, CRFB/88.

 Conceito: É uma medida de exceção, com o fim de fazer frente à anormalidade manifestada e
restabelecer a ordem.

 Requisitos ou Finalidade:

* Ameaça à ordem pública;


* Ameaça à paz social;

 Pressupostos:

* Grave e iminente instabilidade institucional;


* Calamidade de grandes proporções na natureza.

Resumindo – Caberá Estado de Defesa quando existir ameaça à ordem pública ou à paz social, atingidas por
grave e iminente instabilidade institucional ou calamidade de grandes proporções na natureza.

 Procedimento: Art. 136, §1º, CRFB/88.

Ocorre por DECRETO (autônomo) do Presidente da República, mas antes deve ter:
 Audiência prévia com o Conselho de Defesa Nacional - Art. 91, §1º, II, CRFB/88;
 Audiência prévia com o Conselho da República - Art. 90, I, CRFB/88;
 Definição do PRAZO (até 30 dias + 30, art. 136, §2º, CRFB/88);
 Determinar a ABRANGÊNCIA (locais restritos e determinados art. 136, §1º, CRFB/88);
 Determinar as MEDIDAS COERCITIVAS a vigorarem, dentre as seguintes - (art. 136,
§1º, I CRFB/88);
* RE-SICO-SICO
I – Reunião, ainda que no seio das associações;
II- Sigilo de Correspondência;
III- Sigilo de Comunicação telegráfica e telefônica.

ATENÇÃO: Na hipótese de CALAMIDADE PÚBLICA, poderá ter a ocupação de uso temporário de bens
e serviços públicos, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes - art. 136, §1°, II, CRFB/88.
OBS: Preenchidos todas essas etapas do procedimento o Presidente da República decreta o estado de Defesa.
Art. 84, IX, CRFB/88.
ATENÇÃO: Após o decreto do estado de defesa e após a sua prorrogação (caso ocorra) o Presidente da
República tem prazo de 24h para submeter o ato ao Congresso Nacional (136, §4º, CRFB/88). Podendo
o Congresso Nacional aprovar o estado de defesa ou suspender a medida por MAIORIA ABSOLUTA,
conforme art. 49, IV, CRFB/88.

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OBS: Se o Congresso Nacional estiver de recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de 5 dias
(Art. 136, §5°, CRFB/88) – a convocação será feita pelo PRESIDENTE DO SENADO, conforme art. 57,
§6°, I, CRFB/88.

Controle do Decreto:
* POLÍTICO: É realizado pelo Congresso Nacional.
10 dias, contados do recebimento. (Art. 136, §6º);
Decidido por MAIORIA ABSOLUTA (aprova ou rejeita). (Art. 136, §4º);
Atua de forma concomitante (Art. 140, CRFB);
Controle Sucessivo (a posteriori) (Art. 141, parágrafo único, CRFB/88);
* JURÍDICO: É realizado pelo Poder Judiciário.
Atua de forma CONCOMITANTE, por meio de MS/HD;
Controle Sucessivo (a posteriori) (Art. 141, CRFB/88).

→ DO ESTADO DE SÍTIO – Art. 137, CRFB/88.


 Conceito: É uma medida de exceção, com o fim de fazer frente à anormalidade manifestada e
restabelecer a ordem.

 Requisitos:
Autorização do Congresso Nacional. Art. 137 c/c 49, IV, CRFB/88

 Pressupostos – Art. 137, I, II da CRFB/88: Nesses dois casos o prazo de decretação não
pode ser maior do que 30 dias e nem
* Comoção Grave de Repercussão Nacional; prorrogado, de cada vez, por prazo superior –
I * Ineficácia do Estado de Defesa; art. 138, §1°, primeira parte, CRFB/88.
(30+30+30+30...)

Nesses dois casos o prazo de decretação


II * Declaração de Guerra; poderá ser por todo o tempo que perdurar a
* Resposta à Agressão Armada Estrangeira. guerra ou agressão armada estrangeira – art.
138, §1°, segunda parte, CRFB/88.

 Procedimento: Art. 138, CRFB/88.

 Audiência prévia com o Conselho de Defesa Nacional - Art. 91, §1º, II, CRFB/88;
 Audiência prévia com o Conselho da República - Art. 90, I, CRFB/88;
 Autorização do Congresso Nacional por MAIORIA ABSOLUTA – Art. 49, IV c/c 137,
parágrafo único CRFB/88;
 Definição do PRAZO (30 dias + 30 + 30 sucessivas vezes, art. 138 c/c 138, §1º, CRFB/88
ou por todo o tempo que perdurar a guerra ou resposta à agressão armada);
 Determinar as MEDIDAS COERCITIVAS (art. 138 c/c 139, CRFB/88);

OBS: Preenchidos todas essas etapas do procedimento o Presidente da República decreta o Estado de Sítio.
Art. 84, IX, CRFB/88.

ATENÇÃO: Após o decreto do estado de sítio é que o Presidente da República vai determinar a
ABRANGÊNCIA e o EXECUTOR DAS MEDIDAS ≠ do Estado de Defesa, que já deve fazer tudo isso
antes do decreto.

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OBS: Se o Congresso Nacional estiver de recesso, será convocado, extraordinariamente, de imediato, para
se reunir dentro de 5 dias a fim de apreciar o ato (pedido de Estado de Sítio) (Art. 138, §2°, CRFB/88) – a
convocação será feita pelo PRESIDENTE DO SENADO, conforme art. 57, §6°, I, CRFB/88.

Controle do Decreto:

* POLÍTICO: É realizado pelo Congresso Nacional.


Preventivo (autorização – 49, IV, CRFB/88)
Atua de forma concomitante (Art. 140, CRFB);
Controle Sucessivo (a posteriori) (Art. 141, parágrafo único, CRFB/88);

* JURÍDICO: É realizado pelo Poder Judiciário.


Atua de forma CONCOMITANTE, por meio de MS/HD;
Controle Sucessivo (a posteriori), (Art. 141, CRFB/88).

→ DA INTERVENÇÃO FEDERAL – Art. 34, CRFB/88.

Conceito: É uma medida excepcional, que tem como finalidade precípua a preservação da
UNIDADE da federação.

ATENÇÃO: Antes de prosseguir temos que distinguir algumas nomenclaturas:


 Solicitação: É um PEDIDO.
 Requisição: É uma ORDEM.
 Representação: É uma manifestação de VONTADE

Legitimados:
 Chefe do Poder Executivo – Art. 84, X, CRFB/88.

Formas:
De OFÍCIO /ESPONTÂNEA: Nos casos do Art. 34, I, II, III, V, CRFB.
MARE-PÔRRE
* Manter a integridade Nacional;
* Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
* Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
* Reorganizar as finanças da unidade da Federação.

OBS: Nessas hipóteses acima pode o Presidente da República acordar um belo dia e decidir intervir no
Estado-membro, se verificar uma ou mais situações da MARE-PÔRRE.

PROVOCADA:
Por SOLICITAÇÃO: Art. 34, IV c/c 36, I, CRFB/88.

 DO PODER LEGISLATIVO: Para garantir seu livre exercício. Art. 34, IV.
 DO PODER EXECUTIVO: Para garantir seu livre exercício. Art. 34, IV.

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Por REQUISIÇÃO:

 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: Para garantir o livre exercício do Poder Judiciário –


Art. 34, IV c/c 36, I, CRFB/88.
 DO STF, DO STJ, DO TSE: Em casos de desobediência à ordem ou decisão judicial - Art. 34,
VI (segunda parte do inciso) c/c 36, II, CRFB/88.
 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: Na forma do Art. 34, VI (primeira parte do inciso =
prover a execução de lei federal) e do Art. 34, VII, CRFB/88 c/c 36, III, CRFB/88. Quando for
dado provimento, VIA REPRESENTAÇÃO, pelo PGR.

ATENÇÃO: Nos casos de SOLICITAÇÃO ao Chefe do Poder Executivo NÃO estará ele obrigado ao
decreto de intervenção ≠ dos casos de REQUISIÇÃO (que quem faz é o Poder Judiciário) ao qual ele é
vinculado (deve decretar).

→ DA REPRESENTAÇÃO DO PGR – Art. 36, III, CRFB/88. CASOS:


 RECUSA A EXECUÇÃO DE LEI FEDERAL - Art. 34, VI, (primeira parte do inciso), CRFB/88.

 PARA ASSEGURAR A OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS –


Art. 34, VII, CRFB/88.

OBS: Nesses casos o PGR propõe REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA (R.I) no STF.


ATENÇÃO: Nesses 2 casos o STF é quem vai decidir e se entender que foi realmente violado os dispositivos
apresentados na representação do PGR é ELE (STF) quem vai REQUISITAR ao Chefe do Poder Executivo
que decrete a intervenção.
OBS: Art. 11 da Lei nº 12. 562/11.

Procedimentos:
Na forma de OFÍCIO/ESPONTÂNEA: Art. 36, §1º, CRFB/88. Deve:
 Ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional – Art. 90, I c/c 91, §1º, II, CRFB/88
 Especificar a AMPLITUDE;
 PRAZO (até cessado – art. 36, §4º, CRFB/88);
 MEDIDAS COERCITIVAS;
 NOMEAR INTERVENTOR (se entender necessário);

OBS: Preenchido esses procedimentos o Presidente da República decreta a Intervenção Federal na forma do
Art. 84, X, CRFB/88. Devendo submeter ao Congresso Nacional no prazo de 24h – Art. 36, §1º, CRFB/88.
ATENÇÃO: Se o Congresso Nacional não estiver funcionando ou a Assembleia Legislativa, será convocado,
extraordinariamente, no prazo de 24 horas ≠ do Estado de Defesa ou de Sítio (ver. Art. 136, §5° e 138,
§2°) – a convocação será feita pelo PRESIDENTE DO SENADO, conforme art. 57, §6°, I, CRFB/88.

Na forma PROVOCADA, por REQUISIÇÃO (ficando de fora apenas o disposto no


inciso IV do art. 34, CRFB/88):

 Na forma do Art. 36, §3º, CRFB/88 – o Presidente irá expedir o decreto de SUSPENSÃO (perceba
que ainda não é o decreto de intervenção) do ato questionado, se a suspensão for suficiente para

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restabelecer a normalidade. Nessa hipótese não há a necessidade de apreciação do decreto pelo C.N
(ATENÇÃO: se o decreto fosse o de intervenção, propriamente dito, o C,N tem que se manifestar).
 Não há controle político (do Congresso Nacional) quando a medida bastar ao restabelecimento da
normalidade.

OBS: Lembrar que quando é provocado por SOLICITAÇÃO o Presidente da República é discricionário ao
pedido, pode ou não decretar, fica a critério dele.

Controle do Decreto:

POLÍTICO: Na forma do Art. 49, IV c/c 36, §1º, CRFB/88.

JURÍDICO: Apenas exerce controle na fiscalização das normas constitucionais que


regulam o procedimento (observa se o decreto respeita os moldes da constituição) ou quando o decreto tenha
sido suspenso pelo Congresso Nacional, mas seus efeitos ainda estão em vigor.

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EXERCÍCIO 05 - Peça
Com muito sacrifício, Pedro e esposa adquiriram uma unidade residencial no Condomínio “Bom-
Viver”, situado na Rua das Árvores, nº. 1.987. O local, cercado por extensa área verde, é famoso por conferir
tranquilidade a seus moradores. Em cada um dos 22 andares, há dois apartamentos.
Recentemente, o apartamento vizinho ao de Pedro e Ruth (sua esposa) fora vendido a Talles, um
jovem solteiro, de aproximados 24 anos, torcedor fanático do “Pernas de Pau F.C”.
Dia desses, após assistir ao jogo em que seu time perdera de goleada, Talles avistou Ruth, na
varanda, vestida com a camiseta do time Rival. Irritado, Talles espalhou aos demais moradores do
condomínio que Ruth frequentemente traía seu marido. Não bastante isso, Talles passou a proferir, da
varanda de seu apartamento, palavras de baixo calão, todas direcionadas contra Pedro e Ruth, os quais se
sentiram humilhados e profundamente ofendidos.
Como advogado do casal, que pretende ser indenizado pelas constantes agressões verbais, adote a
medida judicial mais adequada, aduzindo os fundamentos constitucionais e infraconstitucionais no caso
concreto.

a) Legitimidade ativa:
b) Legitimidade passiva:
c) Escolha da peça:
d) Endereçamento:
e) Fundamentação (artigos e princípios relacionados)

Questões
Questão 01
O partido político “X” move, perante o Supremo Tribunal Federal, ação direta de
inconstitucionalidade contra a lei do Estado “Y”, que dispõe sobre licitações e contratos administrativos no
âmbito daquele Estado federado, para atender às suas peculiaridades, sem afrontar normas gerais
preexistentes.
O partido alega que a referida lei estadual é inconstitucional, uma vez que a competência privativa
para legislar sobre a matéria é da União, conforme o Art. 22, XXVII da Constituição da República.
Parecer da Procuradoria-Geral da República opina no sentido do não conhecimento da ação, uma vez
que o partido político “X” possui em seus quadros apenas seis Deputados Federais, mas nenhum Senador,
não sendo dessa maneira legitimado a mover a referida ação direta. Além disso, não estaria demonstrado na
inicial o requisito da pertinência temática.
A partir da hipótese apresentada, responda justificadamente aos questionamentos a seguir,
empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) É caso de se acolher o parecer da Procuradoria-Geral da República no sentido do não conhecimento da


ação? (Valor: 0,65)

B) Quanto ao fundamento de mérito apresentado, tem razão o partido político ao questionar a


constitucionalidade da norma impugnada? (Valor: 0,60)

Questão 02
O Estado “Z” editou lei que institui uma Taxa de Fiscalização de Estradas, impondo o pagamento de
uma elevada quantia para o acesso ou para a saída do território daquele Estado por meio rodoviário.
Sobre a hipótese sugerida, responda, fundamentadamente, aos seguintes itens.

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A) O Governador do Estado “Y” pode impugnar a lei editada pela Assembleia Legislativa do Estado “Z” por
meio de ação direta de inconstitucionalidade? (Valor: 0,65)

B) Caso a lei do Estado “Z” seja impugnada por um partido político, por meio de Ação Direta de
Inconstitucionalidade, pode prosseguir a ação em caso de perda superveniente da representação do partido
no Congresso Nacional? (Valor: 0,60)

Questão 03
Em 2004, entrou em vigor a lei estadual “X”, de autoria de um deputado governista (partido A), sob
protestos de alguns parlamentares da oposição (partido B), já que a lei era flagrantemente inconstitucional
de acordo com a jurisprudência pacífica do STF. A oposição, contudo, venceu as eleições naquele ano e já
em 2005, quando o partido B conquistou a maioria das cadeiras na Assembleia Legislativa, foi aprovada a
lei Y que revogou a lei ”X”, ao dispor de forma distinta sobre a mesma matéria (revogação tácita), embora
mantido vício de inconstitucionalidade.
A partir do caso descrito, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal
pertinente ao caso, responda aos itens a seguir.

A) Após a entrada em vigor da Lei “Y”, pode o partido B ajuizar ADI, junto ao STF, pedindo a declaração
de inconstitucionalidade da lei “X”? (Valor: 0,55)

B) O Procurador-Geral da República pode ajuizar ADI pedindo a declaração de inconstitucionalidade das


leis “Y” e “X”, sucessivamente? (Valor: 0,70)

Questão 04
A Imprensa Oficial do Estado “X” publicou, em 23.10.2013, a Lei nº 1.234, de iniciativa do
Governador, que veda a utilização de qualquer símbolo religioso nas repartições públicas estaduais.
Pressionado por associações religiosas e pela opinião pública, o Governador ajuíza Ação Direta de
Inconstitucionalidade tendo por objeto aquela lei, alegando violação ao preâmbulo da Constituição da
República, que afirma “a proteção de Deus sobre os representantes na Assembleia Constituinte”. Diante do
exposto, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

A) É possível o ajuizamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade tendo por parâmetro preceito
inscrito no preâmbulo da Constituição da República? (Valor: 0,65)

B) É possível o ajuizamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo Governador do Estado, tendo
por objeto lei de sua iniciativa? (Valor: 0,60)

Questão 05
O Governador do Estado X ajuizou Representação de Inconstitucionalidade perante o Tribunal de
Justiça local, apontando a violação, pela Lei Estadual nº 1.111, de dispositivos da Constituição do Estado,
que se apresentam como normas de reprodução obrigatória. Considerando o exposto, responda aos itens a
seguir.

O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

A) O que são normas de reprodução obrigatória? (Valor: 0,65)

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B) Proposta Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal arguindo violação
dos mesmos dispositivos da Constituição Federal, cuja reprodução pela mesma lei estadual (Lei nº 1.111)
era obrigatória na Constituição Estadual, sem que tenha ocorrido o julgamento da Representação de
Inconstitucionalidade pelo Tribunal de Justiça local, poderão as duas ações tramitar simultaneamente?
(Valor: 0,60)

Questão 06
José, inconformado com decisão judicial proferida em primeiro grau, que o condenou ao pagamento
de indenização, recorreu ao Tribunal de Justiça do Estado M. Distribuído o recurso para a Segunda Câmara
Cível do mencionado tribunal, os desembargadores desse órgão fracionário, ao analisarem a matéria,
entenderam corretos os argumentos de José no que se referia à inconstitucionalidade do dispositivo legal que
fundamentou o pedido da parte autora, ora recorrida. Ao realizarem acurada pesquisa jurisprudencial,
observaram que o Pleno e o Órgão Especial do próprio Tribunal de Justiça do Estado M, bem como o
Supremo Tribunal Federal, nunca se manifestaram sobre a matéria.
Diante da situação narrada, responda aos itens a seguir.

A) Qual a providência a ser tomada pela Segunda Câmara? Justifique. (Valor: 0,75)

B) A solução seria diversa se houvesse manifestação do Supremo Tribunal Federal sobre a


constitucionalidade ou a inconstitucionalidade do dispositivo em questão? Justifique. (Valor: 0,50)

A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE:

CONCEITO: É a verificação da compatibilidade vertical (ressalta a ideia da hierarquia da constituição)


entre o ato e a Constituição. Portanto, para a existência do controle de constitucionalidade é necessário o
preenchimento de alguns pressupostos, como:

a) Supremacia Material Constitucional; - guarda relação com o conteúdo da constituição, a constituição


é hierarquicamente superior quanto ao seu conteúdo.

b) Supremacia Formal ou Rigidez Constitucional; - é mais complexo/difícil alterar a constituição do que


fazer a lei. Portanto, a constituição tem que ser do tipo rígida para que possamos falar em controle de
constitucionalidade.

ATENÇÃO: Constitui elemento para o Controle de Constitucionalidade (ou seja, qual o parâmetro para o
controle):
a) A Constituição (corpo principal que é seu texto permanente) + ADCT + E.C. Isso tudo é o que
chamamos de BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE.

OBS: Além dos previstos acima, existe hoje o Decreto 6.949/09 que possui status de emenda a constituição,
pois foi aprovado na forma do artigo 5°, §3° da CRFB/88. Portanto, também serve como parâmetro para o
controle de constitucionalidade.
Lembrar: da ideia de ZAGREBELSKY – Normas constitucionais Interpostas, STF não admitiu essa ideia,
sobre o fundamento de que a ofensa a constituição deve ser direta e não indireta – ADI 2344.

Da presunção de constitucionalidade das leis:


Temos que as leis e os atos normativos estatais deverão ser considerados constitucionais, válidos,
legítimos até que venham a ser formalmente declarados inconstitucionais. Portanto, o reconhecimento da
inconstitucionalidade é medida excepcional.

Espécies de Inconstitucionalidade:

a) Do Direito Pré-Constitucional em face da nova Constituição:


Não cabe juízo de inconstitucionalidade, mas sim de recepção ou não recepção (aqui fala-se
em revogação). O parâmetro para verificar se uma lei ou ato normativo anterior a constituição de
1988 é inconstitucional será a constituição da época da elaboração da lei ou do ato normativo, ou seja,
a constituição anterior, não podendo ser cogitado a hipótese de inconstitucionalidade superveniente.

b) Da Inconstitucionalidade por Omissão e por Ação:

* Por Ação: É quando o desrespeito à CRFB/88 ocorre por conduta comissiva/positiva. Ex: Lei
elaborada contrariando a CRFB/88 – Ou seja, o Poder Público FAZ o que não deveria.

* Por Omissão: É quando o desrespeito à CRFB/88 ocorre por uma omissão frente a uma obrigação
de legislar – Ou seja, o Poder Público tinha uma obrigação de agir e NÃO AGIU, não fez o que
deveria. Essa omissão pode ser:

I – TOTAL: Poder Público não elabora a norma – absoluta ausência normativa.


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II – PARCIAL: Poder Público elabora a norma, mas faz de modo insatisfatório/insuficiente


para atender ao comando da norma disposta no CRFB/88.

c) Da Inconstitucionalidade Material e Formal:


* Inconstitucionalidade Material (ou Nomoestática (Hans Kelsen) ou interna (Jorge Miranda)):
Ocorre quando o conteúdo da norma contraria materialmente a CRFB/88.

* Inconstitucionalidade Formal (ou Nomodinâmica (Hans Kelsen) ou externa (Jorge Miranda)):


Nesse caso temo violação ao procedimento. Essa espécie de inconstitucionalidade possui 3 aspectos:

I – Orgânica: Lei Estadual dispondo sobre matéria da União – Violação da Competência.

II – Subjetiva: Fase introdutória do Processo legislativo dispõe sobre o legitimado à


propositura – Vício na iniciativa.

III – Objetivo: Ocorre quando não foi observado o procedimento estabelecido na CRFB/88 –
Vício no curso do processo.

d) Da Inconstitucionalidade Total e Parcial:

* Total: Ocorre quando o STF declara toda a Lei, diploma normativo inconstitucional. Ex: Lei que
tenha um vício de iniciativa.

* Parcial: Recai sobre parte da Lei, fração de artigo, parágrafo, inciso, alínea ou até mesmo uma
única palavra.

e) Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade (ou declaração de


inconstitucionalidade de caráter restrito ou declaração de inconstitucionalidade com limitação de
efeitos ou declaração de inconstitucionalidade com efeito restrito): Essa técnica de decisão do STF é
no sentido daquele ditado popular “RUIM COM ELE (A) PIOR SEM ELE (A) ”. Há situações em
que a ausência da norma é pior que a própria norma. Nesse caso declara a norma inconstitucional,
mas não a retira do ordenamento jurídico, ou seja, NÃO DECLARA A SUA NULIDADE.

Ex: Norma que fixa o salário mínimo, o salário mínimo de hoje não atende a tudo que a constituição prever,
mas seria muito pior sem ela. É melhor ter um piso fixado que não ter piso algum.

f) Declaração parcial de inconstitucionalidade COM redução de texto: É cabível de palavra ou


expressão integrante do texto normativo, mas há limite, não pode o STF, ao adotar tal técnica,
modificar a vontade do legislador. O texto que remanesceu não pode violar a vontade do legislador,
não pode ocorrer mudança do sentido da norma.

g) Declaração parcial de inconstitucionalidade SEM redução de texto: É quando a redação


inconstitucional do texto da lei NÃO TEM COMO SER SUPRIMIDA. Nesse caso o STF define a
hipótese de aplicação inconstitucional, declarando a inconstitucionalidade e preserva o texto da
norma apenas em outro âmbito de aplicação.

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Ex: Lei X
Art. 1º – São prerrogativas dos titulares do Cargo A.
I – Prerrogativa “A”
II – Prerrogativa “B”
III – Prerrogativa “C”
IV – Prerrogativa “D”

Art. 2º – Aplicam-se aos titulares do Cargo B as prerrogativas do inciso I a III do artigo 1º.

Para essa Lei (Lei X) um dos legitimados do artigo (103 da CRFB/88) propõe uma ADI
pedindo a inconstitucionalidade do Art. 2º da Lei X. Entretanto o STF entende que só a Prerrogativa
“B” é inconstitucional ao Cargo B.

h) Interpretação Conforme a Constituição: É quando a Lei possui mais de uma interpretação (Lei
polissêmica) e se constata que alguma (s) dela (s) não é compatível (s) com o texto da constituição.
Para esse caso o STF adota a exclusão da interpretação (declaração de inconstitucionalidade da
interpretação) ou imposição de outro sentido compatível (declaração de constitucionalidade da
atribuição do sentido compatível).

ATENÇÃO: De normas unívocas (com um único sentido) não serão possíveis a interpretação conforme a
constituição.

OBS: Essa hipótese foi positivada no art. 28, parágrafo único, da lei 9.868/99.

i) Processo de inconstitucionalidade (ou inconstitucionalidade progressiva ou norma constitucional


em trânsito para a inconstitucionalidade ou declaração de constitucionalidade provisória): São
situações em que se a lei for analisada em tese ela seria inconstitucional, entretanto, dentro da
realidade fática ela é válida.

Ex: Lei que fixa prazo em dobro para os assistidos da defensoria pública, em tese essa lei seria
inconstitucional, pois cria diferença entre as partes do processo, ferindo o princípio da igualdade entre as
partes, ocorre que as defensorias em muitos Estados ainda estão em fase de organização, portanto essa
situação fática legitima a validade da norma que estipula o prazo em dobro. Agora lá na frente quando as
defensorias já estiverem bem estruturadas esse prazo irá se tornar desnecessário e será considerado
inconstitucional por violação da igualdade entre as partes.

Situação constitucional perfeita/ ortodoxa/ clássica

Norma Norma
Situação imperfeita, foge do ortodoxo, não é
plenamente plenamente
nem 100% const. e nem 100%
constitucional. inconstitucional
inconstitucional
.

j) Da Inconstitucionalidade Direta, Indireta e Derivada:


* Direta: É quando a inconstitucionalidade decorre entre leis e atos normativos primários em face da
CRFB/88. Entretanto, também é possível contra atos administrativos, como o decreto autônomo ou

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demais atos que sejam editados em caráter autônomo, com invasão do campo material reservado à
Lei.

* Indireta/Reflexa ou Oblíqua: É quando o vício não decorre da relação direta com a CRFB/88,
atinge o ato normativo secundário. Portanto trata-se aqui de controle de legalidade. STF não admite
essa tese, a ofensa à constituição deve ser direita.

*Derivada/ consequente/ arrastamento vertical/ atração/ ricochete/ em cascata/ por


reverberação normativa: É quando declarada inconstitucional a norma (primaria) leva
automaticamente e inevitável reconhecimento da invalidade das normas regulamentadoras
(secundárias) que haviam sido elaboradas em função daquelas. Essa inconstitucionalidade pode
ocorrer mesmo que não seja pedido, pois o STF, nesse caso, não é adstrito ao pedido.

OBS: O STF apenas admite a ofensa direta à constituição e não a indireta.

k) Da Inconstitucionalidade originária e superveniente:


* Originária/ genética/ congênita/ no nascimento/ no nascedouro: É aquela que contém vício por
desrespeito as regras da CRFB vigente. Essa realiza-se com base no momento da sua produção.
Portanto, é aquela que se dar na origem, no momento que a lei surge na ordem jurídica.

* Superveniente: É quando a invalidade da norma resulta da sua incompatibilidade com texto


constitucional futuro. Portanto, a norma nasce constitucional, com base na CRFB vigente à época da
sua elaboração, entretanto nasce uma nova constituição e essa lei passa a ser incompatível com a nova
Constituição, isso seria inconstitucionalidade superveniente.

OBS: O STF não admite a inconstitucionalidade superveniente.


OBS: Lembrar do caso do artigo 18, §4°, CRFB/88 + ADCT 96 – Criação de Municípios.
Texto original do artigo 18, §4°, CRFB/88:

“A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios preservarão a continuidade


e a unidade histórico-cultural do ambiente urbano, far-se-ão por lei estadual, obedecidos os
requisitos previstos em lei complementar estadual, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações diretamente interessadas”.

ATENÇÃO: ADI 2240 – A ECn° 15/96 modificou a redação originaria do artigo 18, §4°, da CRFB/88: antes
(redação original – conforme acima) era dentro do período determinado por Lei Complementar Estadual,
hoje é por Lei complementar Federal. Portanto, o Congresso Nacional por meio da EC n° 15/96 impôs uma
nova exigência (lei complementar federal) que deveria ter sido satisfeita por ele mesmo e não foi, ou seja, o
congresso nacional impôs para si mesmo uma obrigação de fazer e não fez, isso acaba impedindo os estados
de criarem municípios que é fruto da autonomia do próprio Estado. Ocorre que mesmo com a reforma no
artigo 18, §4°, da CRFB/88 os estados continuaram a criar novos municípios sem a observância da Lei
complementar federal. Perceba que a criação desses novos municípios viola a constituição, entretanto, para
convalidar essa criação o Congresso Nacional edita o artigo 96 do ADCT. O STF aceitou essa convalidação,
mas não significa dizer que isso se tornou regra (o STF continua com o entendimento de que não é possível
constitucionalidade superveniente bem como a inconstitucionalidade superveniente).

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l) Da Inconstitucionalidade “chapada”, “enlouquecida”, “desvairada”:


É a flagrantemente inconstitucionalidade.

Sistema de controle:

→ →CCJ (P. Legislativo) e pelo VETO (P. Executivo)


DIFUSO→VIA INCIDENTAL (de defesa ou exceção é
processo subjetivo que visa a tutela de interesses subjetivos).
CONCENTRADA→VIA PRINCIPAL (abstrata ou de
ação- é processo objetivo que visa defender a ordem jurídica).
ATENÇÃO: Acima consta a regra, mas atentar que há hipóteses do controle político (que em regra é
preventivo) ser exercido em um momento repressivo (que em regra é realizado pelo poder judiciário).
OBS: Para a hipótese do Mandado de Segurança impetrado por parlamentar no STF com objetivo de sustar
a tramitação da P.E.C ou do P.L ofensivo ao devido processo legislativo constitucional. (Esse é um caso de
o Poder Judiciário atuar no controle preventivo – ou seja, antes da entrada em vigor da norma). Mas MUITA
ATENÇÃO, se o objeto do MS for ato da mesa diretora que ofende o devido processo legislativo em P.L o
STF não poderá discutir o conteúdo do Projeto de Lei, mas apenas os requisitos formais do projeto de lei,
portanto na matéria o STF não se mete, mesmo que seja absurda a mesma, ex: pena de tortura.
MUITA ATENÇÃO: Ainda sobre a observação acima. No caso de PEC a situação é diferente da observação
acima, pois é expresso determinadas matérias que não podem ser objeto de deliberação em PEC (art, 60, §4°,
CRFB/88). Portanto, na PEC o STF pode se meter na análise da matéria, ou seja, pode analisar regras
procedimentais (formais) e materiais.
OBS: Para as hipóteses de o controle político ser realizado no momento repressivo.
 Art. 49, V, CRFB/88 – entretanto para esse caso parte da doutrina e inclusive
o STF já entendeu por uma vez que é caso de controle de legalidade e não
constitucionalidade.
 Art. 62, CRFB/88
 Art. 52, X, CRFB/88

ATENÇÃO: Lembrar que o TCU no desempenho de suas atribuições constitucionais pode afastar a
aplicação das leis que entender inconstitucional, ou seja, pode APRECIAR a constitucionalidade da norma,
mas jamais declarar a sua inconstitucionalidade, pois isso é competência apenas do Poder Judiciário – Súmula
347 STF.

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DO CONTROLE DIFUSO: Importante salientar que esse controle surgiu em 1803 nos Estados
Unidos da América mediante uma decisão da Suprema Corte (caso Madison vs Marbury) – por isso
conhecido como sistema Americano. No Brasil, é adotado desde a Constituição da República de 1891.
Verificando que há inconstitucionalidade na lei, o magistrado deverá deixar de aplica-la na solução da lide.
O controle de constitucionalidade, portanto, é uma prévia, incidental. O objeto da ação é a solução de um
conflito de interesses num caso concreto. O pedido da ação não é a declaração de inconstitucionalidade, mas
apenas a causa de pedir.

A inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, como questão prévia e incidental, em um caso
concreto pode ser arguida pelo autor, réu, ou até mesmo ser reconhecida de ofício pelo juiz ou tribunal. A
decisão do controle incidental de constitucionalidade não implica em nulidade do ato normativo, tampouco
em sua retirada do ordenamento jurídico. A declaração de inconstitucionalidade produz efeitos apenas no
processo, intra partes, com eficácia ex tunc. O Senado Federal, ao ser comunicado pelo Supremo Tribunal
Federal da declaração de inconstitucionalidade de uma lei, pode, a seu critério, suspender no todo ou em
parte a execução desta norma, conforme dispõe o art. 52, X, da CRFB/88. Desta forma, a declaração de
inconstitucionalidade produzirá efeitos fora do processo (caso concreto), erga omnes, porém ex nunc ou ex
tunc, há controvérsia quanto a esse efeito temporal, conforme visto abaixo.

→ Quem pode propor:


 As partes do processo;
 3º admitido como interventor no processo;
 O representante do Ministério Público;
 O juiz ou tribunal, de oficio;

→ Órgão Competente:
 Qualquer Juiz;
 Qualquer Tribunal – no caso do tribunal – MUITA ATENÇÃO para a cláusula de reserva de plenário
(art. 97 da CRFB/88), par Súmula vinculante n° 10 e para exceção da cláusula de reserva de plenário
prevista no artigo 949, parágrafo único, do CPC.

→ Quanto ao Processo:
 Pode ocorrer em toda e qualquer ação.

→ Quanto a decisão:
 Na decisão temos o Relatório, Fundamentação e Parte dispositiva – na parte dispositiva é onde se faz
coisa julgada, mas a questão quanto ao controle incidental da norma é discutida na fundamentação
da sentença e não na parte dispositiva, pois é questão incidental e não pedido do processo para ser
discutido na parte dispositiva.

→ Do efeito da decisão: Inter partes, ou seja, apenas entre as partes no processo envolvido. Efeito temporal
em regra ex tunc.

OBS: Os tribunais devem observância à cláusula de reserva de plenário (art. 97 da CRFB/88), não podendo
o órgão fracionário do tribunal afastar a discussão sobre a matéria inconstitucional (súmula vinculante n° 10)
a exceção a essa súmula só pode ocorrer quando a discussão incidental não tiver qualquer relação com o
processo. O procedimento para o artigo 97 da CRFB/88 encontra-se no CPC artigo 948 a 950, tratando da
CISÃO HORIZONTAL da matéria incidental no processo difuso. Como funciona:
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A decisão do órgão especial ou do plenário do tribunal é
comunicada ao órgão fracionário para esse proferir o
julgamento do caso concreto.

1° 2° 3°
Matéria const. –
Caso Questão Questão O plenário ou órgão especial vai analisar apenas a norma
cisão horizontal
concreto incident incident constitucional e não o caso concreto, caso concreto é de
funcional da
al al competência do órgão fracionário.
competência

ATENÇÃO: Exceção à cláusula de reserva de jurisdição. Art. 949, parágrafo único, CPC/15.
a) Se o órgão fracionário entender que a norma é constitucional
b) Quando já houver decisão anterior do plenário do próprio tribunal sobre a matéria incidental;
c) Quando já houver decisão anterior do plenário do STF, mesmo que a decisão do STF seja no controle
concreto – RE 191896/PR.

→ Do artigo 52, X, da CRFB/88 – Resolução suspensiva do Senado Federal de norma Federal, Estadual
ou Municipal ou do DF:

 Só ocorre no controle concreto incidental;


 Essa resolução dar a decisão do STF, no controle difuso, efeito erga omnes;
 O senado não é obrigado a suspender a norma declarada inconstitucional pelo STF;
 A decisão é irretratável;
 O senado não pode modificar os termos da decisão do STF, caso o senado suspenda a
norma diferente da decisão do STF caberá ADI;
 O instrumento para suspensão da execução é a resolução;
 A resolução do senado sujeita-se a controle de constitucionalidade;
 O efeito temporal da resolução é ex tunc (Dec. 2.346/97 art. 1°, §2°) – há controvérsia
doutrinaria quanto a esse efeito temporal:
1) Corrente diz que o efeito é ex nunc, como defende José Afonso da Silva
2) Corrente diz que o efeito é ex tunc.

OBS: Isso tudo vale no âmbito estadual quando realizado controle difuso de lei estadual ou municipal em
face da constituição estadual, quando o TJ decidir no caso concreto pela inconstitucionalidade de qualquer
dessas normas pode a assembleia legislativa suspender a norma estadual ou municipal declarada
inconstitucional em via de controle difuso pelo TJ.

ATENÇÃO: Teoria da ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO:


O STF passou a acolher a teoria da abstrativização do controle difuso. Assim, se o Plenário do STF
decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle
difuso, essa decisão terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e
vinculante. Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a
seguinte: quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão

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já tem efeito vinculante e "erga omnes" e o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que a
referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido.
Nesse sentido: STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em
29/11/2017 (Info 886).

DO CONTROLE CONCENTRADO: Foi desenvolvido por Hans Kelsen, que a pedido do governo
austríaco elaborou o projeto para a Constituição Austríaca de 1920 – por isso conhecido como controle
Austríaco. Ao contrário do sistema americano, controle difuso e incidental, Kelsen concebeu um sistema de
jurisdição concentrada, no qual o controle de constitucionalidade estava confiado, exclusivamente, a um
órgão jurisdicional especial, conhecido por Tribunal Constitucional.
Logo, esse controle é concentrado porque apenas um órgão possui legitimidade para realiza-lo, o
Tribunal Constitucional. É direto porque não ocorre de forma incidental como é no controle difuso, mas por
via de ação. É um controle abstrato porque analisa a constitucionalidade da lei de forma abstrata, e não na
sua incidência em um caso concreto. Ocorre em processo objetivo, pois não se realiza na defesa de direitos
subjetivos. A declaração de inconstitucionalidade acarreta a nulidade da lei inconstitucional (regra),
retirando-a do ordenamento jurídico, com efeito erga omnes e ex tunc (regra).
No Brasil o controle concentrado de constitucionalidade foi inserido pelo sistema jurídico brasileiro
pela EC n°16, de 25 de novembro de 1965, que introduziu na constituição de 1946 a Ação Direta de
Inconstitucionalidade, com legitimidade para propositura exclusiva do Procurador-Geral da República.
A CRFB/88 ampliou o rol de ações do controle concentrado, além da ADI, também estão presentes:
ADC; ADO e ADPF. A CRFB/88 rompeu com o monopólio do PGR, ampliando o rol de legitimados para
ADI e ADC, conforme artigo 103, da CRFB/88.
→ Conceito: É o controle feito via ações diretas (ADC; ADI; ADO; ADPF) tendo por função
precípua a defesa da ordem constitucional.

→ Órgão Competente: É de competência exclusiva do STF, no âmbito de proteção da constituição federal,


o STF atua como um legislador negativo quando declara a norma inconstitucional.

→ Legitimados para ajuizar ações do controle abstrato: Art. 103, CRFB/88.

I – Presidente da República = Legitimado Universal;


II – Mesa do Senado Federal = Legitimado Universal;
III – Mesa da Câmara dos Deputados = Legitimado Universal;
IV – Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF= Legitimado Especial;
V – Governador do Estado ou do Distrito Federal = Legitimado Especial;
VI – Procurador Geral da República = Legitimado Universal;
VII – Conselho Federal da OAB = Legitimado Universal;
VIII – Partido Político com representação no Congresso Nacional = Legitimado Universal;
IX – Confederação Sindical ou Entidade de Classe de Âmbito Nacional = Legitimado Especial.

OBS: Legitimados Universais: Não precisam demonstrar nenhum interesse específico.


Legitimados especiais: Precisam demonstrar interesse específico, ou seja, uma relação de pertinência
temática.

ATENÇÃO: Do inciso I a VII dispensa a capacidade postulatória.

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→ Do efeito da decisão: As decisões produzirão eficácia contra todos e efeitos vinculantes, relativamente
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual
e municipal. Art. 102, §2º, CRFB/88.

ATENÇÃO: TEORIA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES nas ações do


controle abstrato de constitucionalidade:
Com base nessa teoria, se o Supremo declarasse a inconstitucionalidade de uma lei de determinado
Estado, a fundamentação utilizada nessa ação como razão de decidir (ratio decidendi) teria eficácia
vinculante erga omnes (contra todos) e atingiria todas as leis materialmente iguais de outros Estados, sem
a necessidade de se propor novas ações diretas.
Sucede, porém, que em recentes julgamentos o STF passou a rejeitar a tese da eficácia vinculante
e transcendente dos motivos determinantes das decisões de ações de controle abstrato de
constitucionalidade (Vide: Rcl 9.778-AgR/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 10.11.2011; Rcl
9.294-AgR/RN, Rel. Min. Dias Toffolli, Plenário, DJe 3.11.2011; Rcl 6.319-AgR/SC, Rel. Min. Eros Grau,
DJe 6.8.2010; Rcl 3.014/SP, Rel. Min. Ayres Britto, DJe 21.5.2010; Rcl 5.703-AgR/SP, Rel. Min. Cármen
Lúcia, DJe 16.9.2009; Rcl 4.448-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 8.8.2008; Rcl 5.389-AgR/PA,
Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 19.12.2007; Rcl 2.990-AgR/RN, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ
14.9.2007).

OBS: O STF pode modular os efeitos da decisão – art. 27, Lei 9.868/99.

ATENÇÃO: É possível na ADI discussão de fato (Art. 9°, §1°, Lei 9.868/99) – isso não significa que o
processo tenha natureza subjetiva, muito pelo contrário, o processo no controle abstrato é de natureza
OBJETIVA. Essa discussão de fato é sobre temas que o STF não possui competência, pois não são elementos
jurídicos, por exemplo: STF apreciando a lei de biossegurança/ clonagem/ pesquisa com células troncos.

→ Do objeto da ADI: Todo o rol do artigo 59 da CRFB/88

*Emendas constitucionais;
*Leis Complementares;
*Leis Ordinárias;
*Medidas Provisórias;
*Leis Delegadas;
*Decretos Legislativos
*Tratados internacionais, desde que integrem o ordenamento jurídico atual.
*Decretos autônomos, incluídos os decretos delegados.
*Leis Distritais que tenham como tema matéria de competência Estadual.

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Formalmente Artigo 59, CRFB/88

Primário
Materialmente
(não, ABSTRAÇÃO;
necessariamente GENERALIDADE;
ATO são os que estão IMPESSOALIDADE;
NORMATIVO no art. 59, da *AUTONOMIA
CRFB/88)

Secundário Formalmente Fora do artigo 59, da


CRFB/88.

Materialmente Sem AUTONOMIA

OBS:
 ABSTRAÇÃO: Definição de situações hipotéticas;
 GENERALIDADE: Para todos;
 IMPESSOALIDADE: Não há destinatários individualizados, mas sim qualquer pessoa que venha a
estar na situação jurídica.

ATENÇÃO: As 3 características acima são de todos os atos normativos, seja primário ou secundário a
diferença do 1° para o 2° é a AUTONOMIA, onde significa que entre a norma e a constituição não há
outra norma interposta, ou seja, a norma primaria só depende da CRFB.

OBS: Existe ato normativo formalmente secundário (fora do artigo 59 da CRFB/88), mas materialmente
primário por possuir as mesmas características das normas primarias (abstração, generalidade,
impessoalidade e autonomia), como é o caso do DECRETO AUTÔNOMO.

ATENÇÃO: NÃO cabe ADI de lei ou ato normativo anterior à constituição, nem de lei ou ato normativo
municipal em face da Constituição Federal.

OBS: Como a ação visa o controle repressivo de constitucionalidade, projeto de leis e propostas de emendas
não podem ser objeto da ADI.

ATENÇÃO: As normas originarias da Constituição Federal não podem ser objeto de ADI, posto que não
existe normas constitucionais inconstitucionais, STF não aceita essa teoria.

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ADI ADC ADO ADPF


Objeto: Lei ou ato Objeto: Lei ou ato Objeto: É a norma Objeto:
normativo Federal ou normativo Federal, não constitucional que não estar I - Qualquer ato ou omissão do
Estadual – art. 102, I, A, estadual. Que esteja sendo sendo efetivamente aplicada Poder Público, incluídos os não
CRFB/88 objeto de grande por conta da falta de atuação normativos, que acarrete lesão ou
controvérsia entre os juízes administrativa dos órgãos ameaça de lesão a preceito
e demais tribunais. Art. 13, competentes. fundamental decorrente da
Lei 9.868/99. CRFB, visando evitar ou reparar
OBS: Quando o STF julga tal lesão.
procedente a ADC a Lei
deixa de ter presunção II – Lei ou ato normativo federal,
relativa de estadual ou municipal, anteriores
constitucionalidade e passa ou posteriores à CRFB.
a ter presunção absoluta.
Requisitos: Requisitos: Requisitos: Requisitos:
I – Ter sido editado na I – Ter sido editado na I – Norma de eficácia Controvérsia constitucional
vigência da atual CRFB. vigência da atual CRFB. limitada definidora de relevante; ou violação de
II – Ser dotada de II – Ser dotada de princípios institutivos ou preceito fundamental.
Abstração/Generalidade/ Abstração/Generalidade/Aut organizativos obrigatórias. OBS: Preceito fundamental é o
Autonomia. onomia. que o STF entender que é.
III – Estar em vigor III – Estar em vigor;
IV – Existência de
controvérsia judicial.
Parâmetro de Controle: Parâmetro de Controle: Parâmetro de Controle: Do Princípio da
I - CRFB/88; I - CRFB/88; I - CRFB/88; Subsidiariedade da ADPF – art.
II – E.C; II – E.C II – E.C 4º, §1º, Lei 9.882/99.
III – Decreto 6.949/09; III – Decreto 6.949/09; III – Decreto 6.949/09; OBS: A Lei 9.882/99 não diz se
IV – ADCT. IV – ADCT. IV – ADCT. cabe ou não desistência,
entretanto, por se tratar de um
processo objetivo a doutrina
entende não ser possível desistir
da ação.
Não admite desistência Não admite desistência Não admite desistência (art. Da medida cautelar – art. 5º,
(art. 5º, Lei 9.868/99). (art. 16, Lei 9.868/99). 12-D, Lei 9.868/99). §3º, da Lei 9.882/99.
Manifestação do AGU Não se exige a atuação do Manifestação do AGU – art. Da modulação dos efeitos – art.
(art. 103, §3º, CRFB/88). AGU. 12-E, §3º, da Lei 9.868/99. 11, da Lei 9.882/99.
Da medida cautelar: Da medida cautelar: Da medida cautelar – art. Atenção para o Art. 10, §3º, da
(Art. 102, I, p, da Suspende o julgamento 12-F, da Lei 9.868/99. Lei 9.882/99.
CRFB/88) dos processos que Suspensão da aplicação da
OBS: Lembrar dos envolvam aplicação da Lei Lei ou ato normativo OBS: O STF já converteu uma
efeitos repristinatórios – – art. 21, da Lei 9.868/99. questionado, em caso de ADPF em ADI – Princípio da
art. 11, §2º, da lei omissão parcial, ou na fungibilidade (ADPF 72/PA).
9.868/99). suspensão de processos
judiciais.
Da modulação dos Da modulação dos efeitos Da modulação dos efeitos Da modulação dos efeitos – art.
efeito-at.27, daLei9.868. – art. 27, da Lei 9.868/99. art. 12-H, da Lei 9.868/99 11, da Lei 9.882/99.

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ADI ADC ADO ADPF


Objeto: Lei ou ato Objeto: Lei ou ato Objeto: É a norma Objeto:
normativo Federal ou normativo Federal, não constitucional que não estar I - Qualquer ato ou omissão do
Estadual – art. 102, I, A, Estadual. Que esteja sendo sendo efetivamente aplicada Poder Público, incluídos os não
CRFB/88 objeto de grande por conta da falta de atuação normativos, que acarrete lesão ou
controvérsia entre os juízes e administrativa dos órgãos ameaça de lesão a preceito
demais tribunais. Art. 13, Lei competentes. fundamental decorrente da
9.868/99. CRFB, visando evitar ou reparar
OBS: Quando o STF julga tal lesão.
procedente a ADC a Lei
deixa de ter presunção II – Lei ou ato normativo federal,
relativa de estadual ou municipal, anteriores
constitucionalidade e passa a ou posteriores à CRFB.
ter presunção absoluta.
Requisitos: Requisitos: Requisitos: Requisitos:
I – Ter sido editado na I – Ter sido editado na I – Norma de eficácia Controvérsia constitucional
vigência da atual CRFB. vigência da atual CRFB. limitada definidora de relevante; ou violação de
II – Ser dotada de II – Ser dotada de princípios institutivos ou preceito fundamental.
Abstração/Generalidade/ Abstração/Generalidade/Aut organizativos obrigatórias. OBS: Preceito fundamental é o
Autonomia. onomia. que o STF entender que é.
III – Estar em vigor III – Estar em vigor;
IV – Existência de
controvérsia judicial.
Parâmetro de Controle: Parâmetro de Controle: Parâmetro de Controle:
Do Princípio da
I - CRFB/88; I - CRFB/88; I - CRFB/88; Subsidiariedade da ADPF – art.
II – E.C; II – E.C II – E.C 4º, §1º, Lei 9.882/99.
III – Decreto 6.949/09; III – Decreto 6.949/09; III – Decreto 6.949/09;
OBS: A Lei 9.882/99 não diz se
IV – ADCT. IV – ADCT. IV – ADCT. cabe ou não desistência,
entretanto, por se tratar de um
processo objetivo a doutrina
entende não ser possível desistir
da ação.
Não admite desistência Não admite desistência Não admite desistência (art. Da medida cautelar – art. 5º, §3º,
(art. 5º, Lei 9.868/99). (art. 16, Lei 9.868/99). 12-D, Lei 9.868/99). da Lei 9.882/99.
Manifestação do AGU Não se exige a atuação do Manifestação do AGU – art. Da modulação dos efeitos – art.
(art. 103, §3º, CRFB/88). AGU. 12-E, §3º, da Lei 9.868/99. 11, da Lei 9.882/99.
Da medida cautelar: Da medida cautelar: Da medida cautelar – art. Atenção para o Art. 10, §3º, da Lei
(art. 102, I, p, da Suspende o julgamento dos 12-F, da Lei 9.868/99. 9.882/99.
CRFB/88) processos que envolvam Suspensão da aplicação da
OBS: Lembrar dos aplicação da Lei – art. 21, Lei ou ato normativo OBS: O STF já converteu uma
efeitos repristinatórios – da Lei 9.868/99. questionado, em caso de ADPF em ADI – Principio da
art. 11, §2º, da lei omissão parcial, ou na fungibilidade (ADPF 72/PA).
9.868/99). suspensão de processos
judiciais.
Da modulação dos Da modulação dos efeitos Da modulação dos efeitos Da modulação dos efeitos – art.
efeito-at.27,daLei9.868. – art. 27, da Lei 9.868/99. art. 12-H, da Lei 9.868/99 11, da Lei 9.882/99.

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EXERCÍCIO 06 - Peça
Muitos funcionários públicos federais têm por cotidiano de trabalho a exposição habitual e
permanente a agentes químicos e físicos nocivos à saúde, e muito embora recebam adicional de
insalubridade, há muitos anos, estão impedidos de terem o direito à contagem diferenciada para fins de
aposentadoria especial, direito previsto no art. 40, §4º, III, da CRFB/88, porém ainda não regulamentado.
O Partido Socialista dos Trabalhadores – PST pretende promover a medida judicial cabível para
declarar a omissão da autoridade responsável em tomar a iniciativa de apresentar referido projeto de lei.
Portanto, como advogado do Partido Político promova a medida judicial capaz de satisfazer seus interesses.

a) Legitimidade ativa:
b) Legitimidade passiva:
c) Escolha da peça:
d) Endereçamento:
e) Fundamentação (artigos e princípios relacionados):

Questões

Questão 01
Uma agência reguladora federal editou, recentemente, uma portaria proibindo aos médicos prescrever
a utilização de medicamentos que não tenham similar nacional. A Associação Brasileira de Profissionais da
Saúde, entidade de âmbito nacional constituída há mais de dois anos, propôs uma Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) contra aquela medida.
A respeito da situação acima, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) É possível a propositura da ADPF contra a portaria emitida pela agência reguladora federal? Responda
justificadamente. (Valor: 0,40)

B) A Associação tem legitimidade para a propositura daquela ADPF? Responda justificadamente. (Valor:
0,40)

C) Pode um Estado instituir uma ADPF no plano estadual? Nesse caso, qual o instrumento jurídico apto à
criação do instituto? Responda justificadamente. (Valor: 0,45)

Questão 02
A Lei Orgânica do Município “Y”, que integra o Estado “X”, ao dispor sobre ingresso na
administração pública municipal, e em observância aos princípios da eficiência e da moralidade, estabeleceu
que os cargos, empregos e funções públicas seriam acessíveis aos brasileiros naturais do Estado “X”, que
tivessem residência no Município “Y”, e que seriam investidos nos cargos mediante aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
Contra esse dispositivo da Lei Orgânica foi ajuizada, junto ao Tribunal de Justiça, uma Ação Direta
de inconstitucionalidade, nos termos do Art. 125, § 2º, da CRFB, alegando violação a dispositivo da
Constituição estadual que, basicamente, reproduz o Art. 37, da CRFB. O Tribunal de Justiça conheceu da
ação, mas julgou improcedente o pedido, entendendo que, respeitados os limites constitucionais, o Município
pode criar regras próprias, no exercício da sua capacidade de auto-organização. A partir do caso apresentado,
responda justificadamente aos itens a seguir.

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A) O Município tem autonomia para criar a regra citada no enunciado, conforme entendeu o Tribunal de
Justiça? (Valor: 0,40)

B) A ADI estadual pode ter por objeto dispositivo de Lei Orgânica? (Valor: 0,45)

C) Dessa decisão do Tribunal de Justiça, cabe Recurso Extraordinário ao STF? (Valor: 0,40)

Questão 03
Lei do Estado “Y”, editada em abril de 2012, com base no Art. 215, § 1° da Constituição da República,
regulamenta a chamada rinha de galo, prática popular onde dois galos se enfrentam em lutas e espectadores
apostam no galo que acreditam ser o vencedor.
Comumente, os dois galos saem com muitos ferimentos da contenda, e não raras vezes algum animal
morre ou adquire sequelas permanentes que recomendam seu abate imediato.
A Associação Comercial do Estado “Y” ajuíza ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal
Federal em que pleiteia a declaração de inconstitucionalidade da referida lei estadual.
Em defesa da norma, parlamentar que votou pela sua aprovação, diz, em entrevista a uma rádio local,
que a prática da conhecida briga de galos é comum em várias localidades rurais do Estado “Y”, ocorrendo
há várias gerações. Além do mais, animais, especialmente aves, são abatidos diariamente para servir de
alimento, o que não ocorreria com as aves destinadas para as rinhas.
Responda justificadamente aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) Quanto ao mérito do pedido, é cabível a declaração de inconstitucionalidade da lei do Estado “Y”, que
regulamenta a chamada rinha de galo? (Valor: 0,65)

B) Há regularidade na legitimidade ativa da ação? (Valor: 0,60)

Questão 04
Determinado Estado-membro aprovou uma lei que incluiu a disciplina de formação para o trânsito
nos currículos do 1º e do 2º graus de ensino da rede pública estadual. A esse respeito, responda aos itens a
seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) Analise a constitucionalidade dessa lei estadual. (Valor: 0,65)

B) O Governador de outro Estado pode ajuizar ADI ou ADPF contra esta lei? Por qual (is) motivo (s)?
(Valor: 0,60)

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TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

 CAPÍTULO III – DA NACIONALIDADE – Art. 12 – 13;


 CAPÍTULO IV - DOS DIREITOS POLÍTICOS – Art. 14 – 16;
 CAPÍTULO V – DOS PARTIDOS POLÍTICOS – Art. 17;
DA NACIONALIDADE – Art. 12, CRFB/88

Conceito: É o vínculo jurídico – político de direito público interno, que faz da pessoa um dos elementos
componentes da dimensão do Estado.
Espécies de nacionalidade:
* Primária / Originária: Resulta de um fato natural. É um ato involuntário.
Critério IUS SANGUINIS = É brasileiro nato todo filho de brasileiro.
Critério IUS SOLIS = Atribui a nacionalidade brasileira a quem nasce no Brasil.

* Secundária: Ato volitivo ocorre depois do nascimento, ato de vontade.

Procedimento aquisição originária: Art. 12, I, “a”, “b”, “c”, CRFB/88.


Art. 12, I, “a”, CRFB/88 = Adota o Critério IUS SOLIS. “Os nascidos na República
Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país”.
Art. 12, I, “b”, CRFB/88 = Adota o Critério IUS SANGUINIS. “Os nascidos no
estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles estejam a serviço da República
Federativa do Brasil”.
Art. 12, I, “c”, CRFB/88 = Adota o Critério IUS SANGUINIS. “Os nascidos no
estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira
competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira”.
ATENÇÃO: Na terceira hipótese de aquisição tem dois critérios, alternativos:
* Registrado em repartição brasileira;
* Vir o nascido no estrangeiro a residir no Brasil e optar, quando atingida a maioridade,
pela nacionalidade brasileira.
OBS: O nascido no estrangeiro de pais brasileiros, ainda menor de idade, que venha a residir no Brasil, será,
desde logo, considerado brasileiro nato, entretanto, após 18 anos de idade deverá manifestar a opção pela
nacionalidade brasileira ou essa condição ficará suspensa – RE 418.096/RS, rel. Min. Carlos Velloso,
22.03.2005.

Procedimento aquisição secundária: Art. 12, II, “a”, “b”, CRFB/88.


Art. 12, II, “a”, CRFB/88 = Caso de NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA (art. 64, I,
Lei 13.445/2017). “Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de
países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. ”

OBS: A Lei 13.445/17, no seu artigo 65 define como condições para a naturalização:
I- Ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II- Ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 anos;

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III- Comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando;


IV-Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.

ATENÇÃO: O prazo mínimo que consta no inciso II será reduzido para no mínimo 1 ano se o naturalizando
preencher quaisquer das seguintes condições:
I- (vetado);
II- Ter filho brasileiro;
III- Ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no momento
de concessão da naturalização;
IV- (vetado);
V- Haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil;
VI – Recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística.

COMO FUNCIONAVA ANTES DA LEI 13.445/17


OBS: A Lei 6.815/80, no seu artigo 112 define como condições para a naturalização – MUITA
ATENÇÃO HOJE ESSA LEI ENCONTRA-SE REVOGADA PELA LEI 13.445/2017, entretanto essa
revogação ocorreu no dia 24.11.2017, ou seja, após a publicação de muitos editais, portanto vigora para
muitos editais, ainda, a lei 6.815/80:
I - Capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - Ser registrado como permanente no Brasil;
III - Residência continua no território nacional, pelo prazo mínimo de 4(quatro) anos, imediatamente
anteriores ao pedido de naturalização;
IV - Ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizado;
V - Exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família
VI - Bom procedimento;
VII - Inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no Exterior por crime doloso
a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1(um) ano; e
VIII - Boa saúde.
ATENÇÃO: O prazo mínimo que consta na alinha “c” poderá ser reduzido, se preencher qualquer das
seguintes condições (art. 113, da Lei 6.815/80).
I - Ter filho ou cônjuge brasileiro;
II - Ser filho de brasileiro;
III - Haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao Brasil, a juízo do Ministro da Justiça;
IV - Recomendar-se por sua capacidade profissional, cientifica ou artística; ou
V - Ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor seja igual, pelo menos, a 1.000 (mil) vezes
o maior valor de referência; ou ser industrial que disponha de fundos de igual valor; ou possuir cota
ou ações integralizadas de montante, no mínimo, idêntico, em sociedade comercial ou civil,
destinada principalmente a permanentemente, à exploração de atividade industrial ou agrícola.
OBS: A residência será de no mínimo 1(um) ano, nos casos dos itens I a III; de 2(dois) anos, no caso do
item IV; e de 3(três) anos, no caso do item V.
OBS: Mesmo que satisfaça todos os requisitos legais, isso não assegura ao estrangeiro direito à
naturalização – É ato discricionário do Poder Público – art. 121, da Lei 6.815/90.

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Art. 12, II, “b”, CRFB/88 = Caso de NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA (é vinculada a


concessão).
Art. 67 da lei 13.445/17 “A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de
qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira”.

Art. 12, II, b, da CRFB/88 “Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes


na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde quer requeiram a nacionalidade brasileira. ”.

NATURALIZAÇÃO ESPECIAL – Art. 68 da Lei 13.445/17:


Art. 68 da Lei 13.445/17 “A naturalização especial PODERÁ ser concedida ao
estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações”.

 Hipóteses para aquisição:

A) Seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro


em atividade ou de pessoal a serviço do Estado brasileiro no exterior;

B) Seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil


por mais de 10 anos ininterruptos.

 Requisitos para concessão da naturalização especial – art. 69 da Lei 13.445/17:

A) Ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;


B) Comunicar-se em língua portuguesa, considerada as condições do naturalizando;
C) Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei;

NATURALIZAÇÃO PROVISÓRIA – Art. 70 da Lei 13.445/17:

Art. 70 da Lei 13.445/17 “A naturalização provisória PODERÁ ser concedida ao


migrante (que muda de país ou região periodicamente) criança ou adolescente que
tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 anos de idade e
deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal”.

OBS: Essa naturalização será convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no
prazo de 2 anos após atingir a maioridade. Art. 70, parágrafo único, da Lei 13.445/17.

OBS: Art. 12, §1º, CRFB/88 caso de reciprocidade com os portugueses. Aos portugueses, com residência
permanente no País, se existir reciprocidade em favor de brasileiros, a eles serão atribuído a naturalização
brasileira.
ATENÇÃO: A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiro nato e naturalizado. Art. 12, §2º,
CRFB/88, ou seja, apenas a Constituição realiza essa distinção.
Ex: Art. 5, LI, da CRFB/88.
Art. 5, LII, da CRFB/88.
Art. 222, CRFB/88.
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 Da DEPORTAÇÃO: art. 50 da lei 13.445/17 – é medida decorrente de PROCEDIMENTO


ADMINISTRATIVO que consiste na RETIRADA compulsória de pessoa que se encontre em
situação migratória irregular em território nacional.

ATENÇÃO: Antes de efetivar a deportação é necessário fixar um prazo para que a pessoa faça a sane as
irregularidades (prazo não inferior a 60 dias podendo ser prorrogado por igual período). Art. 50, §1°, da Lei
13.445/17.
 Da EXPULSÃO: art. 54 da Lei 13.445/17 – Consiste em medida ADMINISTRATIVA de retirada
compulsória de migrante ou visitante (pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil
para estadas de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no
território nacional – art. 1°, V, da Lei 13.445/17) do território nacional, CONJUGADA com o
impedimento de reingresso por prazo determinado.

 Da EXTRADIÇÃO: art. 81 da Lei 13.445/17 – é medida de cooperação internacional entre Estado


brasileiro e outros Estados pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia
condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.

São cargos Privativos de brasileiros natos – Art. 12, §3º, CRFB/88

P * Presidente da República;
P * Presidente do Senado Federal;
P * Presidente da Câmara dos Deputados;
MI * Ministro do STF;
C * Carreira diplomática;
O * Oficial das forças armadas;
M * Ministro de Estado da Defesa;

OBS: Não esquecer a composição do Conselho da República, pois conforme artigo 89, VII, da CRFB/88
esse conselho possui 6 cidadãos brasileiros NATOS.

Perda da nacionalidade – Art. 12, §4º, CRFB/88.

A perda da nacionalidade ocorre em 2 casos, sendo que o 2º comporta 2(duas) exceções. Casos:

* Que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional;

* Quem adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos (exceções):


* De reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
* De imposição da naturalização, pela norma estrangeira, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
MUITA ATENÇÃO: Art. 76 da Lei 13.445/17 – O brasileiro que em razão do previsto no inciso II do §4°
do artigo 12 da CRFB/88, houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá READQUIRI-
LA ou ter o ato que declarou a perda revogada, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo.

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DOS DIREITOS POLÍTICOS – Art. 14, CRFB/88

Capacidade Eleitoral ATIVA = É a capacidade de Votar.

Capacidade Eleitoral PASSIVA = É a capacidade de ser Votado.

OBS: Todo elegível (quem goza da capacidade eleitoral passiva) é obrigatoriamente eleitor, porém nem todo
eleitor é elegível.

* Analfabeto pode votar, mas não pode ser votado (art. 14, §4º)
* Maiores de 16 anos e menores de 18 anos podem votar, mas não podem ser votados.

ATENÇÃO: No Brasil há hipótese de eleição indireta (Art. 81, §1º, CRFB/88).

Condições de ELEGIBILIDADE (capacidade passiva) – Art. 14, §3º, CRFB/88.


PANI-DF
P * Pleno exercício dos direitos políticos;
A * Alistamento eleitoral;
N * Nacionalidade Brasileira;
I * Idade mínima;
D * Domicílio eleitoral na circunscrição
F * Filiação Partidária;

Da idade mínima – art. 14, §2º, VI, CRFB/88:


35 ANOS – Presidente da República; Vice Presidente e Senador;
30 ANOS- Governador; Vice governador;
21 ANOS – Dep. Estadual; Dep. Federal; DF; Prefeito, Vice-prefeito; Juiz de Paz;
18 ANOS – Vereador.

Condição de INELEGIBILIDADE – Art.14, §4º, CRFB/88.


ABSOLUTA:
* Analfabeto - art. 14, §4°;
* Não alistáveis (estrangeiro e conscrito – art. 14, §2°).

RELATIVA:

* Por motivos funcionais (art. 14, §5º, CRFB/88) – “O Presidente da


República, os governadores de Estados e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. ”;

* Por motivos funcionais (art14, §6º, CRFB/88) – “Para concorrerem a


outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estados e do Distrito Federal e os Prefeitos
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito”.

ATENÇÃO: É vedado ao chefe do Poder Executivo concorrer a um 3º (terceiro) mandato consecutivo


(vedação ao prefeito itinerante ou prefeito profissional).

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* Casamento, parentesco ou afinidade (art. 14, §7º, CRFB/88) –


inelegibilidade reflexa, pois incide sobre 3º; - “São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge
e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de
Governador de Estado ou do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.”.
OBS: Súmula Vinculante n° 18 – “A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato,
não afasta a inelegibilidade prevista no §7° do artigo 14 da Constituição Federal.”

OBS: Súmula número 6 do TSE “São inelegíveis para o cargo de Chefe do Executivo o cônjuge e os parentes,
indicados no §7 do art. 14 da Constituição Federal, do titular do mandato, SALVO se este, reelegível, tenha
falecido, renunciado ou se afastado definitivamente do cargo até 6 meses antes do pleito”

OBS: A inelegibilidade reflexa alcança tão somente o território de jurisdição do titular.


Ex:
* O cônjuge, parentes e afins até 2º grau do PREFEITO, não poderá se candidatar a vereador ou prefeito
do mesmo Município.
* O cônjuge, parentes e afins até 2º grau do GOVERNADOR, não poderá se candidatar a qualquer
cargo no Estado (Vereador, Dep. Estadual, Dep. Federal e Senador pelo próprio Estado e Governador do
mesmo Estado).
* O cônjuge, parentes e afins até 2º grau do PRESIDENTE DA REPÚBLICA não poderá candidatar-
se a qualquer cargo eletivo no País.
* Militar (art. 14, §8º, CRFB/88) – “O militar alistável é elegível; atendida
as seguintes condições:”.
I – se contar menos de dez anos de serviço deverá afastar-se da atividade;
II – se contar mais de dez anos de serviço será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

* Outros casos previstos em Lei Complementar (art. 14, §9º, CRFB/88).


* AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (art. 14, §10 e 11, CRFB/88).

Da cassação, perda ou suspensão dos direitos políticos – Art. 15, CRFB/88.


ATENÇÃO: É vedada a cassação de direitos políticos.
 Perderá os Direitos Políticos, por:
I - Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
IV - Recusa de cumprir obrigações a todos imposta ou prestação alternativa.

 Suspenderá os Direitos Políticos:


II - Incapacidade Civil Absoluta;
III - Condenação Criminal Transitada em Julgado;
V - Improbidade administrativa, nos termos do Art. 37, §4º, CRFB/88.

MUITA ATENÇÃO: É pouco provável que a questão cobre essa diferença entre perda ou suspensão dos
direitos políticos, na maioria dos casos apenas solicita que você indique casos previstos no artigo 15 da
CRFB/88 sem fazer essa diferença.

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Insta destacar que o inciso IV do art. 15, mencionado acima, é, ainda hoje, objeto de marcante
divergência doutrinária, relativamente ao enquadramento como hipótese de perda ou suspensão. Nada
obstante alguns autores (como Alexandre de Morais, Manoel Gonçalves Ferreira Filho) a listarem como
perda, Nathalia Masson entende como mais correto entendê-la como caso de suspensão, onde segundo a
autora seria a ideia da doutrina majoritária, especialmente porque a legislação de apoio assim se posicionou
(art. 4, §2 da Lei 8.239/91).

ATENÇÃO: A Lei que altera o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não sendo
aplicada à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua vigência – art. 16 da CRFB/88

DOS PARTIDOS POLÍTICOS – Art. 17, CRFB/88:

“Art. 17 – é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,


resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:”

Preceitos para criar Partido político:


* Caráter Nacional;
* Proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro ou
de subordinação a estes;
* Prestação de contas à Justiça Eleitoral;
* Funcionamento Parlamentar;

ATENÇÃO: Partido Político é pessoa jurídica de direito privado e não de direito público, pois é criado na
forma da lei civil – Art. 17, §2º, CRFB/88.

OBS: Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e a televisão
(Art. 17, §3º, CRFB/88) – redação foi alterada pela emenda constitucional 97 de 04 de outubro de 2017, hoje
não mais terão acesso todo e qualquer partido, veremos a seguir.

OBS: É vedada a criação pelos partidos políticos de organizações paramilitares.

ATENÇÃO: Em 04 de outubro de 2017 a CRFB/88 sofreu uma emenda (EC n° 97 de 04 de outubro de 2017)
essa emenda alterou algumas regras constitucionais no que tange partidos políticos, vejamos:

 O artigo 17, §1°, da CRFB/88 possui nova redação:

“É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e
estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e
provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e
o regime de suas COLIGAÇÕES (associação/aliança para um fim comum; união de 2 ou
mais partidos com se fosse um único partido) nas eleições MAJORITÁRIAS, vedada (ou
seja, hoje não pode mais) a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade
de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária”. (grifos
nossos).

OBS: ESSA NOVA VEDAÇÃO À CELEBRAÇÃO DAS COLIGAÇÕES NAS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS JÁ
SERÁ APLICADA A PARTIR DAS ELEIÇÕES DE 2020 – art. 2° da EC n° 97/2017.

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 Redação antiga do artigo 17, §1°, da CRFB/88:

É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização
e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais
(perceba que não existia qualquer vedação para qual eleição seria possível coligação),
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária. (Anotação e grifos nossos).

 O artigo 17, §3°, da CRFB//88 possui nova redação:

“Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão,
na forma da lei, os partidos que ALTERNATIVAMENTE:”

I – Obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da federação (ou seja, 9 estados), com um
mínimo de 2% dos votos válidos em cada uma delas; ou

II – Tiverem elegidos pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos
um terço das unidades da Federação.

OBS: Essa previsão passará a ser plenamente aplicada nas eleições a partir de 2030, até lá funcionará a regra
do artigo 3° da EC n° 97 de 2017.

 Redação antiga do artigo 17, §3°, da CRFB/88:

“Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e
a televisão, na forma da lei.”

 Novo parágrafo ao artigo 17 da constituição – artigo 17, §5°, da CRFB/88:

“Ao eleito por partido político que não preencher os requisitos previstos no §3° deste artigo
É ASSEGURADO O MANDATO e FACULTADA a filiação, sem perda do mandato, a
outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de
distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de
televisão”.

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EXERCÍCIO 07 Peça
Um contingente de servidores públicos do município Y, inconformado com a política salarial
adotada pelo governo, decidiu, após ter realizado paralisação grevista sem qualquer sucesso, tomar
providência para pleitear reajuste de 15% sobre o vencimento básico. O referido valor corresponderia a um
aumento remuneratório real, equiparado ao reajuste obtido, nos últimos três anos, por diversas classes
profissionais.
Os servidores públicos procuraram a entidade sindical correspondente e esta decidiu ajuizar, na
justiça comum, ação pelo procedimento comum a fim de satisfazer o pleito apresentado. Dada a premência
do tempo em ver reconhecido, pelo poder Judiciário, o reajuste de 15%, a entidade sindical formulou, com
base no artigo 273 do CPC, pedido de antecipação de tutela na própria inicial, distribuída em setembro de
2011, sob a alegação de que estava em jogo verbas de caráter nitidamente alimentar o que reforçaria a
necessidade de um provimento judicial mais célere.
O juiz deferiu a antecipação de tutela antecipada, inaudita altera pars, determinando a imediata
implantação em folha de pagamento do reajuste de 15% sobre o vencimento básico dos servidores públicos.
Inconformado com a decisão judicial, o município contratou advogado para promover a medida
judicial cabível e reverter a situação, em virtude do iminente impacto orçamentário do reajuste concedido.
O advogado tentou, por todos os modos possíveis, suspender a decisão que concedeu a tutela
antecipada no tribunal de justiça competente, sem ter obtido êxito. A antecipação de tutela continua mantida,
em toda sua extensão, e o mérito da ação ainda não foi apreciado.
Sabe-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC 4 concluiu pela
constitucionalidade do dispositivo no art. 1º da Lei 9.494, de 10.09.1997, o qual prevê a impossibilidade de
concessão de tutela antecipada visando a reclassificação ou equiparação de servidores públicos, ou à
concessão de aumento ou extensão de vantagens.
Diante da situação hipotética apresentada, na condição de advogado do município Y, redija a peça
judicial apropriada para o caso, observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c)
fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural; e)
necessidade de tutela de urgência.

a) Legitimidade ativa:
b) Legitimidade passiva:
c) Escolha da peça:
d) Endereçamento:
e) Fundamentação (artigos e princípios relacionados)

7° Exercício.

Questão 01.
Pedro Ribeiro, Governador do Estado “Z” desde 2010, após reunião de cúpula de seu partido político,
decide que concorrerá ao cargo de Senador da República nas próximas eleições. Há necessidade de se realizar
a desincompatibilização? Caso Pedro saia, quem assumirá o cargo de Governador?
Questão 02
Tício concorre pelo Partido PXZ à vaga de Deputado Federal, sendo um dos mais cotados para ganhar
a votação no seu Estado. Ocorre que, nove meses antes do pleito, Tício, quando se encontrava em restaurante,
desdenhou-se com um de seus colegas do partido, proferindo-lhe socos e pontapés no rosto, o que o deixaram
em grave estado.
Ciente dos fatos, o Ministério Público ajuizou a devida ação penal, a qual foi recebida pelo juiz da
Comarca. Ao final do processo, o Juiz proferiu sentença de mérito, condenando Tício por lesões corporais.

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A par da situação hipotética, a condenação de Tício terá algum reflexo em sua candidatura? Responda
fundamentadamente.

QUESTÃO 03
Genoveva cumpriu dois mandados consecutivos de Prefeita o Município Palmares, tendo renunciado
ao segundo mandato seis meses antes do próximo pleito. Com a renúncia, Genoveva decidiu apoiar, como
candidato a Prefeito, Julius, que vive maritalmente há oito anos com a irmã dela.
Na situação hipotética supracitada, é possível admitir que a candidatura do referido senhor esteja de
acordo com o que estabelece a Constituição Federal? Justifique a sua resposta.

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TEORIA GERAL DO ESTADO

O nome do Estado Brasileiro é: República Federativa do Brasil.

FORMA DE ESTADO:

Estado Unitário/Simples: São aqueles Estados que não possuem divisão interna de poder –
Característica do Estado unitário PURO, pois essa forma se caracteriza por uma absoluta centralização do
exercício do Poder, tendo em conta o território do Estado.
EX: Uruguai.

DETALHE: A doutrina costuma dividir o Estado Simples em 3 espécies:


I – Puro: conforme o conceito acima.
II – Descentralizado administrativamente: Nesse caso ainda se encontra centralizada a tomada de decisões
políticas nas mãos do Governo Nacional, mas aqui ocorre uma descentralização quanto as execuções das
decisões políticas já tomadas. Criam-se pessoas para, em nome do Governo Nacional, como se fosse uma
extensão deste (longa manus), executar, administrar, as decisões políticas tomadas.
III – Descentralizado administrativamente e politicamente: Aqui ocorre não só a descentralização
administrativa, mas também a política, pois no momento da execução de decisões já tomadas pelo Governo
Central, as “pessoas” passam a ter, também, certa autonomia política para decidir no caso concreto o melhor
procedimento a ser empregado na execução daquele comando central.

Estado Composto: São aqueles que têm divisão interna de poder. Ele é dividido em Estados
membros. Podendo ser:

CONFEDERAÇÃO: É a união de países, formando um Estado Maior. Esses países fazem um


acordo, um pacto – Tratado Internacional. EX: União Europeia.
OBS: Na Confederação a separação desses países é possível.

 FEDERAÇÃO: É a união de territórios, pedaços de terras que nunca foram países.


-Federação formada de forma:

a) centrípeto: De fora para dentro, como no EUA, em verdadeiro movimento de aglutinação


(elementos distintos se unem formando um todo) isso explica o por que os Estados norte-
americanos têm autonomia muito maior que os Estados-Membros brasileiros =
FEDERALISMO POR AGREGAÇÃO.

b) centrífugo: De dentro para fora, ou seja, um Estado unitário centralizado descentralizando-


se, como no Brasil = FEDERALISMO POR DESAGREGAÇÃO.

OBS: A separação na Federação NÃO é possível. É vedado a SECESSÃO. Basta a leitura do artigo 1° da
CRFB/88:
“A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como Fundamentos: ”

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OBS: É vedado a SECESSÃO. ENTRETANTO PODE OCORRER – art. 18, §3°, CRFB/88:
 Desmembramento;

A O Estado A continua existindo, apenas parte dele vai se desmembrar.


a
A
a
A Essa parte do estado A que foi desmembrada, pode:
a
a a
a Formar um novo Estado;
Anexar a outro Estado (nesse caso há só uma modificação do
estado e não uma criação;
Formar um Território Federal – o Território possui natureza de
autarquia e é mantido pela União, pode o Território:
* Tornar um novo Estado;
* Voltar ao Estado de origem;
* Anexar a outro Estado;
* Continuar sendo um Território por qualquer tempo.
 Subdividir-se ou Cisão;
B
A A deixa de existir a Portanto, são criados 2 novos Estados
a a
C
 a
Incorpora-se a outro; a
a
A
A O Estado B foi incorporado pelo Estado A
B
a
 a
Fusão;

A
C 2 Estados deixam de existir formando 1 novo.
B
a
a
Plebiscito da população diretamente interessada – STF entende que é a
Requisitos para
o Estado se população de todo o Estado original, tanto da área a ser desmembrada, quanto
desmembrar, da área que será remanescente.
incorporar ou Lei Complementar do Congresso Nacional.
subdividir.

OBS: PODE OS MUNICÍPIOS – art. 18, §4°, CRFB/88:


 Incorpora-se a outro;
 Fazer uma fusão;
 Desmembrar-se;
 Cisão.

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Requisitos para Lei Estadual;


o Município Lei Complementar Federal;
adotar qualquer Plebiscito da população dos Municípios envolvidos;
das medidas
Estudo de Viabilidade Municipal.
acima

SÃO FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:


SO – CI – DI – VAL – PLU

SO – SOBERANIA;
CI - CIDADANIA;
DI – DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA;
VAL – OS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA;
PLU – O PLURALISMO POLÍTICO.

FORMA DE GOVERNO:

Monarquia: Nesse caso a transferência do poder é hereditária, sendo um poder vitalício.

República: A transferência do poder é de forma democrática, esse poder é temporário por meio
de mandato eletivo. Tendo como características:

* Eletividade, seja direta ou indireta;


* Temporalidade no exercício do Poder;
* Representatividade Popular;
* Responsabilidade do Governante.

SISTEMA DE GOVERNO:

Parlamentarista: Nesse sistema de governo possuímos um chefe de estado e um chefe de


governo.

Chefe de Estado: Participa de cerimonias internacionais, representa o Estado
internacionalmente.
OBS: O chefe de estado NÃO possui poder econômico.

 Chefe de Governo: Ele é quem decide, é quem possui o poder econômico – Primeiro Ministro.

Presidencialismo: Nesse sistema uma única pessoa realiza as duas atribuições, chefe de estado e
chefe de governo – como é o caso adotado pelo Brasil.

OBS: Insta destacar que o Brasil poderia ter adotado um sistema de governo Parlamentarista, foi dada a
oportunidade de escolha, por meio de um plebiscito, ao povo no dia 07 de setembro de 1993, na forma do
artigo 2° do ADCT.

REGIME DE GOVERNO: Democracia semidireta ou participativa (governo do Povo).


 Semidireta ou participativa, pois o povo pode exercer seu poder de forma direta ou indireta na
forma do artigo 1°, parágrafo único, da CRFB/88.
OBS: Art. 1°, parágrafo único, da CRFB/88 – “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. ”

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Algumas maneiras do povo exercer o seu poder diretamente – art. 14, da CRFB/88:
 Plebiscito = É uma consulta feita Previamente ao povo;
 Referendo = É uma consulta feira posteriormente ao povo;
 Iniciativa Popular = É o povo propondo projeto de lei – art. 61, §2°, da CRFB/88.

Art. 2°, da CRFB/88 = São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.

Art. 3°, da CRFB/88 = constituem OBJETIVOS fundamentais da República Federativa do Brasil:


CON – GAR – ER – PRO
CON – Construir uma sociedade livre justa e solidária;
GAR – Garantir o desenvolvimento nacional;
ER – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
PRO – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

Art. 4°, da CRFB/88 = Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas suas relações
internacionais: “A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios.”
PRINCÍPIOS NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
IN – PRE – AUTO – NÃO – IGUAL – DEFE – SO – RE – CO – CO
IN – Independência nacional;
PRE – Prevalência dos direitos humanos;
AUTO – Autodeterminação;
NÃO – Não intervenção;
IGUAL – Igualdade entre os Estados;
DEFE – Defesa da paz;
SO – Solução pacífica dos conflitos;
RE – Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
CO – Cooperação entre os povos para progresso da humanidade;
CO – Concessão de asilo político.

CONSTITUIÇÃO

CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO: Segundo José Afonso da Silva Constituição tem como:


 Forma: um complexo de normas.
 Conteúdo: A conduta humana motivada pelas relações sociais.
 Fim: A realização dos valores que apontam para o existir da comunidade.

CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO:
 Constitucionalismo: É a ideia utilizada para definir a ideologia que afirma que o Poder
Político deve, necessariamente, ser limitado. A doutrina divide em duas espécies:
I – Constitucionalismo Social: É quando há grande intervenção do Estado no mundo privado.
II – Constitucionalismo Liberal: É quando há poucas (pequenas) intervenções do Estado no mundo
privado.

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 Neoconstitucionalismo: Nesse momento os valores constitucionais são priorizados, princípios


como a dignidade da pessoa humana, passam ter maior relevância.
OBS: No neoconstitucionalismo há uma aproximação das ideias de direito e justiça.

CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

MACETE: Lembre que a constituição de 1988 é uma PEDRA

P – Promulgada – QUANTO À ORIGEM


E – Escrita – QUANTO À FORMA
D – Dogmática – QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO
R – Rígida – QUANTO À ALTERAÇÃO
A – Analítica – QUANTO À EXTENSÃO

QUANTO À FORMA:
Escrita: São aquelas sistematizadas em um único texto, criada por um órgão constituinte.
Ex: Constituição de 1988.

Não escritas: São aquelas em que tem o seu texto em documentos esparsos (vários documentos),
como: jurisprudências, costumes, convenções.
Ex: Constituição Inglesa.
ATENÇÃO: Todas as constituições que o Brasil já teve se deram na forma escrita.

QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO:

Dogmático: São necessariamente constituições escritas, essas pressupõem a aceitação de dogmas


ou de opiniões sobre a política do momento.
Ex: Constituição de 1988

Histórico ou Costumeiras: Essas são não escritas, resultam da formação histórica, dos fatos
sociais, da evolução das tradições.
Ex: Constituição Inglesa.

QUANTO À ORIGEM:

Outorgadas: São aquelas elaboradas e impostas por uma pessoa ou por um grupo sem a
participação do povo. São denominadas de cartas constitucionais.
Ex: Carta de 1824; 1937; 1967; ECn°. 01/1969.

Promulgadas: São aquelas que possui participação popular, são conhecidas como constituições
Democráticas ou Populares.
Ex: Constituição de 1891; 1934; 1946; 1988.
Cesaristas, plebiscitárias, referendarias ou bonapartistas: São aquelas que, embora elaboradas
de maneira unilateral, impostas, após sua criação são submetidas a um referendo popular.

Compromissória ou Dirigente: Se caracteriza por conter normas definidoras de tarefas e


programas de ação a serem concretizados pelos poderes públicos.

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QUANTO À ALTERAÇÃO:

Rígida: São aquelas alteráveis apenas por um processo mais solene, mais dificultoso que o
processo de alteração das demais normas jurídicas.

Semirrígida ou Semiflexível: São aquelas que possuem uma parte rígida e outra flexível.

Flexível: São aquelas modificáveis livremente pelo legislador, observando-se o mesmo processo
de elaboração e modificação das leis.
Super-rígidas: São aquelas que possuem núcleos essenciais intangíveis (cláusulas pétreas)
Atenção: Muito embora a constituição de 1988 contemple hipóteses de cláusulas pétreas essa não e
classificada pela doutrina majoritária como sendo super-rígida, mas sim como rígida.
QUANTO À EXTENSÃO:

Sintética/ Concisas/ pequenas: São aquelas constituições resumidas, que cuidam apenas de regras
gerais, estrutura do ordenamento jurídico.
Ex: Constituição Americana (E.U.A)

Analítica/ prolixas/ longas: São aquelas constituições numerosas. Não se restringindo a tratar
somente de normas materialmente constitucionais, cuidando de assuntos diversos, que poderiam certamente
estar dispostos em legislação infraconstitucional.
Ex: Constituição Brasileira de 1988.

QUANTO AO CONTEÚDO:

Material: É aquele que contém normas fundamentais, estruturais do Estado. Só entra na


constituição o que é matéria constitucional, como organização do Poder, organização do Estado, direitos
individuais.

Formal: Considera constituição tudo que esteja inserido no seu texto, independentemente de tratar
de normas estruturais, normas fundamentais, se consta na constituição é norma constitucional, ainda que não
tratem de matéria constitucional.

QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE:

Constituições Normativas: São aquelas que efetivamente conseguem, por estarem em plena
consonância com a realidade social, regular a vida política do Estado. São como uma roupa que assenta
bem e realmente veste bem.

Constituições Nominativas; Nominalistas ou Nominais: São aquelas que, embora tenham sido
elaboradas com o intuito de regular a vida política do Estado, ainda não conseguem efetivamente cumprir
esse papel, por estarem em descompasso com o processo real de poder e com insuficiente concretização
constitucional. São prospectivas, voltadas para um dia serem realizadas na prática. É como uma roupa
guardada no armário que será vestida futuramente, quando o corpo nacional tiver crescido.

Constituições Semânticas: Essas desde de sua elaboração, não têm o fim de regular a vida política
do Estado, de orientar e limitar o exercício do poder, mas sim de beneficiar os detentores do poder de fato,
que dispõem de meios para coagir os governados. São como uma roupa que não veste bem, mas dissimula,
esconde, disfarça os seus defeitos.

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FENÔMENOS QUE OCORREM COM A ENTRADA EM VIGOR DE UMA NOVA


CONSTITUIÇÃO:

RECEPÇÃO: É o fenômeno jurídico pelo qual se resguarda a continuidade do ordenamento jurídico


anterior e inferior à nova constituição, desde que se mostre compatível materialmente com seu novo
fundamento de validade (nova constituição).

DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO: Esse fenômeno ocorre quando a antiga constituição é recebida


pelo novo ordenamento, ou seja, pela nova constituição, mas com status de legislação infraconstitucional
(seria recebida como se fosse lei).

OBS: Esse fenômeno não é adotado no Brasil.

MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL OU INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL EVOLUTIVA:


Tem relação com a interpretação dada à Constituição.
Não sendo necessário técnicas de revisão ou reforma constitucional para que se opere. A mudança
social, que se dar com o passar do tempo, já faz com que a interpretação seja modificada.

VACATION CONSTITUCIONIS: Pode ser conceituada como o período de transição entre uma
constituição e outra. No brasil as constituições ao serem promulgadas e publicadas, já entram em vigor.

OBS: No Brasil esse fenômeno ocorreu de forma parcial, conforme artigo 34 do ADCT.

CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO:

CONSTITUIÇÃO NO SENTIDO SOCIOLÓGICO: Uma constituição só é REAL se representar a


efetiva vontade social. Nesse sentido FERDINAND LASSALLE diz que a constituição é um FATOR
SOCIAL, e não uma norma jurídica.
 Tem que expressar a vontade social.
 A constituição que não expressa a vontade social será uma mera FOLHA DE PAPEL.
 Constituição, para o autor, deve ser a soma dos fatores reais de poder dentro da sociedade.

CONSTITUIÇÃO NO SENTIDO POLÍTICO: Conceito apresentado por CARL SCHMITT


 Para o autor existe diferença entre constituição e leis constitucionais.
 A Constituição é uma Decisão Política Fundamental.
 Constituição é apenas aquilo que trata da estrutura do Estado, como:
a) Direitos fundamentais;
b)Órgãos Públicos;
c) Organização dos Poderes.
Sendo os demais assuntos, distintos desses, mera Lei constitucional e não constituição.

CONSTITUIÇÃO NO SENTIDO JURÍDICO: Conceito apresentado por HANS KELSEN.


 Nessa concepção, a Constituição é entendida como norma jurídica pura, sem qualquer
consideração de cunho sociológico, político ou filosófico.
 A constituição é a norma superior e fundamental do Estado, que organiza e estrutura o poder político,
limita a atuação estatal e estabelece direitos e garantias individuais.
 Para o autor Constituição é fruto da vontade racional do ser humano, não sendo norma de
interferência política e nem social. Sendo uma norma PURA, como fundamento de validade de
todo o sistema.

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ATENÇÃO: Foi Kelsen quem concebeu o ordenamento jurídico como um SISTEMA EM QUE HÁ UM
ESCALONAMENTO hierárquico das normas. Nesse sentido as normas jurídicas inferiores sempre retiram
seu fundamento de validade das normas jurídicas superiores.
Nesse caso você pode agora está se perguntando – de qual norma a Constituição, enquanto Lei
suprema do Estado retira seu fundamento de validade????
Bom Kelsen respondeu a essa pergunta da seguinte forma:

 Sentido LÓGICO-JURÍDICO: Nesse sentido a Constituição tem como fundamento a NORMA


HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL – NHF, não real, mas sim imaginaria, pressuposta, que serve
como fundamento lógico transcendental da validade da Constituição – Sendo, portanto, um comando
“Obedeça-se a constituição positiva”.

 Sentido JURÍDICO-POSITIVO: Nesse sentido a Constituição É A NORMA POSITIVA


SUPREMA, que serve para regular a criação de todas as outras. É documento solene, cujo texto só
pode ser alterado mediante procedimento especial.

PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL:

A hermenêutica é a técnica de interpretar, desse modo temos como princípios para a interpretação da
constituição:

UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A constituição deve ser analisada de forma integrada. Portanto as


normas constitucionais formam um conjunto de regras que não devem ser vistas isoladamente, sendo a
constituição um sistema único e coeso.

EFEITO INTEGRADOR OU EFICÁCIA INTEGRADORA: Esse princípio reforça o da unidade


constitucional, ensinando que a análise dos conflitos jurídicos – constitucionais deve se dar à luz dos critérios
que beneficiam a integração política e social.

MÁXIMA EFETIVIDADE/ EFICIÊNCIA OU INTERPRETAÇÃO EFETIVA: Para esse princípio


as normas constitucionais devem ser interpretadas privilegiando sua maior eficiência ou eficácia social.

HARMONIZAÇÃO OU CONCORDÂNCIA PRÁTICA: As normas constitucionais devem ser


conciliadas para que possam existir sem que uma tenha de ser privilegiada em detrimento de outra.
Tal princípio reforça a ideia de inexistência de hierarquia entre os princípios constitucionais.
Portanto, esse princípio existe para solucionar aparentes conflitos sobre bens jurídicos, de forma a evitar
o sacrifício total de um em detrimento de outro.
Ex: Torcedor que saiu chorando do estádio e jornal publicou a foto dele. Temos nessa situação 2 bens
jurídicos em conflitos (o direito de imagem do torcedor e a liberdade de informação do jornal) logo implica
em ponderação desses princípios.

FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: Deve priorizar a atualidade normativa do texto,


fortalecendo tanto sua eficácia como sua permanência.

CORREÇÃO FUNCIONAL/ CONFORMIDADE FUNCIONAL OU JUSTEZA: Aqueles que


interpretam a constituição devem se atentar fielmente às regras sobre separação dos poderes e repartição de
competências. Não pode haver subversão do esquema organizatório funcional que a constituição estabeleceu.
Assume relevo no que tange a separação dos poderes.

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO: Princípio utilizado quando estamos diante


de normas que possuem mais de um significado, conhecidas como normas polissêmicas ou
plurissignificativas. Devendo permanecer o sentido da norma que esteja em conformidade com a
constituição.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO:


Classificação segundo J.J. Canotilho:

MÉTODO JURÍDICO ou Hermenêutico clássico: Segundo esse método a constituição e lei são
ontologicamente iguais, a diferença é meramente formal em dizer que a constituição é a norma superior.
Para Ernest Forsthoff aplica-se o mecanismo convencional das leis para interpretação da constituição,
assim, a constituição é uma lei dotada de uma hierarquia superior e, como lei, deve ser interpretada como
qualquer outra lei, aplicando-se os métodos e técnicas aplicáveis às leis comuns.
Essa concepção é positivista, já que não vê entre a Constituição e a lei uma diferença de natureza, a
diferença é meramente formal quanto à hierarquia. Conclusão:
 Constituição e lei são ontologicamente iguais (iguais na essência, natureza);
 A constituição, enquanto lei há de ser interpretada da mesma forma que se interpreta qualquer lei;
 Interpretação constitucional = interpretação Legal.

MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO ou TÓPICA (palavra derivada da palavra topoi, de


topos, que significa lugar comum, pontos de vista, argumentos aceitos por todos ou pela maioria ou
pelos mais qualificados): Método defendido por Theodor Viehweg.

Para esse método a interpretação deve partir do caso concreto para a norma. É um método indutivo,
pois seu ponto de partida é o problema (fato, caso concreto), analisa-se o problema e busca-se para esse
problema uma situação ideal para o caso e não de forma abstrata. Conclusão:
 Busca resolver problemas concretos;
 A constituição é tida como um conjunto aberto de regras e princípios, ela não é fechada em si mesma
como se ela resolvesse ou desse todas as soluções dentro de si mesma (deve se comunicar com a
realidade, com os problemas);
 Caráter aberto, fragmentário ou indeterminado da Norma Constitucional;
 Preferência pela discussão do problema em virtude da open texture (primazia do problema sobre a
norma, já que a norma constitucional tem uma textura aberta).
 Tem por fundamento os aspectos práticos e não o texto em si.
 É criticado pela doutrina, pois daria margem a diversas interpretações subjetivas.

MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR: Esse método tem como objetivo fazer com


que o interprete analise o texto constitucional em seu conjunto, e após essa análise prévia, concretizar a
aplicação da norma constitucional ao caso concreto.

MÉTODO CIENTÍFICO-ESPIRITUAL: A análise interpretativa do texto constitucional não pode se


ater as letras, deve levar em conta os verdadeiros valores que estão por trás das normas constitucionais, pois
constituição não é só norma, mas também realidade.

MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE: O texto literal da constituição deve ser analisado de


acordo com a realidade social.

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CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO AO GRAU DE EFICÁCIA E


APLICABILIDADE:

Classificação segundo José Afonso da Silva:


 Normas Constitucionais de Eficácia PLENA;
 Normas Constitucionais de Eficácia CONTIDA;
 Normas Constitucionais de Eficácia LIMITADA;

Normas Constitucionais de Eficácia Plena:


I – Conceito: São aquelas que desde a entrada em vigor da constituição, produzem, ou têm possibilidade de
produzir, todos os seus efeitos essenciais.
EX: art. 18, §1°, CRFB/88.

II – Características: Possuem:
* Aplicabilidade direta;
* Imediata;
* Integral.

Normas Constitucionais de Eficácia Contida:

I – Conceito: São aquelas que desde a entrada em vigor da constituição, produzem, ou têm possibilidade de
produzir, todos os seus efeitos, entretanto, o legislador constituinte deixou margem à atuação restritiva por
parte da competência discricionária do Poder Público.
EX: art. 5º, XIII, CRFB/88.
Art. 5°, LXXVIII, CRFB/88;
Art. 8°, VIII, CRFB/88.

II – Características: Possuem:
* Aplicabilidade direta;
* Imediata;
* Não integral, pois sujeita a restrições que limitem sua eficácia e aplicabilidade.

Normas Constitucionais de Eficácia Limitada:


I – Conceito: São aquelas que NÃO produzem, com a simples entrada em vigor da Constituição, os seus
efeitos essenciais. Necessita de regulamentação.
EX: art. 37, VII, CRFB/88.

II – Características: Possuem:
* Aplicabilidade indireta;
* Mediata;
* Reduzida, pois que somente incide totalmente a partir de uma norma infraconstitucional
ulterior que lhe desenvolva a eficácia.

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ATENÇÃO: As normas de eficácia Limitada são divididas em:

a) Normas de eficácia limitada definidoras de princípios institutivos ou organizativos: São aquelas


em que o Poder Constituinte Originário (PCO) traçou esquemas gerais de estruturação e atribuições
de órgãos entidades ou institutos, para que em um momento posterior, sejam estruturados em
definitivo, mediante lei.
EX:
 Art. 33 da CRFB/88;
 Art 88 da CRFB/88;
 Art. 91, §2º, da CRFB/88;

OBS: Essas normas definidoras de princípios institutivos ou organizativos podem ser:

a.1). Impositivas: São as que DETERMINAM ao legislador a emissão de uma legislação integrativa.
EX:
 Art. 32, §4º, da CRFB/88;
 Art. 33, da CRFB/88;

a.2). Facultativas: Essas não impõem uma obrigação, apenas possibilitam o legislador a instituir ou
regulamentar a situação nelas delineadas.
EX:
 Art. 22, parágrafo único, da CRFB/88.
 Art.125, §3º, da CRFB/88.
 Art. 25, §3º, da CRFB/88.

b) Normas de eficácia limitada definidoras de princípios programáticos: São aquelas instituidoras


de princípios e diretrizes como programas para os poderes constituídos (Poder Executivo, Legislativo
e o Judiciário) visando à realização dos fins sociais do Estado.
EX:
 Art. 3°, CRFB/88;
 Art. 11°, CRFB/88;
 Art. 7º, XX, da CRFB/88;
 Art. 7º, XXVII, da CRFB/88;
 Art. 173, §4º, da CRFB/88;
 Art. 216, §3º, da CRFB/88;

ATENÇÃO: É certo dizer que as normas constitucionais de eficácia limitada só produzem efeitos após a sua
regulamentação infraconstitucional?

Não, pois as normas que integram a Constituição que é do tipo rígida são normas jurídicas, e sendo
jurídicas têm normatividade. Portanto, embora elas não produzam seus plenos efeitos (eficácia positiva)
essas, desde a promulgação da CRFB/88, são dotadas da chamada EFICÁCIA NEGATIVA, isto é, elas
revogam as disposições contrarias ou incompatíveis com os seus comandos e impedem que sejam
produzidas normas ulterior que contrariem os programas por elas estabelecidos. Além disso, servem
de parâmetro para a interpretação do texto constitucional.

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CONCLUSÃO:
Eficácia Plena: ------------------------------→

EFICÁCIA E
APLICABILIADADE DAS
NORMAS CONSTITUCIONAIS,
SEGUNDO JOSÉ AFONSO DA
Eficácia Contida: -----------------
SILVA.

Eficácia Limitada:- - - - - - - - →

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EXERCÍCIO 08 Peça
Um contingente de servidores públicos do município Y, inconformado com a política salarial
adotada pelo governo, decidiu, após ter realizado paralisação grevista sem qualquer sucesso, tomar
providência para pleitear reajuste de 15% sobre o vencimento básico. O referido valor corresponderia a um
aumento remuneratório real, equiparado ao reajuste obtido, nos últimos três anos, por diversas classes
profissionais.
Os servidores públicos procuraram a entidade sindical correspondente e esta decidiu ajuizar, na
justiça comum, ação pelo procedimento comum a fim de satisfazer o pleito apresentado. Dada a premência
do tempo em ver reconhecido, pelo poder Judiciário, o reajuste de 15%, a entidade sindical formulou, com
base no artigo 273 do CPC, pedido de antecipação de tutela na própria inicial, distribuída em setembro de
2011, sob a alegação de que estavam em jogo verbas de caráter nitidamente alimentar, o que reforçaria a
necessidade de um provimento judicial mais célere.
O juiz deferiu a antecipação de tutela antecipada, inaudita altera pars, determinando a imediata
implantação em folha de pagamento do reajuste de 15% sobre o vencimento básico dos servidores públicos.
Inconformado com a decisão judicial, o município contratou advogado para promover a medida
judicial cabível e reverter a situação, em virtude do iminente impacto orçamentário do reajuste concedido.
O advogado tentou, por todos os modos possíveis, suspender a decisão que concedeu a tutela
antecipada no tribunal de justiça competente, sem ter obtido êxito. A antecipação de tutela continua mantida,
em toda sua extensão, e o mérito da ação ainda não foi apreciado.
Sabe-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC 4 concluiu pela
constitucionalidade do dispositivo no art. 1º da Lei 9.494, de 10.09.1997, o qual prevê a impossibilidade de
concessão de tutela antecipada visando a reclassificação ou equiparação de servidores públicos, ou à
concessão de aumento ou extensão de vantagens.
Diante da situação hipotética apresentada, na condição de advogado do município Y, redija a peça
judicial apropriada para o caso, observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c)
fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural; e)
necessidade de tutela de urgência.

Questões

Questão 01.
Pedro Ribeiro, Governador do Estado “Z” desde 2010, após reunião de cúpula de seu partido político,
decide que concorrerá ao cargo de Senador da República nas próximas eleições. Há necessidade de se realizar
a desincompatibilização? Caso Pedro saia, quem assumirá o cargo de Governador?
Questão 02
Tício concorre pelo Partido PXZ à vaga de Deputado Federal, sendo um dos mais cotados para ganhar
a votação no seu Estado. Ocorre que, nove meses antes do pleito, Tício, quando se encontrava em restaurante,
desdenhou-se com um de seus colegas do partido, preferindo-lhes socos e pontapés no rosto, o que o
deixaram em grave estado.
Ciente dos fatos, o Ministério Público ajuizou a devida ação penal, a qual foi recebida pelo juiz da
Comarca. Ao final do processo, o Juiz proferiu sentença de mérito, condenando Tício por lesões corporais.
A par da situação hipotética, a condenação de Tício terá algum reflexo em sua candidatura? Responda
fundamentadamente.

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QUESTÃO 03
Genoveva cumpriu dois mandados consecutivos de Prefeita o Município Palmares, tendo renunciado
ao segundo mandato seis meses antes do próximo pleito. Com a renúncia, Genoveva decidiu apoiar, como
candidato a Prefeito, Julius, que vive maritalmente há oito anos com a irmã dela.
Na situação hipotética supracitada, é possível admitir que a candidatura do referido senhor esteja de
acordo com o que estabelece a Constituição Federal? Justifique a sua resposta.

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TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


 CAPÍTULO I – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS – Art. 5º,
CRFB/88.
 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS SOCIAIS – Art. 6º - 11, CRFB/88
 CAPÍTULO III – DA NACIONALIDADE – Art. 12 – 13; CRFB/88
 CAPÍTULO IV - DOS DIREITOS POLÍTICOS – Art. 14 – 16; CRFB/88
 CAPÍTULO V – DOS PARTIDOS POLÍTICOS – Art. 17; CRFB/88
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

“Sem os direitos fundamentais, o homem não vive, não convive, e, em alguns casos,
não sobrevive” – Uadi Lammêngo Bulos.

A Constituição Federal de 1988 estabelece direitos e garantias fundamentais, em seu Título II, daí ela
divide esses direitos em 5 (cinco) capítulos.

A doutrina, majoritária, classifica esses direitos, assegurados aos indivíduos em 3


gerações/dimensões:

→ Da primeira geração/dimensão: São aqueles direitos e garantias individuais que tem como centro de
proteção o indivíduo, portanto refere-se ao direito:

 À vida;
 Liberdade;
 Expressão;
 Locomoção.
Representam um LIMITE na atuação do Estado, uma obrigação de NÃO FAZER do Estado.
→ Da segunda geração/dimensão: São os direitos sociais/econômicos/culturais, que valorizam grupos de
indivíduos, como trabalhadores.

Nesse momento espera-se uma obrigação de FAZER do Estado – seu eixo central está na
igualdade de condições para os seres humanos.
→ Da terceira geração/dimensão: São conhecidos por direitos de fraternidade ou solidariedade, abrange o
meio ambiente equilibrado, a fraternidade entre os povos, além de outros direitos difusos – Art. 225,
CRFB/88.
Busca a proteção dos direitos para pessoas indeterminadas e de quantidades indeterminadas,
SÃO OS DIREITOS “TRANSINDIVIDUAIS” ou “METAINDIVIDUAIS” nos quais a titularidade não
pertence ao homem individualmente considerado, mas a coletividade com um todo.
ATENÇÃO: Além desses 3 (três) mencionados acimas, há quem defenda a existência de uma quarta e
quinta geração de direitos fundamentais:
→ Da quarta geração/dimensão: São, por exemplo, os direitos relacionados à democracia, à informação e
ao pluralismo político – dos quais dependerá a concretização da sociedade aberta para o futuro, em sua
dimensão de máxima universalidade.
Para Norberto Bobbio, nesta quarta geração os direitos se relacionam aos efeitos cada vez mais
traumáticos da pesquisa biológica, que permitirá manipulação do patrimônio genético dos indivíduos.

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→ Da quinta geração/dimensão: Esta representaria o direito a PAZ, como papel central e de supremo
direito da humanidade. Segundo Paulo Bonavides.
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

MACETE: o nome do menino é UHIIIIIRE

a) Universalidade: Aponta a existência de um núcleo mínimo de direitos que deve estar presente
em todo lugar e para todas as pessoas.
b) Historicidade: Os direitos fundamentais denotam de caráter histórico-evolutivo, que não
nascem todos de uma só vez, pois são resultados de avanços jurídicos-sociais determinados pelas
lutas do povo em defesa de novas liberdades.
c) Indivisibilidade: Os direitos fundamentais formam um sistema harmônico, coerente e
indissociável, o que importa na impossibilidade de compartimentalização dos mesmos, seja na
tarefa interpretativa, seja na de aplicação às circunstâncias concretas.
d) Imprescritibilidade: Os direitos e garantias fundamentais não prescrevem, não se extinguem ao
longo do tempo, não pode acabar.
e) Inalienabilidade: Os direitos e garantias fundamentais não são passiveis de alienação
(negociação), é característica que exclui quaisquer atos de disposição, quer material – destruição
física do bem -, quer jurídica – renúncia compra e venda ou doação.
f) Irrenunciabilidade: Os direitos e garantias fundamentais não podem ser renunciados.
g) Inviolabilidade: Essa característica confirma a impossibilidade de desrespeito aos direitos
fundamentais por determinação ou por atos de autoridade, sob pena de responsabilização civil,
administrativa e criminal.
h) Relatividade: O exercício dos direitos individuais, não raro, acarreta conflitos com outros direitos
constitucionalmente resguardados, dada a circunstância de nenhum direito ser absoluto ou
prevalecer perante os demais em abstrato.
i) Efetividade: A atuação dos Poderes Públicos deve se pautar (sempre) na necessidade de se
efetivar os direitos e garantias institucionalizados, inclusive por meio da utilização de mecanismos
coercitivos, se necessário for.

OBS: Lembrar que podem ser destinatários dos direitos fundamentais pessoas jurídicas.

OBS: Os direitos fundamentais possuem eficácia vertical (particular x estado) e eficácia horizontal
(particular x particular)

DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS–Art. 5º, CRFB/88.

O art. 5° da constituição traz uma série de direitos fundamentais, como:

Direito à Vida;
Direito à Liberdade;
Direito à Igualdade;
Direito à Segurança;
Direito à Propriedade.
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→ Do direito à Vida:
A vida humana é o bem jurídico mais importante dentre todos os direitos constitucionalmente
tutelados. Ele se apresenta em duas perspectivas doutrinarias:
 O direito de continuar vivo;
 O direito de ter uma vida digna.

ATENÇÃO: Muito embora nossa CRFB/88 tenha assegurado a todos o direito à vida, esta não fixou o marco
temporal a partir do qual se inicia a proteção jurídica a vida, tampouco tratou do aborto, da eutanásia e da
ortotanásia. Desse modo sugiram Princípios da Vida Humana, sendo:

I – Teoria da Concepção: Esta caracteriza-se a partir da fecundação do óvulo.

II – Teoria da Nidação: Para essa teoria o marco inicial da vida humana é a partir da fixação do zigoto no
útero materno, insta destacar que esse é o marco mais adequado, haja vista o embrião só se desenvolve dentro
do útero.

III – Teoria do sistema nervoso central: Para essa teoria a vida humana só tem início a partir da formação
do sistema nervoso central (capacidade neurológica de sentir prazer e dor)

OBS: O STF adota a Teoria da Nidação. Entretanto, não significa dizer que ao embrião em desenvolvimento
o STF assegura o âmbito de proteção constitucional. Segundo decisão na ADI 3.510, o STF asseverou que
as pessoas físicas ou naturais seriam apenas as que sobrevivem ao parto. Observe o trecho da decisão.

Asseverou que as pessoas físicas ou naturais seriam apenas as que sobrevivem ao parto, dotadas do
atributo a que o art. 2° do Código Civil denomina personalidade civil, assentando que a Constituição
Federal, quando se refere à “dignidade da pessoa humana” (art. 1°, III), “direitos da pessoa humana”
(art. 34, VII, b), “livre exercício dos direitos... individuais” (art. 85, III) e “direitos e garantias
individuais” (art. 60, §4°, IV), estaria falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa. Assim,
numa primeira síntese, a Carta Magna não faria de todo estágio da vida humana um autonomizado
bem jurídico, mas sim da vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque nativiva, e que a
inviolabilidade de que trata o seu art. 5° diria respeito exclusivamente a um indivíduo já personalizado.

Como proteção ao Direito à Vida: Temos como regra a vedação ao Aborto, disciplinado no Código
Penal.
Insta destacar que o atual ordenamento jurídico assegura algumas hipóteses de aborto permitido, são
elas:

a) Aborto Necessário ou Terapêutico: É o que ocorre quando não há outro meio de salvar a vida da
gestante, artigo 128, I, do Código Penal.
b) Aborto Sentimental: É o que ocorre quando a gravidez resulta de estupro e o aborto for precedido
de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal, artigo 128, II, do
Código Penal.
c) Interrupção da gravidez de feto anencefálico: O STF no julgamento da ADPF n° 54, identificou
essa terceira hipótese como possível.

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Da Eutanásia e Ortotanásia:
 Da Eutanásia: É a intervenção médica intencional que abrevia a vida de um paciente terminal que
vivencia extremo sofrimento e se encontra em situação incurável – já que pelos padrões médicos em
vigor não será capaz de e recuperar e sobreviver.
 Da Ortotanásia: Ocasiona a morte em razão da interrupção dos tratamentos médicos que, apesar de
manterem o sujeito vivo, não ofertam a ele nenhuma chance de recuperação.

→ Do Direito à Liberdade:
Bloco dos direitos da manifestação do Pensamento

Vedação ao Você pode se expressar livremente, no entanto tem que se identificar, ou


anonimato seja, não pode existir documentos apócrifos – art. 5°, IV, CRFB.
Acesso à Todos têm direito à informação, não sendo necessário passar pelo Poder
Informação Público (autorização) como era no tempo da ditadura - art. 5°, IX, XIV
CRFB.
Sigilo da Fonte A pessoa tem o direito de proteger de onde ela retirou essa informação,
portanto, o indivíduo não é obrigado a revelar a fonte de suas informações
quando isso for necessário ao exercício profissional - art. 5°, XIV CRFB.
Vedação de A informação não precisa de autorização para ser circulada, a classificação
Censura da faixa etária, não constitui censura ou pedido de licença - art. 5°, IX,
CRFB.
Direito de Caso a pessoa se sinta ofendida ela tem direito de resposta, devendo ser
Resposta proporcional ao agravo - art. 5°,V, CRFB.
Direito de Indenização material: é quando o ofendido teve, devido a informação,
indenização prejuízo financeiro.
moral, material Indenização moral: É quando o ofendido se sente ofendido internamente.
e a imagem Indenização pela sua imagem: é quando a reputação do ofendido perante
a sociedade foi abalada.
OBS: Essas indenizações são independentes e acumuláveis.
Art. 5°, V, CRFB.

Liberdade de Ação: É a autonomia da vontade, garantida no artigo 5°, II, da CRFB/88.


Liberdade de Pensamento e Manifestação – art. 5°, IV, CRFB/88: Por meio dessa liberdade pode
o indivíduo manifestar seus sentimentos, ideias, crenças, etc. Seja por mensagem falada ou escrita, como
também por gestos, expressões corporais, imagens e etc. Até mesmo o direito ao silêncio é aqui assegurado,
já que ninguém pode ser forçado por particulares ou pelo Estado a se manifestar sem vontade.

ATENÇÃO: A constituição não assegura o anonimato da manifestação. Isso porque, eventualmente, no


exercício do direito, o sujeito pode agir abusivamente e ferir direitos de outrem. Outra decorrência da vedação
ao anonimato é a impossibilidade de se acolher denúncias anônimas (apócrifas) para fundamentar a
instauração de inquérito policial.

OBS: Além do direito geral de manifestação do pensamento, a CRFB/88 ainda garantiu especificamente a
manifestação artística, intelectual, científica e de comunicação, sendo VEDADO qualquer tipo de censura
prévia – Art. 5°, IX, CRFB/88.

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Liberdade de consciência, crença e culto – art. 5° VI; VII; VIII, CRFB/88:

 Liberdade de Consciência: Pode a pessoa:


I – Crer em conceitos sobrenaturais propostos por alguma religião ou revelação = Teísmo.
II – Acreditar na existência de um Deus, mas rejeitar qualquer espécie de revelação divina = Deísmo.
III – Não crer em Deus algum = Ateísmo.

 Liberdade de Crença: Aqui é um conceito mais restrito do que a liberdade de consciência, posto
que, nesse só envolve aspectos religiosos, referente à autonomia de professar (ou não) uma crença
religiosa.

 Liberdade de Culto: É a permissão para a exteriorização da crença, não podendo o Estado


embaraçar o funcionamento de igrejas ou cultos religiosos.

ATENÇÃO: O indivíduo tem direito à ESCUSA DE CONSCIÊNCIA – Sendo esse o direito constitucional
que permite que um indivíduo não cumpra determinada obrigação legal que não seja condizente com suas
convicções RELIGIOSAS, POLÍTICAS ou FILOSÓFICAS, DESDE QUE, ao se recusar a satisfazer a
obrigação legal, o sujeito cumpra a prestação alternativa prescrita em lei.

OBS: Por motivos lógicos a invocação da liberdade religiosa não pode servir de abrigo para a prática de
ilícitos penais, razão pela qual a 2° Turma do STF decidiu que a prática do “curandeirismo” não está
abrangida pela norma constitucional de proteção a crença. – Art. 284, CP.

Da Liberdade de Profissão – Art. 5°, XIII, CRFB/88: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

Da Liberdade de Locomoção – Art. 5°, XV, CRFB/88: Em tempos de paz, é livre a locomoção em
território nacional, podendo qualquer pessoa (nacional ou estrangeira), nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens.

Da Liberdade de Reunião – Art. 5°, XVI, CRFB/88: Todos podem reunir-se pacificamente, sem
armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente.

Da Liberdade de Associação – Art. 5°, XVII a XXI, CRFB/88: Usualmente as associações são
apresentadas como uma aliança estável de pessoas, sob direção comum, na busca de fins lícitos. Portanto
visa assegurar aos indivíduos:

 A plena liberdade de associação, desde que para fins lícitos, pois é vedada a de caráter paramilitar;
 A impossibilidade de alguém ser compelido a associar-se ou mesmo a permanecer associado;
 A desnecessidade de autorização estatal para a criação das associações;
 A vedação a qualquer interferência estatal no funcionamento das mesmas.

ATENÇÃO: Para que a associação seja dissolvida compulsoriamente ou ter suas atividades suspensas,
deverá ocorrer por decisão judicial, exigindo-se, para dissolução compulsória, o trânsito em julgado.

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→ Do Direito à Igualdade:
 Igualdade Formal: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
 Igualdade Material: Tratar os iguais de formas iguais e os desiguais de formas desiguais.
 Igualdade Perante a Lei: Refere-se à interpretação e aplicação igualitária de um diploma normativo
já confeccionado.
 Igualdade na Lei: Refere-se a fazer de elaboração da Lei, direcionada aos legisladores.

OBS: Lembrar as AÇÕES AFIRMATIVAS – que visa um poderoso mecanismo de inclusão social,
concebido para corrigir e mitigar os efeitos presentes das discriminações ocorridas no passado. Portanto visa
um tratamento diferenciado a certos grupos historicamente vulneráveis, periféricos ou hipossuficientes,
buscando redimensionar e redistribuir bens e oportunidades a fim de corrigir distorções.

ATENÇÃO: Apenas a Constituição poderá discriminar homens e mulheres.


EX:
a) Licença Maternidade – 120 dias; art.7°, XVIII, CRFB/88.
b) Licença Paternidade – ADCT art. 10, §1°, = 5dias.
c) Aposentadoria – Art.7°, XXIV, CRFB/88/ Art. 48, Lei 8.213/91.

→ Do Direito à Propriedade:

Direito de propriedade é assegurado pela Constituição Federal em seu artigo 5°, em variados incisos
(XXII, XXIII, XXIV, XXVII, XXIX e XXX).

ATENÇÃO: A CRFB/88 protege a propriedade de forma vasta, englobando qualquer direito de conteúdo
patrimonial, sejam eles materiais ou mesmo imateriais, como os direitos autorais, a propriedade industrial
(marcas) e o direito à herança.

Da Função Social da Propriedade - (art. 5°, XXII): A propriedade deve atender a sua função social.
Entende-se por função social a exigência constitucional que, se efetivada, culmina no reconhecimento de que
o direito de propriedade estará resguardado na sua plenitude. Portanto, são requisitos que todo proprietário
de imóvel deve cumprir, segundo exigências legais.
 Propriedade Urbana: A propriedade Urbana cumpre sua Função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor municipal – art. 182, §2°, CRFB/88.
 Propriedade Rural: A função social da Propriedade Rural é regulamentada pela própria constituição
federal – art. 186, da CRFB/88, deve atender, simultaneamente, os seguintes requisitos:

a) Aproveitamento racional e adequado;


b) Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
c) Observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
d) Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

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Limitação ao direito de Propriedade

DESAPROPRIAÇÃO REQUISIÇÃO EXPROPRIAÇÃO USUCAPIÃO


OU CONFISCO

DESAPROPRIAÇÃO DESAPROPRIAÇÃO DESAPROPRIAÇÃ EXPROPRIAÇÃO


ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA O PARA OU CONFISCO
REFORMA
AGRÁRIA
Conceito: A Conceito: Essa Conceito: Nesse caso, Conceito: É a
desapropriação é a desapropriação será feita a desapropriação é de supressão PUNITIVA
transferência pelo poder Municipal, competência da propriedade
compulsória, em que o quando o imóvel não EXCLUSIVA da privada, por ordem
Poder Público toma paga IPTU. União quando o judicial, sem que o
para si (ou transfere imóvel rural não esteja proprietário tenha
para terceiros) bens cumprindo sua função direito a receber
particulares, mediante social, mediante qualquer indenização
o pagamento de justa prévia e justa – art. 243, CRFB/88.
e prévia indenização indenização EM
(em regra em dinheiro). TÍTULOS da dívida
agrária, resgatáveis
no prazo de até 20
anos.
Requisitos: o Art. 5°, OBS: O valor para ser OBS: As benfeitorias Requisitos: Utilização
XXIV, CRFB/88 prevê desapropriado nesse úteis e necessárias da propriedade rural
que a desapropriação caso, será estabelecido serão indenizadas em ou urbana para fins de:
depende de prévia por lei municipal. dinheiro – art. 184,
declaração do Poder §1°, CRFB/88. a) Culturas ilegais de
Público de que o bem é OBS: O pagamento plantas psicotrópicas
de: ocorrerá mediante título ou;
I – Necessidade da dívida pública,
Pública; resgatáveis em até 10 b) Exploração de
II – Utilidade Pública; anos. trabalho escravo.
III – Interesse Social.

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REQUISIÇÃO USUCAPIÃO
Conceito: É uma forma de intervenção pública no Conceito: Previsto no art. 183, da CRFB/88,
direito de propriedade em situações emergenciais, que aquele que possuir como sua área urbana de
em que há iminente perigo público e a autoridade até 250 metros quadrados, por 5 anos,
competente precisa usar temporariamente uma ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
propriedade particular – art. 5°, XXV, CRFB/88. para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-
á o domínio, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural = USUCAPIÃO
DE IMÓVEL URBANO.

USUCAPIÃO DE IMÓVEL RURAL – art.


191, CRFB/88 ocorre quando um sujeito, que
não é proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como seu, por 5 anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra, em zona rural, não
superior a 50 hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia.
OBS: Na requisição não se fala em perda da ATENÇÃO: Para a incidência da usucapião de
propriedade, mas apenas em uso do bem pelo imóvel rural ou urbano, deve
Estado visando atender interesse público. preencher/satisfazer os seguintes requisitos:

OBS: Trata-se de situação de urgência. a) posse mansa, pacífica e ininterrupta do


imóvel;
ATENÇÃO: Possui o particular o direito a b) posse por 5 anos ininterrupto;
indenização, SOMENTE, se causar danos à c) não possuir outro imóvel urbano ou rural;
Propriedade. d) utilizar o imóvel para sua moradia ou de sua
família;
e) área de até 250 metros quadrados (para
imóvel urbano)
f) área não superior a 50 hectares (para imóvel
rural).

OBS: Imóveis públicos (sejam urbanos ou


rurais) não serão adquiridos por usucapião,
conforme previsão dos artigos 183, §3° e 191,
parágrafo único, ambos da CRFB/88.

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→ Do direito à Privacidade:

O nosso texto constitucional tutela a privacidade no inciso X do art. 5°, contemplando a inviolabilidade da
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, direitos não referenciados de modo
expresso no caput do dispositivo (Art. 5°, CRFB/88), mas que, sem dúvida, conectados ao direito à vida,
especialmente na sua segunda acepção (direito à uma vida digna).

Do direito à Intimidade: Esse constitui um núcleo mais restrito do direito à privacidade, a intimidade
compreende as relações e opções mais íntimas e pessoais do indivíduo. Representa, pois, o direito de possuir
uma vida secreta inacessível a terceiros, evitando ingerências de qualquer tipo.

Do direito à Vida Privada: A vida privada é mais abrangente que a intimidade, pois abarca as relações
pessoais, familiares, negociais ou afetivas, do indivíduo, incluindo seus momentos de lazer, seus hábitos e
seus dados pessoais. Nota-se que a tutela à vida privada não busca proteger segredos ou particularidades
confidenciais de ninguém, tarefa que fica a cargo da tutela da intimidade.

OBS: Lembrar o direito ao esquecimento.

Do direito à Honra: A honra é um bem imaterial conectado ao valor moral do indivíduo, podendo ser
compreendida como a reputação, o bom nome e a boa fama que o sujeito goza na vida em sociedade, bem
como o sentimento próprio de estima e dignidade (autoestima). Podendo ser compreendida como honra
subjetiva e honra objetiva.

Do direito à Imagem: A imagem física protegida pelo inciso inclui qualquer representação gráfica
(foto, caricatura, desenhos, pinturas, esculturas, etc.) do aspecto visual da pessoa ou dos traços característicos
da sua fisionomia. Portanto os meios de comunicações não podem usurpar a imagem do indivíduo,
utilizando-a sem o seu consentimento, ainda que para louvar ou enaltecer a pessoa.

ATENÇÃO: Cumpre salientar que a pessoa que se encontra em local público se sujeita a ser vista, fotografada
ou filmada, pois estando em lugar público se pressupõe um consentimento tácito de exposição.

→ Dos Sigilos Pessoais:

A constituição resguarda o sigilo de dados (bancários, fiscais, telefônicos e informáticos), de


domicílio e comunicações.

Sigilo do Domicílio: Art. 5°, XI, CRFB/88.


Resguarda o local no qual a vida privada doméstica será exercida com plena liberdade, inacessível às
intromissões alheias.

ATENÇÃO: Para o direito constitucional o conceito de domicílio é qualquer local delimitado que alguma
pessoa ocupe com exclusividade, a qualquer título, inclusive de forma profissional.

OBS: Como já mencionado, não há direitos absolutos, de forma que a inviolabilidade domiciliar sofrerá, em
algumas circunstâncias, restrições. Diz a constituição que, excetuando-se a hipótese de consentimento do
morador, a entrada de um estranho em local considerado “casa” somente poderá ocorrer:

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I – em hipótese de flagrante delito;


II – em caso de desastre;
III – para prestar socorro;
IV – ou, durante o dia, por determinação judicial.

ATENÇÃO: Na vigência de Estado de Sítio a inviolabilidade do domicílio poderá ser suspensa, podendo ser
determinada a busca e apreensão domiciliar independentemente de ordem judicial (art. 139, V, CRFB/88).

Sigilo de correspondência: Art. 5°, XII, CRFB/88.


Proteger as correspondências é preservar a privacidade e a liberdade de expressão, afinal, a confidência
de algo privado, íntimo, sigiloso a um terceiro, não pode ser objeto de interferência da parte de nenhum
particular, muito menos do Estado.

ATENÇÃO: Mais uma vez devemos lembrar que nenhum direito é absoluto, desse modo, o STF no HC
70.814, decidiu que o diretor do estabelecimento prisional pode, em ato motivado e que observe o art. 41,
parágrafo único, da Lei n° 7.210/84, interceptar as correspondências do preso, desde que fundamentado em
razões de segurança pública, preservação da ordem jurídica ou disciplina prisional.

OBS: Outras hipóteses de mitigação ao sigilo de correspondência estão previstas nos artigos 136, §1°, I, “b”
e 139, III (casos de Estado de defesa e Estado de sítio).

Sigilo de dados: São para os chamados dados sensíveis, como:


 Informações telefônicas;
 Bancárias;
 Fiscais
 Orientação sexual;
 Crença religiosa;
 Valor de sua remuneração.

Sigilo das Comunicações: Art. 5°, XII, CRFB/88.

Sigilo das comunicações telegráficas: É as comunicações realizadas por meio de telegramas.


Sigilo das comunicações telefônicas: A interceptação telefônica, também intitulada quebra do
sigilo da comunicação telefônica, é “a captação e gravação de conversas telefônicas, no mesmo momento em
que ela se realiza, por terceira pessoa sem o conhecimento de qualquer dos interlocutores”.

OBS: Para decretação legítima da interceptação, depende:


I – Ordem Judicial;
II – Finalidade específica (investigação criminal ou instrução processual penal);
III – Previsão em Lei.

ATENÇÃO: Não confundir:


 Interceptação com escuta telefônica: esta última representa o ato de captação ou gravação da
conversa por uma terceira pessoa, mas com o conhecimento e o consentimento de um dos
interlocutores. Vale dizer: um dos comunicadores está ciente da interferência perpetrada por um
terceiro.

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 Gravação clandestina: é aquela realizada por um dos interlocutores sem o


conhecimento/consentimento do outro, podendo ser ambiental (gravação ambiental) ou atingir a
gravação telefônica (gravação telefônica).

OBS: O fato de a gravação ser clandestina NÃO significa que será ilícita. De acordo com o STF:
a) Se a gravação é realizada em ambiente público não há qualquer ilicitude, pois se está na esfera da
publicidade;

b) Se a gravação clandestina foi produzida em ambiente privado, inclusive abrangendo as gravações de


conversas telefônicas, igualmente não há ilicitude, não havendo usurpação da intimidade dos
envolvidos. (HC 87.431 – RE 402.035 – RE 402.717).

ATENÇÃO: O disposto acima são os direitos e para assegura-los surgem às garantias, como mecanismo de
proteção, chamados de remédios constitucionais.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS:
São meios postos à disposição dos indivíduos e dos cidadãos para provocar a intervenção da
autoridade competente, visando corrigir ilegalidade ou abuso de poder em prejuízo de direitos e interesses
individuais ou coletivos.

São esses meios postos à disposição dos indivíduos:


 Habeas Corpus – Art. 5º, LXVIII, CRFB/88;
 Mandado de Segurança - Art. 5º, LXIX, CRFB/88;
 Mandado de Segurança Coletivo - Art. 5º, LXX, CRFB/88;
 Mandado de Injunção - Art. 5º, LXXI, CRFB/88;
 Habeas Data - Art. 5º, LXXII, CRFB/88;
 Ação Popular - Art. 5º, LXXIII, CRFB/88.

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