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DO PODER EXECUTIVO

CONCEITO

O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja função típica é a prática de atos relacionados à função executiva,
ou seja, a tarefa de realizar, dentro da lei, as atividades materiais atinentes à chefia de Estado, de Governo e da
Administração Pública. No exercício das suas funções atípicas, também legisla (art. 62 – Medidas Provisórias) e
julga (contencioso administrativo).

SISTEMAS DE GOVERNO

a) Parlamentarismo: o Poder Executivo se divide em duas partes: um Chefe de Estado (monarca ou Presidente da
República) e um Chefe de Governo (primeiro – ministro ou Presidente do Conselho). O Governo é exercido pelo
Conselho de Ministros;
b) Presidencialismo: é o sistema típico das repúblicas e o Presidente exerce o Poder Executivo em sua inteireza,
acumulando as funções de Chefe de Estado, Chefe de Governo e Chefe da Administração Pública. Cumpre um
mandato por tempo fixo, não dependendo da confiança do órgão do Poder Legislativo nem para sua investidura
nem para o exercício de Governo.

FORMAS DE GOVERNO

a) República: a República é uma forma de governo em que os exercentes das funções Executiva e Legislativa
representam o povo, decidindo em seu nome, à luz dos princípios da responsabilidade, eletividade e temporarie-
dade. A periodicidade também garante a fidelidade do mandato, permitindo a alternância no poder num lapso tem-
poral rigorosamente estabelecido;
b) Monarquia: é caracterizada por ser o governo de um só, baseado no poder divino, sem a participação popular e
vitalício.

REQUISITOS PARA PRESIDENTE E VICE (ART. 14, § 3º DA CRFB/88)

►►nacionalidade originária brasileira (brasileiro nato);


►►pleno exercício dos direitos políticos;
►►alistamento eleitoral;
►►domicílio eleitoral na circunscrição;
►►filiação partidária;
►►idade mínima de 35 anos.

MANDATO PRESIDENCIAL (ART. 77)

O Presidente e o vice são eleitos conjuntamente, em chapa, através do sufrágio universal e pelo voto direto e se-
creto. A eleição, de acordo com o art. 77, obedece ao princípio da maioria absoluta dos votos, não se computando
os votos em branco e os nulos, em razão do que há possibilidade de realização de dois turnos de votação, se
nenhum candidato alcançar a maioria absoluta no primeiro turno.

Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-
se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. Em caso de empate, qualificar-se-á o mais idoso.

Obs.: O sistema constitucional brasileiro não admite nem a candidatura autônoma (sem registro em partido político),
nem a candidatura avulsa (é preciso que esteja na mesma chapa eleitoral o Presidente e o Vice).

VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO

No caso de vacância do cargo de Presidente da República, caberá ao vice suceder-lhe, assumindo o mandato no
restante do tempo para o seu término. Na falta do vice-presidente, serão sucessivamente chamados para ocupar,
temporariamente, o exercício da Presidência da República: Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do

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Senado Federal e o Presidente do Supremo Tribunal Federal. O único sucessor do Presidente é o Vice. São subs-
titutos: o Vice, o Presidência da República: Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal
e o Presidente do Supremo Tribunal Federal.

De acordo com o artigo 81, CRFB/88, vagando os cargos de Presidente e de Vice, deverá ser feita nova eleição,
obedecidos os prazos e requisitos abaixo elencados:

a) ELEIÇÃO DIRETA, no prazo de noventa dias de aberta a última vaga, quando a vacância se der nos dois
primeiros anos do mandato presidencial;
b) ELEIÇÃO INDIRETA, pelo Congresso Nacional, no prazo de trinta dias de aberta a última vaga, quando a
vacância se der nos dois últimos anos do mandato presidencial.
Em qualquer dos casos acima, os novos eleitos cumprirão apenas o prazo remanescente do mandato.

PRERROGATIVAS E RESPONSABILIDADES DO CARGO DE PRESIDENTE DA REPÚBLICA

a) Imunidades formais

As imunidades formais se dividem entre a prisão e o processo, senão vejamos:

Quanto à prisão, o art. 86, §3º, afirma que enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o
Presidente da República não estará sujeito à prisão. Ressalte-se que esse dispositivo constitucional não trata de
qualquer prisão: ele só trata de prisão penal.

Quanto ao processo, o art. 86, caput dispõe que compete à Câmara dos Deputados a realização de juízo de admis-
sibilidade das acusações criminais e políticas contra o Presidente da República, considerando-se aprovadas por
pelo menos 2/3 dos votos favoráveis dos Deputados. Essa imunidade configura uma blindagem contra o processo
seja criminal ou político do Presidente da República.

b) Prerrogativa de Foro

Em razão de crime de responsabilidade, quem efetua o impeachment do Presidente da República é o Senado


federal, na forma do art. 52, I e parágrafo único. Em razão de crime comum, é o STF, com base no art. 102, I.
Ressaltemos, entretanto, que nem o Senado e nem o STF tem autorização para iniciar o julgamento contra o Pre-
sidente da República se não houver o juízo de admissibilidade da Câmara dos deputados favorável ao julgamento.
Observe-se que a prerrogativa de foro prevista em nossa Constituição é apenas política e criminal. Não há prerro-
gativas de foro para o julgamento em sede de ação trabalhista, divórcio, adoção etc.

De acordo com o rol exemplificativo do art. 85 de eventuais infrações político-administrativas que podem ser come-
tidas pelo Presidente da República, levando-o ao impeachment pelo Senado Federal, temos as que atentem contra
a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes consti-
tucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Atenção com o teor da SV 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respec-
tivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.

A Lei 1079/50 ainda traz mais alguns tipos de infrações político- administrativas. No recente caso de Impeachment
vivenciado pelo país, algumas regras novas sobre o procedimento foram estabelecidas pelo STF no julgamento da

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ADPF 378, ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil (art. 103, VIII da CRFB/88), cujo principal aspecto segue
abaixo:

No que diz respeito ao papel da Câmara no processo de impeachment, a sua atuação [... deve ser entendida como
parte de um momento pré-processual, isto é, anterior à instauração do processo pelo Senado. Segundo o Min.
Barroso: “a Câmara apenas autoriza a instauração do processo: não o instaura por si própria, muito menos deter-
mina que o Senado o faça. Dessa forma, os arts. 23, §§ 1º e 5º; 80 e 81, da Lei nº 1.079/50 não foram recepcionados
por serem incompatíveis com os arts. 51, I; 52, I; e 86, § 1º, II, da CRFB/88.
Dessa forma, ao Senado compete decidir (por maioria simples) se deve receber ou não a denúncia cujo prossegui-
mento foi autorizado pela Câmara. Se a rejeitar, haverá o arquivamento do pedido; se a receber, será iniciado o
impeachment propriamente dito (fase processual), com a produção de provas e, ao final, o Senado votará pela
absolvição ou condenação do Presidente (na forma do art. 52, parágrafo único, da CRFB/88).

Obs.: Apesar de o art. 52, p. único estabelecer que, se condenado, o Presidente, perderá o cargo e ficará inabilitado
ao exercício de cargo, emprego e função pública por 8 (oito) anos, no caso da Ex-Presidente Dilma, o Senado
decidiu que as penas não são cumulativas e apesar de condená-la a perda do cargo, manteve os seus direitos
políticos.

c) Suspensão das funções

De acordo com o art. 86, § 1º e § 2º, o Presidente ficará suspenso de suas funções: nas infrações penais comuns,
se recebida a denúncia ou queixa crime pelo Supremo Tribunal Federal; nos crimes de responsabilidade, após a
instauração do processo pelo Senado Federal. Se decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não
estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

d) Cláusula de irresponsabilidade penal relativa

Art. 86 § 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por
atos estranhos ao exercício de suas funções. Qual o alcance dessa chama de cláusula de irresponsabilidade
penal relativa?

Primeiramente, ela só se aplica a situações penais e deve ser analisada de forma restrita. De acordo com o art. 86,
§4°, o STF só poderá julgar o Presidente da República por crime relacionado ao exercício das funções presidenciais.
Com isso, não haverá processo criminal contra o Presidente da República durante o seu mandato por crime ocorrido
antes da diplomação ou durante o mandato, mas sem relação com as funções presidenciais.

e) Prerrogativas de Governadores e Prefeitos

Segundo a jurisprudência do STF, a imunidade formal quanto à prisão, a cláusula de irresponsabilidade penal rela-
tiva e a imunidade formal processual são exclusivas do Chefe de Estado, que é o Presidente da República, portanto,
não podem ser reproduzidas para os Governadores e Prefeitos.

Ressalte-se que por crime comum os governadores são julgados perante o STJ, na forma do art. 105, I, “a”, da
CRFB/88, e os Prefeitos pelos Tribunais de Justiça, de acordo com o art. 29, X, da CRFB/88.

Importante destacar a Súmula 702 do STF que determina que se o Prefeito cometer crime eleitoral, será
julgado pelo TRE e, caso cometa crime federal, o seu julgamento será feito pelo TRF.

Por crime de responsabilidade, o Governador será julgado pelo Tribunal especial anunciado no art. 78, § 3º, da Lei
1079/50, composto de cinco membros do Legislativo e de cinco desembargadores, sob a presidência do Presidente
do Tribunal de Justiça local, que terá direito de voto no caso de empate. A escolha desse Tribunal será feita - a dos
membros do legislativo, mediante eleição pela Assembleia: a dos desembargadores, mediante sorteio.

Já o Prefeito, por crime de responsabilidade, será julgado, em regra, pela Câmara dos Vereadores.

PROCESSO LEGISLATIVO

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É o conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos visando à formação das espécies normativas, previstas no
art. 59, CRFB/88. O desrespeito às normas do processo legislativo previstas na CRFB/88 terá por consequência a
declaração de sua inconstitucionalidade formal, apreciada tanto no controle difuso quanto pelo método concentrado.

INTRODUÇÃO

►►Há hierarquia entre LO e LC?

Ambas são atos normativos primários, porque extraem seu fundamento jurídico de validade diretamente da
CRFB/88. Se a norma que serve de fundamento da validade é a mesma, não existe hierarquia entre essas duas
espécies normativas. Não há grau de subordinação jurídica entre elas.

►►Diferenças entre LO e LC:

A LC é exigida para algumas matérias específicas. A CRFB/88 deve indicar expressamente quais matérias somente
podem ser disciplinadas por LC. Ex: art. 22, p. único e art. 7º, I, da CRFB/88. Quando a CRFB/88 não diz expres-
samente que deve ser LC, a matéria poderá ser disciplinada por LO. Ex: art. 5º, XXXII da CRFB/88. Também há
distinção formal com relação ao quórum, que será logo abaixo abordada.

FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO DE ELABORAÇÃO DA LEI ORDINÁRIA E COMPLEMENTAR

a) Fase iniciadora – composta pelo ato de Iniciativa, que pode ser:

• Extraparlamentar
• Parlamentar
• Privativa/Reservada (art. 61 § 1º e art. 93 caput da CRFB/88)
• Concorrente (art. 61, caput da CRFB/88)
• Popular (art. 61 § 2º da CRFB/88)

b) Fase constitutiva

►►Deliberação parlamentar – composta pelos seguintes atos:

i. Discussão e Emendas – CCJs (art. 63, I da CRFB/88)


ii. Votação

• LO → Maioria simples/relativa
• LC → Maioria absoluta

►►Deliberação executiva – composta pelos seguintes atos:

iii. Sanção e Veto

c) Fase complementar

i. Promulgação e Publicação

►►Iniciativa Privativa

A Constituição Federal exige que algumas matérias somente possam ser reguladas por meio de leis de iniciativa
privativa de certas autoridades ou órgãos. Somente a pessoa legitimada poderá propor projeto de lei sobre aquela
matéria específica. Existe muita violação de iniciativa, o que implica na inconstitucionalidade formal da lei.

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Pelo princípio da simetria ou paralelismo das formas, se no plano federal cabe ao Presidente oferecer projeto de lei
sobre criação de órgão público, no plano estadual a atribuição será do Governador, e no âmbito municipal será do
Prefeito. A sanção chefe do Executivo NÃO convalida o vício de iniciativa.

O rol de iniciativas privativas não se exaure no art. 61 § 1º da CRFB/88, mas é o mais cobrado em provas:

§ 1º – São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

I – fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;


II – disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remu-
neração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da adminis-
tração dos Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposenta-
doria;
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização
do Ministério Público e da Defensoria
Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração,
reforma e transferência para a reserva.

►►Iniciativa popular

O art. 61, § 2º da CRFB/88 prevê que o projeto de lei popular depende do preenchimento
de três requisitos cumulativos:

• Assinatura de 1% dos eleitores do país (equivale a aproximadamente 1 milhão e


500 mil eleitores);
• Assinaturas divididas entre 5 Estados;
• Em cada Estado, essas assinaturas devem representar 0,3% do eleitorado local.

A iniciativa popular está limitada à LO e LC; o povo não tem legitimidade para apresentar Proposta de Emenda à
Constituição.

Em regra, a casa iniciadora da votação é a Câmara dos Deputados (art. 64, da CRFB/88), que é a casa que repre-
senta o povo. Mas se a iniciativa do projeto for do Senado, haverá inversão na ordem de votação entre as casas e
o Senado ficará com o papel de casa iniciadora.

►►Discussão e Emendas

Existe no Congresso inúmeras Comissões temáticas, mas destaca‑se a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça),
que faz o controle preventivo político de constitucionalidade dos projetos de leis apresentados.

Na fase constitutiva há deliberação sobre o projeto e apresentação de emendas. As emendas são alterações ao
projeto. Quanto ao tema, é importante destacar o art. 63, inciso I da CRFB/88, que prevê:

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

I – nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;

Em princípio, projetos de lei de iniciativa privativa do Presidente podem sofrer alterações durante a tramitação,
desde que:

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►►Não sejam alterações substanciais;
►►Não haja aumento de despesas, ressalvado o disposto no art. 166 § 3º e § 4º:

►►Votação

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão
tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

Para a aprovação da Lei Complementar, a referência do cálculo é a totalidade dos membros da Casa Legislativa.
O quórum de instauração da sessão é a maioria absoluta dos membros.

O quórum para aprovação da LC também é a maioria absoluta dos membros.

Para a aprovação da Lei Ordinária, a referência para cálculo é a maioria absoluta (ou mais) dos membros da Casa
Legislativa.

►►Sanção e Veto

São atos exclusivos do Chefe do Executivo, e devem ser realizados no prazo de 15 dias úteis contados do recebi-
mento do projeto de lei. A sanção pode ser tácita ou expressa, mas o veto somente pode ser expresso. O transcurso
do prazo de 15 dias úteis sem manifestação expressa do Presidente implica na sanção tácita.

Na forma do art. 66 da CRFB/88, são características constitucionais do veto:

• irretratável;
• superável pela derrubada do Congresso Nacional;
• pode ser total ou parcial. No caso de ser parcial, não pode ser de palavra ou expressão, pois deve abranger texto
integral de artigo, inciso, alínea ou parágrafo.
• O veto pode ser material/político ou formal/jurídico. Na primeira hipótese, o Presidente veta projeto contrário ao
interesse público, e no segundo caso, contrário à CRFB/88, realizando assim controle preventivo político de consti-
tucionalidade.

►►Promulgação e Publicação

São atos do processo legislativo que recaem sobre a lei e não mais sobre o projeto.

A promulgação certifica formalmente a existência da norma, confirmando seu plano de validade. A publicação dá
notoriedade à lei, com a sua inserção no Diário Oficial. Não são atos exclusivos do Chefe do Executivo.

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