Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autor:
Antonio Daud
10 de Setembro de 2022
Antonio Daud
Aula 00
Índice
1) Noções Introdutórias - Básica
..............................................................................................................................................................................................3
0
Antonio Daud
Aula 00
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá amigos (as)!
Será um grande prazer poder auxiliá-los na preparação para concursos, por meio deste curso de
Direito Administrativo, na forma deste livro digital.
Este curso, como verão a seguir, é composto de teoria e centenas de questões comentadas.
O objetivo do nosso curso é apresentar as bases do direito administrativo, com grande foco nas
questões de concurso público. Nossa metodologia se baseia na abordagem textual, de forma clara
e objetiva, das disposições legais, da doutrina e jurisprudência mais relevantes e de muitas
questões de prova comentadas. Vamos reunir tudo isto em um único material, para otimizar o
tempo de estudo!
Em resumo:
Os cursos online, como o Estratégia Concursos, possibilitam uma preparação de qualidade, com
flexibilidade de horários e contato com o professor da matéria, através do fórum de dúvidas.
Além disso, os principais assuntos do nosso curso também dispõem de videoaulas, para quem
desejar iniciar os estudos pelos vídeos.
Em relação aos livros eletrônicos (PDFs), destaco que os principais temas possuirão faixas
indicativas de incidência de questões em provas:
0
Antonio Daud
Aula 00
- Resumo da aula
- Lista das questões comentadas (para o aluno poder praticar sem olhar as
respostas)
Apresentação Pessoal
Antes de explicar como vai funcionar nossa dinâmica, peço licença para apresentar-me.
0
Antonio Daud
Aula 00
Meu nome é Antonio Daud, sou natural de Uberlândia (MG) e tenho 36 anos. Sou bacharel em
Engenharia Elétrica e em Direito. Sou professor de direito administrativo e direito do trabalho no
Estratégia Concursos.
Em todas estas funções o direito administrativo consistiu em uma das principais ferramentas de
trabalho. Assim, espero fazer uso desta experiência para enriquecer nosso curso com exemplos e
casos práticos e aproximar a linguagem e a lógica do direito administrativo a cada um de vocês.
Facebook: http://www.facebook.com/professordaud
Instagram: @professordaud
Não deixe de se inscrever para receber notícias, questões e materiais exclusivos, além de
novidades sobre concursos de modo geral.
0
Antonio Daud
Aula 00
Uma regra jurídica, consoante leciona Marcelo Alexandrino1, em geral é formada por um conjunto
de hipótese e consequência lógica da ocorrência daquela hipótese. Uma vez identificada aquela
hipótese, a lei impõe concretamente a consequência. Por exemplo: ao completar determinada
idade2 (hipótese), o servidor público será compulsoriamente aposentado (consequência).
Um princípio, por outro lado, é norma jurídica que apresenta alto grau de indeterminação e
generalidade. Seu conteúdo é muito mais amplo e menos definido que o da regra.
Diante do conteúdo tão abstrato dos princípios, muitos podem pensar equivocadamente que
estamos diante de meras recomendações normativas. Ou como diz parte da doutrina, simples
“cartas de intenções”.
Os princípios, assim como as regras jurídicas, possuem força cogente. Isto é, também
devem ser obrigatoriamente observados.
1
ALEXANDRINO, Marcelo. Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 26ª ed. p. 227
2
Em regra, 75 anos.
0
Antonio Daud
Aula 00
Então, um ato administrativo, por exemplo, que atende a todas as regras jurídicas aplicáveis, mas
desrespeita o princípio da moralidade administrativa, será considerado inválido, devendo ser
objeto de declaração de nulidade.
Outro exemplo deste efeito cogente dos princípios pode ser visualizado na edição das leis por
parte das casas legislativas. Um princípio, enquanto norma jurídica, é capaz de impedir a produção
de regras jurídicas contrárias ao seu conteúdo, mesmo que desprovido de qualquer
regulamentação.
Em outro giro, reparem que a amplitude e a abstração dos princípios fazem com que eles incidam
simultaneamente a um mesmo caso concreto, gerando a colisão ou o conflito entre dois ou mais
princípios. Nesta situação, o intérprete se socorre do método da ponderação, por meio do qual é
feita uma valoração do peso de cada princípio, à luz do caso concreto.
Como nenhum dos princípios deve ser visto como um valor absoluto, nesta ponderação não há
uma hierarquia material entre os princípios. Os valores informados por cada princípio, a priori, são
igualmente importantes, devendo ser ponderados à luz do caso concreto. A depender das
circunstâncias de cada situação, um princípio irá prevalecer sobre outro, mas não se pode afirmar,
de antemão, que aquele princípio prevalecerá em toda e qualquer situação.
0
Antonio Daud
Aula 00
Por exemplo: é possível que o princípio da legalidade deixe de prevalecer sobre o princípio
da segurança jurídica. É exatamente o que ocorre na chamada teoria do funcionário de
fato ou com a decadência e prescrição. Nestas situações, um ato ilegal é preservado e
continuará a produzir efeitos, em razão da necessidade de estabilizar as relações jurídicas.
Percebam que, nestas situações, a ponderação resultou em maior valoração do princípio
da segurança jurídica, o que poderá não ocorrer em outras situações.
Como não há hierarquia ou prevalência absoluta de um princípio sobre outro, a questão abaixo
está incorreta:
Como veremos a seguir, alguns destes princípios encontram-se expressos (ou explícitos) no texto
constitucional, enquanto outros são inferidos pela doutrina, a partir da análise sistemática da
Constituição Federal (denominados princípios implícitos ou reconhecidos). Apesar desta diferença
textual (implícitos x expressos), ambos possuem a mesma relevância jurídica.
Além disso, conforme iremos comentar adiante, vários dos princípios implícitos na Constituição
Federal foram posteriormente explicitados nos diplomas infralegais, como é o caso do princípio
da segurança jurídica, previsto expressamente no art. 2º da Lei 9.784/1999.
0
Antonio Daud
Aula 00
Agora sim! =) Tecidas estas primeiras considerações, vamos passar a estudar individualmente os
princípios mais importantes para o direito administrativo, iniciando por aqueles explicitados no
texto constitucional.
0
Antonio Daud
Aula 00
PRINCÍPIOS EXPRESSOS
Neste tópico iremos trabalhar os cinco princípios fundamentais ou básicos, previstos no caput do
art. 37 da CF, o famoso L-I-M-P-E:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência e, também, ao seguinte: (..)
Legalidade
Impessoalidade
direta e indireta de qualquer
Administração dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e
Moralidade
Pública
dos Municípios
Publicidade
Eficiência
A partir da questão abaixo, vejam que o rol de princípios expressos no texto constitucional (o L-I-
M-P-E) ainda cai em prova:
0
Antonio Daud
Aula 00
A partir do caput do art. 37 acima, notem o enorme campo de incidência destes princípios, pois
devem ser observados:
são os
princípios
expressos na
CF
admin. direta
e indireta, todos os
inclusive L-I-M-P-E Poderes
estatais
todas as
esferas de
governo
0
Antonio Daud
Aula 00
Princípio da Legalidade
INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA
O princípio da legalidade está intimamente ligado à ideia do Estado de Direito. Todos estão
submetidos ao império da lei:
CF, art. 5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
A lei reina para todos, sejam particulares, seja a administração pública. No entanto, o princípio da
legalidade terá significados bastante diferentes nestas duas situações.
Para os particulares, o princípio da legalidade significa que é lícito fazer tudo aquilo que a lei não
vedar. Assim, no mundo privado, as partes são autônomas e livres para agir, desde que não exista
proibição legal.
Por outro lado, a administração pública, por força do princípio da legalidade, só poderá agir
quando houver determinação ou, pelo menos, autorização legal. Ausente a previsão legal, não
será possível a atuação administrativa.
Vejam, portanto, que, no meio administrativo, a legalidade possui conteúdo muito mais restritivo
do no âmbito privado.
0
Antonio Daud
Aula 00
Esta comparação, entre o conteúdo da legalidade nos setores público e privado, foi cobrada na
questão abaixo:
A lei condiciona a ação estatal, seja determinando que a administração pública tome uma
providência (atuação vinculada), seja a autorizando a agir (atuação discricionária).
A razão disto é bastante simples! Sabemos que o fim último da atuação estatal consiste em atender
aos anseios e necessidades da coletividade, do povo. Nesse sentido, o povo, por meio de seus
representantes democraticamente eleitos, produz as leis, as quais pautam a atuação estatal, no
sentido de concretizar a vontade popular.
Por este motivo, dizemos que a administração pública somente poderá agir segundo a lei
(secundum legem), nunca de forma contrária à lei (contra legem) ou além da lei (praeter legem).
Estamos falando em “lei”, mas devemos considerar o termo “lei” em sentido amplo, englobando
o texto constitucional, os atos normativos primários1 (leis ordinárias, complementares, delegadas,
medidas provisórias etc), além dos atos normativos infralegais.
Dessa forma, ao emitir um ato administrativo, o agente deve observar, não apenas a lei, mas os
princípios, os decretos regulamentares e os atos normativos emitidos pela própria Administração
Pública, como Resoluções, Portarias, Instruções Normativas, Ordens de serviço etc.
Como se percebe, apesar de alguns destes diplomas normativos não terem sido emitidos
diretamente pelos representantes do povo, eles também devem ser seguidos pelo administrador
público, pois, em geral, se prestam a permitir a fiel execução da lei, regulamentando-a.
1
Atos normativos que buscam seu fundamento de validade diretamente no texto constitucional.
0
Antonio Daud
Aula 00
Parte da doutrina defende que, além de simplesmente seguir a lei, o administrador público deve
obedecer à ordem jurídica como um todo, cunhando-se o princípio da juridicidade administrativa,
com acepção mais ampla que o princípio da legalidade administrativa.
Nesta acepção, a juridicidade seria uma ampliação da legalidade, impondo que a Administração
siga o Direito como um todo, não se limitando à mera observância das regras previstas na
literalidade da lei. Na juridicidade, a atuação administrativa submete-se também aos princípios
extraídos do ordenamento jurídico. Reparem que esta ideia acaba por reduzir ainda mais a
discricionariedade do administrador, já que ele passaria a seguir o ordenamento jurídico como um
todo.
Princ. da
Administração deve seguir a lei
Legalidade
----
Antes de encerrar este tópico, é importante destacarmos três exceções ao princípio da legalidade,
a saber:
0
Antonio Daud
Aula 00
As medidas provisórias consistem em atos praticados pelo chefe do Poder Executivo, em situações
de relevância e urgência (CF, art. 62). Muito embora possuam força de lei (temporariamente) e até
possam ser convertidas em lei (pelo Poder Legislativo), a MP não é uma lei propriamente dita.
Nesse sentido, parte da doutrina chega a incluí-las como exceção ao princípio da legalidade.
O estado de defesa, por sua vez, é medida que pode ser decretada pelo Presidente da República,
ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, com a finalidade de
“preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou
a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por
calamidades de grandes proporções na natureza” (CF, art. 136). Como o estado de defesa, que é
estabelecido mediante decreto, acaba por restringir determinados direitos sem a necessidade de
uma lei, também é incluído como exceção ao princípio da legalidade.
Por fim, o estado de sítio também poderá ser decretado pelo Presidente da República, ouvidos o
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. É medida ainda mais gravosa que o
estado de defesa, exigindo-se até mesmo autorização do Congresso Nacional. De qualquer
maneira, como também restringe direitos sem uma lei, o estado de sítio é incluído como exceção
ao princípio da legalidade.
Cebraspe/IBAMA
De acordo com a CF, a medida provisória, o estado de defesa e o estado de sítio constituem exceção ao
princípio da legalidade na administração pública.
Gabarito (C), com fundamento nos artigos 62 e 136-139 da CF, comentados acima.
Princípio da Impessoalidade
INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA
0
Antonio Daud
Aula 00
Princípio da finalidade
Esta é a noção clássica do princípio da impessoalidade, definida por Hely Lopes Meirelles2 como
sendo a imposição ao administrador público
que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma
de Direito indica expressamente ou virtualmente como objetivo do ato, de forma
impessoal.
Assim, na atuação administrativa não se deve buscar o interesse próprio ou de terceiros, mas
apenas a finalidade pública.
Este mandamento, portanto, proíbe favoritismos ou perseguições por parte do gestor público.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello3:
se traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem
discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismo nem perseguições são
toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideologias não podem
interferir na atuação administrativa e muito menos interesses sectários, de facções ou
grupos de qualquer espécie.
Assim, é fácil perceber que o princípio da finalidade se entrelaça com o princípio da isonomia (ou
da igualdade), na medida em que a Administração deve assegurar tratamento igualitário a todos
que se encontrem na mesma situação (sem favorecimentos ou perseguições).
2
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 35ª edição, p. 93.
3
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26ª edição. Ed. Malheiros. P. 114.
0
Antonio Daud
Aula 00
Em razão desta proximidade de valores, muitos chegam a dizer que a isonomia constitui um
terceiro sentido do princípio da impessoalidade.
Caso um ato seja praticado com finalidade diversa do interesse público, previsto no ordenamento
jurídico, buscando-se satisfazer um interesse pessoal do agente público, o ato será nulo, já que foi
praticado com desvio de finalidade.
Exemplo disto é a remoção de servidor para outra localidade do país com finalidade punitiva.
Ainda que a localidade de destino esteja com quadro de servidores em situação de carência, o
ato seria inválido, por desvio de finalidade.
----
Vejam, por exemplo, a concessão de licença para habilitação e a concessão de porte de arma de
fogo, em que há um claro interesse privado, até maior do que o interesse público, o que não
impede o atendimento do pleito privado, caso atendidos os requisitos legais.
Outro exemplo pode ser observado quando a administração pública contrata uma empresa para
lhe fornecer móveis: ambas as partes desejam transacionar o bem, uma vendendo e a outra
adquirindo-o. Portanto, nem sempre os interesses público e privado são antagônicos.
----
Lei 9.784/1999, art. 2º, parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados,
entre outros, os critérios de: (..)
0
Antonio Daud
Aula 00
Ao mencionar, no inciso III acima, a vedação à promoção pessoal, passemos à segunda dimensão
do princípio da impessoalidade.
Consoante menciona José dos Santos Carvalho Filho5, impessoal é aquilo que não pertence a uma
pessoa em especial.
Por exemplo: as obras efetuadas pelo município X, para construção de creches, não podem ser
divulgadas como sendo realizações do Prefeito Joãozinho ou do partido PTO6. No anúncio oficial
da obra, não poderá, portanto, constar nomes dos agentes públicos responsáveis pela obra,
tampouco símbolos ou imagens que pudessem identificá-los ou associá-lo às obras.
CF, art. 37, § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.
4
ALEXANDRINO, Marcelo. Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 25ª ed. p. 243
5
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 20
6
STF RE 191.668/RS, rel. Min. Mezes Direito, DJe 29/1/2010
0
Antonio Daud
Aula 00
A respeito destas duas acepções do princípio da impessoalidade, Maria Sylvia Zanella Di Pietro7
leciona que o primeiro sentido consiste em observar a impessoalidade em relação aos
administrados, uma vez que norteia a finalidade da atuação administrativa em relação a eles.
Este último sentido consiste na teoria da imputação, segundo a qual os atos dos funcionários
públicos não devem ser imputados aos próprios funcionários que os praticam, mas à entidade e,
por assim dizer, ao órgão da administração pública ao qual estão vinculados.
Para fins de prova, é importante tratarmos de exemplos de regras jurídicas que materializam o
princípio da impessoalidade.
CF, art. 37, II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia
em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
7
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. P. 3227
0
Antonio Daud
Aula 00
É princípio orientador das atividades desenvolvidas pela Administração pública, seja por intermédio da
Administração direta, seja pela Administração indireta, sob pena de irresignação judicial, a impessoalidade,
tanto na admissão de pessoal, sujeita à exigência de prévio concurso público de provas ou de provas e títulos
para preenchimento de cargos, empregos públicos, quanto na prestação dos serviços em geral pela
Administração pública, vedado qualquer direcionamento.
Gabarito (C)
2) Outro exemplo digno de nota são os institutos do impedimento e suspeição, os quais visam a
afastar o conflito de interesses nas decisões administrativas e, assim, preservar sua objetividade.
Tais regras foram positivadas, no âmbito federal, por meio da Lei 9.784/1999:
(..)
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima
ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges,
companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
3) O sistema de precatórios, previsto no art. 100 da Constituição Federal, também visa a dar
concretude ao princípio da impessoalidade. Toda vez que se falar em ‘precatório’, mentalize a
imagem de uma fila!
Esta resposta é dada pelo sistema de precatórios, que organiza uma fila. Em geral, quem entrou
primeiro na fila, recebe primeiro, assim ocorrerá com os precatórios.
0
Antonio Daud
Aula 00
Como o sistema dos precatórios evita que uma pessoa seja indevidamente favorecida e receba
antes que outras, que aguardam há mais tempo, podemos perceber que ele concretiza o princípio
da impessoalidade.
Concurso público
Licitação pública
Antes de partir para o próximo princípio, vamos sintetizar os principais aspectos quanto à
impessoalidade:
0
Antonio Daud
Aula 00
Princípio da Moralidade
INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA
Lei 9.784/1999, art. 2º, parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados,
entre outros, os critérios de: (..)
==0==
Para atuar em consonância com a moral administrativa, não basta ao agente cumprir
formalmente a lei, aplicá-la em sua mera literalidade. É necessário que se atenda à letra e
ao espírito da lei, que ao legal junte-se o ético (não mais se tolera a velha e distorcida ideia
de que o agente público poderia dedicar-se a procurar "brechas" na lei, no intuito de burlar
os controles incidentes sobre a sua atuação e, dessa forma, promover interesses espúrios).
Por essa razão, é acertado asseverar que o princípio da moralidade complementa ou toma
mais efetivo, materialmente, o princípio da legalidade.
8
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 27ª edição, p. 90.
9
ALEXANDRINO, Marcelo. Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 25ª ed. p. 237
0
Antonio Daud
Aula 00
moralidade, um ato administrativo imoral é inválido e deve ser declarado nulo. Assim, pode-se
afirmar que a moral administrativa é uma condição de validade da atuação estatal.
Em síntese:
Jurídica
Noção Objetiva
Moral administrativa
Quando se fala em moralidade administrativa, temos que nos lembrar do dever de probidade10,
aplicável a todo agente público. Tal dever, caso descumprido, resulta nos chamados atos de
improbidade administrativa, os quais sujeitam o infrator a diversas penalidades legais, nos termos
do art. 37, §4º, da Constituição Federal, sintetizado da seguinte forma:
atos de
indisponibilidade dos
Improbidade importarão
bens
administrativa
ressarcimento ao erário
10
Probidade é qualidade de quem é probo. Tem sentido de integridade, honestidade.
0
Antonio Daud
Aula 00
----
CF, art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que
atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: (..)
V - a probidade na administração;
Veja, portanto, a importância que o próprio constituinte conferiu à moralidade, ao prever diversos
institutos relacionados à honestidade e probidade no trato da coisa pública.
Neste sentido, a Constituição prevê instrumentos para que os cidadãos sejam capazes de verificar
e exigir moralidade na atuação administrativa. A este respeito, destaco, especialmente, a ação
popular, uma garantia constitucional que legitima o cidadão a provocar o controle de legalidade
e legitimidade dos atos administrativos por parte do Poder Judiciário, especialmente no tocante
à moralidade:
CF, art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Em tese, se alguém é designado para ocupar um cargo puramente em razão dos laços de
parentesco que possui com uma autoridade pública, há uma ofensa aos princípios da moralidade,
da impessoalidade e da eficiência, previstos constitucionalmente.
Nesse sentido, foi editada pelo STF a Súmula Vinculante 13, que consolida a proibição à prática
do nepotismo:
0
Antonio Daud
Aula 00
✓ alcança todos os Poderes e todas as esferas de governo, seja municipal, federal, estadual ou distrital
✓ estende-se pela administração direta e por toda a administração indireta
✓ têm como objeto as nomeações para cargos em comissão (CC), bem como as designações para
funções de confiança (FC)
✓ os laços de parentesco vão até o 3º grau da autoridade/servidor nomeante
✓ abrange o nepotismo cruzado (ou transverso), resultante de designações recíprocas
✓ não exige a edição de lei formal para coibir a prática11 (a vedação decorre diretamente dos princípios
constitucionais)
Há, no entanto, situações excepcionais, que não são alcanças pela vedação constante da Súmula
Vinculante nº 13.
Uma delas é a nomeação para cargos políticos12, a exemplo dos cargos de Secretários Estaduais
ou Municipais.
11
A exemplo da ADC 12, rel. min. Ayres Britto, P, j. 20-8-2008, DJE 237 de 18-12-2008; do RE 579.951,
rel. min. Ricardo Lewandowski, voto do min. Ayres Britto, P, j. 20-8-2008, DJE 202 de 24-10-2008.
12
STF Recl 6650, rel. Min. Ellen Gracie. Informativo STF 524
0
Antonio Daud
Aula 00
Estado. Por outro lado, o mesmo Governador não poderia nomear seu filho como seu
assessor, já que tratar-se-ia de cargo com simples natureza administrativa.
Além disso, deve restar claro que a nomeação do parente para cargo político se deu em razão de
suas qualidades técnicas, não se constituindo em utilização da natureza política do cargo para se
fraudar a lei, tampouco sendo mera troca de favores13.
Nesse sentido, vale lembrar que o STF já entendeu14 que o cargo de conselheiro do Tribunal de
Contas não possui natureza política, revestindo-se de natureza administrativa, não se admitindo a
nomeação de um parente próximo da autoridade nomeante (por exemplo, nomeação do irmão
do governador para conselheiro do tribunal de contas estadual).
Reparem que, neste último caso, o fundamento para a nomeação é a aprovação em concurso
público, o que acaba tornando impessoal o provimento do cargo.
13
STF. Recl 7590, redator Min. Gilmar Mendes. 21/3/2019
14
Rcl 6.702 AgR-MC, rel. min. Ricardo Lewandowski, DJE de 30/4/2009
0
Antonio Daud
Aula 00
Princípio da Publicidade
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA
O princípio da publicidade exige a ampla divulgação dos atos praticados pela administração
pública, tornando-os transparentes aos administrados, à exceção das hipóteses de sigilo previstas
em lei.
A partir da divulgação oficial do ato, tem início o cômputo dos prazos e o ato começa a produzir
efeitos externos. Além disso, é com a devida transparência que se viabiliza o controle da conduta
dos administradores.
0
Antonio Daud
Aula 00
E, nesse sentido, a doutrina mais moderna tem entendido que a publicação é requisito de eficácia
dos atos administrativos (e não requisito de validade)15. Ou seja, segundo tal entendimento, e
sendo obrigatória sua divulgação oficial, um ato que não tenha sido publicado, é considerado
válido, tão-somente deixa de produzir efeitos perante terceiros. Tal falha poderia ser suprida
mediante a posterior divulgação oficial do ato.
Em sentido contrário, temos Marcelo Alexandrino16 e José dos Santos Carvalho Filho17, segundo
os quais tal ato somente se aperfeiçoaria com sua publicação. De acordo com esta corrente, o ato
somente é considerado perfeito (concluído) quando ocorrer sua publicação.
A par desta controvérsia, é importante saber que a publicidade não é mandamento absoluto. Há
casos excepcionais em que a lei poderá estabelecer o sigilo dos atos administrativos. Tal
possibilidade decorre das seguintes autorizações constitucionais:
CF, art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado;
Portanto, nas situações em que o agente público obtém, em razão do seu ofício, informação
sigilosa, ele passa a ter o dever de manter o sigilo desta informação.
Regra:
transparência
Princ. da segurança da sociedade e do
Publicidade Estado
Exceções
(sigilo)
intimidade ou interesse
social
15
Segundo Miguel Reale, na análise de um fato jurídico devem ser considerados três planos: plano da
existência, da validade e o plano da eficácia (produção de efeitos).
16
ALEXANDRINO, Marcelo. Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 25ª ed. p. 245
17
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 27
0
Antonio Daud
Aula 00
Enquanto a publicação consiste na divulgação dos atos por meio da imprensa oficial (diário oficial,
boletim interno etc), a publicidade é conceito muito mais amplo.
Como regra geral, deve-se publicar no diário oficial um aviso da licitação, contendo um resumo
do edital (Lei 8.666/1993, art. 21, caput).
PUBLICIDADE ≠ PUBLICAÇÃO
Como tal publicação deve ocorrer de forma resumida (e não integral), a questão abaixo está
incorreta:
0
Antonio Daud
Aula 00
Princípio da Eficiência
INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA
O princípio da eficiência foi alçado ao texto constitucional por meio da Emenda Constitucional
19/1998, buscando-se marcar a implantação do modelo de administração gerencial no setor
público.
Hely Lopes Meirelles18 ensina que o princípio da eficiência exige presteza, perfeição e rendimento
funcional da atividade administrativa.
O princípio demonstra que já não mais se contenta com a função administrativa desempenhada
‘apenas’ de forma a atender a lei, exigindo-se resultados positivos para o serviço público e
satisfatório atendimento das necessidades da comunidade, ainda que tais resultados não sejam
puramente econômicos (lucro).
Segundo Carvalho Filho19, o núcleo do princípio da eficiência é a busca pela produtividade, pela
economicidade e pela redução dos desperdícios de dinheiro público. Neste princípio devem ser
considerados, ainda, aspectos como qualidade da prestação de serviços aos administrados,
celeridade, presteza e desburocratização.
Podemos dizer que a administração pública gerencial se difere da administração burocrática por
introduzir a dimensão de resultados da atuação administrativa, em que se devem avaliar os
benefícios e os custos da ação estatal.
Avançando um pouco mais, sabemos que a busca pela eficiência não pode servir de pretexto para
violar o princípio da legalidade.
O exemplo clássico é o gestor que contrata uma empresa diretamente (sem licitação), fora das
hipóteses legais de dispensa ou de inexigibilidade de licitação. Ao ser questionado, ele alega que
descumpriu a legislação porque a contratação direta seria mais célere (eficiente).
18
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 35ª edição, p. 98.
19
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 31
0
Antonio Daud
Aula 00
Percebam que esta alegação não tem validade. A atuação eficiente deve ocorrer dentro dos limites
da lei, optando-se pela solução mais eficiente, dentre aquelas legalmente aceitas.
----
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da eficiência pode ser encarado em duas
dimensões:
no modo de organizar
da qual exige-se a maior racionalidade
a administração
possível
pública
Vale frisar que a eficiência é condição de validade da atuação administrativa, de sorte que um ato
administrativo comprovadamente ineficiente é nulo, devendo ser declarado como tal pela
administração pública.
Carvalho Filho20, por exemplo, entende que o Poder Judiciário não pode invocar exclusivamente
o princípio da eficiência para invalidar um ato administrativo. Já Lucas Rocha Furtado 21 entende
que o princípio da eficiência não deve possuir status diferenciado, devendo também ser suscetível
de controle judicial.
20
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 33
21
FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. 5ª ed. Fórum. P. 101
0
Antonio Daud
Aula 00
1) Uma delas é a própria avaliação de desempenho dos servidores públicos, como condição
para a aquisição de estabilidade:
CF, art. 41, § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação
especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.
2) Outro caso, também decorrente da EC 19/98, consiste nos contratos de gestão, que têm
como pressuposto a redução dos controles das atividades-meio, e o aumento dos controles
finalísticos (resultados institucionais):
3) Podemos citar, ainda, as possibilidades de participação dos usuários dos serviços públicos
na administração direta e indireta:
Em março de 2021, a partir da EC 109/2021, o princípio da eficiência ganhou ainda mais prestígio
no nosso ordenamento jurídico, com a inserção do §16 ao art. 37 da CF:
Em outras palavras, uma política pública (como de vacinação de idosos, por exemplo) deve ser
avaliada não apenas com base no valor gasto, mas também em termos de resultados alcançados.
0
Antonio Daud
Aula 00
HORA DO
INTERVALO!
0
Antonio Daud
Aula 00
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
Além dos cinco princípios comentados no tópico anterior, expressos na Constituição Federal, a
doutrina reconhece a existência de princípios implícitos. Em razão desta situação, Carvalho Filho
os denomina princípios reconhecidos.
Iremos iniciar os comentários pelos princípios da supremacia do interesse público sobre o privado
e da indisponibilidade do interesse público. Estes dois princípios fundamentam o regime jurídico-
administrativo brasileiro, de sorte que todos os demais princípios decorrem deles.
Adiante!
Notem que, caso estivéssemos diante de uma relação-jurídica entre dois particulares, não seria
admissível que um deles possuísse tais prerrogativas, já que na relação particular-particular vigora
a igualdade entre as partes (horizontalidade).
Carvalho Filho2 pontua que é o primado do interesse público, em que os direitos individuais não
podem ser equiparados aos direitos sociais: o indivíduo deve ser visto como parte integrante de
uma sociedade.
1
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 35ª edição, p. 105.
2
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 34
0
Antonio Daud
Aula 00
A supremacia da atuação estatal representa um meio para o alcance das finalidades legalmente
atribuídas ao Estado. Portanto, se, por um lado, o ordenamento jurídico atribui ao Estado o dever
de prover bem-estar à coletividade, como, por exemplo, educação, saúde e segurança pública,
por outro, o mesmo ordenamento confere instrumentos jurídicos para se aumentarem as chances
de a Administração efetivamente atingir tais objetivos.
Notem, ainda, que a prevalência do interesse público sobre o privado pressupõe a atuação
administrativa de acordo com a lei.
Se a lei não conferir instrumentos de superioridade à administração pública, o gestor público não
poderia invocar o princípio da supremacia do interesse público. Deve haver fundamento legal.
CEBRASPE/TC-DF – Analista – TI
O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é um dos pilares do regime jurídico
administrativo e autoriza a administração pública a impor, mesmo sem previsão no ordenamento jurídico,
restrições aos direitos dos particulares em caso de conflito com os interesses de toda a coletividade.
Gabarito (E)
Em todos estes exemplos há manifestação do poder extroverso do Estado. Por exemplo, uma
destas cláusulas exorbitantes consiste na possibilidade de rescisão unilateral de um contrato
administrativo por parte da administração pública (Lei 8.666/1993, art. 79, I).
3
Podemos dizer que são cláusulas que exorbitam de um contrato privado e, portanto, denotam a
condição de superioridade da administração pública.
0
Antonio Daud
Aula 00
Marcelo Alexandrino4 leciona que os interesses públicos primários consistem nos interesses diretos
da coletividade, do povo, como aqueles que fundamentam a prestação dos serviços de saúde.
Por outro lado, os interesses secundários são os interesses diretos do Estado, enquanto titular de
direitos e obrigações, em geral de cunho patrimonial. É, por exemplo, o programa de
regularização de débitos tributários (Refis).
Interesses da
Primário
Interesse coletividade
público Interesses meramente
Secundário
estatais (patrimoniais)
Lembrem-se que “dispor” de algo significa dar a destinação que se desejar. Por exemplo: o
proprietário dispôs do seu veículo, transferindo-o ao seu irmão, doando a um amigo ou a quem
bem entender.
4
ALEXANDRINO, Marcelo. Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 25ª ed. p. 232-233
5
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 2018. 33ª ed. p. 69
0
Antonio Daud
Aula 00
Para que fique bem clara esta distinção, tomem o seguinte exemplo.
Di Pietro6 cita uma série de exemplos de manifestação deste princípio: autoridade não pode
renunciar ao exercício das competências que lhe são outorgadas por lei; não pode deixar de punir
quando constatar a prática de ilícito administrativo; não pode fazer liberalidade com o dinheiro
público.
Trata-se de princípios implícitos no texto constitucional, com sede no princípio do devido processo
legal (CF, art. 5º, LIV).
6
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. P. 3209
0
Antonio Daud
Aula 00
A doutrina e a jurisprudência se referem a eles como sendo o aspecto material (ou substantivo) do
devido processo legal (substantive due processo of law), contrapondo-se às garantias processuais,
as quais constituem o lado formal (ou adjetivo) do devido processo legal.
Além disso, eles estão expressamente previstos no art. 2º da Lei 9.784/1999, que regula o
processo administrativo na esfera federal.
Assim, imaginem que o servidor chega 1 hora atrasado na repartição pública, sendo punido com
a penalidade de advertência (Lei 8.112/1990, art. 129). Na semana seguinte, o mesmo servidor
chega novamente atrasado e, apesar de não resultar quaisquer prejuízos ao erário ou a terceiros,
é novamente punido, com suspensão de 90 dias.
Outra pergunta:
Qual critério deve utilizar o gestor público para avaliar se a solução é absurda?
Nos atos administrativos discricionários, a lei confere uma margem de liberdade para a atuação
aos administradores públicos. Tal liberdade não é ampla, devendo ser exercida nas condições e
limites previstos em lei. Um destes limites é a razoabilidade e a proporcionalidade.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro sintetiza este aspecto ao mencionar que a decisão discricionária será
ilegítima, apesar de não transgredir nenhuma norma concreta e expressa, se é irrazoável.
7
FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. 5ª ed. Fórum. P. 101-102
0
Antonio Daud
Aula 00
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello e Lucas Rocha Furtado, a razoabilidade se
destina a auxiliar o intérprete do direito administrativo a descartar soluções absurdas, bizarras,
desarrazoadas.
É fácil perceber que se busca controlar o excesso de poder na atuação estatal. Nesta acepção, a
proporcionalidade pode ser chamada também de “princípio da proibição do excesso”.
➢ Necessidade: deve-se avaliar se a restrição imposta é, de fato, necessária à solução. Se houver outro
meio menos gravoso, a administração deveria adotá-lo.
8
FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. 5ª ed. Fórum. P. 103
9
Op. Cit. P. 104
0
Antonio Daud
Aula 00
➢ Adequação: o ato deve ser adequado para atingir seus objetivos. Se não houver pertinência entre a
restrição imposta e a solução almejada, o ato é desproporcional.
➢ Proporcionalidade (em sentido estrito): deve haver mais benefícios do que desvantagens naquela
atuação, sob pena de ser considerada desproporcional.
Antes de encerrar, friso que estamos diante de um requisito de validade do ato, de sorte que é
nulo (e não apenas inconveniente) o ato desarrazoado ou desproporcional.
Este princípio fundamenta, por exemplo, e encampação de serviço público e a ocupação provisória
das instalações da empresa contratada, quando o serviço for essencial.
0
Antonio Daud
Aula 00
Princípio da Motivação
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA
Além de implícito no texto constitucional, há diversas passagens na nossa legislação que exigem
expressamente a motivação das decisões.
Um destes casos são as decisões administrativas dos tribunais do Poder Judiciário e do Ministério
Público10:
CF, art. 93, X. as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
A mesma lei legal elencou as situações em que se exige a motivação dos atos, em seu art. 50. De
toda forma, fazendo uma interpretação a contrario sensu desta lista do art. 50, é possível perceber
a existência de atos que dispensam motivação, a exemplo da nomeação para um cargo em
comissão (ad nutum).
Princípio da Especialidade
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA
A principal característica destas entidades é que elas devem perseguir os objetivos legalmente
especificados, não devendo haver um distanciamento entre sua atuação e as finalidades
específicas que nortearam sua criação.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro registra que nem mesmo o órgão máximo destas entidades, como
uma assembleia geral de acionistas ou uma diretoria colegiada, detém competência para alterar
10
CF, art. 129, § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93
11
No caso das sociedades de economia mista e empresas públicas exploradoras de atividade econômica.
0
Antonio Daud
Aula 00
os objetivos específicos de sua atuação. Trata-se de assunto reservado à lei, em relação ao qual
os agentes públicos não podem dispor.
A especialidade é decorrência lógica dos princípios da legalidade (as entidades devem perseguir
os objetivos previstos em lei) e da indisponibilidade do interesse público (as entidades cuidam de
interesses da sociedade, não de seus agentes).
Assim, por meio da tutela, busca-se assegurar conformidade entre a atuação das entidades da
administração indireta, vinculadas à administração direta, e os objetivos especificados em lei.
Reparem que este controle não é ilimitado. As entidades da administração indireta possuem
autonomia administrativa e financeira, de sorte que o controle se limita às finalidades da sua
atuação.
Princípio da Autotutela
INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA
A autotutela representa o controle que a administração exerce sobre os próprios atos. As súmulas
do STF abaixo bem sintetizam o princípio em tela:
SUM-473
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
SUM-346
Como se sabe, o Brasil adotou o sistema da jurisdição única, em que lei não poderá afastar do
Poder Judiciário ameaça de lesão a direito (CF, art. 5º, XXXV). No entanto, é possível à
0
Antonio Daud
Aula 00
administração pública exercer o controle dos seus próprios atos, tanto em relação à legalidade
quanto ao mérito (conveniência e oportunidade) do ato.
O princípio da autotutela é um dos mais cobrados em prova. Exemplo disto é a questão abaixo:
Secretário de justiça e direitos humanos de determinado estado da Federação que publicar uma portaria e,
na semana seguinte, revogá-la, em nova publicação, terá praticado ato revogatório com base no princípio da
autotutela.
Gabarito (C)
A atuação administrativa está sujeita a erros, assim, a autotutela confere oportunidade de a própria
administração pública revisitar seus atos administrativos, promovendo-se a devida correção, seja
por meio (i) da anulação dos atos ilegais ou (ii) da revogação dos atos inconvenientes ou
inoportunos.
O desfazimento dos atos administrativos pela própria administração (autotutela) pode se dar por
meio do controle de legalidade destes atos ou do controle do seu mérito.
Se, no entanto, o ato é legal, mas mostrou-se inconveniente ou inoportuno, o órgão que praticou
o ato poderá promover sua revogação, exercendo o controle de mérito.
A diferença entre o controle de legalidade e o controle de mérito pode ser sintetizada no quadro
abaixo:
0
Antonio Daud
Aula 00
Anulação Revogação
Percebam, ainda, que a administração pública detém competência para realizar ambas as
atribuições mesmo sem provocação, diferentemente do Poder Judiciário. Em outras palavras, a
administração pública pode realizar de ofício o controle de legalidade e de mérito de seus atos.
Em relação ao controle de legalidade dos atos (que resulta na sua anulação), anotem mais estas
duas observações importantes.
Primeiramente, apesar da literalidade da SUM-473 do STF (que afirma que a administração ‘pode’
anular seus próprios atos), reparem que não se trata de mera faculdade do gestor. A invalidação
do ato ilegal reveste-se de verdadeiro dever legal, de onde se fala em poder-dever de anulação.
Por exemplo: uma empresa que se sentiu prejudicada em licitação do Ministério do Trabalho ajuíza
um mandado de segurança e provoca o controle daquele ato pelo Poder Judiciário. Trata-se do
exercício típico da função judicial (ou jurisdicional) e não da autotutela.
Esta situação não se confunde com o Poder Judiciário exercendo, de modo atípico, a função
administrativa. Por exemplo: o Tribunal de Justiça de Minas Gerais decide anular seu próprio edital
de licitação para aquisição de togas para os magistrados. Ao exercer o controle de seus próprios
atos administrativos, atipicamente, o Judiciário se reveste da autotutela, podendo igualmente
revogá-los ou anulá-los por meio.
0
Antonio Daud
Aula 00
Outro limite para o exercício da autotutela consiste no princípio da segurança jurídica. Mais
adiante veremos que, em certas ocasiões, a administração estará impedida de anular um ato
jurídico inválido, em prol da estabilidade das relações jurídicas. É o que ocorre, por exemplo, com
a chamada decadência.
0
Antonio Daud
Aula 00
Por fim, destaco lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro12, segundo a qual a autotutela também é
observada quando a administração pública atua no sentido de zelar pelos bens (veículos, edifícios,
computadores etc) que integram seu patrimônio, impedindo atos que coloquem em risco a
conservação destes bens.
CF, art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
Assim, também nos conflitos dirimidos por meio de processos administrativos, devem ser
garantidos às partes o direito ao contraditório e à ampla defesa.
Por exemplo: se a conduta de determinado servidor público está sendo avaliada por meio
de processo administrativo disciplinar (PAD), este deverá ser ouvido e se manifestar
naquele processo, antes de sofrer qualquer sanção. Nesta manifestação, o servidor
poderia, por exemplo, juntar provas e documentos e apresentar “sua versão” a respeito
do caso.
Consoante leciona Maria Sylvia Zanella Di Pietro, este princípio abrange dois aspectos: (i)
presunção de verdade dos fatos e (ii) presunção de legalidade, isto é, de que o ato foi praticado
com observância das normas legais pertinentes.
12
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. P. 3286
13
Lei 9.784/1999, art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.
0
Antonio Daud
Aula 00
Primeiramente, é preciso destacar que se trata de presunção relativa (chamada de juris tantum),
que admite prova em contrário. E quem deverá provar que o ato é ilegal ou que se fundamenta
em fatos inverídicos é o particular (e não a administração pública), operando-se a inversão do ônus
da prova.
Esta característica nos leva à segunda observação: de que há decisões administrativas de execução
imediata (autoexecutoriedade). Percebam, portanto, que a administração pública, em geral, pode
colocar em prática suas decisões sem ter que submetê-las ao Poder Judiciário.
Assim, quem se sentir prejudicado por uma decisão administrativa, deverá buscar provar que ela
se baseou em fatos inverídicos (inveracidade) ou em pressupostos legais inválidos (ilegalidade).
A segurança jurídica é princípio geral do direito, aplicável a todos os ramos, e que tem por objetivo
manter o status quo, resguardar a estabilidade das relações jurídicas e, no âmbito administrativo,
conferir previsibilidade à atuação estatal.
Na seara administrativa, pode ser visualizado como instrumento para resguardar o particular
quanto a mudanças abruptas ou surpresas da atuação administrativa. No âmbito federal, o
princípio da segurança jurídica encontra-se explicitado no texto da Lei 9.784/1999:
Lei 9.784/1999, art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios
da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello14, há uma série de institutos jurídicos que refletem a
proteção à segurança jurídica, como a irretroatividade da lei ou intepretações, a manutenção de
atos inválidos, a teoria do funcionário de fato, além da decadência, prescrição, preclusão,
usucapião, convalidação de atos ilegais, a coisa julgada e o direito adquirido.
Adiante vamos abordar alguns destes efeitos, seguindo os ensinamentos de Maria Sylvia Zanella
Di Pietro15.
14
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Ed. Malheiros. 26ª ed. P. 123
15
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. P. 3623-
3695
0
Antonio Daud
Aula 00
Di Pietro leciona que é inevitável a mudança de interpretação por parte da administração pública.
Esta alteração de entendimento, por si só, já gera insegurança jurídica. No entanto, proíbe-se que
um novo entendimento seja aplicado a casos pretéritos. Percebam: a vedação busca impedir o
comportamento contraditório por parte da administração pública.
Nesse sentido, no âmbito federal, a Lei 9.784/1999 expressamente proíbe que a administração
pública aplique, de forma retroativa, uma nova interpretação:
Lei 9.784/1999, art. 2º, XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação.
A doutrina e a jurisprudência têm reconhecido esta possibilidade nas situações em que o prejuízo
resultante da anulação for visivelmente superior àquele decorrente da manutenção do ato ilegal.
É o interesse público norteando a decisão.
A Lei 9.784/99 prevê uma limitação temporal ao poder-dever da Administração de anular os atos
administrativos ilegais de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários. Trata-se da
decadência no processo administrativo federal, no prazo de 5 anos:
Diferentemente da decadência, aqui não se mantém o ato ilegal. O ato administrativo é anulado,
porém sem efeitos retroativos à data em que foi praticado.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro cita, como exemplo, situações insertas no controle concentrado de
constitucionalidade de leis, em que, por maioria de 2/3 dos membros do STF, pode-se modular
0
Antonio Daud
Aula 00
os efeitos da decisão. No mesmo sentido, admite-se a regulação dos efeitos de súmula vinculante,
por parte do STF.
Imaginem a seguinte situação. Um servidor público toma posse como técnico de uma Universidade
Federal e, passado algum tempo, descobre-se que, na verdade, ele não preenchia os requisitos
para o exercício do cargo (como acumulação irregular de cargos, idade limite etc). Enfim, existe
algum tipo de irregularidade em sua investidura.
A rigor, os atos praticados por aquele agente público são ilegais, já que ele não detinha a
competência para praticá-los (a investidura foi ilegal).
Agora, imaginem a instabilidade jurídica que seria gerada caso tais atos não fossem mantidos,
como por exemplo, se as matrículas dos alunos fossem invalidadas.
Assim, mesmo com o desligamento do servidor, são mantidos os atos por ele praticados. Este
raciocínio é conhecido como teoria do agente de fato ou do funcionário de fato.
Vejam que os atos praticados são mantidos em razão da aparência de legalidade e da crença, por
parte dos destinatários de seus atos, depositada na validade do ato. Este é um dos
desdobramentos do princípio da proteção à confiança, comentado a seguir.
O princípio busca proteger o cidadão que, de forma legítima, confia na licitude dos atos praticados
pela administração pública.
0
Antonio Daud
Aula 00
Nessa situação hipotética, para obstar a pretensão do município, será adequado que o particular prejudicado
invoque, em seu favor, o princípio da
a) igualdade.
b) continuidade dos serviços públicos.
c) proporcionalidade.
d) moralidade.
e) confiança legítima.
Gabarito (E)
Princípio da boa-fé
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da boa-fé pode ser extraído do princípio da
moralidade. A boa-fé pode ser visualizada sob o prisma objetivo, que se refere à conduta legal e
honesta, ou subjetivo, que diz respeito à “crença do sujeito de que está agindo corretamente” (o
agente tem consciência de legalidade). Assim, sob o prisma subjetivo, alguém que sabe que sua
atuação é ilegal, estaria agindo de má-fé.
Ainda segundo a autora, a boa-fé pode ser perquirida tanto sob o ponto de vista da atuação
administrativa, quanto do lado do administrado.
Princípio da Hierarquia
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA
Apesar de a hierarquia fundamentar a delegação de competência, repare que, nos termos da Lei
9.784/1999, é possível a delegação de competência a órgão não hierarquicamente subordinado:
0
Antonio Daud
Aula 00
Lei 9.784/1999, art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver
impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda
que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Concluindo este tópico, lembro que Maria Sylvia Zanella Di Pietro registra que esta hierarquia é
restrita às funções administrativas. Não é aplicável às funções legislativa e jurisdicional, à exceção
de situações específicas envolvendo o STF, a exemplo das súmulas que vinculam os demais órgãos
do Poder Judiciário (súmulas vinculantes) e as decisões proferidas no bojo do controle de
constitucionalidade concentrado.
0
Antonio Daud
Aula 00
CONCLUSÃO
Bem, pessoal,
O tema princípios já demonstra o quanto direito administrativo é rico em detalhes, que podem
aparecer na hora da prova.
É importante ficarmos atentos à divisão entre princípios expressos e implícitos e às ideias centrais
de cada um deles.
Espero que tenham gostado da aula demonstrativa e espero contar com a participação de vocês
neste curso.
Adiante teremos nosso resumo e as questões comentadas relacionadas ao tema da aula de hoje
=)
@professordaud
www.facebook.com/professordaud
0
Antonio Daud
Aula 00
RESUMO
0
Antonio Daud
Aula 00
0
Antonio Daud
Aula 00
0
Antonio Daud
Aula 00
0
Antonio Daud
Aula 00
QUESTÕES COMENTADAS
1. IDIB/CREMERJ – Advogado - 2019
a) É possível que a Administração Pública seja responsabilizada por atos omissivos que gerarem danos aos
particulares.
d) Na hipótese de o dano ter sido causado por militar, a Constituição Federal veda que a Administração
Pública se utilize do direito de regresso.
Comentários:
A letra (A) está correta. De fato, os atos omissivos também geram responsabilidade do Estado, os quais,
como regra geral, será subjetiva.
A letra (B) está incorreta. O STJ entende ser o prazo de 5 anos, prevalecendo a regra do art. 1º do Decreto
20.910/1932:
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e
qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a
sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se
originarem.
A letra (C) está incorreta. Não há tal especificidade quanto à responsabilidade civil do Estado nas instituições
militares, as quais pertencem a pessoas jurídicas de direito público.
A letra (D) está incorreta, porquanto inexiste qualquer impedimento de regresso se o responsável for um
militar. O que se exige, para fins de regresso, é que o agente tenha agido com dolo ou culpa:
Gabarito (A)
0
Antonio Daud
Aula 00
I. Enquanto as pessoas jurídicas de direito público respondem objetivamente pelos danos que seus agentes
causarem a terceiros, as pessoas jurídicas de direito privado respondem apenas subjetivamente.
II. O direito de regresso poder ser exercido pelo Poder Público em caso de dolo direto ou indireto do
responsável, o qual ficará exime de responsabilidade se tiver agido culposamente.
III. Para os casos de danos extracontratuais, a responsabilidade objetiva do Estado, além de respaldo
doutrinário, goza de pleno fundamento constitucional.
Comentários:
O item I está incorreto. Se a pessoa jurídica de direito privado prestar um serviço público, responderá
objetivamente. Se explorar atividade econômica, responderá subjetivamente, como regra geral.
O item III está correto. Na responsabilidade civil extracontratual, a vítima não possui vínculo contratual com
o poder público, e seu fundamento encontra-se no artigo 37, parágrafo 6º, destacado no item anterior.
Gabarito (C)
Durante uma rebelião, ocorrida recentemente em um presídio de segurança máxima, houve o assassinato
de seis presos por seus colegas de cela. A rebelião fora inflamada pela indignação dos detentos em relação
0
Antonio Daud
Aula 00
às péssimas condições dentro da unidade carcerária, na qual havia a custódia de um número de presos
superior à capacidade do estabelecimento. Considerando a responsabilidade civil do Estado na situação
hipotética, é correto afirmar que:
c) A responsabilidade será concorrente, tendo em vista a participação de terceiro para a ocorrência do óbito.
Comentários:
A letra (d) está correta, visto que o poder público tem o dever de tratar dignamente os detentos e caso se
omita, dando causa à morte de um deles, o Estado deverá responder de maneira objetiva, conforme tem
entendido o STF, com tese de repercussão geral:
“Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento. STF. Plenário.
RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016 (repercussão geral) (Info 819)”
Gabarito (D)
Comentários:
A regra geral prevista no art. 37, §6º, da CF, é que o Estado responda de modo objetivo pelo dano que seus
agentes, agindo nesta condição, causarem a terceiros, com base na teoria do risco administrativo.
Gabarito (A)
0
Antonio Daud
Aula 00
1. A responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado deixará de existir quando a conduta estatal não
for a causa do dano, ou será atenuada quando tal conduta não for a causa única,
PORQUE
Comentários:
O gabarito encontra-se na letra (a), correta, pois o nexo de causalidade é de fato necessário para
caracterização da responsabilidade civil do Estado.
Nesse sentido leciona Maria Sylvia Di Pietro que “Sendo a existência do nexo de causalidade o fundamento
da responsabilidade civil do Estado, esta deixará de existir ou incidirá de forma atenuada quando o serviço
público não for a causa do dano ou quando estiver aliado a outras circunstâncias, ou seja, quando não for
causa única”1.
Gabarito (A)
1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 724.
0
Antonio Daud
Aula 00
a) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de preso sob a sua custódia,
independentemente da culpa dos agentes públicos.
c) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de preso sob a sua custódia, mas o fato de
tratar-se de responsabilidade objetiva do Estado não dispensa a prova da culpa nesses casos.
d) Em caso de suicídio de um detento, inexiste responsabilidade do Estado, pois este não tem a obrigação de
proteger os detentos contra si mesmos.
e) O Estado possui responsabilidade subjetiva nos casos de homicídio de preso sob a sua custódia.
Comentários:
O STF firmou entendimentos no sentido de que2 é objetiva a responsabilidade do Estado em razão da morte
dos detentos colocados sob sua custódia:
Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento.
Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua
responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º da Constituição, a obrigação de ressarcir os
danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta
ou insuficiência das condições legais de encarceramento.
Trata-se de situações em que o Estado assume a posição de garante, assumindo dever específico de lhes
protegerem a vida. Assim sendo, nosso gabarito encontra-se na letra (a), na medida em que a
responsabilidade objetiva independe de culpa dos agentes públicos.
Gabarito (A)
a) O STJ decidiu, em sede de recurso repetitivo, que o prazo prescricional na hipótese de responsabilidade
civil do Estado é de 3 anos.
2
RE 841526 / RS, rel. Min. Luiz Fux, 30/3/2016 e RE 580252 / MS, rel. Min. Alexandre de Moraes,
16/2/2017
0
Antonio Daud
Aula 00
b) O Estado responde por danos nucleares objetivamente, aplicando-se, nesta hipótese, a teoria do risco
integral.
c) O Estado responderá objetivamente por atos praticados por seus agentes, aplicando-se em todo caso a
teoria do risco administrativo.
d) O agente público responderá objetivamente pelos atos que causar nesta condição, cabendo ação
regressiva contra ele por parte do Estado.
e) As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos apenas respondem objetivamente
perante os usuários dos serviços, sendo subjetiva a responsabilidade por danos causados a não usuários dos
serviços.
Comentários:
A letra (a) está incorreta. O STJ tem entendido que o prazo prescricional é de 5 anos (a exemplo do REsp
1251993/PR), com fundamento no Decreto 20.910/1932, art. 1º.
A letra (b) está correta. A teoria do risco integral é aquela em que não se admitem excludentes, de sorte que
toda a responsabilidade é do Estado. Tal teoria é aplicada em casos excepcionais, tais como danos nucleares,
ambientais e ataques terroristas a aeronaves brasileiras.
A letra (c) está incorreta. Tratando-se de “atos” praticados pelos agentes, a regra é mesmo a teoria do risco
administrativo. No entanto, há situações em que será adotada a teoria do risco integral, comentada acima.
A letra (d) está incorreta. A responsabilidade do agente público é subjetiva, portanto, depende da
comprovação de dolo ou culpa.
A letra (e) está incorreta. De acordo com o STF, as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço
público respondem objetivamente perante os usuários e não-usuários do serviço prestado.
Gabarito (B)
De acordo com o atual entendimento do STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público de transporte é objetiva relativamente aos usuários do serviço, não se
estendendo a pessoas que não ostentem a condição de usuário.
( ) Certo
( ) Errado
Comentários:
0
Antonio Daud
Aula 00
STF - RE: 591874 MS, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento:
26/08/2009, Tribunal Pleno, Data de Publicação: REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
Gabarito (E)
O Estado só deve responder civilmente por danos decorrentes de acidentes nucleares caso seja demonstrada
a falha na prestação de serviço. Comprovada a ocorrência de caso fortuito e de força maior, exclui-se a
responsabilidade estatal.
( ) Certo
( ) Errado
Comentários:
Há casos em que a responsabilidade civil objetiva do Estado não admite excludentes, como no caso dos
danos nucleares. Nesses casos, é aplicada a teoria do risco integral. Além disso, ainda que fosse o caso da
teoria do risco administrativo, não haveria que se falar em prova da falha na prestação do serviço (que é
requisito da teoria da culpa administrativa).
Gabarito (E)
Nos casos de responsabilidade objetiva por risco integral, não se admitem, em regra, excludentes de
responsabilidade, ao contrário do que ocorre nos casos de responsabilidade objetiva por risco
administrativo.
( ) Certo
0
Antonio Daud
Aula 00
( ) Errado
Comentários:
Apesar do “em regra”, a questão foi dada como correta, na medida em que na responsabilidade objetiva por
risco integral não se admitem excludentes, como força maior e caso fortuito, entre outros.
Parte da doutrina defende que, como exceção a tal regra, o Estado deixaria de responder, sob a teoria do
risco integral, na seguinte situação: em razão da deterioração de coisa, em poder do Estado, que seja de
possuidor de má-fé. Assim, havendo prova de que a coisa teria se deteriorado mesmo se estivesse com o
legítimo possuidor, estaria rompido o nexo entre a conduta estatal e o dano apurado.
Gabarito (C)
A responsabilidade civil por condutas omissivas será objetiva quanto à administração pública direta e
subjetiva quanto à administração pública indireta.
( ) Certo
( ) Errado
Comentários:
A responsabilidade civil por condutas omissivas do Estado, como regra, será subjetiva para toda a
administração pública, seja ela direta ou indireta (teoria da culpa administrativa).
Gabarito (E)
Conforme decisão do STJ, prescreve em cinco anos o direito de pleitear indenização por reparação civil contra
a fazenda pública, não se aplicando, portanto, o prazo de três anos previsto no Código Civil, por haver regra
própria na legislação específica.
( ) Certo
( ) Errado
Comentários:
0
Antonio Daud
Aula 00
Gabarito (C)
a) força maior
c) culpa de terceiros
e) caso fortuito
Comentários:
De acordo com a doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a culpa concorrente da vítima é circunstância
atenuante (redutor) de responsabilidade civil do Estado!
Gabarito (B)
a) Suponha-se que uma empresa contratada pela União para fazer uma obra pública tenha, por culpa
exclusiva dela, causado dano a um particular. Nesse caso, a responsabilidade será da União e da referida
empresa, solidariamente, pelo dano causado pela empresa.
b) Conforme entendimento recente do STJ, o prazo prescricional do particular para ingressar com ação de
indenização por danos causados pelo Estado é de três anos.
c) A teoria da culpa do serviço ou da culpa da administração não se aplica no direito brasileiro, mesmo nos
casos de omissão.
0
Antonio Daud
Aula 00
d) Ação com fundamento na responsabilidade civil objetiva do Estado pode ser proposta tanto contra o
Estado quanto contra o agente público que causou o dano.
Comentários:
A letra (a) está incorreta. A alternativa informa que a culpa foi exclusiva da empresa contratada pela União.
Assim, não há que se falar em responsabilidade solidária com a União. Por outro lado, poderia se cogitar a
responsabilidade subsidiária da Administração neste caso.
A letra (b) está incorreta. De acordo com o STJ, o prazo prescricional é de 5 anos.
A letra (c) está incorreta. A teoria da culpa administrativa ou da culpa do serviço é aplicada, como regra geral,
aos casos de omissão na prestação do serviço público (falta do serviço).
A letra (d) está incorreta. Conforme o STF, somente o Estado deve configurar como polo passivo na ação de
indenização da vítima. Não é aceito o litisconsórcio entre o Estado e o agente que cometeu o ato danoso
(teoria da dupla garantia). A ação de regresso contra o agente deve ser impetrada pelo Estado.
Por fim, a letra (e) está correta, nos termos do art. 5º, LXXV, da CF:
5º (...)
(...)
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença.
Gabarito (E)
A Responsabilidade Civil do Estado significa o dever de reparação dos danos causados pela conduta estatal,
comissiva ou omissiva. Sob tal ótica, assinale a alternativa correta.
a) Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção, o Estado é responsável pela morte de
detento.
c) Na hipótese de diversos roubos de carros em via expressa (arrastão) aplica-se a teoria do risco integral a
qual independe de culpa do serviço público de segurança.
d) São causas excludentes da responsabilidade: o caso fortuito, a força maior, a culpa da vítima e a culpa de
terceiros.
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
A letra (a) está correta, pois o poder público tem o dever de tratar dignamente os detentos e caso se omita,
dando causa à morte de um deles, o Estado deverá responder de maneira objetiva, conforme tem entendido
o STF, com tese de repercussão geral:
Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento.
A letra (b) está incorreta. No caso de erro judiciário, o Estado deverá responder de modo objetivo pelo dano
causado, com fundamento no seguinte dispositivo constitucional:
CF, art. 5º, LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;
Como a responsabilidade é objetiva, não há que se falar em comprovação de dolo ou culpa dos agentes
responsáveis, apenas em nexo causal entre o ato do Estado e as consequências sofridas por quem sofreu o
dano.
A letra (c) está incorreta, pois segundo parcela da doutrina e da jurisprudência, a teoria do risco integral é
aplicada apenas em situações muito específicas, como em danos causados por acidentes nucleares (ou
atômicos), danos ambientais e atentados terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, ocorridos no
Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de
transporte aéreo público, excluídas as empresas de táxi aéreo.
A letra (d) está incorreta. São excludentes de responsabilidade caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da
vítima e culpa concorrente, além da culpa de terceiros.
Gabarito (A)
b) somente as pessoas jurídicas de direito público possuem direito de regresso em face do agente causador
do dano.
c) de acordo com a Constituição da República, a responsabilidade civil é objetiva, tanto para as pessoas
jurídicas de direito público quanto para as de direito privado prestadoras de serviço público.
d) as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço são responsabilizadas na forma culposa,
portanto podem denunciar a lide para que a responsabilidade do agente seja aferida.
0
Antonio Daud
Aula 00
e) a responsabilidade civil objetiva prevista na Constituição não exclui a responsabilização das pessoas
jurídicas nas hipóteses de caso fortuito e de culpa exclusiva da vítima.
Comentários:
A letra (a) está incorreta, dado que a responsabilidade objetiva é do Estado ou delegatário de serviço público,
os quais terão direito de regresso contra o agente apenas em caso de dolo ou culpa.
A letra (b) está incorreta, não sendo esta uma interpretação possível do §6º do art. 37 da Constituição
Federal. As pessoas jurídicas de direito privado que prestarem serviços públicos também poderão promover
o regresso na forma do referido dispositivo constitucional.
A letra (c) está correta, nos termos do §6º do art. 37 da Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
A letra (d) está incorreta, pois a Constituição Federal incluiu a responsabilização objetiva às prestadoras de
serviço público, as quais apenas terão o direito de regresso contra o responsável em caso de dolo ou culpa.
A letra (e) está incorreta, uma vez que é reconhecido pela doutrina que o caso fortuito e culpa exclusiva da
vítima são, em regra, situações de excludente de responsabilidade.
Gabarito (C)
I A Constituição reconhece a responsabilidade da Administração pelo erro judiciário que leve à condenação,
e pela manutenção de preso além do prazo fixado em sentença.
II Admite-se excepcionalmente que, em havendo dolo por parte do juiz que enseje dano, deve a
Administração Pública ser responsabilizada objetivamente.
III Em regra, a doutrina não admite a responsabilidade civil por ato judicial, pois existe a sistemática recursal
de correção das decisões.
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
O Item I está correto, nos termos do inciso LXXV do art. 5º da Constituição Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença;
O Item II está correto. Apesar de incomuns, condutas dolosas praticadas por juízes podem ser
responsabilizadas, conforme previsão do inciso I do art. 143 do Código de Processo Civil:
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
No entanto, salienta José dos Santos Carvalho Filho que “ninguém pode negar que o juiz é um agente do
Estado. Sendo assim, não pode deixar de incidir também a regra do art. 37, §6º, da CF, sendo, então,
civilmente responsável a pessoa jurídica federativa (a União ou o Estado-Membro), assegurando-se-lhe,
porém, direito de regresso contra o juiz.”3
O Item III está correto. Nesse sentido, valiosa a lição de José dos Santos Carvalho Filho para elucidar o
entendimento. De acordo com o autor, “Não obstante, é relevante desde já consignar que, tanto quanto os
atos legislativos, os atos jurisdicionais típicos são, em princípio, insuscetíveis de redundar na
responsabilidade objetiva do Estado” e completa que o ato é protegido pelo “princípio da recorribilidade dos
atos jurisdicionais: se um ato do juiz prejudica a parte no processo, tem ela os mecanismos recursais e até
mesmo outras ações para postular sua revisão.”4
3
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 570.
4
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 569.
0
Antonio Daud
Aula 00
Gabarito (D)
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, conforme estabelece a Constituição
Federal.
a) A indenização do dano deve abranger exatamente aquilo que a vítima perdeu ou despendeu em
consequência do ato lesivo do Poder Público, não sendo permitida a condenação do Estado à indenização
por danos morais, lucros cessantes, honorários advocatícios, correção monetária e juros de mora.
b) A responsabilidade civil do Estado pode ser afastada no caso de força maior, caso fortuito, ou se
comprovada a culpa exclusiva da vítima, pois nessas hipóteses estará afastado um dos requisitos
indispensáveis: o nexo causal entre a ação ou omissão do Poder Público e o dano causado.
e) Verificada a culpa concorrente entre o Poder Público e a vítima, a responsabilidade civil da Administração
fica totalmente excluída, assim como na culpa exclusiva da vítima, uma vez que o próprio lesado tornou o
dano inevitável ou o agravou.
Comentários:
A letra (a) está incorreta. É possível a condenação do Estado a indenizações por danos morais, lucros
cessantes, honorários advocatícios, correção monetária e juros de mora quando necessários a devolver à
vítima o status quo anterior ao dano, ou seja, quando estes itens/valores integrarem aquilo que fora perdido.
A letra (b) está correta. De acordo com doutrina, o caso fortuito, a força maior e a culpa exclusiva são
circunstâncias que rompem o nexo causal entre a conduta estatal e o dano percebido pelo particular, sendo
consideradas excludentes da responsabilidade do Estado, consoante a teoria do risco administrativo.
A letra (c) está incorreta, pois a responsabilidade civil do Estado não se confunde com a do agente público,
seja criminal ou administrativa. Enquanto a Administração Pública responde objetivamente pelos danos
causados, o agente público responde subjetivamente, dependendo da demonstração do dolo ou culpa.
Portanto, o afastamento da responsabilidade do agente não necessariamente impede a responsabilização
atribuída ao Estado.
0
Antonio Daud
Aula 00
A letra (d) está incorreta. A questão acerta em dizer que a responsabilidade do Estado depende de dano que
deverá ser causado por ação ou omissão de agente público. Porém, erra ao final, pois os danos causados por
agente público só serão de responsabilidade da Administração quando este estiver no desempenho de suas
funções ou, ao menos, possuir a aparência de atuar como agente público. O agente público fora de seu
exercício responderá, como regra geral, em sua esfera privada.
A letra (e) está incorreta, visto que a alternativa apresenta uma situação de culpa concorrente, o que não
excluirá por completo a responsabilidade da Administração Pública – diferentemente da culpa exclusiva.
Neste caso a responsabilidade do Estado será apenas atenuada.
Gabarito (B)
No tocante aos poderes administrativos e à responsabilidade civil do Estado, julgue o próximo item.
A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é subjetiva e baseada na teoria do risco administrativo,
devendo o particular, que foi a vítima, comprovar a culpa ou o dolo do agente público.
Comentários:
A questão está errada. Apesar de acertar que no Brasil adota-se a teoria do risco administrativo para atos
comissivos (ação estatal), a proposição peca ao afirmar que esta teoria é subjetiva ou que exige comprovação
de dolo ou culpa.
A teoria do risco administrativo defende uma responsabilidade objetiva, bastando a comprovação do nexo
de causalidade entra o ato ou omissão do agente público e o dano causado ao particular.
Gabarito (E)
Na hipótese de prejuízo gerado por ato omissivo de servidor público, a responsabilidade deste será subjetiva.
Comentários:
A responsabilidade do Estado por atos omissivos em geral será do tipo subjetiva, na modalidade culpa
administrativa.
Mas notem que a questão versa a respeito da responsabilidade do servidor público. Esta, com fundamento
no art. 37, §6º, da CF, abaixo, será sempre subjetiva, seja em razão de prejuízos gerados por atos omissivos
ou comissivos:
0
Antonio Daud
Aula 00
CF, art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.
Gabarito (C)
A vítima que busca reparação por dano causado por agente público poderá escolher se a ação indenizatória
será proposta diretamente contra o Estado ou em litisconsórcio passivo entre o Estado e o agente público
causador do dano.
Comentários:
A questão aborda a possibilidade de o agente público responsável pelo dano ser demandado diretamente
pelo terceiro lesado, juntamente com o Estado, isto é, na mesma ação judicial (litisconsórcio passivo).
Interpretando o §6º do art. 37 da Constituição Federal, o STF tem entendido que não se admite que o agente
público responda perante a vítima. Para o Supremo, ele somente poderia responder perante a pessoa
jurídica a que pertence, no bojo de uma ação regressiva:
O § 6º do artigo 37 da Magna Carta (..) consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do
particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público,
ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa,
a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto,
em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a
pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular. Recurso extraordinário a que se nega
provimento.
STF - RE: 327904 SP, Relator: CARLOS BRITTO, Data de Julgamento: 15/08/2006, Primeira
Turma, Data de Publicação: DJ 08-09-2006 PP-00043 EMENT VOL-02246-03 PP-00454 RNDJ
v. 8, n. 86, 2007, p. 75-78
Gabarito (E)
Na administração pública, o gestor de um contrato estará isento de responsabilidade civil se praticar um ato
que, por sua omissão, resulte em prejuízos para terceiros, desde que esse ato seja culposo, e não doloso.
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
O gestor de contrato consiste no servidor que é especialmente designado para acompanhar a execução de
um contrato administrativo. Como todo agente público, ao dar causa a danos a particulares, ele responderá
civilmente quando seu ato se revelar doloso ou culposo.
Portanto, o gestor de contrato cuja atuação ou omissão cause prejuízos a terceiros não estará isento de
responsabilidade civil se a sua conduta for culposa ou dolosa, indistintamente.
Gabarito (E)
No contexto da responsabilidade civil do Estado, a culpa da vítima será considerada como critério para excluir
ou para atenuar a responsabilização do ente público.
Comentários:
A questão aborda uma das espécies de excludentes da responsabilidade civil do Estado. À exceção da teoria
do risco integral, é possível que o Estado comprove que o dano foi provocado exclusivamente pela atuação
da vítima (culpa exclusiva da vítima). Neste caso, não haveria nexo de causalidade entre a conduta estatal e
o dano sofrido pelo terceiro, consistindo em verdadeira excludente da responsabilidade estatal.
Outra situação relacionada diz respeito à chamada culpa concorrente do poder público e da vítima/terceiro,
em que resta comprovado que ambos deram causa ao dano. Nesta situação, a responsabilidade do Estado
não chega a ser excluída, mas é reduzida, de maneira proporcional à contribuição da sua atuação para o
resultado lesivo.
Gabarito (C)
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a responsabilidade civil das empresas públicas perante usuários
de serviços públicos é objetiva. Todavia, perante terceiros não usuários, a sua responsabilidade é subjetiva,
dado o caráter privado da entidade, o que atrai a aplicação da teoria geral civilista quanto à
responsabilização.
Comentários:
Pelo contrário, o atual entendimento do STF é no sentido de que a responsabilidade objetiva se dá perante
terceiros que sejam usuários ou não de serviços públicos. Vejam trecho da ementa do julgado em questão:
0
Antonio Daud
Aula 00
STF - RE: 591874 MS, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento:
26/08/2009, Tribunal Pleno, Data de Publicação: REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
Gabarito (E)
Na hipótese de uma empresa pública prestadora de serviços públicos não dispor de recursos financeiros para
arcar com indenização decorrente de sua responsabilidade civil, o ente político instituidor dessa entidade
deverá responder, de maneira subsidiária, pela indenização.
Comentários:
Portanto, em geral, quem deve responder perante a vítima é a empresa responsável pela prestação do
serviço público. No entanto, se esta for insolvente e a vítima não conseguir sua reparação, ela estará
autorizada, em um segundo momento, a cobrar tais valores do poder público. Em razão desta ordem de
preferência, dizemos que a responsabilidade primária é da prestadora do serviço público e a
responsabilidade do Estado será subsidiária. A seguinte lição de Carvalho Filho6 bem sintetiza o assunto:
Em todos esses casos, a responsabilidade primária deve ser atribuída à pessoa jurídica a
que pertence o agente autor do dano. Mas, embora não se possa atribuir responsabilidade
direta ao Estado, o certo é que também não será lícito eximi-lo inteiramente das
consequências do ato lesivo. Sua responsabilidade, porém, será subsidiária, ou seja,
5
STJ - AgRg no AREsp: 267292 ES 2012/0258507-7, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Julgamento: 15/10/2013, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/10/2013; STJ - REsp:
1135927 MG 2009/0073229-6, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 10/08/2010, T2
- SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/08/2010
6
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 593
0
Antonio Daud
Aula 00
somente nascerá quando o responsável primário não mais tiver forças para cumprir a sua
obrigação de reparar o dano.
Gabarito (C)
A respeito de danos causados a particular por agente público de fato (necessário ou putativo), julgue o item
a seguir.
O Estado terá o dever de indenizar no caso de dano provocado a terceiro de boa-fé por agente público
necessário.
Comentários:
O agente necessário é, como mencionado no próprio enunciado da questão, uma das espécies do agente
público de fato. Os agentes de fato necessários são aqueles que praticam atos em nome do Estado, em
situações excepcionais, como em uma emergência. Como há aparência de o agente estar atuando em nome
do Estado, em regra são considerados válidos os atos por eles praticados. Assim, embora exista uma
nulidade no vínculo destes agentes com o Estado, este será considerado responsável pela conduta destes
agentes.
Gabarito (C)
A respeito de danos causados a particular por agente público de fato (necessário ou putativo), julgue o item
a seguir.
Em razão do princípio da proteção da confiança, quando o dano for causado por funcionário público putativo,
o Estado não responderá civilmente perante particulares de boa-fé.
Comentários:
Sejam agentes de fato, necessários ou putativos, seus atos são imputados ao Estado, o qual responde pela
atuação deles.
Gabarito (E)
As empresas prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável exclusivamente no caso de dolo.
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
A questão peca em sua parte final, ao restringir a responsabilidade do agente público responsável aos casos
de dolo. Havendo, indistintamente, dolo ou culpa em sentido estrito, o agente público responderá perante
o Estado:
CF, art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.
Gabarito (E)
A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos abrange os danos morais e materiais.
Comentários:
A questão menciona danos de natureza moral e material, os quais devem ser reparados pelo Estado em razão
de sua responsabilidade extracontratual. Além destes, aproveito para lembrar que a doutrina inclui os danos
estéticos como passíveis de reparação no âmbito da responsabilidade civil.
Gabarito (C)
a) subjetiva, o que significa ser imprescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar em face de comportamentos lícitos ou ilícitos.
b) objetiva, o que significa ser imprescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar em face de comportamentos lícitos ou ilícitos.
c) subjetiva, o que significa ser prescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar apenas em face de comportamentos ilícitos.
d) objetiva, o que significa ser prescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar em face de comportamentos ilícitos e lícitos.
e) objetiva, o que significa ser prescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar apenas em face de comportamentos ilícitos.
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
Primeiramente, notem que a questão se restringe à conduta estatal comissiva, isto é, em que houve uma
ação do Estado.
Neste caso, a responsabilidade do Estado será objetiva e, como regra geral, informada pela teoria do risco
administrativo. Assim, torna-se dispensável (ou “prescindível”) a comprovação de que houve dolo ou culpa
da Administração.
Por fim, a doutrina majoritária7 defende que a responsabilidade civil do Estado estará presente mesmo se o
ato praticado pelo agente público for absolutamente lícito, diferentemente do que ocorre na
responsabilização de um particular. Portanto, indistintamente, sejam atos lícitos ou ilícitos do Estado, uma
vez sendo causadores de danos, terá lugar a responsabilidade do Estado.
Gabarito (D)
Acerca dos poderes da administração pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
Força maior, culpa de terceiros e caso fortuito constituem causas atenuantes da responsabilidade do Estado
por danos.
Comentários:
A questão está incorreta, uma vez que força maior, culpa de terceiros e caso fortuito são consideradas
causas, em geral, excludentes da responsabilidade civil do Estado.
Gabarito (E)
Acerca dos poderes da administração pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
É objetiva a responsabilidade do agente público em exercício que, por ato doloso, cause danos a terceiros.
Comentários:
Questão sem grandes dificuldades, já que a responsabilidade do agente público é subjetiva, uma vez que
depende de prova quanto elemento subjetivo da conduta (isto é, de dolo ou culpa).
7
A exemplo de DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018.
eBook. Tópico 15.1
0
Antonio Daud
Aula 00
Gabarito (E)
Julgue o item a seguir, relativo ao regime jurídico dos servidores públicos civis da União, às carreiras dos
servidores do Poder Judiciário da União e à responsabilidade civil do Estado.
Um servidor público federal que, no exercício de sua função, causar dano a terceiros poderá ser demandado
diretamente pela vítima em ação indenizatória.
Comentários:
Pelo contrário! O STF fixou entendimento de que o agente público deverá responder tão-somente perante a
pessoa jurídica a que pertence. Dessa forma, o particular não poderá demandar diretamente o servidor
público federal, devendo ajuizar sua ação indenizatória perante a União ou a entidade federal a que
pertencer o servidor.
Gabarito (E)
João, servidor público civil, motorista do Exército brasileiro, enquanto conduzia veículo oficial, no exercício
da sua função, colidiu com o automóvel de Maria, que não possui qualquer vínculo com o poder público.
Após a devida apuração, ficou provado que os dois condutores agiram com culpa.
A partir dessa situação hipotética e considerando a doutrina majoritária referente à responsabilidade civil
do Estado, julgue o item que se segue.
A culpa concorrente da vítima exclui a responsabilidade da União para a reparação de danos sofridos por
Maria.
Comentários:
Estamos diante da figura da culpa concorrente, já que ambos (a vítima e o agente público) agiram de modo
a provocar o dano. Nestes casos, não há uma completa exclusão da responsabilidade do Estado, mas mera
atenuação da indenização que deverá ser paga à vítima.
Gabarito (E)
João, servidor público civil, motorista do Exército brasileiro, enquanto conduzia veículo oficial, no exercício
da sua função, colidiu com o automóvel de Maria, que não possui qualquer vínculo com o poder público.
Após a devida apuração, ficou provado que os dois condutores agiram com culpa.
0
Antonio Daud
Aula 00
A partir dessa situação hipotética e considerando a doutrina majoritária referente à responsabilidade civil
do Estado, julgue o item que se segue.
A União tem direito de regresso em face de João, considerando que, no caso, a responsabilidade do agente
público é subjetiva.
Comentários:
Se restou comprovado que o agente público agiu com culpa, a União terá direito de cobrar de João a
indenização paga à Maria. A este respeito, friso que a responsabilidade do agente público é subjetiva.
Gabarito (C)
36. CEBRASPE/CGM de João Pessoa – PB – Técnico Municipal de Controle Interno – Geral - 2018
Acerca da administração pública e da organização dos poderes, julgue o item subsequente à luz da CF.
Empresa pública responderá pelos danos que seu empregado, atuando como seu agente, ocasionar,
assegurado o direito de regresso nos casos de dolo ou culpa.
Comentários:
Assumindo que a empresa pública se dedica à prestação de serviço público, a ela se aplicará realmente o
disposto no art. 37, §6º, da Constituição Federal.
Assim, a empresa responderá perante a vítima no caso de dano causado por seus empregados
(independentemente de dolo ou culpa), assegurado o direito de regresso contra o agente responsável (se
ele houver atuado com dolo ou culpa).
0
Antonio Daud
Aula 00
Gabarito (C)
Após colisão entre dois automóveis — um, da administração pública, dirigido por servidor público efetivo; e
outro, particular —, ficou comprovada a culpa exclusiva do particular.
c) o particular, por ser essa situação uma hipótese de causa excludente da responsabilidade do ente público.
Comentários:
Como a questão mencionou expressamente que o acidente foi causado por “culpa exclusiva do particular”,
não existe nexo causal entre a conduta do agente estatal e o resultado danoso. Na verdade, será o particular
quem responderá, de maneira subjetiva, pelo dano ocorrido com o bem público.
Gabarito (C)
0
Antonio Daud
Aula 00
a) O Estado pode ser responsabilizado pela morte do detento que cometeu suicídio.
b) Ação por dano causado por agente público deve ser proposta, em litisconsórcio, contra a pessoa jurídica
de direito público e o agente público.
c) Na época dos Estados absolutos, reinava a doutrina denominada teoria da irresponsabilidade: quem,
irresponsavelmente, fosse ensejador de dano a terceiro, por ação ou omissão, seria obrigado a reparar o
dano, inclusive o Estado.
d) Caso fortuito consiste em acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à vontade das partes,
excludente da responsabilidade do Estado.
Comentários:
Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento.
A letra (b) está incorreta. Interpretando o §6º do art. 37 da Constituição Federal, o STF tem entendido que
não se admite que o agente público responda perante a vítima, nem mesmo em litisconsórcio com o Estado.
Para o Supremo, ele somente poderia responder perante o Estado, no bojo da ação regressiva:
O § 6º do artigo 37 da Magna Carta (..) consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do
particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público,
ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa,
a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto,
em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a
pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular. Recurso extraordinário a que se nega
provimento.
STF - RE: 327904 SP, Relator: CARLOS BRITTO, Data de Julgamento: 15/08/2006, Primeira
Turma, Data de Publicação: DJ 08-09-2006 PP-00043 EMENT VOL-02246-03 PP-00454 RNDJ
v. 8, n. 86, 2007, p. 75-78
8
RE 841526 / RS, rel. Min. Luiz Fux, 30/3/2016 e RE 580252 / MS, rel. Min. Alexandre de Moraes,
16/2/2017
0
Antonio Daud
Aula 00
A letra (c) está incorreta. Segundo a teoria da irresponsabilidade do Estado, que reinava durante os estados
absolutistas, o Estado não seria obrigado a reparar qualquer dano causado por sua atuação.
Por fim, a letra (d) foi dada como incorreta. Embora exista grande controvérsia a respeito da distinção entre
caso fortuito e força maior, podemos citar, por exemplo, Maria Sylvia Zanella Di Pietro9 para quem força
maior é “acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à vontade das partes”, como tempestades e
terremotos. A autora defende que, caso sua causa não seja imputável à Administração, não incidirá a
responsabilidade do Estado.
Por outro lado, o caso fortuito estaria ligado a uma ação humana. Segundo a autora, se o caso fortuito
decorresse de uma omissão da Administração (chamado por alguns de caso fortuito interno), ele não seria
excludente da responsabilidade do Estado.
Gabarito (A)
39. CEBRASPE/TRT - 7ª Região (CE) – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2017
Prestes a ser morto por dois indivíduos que tentavam subtrair a sua arma, um policial militar em serviço
efetuou contra eles disparo de arma de fogo. Embora o policial tenha conseguido repelir a injusta agressão,
o disparo atingiu um pedestre que passava pelo local levando-o à morte.
a) O Estado não responde civilmente, pois houve o rompimento do nexo causal por fato exclusivo de terceiro.
b) O Estado responde objetivamente pelos danos causados à família do pedestre, ainda que o policial militar
tenha agido em legítima defesa.
c) A ocorrência de legítima defesa por parte do policial militar afasta a responsabilidade civil do Estado.
d) O Estado responde subjetivamente pelos danos, já que deve haver prova de falha no treinamento do
policial.
Comentários:
Embora o policial estivesse agindo em sua legítima defesa, o Estado deverá responder civilmente pela morte
do pedestre. Isto porque, tem-se entendido10 que as excludentes de ilicitude penal não afastam a
responsabilidade extracontratual do Estado:
9
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. Item
15.4
10
Jurisprudência em teses. Ed. 61. REsp 884198/RO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, Julgado em 10/04/2007,DJ 23/04/2007; REsp 111843/PR, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO,
PRIMEIRA TURMA, Julgado em 24/04/1997,DJ 09/06/1997.
0
Antonio Daud
Aula 00
A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus
agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal.
A este respeito, lembro que até mesmo as condutas estatais lícitas geram a responsabilização do Estado, de
sorte que a excludente de ilicitude em questão não tem relevância para a discussão da responsabilidade do
Estado.
Gabarito (B)
Para efeito de apuração da responsabilidade civil do Estado, é juridicamente irrelevante que o ato tenha sido
comissivo ou omissivo.
Comentários:
Não é bem assim! Caso estejamos diante de uma ação do poder público (ato comissivo), sua responsabilidade
será objetiva, fundamentada no art. 37, §6º da Constituição Federal. Por outro lado, caso o ato tenha
resultado de uma omissão do poder público (ato omissivo), como regra geral será aplicada a
responsabilidade fundamentada na teoria da culpa administrativa.
Gabarito (E)
II Caso o Estado não repare administrativamente o dano causado a terceiro, o prejudicado terá o direito de
propor ação de indenização.
III A culpa da vítima e a culpa de terceiros são causas atenuantes da responsabilidade civil do Estado.
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
0
Antonio Daud
Aula 00
d) III e IV.
Comentários:
O Item I está correto, ante a previsão contida no art. 37, §6º, da Constituição Federal:
CF, art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.
O Item II está correto, uma vez que a reparação do dano poderá se dar pelas vias administrativa ou judicial.
O Item III está incorreto, já que “culpa da vítima” e “culpa de terceiros” são excludentes da responsabilidade
do Estado.
O Item IV está incorreto, na medida em que a culpa concorrente é mera atenuante da responsabilidade do
Estado. Vale dizer, o Estado continuará respondendo perante à vítima, porém com um indenização reduzida.
Gabarito (A)
Em caso de acidente de trânsito que envolva automóvel particular e veículo pertencente à administração
pública, a comprovação de culpa exclusiva do particular pelos danos causados caracteriza
b) motivo para a responsabilização do Estado pelos prejuízos, em decorrência das teorias civilistas.
d) motivo para que nenhuma das partes envolvidas seja responsabilizada, por se tratar de caso fortuito.
Comentários:
Questão sem grandes dificuldades, que aborda uma das causas excludentes da responsabilidade do Estado:
a culpa exclusiva da vítima.
Gabarito (A)
0
Antonio Daud
Aula 00
João, servidor público federal, no exercício do cargo de motorista, colidiu com veículo de Pedro, particular,
causando a este grave abalo pessoal e danos materiais. Após a investigação do ocorrido, foi verificada a culpa
de João, que dirigia em alta velocidade no momento do evento.
a) o Estado deverá indenizar o particular pelos danos materiais, e o servidor deverá arcar com os danos
morais.
c) o Estado, caso seja condenado judicialmente ao pagamento de indenização, poderá, mediante ação de
regresso, reaver do servidor o quanto tiver de pagar ao particular.
e) a reparação dos danos sofridos pelo particular só poderá ser realizada por via judicial.
Comentários:
Como João é agente público e, agindo nessa condição, provocou danos ao particular, o Estado deverá se
responsabilizar pelos danos materiais e morais sofridos por Pedro.
Além disso, como a questão mencionou que Pedro dirigia em alta velocidade, é possível concluir que houve
culpa na conduta do agente público, de sorte que o Estado poderá, exercendo o direito de regresso, cobrar
do agente a quantia paga a Pedro.
Gabarito (C)
Maria, professora de escola da rede pública, recebeu de um aluno ameaças de agressão e, mais de uma vez,
avisou à direção da escola, que se manteve inerte. Com a consumação das agressões pelo aluno, a professora
ajuizou ação indenizatória contra o Estado.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos legais a ela pertinentes, assinale a opção correta.
b) A ação deverá ser julgada improcedente, haja vista que o Estado só responde por atos comissivos.
c) A ação deverá ser julgada improcedente, tendo em vista que o causador do dano não é agente estatal.
0
Antonio Daud
Aula 00
e) As condutas omissivas do Estado que causem danos a terceiros invariavelmente dão ensejo à
responsabilidade civil.
Comentários:
A questão ilustra situação em que o Estado, mesmo tendo sido alertado pela vítima, omitiu-se quanto à
prestação de serviço público.
Assim, diante da omissão estatal e da falha no serviço de segurança pública, a professora fará jus à
indenização devida pelo Estado em razão da agressão sofrida. Portanto, podemos perceber que a letra (d)
está correta.
Além disso, de forma análoga aos danos causados em estabelecimentos prisionais, como o Estado tem o
dever legal específico de zelar pela segurança e integridade dos professores e alunos dentro das escolas
públicas, sua omissão específica dará azo à responsabilidade na modalidade objetiva.
A letra (a) está incorreta. Seja na responsabilidade estatal por ação ou omissão, deverá existir um nexo causal
entre a conduta e o resultado observado. Se a vítima não conseguir comprovar que a conduta do Estado foi
causa determinante na produção daquele resultado, ele não poderia responder pelo dano.
A letra (b) está incorreta, pois o Estado poderá responder por atos omissivos ou comissivos (ação estatal).
A letra (c) está incorreta. Mesmo o causador do dano não sendo agente público, o Estado teria, após ter sido
avisado, o dever legal de evitar a consumação daquele resultado. Tratando-se, portanto, de omissão estatal
específica, o Estado deverá indenizar a professora.
Por fim, a letra (e) está incorreta. Embora as condutas omissivas também tenham o condão de gerar a
responsabilização do Estado (como regra geral, na modalidade da culpa administrativa), há determinadas
circunstâncias capazes de excluir sua responsabilidade, como ocorre com a culpa exclusiva da vítima e a força
maior.
Gabarito (D)
0
Antonio Daud
Aula 00
c) Ao prestarem serviços públicos, as pessoas jurídicas de direito privado não se sujeitam à responsabilidade
objetiva por atos comissivos.
e) Caso o agente estatal pratique conduta lesiva a terceiros fora de suas funções, mas a pretexto de exercê-
las, não se caracterizará a responsabilidade civil.
Comentários:
A letra (a) está incorreta. As teorias da responsabilidade objetiva – também chamadas de responsabilidade
sem culpa - independem de qualquer discussão quanto existência à culpa ou dolo na atuação estatal.
A letra (b) está incorreta. Se o Estado comprovar que o resultado foi parcialmente provocado pela atuação
do particular ou de um terceiro, tal circunstância atenuará sua responsabilidade, reduzindo o valor da
indenização devida (causa atenuante).
A letra (c) está incorreta. Pelo contrário, as prestadoras de serviço público, mesmo de natureza privada,
responderão objetivamente pelos danos causados.
A letra (d) está correta. Como regra geral, a responsabilidade do Estado se dá de maneira objetiva, fundada
na teoria do risco administrativo, com base no art. 37, §6º, da Constituição Federal.
A letra (e) está incorreta. Se o agente público atua fora de suas funções, mas com aparência de estar agindo
como agente do Estado, isto é, “a pretexto de exercê-las”, tal conduta também será imputada ao Estado.
A propósito, destaco a definição do mestre Hely Lopes Meirelles11, de que a responsabilidade civil “impõe à
Fazenda Pública a obrigação de compor o dano causado a terceiros por agentes públicos, no desempenho
de suas atribuições ou a pretexto de exercê-las”.
Gabarito (D)
a) é objetiva, dispensando-se, para sua caracterização, a demonstração de culpa, exigindo-se, para tal,
apenas a demonstração do dano.
b) é objetiva, dispensando-se, para sua caracterização, a demonstração de culpa, mas exigindo-se, para isso,
demonstração de nexo de causalidade entre a conduta e o dano.
11
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 35ª edição, p. 779.
0
Antonio Daud
Aula 00
e) é descabida.
Comentários:
Sabemos que, como regra geral, a responsabilidade do Estado por condutas omissivas é do tipo subjetiva.
Neste caso, o terceiro lesado ficará encarregado de comprovar o seguinte:
1) dano sofrido
Gabarito (D)
Se um agente público, nessa qualidade, causar dano a terceiro, a responsabilidade civil do Estado será
objetiva.
Comentários:
Questão sem grandes dificuldades, que aborda a regra geral do art. 37, §6º, da Constituição Federal, de que
a responsabilidade do Estado é objetiva.
Gabarito (C)
João, servidor público ocupante do cargo de motorista de determinada autarquia do DF, estava conduzindo
o veículo oficial durante o expediente quando avistou sua esposa no carro de um homem. Imediatamente,
João dolosamente acelerou em direção ao veículo do homem, provocando uma batida e, por consequência,
dano aos veículos. O homem, então, ingressou com ação judicial contra a autarquia requerendo a reparação
dos danos materiais sofridos. A autarquia instaurou procedimento administrativo disciplinar contra João
para apurar suposta violação de dever funcional.
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
Uma vez presente o elemento subjetivo da conduta de João, na modalidade dolosa, ele deverá ressarcir os
cofres públicos com a quantia paga à vítima a título de reparação de danos. Este é o chamado regresso do
Estado em face do agente público responsável pelo dano.
Gabarito (C)
Julgue o item que se segue, relativos aos fundamentos da responsabilidade civil do Estado atualmente
adotados pelo direito brasileiro.
Comentários:
A questão peca ao afirmar que a responsabilidade extracontratual será integralmente excluída nos casos de
culpa concorrente. Diferentemente do que ocorre com a culpa exclusiva da vítima, na culpa concorrente
temos mera atenuante da responsabilidade estatal.
Gabarito (E)
Julgue o item que se segue, relativos aos fundamentos da responsabilidade civil do Estado atualmente
adotados pelo direito brasileiro.
Um ato, ainda que lícito, praticado por agente público e que gere ônus exorbitante a um cidadão pode
resultar em responsabilidade civil do Estado.
Comentários:
Havendo prejuízo ao cidadão, pouco importa se o ato era lícito ou ilícito. Se ele foi praticado por agente
público nessa condição, terá lugar a responsabilidade civil do Estado.
Gabarito (C)
Julgue o item que se segue, relativos aos fundamentos da responsabilidade civil do Estado atualmente
adotados pelo direito brasileiro.
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
Pelo contrário! A Constituição Federal, no seu art. 37, §6º, exige expressamente que o agente público tenha
atuado no exercício de suas funções para que a conduta seja imputável ao Estado:
CF, art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.
Gabarito (E)
As fundações públicas de direito público devem responder objetivamente pelos danos que seus agentes
causem a terceiros. Sendo condenadas a indenizar pelo prejuízo que seu agente culposamente tenha
cometido, assegura-se a elas o direito de propor ação regressiva contra o agente causador do dano.
Comentários:
A questão aplica o mandamento constitucional do art. 37, §6º às fundações de direito público (autarquias
fundacionais), o qual assegura a elas o direito de regresso ao agente responsável pelo dano, quando este
agir mediante dolo ou culpa.
A propósito, a omissão do elemento “dolo” no enunciado não é suficiente para invalidá-lo, dada a existência
da noção ampla da “culpa”, que abrange tanto a culpa em sentido estrito como o dolo.
Gabarito (C)
Julgue os itens a seguir, relativos à responsabilidade civil do Estado, aos serviços públicos e às organizações
da sociedade civil de interesse público.
Tanto o dano moral quanto o dano material são passíveis de gerar a responsabilidade civil do Estado
Comentários:
A responsabilidade civil, também chamada de extracontratual, abrange os danos morais e materiais, além
do dano estético.
0
Antonio Daud
Aula 00
Gabarito (C)
As pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos estão sujeitas à responsabilidade civil objetiva pelos
danos que seus agentes causarem a terceiros, mas, no que diz respeito às pessoas de direito privado que
prestem tais serviços, a responsabilidade só existirá se o agente causador do dano agir de forma dolosa.
Comentários:
Sendo prestadores de serviço público, os entes públicos ou privados, responderão de maneira objetiva pelos
danos causados pelos seus agentes. Relembrando o alcance do art. 37, §6º, da Constituição Federal:
Gabarito (E)
A responsabilidade do Estado por danos causados por fenômenos da natureza é do tipo subjetiva.
Comentários:
0
Antonio Daud
Aula 00
Imaginem que, após fortes chuvas, houve grande inundação em determinado município, causando prejuízos
a uma série de moradores e comerciantes na área atingida. Neste caso, se restar comprovado que a
negligência do município quanto à limpeza dos bueiros contribuiu para a ocorrência do dano, terá lugar a
omissão estatal culposa.
Assim, podemos concluir que danos decorrentes de fenômenos da natureza, caso não representem
excludentes de responsabilidade do Estado, ensejarão sua responsabilidade por omissão, que é do tipo
subjetiva.
Gabarito (C)
Em um fórum no interior do Estado do Ceará, no horário de expediente, o cidadão e jurisdicionado João, que
possui mobilidade reduzida, em razão de acidente, descia com sua cadeira de rodas, pela rampa de entrada
que garante acessibilidade à pessoa com deficiência, quando foi atingido por um carrinho cheio de autos de
processos que era empurrado pelo técnico judiciário José, que se distraiu quando seu celular tocou. João foi
arremessado ao chão, sofrendo lesões em sua perna que geraram a necessidade de intervenção cirúrgica.
Ao procurar a Defensoria Pública buscando ingressar com ação indenizatória, João foi informado de que, no
caso:
(A) incide a responsabilidade civil subjetiva, por parte do Poder Judiciário do Ceará, e é necessária a
comprovação do dolo ou culpa de agente público;
(B) incide a responsabilidade civil objetiva, por parte do Estado do Ceará, e é desnecessária a comprovação
do dolo ou culpa de agente público;
(C) incide a responsabilidade civil objetiva, por parte do Poder Judiciário do Ceará, e é necessária a
comprovação do dolo ou culpa de agente público;
(D) não incide a responsabilidade civil objetiva do Estado do Ceará nem do Poder Judiciário estadual, pois se
tratou de um acidente, sem dolo ou culpa de agente público;
(E) não incide qualquer responsabilidade civil, pois se tratou de caso fortuito ou força maior, sem qualquer
falha na prestação do serviço público ou culpa e dolo de agente público.
Comentários:
A questão ilustra caso em que o cidadão sofre dano decorrente de uma ação de agente público no exercício
de suas funções. Assim, tem lugar a responsabilidade civil do estado do Ceará, de natureza objetiva (isto é,
independentemente de dolo ou culpa do agente), segundo a teoria do risco administrativo.
Assim, já percebemos que a letra (A) está incorreta e a letra (B), correta.
0
Antonio Daud
Aula 00
A letra (C) peca em dois momentos. Primeiramente, porque é desnecessária a comprovação de dolo ou culpa
do agente público (a responsabilidade do Estado é objetiva). Além disso, quem responde por tal dano é a
pessoa jurídica – e não o órgão público (que não possui personalidade jurídica própria) – visto que tal conduta
é imputada à pessoa jurídica. Em outras palavras, quem responderá é o Estado do Ceará (pessoa jurídica) e
não o tribunal ou o poder judiciário (entes sem personalidade jurídica própria).
Por fim, as letras (D) e (E) também estão incorretas, pois haverá sim responsabilidade civil do Estado. Além
disso, não se trata de caso fortuito ou força maior, na medida em que o dano decorreu de conduta culposa
do agente (distração pelo uso do celular).
Gabarito (B)
João, Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça do Ceará, no exercício de suas funções, praticou, por
negligência, ato ilícito que causou dano a Maria, parte em determinado processo judicial. Maria buscou
atendimento na Defensoria Pública e ajuizou ação indenizatória, em cujo curso restou comprovada a culpa
concorrente entre a particular e o agente público.
(A) improcedente, porque a autora da ação concorreu para o resultado danoso, fato que exclui a
responsabilidade civil estatal;
(B) improcedente, porque o agente público João não agiu de forma dolosa ou com má-fé, fato que exclui a
responsabilidade civil estatal;
(C) procedente, incidindo a responsabilidade civil objetiva do Estado, havendo redução do valor indenizatório
a ser pago pelo Estado do Ceará, em razão da culpa concorrente;
(D) procedente, incidindo a responsabilidade civil subjetiva do Estado do Ceará, devendo o valor
indenizatório ser fixado de acordo com o princípio da proporcionalidade;
(E) procedente, incidindo a responsabilidade civil subjetiva do Poder Judiciário do Ceará, devendo o valor
indenizatório ser fixado de acordo com o princípio da proporcionalidade.
Comentários:
Ao mencionar que o agente público causou dano à Maria por ação praticada no exercício de suas funções, a
questão nos remete à responsabilidade civil do Estado, de natureza objetiva.
Além disso, ao mencionar a existência de culpa concorrente, sabemos que a responsabilidade estatal será
atenuada, de sorte a reduzir o valor da indenização devida à Maria.
0
Antonio Daud
Aula 00
Notem que a culpa concorrente apenas atenua a responsabilidade, não chegando a excluí-la, de sorte que a
letra (A) está incorreta.
Por fim, quanto à letra (E), incorreta, notem que a responsabilidade será de ordem objetiva e atribuída ao
Estado do Ceará (ente com personalidade jurídica).
Gabarito (C)
João, Técnico Médio da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, no exercício da função, caminhava
carregando em seus braços uma enorme pilha de autos de processos, quando tropeçou e caiu em cima da
particular Maria, que estava sendo atendida pela Defensoria, quebrando-lhe o braço e danificando o
aparelho de telefone celular que estava na mão da lesada.
Em razão dos danos que lhe foram causados, Maria ajuizou ação indenizatória em face:
a) da Defensoria Pública-Geral do Estado, com base em sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária
a comprovação do dolo ou culpa de João;
b) da Defensoria Pública-Geral do Estado, com base em sua responsabilidade civil objetiva, sendo
desnecessária a comprovação do dolo ou culpa de João;
c) do Estado do Rio de Janeiro, com base em sua responsabilidade civil objetiva, sendo desnecessária a
comprovação do dolo ou culpa de João;
d) do Estado do Rio de Janeiro, com base em sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária a
comprovação do dolo ou culpa de João;
e) da Defensoria Pública-Geral do Estado e do Estado do Rio de Janeiro, com base na responsabilidade civil
solidária entre ambos, sendo necessária a comprovação do dolo ou culpa de João.
Comentários:
A responsabilidade do Estado é objetiva, nos termos do §6º do art. 37 da Constituição Federal, de sorte que
a letra (C) está correta:
Além disso, friso que a ação deve ser ajuizada em face do Estado do Rio de Janeiro, que possui personalidade
jurídica própria. A Defensoria Pública, a seu turno, é órgão despersonificados, cuja conduta é imputada à
pessoa jurídica a que pertence.
Gabarito (C)
0
Antonio Daud
Aula 00
Antônio, empregado de uma sociedade empresária privada, que atua como concessionária do serviço
público de conservação de rodovias, no exercício de suas funções, atropelou João, motociclista que trafegava
pela rodovia. Em razão do ocorrido, João sofreu sérios danos.
a) somente Antônio pode ser responsabilizado, sendo necessário provar a sua culpa;
c) somente a concessionária será responsabilizada, mas será preciso provar a culpa de Antônio;
d) somente o ente federado concedente será responsabilizado, o que ocorrerá em caráter objetivo;
Comentários:
Como é caso de prestação de serviço público, o concessionário – ainda que particular – prestador dos
serviços terá responsabilidade objetiva pelos danos causados, sejam usuários ou não do serviço.
Quanto à letra (A), lembro que o empregado Antonio somente será chamado a responder pelo dano,
mediante ação regressiva, caso se comprove sua atuação dolosa ou culposa no atropelamento.
Gabarito (B)
O Estado é civilmente responsável pelos danos que seus agentes, nessa condição, causarem à vítima, ainda
que haja culpa exclusiva desta última.
a) da responsabilidade subjetiva.
b) do risco administrativo.
c) da falta do serviço.
d) do risco integral.
0
Antonio Daud
Aula 00
e) do risco social.
Comentários:
A responsabilidade civil objetiva do Estado envolve duas teorias: a do risco administrativo e a do risco
integral. A primeira teoria, adotada como regra geral no Brasil, aquela que admite excludentes de
responsabilidade (como caso fortuito e força maior, culpa exclusiva de terceiros ou da vítima). Já a teoria do
risco integral não admite excludentes e é aplicável, segundo parte da doutrina, a danos nucleares e
ambientais.
Como a questão afirma que o Estado é civilmente responsável apesar da culpa ser somente da vítima, terá
lugar a teoria do risco integral.
Gabarito (D)
João, ocupante do cargo efetivo de Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Rondônia, no exercício
da função pública, praticou ato ilícito que, com o pertinente nexo causal, causou dano ao administrado
Mário.
Em matéria de responsabilidade civil, o particular Mário deve ajuizar ação indenizatória em face
a) da Assembleia Legislativa de Rondônia, por sua responsabilidade civil objetiva, sendo desnecessária a
comprovação do dolo ou culpa do agente público João.
b) da Assembleia Legislativa de Rondônia, por sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária a
comprovação do dolo ou culpa do agente público João.
c) de João por sua responsabilidade civil primária e objetiva, sendo necessária a comprovação do dolo ou
culpa do agente público, facultada a inclusão do Estado no polo passivo da demanda.
d) do Estado de Rondônia, por sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária a comprovação do dolo
ou culpa do agente público João, que responderá pelos danos perante o Estado em ação de regresso.
e) do Estado de Rondônia, por sua responsabilidade civil objetiva, sendo desnecessária a comprovação do
dolo ou culpa do agente público João, que responderá de forma subjetiva perante o Estado em ação de
regresso.
Comentários:
Caso o particular decida utilizar a via judicial, deverá propor ação de indenização em face da pessoa jurídica
a que pertence o agente público causador do dano, isto é, do Estado de Rondônia.
0
Antonio Daud
Aula 00
Em outras palavras, como o órgão público em que João trabalha (Assembleia Legislativa) é despersonalizado
e não possui capacidade processual, deve-se ajuizar a ação em face da pessoa jurídica a que pertence o
órgão.
Além disso, sabemos que a responsabilidade do Estado é de ordem objetiva. O agente público, por sua vez,
responde de forma subjetiva perante o Estado em ação de regresso.
Gabarito (E)
A Assembleia Legislativa aprovou lei estadual declarando determinada área de utilidade pública para fins de
desapropriação.
Por não concordar com a desapropriação de seu imóvel, o particular interessado ingressou com ação judicial
e comprovou que tal lei, em verdade, não atendia ao interesse público e que sofreu danos materiais por sua
aprovação, por ter perdido oportunidade de vender o imóvel a terceira pessoa por preço mais elevado.
a) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois o ato legislativo, por sua
natureza, não é suscetível de ensejar pleitos indenizatórios.
b) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois o ato legislativo está sujeito
apenas ao regime jurídico de controle de constitucionalidade.
c) incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, por se tratar de lei de efeitos concretos que não
estabelece normas gerais e abstratas, constituindo verdadeiro ato administrativo.
d) incide a responsabilidade civil subjetiva do Estado, por se tratar de ato legislativo típico, que apenas
admite indenização se comprovado o dolo ou culpa do agente público.
e) incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, por se tratar de ato legislativo típico, sendo necessária
a comprovação do elemento subjetivo dos agentes públicos envolvidos no ato.
Comentários:
Estamos diante da edição de uma lei de efeitos concretos, uma vez que possui destinatários certos e
determinados. Portanto, apesar de ostentar forma de lei, possui essência de ato administrativo.
Este é um dos casos excepcionais em que se admite que o Estado responda em virtude de um ato legislativo,
de maneira objetiva.
Gabarito (C)
0
Antonio Daud
Aula 00
João, Analista Administrativo do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no exercício da função, causou danos
morais a Joana, parte autora em determinado processo judicial, cujos autos foram extraviados por culpa de
João. Em razão de tais fatos, Joana obteve êxito em ação indenizatória aforada em face do Estado de Santa
Catarina.
a) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, tendo o ônus de comprovar que o agente
público agiu com culpa;
b) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, desde que cumpra o ônus de comprovar que
o agente público agiu com dolo;
c) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, independentemente de comprovar a culpa
ou dolo do agente, em razão da responsabilidade civil objetiva;
d) não pode acionar judicialmente João, eis que a responsabilidade civil objetiva aplica-se apenas em face do
Estado, que não tem o direito de regresso contra o agente;
e) não pode acionar judicialmente João, eis que o direito de regresso do Estado contra o agente somente
surge quando demonstrada má-fé, o que inocorreu no caso.
Comentários:
A partir do art. 37, §6º, da CF, sabemos que o estado de Santa Catarina só pode cobrar do seu agente público
se restar comprovada a existência de culpa ou dolo (já que a responsabilidade do agente público é
subjetiva).
Dito isto, podemos perceber que a letra (a) está correta, mesmo tendo citado somente a culpa. Isto porque
a palavra “culpa” pode ser interpretada em sentido amplo (lato sensu), a qual engloba tanto a culpa em
sentido estrito (stricto sensu) quanto o dolo.
Gabarito (A)
João, Oficial da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, foi designado para cumprir
diligência fiscalizatória em evento que consiste em show com a participação de público adolescente.
Chegando ao local, agindo de forma culposa, João se excedeu e retirou do show o adolescente Antônio,
alegando que o rapaz estava desacompanhado de seus responsáveis, quando, na verdade, seu pai apenas
tinha ido ao banheiro.
Diante dos danos morais (frustração) e materiais (valor do ingresso do show) sofridos por Antônio, ele
procurou a Defensoria Pública e propôs ação indenizatória em face do:
a) João, como pessoa física, por sua responsabilidade civil objetiva e direta;
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
A conduta do agente público lesou Antônio, o qual sofreu danos morais e materiais, ficando claro o nexo de
causalidade entre o dano e a ação do agente. Neste caso, a responsabilidade civil é objetiva.
Além disso, como o Tribunal de Justiça é órgão sem personalidade jurídica própria, a vítima deverá propor
sua ação judicial em face do Estado de Santa Catarina, pessoa jurídica de direito púbico interno.
Gabarito (D)
Ednaldo, servidor público estadual, durante o horário de expediente, deixou que um objeto caísse da janela
da repartição pública em que trabalhava. Esse objeto caiu sobre a cabeça de Pedro e lhe causou danos.
Considerando as normas constitucionais que dispõem sobre o dever de reparar os danos causados, assinale
a afirmativa correta.
a) Somente Eraldo pode ser responsabilizado, mas é necessário demonstrar a sua culpa.
b) O Estado pode ser responsabilizado, ainda que não demonstrada a culpa de Eraldo.
c) Nem Eraldo nem o Estado podem ser responsabilizados, pois ocorreu um mero acidente.
d) Somente Eraldo pode ser responsabilizado, mesmo que não demonstrada a sua culpa.
Comentários:
No caso enunciado, houve (i) a prática de um ato por agente público agindo nessa condição, (ii) dano causado
a outrem e (iii) nexo entre tal resultado e a atuação estatal.
Nessa situação, de acordo com o art. 37, § 6o da Constituição Federal, o Estado poderá ser responsabilizado
independentemente de culpa ou dolo de Ednaldo, o qual responderá de forma subjetiva, em ação de
regresso perante o Estado.
Gabarito (B)
0
Antonio Daud
Aula 00
João, apenado que cumpria pena privativa de liberdade decorrente de sentença penal condenatória com
trânsito em julgado, foi morto no interior de unidade prisional estadual de Alagoas.
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no caso em tela, aplica-se a responsabilidade
civil:
a) objetiva do Estado, e o valor arbitrado em relação aos danos morais decorrentes não pode, em qualquer
hipótese, ser revisto em sede de recurso especial pela proibição de reexame de matéria fática;
b) objetiva do Estado, e os danos morais decorrentes somente podem ser revistos em sede de recurso
especial quando o valor arbitrado for exorbitante ou irrisório, afrontando os princípios da proporcionalidade
e da razoabilidade;
c) subjetiva do Estado, e o poder público estadual será condenado à indenização pelos danos morais aos
familiares do apenado, caso se comprove que o homicídio foi praticado por algum agente penitenciário;
d) subsidiária do Estado, e, para condenação do poder público estadual ao pagamento de indenização pelos
danos morais aos familiares do apenado, será imprescindível a prévia tentativa de satisfação do crédito junto
ao agente público que agiu com culpa ou dolo;
e) subjetiva do Estado, e, para condenação do poder público estadual ao pagamento de indenização pelos
danos morais aos familiares do apenado, será imprescindível a comprovação do ato ilícito e nexo causal,
sendo desnecessária a demonstração do dolo ou culpa de um agente público.
Comentários:
Os tribunais brasileiros têm firmando entendimento no sentido de que a responsabilidade do Estado por
mortes de detentos, como regra geral, é do tipo objetiva, uma vez que este atua como garante da vida que
lhe foi confiada. No STF, podemos destacar a seguinte tese de repercussão geral12:
Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento.
12
RE 841526 / RS, rel. Min. Luiz Fux, 30/3/2016 e RE 580252 / MS, rel. Min. Alexandre de Moraes,
16/2/2017
13
AgRg no AREsp 850954/CE,Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA,Julgado em
10/03/2016,DJE 28/03/2016
14
STJ - Jurisprudência em Teses – edição 61
0
Antonio Daud
Aula 00
Gabarito (B)
O Presidente de determinada autarquia de Alagoas, no exercício de suas funções, praticou ato ilícito civil que
causou danos a determinado usuário do serviço prestado pela entidade.
a) subjetiva e solidária da autarquia e do Estado de Alagoas que a criou por lei específica;
b) subjetiva e primária da autarquia, mas o Estado de Alagoas não pode ser responsabilizado porque a
autarquia tem personalidade jurídica própria;
c) objetiva e primária da autarquia, mas o Estado de Alagoas não pode ser responsabilizado porque a
autarquia tem personalidade jurídica própria;
d) objetiva e solidária da autarquia e do Estado de Alagoas que a criou por lei específica;
Comentários:
A autarquia de Alagoas é uma pessoa jurídica de direito público. Logo, nos termos do art. 37, § 6o, da
Constituição Federal, tal entidade deve ser responsabilizada pelos danos causados a terceiros realizados por
seus agentes. Como houve ato lesivo comissivo, dano e nexo de causalidade, a responsabilidade civil da
autarquia é objetiva.
Além disso, quem responderá primariamente é a própria autarquia. No entanto, se esta não possuir
patrimônio suficiente para o pagamento da indenização devida, o Estado de Alagoas passará a responder de
maneira subsidiária.
Gabarito (E)
Miro, quando passava na calçada lateral do edifício da Câmara de Vereadores do Município de São Paulo, é
atingido por parte da janela que caiu do Gabinete da Presidência da Casa Legislativa.
Nessa hipótese, a pessoa jurídica que responderá por eventual indenização será:
a) a Câmara de Vereadores;
0
Antonio Daud
Aula 00
b) a Casa Legislativa;
c) a Prefeitura;
d) o Município;
Comentários:
De acordo com o art. 37, § 6o, é a pessoa jurídica de direito público ou a de direito privado prestadora de
serviço público que responde pelos danos que seus agentes causarem a terceiros. Como a Câmara de
Vereadores é órgão municipal não dotado de personalidade jurídica própria, é o Município (ente com
personalidade jurídica de direito público) que deverá figurar no polo passivo da ação de reparação de danos
ajuizada por Miro.
Gabarito (D)
A sociedade empresária W, que recebeu concessão do município Sigma para prestar o serviço de transporte
urbano de passageiros, foi citada em uma ação civil de reparação de danos, sob o fundamento de que um de
seus ônibus, durante o serviço, colidira com outro veículo, daí resultando lesões graves no motorista deste
último.
À luz da sistemática constitucional afeta à responsabilização civil das concessionárias de serviço público, é
correto afirmar que a responsabilidade da sociedade empresária W
a) é objetiva, apesar de o dano ter sido causado a um indivíduo que não era usuário do serviço.
b) é subjetiva, já que o dano foi causado a não-usuário do serviço, sendo exigida a culpa do motorista do
ônibus.
d) é subjetiva, pois somente a Administração Pública direta e indireta pode responder de modo objetivo.
e) é objetiva, desde que demonstrada a culpa do motorista do ônibus e seu vínculo empregatício.
Comentários:
O art. 37, § 6o, da Constituição Federal afirma que as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público são responsáveis pelos danos que seus agentes causarem a terceiros. Apesar de o texto
constitucional não deixar claro se os terceiros afetados são somente os usuários do serviço público ou se
engloba também os não-usuários, o STF firmou entendimento de que os não usuários também são
beneficiários da responsabilidade objetiva do referido dispositivo constitucional.
0
Antonio Daud
Aula 00
Gabarito (A)
Determinado ente federativo passou a figurar no polo passivo de uma ação civil de reparação de danos, sob
o argumento de que Pedro, servidor público do referido ente, no exercício da função, ao conduzir o veículo
de um órgão estadual, atropelara e dera causa à morte de Maria. Apesar disso, existiam provas robustas de
que Pedro cumprira integralmente as normas de trânsito e o acidente decorrera do comportamento
inadequado de Maria.
À luz da narrativa acima, na seara afeta à responsabilidade civil do Estado por atos comissivos, mais
especificamente em relação à possibilidade de o comportamento de Maria afastar o dever de indenizar, a
teoria adotada pela Constituição da República é a
a) do risco integral, não sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva da vítima.
b) do risco administrativo, sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva da vítima.
c) da culpa, sendo o dever de indenizar influenciado pela culpa, tanto do agente público como da vítima.
d) da falta administrativa, não sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva da vítima.
e) do risco social baseada na culpa do agente, sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva da
vítima.
Comentários:
A letra (a) está incorreta. A teoria do risco integral é aquela em que o Estado é o "segurador universal", não
se admitindo qualquer excludente de responsabilidade. De acordo com a doutrina, essa teoria é aplicada
somente em casos excepcionais, como danos nucleares e ambientais.
A letra (b) está correta, já que a teoria do risco administrativo consiste na teoria aplicada, de modo geral,
para explicar a responsabilidade civil objetiva do Estado. Por esta teoria, o Estado tem o dever de indenizar
o dano causado ao particular, independentemente da culpa do agente público. No entanto, a teoria do risco
administrativo admite que a responsabilidade do Estado seja excluída em determinadas circunstâncias,
como ocorre na culpa exclusiva da vítima. Se restar comprovado que o acidente foi causado pelo
comportamento da vítima e que o agente público seguia as normas legais aplicáveis, estará excluída a
responsabilidade civil do Estado, não havendo que se falar em reparação perante o poder público.
0
Antonio Daud
Aula 00
A letra (c) está incorreta. A teoria da culpa administrativa é aquela em que há falta de serviço público, a qual
exige comprovação de que houve culpa do Estado. Tal teoria não é aplicável ao caso em questão, mas
somente nas situações em que houve omissão em geral do poder público.
A letra (d) está incorreta. Teoria da "falta administrativa" ou da “culpa administrativa”, como vimos acima,
baseia-se na culpa do Estado. Ela é aplicável nas situações de omissão em geral do poder público. Além disso,
também nesta teoria, havendo culpa exclusiva da vítima, o Estado não terá o dever de indenizar a vítima.
Por fim, a letra (e) está incorreta, na medida em que a responsabilidade civil objetiva do Estado independe
da culpa do agente.
Gabarito (B)
71. FGV/TRT - 12ª Região (SC) – Analista Judiciário – Área Administrativa – 2017
João, servidor público federal, estava conduzindo, no exercício de suas funções, o veículo da repartição em
que trabalha, quando realizou uma inversão de direção proibida e colidiu com o veículo de Antônio, que se
lesionou com o impacto. Ato contínuo, Antônio procurou um advogado e solicitou informações a respeito da
natureza da responsabilidade civil no evento que o lesionou.
Comentários:
Questão fácil e direta. A União, ente com personalidade jurídica de direito público, deverá responder de
forma objetiva pelos danos que seu servidor, João, causou a Antônio, independentemente da culpa ou dolo
de João. Já a responsabilidade do agente citado é subjetiva, em que ele deverá responder perante a União,
em ação regressiva, caso haja culpa ou dolo.
Gabarito (E)
0
Antonio Daud
Aula 00
ocasionando sua queda que resultou em fratura do fêmur. No caso em tela, a indenização devida a Fernanda
deve ser suportada:
a) pela sociedade empresária concessionária, que tem responsabilidade civil subjetiva, sendo imprescindível
a comprovação da culpa ou dolo de seus funcionários;
b) pela sociedade empresária concessionária, que tem responsabilidade civil objetiva, sendo prescindível a
comprovação da culpa ou dolo de seus funcionários;
c) pelo Município, diretamente, na qualidade de poder concedente, que tem responsabilidade civil subjetiva,
sendo prescindível a comprovação da culpa ou dolo dos seus funcionários da concessionária;
d) pelo Município e pela sociedade empresária concessionária, de forma solidária, que têm responsabilidade
civil objetiva, sendo imprescindível a comprovação da culpa ou dolo dos funcionários da concessionária;
e) pelos funcionários responsáveis pelo dano, diretamente, que têm responsabilidade civil objetiva, sendo
prescindível a comprovação de terem atuado com culpa ou dolo.
Comentários:
Devido ao ato dos funcionários da prestadora de serviços públicos, ao dano à Fernanda (terceira não-usuária)
e ao nexo de causalidade entre a conduta e o dano, a concessionária deverá ser responsabilizada de forma
objetiva, mesmo em relação a terceiros não usuários. Isto é, é prescindível (dispensável) a demonstração de
que houve dolo ou culpa dos agentes.
Caso a concessionária não consiga arcar integralmente com a indenização devida a Fernanda, o Município
(Poder Concedente) deverá ser responsabilizado de forma subsidiária.
Gabarito (B)
Ernesto, servidor público estadual, ao atender um cidadão em sua repartição, ficou aborrecido com o
comentário de que o atendimento era muito ruim. Ato contínuo, desferiu socos e chutes no referido cidadão.
Este último procurou um advogado e solicitou esclarecimentos a respeito de quem seria o responsável pela
reparação dos danos sofridos, bem como sobre a natureza dessa espécie de responsabilização. À luz da
sistemática constitucional, nesse caso, a responsabilidade:
a) da Administração Pública será objetiva, vedado o direito de regresso contra o servidor público;
b) do servidor público será objetiva, vedado o direito de regresso contra a Administração Pública;
c) da Administração Pública será subjetiva, facultado o direito de regresso contra o servidor público;
d) do servidor público será subjetiva, permitido o direito de regresso contra a Administração Pública;
0
Antonio Daud
Aula 00
e) da Administração Pública será objetiva, permitido o direito de regresso contra o servidor público.
Comentários:
Mais uma questão fácil e direta. O Estado, ente federativo com personalidade jurídica de direito público,
deverá responder de forma objetiva pelos danos que seu servidor, Ernesto, causou ao cidadão,
independentemente da culpa ou dolo de Ernesto. Já a responsabilidade civil do agente citado é do tipo
subjetiva, de sorte que o agente deverá responder ao ente federativo, em ação regressiva, caso haja culpa
ou dolo.
Gabarito (E)
Dois Policiais Militares abordaram um adolescente que estava caminhando sozinho em via pública, sem
qualquer indício de estar em situação flagrancial de ato infracional análogo a crime. Agindo com
desnecessária agressividade física e moral, bem como com evidente arbitrariedade, os policiais revistaram o
menor, o interrogaram e desferiram-lhe socos no rosto, tudo em movimentada avenida. Finda a abordagem,
os militares estaduais liberaram o menor. Após orientação jurídica da Defensoria Pública, o menor ajuizou
ação indenizatória com base na responsabilidade civil:
a) objetiva e direta dos Policiais Militares, que arcarão diretamente com a reparação pelos danos morais que
causaram ao menor, mediante a comprovação de terem agido com dolo;
b) subjetiva e solidária dos Policiais Militares e do Estado, que arcarão com a reparação pelos danos morais
causados ao menor, mediante a comprovação de terem agido com culpa ou dolo;
c) objetiva do Estado, que arcará com a reparação pelos danos morais causados pelos policiais ao menor,
independentemente da comprovação de terem agido com dolo ou culpa, assegurado o direito de regresso
em face dos agentes públicos;
d) objetiva do Estado, que arcará com a reparação pelos danos morais causados pelos policiais ao menor,
mediante a comprovação de terem agido com dolo ou culpa, assegurado o direito de regresso em face dos
agentes públicos;
e) subjetiva do Estado, que arcará com a reparação pelos danos morais causados pelos policiais ao menor,
mediante a comprovação de terem agido com dolo ou culpa, assegurado o direito de regresso em face dos
agentes públicos.
Comentários:
A Polícia Militar (PM) é órgão da Administração Direta, não possuindo personalidade jurídica. Sendo assim,
é o Estado (ente federativo com personalidade jurídica de direito público) a que pertença aquela força
policial que responderá pelos danos causados por seus agentes a terceiros.
0
Antonio Daud
Aula 00
Como é objetiva a responsabilidade estatal, a ação indenizatória ajuizada pelo menor deverá ser arcada pelo
Estado independentemente da comprovação de culpa ou dolo dos policiais militares, os quais serão
responsabilizados de forma subjetiva perante o Estado, em ação regressiva, caso tenham agido com dolo ou
culpa.
Gabarito (C)
Luísa, passageira no ônibus da linha 123, da concessionária EW LTDA, sofreu uma concussão na cabeça após
o choque sofrido contra o banco da frente onde estava sentada. O ocorrido deveu-se a freada brusca
realizada pelo motorista que conduzia o veículo e, simultaneamente, conversava por mensagens de texto
através de um aplicativo para celulares. Pode-se afirmar, quanto ao ocorrido, que:
a) a concessionária não responde diretamente, pois é flagrante a culpa do motorista, efetivo causador dos
danos;
b) a responsabilidade civil da concessionária será apurada mediante a verificação de culpa, pois se trata de
ato ilícito;
c) a EW LTDA, embora seja concessionária de serviço público, por sua culpa in eligendo, exclui a
responsabilidade civil do Estado;
e) o Estado, como poder cedente, poderá ser demandado na via da responsabilidade civil objetiva, por sua
culpa in contrahendo.
Comentários:
A letra (a) está incorreta. A concessionária é responsável pelos danos causados por seus agentes, que,
atuando nessa condição, causarem a usuários ou não dos seus serviços.
A letra (b) está incorreta. A responsabilidade da concessionária é objetiva, uma vez que o ato de um agente
seu causou danos a outrem, não sendo necessária aferição de culpa do motorista. Pelo mesmo motivo, a
letra (d) está correta.
A letra (c) está incorreta. A responsabilidade civil do Estado é subsidiária, caso a concessionária não consiga
arcar com os prejuízos causados por seu motorista.
Por fim, a letra (e) está incorreta, já que a jurisprudência não tem admitido a culpa in contrahendo do poder
público concedente (responsabilidade decorrente da contratação de empresa não qualificada).
Gabarito (D)
0
Antonio Daud
Aula 00
Maria José, servidora pública estadual ocupante do cargo de merendeira, preparou para o almoço dos alunos
uma deliciosa galinha ao molho pardo. Ao servir aos alunos, Maria José informou-lhes que havia retirado
todos os ossos da ave e que eles poderiam saborear a iguaria tranquilamente. Ocorre que o aluno Davidson,
ao comer galinha, se engasgou com um pedaço de osso de oito centímetros, sofrendo grave lesão em órgãos
do sistema digestivo superior. Em razão das lesões, Davidson ajuizou ação indenizatória por danos materiais
e morais em face:
a) de Maria José, com base em sua responsabilidade civil objetiva, sendo necessária a comprovação do
elemento subjetivo, ou seja, de ter agido com dolo ou culpa;
b) de Maria José e do Estado, de forma solidária, sendo necessária a comprovação de ter agido o agente
público com dolo ou culpa;
c) do Estado, que responde pelos danos causados por Maria José ao aluno de forma subjetiva, ou seja, com
a necessidade de comprovação do elemento subjetivo na conduta do agente público;
d) do Estado, que responde pelos danos causados por Maria José ao aluno de forma objetiva, ou seja, sem
necessidade de comprovação do elemento subjetivo na conduta do agente público;
e) do Estado, com base em sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária a comprovação da conduta
ilícita, dano, nexo causal e dolo ou culpa, com base na teoria do risco administrativo.
Comentários:
A letra (a) está incorreta, pois a responsabilidade civil de Maria José é subjetiva, sendo necessária, de fato,
a comprovação de ter agido com dolo ou culpa.
A letra (b) está incorreta. A responsabilidade não é solidária, nem subsidiária. Perante a vítima, apenas o
Estado responde (de forma objetiva). No entanto, caso seja condenado, o Estado poderá pleitear o regresso
em face de Maria José (que responde de forma subjetiva).
A letra (c) está incorreta. O Estado responde de forma objetiva, sem a necessidade de comprovação do
elemento subjetivo na conduta de Maria José. Pelo mesmo raciocínio, a letra (d) está correta.
Por fim, a letra (e) está incorreta, já que o Estado responde de forma objetiva.
Gabarito (D)
Suponha que um empregado de empresa privada, concessionária de serviço público de coleta de lixo, ao
manobrar o veículo que estava efetuando a coleta urbana, tenha abalroado o muro de um edifício e este
veio a desabar. Considerando o regramento estabelecido pela Constituição da República sobre
responsabilidade civil da Administração pública,
0
Antonio Daud
Aula 00
a) inexiste responsabilidade objetiva da concessionária pelos danos causados, eis que tal modalidade de
responsabilização somente se aplica a pessoas jurídicas de direito público.
e) a responsabilidade primária pela reparação do dano é do empregado, que poderá, contudo, exercer direito
de regresso contra a concessionária, se comprovada culpa concorrente.
Comentários:
Como o dano foi causado ao particular por agente de uma concessionária de serviços públicos, esta será
responsabilizada de maneira objetiva pela indenização ao particular. Sendo objetiva, independe de
comprovação de dolo ou culpa do empregado. Dessa forma, afiguram-se incorretas as letras (a) e (d) e
correta a letra (c).
Além disso, a concessionária será a responsável primária, de sorte que o particular deve, primeiramente,
buscar cobrar dela a reparação pelos danos sofridos. No entanto, caso o patrimônio da empresa não seja
suficiente para arcar com o pagamento da indenização, o município (poder concedente) também será
chamado a responder pelo dano, de modo subsidiário15. A seguinte lição de Carvalho Filho16 bem sintetiza
esta possibilidade:
Em todos esses casos, a responsabilidade primária deve ser atribuída à pessoa jurídica a
que pertence o agente autor do dano. Mas, embora não se possa atribuir responsabilidade
direta ao Estado, o certo é que também não será lícito eximi-lo inteiramente das
consequências do ato lesivo. Sua responsabilidade, porém, será subsidiária, ou seja,
somente nascerá quando o responsável primário não mais tiver forças para cumprir a sua
obrigação de reparar o dano.
Portanto, como a responsabilidade primária é da concessionária, estão incorretas as letras (b) e (e).
Gabarito (C)
15
STJ - AgRg no AREsp: 267292 ES 2012/0258507-7, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Julgamento: 15/10/2013, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/10/2013; STJ - REsp:
1135927 MG 2009/0073229-6, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 10/08/2010, T2
- SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/08/2010
16
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 593
0
Antonio Daud
Aula 00
O caixa de uma instituição financeira pública deixou de efetivar a autenticação da guia de recolhimento de
tributo que lhe fora apresentada por um cliente, juntamente com outras tantas faturas, não obstante tenha
realizado a retirada dos recursos da conta-corrente do mesmo. O cliente constatou o equívoco meses depois,
quando descobriu restrição a seu nome no cadastro de inadimplentes do ente federal credor do tributo.
Tendo restado esclarecido que não se tratou de dolo por parte do funcionário do banco, bem como
considerando o disposto no artigo 37, parágrafo 6°, da Constituição Federal, que trata da responsabilidade
extracontratual do Estado,
b) a instituição financeira oficial não pode responder civilmente pelos atos praticados pelo caixa com base
no dispositivo constitucional, pois se restringe à atuação dos servidores estatutários e o dano foi causado
por empregado público.
c) poderia ser imposta responsabilidade à pessoa jurídica de direito privado empregadora do caixa cuja
atuação ensejou danos ao cliente, independentemente do vínculo funcional, caso se tratasse de prestadora
de serviço público, o que não procede no presente caso.
d) não pode a instituição financeira, pessoa jurídica de direito privado, ser responsabilizada, tendo em vista
que o dispositivo constitucional exige conduta dolosa quando se tratar de empregados públicos.
e) o empregado responde pessoalmente pelos danos causados, considerando que, na forma do dispositivo
constitucional, as empresas estatais exploradoras de atividades econômicas somente respondem
objetivamente pelas condutas comissivas dolosas de seus empregados.
Comentários:
Resumindo o caso: os recursos financeiros saíram da conta corrente do cliente, mas não foram destinados
ao pagamento do tributo, causando danos ao cliente.
Reparem, no entanto, que estamos diante de instituição pública, presumidamente de direito privado, que
não presta serviços públicos, mas explora atividade econômica em sentido estrito17, de sorte que não se
aplica o mandamento constitucional do art. 37, §6º, da CF. Em outras palavras, a instituição financeira não
responderá de modo objetivo com base no dispositivo constitucional.
Por este motivo, já podemos perceber que a letra (a) está incorreta.
A letra (b) também está incorreta. Apesar de não responder civilmente com base no art. 37, §6º, da
Constituição Federal (mencionado no enunciado), este dispositivo não se restringe aos “servidores
estatutários”, mas abrange qualquer agente público agindo em nome de pessoa jurídica ou (i) de direito
17
STF - RE 688267. Voto do Ministro Alexandre de Moraes.
0
Antonio Daud
Aula 00
público ou (ii) de direito privado prestadora de serviços públicos. Isto inclui servidores públicos, agentes
políticos, agentes temporários, empregados públicos etc.
A letra (c), por sua vez, está correta. Caso estivéssemos diante da prestação de um serviço público (o que
não é o caso), de fato poderia ser imposta, com base no art. 37, §6º, da Constituição Federal,
responsabilidade objetiva à pessoa jurídica.
A letra (d) peca em sua parte final, já que não se exige conduta dolosa do agente público – seja ele
empregado público ou outra espécie de agente. Se o comando constitucional fosse aplicável à questão, a
organização pública responderia independentemente da existência de dolo ou culpa do agente.
Por fim, a letra (e) está incorreta, uma vez que o dispositivo constitucional não tem aplicação no presente
caso (exploração de atividade econômica). ==0==
A título de curiosidade, destaco que as instituições financeiras (públicas ou privadas) respondem de maneira
objetiva perante seus clientes, não com base no art. 37, §6º, da Constituição Federal, mas com fundamento
no Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Gabarito (C)
79. FCC/Câmara Legislativa do Distrito Federal – Técnico Legislativo – Agente de Polícia Legislativa – 2018
Felipe foi processado e condenado por prática de crime, por decisão judicial transitada em julgado, tendo
cumprido a respectiva pena de privação de liberdade. Contudo, a condenação de Felipe se deu por erro
judiciário. Diante dessa situação, considerando apenas os dados ora fornecidos, Felipe
a) não poderá pleitear indenização do Estado, pois o reconhecimento da responsabilidade acarretaria ofensa
à coisa julgada.
c) poderá pleitear indenização do Estado pois, de acordo com a Constituição Federal, este indenizará o
condenado por erro judiciário.
d) poderá pleitear indenização do Estado, desde que a condenação por erro judiciário tenha sido confirmada
pelos Tribunais Superiores.
Comentários:
O erro judiciário consiste em uma das situações excepcionais em que o Estado será responsabilizado, de
maneira objetiva, por ato jurisdicional. Esta conclusão decorre do seguinte dispositivo constitucional:
CF, art. 5º, LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;
0
Antonio Daud
Aula 00
Notem que a letra (d) está incorreta, na medida em que a legislação não impõe tal requisito para a
caracterização do erro judiciário. É possível que o erro judiciário seja caracterizado por meio de uma revisão
criminal, por exemplo, sem que um tribunal superior seja acionado.
Gabarito (C)
80. FCC/TRT - 15ª Região (SP) – Técnico Judiciário – Área Administrativa – 2018
a) pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, não sendo necessário a demonstração de culpa ou
dolo, mas sim do nexo de causalidade entre a conduta dos servidores e os danos sofridos.
b) pelos danos comissivos que os agentes e prestadores de serviços públicos causarem a terceiros, desde
que demonstrado o dolo na conduta vedada pela Constituição Federal.
c) pelas ações ilícitas cometidas pelos agentes públicos, não sendo necessário demonstrar o nexo de
causalidade, apenas o prejuízo sofrido, de forma inequívoca.
d) pela modalidade subjetiva, que somente autoriza a responsabilidade subjetiva se vier a ser comprovado
o dolo ou a culpa do agente público.
e) pelos danos causados ao patrimônio das vítimas, no caso de danos dessa natureza, que prescindem de
comprovação de culpa e nexo causal.
Comentários:
A letra (a) está correta e resume a principal característica da responsabilidade objetiva do Estado:
independe de demonstração de culpa ou dolo do agente público. Com o mesmo raciocínio, percebemos que
as letras (b) e (d) estão incorretas.
Além disso, apesar de independer de dolo ou culpa, é essencial que a vítima comprove o nexo causal entre
a conduta do Estado e o dano por ela sofrido. Dessa forma, as demais alternativas também estão incorretas.
Quanto à letra (c), é interessante notar que as condutas não necessitam ser consideradas ilícitas para ensejar
a responsabilidade do Estado. Mesmo as condutas estatais absolutamente regulares têm o condão de gerar
o dever de reparação ao Estado.
Gabarito (A)
A atuação dos agentes públicos que causar danos a terceiros pode gerar responsabilização das pessoas
políticas ou jurídicas da Administração pública as quais estiverem funcionalmente vinculados. No âmbito
dessa atuação passível de resultar na referida responsabilização,
0
Antonio Daud
Aula 00
a) inclui-se o exercício do poder hierárquico, que também incide na esfera jurídica de terceiros não
integrantes do quadro funcional da Administração pública, mas sujeitos àquela relação, como os contratados
para prestação de serviços ou fornecimento de bens.
b) a atuação dolosa dos agentes públicos, por atos comissivos lícitos ou ilícitos, acarreta dever de indenização
da pessoa jurídica ou política pelos danos que aqueles causarem, cabendo direito de regresso em face dos
servidores responsáveis.
c) o poder normativo conferido à Administração pública enseja sua responsabilidade objetiva, sendo
obrigatória a inclusão do ente que editou o ato ou decreto no pólo passivo da ação, dado que se trata de
atuação legislativa.
d) o poder de polícia, quando exercido fora dos limites legalmente autorizados, pode ocasionar danos aos
administrados, passíveis de serem opostos à Administração para fins de indenização, independentemente
de dolo ou culpa dos agentes públicos.
e) tanto o poder de polícia quanto o poder disciplinar exigem comprovação de dolo ou culpa dos agentes
públicos para imputação de responsabilidade às pessoas jurídicas as quais estão vinculados, considerando
que se trata de atuação essencial e intrínseca às funções executivas.
Comentários:
A letra (a) está incorreta, na medida em que o poder hierárquico é eminentemente interno, não incidindo
na esfera de terceiros não integrantes do quadro funcional da Administração pública. Diferentemente seria
o caso do poder disciplinar, que poderia incidir também sobre terceiros contratados pelo poder público, por
exemplo.
A letra (b) está incorreta, em razão de ter destoado do disposto no art. 37, §6º, da Constituição Federal:
CF, art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.
A atuação dolosa dos agentes públicos gera o dever de indenização para a pessoa jurídica a qual pertencem,
de sorte que serão indenizados os danos sofridos pela vítima da atuação estatal. Ou seja: a indenização é do
ente público para o particular, em qualquer caso, assegurado o direito de regresso em face do servidor
responsável pela conduta dolosa.
A letra (c) está incorreta. Parte da doutrina, a exemplo de Di Pietro18, tem defendido que “atos normativos
do Poder Executivo e de entes administrativos com função normativa, também podem ensejar a
responsabilização estatal, quando houver vícios de inconstitucionalidade ou ilegalidade”. No entanto, não se
18
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Ed. GenMétodo. 31ª ed. 2018. eBook. Item
15.6
0
Antonio Daud
Aula 00
exige a inclusão do ente que editou o decreto/ato no polo passivo da ação, dado que são desprovidos de
personalidade jurídica própria. Muitas vezes possuem capacidade processual, mas esta é limitada à defesa
judicial de suas prerrogativas. Por fim, a rigor, não se trata de atuação “legislativa” propriamente dita, mas
exercício do poder normativo pela administração pública. Portanto, não há produção de lei, mas de ato
administrativo com conteúdo normativo.
A letra (d) está correta. A atuação administrativa, de forma geral, que tenha causado prejuízos ao Estado é
capaz de gerar sua responsabilização. Assim, não há dúvidas de que o abuso do poder de polícia também
gerará o dever de indenizar para o Estado.
Por fim, a letra (e) está incorreta. Como regra geral, a responsabilidade do Estado é objetiva, independendo
da comprovação de dolo ou culpa do agente público.
Gabarito (D)
Suponha que determinado cidadão tenha sofrido ferimentos enquanto aguardava uma audiência em um
prédio do Poder Judiciário, ocasionados por um servidor que buscava conter um tumulto que se formou no
local em razão de protestos de determinada categoria de funcionários públicos. Referido cidadão buscou a
responsabilização civil do Estado pelos danos sofridos. De acordo com o que predica a teoria do risco
administrativo, o Estado
a) possui responsabilidade objetiva pelos danos sofridos pelo cidadão, descabendo qualquer excludente de
responsabilidade, como força maior, culpa da vítima ou de terceiros.
b) apenas responde pelos danos causados em caráter comprovadamente doloso ou culposo pelos seus
agentes, assegurado o direito de regresso contra o agressor.
c) não responde pelos danos causados, salvo se comprovada omissão no dever de fiscalizar a prestação do
serviço público envolvido e suas condições de segurança.
d) possui responsabilidade subjetiva pelos danos sofridos pelo cidadão, a quem compete comprovar o nexo
de causalidade e a culpa anônima do serviço.
e) pode ser responsabilizado, independentemente de culpa ou dolo de seus agentes, excluindo-se tal
responsabilidade se comprovada culpa de terceiros.
Comentários:
0
Antonio Daud
Aula 00
Consoante defende Carvalho Filho19, como regra geral, o Estado não responde por danos que forem
causados por agrupamento de pessoas (como vitrines de lojas destruídas por uma multidão protestando),
uma vez que são atos de terceiros, caracterizadora de excludente de responsabilidade.
No entanto, a questão menciona que o dano ao particular foi causado por agente público que tentava conter
o tumulto, o que atrai a responsabilidade objetiva do Estado, sob a teoria do risco administrativo.
A letra (a) está incorreta. Diferentemente da teoria do risco integral, a teoria do risco administrativo admite
excludentes de responsabilidade. Pelo mesmo motivo, a letra (e) está correta.
A letra (b) está incorreta, porquanto na responsabilidade objetiva não se requer comprovação de dolo ou
culpa na conduta do agente.
A letra (c) está incorreta, pois o Estado responderá pelos danos causados, dado que a conduta foi praticada
por agente público atuando nessa condição.
Por fim, a letra (d) está incorreta. Não se trata de omissão estatal, mas de dano decorrente de conduta
comissiva do agente público, o que atrai a responsabilidade objetiva. Assim, não há que se falar em
responsabilidade subjetiva ou culpa do serviço.
Gabarito (E)
83. FCC/DPE-AM – Assistente Técnico de Defensoria – Assistente Técnico Administrativo – Tabatinga – 2018
b) dano causado a terceiro decorrente de conduta do Estado ou de quem lhe faça as vezes.
e) conduta lícita ou ilícita de agente de pessoa jurídica de direito público prestadora de serviço público.
Comentários:
19
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 587-588
0
Antonio Daud
Aula 00
pois mesmo a conduta estatal absolutamente lícita tem o condão de gerar o dever de indenizar para o Estado.
O que se exige é a demonstração do seguinte:
a) dano sofrido
A letra (b), por sua vez, está correta. O dano pode ter sido causado por agente do próprio Estado ou de quem
lhe faça as vezes, como é o caso do empregado de uma concessionária de serviços públicos.
A letra (c) está incorreta. A ação regressiva em face do agente responsável não é pressuposto para a
responsabilidade do Estado.
A letra (d) está incorreta. Como vimos acima, não se exige comprovação de dolo na atuação estatal.
A letra (e) está incorreta. A responsabilidade do art. 37, §6º, da Constituição Federal pode advir de conduta
praticada por agente de pessoa jurídica de direito público, mas também de pessoa de direito privado que
preste serviços públicos:
Gabarito (B)
0
Antonio Daud
Aula 00
Uma autarquia estava edificando o prédio de sua nova sede. Durante as obras de fundação, as instalações
de gasodutos existentes no subsolo foram perfuradas e houve abalos em algumas construções vizinhas.
Nesse caso,
a) o ente público que criou a autarquia responde obrigatoriamente e de forma solidária, em litisconsórcio
necessário, pelos danos a que esta tenha dado causa.
c) o ente público responde objetivamente e a autarquia, em regresso, subjetivamente, no caso de haver dolo
ou culpa de seus funcionários.
d) o ente público responde objetiva e exclusivamente pelos danos comprovados, demonstrado o nexo de
causalidade, tendo em vista que a autarquia integra a Administração direta.
e) a autarquia responde subjetivamente pelos danos causados a terceiros, desde que haja a necessária
demonstração de culpa, considerando a natureza jurídica do ente.
Comentários:
A questão versa sobre a responsabilidade extracontratual do Estado por dano decorrente de obra pública.
Presumindo que se trata de execução de obra pela própria administração pública (execução direta), sabemos
que o Estado responderá de forma objetiva pelos danos causados, qualquer que seja a causa. Como a obra
está sob responsabilidade da autarquia, ela é quem responderá pelo dano, de sorte que a letra (b) está
correta.
Quanto à letra (a), notem que o ente político que criou a autarquia responderá também de maneira objetiva.
No entanto, o ente político somente poderá ser acionado em caráter subsidiário, caso a vítima não consiga
obter, a partir do patrimônio da autarquia, a reparação devida.
Aproveito para relembrar o panorama geral da responsabilização por dano de obra pública:
0
Antonio Daud
Aula 00
Gabarito (B)
a) do poder concedente, titular do serviço, não do concessionário, por ser pessoa jurídica de direito privado.
b) da concessionária de serviço público, que está autorizada a acionar, em ação de regresso, o Poder Público,
em razão da titularidade do serviço.
c) do preposto da concessionária que tenha atuado com culpa ou dolo, não da pessoa jurídica, em razão do
princípio da separação patrimonial entre a pessoa jurídica e seus integrantes.
d) da concessionária de serviço público, que está autorizada, em caso de dolo ou culpa, a mover ação de
regresso contra o causador do evento danoso.
e) do poder concedente, por culpa in eligendo, hipótese em que a concessionária não poderá ser diretamente
responsabilizada pelo prejudicado, pois responde contratualmente.
Comentários:
O dano causado por agente de concessionária de serviços públicos, como regra geral, implicará sua
responsabilidade objetiva, isto é, independe de comprovação de dolo ou culpa do empregado. Além disso,
a concessionária será a responsável primária, de sorte que o particular deve, primeiramente, buscar cobrar
dela a reparação pelos danos sofridos. No entanto, caso o patrimônio da empresa não seja suficiente para
arcar com o pagamento da indenização, o poder concedente também será chamado a responder pelo dano,
de modo subsidiário20.
Dito isto, percebemos que estão incorretas as letras (a), (b) e (c).
Quanto à letra (b), lembro que a concessionária não pode cobrar do Estado tal prejuízo, já que presta o
serviço por sua conta e risco. Ela poderá cobrar, quando for o caso, de seu agente, responsável pelo dano.
A letra (d) está correta. De acordo com a parte final do art. 37, §6º, havendo dolo ou culpa do agente
responsável pelo dano, a concessionária de serviço público poderá promover a ação de regresso contra ele.
20
STJ - AgRg no AREsp: 267292 ES 2012/0258507-7, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Julgamento: 15/10/2013, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/10/2013; STJ - REsp:
1135927 MG 2009/0073229-6, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 10/08/2010, T2
- SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/08/2010
0
Antonio Daud
Aula 00
Por fim, a letra (e) está incorreta. A concessionária é a responsável primária pelo dano, pois presta o serviço
por sua conta e risco. No entanto, admite-se a responsabilização do Estado, em caráter subsidiário, caso a
concessionária não tenha condições de honrar o pagamento da indenização.
Gabarito (D)
86. FCC/TRT - 6ª Região (PE) – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2018
Numa ação ajuizada por um particular em face do Município em razão de supostos danos causados em seu
imóvel, vizinho a uma escola municipal, em virtude de uma reforma naquelas instalações que teria ensejado
a queda do muro, caberá ao autor demonstrar
a) a negligência dos agentes públicos na conservação das dependências da escola, configurando culpa.
b) o nexo de causalidade entre os danos que foram causados ao seu imóvel e a queda do muro, decorrente
da reforma.
c) o dolo dos agentes públicos na realização da reforma, sem preocupação com a qualidade da execução dos
trabalhos.
d) a prova dos danos intencionalmente causados ao autor, bem como os lucros cessantes.
e) que não se tratou de hipótese de força maior ou de culpa concorrente da vítima, o que excluiria a
responsabilidade do Município.
Comentários:
Como a questão nada mencionou sobre a causa da queda do muro, vamos assumir que se tratou de dano
decorrente do “só fato da obra”. Nesta situação, o Estado responderá de modo objetivo, ainda que a obra
esteja a cargo de uma empresa privada. Dessa forma, basta ao particular comprovar o dano, a atuação estatal
e o respectivo nexo de causalidade.
Como a responsabilidade objetiva independe de qualquer demonstração de dolo ou culpa, estão incorretas
as letras (a), (c) e (d).
Por fim, a letra (e) está incorreta, na medida em que o Estado é quem poderá buscar demonstrar a existência
de causas excludentes de sua responsabilidade. Em outras palavras, não incumbe à vítima fazer prova da
inexistência de tais causas.
Gabarito (B)
0
Antonio Daud
Aula 00
Após um acidente sofrido por um pedestre quando passava perto das instalações de uma obra que estava
sendo realizada por uma concessionária de serviço público, foi ajuizada ação de indenização pela vítima,
julgada procedente. Fixada a indenização e não paga voluntariamente pela empresa, o autor da ação, vítima,
que pretende receber o montante a que faz jus,
a) poderá executar a sentença, cujo pagamento se dará mediante a expedição de precatório, por se tratar
de concessionária de serviço público, empresa integrante da Administração indireta.
b) deverá requerer a penhora de quaisquer bens da empresa, inclusive das receitas decorrentes da concessão
de serviço público, não incidindo qualquer responsabilidade sobre o poder concedente.
d) deverá executar a sentença, que poderá demandar a penhora de bens da concessionária, não sendo
possível alcançar aqueles que estiverem afetados à prestação do serviço público.
e) poderá requerer a execução dos bens da concessionária de serviço público, cuja alienação forçada deverá
se dar mediante licitação no caso de serem atingidos bens adquiridos durante a vigência do contrato e
concessão.
Comentários:
Questão interessante que mesclou o assunto em estudo com o tema “serviços públicos”. Lembro que a
prestadora de serviços públicos responde de maneira objetiva perante usuários e não-usuários dos serviços
públicos.
Uma vez tendo sido reconhecido seu direito, por parte do Judiciário, e fixado o valor da indenização, a vítima
deverá promover a execução forçada da sentença judicial. No entanto, por força do princípio da
continuidade, a execução da sentença judicial não poderá recair sobre os bens da concessionária afetados
ao serviço público21. Os bens da concessionária afetos ao serviço seguem regime de bem público e, portanto,
são impenhoráveis.
Assim, as letras (b) e (e) estão incorretas e a letra (d), correta. Além disso, o poder concedente poderá ser
responsabilizado de modo subsidiário, caso a concessionária não tenha condições de arcar com a
indenização.
Quanto à letra (a), incorreta, lembro que a concessionária não é necessariamente parte da administração
pública. Dessa forma, sua execução não obedece ao regime de precatório. Lembro que há situações em que
uma estatal (portanto, parte da administração pública) é a concessionária do serviço público. No entanto, a
questão nada informou a este respeito.
21
STJ - RMS 49.867/MA, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
07/12/2017, DJe 14/12/2017
0
Antonio Daud
Aula 00
Por fim, a letra (c) está incorreta. Não se exige licitação para a alienação de bens das concessionárias de
serviços públicos que não forem parte da administração pública.
Gabarito (D)
Durante o trajeto por uma rodovia federal, um veículo particular foi parado por um bloqueio policial, que
estava à procura de traficantes de uma determinada organização criminosa. Não obstante os ocupantes do
veículo tenham se identificado e a descrição física dos mesmos não fosse coincidente com os suspeitos
procurados, a polícia não os liberou do bloqueio, determinando que fossem conduzidos à delegacia mais
próxima para que prestassem depoimento. Não foi possível colher o depoimento dos ocupantes do veículo
porque o sistema eletrônico da delegacia não estava funcionando, nem havia delegado de plantão, decidindo
os policiais por manter os ocupantes do veículo custodiados até o dia seguinte, apenas quando foi registrada
a presença dos mesmos naquelas dependências. Com base na narrativa feita e no que concerne à esfera de
direitos dos ocupantes do veículo, o ocorrido
a) enseja responsabilidade objetiva do Estado tendo em vista que o poder de polícia administrativo exercido
pelos agentes policiais demanda expressa previsão legal de todos os atos e providências permitidos.
b) configurou regular exercício de poder de polícia administrativa, que autoriza a limitação dos direitos e
liberdade individual dos indivíduos, independentemente de previsão legal e desde que voltado ao
atingimento do interesse público.
c) pode configurar ato de responsabilidade do policial que deteve o veículo e seus ocupantes, não se
identificando qualquer irregularidade na atuação do Estado, por meio de seus agentes ou de forma genérica,
por falha de serviço, dolo ou culpa.
d) configura exercício regular de direito, considerando que o policial deve zelar pela segurança pública,
podendo deter as pessoas, desde que indique a razão, não se aplicando a essa atuação as normas de
responsabilidade civil.
e) pode demandar responsabilização do Estado, considerando, sem prejuízo de outras alegações, que o
serviço público não funcionou adequadamente, em razão do sistema inoperante e da ausência do delegado
de plantão, o que inviabilizou o depoimento dos ocupantes.
Comentários:
A questão abordou o abuso no exercício do poder de polícia, dado que os ocupantes do veículo haviam se
identificado e a descrição física não era coincidente com os suspeitos procurados. Na sequência, o abuso foi
agravado, com as falhas na prestação do serviço (falta de sistema e do delegado de plantão).
Antes de passar às alternativas, lembro que até mesmo a conduta estatal lícita pode ensejar a
responsabilidade do Estado, se forem causados danos ao particular.
0
Antonio Daud
Aula 00
A letra (a) está incorreta em virtude de sua parte final. Imagine se toda atuação de polícia administrativa
demandasse expressa previsão legal quanto a todos os atos permitidos e seus respectivos contornos?! Isto
inviabilizaria tal atividade. Assim, o poder de polícia administrativo não demanda expressa previsão de todos
os atos permitidos. Uma de suas características é justamente a discricionariedade, sendo exercido dentro
dos limites impostos pela lei.
A letra (b) está incorreta. Nesta alternativa abordou-se o outro extremo: completa liberdade. O exercício do
poder de polícia, como qualquer atuação administrativa, demanda autorização legal. Mas, sendo
discricionário, a lei limitará a prever limites e condições para seu exercício.
A letra (c) está incorreta. A responsabilidade perante o particular detido é do Estado, não do policial. O
agente público somente responderá caso comprovado que houve dolo ou culpa em sua conduta.
A letra (d) está incorreta, na medida em que as normas de responsabilidade civil se aplicam também à
atividade policial.
A letra (e) está correta. Sem adentrar na discussão quanto à licitude da conduta do policial, caso sejam
comprovados danos decorrentes da referida conduta, o particular poderá requer a reparação perante o
Estado.
Gabarito (E)
Cinco alunos de determinada escola pública estadual, beneficiados por transporte escolar gratuito custeado
pelo Estado, durante o percurso entre a unidade escolar e as respectivas residências, sofreram danos físicos,
alguns de grande proporção, em razão de acidente de veículo envolvendo a van escolar que os conduzia. Em
razão destes fatos, os pais dos acidentados procuraram a Defensoria Pública para responsabilizar o Estado,
responsável pelo transporte, que
a) responde subjetivamente pelos danos causados aos alunos, na hipótese de comprovação de culpa do
motorista da van, por se tratar de transporte gratuito.
b) não reponde pelos danos causados aos alunos, que devem acionar o responsável direto pelo acidente, na
hipótese de ser comprovada culpa concorrente de terceiro.
c) responde pelos danos causados aos alunos de forma objetiva, desde que o referido serviço de transporte
não seja prestado por concessionária de serviço público, hipótese em que apenas esta responde
objetivamente pelos danos.
d) responde objetivamente pelos danos materiais e morais causados aos alunos, bastando a comprovação
do nexo de causalidade entre o acidente de trânsito e os prejuízos sofridos pelos mesmos, cabendo ao ente
público mover ação de regresso contra o responsável direto nos casos de dolo ou culpa.
e) responde subjetivamente pelos danos causados aos alunos, sendo necessária, na hipótese, a comprovação
de dolo ou culpa do motorista da van, servidor público em desvio de função.
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
O Estado responderá de maneira objetiva pelos danos causados aos alunos, tornando-se dispensável a
comprovação de dolo ou culpa do motorista da van. Neste caso, os pais dos alunos deverão comprovar os
danos sofridos, a existência da atuação estatal e o nexo causal entre esta e os danos.
Quanto à letra (c), incorreta, lembro que, se fosse prestação de serviço mediante concessão, a
concessionária e o Estado responderiam objetivamente. No entanto, o Estado somente poderia ser
responsabilizado de modo subsidiário, já que a concessionária é a responsável primária.
Gabarito (D)
90. FCC/TRF - 5ª REGIÃO – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2017
a) podem ingressar com ação de responsabilidade civil em face da autarquia, na qual terão que demonstrar
o dano, nexo causal entre prejuízo sofrido e a execução das obras, com o que exsurge o direito à indenização.
b) podem ingressar com ação de responsabilidade civil em face da autarquia, devendo, no entanto,
demonstrar culpa ou dolo na execução das obras, para terem direito à indenização.
c) podem acionar a autarquia, mas, antes, devem mover ação em face da empreiteira contratada para
executar as obras, demonstrando falha na execução dos serviços e o nexo causal.
d) somente podem acionar a empreiteira contratada pela autarquia para a execução das obras, porquanto,
na hipótese de terceirização de serviços, fica excluída a responsabilidade estatal.
e) podem escolher acionar a autarquia ou mover ação em face do ente criador (União), porquanto a pessoa
jurídica instituidora responde integralmente pelos atos da entidade que criou.
Comentários:
A questão aborda os danos provocados pela execução de obra pública. O enunciado indica que a obra foi
executada diretamente pelo Dnit. Dessa forma, tal autarquia responderá de maneira objetiva pelos danos
causados pela obra, com fundamento no art. 37, §6º, da Constituição Federal. Sendo objetiva, as vítimas
precisarão comprovar apenas o seguinte:
0
Antonio Daud
Aula 00
3) nexo causal entre o dano e a obra pública (as erosões e alagamentos foram provocadas pela obra
pública)
A letra (b) está incorreta, já que não se faz necessária a demonstração de culpa ou dolo na execução das
obras, uma vez que a responsabilidade é objetiva.
A letra (c) está incorreta. O enunciado da questão não mencionou que a obra estava sendo executada por
empresa privada (execução indireta).
A letra (d) está incorreta. Além do comentado logo acima, mesmo na execução indireta de obras, havendo
má execução, o Estado continua sendo responsável em caráter subsidiário. Por outro lado, tratando-se de
“só fato da obra”, a responsabilidade seria exclusiva do Estado.
Por fim, a letra (e) está incorreta. Quem responderá primariamente é a autarquia federal. A União, na
condição de ente político criador, poderá responder de modo subsidiário (isto é, após esgotadas as tentativas
de cobrança do Dnit).
Gabarito (A)
Considere que, em um período de chuvas intensas, tenha ocorrido o transbordamento de um rio situado no
perímetro urbano de determinada cidade. Os moradores da região sofreram vários prejuízos em função do
transbordamento e buscaram, judicialmente, indenização do poder público sob a alegação de que os danos
decorreram do atraso nas obras de aprofundamento da calha do rio, bem como da paralisação dos serviços
de dragagem e da omissão na adoção de outras medidas que pudessem evitar ou minimizar os danos
sofridos. O pleito apresentado
a) não encontra respaldo no ordenamento jurídico, pois apenas condutas comissivas da Administração são
passíveis de caracterizar a responsabilidade civil do Estado.
b) é cabível, caracterizando responsabilidade objetiva da Administração, que não pode ser afastada sob
alegação de ocorrência de caso fortuito ou força maior.
c) não é cabível, pois não se vislumbra nexo de causalidade entre os prejuízos sofridos e conduta comissiva
ou omissiva da Administração, somente sendo cabível se apontada culpa de agente público.
d) é cabível mesmo não individualizada conduta comissiva de agente público, se demonstrado o nexo de
causalidade com a falha na prestação do serviço.
e) fundamenta-se na já superada Teoria do Risco Integral, não encontrando, assim, respaldo no nosso
ordenamento jurídico que agasalha a responsabilidade subjetiva da Administração.
0
Antonio Daud
Aula 00
Comentários:
Estamos diante de dano causado por fenômeno natural, mas que só ocorreu em razão da omissão do Estado.
Como o Estado tem o dever de agir para evitar tal resultado (transbordamento do rio) e falhou nesta
prestação, terá lugar a responsabilidade por culpa administrativa ou culpa anônima.
Nesta situação, as vítimas devem comprovar, além do dano sofrido, que houve falha no serviço público
(faute de service) e que esta foi causa determinante para o resultado danoso.
Sob a teoria da culpa administrativa, não é necessário individualizar o agente público responsável (isto é,
determinar qual foi o agente que deu causa à falha na prestação do serviço) ou demonstrar a culpa deste
agente. Basta comprovar que houve culpa da Administração (culpa anônima) e que esta foi determinante
para a ocorrência dos danos.
Gabarito (D)
a) deve pleitear indenização por danos morais e materiais em face dos responsáveis pelos disparos, que
respondem subjetivamente.
b) pode pleitear indenização pelos danos emergentes comprovados, bem como por possíveis danos morais,
em face tanto do poder público responsável pelo policiamento, quanto daquele incumbido de garantir a
segurança dos munícipes no evento, demonstrado o nexo de causalidade.
d) não pode propor ação de indenização em face do Município ou do Estado, tendo em vista não ser possível
identificar o agente responsável, caracterizando-se o evento como caso-fortuito.
e) pode responsabilizar objetivamente o poder público caso o serviço de socorro médico não tenha prestado
a assistência necessária ao munícipe enquanto ferido, mas não pelos fatos ocorridos durante o tumulto,
porque imprevisíveis ou inevitáveis.
Comentários:
Sem adentrar na avaliação da licitude da conduta dos policiais (que podem ter agido amparados em
excludente de ilicitude penal), o Estado responderá de forma objetiva pelos danos decorrentes da ação (CF,
art. 37, §6º).
0
Antonio Daud
Aula 00
Portanto, a família do cidadão falecido deverá buscar, perante o Estado, indenização pelos danos sofridos,
seja na via administrativa ou na judicial.
Quanto à letra (b), correta, aproveito para destacar que a vítima fará jus à indenização por “danos
emergentes” e também por “lucros cessantes” (receitas que o cidadão falecido deixou de auferir).
Gabarito (B)
Uma viatura policial envolveu-se em acidente de trânsito que resultou em danos patrimoniais bem como
danos físicos em alguns dos envolvidos. A viatura, na ocasião, foi recolhida e submetida à vistoria e perícia.
Também foi aberto procedimento administrativo para apuração dos fatos. O condutor da viatura, servidor
público, teve contato com o laudo pericial e, não satisfeito com o resultado, decidiu ocultá-lo, impedindo sua
juntada aos autos do procedimento administrativo. A conduta do servidor
a) pode lhe ensejar responsabilidade disciplinar, repercutindo na esfera civil onde se procederá à indenização
pelos danos decorrentes do acidente de trânsito, cuja responsabilidade somente será apurada após a
conclusão do procedimento administrativo disciplinar.
b) pode ensejar responsabilidade civil do Estado sob a modalidade objetiva caso dela decorram danos
comprovados, tendo em vista que o servidor agiu ilicitamente, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar
do mesmo.
c) enseja comprovação de culpa por parte do Estado, este que, em razão da omissão na conclusão das provas
necessárias à elucidação dos fatos, deverá ser responsabilizado sob a modalidade subjetiva.
d) acarreta responsabilidade objetiva do Estado em razão da omissão de seu agente público, que ocultou as
provas que elucidariam os fatos, permitindo identificar os responsáveis pelo acidente.
e) enseja responsabilidade disciplinar pelo ato de ocultação de provas, bem como pelo acidente de trânsito,
pelo qual fica presumida sua culpa, na medida em que o servidor impediu a correta e adequada apuração
dos fatos.
Comentários:
Antes de passar às alternativas, saliento que o resultado do laudo não é relevante para a responsabilização
do Estado quanto aos danos decorrentes do acidente, uma vez que ele responde de modo objetivo,
independentemente da comprovação de dolo ou culpa.
Quanto ao servidor, ambas as condutas poderão ensejar sua responsabilidade, tanto sua participação dolosa
ou culposa no acidente como a ação de impedir a juntada do laudo ao procedimento.
0
Antonio Daud
Aula 00
A letra (a) está incorreta. A cobrança da indenização do patrimônio do servidor não depende da apuração
de responsabilidade pela ocultação de provas. Na verdade, quem responde perante o envolvido pelo dano é
o Estado, objetivamente. Dessa forma, a responsabilidade civil do servidor não dependerá do procedimento
disciplinar quanto à ocultação, mas de o Estado ter indenizado a vítima e ter sido comprovada seu dolo ou
culpa no acidente.
A letra (b), por sua vez, foi dada como correta, na medida em que é o Estado quem responderá perante as
vítimas, de maneira objetiva. Aproveito para lembrar que a atuação do servidor no acidente, tenha sido lícita
ou ilícita, ensejaria a responsabilidade do Estado.
A letra (c) está incorreta, já que o Estado responde de modo objetivo pelos danos sofridos pelos envolvidos
– diferentemente do servidor, que responde subjetivamente.
A letra (d) está incorreta, uma vez que a responsabilidade do Estado não está ligada à ocultação das provas,
mas ao dano sofrido pelos envolvidos com nexo causal a uma atuação estatal.
Por fim, a letra (e) está incorreta uma vez que não se presume a culpa do servidor no acidente. Portanto, o
enunciado nos traz elementos que ensejam apenas sua responsabilidade disciplinar pela ocultação das
provas.
Gabarito (B)
94. FCC/TRT - 11ª Região (AM e RR) – Analista Judiciário – Área Administrativa – 2017
Em movimentada rua da cidade de Manaus, em que existem diversas casas comerciais, formou-se um
agrupamento de pessoas com mostras de hostilidade. Em razão disso, um dos comerciantes da rua, entrou
em contato com os órgãos públicos de segurança responsáveis, comunicando o fato. Embora os órgãos de
segurança tenham sido avisados a tempo, seus agentes não compareceram ao local, ocorrendo atos
predatórios causados pelos delinquentes, o que gerou inúmeros danos aos particulares. A propósito do
tema, é correto afirmar que
a) os danos causados por multidões insere-se na categoria de fatos imprevisíveis, não havendo
responsabilidade estatal.
c) o Estado arcará integralmente com os danos causados, haja vista tratar-se de hipótese de responsabilidade
subjetiva.
d) o Estado responderá pelos danos, haja vista sua conduta omissiva culposa, no entanto, a indenização será
proporcional à participação omissiva do Estado no resultado danoso.
e) o Estado responderá integralmente pelos danos causados, em razão de sua responsabilidade objetiva e a
aplicação da teoria do risco integral.
Comentários:
0
Antonio Daud
Aula 00
Em princípio, os atos de multidões correspondem a atos de terceiros e, assim, não geram a responsabilidade
do Estado.
No caso enunciado, todavia, ficou evidente a omissão estatal, na medida em que os órgãos de segurança
foram avisados a tempo. Nesta situação, consoante defende Carvalho Filho22, o Estado responderá, porém,
a “indenização será proporcional à participação omissiva do Estado no resultado danoso”.
Gabarito (D)
Durante um evento cultural, realizado por determinada municipalidade, o palco onde estava sendo encenada
uma peça de teatro cedeu, atingindo algumas pessoas que estavam na plateia, para as quais foi prestado
atendimento médico. Algum tempo depois, a municipalidade foi acionada por um cidadão, pleiteando
indenização por danos experimentados em decorrência de lesões sofridas no dia do acidente narrado, que
o teriam impedido de trabalhar. Dentre os possíveis aspectos a serem analisados a partir dessa narrativa,
está a possibilidade
a) do autor da ação demonstrar a culpa dos agentes públicos pelos danos que alega ter sofrido, em razão do
tempo decorrido, que impediram a alegação de responsabilidade objetiva.
b) da municipalidade demonstrar que seus agentes não agiram com culpa, tratando-se de caso fortuito,
imprevisível, portanto, razão pela qual caberia ao autor comprovar suas alegações.
c) do autor demonstrar o nexo causal entre o incidente ocorrido no dia do evento, que era realizado sob
responsabilidade da municipalidade, e os danos que alega ter sofrido, para que seja configurada a
responsabilidade objetiva do ente público.
Comentários:
Como o município responderá de modo objetivo perante o cidadão lesado, torna-se irrelevante a discussão
quanto à culpa dos agentes públicos, de sorte que as letras (a) e (b) estão incorretas.
22
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. Atlas. P. 587-588
0
Antonio Daud
Aula 00
Assim, a letra (c) está correta, na medida em que menciona os elementos da responsabilidade objetiva do
município.
A letra (d) peca em sua parte final. De fato, o município poderá, em sua defesa, demonstrar a existência de
uma excludente de responsabilidade (como força maior, culpa exclusiva da vítima etc). No entanto, as
excludentes não são admitidas “em todos os casos de responsabilidade extracontratual objetiva”, porquanto
na teoria do risco integral não se admite a exclusão da responsabilidade estatal.
A letra (e) está incorreta. Mesmo que o cidadão tenha recebido o socorro de modo adequado, ele poderá
ter sofrido lesões que o incapacitaram para o trabalho, persistindo a responsabilidade estatal pelos danos
percebidos pelo cidadão.
Gabarito (C)
O Estado, tal qual os particulares, pode responder pelos danos causados a terceiros. A responsabilidade
extracontratual para pessoas jurídicas de direito público, prevista na Constituição Federal, no entanto,
a) dá-se sob a modalidade subjetiva para os casos de omissão de agentes públicos e de prática de atos lícitos,
quando causarem danos a terceiros.
b) não se estende a pessoas jurídicas de direito privado, ainda que integrantes da Administração indireta,
que se submetem exclusivamente à legislação civil.
c) exige a demonstração pelos demandados, de inexistência de culpa do agente público, o que afastaria, em
consequência o nexo de causalidade entre os danos e a atuação daqueles.
d) tem lugar pela prática de atos lícitos e ilícitos por agentes públicos, admitindo, quando o caso, excludentes
de responsabilidade, que afastam o nexo causal entre a atuação do agente público e os danos sofridos.
e) somente tem lugar com a comprovação de danos concretos pelo demandante, o que obriga,
necessariamente, a incidência da modalidade subjetiva.
Comentários:
A letra (a) está incorreta. A responsabilidade para os casos de omissão estatal, em geral, dá-se, de fato, sob
a modalidade subjetiva. No entanto, a prática de atos, ainda que lícitos, enseja a responsabilidade objetiva
do Estado, com fundamento no art. 37, §6º, da CF.
A letra (b) está incorreta. A responsabilidade objetiva prevista no texto constitucional alcança pessoas
jurídicas de direito privado, sejam pertencentes à Administração ou a particulares, desde que prestem
serviços públicos.
A letra (c) está incorreta. Como é de ordem objetiva, a inexistência de culpa do agente público não afasta a
responsabilidade do Estado.
0
Antonio Daud
Aula 00
A letra (d), por sua vez, está correta. A responsabilidade objetiva, sob a teoria do risco administrativo (que é
a regra geral), realmente admite excludentes da responsabilidade do Estado.
Por fim, a letra (e) está incorreta. A existência de danos sofridos pela vítima não se confunde com a existência
de culpa na conduta do agente. Portanto, na responsabilidade sem culpa do Estado (objetiva), o demandante
deverá comprovar o dano e o nexo causal, não sendo obrigatória a demonstração de culpa do agente.
Gabarito (D)
0
Antonio Daud
Aula 00
a) É possível que a Administração Pública seja responsabilizada por atos omissivos que gerarem danos aos
particulares.
d) Na hipótese de o dano ter sido causado por militar, a Constituição Federal veda que a Administração
Pública se utilize do direito de regresso.
I. Enquanto as pessoas jurídicas de direito público respondem objetivamente pelos danos que seus agentes
causarem a terceiros, as pessoas jurídicas de direito privado respondem apenas subjetivamente.
II. O direito de regresso poder ser exercido pelo Poder Público em caso de dolo direto ou indireto do
responsável, o qual ficará exime de responsabilidade se tiver agido culposamente.
III. Para os casos de danos extracontratuais, a responsabilidade objetiva do Estado, além de respaldo
doutrinário, goza de pleno fundamento constitucional.
0
Antonio Daud
Aula 00
Durante uma rebelião, ocorrida recentemente em um presídio de segurança máxima, houve o assassinato
de seis presos por seus colegas de cela. A rebelião fora inflamada pela indignação dos detentos em relação
às péssimas condições dentro da unidade carcerária, na qual havia a custódia de um número de presos
superior à capacidade do estabelecimento. Considerando a responsabilidade civil do Estado na situação
hipotética, é correto afirmar que:
c) A responsabilidade será concorrente, tendo em vista a participação de terceiro para a ocorrência do óbito.
1. A responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado deixará de existir quando a conduta estatal não
for a causa do dano, ou será atenuada quando tal conduta não for a causa única,
PORQUE
0
Antonio Daud
Aula 00
a) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de preso sob a sua custódia,
independentemente da culpa dos agentes públicos.
c) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de preso sob a sua custódia, mas o fato de
tratar-se de responsabilidade objetiva do Estado não dispensa a prova da culpa nesses casos.
d) Em caso de suicídio de um detento, inexiste responsabilidade do Estado, pois este não tem a obrigação de
proteger os detentos contra si mesmos.
e) O Estado possui responsabilidade subjetiva nos casos de homicídio de preso sob a sua custódia.
a) O STJ decidiu, em sede de recurso repetitivo, que o prazo prescricional na hipótese de responsabilidade
civil do Estado é de 3 anos.
b) O Estado responde por danos nucleares objetivamente, aplicando-se, nesta hipótese, a teoria do risco
integral.
c) O Estado responderá objetivamente por atos praticados por seus agentes, aplicando-se em todo caso a
teoria do risco administrativo.
d) O agente público responderá objetivamente pelos atos que causar nesta condição, cabendo ação
regressiva contra ele por parte do Estado.
e) As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos apenas respondem objetivamente
perante os usuários dos serviços, sendo subjetiva a responsabilidade por danos causados a não usuários dos
serviços.
0
Antonio Daud
Aula 00
De acordo com o atual entendimento do STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público de transporte é objetiva relativamente aos usuários do serviço, não se
estendendo a pessoas que não ostentem a condição de usuário.
( ) Certo
( ) Errado
O Estado só deve responder civilmente por danos decorrentes de acidentes nucleares caso seja demonstrada
a falha na prestação de serviço. Comprovada a ocorrência de caso fortuito e de força maior, exclui-se a
responsabilidade estatal.
( ) Certo
( ) Errado
Nos casos de responsabilidade objetiva por risco integral, não se admitem, em regra, excludentes de
responsabilidade, ao contrário do que ocorre nos casos de responsabilidade objetiva por risco
administrativo.
( ) Certo
( ) Errado
A responsabilidade civil por condutas omissivas será objetiva quanto à administração pública direta e
subjetiva quanto à administração pública indireta.
( ) Certo
( ) Errado
0
Antonio Daud
Aula 00
Conforme decisão do STJ, prescreve em cinco anos o direito de pleitear indenização por reparação civil contra
a fazenda pública, não se aplicando, portanto, o prazo de três anos previsto no Código Civil, por haver regra
própria na legislação específica.
( ) Certo
( ) Errado
a) força maior
c) culpa de terceiros
e) caso fortuito
a) Suponha-se que uma empresa contratada pela União para fazer uma obra pública tenha, por culpa
exclusiva dela, causado dano a um particular. Nesse caso, a responsabilidade será da União e da referida
empresa, solidariamente, pelo dano causado pela empresa.
b) Conforme entendimento recente do STJ, o prazo prescricional do particular para ingressar com ação de
indenização por danos causados pelo Estado é de três anos.
c) A teoria da culpa do serviço ou da culpa da administração não se aplica no direito brasileiro, mesmo nos
casos de omissão.
d) Ação com fundamento na responsabilidade civil objetiva do Estado pode ser proposta tanto contra o
Estado quanto contra o agente público que causou o dano.
A Responsabilidade Civil do Estado significa o dever de reparação dos danos causados pela conduta estatal,
comissiva ou omissiva. Sob tal ótica, assinale a alternativa correta.
0
Antonio Daud
Aula 00
a) Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção, o Estado é responsável pela morte de
detento.
c) Na hipótese de diversos roubos de carros em via expressa (arrastão) aplica-se a teoria do risco integral a
qual independe de culpa do serviço público de segurança.
d) São causas excludentes da responsabilidade: o caso fortuito, a força maior, a culpa da vítima e a culpa de
terceiros.
b) somente as pessoas jurídicas de direito público possuem direito de regresso em face do agente causador
do dano.
c) de acordo com a Constituição da República, a responsabilidade civil é objetiva, tanto para as pessoas
jurídicas de direito público quanto para as de direito privado prestadoras de serviço público.
d) as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço são responsabilizadas na forma culposa,
portanto podem denunciar a lide para que a responsabilidade do agente seja aferida.
e) a responsabilidade civil objetiva prevista na Constituição não exclui a responsabilização das pessoas
jurídicas nas hipóteses de caso fortuito e de culpa exclusiva da vítima.
I A Constituição reconhece a responsabilidade da Administração pelo erro judiciário que leve à condenação,
e pela manutenção de preso além do prazo fixado em sentença.
II Admite-se excepcionalmente que, em havendo dolo por parte do juiz que enseje dano, deve a
Administração Pública ser responsabilizada objetivamente.
III Em regra, a doutrina não admite a responsabilidade civil por ato judicial, pois existe a sistemática recursal
de correção das decisões.
0
Antonio Daud
Aula 00
atos jurisdicionais: se um ato do juiz prejudica a parte no processo, tem ela os mecanismos recursais e até
mesmo outras ações para postular sua revisão.”1
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, conforme estabelece a Constituição
Federal.
a) A indenização do dano deve abranger exatamente aquilo que a vítima perdeu ou despendeu em
consequência do ato lesivo do Poder Público, não sendo permitida a condenação do Estado à indenização
por danos morais, lucros cessantes, honorários advocatícios, correção monetária e juros de mora.
b) A responsabilidade civil do Estado pode ser afastada no caso de força maior, caso fortuito, ou se
comprovada a culpa exclusiva da vítima, pois nessas hipóteses estará afastado um dos requisitos
indispensáveis: o nexo causal entre a ação ou omissão do Poder Público e o dano causado.
e) Verificada a culpa concorrente entre o Poder Público e a vítima, a responsabilidade civil da Administração
fica totalmente excluída, assim como na culpa exclusiva da vítima, uma vez que o próprio lesado tornou o
dano inevitável ou o agravou.
1
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 569.
0
Antonio Daud
Aula 00
No tocante aos poderes administrativos e à responsabilidade civil do Estado, julgue o próximo item.
A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é subjetiva e baseada na teoria do risco administrativo,
devendo o particular, que foi a vítima, comprovar a culpa ou o dolo do agente público.
Na hipótese de prejuízo gerado por ato omissivo de servidor público, a responsabilidade deste será subjetiva.
A vítima que busca reparação por dano causado por agente público poderá escolher se a ação indenizatória
será proposta diretamente contra o Estado ou em litisconsórcio passivo entre o Estado e o agente público
causador do dano.
Na administração pública, o gestor de um contrato estará isento de responsabilidade civil se praticar um ato
que, por sua omissão, resulte em prejuízos para terceiros, desde que esse ato seja culposo, e não doloso.
No contexto da responsabilidade civil do Estado, a culpa da vítima será considerada como critério para excluir
ou para atenuar a responsabilização do ente público.
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a responsabilidade civil das empresas públicas perante usuários
de serviços públicos é objetiva. Todavia, perante terceiros não usuários, a sua responsabilidade é subjetiva,
dado o caráter privado da entidade, o que atrai a aplicação da teoria geral civilista quanto à
responsabilização.
0
Antonio Daud
Aula 00
Na hipótese de uma empresa pública prestadora de serviços públicos não dispor de recursos financeiros para
arcar com indenização decorrente de sua responsabilidade civil, o ente político instituidor dessa entidade
deverá responder, de maneira subsidiária, pela indenização.
A respeito de danos causados a particular por agente público de fato (necessário ou putativo), julgue o item
a seguir.
O Estado terá o dever de indenizar no caso de dano provocado a terceiro de boa-fé por agente público
necessário.
A respeito de danos causados a particular por agente público de fato (necessário ou putativo), julgue o item
a seguir.
Em razão do princípio da proteção da confiança, quando o dano for causado por funcionário público putativo,
o Estado não responderá civilmente perante particulares de boa-fé.
As empresas prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável exclusivamente no caso de dolo.
A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos abrange os danos morais e materiais.
a) subjetiva, o que significa ser imprescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar em face de comportamentos lícitos ou ilícitos.
b) objetiva, o que significa ser imprescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar em face de comportamentos lícitos ou ilícitos.
0
Antonio Daud
Aula 00
c) subjetiva, o que significa ser prescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar apenas em face de comportamentos ilícitos.
d) objetiva, o que significa ser prescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar em face de comportamentos ilícitos e lícitos.
e) objetiva, o que significa ser prescindível a demonstração de dolo ou culpa e ser possível reconhecer o
dever de indenizar apenas em face de comportamentos ilícitos.
Acerca dos poderes da administração pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
Força maior, culpa de terceiros e caso fortuito constituem causas atenuantes da responsabilidade do Estado
por danos.
Acerca dos poderes da administração pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
É objetiva a responsabilidade do agente público em exercício que, por ato doloso, cause danos a terceiros.
Julgue o item a seguir, relativo ao regime jurídico dos servidores públicos civis da União, às carreiras dos
servidores do Poder Judiciário da União e à responsabilidade civil do Estado.
Um servidor público federal que, no exercício de sua função, causar dano a terceiros poderá ser demandado
diretamente pela vítima em ação indenizatória.
João, servidor público civil, motorista do Exército brasileiro, enquanto conduzia veículo oficial, no exercício
da sua função, colidiu com o automóvel de Maria, que não possui qualquer vínculo com o poder público.
Após a devida apuração, ficou provado que os dois condutores agiram com culpa.
A partir dessa situação hipotética e considerando a doutrina majoritária referente à responsabilidade civil
do Estado, julgue o item que se segue.
A culpa concorrente da vítima exclui a responsabilidade da União para a reparação de danos sofridos por
Maria.
0
Antonio Daud
Aula 00
João, servidor público civil, motorista do Exército brasileiro, enquanto conduzia veículo oficial, no exercício
da sua função, colidiu com o automóvel de Maria, que não possui qualquer vínculo com o poder público.
Após a devida apuração, ficou provado que os dois condutores agiram com culpa.
A partir dessa situação hipotética e considerando a doutrina majoritária referente à responsabilidade civil
do Estado, julgue o item que se segue.
A União tem direito de regresso em face de João, considerando que, no caso, a responsabilidade do agente
público é subjetiva.
36. CEBRASPE/CGM de João Pessoa – PB – Técnico Municipal de Controle Interno – Geral - 2018
Acerca da administração pública e da organização dos poderes, julgue o item subsequente à luz da CF.
Empresa pública responderá pelos danos que seu empregado, atuando como seu agente, ocasionar,
assegurado o direito de regresso nos casos de dolo ou culpa.
Após colisão entre dois automóveis — um, da administração pública, dirigido por servidor público efetivo; e
outro, particular —, ficou comprovada a culpa exclusiva do particular.
c) o particular, por ser essa situação uma hipótese de causa excludente da responsabilidade do ente público.
a) O Estado pode ser responsabilizado pela morte do detento que cometeu suicídio.
b) Ação por dano causado por agente público deve ser proposta, em litisconsórcio, contra a pessoa jurídica
de direito público e o agente público.
c) Na época dos Estados absolutos, reinava a doutrina denominada teoria da irresponsabilidade: quem,
irresponsavelmente, fosse ensejador de dano a terceiro, por ação ou omissão, seria obrigado a reparar o
dano, inclusive o Estado.
0
Antonio Daud
Aula 00
d) Caso fortuito consiste em acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à vontade das partes,
excludente da responsabilidade do Estado.
39. CEBRASPE/TRT - 7ª Região (CE) – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2017
Prestes a ser morto por dois indivíduos que tentavam subtrair a sua arma, um policial militar em serviço
efetuou contra eles disparo de arma de fogo. Embora o policial tenha conseguido repelir a injusta agressão,
o disparo atingiu um pedestre que passava pelo local levando-o à morte.
a) O Estado não responde civilmente, pois houve o rompimento do nexo causal por fato exclusivo de terceiro.
b) O Estado responde objetivamente pelos danos causados à família do pedestre, ainda que o policial militar
tenha agido em legítima defesa.
c) A ocorrência de legítima defesa por parte do policial militar afasta a responsabilidade civil do Estado.
d) O Estado responde subjetivamente pelos danos, já que deve haver prova de falha no treinamento do
policial.
Para efeito de apuração da responsabilidade civil do Estado, é juridicamente irrelevante que o ato tenha sido
comissivo ou omissivo.
II Caso o Estado não repare administrativamente o dano causado a terceiro, o prejudicado terá o direito de
propor ação de indenização.
III A culpa da vítima e a culpa de terceiros são causas atenuantes da responsabilidade civil do Estado.
a) I e II.
0
Antonio Daud
Aula 00
b) I e III.
c) II e IV.
d) III e IV.
Em caso de acidente de trânsito que envolva automóvel particular e veículo pertencente à administração
pública, a comprovação de culpa exclusiva do particular pelos danos causados caracteriza
==0==
b) motivo para a responsabilização do Estado pelos prejuízos, em decorrência das teorias civilistas.
d) motivo para que nenhuma das partes envolvidas seja responsabilizada, por se tratar de caso fortuito.
João, servidor público federal, no exercício do cargo de motorista, colidiu com veículo de Pedro, particular,
causando a este grave abalo pessoal e danos materiais. Após a investigação do ocorrido, foi verificada a culpa
de João, que dirigia em alta velocidade no momento do evento.
a) o Estado deverá indenizar o particular pelos danos materiais, e o servidor deverá arcar com os danos
morais.
c) o Estado, caso seja condenado judicialmente ao pagamento de indenização, poderá, mediante ação de
regresso, reaver do servidor o quanto tiver de pagar ao particular.
e) a reparação dos danos sofridos pelo particular só poderá ser realizada por via judicial.
0
Antonio Daud
Aula 00
Maria, professora de escola da rede pública, recebeu de um aluno ameaças de agressão e, mais de uma vez,
avisou à direção da escola, que se manteve inerte. Com a consumação das agressões pelo aluno, a professora
ajuizou ação indenizatória contra o Estado.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos legais a ela pertinentes, assinale a opção correta.
b) A ação deverá ser julgada improcedente, haja vista que o Estado só responde por atos comissivos.
c) A ação deverá ser julgada improcedente, tendo em vista que o causador do dano não é agente estatal.
e) As condutas omissivas do Estado que causem danos a terceiros invariavelmente dão ensejo à
responsabilidade civil.
c) Ao prestarem serviços públicos, as pessoas jurídicas de direito privado não se sujeitam à responsabilidade
objetiva por atos comissivos.
e) Caso o agente estatal pratique conduta lesiva a terceiros fora de suas funções, mas a pretexto de exercê-
las, não se caracterizará a responsabilidade civil.
a) é objetiva, dispensando-se, para sua caracterização, a demonstração de culpa, exigindo-se, para tal,
apenas a demonstração do dano.
b) é objetiva, dispensando-se, para sua caracterização, a demonstração de culpa, mas exigindo-se, para isso,
demonstração de nexo de causalidade entre a conduta e o dano.
0
Antonio Daud
Aula 00
e) é descabida.
Se um agente público, nessa qualidade, causar dano a terceiro, a responsabilidade civil do Estado será
objetiva.
João, servidor público ocupante do cargo de motorista de determinada autarquia do DF, estava conduzindo
o veículo oficial durante o expediente quando avistou sua esposa no carro de um homem. Imediatamente,
João dolosamente acelerou em direção ao veículo do homem, provocando uma batida e, por consequência,
dano aos veículos. O homem, então, ingressou com ação judicial contra a autarquia requerendo a reparação
dos danos materiais sofridos. A autarquia instaurou procedimento administrativo disciplinar contra João
para apurar suposta violação de dever funcional.
Julgue o item que se segue, relativos aos fundamentos da responsabilidade civil do Estado atualmente
adotados pelo direito brasileiro.
Julgue o item que se segue, relativos aos fundamentos da responsabilidade civil do Estado atualmente
adotados pelo direito brasileiro.
Um ato, ainda que lícito, praticado por agente público e que gere ônus exorbitante a um cidadão pode
resultar em responsabilidade civil do Estado.
0
Antonio Daud
Aula 00
Julgue o item que se segue, relativos aos fundamentos da responsabilidade civil do Estado atualmente
adotados pelo direito brasileiro.
As fundações públicas de direito público devem responder objetivamente pelos danos que seus agentes
causem a terceiros. Sendo condenadas a indenizar pelo prejuízo que seu agente culposamente tenha
cometido, assegura-se a elas o direito de propor ação regressiva contra o agente causador do dano.
Julgue os itens a seguir, relativos à responsabilidade civil do Estado, aos serviços públicos e às organizações
da sociedade civil de interesse público.
Tanto o dano moral quanto o dano material são passíveis de gerar a responsabilidade civil do Estado
As pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos estão sujeitas à responsabilidade civil objetiva pelos
danos que seus agentes causarem a terceiros, mas, no que diz respeito às pessoas de direito privado que
prestem tais serviços, a responsabilidade só existirá se o agente causador do dano agir de forma dolosa.
A responsabilidade do Estado por danos causados por fenômenos da natureza é do tipo subjetiva.
Em um fórum no interior do Estado do Ceará, no horário de expediente, o cidadão e jurisdicionado João, que
possui mobilidade reduzida, em razão de acidente, descia com sua cadeira de rodas, pela rampa de entrada
que garante acessibilidade à pessoa com deficiência, quando foi atingido por um carrinho cheio de autos de
processos que era empurrado pelo técnico judiciário José, que se distraiu quando seu celular tocou. João foi
arremessado ao chão, sofrendo lesões em sua perna que geraram a necessidade de intervenção cirúrgica.
0
Antonio Daud
Aula 00
Ao procurar a Defensoria Pública buscando ingressar com ação indenizatória, João foi informado de que, no
caso:
(A) incide a responsabilidade civil subjetiva, por parte do Poder Judiciário do Ceará, e é necessária a
comprovação do dolo ou culpa de agente público;
(B) incide a responsabilidade civil objetiva, por parte do Estado do Ceará, e é desnecessária a comprovação
do dolo ou culpa de agente público;
(C) incide a responsabilidade civil objetiva, por parte do Poder Judiciário do Ceará, e é necessária a
comprovação do dolo ou culpa de agente público;
(D) não incide a responsabilidade civil objetiva do Estado do Ceará nem do Poder Judiciário estadual, pois se
tratou de um acidente, sem dolo ou culpa de agente público;
(E) não incide qualquer responsabilidade civil, pois se tratou de caso fortuito ou força maior, sem qualquer
falha na prestação do serviço público ou culpa e dolo de agente público.
João, Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça do Ceará, no exercício de suas funções, praticou, por
negligência, ato ilícito que causou dano a Maria, parte em determinado processo judicial. Maria buscou
atendimento na Defensoria Pública e ajuizou ação indenizatória, em cujo curso restou comprovada a culpa
concorrente entre a particular e o agente público.
(A) improcedente, porque a autora da ação concorreu para o resultado danoso, fato que exclui a
responsabilidade civil estatal;
(B) improcedente, porque o agente público João não agiu de forma dolosa ou com má-fé, fato que exclui a
responsabilidade civil estatal;
(C) procedente, incidindo a responsabilidade civil objetiva do Estado, havendo redução do valor indenizatório
a ser pago pelo Estado do Ceará, em razão da culpa concorrente;
(D) procedente, incidindo a responsabilidade civil subjetiva do Estado do Ceará, devendo o valor
indenizatório ser fixado de acordo com o princípio da proporcionalidade;
(E) procedente, incidindo a responsabilidade civil subjetiva do Poder Judiciário do Ceará, devendo o valor
indenizatório ser fixado de acordo com o princípio da proporcionalidade.
João, Técnico Médio da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, no exercício da função, caminhava
carregando em seus braços uma enorme pilha de autos de processos, quando tropeçou e caiu em cima da
0
Antonio Daud
Aula 00
particular Maria, que estava sendo atendida pela Defensoria, quebrando-lhe o braço e danificando o
aparelho de telefone celular que estava na mão da lesada.
Em razão dos danos que lhe foram causados, Maria ajuizou ação indenizatória em face:
a) da Defensoria Pública-Geral do Estado, com base em sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária
a comprovação do dolo ou culpa de João;
b) da Defensoria Pública-Geral do Estado, com base em sua responsabilidade civil objetiva, sendo
desnecessária a comprovação do dolo ou culpa de João;
c) do Estado do Rio de Janeiro, com base em sua responsabilidade civil objetiva, sendo desnecessária a
comprovação do dolo ou culpa de João;
d) do Estado do Rio de Janeiro, com base em sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária a
comprovação do dolo ou culpa de João;
e) da Defensoria Pública-Geral do Estado e do Estado do Rio de Janeiro, com base na responsabilidade civil
solidária entre ambos, sendo necessária a comprovação do dolo ou culpa de João.
Antônio, empregado de uma sociedade empresária privada, que atua como concessionária do serviço
público de conservação de rodovias, no exercício de suas funções, atropelou João, motociclista que trafegava
pela rodovia. Em razão do ocorrido, João sofreu sérios danos.
a) somente Antônio pode ser responsabilizado, sendo necessário provar a sua culpa;
c) somente a concessionária será responsabilizada, mas será preciso provar a culpa de Antônio;
d) somente o ente federado concedente será responsabilizado, o que ocorrerá em caráter objetivo;
O Estado é civilmente responsável pelos danos que seus agentes, nessa condição, causarem à vítima, ainda
que haja culpa exclusiva desta última.
0
Antonio Daud
Aula 00
a) da responsabilidade subjetiva.
b) do risco administrativo.
c) da falta do serviço.
d) do risco integral.
e) do risco social.
João, ocupante do cargo efetivo de Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Rondônia, no exercício
da função pública, praticou ato ilícito que, com o pertinente nexo causal, causou dano ao administrado
Mário.
Em matéria de responsabilidade civil, o particular Mário deve ajuizar ação indenizatória em face
a) da Assembleia Legislativa de Rondônia, por sua responsabilidade civil objetiva, sendo desnecessária a
comprovação do dolo ou culpa do agente público João.
b) da Assembleia Legislativa de Rondônia, por sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária a
comprovação do dolo ou culpa do agente público João.
c) de João por sua responsabilidade civil primária e objetiva, sendo necessária a comprovação do dolo ou
culpa do agente público, facultada a inclusão do Estado no polo passivo da demanda.
d) do Estado de Rondônia, por sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária a comprovação do dolo
ou culpa do agente público João, que responderá pelos danos perante o Estado em ação de regresso.
e) do Estado de Rondônia, por sua responsabilidade civil objetiva, sendo desnecessária a comprovação do
dolo ou culpa do agente público João, que responderá de forma subjetiva perante o Estado em ação de
regresso.
A Assembleia Legislativa aprovou lei estadual declarando determinada área de utilidade pública para fins de
desapropriação.
Por não concordar com a desapropriação de seu imóvel, o particular interessado ingressou com ação judicial
e comprovou que tal lei, em verdade, não atendia ao interesse público e que sofreu danos materiais por sua
aprovação, por ter perdido oportunidade de vender o imóvel a terceira pessoa por preço mais elevado.
0
Antonio Daud
Aula 00
a) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois o ato legislativo, por sua
natureza, não é suscetível de ensejar pleitos indenizatórios.
b) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois o ato legislativo está sujeito
apenas ao regime jurídico de controle de constitucionalidade.
c) incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, por se tratar de lei de efeitos concretos que não
estabelece normas gerais e abstratas, constituindo verdadeiro ato administrativo.
d) incide a responsabilidade civil subjetiva do Estado, por se tratar de ato legislativo típico, que apenas
admite indenização se comprovado o dolo ou culpa do agente público.
e) incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, por se tratar de ato legislativo típico, sendo necessária
a comprovação do elemento subjetivo dos agentes públicos envolvidos no ato.
João, Analista Administrativo do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no exercício da função, causou danos
morais a Joana, parte autora em determinado processo judicial, cujos autos foram extraviados por culpa de
João. Em razão de tais fatos, Joana obteve êxito em ação indenizatória aforada em face do Estado de Santa
Catarina.
a) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, tendo o ônus de comprovar que o agente
público agiu com culpa;
b) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, desde que cumpra o ônus de comprovar que
o agente público agiu com dolo;
c) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, independentemente de comprovar a culpa
ou dolo do agente, em razão da responsabilidade civil objetiva;
d) não pode acionar judicialmente João, eis que a responsabilidade civil objetiva aplica-se apenas em face do
Estado, que não tem o direito de regresso contra o agente;
e) não pode acionar judicialmente João, eis que o direito de regresso do Estado contra o agente somente
surge quando demonstrada má-fé, o que inocorreu no caso.
João, Oficial da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, foi designado para cumprir
diligência fiscalizatória em evento que consiste em show com a participação de público adolescente.
Chegando ao local, agindo de forma culposa, João se excedeu e retirou do show o adolescente Antônio,
alegando que o rapaz estava desacompanhado de seus responsáveis, quando, na verdade, seu pai apenas
tinha ido ao banheiro.
0
Antonio Daud
Aula 00
Diante dos danos morais (frustração) e materiais (valor do ingresso do show) sofridos por Antônio, ele
procurou a Defensoria Pública e propôs ação indenizatória em face do:
a) João, como pessoa física, por sua responsabilidade civil objetiva e direta;
Ednaldo, servidor público estadual, durante o horário de expediente, deixou que um objeto caísse da janela
da repartição pública em que trabalhava. Esse objeto caiu sobre a cabeça de Pedro e lhe causou danos.
Considerando as normas constitucionais que dispõem sobre o dever de reparar os danos causados, assinale
a afirmativa correta.
a) Somente Eraldo pode ser responsabilizado, mas é necessário demonstrar a sua culpa.
b) O Estado pode ser responsabilizado, ainda que não demonstrada a culpa de Eraldo.
c) Nem Eraldo nem o Estado podem ser responsabilizados, pois ocorreu um mero acidente.
d) Somente Eraldo pode ser responsabilizado, mesmo que não demonstrada a sua culpa.
João, apenado que cumpria pena privativa de liberdade decorrente de sentença penal condenatória com
trânsito em julgado, foi morto no interior de unidade prisional estadual de Alagoas.
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no caso em tela, aplica-se a responsabilidade
civil:
a) objetiva do Estado, e o valor arbitrado em relação aos danos morais decorrentes não pode, em qualquer
hipótese, ser revisto em sede de recurso especial pela proibição de reexame de matéria fática;
b) objetiva do Estado, e os danos morais decorrentes somente podem ser revistos em sede de recurso
especial quando o valor arbitrado for exorbitante ou irrisório, afrontando os princípios da proporcionalidade
e da razoabilidade;
0
Antonio Daud
Aula 00
c) subjetiva do Estado, e o poder público estadual será condenado à indenização pelos danos morais aos
familiares do apenado, caso se comprove que o homicídio foi praticado por algum agente penitenciário;
d) subsidiária do Estado, e, para condenação do poder público estadual ao pagamento de indenização pelos
danos morais aos familiares do apenado, será imprescindível a prévia tentativa de satisfação do crédito junto
ao agente público que agiu com culpa ou dolo;
e) subjetiva do Estado, e, para condenação do poder público estadual ao pagamento de indenização pelos
danos morais aos familiares do apenado, será imprescindível a comprovação do ato ilícito e nexo causal,
sendo desnecessária a demonstração do dolo ou culpa de um agente público.
O Presidente de determinada autarquia de Alagoas, no exercício de suas funções, praticou ato ilícito civil que
causou danos a determinado usuário do serviço prestado pela entidade.
a) subjetiva e solidária da autarquia e do Estado de Alagoas que a criou por lei específica;
b) subjetiva e primária da autarquia, mas o Estado de Alagoas não pode ser responsabilizado porque a
autarquia tem personalidade jurídica própria;
c) objetiva e primária da autarquia, mas o Estado de Alagoas não pode ser responsabilizado porque a
autarquia tem personalidade jurídica própria;
d) objetiva e solidária da autarquia e do Estado de Alagoas que a criou por lei específica;
Miro, quando passava na calçada lateral do edifício da Câmara de Vereadores do Município de São Paulo, é
atingido por parte da janela que caiu do Gabinete da Presidência da Casa Legislativa.
Nessa hipótese, a pessoa jurídica que responderá por eventual indenização será:
a) a Câmara de Vereadores;
b) a Casa Legislativa;
c) a Prefeitura;
d) o Município;
0
Antonio Daud
Aula 00
A sociedade empresária W, que recebeu concessão do município Sigma para prestar o serviço de transporte
urbano de passageiros, foi citada em uma ação civil de reparação de danos, sob o fundamento de que um de
seus ônibus, durante o serviço, colidira com outro veículo, daí resultando lesões graves no motorista deste
último.
À luz da sistemática constitucional afeta à responsabilização civil das concessionárias de serviço público, é
correto afirmar que a responsabilidade da sociedade empresária W
a) é objetiva, apesar de o dano ter sido causado a um indivíduo que não era usuário do serviço.
b) é subjetiva, já que o dano foi causado a não-usuário do serviço, sendo exigida a culpa do motorista do
ônibus.
d) é subjetiva, pois somente a Administração Pública direta e indireta pode responder de modo objetivo.
e) é objetiva, desde que demonstrada a culpa do motorista do ônibus e seu vínculo empregatício.
Determinado ente federativo passou a figurar no polo passivo de uma ação civil de reparação de danos, sob
o argumento de que Pedro, servidor público do referido ente, no exercício da função, ao conduzir o veículo
de um órgão estadual, atropelara e dera causa à morte de Maria. Apesar disso, existiam provas robustas de
que Pedro cumprira integralmente as normas de trânsito e o acidente decorrera do comportamento
inadequado de Maria.
À luz da narrativa acima, na seara afeta à responsabilidade civil do Estado por atos comissivos, mais
especificamente em relação à possibilidade de o comportamento de Maria afastar o dever de indenizar, a
teoria adotada pela Constituição da República é a
a) do risco integral, não sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva da vítima.
b) do risco administrativo, sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva da vítima.
c) da culpa, sendo o dever de indenizar influenciado pela culpa, tanto do agente público como da vítima.
d) da falta administrativa, não sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva da vítima.
e) do risco social baseada na culpa do agente, sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva da
vítima.
71. FGV/TRT - 12ª Região (SC) – Analista Judiciário – Área Administrativa – 2017
0
Antonio Daud
Aula 00
João, servidor público federal, estava conduzindo, no exercício de suas funções, o veículo da repartição em
que trabalha, quando realizou uma inversão de direção proibida e colidiu com o veículo de Antônio, que se
lesionou com o impacto. Ato contínuo, Antônio procurou um advogado e solicitou informações a respeito da
natureza da responsabilidade civil no evento que o lesionou.
a) pela sociedade empresária concessionária, que tem responsabilidade civil subjetiva, sendo imprescindível
a comprovação da culpa ou dolo de seus funcionários;
b) pela sociedade empresária concessionária, que tem responsabilidade civil objetiva, sendo prescindível a
comprovação da culpa ou dolo de seus funcionários;
c) pelo Município, diretamente, na qualidade de poder concedente, que tem responsabilidade civil subjetiva,
sendo prescindível a comprovação da culpa ou dolo dos seus funcionários da concessionária;
d) pelo Município e pela sociedade empresária concessionária, de forma solidária, que têm responsabilidade
civil objetiva, sendo imprescindível a comprovação da culpa ou dolo dos funcionários da concessionária;
e) pelos funcionários responsáveis pelo dano, diretamente, que têm responsabilidade civil objetiva, sendo
prescindível a comprovação de terem atuado com culpa ou dolo.
Ernesto, servidor público estadual, ao atender um cidadão em sua repartição, ficou aborrecido com o
comentário de que o atendimento era muito ruim. Ato contínuo, desferiu socos e chutes no referido cidadão.
Este último procurou um advogado e solicitou esclarecimentos a respeito de quem seria o responsável pela
0
Antonio Daud
Aula 00
reparação dos danos sofridos, bem como sobre a natureza dessa espécie de responsabilização. À luz da
sistemática constitucional, nesse caso, a responsabilidade:
a) da Administração Pública será objetiva, vedado o direito de regresso contra o servidor público;
b) do servidor público será objetiva, vedado o direito de regresso contra a Administração Pública;
c) da Administração Pública será subjetiva, facultado o direito de regresso contra o servidor público;
d) do servidor público será subjetiva, permitido o direito de regresso contra a Administração Pública;
e) da Administração Pública será objetiva, permitido o direito de regresso contra o servidor público.
Dois Policiais Militares abordaram um adolescente que estava caminhando sozinho em via pública, sem
qualquer indício de estar em situação flagrancial de ato infracional análogo a crime. Agindo com
desnecessária agressividade física e moral, bem como com evidente arbitrariedade, os policiais revistaram o
menor, o interrogaram e desferiram-lhe socos no rosto, tudo em movimentada avenida. Finda a abordagem,
os militares estaduais liberaram o menor. Após orientação jurídica da Defensoria Pública, o menor ajuizou
ação indenizatória com base na responsabilidade civil:
a) objetiva e direta dos Policiais Militares, que arcarão diretamente com a reparação pelos danos morais que
causaram ao menor, mediante a comprovação de terem agido com dolo;
b) subjetiva e solidária dos Policiais Militares e do Estado, que arcarão com a reparação pelos danos morais
causados ao menor, mediante a comprovação de terem agido com culpa ou dolo;
c) objetiva do Estado, que arcará com a reparação pelos danos morais causados pelos policiais ao menor,
independentemente da comprovação de terem agido com dolo ou culpa, assegurado o direito de regresso
em face dos agentes públicos;
d) objetiva do Estado, que arcará com a reparação pelos danos morais causados pelos policiais ao menor,
mediante a comprovação de terem agido com dolo ou culpa, assegurado o direito de regresso em face dos
agentes públicos;
e) subjetiva do Estado, que arcará com a reparação pelos danos morais causados pelos policiais ao menor,
mediante a comprovação de terem agido com dolo ou culpa, assegurado o direito de regresso em face dos
agentes públicos.
Luísa, passageira no ônibus da linha 123, da concessionária EW LTDA, sofreu uma concussão na cabeça após
o choque sofrido contra o banco da frente onde estava sentada. O ocorrido deveu-se a freada brusca
realizada pelo motorista que conduzia o veículo e, simultaneamente, conversava por mensagens de texto
através de um aplicativo para celulares. Pode-se afirmar, quanto ao ocorrido, que:
0
Antonio Daud
Aula 00
a) a concessionária não responde diretamente, pois é flagrante a culpa do motorista, efetivo causador dos
danos;
b) a responsabilidade civil da concessionária será apurada mediante a verificação de culpa, pois se trata de
ato ilícito;
c) a EW LTDA, embora seja concessionária de serviço público, por sua culpa in eligendo, exclui a
responsabilidade civil do Estado;
e) o Estado, como poder cedente, poderá ser demandado na via da responsabilidade civil objetiva, por sua
culpa in contrahendo.
Maria José, servidora pública estadual ocupante do cargo de merendeira, preparou para o almoço dos alunos
uma deliciosa galinha ao molho pardo. Ao servir aos alunos, Maria José informou-lhes que havia retirado
todos os ossos da ave e que eles poderiam saborear a iguaria tranquilamente. Ocorre que o aluno Davidson,
ao comer galinha, se engasgou com um pedaço de osso de oito centímetros, sofrendo grave lesão em órgãos
do sistema digestivo superior. Em razão das lesões, Davidson ajuizou ação indenizatória por danos materiais
e morais em face:
a) de Maria José, com base em sua responsabilidade civil objetiva, sendo necessária a comprovação do
elemento subjetivo, ou seja, de ter agido com dolo ou culpa;
b) de Maria José e do Estado, de forma solidária, sendo necessária a comprovação de ter agido o agente
público com dolo ou culpa;
c) do Estado, que responde pelos danos causados por Maria José ao aluno de forma subjetiva, ou seja, com
a necessidade de comprovação do elemento subjetivo na conduta do agente público;
d) do Estado, que responde pelos danos causados por Maria José ao aluno de forma objetiva, ou seja, sem
necessidade de comprovação do elemento subjetivo na conduta do agente público;
e) do Estado, com base em sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessária a comprovação da conduta
ilícita, dano, nexo causal e dolo ou culpa, com base na teoria do risco administrativo.
Suponha que um empregado de empresa privada, concessionária de serviço público de coleta de lixo, ao
manobrar o veículo que estava efetuando a coleta urbana, tenha abalroado o muro de um edifício e este
veio a desabar. Considerando o regramento estabelecido pela Constituição da República sobre
responsabilidade civil da Administração pública,
0
Antonio Daud
Aula 00
a) inexiste responsabilidade objetiva da concessionária pelos danos causados, eis que tal modalidade de
responsabilização somente se aplica a pessoas jurídicas de direito público.
e) a responsabilidade primária pela reparação do dano é do empregado, que poderá, contudo, exercer direito
de regresso contra a concessionária, se comprovada culpa concorrente.
O caixa de uma instituição financeira pública deixou de efetivar a autenticação da guia de recolhimento de
tributo que lhe fora apresentada por um cliente, juntamente com outras tantas faturas, não obstante tenha
realizado a retirada dos recursos da conta-corrente do mesmo. O cliente constatou o equívoco meses depois,
quando descobriu restrição a seu nome no cadastro de inadimplentes do ente federal credor do tributo.
Tendo restado esclarecido que não se tratou de dolo por parte do funcionário do banco, bem como
considerando o disposto no artigo 37, parágrafo 6°, da Constituição Federal, que trata da responsabilidade
extracontratual do Estado,
b) a instituição financeira oficial não pode responder civilmente pelos atos praticados pelo caixa com base
no dispositivo constitucional, pois se restringe à atuação dos servidores estatutários e o dano foi causado
por empregado público.
c) poderia ser imposta responsabilidade à pessoa jurídica de direito privado empregadora do caixa cuja
atuação ensejou danos ao cliente, independentemente do vínculo funcional, caso se tratasse de prestadora
de serviço público, o que não procede no presente caso.
d) não pode a instituição financeira, pessoa jurídica de direito privado, ser responsabilizada, tendo em vista
que o dispositivo constitucional exige conduta dolosa quando se tratar de empregados públicos.
e) o empregado responde pessoalmente pelos danos causados, considerando que, na forma do dispositivo
constitucional, as empresas estatais exploradoras de atividades econômicas somente respondem
objetivamente pelas condutas comissivas dolosas de seus empregados.
79. FCC/Câmara Legislativa do Distrito Federal – Técnico Legislativo – Agente de Polícia Legislativa – 2018
0
Antonio Daud
Aula 00
Felipe foi processado e condenado por prática de crime, por decisão judicial transitada em julgado, tendo
cumprido a respectiva pena de privação de liberdade. Contudo, a condenação de Felipe se deu por erro
judiciário. Diante dessa situação, considerando apenas os dados ora fornecidos, Felipe
a) não poderá pleitear indenização do Estado, pois o reconhecimento da responsabilidade acarretaria ofensa
à coisa julgada.
c) poderá pleitear indenização do Estado pois, de acordo com a Constituição Federal, este indenizará o
condenado por erro judiciário.
d) poderá pleitear indenização do Estado, desde que a condenação por erro judiciário tenha sido confirmada
pelos Tribunais Superiores.
80. FCC/TRT - 15ª Região (SP) – Técnico Judiciário – Área Administrativa – 2018
a) pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, não sendo necessário a demonstração de culpa ou
dolo, mas sim do nexo de causalidade entre a conduta dos servidores e os danos sofridos.
b) pelos danos comissivos que os agentes e prestadores de serviços públicos causarem a terceiros, desde
que demonstrado o dolo na conduta vedada pela Constituição Federal.
c) pelas ações ilícitas cometidas pelos agentes públicos, não sendo necessário demonstrar o nexo de
causalidade, apenas o prejuízo sofrido, de forma inequívoca.
d) pela modalidade subjetiva, que somente autoriza a responsabilidade subjetiva se vier a ser comprovado
o dolo ou a culpa do agente público.
e) pelos danos causados ao patrimônio das vítimas, no caso de danos dessa natureza, que prescindem de
comprovação de culpa e nexo causal.
A atuação dos agentes públicos que causar danos a terceiros pode gerar responsabilização das pessoas
políticas ou jurídicas da Administração pública as quais estiverem funcionalmente vinculados. No âmbito
dessa atuação passível de resultar na referida responsabilização,
a) inclui-se o exercício do poder hierárquico, que também incide na esfera jurídica de terceiros não
integrantes do quadro funcional da Administração pública, mas sujeitos àquela relação, como os contratados
para prestação de serviços ou fornecimento de bens.
0
Antonio Daud
Aula 00
b) a atuação dolosa dos agentes públicos, por atos comissivos lícitos ou ilícitos, acarreta dever de indenização
da pessoa jurídica ou política pelos danos que aqueles causarem, cabendo direito de regresso em face dos
servidores responsáveis.
c) o poder normativo conferido à Administração pública enseja sua responsabilidade objetiva, sendo
obrigatória a inclusão do ente que editou o ato ou decreto no pólo passivo da ação, dado que se trata de
atuação legislativa.
d) o poder de polícia, quando exercido fora dos limites legalmente autorizados, pode ocasionar danos aos
administrados, passíveis de serem opostos à Administração para fins de indenização, independentemente
de dolo ou culpa dos agentes públicos.
e) tanto o poder de polícia quanto o poder disciplinar exigem comprovação de dolo ou culpa dos agentes
públicos para imputação de responsabilidade às pessoas jurídicas as quais estão vinculados, considerando
que se trata de atuação essencial e intrínseca às funções executivas.
Suponha que determinado cidadão tenha sofrido ferimentos enquanto aguardava uma audiência em um
prédio do Poder Judiciário, ocasionados por um servidor que buscava conter um tumulto que se formou no
local em razão de protestos de determinada categoria de funcionários públicos. Referido cidadão buscou a
responsabilização civil do Estado pelos danos sofridos. De acordo com o que predica a teoria do risco
administrativo, o Estado
a) possui responsabilidade objetiva pelos danos sofridos pelo cidadão, descabendo qualquer excludente de
responsabilidade, como força maior, culpa da vítima ou de terceiros.
b) apenas responde pelos danos causados em caráter comprovadamente doloso ou culposo pelos seus
agentes, assegurado o direito de regresso contra o agressor.
c) não responde pelos danos causados, salvo se comprovada omissão no dever de fiscalizar a prestação do
serviço público envolvido e suas condições de segurança.
d) possui responsabilidade subjetiva pelos danos sofridos pelo cidadão, a quem compete comprovar o nexo
de causalidade e a culpa anônima do serviço.
e) pode ser responsabilizado, independentemente de culpa ou dolo de seus agentes, excluindo-se tal
responsabilidade se comprovada culpa de terceiros.
83. FCC/DPE-AM – Assistente Técnico de Defensoria – Assistente Técnico Administrativo – Tabatinga – 2018
0
Antonio Daud
Aula 00
b) dano causado a terceiro decorrente de conduta do Estado ou de quem lhe faça as vezes.
e) conduta lícita ou ilícita de agente de pessoa jurídica de direito público prestadora de serviço público.
Uma autarquia estava edificando o prédio de sua nova sede. Durante as obras de fundação, as instalações
de gasodutos existentes no subsolo foram perfuradas e houve abalos em algumas construções vizinhas.
Nesse caso,
a) o ente público que criou a autarquia responde obrigatoriamente e de forma solidária, em litisconsórcio
necessário, pelos danos a que esta tenha dado causa.
c) o ente público responde objetivamente e a autarquia, em regresso, subjetivamente, no caso de haver dolo
ou culpa de seus funcionários.
d) o ente público responde objetiva e exclusivamente pelos danos comprovados, demonstrado o nexo de
causalidade, tendo em vista que a autarquia integra a Administração direta.
e) a autarquia responde subjetivamente pelos danos causados a terceiros, desde que haja a necessária
demonstração de culpa, considerando a natureza jurídica do ente.
a) do poder concedente, titular do serviço, não do concessionário, por ser pessoa jurídica de direito privado.
b) da concessionária de serviço público, que está autorizada a acionar, em ação de regresso, o Poder Público,
em razão da titularidade do serviço.
c) do preposto da concessionária que tenha atuado com culpa ou dolo, não da pessoa jurídica, em razão do
princípio da separação patrimonial entre a pessoa jurídica e seus integrantes.
d) da concessionária de serviço público, que está autorizada, em caso de dolo ou culpa, a mover ação de
regresso contra o causador do evento danoso.
0
Antonio Daud
Aula 00
e) do poder concedente, por culpa in eligendo, hipótese em que a concessionária não poderá ser diretamente
responsabilizada pelo prejudicado, pois responde contratualmente.
86. FCC/TRT - 6ª Região (PE) – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2018
Numa ação ajuizada por um particular em face do Município em razão de supostos danos causados em seu
imóvel, vizinho a uma escola municipal, em virtude de uma reforma naquelas instalações que teria ensejado
a queda do muro, caberá ao autor demonstrar
a) a negligência dos agentes públicos na conservação das dependências da escola, configurando culpa.
b) o nexo de causalidade entre os danos que foram causados ao seu imóvel e a queda do muro, decorrente
da reforma.
c) o dolo dos agentes públicos na realização da reforma, sem preocupação com a qualidade da execução dos
trabalhos.
d) a prova dos danos intencionalmente causados ao autor, bem como os lucros cessantes.
e) que não se tratou de hipótese de força maior ou de culpa concorrente da vítima, o que excluiria a
responsabilidade do Município.
Após um acidente sofrido por um pedestre quando passava perto das instalações de uma obra que estava
sendo realizada por uma concessionária de serviço público, foi ajuizada ação de indenização pela vítima,
julgada procedente. Fixada a indenização e não paga voluntariamente pela empresa, o autor da ação, vítima,
que pretende receber o montante a que faz jus,
a) poderá executar a sentença, cujo pagamento se dará mediante a expedição de precatório, por se tratar
de concessionária de serviço público, empresa integrante da Administração indireta.
b) deverá requerer a penhora de quaisquer bens da empresa, inclusive das receitas decorrentes da concessão
de serviço público, não incidindo qualquer responsabilidade sobre o poder concedente.
d) deverá executar a sentença, que poderá demandar a penhora de bens da concessionária, não sendo
possível alcançar aqueles que estiverem afetados à prestação do serviço público.
e) poderá requerer a execução dos bens da concessionária de serviço público, cuja alienação forçada deverá
se dar mediante licitação no caso de serem atingidos bens adquiridos durante a vigência do contrato e
concessão.
0
Antonio Daud
Aula 00
Durante o trajeto por uma rodovia federal, um veículo particular foi parado por um bloqueio policial, que
estava à procura de traficantes de uma determinada organização criminosa. Não obstante os ocupantes do
veículo tenham se identificado e a descrição física dos mesmos não fosse coincidente com os suspeitos
procurados, a polícia não os liberou do bloqueio, determinando que fossem conduzidos à delegacia mais
próxima para que prestassem depoimento. Não foi possível colher o depoimento dos ocupantes do veículo
porque o sistema eletrônico da delegacia não estava funcionando, nem havia delegado de plantão, decidindo
os policiais por manter os ocupantes do veículo custodiados até o dia seguinte, apenas quando foi registrada
a presença dos mesmos naquelas dependências. Com base na narrativa feita e no que concerne à esfera de
direitos dos ocupantes do veículo, o ocorrido
a) enseja responsabilidade objetiva do Estado tendo em vista que o poder de polícia administrativo exercido
pelos agentes policiais demanda expressa previsão legal de todos os atos e providências permitidos.
b) configurou regular exercício de poder de polícia administrativa, que autoriza a limitação dos direitos e
liberdade individual dos indivíduos, independentemente de previsão legal e desde que voltado ao
atingimento do interesse público.
c) pode configurar ato de responsabilidade do policial que deteve o veículo e seus ocupantes, não se
identificando qualquer irregularidade na atuação do Estado, por meio de seus agentes ou de forma genérica,
por falha de serviço, dolo ou culpa.
d) configura exercício regular de direito, considerando que o policial deve zelar pela segurança pública,
podendo deter as pessoas, desde que indique a razão, não se aplicando a essa atuação as normas de
responsabilidade civil.
e) pode demandar responsabilização do Estado, considerando, sem prejuízo de outras alegações, que o
serviço público não funcionou adequadamente, em razão do sistema inoperante e da ausência do delegado
de plantão, o que inviabilizou o depoimento dos ocupantes.
Cinco alunos de determinada escola pública estadual, beneficiados por transporte escolar gratuito custeado
pelo Estado, durante o percurso entre a unidade escolar e as respectivas residências, sofreram danos físicos,
alguns de grande proporção, em razão de acidente de veículo envolvendo a van escolar que os conduzia. Em
razão destes fatos, os pais dos acidentados procuraram a Defensoria Pública para responsabilizar o Estado,
responsável pelo transporte, que
a) responde subjetivamente pelos danos causados aos alunos, na hipótese de comprovação de culpa do
motorista da van, por se tratar de transporte gratuito.
b) não reponde pelos danos causados aos alunos, que devem acionar o responsável direto pelo acidente, na
hipótese de ser comprovada culpa concorrente de terceiro.
c) responde pelos danos causados aos alunos de forma objetiva, desde que o referido serviço de transporte
não seja prestado por concessionária de serviço público, hipótese em que apenas esta responde
objetivamente pelos danos.
0
Antonio Daud
Aula 00
d) responde objetivamente pelos danos materiais e morais causados aos alunos, bastando a comprovação
do nexo de causalidade entre o acidente de trânsito e os prejuízos sofridos pelos mesmos, cabendo ao ente
público mover ação de regresso contra o responsável direto nos casos de dolo ou culpa.
e) responde subjetivamente pelos danos causados aos alunos, sendo necessária, na hipótese, a comprovação
de dolo ou culpa do motorista da van, servidor público em desvio de função.
90. FCC/TRF - 5ª REGIÃO – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – 2017
a) podem ingressar com ação de responsabilidade civil em face da autarquia, na qual terão que demonstrar
o dano, nexo causal entre prejuízo sofrido e a execução das obras, com o que exsurge o direito à indenização.
b) podem ingressar com ação de responsabilidade civil em face da autarquia, devendo, no entanto,
demonstrar culpa ou dolo na execução das obras, para terem direito à indenização.
c) podem acionar a autarquia, mas, antes, devem mover ação em face da empreiteira contratada para
executar as obras, demonstrando falha na execução dos serviços e o nexo causal.
d) somente podem acionar a empreiteira contratada pela autarquia para a execução das obras, porquanto,
na hipótese de terceirização de serviços, fica excluída a responsabilidade estatal.
e) podem escolher acionar a autarquia ou mover ação em face do ente criador (União), porquanto a pessoa
jurídica instituidora responde integralmente pelos atos da entidade que criou.
Considere que, em um período de chuvas intensas, tenha ocorrido o transbordamento de um rio situado no
perímetro urbano de determinada cidade. Os moradores da região sofreram vários prejuízos em função do
transbordamento e buscaram, judicialmente, indenização do poder público sob a alegação de que os danos
decorreram do atraso nas obras de aprofundamento da calha do rio, bem como da paralisação dos serviços
de dragagem e da omissão na adoção de outras medidas que pudessem evitar ou minimizar os danos
sofridos. O pleito apresentado
a) não encontra respaldo no ordenamento jurídico, pois apenas condutas comissivas da Administração são
passíveis de caracterizar a responsabilidade civil do Estado.
b) é cabível, caracterizando responsabilidade objetiva da Administração, que não pode ser afastada sob
alegação de ocorrência de caso fortuito ou força maior.
0
Antonio Daud
Aula 00
c) não é cabível, pois não se vislumbra nexo de causalidade entre os prejuízos sofridos e conduta comissiva
ou omissiva da Administração, somente sendo cabível se apontada culpa de agente público.
d) é cabível mesmo não individualizada conduta comissiva de agente público, se demonstrado o nexo de
causalidade com a falha na prestação do serviço.
e) fundamenta-se na já superada Teoria do Risco Integral, não encontrando, assim, respaldo no nosso
ordenamento jurídico que agasalha a responsabilidade subjetiva da Administração.
a) deve pleitear indenização por danos morais e materiais em face dos responsáveis pelos disparos, que
respondem subjetivamente.
b) pode pleitear indenização pelos danos emergentes comprovados, bem como por possíveis danos morais,
em face tanto do poder público responsável pelo policiamento, quanto daquele incumbido de garantir a
segurança dos munícipes no evento, demonstrado o nexo de causalidade.
d) não pode propor ação de indenização em face do Município ou do Estado, tendo em vista não ser possível
identificar o agente responsável, caracterizando-se o evento como caso-fortuito.
e) pode responsabilizar objetivamente o poder público caso o serviço de socorro médico não tenha prestado
a assistência necessária ao munícipe enquanto ferido, mas não pelos fatos ocorridos durante o tumulto,
porque imprevisíveis ou inevitáveis.
Uma viatura policial envolveu-se em acidente de trânsito que resultou em danos patrimoniais bem como
danos físicos em alguns dos envolvidos. A viatura, na ocasião, foi recolhida e submetida à vistoria e perícia.
Também foi aberto procedimento administrativo para apuração dos fatos. O condutor da viatura, servidor
público, teve contato com o laudo pericial e, não satisfeito com o resultado, decidiu ocultá-lo, impedindo sua
juntada aos autos do procedimento administrativo. A conduta do servidor
a) pode lhe ensejar responsabilidade disciplinar, repercutindo na esfera civil onde se procederá à indenização
pelos danos decorrentes do acidente de trânsito, cuja responsabilidade somente será apurada após a
conclusão do procedimento administrativo disciplinar.
0
Antonio Daud
Aula 00
b) pode ensejar responsabilidade civil do Estado sob a modalidade objetiva caso dela decorram danos
comprovados, tendo em vista que o servidor agiu ilicitamente, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar
do mesmo.
c) enseja comprovação de culpa por parte do Estado, este que, em razão da omissão na conclusão das provas
necessárias à elucidação dos fatos, deverá ser responsabilizado sob a modalidade subjetiva.
d) acarreta responsabilidade objetiva do Estado em razão da omissão de seu agente público, que ocultou as
provas que elucidariam os fatos, permitindo identificar os responsáveis pelo acidente.
e) enseja responsabilidade disciplinar pelo ato de ocultação de provas, bem como pelo acidente de trânsito,
pelo qual fica presumida sua culpa, na medida em que o servidor impediu a correta e adequada apuração
dos fatos.
94. FCC/TRT - 11ª Região (AM e RR) – Analista Judiciário – Área Administrativa – 2017
Em movimentada rua da cidade de Manaus, em que existem diversas casas comerciais, formou-se um
agrupamento de pessoas com mostras de hostilidade. Em razão disso, um dos comerciantes da rua, entrou
em contato com os órgãos públicos de segurança responsáveis, comunicando o fato. Embora os órgãos de
segurança tenham sido avisados a tempo, seus agentes não compareceram ao local, ocorrendo atos
predatórios causados pelos delinquentes, o que gerou inúmeros danos aos particulares. A propósito do
tema, é correto afirmar que
a) os danos causados por multidões inserem-se na categoria de fatos imprevisíveis, não havendo
responsabilidade estatal.
c) o Estado arcará integralmente com os danos causados, haja vista tratar-se de hipótese de responsabilidade
subjetiva.
d) o Estado responderá pelos danos, haja vista sua conduta omissiva culposa, no entanto, a indenização será
proporcional à participação omissiva do Estado no resultado danoso.
e) o Estado responderá integralmente pelos danos causados, em razão de sua responsabilidade objetiva e a
aplicação da teoria do risco integral.
Durante um evento cultural, realizado por determinada municipalidade, o palco onde estava sendo encenada
uma peça de teatro cedeu, atingindo algumas pessoas que estavam na plateia, para as quais foi prestado
atendimento médico. Algum tempo depois, a municipalidade foi acionada por um cidadão, pleiteando
indenização por danos experimentados em decorrência de lesões sofridas no dia do acidente narrado, que
o teriam impedido de trabalhar. Dentre os possíveis aspectos a serem analisados a partir dessa narrativa,
está a possibilidade
0
Antonio Daud
Aula 00
a) do autor da ação demonstrar a culpa dos agentes públicos pelos danos que alega ter sofrido, em razão do
tempo decorrido, que impediram a alegação de responsabilidade objetiva.
b) da municipalidade demonstrar que seus agentes não agiram com culpa, tratando-se de caso fortuito,
imprevisível, portanto, razão pela qual caberia ao autor comprovar suas alegações.
c) do autor demonstrar o nexo causal entre o incidente ocorrido no dia do evento, que era realizado sob
responsabilidade da municipalidade, e os danos que alega ter sofrido, para que seja configurada a
responsabilidade objetiva do ente público.
O Estado, tal qual os particulares, pode responder pelos danos causados a terceiros. A responsabilidade
extracontratual para pessoas jurídicas de direito público, prevista na Constituição Federal, no entanto,
a) dá-se sob a modalidade subjetiva para os casos de omissão de agentes públicos e de prática de atos lícitos,
quando causarem danos a terceiros.
b) não se estende a pessoas jurídicas de direito privado, ainda que integrantes da Administração indireta,
que se submetem exclusivamente à legislação civil.
c) exige a demonstração pelos demandados, de inexistência de culpa do agente público, o que afastaria, em
consequência o nexo de causalidade entre os danos e a atuação daqueles.
d) tem lugar pela prática de atos lícitos e ilícitos por agentes públicos, admitindo, quando o caso, excludentes
de responsabilidade, que afastam o nexo causal entre a atuação do agente público e os danos sofridos.
e) somente tem lugar com a comprovação de danos concretos pelo demandante, o que obriga,
necessariamente, a incidência da modalidade subjetiva.
0
Antonio Daud
Aula 00
GABARITOS
1. A 33. E 65. B
2. C 34. E 66. B
3. D 35. C 67. E
4. A 36. C 68. D
5. A 37. C 69. A
6. A 38. A 70. B
7. B 39. B 71. E
8. E 40. E 72. B
9. E 41. A 73. E
10. C 42. A 74. C
11. E 43. C 75. D
12. C 44. D 76. D
13. B 45. D 77. C
14. E 46. D 78. C
15. A 47. C 79. C
16. C 48. C 80. A
17. D 49. E 81. D
18. B 50. C 82. E
19. E 51. E 83. B
20. C 52. C 84. B
21. E 53. C 85. D
22. E 54. E 86. B
23. C 55. C 87. D
24. E 56. B 88. E
25. C 57. C 89. D
26. C 58. C 90. A
27. E 59. B 91. D
28. E 60. D 92. B
29. C 61. E 93. B
30. D 62. C 94. D
31. E 63. A 95. C
32. E 64. D 96. D