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Direito Administrativo Exemplificado _____________________ Aula 01 – Teoria Geral do Direito Administrativo

Apresentação ....................................................................................................................................... 02
1. Considerações iniciais ....................................................................................................................... 03
1.1. O Direito Administrativo como sub-ramo do Direito Público .................................................................... 03
1.2. Codificação do Direito Administrativo ...................................................................................................... 04
1.3. Origem do Direito Administrativo ............................................................................................................. 04
1.4. Evolução do Direito Administrativo........................................................................................................... 05
1.5. Conceito de Direito Administrativo ........................................................................................................... 06
1.6. Função administrativa............................................................................................................................... 10
1.7. Competência para legislar sobre o Direito Administrativo ....................................................................... 16
2. Fontes do Direito Administrativo....................................................................................................... 17
2.1. Fontes escritas e não escritas.................................................................................................................... 17
2.2. Fontes primárias (diretas) e secundárias (indiretas)................................................................................. 17
3. Sistemas administrativos .................................................................................................................. 23
3.1. Sistema do contencioso administrativo ou sistema francês ..................................................................... 23
3.2. Sistema de jurisdição única (una) ou sistema inglês ................................................................................. 24
4. Regime jurídico-administrativo ......................................................................................................... 26
5. Questões de Concursos Anteriores - CESPE ........................................................................................ 33
6. Gabarito – CESPE .............................................................................................................................. 36
7. Questões de Concursos Resolvidas e Comentadas - CESPE ............................................................... 37
8. Lista de Questões de Concursos Anteriores - FCC ............................................................................... 44
9. Gabarito – FCC ................................................................................................................................. 46
10. Questões de Concursos Resolvidas e Comentadas – FCC ................................................................. 47
11. Questões de Concursos Anteriores – VUNESP ................................................................................. 52
12. Gabarito – VUNESP ......................................................................................................................... 54
13. Questões de Concursos Resolvidas e Comentadas - VUNESP .......................................................... 55
14. Questões de concursos anteriores mais recentes ............................................................................. 59
15. Gabarito – questões de concursos anteriores mais recentes ............................................................ 64
16. Questões de concursos anteriores mais recentes resolvidas e comentadas ...................................... 65
17. Resumo de véspera de Prova .......................................................................................................... 78

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Olá!

A partir de agora começaremos a estudar todos os principais


tópicos do Direito Administrativo, desde o comecinho, para
garantir que você irá gabaritar todas as questões de prova.

Nesta aula, por exemplo, iremos abordar a Teoria Geral do


Direito Administrativo, que inclui os seguintes tópicos da
disciplina: conceito, fontes, sistemas administrativos e
regime jurídico-administrativo.

Durante a leitura da aula você perceberá que procurei ser o


mais didático possível, apresentando muitos exemplos e
aprofundando em temas que, geralmente, os candidatos
possuem mais dificuldades. Não deixe passar as suas
dúvidas. Estou aqui para esclarecê-las!

O nosso objetivo é que você possa GABARITAR as próximas provas de Direito Administrativo e
transformar a disciplina no seu grande diferencial. Pode ter certeza de que isso é plenamente
possível, desde que sejam seguidas as orientações. 😊

Caso você ainda tenha alguma dúvida sobre a organização ou funcionamento do curso, fique à
vontade para esclarecê-las por meio das minhas redes sociais ou do fórum do aluno:

https://www.youtube.com/channel/UC1YEcia-RD3icTwWx5ZBjzw

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Até a próxima aula!

Prof. Fabiano Pereira

1.1 O direito administrativo como sub-ramo do direito público

Para facilitar o estudo do Direito em geral, a doutrina costuma desmembrá-lo em dois


grandes ramos: direito público e direito privado.

Apesar da divisão dicotômica, deve ficar claro que o Direito é um só, indivisível. O
desmembramento é realizado apenas para fins didáticos, permitindo um estudo mais eficiente e
especializado dos vários sub-ramos jurídicos (disciplinas) que o compõem.

Ao direito privado incumbe disciplinar as relações jurídicas em que prevalecem os interesses


dos particulares, sem a participação direta do Estado na transação. Podemos incluir nesse ramo o
Direito Civil e o Direito Empresarial. Se o indivíduo A deseja comprar um veículo do indivíduo B, por
exemplo, a relação jurídica será regulada pelo Direito Civil, sub-ramo do direito privado.

De outro lado, se é o Estado que deseja adquirir alguns veículos para compor a sua frota, a
relação jurídica será disciplinada pelo direito público, mais precisamente pelo Direito
Administrativo (Lei Geral de Licitação e Contratos Administrativos – 14.133/2021, em regra).

Ao direito público compete regular as relações jurídicas entre Estado e particulares; entre os
órgãos públicos e seus agentes; e entre entidades estatais (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal) e/ou entidades administrativas (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
mista, fundações públicas e consórcios públicos de direito público). Podemos incluir entre os seus
sub-ramos o Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Processual Civil e Penal, Direito
Ambiental, Direito Tributário, Direito Financeiro, Direito Penal e Direito Urbanístico.

Agora ficou fácil!

Considera-se o Direito Administrativo um sub-ramo do direito público porque se trata de


disciplina jurídica que tem por objetivo, dentre outros, regular as relações jurídicas entre Estado, de
um lado, e particulares, de outro; ou, ainda, as relações existentes entre as próprias entidades
integrantes da Administração Pública, seus órgãos e agentes públicos.
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1.2 Codificação do Direito Administrativo

O Direito Administrativo brasileiro, atualmente, não se encontra codificado. Isso significa que
o interessado em o estudar deverá pesquisar várias leis esparsas (espalhadas pelo ordenamento
jurídico), variando em razão do tema escolhido.

Se o objetivo é estudar as modalidades de licitação, por exemplo, o interessado deverá


recorrer à Lei Federal 14.133/2021. Entretanto, desejando estudar o tema “serviços públicos”, será
necessário fazer a leitura da Lei Federal 8.987/1995, assim como da Lei Federal 11.079/2004 (sem
falar no emaranhado de atos normativos secundários, leis estaduais e leis municipais).

Para estudar o “Direito Civil” a tarefa é mais simples. Basta acessar a Lei 10.406/2002, que,
em seus 2.046 artigos, apresenta um panorama geral da disciplina. Por ter sido codificado, as regras
gerais do Direito Civil apresentam-se em um documento único, sedimentado, selecionado,
diferentemente do que ocorre no Direito Administrativo.

Não restam dúvidas de que “a reunião dos textos administrativos num só corpo de lei não só
é perfeitamente exequível, a exemplo do que ocorre com os demais ramos do Direito, já codificados,
como propiciará à Administração e aos administrados maior segurança e facilidade na observância
e aplicação das normas administrativas1”.

Todavia, não é o que acontece atualmente. As leis administrativas ainda não se encontram
reunidas em um único documento, isto é, a disciplina não está codificada.

1.3 Origem do Direito Administrativo

O Direito Administrativo, como disciplina jurídica autônoma, é bastante recente quando


comparado a outros ramos do direito. Costuma-se afirmar que “nasceu em fins do século XVIII e
início do século XIX, o que não significa que inexistissem anteriormente normas administrativas, pois
onde quer que exista o Estado existem órgãos encarregados do exercício de funções administrativas.
O que ocorre é que tais normas se enquadravam no jus civile, da mesma forma que nele se inseriam
as demais hoje pertencentes a outros ramos do direito2”.

Para Edmir Netto de Araújo3, o Direito Administrativo começa a se desenvolver a partir de


“uma lei francesa do ano de 1800 (naquele excêntrico calendário francês da época, de ’28 pluviose

1
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p.46.
2
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p.1.
3
ARAÚJO, Edmir Netto de. Curso de Direito Administrativo. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.9.
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do ano VIII’), que, pela primeira vez, dotou a Administração de uma organização juridicamente
garantida e estável, exteriormente obrigatória a todos os administrados”.

A partir de então foram criados tribunais administrativos com a finalidade precípua de decidir
os conflitos envolvendo a Administração Pública e os particulares, excluindo-os da análise do Poder
Judiciário. Surge então o contencioso administrativo, sistema que iremos estudar posteriormente.

Considera-se um dos marcos do surgimento do Direito Administrativo a instituição do


Conselho Francês4, órgão máximo da jurisdição administrativa francesa, que, a partir de 1872,
passou a proferir decisões soberanas sobre questões administrativas, insuscetíveis de revisão pelo
Poder Judiciário.

O Conselho de Estado Francês atualmente é responsável não somente pela decisão de


questões envolvendo a Administração Pública francesa, mas também pela assessoria jurídica de
diversos órgãos governamentais, atuando de ofício ou mediante provocação do interessado.

No Brasil, apesar de a criação dos primeiros cursos jurídicos ter ocorrido através de Lei de 11
de agosto de 1827, em São Paulo e Olinda, a cadeira de Direito Administrativo apenas se tornou
obrigatória em 1851, fato que propiciou e impulsionou o desenvolvimento científico da disciplina.

1.4 Evolução do Direito Administrativo

O Direito Administrativo brasileiro se desenvolveu sob a influência do Direito vigente em


vários países, a exemplo da Alemanha, Itália e França.

Dentre as contribuições do sistema francês está a existência de cláusulas exorbitantes nos


contratos administrativos; a obrigatoriedade de observância ao princípio da moralidade; a
responsabilidade civil objetiva do Estado e o conceito de Serviço Público. Nunca é demais lembrar
que, apesar da influência do Direito Francês, a coisa julgada administrativa ocorrida no âmbito da
Administração Pública brasileira pode ser revista pelo Poder Judiciário.

O princípio da segurança jurídica, em suas várias vertentes, encontra forte influência do


direito alemão. O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que “no direito comparado,
especialmente no direito alemão, os estudiosos se têm dedicado à necessidade de estabilização de
certas situações jurídicas, principalmente em virtude do transcurso do tempo e da boa-fé, e
distinguem os princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança. Pelo primeiro, confere-se
relevo ao aspecto objetivo do conceito, indicando-se a inafastabilidade da estabilização jurídica; pelo
segundo, o realce incide sobre o aspecto subjetivo, e neste se sublinha o sentimento do indivíduo

4
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Procurador da Assembleia
Legislativa do Estado do Amazonas, realizado em pelo ISAE – Instituto Superior de Administração e
Economia.
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em relação a atos, inclusive e principalmente do Estado, dotados de presunção de legitimidade e


aparência de legalidade”.

Acrescenta-se a isso a teoria do órgão – criada pelo jurista alemão Otto Gierke -, a qual
declara que o Estado manifesta a sua vontade através de seus órgãos públicos, que são titularizados
por agentes públicos. Os atos praticados pelos órgãos são imputados à pessoa jurídica a cuja
estrutura estão integrados, o que se convencionou denominar de imputação volitiva. Esta que pode
ser considerada uma consequência do princípio da impessoalidade, pois o agente público não atua
em nome próprio, mas em nome da pessoa jurídica a qual está vinculado.

O sistema italiano também impactou diretamente o Direito Administrativo brasileiro, pois


nos apresentou os conceitos de mérito, autarquia, entidade paraestatal, interesse público e a
tecnicidade para o estudo da disciplina.

Por fim - mas não menos importante -, temos o sistema common law, que trouxe para o Brasil
o sistema de jurisdição una, mandado de segurança, devido processo legal e mandado de injunção.

1.5 Conceito do Direito Administrativo

Não existe uniformidade sobre a conceituação do Direito Administrativo, que irá variar em
razão do critério adotado por cada autor.

Se você está se preparando para concursos públicos, destaco que o tema não é muito
frequente em questões de prova. É o CESPE a banca que mais explora o assunto, principalmente nos
concursos da área jurídica, exigindo, assim, uma maior atenção do candidato.

1.5.1. Critério legalista ou exegético

De acordo com o critério legalista, o direito administrativo compreende o conjunto de leis


administrativas vigentes no país5. Em outras palavras, pode-se afirmar que os adeptos do critério
legalista ou exegético restringem o estudo do Direito Administrativo, ao conceituá-lo, às leis e
normas administrativas, excluindo a doutrina, jurisprudência, costumes e princípios gerais do direito
de sua abrangência.

Não é necessário muito esforço para constatar que, nos dias atuais, é inconcebível estudar a
legislação administrativa de forma isolada, desconsiderando-se suas demais fontes.

5
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Procurador do Tribunal de
Contas do Distrito Federal, realizado pelo CESPE.
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1.5.2. Critério do Poder Executivo

Pelo critério do Poder Executivo, inicialmente desenvolvido pela Escola Italiana, o Direito
Administrativo se restringe a estudar os atos editados pelo Poder Executivo, desconsiderando os
demais poderes.

Apesar de a atividade administrativa se manifestar predominantemente no Poder Executivo,


destaca-se que o Poder Judiciário e o Poder Legislativo também estão autorizados a exercê-la. É o
que ocorre, por exemplo, quando o Supremo Tribunal Federal concede licença a um de seus
servidores ou quando o Senado Federal realiza licitação para a contratação de determinado serviço.

Nos dias atuais, não há como adotar o critério do Poder Executivo para conceituar o Direito
Administrativo, já que todos os poderes editam atos administrativos.

1.5.3. Critério do serviço público

Maria Sylvia Zanella di Pietro6 afirma que o critério do serviço público desenvolveu-se na
França, inspirado na jurisprudência do Conselho de Estado, que, a partir do caso Blanco 7, decidido
em 1873, passou a fixar a competência dos Tribunais Administrativos em função da execução de
serviços públicos.

O Direito Administrativo seria, então, nas palavras de Edmir Netto de Araújo8, “o conjunto de
regras referentes ao serviço público, seja esta expressão considerada em sentido amplo, seja no
sentido estrito”.

Entretanto, é sabido que várias são as atividades finalísticas exercidas pela Administração
Pública, a exemplo do fomento, polícia administrativa e intervenção administrativa, o que tornou
esse critério insuficiente para a conceituação do Direito Administrativo, já que o restringia à
prestação de serviços públicos.

6
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.43.
7
Agnès Blanco, no ano de 1873 (na época com cinco anos de idade), ao atravessar uma rua na cidade
de Bordeaux acabou sendo atropelada por vagonete da Companhia Nacional de Manufatura de Fumo
(empresa estatal). Após seu pai ter proposto ação indenizatória contra o Estado Francês na justiça
comum civil, surgiu um grande debate sobre a competência para julgar o caso. Na oportunidade, discutiu-
se se o caso deveria ser julgado em conformidade com as regras do direito privado (na justiça comum
civil) ou do direito público (jurisdição administrativa - Conselho de Estado), prevalecendo,
posteriormente, a segunda tese. A partir do caso Blanco passou-se a fixar a competência da jurisdição
administrativa em razão da prestação de serviços públicos, isto é, se algum dano fosse causado a
particular em razão da prestação de serviços públicos, a jurisdição administrativa é que deveria julgar
eventual pedido de indenização.
8
ARAÚJO, Edmir Netto de. Curso de Direito Administrativo. 4 ed., p.76.
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1.5.4. Critério das relações jurídicas

Consoante o critério das relações jurídicas, o Direito Administrativo abrange o conjunto de


normas jurídicas que regulam as relações entre a administração pública e os administrados. Trata-
se de definição criticada por boa parte dos doutrinadores, que, embora não a considerem errada,
julgam-na insuficiente para especificar esse ramo do direito, visto que esse tipo de relação entre
administração pública e particulares, também se faz presente em outros ramos 9.

É o que ocorre, por exemplo, com o Direito Tributário, Direito Penal, Direito Constitucional,
entre outros, que também regulam as relações jurídicas em que estejam presentes o Estado, de um
lado, e o administrado, de outro.

1.5.5. Critério teleológico ou finalístico

Pelo critério teleológico, define-se o direito administrativo como o sistema dos princípios que
regulam a atividade do Estado para o cumprimento de seus fins 10.

Esse critério apresenta o Direito Administrativo como o conjunto de princípios e regras que
disciplina a atividade material do Estado (atividade administrativa) voltada para o cumprimento de
seus fins coletivos.

Em que pese ter sido defendido inclusive por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello (com
algumas ressalvas), esse critério associou o Direito Administrativo aos fins do Estado, o que o tornou
impróprio.

1.5.6. Critério negativista ou residual

Pelo critério em análise, define-se o conceito de Direito Administrativo por exclusão. Nesse
caso, o Direito Administrativo teria por objeto todas as atividades estatais que não fossem
legislativas ou jurisdicionais.

9
Enunciado (adaptado) considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Procurador do
Tribunal de Contas do Distrito Federal, realizado pelo CESPE.
10
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Administrador do Tribunal
de Justiça de Roraima, realizado pelo CESPE.
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1.5.7. Critério da Administração Pública

Na busca de conceituação do Direito Administrativo encontra-se o critério da Administração


Pública, segundo o qual, sinteticamente, o Direito Administrativo deve ser concebido como o
conjunto de princípios que regem a Administração Pública11.

Eis o critério mais explorado em provas de concursos públicos, tendo sido adotado no Brasil
por Hely Lopes Meirelles12, que o utilizou na elaboração de seu conceito de Direito Administrativo,
conforme analisaremos na sequência.

Também é necessário destacar o conceito de Maria Sylvia Zanella Di Pietro 13, que define o
Direito Administrativo como “o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e
pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não
contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza
pública”.

Perceba que Maria Sylvia Zanella di Pietro exclui do âmbito do Direito Administrativo a
regência de atividades contenciosas (litigiosas) da Administração Pública. Somente a atividade
jurídica não contenciosa está inserida em seu conceito de Direito Administrativo.

José dos Santos Carvalho Filho14, por sua vez, afirma ser o Direito Administrativo “o conjunto
de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre
as pessoas e os órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir”.

Por último, destaca-se o conceito de Direito Administrativo formulado por Hely Lopes
Meirelles15, que, se valendo do critério da Administração Pública, o define como o “conjunto
harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes
a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.

11
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Procurador do Distrito
Federal, realizado pela ESAF – Escola Superior de Administração Fazendária.
12
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 27. ed., p.38.
13
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.48.
14
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2013,
p.8.
15
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 27. ed., p.38.

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Sobre o conceito apresentado pelo saudoso professor, grifei três expressões que são de
extrema importância para aqueles que estão se preparando para concursos públicos: concreta,
direta e imediatamente.

Primeiramente, destaca-se que não está inserida no âmbito do Direito Administrativo a


atividade legislativa do Estado, já que abstrata (tem por objetivo regular uma quantidade
indeterminada de situações futuras que se enquadrem nos termos da lei). O Direito Administrativo
restringe-se a disciplinar atividades concretas (específicas), a exemplo da prestação de serviços
públicos, construção de escolas e hospitais, nomeação de aprovados em concursos públicos,
exercício de polícia administrativa etc.

A atividade administrativa é também atividade direta, pois a Administração Pública é parte


nas relações jurídicas de direito material e não precisa ser provocada para agir (não precisa ser
acionada por um particular para tapar um buraco na rua, por exemplo). A Administração pode tapar
o buraco independentemente de solicitação do particular. Indireta é a atividade do Poder Judiciário,
que, em regra, somente pode agir mediante provocação do interessado (terá que aguardar a
propositura de ação judicial para atuar no caso em concreto).

Ademais, lembre-se de que a atividade administrativa é imediata. Assim, de sua atuação fica
afastada a atividade mediata do Estado, que é a denominada “ação social do Estado” (atividade de
traçar as diretrizes sociais que devem ser seguidas pelo Estado), pois esta incumbe ao Governo.

1.6 Função administrativa

No Brasil as atividades estatais básicas estão distribuídas entre Poderes independentes e


harmônicos entre si, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo, vocacionados ao desempenho,
respectivamente, das funções normativa, judicial e administrativa, estando esta última concentrada
no Executivo, o qual a exerce precipuamente, mas sem exclusividade16.

Sem sombra de dúvidas, a função administrativa (também denominada de atividade


administrativa17) é exercida preponderantemente pelo Poder Executivo, que possui como função
típica (função principal) aplicar a lei de ofício, “provendo de maneira imediata e concreta às
exigências individuais ou coletivas para a satisfação dos interesses públicos preestabelecidos em

16
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Juiz Federal Substituto do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, realizado pelo próprio Tribunal.
17
Para fins de concursos públicos, as expressões função administrativa e atividade administrativa são
utilizadas como sinônimas. Todavia, Marçal Justen Filho afirma que “a função administrativa é um
conjunto de competências, e a atividade administrativa é a sequência conjugada de ações e omissões
por meio das quais se exercita a função e se persegue a realização dos fins que a norteiam e justificam
sua existência. A função administrativa se traduz concretamente na atividade administrativa”.
In Curso de Direito Administrativo. 8. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p.98.
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lei”18. É o que acontece, por exemplo, quando a Administração Pública está recolhendo o lixo gerado
pelos indivíduos ou quando realiza licitação para aquisição de material de escritório.

Todavia, não é correto afirmar que a função administrativa somente é exercida pelo Poder
Executivo, pois também se manifesta no âmbito do Poder Legislativo e Poder Judiciário. Ao conceder
licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem
imediatamente vinculados (CF/1988, art. 96, I, f), por exemplo, os Tribunais do Poder Judiciário
exercem função administrativa. O mesmo ocorre quando a Câmara dos Deputados dispõe sobre sua
organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e
funções de seus serviços (CF/1988, art. 51, IV).

No mesmo sentido, destaca-se que o Poder Executivo não se restringe ao exercício da função
administrativa, pois também lhe é assegurada a prerrogativa de exercer função legislativa e judicial,
porém, atipicamente. Quando edita medida provisória, nos termos do art. 62 da Constituição
Federal, o Chefe do Poder Executivo Federal exerce função legislativa (competência também
assegurada aos Governadores e Prefeitos em razão do princípio da simetria). De outro lado, quando
o Presidente da República concede indulto e/ou comutação de pena (CF/1988, art. 84, XII), a decisão
produzirá efeitos no âmbito judicial.

Assume relevo a função administrativa na medida em que é considerada uma atividade


estatal residual, ou seja, assume as competências que não forem definidas como normativa e
jurisdicional. Esse efeito faz com que o espectro de competências do administrador público seja
vastíssimo19.

Em outras palavras, alguns autores20 definem o que é função administrativa por exclusão. Se
a atividade sob análise não for legislativa (normativa) ou jurisdicional, fatalmente será
administrativa, abarcando, portanto, competências relativas a planejamento, decisão,
gerenciamento, organização, controle, execução, fiscalização, entre outras.

As bancas examinadoras têm o hábito de apresentar em provas, como exemplos de função


administrativa, a prestação de serviços públicos, o desenvolvimento de atividades de fomento
(incentivo à iniciativa privada de interesse público, a exemplo da concessão de empréstimos com
juros subsidiados), o exercício do poder de polícia administrativa e a intervenção estatal na
atividade econômica, mediante fiscalização e regulamentação.

18
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.195.
19
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Analista Jurídico da
Procuradoria Geral do Distrito Federal, realizado pelo IADES – Instituto Americano de
Desenvolvimento.
20
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de Direito Administrativo. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2009, p. 23.
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Para Celso Antônio Bandeira de Mello21, função administrativa “é a função que o Estado, ou
quem lhe faça as vezes, exerce na intimidade de uma estrutura e regime hierárquicos e que no
sistema constitucional brasileiro se caracteriza pelo fato de ser desempenhada mediante
comportamentos infralegais ou, excepcionalmente, infraconstitucionais, submissos todos a controle
de legalidade pelo Poder Judiciário”.

Analisando-se o conceito elaborado pelo eminente professor, podem ser extraídas duas
conclusões importantes para fins de concursos públicos:

1ª) particulares, desde que no exercício de função pública (“que façam as vezes de
Administração Pública”), também exercem função administrativa, ainda que não integrem a
Administração Pública brasileira. É o caso dos concessionários e permissionários, que, depois de
apresentarem proposta mais vantajosa em processo licitatório, formalizam contrato administrativo
com o Poder Público e recebem a incumbência de prestar serviços públicos (a exemplo do transporte
coletivo urbano).

2ª) a função administrativa é desempenhada através de condutas infralegais ou,


excepcionalmente, infraconstitucionais: a regra é a de que a atividade administrativa seja
desempenhada através de atos infralegais (que possuem status hierárquico inferior ao da lei, a
exemplo de decreto de nomeação de candidato aprovado em concurso público). Todavia, em caráter
excepcional a função administrativa se materializa diretamente pela lei (ato normativo que possui
status hierárquico inferior ao da Constituição Federal, portanto, infraconstitucional), sem a
necessidade da edição de ato administrativo. É o que ocorre, por exemplo, quando lei cria 30 cargos
na estrutura de determinado órgão público.

E para finalizar o nosso tópico sobre função administrativa, apresento interessante assertiva
considerada correta e cobrada na prova para o cargo de Técnico Judiciário do TRE/SC, realizado pela
PONTUA22:

“A função administrativa é o conjunto de poderes jurídicos


destinados a promover a satisfação de interesses essenciais,
relacionados com a promoção de direitos fundamentais, cujo
desempenho exige uma organização estável e permanente, que se
faz sob o regime jurídico infralegal e submetido ao controle
jurisdicional”.

21
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26. ed. São Paulo: Malheiros,
2009, p. 36.
22
Na verdade, a banca simplesmente reproduziu a definição de função administrativa elaborada por
Marçal Justen Filho, disponível em seu Curso de Direito Administrativo. 8. ed. Belo Horizonte: Fórum,
2012, p. 94.
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1.6.1. Função administrativa e função de governo (função política)

Para responder às questões elaboradas pelas bancas examinadoras, o candidato deve estar
atento às diferenças conceituais entre as expressões “função administrativa” e “função de governo”.
A função administrativa é atividade subordinada à lei (infralegal) e que tem por objetivo a
satisfação das necessidades coletivas através de atos concretos (construção de um hospital, por
exemplo). De outro lado, a função política (ou função de governo) está pautada diretamente no
texto constitucional, caracterizando-se pela independência e discricionariedade (celebração de
tratados internacionais e decretação de intervenção federal, por exemplo).
Enquanto a função administrativa é exercida pela Administração Pública, a função política é
exercida pelo Governo.

A função de governo é responsável pelo estabelecimento de metas, objetivos e diretrizes que


devem orientar a atividade administrativa, apresentando-se como soberana (porque somente se
subordina ao texto constitucional), de comando, coordenação, direção e planejamento.

Maria Sylvia Zanella di Pietro23 afirma que “existe uma preponderância do Poder Executivo
no exercício das atribuições políticas; mas não existe exclusividade no exercício dessa atribuição. E
quando se pensa em função política como aquela que traça as grandes diretrizes, que dirige, que
comanda, que elabora os planos de governo nas suas várias áreas de atuação, verifica-se que o Poder
Executivo continua, na atual Constituição, a deter a maior parcela de atuação política, pelo menos
no que diz respeito às iniciativas, embora grande parte delas sujeitas à aprovação, prévia ou
posterior, do Congresso Nacional; aumenta a participação do Legislativo nas decisões do Governo”.

A função política é exercida pelos poderes Executivo e Legislativo, que, conjuntamente, são
responsáveis pela elaboração das políticas públicas e diretrizes que devem embasar a atuação da
Administração Pública (responsável pela execução das decisões tomadas pelo Governo). O Poder
Judiciário não exerce função de governo, apesar de possuir a prerrogativa de controlá-la, quando
forem violados os limites constitucionais.

Para facilitar ainda mais a assimilação das informações apresentadas, utilizar-me-ei de um


exemplo prático que, apesar de fictício, é bastante útil para diferenciar a função administrativa da
função política ou de governo.

Analisemos a antiga notícia abaixo, veiculada no site globo.com, em 03/03/2009, de autoria


da jornalista Soraya Aggege e com colaboração de Catarina Alencastro.

23
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.54.

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“Desmatamento: Amazônia perdeu duas cidades do Rio em 6 meses

O desmatamento na Amazônia Legal atingiu pelo menos 2.639 quilômetros quadrados de agosto
de 2008 a janeiro deste ano, o equivalente a uma área superior ao dobro da cidade do Rio de
Janeiro. Os dados foram divulgados nesta terça pelo Instituto Nacional de Pesquisas Aeroespaciais
(Inpe)”.

Ficou assustado com a notícia? O Presidente da República, na época da divulgação, também.


Tanto é verdade que no ano de 2009 ele convocou uma reunião extraordinária com o Ministro do
Meio Ambiente e os Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para discutir a
elaboração de políticas públicas aptas a reduzir o nível de desmatamento na Amazônia.

Na reunião, ficou acertado que o Poder Executivo enviaria para o Congresso Nacional um
projeto de lei criando regras mais restritivas ao desmatamento na Amazônia, bem como proposta
de criação de mais 2.000 (dois mil) cargos públicos de fiscalização nos órgãos e entidades federais
que integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA. De outro lado, o Poder Legislativo
assumiu o compromisso de aprovar o referido projeto em ambas as casas (Câmara dos Deputados e
Senado Federal). Todas essas condutas seriam implementadas com a finalidade de reduzir, em 50%,
o desmatamento na Amazônia até o ano de 2015.

Essa meta venceu no ano de 2015, mas, independentemente de ter sido alcançada ou não
(desconheço essa informação), nada impedia o Governo de estabelecer uma nova meta, para ser
alcançada entre os anos de 2015 e 2022, por exemplo.

Na reunião acima, levando-se em consideração os “acordos” e as


decisões tomadas pelos participantes, colocou-se em prática a
função de governo ou a função administrativa?
É lógico que a função de governo! Mas por quê? Porque foram
estabelecidas diretrizes e políticas públicas. As autoridades
participantes da reunião chegaram a um consenso sobre o que
deveria ser feito para reduzir o índice de desmatamento. Todavia,
faltava definir ainda quem iria executar as decisões tomadas, isto é,
efetivar as políticas públicas ambientais instituídas, após a
aprovação pelo Congresso Nacional.

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Quem vai para o interior da floresta fiscalizar se os madeireiros


estão a desmatando ilegalmente? O Presidente da República, o
Ministro do Meio Ambiente, o Presidente da Câmara ou o
Presidente do Senado Federal?
Nenhum deles! O Presidente da República e o Ministro do Meio
Ambiente (Poder Executivo), juntamente com os Presidentes da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal (Poder Legislativo), que
integram o núcleo do Governo, são responsáveis apenas por
elaborar e aprovar as políticas públicas de combate ao
desmatamento, conforme lhes autoriza a Constituição Federal
(função de governo).

A execução das políticas públicas de combate ao desmatamento, que foram definidas pelo
Governo, ficará sob a responsabilidade da Administração Pública, através de seus órgãos e
entidades de execução e fiscalização ambiental, a exemplo do IBAMA24 (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade), que ao atuarem estarão exercendo função administrativa.

Analisemos, agora, outra notícia também antiga, postada em 05/06/2013 no mesmo site
(www.g1.com.br25), de autoria de Priscilla Mendes:

Amazônia Legal tem menor índice de desmatamento já medido

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, divulgou nesta quarta-feira (5) que o
desmatamento da Amazônia Legal entre agosto de 2011 e julho de 2012 foi de 4.571 km²,
menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988. A área equivale a três vezes o
tamanho do município de São Paulo.

Analisando-se conjuntamente as notícias postadas nos anos de 2009 e 2013, tudo leva a crer
que a reunião realizada entre o Presidente da República, Ministro do Meio Ambiente, Presidentes

24
A Lei 7.735/89, alterada pela Lei 11.516/07, dispõe em seu art. 2º que o IBAMA foi criado com a
finalidade de: “I - exercer o poder de polícia ambiental; II - executar ações das políticas nacionais de
meio ambiente, referentes às atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da
qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização, monitoramento e
controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas do Ministério do Meio Ambiente; III - executar
as ações supletivas de competência da União, de conformidade com a legislação ambiental vigente”.

25
Acessado em http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/06/dado-consolidado-aponta-baixa-recorde-
no-desmate-da-amazonia.html. Acesso em 20/06/13, às 8h55m.

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da Câmara dos Deputados e Senado Federal começaram a produzir os seus efeitos (apesar de não
ser possível confirmar essa informação).

As políticas públicas (diretrizes e metas) adotadas pelo Governo (Poderes Executivo e


Legislativo) no exercício da função política conseguiram reduzir o índice de desmatamento na
Amazônia. Entretanto, deve ficar claro que as decisões políticas somente produziram bons
resultados porque foram implementadas eficientemente pela Administração Pública (Poder
Executivo), através de seus órgãos e entidades de execução (no exercício da função administrativa,
os agentes públicos dos órgãos e entidades promoveram fiscalizações, apreensões, retenções de
produtos naturais extraídos ilegalmente etc.).

É possível afirmar que “o governo é atividade política e discricionária e tem conduta


independente, enquanto a administração é atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à
norma técnica e exercida mediante conduta hierarquizada”26. Ademais, enquanto o Governo
(função de governo) é estudado no âmbito do Direito Constitucional, a Administração Pública
(função administrativa) é objeto de estudo do Direito Administrativo.

No concurso para o cargo de Assistente Técnico do Ministério da


Integração, o CESPE considerou correto o seguinte enunciado: “Na
sua acepção formal, entende-se governo como o conjunto de
poderes e órgãos constitucionais”.

1.7 Competência para legislar sobre o Direito Administrativo

Todos os entes federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) possuem


competência para legislar sobre Direito Administrativo. E não poderia ser diferente, já que possuem
autonomia, isto é, capacidade de auto-organização, autogoverno e autoadministração.

Em termos gerais, afirma-se que a União, Estados e Distrito Federal podem legislar
concorrentemente sobre o Direito Administrativo, nos termos do art. 24 da Constituição Federal de
1988. Os Municípios, em contrapartida, possuem competência suplementar para legislar sobre a
matéria, desde que sobre assuntos de interesse local (CF/1988, art. 30, I).

Ao criar a Lei 8.112/1990 (Estatuto dos Servidores Públicos Federais), por exemplo, a União
exerceu a sua competência para legislar sobre o Direito Administrativo. O mesmo acontece quando
os Estados e Municípios criam os seus respectivos estatutos jurídicos de servidores públicos,
assegurando-lhes os direitos e deveres expressamente arrolados na lei.

26
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Engenheiro Civil do INSS,
realizado pelo CESPE.

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2. Fontes do Direito Administrativo

Segundo o Dicionário Larousse da Língua Portuguesa27, o vocábulo fonte significa ”lugar em


que continuamente nasce água”; “princípio, origem, causa”. Nesse contexto, as fontes do Direito
Administrativo são as formas pelas quais a disciplina jurídica é levada ao conhecimento dos seus
destinatários.

O Direito Administrativo se manifesta através da lei, sua fonte principal, e também por meio
da doutrina, jurisprudência e costumes administrativos.

2.1 Fontes escritas e não escritas

Em relação ao Direito Administrativo, as fontes escritas são as chamadas genericamente de


lei (Constituição, Emenda Constitucional, Lei Complementar, Lei Ordinária, Medida Provisória, entre
outras), enquanto as não escritas são a jurisprudência, os costumes, e os princípios gerais de
direito28.

2.2 Fontes primárias (diretas) e secundárias


( indiretas)

2.2.1. Fontes primárias ou diretas

As fontes primárias, também denominadas de diretas ou principais, são aquelas que


primeiramente devem pautar as condutas administrativas, legitimando as atividades exercidas pelas

27
LAROUSSE, Ática. Dicionário da Língua Portuguesa. 1. ed. São Paulo: Ática, 2001, p. 453.
28
GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 27.
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entidades, agentes e órgãos públicos. Tanto a Constituição Federal como a lei em sentido estrito
constituem fontes primárias do Direito Administrativo29.

2.2.1.1. Leis

Em decorrência do princípio da legalidade, a lei é a mais importante de todas as fontes do


direito administrativo30, apresentando-se como o único instrumento hábil a criar obrigações e
deveres para a Administração Pública e para os que com ela se relacionem juridicamente.

No âmbito da expressão “lei” devem se incluídas as normas constitucionais e os atos


normativos primários previstos no artigo 59 da Constituição Federal (emendas constitucionais, leis
complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e
resoluções), independentemente do ente estatal responsável pela edição (União, Estados,
Municípios e Distrito Federal).
A Administração Pública deve sempre observar os mandamentos previstos nesses
instrumentos normativos para exercer a atividade administrativa. Qualquer conduta administrativa
exercida sem amparo legal é, no mínimo, ilegítima, ensejando, assim, a respectiva anulação pela
própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

2.2.1.1.1 Tratados e acordos internacionais

Não restam dúvidas de que os tratados e acordos internacionais, quando versarem sobre
matérias afetas à Administração Pública, também serão fontes do Direito Administrativo.
A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, por exemplo, impõe aos seus
signatários (inclusive o Brasil) a obrigatoriedade de adoção de vários instrumentos de controle da
Administração Pública, além da necessidade de criação de outras medidas que aumentem a
transparência dos gastos públicos e atos praticados por servidores.
A Convenção foi assinada em 9 de dezembro de 2003, na cidade de Mérida, no México, tendo
sido posteriormente ratificada pelo Decreto Legislativo nº 348, de 18 de maio de 2005 , e
promulgada pelo Decreto Presidencial nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006.

29
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Analista Judiciário do
Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, realizado pela Fundação Carlos Chagas – FCC.
30
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Analista Judiciário do
Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, realizado pelo CESPE.
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2.2.2. Fontes secundárias ou indiretas


As fontes secundárias, também denominadas de indiretas, são responsáveis por auxiliar o
administrador público no exercício da atividade administrativa, porém, sempre devem ser
subordinar aos ditames da lei.

2.2.2.1. Jurisprudência

A jurisprudência pode ser definida como o conjunto reiterado de decisões dos Tribunais,
acerca de determinado assunto, no mesmo sentido. É importante esclarecer que várias decisões
monocráticas (proferidas por juízes singulares de primeira instância, por exemplo) sobre um mesmo
assunto, ainda que proferidas no mesmo sentido, não constituem jurisprudência. Para que
tenhamos a formação de jurisprudência é necessário que as decisões (várias) tenham sido proferidas
por um Tribunal (STF, STJ, TRF da 1ª Região, TRE/MG etc.).
Exemplo: atualmente, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que
candidato aprovado em concurso público, dentro do limite de vagas disponibilizadas no edital, tem
direito líquido e certo à nomeação dentro do prazo de validade do certame.
Caso o prazo de validade do concurso público tenha expirado sem a nomeação do candidato,
este pode impetrar mandado de segurança no Poder Judiciário para assegurar o seu direito, ainda
que não exista lei assegurando o provimento.
Nesse caso, o pedido de nomeação será baseado na jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, abaixo exemplificada:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. CONCURSO


PÚBLICO. PREVISÃO DE VAGAS EM EDITAL. DIREITO À NOMEAÇÃO
DOS CANDIDATOS APROVADOS. I. DIREITO À NOMEAÇÃO.
CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS
PREVISTAS NO EDITAL. Dentro do prazo de validade do concurso, a
Administração poderá escolher o momento no qual se realizará a
nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a
qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito do
concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder
público. Uma vez publicado o edital do concurso com número
específico de vagas, o ato da Administração que declara os
candidatos aprovados no certame cria um dever de nomeação para
a própria Administração e, portanto, um direito à nomeação
titularizado pelo candidato aprovado dentro desse número de
vagas. [...] (STF, Recurso Extraordinário nº 598.099/MS, Rel. Min.
GILMAR MENDES, Publicado no em 03-10-2011).

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2.2.2.1.1 Súmula vinculante

Considerada fonte secundária do direito administrativo, a jurisprudência não tem força


cogente de uma norma criada pelo legislador, salvo no caso de súmula vinculante, cujo cumprimento
é obrigatório pela administração pública31.

No Direito brasileiro, a jurisprudência não possui efeito vinculante, isto é, não obriga os
órgãos judiciários de instância inferior a decidirem de forma idêntica. Ainda que o Supremo Tribunal
Federal tenha jurisprudência consolidada no sentido de que o candidato aprovado dentro do
número de vagas em concurso público possui direito à nomeação, os juízes que atuam em instâncias
inferiores não estão obrigados a segui-la, pois são livres para formar o próprio convencimento (se o
juiz proferir decisão contrária ao entendimento do STF admite-se recurso para as instâncias
superiores).

Entretanto, com a promulgação da Emenda Constitucional 45/04 o Supremo Tribunal Federal


recebeu a competência para editar súmula vinculante (CF/1988, art. 103-A), que, a partir de sua
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante (de observância obrigatória) em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal.

Enquanto a jurisprudência é considerada fonte secundária do Direito Administrativo, a


súmula vinculante apresenta-se como fonte primária (direta ou principal), já que produz efeitos
semelhantes ao da lei, obrigando todos os órgãos inferiores do Poder Judiciário e da Administração
Pública brasileira.
No concurso público para o cargo de Analista Judiciário do TRT da 10ª Região, o CESPE
considerou incorreta a seguinte assertiva: “As decisões judiciais com efeitos vinculantes ou eficácia
erga omnes são consideradas fontes secundárias de direito administrativo, e não fontes principais”.

2.2.2.2. Costumes

O costume pode ser entendido como o conjunto de regras informais, não escritas, praticado
habitualmente no interior da Administração Pública (requisito objetivo) com a convicção
generalizada de que é obrigatório (requisito subjetivo). Os costumes são considerados fontes do
Direito Administrativo porque, em várias situações, proporcionam o suprimento de lacunas ou
deficiências existentes na legislação administrativa.

31
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Analista de Planejamento
do INPI, realizado pelo CESPE.

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É muito comum o servidor público praticar condutas administrativas que foram “ensinadas”
por colega da repartição. Contudo, na maioria das vezes o servidor sequer procurar conhecer a
origem legal de tal atividade, isto é, pesquisar qual dispositivo de lei autorizou ou determinou a
realização do ato. Por se tratar de conduta que simplesmente foi “ensinada” por outro servidor mais
experiente, incorpora-se nas atribuições diárias, fundamentada na convicção de que deve ser
obrigatoriamente exercida daquela maneira (apesar de não existir lei nesse sentido).

É o que acontece, por exemplo, quando o servidor arquiva em ordem cronológica (por ano
de instauração) os processos administrativos que tramitaram em determinado órgão administrativo.
Apesar de ser mais útil e eficiente arquivá-los em ordem alfabética, o servidor tem a convicção de
que o arquivamento por ordem cronológica é obrigatório, já que a prática lhe foi repassada por
colega de repartição que acabara de se aposentar compulsoriamente (aos setenta anos de idade).

Se o costume estiver em desacordo com a legislação vigente (contra legem), não poderá
prevalecer. Sobre os costumes praeter legem (além da lei), ainda que admitidos em algumas
situações especiais com o objetivo de complementar o sistema normativo, não criam normas
impostas obrigatoriamente aos agentes públicos. Ainda que determinada atividade administrativa
esteja atualmente sendo exercida com base em costume, não existe a obrigatoriedade de sua
manutenção para casos futuros, já que a lei pode alterá-lo ou vedá-lo a qualquer momento.

2.2.2.2.1 Praxe administrativa

Para fins de concursos públicos, deve ficar claro que a doutrina distingue o costume da praxe
administrativa. Enquanto aquele apresenta, cumulativamente, os requisitos objetivo (prática
habitual e continua) e subjetivo (convicção de que se trata de conduta obrigatória), esta não possui
o requisito subjetivo.
Em outras palavras, a praxe administrativa se refere às rotinas desempenhadas no interior da
Administração Pública com o propósito de facilitar e tornar mais eficiente a execução das atividades
administrativas previstas em lei.
É praxe administrativa em vários órgãos da Administração Pública Federal, por exemplo,
designar servidor bacharel em Direito para presidir comissão de processo administrativo disciplinar.
Apesar do art. 149 da Lei 8.112/1990 não exigir formação jurídica para o exercício da função, trata-
se de prática rotineira, presumindo-se que nesse caso o processo será conduzido mais tecnicamente.
Diogo de Figueiredo Moreira Neto afirma que “não obstante esta utilidade, a doutrina, em
geral, nega-lhes o caráter de fonte de direito, mas, do mesmo modo que ocorre com o costume, nada
impedirá que uma boa praxe administrativa possa vir a ser referendada e tornada de observância
obrigatória, desde que formalmente reconhecida, no nível adequado, pelo ordenamento jurídico”32.

32
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de Direito Administrativo. 15. ed. p. 75.

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Apesar do entendimento do eminente professor, destaca-se que no


concurso público para o cargo de Analista da FINEP, o CESPE
considerou correta assertiva que considerava tanto o costume
quanto a praxe administrativa fontes indiretas do Direito
Administrativo: “O costume e a praxe administrativa são fontes
inorganizadas do direito administrativo, que só indiretamente
influenciam na produção do direito positivo”.

Se você está se preparando para concursos públicos organizados


pelo CESPE, deve ficar atento ao posicionamento da banca!

2.2.3. Doutrina

A doutrina representa o estudo científico e sistematizado dos juristas e professores em geral


sobre a aplicabilidade e interpretação das normas administrativas. Tem a função de esclarecer e
explicar o correto conteúdo das leis, bem como influenciar a criação de novas legislações através de
opiniões manifestadas em livros especializados, artigos, pareceres etc.

Trata-se de fonte secundária do Direito Administrativo, bastante utilizada para suprir


omissões ou deficiências legislativas que, não raramente, apresentam alto grau de complexidade,
principalmente se analisadas pelo cidadão leigo.

2.2.4. Princípios gerais do Direito

Os princípios são postulados fundamentais universalmente reconhecidos no mundo jurídico,


sejam eles expressos ou implícitos. Também são considerados fontes do Direito Administrativo, já
que servem de fundamento e base para a criação da própria legislação administrativa, conforme
estudaremos no próximo capítulo.

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Em termos gerais, afirma-se que os atos editados pela Administração Pública podem ser
submetidos a dois sistemas distintos de controle jurisdicional, variando em razão do ordenamento
jurídico sob análise: o contencioso administrativo (também chamado de sistema francês) e o
sistema judiciário ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês).

3.1 Sistema de contecioso administrativo ou sistema francês

Como a própria designação declara, o sistema do contencioso administrativo nasceu na


França, em 1790. À época, logo após a Revolução Francesa, chegou-se à conclusão de que os órgãos
do Poder Judiciário deveriam ser impedidos de decidir questões que envolvessem a Administração
Pública, já que os magistrados eram nomeados pelo monarca, fato que poderia comprometer a
imparcialidade necessária aos julgamentos. Existia grande receio de que os magistrados não
proferissem decisões que pudessem contrariar os interesses da Administração Pública.

Nesses termos, a jurisdição foi compartilhada entre o Poder Judiciário (que ficou responsável
pelo julgamento das causas comuns, que não envolvessem a Administração Pública) e Tribunais
Administrativos (encarregados de solucionar as demandas de interesse da Administração Pública).
Se um indivíduo fosse atropelado por veículo prestador de serviços públicos, por exemplo, eventual
ação de reparação pelos danos sofridos deveria ser julgada pela jurisdição administrativa. De outro
lado, se o atropelamento fosse ocasionado por veículo particular, a demanda seria analisada pelo
Poder Judiciário.

A principal característica do sistema denominado contencioso administrativo é a de que os


ordenamentos jurídicos que o adotam conferem a determinadas decisões administrativas a natureza
de coisa julgada oponível ao próprio Poder Judiciário33. Em outras palavras, as decisões proferidas
pela jurisdição administrativa não podem ser revistas pelo Poder Judiciário, fazendo coisa julgada
material.

Na França, o órgão encarregado de decidir, em última instância, as matérias administrativas


que envolvem a Administração Pública francesa é o Conselho de Estado. Apesar de não integrar a

33
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Técnico Judiciário do Tribunal
Regional Eleitoral do Maranhão, realizado pelo CESPE.

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estrutura do Poder Judiciário, este não poderá rever as decisões proferidas pelo Conselho de Estado,
cujas decisões também são consideradas definitivas.

No Brasil não existem órgãos administrativos dotados de competências semelhantes às do


Conselho de Estado Francês. Aqui, todas as decisões provenientes dos órgãos e entidades
administrativas podem ser revistas pelo Poder Judiciário, ainda que proferidas por agências
reguladoras (ANATEL, ANS, ANVISA etc.).

Classificar um sistema de controle jurisdicional da administração


pública como sistema contencioso ou sistema de jurisdição única
não implica afirmar a exclusividade da jurisdição comum ou
especial, mas a predominância de uma delas . Hely Lopes Meirelles
afirma que mesmo no contencioso administrativo existem certas
demandas de interesse da Administração que ficam sujeitas à
justiça comum, a saber: a) litígios decorrentes de atividades
públicas com caráter privado; b) litígios que envolvam questões de
estado e capacidade das pessoas e de repressão penal; c) litígios
que se refiram à propriedade privada.

O sistema do contencioso administrativo não é adotado no Brasil.

3.2 Sistema de jurisdição única (UNA) ou sistema inglês

Também conhecido como sistema judicial, impõe que todos os litígios surgidos no âmbito
social, de interesse da Administração Pública ou exclusivamente de particulares, sejam
solucionados pela jurisdição comum (Poder Judiciário). Trata-se de sistema que possui forte
influência inglesa e americana.

No Brasil é adotado o sistema anglo-americano de unidade de jurisdição para o controle


jurisdicional da Administração Pública34.

34
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Promotor de Justiça do
Estado de Santa Catarina, realizado pelo próprio órgão.

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A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XXXV, declara expressamente que “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Assim, mesmo que a
Administração Pública tenha proferido decisão sobre determinada matéria (aplicação de penalidade
a servidor público, imposição de multa a particular, revisão de processo administrativo etc.),
assegura-se àquele que se sentir prejudicado recorrer ao Poder Judiciário para discutir novamente
a questão.

Se o particular é multado por eventual infração de trânsito, por exemplo, poderá recorrer
diretamente à Administração Pública para tentar anulá-la, ou, se preferir, propor ação judicial com
o esse objetivo. Se optar pela primeira hipótese, ainda que seu recurso administrativo seja
indeferido poderá acionar o Poder Judiciário pleiteando a anulação da decisão administrativa.

Em nosso ordenamento jurídico, apenas o Poder Judiciário possui a prerrogativa de proferir


decisões com força de coisa julgada material (que não pode ser alterada), por isso se fala em
jurisdição única. Nenhuma decisão proferida pela Administração Pública possui caráter definitivo em
relação aos administrados, que podem ainda provocar o judiciário com o objetivo de alterar a
decisão administrativa que não lhes tenha sido favorável.

Em provas de concursos públicos, fique atento ao se deparar com a


expressão coisa julgada administrativa. Para José dos Santos
Carvalho Filho , “significa tão somente que determinado assunto
decidido na via administrativa não mais poderá sofrer alteração
nessa mesma via administrativa, embora possa sê-lo na via judicial”.
Se não é mais cabível recurso na esfera administrativa para
impugnar decisão desfavorável ao administrado, fala-se em coisa
julgada administrativa.

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A expressão regime jurídico da Administração Pública é utilizada para designar, em sentido


amplo, os regimes de direito público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração
Pública35.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 173, caput, preceitua que ressalvados os casos
previstos em seu texto, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,
conforme definidos em lei.
Apenas em situações excepcionais o Estado irá explorar atividade econômica, valendo-se,
nessas hipóteses, de empresas públicas e sociedades de economia mista. Ademais, caso isso ocorra,
ficará sujeito ao regime jurídico de direito privado próprio das empresas privadas, inclusive quanto
aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
Nesse caso, o Estado não gozará de prerrogativas especiais em suas transações com os
particulares, pois será estabelecida uma relação jurídica horizontal. E não poderia ser diferente. Se
o Estado está atuando em setor inicialmente reservado à iniciativa privada, seria injusto que pudesse
usufruir de “vantagens” não outorgadas aos seus concorrentes. Assim, será nivelado aos
particulares.

As empresas públicas (Caixa Econômica Federal e Correios, por exemplo) e as sociedades de


economia mista (Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Petrobrás etc.), que atuam na exploração de
atividades econômicas, reger-se-ão pelas mesmas regras impostas às demais empresa que atuam
em seus respectivos mercados, isto é, normas de direito privado.

Lembre-se: o Estado não possui a faculdade de optar pelo regime jurídico que melhor atenda
às suas necessidades. Caso esteja atuando na exploração de atividade econômica, submeter-se-á
obrigatoriamente às regras de direito privado, nos termos do art. 173, § 1º, II, da CF/1988.

Entretanto, são frequentes as questões de concursos afirmando que o regime jurídico a que
se sujeitam as empresas públicas e as sociedades de economia mista é de natureza híbrida36, pois,

35
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Analista Tributário da
Receita Federal do Brasil, realizado pela ESAF.

36
Enunciado considerado correto e cobrado no concurso para o cargo de Auditor de Controle Externo
do Tribunal de Contas do Espírito Santo, realizado pelo CESPE.

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mesmo quando explorando atividades econômicas, não serão submetidas apenas às regras de
direito privado.

A afirmação é correta e deriva do fato de que as empresas públicas e sociedades de economia


mista também devem obediência aos princípios insculpidos no art. 37 da CF/1988 e vários outros
preceitos de direito público. Para contratar seus empregados, por exemplo, estão obrigadas a
realizar concurso público. Antes de contratar serviços, adquirir bens ou realizar obras devem se
submeter às regras licitatórias, nos termos da Lei 14.133/2021.

Além de submissão às normas de direito privado, as empresas públicas e sociedades de


economia mista também estão obrigadas a observar várias sujeições impostas pelo direito público,
por isso afirmamos que tais entidades são regidas por regime jurídico híbrido.

De outro lado, se a entidade pública exerce atividade típica de Estado, a exemplo do poder
de polícia administrativa, segurança pública, atividade jurisdicional, entre outras, será regida pelas
regras do direito público, isto é, pelo denominado regime jurídico-administrativo.

Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua o regime jurídico-administrativo como “o conjunto


das prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração e que não se encontram nas
relações entre particulares37”.

Nesse caso, o Estado se apresentará em situação de superioridade em relação aos


particulares, sendo estabelecida uma relação vertical entre a Administração Pública e os
administrados, fato que lhe outorgará diversas prerrogativas necessárias à satisfação do interesse
público.

Para Celso Antônio Bandeira de Mello 38, as “pedras de toque” do regime jurídico-
administrativo são os princípios da supremacia do interesse púbico sobre o privado e
indisponibilidade, pela Administração, dos interesses púbicos.

O princípio da supremacia do interesse púbico sobre o privado assegura à Administração


Pública uma série de prerrogativas, que podem ser entendidas como “vantagens” ou “privilégios”
necessários para se atingir o interesse da coletividade, estabelecendo uma relação jurídica vertical,
desigual, portanto, em face dos administrados. Compreende, em face da sua desigualdade, a
possibilidade, em favor da Administração, de constituir os privados em obrigações por meio de ato
unilateral daquela. Implica, outrossim, muitas vezes, o direito de modificar, também
unilateralmente, relações já estabelecidas39.

Como exemplos dessas prerrogativas (ou vantagens), podemos citar a existência de cláusulas
exorbitantes nos contratos administrativos, possibilitando à Administração, por exemplo, alterar ou

37
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.63.
38
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26. ed., p. 55.
39
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26. ed., p. 70.
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rescindir unilateralmente um contrato administrativo; a concessão de prazos diferenciados nos


processos em que for parte no Poder Judiciário (prazo em dobro para contestar e para recorrer –
art. 183 do Código de Processo Civil); presunção de legitimidade e veracidade dos atos
administrativos, entre outras.

Sob uma primeira análise, pode parecer que as prerrogativas asseguradas à Administração
Pública são descabidas, desprovidas de qualquer razoabilidade, pois colocam o particular em
situação jurídica desfavorável. Todavia, destaca-se que quem exerce “função administrativa” está
adstrito a satisfazer interesses públicos, ou seja, interesses de outrem: a coletividade. Por isso, o uso
das prerrogativas da Administração é legítimo se, quando e na medida dispensável ao atendimento
dos interesses públicos; vale dizer, do povo, porquanto nos Estados Democráticos o poder emana
do povo e em seu proveito terá de ser exercido40.

A atuação da Administração Pública seria praticamente inviabilizada se, antes de retirar os


moradores de imóvel particular prestes a desabar, por exemplo, tivesse que propor ação judicial
pleiteando autorização para assim proceder. Até que fosse deferida a autorização judicial,
provavelmente, o imóvel já teria desabado e morrido todos os seus moradores.

Em razão da supremacia do interesse público, os atos administrativos gozam do atributo da


autoexecutoriedade, portanto, a Administração Pública não precisa de autorização judicial para
executar as suas próprias decisões em situações de emergência. No exemplo citado, os moradores
poderiam ser retirados do imóvel inclusive com a utilização de força policial, se necessário,
independentemente de autorização judicial.

Se o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado assegura “privilégios”


(prerrogativas) para a Administração Pública, de outro lado, o princípio da indisponibilidade do
interesse público impõe restrições, isto é, sujeições ou limitações à atividade administrativa,
gerando a responsabilização civil, penal e administrativa dos agentes que as desrespeitarem. Dentre
tais restrições, citem-se a observância da finalidade pública, bem como os princípios da moralidade
administrativa e da legalidade, a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos administrativos e,
como decorrência dos mesmos, a sujeição à realização de concursos para seleção de pessoal e de
concorrência pública para a elaboração de acordos com particulares41.

A obrigatoriedade de licitação para a contratação de serviços, aquisição de bens ou realização


de obras fundamenta-se no interesse público, que impõe a seleção da proposta mais vantajosa
dentre aquelas que foram apresentadas. Assim, o Prefeito de determinado município não poderá
adquirir 1.000 (mil) computadores para os órgãos públicos municipais sem realizar licitação (essa é
a regra). Caso isso ocorra, estará dispondo do interesse público, que exige licitação.

Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que “ao mesmo tempo em que as prerrogativas colocam
a Administração Pública em posição de supremacia perante o particular, sempre com o objetivo de

40
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26. ed, p. 72
41
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.63.
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atingir o benefício da coletividade, as restrições a que está sujeita limitam a sua atividade a
determinados fins e princípios que, se não observados, implicam desvio de poder e consequente
nulidade dos atos da Administração42”.

O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de atos normativos


administrativos, a execução de atos administrativos e, ainda, a sua respectiva interpretação.

É subramo do Direito Público.

No Brasil, não se encontra codificado.

Começa a se desenvolver na França, a partir do ano de 1800.


Direito Administrativo
Todas as entidades políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)
podem legislar sobre Direito Administrativo.

Regulamenta a atividade administrativa (ou função administrativa), que se


materializa preponderantemente no Poder Executivo, apesar de também
ser exercida pelo Poder Legislativo e Judiciário.

Legalista ou exegético: restringe o Direito Administrativo somente às leis,


deixando de lados os princípios, jurisprudência e demais fontes.

Critérios para a Poder Executivo: o Direito Administrativo tem por objeto de estudo apenas
conceituação do os atos do Poder Executivo.
Direito Administrativo
Serviço Público: o Direito Administrativo se limita à regulamentação de
serviços públicos.

Relações jurídicas: o Direito Administrativo é o único ramo do Direito que


disciplina as relações entre Administração Pública e administrados.

42
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.63.

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Teleológico ou finalístico: o Direito Administrativo regulamenta apenas as


atividades voltadas para os fins do Estado.

Negativista ou residual: o Direito Administrativo teria por objeto todas as


atividades estatais que não sejam legislativas ou jurisdicionais.
Administração Pública (adotado pela maioria dos autores): o Direito
Administrativo pode ser entendido como o conjunto de princípios que
regem a Administração Pública.

Primárias ou diretas: a Constituição Federal e as leis vigentes, incluindo os


tratados e acordos internacionais firmados pelo Brasil.

Fontes do Direito
Administrativo Secundárias ou indiretas: jurisprudência (a súmula vinculante é
interpretada como fonte primária); costumes (não podem ser contrários à
lei); doutrina; e princípios gerais do Direito.

Contencioso administrativo ou francês: existe uma jurisdição


administrativa (para decidir as demandas de interesse da Administração
Pública) e a comum (responsável pelo julgamento das demandas que não
Sistemas de controle envolvam a Administração Pública). O Poder Judiciário não pode rever as
jurisdicional dos atos decisões proferidas no âmbito da jurisdição administrativa.
da Administração
Pública Jurisdição única ou inglês: compete ao Poder Judiciário processar e julgar,
(Sistemas em última instância, todas as demandas existentes na sociedade, incluindo
aquelas de interesse da Administração Pública. É conseqüência do princípio
administrativos)
do amplo acesso ao Poder Judiciário ou inafastabilidade do Poder Judiciário
(art. 5º, XXXV, CF/1988). É o sistema adotado no Brasil.

É expressão utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes de


direito público e de direito privado a que pode submeter-se a
Administração Pública.

Está pautado, basicamente, em dois princípios: supremacia do interesse


Regime jurídico- público sobre o privado (prerrogativas, a exemplo da possibilidade de
alteração unilateral dos contratos administrativos) e indisponibilidade do
administrativo
interesse público (sujeições, a exemplo da obrigatoriedade de realização de
concurso público e licitação).

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O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de atos


normativos administrativos, a execução de atos administrativos e, ainda, a
sua respectiva interpretação.

Se a Administração Pública está atuando na exploração de atividade


econômica (nas hipóteses autorizadas pelo art. 173 da CF/1988), submeter-
se-á às regras de direito privado, inclusive quanto aos direitos e obrigações
civis, comerciais, trabalhistas e tributários. Também é correto afirmar que
as empresas públicas e sociedades de economia mista estão submetidas a
regime híbrido.

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1. (CESPE - SEFAZ/RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2 - 2018)

O direito administrativo é formado por muitos conceitos, princípios, elementos, fontes e


poderes. As principais fontes formais do direito administrativo, segundo a doutrina majoritária,
são

A) os princípios gerais de direito, a jurisprudência, a lei e os atos normativos da administração.

B) os costumes, a lei e os atos normativos da administração.

C) a Constituição, a lei e os costumes.

D) a doutrina, a jurisprudência e a Constituição.

E) a Constituição, a lei e os atos normativos da administração pública.

2. (CESPE - SEFAZ/RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2 - 2018)

Uma vez que o direito administrativo brasileiro foi influenciado pelo direito estrangeiro, é
correto afirmar que exprime a força do direito alemão no direito administrativo pátrio

A) a submissão da administração pública ao controle jurisdicional.

B) o conceito nacional de serviço público.

C) o conceito nacional de autarquia e de entidade paraestatal.

D) a forma de aplicação do princípio da segurança jurídica.

E) o mandado de segurança.

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3. (CESPE - TCE/MG - Analista de Controle Externo - Direito - 2018)

Considerando a origem, a natureza jurídica, o objeto e os diferentes critérios adotados para a


conceituação do direito administrativo, assinale a opção correta.

A) No direito administrativo, adota-se o modelo francês de jurisdição como forma de controle


da administração.

B) O direito administrativo disciplina direitos consolidados e estáveis.

C) O objeto do direito administrativo é o estudo da função administrativa.

D) O direito administrativo é ramo recente do direito e a aplicabilidade da legislação a ele


pertinente restringe-se ao Poder Executivo.

E) As leis e normas do direito administrativo encontram-se consolidadas em código específico.

4. (CESPE - MPE/PI - Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Superior - 2018)

Julgue o item subsequente, relativo a controle da administração pública, regime jurídico


administrativo, processo administrativo federal e improbidade administrativa.

Conforme o regime jurídico administrativo, apesar de assegurada a supremacia do interesse


público sobre o privado, à administração pública é vedado ter privilégios não concedidos a
particulares.

5. (CESPE - PGE/PE - Analista Judiciário de Procuradoria - 2019)

Com relação à origem e às fontes do direito administrativo, aos sistemas administrativos e à


administração pública em geral, julgue o item que segue.

O conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita a administração pública e que não
se encontra nas relações entre particulares constitui o regime jurídico administrativo.

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6. (CESPE - PGE/PE - Analista Judiciário de Procuradoria - 2019)

Com relação à origem e às fontes do direito administrativo, aos sistemas administrativos e à


administração pública em geral, julgue o item que segue.

Em sentido objetivo, administração pública designa os entes que exercem a atividade


administrativa de forma a balizar a execução da função administrativa.

7. (CESPE - PGE/PE - Analista Judiciário de Procuradoria - 2019)

Com relação à origem e às fontes do direito administrativo, aos sistemas administrativos e à


administração pública em geral, julgue o item que segue.

De acordo com o critério teleológico, o direito administrativo é um conjunto de normas que


regem as relações entre a administração e os administrados.

8. (CESPE - PGE/PE - Analista Judiciário de Procuradoria - 2019)

Com relação à origem e às fontes do direito administrativo, aos sistemas administrativos e à


administração pública em geral, julgue o item que segue.

No Brasil, assim como no sistema de common law, o costume é uma das fontes principais do
direito administrativo.

9. (CESPE/Técnico Judiciário – TRE-GO/2015)

No que se refere ao regime jurídico-administrativo brasileiro e aos princípios regentes da


administração pública, julgue o próximo item.
O regime jurídico-administrativo brasileiro está fundamentado em dois princípios dos quais
todos os demais decorrem, a saber: o princípio da supremacia do interesse público sobre o
privado e o princípio da indisponibilidade do interesse público.

10. (CESPE/ Auditor de Controle Externo - TCE-PA /2016)

Acerca de função administrativa e atos administrativos, julgue o item a seguir.


Em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público, o Estado somente poderá
exercer sua função administrativa sob o regime de direito público.
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1. E
2. D
3. C
4. ERRADO
5. CERTO
6. ERRADO
7. ERRADO
8. ERRADO
9. CERTO
10. ERRADO

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1. (CESPE - SEFAZ/RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2 - 2018)

O direito administrativo é formado por muitos conceitos, princípios, elementos, fontes e


poderes. As principais fontes formais do direito administrativo, segundo a doutrina majoritária,
são

A) os princípios gerais de direito, a jurisprudência, a lei e os atos normativos da administração.

B) os costumes, a lei e os atos normativos da administração.

C) a Constituição, a lei e os costumes.

D) a doutrina, a jurisprudência e a Constituição.

E) a Constituição, a lei e os atos normativos da administração pública.

COMENTÁRIOS:

As fontes formais nada mais são do que a forma jurídica pela qual a vontade do Estado se
materializa. Nesse caso, podemos inserir dentre as fontes formais a Constituição Federal, as leis
e os demais atos normativos da Administração Pública.

Gabarito: “e”.

2. (CESPE - SEFAZ/RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2 - 2018)

Uma vez que o direito administrativo brasileiro foi influenciado pelo direito estrangeiro, é
correto afirmar que exprime a força do direito alemão no direito administrativo pátrio

A) a submissão da administração pública ao controle jurisdicional.

B) o conceito nacional de serviço público.

C) o conceito nacional de autarquia e de entidade paraestatal.

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D) a forma de aplicação do princípio da segurança jurídica.

E) o mandado de segurança.

COMENTÁRIOS:

O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que “no direito comparado, especialmente no
direito alemão, os estudiosos se têm dedicado à necessidade de estabilização de certas situações
jurídicas, principalmente em virtude do transcurso do tempo e da boa-fé, e distinguem os
princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança. Pelo primeiro, confere-se relevo ao
aspecto objetivo do conceito, indicando-se a inafastabilidade da estabilização jurídica; pelo
segundo, o realce incide sobre o aspecto subjetivo, e neste se sublinha o sentimento do indivíduo
em relação a atos, inclusive e principalmente do Estado, dotados de presunção de legitimidade e
aparência de legalidade”.

Em resumo, pode-se afirmar que as várias vertentes de aplicação do princípio da segurança


jurídica encontram forte influência do direito alemão.

Gabarito: “d”.

3. (CESPE - TCE/MG - Analista de Controle Externo - Direito - 2018)

Considerando a origem, a natureza jurídica, o objeto e os diferentes critérios adotados para a


conceituação do direito administrativo, assinale a opção correta.

A) No direito administrativo, adota-se o modelo francês de jurisdição como forma de controle


da administração.

B) O direito administrativo disciplina direitos consolidados e estáveis.

C) O objeto do direito administrativo é o estudo da função administrativa.

D) O direito administrativo é ramo recente do direito e a aplicabilidade da legislação a ele


pertinente restringe-se ao Poder Executivo.

E) As leis e normas do direito administrativo encontram-se consolidadas em código específico.

COMENTÁRIOS:

a) Em termos gerais, afirma-se que os atos editados pela Administração Pública podem ser
submetidos a dois sistemas distintos de controle jurisdicional, variando em razão do
ordenamento jurídico sob análise: o contencioso administrativo (também chamado de sistema
francês) e o sistema judiciário ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês).
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Todavia, no Brasil adota-se o sistema inglês, que assegura ao Poder Judiciário a prerrogativa de
realizar o controle de legalidade de todos os atos administrativos editados pela Administração
Pública. Assertiva incorreta.

b) O enunciado da alternativa ficou bastante genérico, o que possibilita várias interpretações


distintas. De qualquer forma, não é possível afirmar que o Direito Administrativo disciplina
direitos consolidados e estáveis, pois, em vários momentos, serão revogados atos administrativos
em razão de conveniência e oportunidade (discricionariedade administrativa), demonstrando
instabilidade na relação jurídica. Assertiva incorreta.

c) Considera-se o Direito Administrativo um sub-ramo do direito público porque se trata de


disciplina jurídica que tem por objetivo, dentre outros, regular as relações jurídicas entre Estado,
de um lado, e particulares, de outro; ou, ainda, as relações existentes entre as próprias entidades
integrantes da Administração Pública, seus órgãos e agentes públicos. Dessa forma, o Direito
Administrativo pode ser encarado como o estudo da função administrativa, que, em síntese,
cuida-se da distribuição de atividades entre os Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo.
Assertiva correta.

d) Não é correto afirmar que a função administrativa somente é exercida pelo Poder Executivo,
pois também se manifesta no âmbito do Poder Legislativo e Poder Judiciário. Ao conceder licença,
férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem
imediatamente vinculados (CF/1988, art. 96, I, f), por exemplo, os Tribunais do Poder Judiciário
exercem função administrativa. Assertiva incorreta.

e) O Direito Administrativo brasileiro atualmente, não se encontra codificado. Isso significa que o
interessado em estudá-lo deverá pesquisar várias leis esparsas (espalhadas pelo ordenamento
jurídico), variando em razão do tema escolhido. Não existe um Código de Direito Administrativo,
em situação semelhante ao Código Civil ou Código Penal. Assertiva incorreta.

Gabarito: “c”.

4. (CESPE - MPE/PI - Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Superior - 2018)

Julgue o item subsequente, relativo a controle da administração pública, regime jurídico


administrativo, processo administrativo federal e improbidade administrativa.

Conforme o regime jurídico administrativo, apesar de assegurada a supremacia do interesse


público sobre o privado, à administração pública é vedado ter privilégios não concedidos a
particulares.

COMENTÁRIOS:

Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua o regime jurídico-administrativo como “o conjunto das
prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração e que não se encontram nas relações
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entre particulares”. Nesse caso, o Estado se apresentará em situação de superioridade em relação


aos particulares, sendo estabelecida uma relação vertical entre a Administração Pública e os
administrados, fato que lhe outorgará diversas prerrogativas necessárias à satisfação do
interesse público e que nem sempre serão igualmente asseguradas aos particulares. Assertiva
incorreta.

Gabarito: “Errado”.

5. (CESPE - PGE/PE - Analista Judiciário de Procuradoria - 2019)

Com relação à origem e às fontes do direito administrativo, aos sistemas administrativos e à


administração pública em geral, julgue o item que segue.

O conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita a administração pública e que não
se encontra nas relações entre particulares constitui o regime jurídico administrativo.

COMENTÁRIOS:

No enunciado a banca simplesmente reproduziu o entendimento de Maria Sylvia Zanella di Pietro,


que conceito o regime jurídico-administrativo como “o conjunto das prerrogativas e restrições a que
está sujeita a Administração e que não se encontram nas relações entre particulares 43”.

Ao responder às questões de prova, lembre-se de que as prerrogativas (condições especiais) são


asseguradas pelo princípio da supremacia do interesse público, enquanto as sujeições (limitações)
são impostas pelo princípio da indisponibilidade do interesse público. Assertiva correta.

Gabarito: “Certo”.

6. (CESPE - PGE/PE - Analista Judiciário de Procuradoria - 2019)

Com relação à origem e às fontes do direito administrativo, aos sistemas administrativos e à


administração pública em geral, julgue o item que segue.

Em sentido objetivo, administração pública designa os entes que exercem a atividade


administrativa de forma a balizar a execução da função administrativa.

43
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.63.

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COMENTÁRIOS:

Na verdade, a banca inverteu o conceito de administração pública em sentido objetivo e


subjetivo.

Em sentido subjetivo, a Administração Pública pode ser entendida como o conjunto de órgãos,
pessoas jurídicas (entidades políticas e entidades administrativas) e agentes públicos encarregados
do exercício da função administrativa. Esse é um sentido que as bancas examinadoras gostam muito
de exigir em suas provas, portanto, é necessário ficar atento.

De outro lado, em sentido objetivo, material ou funcional, a expressão administração pública (que
deve ser grafada com as iniciais minúsculas), consiste na própria função administrativa exercida
pelos órgãos, entidades e agentes que integram a Administração Pública em sentido subjetivo. Nesse
caso, estudaremos as atividades finalísticas exercidas pela administração, a exemplo do fomento,
serviço público, polícia administrativa e intervenção administrativa, e não a sua composição e
estruturação.
Em suma, quando a banca se referir aos “órgãos e entes que exercem a atividade administrativa”,
estar-se-á citando a Administração Pública em sentido subjetivo ou orgânico. Por sua vez, quando a
banca se referir ao “serviço ou atividade administrativa” que estão sendo executados, lembre-se da
administração pública em sentido objetivo ou material.

Gabarito: “Errado”.

7. (CESPE - PGE/PE - Analista Judiciário de Procuradoria - 2019)

Com relação à origem e às fontes do direito administrativo, aos sistemas administrativos e à


administração pública em geral, julgue o item que segue.

De acordo com o critério teleológico, o direito administrativo é um conjunto de normas que


regem as relações entre a administração e os administrados.

COMENTÁRIOS:

É o critério das relações jurídicas que define o direito administrativo como conjunto de normas
jurídicas que regulam as relações entre a administração pública e os administrados. Segundo o
critério teleológico ou finalístico, o direito administrativo consiste num sistema de princípios que
regulam a atividade do Estado para o cumprimento de seus fins. Assertiva incorreta.

Gabarito: “Errado”.

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8. (CESPE - PGE/PE - Analista Judiciário de Procuradoria - 2019)

Com relação à origem e às fontes do direito administrativo, aos sistemas administrativos e à


administração pública em geral, julgue o item que segue.

No Brasil, assim como no sistema de common law, o costume é uma das fontes principais do
direito administrativo.

COMENTÁRIOS:

O erro da assertiva consiste em afirmar que os costumes são fontes principais do direito
administrativo. A fonte principal do Direito Administrativo é a lei em sentido amplo, o que abrange
o texto constitucional, a legislação administrativa e, em vários momentos, atos normativos editados
pela Administração Pública.

Gabarito: “Errado”.

9. (CESPE/Técnico Judiciário – TRE-GO/2015)

No que se refere ao regime jurídico-administrativo brasileiro e aos princípios regentes da


administração pública, julgue o próximo item.
O regime jurídico-administrativo brasileiro está fundamentado em dois princípios dos quais
todos os demais decorrem, a saber: o princípio da supremacia do interesse público sobre o
privado e o princípio da indisponibilidade do interesse público.

COMENTÁRIOS:

O regime jurídico-administrativo pauta-se sobre os princípios da supremacia do interesse público


sobre o particular e o da indisponibilidade do interesse público pela administração, ou seja, erige-
se sobre o binômio “prerrogativas da administração — direitos dos administrados”. O princípio
da indisponibilidade do interesse público impõe para a Administração Pública uma série de
limitações ou restrições denominadas “sujeições”, que realmente têm o objetivo de resguardar
o interesse público. Assertiva correta.

Gabarito: “certo”

10. (CESPE/ Auditor de Controle Externo - TCE-PA /2016)

Acerca de função administrativa e atos administrativos, julgue o item a seguir.


Em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público, o Estado somente poderá
exercer sua função administrativa sob o regime de direito público.

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COMENTÁRIOS:

De acordo com o princípio da indisponibilidade do interesse público, os bens e interesses públicos


não pertencem ao administrador, cabendo aos agentes administrativos apenas geri-los e
conservá-los em prol da coletividade.

Esse princípio não exige que o Estado só possa exercer sua função administrativa sob o regime de
direito público. Tanto é verdade que em diversas situações o Estado deve exercer a sua função
administrativa sob o regime de direito privado, sem que isso signifique agressão ao princípio da
indisponibilidade do interesse público, a exemplo do que ocorre nas atividades exercidas pelas
empresas públicas e sociedades de economia mista. Assertiva incorreta.

Gabarito: “errado”.

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1. (FCC/ Auditor Fiscal da Receita Estadual - SEGEP-MA /2016)

São fontes do Direito Administrativo:

I. lei.

II. razoabilidade.

III. moralidade.

IV. jurisprudência.

V. proporcionalidade.

Está correto o que consta APENAS em

a) I e II.

b) II e IV.

c) I e IV.

d) III e V.

e) IV e V.

2. (FCC/ Agente de Apoio Legislativo - AL-MS /2016)

O regime jurídico administrativo tipifica o próprio direito administrativo e confere à


Administração

a) prerrogativas instrumentais à consecução de fins de interesse geral, não a sujeitando, no


entanto, a restrições, isso em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre o
privado.
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b) prerrogativas não aplicáveis ao particular e instrumentais à cura do interesse público, tais


como a autotutela e o poder de polícia, dentre outras tantas, que lhe permitem assegurar a
supremacia do interesse público sobre o privado.

c) privilégios em face do particular, que podem ser exercidos de forma ampla e irrestrita, em
razão de sua posição vertical face aos mesmos.

d) restrições e prerrogativas necessárias à consecução dos seus fins, que são igualmente
identificáveis nas relações entre os privados em razão do princípio da isonomia.

e) amplo poder em face do particular, que se sujeita aos seus comandos independentemente
do fim objetivado, uma vez que o agir administrativo é presumidamente de acordo com a lei.

3. (FCC/ALESE/Analista Legislativo - Administração/2018)

A Administração pública possui algumas prerrogativas inerentes às suas funções, que lhe
permitem agir, em alguns casos, de modo a sobrepor a vontade dos particulares, em prol do
atendimento do interesse público. Nesse sentido, considera-se exemplo dessa prerrogativa o
poder de

a) revogar licitações, por razões de conveniência e oportunidade e para atendimento do


interesse público, sempre que se identificar ilegalidades nos procedimentos.

b) limitar o direito de particulares, discricionariamente, sempre que a situação de fato


demonstrar essa necessidade, independentemente de previsão legal.

c) alterar unilateralmente os contratos administrativos, por motivos de interesse público,


mantido o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

d) editar decretos autônomos para disciplinar matérias em tese, com efeitos gerais e abstratos,
diante de lacunas legais.

e) criar pessoas jurídicas como forma de desconcentração das atividades da Administração


pública.

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1. C
2. B
3. C

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1. (FCC/ Auditor Fiscal da Receita Estadual - SEGEP-MA /2016)

São fontes do Direito Administrativo:

I. lei.

II. razoabilidade.

III. moralidade.

IV. jurisprudência.

V. proporcionalidade.

Está correto o que consta APENAS em

a) I e II.

b) II e IV.

c) I e IV.

d) III e V.

e) IV e V.

COMENTÁRIOS:

São Fontes do Direito Administrativo:

Primárias ou diretas: a Constituição Federal e as leis vigentes, incluindo os tratados e acordos


internacionais firmados pelo Brasil.

Secundárias ou indiretas: jurisprudência (a súmula vinculante é interpretada como fonte


primária); costumes (não podem ser contrários à lei); doutrina; e princípios gerais do Direito.

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Dessa forma, a questão apresenta duas fontes do direito administrativo, a assertiva I – Lei e a
assertiva IV – Jurisprudência.

Razoabilidade, moralidade e proporcionalidade são princípios da Administração Pública e não


fontes do direito administrativo.

Gabarito: “c”.

2. (FCC/ Agente de Apoio Legislativo - AL-MS /2016)

O regime jurídico administrativo tipifica o próprio direito administrativo e confere à


Administração

a) prerrogativas instrumentais à consecução de fins de interesse geral, não a sujeitando, no


entanto, a restrições, isso em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre o
privado.

b) prerrogativas não aplicáveis ao particular e instrumentais à cura do interesse público, tais


como a autotutela e o poder de polícia, dentre outras tantas, que lhe permitem assegurar a
supremacia do interesse público sobre o privado.

c) privilégios em face do particular, que podem ser exercidos de forma ampla e irrestrita, em
razão de sua posição vertical face aos mesmos.

d) restrições e prerrogativas necessárias à consecução dos seus fins, que são igualmente
identificáveis nas relações entre os privados em razão do princípio da isonomia.

e) amplo poder em face do particular, que se sujeita aos seus comandos independentemente
do fim objetivado, uma vez que o agir administrativo é presumidamente de acordo com a lei.

COMENTÁRIOS:

a) O regime jurídico administrativo confere a Administração Pública prerrogativas para atender


o interesse público, mas também estabelece restrições visando o próprio interesse público. Ou
seja, a Administração Pública se sujeita a restrições. Assertiva incorreta.

b) prerrogativas não aplicáveis ao particular e instrumentais à cura do interesse público, tais


como a autotutela e o poder de polícia, dentre outras tantas, que lhe permitem assegurar a
supremacia do interesse público sobre o privado.

- Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua o regime jurídico-administrativo como “o conjunto das
prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração e que não se encontram nas
relações entre particulares ”.

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Nesse caso, o Estado se apresentará em situação de superioridade em relação aos particulares,


sendo estabelecida uma relação vertical entre a Administração Pública e os administrados, fato
que lhe outorgará diversas prerrogativas necessárias à satisfação do interesse público.

Para Celso Antônio Bandeira de Mello, as “pedras de toque” do regime jurídico-administrativo


são os princípios da supremacia do interesse púbico sobre o privado e indisponibilidade, pela
Administração, dos interesses púbicos.

O princípio da supremacia do interesse púbico sobre o privado assegura à Administração


Pública uma série de prerrogativas, que podem ser entendidas como “vantagens” ou “privilégios”
necessários para se atingir o interesse da coletividade, estabelecendo uma relação jurídica
vertical, desigual, portanto, em face dos administrados. Compreende, em face da sua
desigualdade, a possibilidade, em favor da Administração, de constituir os privados em obrigações
por meio de ato unilateral daquela. Implica, outrossim, muitas vezes, o direito de modificar,
também unilateralmente, relações já estabelecidas.

É possível afirmar que o regime jurídico administrativo confere à Administração diversas


prerrogativas, que não são possíveis ao particular, por serem direcionadas somente a
Administração Pública na garantia da supremacia do interesse público sobre o privado, como a
possibilidade de autotutela e o poder de polícia. Assertiva correta.

c) privilégios em face do particular, que podem ser exercidos de forma ampla e irrestrita, em
razão de sua posição vertical face aos mesmos.

- Os privilégios conferidos a Administração Pública não podem ser exercidos de forma irrestrita,
existem exceções e limites que precisam ser respeitados.

O interesse público não se sobrepõe, de forma absoluta, aos interesses particulares. Existem
direitos individuais que estão resguardados pelo próprio texto constitucional, conforme se
constata no art. 5º, XXXVI, que assim dispõe:

“Art. 5º. XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.”.
Assertiva incorreta.

d) restrições e prerrogativas necessárias à consecução dos seus fins, que são igualmente
identificáveis nas relações entre os privados em razão do princípio da isonomia.

- O princípio da isonomia não é o que fundamenta a relação entre a Administração Pública e os


particulares. As restrições e prerrogativas necessárias à consecução dos fins da Administração
Pública e suas relações entre os privados é pautada pelo princípio da supremacia do interesse
púbico sobre o privado. Assertiva incorreta.

e) amplo poder em face do particular, que se sujeita aos seus comandos independentemente
do fim objetivado, uma vez que o agir administrativo é presumidamente de acordo com a lei.

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- As prerrogativas asseguradas à Administração Pública diante dos particulares devem ter como
finalidade atender ao interesse público, ou seja, os particulares não estão sujeitos aos comandos
da Administração independentemente do fim objetivado, é preciso que o fim objetivado esteja
de acordo com o interesse público. Assertiva incorreta.

Gabarito: “b”.

3. (FCC/ALESE/Analista Legislativo - Administração/2018)

A Administração pública possui algumas prerrogativas inerentes às suas funções, que lhe
permitem agir, em alguns casos, de modo a sobrepor a vontade dos particulares, em prol do
atendimento do interesse público. Nesse sentido, considera-se exemplo dessa prerrogativa o
poder de

a) revogar licitações, por razões de conveniência e oportunidade e para atendimento do


interesse público, sempre que se identificar ilegalidades nos procedimentos.

b) limitar o direito de particulares, discricionariamente, sempre que a situação de fato


demonstrar essa necessidade, independentemente de previsão legal.

c) alterar unilateralmente os contratos administrativos, por motivos de interesse público,


mantido o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

d) editar decretos autônomos para disciplinar matérias em tese, com efeitos gerais e abstratos,
diante de lacunas legais.

e) criar pessoas jurídicas como forma de desconcentração das atividades da Administração


pública.

COMENTÁRIOS:

a) Em decorrência do princípio da autotutela, a Administração Pública, mesmo APÓS a edição de


seus atos, continua realizando sobre eles efetivo e constante controle administrativo. Assim, caso
verifique posteriormente que editou ato ILEGAL, está autorizada a ANULÁ-LO. No mesmo sentido,
caso edite ato legal, mas que futuramente se torne inconveniente ou inoportuno, poderá realizar
a revogação. Perceba que o enunciado afirma que foi identificada uma ilegalidade no
procedimento, portanto, não há que se falar em revogação, mas sim em anulação. Assertiva
incorreta.

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b) Se não existe lei autorizando a prática de conduta que, sob a visão do administrador público,
seria relevante e de interesse da coletividade, não será possível praticá-la, sob pena de violação
ao princípio da legalidade. Assertiva incorreta.

c) Em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, a administração


pública detém posição privilegiada nas relações jurídicas travadas com os particulares. Diante
disso, o art. 65, I, bem como o §6º, da lei 8.666/93, asseguram a possibilidade de alteração
unilateral dos contratos administrativos, por motivos de interesse público, desde que mantido o
equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Assertiva correta.

d) Cabe aos decretos regulamentares disciplinar matérias com efeitos gerais e abstratos, diante
das lacunas legais, para auxiliar e dar fiel execução ao seu texto (não podendo contrariá-la). Os
decretos autônomos dizem respeito apenas a matérias específicas, taxativamente previstas pelo
texto do art. 84, VI, da Constituição Federal 1988. Assertiva incorreta.

e) A DESCONCENTRAÇÃO administrativa, em resumo, consiste na distribuição interna de


competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. A criação de novas pessoas jurídicas decorre
da DESCENTRALIZAÇÃO. Assertiva incorreta.

Gabarito: “c”.

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1. (VUNESP - MPE/SP - Analista Jurídico do Ministério Público - 2018)

O regime jurídico administrativo refere-se às características diferenciadoras do direito aplicável


ao relacionamento do Estado com os cidadãos, no cumprimento de sua função administrativa,
em comparação ao direito aplicável ao relacionamento entre os cidadãos em sua vida privada.
A esse respeito, é correto afirmar, de acordo com a doutrina tradicional, que:

A) o regime jurídico administrativo implica em tratar os contratos administrativos como mera


ficção, dado não ser possível ao Estado, ente dotado de poder império que é, submeter-se a
uma relação contratual com um privado.

B) trata-se o regime jurídico administrativo de resquício autoritário do direito administrativo


brasileiro, não se justificando em nenhum caso a manutenção de poderes especiais para o
Estado diante dos seus cidadãos em um país igualitário e democrático.

C) a chamada supremacia do interesse público é o motivo justificador, no Estado Democrático


de Direito, da existência do regime jurídico administrativo, o qual confere ao Estado
prerrogativas e poderes em face dos cidadãos, de forma a permitir um melhor atendimento
dos interesses públicos.

D) o regime jurídico administrativo parte do reconhecimento de que os interesses privados têm


menor valor e devem se sujeitar ao interesse estatal, ainda que o interesse privado a ser
sacrificado seja relevante diante da natureza do interesse público a ser alcançado.

E) historicamente, pode-se dizer que o direito administrativo evoluiu no sentido de limitar as


hipóteses de responsabilização do Estado, restringindo os direitos do cidadão em face da
Administração, o que se desenvolveu a partir da chamada “teoria do Fisco”.

2. (VUNESP - TJ/SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento - 2018)

Assinale a alternativa que é conforme ao regime jurídico administrativo.

A) Para a satisfação de interesses coletivos, a Administração é impedida de limitar o exercício


de direitos individuais.
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B) O regime jurídico administrativo concede prerrogativas à Administração similares às


existentes no regime de direito privado.

C) A Administração pode renunciar ao exercício de competências concedidas por lei.

D) A lei encerra o pressuposto, fundamento e limite da atividade administrativa.

3. VUNESP - FAPESP - Procurador - 2018)

Em razão do regime jurídico administrativo, a Administração Pública

A) pode celebrar contratos com os particulares, os quais somente poderão ser extintos pelo
advento do seu termo, por decisão conjunta das partes ou por inadimplemento da
Administração.

B) pode alterar unilateralmente as cláusulas econômicas dos contratos administrativos.

C) somente pode ter os seus atos ilegais anulados por decisão do Poder Judiciário.

D) depende de decisão judicial para efetivar a ocupação temporária de imóvel alheio.

E) é obrigada a dar publicidade dos atos administrativos que praticar.

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1. C
2. D
3. E

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1. (VUNESP - MPE/SP - Analista Jurídico do Ministério Público - 2018)

O regime jurídico administrativo refere-se às características diferenciadoras do direito aplicável


ao relacionamento do Estado com os cidadãos, no cumprimento de sua função administrativa,
em comparação ao direito aplicável ao relacionamento entre os cidadãos em sua vida privada.
A esse respeito, é correto afirmar, de acordo com a doutrina tradicional, que:

A) o regime jurídico administrativo implica em tratar os contratos administrativos como mera


ficção, dado não ser possível ao Estado, ente dotado de poder império que é, submeter-se a
uma relação contratual com um privado.

B) trata-se o regime jurídico administrativo de resquício autoritário do direito administrativo


brasileiro, não se justificando em nenhum caso a manutenção de poderes especiais para o
Estado diante dos seus cidadãos em um país igualitário e democrático.

C) a chamada supremacia do interesse público é o motivo justificador, no Estado Democrático


de Direito, da existência do regime jurídico administrativo, o qual confere ao Estado
prerrogativas e poderes em face dos cidadãos, de forma a permitir um melhor atendimento
dos interesses públicos.

D) o regime jurídico administrativo parte do reconhecimento de que os interesses privados têm


menor valor e devem se sujeitar ao interesse estatal, ainda que o interesse privado a ser
sacrificado seja relevante diante da natureza do interesse público a ser alcançado.

E) historicamente, pode-se dizer que o direito administrativo evoluiu no sentido de limitar as


hipóteses de responsabilização do Estado, restringindo os direitos do cidadão em face da
Administração, o que se desenvolveu a partir da chamada “teoria do Fisco”.

COMENTÁRIOS:

a) O enunciado da alternativa não faz sentido, pois a Administração Pública pode sim formalizar
relações contratuais com particulares, tanto por meio de contratos regidos pelo direito privado
(locação), quanto por meio de contratos regidos pelo direito público (contratos administrativos).
Assertiva incorreta.

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b) A princípio, pode até parecer que as prerrogativas asseguradas à Administração Pública são
descabidas e desprovidas de qualquer razoabilidade, pois colocam o particular em situação
jurídica desfavorável. Todavia, destaca-se que a Administração Pública atua no sentido de
satisfazer interesses públicos, isto é, que favorecem toda a coletividade. Por isso a garantia legal
de prerrogativas à Administração é legítima, desde que na medida dispensável ao atendimento
dos interesses públicos. Assertiva incorreta.

c) Para Celso Antônio Bandeira de Mello, os princípios da supremacia do interesse público e o da


indisponibilidade são os grandes pilares do regime jurídico administrativo e que justificam as
vantagens, privilégios e também restrições impostas à Administração Pública. Assertiva correta.

d) Não é possível afirmar que os interesses almejados pela Administração Pública sempre
prevalecerão frente aos interesses particulares. Nesse ponto, tem especial relevância os institutos
da coisa julgada, ato jurídico perfeito e direito adquirido, que nem mesmo por lei poderão ser
violados (CF/1988, art. 5º, XXXVI). Assertiva incorreta.

e) Ao contrário do que afirma a presente alternativa, a chamada “teoria do fisco” surgiu para
aumentar as hipóteses de responsabilização do Estado. A citada teoria nasce para contrariar o
poder absolutista, impondo que o património público não pertence ao governante, mas ao Fisco,
que deverá atender aos anseios da coletividade. Assertiva incorreta.

Gabarito: “c”.

2. (VUNESP - TJ/SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento - 2018)

Assinale a alternativa que é conforme ao regime jurídico administrativo.

A) Para a satisfação de interesses coletivos, a Administração é impedida de limitar o exercício


de direitos individuais.

B) O regime jurídico administrativo concede prerrogativas à Administração similares às


existentes no regime de direito privado.

C) A Administração pode renunciar ao exercício de competências concedidas por lei.

D) A lei encerra o pressuposto, fundamento e limite da atividade administrativa.

COMENTÁRIOS:

a) Em determinadas situações, com a finalidade de atendimento ao interesse público, a


Administração Pública poderá limitar o exercício de direitos individuais, desde que observados os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Assertiva incorreta.

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b) As prerrogativas concedidas à Administração Pública não existem nas relações jurídicas


travadas entre os particulares, pois desequilibram a relação em prol do interesse coletivo.
Assertiva incorreta.

c) Um dos pilares do regime jurídico administrativo é a indisponibilidade do interesse público,


que, a grosso modo, impõe restrições e limitações às atividades administrativas. Uma dessas
restrições é justamente a impossibilidade de renúncia das competências previstas em lei, que
devem ser exercidas obrigatoriamente. Assertiva incorreta.

d) Levando-se em consideração que o princípio da legalidade impõe o dever de observância da lei


pela Administração Pública, é a própria lei que estabelecerá as condições e limites de atuação.
Assertiva correta.

Gabarito: “d”.

3. (VUNESP - FAPESP - Procurador - 2018)

Em razão do regime jurídico administrativo, a Administração Pública

A) pode celebrar contratos com os particulares, os quais somente poderão ser extintos pelo
advento do seu termo, por decisão conjunta das partes ou por inadimplemento da
Administração.

B) pode alterar unilateralmente as cláusulas econômicas dos contratos administrativos.

C) somente pode ter os seus atos ilegais anulados por decisão do Poder Judiciário.

D) depende de decisão judicial para efetivar a ocupação temporária de imóvel alheio.

E) é obrigada a dar publicidade dos atos administrativos que praticar.

COMENTÁRIOS:

a) Uma das consequências do regime jurídico-administrativo é a prerrogativa conferida à


Administração Pública de extinguir os contratos administrativos unilateralmente, nas hipóteses
previstas no art. 78 da Lei 8.666/1993. Assertiva incorreta.

b) Por força do disposto no art. 58, § 1º, da lei 8.666/1993, as cláusulas econômico-financeiras e
monetárias dos contratos administrativos NÃO podem sofrer alterações sem prévia concordância
do contratado. Assertiva incorreta.

c) Em decorrência do princípio da autotutela, a Administração Pública poderá exercer controle


automático sobre os seus próprios atos, anulando-os, quando ilegais, ou revogando-os, por
questões de conveniência e oportunidade, sem necessidade de autorização do Poder Judiciário.
Assertiva incorreta.
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d) A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XXV, prevê a possibilidade de utilização de bem
particular, pela Administração Pública, mediante ato da autoridade competente, em caso de
iminente perigo público, resguardado o direito de indenização em caso de dano. O mesmo ocorre
em relação à ocupação temporária, prevista em vários dispositivos legais, a exemplo da Lei
8.666/93. Assertiva incorreta.

e) A publicidade do ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, sendo que a


sua violação configura improbidade administrativa, nos termos do art. 11 da Lei 8.429/1992.
Assertiva correta.

Gabarito: “e”.

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14. Questões de concursos anteriores


mais recentes

01. (CESPE/CEBRASPE | DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Jurídica | 2022) O Estado é formado
pela junção de três elementos originários e indissociáveis, que são
A) território, autonomia e Constituição Federal.
B) autonomia, povo e governo.
C) Constituição Federal, governo e autonomia.
D) território, povo e governo.
E) povo, Constituição Federal e território.

02. (CESPE/CEBRASPE | DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Jurídica | 2022) O direito


administrativo é um conjunto de normas e princípios que rege a atuação da administração pública.
Assinale a opção que indica apenas as fontes do direito administrativo.
A) lei, jurisprudência, normas e regras
B) costumes, regras, jurisprudência e normas
C) jurisprudência, costumes, lei e doutrina
D) normas, lei, doutrina e regras
E) lei, normas, jurisprudência e doutrina

03. (VUNESP | Prefeitura de Presidente Prudente - SP - Procurador | 2022) Assinale a alternativa correta
a respeito do regime jurídico administrativo.
A) O interesse estatal não se confunde com o interesse público, podendo este ser conceituado como
sendo o interesse comum e homogêneo da maioria da população.
B) O regime jurídico administrativo é incompatível com a ideia de privilégios ou prerrogativas da
Administração púbica na relação com os administrados.
C) Ainda que o Estado atue na área econômica, em competição com empresas privadas, essas
atividades estatais continuam sendo disciplinadas pelo regime jurídico administrativo.
D) A atividade administrativa estatal deve orientar-se pelo critério da supremacia e indisponibilidade
dos direitos fundamentais.
E) Diferentemente do direito subjetivo, o exercício da função, no direito público, não permite variação
na margem de liberdade quanto aos meios, e quanto aos fins a liberdade é muito reduzida.

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04. (OBJETIVA | Prefeitura de Varginha - MG - Procurador Municipal | 2022) De acordo com DI PIETRO,
sobre fontes do Direito Administrativo, analisar a sentença abaixo:
No direito francês, a principal fonte do Direito Administrativo, desde que este ganhou a sua autonomia, foi
a jurisprudência emanada dos órgãos do contencioso administrativo, em especial do seu órgão de cúpula, o
Conselho de Estado (1ª parte). O Direito Administrativo brasileiro tem como principal fonte a lei (2ª parte).
A sentença está:
A) Totalmente correta.
B) Correta somente em sua 1ª parte.
C) Correta somente em sua 2ª parte.
D) Totalmente incorreta.

05. (CESPE/CEBRASPE | AL-CE - Técnico Legislativo | 2021) Considerando-se o entendimento doutrinário


acerca do regime jurídico administrativo adotado no Brasil, o Direito Administrativo pressupõe, na
bipolaridade antagônica,
A) liberdade do administrado e autoridade do administrado.
B) liberdade da Administração e autoridade do Estado.
C) liberdade do Estado e autoridade da Administração.
D) liberdade do administrado e autoridade da Administração.
E) liberdade da Administração e autoridade do administrado.

06. (VUNESPE | Prefeitura de Várzea Paulista - SP - Agente de Gestão - Assistente Administrativo |


2021) A administração pública descreve o grupo de órgãos, agentes e serviços instituídos pelo Estado
e seu poder de gestão. Um de seus principais objetivos é
A) a descentralização administrativa.
B) o incentivo à burocracia.
C) o interesse privado e empresarial.
D) a administração centralizada.
E) o controle da quantidade dos serviços.

07. (FUNDATEC | PGE-RS - Procurador do Estado | 2021) Quanto às fontes do Direito Administrativo,
assinale a afirmativa correta:
A) O Código Civil tem aplicação imediata nos contratos administrativos.
B) O Código de Processo Civil tem aplicação supletiva e subsidiária nos processos administrativos.
C) A Constituição não tem aplicação imediata no Direito Administrativo, mas de forma supletiva à
legalidade.

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D) O Código Penal tem aplicação circunscrita a ilícitos administrativos tipificados nos respectivos
regulamentos.
E) A Lei de Sociedades Anônimas não se aplica às autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista.

08. (IUDS | IF-RJ - Assistente em Administração | 2021) "A função que o Estado exerce, no interior de
uma estrutura e regime hierárquico, e que no sistema constitucional brasileiro caracteriza-se pelo
fato de serem desempenhados por comportamentos infralegais ou, excepcionalmente, submissos
todos ao controle da legalidade pelo Poder Judiciário", denomina-se:
A) Função Jurisdicional.
B) Função Administrativa.
C) Função Legislativa.
D) Função Burocrática.

09. (CESPE/CEBRASPE | PGE-PB - Procurador do Estado | 2021) Acerca da teoria geral de direito
administrativo, julgue os itens a seguir.
I O direito brasileiro tem forte influência do direito francês, havendo adotado o sistema de contencioso
administrativo francês.
II A administração pública em sentido subjetivo consiste no conjunto de atividades administrativas exercidas
pelo Estado.
III Atos administrativos normativos constituem fonte do direito administrativo.
Assinale a opção correta.
A) Apenas o item I está certo.
B) Apenas o item III está certo.
C) Apenas os itens I e II estão certos.
D) Apenas os itens II e III estão certos.
E) Todos os itens estão certos.

10. (OMNI | Prefeitura de Salesópolis - SP - Procurador Jurídico | 2021) O Conceito do Direito


Administrativo, pode ser elaborado de várias maneiras distintas, dependendo da conotação dada
pelo jurista ou doutrinador do tema. Contudo, sempre há de ser destacado, indiferente da sua
teorização, alguns conceitos centrais. Dessas características, sabe-se que o Direito Administrativo não
pode ser reunido em uma única lei, e sim em várias leis específicas, chamadas leis esparsas,
denotando que:
A) É ramo do Direito Público.
B) É considerado Direito não codificado.
C) Possui regras que se traduzem em Princípios Constitucionais.
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D) O Direito Administrativo pátrio é considerado não contencioso.

11. (SELECON | Câmara de Cuiabá - MT - Técnico Legislativo | 2021) O conceito de Estado como pessoa
jurídica territorial está relacionado à seguinte afirmativa, quanto à sua atuação:
A) limitada ao direito público, mantendo sua personalidade de direito público
B) limitada ao direito privado, mantendo sempre sua personalidade de direito público
C) tanto no direito público como no direito privado, mantendo sempre sua única personalidade de
direito público
D) tanto no direito público como no direito privado, mantendo personalidade de direito público ou
privado conforme o campo de sua atuação

12. (SELECON | Câmara de Cuiabá - MT - Contador | 2021) O Estado juridicamente organizado e


obediente às suas próprias leis, limitando o poder e o exercício do poder do Estado dentro da lei, condiz com
o conceito de:
A) estado de direito
B) administração pública
C) direito administrativo
D) organização do estado

13. (VUNESP |Prefeitura de Jundiaí - SP - Procurador do Município | 2021) Assinale a alternativa correta
a respeito do direito administrativo brasileiro.
A) Excetuadas as decisões do Tribunal de Contas da União, no Brasil prevalece o princípio da
inafastabilidade da jurisdição, no qual o contencioso administrativo submete-se à decisão final do
Poder Judiciário.
B) O direito administrativo pátrio recebeu grande contribuição do sistema francês, tendo adotado
vários dos seus institutos jurídicos, exceto quanto ao contencioso administrativo.
C) A exigência de que a utilização da reclamação contra ato ou omissão da Administração Pública que
contraria súmula vinculante somente possa ser admitida após o esgotamento das vias
administrativas viola a Constituição Federal.
D) A responsabilidade civil do Estado e a presença de cláusulas exorbitantes no contrato
administrativo são exemplos de institutos constituídos no sistema jurídico do direito anglo-saxão e
adotados no Brasil por influência do direito norte-americano.
E) Como o direito brasileiro não adotou o instituto da coisa julgada administrativa, a Administração
Pública pode anular os seus próprios atos, a qualquer tempo, ainda que deles decorram efeitos
favoráveis ao administrado.
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14. (MS CONCURSOS |Prefeitura de São Francisco do Guaporé - RO - Controlador Interno | 2021)
Segundo ensina Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro), o Direito Administrativo
abebera-se, para sua formação, em quatro fontes principais:
A) O Código de Direito Administrativo, a Constituição da República Federativa do Brasil, a doutrina e as
decisões dos tribunais.
B) O Código de Direito Administrativo, a lei, a jurisprudência e os costumes.
C) A lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes.
D) O contrato jurídico, a Constituição Federal, o processo legislativo e a analogia.

15. (FCC | Procurador Autárquico - MANAUSPREV | 2021) A discussão teórica sobre o conceito de Direito
Administrativo se estabeleceu, a partir do debate acadêmico europeu do Século XIX, em torno de
determinados traços distintivos da disciplina. Dentre as escolas que então se formaram, aquela que
enfatizava a importância da distinção entre “atos de império” e “atos de gestão”, para fins de
definição do campo científico jusadministrativo, é a escola
A) da gestão pública.
B) imperialista ou da supremacia administrativa.
C) do serviço público.
D) teleológica ou finalista.
E) da puissance publique ou potestade pública.

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15. Gabarito - Questões de concursos


anteriores mais recentes

1- D
2- C
3- D
4- A
5- D
6- A
7- B
8- B
9- B
10- B
11- C
12- A
13- B
14- C
15- E

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16. Questões de concursos anteriores


mais recentes resolvidas e comentadas

12. (CESPE/CEBRASPE | DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Jurídica | 2022) O Estado é formado
pela junção de três elementos originários e indissociáveis, que são
F) território, autonomia e Constituição Federal.
G) autonomia, povo e governo.
H) Constituição Federal, governo e autonomia.
I) território, povo e governo.
J) povo, Constituição Federal e território.

COMENTÁRIOS:
Segundo Helly Lopes de Meirelles, o Estado é o ente personalizado, ou seja, possui personalidade jurídica
própria, constituído por três elementos indissociáveis: povo, território e governo soberano.
Vejamos:
• Povo: Componente humano do Estado;
• Território: Sua base física;
• Governo Soberano: Elemento do estado que exerce o poder absoluto de se autodeterminar e se
auto-organizar.
Dessa forma, a assertiva que traz todos esses elementos é a assertiva D.
Gabarito: “D”

13. (CESPE/CEBRASPE | DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Jurídica | 2022) O direito


administrativo é um conjunto de normas e princípios que rege a atuação da administração pública.
Assinale a opção que indica apenas as fontes do direito administrativo.
F) lei, jurisprudência, normas e regras
G) costumes, regras, jurisprudência e normas
H) jurisprudência, costumes, lei e doutrina
I) normas, lei, doutrina e regras
J) lei, normas, jurisprudência e doutrina

COMENTÁRIOS:
Sobre o tema, esclarece Hely Lopes Meirelles que “o Direito Administrativo abebera-se, para sua formação,
em quatro fontes principais, a saber: a lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes".
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Podemos ainda dividir as principais fontes do direito administrativo em fontes primárias ou diretas e
secundárias ou indiretas.
As fontes primárias são: a Constituição Federal e as leis vigentes, incluindo os tratados e acordos
internacionais firmados pelo Brasil.
As fontes secundárias são: jurisprudência (a súmula vinculante é interpretada como fonte primária);
costumes (não podem ser contrários à lei); doutrina; e princípios gerais do Direito.
Visto o que foi exposto acima, as assertivas A, B, D e E trazem como fonte do direito administrativo as normas
e as regras, os que as tornam erradas, pois normas e regras não são fontes do direito ou do direito
administrativo, elas decorrem das diferentes fontes do direito, por exemplo, a lei e os costumes.
Sendo assim, a assertiva que indica as fontes do direito administrativo é a assertiva C: jurisprudência,
costumes, lei e doutrina.
Gabarito: “C”

14. (VUNESP | Prefeitura de Presidente Prudente - SP - Procurador | 2022) Assinale a alternativa correta
a respeito do regime jurídico administrativo.
F) O interesse estatal não se confunde com o interesse público, podendo este ser conceituado como
sendo o interesse comum e homogêneo da maioria da população.
G) O regime jurídico administrativo é incompatível com a ideia de privilégios ou prerrogativas da
Administração púbica na relação com os administrados.
H) Ainda que o Estado atue na área econômica, em competição com empresas privadas, essas
atividades estatais continuam sendo disciplinadas pelo regime jurídico administrativo.
I) A atividade administrativa estatal deve orientar-se pelo critério da supremacia e indisponibilidade
dos direitos fundamentais.
J) Diferentemente do direito subjetivo, o exercício da função, no direito público, não permite variação
na margem de liberdade quanto aos meios, e quanto aos fins a liberdade é muito reduzida.

COMENTÁRIOS:
A) O interesse público não necessariamente diz respeito ao interesse da maioria da população, como
pode ser ilustrado pelo trecho de obra de Roberto Barroso: "Pois bem: em um Estado democrático
de direito, assinalado pela centralidade e supremacia da Constituição, a realização do interesse
público primário muitas vezes se consuma apenas pela satisfação de determinados interesses
privados. [...] Assim, se determinada política representa a concretização de importante meta
coletiva (como a garantia da segurança pública ou da saúde pública, por exemplo), mas implica a
violação da dignidade de uma só pessoa, tal política deve ser preterida." Assertiva incorreta.
B) Muito pelo contrário, o Estado se apresenta em situação de superioridade em relação aos
particulares, sendo estabelecida uma relação vertical entre a Administração Pública e os
administrados, fato que lhe outorgará diversas prerrogativas necessárias à satisfação do interesse
público. Os princípios que integram e garantem os privilégios e as prerrogativas da Administração
púbica na relação com os administrados são os princípios da supremacia do interesse púbico sobre
o privado e indisponibilidade, pela Administração, dos interesses púbicos. Assertiva incorreta.

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C) O Estado pode atuar na área econômica (criar um Banco, por exemplo). Nesse caso, este Banco não
pode usar prerrogativas do Estado, pois deve atuar dentro das regras do Direito Privado. É o que diz
o art. 173, § 1º, II da CF: “A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre a sujeição ao regime jurídico
próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários;”. Assertiva incorreta.
D) Para Celso Antônio Bandeira de Mello, as “pedras de toque” do regime jurídico-administrativo são
os princípios da supremacia do interesse púbico sobre o privado e indisponibilidade, pela
Administração, dos interesses púbicos, e a atividade administrativa estatal deve orientar-se por
esses critérios. Se o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado assegura
“privilégios” (prerrogativas) para Administração Pública, de outro lado, o princípio da
indisponibilidade do interesse público impõe restrições, isto é, sujeições ou limitações à atividade
administrativa, gerando a responsabilização civil, penal e administrativa dos agentes que as
desrespeitarem. Assertiva correta.
E) Segundo Matheus Carvalho, pode-se dizer que a função administrativa (direito material ou objetivo)
é um múnus público, configurando uma obrigação ou dever para o administrador público que não
terá liberdade de atuação, sempre agindo em respeito ao direito posto, com a intenção de
perseguir o interesse da coletividade. Ou seja, no exercício da função administrativa, não há
liberdade de escolha para o administrador quanto aos fins da sua atuação, visto que essa função
não se confunde com a função política do Estado. Assertiva incorreta.

Gabarito: “D”

15. (OBJETIVA | Prefeitura de Varginha - MG - Procurador Municipal | 2022) De acordo com DI PIETRO,
sobre fontes do Direito Administrativo, analisar a sentença abaixo:
No direito francês, a principal fonte do Direito Administrativo, desde que este ganhou a sua autonomia, foi
a jurisprudência emanada dos órgãos do contencioso administrativo, em especial do seu órgão de cúpula, o
Conselho de Estado (1ª parte). O Direito Administrativo brasileiro tem como principal fonte a lei (2ª parte).
A sentença está:
E) Totalmente correta.
F) Correta somente em sua 1ª parte.
G) Correta somente em sua 2ª parte.
H) Totalmente incorreta.

COMENTÁRIOS:
No Contencioso administrativo ou francês, existe uma jurisdição administrativa (para decidir as demandas
de interesse da Administração Pública) e a comum (responsável pelo julgamento das demandas que não
envolvam a Administração Pública). Na França, o órgão encarregado de decidir, em última instância, as
matérias administrativas que envolvem a Administração Pública francesa é o Conselho de Estado. Apesar de
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não integrar a estrutura do Poder Judiciário, este não poderá rever as decisões proferidas pelo Conselho de
Estado, cujas decisões também são consideradas definitivas. Correta a 1ª parte da sentença.

No Brasil, o sistema adotado é o não contencioso ou inglês, de jurisdição única, o qual compete ao Poder
Judiciário processar e julgar, em última instância, todas as demandas existentes na sociedade, incluindo
aquelas de interesse da Administração Pública. É consequência do princípio do amplo acesso ao Poder
Judiciário ou inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF/1988). A lei é a fonte primária do Direito
Administrativo. Assim, em decorrência do princípio da legalidade, é a mais importante fonte. Correta a 2ª
parte da sentença.

Dessa forma, a sentença encontra-se totalmente correta, de modo que a resposta da questão é a assertiva
A.
Gabarito: “A”

16. (CESPE/CEBRASPE | AL-CE - Técnico Legislativo | 2021) Considerando-se o entendimento doutrinário


acerca do regime jurídico administrativo adotado no Brasil, o Direito Administrativo pressupõe, na
bipolaridade antagônica,
F) liberdade do administrado e autoridade do administrado.
G) liberdade da Administração e autoridade do Estado.
H) liberdade do Estado e autoridade da Administração.
I) liberdade do administrado e autoridade da Administração.
J) liberdade da Administração e autoridade do administrado.

COMENTÁRIOS:
Acerca da bipolaridade do direito administrativo, Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que o Direito
Administrativo nasceu e desenvolveu-se baseado em duas ideias opostas: de um lado, a proteção aos
direitos individuais frente ao Estado, que serve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos esteios do
Estado de Direito; de outro lado, a de necessidade de satisfação dos interesses coletivos, que conduz à
outorga de prerrogativas e privilégios para a Administração Pública, quer para limitar o exercício dos direitos
individuais em benefício do bem-estar coletivo (poder de polícia), quer para a prestação de serviços públicos.
Daí a bipolaridade do Direito Administrativo: liberdade do indivíduo e autoridade da Administração;
restrições e prerrogativas.
Para assegurar-se a liberdade, sujeita-se a Administração Pública à observância da lei e do direito (incluindo
princípios e valores previstos explícita ou implicitamente na Constituição); é a aplicação, ao direito público,
do princípio da legalidade.
Para assegurar-se a autoridade da Administração Pública, necessária à consecução de seus fins, são-lhe
outorgados prerrogativas e privilégios que lhe permitem assegurar a supremacia do interesse público sobre
o particular.
Vemos, então, que o direito administrativo pressupõe, na bipolaridade antagônica, a liberdade do
administrado e a autoridade da administração, de modo que a resposta da questão é a assertiva D.
Gabarito: “D”

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17. (VUNESPE | Prefeitura de Várzea Paulista - SP - Agente de Gestão - Assistente Administrativo |


2021) A administração pública descreve o grupo de órgãos, agentes e serviços instituídos pelo Estado
e seu poder de gestão. Um de seus principais objetivos é
F) a descentralização administrativa.
G) o incentivo à burocracia.
H) o interesse privado e empresarial.
I) a administração centralizada.
J) o controle da quantidade dos serviços.

COMENTÁRIOS:
A) A descentralização administrativa é, de fato, um dos principais objetivos da administração pública
trazidos pelo Decreto-Lei nº 200, em seu art. 6º. A descentralização administrativa pauta-se no
prestígio da eficiência administrativa, eis que, por meio da descentralização, transfere-se a
execução da atividade a uma pessoa especializada. Assertiva correta.
B) Conforme o princípio da economia processual, temos que os atos processuais devem ser realizados
com a intenção de produzir o máximo possível de resultado com o mínimo possível de esforço,
visando evitar perda de tempo e dinheiro desnecessários, ou seja, menos burocracia. Assertiva
incorreta.
C) Muito pelo contrário, um dos principais objetivos da administração pública é o interesse público e
não o privado. Assertiva incorreta.
D) Como já exposto na assertiva A, a administração pública é descentralizada. Assertiva incorreta.
E) A descentralização administrativa pauta-se no prestígio da eficiência administrativa, logo o
objetivo não é o controle da quantidade dos serviços, e sim tornar o serviço eficiente. Assertiva
incorreta.

Gabarito: “A”

18. (FUNDATEC | PGE-RS - Procurador do Estado | 2021) Quanto às fontes do Direito Administrativo,
assinale a afirmativa correta:
F) O Código Civil tem aplicação imediata nos contratos administrativos.
G) O Código de Processo Civil tem aplicação supletiva e subsidiária nos processos administrativos.
H) A Constituição não tem aplicação imediata no Direito Administrativo, mas de forma supletiva à
legalidade.
I) O Código Penal tem aplicação circunscrita a ilícitos administrativos tipificados nos respectivos
regulamentos.
J) A Lei de Sociedades Anônimas não se aplica às autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista.

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COMENTÁRIOS:
A) Os contratos administrativos são ajustes celebrados pela administração pública com particulares
sujeitos a regime jurídico de direito público, logo, o Código Civil e as demais normas de direito
privado aplicam-se apenas subsidiariamente aos contratos administrativos. Assertiva incorreta.
B) À luz do art. 15 da Lei nº 9.784/1999, que regulamenta o processo administrativo federal, na
ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as
disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Assertiva correta.
C) Muito pelo contrário, a Constituição tem aplicação imediata no Direito Administrativo, sendo,
inclusive, uma fonte primária do direito. Além disso, as normas constitucionais são normas
hierarquicamente superiores às normas legais que informam todo o ordenamento jurídico e que
não são apenas aplicáveis de forma supletiva à legalidade. Assertiva incorreta.
D) O Código Penal prevê ilícitos criminais aplicáveis inclusive aos agentes públicos, e a sua aplicação
não se limita nem se confunde com ilícitos administrativos previstos em normas administrativas.
Assertiva incorreta.
E) As sociedades de economia mista são entidades da Administração Indireta criadas mediante
autorização legislativa, com personalidade de direito privado que devem obrigatoriamente ser
constituídas sob a forma de sociedades anônimas. De acordo com o art. 4º, § 2º, da Lei nº
13.303/2016, “a sociedade de economia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliários
sujeita-se às disposições da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que é a Lei das Sociedades
Anônimas". Dessa forma, essa lei se aplica às sociedades de economia mista. Assertiva incorreta.

Gabarito: “B”

19. (IUDS | IF-RJ - Assistente em Administração | 2021) "A função que o Estado exerce, no interior de
uma estrutura e regime hierárquico, e que no sistema constitucional brasileiro caracteriza-se pelo
fato de serem desempenhados por comportamentos infralegais ou, excepcionalmente, submissos
todos ao controle da legalidade pelo Poder Judiciário", denomina-se:
E) Função Jurisdicional.
F) Função Administrativa.
G) Função Legislativa.
H) Função Burocrática.

COMENTÁRIOS:
A questão trata das funções do Estado, sendo elas: funções legislativa, jurisdicional e administrativa.
Vejamos:
A função legislativa consiste na edição de leis e outros atos normativos gerais e abstratos.
A função jurisdicional é função de resolução de conflitos de interesses por meio de decisões. Essa função é
exercida pelo Poder Judiciário.
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A função administrativa são os atos do Estado que, no cumprimento das leis, buscam atingir finalidades
públicas.
Sobre a função administrativa, afirma Celso Antônio Bandeira de Mello que é a função que o Estado, ou
quem lhe faça as vezes, exerce na intimidade de uma estrutura e regime hierárquicos e que no sistema
constitucional brasileiro se caracteriza pelo fato de ser desempenhada mediante comportamentos
infralegais ou, excepcionalmente, infraconstitucionais, submissos todos a controle de legalidade pelo Poder
Judiciário.
Além disso, é importante ressaltar que o Poder Executivo não se restringe ao exercício apenas da função
administrativa, pois também lhe é assegurada a prerrogativa de exercer função legislativa e judicial, porém,
atipicamente.
Visto o que foi exposto anteriormente, o texto a que o enunciado da questão se refere define a função
administrativa conforme Celso Antônio Bandeira de Mello. Dessa forma, a resposta da questão é a assertiva
B.
Gabarito: “B”

20. (CESPE/CEBRASPE | PGE-PB - Procurador do Estado | 2021) Acerca da teoria geral de direito
administrativo, julgue os itens a seguir.
I O direito brasileiro tem forte influência do direito francês, havendo adotado o sistema de contencioso
administrativo francês.
II A administração pública em sentido subjetivo consiste no conjunto de atividades administrativas exercidas
pelo Estado.
III Atos administrativos normativos constituem fonte do direito administrativo.
Assinale a opção correta.
F) Apenas o item I está certo.
G) Apenas o item III está certo.
H) Apenas os itens I e II estão certos.
I) Apenas os itens II e III estão certos.
J) Todos os itens estão certos.

COMENTÁRIOS:
I Jurisdição única, não contencioso ou inglês é o sistema adotado no Brasil, no qual compete ao Poder
Judiciário processar e julgar, em última instância, todas as demandas existentes na sociedade, incluindo
aquelas de interesse da Administração Pública. É consequência do princípio do amplo acesso ao Poder
Judiciário ou inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF/1988). Item incorreto.

II Em sentido subjetivo, a Administração Pública pode ser entendida como o conjunto de órgãos, pessoas
jurídicas (entidades políticas e entidades administrativas) e agentes públicos encarregados do exercício da
função administrativa. A administração pública em sentido objetivo consiste no conjunto de atividades
administrativas exercidas pelo Estado. Item incorreto.
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III Dentre as fontes do Direito Administrativo, inserem-se inúmeros tipos de atos normativos emanados da
própria Administração Pública. Eles são expedidos, seja pelo Chefe do Poder Executivo, seja por órgãos da
Administração direta, seja por entidades da Administração indireta. Item correto.

Analisando os itens acima, temos como correto apenas o item III, logo a resposta da questão é a assertiva B.

Gabarito: “B”

21. (OMNI | Prefeitura de Salesópolis - SP - Procurador Jurídico | 2021) O Conceito do Direito


Administrativo, pode ser elaborado de várias maneiras distintas, dependendo da conotação dada
pelo jurista ou doutrinador do tema. Contudo, sempre há de ser destacado, indiferente da sua
teorização, alguns conceitos centrais. Dessas características, sabe-se que o Direito Administrativo não
pode ser reunido em uma única lei, e sim em várias leis específicas, chamadas leis esparsas,
denotando que:
E) É ramo do Direito Público.
F) É considerado Direito não codificado.
G) Possui regras que se traduzem em Princípios Constitucionais.
H) O Direito Administrativo pátrio é considerado não contencioso.

COMENTÁRIOS:
A) De fato, o Direito Administrativo é um sub-ramo do direito público, porque se trata de disciplina
jurídica que tem por objetivo, dentre outros, regular as relações jurídicas entre Estado, de um lado,
e particulares, de outro; ou, ainda, as relações existentes entre as próprias entidades integrantes da
Administração Pública, seus órgãos e agentes públicos. Porém não é sobre isso que a questão se
refere. Assertiva incorreta.
B) O Direito Administrativo brasileiro, atualmente, não se encontra codificado. Isso significa que o
interessado em o estudar deverá pesquisar várias leis esparsas (espalhadas pelo ordenamento
jurídico), variando em razão do tema escolhido, por exemplo, Decreto-lei 200/67 (Organização da
Administração Federal), Lei 8.666/93 (Licitações e Contratos) e Lei 14.133/2021 (nova Lei de
Licitações e Contratos), Lei 8.987/95 (Concessões e Permissões de Serviços Públicos), Decreto-lei
3.365/41 (Lei Geral de Desapropriações), Decreto-lei 25/37 (Tombamento) etc. É exatamente a que
se refere a questão. Assertiva correta.
C) Os princípios do Direito Administrativo estão contidos na Constituição Federal explicitamente, como
os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, e também de forma
implícita, como os princípios da supremacia do interesse público, indisponibilidade do interesse
público, entre outros. Esses princípios, de fato, regem as regras do direito administrativo, porém
não é o que a questão está pedindo, por isso a assertiva encontra-se incorreta.
D) Jurisdição única, não contencioso ou inglês é o sistema adotado no Brasil, no qual compete ao
Poder Judiciário processar e julgar, em última instância, todas as demandas existentes na
sociedade, incluindo aquelas de interesse da Administração Pública. É consequência do princípio do
amplo acesso ao Poder Judiciário ou inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF/1988). É
correto o que afirma a assertiva, mas não é a resposta da questão. Assertiva incorreta.
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Gabarito: “B”

22. (SELECON | Câmara de Cuiabá - MT - Técnico Legislativo | 2021) O conceito de Estado como pessoa
jurídica territorial está relacionado à seguinte afirmativa, quanto à sua atuação:
E) limitada ao direito público, mantendo sua personalidade de direito público
F) limitada ao direito privado, mantendo sempre sua personalidade de direito público
G) tanto no direito público como no direito privado, mantendo sempre sua única personalidade de
direito público
H) tanto no direito público como no direito privado, mantendo personalidade de direito público ou
privado conforme o campo de sua atuação

COMENTÁRIOS:
A) O Estado, mesmo tendo personalidade de direito público, pode atuar ora no campo do direito
público (regra geral), como também na esfera privada, sendo submetido a regras e princípios
atinentes ao âmbito privado, por exemplo, ao celebrar contrato de locação com um particular para
instalação de um dado órgão público, ou, ainda, quando um administrador emite um cheque para
pagamento de fornecedores. Referidos atos serão regidos, respectivamente, pelo Direito Civil e
pelo Direito Empresarial. A assertiva peca ao limitar a atuação do Estado ao direito público.
Assertiva incorreta.
B) Da mesma forma como foi dito na assertiva anterior, a atuação do Estado não é limitada ao direito
privado, assertiva incorreta.
C) Para Hely Lopes Meirelles, o Estado é pessoa jurídica de Direito Público Interno e ainda “como ente
personalizado, o Estado pode atuar no campo do Direito Público como no Direito Privado,
mantendo sempre sua única personalidade de Direito Público, pois a teoria da dupla
personalidade do Estado acha-se definitivamente superada”. Assertiva correta.
D) O Estado é um ente personalizado (pessoa jurídica de direito público, nos termos dos arts. 40 e 41
do nosso Código Civil), apresentando-se – tanto nas relações internacionais, no convívio com outros
Estados soberanos, quanto internamente – como sujeito capaz de adquirir direitos e contrair
obrigações na ordem jurídica. Dessa forma, ao sustentar ser possível que o Estado mantenha
personalidade de direito privado, a assertiva torna-se incorreta.

Gabarito: “C”.
12. (SELECON | Câmara de Cuiabá - MT - Contador | 2021) O Estado juridicamente organizado e obediente
às suas próprias leis, limitando o poder e o exercício do poder do Estado dentro da lei, condiz com o conceito
de:
E) estado de direito
F) administração pública
G) direito administrativo

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H) organização do estado

COMENTÁRIOS:
A) Estado de direito está relacionado ao poder do estado, já que as decisões a serem tomadas pelos
governantes são limitadas pelo conjunto das leis, isto é, pelo direito. O Direito, através da
legislação, vai definir o que pode e o que não pode ser feito, tanto na relação aos governantes,
como em relação aos cidadãos. Assertiva correta.
B) A administração pública pode ser definida objetivamente como a atividade concreta e imediata
que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamente como o
conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa
do Estado. Assertiva incorreta.
C) O direito administrativo é conceituado como o conjunto de regras e princípios aplicáveis à
estruturação e ao funcionamento das pessoas e órgãos integrantes da administração pública, às
relações entre esta e seus agentes, ao exercício da função administrativa, especialmente às relações
com os administrados, e à gestão dos bens públicos, tendo em conta a finalidade geral de bem
atender ao interesse público. Assertiva incorreta.
D) A organização do Estado refere-se a forma política e administrativa da qual o Estado se organiza. O
art. 18 da CF/88 traz em seu texto que a organização político-administrativa da República
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos entre si. Assertiva incorreta.

Gabarito: “A”

16. (VUNESP |Prefeitura de Jundiaí - SP - Procurador do Município | 2021) Assinale a alternativa correta
a respeito do direito administrativo brasileiro.
F) Excetuadas as decisões do Tribunal de Contas da União, no Brasil prevalece o princípio da
inafastabilidade da jurisdição, no qual o contencioso administrativo submete-se à decisão final do
Poder Judiciário.
G) O direito administrativo pátrio recebeu grande contribuição do sistema francês, tendo adotado
vários dos seus institutos jurídicos, exceto quanto ao contencioso administrativo.
H) A exigência de que a utilização da reclamação contra ato ou omissão da Administração Pública que
contraria súmula vinculante somente possa ser admitida após o esgotamento das vias
administrativas viola a Constituição Federal.
I) A responsabilidade civil do Estado e a presença de cláusulas exorbitantes no contrato
administrativo são exemplos de institutos constituídos no sistema jurídico do direito anglo-saxão e
adotados no Brasil por influência do direito norte-americano.
J) Como o direito brasileiro não adotou o instituto da coisa julgada administrativa, a Administração
Pública pode anular os seus próprios atos, a qualquer tempo, ainda que deles decorram efeitos
favoráveis ao administrado.

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COMENTÁRIOS:
A) Todos os atos administrativos, inclusive as decisões do Tribunal de Contas da União (que é órgão
administrativo, de modo que suas decisões são atos administrativos) estão sujeitas ao controle do
Poder Judiciário e ao princípio da inafastabilidade de jurisdição. Assertiva incorreta.
B) De fato, o direito administrativo pátrio recebeu grande contribuição do sistema francês, tendo
adotado vários dos seus institutos jurídicos, exceto quanto ao contencioso administrativo. Na
França, o órgão encarregado de decidir, em última instância, as matérias administrativas que
envolvem a Administração Pública francesa é o Conselho de Estado. Apesar de não integrar a
estrutura do Poder Judiciário, este não poderá rever as decisões proferidas pelo Conselho de
Estado, cujas decisões também são consideradas definitivas. No Brasil não existem órgãos
administrativos dotados de competências semelhantes às do Conselho de Estado Francês. Aqui,
todas as decisões provenientes dos órgãos e entidades administrativas podem ser revistas pelo
Poder Judiciário, ainda que proferidas por agências reguladoras (ANATEL, ANS, ANVISA etc.).
Assertiva correta.
C) Conforme art. 7º, §1º, da Lei nº 11.417/2006 (que regulamenta o artigo 103-A da Constituição
Federal), contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido
após esgotamento das vias administrativas. Embora alguns autores questionem a
constitucionalidade do §1º do art. 7º da Lei nº 11.417/2006, o dispositivo está em vigor e é aplicado
pelo Supremo Tribunal Federal que o considerada constitucional. Assertiva incorreta.
D) Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “Do Direito Francês, (o direito administrativo
pátrio) herdou o conceito de serviço público, a teoria dos atos administrativos com o atributo da
executoriedade, as teorias sobre responsabilidade civil do Estado, o princípio da legalidade, a
teoria dos contratos administrativos (com as cláusulas exorbitantes, o equilíbrio econômico-
financeiro, as teorias da imprevisão, do fato do príncipe e do fato da administração), as formas de
delegação da execução de serviços públicos, a ideia de que a Administração Pública se submete a
um regime jurídico de direito público, derrogatório e exorbitante do direito comum, e que abrange
o binômio autoridade/liberdade.” Assertiva incorreta.
E) A Administração Pública, embora deva anular seus atos quando ilegais, não pode, em razão do
princípio da segurança jurídica anular seus atos a qualquer tempo. Nesse sentido, determina o art.
54 da Lei nº 9.784/1999 que o direito da Administração de anular os atos administrativos de que
decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé. Assertiva incorreta.

Gabarito: “B”

17. (MS CONCURSOS |Prefeitura de São Francisco do Guaporé - RO - Controlador Interno | 2021)
Segundo ensina Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro), o Direito Administrativo
abebera-se, para sua formação, em quatro fontes principais:
E) O Código de Direito Administrativo, a Constituição da República Federativa do Brasil, a doutrina e as
decisões dos tribunais.
F) O Código de Direito Administrativo, a lei, a jurisprudência e os costumes.
G) A lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes.
H) O contrato jurídico, a Constituição Federal, o processo legislativo e a analogia.
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COMENTÁRIOS:
Segundo Hely Lopes Meirelles, o Direito Administrativo abebera-se, para sua formação, em quatro fontes
principais, a saber: a lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes.
A lei em sentido amplo, o que inclui normas constitucionais, leis ordinárias e complementares, decretos,
regulamentos e outros atos normativos;
A doutrina representa o estudo científico e sistematizado dos juristas e professores em geral sobre a
aplicabilidade e interpretação das normas administrativas. Tem a função de esclarecer e explicar o correto
conteúdo das leis, bem como influenciar a criação de novas legislações através de opiniões manifestadas em
livros especializados, artigos, pareceres etc.
A jurisprudência pode ser definida como o conjunto reiterado de decisões dos Tribunais, acerca de
determinado assunto, no mesmo sentido;
Os costumes podem ser entendidos como o conjunto de regras informais, não escritas, praticado
habitualmente no interior da Administração Pública (requisito objetivo) com a convicção generalizada de
que é obrigatório (requisito subjetivo).
Temos, então, como correta a assertiva C.
Gabarito: “C”

18. (FCC | Procurador Autárquico - MANAUSPREV | 2021) A discussão teórica sobre o conceito de Direito
Administrativo se estabeleceu, a partir do debate acadêmico europeu do Século XIX, em torno de
determinados traços distintivos da disciplina. Dentre as escolas que então se formaram, aquela que
enfatizava a importância da distinção entre “atos de império” e “atos de gestão”, para fins de
definição do campo científico jusadministrativo, é a escola
F) da gestão pública.
G) imperialista ou da supremacia administrativa.
H) do serviço público.
I) teleológica ou finalista.
J) da puissance publique ou potestade pública.

COMENTÁRIOS:
A questão trata das teorias que surgiram para definir o direito administrativo, então vamos lá:
A) Critério do Poder Executivo: inicialmente desenvolvido pela Escola Italiana, o Direito Administrativo
se restringe a estudar os atos editados pelo Poder Executivo, desconsiderando os demais poderes.
Assertiva incorreta.
B) Critério da Administração Pública: segundo esse critério, o Direito Administrativo deve ser
concebido como o conjunto de princípios que regem a Administração Pública. Também é necessário
destacar o conceito de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que define o Direito Administrativo como “o

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ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas
que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de
que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”. Assertiva incorreta.
C) Critério do serviço público: O Direito Administrativo é, nas palavras de Edmir Netto de Araújo, “o
conjunto de regras referentes ao serviço público, seja esta expressão considerada em sentido
amplo, seja no sentido estrito”. Assertiva incorreta.
D) Critério teleológico ou finalístico: pelo critério teleológico, define-se o direito administrativo como
o sistema dos princípios que regulam a atividade do Estado para o cumprimento de seus fins.
Assertiva incorreta.
E) Escola da puissance publique ou potestade pública: por essa escola há a distinção entre atos de
império e atos de gestão. No primeiro caso, o Estado atua com autoridade sobre os particulares,
com poder de império ou extroverso, por um direito exorbitante do comum; por outro lado, nos
atos de gestão, o Estado atua em posição de igualdade com os cidadãos, regendo-se pelo direito
privado. Assertiva correta.

Gabarito: “E”

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17. Resumo de véspera de prova

1. Ao direito privado incumbe disciplinar as relações jurídicas em que prevalecem os interesses dos
particulares, sem a participação direta do Estado na transação. Podemos incluir nesse ramo o Direito
Civil e o Direito Empresarial. Se o indivíduo A deseja comprar um veículo do indivíduo B, por exemplo,
a relação jurídica será regulada pelo Direito Civil, sub-ramo do direito privado.

2. Ao direito público compete regular as relações jurídicas entre Estado e particulares; entre os
órgãos públicos e seus agentes; e entre entidades estatais (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal) e/ou entidades administrativas (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
mista, fundações públicas e consórcios públicos de direito público).

4. Considera-se um dos marcos do surgimento do Direito Administrativo a instituição do Conselho


Francês, órgão máximo da jurisdição administrativa francesa, que, a partir de 1872, passou a
proferir decisões soberanas sobre questões administrativas, insuscetíveis de revisão pelo Poder
Judiciário. No Brasil, apesar de a criação dos primeiros cursos jurídicos ter ocorrido através de Lei de
11 de agosto de 1827, em São Paulo e Olinda, a cadeira de Direito Administrativo apenas se tornou
obrigatória em 1851, fato que propiciou e impulsionou o desenvolvimento científico da disciplina.

5. Dentre as contribuições do sistema francês está a existência de cláusulas exorbitantes nos


contratos administrativos; a obrigatoriedade de observância ao princípio da moralidade; a
responsabilidade civil objetiva do Estado e o conceito de Serviço Público. Nunca é demais lembrar
que, apesar da influência do Direito Francês, a coisa julgada administrativa ocorrida no âmbito da
Administração Pública brasileira pode ser revista pelo Poder Judiciário.

6. O princípio da segurança jurídica, em suas várias vertentes, encontra forte influência do direito
alemão. O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que “no direito comparado,
especialmente no direito alemão, os estudiosos se têm dedicado à necessidade de estabilização de
certas situações jurídicas, principalmente em virtude do transcurso do tempo e da boa-fé, e
distinguem os princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança. Pelo primeiro, confere-se
relevo ao aspecto objetivo do conceito, indicando-se a inafastabilidade da estabilização jurídica; pelo
segundo, o realce incide sobre o aspecto subjetivo, e neste se sublinha o sentimento do indivíduo
em relação a atos, inclusive e principalmente do Estado, dotados de presunção de legitimidade e
aparência de legalidade”.

7. Há também a teoria do órgão – criada pelo jurista alemão Otto Gierke -, a qual declara que o
Estado manifesta a sua vontade através de seus órgãos públicos, que são titularizados por agentes
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públicos. Os atos praticados pelos órgãos são imputados à pessoa jurídica a cuja estrutura estão
integrados, o que se convencionou denominar de imputação volitiva. Esta que pode ser considerada
uma consequência do princípio da impessoalidade, pois o agente público não atua em nome
próprio, mas em nome da pessoa jurídica a qual está vinculado.

8. O sistema italiano também impactou diretamente o Direito Administrativo brasileiro, pois nos
apresentou os conceitos de mérito, autarquia, entidade paraestatal, interesse público e a
tecnicidade para o estudo da disciplina.

9. O sistema common law trouxe para o Brasil o sistema de jurisdição una, mandado de segurança,
devido processo legal e mandado de injunção.

10. Conceito de Direito Administrativo:

10.1. Critério legalista ou exegético: de acordo com o critério legalista, o direito administrativo
compreende o conjunto de leis administrativas vigentes no país.

10.2. Critério do Poder Executivo: pelo critério do Poder Executivo, inicialmente desenvolvido pela
Escola Italiana, o Direito Administrativo se restringe a estudar os atos editados pelo Poder Executivo,
desconsiderando os demais poderes.

10.3. Critério do serviço público: O Direito Administrativo seria, então, nas palavras de Edmir Netto
de Araújo, “o conjunto de regras referentes ao serviço público, seja esta expressão considerada em
sentido amplo, seja no sentido estrito”.

10.4. Critério das relações jurídicas: consoante o critério das relações jurídicas, o Direito
Administrativo abrange o conjunto de normas jurídicas que regulam as relações entre a
administração pública e os administrados. Trata-se de definição criticada por boa parte dos
doutrinadores, que, embora não a considerem errada, julgam-na insuficiente para especificar esse
ramo do direito, visto que esse tipo de relação entre administração pública e particulares, também
se faz presente em outros ramos.

10.5. Critério teleológico ou finalístico: pelo critério teleológico, define-se o direito administrativo
como o sistema dos princípios que regulam a atividade do Estado para o cumprimento de seus fins.

10.6. Critério negativista ou residual: Pelo critério em análise, define-se o conceito de Direito
Administrativo por exclusão. Nesse caso, o Direito Administrativo teria por objeto todas as
atividades estatais que não fossem legislativas ou jurisdicionais.

10.7. Critério da Administração Pública: na busca de conceituação do Direito Administrativo


encontra-se o critério da Administração Pública, segundo o qual, sinteticamente, o Direito
Administrativo deve ser concebido como o conjunto de princípios que regem a Administração Pública.
Eis o critério mais explorado em provas de concursos públicos. Também é necessário destacar o
conceito de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que define o Direito Administrativo como “o ramo do
direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que

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integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que
se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”.

11. No Brasil as atividades estatais básicas estão distribuídas entre Poderes independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo, vocacionados ao desempenho,
respectivamente, das funções normativa, judicial e administrativa, estando esta última concentrada
no Executivo, o qual a exerce precipuamente, mas sem exclusividade.

12. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, função administrativa “é a função que o Estado, ou quem
lhe faça as vezes, exerce na intimidade de uma estrutura e regime hierárquicos e que no sistema
constitucional brasileiro se caracteriza pelo fato de ser desempenhada mediante comportamentos
infralegais ou, excepcionalmente, infraconstitucionais, submissos todos a controle de legalidade
pelo Poder Judiciário”.

13. A função administrativa é atividade subordinada à lei (infralegal) e que tem por objetivo a
satisfação das necessidades coletivas através de atos concretos (construção de um hospital, por
exemplo). De outro lado, a função política (ou função de governo) está pautada diretamente no
texto constitucional, caracterizando-se pela independência e discricionariedade (celebração de
tratados internacionais e decretação de intervenção federal, por exemplo).

14. Enquanto a função administrativa é exercida pela Administração Pública, a função política é
exercida pelo Governo. A função de governo é responsável pelo estabelecimento de metas,
objetivos e diretrizes que devem orientar a atividade administrativa, apresentando-se como
soberana (porque somente se subordina ao texto constitucional), de comando, coordenação,
direção e planejamento.

15. É possível afirmar que “o governo é atividade política e discricionária e tem conduta
independente, enquanto a administração é atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à
norma técnica e exercida mediante conduta hierarquizada”. Ademais, enquanto o Governo (função
de governo) é estudado no âmbito do Direito Constitucional, a Administração Pública (função
administrativa) é objeto de estudo do Direito Administrativo.

16. Em termos gerais, a União, Estados e Distrito Federal podem legislar concorrentemente sobre o
Direito Administrativo, nos termos do art. 24 da Constituição Federal de 1988. Os Municípios, em
contrapartida, possuem competência suplementar para legislar sobre a matéria, desde que sobre
assuntos de interesse local (CF/1988, art. 30, I).

17. As fontes do Direito Administrativo são as formas pelas quais a disciplina jurídica é levada ao
conhecimento dos seus destinatários. O Direito Administrativo se manifesta através da lei, sua fonte
principal, e também por meio da doutrina, jurisprudência e costumes administrativos.

18. As fontes escritas são as chamadas genericamente de lei (Constituição, Emenda Constitucional,
Lei Complementar, Lei Ordinária, Medida Provisória, entre outras), enquanto as não escritas são a
jurisprudência, os costumes, e os princípios gerais de direito.

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19. As fontes primárias, também denominadas de diretas ou principais, são aquelas que
primeiramente devem pautar as condutas administrativas, legitimando as atividades exercidas pelas
entidades, agentes e órgãos públicos. Tanto a Constituição Federal como a lei em sentido estrito
constituem fontes primárias do Direito Administrativo.

20. Em decorrência do princípio da legalidade, a lei é a mais importante de todas as fontes do direito
administrativo, apresentando-se como o único instrumento hábil a criar obrigações e deveres para
a Administração Pública e para os que com ela se relacionem juridicamente.

21. Os tratados e acordos internacionais, quando versarem sobre matérias afetas à Administração
Pública, também serão fontes do Direito Administrativo.

22. As fontes secundárias, também denominadas de indiretas, são responsáveis por auxiliar o
administrador público no exercício da atividade administrativa, porém, sempre devem ser
subordinar aos ditames da lei.

23. A jurisprudência pode ser definida como o conjunto reiterado de decisões dos Tribunais, acerca
de determinado assunto, no mesmo sentido. É importante esclarecer que várias decisões
monocráticas (proferidas por juízes singulares de primeira instância, por exemplo) sobre um mesmo
assunto, ainda que proferidas no mesmo sentido, não constituem jurisprudência. Para que
tenhamos a formação de jurisprudência é necessário que as decisões (várias) tenham sido proferidas
por um Tribunal (STF, STJ, TRF da 1ª Região, TRE/MG etc.).

24. Considerada fonte secundária do direito administrativo, a jurisprudência não tem força cogente
de uma norma criada pelo legislador, salvo no caso de súmula vinculante, cujo cumprimento é
obrigatório pela administração pública. Com a promulgação da Emenda Constitucional 45/04 o
Supremo Tribunal Federal recebeu a competência para editar súmula vinculante (CF/1988, art. 103-
A), que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante (de observância
obrigatória) em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

25. Enquanto a jurisprudência é considerada fonte secundária do Direito Administrativo, a súmula


vinculante apresenta-se como fonte primária (direta ou principal), já que produz efeitos
semelhantes ao da lei, obrigando todos os órgãos inferiores do Poder Judiciário e da Administração
Pública brasileira.

26. O costume pode ser entendido como o conjunto de regras informais, não escritas, praticado
habitualmente no interior da Administração Pública (requisito objetivo) com a convicção
generalizada de que é obrigatório (requisito subjetivo). Os costumes são considerados fontes do
Direito Administrativo porque, em várias situações, proporcionam o suprimento de lacunas ou
deficiências existentes na legislação administrativa.

27. Para fins de concursos públicos, deve ficar claro que a doutrina distingue o costume da praxe
administrativa. Enquanto aquele apresenta, cumulativamente, os requisitos objetivo (prática
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habitual e continua) e subjetivo (convicção de que se trata de conduta obrigatória), esta não possui
o requisito subjetivo. Em outras palavras, a praxe administrativa se refere às rotinas desempenhadas
no interior da Administração Pública com o propósito de facilitar e tornar mais eficiente a execução
das atividades administrativas previstas em lei.
28. A doutrina representa o estudo científico e sistematizado dos juristas e professores em geral
sobre a aplicabilidade e interpretação das normas administrativas. Tem a função de esclarecer e
explicar o correto conteúdo das leis, bem como influenciar a criação de novas legislações através de
opiniões manifestadas em livros especializados, artigos, pareceres etc. Trata-se de fonte secundária
do Direito Administrativo, bastante utilizada para suprir omissões ou deficiências legislativas que,
não raramente, apresentam alto grau de complexidade, principalmente se analisadas pelo cidadão
leigo.
29. Os princípios são postulados fundamentais universalmente reconhecidos no mundo jurídico,
sejam eles expressos ou implícitos. Também são considerados fontes do Direito Administrativo, já
que servem de fundamento e base para a criação da própria legislação administrativa.
30. Em termos gerais, afirma-se que os atos editados pela Administração Pública podem ser
submetidos a dois sistemas distintos de controle jurisdicional, variando em razão do ordenamento
jurídico sob análise: o contencioso administrativo (também chamado de sistema francês) e o
sistema judiciário ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês).
31. A principal característica do sistema denominado contencioso administrativo é a de que os
ordenamentos jurídicos que o adotam conferem a determinadas decisões administrativas a natureza
de coisa julgada oponível ao próprio Poder Judiciário. Em outras palavras, as decisões proferidas pela
jurisdição administrativa não podem ser revistas pelo Poder Judiciário, fazendo coisa julgada
material.
32. O sistema do contencioso administrativo não é adotado no Brasil.
33. Sistema de jurisdição única (ou sistema inglês): também conhecido como sistema judicial, impõe
que todos os litígios surgidos no âmbito social, de interesse da Administração Pública ou
exclusivamente de particulares, sejam solucionados pela jurisdição comum (Poder Judiciário). Trata-
se de sistema que possui forte influência inglesa e americana. No Brasil é adotado o sistema anglo-
americano de unidade de jurisdição para o controle jurisdicional da Administração Pública.
34. Em nosso ordenamento jurídico, apenas o Poder Judiciário possui a prerrogativa de proferir
decisões com força de coisa julgada material (que não pode ser alterada), por isso se fala em
jurisdição única. Nenhuma decisão proferida pela Administração Pública possui caráter definitivo em
relação aos administrados, que podem ainda provocar o judiciário com o objetivo de alterar a
decisão administrativa que não lhes tenha sido favorável.
35. A expressão regime jurídico da Administração Pública é utilizada para designar, em sentido
amplo, os regimes de direito público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração
Pública. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 173, caput, preceitua que ressalvados os casos
previstos em seu texto, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,
conforme definidos em lei.

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36. As empresas públicas (Caixa Econômica Federal e Correios, por exemplo) e as sociedades de
economia mista (Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Petrobrás etc.), que atuam na exploração de
atividades econômicas, reger-se-ão pelas mesmas regras impostas às demais empresa que atuam
em seus respectivos mercados, isto é, normas de direito privado.
37. O regime jurídico a que se sujeitam as empresas públicas e as sociedades de economia mista é
de natureza híbrida, pois, mesmo quando explorando atividades econômicas, não serão submetidas
apenas às regras de direito privado. Além de submissão às normas de direito privado, as empresas
públicas e sociedades de economia mista também estão obrigadas a observar várias sujeições
impostas pelo direito público, por isso afirmamos que tais entidades são regidas por regime jurídico
híbrido.
38. Se a entidade pública exerce atividade típica de Estado, a exemplo do poder de polícia
administrativa, segurança pública, atividade jurisdicional, entre outras, será regida pelas regras do
direito público, isto é, pelo denominado regime jurídico-administrativo.
39. O princípio da supremacia do interesse púbico sobre o privado assegura à Administração
Pública uma série de prerrogativas, que podem ser entendidas como “vantagens” ou “privilégios”
necessários para se atingir o interesse da coletividade, estabelecendo uma relação jurídica vertical,
desigual, portanto, em face dos administrados. Compreende, em face da sua desigualdade, a
possibilidade, em favor da Administração, de constituir os privados em obrigações por meio de ato
unilateral daquela. Implica, outrossim, muitas vezes, o direito de modificar, também
unilateralmente, relações já estabelecidas.
40. Se o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado assegura “privilégios”
(prerrogativas) para a Administração Pública, de outro lado, o princípio da indisponibilidade do
interesse público impõe restrições, isto é, sujeições ou limitações à atividade administrativa,
gerando a responsabilização civil, penal e administrativa dos agentes que as desrespeitarem. Dentre
tais restrições, citem-se a observância da finalidade pública, bem como os princípios da moralidade
administrativa e da legalidade, a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos administrativos e,
como decorrência dos mesmos, a sujeição à realização de concursos para seleção de pessoal e de
concorrência pública para a elaboração de acordos com particulares.

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