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TRIBUNAIS

Direito Processual
do Trabalho
Capítulos 1 ao 8
TRIBUNAIS

Direito Processual do
Trabalho
Capítulo 1
Olá, aluno!

Bem-vindo ao estudo para os concursos de Tribunais. Preparamos todo esse material para
você não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo
que você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente.

Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de
entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal,
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento,
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo
sempre!

Ademais, estamos constantemente perseguindo melhorias para trazer um conteúdo


completo que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a
estrutura do PDF Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar
especificamente os assuntos que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada
capítulo você tem a oportunidade de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto
com a leitura de jurisprudência selecionada.

E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou
comentários, entre em contato através do e-mail pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para
a gente!

Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-
se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina.

Faça bom uso do seu PDF Ad Verum!

Bons estudos 

1
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA

Processos de
Execução Procedimentos
22% nos Dissídios
Individuais
45%

Recursos no
Processo do
Trabalho
33%

Procedimentos nos Dissídios Individuais Recursos no Processo do Trabalho


Processos de Execução

2
SOBRE O CONCURSO

Daremos início ao estudo da disciplina Direito Processual do Trabalho. Para os


concursos de Tribunais do Trabalho, esta disciplina é de extrema importância.

O estudo do direito processual trabalhista é fundamental para uma boa pontuação


nas provas de Tribunais e faz a diferença na aprovação.

Em razão disso, este material busca fornecer ao aluno um conhecimento amplo e


suficiente, abordando os principais institutos específicos da matéria, conforme os temas
costumam ser cobrados nas provas de concurso.

Ao final de cada capítulo serão colacionadas questões para treinamento, sempre


priorizando os concursos da área, com comentários que ajudarão a resolvê-las e a revisar o
conteúdo.

É muito importante, também, ler toda a legislação apontada na “Legislação


Compilada”, pois, assim como o posicionamento doutrinário, a leitura da legislação
complementa o estudo e faz com que o aluno acerte um maior número de questões. Lembre-
se que muitas questões pedem o conhecimento do que a legislação expressamente prevê.

Vamos iniciar os estudos?!

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Abordaremos os assuntos da disciplina de Direito Processual do Trabalho da seguinte
forma:

CAPÍTULOS

Capítulo 1 – Fontes e integração. Princípios do Processo do Trabalho. Organização da Justiça

do Trabalho. Ministério Público do Trabalho.

Capítulo 2 – Competência.

Capítulo 3 – Das partes e dos Procuradores. Atos, termos e prazos. Nulidades.

Capítulo 4 – Dissídio Individual. Audiência Trabalhista. Acordo Judicial. Resposta do Réu.

Capítulo 5 – Provas. Sentença e Coisa julgada.

Capítulo 6 – Recursos.

Capítulo 7 – Liquidação de sentença. Execução Trabalhista. Tutela Provisória. Procedimentos

no Processo do Trabalho.

Capítulo 8 – Dissídio Coletivo. Correição Parcial. Reclamação à Instância Superior.

Procedimentos Especiais.

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SUMÁRIO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO, Capítulo 1 ................................................................................. 8

1. Formas de Solução de Conflitos Trabalhistas. ................................................................................ 8

1.1. Autodefesa ou autotutela ......................................................................................................................... 8

1.2. Autocomposição............................................................................................................................................ 8

1.3. Heterocomposição ....................................................................................................................................... 9

1.3.1. Jurisdição.............................................................................................................................................. 9

1.3.2. Arbitragem .......................................................................................................................................... 9

2. Fontes e Integração. .................................................................................................................................... 10

3. Eficácia da norma processual no tempo e no espaço. ............................................................. 11

4. Princípios do Processo do Trabalho. .................................................................................................. 12

4.1. Introdução ..................................................................................................................................................... 12

4.2. Princípios Constitucionais e Processuais afetos ao Processo do Trabalho ...................... 12

4.2.1. Princípio do Devido Processo Legal - art. 5º, LIV, CF/88. ........................................... 12

4.2.2. Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição - art. 5º, XXXV, CF/88. ......................... 13

4.2.3. Princípio do Juiz Natural - art. 5º, LIII, CF/88. .................................................................. 13

4.2.4. Princípio do Contraditório e Ampla Defesa - art. 5º, LV, CF/88............................... 13

4.2.5. Princípio da Duração Razoável do Processo - art. 5º, LXXIVIII, CF/88................... 15

4.2.6. Princípio da Motivação e Publicidade das decisões judiciais - art. 93, CF/88. .. 15

4.2.7. Princípio da Primazia da Decisão de Mérito – art. 4º, CPC/2015. ........................... 16

4.2.8. Princípio Dispositivo ou Demanda ou Inércia - art. 2º, CPC/2015. ......................... 16

4.2.9. Princípio Inquisitivo ou Impulso Oficial - art. 2º, CPC/2015. ..................................... 17

4.2.10. Princípio da Instrumentalidade das Formas - art. 188, CPC/2015. .......................... 18

5
4.2.11. Princípio da Impugnação Especificada - art. 341, CPC/2015. .................................... 18

4.2.12. Princípio da Eventualidade - art. 336, CPC/2015. ........................................................... 19

4.2.13. Princípio da Preclusão - arts. 63, §4; 104; 209, §2º; 278; 293; 507; 1009 CPC/2015.
19

4.2.14. Princípio da Boa-fé Processual - art. 5º; 79 a 81 CPC/2015. ..................................... 21

4.2.15. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição ................................................................................ 21

4.3. Princípios específicos do Processo do Trabalho .......................................................................... 22

4.3.1. Princípio da Proteção. ................................................................................................................. 22

4.3.2. Princípio da Conciliação. ............................................................................................................ 22

4.3.3. Princípio do Jus Postulandi. ...................................................................................................... 23

4.3.4. Princípio da Oralidade. ............................................................................................................... 23

4.3.5. Princípio da Subsidiariedade .................................................................................................... 26

5. Organização da Justiça do Trabalho. ................................................................................................. 27

5.1. Tribunal Superior do Trabalho (TST) ................................................................................................. 28

5.1.1. Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho ....................................................................... 29

5.2. Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) ............................................................................................ 29

5.3. Juízes do Trabalho..................................................................................................................................... 30

6. Ministério Público do Trabalho. ............................................................................................................ 32

6.1. Organização do MPT................................................................................................................................ 32

6.2. Competência do MPT .............................................................................................................................. 33

6.3. Atuação Extrajudicial do MPT............................................................................................................... 35

QUESTÕES COMENTADAS.................................................................................................................................. 43

GABARITO .................................................................................................................................................................... 56

LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................................................... 60

JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................................................................... 63

QUADRO SINÓTICO.................................................................................................................................................. 37
6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................................ 67

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Capítulo 1

1. Formas de Solução de Conflitos Trabalhistas.

1.1. Autodefesa ou autotutela

É a mais primitiva forma de resolução de conflitos, pelo qual as partes exercem o direito
de forma direta, através da submissão da parte mais fraca pelo exercício da força da parte
mais forte numa dada relação jurídica.

Os exemplos de autotutela no Processo do Trabalho são a greve, que é o movimento


paredista dos empregados de determinada empresa ou atividade profissional em busca de
melhores condições de trabalho e o lockout, que consiste em uma PRÁTICA PROIBIDA NO
BRASIL, pelo qual o empregador impede a entrada dos empregados, fechando os
estabelecimentos, com o nítido objetivo de frustrar negociações ou dificultar o atendimento de
reinvindicações dos obreiros, conforme previsto no artigo 17 da lei nº 7783/89.

1.2. Autocomposição

Na autocomposição a solução do conflito entre as partes é resolvida sem o uso da


força, através de um comum acordo entre as partes, que pode ocorrer através da RENÚNCIA,
pelo qual uma parte abdica de determinado direito de forma unilateral, ou pela TRANSAÇÃO,
que consiste em concessões recíprocas das partes, podendo ser realizada no âmbito processual
que consiste na conciliação, ou extraprocessual, como pode ocorrer nas negociações coletivas.

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1.3. Heterocomposição

A heterocomposição é uma forma de resolução no qual as partes confiam o poder


decisório do litígio a um terceiro e se obrigam a cumprir a determinação proferida. Pode ocorrer
de duas formas:

1.3.1. Jurisdição

Na Jurisdição o Estado-juiz fica incumbido de apresentar uma solução jurídica ao litígio


posto em juízo pelas partes dentro do âmbito de sua competência, através do exercício do
princípio dispositivo, devendo as partes se submeter obrigatoriamente ao decidido pelo juiz.

1.3.2. Arbitragem

A arbitragem pode ser judicial, quando ocorre no curso de um processo, ou


extrajudicial, quando as partes elegem um árbitro para dirimir seus conflitos de forma
antecedente (pelo instrumento chamado cláusula compromissória) ou incidental ao conflito (no
qual se emite um compromisso arbitral).

Para que seja utilizada a arbitragem, o litígio precisa envolver pessoa maior e capaz e
versar sobre direitos disponíveis.

Em que pese não haver amplo leque de aplicabilidade da arbitragem nos dissídios individuais
do trabalho, ante a indisponibilidade da maioria de seus direitos, a lei nº 13.467/2017, conhecida
como Reforma Trabalhista, trouxe em seu bojo a previsão do artigo 507-A da CLT, através do
qual há a possibilidade de se pactuar a cláusula compromissória arbitral aos contratos de
trabalho dos empregados que possuam remuneração maior que duas vezes o “teto” do RGPS,
desde que haja concordância expressa ou iniciativa do empregado.

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2. Fontes e Integração.

A regulamentação do direito processual do trabalho é dada primordialmente pela


Consolidação das Leis do Trabalho, mas existem outras leis esparsas que podem ser utilizadas
como fontes.

Mas, em determinados casos de omissão da norma celetista, podem ser utilizados os


dispositivos do Direito Processual Comum (CPC) como fonte subsidiária do processo do
trabalho, desde que respeitados os requisitos da omissão na CLT e da compatibilidade da norma
a ser aplicada, conforme determina o artigo 769 da CLT e que se aplica aos dissídios na fase de
conhecimento.

Já na fase de Execução Trabalhista, existe regra própria, que consiste na aplicação


subsidiária inicialmente dos dispositivos da Lei de Execução Fiscal (LEF – lei 6830/80) por
expressa previsão legal do artigo 889 da CLT e, permanecendo a omissão, aí sim se recorrerá
aos dispositivos do CPC 2015.

Se a norma celetista já dispuser qual norma será aplicável ao caso em apreço (como ocorre no
artigo 882 em que há determinação de que a ordem preferencial de bens à penhora deve ser
extraída diretamente do artigo 835 do CPC), não haverá que aplicar inicialmente a LEF e, se
for o caso, posteriormente o CPC.

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3. Eficácia da norma processual no tempo e no espaço.

Para determinação da eficácia temporal das leis é necessário observar o regramento


da LINDB, que possui aplicação em todas as leis do ordenamento jurídico, dispondo que, salvo
disposição em contrário, as normas entram em vigor em todo o território nacional após 45 dias
da sua publicação, com aplicação imediata e geral, sendo vedada a retroatividade (Inteligência
dos artigos 1º e 6º da LINDB).

A lei 13.467/17, conhecida como Reforma Trabalhista, estabeleceu regramento próprio


sobre a vigência no tempo, pois o art. 6º dispôs que suas modificações ao texto da CLT
passariam a vigorar após 120 dias da sua publicação, o que ocorreu no dia 11 de novembro de
2017.

Com relação à eficácia da norma no espaço, conforme o princípio da territorialidade,


a lei processual trabalhista abrange todo o território nacional, independentemente de ser
aplicada aos brasileiros ou estrangeiros que residam no país. Ademais, o art. 651 §2º da CLT
permite que os fatos ocorridos no exterior sejam apreciados pela Justiça do Trabalho Brasileira.

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4. Princípios do Processo do Trabalho.

4.1. Introdução

Élisson Miessa1 afirma que os princípios são à base do ordenamento jurídico e apresenta
três funções típicas dos Princípios, conforme a Doutrina majoritária:

 Função interpretativa: tem a função de auxiliar os operadores do direito na


compreensão e aplicação da norma.
 Função informadora: inspiram o legislador na elaboração das leis.
 Função integrativa: Os princípios têm a função suplementar da ordem jurídica,
complementando as lacunas deixadas pelo legislador.

4.2. Princípios Constitucionais e Processuais afetos ao Processo


do Trabalho

Os princípios do ordenamento jurídico devem ser interpretados de forma


sistemática, sendo assim, alguns dos princípios insculpidos, expressa ou implicitamente, na
Constituição Federal, bem como no Novo Código de Processo Civil, também são aplicáveis ao
Direito Processual do Trabalho. Como o objetivo da obra é apresentar um material apto ao
estudo eficaz da disciplina, listaremos o princípio com seu respectivo diploma legal para
aprofundamento na matéria de Direito Constitucional ou Direito Processual Civil:

4.2.1. Princípio do Devido Processo Legal - art. 5º, LIV, CF/88.

Previsto no artigo 5º, LIV, CF/88, o princípio do devido processo legal é entendido
como base para os demais princípios constitucionais, tendo em vista que um cidadão só poderá

1 MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

Página 66.

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ser processado de acordo com as regras já existentes no ordenamento jurídico, não podendo
ser surpreendido pela aplicação de regras ainda não positivadas.

4.2.2. Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição - art. 5º, XXXV,


CF/88.

O princípio da inafastabilidade da jurisdição é corolário do acesso à justiça tratado


por Mauro Cappelletti (por este motivo também é entendido como Princípio do Acesso à Justiça)
e consiste na ideia de que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
a direito”, tal como leciona o artigo 5º, XXXV, CF/88. Este princípio representa uma dupla
garantia ao jurisdicionado: de assegurar o amplo acesso ao Poder Judiciário, bem como de
obter uma decisão judicial, de mérito ou não (a depender das regras do direito processual
aplicadas ao caso em análise), mas que seja justa e eficaz.

4.2.3. Princípio do Juiz Natural - art. 5º, LIII, CF/88.

Entende-se que o princípio do juiz natural está previsto na Constituição Federal, de


forma implícita, através da análise dos incisos XXXVII e LIII do artigo 5º, que determinam que
não haja tribunal ou juízo de exceção e que todos tem o direito de ser julgados através de um
juízo competente previamente estabelecido pela lei. Há ainda quem defenda que o dever de
imparcialidade do juiz seja derivado deste princípio.

4.2.4. Princípio do Contraditório e Ampla Defesa - art. 5º, LV, CF/88.

O artigo 5º, LV, da CF/88 traz a previsão de observância do contraditório e da ampla


defesa nos processos judiciais e administrativos. A ampla defesa é a possibilidade que o cidadão
tem de apresentar todos os meios de prova admitidos no ordenamento jurídico para
comprovação da tese alegada em sua defesa.

O princípio do contraditório pode ser entendido como o direito que a parte possui de
ter conhecimento de todos os atos do processo e de poder apresentar sua manifestação nele.

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Importante mencionar a inovação do CPC 2015, que apresentou mais uma faceta ao
princípio, ao se tratar do contraditório substancial, cuja finalidade é evitar a prolação de
decisões-surpresa, como se verifica do teor dos artigos 9º e 10º:

“Art. 9º. não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente
ouvida.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento

a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que
se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.

A Instrução Normativa nº 39/2016 do TST (IN 39 TST) dispõe sobre as normas do CPC de
2015 que se aplicam, ou não, ao Direito Processual do Trabalho e trata especificamente a
questão da vedação à decisão-surpresa no artigo 4º e seus parágrafos:

“Art. 4° Aplicam-se ao Processo do Trabalho as normas do CPC que regulam o princípio do contraditório, em
especial os artigos 9º e 10, no que vedam a decisão surpresa.

§ 1ºEntende-se por “decisão surpresa” a que, no julgamento final do mérito da causa, em qualquer grau de
jurisdição, aplicar fundamento jurídico ou embasar-se em fato não submetido à audiência prévia de uma ou de
ambas as partes.

§ 2º Não se considera “decisão surpresa” a que, à luz do ordenamento jurídico nacional e dos princípios que
informam o Direito Processual do Trabalho, as partes tinham obrigação de prever, concernente às condições da
ação, aos pressupostos de admissibilidade de recurso e aos pressupostos processuais, salvo disposição legal
expressa em contrário”.

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4.2.5. Princípio da Duração Razoável do Processo - art. 5º, LXXIVIII,
CF/88.

O princípio da duração razoável do processo não se encontra no bojo da Constituição


desde sua promulgação, visto que fora incluído ao texto constitucional através do exercício do
Poder Constituinte Derivado Reformador pela EC 45/04, acrescentando o inciso LXXVIII artigo
5º da CF/88 que afirma “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.

Perceba-se que o referido princípio constitucional é uma garantia para o cidadão que
deve ser aplicado tanto no âmbito do direito processual (do trabalho, civil, penal etc) quanto
no âmbito administrativo, sendo a celeridade interligada ao conceito de efetividade da prestação
do serviço jurisdicional e público, através da utilização de medidas para se evitar a morosidade.

Apesar de ter sido inserido ao texto constitucional em 2004 com a EC 45, o Princípio da Duração
Razoável do Processo já estava previsto na CLT, mesmo que sem esta nomenclatura, pois é
primordial ao Processo do Trabalho a agilidade na resolução das demandas submetidas à sua
apreciação, ante a natureza das relações travadas entre os legitimados para suas causas, como
se verifica no teor do artigo 765 da CLT:

“Art. 765. Os Juízos e tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento
rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”.

4.2.6. Princípio da Motivação e Publicidade das decisões judiciais -


art. 93, CF/88.

A Constituição determina que todas as decisões do Poder Judiciário deverão ser


fundamentadas, sob pena de nulidade e, nesse sentido, o legislador infraconstitucional fez a
previsão dos artigos 11 e 489, §1º, do CPC/2015.

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Desta forma, o princípio da motivação das decisões judiciais serve como instrumento
de controle para as partes, que ao saber as razões invocadas pelo magistrado para proferir sua
decisão verifica a legitimidade da decisão e a imparcialidade do juiz. Intrinsicamente relacionada
com a necessidade de motivação das decisões judiciais apresenta-se o Princípio da Publicidade
das Decisões Judiciais, que também serve como meio de controle da atuação do Poder do
Judiciário, previsto no artigo 93 da CF/88:

“Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença,

em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em


casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação;”

4.2.7. Princípio da Primazia da Decisão de Mérito – art. 4º,


CPC/2015.

O princípio da primazia da decisão de mérito se configura como uma garantia das


partes, bem como uma diretriz para os órgãos jurisdicionais, que devem proferir suas decisões
visando solução adequada e eficaz para resolução do mérito da causa, ou seja, a decisão judicial
deve enfrentar os pedidos aduzidos na ação, não se contentando em apresentar decisões
processuais, que extinguem o processo, mas não julgam o mérito.

Vários artigos do CPC tratam do Princípio da Primazia da Decisão de Mérito, como os


artigos 139, 317, 932, mas o que se apresenta como mais relevante para sua conceituação é o
artigo 4º, ao afirmar que “as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral
do mérito, incluída a atividade satisfativa”.

4.2.8. Princípio Dispositivo ou Demanda ou Inércia - art. 2º,


CPC/2015.

O princípio dispositivo é apresentado no artigo 2º do CPC 2015, quando afirma que o


“processo começa por iniciativa da parte”, que precisa provocar o Poder Judiciário para que
este exerça sua função jurisdicional apresentando solução à lide e, também é representação do
Princípio Dispositivo o direito que a parte que ocupa o polo passivo na relação processual possa

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se apresentar em juízo para se contrapor ao pedido de prestação jurisdicional realizado pelo
Autor.

Outrossim, importante salientar que a regra geral é de inércia do Poder Judiciário para
instauração de processos judiciais, que devem ser provocados pelas partes interessadas e
legítimas.

Existe, no Direito Processual do Trabalho o Princípio Inquisitivo com relação à fase de


Execução Trabalhista, pois competia ao juízo trabalhista a execução de ofício das suas decisões
judiciais proferidas. Com a implementação da Lei nº 13.47/2017, houve a modificação do texto
do artigo 878 da CLT, passando a determinar que a Execução Trabalhista deva ser promovida
pelas partes, salvo se não estiverem representadas por advogado, o que demonstra a migração
para a incidência do Princípio Dispositivo, como se verifica do texto legal:

“Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo

juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem
representadas por advogado”.

4.2.9. Princípio Inquisitivo ou Impulso Oficial - art. 2º, CPC/2015.

Uma vez provocado o Poder Judiciário pela parte (Princípio Dispositivo), o princípio
inquisitivo determina que o processo siga por impulso oficial, pois compete ao órgão julgador
dar andamento ao feito, com objetivo de que a ação chegue ao seu final.

O artigo 2º do CPC 2015 dispõe sobre os Princípios Dispositivo e Inquisitivo, que estão
intrinsicamente relacionados, como se verifica:

"Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial,

salvo as exceções previstas em lei”.

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4.2.10. Princípio da Instrumentalidade das Formas - art. 188,
CPC/2015.

O artigo 188 do CPC 2015 dispõe que “os atos e os termos processuais independem de
forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que,
realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.”

Desta feita, o princípio da instrumentalidade das formas afirma que, salvo disposição legal
em contrário, em regra, os atos e termos processuais não dependem de forma determinada,
sendo válidos todos os atos praticados que atinjam sua finalidade, mesmo que realizados de
forma não prevista em lei.

4.2.11. Princípio da Impugnação Especificada - art. 341, CPC/2015.

O princípio da impugnação especificada determina que compete ao réu a manifestação


precisa acerca dos fatos narrados pelo autor na Petição Inicial sob pena de presumirem-se
verdadeiros os fatos não impugnados. Mas existem exceções ao referido Princípio, como se
verifica nos termos do artigo 341 do CPC 2015:

“Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato
constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;

II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da


substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto”.

Nos termos do parágrafo único do artigo 341 do CPC o ônus da impugnação especificada
dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. Pode
decorar essas exceções, pois são muito cobradas em prova!

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4.2.12. Princípio da Eventualidade - art. 336, CPC/2015.

Segundo o princípio da eventualidade, as partes devem alegar, oportunamente, todas as


matérias para defesa de seu direito, incluindo as provas que pretende produzir. O momento de
apresentação dessas alegações é determinado pela lei ou pelo juízo, sob pena de Preclusão.

4.2.13. Princípio da Preclusão - arts. 63, §4; 104; 209, §2º; 278; 293;
507; 1009 CPC/2015.

Preclusão é a perda da faculdade processual de praticar um ato processual em juízo. É um


princípio que dá movimento ao processo, impulsionando-o, tendo em visto que em sua marcha
processual ele sempre deve andar para frente, sendo a preclusão um mecanismo que impede o
retorno do processo para trás.

A parte deve se manifestar na primeira oportunidade que tiver para falar no processo, sob
pena de preclusão, ou seja, sob pena de sua manifestação não ser aceita e não ter mais validade
para o processo.

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Apresentamos um quadro pra tentar clarificar a ideia das formas de Preclusão no Processo:

PRECLUSÃO
TIPO CONCEITO EXEMPLO
Perda de prazo legal ou judicial Interpor Recurso Ordinário 20 dias
TEMPORAL para prática do ato após a intimação, sem justo

(intempestividade). motivo.

Quando um ato judicial é A parte não pode apresentar duas


CONSUMATIVA vezes Recurso de Revista.
consumado ele é irrepetível.
Não é possível que a parte Realizar o pagamento da

LÓGICA apresente atos incompatíveis condenação judicial e apresentar


Recurso Ordinário.
entre si.
Aqui a preclusão é para o juízo. Sem previsão legal ou provocação
PRO IUDICATO da parte não pode o juiz reformar
sua decisão.

Quando para a prática de A garantia do juízo é requisito

ORDINATÓRIA um ato é necessária a prática de anterior e essencial para o


recebimento dos Embargos à
um ato anterior.
Execução.

Quando se opera a Coisa Quando a parte sucumbente não


MÁXIMA Julgada. apresenta recurso ou ele é
intempestivo.

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No Processo do Trabalho, existe a previsão legal da preclusão temporal no artigo 795 da
CLT que aduz que “as nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes,
as quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos”.

4.2.14. Princípio da Boa-fé Processual - art. 5º; 79 a 81 CPC/2015.

O princípio da boa-fé processual é previsto em vários dispositivos do CPC e impõe a todos


que participem do processo (partes, juízes, auxiliares da justiça) o comportamento de acordo
com a boa-fé.

Salienta-se que a boa-fé prevista no artigo 5º do CPC é a boa-fé objetiva, que impõe um
dever de conduta para os participantes do processo, que devem agir com cooperação e lealdade
uns com os outros.

O comportamento contraditório à boa-fé é punido no bojo do processo, tal como retratam


as hipóteses de má-fé processual e da respectiva penalidade pela litigância de má-fé, conforme
previsto nos artigos 80 e 81 do CPC 2015.

4.2.15. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

O princípio do duplo grau de jurisdição permite que uma parte sucumbente e insatisfeita
com a decisão judicial possa submeter essa decisão ao reexame, por um órgão colegiado ou
singular, que determinará a manutenção ou modificação da decisão.

Existe divergência na Doutrina acerca da natureza jurídica do Princípio do Duplo Grau de


Jurisdição, se constitucional ou processual, mas isso não gera prejuízos à análise do Duplo Grau
de Jurisdição no Processo do Trabalho.

21
Para a seara justrabalhista, o duplo grau de jurisdição será exercido pelos Tribunais
Regionais do Trabalho e pelo Tribunal Superior do Trabalho, órgão máximo da Justiça do
Trabalho.

4.3. Princípios específicos do Processo do Trabalho

4.3.1. Princípio da Proteção.

O princípio da proteção é um princípio inerente ao Direito Material do Trabalho, porém


existem Doutrinadores que o indicam como Princípio do Processo do Trabalho também.

Nos filiamos à corrente doutrinária que indica que o Princípio da Proteção não deve ser
aplicado ao Direito Processual do Trabalho, pois no processo não deve haver parte
hipossuficiente, visto que as partes devem ser tratadas de forma igual, observadas suas
peculiaridades (Princípio da Isonomia), mas isso não afeta o dever de imparcialidade do juiz,
pois se há alguma desigualdade entre as partes, esta deve ser reconhecida na legislação ou pela
jurisprudência, como ocorre, por exemplo, com a determinação de recolhimento do depósito
recursal apenas pelo empregador (art. 899 da CLT), não havendo privilégios a serem
reconhecidos ao trabalhador hipossuficiente na esfera do Direito Material.

Como parte da Doutrina defende sua existência, com alguns temperamentos, é importante
que o candidato esteja atento ao questionamento da prova, que se trouxer a previsibilidade de
incidência do Princípio da Proteção ao Direito Processual do Trabalho como alternativa correta,
esta deve ser considerada.

4.3.2. Princípio da Conciliação.

O Princípio da Conciliação é muito prestigiado no Processo do Trabalho ante a previsão do

22
artigo 764 da CLT de que “os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da
Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação”.

No Rito Sumaríssimo exige a CLT no artigo 852-E que o magistrado esclarecerá as partes
sobre as vantagens da conciliação e no Rito Ordinário a mesma norma celetista determina que
a conciliação deve ser proposta em dois momentos distintos, sendo o primeiro na abertura da
audiência inicial e antes da apresentação da defesa (art. 846, CLT) e também após as razões
finais e antes da sentença (art. 850, CLT).

4.3.3. Princípio do Jus Postulandi.

Através do princípio do jus postulandi é assegurada às partes o ingresso em juízo


pessoalmente, ou seja, sem a obrigatoriedade de representação por advogado. Assim,
empregados e empregadores podem apresentar suas demandas pessoalmente, sem precisar da
presença de um advogado defendendo seus interesses.

O enunciado de Súmula de nº 425 do TST traz restrições à utilização do Princípio do Jus


Postulandi, não sendo possível sua utilização nos casos de Ação Rescisória, Ação Cautelar,
Mandado de Segurança e nos recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho, pois
o jus postulandi só é aplicado às varas do trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho.

Com a implementação do Processo Judicial Eletrônico – PJE, previsto na lei nº 11.419/2006,


houve a mitigação do referido princípio, ante a dificuldade de postulação em juízo pelas partes
em causa própria. Mas em que pese ser pouco usual, ainda é um princípio válido e utilizado
na prática trabalhista.

4.3.4. Princípio da Oralidade.

O princípio da oralidade é outro princípio muito prestigiado no Processo do Trabalho,


mesmo não sendo específico desta seara, mas pela natureza de celeridade deste ramo do direito
23
é amplamente utilizado, visto que a maioria dos atos processuais são apresentados de forma
oral, como pode ocorrer com a Reclamação Verbal, Defesa (contestação) oral em audiência,
Protestos orais em audiência, razões finais orais etc.

O Princípio da Oralidade se subdivide em três princípios (ou subprincípios para alguns


doutrinadores):.

4.3.5. Princípio da Identidade Física do Juiz

É o princípio através do qual o juiz que realizou a instrução fica vinculado ao processo para
proferir a sentença.

A identidade física do juiz para proferir a sentença era prevista no CPC de 1973 em seu
artigo 132 e passou a ser aplicada ao Processo do Trabalho com o cancelamento da Súmula
136 do TST.

Ocorre que o Novo CPC de 2015 não trouxe em seu bojo essa previsibilidade, o que leva
alguns doutrinadores, como Élisson Miessa2, que deverá ser adotada a tese de que o Princípio
da Identidade Física do Juiz não se aplica mais ao direito processual, seja o civil ou o trabalhista.
.

2 MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

Página 87.

24
4.3.6. Princípio da Concentração dos Atos Processuais em Audiência

Por este princípio, que tem muita utilização no Processo do Trabalho, todos os atos
processuais e as ocorrências, no curso da audiência, devem ser sanadas na própria audiência ou
no máximo numa próxima audiência.

4.3.7. Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões


Interlocutórias

Este é um princípio do Processo do Trabalho no qual ao ser proferida uma decisão


interlocutória no curso da audiência a parte que se sentir prejudicada deverá consignar seus
“protestos” na ata de audiência e renovar este pedido nas preliminares do Recurso Ordinário.
Mas a irrecorribilidade imediata se aplica a todas as decisões interlocutórias proferidas no curso
do processo do trabalho, não só as proferidas em audiência, conforme prevê o artigo 893, § 1º
ao afirmar que “os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal,
admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos
da decisão definitiva”.

As exceções ao Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões Interlocutórias são


apresentadas na Súmula nº 214 do TST, que é tema recorrente em prova ao se questionar em
quais hipóteses será cabível a apresentação do Recurso Ordinário de imediato. Segue seu teor
integral para estudo:

“Súmula nº 214 do TST. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE. Na Justiça


do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam
recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho
contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b)

suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção
de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto

25
daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da
CLT”

O princípio da subsidiariedade do Direito Processual Civil ao Processo do Trabalho, que


está previsto no artigo 769 da CLT dispõe “nos casos omissos, o direito processual comum será
fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com
as normas deste Título”.

O artigo 1º da Instrução Normativa nº 39/2016 (IN 39) do Colendo TST reitera a posição
da Corte acerca da compatibilidade da aplicação do CPC ao Processo do Trabalho, tendo
como fundamento a previsão do artigo 15 do CPC 2015. A ideia de aplicação supletiva do
Direito Processual Civil ao Processo do Trabalho ocorre com o objetivo de completar a norma
legal que seja omissa, não havendo incompatibilidade entre elas.

26
5. Organização da Justiça do Trabalho.

A Justiça do Trabalho é dividida em três órgãos: o Tribunal Superior do Trabalho, os


Tribunais Regionais do Trabalho e os Juízes do Trabalho.

A Constituição Federal de 88 apresenta a organização da Justiça do Trabalho dos artigos 111


até 113, que constituem leitura obrigatória ante a cobrança literal de seus dispositivos nas
provas objetivas, in verbis:

“Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:


I - o Tribunal Superior do Trabalho;

II - os Tribunais Regionais do Trabalho;


III - Juizes do Trabalho.
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros,

escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco
anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da
República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,

observado o disposto no art. 94;

II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura


da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.


§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-
lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na
carreira.
II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a

supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de


primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito

vinculante.
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originariamente, a

reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões.

27
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas
por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal

Regional do Trabalho.
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias
e condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho”.

5.1. Tribunal Superior do Trabalho (TST)

O TST é o órgão de cúpula ou terceiro grau de jurisdição da Justiça do Trabalho, que é


composto por 27 Ministros do Trabalho, maiores de 35 anos e menores de 65 anos, nomeados
pelo Presidente da República após aprovação da maioria absoluta do Senado Federal, com 1/5
de seus membros escolhidos pelo quinto constitucional, alternadamente, entre advogados e
membros do MPT com mais de 10 anos de efetivo exercício, possuindo sede em Brasília e
jurisdição em todo território nacional, sendo responsável pela uniformização da jurisprudência
trabalhista, no âmbito de sua competência.

O TST se divide em dois órgãos conforme o artigo 111, §2º da CF/88: a Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento dos Magistrados do Trabalho (ENAMAT) e o Conselho Superior
da Justiça do Trabalho (CSJT). Mas a Resolução Administrativa 1295/2008 aprovou o Regimento
Interno do TST, que apresenta no artigo 59 que ele se divide nos seguintes órgãos:

 Tribunal Pleno;
 Órgão Especial;
 Seção Especializada em Dissídios Coletivos;
 Seção Especializada em Dissídios Individuais;
 Turmas.

28
A EC 92/2016 trouxe inovações legislativas importantes ao texto constitucional, relacionadas
ao TST, nos artigos 92, inciso II-A e 111-A, caput e §3º. Essas implementações inseriram o TST,
expressamente, como órgão do Poder Judiciário, passaram a exigir expressamente o notável
saber jurídico e a reputação ilibada como requisito para os Ministros do TST e conferindo
atribuição para processar e julgar, originalmente, a reclamação para que sua competência seja
preservada, assim como a garantia da autoridade de suas ações.

Fique ligado nessas alterações, pois são relevantes e podem ser objeto de prova!

5.1.1. Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho

Como órgão do TST, a Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho tem a finalidade de


fiscalizar, disciplinar e orientar administrativamente as atividades dos Tribunais Regionais do
Trabalho (TRT´s), dos juízes do trabalho e dos serviços judiciários.

O artigo 709 da CLT traz a competência do Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, que


será eleito dentre os Ministros do TST, com mandato de 02 anos, para exercer as funções de
inspeção, correição permanente e decidir reclamações contra os atos atentatórios da boa ordem
processual, quando inexistir recurso específico, dos TRT´s e seus Presidentes.

5.2. Tribunais Regionais do Trabalho (TRT)


Os TRTs compõem o segundo grau de jurisdição da Justiça do Trabalho e, de acordo com o
art. 115 da Constituição Federal, os TRTs são formados por, no mínimo, 07 juízes, recrutados na
respectiva região e nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros maiores de 30
anos e menores de 65 anos.

Assim como o TST, 1/5 das vagas deverão ser preenchidas por advogados e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de atividade profissional, e as outras
vagas são divididas entre juízes do trabalho promovidos por antiguidade e merecimento,
29
alternadamente. Os TRTs poderão funcionar descentralizadamente com o objetivo de garantir o
pleno acesso do jurisdicionado à justiça do trabalho durante todas as fases do processo.

5.3. Juízes do Trabalho


Os Juízes do Trabalho são o primeiro grau de jurisdição da Justiça do Trabalho, que será
exercido nas Varas do Trabalho, que receberam essa nomenclatura após o advento da EC 24/99
que extinguiu as Juntas de Conciliação e Julgamento, que eram formadas por juízes togados
e juízes classistas.

Conforme o art. 650 da CLT, a jurisdição de cada Vara de Trabalho abrange todo o território
da comarca em que possui sua sede, só podendo ser estendida ou restringida por meio de lei
federal.

Nas comarcas em que não houver jurisdição da Justiça do Trabalho, os Juízes de Direito
poderão atuar na jurisdição trabalhista, conforme determinação legal. Importante salientar que
os recursos apresentados das decisões proferidas pelos Juízes de Direito serão decididos pelos
Tribunais Regionais do Trabalho da respectiva jurisdição, nos termos dos artigos 112 da CF e
668 da CLT.

Segundo o texto da Súmula nª 10 do STJ, uma vez instalada a Vara do Trabalho, cessa a
competência do juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças
por ele proferidas.

30
Ainda sobre a organização da Justiça do Trabalho é importante a leitura dos artigos 710 a
726 que tratam dos SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

31
6. Ministério Público do Trabalho.

A Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo 127 que “o Ministério Público é
instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.

Afirma ainda que são princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a


indivisibilidade e a independência funcional e que é assegurada autonomia funcional e
administrativa, podendo propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e
serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas e de provas e títulos e a Lei
Complementar 75/93 disporá sobre sua organização e funcionamento.

Em que pese a Constituição Federal em seu artigo 128 determinar a estrutura do Ministério
Público, o objeto do presente Trabalho será o Ministério Público do Trabalho (MPT), previsto
no inciso I, alínea b, que compõe o Ministério Público Federal e que tem por chefe o Procurador
Geral da República.

6.1. Organização do MPT


A lei complementar 75/1993 traz a organização do MPT dos artigos 85 até o 113, no qual a
leitura integral é indispensável ao candidato, apresentando como seus órgãos o Procurador-
Geral do Trabalho, que é o chefe do MPT, que será nomeado pelo Procurador-Geral da
República, dentre integrantes da instituição, com mais de trinta e cinco anos de idade e de cinco
anos na carreira, integrante de lista tríplice escolhida mediante voto plurinominal, facultativo
e secreto, pelo Colégio de Procuradores para um mandato de dois anos, permitida uma
recondução, observado o mesmo processo. Caso não haja número suficiente de candidatos com
mais de cinco anos na carreira, poderá concorrer à lista tríplice quem contar mais de dois anos
na carreira, nos termos do artigo 88 da LC 75/93.

Conforme o art. 86 da LC 75/93 a carreira do MPT será constituída pelos cargos de


Subprocurador-Geral do Trabalho, que é o último nível da carreira, de Procurador Regional
do Trabalho e Procurador do Trabalho, que é o cargo inicial da carreira.

32
Ainda são órgãos internos do MPT o Colégio de Procuradores do Trabalho, o Conselho
Superior do Ministério Público do Trabalho, a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério
Público do Trabalho e a Corregedoria do Ministério Público do Trabalho.

A finalidade do MPT é tutelar direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos e


individuais indisponíveis, no âmbito do direito trabalhista. O foco do MPT é a tutela coletiva,
defendendo o maior número de trabalhadores possíveis.

A tutela dos interesses individuais será realizada pelo MPT de forma excepcional, ao

buscar a defesa dos direitos e interesses de menores, incapazes e índios, no que tange a relações
trabalhistas.

6.2. Competência do MPT


Regra geral, as atribuições do MPT estão relacionadas às matérias afeitas à Jurisdição
Trabalhista, podendo atuar como parte ou como custus iuris (interveniente como fiscal da ordem
jurídica), sendo sua competência prevista no artigo 83 da LC 75/93 que pela sua importância,
iremos apresentar sua integralidade, in verbis:

“Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes atribuições
junto aos órgãos da Justiça do Trabalho:
I - promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis
trabalhistas;
II - manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz
ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a
intervenção;
III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de
interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente
garantidos;

33
IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo
coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os
direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores;
V - propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes
e índios, decorrentes das relações de trabalho;
VI - recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos
processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como
pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do

Trabalho;
VII - funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente sobre
a matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de

vista dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que


julgar convenientes;
VIII - instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o

interesse público assim o exigir;


IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da
paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos,
manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes da
homologação, resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei e à Constituição
Federal;
X - promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho;
XI - atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência
da Justiça do Trabalho;
XII - requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos
processos e para a melhor solução das lides trabalhistas;
XIII - intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de
jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público,
Estado estrangeiro ou organismo internacional”.

Como visto, na sua atividade funcional o Ministério Público do Trabalho utiliza a ação civil
pública para proteção dos interesses afetos às relações do trabalho, a ação rescisória, o dissídio
coletivo de greve, a ação anulatória de cláusula convencional, o mandado de segurança, entre
outros.

De acordo com a OJ 350 da SDI-I do TST, o Ministério Público do Trabalho


poderá arguir, em forma de parecer, a nulidade do contrato de trabalho em favor
do ente público, quando tiver que se manifestar em um processo pela primeira

34
vez, mesmo que a parte não tenha suscitado a nulidade, sendo vedada qualquer
dilação probatória.

O texto da OJ 237 da SDI-I do TST declina que o MPT não tem legitimidade para recorrer na
defesa de interesse patrimonial privado, ainda que de empresas públicas e sociedades de
economia mista. Entretanto, possuirá legitimidade para recorrer de decisão que declara a
existência de vínculo empregatício com as sociedades de economia mista ou empresas
públicas sem a prévia aprovação em concurso público, pois se trata de matéria de ordem pública.

6.3. Atuação Extrajudicial do MPT


A atuação extrajudicial do MPT pode ocorrer na jurisdição trabalhista e no âmbito
administrativo. O artigo 84 da LC 75/93 prevê que é atribuição do MPT instaurar inquérito civil
e outros procedimentos administrativos, sempre que cabíveis, para assegurar a observância dos
direitos sociais dos trabalhadores.

Por meio do inquérito civil, o Ministério Público do Trabalho irá realizar a


investigação de determinados fatos, tendo como objetivo a coleta de elementos de
convicção para analisar se há lesões ou ameaças de lesões aos direitos dos
trabalhadores, e por se tratar de procedimento administrativo, não há que se falar em
contraditório ou ampla defesa. Havendo lesões ou ameaças de lesões, ele poderá firmar
um Termo de Ajustamento de Conduta, através do qual o infrator da lei irá se
comprometer a atuar de acordo com a lei.

Na hipótese de a empresa não querer firmar o TAC, o MPT poderá utilizar de


meios judiciais, por meio de ação civil pública, ação civil coletiva, ação rescisória,
entre outros.

Salienta-se que tanto o inquérito civil quanto o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
são facultativos, de forma que o MPT poderá ajuizar a ação civil pública assim
35
que tomar conhecimento de lesão ou ameaça de lesão aos direitos trabalhistas, de forma
imediata.

Importante a leitura dos seguintes dispositivos legais: art. 793 da CLT, art. 83 da LC 75/93,
art. 967 CPC e súmulas 407 e 100 do TST e da OJ 130 da SDI-I do TST.

36
QUADRO SINÓTICO

FORMAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS TRABALHISTAS


Submissão da parte mais fraca pela parte mais forte.
Autodefesa/autotutela
Imposição.
Comum acordo entre as partes, através de RENÚNCIA,
Autocomposição
TRANSAÇÃO, CONCILIAÇÃO.
Um terceiro põe fim à celeuma em substituição às partes.
Pode ser através da Jurisdição ou da Arbitragem.
A reforma trabalhista trouxe a possibilidade de se pactuar a
Heterocomposição
cláusula compromissória de arbitragem no artigo 507-A da CLT
para empregados com remuneração maior que duas vezes o
“teto” do RGPS.

FONTES E INTEGRAÇÃO
Ordem de Utilização Fase de Conhecimento Fase de Execução
Fonte Principal CLT e legislação esparsa CLT e legislação esparsa
Primeira Fonte Subsidiária CPC Lei de Execução Fiscal
Segunda Fonte Subsidiária --- CPC
Para aplicação das fontes subsidiárias é necessário haver a omissão e a compatibilidade com
o processo do trabalho, salvo se a própria lei já determinar a aplicação supletiva.

EFICÁCIA DA NORMA PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO


Salvo disposição em contrário, as normas entram em vigor em todo o
Eficácia no tempo território nacional após 45 dias da sua publicação, com aplicação
imediata e geral, sendo vedada a retroatividade.
Eficácia no espaço Aqui se aplica o Princípio da Territorialidade.

37
PRINCÍPIOS
Interpretativa Auxilia na compreensão e aplicação da norma.
Funções Informadora Inspira o legislador na elaboração das leis.
Integrativa Suplementar a ordem jurídica para suprir lacunas.

Princípios Constitucionais e Processuais afetos ao


Processo do Trabalho
Princípio do Devido As normas precisam estar positivadas para sua aplicação no
Processo Legal Processo.
Princípio da Conforme art. 5º XXXV, CF: “a lei não excluirá da apreciação
Inafastabilidade da do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Jurisdição
Não haverá juízo ou tribunal de exceção e as partes tem
Princípio do Juiz Natural direito a ser julgadas por um juiz competente previamente
estabelecido.
A parte pode se utilizar de todos os meios de prova em direito
Princípio da Ampla Defesa
admitidos.
A parte deve ter conhecimento de todos os atos processuais
Princípio do Contraditório
e pode apresentar manifestação em todo processo.
O artigo 5º, LXXVIII, CF/88 afirma: “a todos, no âmbito judicial
Princípio da Duração e administrativo, são assegurados a razoável duração do
Razoável do Processo processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação”.
Princípio da Motivação e Todas as decisões do Poder Judiciário deverão ser
Publicidade das decisões fundamentadas, sob pena de nulidade.
judiciais
A decisão judicial deve enfrentar os pedidos aduzidos na ação,
Princípio da Primazia da
não se contentando em apresenta decisões processuais, que
Decisão de Mérito
extinguem o processo, mas não julgam o mérito.

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Princípio Dispositivo ou O processo começa por iniciativa da parte.
Demanda ou Inércia
O processo se desenvolve por impulso oficial.
A reforma trabalhista modificou o art. 878 da CLT e
Princípio Inquisitivo ou
determinou que agora a Execução Trabalhista deve ser
Impulso Oficial
promovida por iniciativa das partes, salvo se não estiverem
representadas por advogados.
Em regra, os atos e termos processuais não dependem de
Princípio da
forma determinada, sendo válidos todos os atos praticados
Instrumentalidade das
que atinjam sua finalidade, mesmo que realizados de forma
Formas
não prevista em lei.
Compete ao réu a manifestação precisa acerca dos fatos
Princípio da Impugnação
narrados pelo autor na Petição Inicial sob pena de
Especificada
presumirem-se verdadeiros os fatos não impugnados.
As partes devem alegar, oportunamente, todas as matérias
Princípio da Eventualidade para defesa de seu direito, incluindo as provas que pretende
produzir.
A parte deve se manifestar na primeira oportunidade que tiver
para falar no processo, sob pena de preclusão, ou seja, sob
Princípio da Preclusão
pena de sua manifestação não ser aceita e não ter mais
validade para o processo.
Impõe a todos que participem do processo (partes, juízes,
Princípio da Boa-fé
auxiliares da justiça) o comportamento de acordo com a boa-
processual
fé.
Princípio do Duplo Grau de É o direito ao reexame de decisões judiciais por uma instância
Jurisdição superior.

39
Princípios específicos do Processo do Trabalho
Princípio do Direito Material do Trabalho, mas que alguns
entendem pela aplicação ao processo do trabalho e que consiste
Princípio da Proteção
na proteção do empregado nos litígios trabalhistas como parte
hipossuficiente.
Princípio da Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da
Conciliação Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
As partes podem ingressar em juízo pessoalmente e acompanhar
Princípio do Jus
suas demandas sem a necessidade de representação de
Postulandi
advogados.
Princípio da Oralidade Os atos processuais devem ser orais e céleres.
Princípio da Identidade O juiz que realizou a instrução fica vinculado ao processo para
Física do Juiz proferir a sentença.
Princípio da Os atos processuais ocorridos no curso da audiência devem ser
Concentração dos Atos nela sanados.
Processuais em
Audiência
No processo do trabalho as decisões interlocutórias são
irrecorríveis de imediato, devendo ser recorridas apenas no recurso
Princípio da da sentença, salvo nas decisões de Tribunal Regional do Trabalho
Irrecorribilidade contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal
Imediata das Decisões Superior do Trabalho; decisão suscetível de impugnação mediante
Interlocutórias recurso para o mesmo Tribunal; decisão que acolhe exceção de
incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal
Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado.
Previsto no artigo 769 da CLT que dispõe “nos casos omissos, o
Princípio da direito processual comum será fonte subsidiária do direito
Subsidiariedade processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível
com as normas deste Título”.

40
ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO
I - o Tribunal Superior do Trabalho (TST);
Órgãos da Justiça do
II - os Tribunais Regionais do Trabalho (TRT´s);
Trabalho
III - Juízes do Trabalho.
- 27 Ministros;
- brasileiros com + 35 e – 65 anos;
- notável saber jurídico e reputação ilibada; - - nomeados pelo
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal;
Composição TST - 1/5 dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de dez anos de efetivo exercício;
- os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,
oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio
Tribunal Superior.
- Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados
Órgãos TST pela CF/88 do Trabalho (ENAMAT);
- Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT).
- Tribunal Pleno;
Divisão (Órgãos) do - Órgão Especial;
TST pelo seu - Seção Especializada em Dissídios Coletivos;
Regimento Interno - Seção Especializada em Dissídios Individuais;
- Turmas.
Fiscaliza, disciplina e orienta administrativamente as atividades dos
Corregedoria-Geral da
Tribunais Regionais do Trabalho, dos juízes do trabalho e dos
Justiça do Trabalho
serviços judiciários
- Mínimo de 07 Juízes;
- Recrutados na respectiva região;
- brasileiros com + 30 anos e – 65 anos;
Composição TRT
- 1/5 dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de dez anos de efetivo exercício;

41
- os demais dentre Juízes do Trabalho, promovidos por antiguidade
e merecimento, alternadamente.
São aprovados por concurso público de provas e títulos e exercem
Juízes do Trabalho o primeiro grau de jurisdição da Justiça do Trabalho nas Varas do
Trabalho.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO


- Procurador-Geral do Trabalho;
- Colégio de Procuradores do Trabalho;
- Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho;
- Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho;
Órgãos do MPT
- Corregedoria do Ministério Público do Trabalho;
- Subprocuradores-Gerais do Trabalho;
- Procuradores Regionais do Trabalho;
- Procuradores do Trabalho.
- Chefe do MPT;
- Nomeado pelo Procurador-Geral da República;
Procurador-Geral - Dentre integrantes da instituição, com + 35 anos e de 05 anos na
do Trabalho carreira, integrante de lista tríplice escolhida mediante voto plurinominal,
facultativo e secreto, pelo Colégio de Procuradores para um mandato
de 02 anos, permitida uma recondução,
Finalidade do Tutelar direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos e individuais
MPT indisponíveis, no âmbito do direito trabalhista.
Competência do Prevista no artigo 83 da LC 75/93
MPT
Atuação É atribuição do MPT instaurar inquérito civil e outros procedimentos
Extrajudicial do administrativos(como TAC), sempre que cabíveis, para assegurar a
MPT observância dos direitos sociais dos trabalhadores.

42
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(FCC – 2018 - TRT - 6ª Região - Técnico Judiciário) O advogado Hermes pretende utilizar uma
medida processual que não está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho para defender
os interesses da empresa reclamada em uma reclamação trabalhista. Nessa situação,

A) não poderá utilizar desta medida porque a Consolidação das Leis do Trabalho apresenta
todas as regras do processo do trabalho.

B) somente poderia se valer de medida processual estranha à Consolidação das Leis do Trabalho
se estivesse na defesa dos interesses do empregado, em face do princípio da proteção ao
trabalhador.

C) poderia utilizar de medida processual prevista no Código de Processo Civil apenas na fase
de execução da sentença, porque na fase de conhecimento deve se valer apenas das regras
contidas na lei processual trabalhista.

D) nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual
do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas do processo judiciário do
trabalho.

E) poderá utilizar de qualquer regra do direito processual comum, porque este tem preferência
em sua aplicação sobre as normas processuais trabalhistas, por serem normas de maior
amplitude.

43
Comentário:

A questão inquiriu o candidato acerca da subsidiariedade do Direito Processual Civil ao


Processo do Trabalho, que está previsto no artigo 769 da CLT que dispõe “Art. 769 - Nos casos
omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho,
exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título”. Como se trata da fase de
conhecimento, visto que a defesa da Reclamada se desenvolve neste momento processual (art.
847 da CLT) será aplicada a norma geral da subsidiariedade no Processo do Trabalho: aplicação
dos dispositivos do CPC desde que a matéria seja compatível com o direito processual do
trabalho. Aqui não há a prevalência do artigo 889 da CLT, pois o questionamento ocorreu na
fase de conhecimento e não na fase de Execução Trabalhista.

Questão 2

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal)
Silvana deixou de comparecer à audiência trabalhista em reclamação movida contra seu ex-
empregador, a empresa JRH Bolsas e Acessórios Ltda., razão pela qual o processo foi arquivado.
Propôs nova reclamação com idênticos termos. Entretanto, por erro da Secretaria da Vara que
indicou endereço incorreto, a empresa não foi localizada, entendendo o juiz que deveria
extinguir o feito sem resolução do mérito. Imediatamente, Silvana ajuizou a mesma ação pela
terceira vez. De acordo com a CLT, é correto afirmar:

A) Silvana deveria aguardar o prazo de seis meses para ingressar com a terceira reclamação,
uma vez que a lei prevê que tal lapso de tempo deve ser respeitado, em caso de dois
arquivamentos seguidos, razão pela qual haverá a extinção do feito sem julgamento do mérito.

B) Silvana possui o direito de propor a terceira reclamação, não tendo de aguardar seis meses
para sua propositura, uma vez que não deu causa ao segundo arquivamento.

44
C) tendo em vista que não foi Silvana quem deu causa ao segundo arquivamento, mas que deve
ser observado o prazo de seis meses para o ingresso com a terceira ação, o juiz determinará a
suspensão do feito, até que se atinja o referido prazo.

D) Silvana deverá desistir da ação, para evitar eventual condenação em custas processuais.

E) Silvana deverá renunciar da ação, para evitar eventual condenação em custas processuais.

Comentário:

Silvana não deu causa ao segundo arquivamento, por essa razão ela possui o direito
de propor a terceira reclamação, não tendo de aguardar seis meses para sua propositura.
Vejamos o que diz a CLT sobre o tema:

Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se
apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo
tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de
reclamar perante a Justiça do Trabalho.

Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por 2 (duas)
vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844.

Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento


da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão
quanto à matéria de fato.

Questão 3

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa)
Tendo como base a estrutura, a organização e a competência (EC 45/2004) da Justiça do
Trabalho, assinale a alternativa correta.

A) Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações que envolvam crimes contra a
organização do trabalho, como o trabalho escravo.

45
B) O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre
brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação de 2/3
(dois terços) do Senado Federal.

C) O Tribunal Superior do Trabalho é composto por um quinto dentre advogados com mais de
quinze anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de quinze anos de efetivo exercício, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação das respectivas classes.

D) A lei criará Varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua
jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do
Trabalho.

E) Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, nove juízes, recrutados,


quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.

Comentário:

Existem comarcas onde não há Juiz do Trabalho, nesses locais, a Lei poderá investir o
juiz de direito de jurisdição trabalhista. Contudo, devemos ficar ligados, pois das sentenças que
proferir o juiz de direito investido de jurisdição trabalhista caberá recurso para o TRT e não para
o TJ.

Questão 4

(FCC - 2018 - TRT - 15ª Região - Analista Judiciário) Compete ao Ministério Público do
Trabalho o exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho, EXCETO:

A) manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por


sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção.

46
B) propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo
coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos
individuais disponíveis dos trabalhadores.

C) funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente sobre a


matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de vista
dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar
convenientes.

D) instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse


público assim o exigir.

E) propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e
índios, decorrentes das relações de trabalho.

Comentário:

A questão trata da competência do Ministério Público do Trabalho e todas as respostas


versam sobre a literalidade do artigo 83 da LC 75/93, sendo a alternativa incorreta a que vai
contra o dispositivo do artigo 83, inciso IV, que afirma que compete ao MPT “propor as ações
cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção
coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis
dos trabalhadores”.

Assim, sobre competência do MPT e indispensável a leitura dos dispositivos legais indicados!

Questão 5

(FCC - 2018 - TRT - 6ª Região (PE) - Técnico Judiciário) Conforme previsão constitucional, o
Tribunal Superior do Trabalho será composto por,

47
A) 17 ministros, com mais de 35 anos e menos de 65 anos, sendo 1/5 dentre advogados com
mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
com mais de 10 anos de efetivo exercício.

B) 27 ministros, com mais de 35 anos e menos de 65 anos, sendo 1/5 dentre advogados com
mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
com mais de 10 anos de efetivo exercício.

C) 11 ministros, com mais de 30 anos e menos de 70 anos, sendo 1/3 dentre advogados com
mais de 5 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
com mais de 5 anos de efetivo exercício.

D) 27 ministros, com mais de 30 anos e menos de 65 anos, sendo 1/5 dentre advogados com
mais de 5 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
com mais de 5 anos de efetivo exercício.

E) 27 ministros, com mais de 35 anos e menos de 70 anos, sendo 1/3 dentre advogados com
mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho
com mais de 10 anos de efetivo exercício.

Comentário:

A resposta é extraída do texto do artigo 111-A da Constituição Federal, que


afirma:

“O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre


brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável
saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação
pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
observado o disposto no art. 94;

II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura


da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior”.

48
Questão 6

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) A Constituição Federal do Brasil e a Consolidação das Leis do Trabalho instituíram
regras sobre organização e competência da Justiça do Trabalho e dos órgãos que a compõem.
Em observância a tais normas,

A) é competência da Justiça do Trabalho a apreciação de ação proposta por empresa para


anulação de penalidade imposta em auto de infração lavrado por auditor fiscal do trabalho, por
inobservância da cota de contratação de pessoas com deficiência.

B) o Supremo Tribunal Federal, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, interpretou ser


da competência da Justiça do Trabalho a apreciação de demandas entre o Poder Público e seus
servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-
administrativo.

C) o Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de dezessete Ministros, escolhidos dentre


brasileiros com mais de trinta anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico
e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
simples do Senado Federal.

D) os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, nove juízes, recrutados


exclusivamente na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros
com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.

E) a Justiça do Trabalho passou a ser competente para julgar as ações de indenização por dano
moral decorrentes da relação de emprego somente a partir da Emenda Constitucional n°
45/2004, visto que o texto original da Constituição Federal de 1988 e a jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho não admitiam o processamento de tais ações na Justiça Especializada.

Comentário:

Para responder corretamente a questão é preciso saber o que aduz a CRFB/88. Vejamos:

49
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos


órgãos de fiscalização das relações de trabalho;”

Ainda sobre a questão é imperioso destacar que a jurisprudência do TST já admitia a


indenização por danos morais antes da EC 45. O texto constitucional foi adaptado, na reforma
do judiciário, adequando- se ao que o TST já vinha decidindo.

Questão 7

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Oficial de Justiça Avaliador Federal) Dentre os serviços
auxiliares da Justiça do Trabalho descritos na Consolidação das Leis do Trabalho há o órgão
denominado distribuidor nas localidades em que exista mais de uma Vara do Trabalho. A
designação dos distribuidores se dará pelo

A) Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, dentre os funcionários do Tribunal Regional


do Trabalho, existentes na mesma localidade, e diretamente subordinados ao mesmo Presidente.

B) Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, dentre os funcionários das Varas do Trabalho,


existentes na mesma localidade, e diretamente subordinados ao Juiz mais antigo de cada
comarca.

C) Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, dentre os funcionários das Varas do Trabalho


e do Tribunal Regional do Trabalho, existentes na mesma localidade, e diretamente
subordinados ao mesmo Presidente.

D) Juiz Titular mais antigo do Fórum, dentre os funcionários das Varas do Trabalho existentes
na mesma localidade, e diretamente subordinados a este Juiz.

E) Juiz Diretor do Fórum dentre os funcionários das Varas do Trabalho existentes na mesma
localidade, e diretamente subordinados ao Presidente do Tribunal Regional do Trabalho.

Comentário:
50
Os distribuidores são os responsáveis pelo serviço de distribuição das Ações Trabalhistas
distribuídas em determinadas comarca da Jurisdição Trabalhista. Para tal mister, conforme prevê
o artigo 715 da CLT, os distribuidores serão designados pelo Presidente do Tribunal Regional
do Trabalho, dentre os funcionários das Varas do Trabalho e do próprio Tribunal Regional
existentes na mesma localidade e esses servidores estarão subordinados ao Presidente do
Tribunal Regional do Trabalho.

Parece bobagem, mas o trocadilho entre as autoridades pode induzir o candidato ao erro.
Não subestime pequenos detalhes, pois o assunto “COMPETÊNCIAS” em geral é muito cobrado
em todas as provas.
Assim, sempre que a matéria fizer referência às competências dos Presidentes de Tribunais,
é bom dar uma atenção especial a essas atribuições, bem como as de Vice-Presidentes e
Corregedores.

Questão 8

(FCC - 2016 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário - Área Judiciária Especialidade
Oficial de Justiça Avaliador Federal) Ulisses foi nomeado Procurador-Geral do Trabalho.
Durante o seu mandato poderia ser acusado de desvio de suas atribuições funcionais em caso
de
A) decidir, atendendo a necessidade do serviço, sobre remoção a pedido ou por permuta de
membro do Ministério Público do Trabalho.
B) decidir processo disciplinar contra membro da carreira ou servidor dos serviços auxiliares,
aplicando as sanções que sejam de sua competência.
C) nomear o Corregedor-Geral do Ministério Público do Trabalho, segundo lista tríplice formada
pelo Conselho Superior.
D) elaborar a proposta orçamentária do Ministério Público do Trabalho, submetendo-a, para
aprovação, ao Conselho Superior.
51
E) exercer o poder normativo no âmbito do Ministério Público do Trabalho, especialmente para
elaborar e aprovar as normas e as instruções para o concurso de ingresso na carreira.

Comentário:

Vamos analisar dois artigos da LC 75/1993:

Art. 91. São atribuições do Procurador-Geral da República, como Chefe do Ministério


Público Federal:

(...)

V - nomear o Corregedor-Geral do Ministério Público Federal, segundo lista formada


pelo Conselho Superior;

(...)

XI - decidir processo disciplinar contra membro da carreira ou servidor dos serviços


auxiliares, aplicando as sanções cabíveis;

XII - decidir, atendendo à necessidade do serviço, sobre:

a) remoção a pedido ou por permuta;

(...)

XVIII - elaborar a proposta orçamentária do Ministério Público Federal, submetendo-a,


para aprovação, ao Conselho Superior;

(...)

Art. 98. Compete ao Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho:

I - exercer o poder normativo no âmbito do Ministério Público do Trabalho,


observados os princípios desta lei complementar, especialmente para elaborar e aprovar:

b) as normas e as instruções para o concurso de ingresso na carreira;

52
Sendo assim, exercer o poder normativo no âmbito do Ministério Público do Trabalho,
especialmente para elaborar e aprovar as normas e as instruções para o concurso de ingresso
na carreira é uma atribuição do Conselho Superior do MPT, prevista na LC 75/1993, Art. 98, I.

Questão 9

(FCC - 2016 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário - Área: Judiciária) O Ministério
Público da União, organizado por Lei Complementar, é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, compreendendo em sua estrutura o Ministério Público do
Trabalho. Sobre a organização desse último, é correto afirmar que

A) os Procuradores Regionais do Trabalho poderão atuar tanto nos Tribunais Regionais do


Trabalho quanto nas Varas do Trabalho, de forma residual.

B) o chefe do Ministério Público do Trabalho é o Procurador-Geral da República indicado em


lista tríplice pelos seus pares e nomeado pelo Congresso Nacional.

C) dentre os órgãos do Ministério Público do Trabalho estão o Colégio de Procuradores do


Trabalho, a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho e a
Corregedoria do Ministério Público do Trabalho.

D) os Subprocuradores-Gerais do Trabalho serão designados para oficiar junto ao Tribunal


Regional do Trabalho da 10ª Região – Distrito Federal, com sede em Brasília.

E) o Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho será composto pelo Procurador-Geral


do Trabalho, o Vice Procurador-Geral do Trabalho, quatro Subprocuradores-Gerais do Trabalho
e quatro procuradores regionais do trabalho, todos eleitos pelos seus pares.

Comentário:

Conforme expressa disposição legal da LC 75:

“Art. 85. São órgãos do Ministério Público do Trabalho:

53
I - o Procurador-Geral do Trabalho;

II - o Colégio de Procuradores do Trabalho;

III - o Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho;

IV - a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho;

V - a Corregedoria do Ministério Público do Trabalho;

VI - os Subprocuradores-Gerais do Trabalho;

VII - os Procuradores Regionais do Trabalho;

VIII - os Procuradores do Trabalho.”

Mas vamos te ensinar um macete:

Composição do MPT = 4PC

Procurador-Geral do Trabalho; Colégio de Procuradores do Trabalho;

Sub Procuradores-Gerais do Trabalho; Conselho Superior do MPT

Procuradores Regionais do Trabalho; Câmara de Coordenação e Revisão do MPT

Procuradores do Trabalho. Corregedoria do MPT

Questão 10

(FCC - 2016 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário - Área: Judiciária) A Constituição
Federal expressamente prevê regras que organizam a estrutura da Justiça do Trabalho, e tratam
da sua competência. Conforme tal regramento,

54
A) os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, que
comporão o Tribunal Superior do Trabalho serão indicados pelos próprios Regionais,
alternativamente, e escolhidos pelo Congresso Nacional.
B) os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de
audiência e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
C) haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal,
e a lei instituirá as Varas do Trabalho, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas,
atribuir sua jurisdição a Vara do Trabalho mais próxima.
D) os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver
matéria sujeita à jurisdição da Justiça do Trabalho serão julgados e processados na Justiça
Federal, por se tratar de remédios jurídicos de natureza constitucional.
E) os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, nove juízes, que serão
recrutados na respectiva região, e nomeados pelo Presidente do Tribunal Superior do Trabalho
dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.

Comentário:

A Constituição da República de 1988 aduz que:

“Art. 115, § 1º: Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a
realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
respectiva jurisdição, SERVINDO-SE de equipamentos públicos e comunitários.”

55
GABARITO

Questão 1 - D

Questão 2 - B

Questão 3 - D

Questão 4 - B

Questão 5 - B

Questão 6 - A

Questão 7 - C

Questão 8 - E

Questão 9 - C

Questão 10 - B

56
QUESTÃO DESAFIO

Considere a situação-problema abaixo e responda:

O juiz do trabalho, em despacho que designou audiência de


instrução, determinou que as partes arrolassem suas
testemunhas, a fim de que estas fossem intimadas da audiência,
sob pena de preclusão. A Reclamada, cumprindo o despacho,

arrolou três testemunhas, indicando os respectivos endereços.


No dia da audiência, no entanto, trouxe apenas uma das
testemunhas arroladas, afirmando que havia decidido substituir
as demais arroladas, a fim de garantir seu amplo direito de
defesa.

Qual o procedimento correto, por parte do juiz, à luz da


legislação e da jurisprudência?

Máximo de 5 linhas

57
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

O juiz deve deferir a oitiva das novas testemunhas. Não há menção na CLT sobre a
substituição de testemunhas, mas o TST vem entendendo que não é possível a aplicação
subsidiária do art. 451 do CPC, permitindo a substituição de testemunhas em outras
hipóteses, além das elencadas em tal dispositivo.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

Considerando que na CLT não há previsão para a substituição da testemunha, como previsto
no art. 451 do CPC, há controvérsia acerca da aplicação de tal dispositivo ao processo do
trabalho.

A jurisprudência do TST e a doutrina, no entanto, vêm entendendo ser incompatível o rol do


art. 451 do CPC com a dinâmica do processo do trabalho, pois tal previsão exigiria o arrolamento
prévio de testemunhas, o que inexiste no âmbito das lides laborais (PAMPLONA FILHO, Rodolfo;
SOUZA, Tercio Roberto Peixoto. Curso de direito processual do trabalho. 2. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020, p. 868).

No caso concreto da questão, portanto, o juiz deve deferir a oitiva das testemunhas
substitutas, sob pena de cerceamento de defesa.

No passado, o TST se pronunciou no sentido de ser inviável a substituição das testemunhas


fora das hipóteses previstas em tal dispositivo legal (AgInRR, 48740-75.2008.5.03.0009, rel. Min.
Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, j. 25-5-2011, data de publicação: 3-6-2011).

Atualmente, no entanto, o TST tem se posicionado no sentido da não aplicação do art. 451
do CPC ao processo do trabalho, não admitindo recusa de substituição de testemunha
anteriormente arrolada por outra que comparece espontaneamente na mesma assentada, já que
prevalece a regra de que as testemunhas podem comparecer à audiência independente de
intimação pelo Juízo.

Neste sentido: (TST - RR: 547004220095030020, Relator: Hugo Carlos Scheuermann, Data de
Julgamento: 08/08/2018, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/08/2018), (TST - ED-E-ED-RR:
8841820135030114, Relator: Renato de Lacerda Paiva, Data de Publicação: DEJT 13/12/2018),
58
(TST - Ag-AIRR: 16958520145030067, Data de Julgamento: 21/11/2018, Data de Publicação: DEJT
23/11/2018).

59
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Formas de Resolução dos Conflitos Trabalhistas:

 Lei nº 7783/89: artigo 17.


 CLT: artigo 507-A.
 CPC/15: artigo 3º, §1º; 165; 174.

Integração:

 CLT: Art. 8º.


 CPC/15: Arts. 15.
 Instrução Normativa nº 39/2016: art. 1º.

Princípios:

 CLT: Arts. 764; 769; 791; 840; 846; 850; 852-E.


 CPC/15: Arts. 3º a 11; 15; 189.
 CF/88: Arts. 5º, XXXXV, LIV, LV, LXXVIII; 93, IX, XII.

Organização da Justiça do Trabalho:

 Súmulas TST: 19; 189; 425.


 Súmulas STJ: 10.
 CLT: Arts. 8º; 643 a 735.
 CF/88: Arts. 92; 111; 111-A; 112; 113; 115 e 116.
 Resolução Administrativa 1295/2008 TST: Art. 59.
 Resolução 136/2014 CSJT
 Lei 8927/95

 Súmula 189, TST

A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve.

60
 Súmula 425, TST

O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais
Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos

de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

 Súmula 10, STJ

Instalada a Junta de Conciliação e Julgamento, cessa a competência do juiz de direito em matéria trabalhista,
inclusive para a execução das sentenças por ele proferida.

Ministério Público do Trabalho:

 Súmulas TST: 100 e 407.


 Súmulas STJ: 99 e 226 STJ.
 Orientação jurisprudencial: 130, 237 e 350 da SDI-I do TST.
 CLT: Art. 793 a 754.
 CPC/15: Art. 967.
 CF/88: Arts. 5, 114, 127, 128 e 129.
 CDC: Arts. 81 e 82.
 LC n° 75/93: Arts. 83 a 115.

 Súmula 407, TST

A legitimidade "ad causam" do Ministério Público para propor ação rescisória, ainda que não tenha sido parte
no processo que deu origem à decisão rescindenda, não está limitada às alíneas "a", "b" e “c” do inciso III do art.
967 do CPC de 2015 (art. 487, III, “a” e “b”, do CPC de 1973), uma vez que traduzem hipóteses meramente
exemplificativas.

 Súmula 99, STJ

O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal, ainda que não
haja recurso da parte.

 Súmula 226, STJ

O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do trabalho, ainda que o segurado
esteja assistido por advogado.

 OJ 130 SDI-I, TST

61
Ao exarar o parecer na remessa de ofício, na qualidade de “custos legis”, o Ministério Público não tem
legitimidade para arguir a prescrição em favor de entidade de direito público, em matéria de direito patrimonial.

 OJ 237 SDI-I, TST

I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer na defesa de interesse patrimonial
privado, ainda que de empresas públicas e sociedades de economia mista.

II – Há legitimidade do Ministério Público do Trabalho para recorrer de decisão que declara a existência de
vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública, após a Constituição Federal de 1988,

sem a prévia aprovação em concurso público, pois é matéria de ordem pública.

 OJ 350 SDI-I, TST

O Ministério Público do Trabalho pode arguir, em parecer, na primeira vez que tenha de se manifestar no
processo, a nulidade do contrato de trabalho em favor de ente público, ainda que a parte não a tenha suscitado,
a qual será apreciada, sendo vedada, no entanto, qualquer dilação probatória.

62
JURISPRUDÊNCIA

Formas alternativas de resolução de conflitos

 TST - RR: 20160220115030011. Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos. Data de Julgamento:
09/10/2018, 4ª Turma. Data de Publicação: DEJT 11/10/2018.

A teor do preceito insculpido no artigo 7º, XXVI, da Constituição Federal, é dever desta Justiça Especializada

incentivar e garantir o cumprimento das decisões tomadas a partir da autocomposição coletiva, desde que
formalizadas nos limites da lei. A negociação coletiva, nessa perspectiva, é um instrumento valioso que nosso
ordenamento jurídico coloca à disposição dos sujeitos trabalhistas para regulamentar as respectivas relações de
trabalho, atendendo às particularidades e especificidades de cada caso. É inequívoco que, no âmbito da negociação
coletiva, os entes coletivos atuam em igualdade de condições, o que torna legítimas as condições de trabalho por
eles ajustadas, na medida em que afasta a hipossuficiência ínsita ao trabalhador nos acordos individuais de trabalho.
Assim, as normas autônomas oriundas de negociação coletiva, desde que resguardados os direitos indisponíveis,
devem prevalecer sobre o padrão heterônomo justrabalhista, já que a transação realizada em autocomposição
privada resulta de uma ampla discussão havida em um ambiente paritário, no qual as perdas e ganhos recíprocos
têm presunção de comutatividade. Na hipótese, a Corte Regional reputou inválida a norma coletiva em que
autorizada a marcação somente das horas extraordinárias realizadas, sob o fundamento de que contrariava previsão
expressa em lei.

 TST - RR: 23408320135150044. Relator: Mauricio Godinho Delgado. Data de Julgamento:


11/09/2019. 3ª Turma. Data de Publicação: DEJT 13/09/2019.

... O entendimento jurisprudencial preponderante nesta Corte acompanha a tendência à exaltação da


negociação coletiva como um dos mais importantes métodos de solução de conflitos existentes na sociedade

contemporânea. O processo de autocomposição se mostra essencialmente democrático, pois propicia a ambas as


partes a administração de seus interesses econômicos, com significativa relevância social. Desta forma, existindo
pactuação coletiva de criação de direitos trabalhistas, cabe ao Poder Judiciário prestigiar este instrumento criativo
de normas, desde que, dentro desse poder autônomo da vontade das partes, tenham sido observados os princípios
informativos do Direito Individual e Coletivo do Trabalho.

63
Princípios

 TST-ARR-113-97.2015.5.06.0013, 5ª Turma, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em


21.8.2019 (Informativo TST nº 203).
Por força do princípio da publicidade, “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade

do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação” (art. 93, IX, da CF). A legitimidade das
decisões proferidas pelos órgãos do Poder Judiciário reclama, entre outros requisitos, publicidade e motivação clara
e analítica (CF, art. 93, IX c/c o art. 489, § 1º, do CPC), devendo ser precedido o instante do julgamento pelo respeito

efetivo aos postulados do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º, LV). Como expressão do próprio direito de
acesso à Justiça (art. 5º, XXXVI), o direito à ampla defesa assegura aos litigantes o direito de se fazerem ouvir, por
meio de seus advogados (CF, art. 133), aos quais garante a ordem jurídica, inclusive, o direito de se dirigir

diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente
marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada (art. 7º, VIII, da Lei 8.906/94), bem assim o direito
de sustentarem oralmente perante os tribunais (arts. 936 e 937 do CPC), inclusive para usar da palavra, pela ordem,
mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou
afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas (art. 7º,

X, da Lei 8.906/94). Nesse sentido, a retirada de pauta do processo, a requerimento das partes, com posterior
reinclusão, sem prévia publicação, denota ofensa aos princípios da publicidade, do contraditório e da ampla defesa,

de modo a configurar nulidade processual, observando-se ainda que a decisão do Tribunal Regional mostrou-se
contrária à jurisprudência sedimentada no âmbito desta Corte, divisando-se, por conseguinte, a transcendência
política do debate proposto.

 TST - RR: 338820165080128. Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho. Data de Julgamento:
18/04/2018, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/04/2018.

1. O § 3º do art. 22 da Resolução nº 136/2014 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (vigente à época

da interposição do recurso ordinário), expressamente prevê que "Quando a forma de apresentação dos documentos
puder ensejar prejuízo ao exercício do contraditório e da ampla defesa, deverá o magistrado determinar nova
apresentação e tornar indisponível os anteriormente juntados". 2. Afronta, portanto, o princípio constitucional do

contraditório e da ampla defesa, insculpido no art. 5º, LV, da Constituição Federal, o excessivo formalismo quanto
ao suposto erro na classificação do recurso ordinário interposto por meio do Sistema Processual Judicial Eletrônico
(PJe). 3. A despeito de o processo do trabalho estar sujeito a formalismos e respeitar rotinas indispensáveis à
segurança das partes, no caso concreto, a reclamada interpôs o recurso ordinário contra a sentença de origem,
com observância dos requisitos do apelo que pretendia interpor, havendo, apenas, erro na classificação do
documento. Recurso de revista conhecido e provido.

64
Ministério Público do Trabalho

 STF - AgR RE: 1051861 RJ - RIO DE JANEIRO. Relator: Min. EDSON FACHIN. Data de Julgamento:
11/10/2019. Segunda Turma. Data de Publicação: DJe-230 23-10-2019.

1. É ônus do recorrente impugnar de modo específico todos os fundamentos da decisão agravada, nos termos
dos arts. 1.021, § 1º, CPC, e 317, § 1º, RISTF, o que não ocorreu no caso. 2. O Tribunal de origem apreciou a matéria

referente à contratação de cooperativas de trabalho por licitação pública à luz da legislação infraconstitucional
pertinente ao caso (Leis 5.764/71 e 7.437/85, CLT e CPC), o que impede o trânsito do recurso extraordinário, por
ser oblíqua ou reflexa eventual ofensa à Constituição Federal. 3. Além disso, a discussão da parte Recorrente relativa
ao suposto tratamento não isonômico em relação às sociedades empresariais, depende do reexame dos fatos e
provas da causa e das cláusulas do acordo firmado entre o Ministério Público do Trabalho e a Advocacia-Geral da

República. Incidem, na hipótese, os óbices das Súmulas 279 e 454 do STF. 4. Agravo regimental a que se nega
provimento, com aplicação de multa, nos termos do art. 1.021, § 4º, do CPC. Inaplicável o art. 85, 11, do CPC por
se tratar de recurso interposto nos autos de mandado de segurança, nos termos da Súmula 512 do STF.

 TST - E-RR: 62600912009501042., Relator: Augusto César Leite de Carvalho. Data de Julgamento:
24/10/2019. Subseção I Especializada em Dissídios Individuais. Data de Publicação: DEJT
29/11/2019.

RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. CABIMENTO. PEDIDO CONCERNENTE À OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER. NÃO
CONCESSÃO DO VALE-TRANSPORTE EM DINHEIRO. A controvérsia versa sobre o cabimento de ação civil pública

ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho em face da empresa AMBEV S/A. Ao formular o pedido de condenação
para que a empresa ré se abstenha de conceder o vale-transporte em pecúnia aos seus empregados, o MPT não
requereu a nulidade da norma coletiva que deu ensejo a prática adotada pela empresa que está sendo questionada
no presente feito. Questionou a validade e eficácia da cláusula coletiva que ampara a conduta da empresa ré

apenas a título de causa de pedir, visando assim, no tema, provimento incidenter tantum. Em havendo pedido de
cumprimento de obrigação de não fazer com cominação de penalidade pelo eventual descumprimento, sem pedido
expresso de anulação de norma convencionada, não há como entender, como sustenta a empresa ré, que a medida
processual adequada seria a ação anulatória de cláusula de acordo coletivo de trabalho, a qual teria natureza

jurídica exclusivamente declaratória (positiva ou negativa) e competência funcional para julgamento do Tribunal
Regional ou do Tribunal Superior do Trabalho - diferentemente da ação civil pública, cujo foro de competência

originária cabe sempre a uma Vara de Trabalho, e poderá ter como objeto a condenação em pecúnia ou
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Assim, por constatar que a pretensão formulada pelo MPT não
é de nulidade total da cláusula da norma coletiva de trabalho com eficácia ultra partes, entende-se cabível a
presente ação civil pública. Precedentes. Recurso de embargos conhecido e não provido .

65
 TST - RR: 1980005020065080110. Data de Julgamento: 04/12/2018. Data de Publicação: DEJT
07/12/2018.
1. Consoante prevê o art. 129, III, da Constituição Federal, o Ministério Público detém legitimidade para a
defesa de direitos coletivos lato sensu, incluindo-se, em tal grupo, direitos individuais homogêneos. 2. O
exame da peça de aditamento (fls. 884/896 da numeração eletrônica), de que constam os direitos ora
controvertidos, revela que o MPT postulou o pagamento de verbas rescisórias dos contratos dos
empregados alegadamente resgatados em situação análoga à escravidão, tais como aviso prévio
indenizado, férias e gratificação natalina. 3. Trata-se de parcelas trabalhistas afetadas ao patrimônio jurídico
de cada empregado individualmente, mas que também ostentam origem comum, decorrente da ação
atribuída aos Reclamados. 4. Tais características revelam direitos individuais homogêneos coletivamente
tuteláveis e de inequívoca relevância social, nos termos do art. 81, parágrafo único, III, da Lei nº 8.078/90,
o que atrai a legitimidade ativa do MPT. Precedentes. 5. Recurso de revista do MPT de que se conhece, por
violação dos arts. 129, III, da Constituição Federal, 21 da Lei nº 7.347/85, e art. 81, parágrafo único, III, da
Lei nº 8.078/90, e a que se dá provimento. DANO MORAL COLETIVO. CONDIÇÕES DEGRADANTES DE
TRABALHO. DESCUMPRIMENTO DE NORMAS TRABALHISTAS DE SAÚDE E HIGIENE. 1. Discussão em torno
da viabilidade de configuração de dano moral coletivo decorrente do não oferecimento de condições
mínimas de saúde, higiene e segurança para o trabalhador rural. 2. Hipótese em que o Tribunal Regional
afasta a configuração de trabalho em condições análogas às de escravo pelos trabalhadores rurais, porque
entende que o descumprimento das regras mínimas de segurança, saúde e higiene do trabalhador não
caracteriza escravidão moderna. 3. Apesar de o Tribunal Regional não haver identificado condições de
trabalho análogas às de escravo, registrou que: (a) as frentes de trabalho poderiam se distanciar "mais de
20 km da sede da fazenda; (b) havia alojamentos "cobertos com lonas e palhas"; e (c) o trabalho penoso
também precisa ser realizado por algum ser humano". Sucede que, à luz da farta jurisprudência do TST, o
empregador deve assegurar condições mínimas de saúde, higiene e segurança aos empregados aonde quer
que eles sejam levados para executar seu trabalho. 4. O contexto fático delineado no acórdão regional
permite concluir que as más condições de trabalho caracterizaram não somente ofensa às normas de
proteção do trabalho, mas, sobretudo, lesão à dignidade dos trabalhadores e à coletividade apta a autorizar
a reparação patrimonial pretendida pelo Ministério Público do Trabalho. 5. Devida, assim, a indenização por
dano moral coletivo decorrente das condições extremamente degradantes de trabalho a que eram
submetidos os trabalhadores em virtude do descumprimento de normas trabalhistas de segurança, saúde
e higiene. Precedentes. 6. Recurso de revista interposto pelo MPT de que se conhece, por violação do art.
5º, V, da Constituição Federal, e a que se dá provimento. 7. Em decorrência do conhecimento do recurso
de revista por violação do art. 5º, V, da Constituição Federal, seu provimento é medida que se impõe, para
condenar os Recorridos, solidariamente, ao pagamento de indenização por dano moral coletivo no importe
de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), que deverá ser revertido ao FAT.

66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDES, Simone Soares. Processo do Trabalho: Coleção Resumos para concursos. 2ª ed. rev., atual. e amp.
Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e do STJ anotadas e organizadas por assunto. 5ª Ed. rev.,

atual. e ampl. Salvador: Jus Podivm, 2019.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito.. 6ª Ed. rev., atual. e ampl.
Salvador: Jus Podivm, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. CLT Organizada. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2019.

MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

MIZIARA, Raphael; LENZA, Breno. Jurisprudência Trabalhista: principais decisões do TST, STF e STJ organizadas
por assunto. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

PEREIRA, Leone. Manual de processo do trabalho. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada [livro eletrônico]. 2. ed. São Paulo : Thomson Reuters Brasil,

2018.

67
TRIBUNAIS

Direito Processual do
Trabalho
Capítulo 2
SUMÁRIO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ............................................................................................................. 3

Capítulo 2 ....................................................................................................................................................................... 3

1. Competência da Justiça do Trabalho. .................................................................................................. 3

1.1. Considerações iniciais ................................................................................................................................. 3

1.2. Competência em Razão da Matéria e da Pessoa. .......................................................................... 4

1.2.1. Ações envolvendo Relação de Trabalho. ............................................................................... 5

1.2.2. Entes de Direito Público Externo. .............................................................................................. 8

1.2.3. Servidores da Administração Pública. .................................................................................. 10

1.2.4. Greve. .................................................................................................................................................. 12

1.2.5. Ações envolvendo Sindicatos. ................................................................................................. 14

1.2.6. Mandado de Segurança, Habeas Corpus e Habeas Data. .......................................... 14

1.2.7. Ações de Indenização por Danos Morais e Materiais. ................................................. 16

1.2.8. As ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores


pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho. ........................................................................ 17

1.2.9. Execução, de ofício, das Contribuições Sociais das Sentenças que proferir. ...... 18

1.2.10. Outras Competências da Justiça do Trabalho .................................................................. 19

1.3. Competência Funcional ........................................................................................................................... 19

1.4. Competência em Razão do Lugar (Territorial). ............................................................................. 19

1.4.1. Competência territorial na Ação Civil Pública .................................................................. 23

1.5. Competência para Homologação de Acordo Extrajudicial...................................................... 23

1.6. Conflitos de Competência entre Órgãos da Justiça do Trabalho ........................................ 23

QUADRO SINÓTICO.................................................................................................................................................. 25

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................................... 31


GABARITO .................................................................................................................................................................... 43

QUESTÃO DESAFIO .................................................................................................................................................. 44

GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................... 45

LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................................................... 47

JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................................ 54

2
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Capítulo 2

1. Competência da Justiça do Trabalho.

1.1. Considerações iniciais


Jurisdição é a atribuição que o Estado possui de dizer o direito no caso concreto para
resolução dos conflitos existentes na sociedade, com objetivo de pacificação social. E essa
jurisdição estatal é una e indivisível, mas para facilitar sua efetividade, ela será dividida através
da competência.

A competência é a forma de delimitação do exercício da jurisdição do Estado, que o


faz através de cinco critérios:

- Competência em razão da MATÉRIA - ABSOLUTA;

- Competência em razão da PESSOA - ABSOLUTA;

- Competência em razão da FUNÇÃO - ABSOLUTA;

- Competência em razão do LUGAR - RELATIVA;

- Competência em razão do VALOR - RELATIVA.

Na Justiça do Trabalho não há a competência relativa em relação ao valor da causa. Mas


este valor atribuído à causa servirá como forma de delimitação do Procedimento a ser
utilizado, se é Sumário para causas de até dois salários-mínimos, Sumaríssimo para causas
3
de até 40 salários-mínimos ou Ordinário, acima de 40 salários-mínimos.

A competência da Justiça do Trabalho poderá ser em razão da


matéria, em razão das pessoas, em razão da função ou em razão ao território.

1.2. Competência em Razão da Matéria e da Pessoa.


A competência em razão da matéria no processo do trabalho é determinada pela natureza
da relação jurídica material que será deduzida em juízo, ou seja, depende da a causa de pedir
e do pedido realizado na petição inicial.

A competência material da Justiça do Trabalho foi significativamente modificada ao migrar


da relação de emprego para abarcar a competência para as relações de trabalho, através da
Emenda Constitucional nº 45/2004, que alterou o texto do artigo 114 da Constituição Federal
de 1988, que traz as regras da atual competência trabalhista, em relação à matéria e a pessoa,
in verbis:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público


externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e

trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;


IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato

questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;


V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o
disposto no art. 102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de
trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

4
O candidato deve estar atento ao texto do artigo 114 da CF/88, pois ele é frequentemente
cobrado em prova, tendo em vista a alta incidência da cobrança do assunto competência da
Justiça do Trabalho.

1.2.1. Ações envolvendo Relação de Trabalho.

A relação de trabalho é o gênero que abarca várias espécies, como a relação de trabalho
empregatícia, autônoma, estágio, trabalho eventual, trabalho autônomo, trabalho
intermitente, entre outras relações de trabalho latu sensu.

O artigo 643, § 3º, da CLT afirma que “a Justiça do Trabalho é competente, ainda, para
processar e julgar as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o
Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho”.

Conforme a maioria da Jurisprudência, não são abarcadas pela competência da Justiça do


Trabalho as causas que envolvam ação de cobrança de honorários de profissionais liberais,
ações envolvendo relações de consumo, ação de representantes comerciais, ações de
natureza penal, ações de complementação de aposentadoria, com algumas ponderações,
como veremos.

 Ação de cobrança por profissional liberal

Por não haver relação de trabalho envolvendo parte hipossuficiente a jurisprudência entende
que a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra seu cliente deve ser de

5
competência da Justiça Comum Estadual. Isso abarca a cobrança de honorários advocatícios
contratuais pelo advogado, que deve se valer da Justiça Estadual para tal recebimento.

A súmula 363 do STJ prevê que “compete à JUSTIÇA ESTADUAL processar e julgar a ação
e cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente”, estando assim afastada a
competência juslaboral.

 Ações envolvendo relações de consumo

Podemos entender por relação de consumo aquela prevista no artigo 2º do CDC, que
afirma que “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final” e, neste caso, não haverá a competência da Justiça do Trabalho,
pois a relação entre o consumidor e o tomador de serviços é regida pelo direito do
consumidor, como por exemplo, a de um médico de uma clínica e seu paciente, sendo a
competência da Justiça Comum Estadual, ao que se aplicam os conceitos explanados sobre
ação de cobrança de honorários de profissional liberal, inclusive a Súmula 363 do STJ.

Se a relação for entre o prestador de serviços e seu tomador, a competência será da Justiça
do Trabalho, caso se trate de relação de trabalho ou de emprego, como ocorre no caso do
médico que presta serviços para uma clínica.

 Representantes comerciais

Com relação às ações referentes aos representantes comerciais pessoas físicas


(autônomos), o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST) é que após a EC 45/2004
essas demandas são de competência da Justiça do Trabalho. O mesmo não se aplicando aos
dissídios que envolvam representante comercial pessoa jurídica da lei nº 4886/65, art. 39,
pois essas ações devem ser julgadas pela Justiça Comum.

6
O STF reconheceu a repercussão geral do Recurso Extraordinário 606.003 que trata sobre
a matéria, mas ainda está pendente de julgamento.

 Ações Penais

Não é da competência da Justiça do Trabalho a apreciação de ações penais, pois o STF


deferiu medida liminar na ADIN 3.684 e afastou expressamente a competência juslaboral para
apreciação de matéria penal, tendo em vista que a competência constitucional desta justiça
especializada não abarca o processo e julgamento de ações penais, mesmo que se trate de
crimes contra a organização do trabalho, que é de competência da Justiça Comum Federal.

 Ações de complementação de aposentadoria

O TST determinava que a competência para dirimir conflitos relativos à complementação


de aposentadoria era da Justiça do Trabalho, pois entendia que a relação era decorrente da
relação do trabalho, mesmo que essa complementação fosse para recebimento de viúvas e
dependentes.

Porém o STF ao julgar os Recursos Extraordinários 586453 e 583050 decidiu que a


competência para processar e julgar as causas derivadas de complementação de
aposentadoria de ente de previdência privada é da Justiça Comum, pois a relação não é de
trabalho, o que abarcaria a competência da Justiça do Trabalho, mas se trata a complementação
de aposentadoria de uma relação previdenciária autônoma.

Mas houve modulação de efeitos na decisão do STF, que determinou a manutenção dos
processos na Justiça do Trabalho até o final da execução, para aqueles que já possuíam
sentença de mérito em 20.02.2013 (data final do julgamento), em prol da segurança jurídica.

Importante salientar que a não será da competência da Justiça do Trabalho apenas as


ações que envolvam celeuma sobre complementação de aposentaria custeada por plano de
previdência privada (competência da Justiça Comum).

Assim, se o plano de complementação de aposentadoria for instituído, regulamentado e


custeado pelo empregador a competência para as ações sobre tal matéria será da Justiça do

7
Trabalho, pois tal plano deriva do contrato de trabalho, nos termos do item I da Súmula 288
do TST.

COMPETÊNCIA MATÉRIA
Plano de complementação de aposentadoria
JUSTIÇA DO TRABALHO
instituído, regulamentado e pago pelo empregador.
Plano de complementação de aposentadoria por
JUSTIÇA DO TRABALHO entidade privada de previdência complementar com
ação em face do empregador.
Plano por entidade privada de previdência
complementar com ação em face da entidade de
JUSTIÇA COMUM
previdência privada para discutir o próprio benefício
da aposentadoria complementar1.

1.2.2. Entes de Direito Público Externo.

O artigo 114, inciso I, da CF trata da competência da Justiça do Trabalho para processar e


julgar as ações oriundas da relação de trabalho abrangidos os ENTES DE DIREITO PÚBLICO
EXTERNO, que são formados pelos Estados Estrangeiros e pelos Organismos Internacionais.

Com relação aos Estados Estrangeiros, segundo a maioria da Doutrina, estes possuem
Imunidade de Jurisdição, o que impede o ingresso com processo em relação a estes entes.
Porém o STF dividiu os atos dos Entes Estrangeiros em dois aspectos: Atos de Império, que
são praticados com a soberania estatal, pelo qual há a imunidade total de jurisdição e Atos de

1 MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

Página 237.

8
Gestão, que são os atos praticados pelos Entes Estatais ao atuar em matéria privada, como
ocorre quando contrata empregados, e aqui não há imunidade de jurisdição.

Assim, segundo o STF os Estados Estrangeiros podem ser acionados em causas relativas à
relação de trabalho e de emprego, sendo a competência da Justiça do Trabalho por tratar-
se de ato de gestão. Mas em que pese o processo poder tramitar na fase de conhecimento do
processo do trabalho, mas na fase de execução trabalhista não poderá determinar nenhum
ato constritivo, visto que o próprio STF reconheceu a imunidade de execução dos Entes de
Direito Público Externo.

Mas a imunidade de execução poderá ser afastada quando o próprio Estado Estrangeiro
renunciar à sua imunidade e quando existirem bens no território nacional que não possuam
relação com as atividades essenciais do Estado, conforme entendimento do STF.

Importante atentar que com relação aos Organismos Internacionais (OIT, ONU, OEA) há
imunidade absoluta de jurisdição, ou seja, possuem imunidade de jurisdição e execução, não
podendo ser processado salvo se renunciar expressamente à imunidade de jurisdição, nos
termos da OJ 416 da SDI- I do TST, que é de leitura obrigatória.

9
Estados • Não possuem IMUNIDADE DE JURISIDIÇÃO;
Estrangeiros • Possuem IMUNIDADE DE EXECUÇÃO.

Organismos
• Possuem IMUNIDADE TOTAL DE JURISDIÇÃO.
Internacionais

1.2.3. Servidores da Administração Pública.

O artigo 114, inciso I, da CF ainda fala da competência da Justiça do Trabalho em relação à


pessoa ao mencionar que serão abarcados os entes da administração direta e indireta da
União, dos Estados/DF e Munícipios.

No tocante às empresas públicas e sociedades de economia mista existe a pacificação de


que suas demandas trabalhistas são da competência da Justiça do Trabalho, visto que ao
artigo 173, II, da CF/88 submete-as ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quando
aos direitos e obrigações trabalhistas.

Com relação à União, aos Estados, DF, Municípios, autarquias e fundações públicas a
temática não é tão pacífica, pois em alguns casos da relação de trabalho com esses entes a
Competência será da Justiça do Trabalho e em outros casos será da Justiça Comum.

Serão da competência da Justiça do Trabalho as ações oriundas da RELAÇÃO DE EMPREGO


quando o Ente Público adotar o regime celetista de contratação para seus servidores, que
serão chamados de empregados públicos, conforme Jurisprudência do STF e do TST.

Já para as ações referentes às RELAÇÕES ESTATUTÁRIAS, que são formadas entre os Entes
Públicos e seus servidores e também os regidos pelo REGIME JURÍDO-ADMINISTRATIVO, que
inclui os cargos em comissão (que não seja contratado no regime celetista) e os servidores
10
temporários, a competência será da Justiça Comum, Estadual, para os servidores estaduais e
municipais e Federal, para os servidores federais.

As causas entre os servidores temporários (contratados sem concurso público para atender
à necessidade excepcional, de acordo com o Art. 37, inciso IX, da CF) e o poder público também
estão fora da competência da Justiça do Trabalho.

O STF, através de interpretação conforme, ao julgar a ADI 3.395, reconheceu a


incompetência da Justiça do Trabalho para apreciar as causas instauradas entre o Poder
Público e os servidores a ele vinculados por típica relação estatutária ou jurídico-
administrativo, sendo competente para tal a Justiça Comum.

Para os empregados contratados antes de 1988 sem concurso público a competência é


da Justiça do Trabalho, pois se estes empregados foram admitidos sem concurso público eles
se submetem ao regime celetista, ante a impossibilidade de conversão automática de regime-
jurídico da CLT para estatutário.

Os empregados de cartórios extrajudiciais (cartório de registro de imóveis, protestos,

notas etc) são contratados diretamente pelo titular do cartório e se submetem à Competência
da Justiça do Trabalho, pois o STF entendeu que neste caso existe relação de emprego.

11
COMPETÊNCIA DA COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO JUSTIÇA COMUM
Empregado Público Celetista Servidor Estatutário
Cargo em Comissão no regime celetista
Servidor Temporário
da Administração
Empregados Contratados antes da CF/88 Cargo em Comissão no regime estatutário
sem submissão ao Concurso Público da Administração
Empregados de Cartórios Extrajudiciais ..........

1.2.4. Greve.

A lei nº 7.783/89 em seu artigo 2º define greve como a suspensão coletiva, temporária e
pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. E o artigo 114, II,
da CF/88 determina que é da competência da Justiça do Trabalho processar e julgar as causas
oriundas do exercício do direito de greve, o que inclui as ações possessórias (interdito
proibitório, manutenção e reintegração de posse), as ações indenizatórias (pelos prejuízos
sofridos pelo empregador pela paralisação dos trabalhadores) e as ações de obrigação de fazer
(pelo qual os empregados são compelidos a prestar serviços para garantir as atividades
essenciais em funcionamento).

Acerca das ações possessórias decorrentes do exercício de greve, o STF editou a Súmula
Vinculante nº 23 que aduz “a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação

12
possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores
da iniciativa privada”.

Salienta-se que a Súmula Vinculante 23 do STF se aplica apenas à iniciativa privada, aos
empregados submetidos à CLT, sendo os dissídios oriundos da greve dos servidores públicos
serem da competência da Justiça Comum, conforme decisão na ADI 3395.

No julgamento da ADI 3684 o STF determinou que não é competência da Justiça do


Trabalho a apreciação das ações penais decorrentes do exercício do direito de greve.

O artigo 114, §3º, CF/88, prevê que em caso de greve realizada em serviços considerados
de atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público
do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, sendo da competência da Justiça do Trabalho
decidir o conflito, que, nos termos da Súmula 189 do TST, será desta especializada a competência
para declarar a abusividade ou não da greve.

No caso de dissídio de greve, a competência originária para sua apreciação será dos
Tribunais Trabalhistas, seja o TRT ou o TST, dependendo da extensão territorial da greve.

O STF decidiu, em sede de repercussão geral, que "a Justiça Comum Federal ou Estadual
é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da
administração direta, autarquias e fundações de direito público” (Tema 544 - RE nº
846854/SP). Fique ligado, pois esse julgado tem cara de prova!!!

13
1.2.5. Ações envolvendo Sindicatos.

O inciso III do artigo 114 da CF/88 prevê a competência da Justiça do Trabalho em razão da
pessoa para apreciar todas as questões que envolvam os sindicatos, sejam as decorrentes da
representação sindical, as que envolvam os sindicatos nos dois polos processuais, as que
envolvam os sindicatos e os empregados e as dos sindicatos versus empregadores.

Obviamente, a competência da Justiça Laboral será atribuída apenas aos sindicatos da


iniciativa privada, não sendo de sua competência a apreciação das causas afetas aos sindicatos
de servidores estatutários.

1.2.6. Mandado de Segurança, Habeas Corpus e Habeas


Data.

Os remédios constitucionais mandado de segurança, habeas corpus e habeas data foram


abarcados pela competência jus laboral no artigo 114, inciso IV, CF/88, que poderão ser
processados e julgados por esta especializada quando o ato questionado envolver matéria
sujeita à sua jurisdição.

A lei 12.016/2009 é a lei regulamentadora do mandado de segurança previsto no artigo

5º, LXIX, CF/88, que é um remédio constitucional para proteger direito líquido e certo não
amparado por habeas corpus ou habeas data, que antes da EC 45/04, era de competência
apenas dos Tribunais Trabalhistas e após a emenda referida passou a ser de competência
também dos Juízes do Trabalho2.

COMPETÊNCIA AUTORIDADE COATORA


TST Atos dos Ministros do TST.

2
Vide questão 8.
14
Atos dos Juízes das varas do trabalho, dos juízes de direito
TRT investidos da jurisdição trabalhista, dos juízes do TRT
(desembargadores) e seus servidores.
VARA DO TRABALHO Atos de autoridades que não façam parte do Judiciário trabalhista3.

O habeas corpus é um remédio constitucional previsto no artigo 5º, LXVIII, CF/88, no qual
será concedido “sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.

Na esfera trabalhista o habeas corpus era muito utilizado para assegurar a liberdade do
depositário infiel, que não cumpria corretamente seu encargo de depósito de bens. Mas após a
ratificação do Pacto de San José da Costa Rica o STF reiterou os termos pactuados e aprovou
o texto da Súmula Vinculante nº 25 que afirma que é “ilícita a prisão civil do depositário
infiel”.

Dessa forma, restou esvaziada a possibilidade de habeas corpus de competência da Justiça


do Trabalho, mas, como alguns doutrinadores ainda afirmar a possibilidade de concessão em
casos de ilegalidade ou abuso de poder praticado nas relações de trabalho para assegurar
a liberdade do exercício do trabalho, deve ser considerado como remédio válido na esfera
trabalhista.

O julgamento do habeas corpus é da competência das varas do trabalho, mas poderá ser
julgado pelos TRT´s ou TST quando o ato da autoridade coatora abarcar suas competências
funcionais.

O habeas data é um remédio constitucional previsto no artigo 5º, LXVII, CF/88 e

regulamentado pela lei 9.507/97, que tem como finalidade a obtenção de informação de
caráter pessoal constante em bancos de dados oficiais, a retificação de seus dados ou
anotação nos assentamentos do impetrante, sendo de difícil utilização no Processo do

3 MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

Página 225.

15
Trabalho, como por exemplo no caso de órgão de fiscalização se negar a fornecer
informações referentes a processo administrativo que o empregador está sofrendo.

1.2.7. Ações de Indenização por Danos Morais e Materiais.

Conforme previsto no inciso VI do artigo 114 da CF, a Justiça do Trabalho é competente


para processar e julgar as ações que envolvam pedidos de indenização por danos morais ou
materiais decorrentes das relações de trabalho.

O STF editou a Súmula Vinculante nº 22 que assim dispõe: “A Justiça do Trabalho é


competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e
patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra
empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro
grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04”.

Neste sentido foi editada a Súmula 367 do STJ que afirma que a competência estabelecida
pela EC 45/2004 não alcança os processos já sentenciados, prevendo como requisito apenas
a sentença. Assim, com o advento da EC 45/2004, a Justiça do Trabalho passa a ser competente
para todos os processos que tramitavam na Justiça Comum que não possuíam sentença, que
precisaria ser de mérito, nos termos da determinação da Súmula Vinculante nº 22 do STF.

Dessa forma, será da competência da Justiça do Trabalho apreciar todas as ações que versem
sobre pedido de dano moral ou patrimonial por acidente de trabalho ajuizadas em face do
empregador, seja pelo trabalhador, pela viúva, pelos seus dependentes ou herdeiros.

Conforme a Súmula 392 do TST será competência da Justiça do Trabalho a apreciação das
doenças profissionais equiparadas ao acidente de trabalho e também as ações de indenização
por dano moral ou patrimonial ajuizadas pelos herdeiros do trabalhador falecido, que se trata

16
de dano moral em ricochete. O STF entendeu pela competência da Justiça do Trabalho em
caso de dano reflexo ou por ricochete no Conflito de Competência nº 7.545-7.

Se a ação decorrente do acidente de trabalho for ajuizada pelo empregado (trabalhador)


contra a autarquia previdenciária (INSS) a competência para apreciar esta causa será da
Justiça Comum Estadual, através das varas de acidente de trabalho, que possuem
competência para benefícios previdenciários decorrentes de acidente de trabalho, nos termos
do artigo 109, I, CF/88.

1.2.8. As ações relativas às penalidades administrativas impostas


aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações
de trabalho.

A competência da Justiça do Trabalho abrange as penalidades administrativas impostas


pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho, que são as multas aplicadas pelos
Auditores Fiscais do Trabalho. Caso a empresa multada queira discutir vícios no auto de infração
ou irregularidades na aplicação da multa poderá recorrer administrativamente, sem
cobrança de depósito prévio, conforme Súmula Vinculante nº 21 do STF e Súmula 424 do
TST, ou se valer da Justiça do Trabalho, que é competente para apreciar a lide.

Não são abarcadas pela Competência da Justiça do Trabalho as causas que envolvam as
penalidades administrativas lavradas por órgãos de fiscalização de profissões regulamentadas
(OAB, CRC, CRM etc), bem como as lides em se discute sanção aplicada por infração à legislação

17
trabalhista a municípios que mantém vínculo de natureza estatutária com servidores
admitidos em caráter temporário (Informativo de Execução nº 13 do TST).

1.2.9. Execução, de ofício, das Contribuições Sociais das Sentenças


que proferir.

De acordo com a Súmula Vinculante nº 53 do STF, “a competência da Justiça do


Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução de ofício das
contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que
proferir e acordos por ela homologados”.

Assim, a justiça do trabalho será competente para a execução de ofício das contribuições
sociais incidentes sobre as verbas de natureza remuneratória constantes das sentenças
condenatórias que proferir, ficando excluídas as execuções de ofício das sentenças
meramente declaratórias.

A lei nº 13.467/2017, conhecida como Reforma Trabalhista, modificou o texto do parágrafo


único do artigo 876 da CLT que passou a determinar que a Justiça do Trabalho “executará, de
ofício, as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art.
195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação
constante das sentenças que proferir e dos acordos que homologar”, se alinhando aos termos
previstos na Súmula Vinculante nº 53 STF e da Súmula nº 368, I, TST.

18
A execução das contribuições sociais referentes ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT)
são da competência da Justiça do Trabalho por força da Súmula nº 454 do TST.

1.2.10. Outras Competências da Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho é competente para apreciar causas que versem sobre direito fundado
em quadro de carreira (Súmula 19, TST), cadastramento no Programa de Integração Social
- PIS (Súmula 300, TST), indenização substitutiva pelo não fornecimento das guias de seguro
desemprego pelo empregador (Súmula 389, TST), meio ambiente de trabalho (Súmula 736,
STF), complementação de pensão requerida por viúva do ex-empregado (OJ 26 SDI-I) e para
ações por danos na fase pré ou pós-contratual.

1.3. Competência Funcional


A competência funcional é a definida através da distribuição interna das atribuições dos
órgãos judiciários, que na Justiça do Trabalho são o TST, os TRT´s e as Varas do Trabalho, e
consiste em competência originária e competência recursal.

A competência funcional recursal é a determina que um órgão jurisdicional examine um


recurso e a originária ocorre quando a própria lei suprime do primeiro grau de jurisdição o
julgamento de uma determinada causa, gerando, na Justiça do Trabalho, a competência para

apreciação, pelo TRT ou do TST.

As varas do trabalho só possuem competência originária (excluídas algumas causas, como


a Ação Rescisória e o Dissídio Coletivo de Greve) enquanto que os TRT´s e o TST possuem
competência originária e recursal.

1.4. Competência em Razão do Lugar (Territorial).


No direito processual do trabalho a regra-matriz para delimitação da competência
territorial é o artigo 651 da CLT, que se constitui em leitura obrigatória ante sua importância,
a saber:

Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela


localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

19
§ 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da
Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado
esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o
empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.

§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo,

estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o


empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.

§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do

lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no


foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.

Pela leitura do artigo 651 extrai-se a seguinte estrutura para delimitação da competência
territorial da Justiça do Trabalho:

REGRA: Local da
1ª Exceção: Agente ou
prestação dos
viajante comercial
serviços

3ª Exceção:
empregador que 2ª Exceção:
promove as atividades Empregado brasileiro
fora do lugar da que trabalha no exterior
celebração do contrato

 Local da Prestação dos Serviços

A regra para determinação da competência territorial é o local da prestação dos

serviços do trabalhador e, caso haja prestação em vários locais, a corrente majoritária


entende que prevalece o último local de prestação de serviços.

Ex.: Pedro foi contratado em Salvador para Trabalhar em Fortaleza. Após 05 anos da prestação
dos serviços foi transferido para filial da empresa em Recife, permanecendo até seu

20
desligamento. Qual o foro competente para apreciar eventual Reclamação Trabalhista de Pedro?
Será Recife (TRT 6), pois é o juízo do último local da prestação de serviços.

A incompetência relativa em razão do lugar deve ser alegada através de Exceção de


Incompetência Territorial que, com a Reforma Trabalhista (lei 13.467/2017) alterou o
procedimento para tanto, através da modificação do artigo 800 da CLT, que passou a
determinar que a Exceção de Incompetência Territorial deva ser apresentada no prazo de 05
dias a contar do recebimento da notificação e antes da audiência, em peça que sinalize a
existência desta Exceção.

Importante atentar que no CPC 2015 a exceção de incompetência relativa deve ser
apresentada em juízo através de Preliminar da Contestação, conforme arts. 64 e 337, II, CPC,
mas com a Reforma Trabalhista, no Processo do Trabalho a exceção de incompetência relativa
territorial deverá ser apresentada em peça autônoma, pela redação do artigo 800 da CLT, assim
como entendem Élisson Miessa e Mauro Schiavi.

 1ª Exceção: Agente ou viajante comercial

A primeira exceção da competência territorial trabalhista da vara do local da prestação dos


serviços ocorre no caso do agente ou viajante comercial, no qual a competência será
determinada pelo local onde a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja
subordinado. Na falta desta, será competente a vara do local do domicílio do empregado ou
a localidade mais próxima.

21
AGENTE OU VIAJANTE COMERCIAL – COMPETÊNCIA TERRITORIAL
1º CRITÉRIO: Vara do local que a empresa tenha agência ou filial + que o empregado esteja
subordinado a essa agência (requisitos cumulativos).
2º CRITÉRIO: Na ausência dos requisitos acima, será competente a Vara do Trabalho do
domicílio do empregado e, na falta, a da localidade mais próxima.

 2ª Exceção: Empregado brasileiro que trabalha no exterior

Por força desta exceção à regra da competência do local da prestação de serviços, o


empregado brasileiro que desenvolveu sua atividade profissional fora do país, na prestação de
serviços em agência ou filial no exterior, poderá ajuizar sua ação trabalhista no Brasil, nos
termos do artigo 651, §2º, CLT, que prevê a competência internacional da Justiça do Trabalho,
desde que o empregado seja brasileiro nato ou naturalizado e não haja convenção
internacional dispondo em contrário.

A ação trabalhista deverá ser ajuizada na Vara do Trabalho da localidade da celebração do


contrato ou da última prestação de serviços no Brasil, caso haja a transferência para outro
país.

Se houver Convenção Internacional estabelecendo o foro competente para apreciar


demanda de empregado que trabalhe no exterior, não se aplicará a regra do §2º do art. 651
da CLT.

 3ª Exceção: Empregador que promove a prestação de serviços


fora do lugar da celebração do contrato

O artigo 651, §3º, CLT apresenta a terceira exceção à regra do local da prestação de serviços,
que consiste na competência territorial das Varas do Trabalho do local, da contratação ou,

22
da efetiva prestação dos serviços, a critério do empregado, quando o empregador promove
suas atividades fora do local da celebração do contrato.

1.4.1. Competência territorial na Ação Civil Pública

A competência territorial na ação civil pública, nos termos da Orientação Jurisprudencial


nº 130 da SDI-I, será fixada pela extensão do dano, sendo determinada das seguintes formas:

a) dano local - competência da Vara do Trabalho do local do dano;

b) dano regional - Competência de qualquer das Varas do Trabalho das localidades


atingidas, mesmo que submetidas a TRT´s distintos;

c) dano suprarregional ou nacional - Competência concorrente das Varas do Trabalho

das sedes dos TRT´s.

1.5. Competência para Homologação de Acordo Extrajudicial

A lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) acrescentou os artigos 855-B a 855-E que passaram
a estabelecer o PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA HOMOLOGAÇÃO DE
ACORDO EXTRAJUDICIAL firmado entre as partes, através de petição conjunta, sendo cada
uma representada por seu advogado, suspendendo o prazo prescricional quanto aos direitos
nela previstos.

Com o advento da reforma trabalhista o artigo 652 da CLT também foi modificado para
prever a competência das Varas do Trabalho para decidir quanto à homologação de acordo
extrajudicial em matéria de competência da Justiça do Trabalho, através do acréscimo do
inciso “f” ao citado artigo.

1.6. Conflitos de Competência entre Órgãos da Justiça do Trabalho

Ocorrem os conflitos de competência quando dois ou mais juízes se declararem


competentes ou incompetentes para julgar uma causa ou ainda quando dois ou mais juízes
divergirem sobre a reunião ou separação de processos e, na Justiça do Trabalho eles podem

23
ser suscitados pelas partes interessadas, pelo Ministério Público do Trabalho, pelos Juízes
e Tribunais do Trabalho.

Dispõe o art. 808, a, da CLT, que quando houver conflito de competência entre Vara do
Trabalho x Vara do trabalho ou Juiz de direito investido na jurisdição trabalhista, será
competente para decidir o TRT, desde que os órgãos estejam abrangidos pela jurisdição do
mesmo TRT.

O inciso b do artigo 808 da CLT determina a competência para dirimir o conflito será do TST
no conflito entre TRT x TRT; TRT x Vara de outro TRT; Vara de TRT diverso x Vara de TRT
diverso ou juiz de direito de TRT diverso.

Se o conflito ocorrer entre Vara do Trabalho ou TRT x Juiz de direito, TJ, juiz federal ou
TRF, compete ao STJ o julgamento (art. 105, I, “d”, CF) e se houver algum conflito de
competência que envolva o TST, por tratar-se de Tribunal Superior, a competência será do STF,
conforme art. 102, I, “o”, da CF/88.

Conforme prevê a Súmula 420 do TST, “não se configura conflito de competência entre
Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada”, pois aqui há uma relação
de hierarquia no qual não se admite conflito de competência.

24
QUADRO SINÓTICO

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO


Competência é a forma de delimitação do exercício da jurisdição do Estado.
- Competência em razão da MATÉRIA;
COMPETÊNCIA ABSOLUTA - Competência em razão da PESSOA;
- Competência em razão da FUNÇÃO.
- Competência em razão do LUGAR;
- Competência em razão do VALOR
COMPETÊNCIA RELATIVA (Na Justiça do Trabalho o valor da causa
só serve para delimitação do rito
processual).

Competência em Razão da Matéria e da Pessoa


Determinada pela natureza da relação jurídica material que será deduzida em juízo.
A Emenda Constitucional nº 45/2004 alterou o texto do art. 114 da CF 88, que
apresenta as regras da atual competência trabalhista em relação à matéria e a pessoa.
Relação de trabalho (gênero) que abarca as espécies da relação empregatícia,
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO

autônoma, estágio, trabalho eventual, trabalho autônomo, trabalho


intermitente, trabalhador portuário, abrangidos os Entes de Direito Público
Externo e os entes da Administração Direta e Indireta da União, Estados, DF
e Municípios.
TRABALHO

Demandas Trabalhistas das Empresas Públicas e Sociedades de Economia


Mista.
RELAÇÃO DE EMPREGO de Ente Público que adotar o regime celetista de
contratação para seus servidores.
Empregados contratados antes de 1988 sem concurso público, que são
considerados empregados submetidos à CLT.
Empregados de cartórios extrajudiciais, pois a relação é empregatícia.

25
Ações oriundas do exercício do direito de greve, que inclui as ações
possessórias (interdito proibitório, manutenção e reintegração de posse), as
ações indenizatórias e as ações de obrigação de fazer.
Dissídio Coletivo ajuizado pelo MPT nas greves em serviços essenciais, com
possibilidade de lesão do interesse público.
Declarar a abusividade ou não da greve na iniciativa privada.
Ações que envolvam plano de complementação de aposentadoria instituído,
regulamentado e custeado pelo empregador.
Demandas que envolvam os Sindicatos.
Mandado de Segurança, Habeas Corpus e Habeas Data quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Ações que envolvam pedidos de indenização por danos morais ou materiais


decorrentes das relações de trabalho.
Ações que versem sobre pedido de dano moral ou patrimonial por acidente
de trabalho ajuizadas em face do empregador, seja pelo trabalhador, pela
viúva, pelos seus dependentes ou herdeiros.
Ações que envolvam doenças profissionais equiparadas ao acidente de
trabalho.
Ações de Indenização por Dano Moral em ricochete.
As ações decorrentes das penalidades administrativas impostas pelos órgãos
de fiscalização das relações de trabalho ao empregador.
A execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que proferir e acordos homologados.
A execução das contribuições sociais referentes ao Seguro de Acidente de
Trabalho (SAT).
Ações com base em direito fundado em quadro de carreira.
Demandas que envolvam o cadastramento no Programa de Integração Social
– PIS.
Ações pelo não fornecimento das guias de seguro desemprego pelo
empregador.
Ações que envolvam o meio ambiente de trabalho.
Os pedidos de complementação de pensão requerida por viúva do ex-
empregado.

26
Ações por danos existentes na fase pré ou pós-contratual.
Ações que envolvam Representantes Comerciais Autônomos.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM


(Causas que NÃO SÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO)
Que envolvam Servidores Estatutários.
JUSTIÇA COMUM, ESTADUAL OU FEDERAL,

Que envolvam Servidores Temporários.


Os Cargos em Comissão no regime estatutário da Administração.
As ações penais decorrentes do exercício do direito de greve.
dependendo do caso.

Ações que envolvam sindicatos de servidores estatutários.


Os dissídios oriundos da greve dos servidores públicos.
Lides em se discute sanção aplicada por infração à legislação trabalhista a
Municípios que mantém vínculo de natureza estatutária com servidores
admitidos em caráter temporário.
Ações de complementação de aposentadoria de ente de previdência
privada.
Ações que envolvam abusividade de greve de servidores públicos celetistas
da administração direta, autarquias e fundações de direito público.
Ações de natureza penal.
Ação de cobrança de honorários de profissionais liberais.
ESTADUAL

Ações que envolvam relações de consumo.


JUSTIÇA
COMUM

Ação dos representantes comerciais.


Ações decorrentes de acidentes de trabalho ajuizada pelo empregado
(trabalhador) contra a autarquia previdenciária (INSS).
Causas que envolvam as penalidades administrativas lavradas por órgãos
JUSTIÇA COMUM

de fiscalização de profissões regulamentadas.


Execução das contribuições sociais das sentenças meramente
FEDERAL

declaratórias proferidas (também as da Justiça do Trabalho).


Contribuições Sociais decorrentes das verbas trabalhistas durante o contrato
de trabalho.
Crimes contra a organização do trabalho.

27
Competência Funcional
Competência Funcional é a definida através da distribuição interna das atribuições dos
órgãos judiciários.
Competência Originária Exercida pelo TST, TRT´s e as Varas do Trabalho.
Competência Recursal Exercida pelo TST e TRT´s.

Competência em Razão do Lugar (Territorial)


Competência da Vara do Trabalho do local da prestação dos
serviços do trabalhador e, caso haja prestação em vários
REGRA
locais, a corrente majoritária entende que prevalece o último
local de prestação de serviços.
A competência será determinada pelo local onde a empresa
1ª Exceção: tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja
Agente ou viajante subordinado. Na falta desta, será competente a vara do

comercial trabalho do local do domicílio do empregado ou a localidade


mais próxima.
Poderá ajuizar sua ação trabalhista no Brasil, desde que o
empregado seja brasileiro nato ou naturalizado e não haja
2ª Exceção: convenção internacional dispondo em contrário e a
Empregado brasileiro competência é da Vara do Trabalho da localidade da celebração
que trabalha no do contrato ou da última prestação de serviços no Brasil.

exterior Se houver Convenção Internacional estabelecendo o foro


competente para apreciar demanda de empregado que trabalhe
no exterior, não se aplicará a regra do §2º do art. 651 da CLT.

3ª Exceção: A competência territorial será das Varas do Trabalho do local da


contratação ou da efetiva prestação dos serviços, a critério do
Empregador que
empregado.
promove a prestação
de serviços fora do
lugar da celebração

28
do contrato
Deverá ser arguida através de Exceção de Incompetência
Territorial. A Reforma Trabalhista (lei 13.467/2017) alterou o
Incompetência procedimento para tanto, através da modificação do artigo 800
Relativa em Razão da CLT, que passou a determinar que deva ser apresentada no

do Lugar prazo de 05 dias a contar do recebimento da notificação e


antes da audiência, em peça que sinalize a existência desta
Exceção.
É a extensão do dano que determina a competência territorial
para ajuizamento:
a) dano local - competência da Vara do Trabalho do local do
Competência
dano;
territorial na Ação
b) dano regional - Competência de qualquer das Varas do
Civil Pública Trabalho das localidades atingidas, mesmo que submetidas a
TRT´s distintos;
c) dano suprarregional ou nacional - Competência
concorrente das Varas do Trabalho das sedes dos TRT´s.

Competência para Homologação de Acordo Extrajudicial


A Reforma Trabalhista acrescentou os artigos 855-B a 855-E que passaram a estabelecer
o PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO
EXTRAJUDICIAL firmado entre as partes, através de petição conjunta, por advogado próprio
de cada parte, suspendendo o prazo prescricional quanto aos direitos nela previstos.
A competência para decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de
competência da Justiça do Trabalho é das Varas do Trabalho.

Conflitos de Competência entre Órgãos da Justiça do Trabalho


Quem decide o
Órgãos Conflitantes:
conflito?
Vara do Trabalho x Vara do Trabalho
TRT
Juiz de Direito com jurisdição
Vara do Trabalho x (da mesma região)
trabalhista

29
TRT x TRT
Vara do Trabalho subordinada
TRT x
a TRT de outra região
Vara do Trabalho Vara do Trabalho
(subordinada a TRT de outra x (subordinada a TRT de outra TST
região) região)
Vara do Trabalho Juiz de Direito com jurisdição
(subordinada a TRT de outra x trabalhista (subordinada a
região) TRT de outra região)
Juiz de direito, TJ, juiz federal
Vara do Trabalho ou TRT x STJ
ou TRF
Juiz de direito, TJ, juiz federal
TST x
ou TRF STF
TST x Tribunal Superior
NÃO HÁ Conflito de Competência entre TRT e Vara do Trabalho a ele vinculada.

30
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal)
Caio sofreu acidente do trabalho em julho de 2003, razão pela qual ajuizou ação de indenização
por danos morais e patrimoniais contra sua empregadora, perante a Justiça comum, que possuía
competência para processar e julgar a ação na época. Ocorre que, com a Emenda Constitucional
(EC) 45, de 8/12/2004, a referida ação foi enviada para a Justiça do Trabalho, ainda na fase de
instrução probatória, com laudo médico pericial que concluiu que Caio sofreu sequelas graves
que o tornaram incapaz para a mesma função que exercia. Nessa situação hipotética, é correto
afirmar que

A) a ação deve ser devolvida para a Justiça comum, uma vez que a competência da Justiça do
Trabalho ampliada pela EC 45/2004 prevê que receberá as ações iniciadas na Justiça comum,
mas que já tenham, obrigatoriamente, sentença de mérito em primeiro grau.

B) a ação deve ser devolvida para a Justiça comum, tendo em vista que já havia sido ajuizada
antes da EC 45/2004, independentemente de ter sido proferida sentença de mérito em primeiro
grau.

C) a ação deve ser devolvida para a Justiça comum, uma vez que a competência da Justiça do
Trabalho, ampliada pela EC 45/2004 apenas abrange o pedido de indenização por danos morais
e materiais fundados em morte do empregado e não acidente do trabalho que causou sequelas.

D) a ação deve permanecer na Justiça do Trabalho, mas o laudo médico deve ser refeito por
um perito nomeado pelo Juiz do Trabalho, uma vez que o laudo elaborado por perito nomeado

31
pelo Juiz de Direito não atende a todos os critérios exigidos para a correta elaboração de laudo
médico numa ação trabalhista.

E) a ação deve permanecer na Justiça do Trabalho, que passou a ser competente para processar
e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho, mesmo não havendo sido proferida sentença de mérito em primeiro grau.

Comentário:

A súmula Vinculante 22 aduz que a Justiça do Trabalho é competente para processar e


julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não
possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Constitucional 45/2004.

Aí vai uma dica: nesse tipo de questão, o ideal é, primeiramente, verificar a data de
ajuizamento da ação (antes ou depois da promulgação da EC 45/2004) e também se há ou
não sentença de mérito em primeiro grau pela Justiça Comum Estadual. As ações desse tipo,
após a promulgação da EC 45/2004, devem ser julgadas pela Justiça do Trabalho. Já as ações
desse tipo, antes da promulgação da EC 45/2004, devem ser analisadas com maior cautela.
Nesse caso, se houver sentença de mérito em primeiro grau pela Justiça Comum Estadual, então
a Justiça Comum Estadual será a justiça competente para julgar essa ação. Do contrário, se não
houver sentença de mérito em primeiro grau pela Justiça Comum Estadual, então a Justiça do
Trabalho será competente para julgar essa ação.

Questão 2

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Área Judiciária) No tocante à
competência da Justiça do Trabalho, considere:

I. É competente a Justiça do Trabalho para processar e julgar ações possessórias, incluindo o


interdito proibitório, ainda que essas ações sejam decorrentes do exercício de greve dos
trabalhadores da iniciativa privada. II. A Justiça do Trabalho é competente para julgar mandando

32
de segurança e habeas corpus quando o ato questionado envolver matéria de sua jurisdição, o
que não ocorre com o habeas data envolvendo a mesma matéria, cuja competência é da Justiça
comum. III. Segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, é competente
a Justiça do Trabalho para processar e julgar ações de indenização por dano moral e material,
decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e doenças a
ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do trabalhador falecido.

Está correto o que se afirma APENAS em

A) I e III

B) I e II.

C) II e III.

D) III.

E) I.

Comentário:

I - Súmula Vinculante 23: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar


ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores
da iniciativa privada.

II - Art. 114, CRFB/88: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: IV - os


mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver
matéria sujeita à sua jurisdição;

III - Súmula 392, TST: Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a
Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano moral
e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e
doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do
trabalhador falecido.

33
Questão 3

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Administrativa)
Em relação à competência da Justiça do Trabalho, assinale a alternativa INCORRETA.

A) A Constituição federal ampliou a competência da Justiça do Trabalho, atribuindo a esta


poderes para dirimir conflitos decorrentes das relações de trabalho e não somente relações de
emprego.

B) À Justiça do Trabalho compete processar e julgar as ações que envolvam representação


sindical entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores.

C) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar mandados de segurança, habeas


corpus e habeas data quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição.

D) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano
moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho.

E) À Justiça do Trabalho compete processar e julgar as ações que envolvam representação


sindical entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, entre sindicatos e empregadores e
demandas de qualquer natureza entre empregadores que façam parte de um mesmo sindicato
patronal.

Comentário:

O erro da questão está em generalizar ao afirmar que a JT é competente para julgar


“demandas de qualquer natureza entre empregadores que façam parte de um mesmo sindicato
patronal.”

No rol do Art. 114 da CRFB/88 não consta nenhuma ação de natureza penal, por
exemplo.

Questão 4

34
(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa)
Tendo como base a estrutura, a organização e a competência (EC 45/2004) da Justiça do
Trabalho, assinale a alternativa correta.

A) Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações que envolvam crimes contra a
organização do trabalho, como o trabalho escravo.

B) O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre


brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação de 2/3
(dois terços) do Senado Federal.

C) O Tribunal Superior do Trabalho é composto por um quinto dentre advogados com mais de
quinze anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de quinze anos de efetivo exercício, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação das respectivas classes.

D) A lei criará Varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua
jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do
Trabalho.

E) Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, nove juízes, recrutados,


quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.

Comentário:

Existem comarcas onde não há Juiz do Trabalho, nesses locais, a Lei poderá investir o
juiz de direito de jurisdição trabalhista. Contudo, devemos ficar ligados, pois das sentenças que
proferir o juiz de direito investido de jurisdição trabalhista caberá recurso para o TRT e não para
o TJ.

35
Questão 5

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa)
João tem domicílio na cidade do Rio de Janeiro/RJ e foi chamado para uma entrevista de
emprego pela empresa Colchões Ortopédicos Ltda., com sede na cidade de Campinas/SP,
ocasião em que foi contratado no próprio local. Já no momento da contratação, a empresa
informou ao novo empregado que o mesmo iria trabalhar na filial da empresa na cidade de São
José do Rio Preto/ SP. Depois de três anos de trabalho na empresa em questão, João foi
dispensado sem justa causa, não recebendo as verbas rescisórias, dentre outros pleitos que
considera devidos, razão pela qual almeja buscar a efetivação de seus direitos na Justiça do
Trabalho. Nesse seguimento, João deve pleitear seus direitos

A) em Campinas/SP, pois é o local da sede da empresa, pressupondo, assim, o dever de ingressar


com ação nesta localidade.

B) em qualquer uma das cidades mencionadas, pois o foro de ingresso da ação trabalhista é
opcional ao empregado.

C) no Rio de Janeiro/RJ, pois é a cidade de seu domicílio, oferecendo maiores facilidades ao


empregado.

D) em São José do Rio Preto/SP, pois é o local da prestação de serviços.

E) em Campinas/SP, pois é o local em que o empregado foi contratado.

Comentário:

A regra de fixação da competência trabalhista é o local de prestação do serviço, ainda


que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro, conforme artigo 651 da CLT.

A questão afirma que a empresa informou ao novo empregado que o mesmo iria
trabalhar na filial da empresa na cidade de São José do Rio Preto/ SP.

36
Questão 6

(FCC – 2018 - TRT - 6ª Região (PE) - Oficial de Justiça Avaliador Federal) A exceção de
incompetência territorial deverá ser apresentada pelo reclamado em Processo do Trabalho

A) no prazo de 5 dias antes da audiência, mas sempre em peça apartada à defesa.

B) juntamente com a defesa, em audiência, podendo inclusive ser feita de forma verbal, em
respeito ao princípio da oralidade.

C) no prazo de 10 dias a contar da notificação, em peça autônoma onde se fundamente a


existência da exceção.

D) juntamente com a defesa, em audiência, devendo ser sempre escrita e em peça apartada.

E) no prazo de 5 dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a


existência da exceção.

Comentário:

A resposta é extraída da literalidade do artigo 800 da CLT, modificado pela Lei nº


13.467/2017, ao afirmar que “apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de
cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta
exceção”.

Questão 7

(FCC – 2018 - TRT - 6ª Região (PE) - Analista Judiciário) Em relação à competência material
da Justiça do Trabalho, esta

A) é competente para processar e julgar ações de indenização por dano moral e material,
decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e doenças a
ele equiparadas, mas não para as propostas pelos dependentes ou sucessores do trabalhador
falecido.

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B) não é competente para a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente
de Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social, ainda que se
destine ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade do empregado decorrente de
infortúnio no trabalho.

C) é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício


do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

D) não é competente para processar e julgar ações ajuizadas por empregados em face de
empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS).

E) não é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais.

Comentário:

A) A Justiça do Trabalho é competente para ações de indenização por danos morais e


matérias ajuizadas por herdeiros de empregado falecido nos termos da Súmula 392 TST; B) A
Súmula 454 TST afirma que é da Competência da JT a execução, de ofício, da contribuição
referente ao SAT; C) A Súmula Vinculante nº 23 do STF afirma a competência da JT para
processar e julgar as ações possessórias em decorrência do exercício do exercício de greve pelos
trabalhadores da iniciativa privada; D) A Súmula 300 do TST afirma a competência da JT para as
demandas que envolvam o cadastramento no PIS; E) O item I da Súmula 368 afirma a
Competência da JT para determinar o recolhimento das contribuições fiscais.

Questão 8

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça
Avaliador Federal) Lucas, residente na cidade de Nova Iguaçu (RJ), foi contratado na cidade de
Petrópolis (RJ) pela empresa Brasa Quente para trabalhar como Gerente na cidade de Teresópolis
(RJ). Observa-se que Duque de Caxias (RJ) é o domicílio eleitoral de Lucas, onde reside toda a
sua família, sendo que, aos finais de semana, aproveita para visitá-los. Sabe-se, ainda, que a
sede da empresa é na cidade de Barretos (SP) local onde Lucas recebeu todos os treinamentos
para o exercício de sua função. Considerando a possibilidade de ingressar com uma ação

38
trabalhista e valendo-se da regra geral prevista na Consolidação das Leis do Trabalho, assinale
a alternativa correta.

A) Lucas deverá propor a ação na cidade de Petropólis (RJ), pois a competência territorial é
fixada pelo local onde foi realizada a contratação.

B) Lucas deverá propor a ação na cidade de São Paulo, pois a competência territorial é fixada
pela capital do Estado no qual a matriz da empresa estiver localizada.

C) Lucas deverá propor a ação na cidade de Teresópolis (RJ), pois a competência territorial é
fixada pelo local onde o empregado prestar serviços ao empregador.

D) Lucas deverá propor a ação na cidade de Duque de Caxias (RJ), pois a, competência territorial
é fixada pelo domicilio eleitoral do empregado.

E) Lucas deverá propor a ação na cidade de Nova Iguaçu (RJ), pois a competência territorial é
fixada pelo domicílio civil do empregador.

Comentário:

Conforme já mencionado anteriormente (QUESTÃO 5), a regra de fixação da competência


trabalhista é o local de prestação do serviço, ainda que tenha sido contratado noutro local ou
no estrangeiro, conforme artigo 651 da CLT. Vejamos:

“Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela


localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda
que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.”

Questão 9

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) A empresa Olimpos Construções S/A, com sede em Brasília, contratou empregado
brasileiro através de sua sucursal em São Paulo, para gerenciar as obras existentes na Turquia,
lugar onde prestou serviços durante dois anos. Rescindido o contrato o empregado retorna ao

39
Brasil, pretendendo acionar o seu empregador em razão de créditos trabalhistas que entende
devidos. Nessa situação, conforme regra prevista na Consolidação das Leis do Trabalho,

A) é incompetente a autoridade judiciária brasileira, para conhecer da reclamação trabalhista,


que deveria ser ajuizada na Turquia, local da prestação dos serviços.

B) se houver foro de eleição expressamente previsto no contrato, será este o competente para
conhecer da reclamação trabalhista.

C) será competente para conhecer da ação trabalhista o foro de opção contratual do empregado,
podendo ser o da contratação, da prestação de serviços ou o da demissão.

D) a autoridade judiciária brasileira é incompetente, devendo a ação ser proposta no País em


que o empregado foi contratado.

E) a autoridade judiciária trabalhista brasileira é competente para conhecer da reclamação


trabalhista, salvo se houver Convenção Internacional dispondo em contrário.

Comentário:

A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento estende-se aos dissídios ocorridos


em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção
internacional dispondo em contrário, conforme expressa determinação da CLT:

“Art. 651: A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela


localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda
que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

(...) § 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste


artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o
empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.”

Questão 10

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(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) A Constituição Federal do Brasil e a Consolidação das Leis do Trabalho instituíram
regras sobre organização e competência da Justiça do Trabalho e dos órgãos que a compõem.
Em observância a tais normas,

A) é competência da Justiça do Trabalho a apreciação de ação proposta por empresa para


anulação de penalidade imposta em auto de infração lavrado por auditor fiscal do trabalho, por
inobservância da cota de contratação de pessoas com deficiência.

B) o Supremo Tribunal Federal, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, interpretou ser


da competência da Justiça do Trabalho a apreciação de demandas entre o Poder Público e seus
servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-
administrativo.

C) o Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de dezessete Ministros, escolhidos dentre


brasileiros com mais de trinta anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico
e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
simples do Senado Federal.

D) os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, nove juízes, recrutados


exclusivamente na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros
com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.

E) a Justiça do Trabalho passou a ser competente para julgar as ações de indenização por dano
moral decorrentes da relação de emprego somente a partir da Emenda Constitucional n°
45/2004, visto que o texto original da Constituição Federal de 1988 e a jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho não admitiam o processamento de tais ações na Justiça Especializada.

Comentário:

A justiça do trabalho é competente para julgar as ações relativas às penalidades


administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de
trabalho.

41
Art.114, VII da CRFB/88: “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VII - as ações
relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização
das relações de trabalho;”

42
GABARITO

Questão 1 - E

Questão 2 - A

Questão 3 - E

Questão 4 - D

Questão 5 - D

Questão 6 - E

Questão 7 - C

Questão 8 - C

Questão 9 - E

Questão 10 - A

43
QUESTÃO DESAFIO

Considere a situação-problema abaixo e responda:

Uma sociedade de economia mista estadual, prestadora de


serviços, realizou concurso público para contratar empregado, cujo
regime jurídico é celetista. Douglas, um dos candidatos, foi
aprovado e, inicialmente, ficou em 9º lugar. Ocorre que houve uma

retificação do edital e, em razão dessa mudança, Douglas passou


para a 15ª posição. Inconformado, Douglas deseja ajuizar ação
ordinária contra a sociedade de economia mista, alegando a
nulidade desta retificação e pleiteando seu 9º lugar na classificação
final.

44
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Não, pois segundo entendimento do STF (Info 968), compete à Justiça comum julgar
controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e admissão de pessoal e
eventual nulidade do certame em face da Administração, nas hipóteses em que adotado o
regime celetista de contratação de pessoal.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Não compete à Justiça do Trabalho

A competência para julgar a ação ordinária contra a sociedade de economia mista, alegando
a nulidade da retificação do certame no qual Douglas participou, será da Justiça comum, e não
da Justiça do Trabalho.

As sociedades de economia mista, segundo art. 173, §1º da CF/88, estão sujeitas às mesmas
regras aplicáveis ao regime jurídico das empresas privadas, ou seja, devem seguir o regime
celetista em seus contratos de trabalho. No entanto, a contratação de empregados públicos
possui um caráter híbrido, sendo regida tanto por normas de direito privado como de direito
público.

O STF, em repercussão geral (Tema 992), entendeu que, como na fase pré-contratual não há
relação de trabalho, prevalecem as normas de caráter público, competindo à Justiça comum o
julgamento de controvérsias em tal etapa.

 Informativo 968 do STF

Um exemplo de norma de direito público que incide no caso da questão é a exigência de


concurso público para a contratação de pessoal nas sociedades de economia mista, prevista no
art. 37, II, da CF/88. Trata-se de etapa prévia obrigatória à formação da relação trabalhista na
Administração Pública.

O julgamento do STF foi no sentido de que, como o concurso público é um processo


administrativo que visa à admissão do empregado, controvérsias relativas a essa fase devem ser
pautadas por normas de direito público, prevalecendo a competência da Justiça Comum
(estadual ou federal, a depender do caso concreto). STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 968).

45
Vale destacar que o STJ tem o mesmo entendimento – Jurisprudências em Teses do STJ (ed.
115).

46
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Competência da Justiça do Trabalho:

 Súmulas TST: 19, 189, 300, 368, I, 389, 392, 419, 420, 424, 454.
 Súmulas STJ: 10, 15, 59, 66, 82, 89, 97, 137, 161, 165, 180, 218, 225, 236, 363, 367.
 Súmulas Vinculantes STF: 21, 22, 23 e 53.
 Súmulas STF: 433 e 736.
 Orientações Jurisprudenciais: 26, 138, 376, 416 da SDI-I; 68, 129, 130 e 149, SDI-II.
 CLT: Arts. 643, 651, 652, 677, 800, 804, 805, 806, 876.
 CPC/15: Arts. 16, 54, 55, 56, 62, 63, 64, 65, 66, 337 e 966.
 CF/88: Arts. 5º, LXIX, LXVIII, LXVII, 37, 102, 105, 109, 114, 173.
 Lei n° 7701/88: Arts. 2º, 3º e 4º.
 Lei n° 7520/86: Art. 12.
 Lei n° 8.078/90: Art. 2º.
 Lei n° 4.886/65: Art. 39.
 Lei n° 12.016/09.
 Principais Jurisprudencias:

 Súmula Vinculante 21, STF.

É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de


recurso administrativo.

 Súmula Vinculante 22, STF.

A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e

patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas

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que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional
nº 45/04.

 Súmula Vinculante 23, STF.

A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do
exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

 Súmula Vinculante 53, STF.

A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução de
ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e
acordos por ela homologados.

 Súmula 15, STJ.

Compete a Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho.

 Súmula 66, STJ.

Compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conselho de fiscalização profissional.

 Súmula 137, STJ.

Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público municipal, pleiteando direitos

relativos ao vinculo estatutário.

 Súmula 236, STJ.

Não compete ao Superior Tribunal de Justiça dirimir conflitos de competência entre juízes trabalhistas
vinculados a Tribunais Regionais do Trabalho diversos.

 Súmula 363, STJ.

Compete à Justiça Estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.

 Súmula 367, STJ

A competência estabelecida pela EC 45/2004 não alcança os processos já sentenciados.

 Súmula nº 189, TST.

A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve.

 Súmula nº 288, item I, TST.

48
I - A complementação dos proventos de aposentadoria, instituída, regulamentada e paga diretamente pelo
empregador, sem vínculo com as entidades de previdência privada fechada, é regida pelas normas em vigor na

data de admissão do empregado, ressalvadas as alterações que forem mais benéficas (art. 468 da CLT).

 Súmula nº 300, TST.

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por empregados em face de empregadores
relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS).

 Súmula 392, TST

Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do Trabalho é competente para processar
e julgar ações de indenização por dano moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas
de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do
trabalhador falecido.

 Súmula nº 420, TST.

Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele
vinculada.

 Súmula nº 454, TST.

Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente de


Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social (arts. 114, VIII, e 195, I, “a”, da CF), pois

se destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no


trabalho (arts. 11 e 22 da Lei nº 8.212/1991).

 OJ 26 SDI- I, TST.

A Justiça do Trabalho é competente para apreciar pedido de complementação de pensão postulada por viúva

de ex-empregado, por se tratar de pedido que deriva do contrato de trabalho.

 OJ 416 SDI- I, TST.

IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. ORGANIZAÇÃO OU ORGANISMO INTERNACIONAL. As organizações ou


organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de jurisdição quando amparados por norma internacional
incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes aplicando a regra do Direito Consuetudinário relativa
à natureza dos atos praticados. Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição brasileira na hipótese de renúncia
expressa à cláusula de imunidade jurisdicional.

49
JURISPRUDÊNCIA

Competência da Justiça do Trabalho

 RE'S 586453 e 583050, STF

Compete à JUSTIÇA COMUM ESTADUAL (e não à Justiça do Trabalho) julgar demandas que envolvam a
complementação de aposentadoria por entidades de previdência privada. A causa de pedir é o contrato de
previdência privada celebrado entre o autor da ação e a entidade de previdência privada (fundação ligada à
empresa). As entidades de previdência privada são pessoas jurídicas de direito privado que custeiam
previdência complementar e possuem autonomia financeira, realizando atividades de natureza civil. Não há

relação de natureza trabalhista entre o beneficiário da previdência complementar e a entidade de


previdência privada. O contrato celebrado entre a entidade e o beneficiário está submetido às regras de

direito civil, envolvendo apenas INDIRETAMENTE questões de direito do trabalho. Vale ressaltar que não
importa a natureza da verba que se pretende incluir no cálculo de previdência complementar. Será sempre
competência da Justiça comum porque a discussão é contratual.

 TESE DE REPERCUSSÃO GERAL - RE 103.4840, STF

O organismo internacional que tenha garantida a imunidade de jurisdição em tratado firmado pelo Brasil e
internalizado na ordem jurídica brasileira não pode ser demandado em juízo, salvo em caso de renúncia expressa
a essa imunidade.

 RECLAMAÇÃO 4.872, STF

Servidores públicos. Regime temporário. Justiça do Trabalho. Incompetência. No julgamento da ADI


3.395MC/DF, este Supremo Tribunal suspendeu toda e qualquer interpretação do inciso I do art. 114 da CF (na
redação da EC 45/2004) que inserisse, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas instauradas
entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter
jurídico-administrativo. As contratações temporárias para suprir os serviços públicos estão no âmbito de relação
jurídico-administrativa, sendo competente para dirimir os conflitos a Justiça comum e não a Justiça especializada.

 TST - AIRR: 15631120105020030, Relator: Emmanoel Pereira, Data de Julgamento: 28/08/2019, 5ª


Turma, Data de Publicação: DEJT 30/08/2019.

50
Não se discute, nos presentes autos, o contrato de trabalho firmado entre os trabalhadores e as organizações
são governamentais (ONGs), organizações sociais (OSs) ou organizações da sociedade civil de interesse público

(OSCIPs), de inegável competência da Justiça do Trabalho, mas a relação que o Estado mantém com as referidas
organizações , envolvidas na prestação dos serviços em hospitais e ambulatórios públicos, em vista de convênios
firmados com a Secretaria de Estado da Saúde. Tendo em vista a vinculação jurídico-administrativa estabelecida
entre as partes, é manifesta a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e julgar o presente feito.

 TST-RR-463-71.2015.5.22.0003, 5ª Turma, red. p/ acórdão Min. Emmanoel Pereira, julgado em


30.10.2019 (Info. TST nº 211).

Na esteira dos mais recentes precedentes desta Corte Superior, é da Justiça Comum a competência para
processar e julgar as ações de cobrança de imposto sindical quando deflagradas entre sindicatos profissionais de

servidores estatutários e o respectivo ente público patronal. Ofensa ao art. 114, I, da Constituição Federal
configurada.

 TST-AIRR-3-47.2017.5.02.0011, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,


julgado em 16.10.2019 (Info. TST nº 209).

O redirecionamento da execução contra sócio da empresa submetida à recuperação judicial não extrapola a
competência constitucional desta Justiça Especializada. Precedentes.

 TST-ARR-10060-45.2014.5.14.0416, 8ª Turma, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, julgado em


20.11.2019 (Info. TST nº 213).

A Justiça do Trabalho é competente para examinar Ação Civil Pública que tem por objeto a proteção ampla

dos direitos constitucionais pertinentes às relações do trabalho firmadas por instituição privada (OSCIP), ainda que
suas atividades se desenvolvam a partir de relações jurídico-administrativas (termo de parceria) estabelecidas
entre o ente público e a Associação-Ré. (...) 1. A assistência à saúde é um dever do Estado, podendo ser prestada

tanto diretamente quanto por meio de terceiros. Nesse sentido, os arts. 197 e 199, § 1º, do texto constitucional,
autorizam a prestação de "ações e serviços de saúde" por pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado.
2. Em sintonia com a estrutura institucional adotada pela Constituição da República, a legislação federal autoriza a
prestação de serviços públicos na área de saúde por meio de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
(OSCIP). Nesse sentido, o art. 3º da Lei nº 9.790/1999, ao instituir os objetivos sociais exigidos para a qualificação
das pessoas jurídicas de direito privado como OSCIP, expressamente incluiu a prestação de serviços gratuitos de
saúde. 3. Diante desse cenário normativo, não se pode presumir a ilicitude do termo de parceria firmado entre o

Estado e instituição privada já qualificada como OSCIP para a administração de hospital público. 4. A autorização
de que a pessoa jurídica de direito privado contrate empregados pelo regime da CLT para a execução de atividades
finalísticas do Estado não se traduz em fraude à legislação, mormente quando a própria Constituição da República
autoriza a prestação complementar de serviços de saúde por instituições privadas sem fins lucrativos, como na
hipótese.

51
 TST-RR-1266-68.2017.5.12.0001, 8ª Turma, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, julgado em
2.10.2019 (Info. TST nº 207).

1. Em recentes decisões, o E. STF reformou acórdãos desta Corte e aplicou o entendimento firmado no RE
586.453, quanto à incompetência da Justiça do Trabalho, inclusive em hipóteses de pleito dirigido exclusivamente

ao empregador/patrocinador, relativo a diferenças de contribuições ao plano de previdência privada complementar,


decorrentes de reflexos das parcelas objeto da Reclamação Trabalhista. 2. A exclusão da competência da Justiça do
Trabalho em relação aos planos de previdência privada de entidades instituídas e/ou patrocinadas pelo empregador
decorreu da interpretação do art. 202, § 2º, da Constituição, que afasta expressamente do contrato de trabalho
inclusive as contribuições do empregador, matéria discutida nestes autos. 3. É inadequada a aplicação analógica

do art. 114, VIII, da Constituição da República, que trata exclusivamente das contribuições previdenciárias oficiais,
enquanto o art. 202, § 2º, referindo-se especificamente ao regime de previdência privada, exclui expressamente
do contrato de trabalho as contribuições vertidas ao plano de previdência privada.

 TST-E-ED-RR-1156-17.2011.5.15.0027, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, red. p/ acórdão Min.


Augusto César Leite de Carvalho, 5.9.2019 (Info. TST nº 204).

Nos termos do art. 876 da CLT, a Justiça do Trabalho é competente para a execução de multa, em razão do
inadimplemento, por ente público, de obrigação prevista em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado
perante o Ministério Público do Trabalho. No caso, o Município de Votuporanga/SP descumpriu o compromisso
de contratar por tempo determinado somente para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público, mediante prévia aprovação em processo seletivo. Segundo a jurisprudência do STF, a execução de TAC
não se confunde com o decidido na ADI 3395-MC, que afastou a competência da Justiça do Trabalho para processar
e julgar causas instauradas entre o Poder Público e servidor vinculado a ele por relação jurídico-administrativa.

 TST-ReeNec e RO-6371-79.2016.5.15.0000, SDC, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho,
12.8.2019 (Info. TST nº 202).

Conforme decidido pelo STF, em sede de repercussão geral, "a Justiça Comum Federal ou Estadual é
competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da administração direta, autarquias
e fundações de direito público” (Tema 544 - RE nº 846854/SP). Assim, a Justiça do Trabalho é incompetente para
apreciar dissídio coletivo de greve em que se discute a abusividade do movimento paredista deflagrado por
servidores celetistas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo, autarquia estadual. No caso, registrou-se que, embora a decisão recorrida seja anterior à publicação do
acórdão da repercussão geral, a tese fixada é aplicável ex tunc porque não
houve modulação dos efeitos.

52
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDES, Simone Soares. Processo do Trabalho: Coleção Resumos para concursos. 2ª ed. rev., atual. e amp.
Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e do STJ anotadas e organizadas por assunto. 5ª Ed. rev.,

atual. e ampl. Salvador: Jus Podivm, 2019.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito.. 6ª Ed. rev., atual. e ampl.
Salvador: Jus Podivm, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. CLT Organizada. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,

2019.

MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

MIZIARA, Raphael; LENZA, Breno. Jurisprudência Trabalhista: principais decisões do TST, STF e STJ organizadas

por assunto. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

PEREIRA, Leone. Manual de processo do trabalho. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada [livro eletrônico]. 2. ed. São Paulo : Thomson Reuters Brasil,
2018.

54
TRIBUNAIS

Direito Processual do
Trabalho
Capítulo 3
SUMÁRIO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO, Capítulo 3...................................................................................... 3

1. Partes e Procuradores. ................................................................................................................................. 3

1.1. Considerações iniciais ................................................................................................................................. 3

1.2. Capacidade de ser parte............................................................................................................................ 3

1.3. Capacidade Processual ............................................................................................................................... 4

1.4. Representação ................................................................................................................................................ 4

1.4.1. Incapazes.............................................................................................................................................. 4

1.4.2. Pessoas Jurídicas............................................................................................................................... 5

1.4.3. Representação do Empregado em Audiência ..................................................................... 6

1.4.4. Representação do Empregador em Audiência .................................................................... 7

1.5. Capacidade Postulatória e Jus Postulandi ......................................................................................... 8

1.6. Representação por Advogado ................................................................................................................ 9

1.6.1. Honorários Advocatícios ............................................................................................................ 10

1.7. Representação das Pessoas Jurídicas de Direito Público ......................................................... 12

1.8. Benefício da Justiça Gratuita................................................................................................................. 13

1.9. Litigância de Má-Fé .................................................................................................................................. 14

2. Atos, Termos e Prazos Processuais. .................................................................................................... 16

2.1. Considerações iniciais .............................................................................................................................. 16

2.2. Comunicação dos Atos Processuais .................................................................................................. 17

2.3. Termos Processuais ................................................................................................................................... 19

2.4. Prazos Processuais..................................................................................................................................... 20

2.4.1. Princípios dos Prazos Processuais .......................................................................................... 21

2.4.2. Contagem dos Prazos Processuais ........................................................................................ 21

1
2.4.3. Interrupção e Suspensão dos Prazos ................................................................................... 21

2.4.4. Principais Prazos Processuais ................................................................................................... 22

2.5. Despesas Processuais ............................................................................................................................... 24

3. Nulidades. ......................................................................................................................................................... 27

3.1. Classificação dos Vícios Processuais.................................................................................................. 27

3.2. Princípios das Nulidades Processuais ............................................................................................... 28

QUESTÕES COMENTADAS.................................................................................................................................. 37

GABARITO .................................................................................................................................................................... 48

LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................................................... 52

JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................................................................... 55

QUADRO SINÓTICO.................................................................................................................................................. 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................................ 58

2
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Capítulo 3

1. Partes e Procuradores.

1.1. Considerações iniciais


O conceito de sujeitos processuais é mais abrangente que o de partes no processo. Por
sujeitos processuais entendem-se todos aqueles que participam do processo, como autor, réu,
juiz, peritos, advogados, testemunhas, entre outros. Já partes são o autor (Reclamante), que é
quem ingressa com a ação e réu (Reclamada), contra quem se ingressa com a ação.

Confira a tabela com as nomenclaturas do autor e réu em várias fases processuais no Quadro
Sinótico na página 45.

1.2. Capacidade de ser parte


A capacidade de ser parte configura a aptidão para ser titular de direitos e deveres na ordem
civil, também chamada de capacidade de gozo. Essa capacidade é assegurada a todas as pessoas
que nascem com vida, para as pessoas físicas, conforme artigo 2º do Código Civil. Já para as
pessoas jurídicas o Código Civil dispõe, no artigo 45, que estas possuem capacidade para ser
parte com a inscrição do seu ato constitutivo no Cartório. Os entes despersonalizados
(condomínio, espólio, massa falida) também poderão ser parte no processo.

3
1.3. Capacidade Processual
Por capacidade processual devemos entender que esta é a aptidão de que a pessoa (física
ou jurídica) pratique atos processuais sem necessitar de assistência ou representação.

Para as pessoas físicas é necessário que elas possuam capacidade civil plena, que é a
capacidade de ser parte (gozo) aliada à capacidade de fato ou exercício, o que significa que não
pode haver incapacidade, pois os incapazes devem ser assistidos ou representados, conforme
dispõe o Código Civil.

Também é possível se adquirir capacidade plena, antes dos 18 anos através da emancipação,
cujas hipóteses estão tratadas no artigo 5º do Código Civil e que se aplicam ao Processo do
Trabalho, aplicando o entendimento da Doutrina majoritária sobre o assunto.

Na a seara laboral a pessoa, empregador ou empregado, adquirirá a capacidade plena aos


18 anos de idade, nos termos do artigo 402 da CLT.

1.4. Representação
Através da representação aqueles que não puderem figurar diretamente nas ações, por não
possuírem capacidade civil plena, deverão ser assistidos ou representados por outra pessoa em
juízo, como ocorre, por exemplo, com os incapazes, pessoas jurídicas e com os entes
despersonalizados.

1.4.1. Incapazes
Com relação aos incapazes deve ser feita uma análise interdisciplinar, ao se analisar o
dispositivos dos artigos 3º e 4º do Código Civil e 71 do CPC 2015 e assim temos que os menores
de 18 anos são absolutamente incapazes e devem ser representados enquanto que nas
hipóteses de incapacidade relativa as partes deverão ser assistidas, e os representantes legais

4
devem ser os pais, tutores e os curadores. Remetemos o candidato à leitura dos mencionados
dispositivos legais.
Assim, com relação ao critério etário, os menores de 16 anos serão representados, enquanto
os maiores de 16 e menores que 18 anos serão assistidos.

Na seara laboral a regra é diferente! O trabalhador entre 14 e 16 anos será representado.


E será relativamente incapaz o maior de 16 e menor de 18 anos, sendo assistido por seus
representantes legais.

O artigo 793 da CLT traz regra própria acerca da representação do menor de 18 anos na
Justiça do Trabalho, apresentando uma ordem sucessiva: 1º os representantes legais; 2º MPT;
3º Sindicato da categoria; 4º MP Estadual; 5º Curador nomeado em juízo.

1.4.2. Pessoas Jurídicas


As pessoas jurídicas, por tratar-se de uma ficção jurídica, precisam se fazer representar por
algumas pessoas para que possam litigar em juízo. O artigo 75 do CPC, que se aplica ao
Processo do Trabalho, traz o rol dos representantes legais das pessoas jurídicas, a saber:
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado
designar;

5
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não
havendo essa designação, por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade
jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua
filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.
§ 1º Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intimados no

processo no qual o espólio seja parte.


§ 2º A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não poderá opor a
irregularidade de sua constituição quando demandada.

§ 3º O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa jurídica estrangeira


a receber citação para qualquer processo.
§ 4º Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para prática
de ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante
convênio firmado pelas respectivas procuradorias.

A OJ 318 da SDI-I determina que as autarquias e fundações públicas apenas poderão ser
representadas em juízo por procuradores estaduais e municipais se designados pela lei da
respectiva unidade da federação ou se investidos de instrumento de mandato válido.

1.4.3. Representação do Empregado em Audiência


O artigo 843 da CLT afirma que nas audiências trabalhistas deverão estar presentes o
Reclamante e o Reclamado, pessoalmente. Mas a regra prevista acima comporta exceções
trazidas pelo mesmo artigo.
Assim, o Trabalhador (que geralmente é o Reclamante) poderá ser representado na
audiência trabalhista em caso de doença ou motivo poderoso, reclamações plúrimas (são as

6
que possuem vários trabalhadores no mesmo polo processual) e nas ações de cumprimento
(são as ações que servem para exigir que seja cumprida uma decisão estabelecida em dissídio
coletivo, nas convenções ou acordos coletivos).

O principal legitimado para representar o trabalhador em audiência é o sindicato da


categoria profissional a que o empregado pertence, podendo representa-lo em todas as
hipóteses mencionadas (doença, motivo poderoso, reclamações plúrimas e ações de
cumprimento).

Mas em caso de doença ou outro motivo poderoso, o empregado também poderá ser
representado por outro empregado que pertença à mesma profissão.

1.4.4. Representação do Empregador em Audiência


O empregador poderá ser representado em audiência pelo gerente ou por outro preposto
que tenha conhecimento dos fatos e cujas declarações obrigarão o proponente (art. 843, §2º,
CLT).
Ademais, a Reforma Trabalhista (lei nº 13.467/2017) inseriu o §3º ao artigo 843 e agora o
preposto pode ser qualquer pessoa indicada pelo empregador (Reclamada) através do
instrumento nomeado Carta de Preposição, não precisando ser seu empregado.

Cuidado para não confundir na prova: com a Reforma Trabalhista qualquer pessoa pode
figurar como preposto, não sendo obrigado a ser empregado do Reclamado, o que gera a
superação da Súmula 377 do TST.

Antes da Reforma o preposto precisava ser empregado da Reclamada, salvo se a Reclamada


fosse Microempresa, Empresa de Pequeno Porte ou Empregador Doméstico, conforme afirmava
o texto (superado) da Súmula 377 do TST.

7
A ausência do empregador ou de seu preposto em audiência gera a Revelia, que poderá
ser ilidida pela apresentação de atestado médico que determine a impossibilidade de
comparecimento à audiência trabalhista, nos moldes da Súmula 122 do TST.

A Reforma Trabalhista incluiu o §5º ao artigo 844 da CLT e determinou que mesmo que
ausente o reclamado, se estiver presente o advogado na audiência, serão aceitas a contestação
e os documentos eventualmente apresentados, configurando a superação da primeira parte da
Súmula 122 do TST, que determinava que se a Reclamada não estivesse presente na audiência
seria aplicada a revelia, mesmo que estivesse presente o advogado.

Não poderá haver cumulação da atuação do advogado como patrono e preposto da


Reclamada, por vedação expressa do artigo 3º do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia
e da OAB.

1.5. Capacidade Postulatória e Jus Postulandi


Capacidade postulatória é a possibilidade de se postular em juízo, o que geralmente é
assegurado ao advogado o exercício da capacidade postulatória. Mas no Processo do Trabalho
incide o Princípio do Jus Postulandi, que permite que o empregado e o empregador postulem
em juízo pessoalmente, podendo acompanhar suas reclamações até o final, conforme previsto
no artigo 791 da CLT.

As exceções ao jus postulandi na seara laboral podem ser encontradas na Súmula 425 do
TST e, segundo Elisson Miessa1, também não se aplicam nos casos de Embargos de Terceiros,
recursos de peritos e depositários, reclamação (art. 988 do CPC/15), processos de jurisdição
voluntária para homologação de acordos extrajudiciais, relações de trabalho (há divergência,
mas essa é a tese majoritária) e quando extrapolada a seara trabalhista (como ocorre, por

1
Op. Cit. Pág. 322.
8
exemplo, ao se apresentar um recurso extraordinário de competência do STF ou num conflito
de competência a ser decidido pelo STJ).

O jus postulandi pode ser aplicado aos Dissídios Coletivos por força do artigo 791, §2º, da
CLT, que afirma que nesses dissídios é facultada aos interessados a assistência por advogado.

1.6. Representação por Advogado


No processo do trabalho a regra é o jus postulandi, salvo nos casos indicados acima que a
postulação por advogado é obrigatória. Mas as partes, facultativamente, podem optar por
ingressar com suas ações ou apresentar defesa e demais atos processuais através de um
advogado, que deverá apresentar uma Procuração, que é seu instrumento de mandato
expresso através do qual recebe os poderes do cliente para representá-lo em juízo.

Mas também poderá haver mandato tácito (apud acta), pelo qual a parte comparece em
audiência acompanhada do advogado e consta em ata (de audiência) a representação do
advogado e a outorga de seus poderes, nos termos do artigo 791, §3º, CLT.

Quando o advogado estiver investido por mandato tácito não será permitido o
substabelecimento dos poderes a outro advogado, por expressa vedação constante na OJ 200
da SDI-I do TST.

Ao advogado não é permitido postular em juízo sem procuração, sendo o artigo 104 do
CPC 2015 aplicado subsidiariamente ao Processo do Trabalho permitindo que o advogado atue

9
sem mandato em casos urgentes, para evitar preclusão, decadência ou prescrição, devendo
apresentar a procuração no prazo de 15 dias, prorrogáveis por igual prazo a critério do juiz.

Essa atuação será condicional, pois assim que apresentar a Procuração os atos praticados
serão ratificados e, caso não haja protocolo da Procuração os atos serão considerados
ineficazes.

A Súmula 383 do TST abarca as possibilidades de regularização de representação do


advogado na Justiça do Trabalho e, com o advento do CPC 2015, o TST modificou o texto do
item II da Súmula passando a permitir que a regularização ocorra também na fase recursal.
Nesse sentido, também há a previsão da Súmula 395, item V, do TST.

1.6.1. Honorários Advocatícios


A Reforma Trabalhista modificou substancialmente a sistemática dos honorários
advocatícios na Justiça do Trabalho com a redação do artigo 791-A da CLT, cuja leitura é
obrigatória para compreensão do assunto.
Dessa forma, serão devidos honorários advocatícios de sucumbência ao advogado, mesmo
que atue em causa própria, devendo ser fixados pelo juiz entre o mínimo de 5% e máximo
de 15%, que devem ser calculados sobre o valor que resultar da fixação da sentença, do
proveito econômico obtido pela parte ou pelo valor atualizado da causa, se não for possível
mensurar o proveito econômico obtido no processo.

Para que o juiz fixe o valor dos honorários ele deve observar o grau de zelo do profissional,
o lugar de prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo
advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Os honorários advocatícios são devidos nas ações ajuizadas contra a Fazenda Pública, nas
ações em que a parte esteja assistida ou substituída pelo Sindicato de sua categoria, na

10
reconvenção, quando o advogado litigar em causa própria e quando houver sucumbência
recíproca entre as partes ante a procedência parcial da ação, hipótese em que é vedada a
compensação entre os honorários advocatícios devidos ao patrono de cada uma das partes.

De acordo com o previsto no §4º do artigo 791-A da CLT, se o beneficiário da justiça


gratuita for vencido no processo ele poderá pagar honorários advocatícios se tiver obtido em
juízo créditos suficientes para arcar com este gasto, mesmo que o crédito tenha sido oriundo
de outro processo. Caso não tenha obtido em juízo os valores necessários, as obrigações com
honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de
exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação
de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado
esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

Atenção especial ao dispositivo do § 4º do artigo 791-A da CLT e cuidado para não confundir
com os termos propostos no artigo 98, §3º do CPC 2015, que apresentam regras distintas, como
veremos:

CLT – art. 791, §4º CPC – art. 98, §3º


Vencido o beneficiário da justiça gratuita; Vencido o beneficiário;
Desde que não tenha obtido em juízo,
ainda que em outro processo, créditos ...
capazes de suportar a despesa
As obrigações decorrentes de sua As obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade; suspensiva de exigibilidade;

11
E somente poderão ser executadas se, nos E somente poderão ser executadas se, nos
dois anos subsequentes ao trânsito em 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em
julgado da decisão que as certificou; julgado da decisão que as certificou;
Se o credor demonstrar que deixou de Se o credor demonstrar que deixou de
existir a situação de insuficiência de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de recursos que justificou a concessão de
gratuidade, extinguindo-se, passado esse gratuidade, extinguindo-se, passado esse
prazo, tais obrigações do beneficiário. prazo, tais obrigações do beneficiário.

Com a redação do artigo 791-A da CLT, implementada pela Reforma Trabalhista, houve uma
modificação estrutural no instituto dos honorários advocatícios na Justiça do Trabalho, o que
provocou a superação do entendimento sedimentado da Corte Superior Trabalhista sobre a
matéria, que era tratada sobre a sistemática da previsão da Súmula nº 219 do TST, que constitui
leitura obrigatória, atenta e em confronto com o artigo 791-A da CLT.

1.7. Representação das Pessoas Jurídicas de Direito Público


Na seara laboral a representação em juízo da União, dos Estados, Municípios, Distrito
Federal, Autarquias e Fundações Públicas deve ser feita através de seus procuradores que, nos
termos da Súmula 436 do TST, determina que essas entidades de direito público estão
dispensadas da juntada do instrumento de mandato e da comprovação do ato de nomeação,
desde que o signatário se declare exercente do cargo de Procurador, não bastando apenas a
indicação do número da OAB.

12
1.8. Benefício da Justiça Gratuita
O benefício da justiça gratuita é uma forma de assegurar o acesso à justiça do trabalho
dos jurisdicionados que não possuem condições de arcar com os gastos do processo ante a
insuficiência de recursos.

Importante a distinção entre assistência judiciária gratuita (que é gênero) e benefício da


justiça gratuita (que é uma espécie), visto que na assistência judiciária gratuita a parte não arca
com as despesas processuais e também estará isenta do pagamento dos honorários contratuais
de seu advogado, como ocorre no processo comum ao se constituir a Defensoria Pública para
defender os interesses da parte sem recursos financeiros ou com recursos insuficientes.

No Processo do Trabalho, por força do artigo 18 da lei nº 5584/70, a assistência judiciária


gratuita será realizada pelos Sindicatos da respectiva categoria do empregado. Porém, com a
Reforma Trabalhista, que extinguiu a contribuição sindical obrigatória, parte da Doutrina
afirma que não é mais obrigatória a assistência jurídica gratuita pelos Sindicatos, passando a
defesa do hipossuficiente econômico a ser da Defensoria Pública da União, por força da Lei
Complementar 80/94.

O benefício da justiça gratuita foi modificado pela Reforma Trabalhista, que apresentou novos
requisitos para sua concessão. Assim, será facultado aos juízes e Tribunais conceder o benefício,
de ofício ou mediante requerimento, aos jurisdicionados que receberem salário igual ou
inferior a 40% do limite máximo dos benefícios da Previdência Social, bem como àqueles que
comprovarem insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.

13
Se o beneficiário da gratuidade da justiça for sucumbente no objeto da perícia deverá arcar
com os honorários do perito, que será custeado pela União se a parte não obtiver créditos no
processo, ou em outro processo, para assegurar o pagamento, conforme previsto no novo texto
do art. 790-B, caput e §4º, acrescidos pela Reforma Trabalhista.

1.9. Litigância de Má-Fé

A Reforma Trabalhista acrescentou o capítulo IV-A a CLT que trata da responsabilidade das
partes pelos danos processuais, respondendo por perdas danos aquele que litigar de má-fé
como reclamante, reclamado ou interveniente.

Conforme o artigo 793-B da CLT, considera-se litigante de má-fé aquele que deduzir
pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; alterar a verdade dos
fatos; usar do processo para conseguir objetivo ilegal; opuser resistência injustificada ao
andamento do processo; proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do
processo; provocar incidente manifestamente infundado; interpuser recurso com intuito
manifestamente protelatório.

O juiz condenará o litigante de má-fé, de ofício ou mediante requerimento, a pagar uma


multa, que será superior a 1% e inferior a 10% do valor corrigido da causa, devendo ainda
indenizar a parte contrária pelos prejuízos sofridos, com todas as despesas que esta efetuou e
com os honorários advocatícios e se forem vários os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada
um de acordo com seu interesse na causa ou solidariamente.

Mas se o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa a ser fixada pelo juízo poderá
ser de ATÉ duas vezes o limite máximo dos benefícios da Previdência Social.

14
A multa pela litigância de má-fé também se aplica à testemunha que intencionalmente
alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa, por força da
redação do novo artigo 793-D da CLT.

15
2. Atos, Termos e Prazos Processuais.

2.1. Considerações iniciais


Atos processuais são acontecimentos voluntários que ocorrem no processo através da
provocação dos Juízes, das partes e dos auxiliares da justiça e, na Justiça do Trabalho, serão em
regra públicos, podendo se restringir às partes e procuradores quando assim determinar o
interesse social, devendo ser praticados em dias úteis, das 6 às 20 horas.

Os atos processuais praticados pelo juiz constituem-se em despachos, decisões


interlocutórias e sentenças; os atos das partes podem ser realizados através de apresentação
de Petição Inicial, Contestação, Manifestações, Recursos etc; os atos dos serventuários podem
ser citações, intimações, penhoras, notificações, certidões etc.

Conforme previsto no parágrafo único do artigo 770 da CLT, a penhora (que é um ato
processual praticado pelo Oficial de Justiça) pode se realizar aos domingos e feriados, mediante
autorização expressa do juiz. Não confundir com os termos do CPC 2015 (artigo 212, §2º) que
não exige a autorização do juiz para a penhora em domingos e feriados.

No processo judicial eletrônico, por força do artigo 3º, parágrafo único, da lei nº
11.419/2006, serão consideradas tempestivas as petições protocoladas até às 24 horas para
cumprimento de prazo processual.

O regramento celetista acerca dos atos, termos e prazos processuais está insculpido nos
artigos 770 a 782 da CLT e no direito processual comum estão tratados nos artigos 188 a 293
do CPC 2015, sendo todos os artigos de vital importância para o estudo da matéria.

16
2.2. Comunicação dos Atos Processuais
A comunicação dos atos processuais é a forma de dar conhecimento a alguém da existência
e do teor dos atos processuais que foram praticados no processo.

A comunicação poderá ser feita entre juízos, da seguinte forma:

 Carta de ordem – quando um Tribunal hierarquicamente superior se dirige a um


subordinado para que este cumpra uma ordem;
 Carta precatória – É a forma de comunicação entre juízos quando inexiste
hierarquia entre eles;
 Carta rogatória – é a forma de comunicação entre os juízos brasileiros e os juízos
estrangeiros;
 Carta arbitral – é por meio dela que o órgão do Poder Judiciário vai praticar ou
determinar a prática de um ato objeto de pedido de cooperação judiciária
formulado por juízo arbitral, conforme inovação do art. 237 do CPC 2015.

Quando não versar sobre comunicação entre juízos, os atos processuais serão realizadas
através da citação e da intimação, que, no Processo do Trabalho, por causa do caráter
administrativista da criação da CLT de 1943, essas comunicações também são chamadas
indistintamente de NOTIFICAÇÃO pela CLT, mas ora fazendo referência à citação e ora sendo
sinônimo de intimação.

 CITAÇÃO

A citação, segundo o artigo 238 do CPC é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado
ou o interessado para integrar a relação processual, logo, é a primeira comunicação processual
para que o réu tome ciência do teor da “inicial” e integre a lide para poder se defender no
processo. A citação poderá ocorrer através da via postal, por edital, por oficial de justiça e por
meio eletrônico.

A citação postal é a feita pelos Correios e é a regra na fase de conhecimento, como previsto
no artigo 841 da CLT. No processo do trabalho não é obrigatória a citação (notificação) pessoal,
sendo possível que outra pessoa receba a notificação postal de forma válida e eficaz, sendo
presumido o recebimento após 48 horas após a postagem, sendo ônus de prova do destinatário
comprovar o não recebimento (Súmula 16 TST).
17
Pelo §1º do artigo 841 da CLT há a possibilidade de citação por edital, na fase de
conhecimento, quando o reclamado criar embaraços ao recebimento postal ou não for
encontrado, e assim a notificação será publicada no Diário Oficial ou, na falta, afixado na sede
da Junta ou Juízo, sendo possível também sua utilização na fase de Execução, nos moldes do
artigo 880, §3º da CLT, quando o executado, procurado por 2 vezes no espaço de 48 horas, não
for encontrado.

Na fase de conhecimento, não é possível a notificação (citação) por edital no


Procedimento Sumaríssimo por expressa vedação do artigo 852-B, II, da CLT, que incumbe ao
autor a indicação correta do nome e do endereço do Reclamado.

A citação por oficial de justiça é a regra na fase de Execução (e não a citação postal) e está
prevista pormenorizadamente no artigo 880 da CLT. Em que pese ser aplicada principalmente
na fase de execução Trabalhista, poderá haver a citação por oficial de justiça na fase de
conhecimento quando houver determinação neste sentido pelo juiz.

Mas para a citação da União, Estados, Municípios, DF, MPU e DPU, se a mesma não ocorrer
por meio eletrônico, esta deverá ser feita através do oficial de justiça através da citação dos
representantes pessoais do ente, mesmo que na fase de conhecimento.

Nas provas objetivas é comum que o examinador afirme que a citação por oficial de justiça
é restrita à fase de Execução, por força do artigo 880 da CLT se referir expressamente a esta
fase processual, estando correta a afirmação.

18
A citação ainda poderá ser realizada através de meio eletrônico quando as empresas
públicas e privadas (exceto ME e EPP), União, Estados, Municípios, DF e entidades da
Administração Pública Indireta possuírem cadastros nos sistemas de processo em autos
eletrônicos que habilite o recebimento e o acesso à integra do processo, o que se configura
como vista pessoal do interessado para todos os fins legais, devendo o ato também ser
publicado no Diário Oficial (lei nº 11.419/2006 e arts. 9º e CPC, art. 246).

 INTIMAÇÃO

Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo
conforme previsto no artigo 269 do CPC 2015.

A intimação pode ocorrer pelo Diário Oficial ou Diário de Justiça eletrônico, que é a regra
do Processo do Trabalho, e será feita em nome do advogado das partes e, como trata a Súmula
427 do TST se houver na petição pedido expresso para intimação em nome de um advogado
específico, a comunicação processual feita em nome de outro advogado será nula, salvo de
constatada a inexistência de prejuízo.

A notificação do MPT será sempre pessoal e nos autos, não podendo ser feita pelo Diário
Oficial.

A intimação das partes ainda poderá ser feita pelos Correios, pelo oficial de justiça, por
intimação eletrônica no PJE e por intimação na audiência, por força do artigo 843 da CLT que
dispõe que as partes serão intimadas das decisões nas próprias audiências em que forem
proferidas.

2.3. Termos Processuais


Termo significa a redução escrita de um ato, consistindo na reprodução gráfica de um ato
processual. Na praxe forense é comum se ouvir a expressão “reduzir a termo”, que configura a
transcrição para um documento dos atos processuais realizados, por exemplo, em audiência.
Está previsto, mesmo que timidamente, na CLT nos artigos 771, 772 e 773 e também na aplicação
subsidiária dos artigos 206 a 211 do CPC 2015.

19
Os atos e termos processuais poderão ser escritos a tinta, datilografados ou a carimbo,
devem ser assinados pelas partes interessadas e, quando estas, por motivo justificado, não
possam fazê-lo, serão firmados a rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas, sempre que não
houver procurador legalmente constituído e os termos relativos ao movimento dos processos
constarão de simples notas, datadas e rubricadas pelos secretários ou escrivães.

2.4. Prazos Processuais


Tendo em vista que o processo deve respeitar a duração razoável e a celeridade, ele não
pode ter duração eterna, servindo os prazos processuais como um mecanismo para o
andamento do processo para frente.

Assim, prazo processual corresponde ao lapso temporal estabelecido para a prática, ou


não, de um ato processual.

Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite2, os prazos processuais podem ser classificados
quanto:

 À origem de sua fixação: podendo ser legais, para os prazos fixados em lei, judiciais,
para os estabelecidos pelos juízes e convencionais, que são os acordados entre as
partes.
 À natureza: São os prazos dilatórios, que comportam ampliação por convenção
estabelecida entre as partes e peremptórios, que são aqueles que não comportam
ampliação ou redução (salvo o estabelecido no art. 222 do CPC 2015 e art. 775 da
CLT).
 Aos destinatários: Dividem-se em próprios, que são os prazos destinados às partes
e impróprios, que são os prazos destinados aos juízes e seus servidores.

Acerca do descumprimento dos prazos processuais, remetemos o leitor ao capítulo 1 do


material que trata do Princípio da Preclusão e suas espécies.

2 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,

2019. Página 439.

20
2.4.1. Princípios dos Prazos Processuais
Os prazos processuais são informados pelo Princípio da Utilidade, pelo qual os prazos
devem ser úteis e adequados para a prática do ato processual, pelo Princípio da
Inalterabilidade, segundo o qual os prazos peremptórios são inalteráveis (como regra geral) e
Princípio da Preclusão Temporal, que após escoado o lapso temporal determinado pela lei ou
pelo juiz, a parte não poderá mais praticar o ato processual.

2.4.2. Contagem dos Prazos Processuais

Aduz o artigo 775 da CLT que os prazos processuais no Processo do Trabalho serão contados
em dias úteis, com a exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento.
Exemplificando: Uma parte é notificada dia 17/04, quinta-feira, para responder a um despacho
em 5 dias. Assim o dia do começo é o dia que fora recebida a intimação, dia 17/04, que será
excluído, passando a contar o prazo da parte apenas do primeiro dia útil subsequente. Logo, o
prazo, neste caso, só começará a contar do dia 18/04, sexta-feira, não sendo computado no
sábado e domingo, voltando a transcorrer na segunda-feira, dia 21/04 e finalizando dia 24/04,
quinta-feira, pois não houve feriado forense nesse transcurso de prazo.

Acerca dos prazos processuais, é indispensável a leitura das Súmulas nº 1, 30, 197 e 387 do
TST.

A contagem dos prazos no processo eletrônico tem sua sistemática estabelecida pela lei
nº 11.419/2005 que determina que a data de publicação seja o primeiro dia útil seguinte à
disponibilização da decisão no Diário Oficial e a contagem do prazo só tem início um dia útil
após esta data considerada de publicação, e, se não houver consulta no prazo de 10 dias
corridos, será presumida a intimação da parte, conforme previsto nos parágrafos dos artigos 4º
e 5º da mencionada lei.

2.4.3. Interrupção e Suspensão dos Prazos

Uma vez iniciado curso do prazo processual, regra geral ele correrá até seu final, sem pausas
ou interrupções, sendo permitida a prorrogação do prazo quando o juiz entender necessário e
em virtude de força maior, devidamente comprovada, podendo ainda, haver a suspensão ou
interrupção dos prazos processuais, nas hipóteses previstas em lei.
21
Por interrupção entende-se a hipótese em que o prazo que já iniciou será devolvido
integralmente à parte, recomeçando pelo seu início no primeiro dia útil após o término do fato.
Exemplo: De uma sentença será cabível Embargos de Declaração e Recurso Ordinário. Opostos
os ED´s no prazo de 05 dias, interrompe-se o prazo de interposição do RO, que se inicia
novamente do zero após a intimação da decisão dos Embargos de Declaração, voltando a fluir
o prazo de 8 dias úteis para apresentação do RO.

Na suspensão dos prazos processuais curso do prazo é paralisado durante o período da


suspensão, voltando a correr no primeiro dia útil subsequente a paralisação, voltando a correr
de onde parou. É o que ocorre no caso da suspensão processual ocorrida no prazo do recesso
forense, que vai de 20 de dezembro a 20 de janeiro (art. 220 CPC) também na Justiça do
Trabalho. Assim, exemplificando, uma sentença foi proferida na quarta-feira, 18/12/2019, tendo
o início da contagem do prazo de 08 dias na quinta-feira, 19/12/2019. Como no dia 20/12/2019
começou o recesso forense, o prazo restante (de sete dias úteis) ficará suspenso, voltando a
correr no dia 21/01/2019 e terminando em 29/01/2020.

2.4.4. Principais Prazos Processuais

Ato Processual Prazo Fundamento Legal


Razões Finais 10 minutos Art. 850 da CLT
Contestação Verbal 20 minutos Art. 847 da CLT
Duração máxima da 5 horas, salvo se houver
Art. 813 da CLT
audiência matéria urgente
Manifestação do exceto em
24 horas Art. 800 da CLT
exceção de incompetência
Encaminhamento da Petição
48 horas Art. 841 da CLT
Inicial ao Reclamado
Audiência para Instrução e
Julgamento da exceção de 48 horas Art. 802 da CLT
Suspeição e impedimento
Pagamento ou nomeação de
48 horas Art. 884 da CLT
bens à penhora

22
Art. 2º, § 2º, da Lei
Pedido de Revisão 48 horas
5.584/70
Primeira desimpedida depois
Realização de Audiência de 5 dias contados do Art. 841 da CLT
recebimento da notificação.
Redução a termo de
5 dias Art. 786, PU da CLT
Reclamação Verbal
5 dias a contar da notificação
Exceção de incompetência Art. 800 da CLT
e antes da audiência
Embargos de Declaração 5 dias Art. 897-A, da CLT
5 dias contados da garantia
Embargos à Execução Art. 844 da CLT
do juízo
Recurso Ordinário 8 dias Art. 895 da CLT
Recurso de Revista 8 dias Art. 896 da CLT
Embargos ao TST 8 dias Art. 894 da CLT
Agravo de Petição 8 dias Art. 897, “a”, da CLT
Agravo de Instrumento 8 dias Art. 897, “b”, da CLT
Art. 769 da CLT e art. 997
Recurso adesivo 8 dias
do CPC 2015
Recurso Extraordinário Arts. 102, III, da CF/88 e
e Recurso adesivo ao 15 dias 266, § 1º, do Regimento
RExtraordinário Interno do TST
Inquérito Judicial para 30 dias contados da
Art. 853 da CLT
Apuração de Falta Grave suspensão do empregado
Embargos à Execução para
30 dias Lei 9.494/97, art. 1º-B
Fazenda Pública
120 dias contados da ciência Art. 23, da Lei nº
Mandado de Segurança
do ato impugnado 12.016/2009
2 anos contados do término Arts. 7º XXIX da CF/88 e
Prescrição Bienal
do contrato de trabalho 11 da CLT
Arts. 7º XXIX da CF/88 e
5 anos contados do
Prescrição Quinquenal 11 da CLT e Súmula 308
ajuizamento da ação
do TST

23
2 anos contados do dia
Art. 975 do CPC e Súmula
Ação rescisória subsequente ao trânsito em
100, I, do TST
julgado
Litisconsortes com
Não tem prazo em dobro. OJ 310, SDI-I do TST
Procuradores Diferentes
Ações que tenham por
objeto anotações na carteira
Não se sujeitam a prazo
de trabalho para fins de Art. 11, §1º da CLT
prescricional
prova junto à Previdência
Social

2.5. Despesas Processuais


As despesas processuais correspondem aos gastos financeiros do processo que devem ser
suportados pelos que dele participam. Despesa processual é o gênero, que possui como espécies
as custas, os emolumentos, os honorários dos peritos e assistentes, o depósito recursal, dentre
outros.

As custas processuais possuem a natureza jurídica de taxa paga ao Estado pelas partes em
decorrência do exercício da função jurisdicional, que no caso da Justiça do Trabalho serão
depositadas na Conta única da União.

Nos dissídios individuais e coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência


da Justiça do Trabalho e nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da
jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2%
(dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e o
máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social,
e serão calculadas sobre o valor estipulado em acordo ou em condenação, sobre o valor que o
juiz fixar em caso de valor da causa indeterminado e pelo valor da causa quando houver extinção
do processo sem julgamento do mérito, quando o pedido for julgado totalmente improcedente
e no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva.

24
A Reforma Trabalhista, ao modificar o artigo 789 da CLT estipulou o valor máximo das custas
que podem ser pagas na Justiça do Trabalho, que se limitam ao valor de quatro vezes o “teto”
dos benefícios previdenciários pagos pela Previdência Social.

As custas serão pagas pela parte vencida, após o trânsito em julgado da decisão e, em caso
de recurso, as custas serão pagas e comprovado o seu recolhimento dentro do prazo recursal
(art. 789, § 1º, CLT). Se a condenação no processo não for líquida, o juiz irá arbitrar um valor
para tanto e determinar o valor das custas a serem recolhidas pela parte.

Com relação aos dissídios coletivos as partes vencidas responderão solidariamente pelas
custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão proferida pelo órgão colegiado ou pelo
seu Presidente (art. 789, § 4º, CLT). Na fase de execução, as custas processuais serão recolhidas
pelo executado, ao final, em valor previamente estipulado no artigo 789-A da CLT

Estão isentos do pagamento de custas os beneficiários da gratuidade de justiça, a União,


os Estados, os Municípios, o DF e as respectivas autarquias e fundações públicas que não
explorem atividade econômica, o Ministério Público do Trabalho e a massa falida.

Cumpre esclarecer que, nos termos do artigo 790-A, parágrafo único, da CLT e da Súmula
nº 86 do TST, os órgãos de fiscalização da atividade profissional e as empresas em liquidação
extrajudicial não são dispensados do recolhimento das custas, devendo efetuar seu
pagamento de acordo com a fase do Processo do Trabalho.

25
O parágrafo segundo do artigo 844 da CLT foi acrescentado pela Reforma Trabalhista e
afirma que na hipótese de ausência do reclamante à Audiência Trabalhista, este será condenado
ao pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 da CLT, mesmo que este Reclamante
seja beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de 15 dias, que a ausência
ocorreu por motivo legalmente justificável.

Os honorários periciais também são espécies de despesas processuais, só que neste caso o
artigo 790-B da CLT determina que a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais
é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça
gratuita. Assim, quem “perder” a perícia será o responsável pelo seu pagamento ao perito,
podendo o juízo do trabalho deferir o parcelamento dos honorários periciais.

Outrossim, não poderá o juiz exigir o adiantamento do recolhimento dos valores devidos
para a realização da perícia, pois, com a Reforma Trabalhista, ela passou a ter a responsabilidade
pelo seu pagamento determinada só após a apresentação do Laudo Pericial, para que se avalie
qual parte foi sucumbente no objeto da perícia, para que só após haja o recolhimento dos
valores devidos.

26
3. Nulidades.

3.1. Classificação dos Vícios Processuais


O Direito Processual do Trabalho é regido pelo Princípio da Simplicidade, mas existem
formalidades que devem ser seguidas conforme previsão legal, sob pena de ocorrerem os vícios
processuais, que segundo Élisson Miessa3 podem ser classificados nas seguintes espécies:

 Atos Inexistentes – que são os atos praticados que não possuem os elementos
mínimos para sua formação. Ex.: sentença proferida e assinada por quem não é juiz;
 Nulidade Absoluta – é quando ocorre a violação de uma norma de ordem pública,
que é um vício insanável e que não admite convalidação, podendo ser reconhecido
de ofício pelo juiz ou mediante requerimento a qualquer tempo. Nos termos do artigo
10 do CPC, antes de pronunciar a nulidade absoluta o juiz deve oportunizar o
contraditório substancial.
 Nulidade Relativa – ela decorre da violação de uma norma que interesse às partes.
Para sua declaração pelo juiz é necessário o requerimento da parte, que deverá alegar
a nulidade na primeira oportunidade de se manifestar nos autos, sob pena de
preclusão.
 Irregularidade – é o vício que não gera nenhum efeito para o processo, como quando
o processo é numerado errado.

Mesmo a incompetência absoluta podendo ser alegada a qualquer tempo, por tratar-se de
nulidade absoluta, a OJ 62 da SDI-1 do TST determina que nos recursos de natureza

3
Op. Cit. Págs. 521 e 522.
27
extraordinária na esfera trabalhista (Recurso de Revista e Embargos à SDI) é necessário o
prequestionamento, ainda que se trate de incompetência absoluta.

3.2. Princípios das Nulidades Processuais


A CLT trata de diversos princípios que devem ser observados no Processo do Trabalho acerca
das nulidades processuais.

O artigo 794 da CLT trata do Princípio da Transcendência ou Prejuízo e afirma que nos
processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos
atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes. Ou seja, segundo este princípio não
haverá declaração de nulidade se não houver a configuração de prejuízo às partes, por força do
aproveitamento dos atos processuais válidos.

Pelo Princípio da Convalidação ou da Preclusão4, o artigo 795 da CLT determina que:

Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as

quais deverão argüi-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos
autos.

§ 1º - Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência


de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios.

§ 2º - O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma ocasião, que

se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade competente, fundamentando


sua decisão.

O Princípio da Economia Processual, previsto no artigo 796 da CLT, determina que as


nulidades não sejam pronunciadas quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato.

Já o Princípio do Interesse afirma que a nulidade não será declarada quando for alegada
por quem lhe tiver dado causa, pois ninguém poderá se beneficiar da própria torpeza,
provocando uma nulidade apenas para proveio próprio (art. 796, “b”, CLT). Cumpre esclarecer
que o Princípio do Interesse só se aplica às nulidades relativas que devem ser suscitadas pelas

4
Sobre o Princípio da Preclusão remetemos o leitor ao Capítulo 1 do material.
28
partes, não sendo aplicadas às nulidades absolutas, que podem ser declaradas de ofício pelo
juiz.

Nos termos do artigo 797 da CLT os juízes ou Tribunais que pronunciarem a nulidade
declararão os atos a que ela se estende, pois segundo o Princípio da Utilidade a declaração de
nulidade do ato processual precisa ser útil ao processo, visto que pelo Princípio do
Aproveitamento deve-se buscar o aproveitamento dos atos processuais já praticados, evitando
a declaração de nulidades.

O Princípio da Causalidade, disposto no artigo 798 da CLT, leciona que a nulidade do ato
processual não prejudicará senão os atos posteriores que dele dependam ou sejam
consequência.

29
QUADRO SINÓTICO

PARTES5

Procedimento/ Fase Processual Autor Réu

Reclamação Trabalhista Reclamante Reclamado

Recursos Recorrente, Agravante Recorrido, Agravado

Liquidação Liquidante Liquidado

Execução Exequente/credor Executado/devedor

Embargos à Execução Embargante Embargado

Dissídio Coletivo Suscitante Suscitado

Mandado de Segurança e habeas


Impetrante Impetrado
corpus

Inquérito para apuração de falta


Requerente Requerido
grave

5
Tabela extraída do livro Processo do Trabalho para Concursos de Élisson Miessa, pg. 310.
30
DAS PARTES E PROCURADORES
Aptidão para ser titular de direitos e deveres na ordem civil,
CAPACIDADE DE SER
podendo ser pessoas físicas, pessoas jurídicas e também os
PARTE
entes despersonalizados.
CAPACIDADE Aptidão da pessoa física ou jurídica de praticar atos
PROCESSUAL processuais sem necessitar de assistência ou representação.
Aqueles que não possuírem capacidade civil plena deverão ser
REPRESENTAÇÃO
assistidos ou representados por outra pessoa em juízo.
O trabalhador entre 14 e 16 anos será representado. E será
MENORES NA JUSTIÇA
relativamente incapaz o maior de 16 e menor de 18 anos,
DO TRABALHO
sendo assistido por seus representantes legais.
REPRESENTAÇÃO DE 1º os representantes legais; 2º MPT; 3º Sindicato da
MENORES NA JUSTIÇA categoria; 4º MP Estadual; 5º Curador nomeado em juízo.
DO TRABALHO
- Nas audiências trabalhistas deverão estar presentes o
REPRESENTAÇÃO DO Reclamante e o Reclamado, pessoalmente.
EMPREGADO EM - O trabalhador poderá ser representado em caso de doença
AUDIÊNCIA ou motivo poderoso, reclamações plúrimas e nas ações de
cumprimento.
- O empregador poderá ser representado em audiência pelo
REPRESENTAÇÃO DO gerente ou por outro preposto que tenha conhecimento dos
EMPREGADOR EM fatos e cujas declarações obrigarão o proponente;
AUDIÊNCIA - qualquer pessoa pode figurar como preposto, não sendo
obrigado a ser empregado do Reclamado.
Poderá ser ilidida pela apresentação de atestado médico
AFASTAMENTO DA
que determine a impossibilidade de comparecimento à
REVELIA
audiência trabalhista.
Permite que o empregado e o empregador postulem em juízo
PRINCÍPIO DO JUS
pessoalmente, podendo acompanhar suas reclamações até o
POSTULANDI
final.
- Ação Rescisória;
EXCEÇÕES AO JUS
- Mandado de Segurança;
POSTULANDI
- Recursos para o TST;

31
- Ação Cautelar;
- Embargos de Terceiros;
- Recursos de peritos e depositários;
- Reclamação (art. 988 do CPC/15);
- Processos de jurisdição voluntária para homologação de
acordos extrajudiciais;
- Relações de trabalho (divergência);
- extrapolada a seara trabalhista.
A Procuração é seu instrumento de mandato expresso através
do qual recebe os poderes do cliente para representá-lo em
REPRESENTAÇÃO POR
juízo. Mas também poderá haver mandato tácito (apud acta).
ADVOGADO
Existe possibilidade de regularização de representação do
advogado na Justiça do Trabalho inclusive na fase recursal.
Serão devidos honorários advocatícios de sucumbência ao
advogado, mesmo que atue em causa própria, devendo ser
fixados pelo juiz entre o mínimo de 5% e máximo de 15%,
que devem ser calculados sobre o valor que resultar da
fixação da sentença, do proveito econômico obtido pela
HONORÁRIOS
parte ou pelo valor atualizado da causa, se não for possível
ADVOCATÍCIOS
mensurar o proveito econômico obtido no processo.
Se o beneficiário da justiça gratuita for vencido no processo
ele poderá pagar honorários advocatícios se tiver obtido em
juízo créditos suficientes para arcar com este gasto, mesmo
que o crédito tenha sido oriundo de outro processo.
A representação em juízo da União, dos Estados, Municípios,
Distrito Federal, Autarquias e Fundações Públicas deve ser
REPRESENTAÇÃO DAS feita através de seus procuradores que estão dispensados da
PESSOAS JURÍDICAS DE juntada do instrumento de mandato e da comprovação do
DIREITO PÚBLICO ato de nomeação, desde que o signatário se declare
exercente do cargo de Procurador, não bastando apenas a
indicação do número da OAB.
Facultada a concessão do benefício pelos juízes e Tribunais,
BENEFÍCIO DA JUSTIÇA
de ofício ou mediante requerimento, aos jurisdicionados que
GRATUITA
receberem salário igual ou inferior a 40% do limite

32
máximo dos benefícios da Previdência Social, bem
como àqueles que comprovarem insuficiência de recursos
para o pagamento das custas do processo.
O juiz condenará o litigante de má-fé, de ofício ou mediante
requerimento, a pagar uma multa, que será superior a 1% e
inferior a 10% do valor corrigido da causa e se o valor da
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser de ATÉ
duas vezes o limite máximo dos benefícios da Previdência
Social.

ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS.


Na Justiça do Trabalho, serão em regra públicos, podendo se
restringir às partes e procuradores quando assim determinar o
ATOS PROCESSUAIS
interesse social, devendo ser praticados em dias úteis, das 6
às 20 horas.
COMUNICAÇÃO DOS Forma de dar conhecimento a alguém da existência e do teor
ATOS PROCESSUAIS dos atos processuais que foram praticados no processo.
- Carta de ordem – Tribunal hierarquicamente superior se
dirige a um subordinado;
- Carta precatória – É a forma de comunicação entre juízos
A COMUNICAÇÃO
quando inexiste hierarquia entre eles;
PROCESSUAL ENTRE
- Carta rogatória – é a forma de comunicação entre os juízos
ENTRE JUÍZOS
brasileiros e os juízos estrangeiros;

- Carta arbitral – é por meio dela que o órgão do Poder


Judiciário vai praticar ou determinar
É o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o
interessado para integrar a relação processual.
CITAÇÃO
A citação poderá ocorrer através da via postal, por edital, por
oficial de justiça e por meio eletrônico.
Ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos
INTIMAÇÃO
do processo.

33
A intimação das partes poderá ser feita pelo Diário Oficial,
Correios, pelo oficial de justiça, por intimação eletrônica no
PJE e por intimação na audiência.
TERMOS Redução escrita de um ato, consistindo na reprodução gráfica
PROCESSUAIS de um ato processual.

- Quanto à origem de sua fixação: legais, para os prazos


fixados em lei, judiciais, estabelecidos pelos juízes e
convencionais, acordados entre as partes.
- Quanto à natureza: São os prazos dilatórios, comportam
CLASSIFICAÇÃO DOS ampliação por convenção entre as partes e peremptórios, que
PRAZOS PROCESSUAIS
são aqueles que não comportam ampliação ou redução, regra
geral;
- Quanto aos destinatários: próprios, os prazos destinados às
partes e impróprios os prazos destinados aos juízes e
servidores.

- Princípio da Utilidade - os prazos devem ser úteis e


adequados;
PRINCÍPIOS DOS PRAZOS
- Princípio da Inalterabilidade – os prazos peremptórios são
PROCESSUAIS
inalteráveis (como regra geral);
- Princípio da Preclusão Temporal.
Serão contados em dias úteis, com a exclusão do dia do
começo e inclusão do dia do vencimento.
A contagem dos prazos no processo eletrônico determina
CONTAGEM DOS PRAZOS
que a data de publicação seja o primeiro dia útil seguinte à
PROCESSUAIS
disponibilização da decisão no Diário Oficial e a contagem do
prazo só tem início um dia útil após esta data considerada de
publicação.
PRINCIPAIS PRAZOS Ver tabela na página 22.
PROCESSUAIS
Relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de
CUSTAS 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 e o
máximo de quatro vezes o teto dos benefícios do RGPS.

34
Nos dissídios coletivos as partes vencidas responderão
solidariamente pelas custas, calculadas sobre o valor arbitrado
na decisão proferida pelo órgão colegiado ou pelo seu
Presidente.
Na fase de execução, as custas processuais serão recolhidas
pelo executado, ao final, em valor previamente estipulado no
artigo 789-A da CLT.
Estão isentos do pagamento de custas os beneficiários da
gratuidade de justiça, a União, os Estados, os Municípios, o
DF e as respectivas autarquias e fundações públicas que não
explorem atividade econômica, o Ministério Público do
Trabalho e a massa falida.
Não são dispensados do recolhimento das custas os órgãos
de fiscalização da atividade profissional e as empresas em
liquidação extrajudicial.
A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é
HONORÁRIOS PERICIAIS da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda
que beneficiária da justiça gratuita.

35
NULIDADES
- Atos Inexistentes – atos praticados que não possuem os
elementos mínimos para sua formação;
- Nulidade Absoluta – violação de uma norma de ordem pública,
CLASSIFICAÇÃO DOS
VÍCIOS podendo ser reconhecido de ofício pelo juiz ou mediante

PROCESSUAIS requerimento a qualquer tempo;


- Nulidade Relativa – ela decorre da violação de uma norma que
interesse às partes, mediante requerimento;
- Irregularidade – Não afeta o processo.

- Princípio da Transcendência ou Prejuízo - processos sujeitos à


apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando
resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes;
- Princípio da Convalidação ou da Preclusão - As nulidades não
serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais
deverão arguí-las à primeira vez em que tiverem de falar em
audiência ou nos autos;
- Princípio da Economia Processual - As nulidades não serão
pronunciadas quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o
PRINCÍPIOS DAS
ato;
NULIDADES
- Princípio do Interesse - a nulidade não será declarada quando
PROCESSUAIS
for alegada por quem lhe tiver dado causa, pois ninguém poderá se
beneficiar da própria torpeza;
- Princípio da Utilidade - a declaração de nulidade do ato
processual precisa ser útil ao processo;
- Princípio do Aproveitamento - deve-se buscar o aproveitamento
dos atos processuais já praticados, evitando a declaração de
nulidades;
- Princípio da Causalidade - A nulidade do ato processual não
prejudicará senão os atos posteriores que dele dependam ou sejam
consequência.

36
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Área Judiciária) Analisando o
normativo previsto na Consolidação das Leis do Trabalho quanto à nomeação de advogado com
poderes para o foro em geral na Justiça do Trabalho,

A) dá-se pela juntada prévia de instrumento de procuração, com firma devidamente reconhecida.

B) a nomeação poderá ser efetivada mediante simples registro em ata de audiência, a


requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada.

C) apenas o trabalhador poderá reclamar sem a presença de advogado, uma vez que o princípio
do jus postulandi somente se aplica à parte hipossuficiente.

D) o advogado pode atuar sem que lhe sejam exigidos poderes outorgados pela parte, em razão
da previsão legal do jus postulandi.

E) nos dissídios coletivos é obrigatória aos interessados a assistência por advogado constituído
necessariamente por instrumento de mandato, com firma devidamente reconhecida.

Comentário:

A resposta da questão é extraída do artigo 791,§3º da CLT que menciona que a


constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada,
mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado
interessado, COM anuência da parte representada.

37
Questão 2

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Quanto às
partes e procuradores que figuram no Processo do Trabalho, a Consolidação das Leis do
Trabalho estabelece:

A) A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada,
mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado,
com anuência da parte representada.

B) Nos dissídios coletivos, é obrigatória aos interessados a assistência por advogado.

C) No processo do trabalho não é admitida a acumulação de várias reclamações em um mesmo


processo, ainda que haja identidade de matéria e se tratem de empregados da mesma empresa
ou estabelecimento.

D) Os empregadores não poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e


acompanhar as suas reclamações até o final.

E) A reclamação trabalhista do menor de 21 anos será feita por seus representantes legais e, na
falta destes, apenas pelo sindicato ou curador nomeado em juízo.

Comentário:

Essa questão da FCC trata do mesmo tema da questão 1, também elaborada pela mesma
banca. Disso, extraímos que para a FCC é bom ter o Art. 791, §3º da CLT fixo na cabeça! Rsrsrs....

Segundo esse artigo, a constituição de procurador com poderes para o foro em


geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a
requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada.

38
Questão 3

(FCC - 2018 - TRT - 15ª Região (SP) - Técnico Judiciário) Osmar, advogado, pretende ingressar
com reclamação trabalhista em causa própria contra sua empregadora a Construtora MG Ltda.,
pleiteando horas extras e danos morais que entende devidos. No tocante aos honorários
advocatícios,

A) no caso de sucesso da demanda, serão devidos honorários de sucumbência a Osmar, fixados


entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que resultar a liquidação da sentença.

B) mesmo que seja julgada totalmente procedente a demanda, não serão devidos honorários
de sucumbência a Osmar, uma vez que está atuando em causa própria, já sendo beneficiário da
condenação.

C) somente no caso de procedência total da demanda, fará jus Osmar a honorários de


sucumbência.

D) no caso de sucesso da demanda, serão devidos honorários de sucumbência a Osmar, fixados


entre o mínimo de 10% e o máximo de 20% sobre o valor que resultar a liquidação da sentença.

E) não são devidos honorários de sucumbência nas ações trabalhistas, exceto se Osmar
estivesse assistido por advogado de seu sindicato de classe, quando este teria este direito.

Comentário:

A Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) implementou o artigo 791-A à CLT, pelo qual
prevê que são devidos honorários de sucumbência ao advogado no Processo do Trabalho,
mesmo que atundo em causa própria, que deve ser fixado entre 5% e 15% sobre o valor da
liquidação da sentença, do proveito econômico ou do valor atualizado da causa.

Não confundir com os honorários de sucumbência do Processo Civil, que serão fixados
entre 10% e 20%.

39
Questão 4

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Área Judiciária) Urano ingressou
com reclamatória trabalhista pretendendo receber adicional de periculosidade e horas extras em
face da empresa que trabalha. Na audiência UNA designada foi requerida a prova técnica pericial
e a oitiva de testemunhas por carta precatória. O juiz deferiu apenas a realização da prova
pericial, encerrando a instrução processual e designando julgamento. Inconformado, o patrono
de Urano pode alegar nulidade processual

A) em qualquer fase do processo, por se tratar de nulidade fundada em incompetência de foro.

B) apenas em grau de recurso, por se tratar de nulidade fundada em incompetência de


prerrogativa.

C) em qualquer momento do processo, quando arguida por quem lhe tiver dado causa.

D) no prazo de cinco dias após a realização da audiência, por meio de agravo de instrumento.

E) à primeira vez em que tiver de falar em audiência ou nos autos, em razão do princípio da
preclusão.

Comentário:

Sobre as nulidades, vejamos o que diz a CLT:

Art. 795: As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as
quais deverão argui-las à PRIMEIRA VEZ em que tiverem de falar em audiência ou nos autos.

Art. 796: A nulidade NÃO SERÁ pronunciada:

b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa.

Questão 5

40
(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Técnico Judiciário - Tecnologia da Informação) Márcio,
advogado, teve o seu contrato de trabalho rescindido pela sua empregadora, a empresa “A”.
Em razão do recebimento de valor menor que o devido, Márcio ajuizou reclamação trabalhista,
advogando em causa própria. Nesse caso, no tocante aos honorários de sucumbência da
mencionada reclamação trabalhista, sobre o valor que resultar da liquidação da sentença do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa,

A) em caso de procedência total do pedido, serão devidos honorários de sucumbência a Márcio,


ainda que esteja atuando em causa própria, sendo fixados entre o mínimo de 10% e o máximo
de 15%.

B) mesmo em caso de procedência total do pedido, não serão devidos honorários de


sucumbência a Márcio porque o mesmo está atuando em causa própria.

C) na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca,


podendo ocorrer a compensação entre os honorários.

D) em caso de procedência total do pedido, serão devidos honorários de sucumbência a Márcio,


ainda que esteja atuando em causa própria, sendo fixados entre o mínimo de 10% e o máximo
de 20%.

E) em caso de procedência total do pedido, serão devidos honorários de sucumbência a Márcio,


ainda que esteja atuando em causa própria, sendo fixados entre o mínimo de 5% e o máximo
de 15%.

Comentário:

Para responder à questão vamos analisar dois artigos da CLT:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários
de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que resultar
da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.

41
Art. 791-A, §3º: Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de
sucumbência recíproca, proibida a compensação entre os honorários.

Questão 6

( FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Técnico Judiciário - Tecnologia da Informação) De


acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho, o curso do prazo processual nos dias
compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro,

A) não incluso esse último dia, suspende-se, sendo permitida a realização de audiências e
sessões de julgamento durante tal lapso de tempo.

B) inclusive, interrompe-se, sendo que, durante tal lapso de tempo, não se realizarão audiências
nem sessões de julgamento.

C) inclusive, interrompe-se, sendo que, durante tal lapso de tempo, é permitido que sejam
realizadas audiências e sessões de julgamento.

D) inclusive, suspende-se, sendo que, durante tal lapso de tempo, não se realizarão audiências
nem sessões de julgamento.

E) não incluso esse último dia, interrompe-se, sendo vedada a realização de audiências e sessões
de julgamento durante o prazo suspenso.

Comentário:

Os prazos processuais podem ser suspensos ou interrompidos. Na suspensão, o prazo


para e volta a contar de onde estava antes. Na interrupção, o prazo para e, quando retornar,
vai recomeçar a contagem do início.

A resposta está na CLT, artigo 775-A, vejamos:

Art. 775-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20
de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

42
§ 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de
julgamento.

É importante lembrar também que:

Súmula nº 262 do TST: “II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do
Tribunal Superior do Trabalho suspendem os prazos recursais. ”

Questão 7

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa)
Com base nos atos e prazos processuais estabelecidos na Consolidação das Leis Trabalhistas e
pautados na Lei nº 13.467/2017, assinale a alternativa correta.

A) Os atos processuais serão públicos, salvo quando o contrário determinar o interesse social, e
realizar-se-ão nos dias úteis das 8 (oito) às 18 (dezoito) horas.

B) Os prazos serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia
do vencimento.

C) Os atos processuais serão públicos, salvo quando o contrário determinar o interesse social, e
realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 18 (dezoito) horas.

D) Os prazos serão contados em dias úteis, com inclusão do dia do começo e exclusão do dia
do vencimento.

E) Os prazos são contínuos, contados com a exclusão do dia do começo e inclusão do dia do
vencimento.

Comentário:

Vejamos o que expõe a CLT. Sobre o tema é importante a leitura dos seguintes
artigos:

Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o
interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
43
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com
exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento.

Questão 8

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário) Mercedes ingressou com reclamação
trabalhista contra sua ex-empregadora, a Empresa de Alimentos Tudo de Bom Ltda., pleiteando
diferenças de verbas rescisórias e danos morais. O processo tramita de modo eletrônico e foi
proferida sentença julgando procedente a ação e deferindo as diferenças pretendidas, mas
omitindo-se no tocante ao pedido de danos morais. A disponibilização da informação da
sentença para os advogados das partes ocorreu no Diário Oficial no dia 3/5, uma quinta-feira.
Pretendendo o advogado de Mercedes ingressar com Embargos de Declaração para suprir a
omissão do julgado, o último dia para sua interposição, considerando que não houve feriados
naquele mês, será dia

A) 8/5.

B) 16/5.

C) 10/5.

D) 9/5.

E) 11/5.

Comentário:

Devemos atentar para os comandos do enunciado da questão para evitar eventuais


pegadinhas de prova:

- O processo tramita no PJE – Processo Judicial Eletrônico;

- Disponibilização da decisão no Diário Oficial: Dia 03/05, quinta-feira;

44
- Recurso a ser apresentado (oposto): Embargos de Declaração;

- Inexistência de feriado local no mês em curso.

O artigo 897-A prevê que o prazo dos Embargos de Declaração é de 05 dias (úteis). Ademais,
como o processo tramita no PJE, o artigo 4º da lei nº 11.419/2005 determina que a data de
publicação seja o primeiro dia útil seguinte à disponibilização da decisão no Diário Oficial e a
contagem do prazo só tem início um dia útil após esta data considerada de publicação. Assim
temos:

- Data de disponibilização no Diário Oficial: Quinta-feira, dia 03/05;

- Data da publicação: Sexta-feira, 04/05;

- Início da contagem do prazo: Segunda-feira, 07/05;

- Prazo dos Embargos de Declaração: 05 dias úteis;

- Prazo Final para oposição dos Embargos de Declaração: Sexta-feira, dia 11/05.

Questão 9

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Área Judiciária) A empresa Minerva & Atena Cia do
Saber foi acionada em reclamatória trabalhista e recebeu a notificação da sentença por oficial
de justiça em um sábado. Segundo as regras da Consolidação das Leis do Trabalho e a
jurisprudência sumulada do Tribunal Superior de Trabalho, para recurso, considerando não haver
feriado naquele mês, o início do prazo e o início da contagem, serão, respectivamente,

A) na segunda-feira.

B) segunda-feira e terça-feira.

C) no sábado.

D) sábado e segunda-feira.

E) sábado e terça-feira.

45
Comentário:

Conforme a súmula 262 do TST: I - Intimada ou notificada a parte no SÁBADO, o início


do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subsequente.

Caso a intimação tenha se dado em dia útil, a regra é simples: o início do prazo foi o
da intimação e a contagem se dá no primeiro dia útil subsequente. Por outro lado, caso tenha
se dado em dia não útil, o início do prazo não será o da intimação, mas o do primeiro dia
subsequente, e a contagem no outro dia subsequente útil, como é o caso da questão.

Questão 10

(FCC - 2017 - TRT - 11ª Região (AM e RR) - Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador
Federal) Considere: I. Recurso Ordinário ao Tribunal Regional do Trabalho da 11a Região. II.
Ação rescisória. III. Mandado de segurança. IV. Agravo de Petição ao Tribunal Regional do
Trabalho da 11a Região. De acordo com o entendimento Sumulado do TST, o jus postulandi
das partes estabelecido no artigo 791 da CLT, alcança os indicados APENAS em

A) I, III e IV.

B) I e IV.

C) II e III.

D) I, II e IV.

E) I e III.

Comentário:

O jus postulandi é a possibilidade das próprias partes irem a juízo, ou seja, é a


possibilidade do ingresso judicial sem a representação dos advogados.

46
Conforme art. 791 da CLT: “os empregados e os empregadores poderão reclamar
pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar suas reclamações até o final”.

Há também uma Súmula do TST sobre o tema:

Súmula 425: “O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às
Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a
ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do
Trabalho”.

Macete de exceção: AMAR

AÇÃO CAUTELAR

MANDADO DE SEGURANÇA

AÇÃO RESCISÓRIA

RECURSOS AO TST(RECURSO DE REVISA E EMBARGOS AO TST)

47
GABARITO

Questão 1 - B

Questão 2 - A

Questão 3 - A

Questão 4 - E

Questão 5 - E

Questão 6 - D

Questão 7 - B

Questão 8 - E

Questão 9 - B

Questão 10 - B

48
QUESTÃO DESAFIO

Considere a situação-problema abaixo e responda:

Em uma ação civil pública, movida pelo Ministério Público do


Trabalho, a fim de proibir um fazendeiro de impor trabalho escravo

a trabalhadores presos em sua fazenda, o juiz do trabalho


requisitou ao delegado de polícia local uma viatura e dois agentes
de polícia, a fim de adentrar em tal fazendo e libertar os
trabalhadores, em cumprimento a uma decisão liminar que o
mesmo juiz havia proferido na dita ação. Tal diligência seria
acompanhada por dois procuradores do trabalho e dois oficiais de
justiça, devidamente munidos do mandado do juiz.

O delegado, porém, se recusou a colocar a viatura e os agentes à


disposição do juiz do trabalho, alegando que se tratava de matéria
criminal, fora de sua competência, e que ele não era obrigado a
cumprir ordem ilegal do juiz.

Diante dessa resposta, o juiz foi à delegacia, acompanhado dos


oficiais de justiça dos procuradores do trabalho e ordenou a prisão
do delegado por crime de desobediência, além de determinar aos
policiais que o acompanhassem na viatura policial à fazenda, para
darem cumprimento à liminar.

49
O procedimento do juiz, quanto à prisão do delegado e à
requisição da viatura, foi correto? Fundamente.

Máximo de 5 linhas

50
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

O juiz agiu corretamente quanto à prisão e à requisição da viatura, pois o delegado


incorreu em flagrante delito, podendo o juiz, como qualquer do povo, dar a voz de prisão
(art. 301, CPP). A requisição da viatura e agentes se enquadra dentro do poder de polícia
do juiz (arts. 139, VII e 360 CPC).

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

No caso em tela, o juiz proferiu uma determinação legal de que o delegado disponibilizasse
pessoal e viatura para a diligência, diante de um ilícito praticado na esfera de sua competência
(art. 114, I da CF/88; art. 83, III da LC 75/95).

Esta é uma situação comum na esfera trabalhista, sendo respaldada pela possibilidade legal
de inspeção judicial (art. 481 do CPC), e enquadrando-se no poder de polícia do juiz (arts. 139,
VII e 360, III, do CPC).

Por fim, ressalte-se que a jurisprudência trabalhista é consolidada no sentido de que o


Ministério Público do Trabalho possui legitimidade para propor ação civil pública a fim de
defender direitos ou interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos (Súmula nº 2 do
TRT-14; Súmula nº 5 do TRT-12).

A questão não trata de competência criminal para julgamento de crime de redução à


condição análoga à de escravo. Importante salientar também, que segundo entendimento do
STF, a Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar ações penais (STF.
Plenário. ADI 3684, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 11/05/2020).

O que ocorre é que, diante do não cumprimento da determinação legal do juiz, o delegado
incorre em flagrante delito, podendo o juiz, como qualquer do povo, dar voz de prisão (art. 301
do CPP), não se tratando de ato privativo de autoridade que possua competência criminal.

51
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Das Partes e dos Procuradores:


 Súmula: 219, 286, 329, 377, 425, 383, 395, 436, 456, 463 do TST;
 Orientação jurisprudencial: 7, 75, 200, 255,269, 286, 318, 319, 349, 371 e 374, 421,
da SDI-I do TST e 151 da SDI-II do TST;
 CLT: arts. 402, 790 a 793-D, 842 e 843;
 CPC/15: arts. 18, 71, 75, 77, 78, 80, 81, 96, 104, 105;
 CC: arts. 2 a 5, 45, 653;
 CF/88: arts. 5º, 8º.
 Regulamento geral do Estatuto da advocacia e OAB: art. 3º.
 Lei 5.484/70: Arts. 14 e 18.
 Lei 11.419/2006

Atos e Prazos Processuais:


 Súmulas: 01, 16, 25, 30, 36, 53, 86, 170, 197, 245, 262, 385, 387, 427 e 463
do TST.
 Orientações jurisprudenciais: 33, 1 92, 140 e 158 da SDI-I do TST; OJ 146 da SDI-II
do TST.
 CLT: Título X, capítulo II, sessões I a III;

Nulidades:
 CLT: Art. 794 a 798;
 CPC: Art. 188, Art. 276 a 283.

 Súmula 286, TST

SINDICATO. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVOS.

52
A legitimidade do sindicato para propor ação de cumprimento estende-se também à observância de acordo
ou de convenção coletivos.

 Súmula 383, TST

RECURSO. MANDATO. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. CPC DE 2015, ARTS. 104 E 76, § 2º (nova redação
em decorrência do CPC de 2015) - Res. 210/2016, DEJT divulgado em 30.06.2016 e 01 e 04.07.2016.

I – É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos autos até o momento da sua
interposição, salvo mandato tácito. Em caráter excepcional (art. 104 do CPC de 2015), admite-se que o advogado,
independentemente de intimação, exiba a procuração no prazo de 5 (cinco) dias após a interposição do recurso,
prorrogável por igual período mediante despacho do juiz. Caso não a exiba, considera-se ineficaz o ato praticado
e não se conhece do recurso.

II – Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal, em procuração ou substabelecimento


já constante dos autos, o relator ou o órgão competente para julgamento do recurso designará prazo de 5 (cinco)

dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a

providência couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber


ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de 2015).

 Súmula 395, TST

MANDATO E SUBSTABELECIMENTO. CONDIÇÕES DE VALIDADE

I - Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que contém cláusula estabelecendo a
prevalência dos poderes para atuar até o final da demanda (§ 4º do art. 105 do CPC de 2015).

II – Se há previsão, no instrumento de mandato, de prazo para sua juntada, o mandato só tem validade se
anexado ao processo o respectivo instrumento no aludido prazo.

III - São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes expressos
para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do Código Civil de 2002).

IV - Configura-se a irregularidade de representação se o substabelecimento é anterior à outorga passada ao


substabelecente.

V – Verificada a irregularidade de representação nas hipóteses dos itens II e IV, deve o juiz suspender o processo
e designar prazo razoável para que seja sanado o vício, ainda que em instância recursal.

 Súmula 1, TST

PRAZO JUDICIAL.

53
Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o
prazo judicial será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá

no dia útil que se seguir.

 Súmula 436, TST

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. PROCURADOR DA UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL, SUAS


AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS. JUNTADA DE INSTRUMENTO DE MANDATO

I - A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando representadas
em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de instrumento de mandato
e de comprovação do ato de nomeação.

II - Para os efeitos do item anterior, é essencial que o signatário ao menos declare-se exercente do cargo de
procurador, não bastando a indicação do número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

 OJ 200, SDI-1, TST

MANDATO TÁCITO. SUBSTABELECIMENTO INVÁLIDO

É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.

 Súmula 463, TST

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO

I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração
de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com
poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);

II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de

impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo.

 Súmula 457, TST

HONORÁRIOS PERICIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. RESPONSABILIDADE DA UNIÃO PELO


PAGAMENTO. RESOLUÇÃO Nº 66/2010 DO CSJT. OBSERVÂNCIA.

A União é responsável pelo pagamento dos honorários de perito quando a parte sucumbente no objeto da

perícia for beneficiária da assistência judiciária gratuita, observado o procedimento disposto nos arts. 1º, 2º e 5º
da Resolução n.º 66/2010 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho – CSJT.

54
JURISPRUDÊNCIA

Justiça Gratuita

 TST-ERR-11237-87.2014.5.18.0010, SBDI-I, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, 2.2.2017. (Info. TST
nº 151).

O fato de o reclamante ter recebido quantia vultosa (R$ 1.358.507,65) decorrente de verbas rescisórias e de
indenização oriunda de adesão a plano de demissão voluntária não é suficiente para elidir a presunção de
veracidade da declaração de pobreza por ele firmada.

 TST-RO-76-80.2013.5.06.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 6.3.2018.(Info. TST nº


173).

A presunção legal que decorre da declaração de hipossuficiência econômica é relativa, de modo que pode ser

afastada por elementos constantes dos autos ou por prova em sentido contrário. No caso em apreço, o
autor teve indeferido seu pedido de gratuidade de justiça pela Corte Regional ao fundamento
de que, quem oferta o segundo maior lanço em hasta realizada no processo principal,
destinada à alienação de imóvel de elevado valor, e, no próprio dia do leilão, deposita a

quantia de R$ 1.340.000,00, não faz jus à referida benesse.

Litigância de Má-Fé

 TST-ED-E-RR- 17554-76.2014.5.16.0004, SBDI-I, Min. Walmir Oliveira da Costa, 16.11.2017 (Info.


TST nº 168).

Embargos de declaração. Alegação de fato superveniente. Documento com data anterior ao ajuizamento da
reclamação trabalhista. Inovação ilegal no estado de fato da lide. Litigância de má-fé. Configuração. Considera-se
litigância de má-fé o fato de a parte, em sede de embargos de declaração, sob a alegação de existência de fato
superveniente, apresentar documento com data anterior ao ajuizamento da reclamação trabalhista, sem alegar o
justo impedimento a que se refere a Súmula nº 8 do TST. Assim, configurada a inovação ilegal no estado de fato
da lide, a SBDI-I, por maioria, reputou o embargante litigante de má-fé e o condenou ao pagamento à embargada
de multa de 2% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 81, caput, do CPC de 2015.

55
Honorários Advocatícios de Sucumbência

 TSTRR-222-16.2018.5.21.0005, 4ª Turma, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, julgado em
6.11.2019 (Info. TST nº 211).

1. Uma das alterações mais simples e impactantes que a reforma trabalhista de 2017 introduziu no Processo
do Trabalho foi a imposição do pagamento de honorários advocatícios também por parte do trabalhador

reclamante (CLT, art. 791 -A). 2. A inovação seguiu na linha evolutiva do reconhecimento amplo do direito à
percepção de honorários sucumbenciais por parte dos advogados, tanto à luz do novo CPC quanto das alterações
da Súmula 291 do TST, reduzindo as restrições contidas na Lei 5.584/70, que os limitavam aos casos de assistência
judiciária por parte do sindicato na Justiça do Trabalho. 3. Por outro lado, um dos objetivos da mudança, que
implicou queda substancial das demandas trabalhistas, foi coibir as denominadas "aventuras judiciais", nas quais o
trabalhador pleiteava muito mais do que efetivamente teria direito, sem nenhuma responsabilização, em caso de

improcedência, pelo ônus da contratação de advogado trazido ao empregador. Nesse sentido, a reforma trabalhista,
em face da inovação, tornou o Processo do Trabalho ainda mais responsável. 4. No caso do beneficiário da Justiça
Gratuita, o legislador teve a cautela de condicionar o pagamento dos honorários à existência de créditos judiciais
a serem percebidos pelo trabalhador, em condição suspensiva de até 2 anos do trânsito em julgado da ação em
que foi condenado na verba honorária (CLT, art. 791 -A, § 4º).

Comunicação dos Atos Processuais

 TST-E-ED-RR-4-54.2013.5.07.0004, SBDI-I, rel. Min. Breno Medeiros, 18.10.2018 (Info. TST nº 185).

No processo do trabalho, a notificação por via postal não se sujeita à pessoalidade, bastando o
encaminhamento para o endereço correto da parte reclamada. Assim, não há falar nulidade por ausência de
identificação do recebedor no aviso de recebimento (AR). Sob esse fundamento, a SBDI-I, por maioria, conheceu
dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes provimento para, afastando a nulidade da
citação declarada na decisão recorrida, restabelecer o acórdão do Tribunal Regional e determinar o retorno dos
autos à Turma, para que prossiga no julgamento das matérias que restaram prejudicadas em sede de recurso de
revista.

56
57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDES, Simone Soares. Processo do Trabalho: Coleção Resumos para concursos. 2ª ed. rev., atual. e amp.
Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e do STJ anotadas e organizadas por assunto. 5ª Ed. rev.,

atual. e ampl. Salvador: Jus Podivm, 2019.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito.. 6ª Ed. rev., atual. e ampl.
Salvador: Jus Podivm, 2019.

CORREIA, Henrique. Manual da Reforma Trabalhista. Salvador: Ed. Juspodivm, 2018.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. CLT Organizada. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,

2019.

MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

MIZIARA, Raphael; LENZA, Breno. Jurisprudência Trabalhista: principais decisões do TST, STF e STJ organizadas

por assunto. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

NAHAS, Thereza e MIZIARA, Raphael. Impactos da reforma trabalhista na jurisprudência do TST - São Paulo :
Editora Revista dos Tribunais, 2017.

SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada [livro eletrônico]. 2. ed. São Paulo : Thomson Reuters Brasil,
2018.

58
TRIBUNAIS

Direito Processual do
Trabalho
Capítulo 4
SUMÁRIO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO, Capítulo 4...................................................................................... 3

1. Dissídio Individual. ......................................................................................................................................... 3

1.1. Reclamação trabalhista (Petição Inicial) .............................................................................................. 3

1.1.1. Requisitos da Reclamação Trabalhista .................................................................................... 5

1.1.2. Aditamento e Emenda da Petição Inicial ............................................................................... 7

1.1.3. Desistência da Reclamação Trabalhista .................................................................................. 8

1.1.4. Indeferimento da Inicial................................................................................................................. 8

2. Audiência Trabalhista. .................................................................................................................................. 9

2.1. Considerações iniciais ................................................................................................................................. 9

2.2. Comparecimento das Partes em Audiência ................................................................................... 12

2.3. Trâmite da Audiência ............................................................................................................................... 12

2.4. Ausência das Partes à Audiência ........................................................................................................ 14

3. Acordo Judicial ............................................................................................................................................... 24

4. Homologação de acordo Extrajudicial ............................................................................................... 27

5. Resposta do Réu. .......................................................................................................................................... 28

5.1. Considerações Iniciais .............................................................................................................................. 28

5.2. Contestação .................................................................................................................................................. 29

5.3. Reconvenção ................................................................................................................................................ 32

5.4. Exceções ......................................................................................................................................................... 33

5.4.1. Exceção de Incompetência Territorial .................................................................................. 34

5.4.2. Exceção de Suspeição e Impedimento ................................................................................ 35

QUADRO SINÓTICO.................................................................................................................................................. 37

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................................... 50


1
GABARITO .................................................................................................................................................................... 62

LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................................................... 66

JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................................................................... 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................................ 72

2
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Capítulo 4

1. Dissídio Individual.

1.1. Reclamação trabalhista (Petição Inicial)


O Princípio da inércia, do dispositivo ou demanda é de observância obrigatória no direito
processual, pois é por causa dele que o Estado só poderá atuar quando houver provocação da
A provocação da demanda é feita pela Petição Inicial, que é a peça formal que rompe a inércia
do Judiciário e individualiza os sujeitos da lide e limita os pedidos da demanda.

A prestação jurisdicional só poderá ser realizada pelo Magistrado após a proposição da


Petição Inicial pelo interessado. Contudo, após a iniciativa da parte, o Estado detém ampla
liberdade para prosseguir o processo, prezando sempre pela celeridade processual, inerente ao
Processo do Trabalho, podendo determinar o cumprimento de qualquer diligência que se faça
necessária para o andamento da lide, independentemente de ser provocado ou não,
prosseguindo-se pelo impulso oficial (Princípio Inquisitório).

No âmbito do processo trabalhista, a petição inicial é denominada de reclamação


trabalhista, podendo ser ajuizada pessoalmente pelas partes através do exercício do jus
postulandi, como já visto no capítulo 1 e 3, que, nos termos da Súmula 425 do TST as partes
podem pessoalmente acompanhar seus processos até o final, salvo no caso de Ação Cautelar,
Ação Rescisória, Mandado de Segurança e Recursos de Competência do TST (também existem
outras hipóteses apresentadas no capítulo 3) ou por meio de seus patronos, e pelos sindicatos
de classe. A Reclamação Trabalhista (RT) poderá ser verbal ou escrita (art. 840, da CLT). A
Reclamatória Trabalhista verbal será distribuída antes de sua redução a
termo (Art. 786, da CLT) e observará os mesmos requisitos da Reclamatória escrita (art. 840, §

3
2º, da CLT). Uma vez distribuída a Reclamação Trabalhista de forma verbal, o reclamante deverá,
salvo motivo de força maior, apresentar-se, no prazo máximo de 05 dias ao cartório ou
secretaria, para reduzi-la a termo (art. 786, parágrafo único, da CLT), sob pena de ficar impedido
de ajuizar nova Reclamação Trabalhista pelo prazo de 06 meses, ao que se chama de
Perempção Trabalhista e se encontra previsto no artigo 731 da CLT.

O artigo 485, V, do CPC 2015 afirma que a Perempção extingue o direito de ação da parte
em razão do abuso em seu exercício, e, assim, a Perempção Trabalhista consiste na perda do
direito de ação do Reclamante pelo abuso em seu exercício, e ocorre em duas possibilidades:
quando se apresenta uma Reclamação Trabalhista verbal e não comparece à Vara do Trabalho
para reduzi-la a termo no prazo de 05 dias e quando o Reclamante der causa a dois
arquivamentos seguidos da Reclamação Trabalhista ante o não comparecimento à audiência.

Na Reclamação Verbal a redução a termo será assinada pelo escrivão ou chefe de secretaria
e pelo reclamante, sendo emitida em 02 vias, sendo uma delas para o processo e a outra será
encaminhada para o reclamado juntamente com a notificação. Por sua vez, a Reclamação escrita
deverá ser formulada em duas vias e é necessário estar acompanhada de todos os documentos
em que se fundar.

4
Pelo que dispõe os artigos 853 e 856 da CLT, tanto no inquérito para a apuração de falta
grave, quanto no dissídio coletivo, obrigatoriamente, a reclamação deverá ser escrita!

Quando houver mais de uma Vara do Trabalho em determinada localidade no âmbito da


jurisdição de um Tribunal Regional do Trabalho, deverá haver um setor de distribuição, que
ficará encarregado da distribuição das ações trabalhistas devendo respeitar a ordem rigorosa de
protocolo.

1.1.1. Requisitos da Reclamação Trabalhista

As petições iniciais possuem requisitos obrigatórios para sua validade, que são tratadas no
artigo 319 do CPC 2015 ao falar dos requisitos da estrutura da inicial (no que houver
compatibilidade com o Processo do Trabalho), bem como são apresentados pela CLT em seu
artigo 840. Em razão do princípio da celeridade e da simplicidade, o processo do trabalho tem
menos exigências para a provocação da jurisdição.

O art. 840, §1º. CLT elenca os requisitos para a propositura da reclamatória trabalhista, que
deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de
que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu
valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.

Através da leitura do referido artigo, verifica-se que a especificação de provas e a opção do


autor pela realização ou não da audiência de conciliação foram dispensadas, ao contrário do
que dispõe os incisos VI e VII do artigo 319 do CPC 2015.

5
Como existe omissão da CLT e também por causa da incompatibilidade com a celeridade
inerente ao Processo do Trabalho não são requisitos da Petição Inicial o requerimento para
citação do Réu, visto a notificação já deve ser expedida em até 48 horas após o ajuizamento, e
a necessária especificação de provas, que deverão ser produzidas na Audiência Trabalhista.

Dentre os requisitos da Reclamação Trabalhista merecem destaque dois requisitos: O valor


da causa e o pedido.

 Valor da causa - Há dissenso na doutrina a respeito da obrigatoriedade do valor da


causa no processo do trabalho. Parte dela entende que este requisito não é essencial
para a propositura da demanda, vez que o art. 840 não o exige. A outra parte defende
a sua obrigatoriedade, visto que, embora não previsto, este determina o rito do
procedimento. Ademais, com o advento da reforma trabalhista, o referido artigo da
legislação trabalhista passou a exigir que, além do pedido ser certo e determinado,
deverá haver a indicação do seu valor. Logo, conclui-se que o valor da causa é
requisito indispensável para a propositura da demanda. Outrossim, a atribuição do
valor da causa na Petição Inicial serve, no Processo do Trabalho, para delimitação do
Rito Processual a ser adotado: Procedimento Sumário para as causas até 2 salários-
mínimos; Procedimento Sumaríssimo para as causas entre 2 e 40 salários-mínimos;
Procedimento Ordinário para causas acima de 40 salários-mínimos. 1

Em alguns casos o valor da causa não poderá determinar o Rito a ser adotado,
como por exemplo, nas demandas inferiores à 40 salários-mínimos que envolvam a

1
Vide questão 5
6
Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional não poderão tramitar sob
o Procedimento Sumaríssimo, por expressa vedação do artigo 852-A, parágrafo
único, CLT.

 Pedido - Como explanado anteriormente, a Reforma Trabalhista passou a exigir que


o pedido seja certo, determinado e que tenha a indicação do seu valor. Caso não
seja observado tal requisito, será julgado extinto sem a resolução do mérito (Art. 840,
§3º da CLT).

Antes da vigência da Reforma Trabalhista a necessidade de apresentação de pedidos


líquidos na Reclamação Trabalhista era exclusiva para os processos submetidos ao Rito
Sumaríssimo. Mas após a vigência da lei nº 13.467/2017 todas as petições iniciais trabalhistas
possuem como requisito do artigo 840, §1º, CLT, a apresentação de PEDIDO CERTO,
DETERMINADO e com o VALOR DA CAUSA.

1.1.2. Aditamento e Emenda da Petição Inicial

O ordenamento jurídico atualmente vem entendendo a possibilidade do aditamento da


Reclamação, sem a anuência da reclamada, na Audiência Inaugural, desde que antes do
momento da apresentação da resposta, sendo concedida a ré a oportunidade de modificar a
sua defesa com relação aos pedidos que foram aditados, sendo redesignada uma nova data
para a realização da audiência. Após a apresentação da contestação, mesmo que de forma
eletrônica, o aditamento da Inicial somente será possível com a anuência do réu.

Devido à omissão da CLT em se tratando da Emenda à Inicial, aplica-se subsidiariamente o


CPC, que determina que a Emenda seja realizada quando houver vício ou irregularidade,
devendo o Magistrado indicar com precisão o que deve ser corrigido ou complementado pela
parte, como previsto na Súmula 263 do TST.

7
A Súmula nº 415 do TST teve sua redação alterada em virtude do CPC 2015 e determina que
pelo fato de o Mandado de Segurança exigir prova documental pré-constituída, a ele não se
aplica a Emenda à Inicial quando se tratar de ausência de documento indispensável à sua
propositura ou de sua identificação.

1.1.3. Desistência da Reclamação Trabalhista

É cabível a desistência do autor da Reclamação Trabalhista, que será realizada de forma


unilateral quando a iniciativa do Reclamante não depender da anuência do Reclamado e será
bilateral quando depender da concordância deste, mesmo que seja de forma eletrônica.

1.1.4. Indeferimento da Inicial

A Petição Inicial Trabalhista será indeferida quando houver a existência de um vício


insanável, que está previsto nas hipóteses enumeradas pelo Código de Processo Civil em seu
artigo 330, que se aplica supletivamente ao Processo do Trabalho, pelo qual o Magistrado
proferirá uma sentença sem resolução do mérito, que deve ser atacada pela parte prejudicada,
o autor, através do Recurso Ordinário. Se o vício for sanável, o juiz deve conceder o prazo de
15 dias para o autor corrigir a irregularidade.

Cumpre salientar que é passível a retratação do Magistrado no indeferimento da Petição


Inicial, ante a celeridade inerente ao Processo do Trabalho, e deverá reformar a decisão de
indeferimento da Inicial no prazo de 05 dias.

8
2. Audiência Trabalhista.

2.1. Considerações iniciais


A Audiência Trabalhista se configura como um ato solene e formal, que é o momento da
prática de vários atos processuais (defesa, instrução, oitiva de testemunhas, razões finais e
sentença) sobre a presidência do Juiz do Trabalho, no qual se reúnem as partes, testemunhas e
demais auxiliares no processo.

Por não se aplicar o despacho saneador no Processo do Trabalho, Em regra, o Juiz do


Trabalho terá o primeiro contato com a Ação Trabalhista na Audiência Inicial, inclusive o TST
entende não ser aplicável o art. 334 do CPC/2015, que trata da audiência prévia para tentativa
de conciliação, já que a legislação trabalhista prevê um regramento próprio.

De acordo com o artigo 813 da CLT, as audiências serão públicas, realizadas em dias úteis
previamente fixados, entre 08h00 e 18h002, não podendo ultrapassar 5 horas seguidas, salvo
quando houver matéria urgente. Além disso, as audiências serão realizadas na sede do Juízo ou
Tribunal, mas excepcionalmente poderão realizar-se em outro local mediante edital fixado na
sede do juízo com, no mínimo, 24 HORAS de antecedência (Art. 813, § 1º, da CLT).

Com relação às sessões de julgamento nos Tribunais, as mesmas ocorrerão das 14 às 17


horas, tendo a possibilidade de prorrogação em caso de necessidade.

O artigo 815 da CLT prevê a tolerância de 15 minutos para o atraso do juiz ou presidente.
3Se após esse lapso temporal ele não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se e o
ocorrido deverá constar no livro de registro de audiências, o que permite a expedição de

2
Vide questão 8
3
Vide questão 4
9
certidão para as pessoas que a requererem (artigo 817, parágrafo único, CLT).

Contudo, na Audiência Trabalhista não há tolerância de atraso para as partes (e seus


advogado), de acordo com a OJ 245, da SDI-I do TST.4

O artigo 815 da CLT determina que na hora marcada para audiência trabalhista, o juiz ou
presidente declarará aberta a audiência e o secretário ou escrivão (servidores) realizarão a
chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer, o que é conhecido
como “pregão” da audiência.

O juiz ou presidente é o responsável por manter a ordem na audiência, podendo determinar


que se retirem do recinto aqueles que a perturbarem, como trata o artigo 816 da CLT.

Em todos os procedimentos existente no Processo do Trabalho (Sumário, Sumaríssimo e


Ordinário) a defesa deve ser apresentada em audiência, que deve ser aduzida no prazo de 20
minutos, caso a parte opte por apresentação de defesa oral.

No Processo Judicial Eletrônico, aduz a Resolução nº 136 do CSJT (Conselho Superior da


Justiça do Trabalho), em seu artigo 29, que os advogados credenciados no PJE deverão
encaminhar eletronicamente a contestação, reconvenção ou exceção, e os respectivos
documentos, antes da realização da audiência, podendo atribuir sigilo à peça de defesa e
facultada à apresentação de defesa oral, por 20 minutos, conforme o disposto no art. 847 da
CLT.

A audiência será a primeira data desimpedida depois de 05 dias da notificação (art. 841,
CLT), ou seja, entre a data do recebimento da notificação e a da data da audiência deverá
decorrer pelo menos 05 dias, sendo este o prazo para a elaboração da defesa.

4
Vide questão 2
10
Atentar que a Administração Pública Direta, as Autarquias e Fundações de Direito Público,
o Ministério Público do Trabalho e os Correios possuem prazos diferenciados para
apresentação de defesa processual.

Em regra, toda audiência será una, no entanto, pode o magistrado não praticar todos os
atos em uma única audiência, postergando para uma data posterior, caso demonstre estrita
necessidade, o que na prática forense a divisão é chamada de audiência de Conciliação (e aqui
não confundir com a audiência prevista no artigo 334 do CPC) e audiência de Instrução.

- Primeira data desimpedida após 05 dias da notificação


- Realizada na sede da Vara do Trabalho e, excepcionalmente, em
outro local previamente designado
- Duração de até 05 horas seguidas, salvo matéria urgente
Audiência - Realizada entre 08 e 18 horas
Trabalhista - As partes devem comparecer pessoalmente e apresentar suas
testemunhas
- Tolerância de atraso de 15 minutos do Juiz (não se aplica às
partes)
- A defesa deve ser apresentada em audiência

11
2.2. Comparecimento das Partes em Audiência
Com relação ao comparecimento das partes em audiência, é importante destacar que no
Processo do Trabalho a regra é que devem comparecer em audiência, pessoalmente, tanto o
reclamante quanto o reclamado. No entanto, a CLT dispõe algumas hipóteses em que eles
podem se fazer representar em audiência.

O empregado que por doença ou outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não
puder comparecer em audiência poderá fazer-se substituir/representar por outro empregado
que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato, conforme expõe o Art. 843, § 2º, da
CLT. Neste caso, a jurisprudência entende que o representante não poderá transigir, confessar,
desistir, renunciar e etc., comparecendo em audiência apenas para evitar o arquivamento do
processo. Já o empregador poderá fazer-se representar em qualquer caso por um gerente ou
outro preposto, cujas declarações obrigarão o reclamado (Art. 843, §1º, da CLT). Vide súmula
377 do TST.

Como já abordado no capítulo 3, com o advento da Reforma Trabalhista, foi inserido o §3º
no art. 843 da CLT, informando que não há necessidade de que o preposto
faça parte do quadro de funcionários da empresa, bastando apenas que ele tenha conhecimento
dos fatos, alterando totalmente o entendimento da súmula 377 do TST.

2.3. Trâmite da Audiência


No horário previamente designado para o início da audiência, o juiz instituirá o pregão, que
o ato formal de chamamento das partes para que ingressem na sala de audiências.

Iniciada a sessão, o juiz fará a primeira tentativa de conciliação. Quando realizado o acordo,
será lavrado termo de conciliação, sendo fixada uma multa pelo o seu descumprimento, que
deverá ser assinado pelas partes e pelo juiz, consignando-se o prazo e as demais condições
para o cumprimento do acordado, de acordo com o que estabelece o art. 846 da CLT.

Porém, se não for possível a conciliação, ocorrerá a leitura da petição inicial, quando esta
não for dispensada por ambas as partes (é de praxe a dispensa de tal leitura), e depois, conforme

12
art. 847 da CLT, a apresentação da defesa em 20 minutos, de forma oral ou escrita, que é mais
comum ou ainda pelo PJE.

Terminada a defesa, o processo seguirá para fase de instrução e a audiência seguirá com o
depoimento das partes (Art. 848, da CLT), e oitiva de testemunhas, peritos e técnicos (art.
848, § 2º, da CLT).

Em seguida, poderão as partes aduzir razões finais, no prazo de 10 minutos para cada uma,
de acordo com o artigo 850 da CLT. Todavia, é muito comum na praxe forense trabalhista a
apresentação de razões finais por escrito (em memoriais), através da concessão de prazo às
partes, pelos Juízes, para tal manifestação.

No Procedimento Sumaríssimo, não há observância desses prazos, pois as partes NÃO


apresentam Razões Finais.

Após as razões finais o juiz renovará a proposta de conciliação e proferirá sentença,


também conforme previsto no artigo 850 da CLT, que poderá ocorrer na própria audiência, no
qual as partes já saem com ciência do teor e intimadas para apresentação de recursos ou
posteriormente, oportunidade em que as partes devem ser intimadas para conhecimento do
teor da decisão e para apresentar recurso, se for o caso.

Os atos processuais deverão ser registrados em ata, conforme estabelece o artigo 851,
caput, da CLT. Mas, não só os atos, todos os fatos relevantes, como as ausências, atrasos,
requerimentos, protestos para evitar a preclusão, providências determinadas pelo juiz, e etc.,
deverão constar em ata. Tal ata será assinada pelo juiz (art. 851, §2º, da CLT), e juntada no
processo no prazo improrrogável de 48 horas, contado da audiência de julgamento.

13
No PJE as audiências serão sempre reduzidas a termo, ainda que gravadas em áudio e vídeo,
e o arquivo digital, será assinado pelo magistrado, impossibilitando a sua alteração, e enviado
ao PJe após o término da audiência, impedindo também a sua alteração.

Se houver a celebração de acordo com a ausência da assinatura imediata do arquivo


eletrônico, as partes podem requerer a ata impressa, assinada manualmente por elas e pelo juiz,
e então, digitalizada e inserida no PJE.

Quanto ao trâmite da audiência no procedimento sumaríssimo, a audiência é UNA,


conforme previsto no artigo 852-C da CLT. Assim, todos os atos ocorrerão em regra, em uma
única data, e todas as provas serão produzidas em audiência, ainda que não requeridas
previamente pelas partes.

2.4. Ausência das Partes à Audiência


Como já estudado, a regra no Processo do Trabalho é o comparecimento pessoal das partes
à Audiência Trabalhista. Assim, a ausência das partes gera consequências que podem influenciar
o desenvolvimento do processo. Conforme artigo 844 da CLT O não comparecimento do
reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do
reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

Assim, o não comparecimento do Reclamante na Audiência Inicial ou Una, gera o


arquivamento da reclamação trabalhista e o dever de pagar as custas processuais, sendo este
último um pressuposto processual para ajuizamento de uma nova demanda, mesmo que se
trate de beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de 15 dias, que a sua
ausência se deu por motivo justificável, como previsto nos parágrafos 3º e 4º do artigo 844 da
CLT. Já o não comparecimento do Reclamado importará em revelia e confissão quanto à matéria
de fato (art. 844, da CLT).

Mas se ocorrer algum motivo relevante para a ausência da parte o artigo 844, §1º, da CLT
determina que o juiz possui a faculdade de suspender o julgamento, designando nova data para
realização da audiência.

14
A Reforma Trabalhista alterou os efeitos da Revelia do Reclamado, conforme exposto no
artigo 844, caput e §4º, da CLT, que afirma que a revelia não produzirá a confissão fática
quando: havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação; o litígio versar
sobre direitos indisponíveis; a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a
lei considere indispensável à prova do ato; as alegações de fato formuladas pelo reclamante
forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos.

Antes do advento da lei 13.467, a presença apenas do advogado em audiência, ainda que
munido de procuração, não afastava a revelia. No entanto, com a entrada em vigor da referida
lei, passou-se a ser permitida a apresentação da contestação e seus documentos pelo patrono,
mesmo com a ausência do reclamado na audiência (art. 844, §5º da CLT). Contudo, caso isso
ocorra na audiência una, embora a presenta do patrono afaste os efeitos da revelia, subsistirá a
confissão ficta.

Se ambas as partes não comparecerem à audiência inaugural o processo será arquivado.

Existem consequências diferentes das apresentadas acima para a ausência das partes à
audiência em continuação (Audiência de Instrução), que é a que ocorre após a apresentação da
defesa. Nos moldes do item I da súmula 74 do TST, o não comparecimento do Reclamante ou
do Reclamado na audiência de instrução acarretará a confissão ficta. Ainda aduz a Súmula nº
9 do TST que a ausência do Reclamante, quando adiada a instrução após contestada a ação em
audiência, não importa arquivamento do processo.

15
A revelia e a confissão ficta também se aplicam às Pessoas Jurídicas de Direito Público
por força da Orientação Jurisprudencial nº 152 do TST.

Se o Reclamante der causa a dois arquivamentos da Reclamação Trabalhista por ausência à


audiência inaugural, ele ficará impedido de ajuizar nova ação com a mesma causa de pedir e
o mesmo pedido pelo prazo de 06 meses, sendo uma das hipóteses da Perempção Trabalhista.

Consequência do não comparecimento à audiência


Parte Audiência Inicial e Audiência de Audiência de
Una Instrução Julgamento
Arquivamento e
Reclamante Confissão ficta Inicia o prazo recursal
pagamento de custas
Confissão e revelia
Reclamado quando a matéria de Confissão ficta Inicia o prazo recursal
fato
- Confissão ficta de
ambos;
-Julgamento: pelas
provas existentes nos
Ambas as
Arquivamento autos; Inicia o prazo recursal
partes
- Provas insuficientes ou/
inexistentes: julgamento
conforme o ônus da
prova de cada parte.

16
3. Procedimentos no Processo do Trabalho.

3.1. Considerações Iniciais


O Direito Processual do Trabalho possui dois tipos de procedimento: o comum (que é
dividido em: sumário, sumaríssimo e ordinário) e o especial (utilizado nas ações
especiais previstas na CLT ou nas ações especiais do Processo Civil aplicáveis de
maneira subsidiária ao Processo do Trabalho que veremos no próximo capítulo).

No momento, estudaremos as subdivisões do Procedimento Comum, que são o


Procedimento Sumário, Sumaríssimo e Ordinário, salientando que ao longo do material vamos
apresentando as especificidades de cada assunto nos procedimentos existentes, seguindo a
legislação e jurisprudência do TST.

3.2. Procedimento sumário


O Procedimento Sumário foi instituído pela Lei 5.584/70 e não está previsto na CLT.

A finalidade primordial é garantir maior celeridade aos processos trabalhistas cujo valor da
causa não ultrapasse DOIS SALÁRIOS MÍNIMOS, vigentes na data do ajuizamento da ação.

No artigo 2º, parágrafos 3º e 4º, da lei 5584/70, são apresentadas algumas características
relevantes do referido procedimento, que por vezes também é chamado de “dissídios de alçada”:

Quando o valor da causa for inferior a dois salários mínimos, será dispensável o resumo
dos depoimentos, devendo constar, na ata, a conclusão do juiz quanto à matéria de fato e não
caberá nenhum recurso das sentenças proferidas nas ações sujeitas a esse
procedimento, considerando o salário mínimo vigente na data de ajuizamento da
ação

A Súmula 640 do STF apresenta uma exceção à regra da irrecorribilidade das causas
submetidas ao Procedimento Sumário, que é se a causa versar sobre matéria constitucional,
caso em que caberá a interposição de recurso extraordinário, que será apreciado pelo STF.

17
Não se aplica a alçada nem em ação rescisória, nem em mandado de
segurança!

3.3. Procedimento Sumaríssimo


O Procedimento Sumaríssimo foi incluído na CLT através da Lei 9.957/00 que trouxe
inserção dos artigos 852-A a 852-I, tendo como intuito deste rito privilegiar a celeridade e a
economia processual.

Pelo que dispõe o artigo 852-A da CLT, o Procedimento Sumaríssimo será aplicado aos
dissídios individuais, cujo valor não exceda a 40 vezes o salário mínimo vigente na data do
ajuizamento da ação.

Cumpre salientar que o PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO NÃO SE APLICA À


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA, AUTÁRQUICA E FUNDACIONAL (artigo 852-A, parágrafo
único, da CLT).

Quanto às empresas públicas e sociedades de economia mista, já que exploram atividade


econômica, não gozam de tal prerrogativa, pois não seria lógico gozarem dos benefícios
concedidos à administração pública no exercício de funções públicas.

O Procedimento Sumaríssimo também não será aplicável aos Dissídios Coletivos.

O artigo 852-B da CLT apresenta os requisitos da petição inicial no Procedimento


Sumaríssimo, que deve conter pedido certo, determinado e líquido e deverá o Reclamante

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fornecer o nome e o endereço do reclamado, pois não há citação por edital no procedimento
sumaríssimo.

A regra no Procedimento Sumaríssimo é que este seja definido com base no valor da causa,
mas caso o reclamante desconheça o endereço do reclamado, ainda que o
valor da causa seja superior a dois e inferior a quarenta salários mínimos, o
procedimento será ordinário.

Assim também tramitará sob o Procedimento Ordinário se a causa estiver entre dois e
quarenta salários mínimos e for proposta contra a Administração Pública Direta, Autárquica
ou Fundacional.

Conforme determina o artigo 852-B, III, da CLT, a audiência na qual deverá ser proferida a
sentença deve ser designada para o prazo máximo de 15 dias da data do
ajuizamento da Reclamação, podendo, todavia, ser interrompida. Neste caso, o seu
prosseguimento e a solução da lide devem ocorrer no máximo em mais 30 dias.

No Procedimento Sumaríssimo a audiência é una e todas as provas deverão ser produzidas


na audiência, ainda que não requeridas previamente. Assim, a audiência una obriga a parte a
impugnar todos os documentos apresentados pela parte contrária oralmente naquela sessão,
salvo caso de absoluta impossibilidade, a ser apontada pelo juiz e concedido prazo para tal
apresentação.

O julgador deverá esclarecer as vantagens da conciliação, podendo se utilizar de


todos os meios pertinentes para a solução do conflito em qualquer fase da audiência.

As partes deverão apresentar suas testemunhas para audiência una, no limite máximo de
DUAS TESTEMUNHAS, as quais deverão comparecer espontaneamente na audiência.

Se a parte comprovar que a testemunha foi devidamente convidada e não compareceu à


audiência o juiz determinará a sua intimação. Após a intimação, se a testemunha não comparecer
à audiência, será ordenada a sua condução coercitiva.

Será possível a produção de prova pericial no Procedimento Sumaríssimo, quando depender


dela a prova do fato ou por imposição de lei. Assim, de imediato o juiz fixará o prazo, o objeto

19
da perícia e nomeará o perito para elaboração da perícia e após a apresentação do laudo
pericial, as partes terão o prazo comum de 05 dias para impugnação.

O juiz proferirá sentença que conterá os elementos de sua convicção, com resumo dos fatos
ocorridos durante a audiência, sendo DISPENSADO O RELATÓRIO e dessa decisão as partes
poderão interpor Recurso Ordinário para o TRT, no prazo de 08 dias, nos termos do Art. 895,
§§ 1º e 2º, da CLT.

Será admissível Recurso de Revista no Procedimento Sumaríssimo nos casos de


contrariedade à súmula de jurisprudência uniforme do TST ou Súmula Vinculante do STF e
por violação direta da Constituição Federal.

Serão cabíveis os Embargos à SDI do TST, no Procedimento Sumaríssimo,


quando for comprovado que há divergência jurisprudencial entre as turmas do TST e que
esta é fundada em várias interpretações acerca da aplicação do mesmo dispositivo constitucional
ou de matéria sumulada.

3.4. Procedimento Ordinário


O Procedimento Ordinário é o mais utilizado na prática do Processo do Trabalho, sendo
a regra para as causas que possuam o valor da causa acima de 40 salários mínimos e sendo
aplicável às hipóteses que não se aplicam o Procedimento Sumário e Sumaríssimo, neste caso,
por expressa disposição legal, como, por exemplo, nas causas contra a Administração Direta,
Autárquica ou Fundacional.

Dessa forma, não existem nuances a ser tratadas especificadamente aqui, pois toda a matéria
apresentada ao longo dos capítulos se aplica ao Procedimento Ordinário que se constitui como
regra na seara laboral, que, se quer tratar de alguma exceção a este procedimento, menciona
expressamente, como ocorre, por exemplo, no Procedimento Sumaríssimo.

20
4. Tutela Provisória

4.1. Considerações Iniciais


Tendo em vista que os processos judiciais são longos, podendo arriscar a efetividade do
provimento judicial concedido na sentença, ante a demora na prestação jurisdicional, o legislador
apresentou a possibilidade que requerimento de antecipação dos efeitos que poderão ser
conferidos no provimento final, através da antecipação dos efeitos da tutela pleiteada pela
parte.

Assim, a tutela provisória é um procedimento jurisdicional de caráter não definitivo, baseado


na probabilidade de que a parte realmente possua o direito alegado. Existem duas espécies de
tutela provisória no ordenamento jurídico, sendo elas: a tutela de urgência ou tutela de
evidência.

O julgador poderá determinar medidas as quais considerar compatíveis com a situação,


aplicando no que couber o cumprimento provisório da sentença, previsto no artigo 297 do
CPC 2015.

A tutela provisória possui três características principais, que são a SUMARIEDADE DA


COGNIÇÃO, ou seja, se baseia num juízo de probabilidade, a PRECARIEDADE, que significa que
poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo (não é definitiva) e NÃO SE SUJEITA À
COISA JULGADA, pois como é provisória, poderá ser modificada até o provimento final.

4.2. Tutela de urgência


A tutela de urgência será concedida quando existir no processo elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e do perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo,
dividindo-se em: Tutela antecipada, também chamada de satisfativa, ou Tutela cautelar.

A tutela antecipada se consubstancia na antecipação dos efeitos da sentença definitiva


pretendida pela parte autora da demanda, concedendo-lhe de forma imediata o objeto que está
sendo pleiteado.

21
Por sua vez, a tutela cautelar se dará quando se busca a conservação de determinada tutela,
para que, no fim do processo, seja útil ao processo, que pode ser efetivada por meio de
cautelares como o arresto, arrolamento de bens, sequestro, dentre outros.

Importante a menção do enunciado 143 do FPPC, no qual é explanado que não mais existe
distinção entre os dois tipos de tutela, exigindo a demonstração da probabilidade do direito
(fumus boni iuris) e o perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo (periculum in
mora).

Destaca-se que o Código de Processo Civil admite a fungibilidade das duas tutelas.
Além do mais, a tutela antecipada apresenta ainda um requisito negativo: a irreversibilidade
dos efeitos da decisão. Ou seja, para que seja deferida a tutela satisfativa, é necessário que
não haja perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Contudo, o juiz, deverá verificar se
a não concessão da tutela acarretará grandes prejuízos a parte que a pleiteou.

É válido frisar que o julgador pode, em sede de tutela antecipada, requerer a prestação de
uma caução real ou fidejussória, para que assim, a outra parte fique resguardada dos possíveis
danos, com a ressalva do autor ser hipossuficiente.

A tutela satisfativa pode ser concedida em caráter antecedente ou de maneira


incidental.

Na petição inicial que requer a tutela satisfativa antecedente poderá se limitar ao pedido da
tutela, indicando o pedido da tutela final, expondo o direito e os requisitos para a sua concessão.

Após a concessão da tutela, o requerente deverá aditar a inicial, sob pena da extinção do
mérito sem a sua resolução, dentro do lapso temporal de 15 dias ou outro maior, se assim o
julgador entender necessário, com o complemento de sua fundamentação e a juntadas de novos

22
documentos, com a confirmação do pedido principal. Em seguida é dado andamento no
procedimento, intimando-se o réu para a audiência.

A tutela satisfativa se tornará estável caso da decisão que a proferir não seja interposto o
respectivo recurso. Isto significa que os seus efeitos somente poderão ser afastados por meio
de uma decisão judicial que os reanalise, reforme ou os invalide. O prazo para a sua
desconstituição é de dois anos, contados da ciência da decisão.

Tendo em vista que o Direito Processual do Trabalho é regido pelo princípio da


irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias, o reclamado-réu poderá se valer do
mandado de segurança.

Já a tutela cautelar de caráter antecedente deverá ter na Petição Inicial a exposição da lide
e seu fundamento, a exposição do direito que se pretende assegurar e o cumprimento dos
requisitos para a sua concessão.

O magistrado poderá deferi-la liminarmente ou não. Posteriormente, mandará citar o réu


para que o mesmo ofereça resposta e indique as provas que produzirá no prazo de 05 dias,
caso em que o processo seguirá o procedimento comum.

Se não houver contestação, os fatos alegados pelo autor serão presumidamente aceitos
como ocorridos, onde o juiz tomará sua decisão em 05 dias. Caso haja o deferimento da tutela,
o autor deverá formular o pedido principal em 30 dias nos mesmos autos da tutela cautelar.
Após isso, as partes serão intimadas para a audiência.

4.3. Tutela de evidência


Há diferença entre os requisitos para a concessão da tutela de evidência e da tutela de
urgência, bastando apenas que exista a probabilidade do direito cumulado com
alguma das situações descritas no art. 311 do CPC 2015, que deve ser lido atentamente!

A tutela de evidência pode ser concedida antes ou na sentença. Sendo


concedidas antes da sentença, caberá o Mandado de Segurança, mas se a tutela for concedida
após a decisão, o meio de impugnação será o Recurso Ordinário,
podendo ser dotado de efeito suspensivo.

23
5. Acordo Judicial

O Princípio da Conciliação é inerente, e muito prestigiado, no Processo do Trabalho, que


prima pela resolução dos seus conflitos através da conciliação entre as partes, conforme dispõe
o artigo 764 da CLT ao tratar que os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação
da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.

Como já estudado acima, nas audiências trabalhistas submetidas ao Rito Ordinário, são
OBRIGATÓRIAS duas tentativas de conciliação: a primeira quando aberta a sessão (art. 846,
CLT) e a segunda após as razões finais e antes da sentença (art. 850, CLT).

Por sua vez, no Rito Sumaríssimo, como pode se observar pela leitura do art. 852-E da CLT,
aberta a sessão, o magistrado explicará as partes sobre as vantagens da conciliação e utilizará
todos os meios adequados de convencimento para a solução conciliatória da lide, em qualquer
momento da audiência.

De acordo com a doutrina, somente a ausência da 2ª proposta de conciliação


provocará a nulidade absoluta do ato.

Quando realizada a conciliação, será lavrado termo de acordo, consignando-se o prazo e


as demais condições para o cumprimento do acordado, de acordo com o que estabelece o art.
846 da CLT.

24
Ressalte-se que as partes poderão celebrar acordo em qualquer fase do
processo, mesmo que já encerrado o juízo conciliatório (arts. 764, § 3º e 832, § 6º da CLT) e,
uma vez realizado, o ato celebrado será irrecorrível para as partes, mas não o será para a
Previdência Social, que poderá pleitear as contribuições sociais devidas pelas parcelas
constantes no termo de acordo.

A Súmula 259 do TST prevê que o termo de acordo judicial só poderá ser impugnado pelas
partes através de Ação Rescisória.

Nos termos previstos na Súmula 418 do TST a homologação de acordo constitui faculdade
do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança, quanto
ao ato do juiz que recusou a homologação.

O acordo deverá descriminar a natureza de todas as parcelas contidas, limitando a


contribuição das partes para o recolhimento da contribuição previdenciária, se este for o caso.

A Orientação Jurisprudencial 368 da SDI-1 do TST afirma que é devida a incidência das
contribuições para a Previdência Social sobre o valor total do acordo homologado em juízo,
independentemente do reconhecimento de vínculo de emprego, desde que não haja
discriminação das parcelas sujeitas à incidência da contribuição previdenciária no termo
homologado em juízo.

E se o acordo for realizado após o trânsito em julgado da Sentença, não poderá haver
prejuízos dos créditos devidos à União, devendo esta ser intimada das decisões
homologatórias de acordo que tenham parcelas de natureza indenizatórias previstas, nos
termos do artigo 832 da CLT.

A sentença que homologa o acordo judicial realizado entre as partes transita em julgado
na data de sua homologação (súmula 100, V, TST) e é equiparada a sentença de mérito, sendo

25
rescindida por ação rescisória (e não por ação anulatória), segundo estabelece a súmula 259,
TST.

A Orientação Jurisprudencial nº 132 da SDI-2 do TST determina que o acordo homologado


judicialmente em que consta a quitação plena e ampla dada pelo empregado, sem ressalvas,
alcança todas as parcelas do contrato de trabalho firmado com o antigo empregador e não
apenas as parcelas constantes no acordo, gerando a violação à coisa julgada a propositura de
nova Reclamação Trabalhista pleiteando verbas decorrentes do contrato de firmado entre o
empregado e o empregador que firmaram acordo judicial.

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6. Homologação de acordo Extrajudicial5

Antes da reforma trabalhista, apenas com ingresso da reclamatória trabalhista a Justiça


do Trabalho tinha competência para homologar acordo, bem como somente mediante
intermediação do Sindicato de classe as partes poderiam, por exemplo, transacionar acordos de
redução de jornadas e salários.

Porém, com a inovação trazida pelo artigo 855-B da CLT, as partes podem transacionar
o pagamento de verbas rescisórias na Justiça do Trabalho. Vejamos:

Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição
conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado. (Incluído pela Lei

nº 13.467, de 2017)

§ 1o As partes não poderão ser representadas por advogado comum. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

§ 2o Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria.


(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Para tanto, deverão estar assistidas por seus respectivos patronos, sendo vedada a
representação por advogado único e facultado ao trabalhador se fazer assistido pelo
advogado do sindicato de sua categoria.

A homologação de acordo extrajudicial terá início por petição conjunta distribuída na


Justiça do Trabalho, devendo ser analisada pelo juiz no prazo de 15 dias, com a possibilidade
de marcação de audiência, caso o magistrado entenda necessário.

O artigo 855-E6 da CLT estabelece que a prescrição será suspensa com a distribuição
do processo de homologação de acordo extrajudicial.

5
Vide questão 1
6
Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação quanto
aos direitos nela especificados. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
27
Ressalte-se que, conforme a literalidade do texto, a suspensão da prescrição atinge
apenas os direitos especificados na inicial. Reforça-se, ainda mais, a necessidade de
discriminação das parcelas e valores, conforme supra debatido.

Por outro lado, o parágrafo único do artigo 855-E da CLT estabelece que o prazo voltará
a correr no dia seguinte ao trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do
acordo. Trata-se de medida protetiva ao trabalhador, uma vez que o acordo extrajudicial poderia
acarretar a prescrição da sua pretensão quando não homologado o acordo, a depender da
duração do procedimento de jurisdição voluntária.

O juiz tem a faculdade de não homologar o acordo extrajudicial, como já ocorre nos
acordos firmados nas ações atuais.

Por outro lado, homologado o acordo extrajudicial, o mérito da questão encontra-se


encoberto pela coisa julgada, não havendo mais qualquer pretensão e, portanto, inexistindo
também prescrição, ressalvada a prescrição intercorrente, que possui regulamento próprio no
artigo 11-A.

7. Resposta do Réu.

7.1. Considerações Iniciais


Após a receber a notificação inicial (citação), o réu poderá apresentar duas modalidades de
resposta no processo do trabalho, a contestação e as exceções, sendo que a reconvenção
também será admitida na seara laboral, ante a omissão da CLT e a compatibilidade existente no
processo.

No processo do trabalho, a defesa do réu pode se dar de maneira oral ou escrita. O artigo
847 da CLT garante ao reclamado 20 minutos para apresentar sua defesa. Todavia, normalmente
é apresentada por escrito, tendo sido entendido pelo ordenamento jurídico pátrio o prazo de
05 dias úteis para a confecção da defesa, visto que o reclamado deve ser intimado da audiência
com antecedência mínima de 05 dias. Esses prazos para a confecção da defesa escrita estão
relacionados ao termo inicial. No que tange ao termo final, tratando-se de processo eletrônico,

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é conferida a parte a possibilidade de apresentar a sua defesa escrita pelo PJE até a data da
audiência.

Com o advento da publicação do CPC 2015, o Ministério Público e a Defensoria Pública


possuem o prazo em dobro para manifestação nos autos e, assim, devem ser intimados para a
Audiência Inicial com antecedência mínima de 10 dias (art. 180 e 186 do CPC 2015 c/c art. 841
da CLT).

No tocante às Pessoas Jurídicas de Direito Público (União, Estados, DF e Municípios e das


autarquias ou fundações de direito público) que não explorem atividade econômica o art. 1º
do Decreto-Lei n. 779/69 determina que nos processos perante a Justiça do Trabalho estas
entidades possuem prazo em quádruplo para contestar. Como a Doutrina entende que o prazo
especificado no artigo 841 de 05 dias é o prazo mínimo para o Reclamado apresentar sua
defesa, por existir REGRA PRÓPRIA no Processo do Trabalho, as entidades de Direito Público
mencionadas que não explorem atividade jurídica terão Prazo Quádruplo para apresentação de
defesa, devendo a audiência inicial ser a primeira desimpedida em no mínimo, 20 dias.

7.2. Contestação
A contestação trabalhista é a defesa processual que deve ser apresentada pelo Reclamado
na audiência inicial, podendo ser aduzida oralmente em 20 minutos, de forma escrita e
eletronicamente no PJE. Salienta-se que, no processo eletrônico, a contestação pode ser

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apresentada antes da audiência, conforme art. 29 da Resolução nº 136/14 do CSJT, mas continua
a faculdade de apresentação oral em audiência.

Existem dois princípios do Direito Processual Civil que devem ser observados no Processo
do Trabalho com relação à Contestação Trabalhista: Impugnação Especificada e Eventualidade.
O dever de impugnação especificada consiste na obrigação do réu de não apresentar defesa
genérica, devendo se contrapor a todos os fatos narrados na Reclamação Trabalhista, sob pena
de se presumirem verdadeiros.

Não se aplica o Princípio da Impugnação Especificada à Defensoria Pública, ao advogado


dativo e ao curador especial, conforme artigo 341 do CPC 2015, podendo apresentar
Contestação por negativa geral.

O Princípio da Eventualidade, também chamado de Concentração da Defesa determina que


o Reclamado deve apresentar toda a sua defesa de fato e de direito na Contestação, caso
contrário haverá a incidência da preclusão consumativa, mas ele não se aplica às matérias
cognoscíveis pelo juiz de ofício.

Na contestação compete ao Réu apresentar as defesas indiretas, se houverem, também


conhecidas como Preliminares de Mérito, que, como o próprio nome diz, devem ser
apresentadas como tópico inicial da Contestação, antes do ingresso na defesa de mérito do
processo. As questões preliminares estão tratadas no artigo 337 do CPC, de aplicação
subsidiária ao Processo do Trabalho e geram a extinção do processo SEM resolução do mérito.

30
No Processo do Trabalho a Perempção ocorre se o reclamante não comparecer em 05 dias
para reduzir a termo a Reclamação Trabalhista distribuída verbalmente e se o Reclamante der
causa ao arquivamento da Reclamação Trabalhista por ausência à audiência por 02 vezes
seguidas, ficando proibido de ajuizar nova ação por 06 meses.

Após aduzir suas preliminares, cabe ao Réu ingressar na defesa de mérito, pelo qual deverá
apresentar todos os argumentos para se contrapor aos pedidos (mérito) da Petição Inicial,
podendo ser defesa direta do mérito, que ocorre quando o réu apenas impugna os fatos que
se baseiam ou pedidos do Reclamante negando sua existência, ou defesa indireta de mérito,
que ocorre quando o Reclamado, reconhecendo o fato em que se funda o pedido do autor,
alega fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do Reclamante. Na defesa direta de
mérito o ônus da prova é do autor da Ação e na defesa indireta de mérito caberá ao próprio
réu apresentar a prova das suas alegações, pois será seu o ônus da prova, nos termos do artigo
818 da CLT.

Com relação aos institutos da decadência e prescrição, cumpre salientar que se tratam de
defesas indiretas de mérito, mas a doutrina entende que elas devem ser arguidas na
Contestação como questão prejudicial de mérito, já que elas impedem à análise do mérito e
por isso não são apresentadas como preliminares de mérito.

Tanto a prescrição quanto a decadência podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz do
trabalho, mas a Súmula 153 do TST proíbe o conhecimento da prescrição alegada pela primeira
vez na instância extraordinária, visto que deve haver o prequestionamento da matéria, ou seja,
sua alegação nas instâncias ordinárias.

De acordo com o art. 767, da CLT e Súmulas 18 e 48, do TST, a compensação e a retenção
são matérias de mérito, e somente poderão ser arguidas na contestação.

A compensação será cabível quando reclamante e reclamado forem credores e devedores


reciprocamente (art. 368, do Código Civil), a dívida deve possuir natureza trabalhista, limitando-
se ao valor atribuído à condenação e não pode ser concedida de ofício pelo juiz, devendo ser
requerida pelo reclamado na contestação.

31
Cabe ressaltar que a legislação trabalhista previu dois momentos de compensação: Na
rescisão contratual, com o limite de valores de até um mês de remuneração do empregado e
na contestação.

Como já estudado, no tocante à revelia, que se configura como ausência de apresentação


de defesa no direito processual comum e que, no processo do trabalho só ocorre com a ausência
à audiência, e o parágrafo quarto do art. 844 da CLT, inserido pela Reforma Trabalhista, prevê
as hipóteses de não incidência de seus efeitos. Assim, os efeitos da revelia não incidirão quando
houver pluralidade de reclamados, e algum deles contestar a ação, quando a lide se tratar de
direitos indisponíveis, a Inicial não estiver acompanhada de documentos ou instrumentos que a
legislação considere indispensáveis para a prova do ato, as alegações de fato formuladas pelo
Autor/Reclamante forem controversas com as provas que constam nos autos, além da hipótese
que a própria norma exija prova pericial acerca do fato. Cabe ressaltar também que, de acordo
com o parágrafo quinto do referido artigo, ainda que ausente o reclamado na audiência, se o
advogado estiver presente, a defesa e seus documentos serão aceitos.

7.3. Reconvenção
Em que pese a omissão da CLT sobre a possibilidade de apresentação de reconvenção, por
não haver incompatibilidade, serão aplicadas as regras do direito processual comum ao
assunto. Assim a reconvenção deverá ser apresentada na contestação, mas também se admite
sua apresentação em petição autônoma, mas deve ser apresentada na audiência inicial no
processo do trabalho, por trata-se de um contra ataque aos pedidos do autor, sendo um pedido
do réu contra o autor, dentro do mesmo processo.

São requisitos para apresentação da reconvenção a existência de uma demanda principal


(como uma reclamação Trabalhista), a compatibilidade dos ritos processuais, o juiz deve ter
competência absoluta para julgar a ação e a reconvenção e deve haver conexão com a ação
originária ou fundamentos de defesa.

É válido destacar que a reconvenção é mera faculdade do reclamado, já que, se não for
apresentada, poderá ser alegada em outro momento em uma ação autônoma. De acordo com
o §1º, do Art. 343, do CPC, quando proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa
de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 dias.
32
O § 2º, do Art. 343, do CPC, determina que a desistência da ação ou a ocorrência de causa
extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta o prosseguimento do processo quanto
à reconvenção, pois a reconvenção é autônoma.

Ademais, a reconvenção pode ser proposta contra o autor da demanda ou até mesmo contra
terceiro, podendo ainda ser proposta pelo reclamado em litisconsórcio com terceiro. Se o autor
for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do
substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face o reclamante, também na qualidade
de substituto processual.

É importante ressaltar que na reconvenção, também são cabíveis os honorários


sucumbenciais.

Deverão ser julgadas por sentença a ação principal e a reconvenção, que pode ser
impugnada através do Recurso Ordinário no prazo de 08 dias. Se houver o indeferimento da
Reconvenção pelo juiz não caberá recurso imediato no processo do trabalho dessa decisão
interlocutória, assim, a mesma deverá ser impugnada apenas no Recurso Ordinário.

7.4. Exceções

As exceções processuais são formas de defesa do reclamado que objetivam resolver


determinada questão processual, que não gera a extinção, com ou sem julgamento, do mérito.
Podem ser alegadas na Justiça do Trabalho as EXCEÇÕES DE SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO E A
INCOMPETÊNCIA RELATIVA, conforme previsto no artigo 799 da CLT.

As exceções devem ser apresentadas na contestação e, caso haja decisão sobre seu
indeferimento esta terá natureza de decisão interlocutória e, por não haver possibilidade de
recurso de imediato, deverá ser alegada em sede de Recurso Ordinário cabível da decisão final.

33
Com o advento do CPC 2015 a incompetência relativa passou a ser apresentada em
preliminar de Contestação, mas, na Justiça do Trabalho a incompetência relativa que a parte
pode alegar é apenas a territorial, que deve ser apresentada através de peça autônoma que
deve sinalizar sua existência, conforme previsto no artigo 800 da CLT.

7.4.1. Exceção de Incompetência Territorial

O artigo 651 da CLT regulamenta a competência territorial no Processo do Trabalho


estabelecendo que, em regra, a RT deve ser ajuizada no local da prestação de serviços ou da
contratação. Caso o ajuizamento se dê perante juízo territorialmente incompetente
(incompetência relativa), deverá ser apresentada a Exceção de Incompetência Territorial, sob
pena de prorrogação de competência relativa.

Com o advento da Reforma Trabalhista, foi alterada a disciplina que aborda à exceção de
incompetência territorial prevista no art. 800 da CLT. Agora, a exceção de incompetência
territorial poderá ser apresentada no prazo de 05 dias a partir da notificação, antes da audiência
e em peça que sinalize a existência da exceção.

Assim que a petição for protocolada, o processo é suspenso, com a não realização de
audiência de julgamento. Os autos devem ser imediatamente conclusos ao magistrado e este
deverá notificar o reclamante e os interessados, se existentes, para se manifestar no prazo de
05 dias.

É possível também a produção de prova oral, designando audiência para garantir o direito
de o excipiente e de suas testemunhas de serem ouvidos, através da carta precatória, no juízo
competente.

Assim que for decidida a exceção, o processo prosseguirá o seu andamento, juntamente
com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução processual perante o
juiz que é competente.

Caso acolha a exceção, o juiz remeterá os autos para o Juízo declinado como competente.
Como a decisão que julga a exceção é interlocutória, não admite recurso de imediato, exceto
quando terminativa do feito (art. 799, § 2° da CLT).

34
Em caso de decisão terminativa do feito, conforme a Súmula 214 do TST, na Justiça do
Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso
imediato, salvo nas hipóteses de decisão que acolhe exceção de incompetência territorial,
com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Assim, caso o juiz acolha a exceção de incompetência, remetendo os autos para juiz que
esteja subordinado a TRT diferente do que está subordinado o juízo excepcionado (para o qual
foi apresentada a exceção), a decisão interlocutória de julgamento da exceção terá sido
terminativa do feito e desafiará Recurso Ordinário de imediato.

O recurso será julgado pelo TRT a que está subordinado o juiz que proferiu a decisão
recorrida/que acolheu a exceção de incompetência.

7.4.2. Exceção de Suspeição e Impedimento

O art. 799 da CLT determina que “nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente
podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência”.
Observe-se que a CLT não menciona a exceção de impedimento, visto que a CLT é de 1943,
que tinha o CPC de 1939 como base e que só previa a exceção de suspeição. Por isso, a CLT
versa apenas sobre suspeição. Apesar disso, as mesmas razões que justificam a exceção de
suspeição, justificam também a de impedimento. Assim, onde na CLT lê-se suspeição deve ser
lido também impedimento.

A parte deverá opor a exceção de impedimento e de suspeição na primeira oportunidade


que tiver para se manifestar nos autos ou em audiência, após ter ciência da irregularidade que
enseje a suspeição ou o entendimento, sob pena de preclusão. As hipóteses de cabimento de
suspeição e impedimento estão previstas no artigo 801 da CLT e nos artigos 144 a 145 do
NCPC, que constituem leitura obrigatória.

As exceções de suspeição e impedimento não se aplicam apenas à figura do juiz, mas


também podem se aplicar aos membros do Ministério Público, os serventuários da justiça e
os auxiliares que possam vir a figurar no processo.

35
Conforme a previsão do artigo 801, parágrafo único, da CLT, se o recusante houver praticado
algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de
suspeição, salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admitida se do processo
constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a conhecia, ou que, depois
de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, também
se procurou de propósito o motivo de que ela se originou.

Apresenta a exceção de suspeição ou impedimento o juiz suspenderá o feito (art. 799, CLT)
e deverá designar audiência de instrução e julgamento dentro de 48 horas (art. 802, CLT). Para
alguns autores, desde a extinção das Juntas de Conciliação e Julgamento, com a EC 24/99, não
se aplica ao Processo do Trabalho o art. 802 da CLT, e sim o CPC, cujo processamento da
exceção está no art. 146, § 1º.

Se o juiz reconhecer a suspeição ou impedimento alegado, remeterá os autos para seu


substituto legal e dessa decisão não caberá recurso. Caso o juiz não se julgue suspeito ou
impedido deverá remeter os autos ao TRT acompanhado dos documentos, no prazo de 15 dias,
para que este Tribunal aprecie a legação de impedimento ou suspensão.

36
QUADRO SINÓTICO

DISSÍDIOS INDIVIDUAIS
No processo trabalhista, a petição inicial é a reclamação
RECLAMAÇÃO
trabalhista, podendo ser ajuizada pessoalmente pelas partes
TRABALHISTA (PETIÇÃO
através do exercício do jus postulandi ou pelos seus
INICIAL)
procuradores, de forma oral, escrita ou eletrônica (PJE).
- será distribuída antes de sua redução a termo e observará
os mesmos requisitos da Reclamatória escrita;
RECLAMATÓRIA - Após o reclamante deverá, salvo motivo de força maior,
TRABALHISTA VERBAL apresentar-se, no prazo máximo de 05 dias ao cartório ou
secretaria, para reduzi-la a termo;
- Se não comparecer em 05 dias, haverá a Perempção.
- extingue o direito de ação da parte em razão do abuso em
seu exercício;
- ocorre em duas possibilidades:
a) quando se apresenta uma Reclamação Trabalhista verbal
PEREMPÇÃO
e não comparece à Vara do Trabalho para reduzi-la a termo
TRABALHISTA
no prazo de 05 dias;
b) quando o Reclamante der causa a dois arquivamentos
seguidos da Reclamação Trabalhista ante a ausência à
audiência inicial.
- designação do juízo;
- a qualificação das partes;
- a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio;
REQUISITOS DA
- o PEDIDO, que deverá ser CERTO e DETERMINADO;
RECLAMAÇÃO
- valor da causa;
TRABALHISTA
- data;
- assinatura do reclamante ou de seu representante.
Não são requisitos da Reclamação Trabalhista:

37
- especificação de provas;
- opção do autor pela realização ou não da audiência de
conciliação.
- Pode ocorrer, sem a anuência da reclamada, na Audiência
Inaugural, desde que antes do momento da apresentação da
ADITAMENTO PETIÇÃO
resposta;
INICIAL
- Após a apresentação da contestação, mesmo que de forma
eletrônica, o aditamento da Inicial somente será possível com
a anuência do réu.
Há omissão da CLT e compatibilidade com o CPC, assim,
Emenda será realizada quando houver vício ou
EMENDA DA PETIÇÃO irregularidade na Petição Inicial, devendo o Magistrado indicar
INICIAL com precisão o que deve ser corrigido ou complementado.
Não será cabível Emenda no Mandado de Segurança, visto
que exige prova documental pré-constituída.
É cabível a desistência do autor da Reclamação Trabalhista, de
DESISTÊNCIA DA
forma unilateral quando não depender da anuência do
RECLAMAÇÃO
Reclamado e bilateral quando depender da concordância
TRABALHISTA
deste, mesmo que seja de forma eletrônica.
A Petição Inicial Trabalhista será indeferida quando houver a
existência de um vício insanável, decisão que será impugnada
INDEFERIMENTO DA por Recurso Ordinário. Se o vício for sanável, o juiz deve
INICIAL conceder o prazo de 15 dias para o autor corrigir a
irregularidade.
É passível a retratação pelo Magistrado no prazo de 05 dias.

AUDIÊNCIA TRABALHISTA
- Primeira data desimpedida após 05 dias da notificação;
- Realizada na sede da Vara do Trabalho ou em outro local previamente designado;
- Duração de até 05 horas seguidas, salvo matéria urgente;
- Realizada entre 08 e 18 horas;
- As partes devem comparecer pessoalmente e apresentar suas testemunhas;
- Tolerância de atraso de 15 minutos do Juiz (não se aplica às partes);
38
- A defesa deve ser apresentada em audiência;
- os advogados credenciados no PJE deverão encaminhar eletronicamente a contestação,
reconvenção ou exceção antes da realização da audiência;
- sessões de julgamento nos Tribunais, ocorrerão das 14 às 17 horas, tendo a possibilidade
de prorrogação em caso de necessidade;
- o juiz ou presidente é o responsável por manter a ordem na audiência, podendo
determinar que se retirem do recinto aqueles que a perturbarem;
- Administração Pública Direta, Autarquias e Fundações de Direito Público, o Ministério
Público do Trabalho e os Correios possuem prazos diferenciados para apresentação de
defesa processual;
- Em regra, toda audiência será una, mas se houver estrita necessidade, pode ser fracionada,
sendo a 1ª a audiência de Conciliação (não confundir com a audiência do artigo 334 do
CPC) e a 2ª a audiência de Instrução.

AUDIÊNCIA TRABALHISTA
Regra: comparecimento pessoal das partes.
Exceções:
- O empregado que por doença ou outro motivo poderoso,
COMPARECIMENTO devidamente comprovado, não puder comparecer em
DAS PARTES EM audiência poderá fazer-se substituir/representar por outro
AUDIÊNCIA empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu
sindicato;
- O empregador poderá fazer-se representar em qualquer
caso por um gerente ou outro preposto.
- O não comparecimento do reclamante à audiência inicial
importa o arquivamento da reclamação;
- O não comparecimento do reclamado à audiência inicial
importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.
AUSÊNCIA DAS
O não comparecimento do Reclamante na Audiência Inicial
PARTES À AUDIÊNCIA
ou Una, gera o arquivamento da reclamação trabalhista e o
dever de pagar as custas processuais, sendo este último um
pressuposto processual para ajuizamento de uma nova
demanda, mesmo que se trate de beneficiário da justiça

39
gratuita, salvo se comprovar, no prazo de 15 dias, que a sua
ausência se deu por motivo justificável.
Se ocorrer algum motivo relevante para a ausência da parte
o juiz possui a faculdade de suspender o julgamento,
designando nova data para realização da audiência.
Com a Reforma Trabalhista passou-se a ser permitida a
apresentação da contestação e seus documentos pelo
patrono, mesmo com a ausência do reclamado na audiência.
Contudo, caso isso ocorra na audiência una, embora a presenta
do patrono afaste os efeitos da revelia, subsistirá a confissão
ficta.
A revelia e a confissão ficta também se aplicam às Pessoas
Jurídicas de Direito Público.
Se ambas as partes não comparecerem à audiência inaugural
o processo será arquivado
o não comparecimento do Reclamante ou do Reclamado na
audiência de instrução acarretará a confissão ficta.
A ausência do Reclamante, quando adiada a instrução após
contestada a ação em audiência, não importa arquivamento
do processo.
No horário previamente designado para o início da audiência,
o juiz determinará o pregão das partes;
Iniciada a sessão, o juiz fará a primeira tentativa de
conciliação;
Quando realizado o acordo, será lavrado termo de
conciliação;
TRÂMITE DA AUDIÊNCIA
Se não houver conciliação, ocorrerá a leitura da petição
inicial, se não houver dispensa das partes;
Após haverá a apresentação da defesa em 20 minutos, de
forma oral, ou escrita, que é mais comum, ou ainda pelo PJE.
Terminada a defesa, haverá o depoimento das partes e oitiva
de testemunhas, peritos e técnicos;

40
Em seguida, poderão as partes aduzir razões finais, no prazo
de 10 minutos para cada uma ou poderão ser apresentadas
no prazo fixado pelo juiz em memoriais.
- havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar
a ação;
- o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
A REVELIA NÃO
- a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento
PRODUZIRÁ A
que a lei considere indispensável à prova do ato;
CONFISSÃO FICTA
- as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem
inverossímeis ou estiverem em contradição com prova
constante dos autos.

Consequência do não comparecimento à audiência


Parte Audiência Inicial e Audiência de Audiência de
Una Instrução Julgamento
Arquivamento e
Reclamante Confissão ficta Inicia o prazo recursal
pagamento de custas
Confissão e revelia
Reclamado quando a matéria de Confissão ficta Inicia o prazo recursal
fato
- Confissão ficta de
ambos;
-Julgamento: pelas
provas existentes nos
Ambas as
Arquivamento autos; Inicia o prazo recursal
partes
- Provas insuficientes ou/
inexistentes: julgamento
conforme o ônus da
prova de cada parte.

41
PROCEDIMENTOS NO PROCESSO DO TRABALHO
O Direito Processual do Trabalho possui dois tipos de
CONSIDERAÇÕES
procedimento: o comum (que é dividido em: sumário,
INICIAIS
sumaríssimo e ordinário) e o especial.
A finalidade primordial é garantir maior celeridade aos processos
trabalhistas cujo valor da causa não ultrapasse DOIS SALÁRIOS
MÍNIMOS, vigentes na data do ajuizamento da ação.
Será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar, na
ata, a conclusão do juiz quanto à matéria de fato e não caberá
nenhum recurso das sentenças proferidas nas ações sujeitas a esse
PROCEDIMENTO
procedimento, considerando o salário mínimo vigente na data de
SUMÁRIO
ajuizamento da ação.
Se a causa versar sobre matéria constitucional, caberá a
interposição de recurso extraordinário, que será apreciado pelo
STF.
Não se aplica nem em ação rescisória, nem em mandado de
segurança.
Aplicado aos dissídios individuais, cujo valor não exceda a 40
vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da ação.
NÃO SE APLICA À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA,
AUTÁRQUICA E FUNDACIONAL.
Aplicável às empresas públicas e sociedades de economia mista.
Não será aplicável aos Dissídios Coletivos.
O pedido na Petição Inicial deve ser certo, determinado e líquido
PROCEDIMENTO
e deverá o Reclamante fornecer o nome e o endereço do
SUMARÍSSIMO
reclamado, pois não há citação por edital no procedimento
sumaríssimo.
A audiência é una e todas as provas deverão ser produzidas na
audiência, ainda que não requeridas previamente.
A audiência na qual deverá ser proferida a sentença deve ser
designada para o prazo máximo de 15 dias da data do
ajuizamento da Reclamação.

42
O julgador deverá esclarecer as vantagens da conciliação,
podendo se utilizar de todos os meios pertinentes para a solução
do conflito em qualquer fase da audiência.
Máximo de DUAS TESTEMUNHAS.
Será possível a produção de prova pericial no Procedimento
Sumaríssimo, quando depender dela a prova do fato ou por
imposição de lei. Assim, de imediato o juiz fixará o prazo, o objeto
da perícia e nomeará o perito para elaboração da perícia e após a
apresentação do laudo pericial, as partes terão o prazo comum de
05 dias para impugnação.
O juiz proferirá sentença que conterá os elementos de sua
convicção, com resumo dos fatos ocorridos durante a audiência,
sendo DISPENSADO O RELATÓRIO e dessa decisão as partes
poderão interpor Recurso Ordinário para o TRT, no prazo de 08
dias.
Será admissível Recurso de Revista no Procedimento Sumaríssimo
nos casos de contrariedade à súmula de jurisprudência uniforme
do TST ou Súmula Vinculante do STF e por violação direta da
Constituição Federal.
Serão cabíveis os Embargos à SDI quando for comprovado que há
divergência jurisprudencial entre as turmas do TST.
Procedimento mais utilizado na prática do Processo do Trabalho.
Aplicável às ações que possuam o valor da causa acima de 40
PROCEDIMENTO
salários mínimos.
ORDINÁRIO
Abarca os processos não submetidos ao rito Sumário ou
Sumaríssimo.

TUTELA PROVISÓRIA
A tutela provisória é um procedimento jurisdicional de caráter não
CONCEITUAÇÃO definitivo, baseado na probabilidade de que a parte realmente
possua o direito alegado.

43
Sobre todas as nuances da Tutela Provisória, estudar os dispositivos
do CPC sobre o assunto.
ESPÉCIES A tutela de urgência ou tutela de evidência.
CARACTERÍSTICAS A SUMARIEDADE DA COGNIÇÃO, a PRECARIEDADE e NÃO SE
PRINCIPAIS SUJEITA À COISA JULGADA.
A tutela de urgência será concedida quando existir no processo
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e do perigo
TUTELA DE URGÊNCIA de dano ou o risco ao resultado útil do processo, dividindo-se em:
Tutela antecipada, também chamada de satisfativa, ou Tutela
cautelar.
A tutela antecipada apresenta ainda um requisito negativo: a
TUTELA ANTECIPADA
irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Já a tutela cautelar de caráter antecedente deverá ter na Petição
TUTELA CAUTELAR DE
Inicial a exposição da lide e seu fundamento, a exposição do direito
CARÁTER
que se pretende assegurar e o cumprimento dos requisitos para a
ANTECEDENTE
sua concessão.
Para sua concessão basta apenas que exista a probabilidade do
direito cumulado com alguma das situações descritas no art. 311
do CPC 2015.
A tutela de evidência pode ser concedida antes ou na sentença.
TUTELA DE EVIDÊNCIA
Sendo concedidas antes da sentença, caberá o Mandado de
Segurança, mas se a tutela for concedida após a decisão, o meio
de impugnação será o Recurso Ordinário, podendo ser dotado de
efeito suspensivo.

ACORDO JUDICIAL
PRINCÍPIO DA Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação
CONCILIAÇÃO da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
Nesse rito são OBRIGATÓRIAS duas tentativas de
RITO ORDINÁRIO conciliação: a primeira quando aberta a sessão e a segunda
após as razões finais e antes da sentença .

44
Nesse rito, aberta a sessão, o magistrado explicará as partes
sobre as vantagens da conciliação e utilizará todos os meios
RITO SUMARÍSSIMO
adequados de convencimento para a solução conciliatória da
lide, em qualquer momento da audiência.
REALIZADA A Será lavrado termo de acordo, consignando-se o prazo e as
CONCILIAÇÃO demais condições para o cumprimento do acordado.
As partes poderão celebrar acordo em qualquer fase do
MOMENTO DO ACORDO processo, mesmo que já encerrado o juízo conciliatório.

- Regra Geral o ato celebrado será irrecorrível para as partes;


- A Súmula 259 prevê a impugnação pelas partes através da
IMPUGNAÇÃO DO
Ação Rescisória.
ACORDO JUDICIAL
A Previdência Social pode pleitear as contribuições sociais
devidas pelas parcelas constantes no termo de acordo.
A sentença que homologa o acordo judicial realizado entre as
TRÂNSITO EM JULGADO
partes transita em julgado na data de sua homologação e é
DO ACORDO
equiparada a sentença de mérito.

RESPOSTA DO RÉU
- contestação;
ESPÉCIES - exceções;
- reconvenção.
No processo do trabalho, a defesa do réu pode se dar de
FORMAS
maneira oral, em 20 minutos, ou escrita.
Geralmente é apresentada por escrito, tendo sido entendido
pelo ordenamento jurídico pátrio o prazo de 05 dias úteis para
a confecção da defesa, visto que o reclamado deve ser
intimado da audiência com antecedência mínima de 05 dias.
PRAZO O Ministério Público e a Defensoria Pública possuem o prazo
em dobro, devendo ser intimados para a Audiência Inicial com
antecedência mínima de 10 dias.
As Pessoas Jurídicas de Direito Público (União, Estados, DF
e Municípios e das autarquias ou fundações de direito

45
público) que não explorem atividade econômica possuem
prazo em quádruplo para contestar, por existir REGRA
PRÓPRIA no Processo do Trabalho. Assim, a audiência inicial
ser a primeira desimpedida em no mínimo, 20 dias.
É a defesa processual que deve ser apresentada pelo
Reclamado na audiência inicial, podendo ser aduzida oralmente
em 20 minutos, de forma escrita e eletronicamente no PJE.
No processo eletrônico, a contestação pode ser apresentada
antes da audiência, mas continua a faculdade de apresentação
oral em audiência.
Princípios do Direito Processual Civil que devem ser
observados no Processo do Trabalho: Impugnação
Especificada e Eventualidade.
Não se aplica o Princípio da Impugnação Especificada à
Defensoria Pública, ao advogado dativo e ao curador
CONTESTAÇÃO
especial.
TRABALHISTA
Compete ao Réu apresentar as defesas indiretas de mérito
(Preliminares de Mérito) que se acolhidas geram a extinção
do processo SEM resolução do mérito.
Após aduzir suas preliminares, cabe ao Réu ingressar na defesa
de mérito, pelo qual deverá apresentar todos os argumentos
para se contrapor aos pedidos (mérito) da Petição Inicial,
podendo ser defesa direta do mérito, ou defesa indireta de
mérito;
Na defesa direta de mérito o ônus da prova é do autor da
Ação e na defesa indireta de mérito caberá ao próprio réu
apresentar a prova das suas alegações.
Podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz do trabalho, mas a
PRESCRIÇÃO E
prescrição deve ser alegada pela primeira vez nas instâncias
DECADÊNCIA
ordinárias.
COMPENSAÇÃO E São matérias de mérito e somente poderão ser arguidas na
RETENÇÃO contestação.
RECONVENÇÃO Há omissão da CLT e Compatibilidade com o CPC.

46
Deverá ser apresentada na contestação, mas também se
admite sua apresentação em petição autônoma, na audiência
inicial no processo do trabalho.
requisitos para apresentação da reconvenção:
- existência de uma demanda principal;
- a compatibilidade dos ritos processuais;
- o juiz deve ter competência absoluta para julgar a ação e a
reconvenção;
- deve haver conexão com a ação originária ou fundamentos
de defesa.
A reconvenção é mera faculdade do reclamado, já que, se não
for apresentada, poderá ser alegada em outro momento em
uma ação autônoma.
Quando proposta a reconvenção, o autor será intimado, na
pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo
de 15 dias.
A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que
impeça o exame de seu mérito não obsta o prosseguimento
do processo quanto à reconvenção, pois a reconvenção é
autônoma.
São cabíveis os honorários sucumbenciais.
Deve ser julgadas por sentença que pode ser impugnada
através do Recurso Ordinário no prazo de 08 dias.
Se houver o indeferimento da Reconvenção pelo juiz não
caberá recurso imediato no processo do trabalho dessa decisão
interlocutória, assim, a mesma deverá ser impugnada apenas
no Recurso Ordinário.
A regra da competência territorial no Processo do Trabalho é
EXCEÇÃO DE que a RT deve ser ajuizada no local da prestação de serviços
INCOMPETÊNCIA ou da contratação. Caso o ajuizamento se dê perante juízo
TERRITORIAL territorialmente incompetente (incompetência relativa), deverá
ser apresentada a Exceção de Incompetência Territorial, sob
pena de prorrogação de competência.

47
a exceção de incompetência territorial poderá ser apresentada
no prazo de 05 dias a partir da notificação, antes da audiência
e em peça que sinalize sua existência.
Com o protocolo, o processo é suspenso, com a não
realização de audiência de julgamento.
Os autos devem ser imediatamente conclusos ao magistrado e
este deverá notificar o reclamante e os interessados, se
existentes, para se manifestar no prazo de 05 dias.
É possível a produção de prova oral, designando audiência
para garantir o direito de o excipiente e de suas testemunhas
de serem ouvidos, através da carta precatória, no juízo
competente.
Assim que for decidida a exceção, o processo prosseguirá o
seu andamento, juntamente com a designação de audiência,
a apresentação de defesa e a instrução processual perante o
juiz que é competente.
Caso acolha a exceção, o juiz remeterá os autos para o Juízo
declinado como competente. Como a decisão que julga a
exceção é interlocutória, não admite recurso de imediato,
exceto quando terminativa do feito (art. 799, § 2° da CLT).
O art. 799 da CLT determina que “nas causas da jurisdição da
Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com
suspensão do feito, as exceções de suspeição ou
incompetência”. Observe-se que a CLT não menciona a
exceção de impedimento.

EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO Previsão Legal: artigo 801 da CLT e nos artigos 144 a 145 do
E IMPEDIMENTO NCPC;
A parte deverá opor a exceção de impedimento e de
suspeição na primeira oportunidade que tiver para se
manifestar nos autos ou em audiência, sob pena de preclusão.
As exceções de suspeição e impedimento se aplicam ao juiz,
Ministério Público, serventuários e os auxiliares da justiça.
A suspeição não será aceita:

48
- se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja
consentido na pessoa do juiz, salvo novo motivo.
-se o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já
a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz
recusado;
- se procurou de propósito o motivo de que ela se originou.
Apresentada a exceção de suspeição ou impedimento o juiz
suspenderá o feito e deverá designar audiência de instrução
e julgamento dentro de 48 horas.
Se o juiz reconhecer a suspeição ou impedimento, remeterá
os autos para seu substituto legal e dessa decisão não caberá
recurso.
Caso o juiz não reconhecer a exceção deverá remeter os autos
ao TRT para apreciação, acompanhado dos documentos, no
prazo de 15 dias.

49
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Área Judiciária) Angélica e sua ex-
empregadora Editora Alfa Ltda. pretendem ingressar com Processo de Jurisdição Voluntária para
Homologação de Acordo Extrajudicial perante a Justiça do Trabalho, uma vez que houve rescisão
do contrato de trabalho. Neste caso, nos termos da lei a ação:

A) será ajuizada por petição conjunta, sendo facultada às partes a representação por advogado
comum, sendo que as verbas rescisórias devem ser quitadas até dez dias contados a partir do
término do contrato.

B) será ajuizada por petição conjunta, mas com advogados diferentes para cada parte, sendo
que as verbas rescisórias devem ser quitadas até dez dias contados a partir do término do
contrato.

C) poderá ser proposta por uma das partes, sendo que as verbas rescisórias devem ser quitadas
até dez dias contados da data do ingresso com a ação.

D) poderá ser proposta por uma das partes, sendo que as verbas rescisórias devem ser quitadas
até a data da audiência ou no prazo determinado pelo juiz.

50
E) será ajuizada por petição conjunta, mas com advogados diferentes para cada parte, sendo
obrigatório o depósito judicial das verbas rescisórias no momento de ajuizamento da ação.

Comentário:

Tudo sobre o processo de homologação de acordo extrajudicial está na CLT, que é de


leitura obrigatória. Vejamos:

Art. 855-B - O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição
conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado.

§ 1° As partes não poderão ser representadas por advogado comum.

O prazo de quitação não muda e segue a regra:

Art. 477 - Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação


na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e
realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.

§ 6º A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção


contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do
instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até 10 dias contados a
partir do término do contrato.

Questão 2

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Área Judiciária) Na audiência UNA
da reclamação trabalhista movida por Ana Maria em face da empresa de laticínios Via Láctea
Ltda., o preposto chegou 20 minutos atrasado, alegando que o pneu de seu carro havia furado
a caminho do Fórum. A audiência não tinha se encerrado, sendo que a advogada da Reclamada
tinha comparecido no horário, apresentado Defesa com documentos, mas não havia proposta
para acordo, sendo que o juiz estava marcando perícia para apuração de insalubridade no
ambiente de trabalho. Neste momento, a advogada da Reclamada requereu que não fossem
aplicados os efeitos da revelia e confissão, tendo em vista que o preposto esteve presente à

51
audiência antes de seu término. Diante dos fatos narrados e, de acordo com a lei e a orientação
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, é correto afirmar que

A) não existe previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na


audiência, sendo aplicados os efeitos da revelia e confissão à Reclamada, entretanto, presente
a advogada, serão aceitos a contestação e os documentos apresentados.

B) assiste razão à Reclamada, tendo em vista que o preposto esteve presente à audiência antes
de seu término, razão pela qual não serão aplicados os efeitos da revelia e confissão à empresa.

C) apesar de não existir previsão legal tolerando atrasos no horário de comparecimento da parte
na audiência, tendo o preposto comparecido e apresentado justificativa para o seu atraso, deverá
o juiz afastar os efeitos da revelia e confissão à Reclamada.

D) assiste razão à Reclamada, mas não porque o preposto chegou atrasado antes do término
da audiência, mas, sim, porque a advogada esteve presente pontualmente.

E) não existe previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na


audiência, sendo aplicados os efeitos da revelia e confissão à Reclamada, ainda, que presente a
advogada, não serão aceitos a contestação e os documentos apresentados.

Comentário:

Quanto ao atraso das partes não há qualquer tolerância. É o que dispõe a OJ 245:

OJ 245 DA SDI-1: Inexiste previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento


da parte na audiência.

Ainda que o advogado da reclamada tenha comparecido a audiência e apresentado


defesa, a reclamada ainda sim é revel. O que pode ocorrer é que, o Juiz, considerando aquilo
que foi apresentado na defesa e os documentados constantes dos autos, afaste os efeitos da
revelia:

“Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento


da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão
quanto à matéria de fato.

52
§ 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos
a contestação e os documentos eventualmente apresentados.”

Não se ponde confundir com o prazo dos magistrados:

Art.815- Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou
presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido
constar do livro de registro das audiências.

Questão 3

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Com relação
à audiência de julgamento, considere:

I. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que
tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente, sendo que o preposto
não precisa ser empregado da parte reclamada.

II. Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for
possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro
empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato.

III. Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a
contestação e os documentos eventualmente apresentados.

IV. O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação


além da condenação em multa variável entre 1% e 3% sobre o valor da causa, e o não
comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho, está correto o que se afirma APENAS em

A) I, II e III.

B) I, II e IV.

C) III e IV.

53
D) I e II.

E) I, III e IV

Comentário:

I - Art. 843 § 1º: É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou


qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente.

§ 3º - O preposto a que se refere o § 1o deste artigo não precisa ser empregado da


parte reclamada.

II - Art. 843 § 2º: Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente
comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se
representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato.

III - Art. 844 § 5º: Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência,
serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados.

IV - Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o


arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de
confissão quanto à matéria de fato §2º: Na hipótese de ausência do reclamante, este será
condenado ao pagamento das custas calculados na forma do art. 789 da CLT, ainda que
beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de 15 dias, que a ausência ocorreu
por motivo legalmente justificável.

Art. 789: Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e
procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas
perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo
de conhecimento incidirão à base de 2%, observado o mínimo de R$ 10,64 e o máximo de 4
vezes o limite máximo dos RGPS, e serão calculadas: (...)

Questão 4

54
(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa)
O Juiz da Vara do Trabalho do Rio de Janeiro agendou uma audiência para o dia 11 de abr. de
2018 às 15h30. Manoela, reclamante na ação trabalhista, e a empresa Gotas de Água S.A., em
face de quem Manoela ingressou com o pleito, compareceram à audiência com seus respectivos
advogados no horário agendado. O juiz, por sua vez, somente chegou à audiência na referida
data às 16h. Assinale a alternativa que apresenta como as partes devem proceder nessa situação.

A) Ao Juiz é permitido chegar a qualquer tempo, considerando ser o mesmo quem irá presidir
a audiência, devendo as partes aguardar sua chegada.

B) Se o Juiz não houver comparecido até 20 (vinte) minutos após a hora marcada, os presentes
poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências.

C) Se o Juiz comparecer à audiência com até 30 (trinta) minutos de atraso após a hora marcada,
as partes têm o dever de estarem aguardando o juiz para o início da audiência, devendo o
atraso constar do livro de registro das audiências.

D) Se o Juiz não houver comparecido até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, os presentes
poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências.

E) Se o Juiz não houver comparecido até 60 (sessenta) minutos após a hora marcada, os
presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências.

Comentário:

Para o magistrado há certa tolerância de atraso na audiência. É o que diz o artigo 815
da CLT:

Art. 815 - À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência, sendo feita
pelo secretário ou escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam
comparecer.

Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente
não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro
de registro das audiências.

55
Questão 5

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa)
Carolina ingressou com ação em face da empresa Supermercados Boas Compras Ltda., na qual
pleiteou direitos trabalhistas que entendera terem sido violados no decorrer do contrato de
trabalho findo há quatro meses, quando houve a dispensa sem justa causa da reclamante. O
advogado de Carolina, no dia 22 de fev. de 2018, ingressou com a reclamação trabalhista,
anexando o cálculo atualizado do débito pleiteado, que totalizou R$ 28.000,00 (vinte e oito mil
reais). Foi agendada a audiência para o dia 20 de abr. de 2018. Nessa audiência, Carolina
intenciona levar suas testemunhas. Com base nos dados ora apresentados, assinale a alternativa
correta, que contenha o procedimento a ser seguido, a característica da audiência e as
peculiaridades sobre as testemunhas, respectivamente.

A) Ordinário; a audiência agendada será única e as partes poderão comparecer com até o
máximo de três testemunhas cada, independente de intimação.

B) Sumaríssimo; a audiência agendada será única e as partes poderão comparecer com até o
máximo de três testemunhas cada, independente de intimação.

C) Ordinário; a audiência agendada será única e as partes poderão comparecer com até o
máximo de duas testemunhas cada, dependendo de intimação.

D) Sumaríssimo; a audiência agendada será única e as partes poderão comparecer com até o
máximo de duas testemunhas cada, independente de intimação.

E) Ordinário; a audiência agendada não será obrigatoriamente única e as partes poderão


comparecer com até o máximo de três testemunhas cada, independente de intimação.

Comentário:

Sobre o tema, vejamos o que expõe a CLT:

Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário
mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento
sumaríssimo.

56
Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas
em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado
para atuar simultaneamente com o titular.

Art. 852-H, § 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão
à audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação.

Questão 6

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) O trabalhador Ulisses ingressou com dissídio individual em face da empresa Delta
Produtos e Games Digitais, reivindicando o pagamento de horas extraordinárias e a comissão
de um mês que não foi paga, atribuindo à causa o valor de 10 salários mínimos. A legislação
processual trabalhista autoriza que o reclamante possa convidar, como testemunhas, até

A) 2 no total.

B) 3 no total.

C) 2 para cada pedido.

D) 3 para cada pedido.

E) 5 no total.

Comentário:

O número de testemunhas varia conforme o procedimento. Vamos de Macete?

 Procedimento Comum Ordinário - 3 palavras - 3 testemunhas para cada PARTE e


não para cada FATO.

 Procedimento Sumaríssimo - 2 palavras - 2 testemunhas (é o mais célere, logo


menos testemunhas para terminar logo)

 Inquérito Judicial Para Apuração de Falta Grave - 6 palavras - 6 testemunhas

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Questão 7

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Área Judiciária) A empresa
Mutilados Produtos Hospitalares foi acionada em reclamação trabalhista movida por seu ex-
empregado Thor. Em audiência inaugural, não havendo possibilidade de acordo, o Juiz recebeu
a defesa da reclamada e adiou a audiência para instrução em razão da ausência de uma
testemunha convidada pelo reclamante. Na audiência de instrução em prosseguimento,
compareceram apenas o reclamante com seu advogado e o advogado da reclamada, visto que
o seu cliente se esqueceu da audiência e não enviou preposto. Nessa situação,

A) aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não
comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.

B) deve ser designada outra audiência porque o adiamento da primeira audiência decorreu de
interesse do reclamante, em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa.

C) o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria


de fato, devendo ser marcado o julgamento.

D) não se aplica a confissão à parte que não comparecer à audiência em prosseguimento, na


qual deveria depor, caso seu advogado compareça e, tendo conhecimento dos fatos, atue como
preposto da empresa, cujas declarações obrigarão o proponente.

E) se o juiz entender que não é necessário o interrogatório da reclamada não será aplicada a
confissão ficta requerida pela parte contrária, ainda que a reclamada tenha sido expressamente
intimada com aquela cominação.

Comentário:

Sobre o tema, é importante mencionar o que diz a súmula 74 do TST:

Súmula 74: I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela
cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.

Porém a ausência pode ter consequências diferentes:


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Ausente Reclamante na audiência inaugural: arquivamento (paga 2% das custas e
despesas processuais, AINDA QUE JG, salvo motivo LEGALMENTE justificável apresentado em 15
dias);

Ausente Reclamado na audiência INAUGURAL: revelia e confissão (presumem-se


verdadeiros os pedidos da RT (petição inicial), porém ainda cabe o contraditório

Ausente Reclamante na audiência de prosseguimento : Confissão

Ausente Reclamado na audiência de prosseguimento: Confissão

Ausência de AMBOS: Inaugural = arquivamento; Prosseguimento = o juiz julgará com o


que possuir, ocorrendo CONFISSÃO FICTA para ambas as partes

Questão 8

(FCC - 2016 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário - Administrativa) Na reclamatória
movida por Hércules em face da empresa Delírios Artísticos e Produções Culturais, o Juiz
designou audiência trabalhista UNA para sexta-feira às 18h30min, intimando as partes para o
comparecimento, sob as penalidades legais cabíveis em caso de ausência. Conforme previsão
contida na Consolidação das Leis do Trabalho, o horário para realização do referido ato
processual e o tempo máximo de duração será, respectivamente, das

A) 8 às 20 horas, com cinco horas seguidas, exceto quando houver matéria urgente.

B) 8 às 18 horas, com cinco horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente.

C) 6 às 18 horas, com três horas seguidas, mesmo quando houver matéria urgente.

D) 9 às 18 horas, com três horas seguidas, independente da urgência da matéria.

E) 11 às 19 horas, com duas horas seguidas, ainda quando houver matéria urgente.

Comentário:

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A resposta da questão está no artigo 813 da CLT, que aduz que as audiências dos órgãos
da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias
úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5
(cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente.

Questão 9

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) A sentença
é um dos atos processuais praticados pelo juiz, por meio do qual entrega às partes a tutela
jurisdicional. Uma vez não sujeita a recurso, opera-se a denominada coisa julgada. Com relação
à sentença e à coisa julgada, a Consolidação das Leis do Trabalho estabelece:

A) As decisões cognitivas ou homologatórias não precisam indicar a natureza jurídica das


parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado, nem mesmo o limite de
responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso.

B) Existindo na decisão evidentes erros ou equívocos de escrita, de datilografia ou de cálculo,


não poderão os mesmos, em nenhuma hipótese, ser corrigidos.

C) No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para
a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.

D) O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a execução da mesma


prejudicará os créditos da União.

E) Na decisão não será necessário mencionar as custas que devam ser pagas pela parte vencida,
uma vez que se tratam de taxas automaticamente impostas pelo Poder Judiciário.

Comentário:

A questão exigia o conhecimento literal da CLT:

Art. 831. Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá
como decisão irrecorrível, salvo para a previdência social quanto às contribuições que lhe forem
devidas.
60
Questão 10

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Com relação
ao procedimento sumaríssimo, a Consolidação das Leis do Trabalho estabelece que
A) os dissídios individuais, cujo valor não exceda a 60 vezes o salário mínimo vigente na data
do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo.
B) o juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas,
considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que considerar
excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às
regras de experiência comum ou técnica.
C) estão incluídas no procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a Administração
pública direta, autárquica e fundacional.
D) sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á a parte contrária em
até 5 dias, a critério do juiz.
E) em nenhuma hipótese admitir-se-á a realização de prova técnica, incumbindo ao juiz, quando
sua realização for necessária, converter o rito para o procedimento ordinário.

Comentário:

A resposta correta contempla o princípio do inquisitivo

Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem
produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que
considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar ESPECIAL
valor às regras de experiência comum ou técnica

61
GABARITO

Questão 1 - B

Questão 2 - A

Questão 3 - A

Questão 4 - D

Questão 5 - D

Questão 6 - A

Questão 7 - A

Questão 8 - B

Questão 9 - C

Questão 10 - B

62
QUESTÃO DESAFIO

Considere a situação-problema abaixo e responda:

Davi, empregado celetista de uma entidade da sociedade civil,


ajuizou ação trabalhista a fim de requerer pagamento de horas
extraordinárias, após 1 ano e 3 meses de contrato de trabalho.
Na audiência, o empregado comprovou, com testemunha, que

trabalhava além do limite normal nos 6 primeiros meses em que


trabalhou na empresa, pois a testemunha somente trabalhou
com o autor durante esse período. O autor alega que as
condições de trabalho permaneceram as mesmas nos outros 9
meses de emprego.

O juiz do trabalho poderá deferir o pagamento de horas


extraordinárias pelo período de 15 meses? Fundamente.

Máximo de 5 linhas

63
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Sim, o juiz poderá deferir o pagamento das horas extras pelo período de 15 meses,
desde que se convença de que o procedimento questionado superou aquele período
comprovado pela testemunha, ou seja, se tiverem permanecido as mesmas funções,
horários e condições de trabalho (OJ nº 233, SDI-I do TST).

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

Constitui fato constitutivo do trabalhador comprovar a prestação do trabalho extraordinário,


portanto, será ônus do empregado comprovar que permaneceu à disposição ou em regime de
prorrogação, após o horário normal de trabalho (CORREIA, Henrique; MIESSA, Élisson. Súmulas
e OJs do TST comentadas e organizadas por assunto. 8. ed. Salvador: Editora Juspoidvm, 2018,
p. 667).

Tendo a testemunha trabalhado com Davi apenas durante os 6 primeiros meses do contrato
de trabalho, e comprovado que nesse período havia prestação de horas extras, caberia ao
empregador comprovar que houve fato modificativo, ou seja, que ocorreu alteração significativa
nas condições de trabalho do reclamante.

Desta forma, segundo posicionamento do TST consolidado na OJ nº 233 da SDI-1, o juiz


pode deferir as horas extras pelo período total em que Davi trabalhou na entidade de sociedade
civil, ou seja, 1 ano e 3 meses (15 meses).

O art. 818 da CLT e a aplicação subsidiária e supletiva do art. 373 do CPC trazem duas regras
básicas acerca do ônus da prova, quais sejam: ao autor incumbe a prova do fato constitutivo de
seu direito, e ao réu cabe a prova da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor.

A OJ 233 trata da hipótese de comprovação das horas extras em parte do contrato de


trabalho e da extensão do regime de prorrogação em período em que não houve comprovação
expressa de que o empregado trabalhou além das 8 horas diárias.

Por fim, vale salientar que há posicionamento minoritário em sentido contrário ao do TST, a
exemplo de Sérgio Pinto Martins, que entende que cabe ao empregado demonstrar todo o

64
período em que houve jornada extraordinária, por se tratar de fato extraordinário (MARTINS,
Sérgio Pinto. Comentários às Súmulas do TST. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 199).

65
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Dissídios Individuais:

 CLT: Arts. 731, 786, 787, 839, 840, 841, 842, 852-B, 853, 856;
 CPC: Arts. 261, 292, 293, 319, 320, 321, 322, 323, 324, 325, 326, 327, 328, 329, 330,
331, 492.
 Súmulas TST: 425;

Audiência:

 Súmulas TST: 09, 69, 122, e 377;


 Orientações Jurisprudenciais: 245 e 152 da SDI-I do TST;
 CLT: Arts. 467, 701, 731, 732, 764, 813, 814, 815, 816, 817, 831, 843, 844, 846, 849,
850, 852-C, 852-E, 852-F, 852-G;
 CF/88: art. 93.

Acordo Judicial:

 CLT:
 Súmulas TST: 259, 418;
 Orientações Jurisprudenciais: 132 da SDI-II do TST.

Resposta do réu:

 Súmulas TST: 18, 48, 69, 122 e 398;


 Orientações Jurisprudenciais: 152 e 245 da SDI-I do TST;
 CLT: Arts. 767, 795, 800, 801, 802, 841, 844, 847, 852 e 852-G;
 CPC: Arts. 144, 145, 146, 147, 148, 337, 338, 341, 342, 343, 344, 345, 346, 347, 348,
349, 355 e 966.

66
 Súmula 9, TST

A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após contestada a ação em audiência, não importa
arquivamento do processo.

 Súmula 48, TST

A compensação só poderá ser arguida com a contestação.

 Súmula 18, TST

A compensação, na justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza trabalhista.

 Súmula 259, TST

Só por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do art. 831 da CLT.

 Súmula 398, TST

Na ação rescisória, o que se ataca na ação é a sentença, ato oficial do Estado, acobertado pelo manto da coisa
julgada. Assim sendo, e considerando que a coisa julgada envolve questão de ordem pública, a revelia não produz
confissão na ação rescisória.

 Orientação Jurisprudencial 132 da SDI-II, TST

Acordo celebrado homologado judicialmente em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem qualquer
ressalva, alcança não só o objeto da inicial, como também todas as demais parcelas referentes ao extinto contrato

de trabalho, violando a coisa julgada, a propositura de nova reclamação trabalhista.

 Súmula 418, TST

A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido
e certo tutelável pela via do mandado de segurança.

 Orientação Jurisprudencial 245 da SDI - I, TST

Inexiste previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na audiência.

 Orientação Jurisprudencial 152 da SDI-I, TST.

Pessoa jurídica de direito público sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT.

 Súmula n. 398, TST

Na ação rescisória, o que se ataca na ação é a sentença, ato oficial do Estado, acobertado pelo manto da coisa
julgada. Assim sendo, e considerando que a coisa julgada envolve questão de ordem pública, a revelia não produz
confissão na ação rescisória.

 Súmula n. 74, TST


67
I- Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à
audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.

II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (arts. 442

e 443, do CPC de 2015 - art. 400, I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de
provas posteriores.

III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o

exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o processo.

 Orientação jurisprudencial n. 310 da SDI- I, TST

Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC de 2015 art. 191
do CPC de 1973), em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente.

68
JURISPRUDÊNCIA

Audiência

 TST-RR-1000901-65.2017.5.02.0036, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em


20.11.2019 (Info. TST nº 213).

RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017.
NULIDADE DO ACÓRDÃO POR CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DA OITIVA DE TESTEMUNHA.
EXERCÍCIO DA FUNÇÃO DE PREPOSTO EM AÇÕES PRETÉRITAS. IMPEDIMENTO NÃO CARACTERIZADO. A função
de preposto pode ser exercida por qualquer empregado da empresa que detenha conhecimento dos fatos objeto

da demanda judicial, não se pressupondo, ante essa circunstância, a sua suspeição ou impedimento. Por outro lado,
consoante exegese do art. 75, VIII, do CPC/2015 (art. 12, VI, do CPC/1973), a pessoa jurídica será representada
legalmente "por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus
diretores". Assim, a figura do preposto não se confunde com a do representante legal da pessoa jurídica, não

recaindo sobre ele, apenas por essa razão, o impedimento de que trata o art. 447, § 2º, III, o CPC. O acolhimento
de contradita fundada apenas no fundamento de que o preposto, por ter atuado em ação pretérita da empresa
demandada, restou impedido de prestar depoimento como testemunha, deflagrou ofensa o contraditório e à ampla
defesa, garantias basilares contidas no art. 5º, LV, da Carta Magna.

 .TST-E-ED-RR-179500-77.2007.5.09.0657, SBDI-I, rel. Min. João Oreste Dalazen, 20.8.2015. (Info.


TST nº 114).

Atraso de três minutos à audiência. Ausência de prática de ato processual. Revelia. Não caracterizada. Orientação
jurisprudencial nº 245 da SBDI-I do Tribunal Superior do Trabalho. Inaplicável. O atraso de três minutos à audiência
não acarreta, por si só, a decretação de revelia do reclamado, se, no momento em que a reposta adentrou a sala
de audiência, nenhum ato processual havia sido praticado, nem mesmo a tentativa de conciliação. No caso,
considerou-se que a decretação da revelia, nas aludidas circunstâncias, constitui desarrazoada sobreposição da
forma sobre os princípios da verdade real e da ampla defesa e faz tábula rasa do princípio da máxima efetividade
do processo e da prestação jurisdicional, que deve nortear o Processo do Trabalho. Assim, há que se levar em
conta o bom senso e a razoabilidade na aplicação do disposto no art. 844 a CLT, bem como da diretriz consagrada
na Orientação Jurisprudencial nº 245 da SBDI-I do TST.

69
 TST-E-RR-736-21.2012.5.09.0002, SBDI-I, rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, 14.6.2018
(Info. TST nº 180).

Audiência. Não comparecimento da reclamante. Atestado médico que não registra a impossibilidade de
locomoção. Existência de outros elementos que justificam a ausência. Confissão ficta. Afastamento. A SBDI-I, por

unanimidade, conheceu dos embargos interpostos pela reclamada, por divergência jurisprudencial, e, no mérito,
por maioria, negou-lhes provimento para manter a decisão turmária que afastara a pena de confissão ficta aplicada
à reclamante que justificou sua ausência à audiência mediante a apresentação de atestado médico sem expressa
menção à impossibilidade de locomoção. Na espécie, prevaleceu o entendimento de que embora o atestado médico
não tenha atendido aos requisitos da Súmula nº 122 do TST – aplicável a empregador e a empregado, em razão

do princípio da isonomia –, restou justificada a ausência da reclamante, na medida em que o documento noticiou
o comparecimento da empregada ao médico na mesma data da audiência e em horário próximo, e registrou o
Código Internacional de Doenças - CID e a necessidade de afastamento das atividades laborais por um dia, o que
leva a concluir que também não estava apta a comparecer à audiência marcada.

 TST-RR-10637-44.2016.5.09.0011, 6ª Turma, rel. Des. Conv. Cilene Ferreira Amaro Santos, julgado
em 5.6.2019 (Info. TST nº 198).

O processamento do recurso de revista na vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça transcendência
com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de

ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do RITST). Ausente a transcendência o recurso
de revista não será processado. Se presente a transcendência, prossegue-se na análise dos demais pressupostos
recursais. No caso, apenas a advogada da reclamada compareceu à audiência. Depois do interrogatório do

reclamante a advogada presente requereu prazo para juntada de defesa, documentos e prova oral, o que foi
indeferido. Ato contínuo foi encerrada a instrução processual, concedendo-se prazo para apresentação de razões
finais escritas. Ao apresentar suas razões finais escritas a reclamada alegou cerceamento do direito de defesa em
razão do indeferimento do prazo para juntada de defesa, documentos e produção de prova oral. O Tribunal
Regional aplicou a preclusão por entender que a parte deveria ter registrado protestos na audiência, logo após o
indeferimento do seu pedido. A causa apresenta transcendência jurídica, nos termos art. 896-A, § 1º, IV, da CLT
uma vez que a matéria não foi analisada pelo Tribunal Superior do Trabalho sobre o aspecto ora trazido, razão
pela qual passo a apreciação dos demais pressupostos do recurso de revista. A arguição de nulidade deve ser
realizada "na primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos". A conjunção coordenada alternativa

nos induz à conclusão de que a parte pode realizar o protesto de forma imediata ao indeferimento, sem necessidade
de renová-lo em razões finais ou pode apresentá-lo apenas em razões finais, orais ou escritas. No caso, o protesto
não foi feito de forma imediata em audiência, mas foi realizado em razões finais escritas, conforme facultado pelo
magistrado condutor da audiência. Dessa forma, não houve preclusão para se insurgir quanto ao indeferimento do
pleito de prazo para apresentação de defesa, documentos e produção de prova oral. Embora afastada a preclusão,

não há como acolher a irresignação da reclamada. Isso porque, no período anterior à Lei 13.467/2017, como no
caso dos autos, a ausência da reclamada na audiência inicial resulta em revelia, mesmo que o seu advogado tenha

70
comparecido a audiência (Súmula 122 do TST). Sendo a parte revel, o indeferimento de prazo para apresentação
de contestação, documentos e prova oral não constitui cerceamento do direito de defesa, nos termos da Súmula

74, II, do TST e art. 847 da CLT. Recurso de revista de que não se conhece.

Resposta do Réu

 TST-RO-137-04.2014.5.06.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria Helena Mallmann, red. p/ acórdão Min.
Renato de Lacerda Paiva, 26.6.2018 (Info. TST nº 181).

É inaplicável a pena de confissão ficta, quando do conjunto da defesa for possível ao julgador extrair que
houve, ainda que de forma genérica, oposição às afirmações do autor. Trata-se de exceção à regra do ônus da
impugnação específica, prevista no caput do art. 302 do CPC de 1973. No caso, a decisão rescindenda manteve a
sentença de primeiro grau que indeferira o pedido de pagamento das diferenças de comissões, sob o fundamento

de que houve impugnação genérica da matéria, em virtude da alegação de inexistência de vínculo de emprego
entre as partes. Igualmente, o TRT da 6ª Região, ao julgar improcedente a pretensão rescisória, concluiu que houve
a aplicação, e não a violação, do inciso III do art. 302 do CPC de 1973, registrando que as defesas apresentadas

pelas demandadas, consideradas em seu contexto total, rebateram a pretensão de percepção das comissões

suprimidas por vendas diretas realizadas pelas reclamadas. Assim, mantido o ônus probatório a cargo do autor,
dele se exige que faça prova de suas alegações, não sendo possível o corte rescisório pretendido, porquanto a
violação a dispositivo de lei a que se refere o art. 485, V, do CPC de 1973, capaz de ensejar a desconstituição da

coisa julgada, deve ser latente e literal, o que não se verifica na hipótese vertente, em que a norma processual
incidente na espécie fora devidamente aplicada.

71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASSAR, Vólia Bomfim. CLT comparada e atualizada: com a reforma trabalhista. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2017.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e do STJ anotadas e organizadas por assunto. 5ª Ed. rev.,
atual. e ampl. Salvador: Jus Podivm, 2019.

72
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito.. 6ª Ed. rev., atual. e ampl.
Salvador: Jus Podivm, 2019.

CORREIA, Henrique. Manual da Reforma Trabalhista. Salvador: Ed. Juspodivm, 2018.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. CLT Organizada. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2019.

MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

MIZIARA, Raphael; LENZA, Breno. Jurisprudência Trabalhista: principais decisões do TST, STF e STJ organizadas
por assunto. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

NAHAS, Thereza e MIZIARA, Raphael. Impactos da reforma trabalhista na jurisprudência do TST - São Paulo :

Editora Revista dos Tribunais, 2017.

SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada [livro eletrônico]. 2. ed. São Paulo : Thomson Reuters Brasil,

2018.

73
TRIBUNAIS

Direito Processual do
Trabalho
Capítulo 5
SUMÁRIO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ............................................................................................................. 3

Capítulo 5 ....................................................................................................................................................................... 3

1. Provas.................................................................................................................................................................... 3

1.1. Considerações Iniciais ................................................................................................................................. 3

1.2. Classificação das Provas............................................................................................................................. 5

1.3. Prova Emprestada ......................................................................................................................................... 6

1.4. Ônus da Prova................................................................................................................................................ 7

1.5. Meios de Prova ........................................................................................................................................... 11

1.5.1. Ata Notarial ...................................................................................................................................... 11

1.5.2. Prova Emprestada ......................................................................................................................... 12

1.5.3. Depoimento Pessoal e Interrogatório .................................................................................. 12

1.5.4. Prova Testemunhal ....................................................................................................................... 14

1.5.5. Prova Documental......................................................................................................................... 19

1.5.6. Prova Pericial ................................................................................................................................... 20

1.5.7. Confissão ........................................................................................................................................... 24

1.5.8. Inspeção Judicial ............................................................................................................................ 25

2. Sentença e Coisa Julgada. ........................................................................................................................ 26

2.1. Sentença ........................................................................................................................................................ 26

2.2. Coisa Julgada ............................................................................................................................................... 30

QUADRO SINÓTICO.................................................................................................................................................. 33

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................................... 43

GABARITO .................................................................................................................................................................... 56

QUESTÃO DESAFIO .................................................................................................................................................. 57

1
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................... 58

LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................................................... 60

JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................................ 68

2
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Capítulo 5

1. Provas.

1.1. Considerações Iniciais


A prova tem como objetivo demonstrar em juízo a existência ou não de um fato, visando
o convencimento do juiz acerca de uma dada relação jurídica. A CLT trata, de forma sucinta, da
fase probatória dos artigos 818 a 830 da CLT e, por este motivo são aplicadas as regras do
direito processual comum, de forma supletiva.

Para a produção das provas no processo é fundamental a observância aos princípios do


acesso à justiça, contraditório, ampla defesa e também o princípio da boa-fé. E, uma vez
produzida a prova por uma das partes ela passa a pertencer ao processo, ante seu caráter
publicista, que traz para a ação os fatos externos a ele, podendo a prova produzida servir como
base para a decisão do juiz, através do seu livre convencimento.

O objeto primordial da prova é esclarecer fatos controversos, que são aqueles alegados por
uma das partes e contestados pela outra parte. Nos termos do artigo 374 do CPC, independem
de prova os fatos notórios, afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária,
admitidos no processo como incontroversos e em cujo favor milita presunção legal de existência
ou de veracidade (essa presunção pode ser absoluta ou relativa).

3
A presunção absoluta é chamada de juris et de juris e é aquela que não admite prova em
contrário. Já a presunção relativa é chamada de juris tantum e é a que admite prova em
contrário, através de qualquer meio de prova admitido no ordenamento jurídico. Grave essas
expressões, elas são cobradas em prova!

A regra geral do direito probatório é que todos os todos os fatos devem ser provados e
o artigo 374 do CPC 2015, aplicável subsidiariamente ao Processo do Trabalho, tratas dos fatos
que não precisam ser provados a título de exceção à regra geral. O artigo deve ser lido e
memorizado!

O Princípio do iura novit curia significa que o juiz conhece o direito, não sendo necessário
se fazer prova do direito alegado pelas partes, salvo quando a parte alegar direito municipal,
estadual, estrangeiro ou consuetudinário, pelo qual deverá provar o teor e a vigência da norma,
se assim o juiz determinar, pelo previsto no artigo 376 do CPC 2015.

No direito probatório não há aplicação do princípio do direito material do in dubio pro


operário, pelo qual na dúvida sobre interpretação deve ser aplicada a mais benéfica ao
trabalhador, pois a Doutrina endente que no Processo do Trabalho as partes devem ser tratadas

4
de forma igualitária, cada uma arcando com seu ônus probatório conforme definido pela lei,
pela jurisprudência ou pelo juízo.

Portanto, a prova possui como objetivo o convencimento do juiz em razão de uma


demonstração da veracidade de fatos aduzidos em juízo. Esses fatos deverão ser levados à juízo
e provado pelas partes e seus advogados, não havendo hierarquia entre as provas no processo.

Conforme prevê a Súmula nº 231 do STF o revel poderá produzir as provas que achar
pertinente, desde que compareça ao processo em momento oportuno para apresenta-las,
podendo ainda requer provas, desde que não tenha se operado a preclusão.

1.2. Classificação das Provas


A Doutrina do Direito Processual do Trabalho apresenta a classificação das Provas, que
podem ser:

 Quanto ao fato:
 Diretas - quando dizem respeito ao fato probante.
 Indiretas - quando, como resultado dos fatos provados, há evidência de
veracidade desses fatos alegados.

 Quanto ao sujeito:
 Pessoais - se refere a afirmações alegadas por uma pessoa.
 Reais - se refere a informações realizadas não por pessoas, mas por uma coisa.

 Quanto ao objeto:
 Testemunhais - Derivam de afirmações adquiridas oralmente.
 Documentais - se constitui por uma afirmação gravada ou escrita.

5
 Materiais - baseia-se em qualquer outro meio material que possa ser utilizado
como prova.

 Quanto à preparação:
 Casual - Será a prova produzida no processo.
 Pré-constituída - É a prova produzida antes do processo, no momento da
propositura da demanda.

1.3. Prova Emprestada

O artigo 372 do CPC 2015 prevê a prova emprestada ao afirmar que “o juiz poderá admitir
a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar
adequado, observado o contraditório”.

Assim a prova emprestada é aquela que foi produzida em um processo e será transportada
para ser utilizada em outro processo, tratando-se de meio legítimo de prova, desde que
atendidos alguns requisitos, podendo ser utilizada no Direito Processual do Trabalho.

A prova emprestada poderá ser apresentada por apenas uma das partes, ou de comum
acordo entre as partes no processo ou ainda poderá ser determinada de ofício pelo Magistrado
do Trabalho.

Existe divergência na Doutrina sobre a natureza jurídica da prova emprestada, aparentando


ser a mais razoável a que afirma que a prova emprestada terá a mesma natureza da prova
produzida no processo originário, que, por exemplo, se for documental no processo original
será transportada e recebida como prova documental e assim sucessivamente.

São requisitos para admissibilidade da prova emprestada que ela tenha sido produzida no
processo original com as observâncias legais, principalmente que seja respeitado o contraditório,

6
que se relacione ao mesmo fato em ambos os processos e que as partes sejam as mesmas em
ambos os processos, ou ao menos uma das partes tenha figurado no processo em que se
originou a prova com um terceiro.

1.4. Ônus da Prova


O ônus da prova é o encargo que uma das partes no processo possui de apresentar a prova
nos autos da ação e pressupõe a inexistência ou insuficiência
de provas nos autos. Se elas existirem ou forem o bastante, de acordo com o
artigo 371 do CPC, o juiz irá aprecia-las independentemente de qual parte as promover, pois a
prova pertence ao processo.

E isso é importante saber: mesmo que o ônus da prova seja de uma das partes, pelo princípio
da comunhão das provas, se a outra parte (que não tinha o ônus) a produzir, a prova será do
processo, podendo ser utilizada pelo juízo para formar seu convencimento, só havendo
desvantagem para a parte que era obrigada a produzir a prova e não a produziu.

Segundo a Doutrina o ônus probatório poderá ser dividido em ônus da prova subjetivo,
pelo qual compete às partes provar os fatos alegados no processo, e ônus da prova objetivo,
que se aplica ao Magistrado com relação à apreciação da prova produzida pelas partes no
momento do julgamento da demanda.

O artigo 818 da CLT, alterado pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), afirma que, no
Processo do Trabalho o ônus da prova incumbe ao RECLAMANTE, quanto ao FATO
CONSTITUTIVO DE SEU DIREITO e incumbe ao RECLAMADO1 o ônus da prova quanto à
existência de FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DO
RECLAMANTE.

O artigo 818, caput, inciso I e II, da CLT prevê o ÔNUS ESTÁTICO DA PROVA, que será
aplicado independente da natureza ou dos fatos apresentados no processo. Sendo assim, o

1
Vide questão 9.
7
ônus da prova cabe à parte que a alega, seja o reclamante em relação aos fatos constitutivos
ou o Reclamado com relação ao fato impeditivo, modificativo ou impeditivo do direito do autor.

O juiz poderá determinar a atribuição do ônus da prova de forma diversa do previsto no


caput do art. 818 da CLT, denominada de DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA,
que se aplica: nos casos previstos em lei, ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo ou devido à maior facilidade
de obtenção da prova do fato contrário.

Nas hipóteses mencionadas acima, o juiz, através de decisão fundamentada, deve dar
oportunidade para a parte, Reclamante ou Reclamada, se desincumbir do ônus que lhe foi
atribuído, conforme prevê o artigo 818, §1º, da CLT.

A decisão na distribuição dinâmica do ônus da prova deverá ser proferida antes da abertura
da instrução, podendo, a requerimento da parte, implicar no adiamento da audiência e
possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito admitido.

A decisão judicial que implique na dificuldade excessiva ou na impossibilidade da


desincumbência do encargo pela parte será nula.

O artigo 373, §§ 3º e 4º, do CPC apresentou a possibilidade de distribuição diversa do ônus


da prova por convenção das partes (chamada de DISTRIBUIÇÃO CONVENCIONAL DO ÔNUS
DA PROVA), mas tal distribuição probatória NÃO FOI ADMITIDA PELO TST que expressamente
vedou sua aplicação ao Processo do Trabalho no artigo 2º, VII, da Instrução Normativa nº
39/2016 do TST (IN 39/16 TST).

Dada a importância da matéria, apresentaremos os principais tópicos de incidência do ônus da


prova, conforme entendimento do TST e a determinação da CLT, que possuem grande incidência
em provas:

8
ÔNUS DA PROVA

Tema Entendimento Previsão

O ônus de provar o término do contrato


Vínculo de trabalho, quando negados a prestação
Empregatício e de serviço e o despedimento, é do
Término do EMPREGADOR, pois o princípio da Súmula 212 do TST.
Contrato de continuidade da relação de emprego
Trabalho constitui presunção favorável ao
empregado2.
As anotações apostas pelo empregador na
Anotações na carteira profissional do empregado não
Súmula 12 do TST.
CTPS geram presunção "juris et de jure", mas
apenas "juris tantum".
Cabe ao EMPREGADO comprovar que
Art. 461, caput, CLT.
exerce a mesma função que o paradigma.
Cabe ao EMPREGADOR comprovar os
fatos modificativos, impeditivos e
extintivos do direito do paragonado
Equiparação
(Reclamante), p. ex: diferença no tempo de Argumentos presentes nos
salarial
serviço e de função; diferença na parágrafos do art. 461,
produtividade e na perfeição técnica; CLT.
pessoal organizado em cargo de carreira;
empregados não contemporâneos no
cargo/função, etc.
É do EMPREGADOR o ônus de comprovar
que o empregado não satisfaz os
Vale-transporte3 requisitos indispensáveis para a concessão Súmula 460 do TST.
do vale-transporte ou não pretenda fazer
uso do benefício.

2
Vide questão 10.
3
Vide questão 10.
9
É do EMPREGADOR o ônus da prova em
Dos valores do relação à regularidade dos depósitos do
Súmula 461 do TST.
FGTS FGTS, pois o pagamento é fato extintivo
do direito do autor (art. 373, II, CPC 2015).
Em regra, o ônus da prova da jornada de
trabalho delimitada na inicial é do
-
EMPREGADO, (fato constitutivo do
direito) quanto às horas extras.
Os cartões de ponto que demonstram
horários de entrada e saída uniformes são
inválidos como meio de prova,
invertendo-se o ônus da prova, relativo às Súmula 338, III, do TST.
Horas
horas extras, que passa a ser do
extraordinárias
EMPREGADOR, prevalecendo a jornada da
inicial se dele não se desincumbir.
A decisão que defere horas extras com
base em prova oral ou documental não
ficará limitada ao tempo por ela
OJ 233 SDI-I do TST.
abrangido, desde que o julgador fique
convencido de que o procedimento
questionado superou aquele período4.
É ônus do EMPREGADOR que conta com
mais de 10 empregados o registro da
jornada de trabalho na forma do art. 74, §
Jornada de 2º, da CLT. A não-apresentação
Súmula 338, I, do TST.
trabalho injustificada dos controles de frequência
gera presunção relativa de veracidade da
jornada de trabalho, a qual pode ser
elidida por prova em contrário.
Presume-se recebida a notificação 48
(quarenta e oito) horas depois de sua
Notificação Súmula 16 do TST.
postagem. O seu não recebimento ou a
entrega após o decurso desse prazo

4
Vide questão 10.
10
constitui ônus de prova do
DESTINATÁRIO.

O empregador doméstico, mesmo que só possua um empregado, é obrigado o registro dos


horários de saída e intervalos, bem como a apresentação dos controles em juízo, sob pena de
presunção de veracidade da jornada descrita na inicial trabalhista, pois o artigo 12 da LC
150/2015, estabelece que "é obrigatório o registro do horário de trabalho do empregado
doméstico por qualquer meio manual, mecânico ou eletrônico, desde que idôneo".

1.5. Meios de Prova


Durante a produção das provas no processo, devem as partes se ater aos meios legais e
legítimos, não sendo admissível a produção de provas obtidas através de meios ilícitos, conforme
expõe o artigo 5º, LVI, da CF/88.

Assim, os meios de prova são as formas de produção das provas admitidas no ordenamento
jurídico, tais como a prova documental, prova testemunhal, prova pericial, inspeção judicial,
depoimento pessoal, como veremos a seguir:

1.5.1. Ata Notarial

Com sua previsão estabelecida no artigo 384 do CPC, a ata notarial possui como objetivo a
documentação ou atestado da existência de algum fato, a requerimento do interessado. Esta
ata é lavrada por tabelião, e pode incluir em seu teor até dados representados por imagem ou
som gravado em aparelhos eletrônicos.

11
1.5.2. Prova Emprestada

Já estudamos o assunto, mas referimos aqui pra não esquecer que a prova emprestada
também se trata de um meio de prova, no qual o juiz pode aceitar o recebimento de uma
prova produzida em outro processo, desde que atendidos os requisitos essenciais para sua
produção, atribuindo-lhe o valor que considere adequado para o deslinde da causa.

1.5.3. Depoimento Pessoal e Interrogatório

O depoimento pessoal é caracterizado como um meio de prova que objetiva o


interrogatório da parte, com a finalidade de obtenção da confissão.

A pena de confissão ocorre, portanto, quando a parte, mesmo sendo intimada pessoalmente
e alertada sobre a pena, não comparece à audiência de instrução e julgamento ou se recusa a
depor, mesmo comparecendo.

O depoimento pessoal deverá ser colhido pelo Magistrado durante a audiência de Instrução
e Julgamento ou na audiência una, no momento adequado para a fase instrutória, cabendo à
parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-
lo de ofício, conforme tratado no artigo 385 do CPC 2015.

Já a CLT determina no artigo 848 que terminada a fase de apresentação da defesa, seguir-
se-á a instrução do processo, podendo o juiz, de ofício interrogar os litigantes, que poderão se
retirar da sala de audiências após o término da oitiva, prosseguindo a instrução com o seu
representante legal e em seguida serão ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se
houver.

A seguir apresentaremos a ordem para oitiva dos partícipes do processo na Audiência de


Instrução. Aqui existem DIFERENÇAS entre o Direito Processual do Trabalho e o Direito

12
Processual Civil, mas, por haver regra própria na CLT, esta será prevalente, não se aplicando
os dispositivos do CPC.

ORDEM PARA OITIVA NA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO:


CLT (Art. 848) CPC (Art. 361)
1º Depoimento Pessoal das Partes
1º Peritos
(Reclamante e depois o Reclamado)

2º Testemunhas 2º Assistentes técnicos


3º Depoimento Pessoal das Partes (Autor
3º Peritos
e depois o Réu)

4º Assistentes técnicos 4º Testemunhas

De acordo com o artigo 775, §2°, da CLT, o juízo poderá dilatar ou alterar a ordem da
produção dos meios de provas, se concluir que for necessário, podendo adequá-las às
necessidades da lide ao levar em consideração a distribuição do ônus da prova, objetivando
uma maior eficiência ao exercício do direito.

O comparecimento das partes pode ser determinado pelo juiz, se julgar necessário
interrogá-las ou a requerimento das próprias partes, de acordo com o artigo 848, da CLT. O
interrogatório, por sua vez, pode ser determinado pelo juiz a qualquer momento do processo,
e possui como fim o esclarecimento dos fatos. Se diferencia do depoimento pessoal por não
produzir a pena de confissão.

13
O depoimento pessoal, como visto, tem a finalidade de obter a confissão da parte, e por
este motivo deve ser requerida apenas pela parte contrária. Exemplo: O autor (Reclamante) só
pode requerer o depoimento pessoal do réu (Reclamado), não podendo requerer ao juiz sua
oitiva, pois não é aceita essa possibilidade (visto que o autor não objetiva sua confissão).

A Súmula nº 74 do TST, item I, trata de regra específica do Processo do Trabalho ao afirmar


que se aplica a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não
comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.

1.5.4. Prova Testemunhal

A prova testemunhal é uma forma não muito segura de produção de prova, mas apesar
disso ela é muito prestigiada no Processo do Trabalho, sendo muito usual em quase todas as
ações trabalhistas.

O artigo 447 do CPC traz a disciplina da prova testemunhal e se aplica supletivamente ao


Processo do Trabalho. Segundo ele pode figurar como testemunha no processo toda pessoa
capaz que não seja suspeita ou impedida.

Observe as hipóteses de incapacidade, suspeição e impedimento com a leitura completa do


artigo 447 do CPC, tratados respectivamente nos parágrafos primeiro, segundo e terceiro.

14
As pessoas menores de idade, as impedidas ou suspeitas, se necessário, serão ouvidas no
processo na qualidade de informantes, não prestando o compromisso de dizer a verdade,
conforme artigo 447, §4º, CPC 2015.

NÃO PODEM SER TESTEMUNHAS:

I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;

II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao


tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao
Incapazes tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as
(Art. 447, §1º, percepções;
CPC)
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;

IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos


que lhes faltam.

I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em


qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes,
por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público
ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder
obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento
Impedidos
do mérito;
(Art. 447, §2º,
CPC)
II - o que é parte na causa;

III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o


representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que
assistam ou tenham assistido as partes.

15
Suspeitos I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;

(Art. 447, §3º,


CPC) II - o que tiver interesse no litígio.

O Enunciado de Súmula 357 do TST afirma que não torna suspeita a testemunha o simples
fato de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador, podendo ser
testemunha em outro processo5.

Acerca da quantidade e do comparecimento das testemunhas no Processo do Trabalho


existem especificidades de acordo com o Procedimento a ser adotado, como veremos:

TESTEMUNHAS:

Procedimento Causas de até 40 salários na data do ajuizamento;


6
Sumaríssimo
(Art. 852-H, §2º e
Máximo de 02 testemunhas;
3º, CLT)

5
Vide questão 2.
6
Vide questão 3.
16
Comparecerão à audiência independente de intimação;

A intimação só será deferida pelo Juízo se a testemunha


comprovadamente convidada, não comparecer à audiência
onde deveria depor, o que gera a remarcação da audiência;

Se a testemunha for intimada e mesmo assim não comparecer à


audiência o Juiz pode determinar a imediata condução coercitiva.

Causas acima de 40 salários na data do ajuizamento e contra


Adm. Direta, Autárquica e Fundacional;

Máximo de 03 testemunhas;
Procedimento
Ordinário7
(Art. 821 e 845 CLT) Comparecerão à audiência independente de intimação;

Se a testemunha não comparecer à audiência será intimada a


requerimento da parte ou de ofício pelo juiz, sendo a audiência
remarcada;

Procedimento que objetiva a demissão do empregado estável,


Inquérito para devendo ser ajuizado em até 30 dias após a suspensão do obreiro;
apuração de Falta
Grave Máximo de 06 testemunhas8;

(Art. 821 e 853


CLT) Aplicam-se as mesmas regras do Procedimento Ordinário.

A CLT disciplina as normas aplicáveis às testemunhas no Processo do Trabalho dos artigos


819 à 829 e 893-D, cuja leitura é indispensável para o candidato.

As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas faltas ao serviço, ocasionadas
pelo seu comparecimento para depor na Justiça do Trabalho e se a testemunha for

7
Vide questão 9.
8
Vide questão 9.
17
funcionário civil ou militar, e tiver de depor durante seu horário de trabalho9, deverá ser
requisitada ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada.

O depoimento de uma testemunha não deverá ser ouvido por outra que ainda vá depor no
processo.

Em que pese a omissão da CLT, entende-se que o momento adequado para contraditar a
testemunha é após a sua qualificação e antes que preste o compromisso de dizer a verdade.

Por força da lei nº 13.660/2018, que implementou a redação do artigo 819, §3º, da CLT, as
despesas decorrentes da nomeação de intérprete, pelo juiz10, para oitiva das testemunhas que
não souberem falar a língua nacional serão arcadas pela PARTE SUCUMBENTE, SALVO SE
BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA.

Fique ligado, pois essa é uma alteração legislativa recente que tem cara de prova!

A Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/17) implementou a sistemática da multa superior a 1%


(um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa pela litigância de
má-fé à TESTEMUNHA que intencionalmente ALTERAR A VERDADE DOS FATOS ou OMITIR
FATOS ESSENCIAIS AO JULGAMENTO DA CAUSA, que será condenada ao pagamento,

9
Vide questão 9.
10
Vide questão 9.
18
conforme artigos 793-D e 793-C da CLT. Esses artigos são muito importantes, então não deixe
de lê-los.

O artigo 820 da CLT determina que as partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou
presidente, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes,
seus representantes ou advogados.

Assim, por possuir regra própria para inquirição de partes e testemunhas não se aplica o
artigo 459 do CPC pela previsão expressa do artigo 11 da IN 39/2016 do TST.

1.5.5. Prova Documental

A prova documental consiste no meio utilizado para a comprovação da existência ou não


de um fato, abarcando não somente as informações escritas, mas também imagens, desenhos,
fotografias, gravações, entre outros.

A CLT não sistematizou a prova documental como faz o CPC. Porém, é possível encontrar
em alguns artigos celetistas a menção aos documentos, como ocorre nos artigos 777, 780 e
830.

Nos termos do artigo 830 da CLT, o advogado pode declarar a autenticidade do


documento juntado em cópia para fazer prova no processo, sob sua responsabilidade pessoal11.
Uma vez impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para
apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário competente
proceder à conferência e certificar a conformidade entre tais documentos.

Segundo estabelece a Orientação Jurisprudencial nº 36, da SDI-1, do TST a norma coletiva é


documento comum às partes, possuindo valor probante mesmo que anexada aos autos do
processo sem autenticação, salvo se houver impugnação do seu conteúdo.

11
Vide questão 9.
19
A Orientação Jurisprudencial nº 134 da SDI-1, do TST, expressa que a pessoa jurídica de
Direito Público não necessita da formalidade da autenticação dos documentos fotocopiados por
ela apresentados, visto que são aceitos os apresentados sem tal formalidade.

Conforme a previsão dos artigos 787 da CLT e 434 do CPC, os documentos devem ser
juntados na petição inicial pelo autor, e na defesa pelo réu. Na fase recursal não é possível
juntar documentos, exceto se comprovado o justo impedimento para sua oportuna apresentação
ou se forem referentes a fato posterior à sentença, conforme aduz a Súmula nº 8 do TST.
Também é válido pontuar o entendimento decorrente do artigo 425, V, VI, §§1° e 2° do CPC,
que diz que no processo eletrônico os documentos digitalizados serão admitidos assim como
os documentos originais.

No Processo do Trabalho existe a necessidade de comprovação através de prova documental


com relação à concessão de horário de descanso da gestante, do efetivo pagamento dos salários
do empregado, acerca da existência de acordo para prorrogação de jornadas de trabalho e para
comprovar a concessão e o pagamento das férias.

1.5.6. Prova Pericial

Com relação à prova pericial, a mesma será realizada através de perícia, que ocorrerá quando
a prova dos fatos alegados depender de conhecimentos técnicos ou científicos e poderá ser
requerida pelas partes ou determinada de ofício pelo juiz, de acordo com o artigo 156, do CPC.

A perícia poderá ser realizada de três formas: exame de pessoas ou documentos,


vistoria de imóveis ou avaliação, que objetiva a apuração de valores, conforme previsão do
artigo 464 do CPC.

20
A perícia será apresentada através de LAUDO, que será elaborado pelo perito, que poderá
ser médico ou engenheiro do trabalho, conforme expõe a Orientação Jurisprudencial nº 165,
SDI-I, do TST.

De acordo com o artigo 158 do CPC, o perito que, por dolo ou culpa, apresentar falsas
informações irá responder pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em
outras perícias no prazo de 02 a 05 anos, independentemente das demais sanções previstas em
lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas
que entender cabíveis.

O juiz nomeará o perito que deverá apresentar o laudo pericial no prazo fixado pelo juízo.
Após a nomeação do perito as partes têm 15 dias para arguir a suspeição ou impedimento do
perito, apresentar quesitos e nomear assistente técnico (art. 465, § 1º, CPC).

As partes poderão indicar assistente técnico, cujo parecer deverá ser apresentado no mesmo
prazo designado pelo juiz para o perito apresentar o laudo pericial, sob pena de ser
desentranhado dos autos.

Conforme o artigo 464, §1°, do CPC 2015, o Magistrado pode indeferir a perícia nas
hipóteses de que a prova do fato não dependa do conhecimento especial do técnico, quando
a perícia for considerada desnecessária levando em conta as outras provas produzidas no
processo e quando a verificação da perícia for impraticável.

Quanto ao laudo pericial, as partes têm o direito de se manifestar. No Procedimento


Ordinário o prazo para tal manifestação será fixado pelo magistrado através de despacho e no
Procedimento Sumaríssimo o prazo será COMUM de 05 dias, conforme determina o artigo 852-
H, §§ 4º e 6º, da CLT.

Como previsto no artigo 852-H, §4º, da CLT, no Procedimento Sumaríssimo só poderá ser
deferida a prova técnica quando ela for legalmente imposta (como na insalubridade e
periculosidade) ou quando a prova do fato o exigir (como uma doença do trabalho), devendo
o juiz fixar o prazo e o objeto da perícia e nomear o perito.

Em consonância com o artigo 852-H, §4° da CLT, este laudo pericial deverá conter a
exposição do objeto da perícia, a análise técnica ou científica realizada pelo perito, a indicação

21
do método utilizado e uma resposta conclusiva aos quesitos apontados pelo juiz, partes ou pelo
Ministério Público.

O juiz não fica restrito ao laudo pericial, podendo formar o seu convencimento com base
em outros elementos probatórios ou fatos constantes nos autos, de acordo com o artigo 479
do CPC.

Se de ofício, ou a requerimento da parte, o juiz chegar à conclusão de que a matéria não


for suficientemente esclarecida, poderá determinar a produção de uma nova perícia, com base
no artigo 480, caput, do CPC 2015.

A regra no Processo do Trabalho é que a perícia ocorra na fase de conhecimento, para


ajudar o juiz a formar seu convencimento para prolação da decisão através do laudo de perito
especializado em determinada matéria, mas poderá ocorrer durante a fase de liquidação de
sentença, quando o perito realiza a liquidação por arbitramento.

A Reforma Trabalhista alterou o artigo 790-B, que trata dos honorários periciais, que são
assunto de grande incidência nas provas, motivo pelo qual apresentaremos uma sistematização
do assunto:

HONORÁRIOS PERICIAIS
Honorários Periciais são os valores devidos ao perito, médico ou engenheiro do trabalho,
pela realização de perícia determinada pelo Juízo e apresentada nos autos do processo.
A responsabilidade pelo PAGAMENTO dos honorários periciais é da PARTE SUCUMBENTE
NA PRETENSÃO objeto da perícia, AINDA que BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA.
Se o beneficiário da justiça gratuita NÃO receber em juízo créditos capazes de pagar os
honorários periciais, mesmo que em outro processo, quem responderá pelo encargo será a
UNIÃO.
Cabe ao juiz FIXAR O VALOR dos honorários periciais.

22
O LIMITE MÁXIMO dos honorários periciais será estabelecido pelo Conselho Superior da
Justiça do Trabalho.
Pode haver PARCELAMENTO dos honorários periciais.
O juízo NÃO poderá exigir ADIANTAMENTO DE VALORES para realização de perícias.

Não confundir honorários periciais com os do assistente técnico. A responsabilidade pelo


PAGAMENTO dos honorários do ASSISTENTE TÉCNICO serão da PARTE QUE O INDICAR,
ainda que seja vencedora no objeto da perícia, conforme previsto na Súmula 341 do TST.

Como visto, a Reforma Trabalhista determinou que não há possibilidade de o juízo


determinar o adiantamento de valores para a realização da perícia, sendo cabível, nos termos
da Orientação Jurisprudencial nº 98 da SDI - 2 do TST, para impugnar decisão do juiz do trabalho
que determine recolhimento prévio de honorários pericias o Mandado de Segurança

Quando a ação trabalhista contiver pedidos envolvendo os ADICIONAIS DE


PERICULOSIDADE E INSALUBRIDADE a perícia será obrigatória12 e deverá ser realizada ainda
que o réu seja revel e confesso quanto à matéria de fato, nos moldes do artigo 195, § 2º, da
CLT.

Se for verificado que o local de trabalho do trabalhador estiver desativado, o juiz poderá
usar de outros meios de prova para apreciar o pedido contido na inicial, como aduz a Orientação
Jurisprudencial nº 278, SDI-1, TST.

Nos moldes da Súmula 293 do TST, se a parte apresenta um agente insalubre na inicial e a
perícia indica que existe outro agente insalubre na verificação do perito acerca das condições
de trabalho não impede a concessão do adicional de insalubridade pelo juiz.

12
Vide questão 10.
23
Conforme previsto na Súmula 453 do TST, o pagamento de adicional de periculosidade efetuado
por MERA LIBERALIDADE DA EMPRESA, ainda que de forma proporcional ao tempo de
exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo legalmente previsto, dispensa a
realização da prova pericial, pois torna incontroversa a existência do trabalho em condições
perigosas.

1.5.7. Confissão

A confissão ocorre quando a parte, voluntariamente, admite a veracidade de um fato,


mesmo que contrário ao seu interesse e que beneficie a parte contrária. Há doutrinas que a
consideram como um meio de prova, já outras a julgam como um resultado dos outros meios
de prova.

De acordo com o art. 393, CPC, em regra, a confissão será IRREVOGÁVEL, mas existe exceção
que ocorre quando a confissão decorrer de erro de fato ou coação, que poderá ser revogada
por meio de ação anulatória.

Ela poderá ser judicial, se ocorrer no bojo do processo, ou extrajudicial, fora do processo.
Se for judicial poderá ser subdividida em espontânea, quando não há interferência durante a
declaração do fato, ou provocada, quando decorre do depoimento pessoal da parte.

Para que seja efetiva, a confissão deve reconhecer um fato relatado pela parte adversária,
de forma voluntária e que haja prejuízo ao confitente em decorrência de sua confissão.

A confissão ainda pode ser real, quando for realizada pela parte confitente de forma efetiva,
oralmente ou por escrito, e ficta quando decorrer de revelia, que no Processo do Trabalho
ocorre com o não comparecimento da parte à audiência, ou caso se recuse de responder as
perguntas formuladas pelo magistrado.
24
Ainda, admite-se a confissão simples, restrita à declaração de ciência do fato, a qualificada,
quando mesmo após ter confessado, a parte nega os efeitos jurídicos do fato, e a complexa,
que ocorre quando o confitente traz novos fatos para o processo.

Não se considera confissão quando a matéria versar sobre direitos indisponíveis. Também
não terá eficácia a confissão realizada por incapazes.

1.5.8. Inspeção Judicial

A inspeção judicial é um meio de prova pouco utilizado e que consiste na prova produzida
pelo próprio juiz através da inspeção de lugares, pessoas ou coisas “in loco”. O juiz que verifica
a ocorrência de algum fato e o relata no processo.

A inspeção não é prevista na CLT e por esse motivo se aplica supletivamente o CPC, que
afirma que ela só poderá ocorrer se houver intimação das partes e só será utilizada se os outros
meios de prova porventura existentes no processo não forem suficientes para formar o
convencimento do juiz.

25
2. Sentença e Coisa Julgada.

2.1. Sentença
Sentença é o pronunciamento judicial através do qual o juiz põe fim à fase de
conhecimento do processo, com ou sem resolução do mérito, bem como extingue a execução,
como especificado no artigo 203, §1º, do CPC 2015.

Os ELEMENTOS da sentença apresentados no artigo 489 do CPC 2015 são o RELATÓRIO,


que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da
contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo, os
FUNDAMENTOS, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito e o DISPOSITIVO,
em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.

O artigo 832 da CLT também apresenta os elementos da decisão, que devem conter o NOME
DAS PARTES, o RESUMO DO PEDIDO e DA DEFESA, a apreciação das PROVAS, os
FUNDAMENTOS DA DECISÃO e a respectiva CONCLUSÃO.

Conforme o artigo 832, em seus parágrafos 1º, 2º e 3º, da CLT quando a sentença for
procedente, serão determinados os prazos e as condições para o seu cumprimento devendo a
decisão sempre mencionar as custas que devem ser pagas pela parte vencida e nas decisões
cognitivas ou homologatórias deve haver a indicação da natureza jurídica das parcelas existentes
na condenação ou no acordo homologado, assim como o limite da responsabilidade das partes
se for o caso de recolhimento de contribuição previdenciária.

No caso de decisões cognitivas ou homologatórias que devem indicar a natureza jurídica


das parcelas constantes na condenação ou no acordo homologado, assim como o limite da
responsabilidade das partes se for o caso de recolhimento de contribuição previdenciária, foi

26
promulgada a LEI Nº 13.876/2019 que tratou de apresentar novos requisitos para o §3º do
artigo 832 da CLT que, pela inovação será transcrito e deve ser lido atentamente, ante a
probabilidade de cobrança da inovação legislativa nas próximas provas:

Art. 832, § 3º-A. Para os fins do § 3º deste artigo, salvo na hipótese de o


pedido da ação limitar-se expressamente ao reconhecimento de verbas de
natureza exclusivamente indenizatória, a parcela referente às VERBAS DE
NATUREZA REMUNERATÓRIA não poderá ter como base de cálculo
VALOR INFERIOR:

I - ao SALÁRIO-MÍNIMO, para as competências que integram o vínculo


empregatício reconhecido na decisão cognitiva ou homologatória; ou

II - à DIFERENÇA entre a REMUNERAÇÃO RECONHECIDA como devida


na decisão cognitiva ou homologatória e a EFETIVAMENTE PAGA pelo
empregador, cujo valor total referente a cada competência não será inferior
ao salário-mínimo.

§ 3º-B Caso haja PISO SALARIAL DA CATEGORIA definido por acordo ou


convenção coletiva de trabalho, o seu valor deverá ser utilizado como base
de cálculo para os fins do § 3º-A deste artigo.

Existem duas teses que apontam a classificação da sentença: a doutrina clássica (trinária) e
a doutrina moderna (quinaria). A doutrina clássica classifica a sentença em três tipologias como
SENTENÇA MERAMENTE DECLARATÓRIA, que declara a existência ou inexistência de uma
relação jurídica, ou autenticidade de um documento, SENTENÇA CONSTITUTIVA, que cria,
modifica ou extingue uma relação jurídica e SENTENÇA CONDENATÓRIA, que tem por objetivo
a tutela prestada através do pagamento de um determinado valor, especialmente o equivalente
a lesão, estando ligada a execução por expropriação.

Já a doutrina moderna acredita que há mais duas tipologias além das citadas pela doutrina
clássica, totalizando cinco tipologias, ao acrescer a SENTENÇA EXECUTIVA LATO SENSU, que
almeja a tutela específica do direito realizada por meios de execução direta e a SENTENÇA

27
MANDAMENTAL, na qual o réu é obrigado a cumprir a ordem judicial através de técnicas de
execução indireta.

A sentença poderá extinguir o processo com resolução de mérito (sentença definitiva), ou


também pode extinguir o processo sem a resolução de mérito. Importante a leitura atenta dos
dispositivos legais dos artigos 485 e 487 do CPC, que tratam da decisão com e sem apreciação
do mérito nas hipóteses aventadas.

Em regra, o fato de a sentença extinguir o processo SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO não


impede a propositura de uma nova ação posteriormente.

Conforme previsão legal do artigo 486, caput e §1º, do CPC 2015, nos casos de extinção por
conta de litispendência, indeferimento da petição inicial, illegitimidade, entre outros, se faz
necessário que, para a parte ajuizar uma nova ação, se repare o vício que levou à extinção sem
resolução do mérito.

O parágrafo primeiro do artigo 489 do CPC 2015 dispõe que não se considera
fundamentada a decisão judicial (interlocutória, sentença ou acórdão) que se limitar à
indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa
ou a questão decidida; que empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso; que invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer
outra decisão; que não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em
tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; que se limitar a invocar precedente ou
enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; e que deixar de seguir enunciado de
súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

28
De acordo com o art. 12 do CPC, os juízes e tribunais deverão atender à ordem
cronológica de conclusão para que possam proferir sentença ou acórdão, com
exceção das hipóteses contidas no § 2° da lei, sendo elas: sentenças proferidas em audiência,
tanto homologatórias ou de improcedência liminar do pedido, julgamento de processos em
bloco, de recursos repetitivos ou incidente de resolução de demandas repetitivas, as decisões
proferidas com base nos arts. 485 e 932 do CPC, julgamento de embargos de declaração e de
agravo interno, as preferências e metas estabelecidas pelo CNJ, os processos criminais e a causa
que exija urgência no julgamento.

O juiz pode agir de ofício em determinados casos, como: a) no caso de reintegração ele
poderá deferir o salário; b) poderá incluir juros de mora e correção monetária em caso de
liquidação; c) conceder adicional de horas extras de, no mínimo 50%, quando se tratar do pedido
acerca das horas extraordinárias; d) poderá deferir o adicional de 1/3 de férias quando o pedido
disso se tratar; e, por fim, e) determinar a anotação da CTPS em pedidos que abordem
reconhecimento de vínculo.

Pelo exposto no artigo 7° da IN 39/2016 do TST, aplicam-se ao Processo do Trabalho as


normas do art. 332 do CPC, com as necessárias adaptações à legislação processual trabalhista,
cumprindo ao juiz do trabalho JULGAR LIMINARMENTE IMPROCEDENTE o pedido que
contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal Superior do
Trabalho; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do
Trabalho em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula
de Tribunal Regional do Trabalho sobre direito local, convenção coletiva de trabalho, acordo
coletivo de trabalho, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória
em área territorial que não exceda à jurisdição do respectivo Tribunal.

Ainda será cabível o julgamento liminarmente improcedente do pedido na hipótese de o juiz


verificar a existência, desde logo, da DECADÊNCIA. E aqui há diferença entre o §1º do artigo
332 do CPC, que fala em decadência e também em prescrição.

A decisão proferida nos Dissídios Coletivos é chamada de Sentença Normativa e está


prevista no artigo 114, §2º, da CF/88 e artigo 867 da CLT e deverá atender a todos os requisitos

29
de uma decisão judicial e terá sua vigência determinada pelo Precedente Normativo nº 120 do
TST que aduz que “a sentença normativa vigora, desde seu termo inicial até que sentença
normativa, convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho superveniente
produza sua revogação, expressa ou tácita, respeitado, porém, o prazo máximo legal de quatro
anos de vigência.”

2.2. Coisa Julgada


Coisa julgada é uma qualidade especial da sentença, sendo a autoridade máxima da
decisão que impede que uma questão julgada durante o processo, e tenha operado o trânsito
em julgado, seja indiscutível e inalterável (regra geral).

O trânsito em julgado da decisão ocorre quando não for mais possível a modificação da
decisão ante o escoamento de todas as instâncias judiciais para recorrer, não sendo mais possível
a impugnação pela parte e também quando se opera a preclusão pela perda do prazo legal
para apresentação do recurso cabível da decisão.

A coisa julgada está prevista no art. 5º, XXXVI, da CF/88 no qual a imutabilidade da decisão
judicial será cabível das sentenças ou acórdãos, ou seja, destes não serão mais cabíveis recursos.

A coisa julgada poderá ser FORMAL, que tem natureza jurídica processual, que torna a
decisão imutável dentro do processo e ocorre quando se caracterizar o esgotamento dos
recursos cabíveis ou ainda pelo transcurso do prazo recursal, ou MATERIAL, que produz efeitos
exteriores aos autos e tem por fundamento a estabilidade das relações jurídicas.

A regra geral após o trânsito em julgado é a da imutabilidade da decisão por ter se operado
o trânsito em julgado, porém da decisão que julga o mérito do processo, após o seu trânsito
em julgado, somente poderá haver o reexame através do ajuizamento da Ação Rescisória.

Nos termos do artigo 503, § 1°, do CPC, quando se tratar de questão prejudicial, decidida
expressa e incidentemente, poderá haver a formação da coisa julgada material se o julgamento
do mérito depender dessa resolução, se a seu respeito tiver havido o contraditório prévio e
efetivo, e se o juízo tiver competência acerca da pessoa e da matéria.

30
As sentenças que não resolvem o mérito (sem julgamento do mérito), não produzem coisa
julgada MATERIAL.

Não fazem COISA JULGADA, de acordo com o art. 504 do CPC, os MOTIVOS, ainda que
importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença e a VERDADE DOS
FATOS, estabelecida como fundamento da decisão.

Também não se opera a Coisa Julgada se no processo houver restrições


probatórias ou limitações que IMPEÇAM O APROFUNDAMENTO DA ANÁLISE DA
QUESTÃO PREJUDICIAL, conforme previsto no artigo 503, § 2° do CPC 2015.

Impende ressaltar que, nos termos do artigo 505 do CPC nenhum juiz decidirá novamente
as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo nos casos previstos em lei e no caso de a
relação jurídica estabelecida pelas partes for de trato continuado e houver modificação no
estado de fato ou de direito, pelo qual a parte pode pedir a revisão do que foi estatuído na
sentença.

O artigo 506 do CPC 2015 determina que a sentença faz coisa julgada entre as partes no
processo, para as quais foi dada à decisão judicial, não operando seus efeitos para prejudicar
terceiros estranhos ao processo.

Será vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito
se operou a preclusão e, após ocorrer o trânsito em julgado da decisão de mérito, considerar-

31
se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao
acolhimento quanto à rejeição do pedido, conforme artigos 507 e 508 do CPC 2015.

O artigo 836 da CLT afirma que é vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de
questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos CLT e que o instrumento
jurídico cabível para desconstituir uma decisão trabalhista que se operou o trânsito em julgado
será através da Ação Rescisória, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor
da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor e que a execução da decisão proferida
em ação rescisória far-se-á nos próprios autos da ação que lhe deu origem, e será instruída com
o acórdão da rescisória e a respectiva certidão de trânsito em julgado.

32
QUADRO SINÓTICO

PROVAS
A CLT trata, de forma sucinta, da fase probatória dos artigos 818
a 830 da CLT e, por este motivo são aplicadas as regras do direito
processual comum, de forma supletiva.
O objeto primordial da prova é esclarecer fatos controversos, que
CONSIDERAÇÕES são aqueles alegados por uma das partes e contestados pela outra
INICIAIS parte visando o convencimento do juiz acerca de uma dada relação
jurídica.
Não há hierarquia entre as provas no processo.
A regra geral do direito probatório é que todos os todos os fatos
devem ser provados.
os fatos notórios, afirmados por uma parte e confessados pela parte
INDEPENDEM DE
contrária, admitidos no processo como incontroversos e em cujo
PROVA
favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
O revel poderá produzir as provas que achar pertinente, desde que
PRODUÇÃO DE compareça ao processo em momento oportuno para apresenta-las,
PROVAS PELO REVEL podendo ainda requer provas, desde que não tenha se operado a
preclusão (Súm. 231 do STF).
- Quanto ao fato: Diretas, quando dizem respeito ao fato probante
e Indiretas quando, como resultado dos fatos provados, há
evidência de veracidade desses fatos alegados.
CLASSIFICAÇÃO DAS - Quanto ao sujeito: Pessoais são as afirmações alegadas por uma
PROVAS pessoa e Reais informações realizadas não por pessoas.
- Quanto ao objeto: Testemunhais são afirmações adquiridas
oralmente, Documentais, uma afirmação gravada ou escrita ou
Materiais qualquer outro meio material que possa ser utilizado
como prova.

33
- Quanto à preparação: Casual será a prova produzida no processo
e Pré-constituída, que á a prova produzida antes do processo.
O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro
processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
observado o contraditório.
Aplicação subsidiária do Direito Processual comum à esfera
trabalhista
PROVA Pode ser apresentada por apenas uma das partes, de comum
EMPRESTADA acordo entre as partes ou determinada de ofício pelo Juiz.
São requisitos:
- produzida no processo original com as observâncias legais;
- tenha sido respeitado o contraditório;
- se relacione ao mesmo fato em ambos os processos;
- que as partes ou ao menos uma delas sejam as mesmas em ambos
os processos.
VER TABELA DA PÁGINA 9.
Pressupõe a inexistência ou insuficiência
de provas nos autos.
No Processo do Trabalho o ônus da prova incumbe (ÔNUS
ÔNUS DA PROVA
ESTÁTICO DA PROVA):
- RECLAMANTE, quanto ao FATO CONSTITUTIVO DE SEU
DIREITO;
- RECLAMADO quanto à existência de FATO IMPEDITIVO,
MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DO RECLAMANTE.
Será aplicável:
- casos previstos em lei;
- diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade
DISTRIBUIÇÃO ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo ou devido à maior
DINÂMICA DO ÔNUS facilidade de obtenção da prova do fato contrário.
DA PROVA O juiz, através de decisão fundamentada, deve dar oportunidade
para a parte se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído;
A decisão deverá ser proferida antes da abertura da instrução,
podendo, a requerimento da parte, implicar no adiamento da

34
audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em
direito admitido;
A decisão judicial que implique na dificuldade excessiva ou na
impossibilidade da desincumbência do encargo pela parte será nula.
DISTRIBUIÇÃO É a distribuição por convenção das partes prevista no CPC que NÃO
CONVENCIONAL DO FOI ADMITIDA PELO TST na IN 39/16.
ÔNUS DA PROVA

MEIOS DE PROVA
Tem como objetivo a documentação ou atestado da existência de
algum fato, a requerimento do interessado e será lavrada por
ATA NOTARIAL
tabelião.
O depoimento pessoal é um meio de prova que objetiva o
interrogatório da parte, com a finalidade de obtenção da confissão.
Já a CLT determina no artigo 848 que terminada a fase de
apresentação da defesa, seguir-se-á a instrução do processo,
podendo o juiz, de ofício interrogar os litigantes, que poderão se
DEPOIMENTO
retirar da sala de audiências após o término da oitiva, prosseguindo
PESSOAL E
a instrução com o seu representante legal e em seguida serão
INTERROGATÓRIO
ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver.
O depoimento pessoal deverá ser colhido pelo Magistrado durante
a audiência de Instrução e Julgamento ou na audiência una, após a
apresentação da defesa.
O juízo poderá dilatar ou alterar a ordem da produção dos meios
de provas se concluir que for necessário.
ORDEM PARA VER TABELA DA PÁGINA 13.
OITIVA NA
AUDIÊNCIA DE
INSTRUÇÃO
PROVA Pode figurar como testemunha no processo toda pessoa capaz que
TESTEMUNHAL não seja suspeita ou impedida.

35
Os menores de idade, as pessoas impedidas ou suspeitas, se
necessário, serão ouvidas no processo na qualidade de informantes,
não prestando o compromisso de dizer a verdade.
Não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando
ou de ter litigado contra o mesmo empregador, podendo ser
testemunha em outro processo.
As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas faltas
ao serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor na
Justiça do Trabalho e se a testemunha for funcionário civil ou militar,
e tiver de depor durante seu horário de trabalho, deverá ser
requisitada ao chefe da repartição para comparecer à audiência
marcada.
O momento adequado para contraditar a testemunha é após a sua
qualificação e antes que preste o compromisso de dizer a verdade.
O depoimento de uma testemunha não deverá ser ouvido por outra
que ainda vá depor no processo
TESTEMUNHAS VER TABELA DA PÁGINA 16.
NÃO PODEM SER VER TABELA DA PÁGINA 15.
TESTEMUNHAS
Meio utilizado para a comprovação da existência ou não de um fato,
através de documento escrito, imagens, desenhos, fotografias,
gravações, entre outros.
O advogado pode declarar a autenticidade do documento
juntado em cópia para fazer prova no processo, sob sua
responsabilidade pessoal.

PROVA Os documentos devem ser juntados na petição inicial pelo autor e


DOCUMENTAL na defesa pelo réu.
Na fase recursal não é possível juntar documentos, exceto se
comprovado o justo impedimento para sua oportuna apresentação
ou se forem referentes a fato posterior à sentença.
No processo eletrônico os documentos digitalizados serão
admitidos assim como os documentos originais
É necessária a comprovação documental da concessão de horário
de descanso da gestante, do efetivo pagamento dos salários do

36
empregado, da existência de acordo para prorrogação de jornadas
de trabalho e para comprovar a concessão e o pagamento das férias.
Será realizada através de perícia, quando a prova dos fatos alegados
depender de conhecimentos técnicos ou científicos e poderá ser
requerida pelas partes ou determinada de ofício pelo juiz, e será
realizada pelo Médico ou Engenheiro do Trabalho através da
apresentação de LAUDO.
O juiz nomeará o perito que deverá apresentar o laudo pericial no
prazo fixado pelo juízo.
Após a nomeação do perito as partes têm 15 dias para arguir a
suspeição ou impedimento do perito, apresentar quesitos e
nomear assistente técnico.
PROVA PERICIAL
As partes têm o direito de se manifestar sobre o Laudo Pericial
que no Procedimento Ordinário o prazo será fixado juiz e no
Procedimento Sumaríssimo o prazo será COMUM de 05 dias.
Se o juiz entender que a matéria não for suficientemente
esclarecida, poderá determinar a produção de uma nova perícia.
O juiz não fica restrito ao laudo pericial, podendo formar o seu
convencimento com base em outros elementos probatórios ou fatos
constantes nos autos
A perícia será obrigatória e deverá ser realizada ainda que o réu
seja revel e confesso quanto à matéria de fato quando a ação
envolver ADICIONAIS DE PERICULOSIDADE E INSALUBRIDADE.
HONORÁRIOS VER TABELA DA PÁGINA 22.
PERICIAIS
As partes poderão indicar assistente técnico, cujo parecer deverá ser
apresentado no mesmo prazo designado pelo juiz para o perito
apresentar o laudo pericial, sob pena de ser desentranhado dos
ASSISTENTE
autos.
TÉCNICO
A responsabilidade pelo PAGAMENTO dos honorários do
ASSISTENTE TÉCNICO será da PARTE QUE O INDICAR, ainda que
seja vencedora no objeto da perícia.

37
Ocorre quando a parte, voluntariamente, admite a veracidade de
um fato, mesmo que contrário ao seu interesse e que beneficie a
parte contrária.
No Processo do Trabalho se aplica a confissão à parte que,
expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à
audiência em prosseguimento, na qual deveria depor ou se
inquirida pelo juiz, se recusar a responder.
Em regra, a confissão será IRREVOGÁVEL, mas existe exceção que
ocorre quando a confissão decorrer de erro de fato ou coação, que
CONFISSÃO poderá ser revogada por meio de ação anulatória.
Ela poderá ser:
- Judicial, se ocorrer no bojo do processo, dividindo-se em
espontânea, quando não há interferência durante a declaração do
fato, ou provocada, quando decorre do depoimento pessoal da
parte;
- Extrajudicial, fora do processo.
Não se considera confissão quando a matéria versar sobre direitos
indisponíveis. Também não terá eficácia a confissão realizada por
incapazes.
Meio de prova produzido pelo próprio juiz através da inspeção de
lugares, pessoas ou coisas “in loco”, que verifica a ocorrência de
algum fato e o relata no processo.
INSPEÇÃO JUDICIAL Aplicação supletiva do CPC 2015 por omissão da CLT.
Só poderá ocorrer se houver intimação das partes e só será utilizada
se os outros meios de prova porventura existentes no processo não
forem suficientes para formar o convencimento do juiz.

SENTENÇA
Sentença é o pronunciamento judicial através do qual o juiz põe
CONCEITO fim à fase de conhecimento do processo, com ou sem resolução
do mérito, bem como extingue a execução.

38
- RELATÓRIO, que conterá os nomes das partes, a identificação do
caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das
C principais ocorrências havidas no andamento do processo;
P - FUNDAMENTOS, em que o juiz analisará as questões de fato e
C de direito;
- DISPOSITIVO, em que o juiz resolverá as questões principais que
ELEMENTOS
as partes lhe submeterem.
- NOME DAS PARTES;
C - RESUMO DO PEDIDO e DA DEFESA;
L - a apreciação das PROVAS;
T - FUNDAMENTOS DA DECISÃO;
- CONCLUSÃO.
- SENTENÇA MERAMENTE DECLARATÓRIA;
DOUTRINA
- SENTENÇA CONSTITUTIVA;
CLÁSSICA
- SENTENÇA CONDENATÓRIA.
- SENTENÇA MERAMENTE DECLARATÓRIA;
- SENTENÇA CONSTITUTIVA;
DOUTRINA - SENTENÇA CONDENATÓRIA.
MODERNA +
- SENTENÇA EXECUTIVA LATO SENSU;
- SENTENÇA MANDAMENTAL.
Nas decisões cognitivas ou homologatórias que devem indicar a
natureza jurídica das parcelas constantes na condenação ou no
acordo homologado, assim como o limite da responsabilidade das
partes se for o caso de recolhimento de contribuição previdenciária,
salvo na hipótese de o pedido da ação limitar-se expressamente
ao reconhecimento de verbas de natureza exclusivamente
INOVAÇÃO DA LEI indenizatória, a parcela referente às VERBAS DE NATUREZA
Nº 13.876/2019 REMUNERATÓRIA não poderá ter como base de cálculo VALOR
INFERIOR:
I - ao SALÁRIO-MÍNIMO, para as competências que integram o
vínculo empregatício reconhecido na decisão cognitiva ou
homologatória; ou
II - à DIFERENÇA entre a REMUNERAÇÃO RECONHECIDA como
devida na decisão cognitiva ou homologatória e a EFETIVAMENTE
39
PAGA pelo empregador, cujo valor total referente a cada
competência não será inferior ao salário-mínimo.
§ 3º-B Caso haja PISO SALARIAL DA CATEGORIA definido por
acordo ou convenção coletiva de trabalho, o seu valor deverá ser
utilizado como base de cálculo para os fins do § 3º-A deste artigo
COM resolução do Mérito Artigo 487 CPC 2015.
SEM resolução do Mérito Artigo 485 CPC 2015.
Em regra, o fato de a sentença extinguir o processo SEM
RESOLUÇÃO DE MÉRITO não impede a propositura de uma nova
EXTINÇÃO DO
ação posteriormente.
PROCESSO
Nos casos de extinção por conta de litispendência, indeferimento
da petição inicial, illegitimidade, entre outros, se para a parte
ajuizar uma nova ação deve reparar o vício que levou à extinção
sem resolução do mérito.
Deve ser a regra seguida pelos juízes e tribunais, com
exceção das hipóteses de sentenças proferidas em audiência,
ORDEM tanto homologatórias ou de improcedência liminar do pedido,
CRONOLÓGICA DE julgamento de processos em bloco, de recursos repetitivos ou
CONCLUSÃO PARA incidente de resolução de demandas repetitivas, as decisões
PROFERIR SENTENÇA proferidas com base nos arts. 485 e 932 do CPC, julgamento de
OU ACÓRDÃO embargos de declaração e de agravo interno, as preferências e
metas estabelecidas pelo CNJ, e a causa que exija urgência no
julgamento.
Pelo juiz do trabalho do pedido que contrariar:
- Súmula do STF ou TST;
- Acórdão do STF ou TST em julgamento de recursos repetitivos;
JULGAMENTO - entendimento firmado em IRDR ou IAC;
LIMINARMENTE - Súmula de TRT sobre direito local, convenção coletiva de trabalho,
IMPROCEDENTE acordo coletivo de trabalho, sentença normativa ou regulamento
empresarial de observância obrigatória em área territorial que não
exceda à jurisdição do TRT.
Se o juiz verificar a existência, desde logo, da DECADÊNCIA.
SENTENÇA É a decisão proferida nos Dissídios Coletivos e vigora, desde seu
NORMATIVA termo inicial até que sentença normativa, convenção coletiva de

40
trabalho ou acordo coletivo de trabalho superveniente produza sua
revogação, expressa ou tácita, respeitado, porém, o prazo máximo
legal de quatro anos de vigência.”

41
COISA JULGADA
Coisa julgada é a autoridade máxima da decisão que se torna
CONCEITO
indiscutível e inalterável (regra geral).
O trânsito em julgado ocorre quando não for mais possível a
TRÂNSITO EM modificação da decisão ante o escoamento de todas as
JULGADO instâncias judiciais para recorrer, e pela perda do prazo legal
para apresentação do recurso cabível da decisão.
A coisa julgada poderá ser:
- FORMAL, que tem natureza jurídica processual, que torna a
decisão imutável dentro do processo e ocorre quando se
CLASSIFICAÇÃO caracterizar o esgotamento dos recursos cabíveis ou ainda pelo
transcurso do prazo recursal;
- MATERIAL, que produz efeitos exteriores aos autos e tem por
fundamento a estabilidade das relações jurídicas.
- os MOTIVOS, ainda que importantes para determinar o alcance
da parte dispositiva da sentença;
- a VERDADE DOS FATOS, estabelecida como fundamento da
NÃO FAZEM COISA
decisão;
JULGADA
- se no processo houver restrições probatórias ou limitações
que IMPEÇAM O APROFUNDAMENTO DA ANÁLISE DA
QUESTÃO PREJUDICIAL.
A sentença faz coisa julgada entre as partes no processo, para
as quais foi dada à decisão judicial, não operando seus efeitos
EFEITOS
para prejudicar terceiros estranhos ao processo.

Regra: É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de


questões já decididas;
Exceção: o instrumento jurídico cabível para desconstituir uma
DESCONSTITUIÇÃO DA
decisão trabalhista que se operou o trânsito em julgado será
COISA JULGADA
através da Ação Rescisória sujeita ao depósito prévio de 20%
(vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de
miserabilidade jurídica do autor.

42
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Administrativa)
Relativamente à distribuição do ônus da prova, assinale a alternativa correta.

A) Vige, na sistemática de distribuição do ônus da probante no processo do trabalho, a


distribuição dinâmica ônus da prova, prevista originariamente no CPC de 2015 (art. 373, § 1º).
Assim, nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo probatório ou, ainda, à maior
facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de
modo diverso.

B) O juízo poderá atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, o que deverá ser feito na audiência de conciliação, tendo a parte reclamada
apresentado contestação escrita.

C) A decisão que atribuir o ônus da prova de modo diverso será proferida na abertura da
audiência de instrução, não sendo permitido, por tal motivo, o adiamento da audiência
respectiva.

D) O juízo poderá atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, o que deverá ser feito na abertura da audiência de instrução, não sendo possível
à parte à qual o encargo probatório foi transferido desincumbir-se de tal ônus.

E) No direito do trabalho, a prova das alegações incumbe à parte que às fizer, sendo irrelevante
se uma das partes apresenta impossibilidade ou excessiva dificuldade de cumprir seu encargo
probatório.

Comentário:

43
É possível, na sistemática de distribuição do ônus da probante no processo do trabalho, a
distribuição dinâmica ônus da prova, prevista originariamente no CPC de 2015 (art. 373, § 1º).
Assim, nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo probatório ou, ainda, à maior
facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de
modo diverso.

Segundo a regra geral de divisão do ônus da prova, o reclamante deve provar os fatos
constitutivos do seu direito, e o reclamado, os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do
direito do autor, ou seja, a regra é a distribuição estática.

Questão 2

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) No final da audiência em que foram ouvidas duas testemunhas de cada parte em uma
reclamatória trabalhista com pedido de indenização por danos morais, o magistrado resolveu
convocar uma pessoa referida em todos os depoimentos para ser ouvida como testemunha do
Juízo. Ocorre que a pessoa referida, de nome Ceres, ocupa a função de técnica administrativa
do Tribunal Eleitoral e terá que depor em hora de serviço. No caso, segundo norma contida na
Consolidação das Leis do Trabalho, Ceres

A) será requisitada ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada.

B) prestará seu depoimento por escrito, respondendo aos quesitos formulados pelo Juiz, para
posterior juntada aos autos.

C) comparecerá espontaneamente à audiência designada e justificará a ausência no serviço


mediante atestado.

D) somente está obrigada a comparecer se for conduzida por Oficial de Justiça à audiência
designada.

E) será ouvida na sua própria repartição, através de Carta de Ordem, respondendo aos quesitos
formulados pelo Juiz.
44
Comentário:

A CLT expressamente pontua que se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver
de depor em hora de serviço, será requisitada ao chefe da repartição para comparecer à
audiência marcada (Art. 823)

Questão 3

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) O ônus da
prova pode ser assim problematizado: quem deve provar? Em princípio, as partes tem o ônus
de provar os fatos jurídicos narrados na petição inicial ou na peça de resistência, bem como os
que se sucederem no envolver da relação processual. Quanto às provas no Processo do Trabalho,
a Consolidação das Leis do Trabalho estabelece:

A) Qualquer que seja o procedimento, não é permitida a arguição dos peritos compromissados
ou dos técnicos, uma vez que o laudo que apresentam já é suficiente como prova.

B) As testemunhas devem, necessariamente, ser previamente intimadas para depor.

C) Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será qualificada, indicando o nome,
nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando empregada, o tempo de serviço prestado
ao empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade, às leis penais.

D) Cada uma das partes, no procedimento ordinário e também quando se tratar de inquérito
para apuração de falta grave, não poderá indicar mais de 3 testemunhas.

E) A testemunha que for parente até o segundo grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer
das partes, prestará compromisso, mas o seu depoimento valerá como simples informação.

Comentário:

O teor do artigo 828 da CLT traz que toda testemunha, antes de prestar o compromisso
legal, será qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando
empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade,
às leis penais.

45
Questão 4

(TRT 4º Região - 2016 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) Considere a situação hipotética abaixo.

O reclamante postula o pagamento de horas extras. Alega que trabalhava, de segundas a sextas-
feiras, das 8h às 18h30min, com uma hora de intervalo, sendo que não era permitido o registro
integral da jornada.

A reclamada afirma que eventuais horas extras foram pagas e que os cartões-ponto consignam
todas as horas laboradas.

Iniciada a audiência de instrução, rejeitada a conciliação, o reclamante diz que pretende ouvir
apenas uma testemunha. Já a reclamada diz que pretende ouvir o reclamante e uma testemunha.

Ao examinar o processo, o Juiz constata que os cartões-ponto são todos semelhantes ao


reproduzido ao

De acordo com a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o Juiz deve

46
A) declarar a confissão ficta da reclamada, uma vez que não foram juntados registros de horário
válidos, e indeferir a oitiva do reclamante e de testemunhas.

B) declarar a confissão ficta da reclamada, uma vez que não foram juntados registros de horário
válidos, mas deferir a oitiva do reclamante, diante da possibilidade de confissão real, indeferindo
a oitiva de testemunhas.

C) declarar a confissão ficta da reclamada, uma vez que não foram juntados registros de horário
válidos, mas deferir a oitiva do reclamante e de testemunhas, em face do princípio da ampla
defesa.

D) permitir a produção da prova oral, uma vez que os cartões-ponto foram preenchidos e
assinados pelo trabalhador, sendo dele o ônus da prova quanto à jornada diversa daquela
constante dos documentos.

E) permitir a produção da prova oral, uma vez que a reclamada pode se desincumbir do ônus
probatório pela oitiva do reclamante e de testemunhas.

Comentário:

A apresentação dos registros com horários uniformes gera presunção relativa de


veracidade, não havendo falar em confissão ficta, devendo ser oportunizada à reclamada a
produção de prova em contrário.

Sobre o tema:

SUM-338 TST JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PRO-VA (incorporadas as


Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-I) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) emprega-dos o registro da


jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos
controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual
pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res. 121/2003, DJ
21.11.2003)

47
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em
instrumento normativo, pode ser elidida por prova em con-trário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-I -
inserida em 20.06.2001)

III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes


são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras,
que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se
desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-I- DJ 11.08.2003)

Questão 5

(FCC - 2016 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz do Trabalho Substituto) Considerado o art. 829, da
CLT, NÃO prestará compromisso como testemunha no processo do trabalho:

A) aquele que atuou como juiz, ou perito em processo anterior da mesma matéria.

B) parentesco até o quarto grau civil.

C) o juiz que funcionou no mesmo processo em primeiro grau de jurisdição.

D) o juiz devedor de uma das partes.

E) o amigo íntimo de uma das partes.

Comentário:

A questão pede a literalidade do artigo 829 da CLT. Vejamos:

Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou
inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento valerá como
simples informação.

Questão 6

48
(CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) Em relação às provas no processo do trabalho e à aplicação subsidiária do Código de
Processo Civil (CPC), assinale a opção correta.

A) No processo do trabalho, admite-se o testemunho de pessoa na condição de simples


informante, o que significa que ela não precisa prestar compromisso.

B) Não se admite como testemunha o estrangeiro que residir no país, mas não falar a língua
portuguesa.

C) No processo do trabalho, em consequência da aplicação subsidiária do CPC, a regra geral é


que a parte requerida detém o ônus da prova.

D) É admissível o testemunho de surdo-mudo por meio de intérprete nomeado pela parte


interessada no depoimento, ficando as custas do intérprete a cargo da justiça do trabalho.

E) É permitido à testemunha recusar-se a depor.

Comentário:

Perceba que o artigo 829 da CLT é se grande importância e de fixação obrigatória. Ele
aduz que a testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de
qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento valerá como simples
informação.

Questão 7

(CESPE - 2016 - TRT - 8ª REGIÃO (PA e AP) - Técnico Judiciário) Em relação a sentença, coisa
julgada e liquidação de sentença trabalhista, assinale a opção correta.

A) Caso tenha sido proferida na audiência de instrução processual e nenhuma das partes tenha
comparecido em juízo, a sentença será considerada publicada nesse ato.

B) A verdade dos fatos prevista na sentença faz coisa julgada formal e material.

49
C) Como a liquidação de sentença é fase prévia à execução, é possível se discutir matéria
pertinente à causa principal.

D) Na liquidação de sentença por cálculos, os elementos ainda não estão integralmente nos
autos, devendo as partes apresentar prova dos fatos para fixação do valor devido.

E) Em face da simplicidade do processo do trabalho, é desnecessário que a sentença trabalhista


contenha os fundamentos da decisão, podendo o juiz indicar apenas o resumo do pedido e
suas conclusões.

Comentário:

Conforme artigo 843 da CLT, a publicação das decisões e sua notificação aos litigantes ou
a seus patronos, consideram-se realizadas nas próprias audiências em que forem proferidas.
Pelo artigo 469 do CPC, aplicado subsidiariamente ao Processo Trabalho, a
a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença, não faz coisa julgada. O
artigo 879, § 1º, da CLT aduz que na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a
sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal. Na liquidação por
cálculo, muito utilizada na seara labora, será realizado apenas um cálculo aritmético, mas todos
os elementos necessários para se chegar ao quantum devido já se encontram nos autos do
processo. O artigo 832 da CLT apresenta como elementos da sentença o nome das partes, o
resumo do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a
respectiva conclusão.

Questão 8

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Técnico Judiciário) A sentença é um dos atos
processuais praticados pelo juiz, por meio do qual entrega às partes a tutela jurisdicional. Uma
vez não sujeita a recurso, opera-se a denominada coisa julgada. Com relação à sentença e à
coisa julgada, a Consolidação das Leis do Trabalho estabelece:

50
A) As decisões cognitivas ou homologatórias não precisam indicar a natureza jurídica das
parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado, nem mesmo o limite de
responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso.
B) Existindo na decisão evidentes erros ou equívocos de escrita, de datilografia ou de cálculo,
não poderão os mesmos, em nenhuma hipótese, ser corrigidos.
C) No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para
a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.
D) O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a execução da mesma
prejudicará os créditos da União.
E) Na decisão não será necessário mencionar as custas que devam ser pagas pela parte vencida,
uma vez que se tratam de taxas automaticamente impostas pelo Poder Judiciário.

Comentário:

O artigo 832, §3º, da CLT estabelece que as decisões cognitivas ou homologatórias deverão
SEMPRE indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo
homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da
contribuição previdenciária, se for o caso. Verifique as inovações legislativas implementadas
pela Lei 13876/2019! Já o artigo 833 da CLT afirma que existindo na decisão evidentes erros
ou enganos de escrita, de datilografia ou de cálculo, poderão os mesmos, antes da execução,
ser corrigidos, ex officio, ou a requerimento dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do
Trabalho. O parágrafo único do artigo 81 da CLT diz que, no caso de CONCILIAÇÃO, o termo
que for lavrado valerá como DECISÃO IRRECORRÍVEL, SALVO para a Previdência Social quanto
às contribuições que lhe forem devidas. Pelo artigi 832, §6º, da CLT, o acordo celebrado após
o trânsito em julgado da sentença ou após a elaboração dos cálculos de liquidação de sentença
não prejudicará os créditos da União e o §2 º do mesmo artigo disciplina que a decisão
mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte vencida.

Questão 9

51
(FCC - 2018 - TRT - 6ª Região (PE) - Técnico Judiciário) Conforme normas aplicáveis à
produção das provas nas reclamatórias trabalhistas que tramitam pelo rito ordinário, NÃO é
correto afirmar que

A) cada uma das partes não poderá indicar mais de cinco testemunhas, salvo quando se tratar
de inquérito para apuração de falta grave, caso em que esse número poderá ser elevado a seis.

B) como regra, o ônus da prova incumbe ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do reclamante.

C) o depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar a língua nacional será feito
por meio de intérprete nomeado pelo juiz.

D) se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver de depor em hora de serviço, será
requisitado ao chefe da repartição seu comparecimento à audiência marcada.

E) o documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico pelo próprio
advogado, sob sua responsabilidade pessoal.

Comentário:

Todas as alternativas possuem seu fundamento na literalidade dos artigos da CLT, a saber:

A) Art. 821 - Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três) testemunhas, salvo
quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis);

B) Artigo 818. O ônus da prova incumbe: II - ao reclamado, quanto à existência de fato


impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante.

C) Art. 819 - O depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar a língua
nacional será feito por meio de intérprete nomeado pelo juiz ou presidente.

D) Art. 823 - Se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver de depor em hora de
serviço, será requisitada ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada.

E) Art. 830. O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
52
Questão 10

(FCC - 2017 - TST - Juiz do Trabalho Substituto) O art. 818 da CLT estabelece que a prova
das alegações incumbe à parte que as fizer. Em se tratando da prova e do ônus da prova no
processo do trabalho, com base na CLT e no entendimento das Súmulas e Orientações
Jurisprudenciais do TST, extrai-se:
A) Em se tratando de reclamação trabalhista com pedido de adicional de insalubridade, a
realização de perícia será obrigatória diante da determinação legal do art. 195 da CLT, podendo,
contudo, o julgador utilizar-se de outros meios de prova quando desativado o local de trabalho
do reclamante ou encerrada a atividade da empresa.
B) Tendo em vista o princípio da autodeterminação coletiva, previsto no art. 7, XXVI da CF, a
presunção de veracidade da jornada de trabalho, quando prevista em instrumento normativo,
não pode ser elidida por prova em contrário.
C) Cabe ao empregado, em reclamação trabalhista, o ônus da prova de demonstrar que satisfaz
os requisitos indispensáveis para a concessão do vale-transporte.
D) Uma vez negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregado o ônus de
provar o término do contrato de trabalho por iniciativa do empregador, na medida em que a
CLT estabelece que a prova das alegações incumbe à parte que as fizer.
E) Em matéria de horas extras, na hipótese de aplicada a confissão ao reclamado que,
expressamente intimado com aquela cominação, não compareceu à audiência, na qual deveria
depor, o indeferimento da oitiva de testemunha convidada pelo demandado caracterizará
cerceamento ao seu direito de defesa, pois a presunção de veracidade da jornada de trabalho
pode ser elidida por prova em contrário.

Comentário:

Em que pese a desatualização do enunciado ao abordar a antiga redação do artigo 818 da


CLT, que foi alterada pela Reforma Trabalhista para prever que o ônus da prova incumbe ao
reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito e ao reclamado, quanto à existência de

53
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante, não há prejuízo para as
alternativas apresentadas.

O artigo 195 da CLT afirma que a caracterização e a classificação da insalubridade será feita
através de perícia a cargo do Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho. Mas se houver
alguma impossibilidade em sua realização deverá ser utilizada a regra da OJ 278 da SDI-2 que
diz também que a realização de perícia é OBRIGATÓRIA para a verificação de insalubridade.
Quando não for possível sua realização, como em caso de fechamento da empresa, poderá o
julgador utilizar-se de outros meios de prova.

Conforme a Súmula nº 338 do TST, a presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda


que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário.

É do empregador o ônus de comprovar que o empregado não satisfaz os requisitos


indispensáveis para a concessão do vale-transporte ou não pretenda fazer uso do benefício
(Súmula 460 TST).

Pela Súmula 212 do TST, o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando
negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da
continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.

Pela literalidade da Súmula nº 74 do TST, que trata da Confissão:

I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com


aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na
qual deveria depor.

II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para


confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de 2015 - art. 400,
I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento
de provas posteriores.

III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente


a ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever
de conduzir o processo.

54
55
GABARITO

Questão 1 - A

Questão 2 - A

Questão 3 - C

Questão 4 - E

Questão 5 - E

Questão 6 - A

Questão 7 - A

Questão 8 - C

Questão 9 - A

Questão 10 - A

56
QUESTÃO DESAFIO

Considere a situação-problema abaixo e responda:

O juiz do trabalho, em despacho que designou audiência de


instrução, determinou que as partes arrolassem suas testemunhas,
a fim de que estas fossem intimadas da audiência, sob pena de
preclusão. A Reclamada, cumprindo o despacho, arrolou três

testemunhas, indicando os respectivos endereços. No dia da


audiência, no entanto, trouxe apenas uma das testemunhas
arroladas, afirmando que havia decidido substituir as demais
arroladas, a fim de garantir seu amplo direito de defesa.

Qual o procedimento correto, por parte do juiz, à luz da


legislação e da jurisprudência?

57
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

O juiz deve deferir a oitiva das novas testemunhas. Não há menção na CLT sobre a
substituição de testemunhas, mas o TST vem entendendo que não é possível a aplicação
subsidiária do art. 451 do CPC, permitindo a substituição de testemunhas em outras
hipóteses, além das elencadas em tal dispositivo.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 É possível a substituição de testemunhas

Considerando que na CLT não há previsão para a substituição da testemunha, como previsto
no art. 451 do CPC, há controvérsia acerca da aplicação de tal dispositivo ao processo do
trabalho.

A jurisprudência do TST e a doutrina, no entanto, vêm entendendo ser incompatível o rol do


art. 451 do CPC com a dinâmica do processo do trabalho, pois tal previsão exigiria o arrolamento
prévio de testemunhas, o que inexiste no âmbito das lides laborais (PAMPLONA FILHO, Rodolfo;
SOUZA, Tercio Roberto Peixoto. Curso de direito processual do trabalho. 2. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020, p. 868).

No caso concreto da questão, portanto, o juiz deve deferir a oitiva das testemunhas
substitutas, sob pena de cerceamento de defesa.

 TST entende não ser possível aplicar o art. 451

No passado, o TST se pronunciou no sentido de ser inviável a substituição das testemunhas


fora das hipóteses previstas em tal dispositivo legal (AgInRR, 48740-75.2008.5.03.0009, rel. Min.
Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, j. 25-5-2011, data de publicação: 3-6-2011).

Atualmente, no entanto, o TST tem se posicionado no sentido da não aplicação do art. 451
do CPC ao processo do trabalho, não admitindo recusa de substituição de testemunha
anteriormente arrolada por outra que comparece espontaneamente na mesma assentada, já que
prevalece a regra de que as testemunhas podem comparecer à audiência independente de
intimação pelo Juízo.

58
Neste sentido: (TST - RR: 547004220095030020, Relator: Hugo Carlos Scheuermann, Data de
Julgamento: 08/08/2018, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/08/2018), (TST - ED-E-ED-RR:
8841820135030114, Relator: Renato de Lacerda Paiva, Data de Publicação: DEJT 13/12/2018),
(TST - Ag-AIRR: 16958520145030067, Data de Julgamento: 21/11/2018, Data de Publicação: DEJT
23/11/2018).

59
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Provas:

 Súmulas TST: 06, 08, 12, 16, 74, 155, 212, 254, 293, 357, 338, 443, 453, 460, 461 do
TST;
 Orientação jurisprudencial: n° 36, 134, 165, 233, SDI-I do TST;
 CLT: Arts. 74, 195, 473, 765, 780, 787, 790-B, 818-825, 82-830, 843-845, 848, 852-C,
852-D, 852-H;
 CPC/15: Arts. 156, 157, 369-374, 376, 378, 379, 385-388, 390-395, 405-412, 425-429,
434, 435, 443, 447, 454, 456, 457, 459, 461, 464, 479-484;
 CF/88: Arts. 5°, 93;
 LC n° 75/1993: Art. 18;
 LC n° 150/2015: Art. 12;
 Lei n° 5.584/70: Art. 3°;

Sentença e Coisa Julgada:

 Súmulas: 30, 197 e 396 do TST.


 Orientação jurisprudencial: 41 da SDI-II.
 CLT: Arts. 769, 832-835, 852, 852-I.
 CPC/15: Arts. 12, 141, 203, 485, 486, 489, 492, 493, 497, 500-508, 932.
 CF/88: Art. 5°.

 Súmula 08 do TST

A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua
oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à sentença.

 Súmula 12 do TST
60
As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção “juris et
de jure”, mas apenas "juris tantum".

 Súmula 74 do TST

I- Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à
audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.

II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta (arts. 442
e 443, do CPC de 2015 - art. 400, I, do CPC de 1973), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de
provas posteriores.

III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o

exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o processo.

 Súmula 212 do TST

O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o

despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção

favorável ao empregado.

 Súmula 293 do TST

A verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre

diverso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adicional de insalubridade.

 Súmula 338 do TST

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na
forma do art. 74, §2, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa
de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário.

II- A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser
elidida por prova em contrário.

III- Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio
de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a
jornada da inicial se dele não se desincumbir.

 Súmula 357 do TST

Não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo
empregador.

 Súmula 398 do TST

61
Na ação rescisória, o que se ataca na ação é a sentença, ato oficial do Estado, acobertado pelo manto da coisa
julgada. Assim sendo, e considerando que a coisa julgada envolve questão de ordem pública, a revelia não produz

confissão na ação rescisória.

 Súmula 443 do TST

Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que
suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.

 Súmula 453 do TST

O pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa, ainda que de forma
proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo legalmente previsto, dispensa
a realização da prova técnica exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em
condições perigosas.

 Orientação Jurisprudencial 36 da SDI-I do TST

O instrumento normativo em cópia não autenticada possui valor probante, desde que não haja impugnação
ao seu conteúdo, eis que se trata de documento comum às partes.

 Orientação Jurisprudencial n. 134 da SDI-I do TST

São válidos os documentos apresentados, por pessoa jurídica de direito público, em fotocópia não autenticada,
posteriormente à edição da Medida Provisória n. 1.360/96 e suas reedições.

 Orientação Jurisprudencial 165 da SDI-1 do TST

O art. 195 da CLT não faz qualquer distinção entre o médico e o engenheiro para efeito de caracterização e

classificação da insalubridade e periculosidade, bastando para a elaboração do laudo seja o profissional


devidamente qualificado.

 Orientação Jurisprudencial 233 da SDI - I do TST

A decisão que defere horas extras com base em prova oral ou documental não ficará limitada ao tempo por
ela abrangido, desde que o julgador fique convencido de que o procedimento questionado superou aquele período.

 Orientação Jurisprudencial 278 da SDI-1 do TST

A realização da perícia é obrigatória para verificação de insalubridade. Quando não for possível sua realização
como em caso de fechamento da empresa, poderá o julgador utilizar-se de outros meios de prova.

62
JURISPRUDÊNCIA

Provas:

 TSTE-RR-1810-18.2012.5.15.0108, SBDI-I, rel. Min. João Oreste Dalazen, red. p/ acórdão Min.
Hugo Carlos Scheuermann, 12.4.2018 (*Cf. Informativo TST nº 166) – Informativo TST nº 176.

Pedido de adiamento da audiência para intimação de testemunha. Indeferimento. Determinação judicial prévia
de apresentação de rol de testemunhas. Inobservância. Cerceamento do direito de defesa. Não caracterização. Art.
825, da CLT. Não violação. Com o objetivo de imprimir razoável duração ao processo, a praxe nos Tribunais
Regionais é no sentido de designar audiências unas e contínuas, em que as partes são previamente notificadas a
respeito da necessidade de apresentar o rol de testemunhas antecipadamente ou trazer as não arroladas

independentemente de intimação, sob pena de não serem ouvidas. Nesse contexto, o indeferimento do pedido de
adiamento da audiência, para que fosse intimada a testemunha não arrolada e que não compareceu

espontaneamente, não viola o art. 825 da CLT, nem caracteriza cerceamento do direito de defesa. Reforça tal

entendimento o fato de, no caso concreto, além de a parte ter sido previamente informada a respeito das
consequências advindas da ausência das testemunhas na data da audiência, não haver justificativa para o não
comparecimento, nem prova de que foram realmente convidadas.

 TST-ARR-44900-19.2012.5.17.0012, 2ª Turma, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em


22.5.2019 – Informativo TST nº 196.

Obtenção de e-mails da diretoria da empresa. Ausência de autorização judicial. Quebra de sigilo configurado.
Prova ilegítima. Impossibilidade de utilização. Instalação de câmera de vídeo dentro do veículo em que os

reclamantes trabalhavam. Monitoramento da conduta dos empregados. Utilização das gravações para fins de prova
de falta grave. Possibilidade. I – PETIÇÃO DE WILDSON DAMACENA E OUTRO. JUNTADA DE DOCUMENTOS NOVOS.
E-MAILS. PROVA ILÍCITA. VIOLAÇÃO À GARANTIA CONSTITUCIONAL DO SIGILO DE CORRESPONDÊNCIA. O acesso
ao conteúdo de e-mails da diretoria da empresa, obtido de forma anônima, sem prévia autorização judicial,
configura quebra do sigilo de correspondência, garantia assegurada pela Constituição Federal e pela legislação de
regência. Trata-se, a toda evidência, de prova contaminada, ilegítima e ilegal, impossível de ser usada para a
formação do convencimento do Julgador. Não se conhece dos documentos juntados, impondo-se o

63
desentranhamento dos mesmos dos autos. (...) 3 - VÍDEO MONITORAMENTO. VEÍCULO DA EMPRESA. GRAVAÇÃO
AMBIENTAL. PROVA LÍCITA. No caso, a reclamada, empresa de segurança privada, instalou câmera de vídeo no

veículo onde os requeridos trabalhavam, a fim de verificar a conduta dos mesmos durante atividades externas. A
controvérsia diz respeito a licitude da prova obtida mediante a gravação do ambiente de trabalho. É sabido que a
intimidade e a privacidade das pessoas não constituem direitos absolutos, podendo sofrer restrições, como, por
exemplo, quando presentes os requisitos exigidos pela Constituição (art. 5º, XII). Da mesma forma, o poder diretivo
e fiscalizador do empregador não são absolutos, pois nosso ordenamento jurídico veda condutas que agridam a
privacidade, a intimidade e a dignidade dos trabalhadores. Segundo a Corte de origem, por se tratar de empresa

de segurança patrimonial, a prova dos fatos ocorridos dentro do veículo da reclamada durante as atividades
externas não poderia ser obtida por outros meios que não o monitoramento por vídeo, GPS e outros dispositivos
de segurança, razão pela qual admitiu a utilização das gravações ambientais feitas. Do quadrofático retratado no
acórdão do Tribunal Regional, extrai-se que um dos recorrentes (Sr. Gilberto) estava ciente do sistema de
monitoramento da frota. E que, não obstante, ele e o outro recorrente (Sr. Wildson), acompanhados de um terceiro
não identificado, fizeram varredura no veículo em busca dos equipamentos de segurança. Nesse cenário, não se

vislumbra ilegalidade na decisão recorrida que admitiu a utilização do vídeo de monitoramento realizado dentro

do veículo de propriedade da empresa, pois demonstrada a indispensabilidade da medida para fins de prova da
falta grave praticada pelos recorrentes.”

 TST - AIRR: 104781020145010039, Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento:
28/05/2019, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 31/05/2019.

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - PROCESSO SOB A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014


- HORAS EXTRAORDINÁRIAS - TRABALHO EXTERNO - FISCALIZAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO - ÕNUS DA
PROVA. A matéria foi dirimida pela Corte regional a partir da análise da prova dos autos, notadamente a
testemunhal, tendo concluído o Tribunal a quo , soberanamente, pela veracidade das alegações da testemunha,
que atestou a cobrança rigorosa e constante dos horários de início e fim da jornada, o que evidencia a exigência
de cumprimento de jornada . O recurso de revista não se presta ao revolvimento do quadro fático-probatório da
lide, nos termos da Súmula nº 126 do TST. Resolvida a contenda a partir da interpretação da prova efetivamente
produzida nos autos e provado o fato constitutivo, está correto o restante da argumentação quanto ao ônus de
provar o fato impeditivo alegado. INTERVALO INTRAJORNADA - APELO AMPARADO EM DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL - PRECLUSÃO - INOVAÇÃO RECURSAL - DEFEITO DE FUNDAMENTAÇÃO. A divergência
jurisprudencial suscitada no apelo revisional não foi renovada nas razões de agravo de instrumento .

 TST - AIRR: 12282720165140004, Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de


Julgamento: 22/10/2019, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/10/2019.

PROCESSO ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ACÚMULO


DE FUNÇÃO. ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. ÔNUS DA PROVA. A Corte Regional registrou que o reclamante

se desincumbiu do ônus de provar o seu direito à percepção das diferenças salariais postuladas, no termos dos

64
artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC/2015, pois a testemunha por ele apresentada comprovou que trabalhava como
instalador e reparador, mesma função desempenhada pelo reclamante e que há treinamento para o exercício da

função, conforme determina a norma coletiva de trabalho. Nesse contexto, diante das premissas fáticas delineadas
no acórdão regional, para que se pudesse chegar a conclusão diversa, como deseja a agravante, seria imprescindível
o reexame do acervo probatório dos autos, procedimento vedado nesta esfera recursal extraordinária, a teor da
Súmula 126/TST, cuja incidência obsta o processamento do recurso de revista e inviabiliza a análise da apontada
violação dos artigos 7º, XXVI, da Constituição Federal, 456, parágrafo único, e 818 da CLT e 373, I, do CPC/2015.
No mais, o recurso de revista não se viabiliza por divergência jurisprudencial, na esteira da Súmula 296, I, do TST.

Assim, não desconstituídos os fundamentos do despacho denegatório, não prospera o agravo de instrumento
destinado a viabilizar o trânsito do recurso de revista, conforme demonstrado no voto. Agravo de instrumento
conhecido e desprovido.

 TST - Ag-RR: 8249320165200008, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento:


18/12/2019, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/01/2020.

AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017.

ATIVIDADE EXTERNA. JORNADA DE TRABALHO. ÔNUS DA PROVA DO EMPREGADOR. ART. 62, I, DA CLT. A

jurisprudência desta Corte Superior entende que compete ao empregador o ônus de provar o exercício de trabalho
externo incompatível com a fixação de horário de trabalho em face do alegado fato impeditivo do direito do

empregado às horas extras. Assim sendo, a decisão agravada foi proferida em estrita observância às normas
processuais (art. 557, caput, do CPC/1973; arts. 14 e 932, IV, "a", do CPC/2015), razão pela qual é insuscetível de
reforma ou reconsideração.

Sentença:

 TST - RR: 110610220145150137, Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento:
06/11/2019, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 08/11/2019.

PROCESSO ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017 . RECURSO DE REVISTA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


PROCESSO EM FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DETERMINAÇÃO DE HABILITAÇÃO DO CRÉDITO

TRABALHISTA NO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PRETENSÃO DA UNIÃO DE QUE AS CONTRIBUIÇÕES


PREVIDENCIÁRIAS SEJAM EXECUTADAS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. A pretensão deduzida pela União no recurso
de revista denegado era de que, a despeito da determinação de que os créditos da autora (exequente) fossem
habilitados no juízo universal da recuperação judicial, a execução das contribuições previdenciárias alusivas àqueles

créditos fosse procedida na Justiça do Trabalho. Nesse contexto, não há como reformar-se o r. despacho que negou
seguimento ao recurso de revista da União. Com efeito, o artigo 6º, § 2º, da Lei nº 11.101/2005 assegura a
competência da Justiça do Trabalho para processamento de ações de conhecimento em que figure como ré
empresa em recuperação judicial tão somente até a apuração do respectivo crédito trabalhista, in verbis: "as ações
de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a

65
Justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor
determinado em sentença". Destarte, após decretação de falência da empresa, a competência para execução dos

créditos tanto trabalhistas (principal) quanto previdenciários (acessório) é do Juízo da Recuperação Judicial, nos
termos dos artigos 7º, § 2º e 24 do Decreto-Lei 7.661/45 e da Lei 11.101/2005, considerando-se que, para fim de
fixação da competência, a natureza fiscal das contribuições em comento não lhes retira a característica primeira de
parcela "oriunda da relação de trabalho", para repetir a expressão contida no artigo 114, I, da Constituição Federal
de 1988. Precedentes.

Coisa Julgada:

 TST - AIRR: 12391920145020050, Data de Julgamento: 10/04/2019, Data de Publicação: DEJT


12/04/2019.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL PROFERIDO NO JULGAMENTO


DO AGRAVO DE PETIÇÃO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. COISA JULGADA CONSUMADA PERANTE A
JUSTIÇA COMUM. DETERMINAÇÃO DE PENHORA NO ROSTO DO PROCESSO TRABALHISTA. COISA JULGADA
ANTERIOR NO PROCESSO DO TRABALHO INDEFERINDO A COMPENSAÇÃO. ELECTA UMA VIA NON DATUR

RECURSUS AD ALTERAM. NÃO APLICAÇÃO DO ARTIGO 897, § 1º, DA CLT. CONTRARIEDADE À SÚMULA
VINCULANTE Nº 10 DO STF. Na vigência da Lei nº 13.015/2014, o processamento do recurso de revista depende
do cumprimento dos requisitos previstos nos incisos I e III do artigo 896, § 1º-A da CLT. Uma vez que não

demonstrada na hipótese vertente a observância do disposto nessas normas da CLT, inviável o processamento do
recurso de revista e, por consequência, a reforma da decisão agravada. Agravo de Instrumento de que se conhece
e a que se nega provimento.

 TST - Ag-RR: 103917320135040211, Relator: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento:
11/12/2019, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/12/2019.

AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI Nº 13.015/2014. RECONHECIMENTO
DE RELAÇÃO DE EMPREGO. COISA JULGADA. LITISPENDÊNCIA. CHAMAMENTO AO PROCESSO. SOBRESTAMENTO.
DECISÃO DENEGATÓRIA COM FUNDAMENTO NOS ARTIGOS 896, § 14, DA CLT E 251, INCISO I, DO REGIMENTO
INTERNO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Não merece provimento o agravo que não desconstitui os

fundamentos da decisão monocrática quanto aos temas, pela qual não conheceu o apelo com fundamento nos
artigos 896, § 14, da CLT e 251, inciso I, do regimento interno do tribunal superior do trabalho.

 TRT-4 - RO: 00217963420165040201, Data de Julgamento: 05/06/2019, 8ª Turma.

RECURSO DA RECLAMANTE. ACORDO HOMOLOGADO EM OUTRO PROCESSO. QUITAÇÃO DO CONTRATO DE


TRABALHO. COISA JULGADA. EXTINÇÃO DO PROCESSO. Hipótese em que não se pode presumir que a quitação
do contrato consignada no acordo entabulado em outro processo, incluísse a presente ação, devendo entender-se
a omissão, ao contrário, como significativa no sentido de que as partes não incluíram o valor da presente ação no

66
"quantum" lá acordado. Procedente, assim, o pleito da recorrente, para que, afastada a coisa julgada, retornem os
autos para regular processamento do feito.

 TST - Ag-ARR: 18754520125220002, Relator: Renato de Lacerda Paiva, Data de Julgamento:


04/11/2019, Órgão Especial, Data de Publicação: DEJT 07/11/2019.

AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.


NÃO OCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA, DOS LIMITES DA COISA

JULGADA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. JULGAMENTO DA CAUSA DEPENDENTE DE PRÉVIA ANÁLISE DA


ADEQUADA APLICAÇÃO DAS NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

PRESCRIÇÃO APLICÁVEL NA JUSTIÇA DO TRABALHO. TOTAL OU PARCIAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.


Trata-se de agravo interno interposto em face de decisão da Vice-Presidência do TST pela qual fora denegado
seguimento ao recurso extraordinário com base em precedente de repercussão geral. A Suprema Corte, ao decidir
Questão de Ordem no Agravo de Instrumento nº 791.292/PE, em relação à negativa de prestação jurisdicional,
firmou o entendimento de que "o art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam
fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das

alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão" (Tema 339). Na hipótese, conforme

explicitado na decisão agravada, vê-se ter o Colegiado indicado os motivos que lhe formaram o convencimento e
os fundamentos jurídicos de sua decisão, não havendo, portanto, mácula a ensejar o reconhecimento da pretendida

nulidade , mas mero inconformismo com o resultado do julgado . Por outro lado, cumpre salientar que a Suprema
Corte rejeitou a repercussão geral da suposta violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa, dos limites

da coisa julgada e do devido processo legal quando o julgamento da causa depende de prévia análise da adequada
aplicação das normas infraconstitucionais (ARE 748371/MT, Relator Ministro Gilmar Mendes, DJe-148 divulgado 31-
07-2013, publicado 01-08-2013) (Tema 660). Quanto à prejudicial de prescrição, registre-se que o Supremo Tribunal
Federal, ao examinar o Recurso Extraordinário com Agravo nº 697.514/RO, concluiu que não há repercussão geral
na questão relativa à prescrição aplicável na Justiça do Trabalho, se total ou parcial, por não se tratar de matéria
constitucional (Tema 583). Nesse contexto, ficam mantidos os fundamentos adotados pela decisão agravada,

restando verificada, ainda, a manifesta improcedência do presente agravo, aplicando-se a multa prevista no § 4º
do artigo 1.021 do atual CPC. Agravo interno não provido, com aplicação de multa.

67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASSAR, Vólia Bomfim. CLT comparada e atualizada: com a reforma trabalhista. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2017.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e do STJ anotadas e organizadas por assunto. 5ª Ed. rev.,

atual. e ampl. Salvador: Jus Podivm, 2019.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito.. 6ª Ed. rev., atual. e ampl.
Salvador: Jus Podivm, 2019.

CORREIA, Henrique. Manual da Reforma Trabalhista. Salvador: Ed. Juspodivm, 2018.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. CLT Organizada. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2019.

MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

MIZIARA, Raphael; LENZA, Breno. Jurisprudência Trabalhista: principais decisões do TST, STF e STJ organizadas

por assunto. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

NAHAS, Thereza e MIZIARA, Raphael. Impactos da reforma trabalhista na jurisprudência do TST - São Paulo :
Editora Revista dos Tribunais, 2017.

SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada [livro eletrônico]. 2. ed. São Paulo : Thomson Reuters Brasil,
2018.

68
TRIBUNAIS

Direito Processual do
Trabalho
Capítulo 6
SUMÁRIO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ............................................................................................................. 3

Capítulo 6 ....................................................................................................................................................................... 3

1. Recursos ............................................................................................................................................................... 3

1.1. Teoria Geral dos Recursos ........................................................................................................................ 3

1.1.1. Conceito ............................................................................................................................................... 3

1.1.2. Recursos cabíveis no Processo do Trabalho ........................................................................ 4

1.1.3. Efeitos dos Recursos ....................................................................................................................... 4

1.1.4. Contrarrazões Recursais ................................................................................................................ 5

1.1.5. Irrecorribilidade de imediato das Decisões Interlocutórias ........................................... 5

1.1.6. Recurso Adesivo................................................................................................................................ 6

1.1.7. Natureza Ordinária e Extraordinária dos Recursos............................................................ 6

1.2. Princípios Recursais ...................................................................................................................................... 7

1.3. Juízo de admissibilidade e de mérito do recurso .......................................................................... 9

1.4. Pressupostos recursais ............................................................................................................................. 11

1.4.1. Pressupostos intrínsecos de admissibilidade recursal ................................................... 11

1.4.2. Pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal .................................................. 12

1.5. Efeitos dos recursos .................................................................................................................................. 17

1.6. Recursos em Espécie ................................................................................................................................ 18

1.6.1. Embargos de Declaração ........................................................................................................... 18

1.6.2. Recurso Ordinário ......................................................................................................................... 20

1.6.3. Agravo de Petição......................................................................................................................... 22

1.6.4. Recurso de Revista ....................................................................................................................... 23

1.6.5. Embargos no TST .......................................................................................................................... 29

1
1.6.6. Agravo de Instrumento............................................................................................................... 31

1.6.7. Agravo Interno e Regimental ................................................................................................... 33

QUADRO SINÓTICO.................................................................................................................................................. 34

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................................... 47

GABARITO .................................................................................................................................................................... 60

QUESTÃO DESAFIO .................................................................................................................................................. 61

GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................... 62

LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................................................... 64

JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................................................................... 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................................ 73

2
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Capítulo 6

1. Recursos

1.1. Teoria Geral dos Recursos


1.1.1. Conceito

Em que pese haver divergência na Doutrina acerca do conceito de recurso, o posicionamento


atual se alinha aos termos do conceito apresentado por José Carlos Barbosa Moreira, para o
qual recurso é "o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a
reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se
impugna1".

Assim, o recurso é o meio utilizado para a obtenção do reexame de uma decisão


desfavorável para a parte, e poderá ser dirigido ao mesmo órgão que proferiu a decisão ou à
instância superior.

Élisson Miessa defende que o recurso não é a única forma de impugnação das decisões
judiciais, que poderão ser contrapostas através de ações autônomas de impugnação (por ex.
Mandado de Segurança, Ação Rescisória, etc), sucedâneos recursais (por ex. correição parcial,
remessa necessária, etc) e também pelos recursos.

1
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil. 15ª edição. Rio de Janeiro: Forense,
2010. Pág. 233.
3
1.1.2. Recursos cabíveis no Processo do Trabalho

O Direito Processual do Trabalho possui regras próprias acerca de sua sistemática recursal,
que são apresentadas pela CLT e também pela jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

Os recursos cabíveis no Processo do Trabalho são o Recurso Ordinário, o Recurso de


Revista, os Embargos de Declaração, os Embargos ao TST, o Agravo, Agravo de Petição e o
Agravo de Instrumento, conforme aduz os artigos 893 e 897-A da CLT.

Além desses recursos mencionados, também são admissíveis na seara laboral o pedido de
revisão e o Recurso Extraordinário.

1.1.3. Efeitos dos Recursos

A previsão do artigo 899 da CLT é de que os recursos devem ser interpostos através de
simples petição, que deverá ser apresentada nos autos do processo, seja ele físico ou eletrônico,
e terão, em regra, efeito meramente devolutivo, ou seja, não têm efeito suspensivo, não
possuindo o condão de impedir o início da execução provisória, a qual se limita à penhora.

A regra do efeito dos recursos, que serão meramente devolutivos, é afastada pelo teor da
Súmula 414 do TST, pelo qual é admissível a obtenção de efeito suspensivo ao Recurso
Ordinário mediante REQUERIMENTO dirigido ao Tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao
vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do
artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015.

4
1.1.4. Contrarrazões Recursais

Após a interposição do recurso pela parte, dispõe o artigo 900 da CLT que o recorrido será
notificado para apresentação de suas contrarrazões em prazo igual ao que tiver tido o
recorrente para apresentação de seu recurso.

O prazo para apresentação das contrarrazões recursais pelo recorrido é o mesmo que o
recorrente possui para apresentar seu recurso. Exemplo: O prazo para interposição do Recurso
Ordinário é de 08 dias e o prazo para apresentação das Contrarrazões ao Recurso Ordinário
também será de 08 dias, a contar do recebimento da notificação pelo recorrido.

1.1.5. Irrecorribilidade de imediato das Decisões Interlocutórias

No Processo do Trabalho a regra é que as decisões interlocutórias são IRRECORRÍVEIS DE


IMEDIATO, cabendo às partes impugná-las por meio de recurso cabível das decisões definitivas,
segundo o art. 893, § 1º, CLT.

Mas existem exceções à regra apresentada acima, que geram a RECORRIBILIDADE


IMEDIATA das seguintes DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: as proferidas pelo Tribunal Regional
do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho,
de decisões suscetíveis de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal, de decisão
que acolhe exceção de incompetência territorial com a remessa dos autos para Tribunal Regional
distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, do pedido de revisão e da decisão
interlocutória do juiz ou Tribunal que acolhe a incompetência da Justiça do Trabalho, remetendo
os autos para outro ramo do Poder Judiciário, já que trata de decisão terminativa do feito. Sobre
o assunto, leia a Súmula 214 do TST.

5
1.1.6. Recurso Adesivo

Não há previsão do Recurso Adesivo na CLT, mas ele será cabível no Processo do Trabalho
através da aplicação subsidiária das regras do Direito Processual Comum previstas nos artigos
997 e seguintes do CPC 2015.

Poderão ser interpostos de maneira adesiva o Recurso Ordinário, o Recurso de Revista, os


Embargos ao TST e o Agravo de Petição (Súmula nº 283, TST e art. 997, § 2º, II, CPC).

A interposição do Recurso Adesivo exige a sucumbência recíproca, a interposição de recurso


por uma das partes, a aceitação tácita da decisão e observar os requisitos de admissibilidade
do recurso principal.

O prazo para interposição do Recurso Adesivo é de 08 dias, nas hipóteses de interposição


de Recurso Ordinário, Agravo de Petição, Recurso de Revista e de Embargos, sendo
desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com o recurso interposto pela
parte contrária.

Ressalte-se que o Recurso Adesivo é dependente do recurso principal. Logo, se o principal


não for conhecido ou se a parte que o interpôs desistir dele, o recurso adesivo também não
será processado (art. 997, § 2º, III, CPC). Além disso, pode a parte recorrente desistir do a
qualquer tempo, sendo desnecessária a concordância da parte contrária (art. 998, CPC).

1.1.7. Natureza Ordinária e Extraordinária dos Recursos

Os recursos no Processo do Trabalho poderão ser classificados quanto ao objeto imediato


do recurso em recurso de natureza ordinária ou extraordinária.

Os recursos de natureza ordinária visam à tutela do direito subjetivo, que representa o


interesse da parte em recorrer visando a rediscussão de toda a matéria tratada na decisão. São
6
recursos de natureza ordinária o Recurso Ordinário, o Agravo de Petição, os Embargos de
Declaração, o Agravo Interno, o Pedido de Revisão e o Agravo de Instrumento.

Já os recursos de natureza extraordinária visam a tutela do direito objetivo, que é


consubstanciado na exata aplicação da lei. Assim, não se prestam para avaliar as questões
fáticas (de fato) tratadas no processo, sendo vedado o reexame de fatos e provas por força
da Súmula 126 do TST e visam a uniformização da Jurisprudência. São recursos de natureza
extraordinária afetos ao Processo do Trabalho o Recurso de Revista e os Embargos para a SDI
(Embargos ao TST).

1.2. Princípios Recursais

 Princípio do duplo grau de jurisdição

Consiste na possibilidade de reexame da decisão, buscando outra opinião sobre a decisão


proferida na a lide.

 Princípio da taxatividade

Apenas serão considerados os recursos previstos especificadamente em lei, pois a previsão


dos recursos deve ser taxativa (e não enumerativa).

 Princípio da singularidade

Cada decisão somente admite uma espécie recursal. Contudo, no processo do trabalho, é
admitida a interposição simultânea de embargos para a SDI e recurso extraordinário ao STF,
contra a decisão proferida da turma do TST.

 Princípio da consumação

Uma vez interposto o recurso, ele não poderá ser repetido ou alterado, pois ocorre a
consumação do ato de recorrer.

 Princípio da fungibilidade

7
O princípio da fungibilidade apresenta-se como uma exceção ao pressuposto de
admissibilidade recursal do cabimento do recurso, motivo pelo qual somente pode ser admitido
em determinados casos, desde que cumpridos os requisitos, de existência de dúvida objetiva,
a inexistência de erro grosseiro e a observância do prazo do recurso adequado ao caso.

Fungibilidade representa o recebimento de um recurso apresentado erroneamente através


da conversão, pelo órgão julgador, para o recurso correto, desde que atendidas as
especificidades enumeradas acima.

Sobre o princípio o candidato precisa realizar a leitura da Súmula 421 do TST, a OJ 412 da
SDI-I do TST, as OJ´s 69 e 152 da SDI-II do TST.

 Princípio da dialeticidade

O recorrente deverá motivar suas razões recursais através da apresentação dos


fundamentos de fato e de direito que consubstanciam o pedido de reforma da decisão
impugnada, com aplicação subsidiária, aplicadas as especificidades existentes, do artigo 1010
do CPC.

A Súmula 422 do TST afirma que não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do
Trabalho se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos
termos em que proferida. É importante a leitura do texto integral da Súmula!

 Princípio da proibição da reformatio in pejus

Segundo este princípio a situação do recorrente não poderá ser piorada pelo julgamento
do recurso, não se aplicando às matérias de ordem pública, que poderão ter a situação do
recorrente piorada.

Também será aplicada ao reexame necessário, em que pese não se tratar de um recurso,
conforme previsto na Súmula 45 do STJ.

 Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias

Pela sua importância tratamos em tópico em separado, como já visto acima, mas não
podemos esquecer que no Direito Processual do Trabalho o princípio da irrecorribilidade das

8
decisões interlocutórias é norteador dessa seara processual e possui grande aplicação na
sistemática recursal.

 Princípio da primazia da decisão de mérito

Segundo este princípio o julgador deverá primar por proferir decisão de mérito no processo,
que é aquela que examina os pedidos constantes na inicial, resolvendo a demanda, não se
contentando em apreciar decisões terminativas, que acarretam a extinção do processo sem
resolução do mérito. Este princípio se encontra insculpido no artigo 4º do CPC 2015.

1.3. Juízo de admissibilidade e de mérito do recurso


O juízo de admissibilidade do recurso consiste na análise preliminar acerca do preenchimento
dos requisitos essenciais dos recursos, chamados que pressupostos de admissibilidade recursal.

São pressupostos de admissibilidade recursal: cabimento, legitimidade recursal, interesse


em recorrer, tempestividade, regularidade formal, depósito recursal, preparo e inexistência
de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer.

Cumpre salientar que o ordenamento jurídico pátrio adotou dois juízos de admissibilidade
que são muito importantes na sistemática recursal:

 Juízo a quo

É o primeiro juízo que tem contato com o recurso, é o que proferiu a decisão que está
sendo impugnada através do recurso. A análise acerca dos pressupostos de admissibilidade
será feita no momento da interposição do recurso ou após o oferecimento das contrarrazões.

O juízo de admissibilidade a quo pode ser positivo, quando presentes os pressupostos


recursais, hipótese que o recurso será recebido ou negativo, quando ausentes os pressupostos,
gerando o não conhecimento do recurso e ainda poderá ser parcial, quando se processa parte
do recurso.
9
 Juízo ad quem

O juízo ad quem é feito pelo órgão recursal, órgão encarregado de julgar o recurso
apresentado pelo recorrente. A análise dos pressupostos pode ocorrer em diversos momentos,
desde que antes do ingresso para exame do mérito, sendo a verificação de caráter definitivo.
Pode acontecer do juízo a quo ser omisso quanto à análise de admissibilidade de algum capítulo
recorrido do recurso. Nesse caso, a parte tem o ônus de interpor embargos de declaração para
o órgão de deferiu a decisão para suprir a omissão.

Com o advento do CPC foi extinto o duplo grau de admissibilidade recursal (através da
análise dos pressupostos recursais realizado inicialmente pelo juízo a quo e depois pelo juízo
ad quem), com a retirada do juízo de admissibilidade feita pelo juízo a quo, mantendo apenas
para o recurso extraordinário e o recurso especial, pelo previsto no artigo 1010, §3º e 1028, §3º
do CPC 2015.

Por expressa previsão na IN 39/2016 do TST, artigo 2º, IX, a dispensa do primeiro juízo de
admissibilidade trazida pelo CPC 2015 NÃO SE APLICA ao Processo do Trabalho, por haver
regra própria na seara laboral. Assim, para os recursos trabalhistas permanece o duplo juízo
de admissibilidade recursal realizada pelo juízo a quo e pelo juízo ad quem.

10
1.4. Pressupostos recursais
Como já estudado, para que se julgue o mérito do recurso é necessário que antes sejam
verificados os pressupostos de admissibilidade recursal.

Esses pressupostos são subdivididos em intrínsecos (subjetivos) e extrínsecos (objetivos), e


são previamente analisados pelo juízo que proferiu a decisão recorrida e, posteriormente, no
Tribunal, pelo relator.

Com relação aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos (subjetivos), tem-se que estão
relacionados com as partes, e são o cabimento, a legitimidade, o interesse de recorrer e
inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

Já em relação aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos (objetivos), estes dizem


respeito ao direito de recorrer, e são a recorribilidade da decisão, a adequação, a tempestividade,
a regularidade de representação2, o depósito recursal e as custas.

Analisaremos a seguir especificadamente cada um desses pressupostos:

1.4.1. Pressupostos intrínsecos de admissibilidade recursal

 Cabimento

Para se analisar o cabimento do recurso devem ser aliados a recorribilidade do ato


impugnado e a adequação do recurso. O ato deve ser recorrível e o recurso interposto deve
ser adequado à modalidade de decisão que se busca impugnar.

Quanto à recorribilidade, os despachos são irrecorríveis, as decisões interlocutórias que não


se enquadrem nas hipóteses da Súmula 214 do TST são irrecorríveis de imediato e as sentenças
são recorríveis.

À adequação significa que deve ser apresentado o recurso adequado, como é o caso do
Agravo de Petição das decisões da fase de execução e o Recurso Ordinário das decisões
terminativas proferidas pelos juízes do trabalho.

2
Vide questão 3.
11
 Legitimidade para recorrer

Possuem legitimidade para recorrer, conforme aplicação subsidiária do artigo 966 do CPC,
as partes, o terceiro prejudicado e o Ministério Público (do Trabalho), podendo este último
atuar como parte ou como fiscal da lei como determina a OJ 237 da SDI-I do TST.

 Interesse em recorrer

Haverá interesse recursal quando a parte for vencida, ou o terceiro for prejudicado com a
decisão. Mas para que o recurso seja aceito a parte deverá demonstrar que o recurso é útil,
adequado e que se presta a melhorar a situação jurídica do recorrente.

 Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de


recorrer

Para que o recurso seja interposto não podem estar presentes fatos extintivos (aceitação ou
renúncia da decisão) ou impeditivos (desistência) do direito de recorrer.

1.4.2. Pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal

 Tempestividade

Para que o recurso seja conhecido ele depende da interposição dentro do prazo estabelecido
pela lei. Em regra, o prazo para interposição dos recursos no Processo do Trabalho é de 08 dias,
salvo no caso de oposição dos embargos de declaração (05 dias), de interposição de recurso
extraordinário (15 dias), e do pedido de revisão (48 horas). E esses prazos deverão ser
computados em dias úteis.

RECURSOS TRABALHISTAS
RECURSO PRAZO FUNDAMENTO
Recurso Ordinário Art. 895, CLT.
08 dias
Recurso de Revista Lei 5584/70, art. 6º.

12
Agravo de Petição Art. 897, CLT.

Embargos infringentes Art. 894, I, CLT.

Embargos de divergência Art. 894, II, CLT.

Agravo Interno e Regimental IN 39/2016 TST, art. 1º, §2º.

Agravo de Instrumento Art. 897, CLT.

Embargos de Declaração 05 dias Art. 897-A, CLT.

Recurso Extraordinário 15 dias Art. 1003, §5º, CPC.

Pedido de Revisão 48 horas Lei 5584/70, art. 2º, §1º.

A Fazenda Pública, o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública terão prazo em dobro.

Será tempestivo o recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado, de acordo


com o art. 218, § 4º, CPC.

Se a parte apresentar o recurso via fax-símile, prevê a lei 9800/99, que os originais deverão
ser apresentados em 05 dias, e o prazo inicial de contagem poderá ocorrer no sábado, domingo
ou feriado. Quanto ao termo final, entende-se que deve ser prorrogado para o primeiro dia útil
subsequente quando ocorrer em finais de semana e feriado.

 Regularidade de representação

A representação da parte será regular quando existir procuração nos autos. O advogado
da parte, caso inexista instrumento de mandato nos autos, deve juntar a procuração a fim de
regularizar a representação, conforme súmula 383 do TST. Sobre este tema vide a OJ 120, da
SDI-I, do TST.

Será de 05 dias o prazo para a apresentação da procuração na fase recursal. Caso o mandato
já exista, contudo, possua algum vício sanável, é permitida a sua regularização na instância
recursal, devendo o relator designar prazo razoável para o saneamento do vício.

 Preparo

O preparo é o nome que se atribui à junção de dois pressupostos de admissibilidade


recursais: o depósito recursal e custas processuais. A ausência deste pressuposto gera a
deserção do recurso.

13
As custas dizem respeito ao financiamento do processo. É uma obrigação legal exigida em
razão da utilização de um determinado serviço público, prestado ao contribuinte. Assim, o
pagamento das custas deve ocorrer dentro do prazo recursal.

No Processo do Trabalho, durante a fase de conhecimento, as custas incidirão no importe


de 2%, sendo o mínimo de R$ 10,64 e a Reforma Trabalhista (lei 13467/2017) apresentou o
valor máximo das custas, que é de 4x o limite máximo dos benefícios da Previdência Social,
conforme previsão do artigo 789 da CLT e deverão ser pagas e comprovadas no momento de
interposição dos recursos.

O item III da Súmula 25 do TST afirma que não caracteriza deserção a hipótese em que,
acrescido o valor da condenação, não houve fixação ou cálculo do valor devido a título de custas
e tampouco intimação da parte para o preparo do recurso, devendo ser as custas pagas ao final.

Em caso de recolhimento insuficiente das custas ou do depósito recursal, somente haverá a


deserção do recurso se, concedido o prazo de 05 dias, o recorrente não complementar e
comprovar o valor devido, tal qual dispõe a OJ 140 da SDI-I.

Não ocorre deserção do recurso da massa falida por falta de pagamento das
custas ou do depósito recursal, o que não se aplica aos recursos das empresas em liquidação
extrajudicial (Súmula 86 do TST).

Por sua vez, o depósito recursal possui natureza de garantia do juízo, logo, só é realizado
pelo reclamado e se este for empregador ou tomador dos serviços.

Os recursos que exigem depósito recursal são os seguintes: Recurso Ordinário, Recurso de
Revista, Agravo de Petição, quando não estiver garantido o juízo, Embargos ao TST, Recurso
Extraordinário e o Agravo de Instrumento.

14
Com exceção do Agravo de Instrumento, o reclamado deverá depositar o valor da
condenação ainda não depositado, até o limite do teto estabelecido pelo TST.

Para o pagamento do depósito recursal o TST estabeleceu o teto para o Recurso Ordinário
de R$ 9.828,51 e o valor de R$ 19.657,02 para o Recurso de Revista, Embargos ao TST, Recurso
Extraordinário e recurso em Ação Rescisória, valores que entraram em vigor desde 1° de agosto
de 2019.

Após a vigência da lei nº 13.467/17, conhecida como Reforma Trabalhista, o depósito


recursal deverá ser feito em CONTA VINCULADA AO JUÍZO e corrigido com os mesmos índices
da poupança. Antes da Reforma Trabalhista, o valor do depósito recursal era depositado na
conta do FGTS do trabalhador.

O art. 899, § 7°, da CLT, exige depósito recursal para a interposição do Agravo de Instrumento,
no importe de 50% do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar.

Se o Agravo de Instrumento foi manejado para destrancar Recurso de Revista que se insurge
contra decisão que contraria a jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho,
consubstanciada nas suas súmulas ou em orientação jurisprudencial, não haverá
obrigatoriedade de se efetuar o depósito de 50% do Recurso de Revista, conforme previsto no
artigo 899, §8º da CLT.

A Reforma Trabalhista implementou mudanças significantes em relação ao depósito recursal


ao apresentar casos de que ele será recolhido pela metade e os casos que a parte será isenta
da realização do depósito. Fique muito ligado nas hipóteses do artigo 899, §9º e 10, da CLT,
pois são muito cobrados em provas.

15
Apresentaremos os exemplos de isenção e de redução pela metade do depósito recursal
para o candidato fixar, mesmo que não estejam previstos apenas no artigo 899 da CLT:

DEPÓSITO RECURSAL PARTES


Entidades sem fins lucrativos
Empregadores domésticos
REDUÇÃO
Microempreendedores individuais
PELA METADE
Microempresas
Empresas de pequeno porte
Beneficiários da justiça gratuita
Entidades filantrópicas
Empresas em Recuperação Judicial
Empregados
Entes de Direito Público Externo
ISENTOS União, Estados, DF, Municípios, Autarquias e Fundações
Públicas de Direito Público que NÃO EXPLOREM
ATIVIDADE ECONÔMICA
MPT
Massa Falida
Herança Jacente

Quando o valor da condenação já estiver depositado na conta a disposição do juízo descabe


novo depósito recursal, que só será obrigatório até se atingir o valor estabelecido na sentença
condenatória e, atingido este valor, nada mais será devido pelo recorrente (ver Súmulas 128 e
166 do TST).

16
O depósito recursal deverá ser realizado e comprovado dentro do prazo que o recorrente
possui para a interposição do recurso, nos moldes tratados na Súmula 245 do TST.

A Reforma Trabalhista apresentou a possibilidade de o depósito recursal ser SUBSTITUÍDO


por FIANÇA BANCÁRIA ou SEGURO GARANTIA JUDICIAL (artigo 899, §11, CLT).

 Regularidade formal

Os recursos trabalhistas serão interpostos por meio de simples petição, por força do artigo
899 da CLT. Isso, contudo, não afasta a necessidade de fundamentação das razões do recurso,
vez que a parte contrária tem o direito de se defender e para que o Tribunal tenha conhecimento
do objeto impugnado.

1.5. Efeitos dos recursos

 Efeito obstativo

Interposto o recurso perante a decisão, o trânsito em julgado fica postergado. Este efeito
não será aplicado na hipótese de recurso intempestivo ou manifestamente incabível, exceto nos
casos de dúvida razoável.

 Efeito devolutivo

Transferência ao juízo ad quem das matérias que foram julgadas pelo juízo a quo. Na seara

trabalhista, os recursos possuem efeito meramente devolutivo, sendo necessária a observação


da extensão do efeito e a sua profundidade.

17
A extensão do efeito devolutivo representa a quantidade de matérias impugnadas pelo
recorrente em seu recurso e a profundidade do efeito devolutivo representa a devolução
automática das matérias impugnadas pelo recorrente (efeito extensivo) ao juízo ad quem.

 Efeito suspensivo

Impede a produção dos efeitos da decisão, enquanto o recurso não tiver sido julgado. Por
este efeito não poderão haver atos executórios, pois o efeito suspensivo “para” a marcha do
processo até o julgamento do recurso.

O efeito suspensivo não é regra no Processo do Trabalho (mas sim apenas o efeito
devolutivo), podendo ser obtido nos termos da Súmula 414 do TST.

 Efeito translativo

Possibilidade de o Tribunal julgar matérias de ordem pública, que independem de


manifestação da parte, pois podem ser conhecidas de ofício pelo órgão julgador.

 Efeito regressivo

É a possibilidade do juízo se retratar da decisão proferida nas hipóteses previstas em lei.

 Efeito Expansivo

É a possibilidade de a decisão do recurso atingir matérias não impugnadas que os sujeitos


não recorreram.

 Efeito Substitutivo

Pelo efeito substitutivo dos recursos, a decisão proferida pelo segundo grau substitui a
decisão impugnada. Por exemplo: a decisão do TRT proferida após o provimento do Recurso
Ordinário substitui a sentença do juiz do trabalho.

1.6. Recursos em Espécie


1.6.1. Embargos de Declaração

No Direito Processual do Trabalho serão cabíveis os Embargos de Declaração (ED) para


impugnar sentença ou acórdão que apresentar omissão, obscuridade, contradição ou manifesto

18
equívoco na análise dos pressupostos extrínsecos do recurso, nos termos previstos no artigo
897-A da CLT e 1.022 a 1.026 do CPC, por aplicação subsidiária das normas do direito processual
comum conforme determinado no artigo 9º da IN 39 do TST.

No Processo do Trabalho os Embargos Declaratórios também destrancam recursos que não


foram recebidos ou conhecidos por MANIFESTO EQUÍVOCO NA ANÁLISE DOS
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DO RECURSO, como ocorre com a análise errônea da
tempestividade, representação, preparo, depósito recursal e regularidade formal.

Será competente para o julgamento é do próprio juízo que prolatou a decisão


embargada, por este motivo os ED´s são opostos (e não interpostos) no prazo de 05 dias úteis
a contar da ciência da intimação.

Os embargos de declaração interrompem (recomeçam do zero) o prazo para interposição de


outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a representação
da parte ou ausente a sua assinatura (Art. 897-A, § 3º, da CLT).

Em regra, não há efeito modificativo com os embargos, porém caso o juiz


vislumbre que os ED´s possam gerar efeito modificativo no julgado, intimará a parte contrária
para se manifestar em 05 dias, sob pena de nulidade da decisão (Art. 897-A, § 2º, da CLT, Súmula
278 e OJ 142 da SDI-I do TST).

A Súmula 421 do TST prevê que também haverá cabimento dos Embargos de Declaração
das decisões monocráticas do relator calcadas nas hipótese do artigo 932 do CPC se a parte
pretende tão somente juízo integrativo retificador da decisão e, não, modificação do julgado.

Mas se a parte postular a REVISÃO NO MÉRITO da decisão monocrática, cumpre ao relator


converter os EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO, em face dos princípios da

19
fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a
intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais.

Se a parte manejar Embargos de Declaração meramente protelatórios poderá ser


condenada ao pagamento de multa que varia de 2% a 10% sobre o valor atualizado da causa,
quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, que será verificado o
percentual a depender da quantidade de embargos protelatórios apresentados (artigo 1026, §§
2º a 4º, CPC 2015).

O recolhimento da multa atribuída pelos Embargos protelatórios funciona como


pressuposto recursal que condicionada a interposição de qualquer outro recurso pela parte.

Os Embargos de Declaração ainda possuem efeitos prequestionatórios, como se verifica pelo


teor da Súmula 297 do TST, através do qual incumbe à parte interessada, desde que a matéria
haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o
pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.

Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido


adotada, explicitamente, tese a respeito.

1.6.2. Recurso Ordinário

O Recurso Ordinário (RO), como o próprio nome diz, é um recurso de natureza ordinária que
se presta a rediscutir amplamente todas as matérias incluídas na decisão de primeira instância,
sendo cabível para impugnar as decisões definitivas ou terminativas tanto proferidas pelas Varas
do Trabalho quanto pelos Tribunais Regionais do Trabalho em matérias de sua competência
originária, sejam nos dissídios individuais ou coletivos, como se verifica da previsão do artigo
895 da CLT.

O Recurso Ordinário deverá ser interposto no prazo de 08 dias, que também vale para a
apresentação de Contrarrazões ao Recurso Ordinário, e será dirigido ao juízo que proferiu a
decisão para que ele realize análise dos pressupostos recursais.

Assim, se a decisão de primeira instância foi proferida pelas Varas do Trabalho, nelas deverá
ser apresentado o Recurso Ordinário e posteriormente remetido ao TRT para julgamento. Já se

20
a decisão de primeira instância foi proferida pelo TRT no exercício de sua competência originária,
lá deverá ser interposto o RO e encaminhado ao TST para julgamento, respeitado, em ambos
os casos, a análise dos pressupostos recursais tanto pelo juízo a quo quanto pelo juízo ad quem.

Caso seja admitido o recurso pelo juízo a quo, a parte recorrida será intimada para apresentar
suas contrarrazões, no mesmo prazo do recurso, de acordo com o artigo 900 da CLT.

A remessa ao Tribunal para julgamento do RO será feita após o recebimento das


contrarrazões e se houver a admissibilidade do recurso. O juízo ad quem reexaminará os
pressupostos recursais e, em verificando a presença de todos eles, apreciará o mérito do recurso.

Caberá juízo de retratação pela autoridade que proferir a decisão no caso de Recurso
Ordinário manejado contra indeferimento da petição inicial, extinção do processo sem resolução
do mérito e improcedência liminar do pedido, cabendo ao juízo se retratar em 05 dias.

No PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO, o Recurso Ordinário será imediatamente distribuído


quando recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de 10 dias, e a
Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem
revisor, conforme art. 895, § 1º, II, da CLT. (Não deixe de ler o artigo 895, da CLT, que apresenta
todos os requisitos do RO no Procedimento Sumaríssimo).

É importante frisar que o item II da súmula 393 do TST prevê a hipótese de


que se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário,
deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos termos do §3º do art. 1013 do
CPC/15, inclusive quando constatar a omissão da sentença no exame de um dos
pedidos.

21
1.6.3. Agravo de Petição

O Agravo de Petição é o recurso adequado para impugnar as decisões proferidas na fase


de EXECUÇÃO TRABALHISTA, conforme aduz o artigo 897, ‘a’, da CLT e possui o prazo de 08
DIAS ÚTEIS para sua interposição, sendo o mesmo prazo para apresentação das contrarrazões.

A competência para seu julgamento dependerá da competência inicial para o


processamento da execução.

Pelo teor do artigo 897, § 1º, da CLT, o Agravo de Petição só será recebido quando o
agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a
execução imediata da parte remanescente até o final. Tal requisito tem como fim a possibilidade
de permitir a imediata e definitiva execução dos valores incontroversos. Neste sentido, vide
súmula 416, do TST.

A Reforma Trabalhista previu o incidente de desconsideração3 da personalidade jurídica


através da aplicação subsidiária das normas do CPC 2015. Assim, nos termos do artigo 855-A,
da CLT, da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente na fase de execução, será
cabível a interposição do Agravo de Petição, independente da garantia do juízo (artigo 855-A,
§1º, II, CLT).

3
Vide questão 6.
22
Pelo que trata o artigo 897, § 8º, da CLT, quando o Agravo de Petição versar apenas sobre
as contribuições sociais, o juiz da execução determinará a extração de cópias das peças
necessárias, que serão autuadas em apartado e remetidas à instância superior para apreciação,
após contraminuta.

1.6.4. Recurso de Revista

Por se tratar de um recurso de natureza extraordinária, o Recurso de Revista4 tem como


objetivo a busca pela exata aplicação da lei, sendo proibido o reexame de fatos e provas (Súmula
126 TST), e possui fundamentação vinculada ao vício na decisão impugnada em relação a
demonstração de divergência ou violação de dispositivo de lei federal ou afronta direta e literal
à Constituição Federal.

O Recurso de Revista será cabível apenas nos dissídios individuais, sendo possível ainda nas
ações coletivas, como por exemplo na ação civil pública. Portanto, nos dissídios coletivos não
será cabível o Recurso de Revista, como também não será cabível em face de decisão do TRT
em Agravo de Instrumento (Súmula 218 do TST).

No Processo do Trabalho deverá ser manejado o Recurso de Revista contra a decisão do


TRT proferida em grau de Recurso Ordinário e também da Decisão proferida pelo TRT em
Agravo de Petição. (Art. 896, da CLT).

O prazo para interposição do Recurso de Revista é de 08 dias úteis, possuindo o mesmo


lapso temporal para as contrarrazões e para a Fazenda Pública, Ministério Público do Trabalho
e Defensoria Pública o prazo será em dobro, inclusive para contrarrazões, sendo julgado pelas
Turmas do TST.

Além disso, o Recurso de Revista somente será cabível quando: a) a questão for
exclusivamente de direito; b) se o recorrente estiver diante de uma das hipóteses específicas de
cabimento de recurso de revista; c) se a matéria estiver prequestionada.

4
Vide questão 7.
23
O Recurso de Revista será dirigido ao Presidente do TRT recorrido, que deverá fazer o
primeiro juízo de admissibilidade. Estando presentes os pressupostos, o RR será recebido e a
parte recorrida será intimada para apresentar contrarrazões ao recurso de revista e, então, os
autos serão remetidos ao TST.

No TST, o RR é encaminhado ao Relator, que fará o 2º juízo de admissibilidade, e caso


constate que todos os pressupostos de admissibilidade estão presentes, o recurso será
conhecido e encaminhado à turma para julgamento.

O relator do Recurso de Revista poderá denegar-lhe seguimento, em decisão monocrática,


nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou de ausência
de qualquer outro pressuposto extrínseco ou intrínseco de admissibilidade (art. 896, §14 da CLT).

O Recurso de Revista é um recurso que possui suas hipóteses de cabimento bem delineadas
na lei. O candidato precisa tomar muito cuidado com as hipóteses de cabimento, visto que elas
são variáveis! Cada procedimento no Processo do Trabalho possui suas hipóteses de cabimento.

No Procedimento Sumário os processos tramitam sob única instância, não sendo cabível
Recurso de Revista. Da sentença proferida neste procedimento é cabível recurso apenas se
houver violação à Constituição Federal (art. 2º, § 4º, Lei nº 5.584/70).

Será cabível o Recurso de Revista no Procedimento Sumaríssimo quando o acórdão do TRT


contrariar a CF/88, Súmula do TST, ou Súmula Vinculante do STF (art. 896, § 9º, CLT). Não é
hipótese de cabimento de Recurso de Revista neste procedimento a contrariedade à Orientação
Jurisprudencial, conforme a Súmula nº 442, do TST.

O Recurso de revista na execução será cabível somente quando ofender a Constituição


Federal (art. 896, § 2°, CLT e Súmula nº 266, TST), com exceção da hipótese de violação à lei

24
federal, por divergência jurisprudencial e por ofensa a CF nas execuções fiscais e nas
controvérsias da fase de execução que envolvam a certidão negativa de débitos trabalhistas
(CNDT).

Já no Procedimento Ordinário as hipóteses de cabimento do Recurso de Revista são tratadas


conforme a disposição do artigo 896, "a" e "c", da CLT, a saber:

Hipóteses de Cabimento do Recurso de Revista no Procedimento


Ordinário
(artigo 896, "a", “b” e "c", da CLT)
- Violação literal e direta à Constituição Federal;
- Violação literal à lei federal;
- Contrariedade à súmula do TST;
- Contrariedade à orientação jurisprudencial do TST (OJ 219, SDI-1, TST);
- Contrariedade à súmula vinculante do STF;
- Quando, na interpretação de lei federal, a decisão recorrida contrariar outro TRT
(Pleno ou Turma);
- Quando, na interpretação de lei federal, a decisão recorrida divergir de decisão da
Seção de Dissídios Individuais I ou II do TST;
- Por divergência jurisprudencial, quando o acórdão recorrido der ao mesmo
dispositivo de lei estadual, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo, sentença
normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial
que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida.

O candidato precisa estar familiarizado com as hipóteses de cabimento do Recurso de


Revista, pois as provas gostam de cobrar esse assunto. Por este motivo a leitura do artigo 896.
Aproveite o ensejo e leia os artigos 896-A, 896-B e 896-C, pois tratam sobre o Recurso de

25
Revista e também possuem grande incidência, pois as bancas examinadoras adoram cobrar a
literalidade da lei e da jurisprudência.

Em caso de divergência jurisprudencial (que ocorre quando tribunais ou turmas apresentam


decisões divergentes sobreo mesmo assunto) o Recurso de Revista poderá ser interposto:

- quando o acórdão do TRT recorrido contrariar súmula de outro TRT ou tese jurídica
prevalecente no âmbito deste tribunal, que não contrarie súmula, orientação jurisprudencial do
TST ou súmula do STF; e

- se não houver súmula de outro TRT ou tese jurídica prevalecente no âmbito deste tribunal,
caberá recurso de revista quando o acórdão recorrido contrariar acórdão de outro TRT, desde
que este não esteja ultrapassado por súmula, orientação jurisprudencial do TST ou súmula do
STF.

A Reforma Trabalhista revogou o incidente de uniformização de jurisprudência previsto no


artigo 896, §§3º a 6º da CLT. A uniformização passa a ser regulada pelos artigos 926 a 928 do
CPC. Aplica-se ainda o incidente de resolução de demandas repetitivas, dispostos nos artigos
976 a 987 do CPC.

Sob pena de não conhecimento do Recurso de Revista, é ônus da parte indicar o trecho
da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso;
indicar, de forma explícita e fundamentada, a contrariedade ao dispositivo de lei, súmula ou
orientação jurisprudencial do TST que conflite com a decisão regional e expor as razões do
pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive
mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula
ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.

A divergência jurisprudencial para ensejar o RR precisa ser atual não se considerando como
tal a ultrapassada por súmula do TST ou do STF ou superada por iterativa e notória
jurisprudência do TST. Mas as Súmulas e Orientações Jurisprudenciais aplicadas por analogia
não autorizam o conhecimento ou provimento do Recurso de Revista.

26
Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe ao recorrente o ônus de
produzir prova da divergência jurisprudencial e, para tanto, deverá atender aos requisitos
especificados na Súmula 337 do TST.

Ainda, para que a parte ingresse com o RR deve atender ao pressuposto do


prequestionamento, que é inerente aos recursos de natureza extraordinária, devendo a matéria
estar prequestionada, quando houver sido tratada no acórdão impugnado, conforme Súmula
297, I, TST, ou seja, o TST só conhecerá o recurso se houver manifestação explícita do TRT no
acórdão sobre a discussão abordada no RR, inclusive quanto à matéria de ordem
pública (OJ 62, SDI-I, TST).

Se não houver pronunciamento do TRT quanto à matéria impugnada, deverão ser


opostos Embargos de Declaração com o objetivo de que haja manifestação expressa a respeito
de tal matéria, sob pena de preclusão (Súmulas nº 184 e 297, II, TST).
Porém, se ainda que opostos os embargos de declaração, o Tribunal não se manifestar em
relação à matéria impugnada, será considerada prequestionada (Súmula nº 297, III, do TST).

O TST afirma que o prequestionamento será necessário ainda que se trate de matéria de
ordem pública.

A Reforma Trabalhista determinou que se a parte recorrente suscitar PRELIMINAR DE


NULIDADE DE JULGADO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL no RR, deverá

27
transcrever na peça recursal o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o
pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no RO e o trecho da decisão regional que
rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da
omissão.

Pelo critério da transcendência os Recursos de Revista só serão aceitos se perpassarem os


interesses das partes, denotando um grau de interesse coletivo, social. Assim, a Reforma
Trabalhista apresentou os critérios para verificação da presença da transcendência para
recebimento do RR, objetivando os critérios para facilitar a análise e tentar reduzir o alto grau
de subjetividade existente sobre o que configuraria a transcendência.

O Recurso de Revista deverá oferecer TRANSCENDÊNCIA5 com relação aos reflexos


gerais de natureza política, econômica, jurídica ou social, conforme previsto no parágrafos do
artigo 896-A da CLT, a saber:

INDICADORES DE TRANSCENDÊNCIA
ECONÔMICA - o elevado valor da causa;
- o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do TST
POLÍTICA
ou do STF;
- a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
SOCIAL
constitucionalmente assegurado;
- a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação
JURÍDICA
trabalhista.

5
Vide questão 9.
28
A atribuição para analisar a transcendência é exclusiva do TST. Se o relator do recurso
verificar que não existe a transcendência, poderá denegar seguimento ao RR, cabendo Agravo
da decisão do colegiado, no prazo de 08 dias úteis.

Se o voto do relator no que diz respeito a não transcendência do recurso for mantido, será
lavrado acórdão com fundamentação sucinta, sendo decisão irrecorrível no âmbito do Tribunal.

Na sistemática dos recursos repetitivos, se o TST, ao receber um Recurso de Revista,


considerar que a matéria é repetitiva (se houver multiplicidade de recursos de revista fundados
em idênticas questões de direito), todos os recursos que estiverem nos TRT’s sobre o mesmo
tema ficarão sobrestados aguardando a decisão do primeiro caso.

Uma vez realizado o julgamento do recurso paradigma, todos os outros recursos que
estiverem sobrestados deverão ser julgados no mesmo sentido, salvo se a matéria fática for
distinta ou houver questão jurídica não examinada que exija solução jurídica diversa.

O processamento do Recurso de Revista repetitivo vem disposto no art. 896-C


da CLT e na Instrução Normativa nº 38 do TST de 2015. A competência para
julgamento do recurso é da Seção de Dissídios Individuais ou do Tribunal Pleno.

Será cabível a interposição de Agravo, no prazo de 08 dias úteis, da decisão denegatória


do Recurso de Revista, nos termos do artigo 896, § 12, da CLT.

1.6.5. Embargos no TST

No Direito Processual do Trabalho serão cabíveis a interposição de Embargos no TST, de


aplicação restrita a este Tribunal em duas modalidades: Embargos Infringentes e Embargos de
Divergência (Embargos à SDI).

 Embargos Infringentes

Conforme artigo 894, I, da CLT, serão cabíveis Embargos Infringentes das decisões NÃO
UNÂNIMES do TST em dissídio coletivo, que excedam a competência territorial dos TRT’s e
que objetivem criar normas, estender ou rever as sentenças normativas do TST.

29
Os Embargos Infringentes são dirigidos aos dissídios coletivos, possuindo natureza ordinária,
mesmo que sejam julgados pelo TST e não serão cabíveis se a decisão impugnada estiver em
consonância com precedente jurisprudencial do TST ou da súmula da sua jurisprudência
dominante.

O prazo de interposição será de 08 dias úteis, salvo para Fazenda Pública, MPT e Defensoria
Pública, que possuem prazo em dobro.

 Embargos de Divergência

Previstos no artigo 894, II, da CLT, os Embargos de Divergência, também chamados de


Embargos à SDI - Seção de Dissídios Individuais, pois são julgados por essa seção no TST,
sendo cabíveis das decisões de TURMA do TST que contrariarem Acórdão de outra Turma do
TST, de Acórdão da SDI de Súmula do TST, de OJ do TST e de Súmula Vinculante do STF.

Com objetivo de unificar a jurisprudência do TST, a fim de sanar as divergências existentes


entre as Turmas do TST nos julgamentos dos Recursos de Revistas, os Embargos à SDI são um
recurso de natureza extraordinária, sendo vedado o reexame de fatos e provas em seu
julgamento.

O Prazo para interposição e para apresentação de contrarrazões dos Embargos ao TST é


08 dias, sendo julgados pela SDI do TST. Esse recurso, por ser de natureza extraordinária, exige
o prequestionamento e que a divergência apta a ensejar os Embargos deve ser atual, conforme
artigo 894, § 2º, da CLT.

Nos moldes do artigo 894, § 3º, da CLT, o relator poderá denegar seguimento aos Embargos,
e dessa decisão denegatória dos Embargos caberá Agravo, no prazo de 08 (oito) dias. (Art.
894, § 4º, da CLT).

Nas causas sujeitas ao PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO, são admitidos os embargos quando


houver a divergência na interpretação dos dispositivos da Constituição Federal e quando
houver confronto com a súmula do TST ou Súmula Vinculante do STF.

30
A Súmula 353 do TST afirma não cabem embargos para a Seção de Dissídios Individuais de
decisão de Turma proferida em Agravo e indica as hipóteses que apresentam exceções a esta
regra, que constituem leitura obrigatória pelo candidato.

Conforme a OJ 378 da SDI-I do TST, não é cabível recurso de embargos interposto à decisão
monocrática exarada nos moldes do art. 932 do CPC de 2015, pois o comando legal restringe
seu cabimento à pretensão de reforma de decisão colegiada proferida por Turma do TST.

1.6.6. Agravo de Instrumento

Se, após o exame dos requisitos de admissibilidade de algum recurso, o órgão julgador
entender que não estão presentes os pressupostos recursais, será cabível a interposição do
Agravo de Instrumento com objetivo de DESTRANCAR O RECURSO, ou seja, impugnar o
despacho que denega seguimento ao recurso, conforme Art. 897, b, da CLT.

Não confunda a finalidade do Agravo de Instrumento do Processo do Trabalho com a


admissibilidade do Agravo de Instrumento do Processo Civil, previsto no artigo 1.015 do CPC
2015.

O Agravo de Instrumentos nos moldes apresentados é uma modalidade específica do


Processo do Trabalho e que se presta impugnar as decisões que denegarem seguimento ao
RO, ao RR, ao Recurso Extraordinário, ao Agravo de Petição e ao Recurso interposto de
maneira Adesiva.

31
Da decisão que denega o seguimento dos Embargos ao TST caberá AGRAVO REGIMENTAL
e não Agravo de instrumento, por força do artigo 235, VII, do Regimento Interno do TST.

Na hipótese de interposição do Agravo de Instrumento, será necessário realizar o DEPÓSITO


RECURSAL DE 50% DO VALOR DO DEPÓSITO RECURSAL DO RECURSO AO QUAL SE
PRETENDE DESTRANCAR.

Nos termos do artigo 899, §8º, da CLT, quando o agravo de instrumento tem a FINALIDADE
DE DESTRANCAR RECURSO DE REVISTA que se insurge contra decisão que contraria a
jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada nas suas súmulas
ou em orientação jurisprudencial, não haverá obrigatoriedade de se efetuar o depósito recursal
de 50%.

O Agravo de Instrumento será dirigido ao juiz prolator do despacho, no prazo de 08 dias


úteis. O referido agravo admite juízo de retratação, logo o magistrado que denegou seguimento
ao recurso poderá reconsiderar sua decisão. Porém, caso o juiz mantenha a decisão agravada,
a outra parte será intimada para apresentar a contraminuta ao agravo de instrumento, bem
como as contrarrazões ao recurso principal, no prazo de 08 dias úteis.

Conforme o artigo 897, §6º, da CLT, nas CONTRARRAZÕES o agravado deverá oferecer
resposta tanto ao agravo de instrumento quanto ao recurso principal, instruindo com as peças
que reputar necessárias para o julgamento de ambos os processos.

O Agravo de Instrumento será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o
recurso cuja interposição foi denegada (art. 897, § 4º, CLT).

O Agravo de instrumento possui um requisito específico para sua interposição: A


FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO. O artigo 897, §5°, da CLT elenca as peças que instruirão o
Agravo de Instrumento, elucidando peças obrigatórias e facultativas, cuja leitura é importante.

32
1.6.7. Agravo Interno e Regimental

Tanto o Agravo Interno quanto o Agravo Regimental são recursos que decorrem de decisão
monocrática, que busca levar ao conhecimento do colegiado a decisão proferida pelo relator,
seja por competência recursal ou originária do tribunal.

A previsão do Agravo Interno é dada pelos artigos 894, §3º da CLT e 1021 do CPC 2015. Já
o Agravo Regimental é previsto no próprio regimento interno do Tribunal sendo o prazo para
interposição dos Agravos Interno e Regimental de 08 dias úteis.

O Agravo será direcionado ao relator, que irá intimar o agravado para que este possa se
manifestar sobre o recurso também no prazo de 08 dias, e, caso não haja retratação, o relator
levará o agravo a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.

Verifica-se que o Agravo Interno não pode ser utilizado como meio de protelar a decisão,
de maneira abusiva, sob pena de ferir o princípio da celeridade. Sendo assim, é prevista uma
multa sancionatória para aquelas pessoas que utilizarem o agravo como meio protelatório.

Para a aplicação da multa será necessária a conjugação de dois requisitos, o primeiro quando
o agravo for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente e o segundo quando
houver votação unânime.

O agravante será condenado a pagar ao agravado multa fixada entre 1 e 5% do valor


atualizado da causa, sendo a multa considerada como pressuposto recursal.

33
QUADRO SINÓTICO

TEORIA GERAL DOS RECURSOS


"remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a
RECURSO reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão
judicial que se impugna."
FORMAS DE - ações autônomas de impugnação;
IMPUGNAÇÃO DAS - sucedâneos recursais;
DECISÕES JUDICIAIS - recursos.
- Recurso Ordinário;
- Recurso de Revista;
- Embargos de Declaração;
RECURSOS CABÍVEIS
- Embargos ao TST;
NO PROCESSO DO
- Agravo;
- Agravo de Petição;
- Agravo de Instrumento.
- Regra: Efeito apenas devolutivo.
EFEITOS DOS - Exceção: obtenção de efeito suspensivo ao RO mediante
RECURSOS REQUERIMENTO dirigido ao Tribunal, ao relator ou ao presidente
ou ao vice-presidente do tribunal recorrido.
CONTRARRAZÕES O prazo para apresentação pelo recorrido é o mesmo que o
RECURSAIS recorrente possui para apresentar seu recurso.

IRRECORRIBILIDADE - regra: as decisões interlocutórias são IRRECORRÍVEIS DE


DE IMEDIATO DAS IMEDIATO, cabendo às partes impugná-las por meio de recurso
DECISÕES cabível das decisões definitivas;
INTERLOCUTÓRIAS - Exceção: Hipóteses da Súmula 214 do TST.
Poderão ser interpostos de maneira adesiva o Recurso Ordinário, o
RECURSO ADESIVO
Recurso de Revista, os Embargos ao TST e o Agravo de Petição.

34
A interposição do Recurso Adesivo exige a sucumbência recíproca,
a interposição de recurso por uma das partes, a aceitação tácita
da decisão e observar os requisitos de admissibilidade do recurso
principal.
É dependente do recurso principal.
Os recursos de natureza ordinária visam à tutela do direito
NATUREZA
subjetivo, que representa o interesse da parte em recorrer visando a
ORDINÁRIA E
rediscussão de toda a matéria tratada na decisão.
EXTRAORDINÁRIA
Os recursos de natureza extraordinária visam a tutela do direito
DOS RECURSOS
objetivo, que é consubstanciado na exata aplicação da lei, sendo
vedado o reexame de fatos e provas.
- Princípio do duplo grau de jurisdição - Possibilidade de reexame
da decisão;
- Princípio da taxatividade - Serão considerados apenas os recursos
previstos especificadamente em lei;
- Princípio da singularidade - Cada decisão somente admite uma
espécie recursal;
- Princípio da consumação - Uma vez interposto o recurso, ele não
poderá ser repetido ou alterado;
- Princípio da fungibilidade - Recebimento de um recurso
apresentado erroneamente através da conversão, pelo órgão

PRINCÍPIOS julgador, para o recurso correto, desde que atendidas as

RECURSAIS especificidades previstas.


- Princípio da dialeticidade - O recorrente deverá motivar suas
razões recursais através da apresentação dos fundamentos de fato
e de direito que consubstanciam o pedido de reforma da decisão
impugnada;
- Princípio da proibição da reformatio in pejus - A situação do
recorrente não poderá ser piorada pelo julgamento do recurso, não
se aplicando às matérias de ordem pública, que poderão ter a
situação do recorrente piorada.
- Princípio da primazia da decisão de mérito - O julgador deverá
primar por proferir decisão de mérito no processo;

35
O juízo de admissibilidade do recurso consiste na análise preliminar
JUÍZO DE
acerca do preenchimento dos requisitos essenciais dos recursos,
ADMISSIBILIDADE
chamados que pressupostos de admissibilidade recursal.
- cabimento;
- legitimidade recursal;
PRESSUPOSTOS - interesse em recorrer;
DE ADMISSIBILIDADE - tempestividade;
RECURSAL - regularidade formal;
- depósito recursal;
- preparo;
- inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer.

JUÍZO A QUO Juízo que proferiu a decisão que está sendo impugnada através do
recurso.

JUÍZO AD QUEM O juízo ad quem é o órgão encarregado de julgar o recurso


apresentado pelo recorrente.
- Cabimento - O ato deve ser recorrível e o recurso interposto deve
ser adequado à modalidade de decisão que se busca impugnar.
- Legitimidade para recorrer - Possuem legitimidade para recorrer
as partes, o terceiro prejudicado e o Ministério Público (do
Trabalho), podendo este último atuar como parte ou como fiscal da
PRESSUPOSTOS lei.
INTRÍNSECOS DE - Interesse em recorrer - Haverá interesse recursal quando a parte
ADMISSIBILIDADE for vencida, ou o terceiro for prejudicado com a decisão. Mas para
RECURSAL que o recurso seja aceito a parte deverá demonstrar que o recurso é
útil, adequado e que se presta a melhorar a situação jurídica do
recorrente.
- Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de
recorrer - Para que o recurso seja interposto não podem estar
presentes fatos extintivos (aceitação ou renúncia da decisão) ou
impeditivos (desistência) do direito de recorrer.
PRESSUPOSTOS - Tempestividade – É a interposição do recurso dentro do prazo
EXTRÍNSECOS DE estabelecido pela lei. Em regra, o prazo para interposição dos recursos no
Processo do Trabalho é de 08 dias, salvo no caso de oposição dos
ADMISSIBILIDADE
embargos de declaração (05 dias), de interposição de recurso
RECURSAL

36
extraordinário (15 dias), e do pedido de revisão (48 horas). E esses prazos
deverão ser computados em dias úteis.
- Regularidade de representação - A representação da parte será
regular quando existir procuração nos autos.
- Preparo - O preparo é o nome que se atribui à junção de dois
pressupostos de admissibilidade recursais: o depósito recursal e
custas processuais. A ausência deste pressuposto gera a deserção do
recurso.

- Regularidade formal - Os recursos trabalhistas serão interpostos


por meio de simples petição, por força do artigo 899 da CLT. Isso,
contudo, não afasta a necessidade de fundamentação das razões do
recurso, vez que a parte contrária tem o direito de se defender e para
que o Tribunal tenha conhecimento do objeto impugnado.
São elas que geram o financiamento do processo. É uma obrigação
legal exigida em razão da utilização de um determinado serviço
público, prestado ao contribuinte. Assim, o pagamento das custas
deve ocorrer dentro do prazo recursal.
Durante a fase de conhecimento, as custas incidirão no importe de
2%, sendo o mínimo de R$ 10,64 e a Reforma Trabalhista (lei
13467/2017) apresentou o valor máximo das custas, que é de 4x o
CUSTAS
limite máximo dos benefícios da Previdência Social, conforme
previsão do artigo 789 da CLT e deverão ser pagas e comprovadas
no momento de interposição dos recursos.
Não ocorre deserção do recurso da massa falida por falta de
pagamento das
custas ou do depósito recursal, o que não se aplica aos recursos das
empresas em liquidação extrajudicial
Possui natureza de garantia do juízo, logo, só é realizado pelo
reclamado e se este for empregador ou tomador dos serviços.
Os recursos que exigem depósito recursal são os seguintes:
DEPÓSITO
- Recurso Ordinário;
RECURSAL
- Recurso de Revista;
- Agravo de Petição, quando não estiver garantido o juízo;
- Embargos ao TST;

37
- Recurso Extraordinário;
- Agravo de Instrumento.
Após a vigência da lei nº 13.467/17, conhecida como Reforma
Trabalhista, o depósito recursal deverá ser feito em CONTA
VINCULADA AO JUÍZO e corrigido com os mesmos índices da
DEPÓSITO RECURSAL poupança. Antes da Reforma Trabalhista, o valor do depósito recursal
era depositado na conta do FGTS do trabalhador.
Deverá ser realizado e comprovado dentro do prazo que o
recorrente possui para a interposição do recurso.

- Efeito obstativo - Interposto o recurso perante a decisão, o trânsito


em julgado fica postergado. Este efeito não será aplicado na hipótese
de recurso intempestivo ou manifestamente incabível, exceto nos
casos de dúvida razoável.
- Efeito devolutivo - Transferência ao juízo ad quem das matérias
que foram julgadas pelo juízo a quo. A extensão do efeito devolutivo
representa a quantidade de matérias impugnadas pelo recorrente em
seu recurso e a profundidade do efeito devolutivo representa a
devolução automática das matérias impugnadas pelo recorrente
(efeito extensivo) ao juízo ad quem.
- Efeito suspensivo - Impede a produção dos efeitos da decisão,
EFEITOS DOS
enquanto o recurso não tiver sido julgado. Por este efeito não
RECURSOS
poderão haver atos executórios, pois o efeito suspensivo “para” a
marcha do processo até o julgamento do recurso.
- Efeito translativo - Possibilidade de o Tribunal julgar matérias de
ordem pública, que independem de manifestação da parte, pois
podem ser conhecidas de ofício pelo órgão julgador.
- Efeito regressivo - É a possibilidade do juízo se retratar da decisão
proferida nas hipóteses previstas em lei.
- Efeito Expansivo - É a possibilidade de a decisão do recurso atingir
matérias não impugnadas que os sujeitos não recorreram.
- Efeito Substitutivo - Pelo efeito substitutivo dos recursos, a decisão
proferida pelo segundo grau substitui a decisão impugnada. Por
exemplo: a decisão do TRT proferida após o provimento do Recurso
Ordinário substitui a sentença do juiz do trabalho.

38
RECURSOS EM ESPÉCIE
No Direito Processual do Trabalho serão cabíveis para impugnar sentença
ou acórdão que apresentar OMISSÃO, OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO ou
MANIFESTO EQUÍVOCO NA ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
DO RECURSO.
Ocorre MANIFESTO EQUÍVOCO NA ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS
EXTRÍNSECOS DO RECURSO na análise errônea da tempestividade,
representação, preparo, depósito recursal e regularidade formal.
A COMPETÊNCIA para o julgamento é do próprio juízo que prolatou a
decisão embargada.
São opostos no prazo de 05 dias úteis.

INTERROMPEM (recomeçam do zero) o prazo para interposição de outros


recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a
representação da parte ou ausente a sua assinatura.

EMBARGOS Se o juiz vislumbre que os ED´s possam gerar efeito modificativo no

DE julgado, intimará a parte contrária para se manifestar em 05 dias, sob pena

DECLARAÇÃO de nulidade da decisão.


A Súmula 421 do TST prevê que também haverá cabimento dos ED´s das
DECISÕES MONOCRÁTICAS DO RELATOR calcadas nas hipótese do artigo
932 do CPC se a parte pretende tão somente juízo integrativo retificador da
decisão e, não, modificação do julgado.
Se a parte postular a REVISÃO NO MÉRITO da decisão monocrática,
cumpre ao relator converter os EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM
AGRAVO, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual,
submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões
recursais.
Se os ED´s forem meramente protelatórios poderá haver condenação ao
pagamento de multa que varia de 2% a 10% sobre o valor atualizado da
causa.
O recolhimento da multa dos ED´s protelatórios é pressuposto recursal
para interposição de outro recurso pela parte.

39
Os ED´s também servem para prequestionar a matéria não apreciada na
decisão, desde que tinham sido invocadas no recurso principal.
O RO é um recurso de natureza ordinária que se presta a rediscutir
amplamente todas as matérias incluídas na decisão de primeira instância.
É CABÍVEL para impugnar as decisões definitivas ou terminativas
proferidas pelas Varas do Trabalho e pelos TRT´s em matérias de sua
competência originária, sejam nos dissídios individuais ou coletivos.
Deverá ser INTERPOSTO no prazo de 08 dias, salvo para Fazenda Pública,
MPT e Defensoria Pública, que possuem prazo em dobro.
O prazo de 08 dias para CONTRARRAZÕES.
Caberá juízo de retratação pela autoridade que proferir a decisão no caso
RECURSO de RO manejado contra indeferimento da petição inicial, extinção do
ORDINÁRIO processo sem resolução do mérito e improcedência liminar do pedido,
cabendo ao juízo se retratar em 05 dias.
No PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO, o RO será imediatamente
distribuído quando recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no
prazo máximo de 10 dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo
imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor.
Se o processo estiver em condições para julgamento, o tribunal, ao julgar o
RO deverá decidir desde logo o mérito da causa, inclusive quando
constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos.
Não deixe de ler o artigo 895, da CLT e das Súmulas indicadas.
E o recurso adequado para impugnar as decisões proferidas na fase de
EXECUÇÃO TRABALHISTA.
Prazo de 08 DIAS ÚTEIS para sua interposição, sendo o mesmo prazo para
apresentação das contrarrazões.
AGRAVO DE Competência para julgamento é do juiz da Execução.
PETIÇÃO Só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as
matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte
remanescente até o final.
Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o INCIDENTE DE
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, na fase de
execução, será cabível o AP, independente da garantia do juízo.

40
Se o AP versar apenas sobre as contribuições sociais, o juiz da execução
determinará a extração de cópias das peças necessárias, que serão
autuadas em apartado e remetidas à instância superior para apreciação,
após contraminuta.
Por se tratar de um recurso de natureza extraordinária, o RR tem como
objetivo a busca pela exata aplicação da lei, sendo proibido o reexame de
fatos e provas.
Possui fundamentação vinculada ao vício na decisão impugnada em relação
a demonstração de divergência ou violação de dispositivo de lei federal
ou afronta direta e literal à Constituição Federal.
Será cabível apenas nos dissídios individuais, sendo possível ainda nas
ações coletivas.
Nos dissídios coletivos não será cabível o Recurso de Revista, como também
não será cabível em face de decisão do TRT em Agravo de Instrumento.
O RR é o recurso cabível contra a decisão do TRT proferida em grau de
RECURSO Recurso Ordinário e também da Decisão proferida pelo TRT em Agravo de
DE Petição.
REVISTA Prazo para interposição do RR é de 08 dias úteis, também para
CONTRARRAZÕES e para a Fazenda Pública, Ministério Público do Trabalho
e Defensoria Pública o prazo será em dobro.
O RR será julgado pelas Turmas do TST.
Será cabível quando:
- a questão for exclusivamente de direito;
- se ocorrer as hipóteses específicas de cabimento do RR;
- se a matéria estiver prequestionada.
O RR é um recurso que possui suas hipóteses de cabimento bem
delineadas na lei.
O RR possui muitos vieses, motivo pelo qual as hipóteses, os requisitos
específicos e as alterações da Reforma Trabalhista devem ser lidas pelo
candidato nos artigos 896 a 896-C da CLT e nas Súmulas e OJs indicadas.
O poderá denegar-lhe seguimento, em decisão monocrática, nas hipóteses
de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou de
ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco ou intrínseco de
admissibilidade.

41
Procedimento Sumário os processos tramitam sob única instância, não
sendo cabível Recurso de Revista.
Será cabível o RR no Procedimento Sumaríssimo quando o acórdão do TRT
contrariar a CF/88, Súmula do TST, ou Súmula Vinculante do STF.
Na execução será cabível o RR somente quando ofender a Constituição
Federal, salvo na hipótese de violação à lei federal, por divergência
jurisprudencial e por ofensa a CF nas execuções fiscais e nas controvérsias
da fase de execução que envolvam a certidão negativa de débitos
trabalhistas.
No Procedimento Ordinário será cabível:
- Violação literal e direta à Constituição Federal;
RECURSO
- Violação literal à lei federal;
DE
- Contrariedade à súmula do TST;
REVISTA
- Contrariedade à orientação jurisprudencial do TST (OJ 219, SDI-1, TST);
- Contrariedade à súmula vinculante do STF;
- Quando, na interpretação de lei federal, a decisão recorrida contrariar
outro TRT (Pleno ou Turma);
- Quando, na interpretação de lei federal, a decisão recorrida divergir de
decisão da Seção de Dissídios Individuais I ou II do TST;
- Por divergência jurisprudencial, quando o acórdão recorrido der ao mesmo
dispositivo de lei estadual, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo,
sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória
em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da
decisão recorrida.
Em caso de divergência jurisprudencial o RR poderá ser interposto:
- quando o acórdão do TRT recorrido contrariar súmula de outro TRT ou
tese jurídica prevalecente no âmbito deste tribunal, que não contrarie
súmula, orientação jurisprudencial do TST ou súmula do STF; e
- se não houver súmula de outro TRT ou tese jurídica prevalecente no
âmbito deste tribunal, caberá recurso de revista quando o acórdão recorrido
contrariar acórdão de outro TRT, desde que este não esteja ultrapassado
por súmula, orientação jurisprudencial do TST ou súmula do STF.

42
Sob pena de não conhecimento do RR, é ônus da parte indicar o trecho
da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia objeto do recurso; indicar, de forma explícita e fundamentada,
a contrariedade ao dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial
do TST que conflite com a decisão regional e expor as razões do pedido de
reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida,
inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da
Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja
contrariedade aponte.
A divergência jurisprudencial para ensejar o RR precisa ser atual não se
considerando como tal a ultrapassada por súmula do TST ou do STF ou
superada por iterativa e notória jurisprudência do TST.
Se o RR fundar-se em dissenso de julgados, incumbe ao recorrente o ônus
de produzir prova da divergência jurisprudencial.
Para o ingresso com o RR deve haver o prequestionamento da matéria.
Se não houver pronunciamento do TRT quanto à matéria impugnada,
RECURSO
deverão ser opostos Embargos de Declaração com o objetivo de que haja
DE
manifestação expressa a respeito de tal matéria.
REVISTA
Conforme a REFORMA TRABALHISTA, se o recorrente suscitar
PRELIMINAR DE NULIDADE DE JULGADO POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL no RR, deverá transcrever na peça recursal o
trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento
do tribunal sobre questão veiculada no RO e o trecho da decisão regional
que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de
plano, da ocorrência da omissão.
O Recurso de Revista deverá oferecer TRANSCENDÊNCIA com relação aos
reflexos gerais de natureza política, econômica, jurídica ou social.
Conforme a Reforma Trabalhista, são INDICADORES DE TRANSCENDÊNCIA
NO RR:
- ECONÔMICA - o elevado valor da causa;
- POLÍTICA - o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada
do TST ou do STF;
- SOCIAL - a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
constitucionalmente assegurado;

43
- JURÍDICA - a existência de questão nova em torno da interpretação da
legislação trabalhista.
A atribuição para analisar a transcendência é exclusiva do TST
Se o relator verificar que não existe a transcendência, poderá denegar
seguimento ao RR, cabendo AGRAVO da decisão do colegiado, no prazo
de 08 dias úteis.
Se o voto do relator pela não transcendência do RR for mantido, será
lavrado acórdão com fundamentação sucinta, sendo decisão irrecorrível no
RECURSO âmbito do Tribunal.
DE Se o TST, ao receber um RR considerar que a matéria se enquadra como
REVISTA recursos repetitivos, todos os recursos que estiverem nos TRT’s sobre o
mesmo tema ficarão sobrestados aguardando a decisão do caso paradigma.
Uma vez realizado o julgamento do recurso paradigma, todos os outros
recursos que estiverem sobrestados deverão ser julgados no mesmo sentido,
salvo se a matéria fática for distinta ou houver questão jurídica não
examinada que exija solução jurídica diversa.
Da decisão denegatória do RR será cabível a interposição de Agravo, no
prazo de 08 dias úteis.
Serão cabíveis Embargos Infringentes das decisões NÃO UNÂNIMES do TST
em dissídio coletivo, que excedam a competência territorial dos TRT’s
e que objetivem criar normas, estender ou rever as sentenças normativas do
EMBARGOS
TST.
INFRINGENTES
O prazo de interposição será de 08 dias úteis, salvo para Fazenda Pública,
MPT e Defensoria Pública, que possuem prazo em dobro.
É uma modalidade de Embargos dirigidos ao TST.
Os Embargos de Divergência, também chamados de Embargos à SDI,
sendo cabíveis das decisões de TURMA do TST que contrariarem Acórdão
de outra Turma do TST, de Acórdão da SDI de Súmula do TST, de OJ do
EMBARGOS DE
TST e de Súmula Vinculante do STF.
DIVERGÊNCIA
São julgados pela Seção de Dissídios Individuais (SDI) do TST
Tem por objetivo unificar a jurisprudência do TST, a fim de sanar as
divergências existentes entre as Turmas do TST nos julgamentos dos
Recursos de Revistas.

44
Os Embargos à SDI são um recurso de natureza extraordinária, sendo
vedado o reexame de fatos e provas em seu julgamento.
O Prazo para interposição e para apresentação de contrarrazões dos
Embargos ao TST é 08 dias.
Necessita de prequestionamento.
A divergência apta a ensejar os Embargos deve ser atual.
O relator poderá denegar seguimento aos Embargos, e dessa decisão
denegatória dos Embargos caberá Agravo, no prazo de 08 (oito) dias.
No PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO, são admitidos quando houver a
divergência na interpretação dos dispositivos da Constituição Federal e
quando houver confronto com a súmula do TST ou Súmula Vinculante do
STF.
Não cabem embargos para a SDI de decisão de Turma proferida em
Agravo.
Não são cabíveis contra decisão monocrática exarada nos moldes do art.
932 do CPC de 2015, pois o comando legal restringe seu cabimento à
pretensão de reforma de decisão colegiada proferida por Turma do TST.
Será cabível para DESTRANCAR O RECURSO, ou seja, impugnar o despacho
que denega seguimento ao recurso, no prazo de 08 dias.
Se presta a impugnar as decisões que denegarem seguimento:
- RO;
- RR;
- Recurso Extraordinário;

AGRAVO DE - Agravo de Petição;

INSTRUMENTO - Recurso Adesivo.


Da decisão que denega o seguimento dos Embargos ao TST caberá
AGRAVO REGIMENTAL.
Será necessário realizar o DEPÓSITO RECURSAL de 50% do VALOR DO
DEPÓSITO RECURSAL DO RECURSO AO QUAL SE PRETENDE
DESTRANCAR.
O AI será dirigido ao juiz prolator do despacho, no prazo de 08 dias úteis.
O referido agravo admite juízo de retratação

45
Mas se o juiz mantenha a decisão agravada, a outra parte será intimada
para apresentar a contraminuta ao agravo de instrumento, bem como as
contrarrazões ao recurso principal, no prazo de 08 dias úteis.
Nas CONTRARRAZÕES o agravado deverá oferecer resposta tanto ao
agravo de instrumento quanto ao recurso principal.
O AI será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o
recurso cuja interposição foi denegada.
Possui um requisito específico para sua interposição: A FORMAÇÃO DO
INSTRUMENTO do AI.
são recursos que decorrem de decisão monocrática, que busca levar ao
conhecimento do colegiado a decisão proferida pelo relator, seja por
competência recursal ou originária do tribunal.
Prazo para interposição dos Agravos Interno e Regimental de 08 dias úteis.
O Agravo será direcionado ao relator, que irá intimar o agravado para que
este possa se manifestar sobre o recurso também no prazo de 08 dias, e,
caso não haja retratação, o relator levará o agravo a julgamento pelo órgão
AGRAVO
colegiado, com inclusão em pauta.
INTERNO E
o Agravo Interno não pode ser utilizado como meio de protelar a
REGIMENTAL
decisão, de maneira abusiva, sendo prevista uma multa sancionatória.
Para a aplicação da multa será necessária a conjugação de dois requisitos,
o primeiro quando o agravo for declarado manifestamente inadmissível
ou improcedente e o segundo quando houver votação unânime.
Se for considerado protelatório, o agravante será condenado a pagar ao
agravado multa fixada entre 1 e 5% do valor atualizado da causa, sendo a
multa considerada como pressuposto recursal.

46
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal)
Na situação hipotética em que Fausto era ajudante de limpeza da empresa Bolha de Sabão
Ltda., que prestava serviços para a Municipalidade de São Paulo, tendo sido injustamente
dispensado, ingressou com Reclamação Trabalhista contra ambas pleiteando o pagamento de
horas extras e reflexos nas demais verbas salariais e rescisórias, sendo seu processo eletrônico.
A sentença foi julgada parcialmente procedente, deferindo apenas parte das horas extras
pretendidas e condenando a Municipalidade de forma subsidiária. Sabendo-se que a
disponibilização da informação da sentença para os advogados das partes ocorreu no Diário
Oficial no dia 5/3, uma quinta-feira e pretendendo todas as partes ingressarem com Recurso
Ordinário, o último dia para sua interposição, considerando que não houve feriados naquele
mês, será

A) 12/3 para o Reclamante e para a Reclamada e 20/3 para a Municipalidade, respectivamente.

B) 17/3 para o Reclamante e para a Reclamada e 30/3 para a Municipalidade, respectivamente.

C) 18/3 para todos.

D) 13/3 para o Reclamante e para a Reclamada e 23/3 para a Municipalidade, respectivamente.

E) 18/3 para o Reclamante e para a Reclamada e 30/3 para a Municipalidade, respectivamente.

Comentário:

Inicialmente, é importante mencionar que os prazos processuais têm início no primeiro


dia útil seguinte a data da publicação, e incluem do dia do vencimento, além disso, são contados
em dias úteis, conforme art. 775 da CLT.

47
Diante disso, é necessário diferenciar o dia de disponibilização do dia de publicação.
A data de disponibilização é a data que a edição eletrônica aparece no sítio na internet, já a
data de publicação vem um dia após.

Na questão, deve-se considerar o seguinte: a disponibilização fora dia 05/03, quinta-


feira, e a publicação dia 06/03, sexta-feira. Como já dito, a contagem se inicia no primeiro dia
útil seguinte da publicação, essa só teve início em 09/03, segunda-feira.
Considerando que os dias 14/15, 21/22, 28/29 de março não foram dias úteis, por caírem em
sábados e/ou domingos, esses não devem contados.

Nos termos do art. 895, I da CLT cabe recurso ordinário no prazo de 8 (oito) dias.

Ademais, o Decreto-Lei nº 779/1969 no art. 1º, III dispõe que nos processos perante a
Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais
que não explorem atividade econômica esses possuem o prazo em dobro para recurso.

Questão 2

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal)
A Sra. Ivone foi acionada na Justiça do Trabalho por sua ex-empregada doméstica Mariana; a
Massa Falida de Frigorífico Carne de Sol Ltda. responde a dez reclamações trabalhistas; a Loja
de Móveis Tudo Azul Ltda. está em recuperação judicial e possui uma única reclamação
trabalhista em andamento; por fim, a Organização para o Bem de Menores Carentes, considerada
sociedade filantrópica foi acionada por uma ex-secretária Beth. No caso de sentenças
procedentes contra todas as reclamadas e, para que possam ingressar com Recurso Ordinário,
deve(m) efetuar o depósito recursal, SOMENTE

A) a Massa Falida de Frigorífico Carne de Sol Ltda. e a Loja de Móveis Tudo Azul Ltda.

B) a Sra. Ivone e a Loja de Móveis Tudo Azul Ltda., ambas pela metade.

C) a Sra. Ivone, pela metade.

48
D) a Massa Falida de Frigorífico Carne de Sol Ltda. e a Organização para o Bem de Menores
Carentes, esta pela metade.

E) a Sra. Ivone, a Loja de Móveis Tudo Azul Ltda. e a Organização para o Bem de Menores
Carentes.

Comentário:

Sobre o tema, cabe destacar o que expressamente dispõe a CLT:

Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente
devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a
penhora.

§ 9º O valor do depósito recursal será reduzido pela metade para entidades sem fins
lucrativos, empregadores domésticos, microempreendedores
individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.

§ 10 São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades


filantrópicas e as empresas em recuperação judicial.

Questão 3

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal)
Mario teve sua conta-corrente bloqueada por ordem do Juízo da 91a Vara do Trabalho de São
Paulo, ocasião em que instaurou o Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica para
provar que não era mais sócio da empresa executada havia mais de dez anos, requerendo sua
exclusão da lide. O juiz do trabalho indeferiu o Incidente sob alegação de que, na fase de
execução em que se encontrava o processo, foram esgotados todos os meios de satisfação do
crédito exequendo da empresa e dos atuais sócios da executada. Dessa decisão cabe

A) Recurso Ordinário.

B) Mandado de Segurança.

49
C) tão somente consignar os “protestos”, por se tratar de decisão interlocutória.

D) Agravo de Petição.

E) Embargos à Execução.

Comentário:

O recurso utilizado na fase de execuÇÃO é o agravo de petiÇÃO.

Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da


personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 -
Código de Processo Civil.

§ 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente:

I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1o do art. 893


desta Consolidação;

II - na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de garantia


do juízo;

III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado


originariamente no tribunal.

§ 2º A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da


tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei no 13.105, de 16 de março
de 2015 (Código de Processo Civil)

Questão 4

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Área Judiciária) No tocante ao
Incidente de Recursos de Revista e Embargos Repetitivos e, de acordo com a IN 38 do TST,
considere:

50
I. O Presidente da Subseção de Dissídios Individuais I que afetar processo para julgamento sob
o rito dos recursos repetitivos deverá expedir comunicação aos demais Presidentes de Turma,
que poderão afetar outros processos sobre a questão para julgamento conjunto, a fim de
conferir ao órgão julgador visão global da questão. II. Para instruir o procedimento, pode o
relator fixar data para audiência pública, quando ouvirá depoimentos de pessoas com
experiência e conhecimento da matéria, admitindo, até a inclusão do processo em pauta, a
manifestação, como amici curiae, de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia.
III. Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de dois anos e terão preferência sobre
os demais feitos.

Está correto o que se afirma APENAS em

A) II.

B) I e III.

C) II e III.

D) I.

E) I e II.

Comentário:

I- O Presidente da Subseção de Dissídios Individuais I que afetar processo para julgamento sob
o rito dos recursos repetitivos deverá expedir comunicação aos demais Presidentes de Turma,
que poderão afetar outros processos sobre a questão para julgamento conjunto, a fim de
conferir ao órgão julgador visão global da questão.

IN 38. Art. 3º O Presidente da Subseção de Dissídios Individuais I que afetar processo para
julgamento sob o rito dos recursos repetitivos deverá expedir comunicação aos demais
Presidentes de Turma, que poderão afetar outros processos sobre a questão para julgamento
conjunto, a fim de conferir ao órgão julgador visão global da questão.

II- Para instruir o procedimento, pode o relator fixar data para audiência pública, quando ouvirá
depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento da matéria, admitindo, até a inclusão

51
do processo em pauta, a manifestação, como amici curiae, de pessoas, órgãos ou entidades
com interesse na controvérsia.

IN 38. Art. 10. Para instruir o procedimento, pode o relator fixar data para, em audiência pública,
ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria, sempre que
entender necessário o esclarecimento de questões ou circunstâncias de fato subjacentes à
controvérsia objeto do incidente de recursos repetitivos.

§ 1º O relator poderá também admitir, tanto na audiência pública quanto no curso do


procedimento, a manifestação, como amici curiae, de pessoas, órgãos ou entidades com
interesse na controvérsia, considerando a relevância da matéria e assegurando o contraditório
e a isonomia de tratamento.

III- Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de dois anos e terão preferência sobre
os demais feitos.

IN 38. Art. 11. Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de um ano e terão preferência
sobre os demais feitos.

Questão 5

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Considere as
seguintes decisões interlocutórias proferidas em reclamações trabalhistas:

I. Decisão interlocutória de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação


Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho.

II. Decisão interlocutória que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado.

De acordo com o entendimento Sumulado do Tribunal Superior do Trabalho,

A) ambas as decisões, apesar de interlocutórias, ensejam recurso imediato.

52
B) nenhuma das decisões enseja recurso imediato em razão do princípio da irrecorribilidade das
decisões interlocutórias vigente no Direito Processual do Trabalho.

C) somente a decisão interlocutória descrita no item “I” enseja recurso imediato.

D) somente a decisão interlocutória descrita no item “II” enseja recurso imediato.

E) as referidas decisões interlocutórias somente ensejariam recurso imediato se proferidas em


reclamações trabalhistas em que uma das partes é Sindicato.

Comentário:

Sobre o tema o TST possui entendimento sumulado:

Súmula nº 214 do TST:

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões


interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:

a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial


do Tribunal Superior do Trabalho;

b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;

c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para
Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o
disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Questão 6

(FCC - 2018 - TRT - 15ª REGIÃO (SP) - Oficial de Justiça Avaliador Federal) Da decisão
interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica,

A) na fase de cognição, cabe mandado de segurança.

B) na fase de cognição, cabe recurso ordinário.


53
C) na fase de execução, cabem embargos à execução, desde que garantido o juízo.

D) se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal, cabe agravo


interno.

E) não cabe qualquer recurso, tendo em vista tratar-se de decisão interlocutória, que é
irrecorrível de imediato no processo do trabalho.

Comentário:

A questão abordou a temática implementada pela Reforma Trabalhista sobre o incidente


de desconsideração da personalidade jurídica previsto no Código de Processo Civil, no artigo
855-A da CLT que afirma:

Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de


desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da
Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil.

§ 1o Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente:

I - na fase de cognição, NÃO cabe recurso de imediato, na forma do §


1o do art. 893 desta Consolidação;

II - na fase de execução, cabe AGRAVO DE PETIÇÃO, independentemente


de garantia do juízo;

III - cabe AGRAVO INTERNO se proferida pelo relator em incidente


instaurado originariamente no tribunal.

§ 2o A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de


concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art.
301 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015.

Questão 7

54
(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Técnico Judiciário) Considere as seguintes hipóteses:

I. Recurso de revista com fundamento em violação literal a dispositivo da Constituição Federal.

II. Recurso de revista com fundamento em contrariedade à Súmula do Tribunal Superior do


Trabalho.

III. Recurso de revista com fundamento em contrariedade à Orientação Jurisprudencial do


Tribunal Superior do Trabalho.

De acordo com o entendimento Sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, nas causas sujeitas
ao procedimento sumaríssimo será admissível o recurso de revista nas hipóteses indicadas em

A) I, apenas.

B) I, II e III.

C) II e III, apenas.

D) I e II, apenas.

E) I e III, apenas.

Comentário:

O artigo 896, §9º, da CLT, pelo qual só será admissível Recurso de Revista para Turma
do TST nas demandas sujeitas ao procedimento SUMARÍSSIMO, quando houver contrariedade
a súmula do TST ou a súmula vinculante do STF e por violação direta da CF.

Mas o enunciado da questão exigiu que a resposta fosse baseada no entendimento


jurisprudencial do TST. Assim, a Súmula 442 do TST determina que nas causas sujeitas ao
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO, a admissibilidade de recurso de revista está limitada à
demonstração de violação direta a dispositivo da CF ou contrariedade a Súmula do TST, NÃO
SE ADMITINDO o recurso por contrariedade a ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL deste
Tribunal, ante a ausência de previsão no art. 896, § 9º, da CLT.

55
Questão 8

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa)
Arthur ingressou com reclamação trabalhista no dia 10 de out. de 2017, em face da empresa
Publicidade e Bons Negócios Ltda., e obteve sentença favorável aos seus pleitos de pagamento
de horas extras, adicional noturno e verbas rescisórias. Contudo, a reclamada encontra-se
insatisfeita com a sentença prolatada, pois acredita não possuir débito algum com o reclamante,
e intenciona, através do recurso cabível, pleitear a efetivação de seus direitos. Dessa forma,
assinale a alternativa que demonstra qual o recurso e o prazo adequados às intenções da
reclamada.

A) Embargos de declaração no prazo de 10 (dez) dias.

B) Recurso ordinário no prazo de 15 (quinze) dias.

C) Agravo no prazo de 8 (oito) dias.

D) Embargos de declaração no prazo de 5 (cinco) dias.

E) Recurso ordinário no prazo de 8 (oito) dias.

Comentário:

Sobre os recursos, vale saber o que diz o artigo 895 da CLT:

Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:

I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias;

II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de


sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos
dissídios coletivos.

56
Questão 9

(FCC - 2018 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) – Analista Judiciário) No tocante ao Recurso de Revista,
considere:

I. O Tribunal Superior do Trabalho examinará previamente se a causa oferece transcendência


com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.

II. São indicadores de transcendência econômica somente o elevado valor da causa e o proveito
econômico advindo ao reclamante.

III. Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de revista que não
demonstrar transcendência, cabendo agravo desta decisão para o colegiado.

Está correto o que se afirma APENAS em

A) II e III.

B) I e II.

C) I e III.

D) I.

E) II.

Comentário:

A previsão da transcendência necessária à apreciação do Recurso de Revista não é uma


inovação na CLT, conforme verificamos do caput do artigo 896-A, mas os indicadores da
transcendência foram trazidos pela Reforma Trabalhista e são muito importantes ao estudo do
candidato, pois as questões sobre a matéria abordam a literalidade do texto legal, como se
demonstra do artigo 896-A da CLT:

Art.896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista,


examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos
reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.

57
§ 1º São indicadores de transcendência, entre outros:

I - econômica, o elevado valor da causa;

II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada


do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;

III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social


constitucionalmente assegurado;

IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da


legislação trabalhista.

§ 2º Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao


recurso de revista que não demonstrar transcendência, cabendo
AGRAVO desta decisão para o colegiado.

§ 3º Em relação ao recurso que o relator considerou não ter transcendência,


o recorrente poderá realizar sustentação oral sobre a questão da
transcendência, durante cinco minutos em sessão.

§ 4º Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso,


será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que constituirá decisão
irrecorrível no âmbito do tribunal.

§ 5 º É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de


instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da
matéria.

§ 6º O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela


Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise dos
pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério
da transcendência das questões nele veiculadas.

58
Questão 10

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) O reclamante Zeus ajuizou reclamação trabalhista formulando os pedidos de adicional
de insalubridade e indenização por danos materiais. A sentença lhe foi favorável apenas em
relação ao pedido de indenização por danos materiais, razão pela qual resolveu recorrer,
devendo assim interpor
A) recurso ordinário no prazo de 5 dias.
B) agravo de instrumento no prazo de 8 dias.
C) agravo de petição no prazo de 10 dias.
D) recurso ordinário no prazo de 8 dias.
E) apelação da sentença no prazo de 15 dias.

Comentário:

A CLT afirma que cabe RO das:

I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias;
e

II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de


sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos
dissídios coletivos.

59
GABARITO

Questão 1 - E

Questão 2 - C

Questão 3 - D

Questão 4 - E

Questão 5 - A

Questão 6 - D

Questão 7 - D

Questão 8 - E

Questão 9 - C

Questão 10 - D

60
QUESTÃO DESAFIO

Considere que em um processo trabalhista, uma das partes


interpôs recurso de revista, o qual foi admitido apenas

parcialmente. Qual a medida cabível, nesse caso? E se houver


omissão no juízo de admissibilidade do recurso de revista?
Fundamente.

61
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Sendo o recurso de revista admitido apenas parcialmente, constitui ônus da parte


impugnar, mediante agravo de instrumento, o capítulo denegatório da decisão, sob pena
de preclusão (art. 1º da IN 40). Se houver omissão no juízo de admissibilidade, é ônus da
parte opor embargos de declaração.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Cabe agravo de instrumento (admissão parcial)

No caso de haver admissibilidade parcial do recurso principal, em razão das modificações


sistêmicas impostas pelo CPC, passou a ser possível a interposição do agravo, dado que seu
cabimento será na medida de cada capítulo da decisão em que foi negado seguimento à
irresignação recursal (PAMPLONA FILHO, Rodolfo; SOUZA, Tercio Roberto Peixoto. Curso de
direito processual do trabalho. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 1074).

Desta forma, admitido apenas parcialmente o recurso de revista, constitui ônus da prova
impugnar, mediante agravo de instrumento, o capítulo denegatório da decisão, sob pena de
preclusão (art. 1º da Instrução Normativa nº 40/2016 do TST).

 Cabem embargos de declaração (omissão)

Já no caso de haver omissão no juízo de admissibilidade do recurso de revista quanto a um


ou mais temas, é ônus da parte opor embargos de declaração para o órgão prolator da decisão
embargada supri-la (art. 1º, §1º da IN 40/2016; art. 1024, §2º do CPC).

Se a omissão não for sanada, incorre em nulidade a decisão regional que se abstiver de
exercer controle de admissibilidade sobre qualquer tema objeto de recurso de revista, não
obstante interpostos embargos de declaração (art. 93, IX, CF/88; art. 489, §1º do CPC).

Por fim, Rodolfo Pamplona compreende que, a partir do entendimento do TST sobre o tema,
“no caso da ausência de manifestação pela Presidência do TRT sobre o ponto, sem prejuízo da
nulidade, a recusa do Presidente a emitir juízo de admissibilidade sobre qualquer tema equivale
à decisão denegatória. Sendo, assim, é ônus da parte, após a intimação da decisão dos embargos
de declaração, impugná-la mediante agravo de instrumento (CLT, art. 896, § 12), sob pena de

62
preclusão” (PAMPLONA FILHO, Rodolfo; SOUZA, Tercio Roberto Peixoto. Curso de direito
processual do trabalho. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 1075).

63
LEGISLAÇÃO COMPILADA

 Súmulas TST: 8, 23, 25, 30, 36, 53, 86, 95, 99, 126, 128, 140, 147, 158, 161, 170, 184,
197, 201, 214, 217, 218, 221, 245, 266, 278, 279, 296, 297, 312, 333, 337, 353, 383,
385, 393, 416, 421, 422, 426, 433, 435, 442, 458, 459;
 Orientações Jurisprudenciais SDI - 1: 13, 33, 62, 69, 75, 91, 111, 118, 119, 120, 132,
140, 142, 147, 151, 158, 192, 217, 219, 237, 256, 257, 260, 264, 282, 283, 286, 318,
334, 336, 374, 378, 389, 409 e 412;
 Orientações Jurisprudenciais SDI - 2: 69, 88, 148, 152;
 CLT: Arts. 709, 789, 799, 893-896, 896-A, 896-B, 896-C, 897, 897-A, 899;
 CPC/15: Arts. 331, 932, 947, 976, 977-1002, 1005, 1007, 1008, 1013, 1014, 1021-1029,
1035 e 1036;
 Lei nº 5.884/70: Art. 2º;
 Lei nº 7.701/88: Art. 2º, 3º, 5º;
 Constituição Federal: Art. 102.

 Súmula 421 do TST

I – Cabem embargos de declaração da decisão monocrática do relator prevista no art. 932 do CPC de 2015
(art. 557 do CPC de 1973), se a parte pretende tão somente juízo integrativo retificador da decisão e, não,

modificação do julgado. II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao relator
converter os embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual,
submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias,
complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015.

 Súmula 214 do TST

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso
imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo

64
Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional
distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

 Súmula 422 do TST

I – Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as razões do recorrente não impugnam
os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que proferida. II – O entendimento referido no item anterior
não se aplica em relação à motivação secundária e impertinente, consubstanciada em despacho de admissibilidade
de recurso ou em decisão monocrática. III – Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso ordinário da

competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada
dos fundamentos da sentença.

 Orientação jurisprudencial 237 da SDI-I do TST

I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer na defesa de interesse patrimonial

privado, ainda que de empresas públicas e sociedades de economia mista. II – Há legitimidade do Ministério Público
do Trabalho para recorrer de decisão que declara a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia
mista ou empresa pública, após a Constituição Federal de 1988, sem a prévia aprovação em concurso público, pois
é matéria de ordem pública.

 Súmula 385 do TST

I – Incumbe à parte o ônus de provar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local que

autorize a prorrogação do prazo recursal (art. 1.003, § 6º, do CPC de 2015). No caso de o recorrente alegar a

existência de feriado local e não o comprovar no momento da interposição do recurso, cumpre ao relator conceder
o prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício (art. 932, parágrafo único, do CPC de 2015), sob pena de
não conhecimento se da comprovação depender a tempestividade recursal; II – Na hipótese de feriado forense,
incumbirá à autoridade que proferir a decisão de admissibilidade certificar o expediente nos autos; III – Admite-se

a reconsideração da análise da tempestividade do recurso, mediante prova documental superveniente, em agravo


de instrumento, agravo interno, agravo regimental, ou embargos de declaração, desde que, em momento anterior,
não tenha havido a concessão de prazo para a comprovação da ausência de expediente forense.

 Orientação jurisprudencial 192 da SDI-I do TST

É em dobro o prazo para a interposição de embargos declaratórios por pessoa jurídica de direito público.

 Súmula 201 do TST

Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de
8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem
razões de contrariedade.

 Súmula 383 do TST

65
I – É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos autos até o momento da sua
interposição, salvo mandato tácito. Em caráter excepcional (art. 104 do CPC de 2015), admite-se que o advogado,

independentemente de intimação, exiba a procuração no prazo de 5 (cinco) dias após a interposição do recurso,
prorrogável por igual período mediante despacho do juiz. Caso não a exiba, considera-se ineficaz o ato praticado
e não se conhece do recurso. II – Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal, em
procuração ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou o órgão competente para julgamento do
recurso designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator não
conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das

contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de 2015).

 Orientação jurisprudencial 140 da SDI - I do TST

Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal, somente haverá deserção

do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não
complementar e comprovar o valor devido.

 Súmula 86 do TST

Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da

condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial.

 Súmula 128 do TST

I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso

interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer
recurso. II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola
os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a
complementação da garantia do juízo. III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito
recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua

exclusão da lide.

 Súmula 245 do TST

O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao recurso. A interposição antecipada deste
não prejudica a dilação legal.

 Súmula 99 do TST

Havendo recurso ordinário em sede de rescisória, o depósito recursal só é exigível quando for julgado
procedente o pedido e imposta condenação em pecúnia, devendo este ser efetuado no prazo recursal, no limite
e nos termos da legislação vigente, sob pena de deserção.

 Orientação jurisprudencial 409 da SDI-I do TST

66
O recolhimento do valor da multa imposta como sanção por litigância de má-fé (art. 81 do CPC de 2015 – art.
18 do CPC de 1973) não é pressuposto objetivo para interposição dos recursos de natureza trabalhista.

 Súmula 393 do TST

I - O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º do art. 1.013 do CPC de
2015 (art. 515, §1º, do CPC de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa,
não examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo
impugnado. II - Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá decidir desde

logo o mérito da causa, nos termos do § 3º do art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando constatar a omissão
da sentença no exame de um dos pedidos.

 Súmula 303 do TST

I - Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na vigência da Constituição Federal de

1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a:
a) 1.000 (mil) salários mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; b) 500
(quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito
público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; c) 100 (cem) salários mínimos para todos os demais

Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. II– Também não se sujeita ao duplo grau de
jurisdição a decisão fundada em: a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b)
acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do Trabalho em julgamento de recursos
repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência; d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio
ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. III- Em ação rescisória, a decisão
proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando
desfavorável ao ente público, exceto nas hipóteses dos incisos anteriores. (ex-OJ nº 71 da SBDI-1 - inserida em

03.06.1996) IV- Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação processual, figurar
pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na
hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese

de matéria administrativa.

 Orientação jurisprudencial 334 da SDI-I do TST

Incabível recurso de revista de ente público que não interpôs recurso ordinário voluntário da decisão de
primeira instância, ressalvada a hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a condenação imposta.

 Súmula 278 do TST

A natureza da omissão suprida pelo julgamento de embargos declaratórios pode ocasionar efeito modificativo
no julgado.

67
 Orientação jurisprudencial 142 da SDI- I do TST

I - É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração com efeito modificativo sem que seja

concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária. II - Em decorrência do efeito devolutivo amplo
conferido ao recurso ordinário, o item I não se aplica às hipóteses em que não se concede vista à parte contrária
para se manifestar sobre os embargos de declaração opostos contra sentença.

 Orientação jurisprudencial 192 da SDI-I do TST

É em dobro o prazo para a interposição de embargos declaratórios por pessoa jurídica de direito público.

 Súmula 201 do TST

Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de

8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem
razões de contrariedade.

 Súmula 283 do TST

O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses
de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a

matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.

 Súmula 23 do TST

Não se conhece de recurso de revista ou de embargos, se a decisão recorrida resolver determinado item do
pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos.

 Súmula 126 do TST

Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e provas.

68
JURISPRUDÊNCIA
 TST-RO-7956-69.2016.5.15.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria Helena Mallmann, julgado em 13.8.2019
(Informativo TST nº 202).

O art. 941, § 3º, do CPC de 2015 determina que “o voto vencido necessariamente será declarado e considerado
como parte integrante do acórdão para todos os fins legais, inclusive para o de pré-questionamento”, de forma

que o legislador não deixou nenhuma margem interpretativa apta a relativizar a aplicação do dispositivo. A juntada
do referido voto, portanto, é condição imprescindível para a efetivação do art. 93, IX, da CF, pois compõe a própria

fundamentação da decisão colegiada e possibilita o conhecimento pelas partes de todas as razões (acatadas e

rechaçadas) que resultaram no provimento jurisdicional. Assim, a ausência do voto vencido não pode ser
considerada uma mera irregularidade passível de ser sanada pela ampla devolutividade do recurso ordinário,
porquanto se trata de providência que, quando não observada, acarreta a nulidade absoluta do julgado. Sob sses

fundamentos, a SBDI-II, por maioria, declarou a nulidade dos atos procedimentais a partir da publicação do acórdão
do TRT sem o voto vencido, e determinou a devolução dos autos ao Tribunal Regional de origem para que seja
sanada a irregularidade apontada, com restituição às partes do prazo para a interposição do recurso ordinário e o
regular prosseguimento do feito.

 TST-RO-101364-36.2018.5.01.0000, SBDI-II, rel. Min. Emmanoel Pereira, 28.5.2019 (Informativo TST


nº 197).

Não cabe mandado de segurança contra ato que, em reclamação trabalhista proposta na vigência da Lei nº
13.467/2017, determina a emenda à inicial para a indicação dos valores correspondentes a cada parcela vindicada
(art. 840, § 1º, da CLT), sob pena de extinção do feito sem resolução de mérito. Na hipótese, além de não haver
teratologia, pode a parte valer-se do recurso ordinário para discutir eventual nulidade do processo por cerceamento

do direito de defesa, razão pela qual incide o óbice da Orientação Jurisprudencial nº 92 da SBDI-II. Sob esse
entendimento, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário e, no mérito, negou-lhe provimento para
manter a decisão do Tribunal Regional que denegara a segurança na forma do art. 6º, § 5º, da Lei nº 12.016/2009.

 TST-E-ED-RR-24159-85.2015.5.24.0002, SBDI-I, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7.2.2019


(Informativo TST nº 190).

A parte que apresentou embargos de declaração não pode interpor embargos em face da mesma decisão, pois
caracterizada a preclusão consumativa da faculdade de recorrer, à luz do princípio da unirrecorribilidade das

69
decisões. Na espécie, a reclamante interpôs embargos de declaração em face da decisão turmária que dera
provimento ao recurso de revista da reclamada e, antes do julgamento do referido apelo, interpôs embargos à

SBDI-I, insurgindo-se contra a mesma decisão. Após o julgamento, não houve ratificação dos embargos pela
empregada.

 TST-ARR-503-57.2014.5.03.0184,7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em


27.11.2019 – Informativo TST nº 213.

Nos termos do artigo 789, § 1º, da CLT, "as custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da
decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal." Ora,

se a própria lei não exige mais de um recolhimento desse encargo, seja pela interposição de sucessivos recursos,
seja pela existência de múltiplos recorrentes, não cabe ao julgador impor tal obrigação. Essa também é a diretriz
que se extrai do item III da Súmula nº 128 do TST, ao tratar do depósito recursal, cuja exegese admite aplicação

analógica às hipóteses de custas processuais. No caso dos autos, houve condenação solidária das rés quanto aos
créditos trabalhistas devidos à autora e não se verifica pedido de exclusão da lide, por quaisquer delas. Por
conseguinte, não só o recolhimento do depósito recursal como também o pagamento das custas processuais,

comprovadamente efetuados pela Atento Brasil S.A., aproveitam ao segundo réu, a dispensar a exigibilidade de
novo recolhimento pelo recorrente, Banco Cifra S.A., quando da interposição do recurso ordinário. Logo, não se há
de falar em deserção desse recurso.

 TST-RR-11135-26.2016.5.03.0006, 6ª Turma, rel. Des. Conv. Cilene Ferreira Amaro Santos, julgado
em 7.8.2019 (Informativo TST nº 201).

RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. SEGURO GARANTIA JUDICIAL. PRAZO DE VIGÊNCIA. RECURSO
ORDINÁRIO NÃO CONHECIDO POR DESERTO. TRANSCENDÊNCIA. A matéria diz respeito à eficácia do seguro
garantia judicial, com prazo de vigência limitado, para fins de garantia do juízo. Trata-se de recurso ordinário

interposto de r. sentença publicada na vigência da Lei 13.467/2017, que não foi conhecido por deserto, em razão
de a apólice de seguro garantia judicial apresentar prazo de vigência de dois anos. O eg. Tribunal Regional decidiu
que "o seguro garantia tem validade de apenas dois anos, o que se mostra incompatível com a natureza da garantia
ofertada". A causa apresenta transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT, uma vez que a
questão referente à incompatibilidade da fixação de prazo de vigência da apólice do seguro garantia judicial com
a efetiva garantia do juízo não se encontra pacificada no âmbito desta Corte Superior. Nos termos do art. 899, §
11, da CLT, acrescido pela Lei 13.467/2017, "o depósito recursal poderá ser substituído por fiança bancária ou
seguro garantia judicial". O dispositivo não impôs nenhuma restrição/limitação quanto ao prazo de vigência da
apólice. Nem mesmo a Orientação Jurisprudencial 59 da SBDI-1 desta Corte, ao equiparar o seguro garantia judicial

a dinheiro, faz referência ao requisito imposto pelo eg. TRT (prazo de vigência indeterminado). Isso porque, pela
própria natureza do contrato de seguro, não há como se estabelecer cobertura por prazo indeterminado. É o que

se extrai do artigo 760 do CCB, que dispõe que "a apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou
ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio

70
devido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário", e, ainda, da Circular 477, de 30/9/2013,
emitida pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, que, em seu art. 8º, regulamentou o prazo de vigência

dessa modalidade de seguro. Assim, tendo em vista que, na ocasião da interposição do recurso ordinário
(26/02/2018), a reclamada anexou apólice de seguro garantia judicial no valor de R$ 9.189,00, com vigência até
23/02/2020, deve ser reformada a decisão regional. Transcendência jurídica reconhecida, recurso de revista de que
se conhece e a que se dá provimento.

 TST-AIRO-6893-43.2015.5.15.0000, SBDI-II, rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, 27.8.2019


(Informativo TST nº 203).

Intimação mediante o sistema do PJE não invalida, nem substitui a publicação ocorrida no Diário Eletrônico da
Justiça do Trabalho (DEJT). Nos termos do art. 4º, § 2º, da Lei nº 11.419/2006, a publicação eletrônica do diário de

justiça substitui qualquer outro meio de publicação oficial, para quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que,
por lei, exigem intimação ou vista pessoal. Assim, é intempestivo o recurso ordinário interposto em 24/8/2018, pois
o acórdão recorrido foi divulgado no DEJT de 2/8/2018, considerado publicado em 3/8/2018, tendo o octídio legal
para a interposição do recurso (contado em dias úteis) expirado em 15/8/2018. O fato de a parte ter tido ciência
da decisão no sistema do PJE apenas em 20/8/2018 não tem o condão de alterar a data inicial para a contagem

do prazo recursal, pois não torna a publicação no DEJT sem efeitos.

 TST-RO-7878-41.2017.5.15.0000, SBDI-II, rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, 1º.10.2019


(Informativo TST nº 207).

Cabe recurso ordinário contra decisão de TRT que, ao analisar agravo regimental, confirma decisão monocrática

em ação rescisória determinando a intimação da autora para complementação do depósito prévio, sob pena de
indeferimento da petição inicial. Trata-se de decisão que antecipa a extinção do processo, sem resolução de mérito

(art. 485, IV, do CPC de 2015), ostentando, portanto, natureza jurídica de decisão terminativa a autorizar o cabimento
de recurso ordinário ao TST, em atenção aos princípios da economia, utilidade e celeridade processuais. Sob esse
fundamento, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário e, no mérito, por maioria, deu-lhes
provimento para, afastado o ônus processual imposto à parte relativamente à complementação do depósito prévio,
determinar o retorno dos autos ao TRT de origem para que prossiga no exame da ação rescisória, como entender
de direito.

71
72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASSAR, Vólia Bomfim. CLT comparada e atualizada: com a reforma trabalhista. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2017.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e do STJ anotadas e organizadas por assunto. 5ª Ed. rev.,

atual. e ampl. Salvador: Jus Podivm, 2019.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito.. 6ª Ed. rev., atual. e ampl.
Salvador: Jus Podivm, 2019.

CORREIA, Henrique. Manual da Reforma Trabalhista. Salvador: Ed. Juspodivm, 2018.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. CLT Organizada. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2019.

MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

MIZIARA, Raphael; LENZA, Breno. Jurisprudência Trabalhista: principais decisões do TST, STF e STJ organizadas

por assunto. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil. 15ª edição. Rio de Janeiro: Forense,
2010.

NAHAS, Thereza e MIZIARA, Raphael. Impactos da reforma trabalhista na jurisprudência do TST - São Paulo :
Editora Revista dos Tribunais, 2017.

SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada [livro eletrônico]. 2. ed. São Paulo : Thomson Reuters Brasil,

2018.

73
TRIBUNAIS

Direito Processual do
Trabalho
Capítulo 7
SUMÁRIO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ............................................................................................................. 3

Capítulo 7 ....................................................................................................................................................................... 3

1. Liquidação de Sentença ............................................................................................................................... 3

1.1. Considerações Gerais .................................................................................................................................. 3

1.2. Modalidades de liquidação ...................................................................................................................... 4

1.2.1. Liquidação por Cálculos ................................................................................................................ 4

1.2.2. Liquidação por arbitramento ...................................................................................................... 6

1.2.3. Liquidação por artigos ................................................................................................................... 6

1.3. Impugnação da decisão de liquidação ............................................................................................... 7

2. Execução Trabalhista ..................................................................................................................................... 8

2.1. Considerações Iniciais ................................................................................................................................. 8

2.2. Título Executivo.............................................................................................................................................. 9

2.3. Execução provisória e definitiva .......................................................................................................... 10

2.5. Fraude à execução .................................................................................................................................... 13

2.6. Execução por quantia certa contra devedor solvente ............................................................... 14

2.6.1. Considerações iniciais.................................................................................................................. 14

2.6.2. Citação ............................................................................................................................................... 14

2.6.3. Penhora.............................................................................................................................................. 16

2.6.4. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas ....................................................................... 18

2.6.5. Defesa na Execução...................................................................................................................... 19

2.7. Expropriação de bens .............................................................................................................................. 22

2.8. Remição da Execução .............................................................................................................................. 23

2.9. Execução de prestações sucessivas ................................................................................................... 24

1
2.10. Execução contra a massa falida........................................................................................................... 24

2.11. Execução contra a Fazenda Pública ................................................................................................... 25

QUADRO SINÓTICO.................................................................................................................................................. 27

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................................... 36

GABARITO .................................................................................................................................................................... 47

QUESTÃO DESAFIO .................................................................................................................................................. 48

GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................... 49

LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................................................... 51

JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................................ 58

2
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Capítulo 7

1. Liquidação de Sentença

1.1. Considerações Gerais


Se o juízo proferir uma decisão judicial que ponha fim à lide, que possua a determinação de
condenação em valor não líquido (não especificado) deverá proceder à FASE DE LIQUIDAÇÃO
DE SENTENÇA, que irá apurar o montante devido à condenação nas obrigações de pagar
quantia certa, estando a fase de liquidação de sentença prevista no artigo 879, e em seus
parágrafos, da CLT, sendo de leitura necessária ao candidato.

A liquidação ocorrerá por CÁLCULOS, POR ARBITRAMENTO OU POR ARTIGOS e nenhuma


dessas modalidades poderá modificar ou inovar a sentença que se visa liquidar e também não
se pode discutir matéria pertinente à causa principal.

A Reforma Trabalhista trouxe a inovação do texto do §2º, artigo 879 da CLT, pelo qual
elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes PRAZO COMUM de oito dias
para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância,
sob pena de preclusão.

3
Como já tratado, se a sentença proferida pelo juiz na fase de conhecimento for ilíquida,
deverão ser os pedidos concedidos sujeitos à fase de liquidação e a sentença de liquidação
fixará o valor líquido da condenação do réu para que tenha início a fase de Execução.

1.2. Modalidades de liquidação


1.2.1. Liquidação por Cálculos

A liquidação por cálculos objetiva alcançar o valor da quantia devida, exigindo apenas a
realização de cálculos aritméticos.

As partes devem ser previamente notificadas para a apresentação dos cálculos, incluindo a
contribuição previdenciária incidente sobre as verbas decorrentes da condenação.

Posteriormente, conforme nova previsão do artigo 879, §2º, o julgador deverá permitir o
contraditório prévio da liquidação, intimando as partes para se manifestarem, de maneira
fundamentada, no prazo de 08 dias, devendo indicar quais objetos dos cálculos estão em
desconformidade.

O juízo deverá também intimar a União para que esta se pronuncie no prazo de 10 dias
acerca dos valores estabelecidos nos cálculos. Após isso, o magistrado homologará a conta de
liquidação apresentada.

Os juros e a correção monetária devem ser incluídos na liquidação, ainda que omisso o
pedido inicial ou a condenação.

No processo do trabalho, os juros serão devidos a partir do ajuizamento da


reclamatória trabalhista até o efetivo pagamento, no montante de 1% ao mês. Vale
ressaltar que o depósito judicial não cessa a responsabilidade do devedor pelos
juros.

Por sua vez, a correção monetária incidirá desde a data do vencimento da


obrigação até o efetivo pagamento. O texto da CLT afirmava que a taxa a ser aplicada para
atualização dos débitos trabalhistas seria a TR, mas, por força da MP 905/2019, conhecida como
MP do contrato verde e amarelo, houve a alteração do §7º do artigo 879 da CLT, que prevê que
o índice a ser adotado é o IPCA-E.
4
Até o fechamento deste material A MP 905/2019 NÃO FOI CONVERTIDA EM LEI, motivo
pelo qual apresentaremos o texto legal da CLT e da modificação do seu texto legal realizada
pela citada MP.

Quando estiver estudando é essencial acessar o texto da CLT ATUALIZADA, de preferência


pelo site do Planalto1, para correta identificação de qual teor será aplicado às provas, se o da
“antiga” CLT ou se do texto da MP que tenha sido convertido em lei. Fique ligado nisso!!!!

ÍNDICE PARA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA


ART. 879, §7º CLT
Texto “antigo” da CLT Redação determinada pela MP 905/19
§ 7º A atualização dos créditos decorrentes § 7º A atualização dos créditos decorrentes
de condenação judicial será feita pela TAXA de condenação judicial será feita pela
REFERENCIAL (TR), divulgada pelo Banco variação do IPCA-E, ou por índice que venha
Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de substituí-lo, calculado pelo IBGE, que deverá
1o de março de 1991. ser aplicado de forma uniforme por todo o
prazo decorrido entre a condenação e o
cumprimento da sentença.

1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm .
5
Nos termos da Súmula 187 do TST não incide CORREÇÃO MONETÁRIA sobre o débito do
trabalhador reclamante.

1.2.2. Liquidação por arbitramento

A liquidação por arbitramento será utilizada quando houver necessidade de utilização de


conhecimentos técnicos para liquidação, que será feita através da nomeação de um perito.

Essa modalidade pode ser determinada pela sentença ou quando as partes convencionarem
expressamente sobre sua utilização ou ainda quando for necessária a nomeação do perito ante
a natureza do objeto da liquidação.

No processo do trabalho poderá ser determinada a liquidação por arbitramento de ofício,


que independe do requerimento das partes.

Iniciada a liquidação por arbitramento, aplica-se subsidiariamente o artigo 510 do CPC 2015
que afirma que o juiz deve intimar as partes para a apresentação de pareceres ou documentos
elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-
se, no que couber, o procedimento da prova pericial.

1.2.3. Liquidação por artigos

Ocorre a liquidação por artigos quando houver necessidade de alegar fato


novo para que assim se possa determinar o valor da condenação, como acontece, por exemplo
em casos específicos de ação civil coletiva.

Por envolver prova de fato novo, o juiz determinará que se intime o requerido, para,
querendo, apresentar contestação. Após isso, será observado o procedimento comum, no que
for cabível, por aplicação do CPC 2015 no artigo 511.

6
1.3. Impugnação da decisão de liquidação
A sentença que homologa os cálculos não é recorrível de imediato, devendo a parte
apresentar sua impugnação ao ser intimada para falar sobre os cálculos, sob pena de preclusão,
como aduz o artigo 879, §2º da CLT.

Se não houver a manifestação da parte após a intimação do juiz, ocorrerá a preclusão da


impugnação, não podendo mais a discordância ser alegada.

A impugnação da sentença de liquidação deve ser feita através dos EMBARGOS À


PENHORA, já na fase de execução, conforme previsto no artigo 884, §3º, da CLT.

Da decisão proferida em sede de Embargos à Execução ou Embargos à Penhora será cabível


a interposição de Agravo de Petição.

A Súmula nº 399, item II, do TST afirma que a decisão homologatória de cálculos apenas
comporta ação rescisória quando enfrentar as questões envolvidas na elaboração da conta de
liquidação, quer solvendo a controvérsia das partes quer explicitando, de ofício, os motivos pelos
quais acolheu os cálculos oferecidos por uma das partes ou pelo setor de cálculos, e não
contestados pela outra.

Nas hipóteses previstas no item II da Súmula 399 será cabível AÇÃO RESCISÓRIA DA
DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DE CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO.

7
2. Execução Trabalhista

2.1. Considerações Iniciais


O objetivo da fase de conhecimento é a de fornecer às partes uma sentença, que pode ter
natureza declaratória, constitutiva ou condenatória (aqui incluindo a sentença executiva lato
sensu e a sentença mandamental).

Tendo em vista que a sentença declaratória e a constitutivas são satisfativas, não precisam
de outra fase para efetivação do direito pleiteado, apenas as sentenças condenatórias que
precisam de uma fase de execução.

Assim, quando as sentenças condenatórias não são cumpridas espontaneamente pelas


partes, surge outra fase no processo, denominada execução, com o escopo de determinar a
entrega do objeto da lide a quem possua o direito.

A fase de execução no Direito Processual do Trabalho é regida tanto pela CLT, quanto pelo
CPC e por leis esparsas, como a 5584/70 e a 6830/80 (LEF), mas a ordem de aplicação é da CLT,
na omissão, aplica-se primeiro a LEF e depois as normas do CPC, diferente do que ocorre na
fase de conhecimento.

FONTES E INTEGRAÇÃO
Ordem de Utilização Fase de Conhecimento Fase de Execução
Fonte Principal CLT e legislação esparsa CLT e legislação esparsa
Primeira Fonte Subsidiária CPC Lei de Execução Fiscal
Segunda Fonte Subsidiária --- CPC
Para aplicação das fontes subsidiárias é necessário haver a omissão e a compatibilidade com
o processo do trabalho, salvo se a própria lei já determinar a aplicação supletiva.

8
Possuem legitimidade para PROMOVER A EXECUÇÃO as partes, o próprio juiz ou presidente
do Tribunal que proferiram a decisão a ser executada APENAS se as partes não estiverem
representadas por advogados e DE OFÍCIO pelo juiz ou presidente do Tribunal que proferiram
a decisão quanto às contribuições sociais devidas em decorrência das sentenças condenatórias
ou acordos homologados na justiça do trabalho, por inteligência dos artigos 878 e 876 da CLT.

2.2. Título Executivo


Para que exista a execução é necessária a existência de um título, judicial ou extrajudicial,
que contenha obrigação certa, líquida e exigível, nos termos dos artigos 783 e 786 do CPC
de 2015.

Os títulos judiciais são aqueles que derivam do judiciário e, no Direito Processual do


Trabalho eles estão dispostos no artigo 876 da CLT.

São TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS: decisões passadas em julgado; decisões das quais
não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os créditos
previdenciários decorrentes das sentenças condenatórias trabalhistas e dos acordos
homologados (parágrafo único do artigo 876).

Após a vigência da lei 13.467/17, Reforma Trabalhista, o parágrafo único do artigo 876 foi
alterado de modo que Justiça do Trabalho poderá EXECUTAR DE OFÍCIO AS CONTRIBUIÇÕES
SOCIAIS decorrentes das sentenças condenatórias trabalhistas que proferir e dos acordos
homologados nesta Justiça especializada.

Os títulos extrajudiciais, como o próprio nome dá a entender, são formados fora do


judiciário e não é necessário que o credor ajuíze um processo de conhecimento prévio para
que possa executar seu título, podendo ingressar diretamente com um processo na fase de

9
execução para assegurar o recebimento do valor devido no título. Estão dispostos no art. 876
da CLT, no art. 114, VII da CF e na instrução normativa 39/16 do TST, art. 13.

São TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS no direito processual do trabalho: os termos


de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho; os termos de
conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia; a certidão de dívida ativa da
União referente às penalidades administrativas impostas ao empregador pelos órgãos de
fiscalização do trabalho; o cheque e a nota promissória emitidos em reconhecimento da dívida
inequivocamente de natureza trabalhista.

2.3. Execução provisória e definitiva


A fase de execução comporta duas modalidades executivas: a execução Provisória e a
execução Definitiva.

A execução será provisória quando houver recurso pendente de julgamento, ou seja,


quando a sentença ainda não transitou em julgado, e como os recursos no processo do trabalho
possuem efeito meramente devolutivo, é possível a execução provisória da sentença, que segue
os atos expropriatórios apenas até a penhora (art. 899, CLT).

A execução provisória SEMPRE será requerida pela parte interessada, não podendo ser
determinada ex officio e será admitida na obrigação de fazer, não fazer ou de dar, pela aplicação
do artigo 835 do CPC

A execução será definitiva, quando a sentença ou acórdão tiverem transitado


em julgado, caso em que seu início poderá ser determinado de ofício pelo juiz ou a
requerimento do interessado (art. 878, CLT).

10
A EXECUÇÃO PROVISÓRIA transcorre ATÉ A PENHORA e somente serão praticados atos
de constrição. Por sua vez, a EXECUÇÃO DEFINITIVA se estende além da penhora e
são praticados ATOS DE CONSTRIÇÃO E EXPROPRIAÇÃO DO BEM!

Com o advento da Reforma Trabalhista, lei 13.467/2017 a atuação de ofício pelo julgador
foi bastante limitada, dispondo o artigo 878 da CLT que a execução por iniciativa do magistrado
(de ofício) estará autorizada apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas
por advogado.

A competência para a execução dos TÍTULOS JUDICIAIS é do juiz que tiver conciliado ou
julgado a ação e no caso dos TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS será competente o juiz que teria
competência para apreciar a ação de conhecimento em decorrência da lide entre as partes,
conforme disposição dos artigos 877 e 877-A da CLT.

2.4. Desconsideração da Personalidade Jurídica

Entende-se por desconsideração da personalidade jurídica2 a separação dos bens da


empresa e dos bens dos sócios, sendo o património do sócio acionado para responsabilização
pelos débitos oriundos da sentença condenatória.

No trâmite normal do processo a empresa figura no polo passivo das demandas, sendo ela
a devedora principal, figurando o sócio como um avalista, possuindo a responsabilidade
secundária pelo adimplemento das verbas trabalhistas.

Aí na desconsideração da personalidade jurídica se levanta o “véu” da personalidade jurídica


e se adentra no patrimônio do particular (sócios), aplicando-se a TEORIA MENOR ou objetiva
da desconsideração, pelo qual o sócio responderá pelos débitos da sociedade quando ficar

2
Vide questão 6.
11
constatado que a empresa (pessoa jurídica) não possui bens suficientes para o pagamento
da dívida executada.

A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA poderá ocorrer de forma incidental


(através do incidente de desconsideração), que seguirá o rito do artigo 855- A, mas também
poderá ser requerida na Petição Inicial, pelo qual haverá tramitação normal do processo,
devendo o sócio ou a sociedade presentar sua impugnação na Contestação Trabalhista.

O incidente da desconsideração da personalidade jurídica está disciplinado no art. 855-A da


CLT e é uma inovação da Reforma Trabalhista.

Instaurado o incidente, o processo será SUSPENDIDO AUTOMATICAMENTE, de modo que


o juiz, em sede de cautelar, antes mesmo da citação, poderá determinar, por exemplo, o arresto
de seus bens, evitando assim, uma possível transferência de modo a garantir o êxito no processo.

O sócio será citado depois que instaurado o incidente para se manifestar no processo no
prazo de 15 dias. Este deverá invocar o benefício de ordem, ou seja, que os bens da sociedade
sejam executados em primeiro turno, contudo, deve nomear os bens à penhora da pessoa
jurídica que estejam situados na comarca.

É admitida na seara trabalhista a teoria inversa da desconsideração da


personalidade jurídica, onde é possível responsabilizar o patrimônio da pessoa jurídica pelos
atos abusivos e ilícitos que seus sócios praticarem.

A Reforma Trabalhista previu, no artigo 10-A da CLT, que a responsabilização do ex-sócio,


será restrita às obrigações trabalhistas da empresa referentes ao período que ainda figurava
nos quadros sociais, nas ações ajuizadas durante dois anos após de averbada a modificação
no quadro de sócios da sociedade empresária.

12
A execução do sócio retirante nos dois anos subsequentes à averbação do contrato social
segue a ORDEM DE PREFERÊNCIA para sua responsabilização:

1º - Empresa Devedora;

2º - Os sócios autuais;

3º - Os sócios retirantes.

2.5. Fraude à execução


A fraude à execução tem como escopo preservar os interesses dos credores e
também a autoridade do Estado, visto que pressupõe a existência de uma ação já em
andamento, não sendo tratada na CLT, motivo pelo qual será aplicado subsidiariamente o
artigo 792 do CPC 2015 pro força da previsão na IN 39/2016 do TST em seu artigo 3º XIII.

Configura a fraude à execução na alienação ou oneração de bens quando tiver sido averbada
no registro do bem, a pendência do processo de execução; quando tiver sido averbado, no
registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo
onde foi arguida a fraude; quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o
devedor ação capaz de reduzi-lo a insolvência.

Quando for formalizada a penhora sobre os bens suficientes para findar a dívida, o
exequente providenciará em 10 dias o cancelamento das averbações relativas aqueles bens não
penhorados, sob pena de indenização da parte contrária, podendo também o julgador
determinar o cancelamento das averbações de ofício.

Previamente à declaração de fraude à execução, o magistrado intimará o terceiro


adquirente para que este possa apresentar Embargos de Terceiro, em 15 dias.

13
Se os bens não estiverem sujeitos a registro, o adquirente, sob seu ônus, poderá demonstrar
que agiu de boa-fé, afastando a fraude à execução. Já nos casos dos bens sujeitos a registo,
entende-se que ocorre a alienação em fraude se existir a averbação.

Não existindo a averbação, presume-se de boa-fé a aquisição, cabendo ao exequente provar


a má-fé do adquirente.

A fraude à execução é um ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA, conforme artigo


774, I, do CPC 2015, sendo passível de aplicação de multa.

2.6. Execução por quantia certa contra devedor solvente


2.6.1. Considerações iniciais

Essa execução tem por finalidade a expropriação dos bens do devedor, com vistas à
satisfação dos direitos assegurados ao credor, e será o devedor solvente aquele que possuir
patrimônio superior aos débitos que ele possua.

Após ser estipulado o valor devido, seja diretamente na sentença ou através da liquidação
da sentença, será iniciada a execução através das seguintes fases: citação para pagamento,
constrição de bens, defesa do executado, expropriação de bens.

2.6.2. Citação

Dispõe o artigo 880 da CLT que após a parte legitimada requerer a execução, o juiz ou
presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra
a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se
tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que
o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora.

14
A citação na execução deverá ser realizada por Oficial de Justiça através da citação pessoal
do executado, devendo o mandado de citação conter a decisão exequenda ou o termo de
acordo não cumprido.

Poderá haver a citação por edital se o executado, procurado por 2 (duas) vezes no espaço
de 48 (quarenta e oito) horas, não for encontrado, e o edital deverá ser publicado no jornal
oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Junta ou Juízo, durante 5 (cinco) dias, pelo que
afirma o artigo 880, §3º da CLT

Após a citação a parte terá 48 horas para PAGAR A DÍVIDA OU GARANTIR A EXECUÇÃO
OU NOMEAR BENS À PENHORA OU MANTER-SE INERTE.

Se o executado pagar a dívida, encerra-se a execução ante a quitação do débito.

Caso o executado opte por garantir a execução, ele deposita o valor da quantia
correspondente, atualizada e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-
garantia judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida
no artigo 835 do CPC 2015.

A MP 905/2019 modificou o artigo 883 da CLT, que passou a dispor que “não pagando o
executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos
bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora
equivalentes aos aplicados à caderneta de poupança, sendo estes, em qualquer caso,
devidos somente a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial”.

Reiteramos a informação de que até o fechamento deste material A MP 905/2019 NÃO FOI
CONVERTIDA EM LEI, motivo pelo qual o candidato deverá verificar o texto da CLT
ATUALIZADA, de preferência pelo site do Planalto3, para correta identificação de qual teor será

3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm .
15
aplicado às provas, se o da “antiga” CLT ou se do texto da MP que tenha sido convertido em
lei.

O artigo 883-A da CLT, incluído pela Lei nº 13.467, de 2017, apresentou a inovação de que
a decisão judicial com trânsito em julgado poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do
nome do executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco Nacional de Devedores
Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, somente se depois do prazo de quarenta e cinco dias
a contar da citação do executado, não houver garantia do juízo. Fiquem ligados nessa
inovação da CLT, tem cara de prova!

2.6.3. Penhora

Se o executado não pagar a dívida ou não garantir a execução através da apresentação de


bens suficientes, será realizada a penhora dos seus bens que sejam suficientes para o
adimplemento de sua dívida, acrescida de custas e juros de mora.

A penhora individualiza os bens do devedor, garante o juízo, gera direito de preferência ao


credor, retira do executado a posse direta do bem e torna ineficaz os atos de alienação e
oneração dos bens penhorados.

Deverá ser efetuada a penhora onde quer que se encontrem os bens, mesmo que estes
estejam sob posse, guarda ou detenção de terceiros. A medida será considerada feita quando
houver a apreensão e o depósito dos bens, com o lavramento do auto de penhora. Se houver
mais de uma penhora, lavrar-se-ão autos distintos.

Poderá o executado, no prazo de 10 dias, contados da intimação da penhora, requerer a


substituição do bem penhorado, desde que comprove que lhe será menos onerosa e não trará
prejuízo ao exequente pela substituição dos bens.

16
O oficial de justiça será o responsável pela delimitação do valor do bem a ser penhorado
e ficará este bem sob a responsabilidade de um depositário, que deverá aceitar o encargo
através da assinatura do termo de compromisso no auto da penhora.

Como a CLT não trata do assunto, a ORDEM DE PREFERÊNCIA PARA PENHORA DE BENS
segue a sistemática do Código de Processo Civil tratada no artigo 840, que é muito importante
a leitura, ante a grande incidência nas provas!

Em se tratando da penhora online, após o advento da Reforma Trabalhista, foi restringida a


possibilidade no magistrado ou presidente do tribunal de EXECUÇÃO DE OFÍCIO para apenas
aqueles casos em que as partes não estiverem representadas por advogado.

Com a Reforma Trabalhista é possível a apresentação de SEGURO-GARANTIA JUDICIAL para


garantir a execução, desde que em valor não inferior ao do débito em execução, acrescido de
30%.

No que se refere a penhora sobre a parte da renda de estabelecimento comercial, só será


permitida de forma residual quando o executado não tiver outros bens penhoráveis ou tendo
outros bens, estes forem de difícil alienação ou suficientes para suprir a dívida.

O rol de bens impenhoráveis é previsto no artigo 833 do CPC de 2015 e a leitura é muito
importante ao candidato.

17
Com relação à impenhorabilidade do bem de família, prevista na lei 8009/90, considera-se
residência um único imóvel utilizado pelo casal ou família para sua moradia permanente. Caso
entidade familiar/casal possua mais de um bem, a impenhorabilidade irá incidir sobre o imóvel
de menor valor, salvo se outro já estiver registrado.

2.6.4. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas

A Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT) é prevista no artigo 642-A da CLT,


que será expedida gratuita e eletronicamente, para comprovar a inexistência de débitos
inadimplidos perante a Justiça do Trabalho e certificará todos os estabelecimentos da empresa.

A certidão não será fornecida quando constar no nome do interessado o inadimplemento


de obrigações estabelecidas em sentença condenatória transitada em julgado proferida pela
Justiça do Trabalho ou em acordos judiciais trabalhistas, inclusive no concernente aos
recolhimentos previdenciários, a honorários, a custas, a emolumentos ou a recolhimentos
determinados em lei ou quando houver o inadimplemento de obrigações decorrentes de
execução de acordos firmados perante o Ministério Público do Trabalho ou Comissão de
Conciliação Prévia.

Poderá ser expedida Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas em nome do interessado,


com os mesmos efeitos de certidão negativa se houver a existência de débitos garantidos por
penhora suficiente ou com exigibilidade suspensa.

De toda forma, a CNDT terá validade de 180 dias, contado de sua emissão e a poderá haver
consulta de sua validade através da rede mundial de computadores.

Nas discussões que envolvam a CNDT será cabível a interposição de Recurso de Revista,
mesmo que na fase de execução, por violação à Constituição Federal, à lei federal ou por
divergência jurisprudencial, conforme previsto no artigo 896, §10, da CLT.

18
2.6.5. Defesa na Execução

2.6.5.1. Embargos à execução

Os Embargos à execução têm o objetivo de desconstituir o título executivo, declarar a


inexigibilidade da obrigação ou nulidade da execução. Estes devem ser interpostos pela
Fazenda Pública no prazo de 30 dias e para os demais executados no prazo de 05 dias,
contados da intimação da penhora que garantiu o juízo.

A validade dos Embargos à Execução depende de que a penhora seja suficiente para garantir
integralmente a execução.

Com a vigência da Reforma Trabalhista, lei nº 13.467/2017, a exigência de garantia ou


penhora não se estende às entidades filantrópicas ou aquelas pessoas que faziam parte da
diretoria dessas instituições.

O prazo que o embargado possui para apresentação de sua impugnação aos Embargos à
Execução é de 05 dias, sendo competente para processar os embargos, em regra, o juiz da
execução.

Em que pese o artigo 844, §1º, da CLT, afirmar que podem ser suscitadas nos Embargos as
alegações de CUMPRIMENTO DA DECISÃO, CUMPRIMENTO DO ACORDO, QUITAÇÃO DA
DÍVIDA e PRESCRIÇÃO DA DÍVIDA, a Doutrina majoritária entende que o rol elencado no
referido artigo é meramente exemplificativo, devendo ser aplicada a regra completa do artigo
525 do CPC 2015.

Não esquecer que só nesta oportunidade que o Executado poderá impugnar a decisão de
liquidação, como estabelece o artigo 884, §3º da CLT, que dispõe que só será cabível a

19
impugnação mencionada quando houver os Embargos apresentados em face da penhora
realizada na Execução.

Após a oposição dos Embargos à Execução, o julgador poderá rejeitá-los se estes forem
intempestivos, quando a inicial for indeferida, no caso de improcedência da liminar do pedido
ou quando forem protelatórios.

Se não se tratar de hipótese de rejeição liminar dos Embargos, o embargado será intimado
para impugnar os embargos apresentados pelo devedor no prazo de 05 dias.

Se a defesa arrolar testemunhas, poderá o julgador marcar audiência para produção da prova
testemunhal, que deverá ocorrer no prazo de 05 dias, após isso, o escrivão ou secretário, fará
conclusos os autos ao julgador dentro de 48 horas, para que seja proferida a decisão.

Caso não haja testemunhas, o julgador, após conclusos os autos, proferirá a decisão, dentro
de 05 dias e após a decisão, as partes serão notificadas, em registro postal com franquia para
querendo, apresentar Agravo de Petição com fim de impugnar a decisão nos embargos à
Execução.

Se a decisão judicial determinar a manutenção da penhora, o juiz mandará, desde logo,


proceder a avaliação dos bens penhorados para continuidade da execução.

2.6.5.2. Exceção de pré-executividade

Mesmo a exceção de pré-executividade não possuindo previsão legal, este instituto é


amplamente aceito pela jurisprudência, onde permite a defesa do executado sem que haja a
necessidade de garantia do juízo.

Há divergência acerca das hipóteses de cabimento da Exceção de Pré-executividade, mas a


Doutrina majoritária entende que serão cabíveis para discussão de matérias de ORDEM PÚBLICA
e matérias que não necessitam de DILAÇÃO PROBATÓRIA.

Se for rejeitada ou acolhida parcialmente a exceção, não caberá recurso de imediato,


podendo as matérias serem levantadas posteriormente nos embargos à execução, depois de
garantido o juízo. Já, se o magistrado acolher a exceção, caberá agravo de petição.

20
2.6.5.3. Impugnação à decisão de Liquidação

Como já tratado, o exequente poderá, da mesma forma dos embargos à execução, apresentar
à impugnação, desde que demonstre, de maneira fundamentada, sua insurgência no tocante à
decisão proferida.

Cumpre salientar que, como apresenta o artigo 884, § 4º, serão julgados na mesma sentença
os embargos e as impugnações à liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e
previdenciário.

2.6.5.4. Embargos de Terceiro

No Direito Processual do Trabalho são cabíveis os Embargos de Terceiro (ET´s), mas não há
previsão neste sentido na CLT, motivo pelo qual será aplicada, subsidiariamente, a regra do
artigo 674 do CPC 2015, conforme possibilidade aventada nos artigos 769 em consonância com
o artigo 889 da CLT.

Os Embargos de Terceiro objetivam excluir ou evitar a constrição de bens de terceiro que


não faz parte do processo ou que não possui responsabilidade pelo adimplemento da dívida
e por ser ação acessória, será distribuída por dependência do processo principal, sendo julgado
pelo juiz da execução que determinou a apreensão do bem.

Os ET´s podem ser opostos na fase de conhecimento, a qualquer tempo desde que não
transitada em julgado a sentença, ou na fase de execução, até 05 dias depois da arrematação,
adjudicação ou alienação por iniciativa particular, mas sempre da assinatura da respectiva carta,
tendo o legitimado passivo tem o prazo de 15 dias para oferecer a resposta.

A Orientação Jurisprudencial nº 54 da SDI-II do TST determina que ajuizados Embargos de


Terceiro para pleitear a desconstituição da penhora, é incabível mandado de segurança com
a mesma finalidade.

Da decisão dos Embargos de Terceiro caberá Recurso Ordinário no caso em que forem
apresentados na fase de conhecimento e Agravo de Petição para aqueles que forem
apresentados na fase de execução.

21
Atenção para o teor da Súmula nº 419 do TST, que possui muita cobrança nas provas e
dispõe que na EXECUÇÃO POR CARTA PRECATÓRIA, OS EMBARGOS DE TERCEIRO SERÃO
OFERECIDOS NO JUÍZO DEPRECADO, salvo se indicado pelo juízo deprecante o BEM CONSTRITO
ou se já DEVOLVIDA A CARTA (art. 676, parágrafo único, do CPC de 2015).

2.7. Expropriação de bens


A expropriação de bens é a fase em que se retira o bem do devedor e se entrega ao credor
ou ao terceiro para quitação da dívida existente após escoado o prazo para interposição dos
embargos e da impugnação ou após a resolução destes.

A expropriação dos bens ocorre através da adjudicação, da arrematação e a doutrina entende


que também poderá ocorrer na alienação, por aplicação supletiva do CPC 2015 ao Processo do
Trabalho.

A adjudicação consiste na possibilidade de o exequente incorporar ao seu patrimônio o


bem que foi penhorado e que será submetido a hasta pública.

A adjudicação terá preferência à arrematação, sendo permitida desde que não


seja inferior ao valor da avaliação. Requerida a adjudicação, o executado será
intimado do pedido, podendo impugnar por meio de simples petição no prazo de
05 dias, a contar de quando tomou ciência do devedor quanto ao acolhimento da
adjudicação.

Após o prazo para impugnação e decididas as eventuais questões que possam ser levantadas,
o órgão julgador ordenará a lavratura do auto de adjudicação.

Já a arrematação consiste na alienação do bem do devedor pelo Estado em hasta pública,


podendo o leilão ser digital ou presencial, sendo o bem vendido pelo maior lance.

22
Por ser uma venda pública, exige-se a publicidade de seus atos, devendo ser anunciada em
edital afixado na sede do juízo ou tribunal e no jornal local, pelo menos com a antecedência
de 20 dias. O executado deverá ser intimado com antecedência mínima de 05 dias.

O arrematante deverá garantir o lance com sinal equivalente a 20% do valor do bem, em
até 24 horas, sob pena de perder o sinal em razão da execução. Existe a possibilidade do
pagamento parcelado pelo terceiro interessado ou pelo próprio executado.

O Interessado poderá apresentar por escrito, até o primeiro dia do leilão, a proposta de
aquisição do bem por valor não inferior ao da avaliação até o segundo leilão, proposta de
aquisição do bem por valor muito baixo.

As propostas deverão conter oferta de pagamento de no mínimo 25% do valor do lance a


vista e parcelado o residual em até 30 meses, garantia por caução, quando se tratar de moveis
e hipoteca em caso de imóveis, o prazo, a modalidade e o indexador de correção monetária e
as condições de pagamento do saldo.

Caso ocorra o atraso de pagamento, incidirá multa de 10% sobre a soma da parcela
inadimplida com as parcelas vincendas. O exequente pode requerer a resolução da arrematação
ou promover em face do arrematante, a execução do valor devido.

O parcelamento do débito pelo executado é plenamente aplicável na seara trabalhista,


sendo previsto no artigo 916 do CPC 2015, cuja leitura é muito importante.

A alienação é a venda por iniciativa particular ou por leilão judicial e também pela
apropriação de frutos e rendimentos da empresa ou de outros bens do devedor.

A expropriação será impugnada através de embargos à adjudicação ou embargos à


arrematação, por aplicação supletiva do artigo 887 e 903, §2º do CPC 2015 ao Processo do
Trabalho, como já visto.

2.8. Remição da Execução


A Remição da execução significa o pagamento da dívida pelo executado, que poderá ocorrer
a qualquer tempo na execução, porém deverá ser feito ANTES DA ADJUDICAÇÃO OU DA
ALIENAÇÃO DOS BENS.

23
Importante ressaltar que a remição somente será deferida se o devedor oferecer o valor
integral da condenação, devidamente atualizado e acrescido de jutos, custas e honorários
advocatícios.

Não confundir REMIÇÃO da Execução, que consiste em pagamento, com REMISSÃO, que
significa perdão.

2.9. Execução de prestações sucessivas


A execução de prestações sucessivas pressupõe uma relação sucessiva, de trato continuado,
que se mantém no tempo através de parcelas para o futuro e poderá ser por tempo determinado
ou indeterminado.

O artigo 891 da CLT afirma que nas prestações sucessivas por tempo determinado, a
execução pelo não pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe sucederem, como
ocorre, por exemplo, quando as partes firmam um acordo para pagamento em 5 parcelas e a
parte devedora não paga a segunda parcela, gerando a antecipação de todas as demais parcelas
do acordo só pelo não pagamento de uma das parcelas.

Já no caso de prestações sucessivas por tempo indeterminado, dispõe o artigo 892 da CLT
que a execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do ingresso na
execução.

2.10. Execução contra a massa falida


Se houver condenação judicial de empresa submetida à falência, as ações trabalhistas serão
processadas na justiça do trabalho até a apuração do respectivo crédito devido pelo Executado.

24
Poderá o juiz do trabalho, por cautela, solicitar ao juízo falimentar a reserva de numerário
suficiente para o pagamento dos créditos oriundos da seara trabalhista, com a exceção nos
casos de o bem ser penhorado antes da decretação da falência e se a decretação da falência
ocorrer quando o bem já tiver sido alienado em hasta pública.

Caso haja a habilitação dos créditos no juízo falimentar, serão considerados privilegiados os
créditos até o máximo de 150 salários-mínimos, não aplicando esse limite nos créditos oriundos
de acidente de trabalho.

Os valores que superem os 150 salários deixarão de ser privilegiados e passarão a ser
classificados como créditos quirografários na falência.

2.11. Execução contra a Fazenda Pública


A Execução contra a Fazenda Pública ocorrerá quando o polo passivo da execução for
ocupado por um devedor que seja uma pessoa jurídica de direito público, intervindo o Estado
por meio da expedição de precatório ou requisição de pequeno valor.

Segundo o tema 877 de Repercussão Geral, o STF entende que os débitos dos Conselhos
de Fiscalização não se submetem ao regime de precatórios.

O pagamento do precatório deverá feito por ordem cronológica de apresentação do


referido documento e segue a sistemática do artigo 100 da Constituição Federal.

O juízo da execução elaborará o precatório e o encaminhará ao presidente do


tribunal, onde será autuado e numerado, de acordo com a ordem de chegada, que examinará
sua regularização, corrigindo as inconsistências, de ofício ou a requerimento.

25
A decisão não está submetida a reexame necessário, no entanto, é admitida a impetração
do mandado de segurança contra atos praticados pelos presidentes dos tribunais em
precatório.

O pagamento do precatório deve ser incluído no orçamento das entidades de direito público
e embora o pagamento dos precatórios tenha ordem cronológica, é importante destacar que
existe o direito de preferência aos débitos de natureza alimentícia.

Caso não seja observada a ordem cronológica de apresentação, a quantia será sequestrada,
determinando o juiz do tribunal o pagamento imediato da dívida.

Quanto as dívidas de pequeno valor, aplica-se a requisição de pequeno valor (RPV), que para
a União será considerado RPV os débitos de até 60 salários mínimos, para os Estados e DF de
até 40 salários mínimos e os Municípios de até 30 salários mínimos.

No caso das reclamações plúrimas, a aferição do valor deve ser realizadas


individualmente.

26
QUADRO SINÓTICO

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Serve para apurar o montante devido à condenação nas obrigações
CONCEITO
de pagar quantia certa, quando a sentença for ilíquida.
PREVISÃO LEGAL Artigo 879, e seus parágrafos, da CLT.
A liquidação ocorrerá por CÁLCULOS, POR ARBITRAMENTO OU
MODALIDADES
POR ARTIGOS.
Não pode modificar ou inovar a sentença que se visa liquidar e
VEDAÇÃO também não se pode discutir matéria pertinente à causa
principal.
Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes
IMPUGNAÇÃO DOS PRAZO COMUM de oito dias para impugnação fundamentada
VALORES LIQUIDADOS com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob
pena de preclusão.
Objetiva alcançar o valor da quantia devida, exigindo apenas a
realização de cálculos aritméticos.
As partes devem ser previamente notificadas para a apresentação
LIQUIDAÇÃO POR dos cálculos.
CÁLCULOS Os juros e a correção monetária devem ser incluídos na
liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação.
não incide CORREÇÃO MONETÁRIA sobre o débito do
trabalhador reclamante.
Será utilizada quando houver necessidade de utilização de
conhecimentos técnicos para liquidação, que será feita através
da nomeação de um perito.
LIQUIDAÇÃO POR Pode ser determinada pela sentença ou quando as partes
ARBITRAMENTO convencionarem expressamente sobre sua utilização ou ainda
quando for necessária a nomeação do perito ante a natureza do
objeto da liquidação
Poderá ser determinada de ofício pelo Magistrado.

27
Ocorre quando houver necessidade de alegar fato novo para que
LIQUIDAÇÃO POR assim se possa determinar o valor da condenação.
ARTIGOS o juiz determinará que se intime o requerido, para, querendo,
apresentar contestação.
A sentença que homologa os cálculos não é recorrível de
imediato, devendo a parte apresentar sua impugnação ao ser
intimada para falar sobre os cálculos, sob pena de preclusão.
IMPUGNAÇÃO DA
A impugnação da sentença de liquidação deve ser feita através
DECISÃO DE
dos EMBARGOS À PENHORA.
LIQUIDAÇÃO
Da decisão proferida em sede de Embargos à Execução ou
Embargos à Penhora será cabível a interposição de Agravo de
Petição.

EXECUÇÃO TRABALHISTA
É regida tanto pela CLT, quanto pelo CPC e por leis esparsas, como
LEGISLAÇÃO a 5584/70 e a 6830/80 (LEF), mas a ordem de aplicação é da CLT.
APLICÁVEL Na omissão, aplica-se primeiro a LEF e depois as normas do CPC,
diferente do que ocorre na fase de conhecimento.
As partes.
De OFÍCIO pelo juiz ou presidente do TRT que proferiram a decisão
a ser executada APENAS se as partes não estiverem
LEGITIMIDADE PARA
representadas por advogados.
PROMOVER A
De OFÍCIO pelo juiz ou presidente do TRT que proferiram a decisão
EXECUÇÃO
a ser executada quanto às CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS devidas em
decorrência das sentenças condenatórias ou acordos homologados
na justiça do trabalho.
Para que exista a execução é necessária a existência de um título,
TÍTULO EXECUTIVO judicial ou extrajudicial, que contenha obrigação certa, líquida e
exigível.
Decisões passadas em julgado; decisões das quais não tenha
TÍTULOS EXECUTIVOS havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não
JUDICIAIS cumpridos; os créditos previdenciários decorrentes das sentenças
condenatórias trabalhistas e dos acordos homologados.
28
A competência para julgamento será do juiz que tiver conciliado
ou julgado a ação.
os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério
Público do Trabalho; os termos de conciliação firmados perante as
Comissões de Conciliação Prévia; a certidão de dívida ativa da
União referente às penalidades administrativas impostas ao
TÍTULOS EXECUTIVOS empregador pelos órgãos de fiscalização do trabalho; o cheque e
EXTRAJUDICIAIS a nota promissória emitidos em reconhecimento da dívida
inequivocamente de natureza trabalhista.
A competência para julgamento será do juiz que teria competência
para apreciar a ação de conhecimento em decorrência da lide entre
as partes.
Quando houver recurso pendente de julgamento.
a execução provisória da sentença, que segue os atos
EXECUÇÃO expropriatórios apenas até a penhora.
PROVISÓRIA SEMPRE será requerida pela parte interessada, não podendo ser
determinada ex officio e será admitida na obrigação de fazer, não
fazer ou de dar.
Ocorre quando a sentença ou acórdão tiverem transitado em
EXECUÇÃO DEFINITIVA julgado, caso em que seu início poderá ser determinado de ofício
pelo juiz ou a requerimento do interessado.
Aqui se levanta o “véu” da personalidade jurídica e se adentra no
patrimônio do particular (sócios), aplicando-se a TEORIA
MENOR ou objetiva da desconsideração, pelo qual o sócio
responderá pelos débitos da sociedade quando ficar constatado
que a empresa (pessoa jurídica) não possui bens suficientes
DESCONSIDERAÇÃO
para o pagamento da dívida executada.
DA PERSONALIDADE
Pode ocorrer de forma incidental (através do incidente de
JURÍDICA
desconsideração), e também ser requerida na Petição Inicial, pelo
qual haverá tramitação normal do processo, devendo o sócio ou a
sociedade presentar sua impugnação na Contestação.
É admitida na seara trabalhista a teoria inversa da
desconsideração da personalidade jurídica, onde é possível

29
responsabilizar o patrimônio da pessoa jurídica pelos atos abusivos
e ilícitos que seus sócios praticarem.
A Reforma Trabalhista previu que a responsabilização do ex-
sócio, será restrita às obrigações trabalhistas da empresa referentes
ao período que ainda figurava nos quadros sociais, nas ações
ajuizadas durante dois anos após de averbada a modificação no
quadro de sócios da sociedade empresária.
Ocorre quando na alienação ou oneração de bens quando tiver
sido averbada no registro do bem, a pendência do processo de
execução; quando tiver sido averbado, no registro do bem,
hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do
processo onde foi arguida a fraude; quando, ao tempo da
alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz
de reduzi-lo a insolvência.
Previamente à declaração de fraude à execução, o magistrado
FRAUDE À EXECUÇÃO
intimará o terceiro adquirente para que este possa apresentar
Embargos de Terceiro, em 15 dias.
Se os bens não estiverem sujeitos a registro, o adquirente, sob seu
ônus, poderá demonstrar que agiu de boa-fé, afastando a fraude
à execução.
nos casos dos bens sujeitos a registo, entende-se que ocorre a
alienação em fraude se existir a averbação.
É um ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA.
Significa o pagamento da dívida pelo executado, que poderá
REMIÇÃO DA
ocorrer a qualquer tempo na execução, porém deverá ser feito
EXECUÇÃO
ANTES DA ADJUDICAÇÃO ou da ALIENAÇÃO DOS BENS.

EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE


Expropriação dos bens do devedor, com vistas à satisfação dos
FINALIDADE direitos assegurados ao credor, e será o devedor solvente aquele
que possuir patrimônio superior aos débitos que ele possua.
Após a parte requerer a execução, o juiz ou presidente do tribunal
CITAÇÃO
mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que

30
cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as
cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em
dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para
que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução,
sob pena de penhora.
A citação na execução deverá ser realizada por Oficial de Justiça
através da citação pessoal do executado, devendo o mandado de
citação conter a decisão exequenda ou o termo de acordo não
cumprido.
Após a citação a parte terá 48 horas para PAGAR A DÍVIDA OU
GARANTIR A EXECUÇÃO OU NOMEAR BENS À PENHORA OU
MANTER-SE INERTE.
A decisão judicial com trânsito em julgado poderá ser levada a
protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de
proteção ao crédito ou no Banco Nacional de Devedores
INOVAÇÃO DA Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, somente se depois do
REFORMA prazo de quarenta e cinco dias a contar da citação do executado,
TRABALHISTA não houver garantia do juízo.
É possível a apresentação de SEGURO-GARANTIA JUDICIAL para
garantir a execução, desde que em valor não inferior ao do débito
em execução, acrescido de 30%.
Se o executado não pagar a dívida ou não garantir a execução
através da apresentação de bens suficientes, será realizada a
penhora dos seus bens que sejam suficientes para o adimplemento
de sua dívida, acrescida de custas e juros de mora.
A penhora individualiza os bens do devedor, garante o juízo, gera
direito de preferência ao credor, retira do executado a posse
PENHORA
direta do bem e torna ineficaz os atos de alienação e oneração
dos bens penhorados.
A ORDEM DE PREFERÊNCIA PARA PENHORA DE BENS segue a
sistemática do Código de Processo Civil.
Pode incidir a penhora sobre a parte da renda de estabelecimento
comercial.

31
Será expedida gratuita e eletronicamente, para comprovar a
inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho
e certificará todos os estabelecimentos da empresa.
Não será fornecida quando constar no nome do interessado o
inadimplemento de obrigações estabelecidas em sentença
condenatória transitada em julgado proferida pela Justiça do
CERTIDÃO NEGATIVA Trabalho ou em acordos judiciais trabalhistas.
DE DÉBITOS Poderá ser expedida Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas,
TRABALHISTAS com os mesmos efeitos de certidão negativa se houver a
existência de débitos garantidos por penhora suficiente ou com
exigibilidade suspensa.
A CNDT terá validade de 180 dias.
Será cabível a interposição de Recurso de Revista por violação à
Constituição Federal, à lei federal ou por divergência
jurisprudencial.
Têm o objetivo de desconstituir o título executivo, declarar a
inexigibilidade da obrigação ou nulidade da execução.
Deve haver a garantia do juízo.
A Fazenda Pública tem o prazo de 30 dias e para os demais
executados no prazo de 05 dias.
O embargado possui o prazo de 05 dias para apresentação
impugnação aos Embargos à Execução.
Com a vigência da Reforma Trabalhista, a exigência de garantia ou
penhora não se estende às entidades filantrópicas ou aquelas
EMBARGOS À
pessoas que faziam parte da diretoria dessas instituições.
EXECUÇÃO
Competência para julgamento do juiz da Execução.
Podem ser suscitadas as alegações de CUMPRIMENTO DA
DECISÃO, CUMPRIMENTO DO ACORDO, QUITAÇÃO DA DÍVIDA
e PRESCRIÇÃO DA DÍVIDA.
Caso não haja testemunhas, o julgador, após conclusos os autos,
proferirá a decisão, dentro de 05 dias e após a decisão, as partes
serão notificadas, em registro postal com franquia para querendo,
apresentar Agravo de Petição com fim de impugnar a decisão nos
Embargos à Execução.
32
Permite a defesa do executado sem que haja a necessidade de
garantia do juízo.
Doutrina majoritária entende que serão cabíveis para discussão de
matérias de ORDEM PÚBLICA e matérias que não necessitam de
EXCEÇÃO DE PRÉ-
DILAÇÃO PROBATÓRIA.
EXECUTIVIDADE
Se for rejeitada ou acolhida parcialmente a exceção, não caberá
recurso de imediato, sendo tratado posteriormente nos
embargos à execução, depois de garantido o juízo.
Se o magistrado acolher a exceção, caberá Agravo de Petição.
Objetivam excluir ou evitar a constrição de bens de terceiro que
não faz parte do processo ou que não possui responsabilidade
pelo adimplemento da dívida.
Será distribuída por dependência do processo principal.
Sendo julgado pelo juiz da execução que determinou a apreensão
do bem
EMBARGOS DE
Da decisão caberá Recurso Ordinário no caso em que forem
TERCEIRO
apresentados na fase de conhecimento e Agravo de Petição para
aqueles que forem apresentados na fase de execução.
Na EXECUÇÃO POR CARTA PRECATÓRIA, OS EMBARGOS DE
TERCEIRO SERÃO OFERECIDOS NO JUÍZO DEPRECADO, salvo se
indicado pelo juízo deprecante o BEM CONSTRITO ou se já
DEVOLVIDA A CARTA.
É a fase em que se retira o bem do devedor e se entrega ao
credor ou ao terceiro para quitação da dívida existente
A adjudicação consiste na possibilidade de o exequente incorporar
ao seu patrimônio o bem que foi penhorado e que será submetido
a hasta pública.
EXPROPRIAÇÃO DE
Já a arrematação consiste na alienação do bem do devedor pelo
BENS
Estado em hasta pública, podendo o leilão ser digital ou presencial,
sendo o bem vendido pelo maior lance.
O arrematante deverá garantir o lance com sinal equivalente a
20% do valor do bem, em até 24 horas, sob pena de perder o
sinal em razão da execução.

33
Existe a possibilidade do pagamento parcelado pelo terceiro
interessado ou pelo próprio executado.
A alienação é a venda por iniciativa particular ou por leilão judicial
e também pela apropriação de frutos e rendimentos da empresa
ou de outros bens do devedor.
A expropriação será impugnada através de embargos à
adjudicação ou embargos à arrematação.

OUTRAS HIPÓTESES DE EXECUÇÃO


Pressupõe uma relação sucessiva, de trato continuado, que se
mantém no tempo através de parcelas para o futuro.
Nas prestações sucessivas por tempo determinado, a execução
EXECUÇÃO DE
pelo não pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe
PRESTAÇÕES
sucederem.
SUCESSIVAS
No caso de prestações sucessivas por tempo indeterminado, a
execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a
data do ingresso na execução.
Se houver condenação judicial de empresa submetida à falência,
as ações trabalhistas serão processadas na justiça do trabalho até
a apuração do respectivo crédito devido pelo Executado.
O juiz do trabalho, por cautela, deve solicitar ao juízo falimentar a
reserva de numerário suficiente para o pagamento dos créditos
oriundos da seara trabalhista.
EXECUÇÃO CONTRA A
Caso haja a habilitação dos créditos no juízo falimentar, serão
MASSA FALIDA
considerados privilegiados os créditos até o máximo de 150
salários-mínimos, não aplicando esse limite nos créditos oriundos
de acidente de trabalho.
Os valores que superem os 150 salários deixarão de ser
privilegiados e passarão a ser classificados como créditos
quirografários.

EXECUÇÃO CONTRA A Aqui o devedor é uma pessoa jurídica de direito público.


FAZENDA PÚBLICA O Estado vai pagar através de Precatórios os RPV.

34
O STF entende que os débitos dos Conselhos de Fiscalização não
se submetem ao regime de precatórios.
O pagamento do precatório deverá feito por ordem cronológica
de apresentação.
Estudar a sistemática dos Precatórios do artigo 100 da CF/88.
É admitida a impetração do mandado de segurança contra atos
praticados pelos presidentes dos tribunais em precatório.
A requisição de pequeno valor (RPV) da a União será de até 60
salários mínimos, para os Estados e DF de até 40 salários mínimos
e os Municípios de até 30 salários mínimos.

35
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Administrativa)
Orlando, empregado doméstico devidamente representado no processo por procurador
constituído, obteve sentença de parcial procedência em reclamatória trabalhista ajuizada perante
a Justiça do Trabalho em face de Eustáquio, a qual transitou em julgado em 26 de mar. de 2018.
Liquidada a sentença, obteve-se o importe total de R$ 35.500,00, aí incluso principal, encargos,
custas, contribuições previdenciárias e honorários. Diante do exposto, no que se refere à
execução dos créditos perseguidos na reclamatória em análise, assinale a alternativa correta.

A) Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 8 dias úteis para oposição
de embargos à execução.

B) O mandado de citação deverá conter, obrigatoriamente, a decisão exequenda.

C) Os embargos e as impugnações à liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e


previdenciário serão julgados separadamente.

D) Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 15 dias úteis para oposição
de embargos à execução.

E) A citação do executado poderá ser feita por carta com aviso de recebimento. Se o executado,
procurado por duas vezes no período de 48 horas, não for encontrado, far-se-á citação por
edital, publicado no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede do Juízo, durante 5 dias.

Comentário:

O conhecimento da letra de lei era suficiente para acertar a questão. Por isso, aproveito a
oportunidade para te lembrar que a leitura da lei seca é extremamente importante.

36
Vejamos: Art. 880, §1º. O mandado de citação deverá conter a decisão exequenda ou o termo
de acordo não cumprido.

Questão 2

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judiciário - Área Administrativa)
Considerando os temas: citação, nomeação de bens, mandado e penhora, bens penhoráveis e
impenhoráveis, no Direito Processual do Trabalho, pautados na Lei nº 13.467/2017, assinale a
alternativa correta.

A) A Consolidação das Leis Trabalhistas faz menção expressa sobre o artigo de lei do Código
de Processo Civil que traz a ordem preferencial de penhora, tendo como primeira opção o
dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira.

B) Requerida a execução, o juiz do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado,


a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo pelo modo e sob as cominações
estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais
devidas à União, para que o faça em 72 (setenta e duas) horas ou garanta a execução, sob pena
de penhora.

C) Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos
quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, sem custas e juros de mora.

D) São impenhoráveis os móveis pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência


do executado, inclusive os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida.

E) O executado que não pagar a importância reclamada perderá o direito de garantir a execução
mediante depósito da quantia correspondente atualizada e sem as despesas processuais.

Comentário:

A resposta da questão foi extraída da CLT, mais precisamente do artigo 882:

37
Art. 882. O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução
mediante depósito da quantia correspondente, atualizada e acrescida das despesas processuais,
apresentação de seguro-garantia judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem
preferencial estabelecida no art. 835 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de
Processo Civil

Questão 3

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça
Avaliador Federal) Acerca das disposições da CLT relativas à execução e avaliação de bens,
assinale a alternativa correta.

A) A avaliação dos bens penhorados, em virtude da execução de decisão condenatória, será


feita por avaliador escolhido de comum acordo pelas partes, que perceberá as custas arbitradas
pelo juiz ou presidente do tribunal trabalhista.

B) Não acordando as partes quanto à designação de avaliador, dentro de 8 (oito) dias após o
despacho que o determinou a avaliação, será o avaliador designado livremente pelo juiz ou
presidente do tribunal.

C) Os servidores da Justiça do Trabalho poderão ser escolhidos ou designados para servirem


como avaliadores.

D) Ao apresentar Embargos à Execução, o devedor poderá arrolar testemunhas que, caso julgue
necessário ouvi-las, o juiz marcará audiência para produção da prova, que deverá ocorrer dentro
do prazo de 10 (dez) dias.

E) A execução poderá ser promovida por qualquer interessado ou ex officio pelo próprio juiz,
presidente ou tribunal competente

Comentário:

É importante mencionar que a avaliação dos bens penhorados em virtude da execução


de decisão condenatória, será feita por avaliador escolhido de comum acordo pelas partes, que

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perceberá as custas arbitradas pelo juiz, ou presidente do tribunal trabalhista, de conformidade
com a tabela a ser expedida pelo Tribunal Superior do Trabalho.( art. 887 CLT)

Questão 4

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Em relação
à liquidação da sentença e à execução no Processo do Trabalho, a Consolidação das Leis do
Trabalho estabelece:

A) A liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria
pertinente à causa principal.

B) Somente as decisões passadas em julgado e os acordos, quando não cumpridos, poderão ser
executados na Justiça do Trabalho.

C) Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz
procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 8 dias, sob pena de preclusão.

D) Requerida a execução, o juiz ou Presidente do Tribunal mandará expedir mandado de citação


do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo, ou, quando se tratar de pagamento
em dinheiro, exceto de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 72 horas ou
garanta a execução.

E) Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á a penhora dos bens,
tantos quantos bastem ao pagamento da condenação, sem os acréscimos de custas e juros de
mora.

Comentário:

A Consolidação das Leis Trabalhistas expressamente aponta que na liquidação, não se


poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa
principal. Essa é a redação do Art. 879 § 1º.

39
Questão 5

(FCC - 2017 - TRT - 11ª Região (AM e RR) - Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador
Federal) No tocante à liquidação de sentença, em regra, de acordo com a Consolidação das
Leis do Trabalho, é certo que

A) a liquidação não abrangerá o cálculo das contribuições previdenciárias devidas, que deverá
ser executada de forma independente em razão da natureza do crédito.

B) elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz deverá abrir às partes prazo comum de 10 dias
para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância,
sob pena de preclusão.

C) na liquidação, pode-se modificar a sentença liquidanda bem como discutir matéria pertinente
à causa principal.

D) tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz deverá nomear perito para a


elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários com
observância, entre outros, do teto de três salários mínimos regionais.

E) elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz
procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de dez dias, sob pena de preclusão.

Comentário:

Segundo o Art. 879, §3º da CLT,


elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o juiz proceder
á à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão.

Questão 6

(FCC - 2017 - TRT - 11ª Região (AM e RR) - Técnico Judiciário - Área Administrativa)
Considere os seguintes créditos:

40
I. Crédito trabalhista decorrente de reclamação trabalhista ajuizada por empregado doméstico
relativo ao trabalho exercido para a família empregadora.

II. Crédito trabalhista decorrente de reclamação trabalhista ajuizada pelo Rito Sumaríssimo em
face da empresa AA Ltda.

III. Crédito relativo a contribuição previdenciária decorrente de empregado doméstico.

De acordo com a Lei n° 8.009/1990, a impenhorabilidade do bem de família é oponível em


processo de execução relativo ao crédito indicado em

A) I, II e III.

B) I e II, apenas.

C) II e III, apenas.

D) I, apenas.

E) III, apenas.

Comentário:

O reclamado pode arguir a impenhorabilidade do seu bem de família em qualquer


hipótese. A única exceção a esta regra afirmava que o empregado doméstico poderia exigir em
juízo a penhora do bem de família do reclamado. Porém a Lei Complementar 150 acabou com
essa exceção.

Em suma:

 Antes da LC 150: regra: impenhorabilidade do bem de família. Exceção: o empregado


doméstico poderia exigir a penhora.
 Depois da LC 150: regra absoluta: o bem de família é impenhorável. Não há mais exceção
à esta regra.

41
Questão 7

(FCC - 2017 - TRT - 11ª Região (AM e RR) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) De
acordo com entendimento Sumulado do TST, em face de decisão homologatória de adjudicação
ou arrematação

A) só caberá ação rescisória se fundamentada em nulidade absoluta relacionada ao vício de


consentimento e se alegada no prazo decadencial de cinco anos contados da decisão
homologatória.

B) caberá ação rescisória no prazo decadencial de dois anos, a contar do trânsito em julgado
da decisão.

C) caberá ação rescisória no prazo prescricional de um ano, a contar do trânsito em julgado da


decisão.

D) só caberá ação rescisória se fundamentada em nulidade absoluta relacionada ao vício de


consentimento e se alegada no prazo decadencial de três anos contados da decisão
homologatória.

E) é incabível ação rescisória.

Comentário:

A resposta está baseada em súmula do TST:

Súmula nº 399 do TST

AÇÃO RESCISÓRIA. CABIMENTO. SENTENÇA DE MÉRITO. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA


DE ADJUDICAÇÃO, DE ARREMATAÇÃO E DE CÁLCULOS (conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 44, 45 e 85, primeira parte, da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e
24.08.2005

I - É incabível ação rescisória para impugnar decisão homologatória de adjudicação ou


arrematação. (ex-OJs nºs 44 e 45 da SBDI-2 - inseridas em 20.09.2000)

42
II - A decisão homologatória de cálculos apenas comporta rescisão quando enfrentar as
questões envolvidas na elaboração da conta de liquidação, quer solvendo a controvérsia das
partes quer explicitando, de ofício, os motivos pelos quais acolheu os cálculos oferecidos por
uma das partes ou pelo setor de cálculos, e não contestados pela outra.

(ex-OJ nº 85 da SBDI-2 - primeira parte - inserida em 13.03.2002 e alterada em


26.11.2002).

Questão 8

(FCC - 2016 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário - Área Judiciária Especialidade
Oficial de Justiça Avaliador Federal) Em se tratando de execução trabalhista, nos termos
previstos na Consolidação das Leis do Trabalho,
A) não cabe a execução provisória por carta de sentença, nem a execução de prestações
sucessivas por tempo indeterminado.
B) nas prestações sucessivas por tempo determinado, a execução deverá recair sobre cada
parcela não cumprida, não compreendendo as que lhe sucederem.
C) caberá execução provisória apenas se fora caucionado o valor de cinquenta por cento da
execução.
D) nas prestações sucessivas por tempo determinado, a execução pelo não-pagamento de uma
prestação compreenderá as que lhe sucederem.
E) tratando-se de prestações sucessivas por tempo indeterminado, a execução compreenderá
todas as prestações devidas até o final do ano de ingresso da execução.

Comentário:

Sobre o tema:

Art. 891 - Nas prestações sucessivas por tempo determinado, a execução pelo não-
pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe sucederem.

43
Art. 892 - Tratando-se de prestações sucessivas por tempo indeterminado, a execução
compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do ingresso na execução.

Questão 9

(FCC - 2017 - TST - Analista Judiciário) Segundo a jurisprudência sumulada do Tribunal


Superior do Trabalho − TST, contra a decisão que defere a tutela provisória é cabível

A) Mandado de segurança, ainda que a tutela tenha sido deferida na sentença, para o fim de
conceder efeito suspensivo à decisão.

B) Recurso ordinário se a tutela tiver sido concedida na sentença, cabendo mandado de


segurança apenas para obter a suspensão dos efeitos imediatos da tutela provisória.

C) Mandado de segurança, desde que a decisão concessiva da tutela tenha se dado antes da
sentença, por não haver recurso próprio, sendo que o mandamus não perde o objeto com a
superveniência da sentença nos autos originários.

D) Mandado de segurança, desde que a decisão concessiva da tutela tenha se dado antes da
sentença, por não haver recurso próprio, sendo atacável por recurso ordinário a concessão de
tutela provisória proferida em sentença.

E) Recurso ordinário, na hipótese de a tutela ter sido concedida antes da sentença ou na própria
sentença, sendo que na primeira hipótese a interposição do recurso suspende o curso do
processo.

Comentário:

A questão extraiu as alternativas da literalidade da Súmula 414 do TST, que, pela sua grande
incidência em provas, será transcrita:
Súmula nº 414 do TST.
44
MANDADO DE SEGURANÇA. TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU
NA SENTENÇA (nova redação em decorrência do CPC de 2015).

I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação


pela via do mandado de segurança, por ser IMPUGNÁVEL MEDIANTE
RECURSO ORDINÁRIO. É admissível a OBTENÇÃO DE EFEITO
SUSPENSIVO AO RECURSO ORDINÁRIO mediante requerimento dirigido
ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do
tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do
artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015.

II – No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida


ANTES DA SENTENÇA, cabe mandado de segurança, em face da
inexistência de recurso próprio.

III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o


objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão ou o
indeferimento da tutela provisória.

Questão 10

(FCC - 2017 - TST - Juiz do Trabalho Substituto) No que se refere à antecipação de tutela no
processo do trabalho, de acordo com a CLT e as Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST,
A) o juiz não poderá antecipar a tutela para conceder a reintegração de dirigente de sindicato
com garantia provisória no emprego antes da sentença.
B) o juiz não poderá antecipar a tutela para sustar a eficácia de transferência abusiva antes da
sentença.
C) a antecipação de tutela nos tribunais é de competência do relator, em decisão monocrática,
sem a necessidade de posterior submissão ao órgão colegiado.
D) o juiz não poderá antecipar a tutela para conceder a reintegração de dirigente de sindicato
com garantia provisória no emprego caso o empregado tenha sido suspenso para ajuizamento
de inquérito de apuração de falta grave.
45
E) o juiz deverá homologar o acordo das partes, cabendo mandado de segurança dessa decisão.

Comentário:

A questão abordou os enunciados de Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST, que


são de leitura obrigatória aos candidatos, tendo em vista a alta incidência de cobrança nas
provas.

Não fere direito líquido e certo a concessão de tutela antecipada para reintegração de
empregado protegido por estabilidade provisória decorrente de lei ou norma coletiva, conforme
previsto na OJ 64 da SDI-2.

Já a OJ 67 da SDI- 2 afirma que não fere direito líquido e certo a concessão de liminar
obstativa de transferência de empregado, em face da previsão do inciso IX do art. 659 da CLT.

A OJ 68, também da SDI-2 trata que nos Tribunais, compete ao relator decidir sobre o pedido
de antecipação de tutela, submetendo sua decisão ao Colegiado respectivo, independentemente
de pauta, na sessão imediatamente subsequente.

Ressalvada a hipótese de suspensão do empregado para ajuizamento de inquérito judicial


para apuração de falta grave, não fere direito líquido e certo a determinação liminar de
reintegração no emprego de dirigente sindical, em face da previsão do inciso X do art. 659 da
CLT, como aduz a OJ 65 da SDI-2.

Nos termos da Súmula nº 418 do TST, a homologação de acordo constitui faculdade do juiz,
inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.

46
GABARITO

Questão 1 - B

Questão 2 - A

Questão 3 - A

Questão 4 - A

Questão 5 - E

Questão 6 - A

Questão 7 - E

Questão 8 - D

Questão 9 - D

Questão 10 - D

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QUESTÃO DESAFIO

Considere a situação-problema abaixo e responda:

Uma sentença normativa conferiu aos trabalhadores um reajuste salarial de 10%, a


contar da data base da categoria. Dessa decisão, o sindicato dos empregadores
apresentou recurso ordinário com o objetivo de reduzir o reajuste. Como o recurso foi
interposto apenas com efeito devolutivo, o sindicato dos empregados ajuizou ação de
cumprimento para que o reajuste de 10% seja efetivado. Na ação de cumprimento, foi
proferida decisão para que os empregadores implementassem o reajuste de 10%, a qual
transitou em julgado antes da decisão do recurso ordinário da sentença normativa.

Caso o recurso da sentença normativa seja procedente, reduzindo o reajuste para 4%,
como deverá ser afastada a decisão da ação de cumprimento já transitada em julgado? O
prosseguimento da ação de cumprimento, sem diminuição do reajuste, violará a coisa
julgada da sentença normativa, possibilitando o ajuizamento de ação rescisória?
Fundamente.

48
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

Segundo o TST, não se admite ação rescisória nesse caso (Súmula 397), pois a decisão
normativa faz apenas coisa julgada formal. Havendo reforma ou anulação da sentença
normativa, a parte deve invocar a modificação da ação de cumprimento em exceção de
pré-executividade ou em mandado de segurança.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Não cabe ação rescisória (Súmula 397 do TST)

O caso em questão trata de hipótese em que a decisão proferida na ação de


cumprimento transitou em julgado e se iniciou sua execução antes do trânsito em julgado da
sentença normativa.

A jurisprudência do TST consolidou na Súmula nº 397 o entendimento de que não se


admite ação rescisória para desconstituir a decisão da ação de cumprimento contrária à sentença
normativa reformada no recurso. O fundamento é o de que a decisão normativa faz apenas
coisa julgada formal, já que pode ser revista após 1 ano de sua vigência. Sabendo-se que
somente a coisa julgada material é suscetível de ação rescisória, haveria ausência de interesse
processual.

Vale destacar que há doutrina em sentido contrário, entendendo que, embora não caiba
ação rescisória, o fundamento deveria ser outro – o de que a decisão da ação de cumprimento
é proferida sob condição resolutiva, ou seja, produz efeitos enquanto não haja alteração da
sentença normativa por meio do recurso. Nesse sentido, a coisa julgada formada na sentença
normativa não é apenas formal, mas também material (CORREIA, Henrique; MIESSA, Élisson.
Súmulas e OJs do TST comentadas e organizadas por assunto. 8. ed. Salvador: Editora Juspoidvm,
2018, p. 2205).

 Cabe exceção de pré-executividade ou MS


O TST (Súmula nº 397) entende que os meios processuais aptos a atacarem a execução
de cláusula reformada são a exceção de pré-executividade e o mandado de segurança, no caso
de descumprimento do art. 514 do CPC.

49
A parte poderá invocar a alteração da própria execução da ação de cumprimento, por
meio de exceção de pré-executividade, a qual permite a alegação, antes da garantia do juízo,
de matérias de ordem pública ou embasadas em prova pré-constituída (SCHIAVI, Mauro. Manual
de direito processual do trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009, p. 910).

Além disso, o TST admite a impetração do mandado de segurança, ante a violação de


direito líquido e certo de ver a ação de cumprimento ser ajuizada e executada com base no
comando da sentença normativa.

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LEGISLAÇÃO COMPILADA

Liquidação de sentença

 Súmulas TST: 187, 200, 211, 304, 307, 311, 381 e 439;
 Orientações Jurisprudenciais: 28, 198, 300, 302, 382, 400 e 408 da SDI-I do TST;
 CLT: arts. 879, 883, 883-A e 884;
 CPC/15: arts. 509, 511 e 512;
 Lei 8.177/91: art. 39.

Execução trabalhista

 Súmulas: 368, 401, 417, 419 e 454;


 Orientações Jurisprudenciais SDI-I: 226, 343, 368, 376, 398, 400;
 Orientações Jurisprudenciais SDI-II: 54, 59, 89, 93, 143, 153;
 CLT: art. 11 -A, 642-A, 768, 832, 855-A, 876 a 897;
 CPC/15: arts. 133 a 137, 497 a 501, 513, 516, 520 a 523, 525, 535, 536, 537, 674 a
679, 778 a 795, 815 a 828, 833 a 901, 917 e 921;
 Código Civil: art. 50;
 Constituição Federal: Art. 100 e 114;
 CDC: Art. 28;
 Lei 6830/80: arts. 4º, 20 e 40;
 Lei 8009/90: Arts. 1º a 4º.

Tutela Provisória

 Orientações Jurisprudenciais SDI-II: 64, 65, 67, 69;

51
 CLT: Arts. 659 e 893;
 CPC/15: Arts. 294 a 311.

Procedimentos no Processo do Trabalho

 Súmula: 71, 356, 365, 442 e 458 do TST;


 Orientações Jurisprudenciais da SDI-I: 260;
 CLT: 852-A a 852-I, 895 e 896;
 Lei nº 5.584/70: Art. 2º.

 Súmula nº 187 do TST

A correção monetária não incide sobre o débito do trabalhador reclamante.

 Súmula nº 211 do TST

Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a
condenação.

 Súmula nº 304 do TST

Os débitos trabalhistas das entidades submetidas aos regimes de intervenção ou liquidação extrajudicial estão

sujeitos a correção monetária desde o respectivo vencimento até seu efetivo pagamento, sem interrupção ou
suspensão, não incidindo, entretanto, sobre tais débitos, juros de mora.

 Súmula nº 368 do TST

I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência
da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias

em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. II -
É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultantes de
crédito do empregado oriundo de condenação judicial. A culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas
remuneratórias, contudo, não exime a responsabilidade do empregado pelos pagamentos do imposto de renda
devido e da contribuição previdenciária que recaia sobre sua quota-parte. III – Os descontos previdenciários
relativos à contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, devem ser calculados mês a mês, de
conformidade com o art. 276, § 4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991, aplicando-
se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição. IV - Considera-se fato
gerador das contribuições previdenciárias decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados em
juízo, para os serviços prestados até 4.3.2009, inclusive, o efetivo pagamento das verbas, configurando-se a mora
52
a partir do dia dois do mês seguinte ao da liquidação (art. 276, “caput”, do Decreto nº 3.048/1999). Eficácia não
retroativa da alteração legislativa promovida pela Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei

nº 11.941/2009, que deu nova redação ao art. 43 da Lei nº 8.212/91. V - Para o labor realizado a partir de 5.3.2009,
considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou
homologados em juízo a data da efetiva prestação dos serviços. Sobre as contribuições previdenciárias não
recolhidas a partir da prestação dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados os créditos previdenciários,
aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de citação para pagamento, se descumprida a obrigação,
observado o limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/96). VI – O imposto de renda decorrente de crédito

do empregado recebido acumuladamente deve ser calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante
a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os
rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou
crédito, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22/12/1988, com a redação conferida pela Lei nº 13.149/2015,
observado o procedimento previsto nas Instruções Normativas da Receita Federal do Brasil.

 Súmula nº 381 do TST

O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido não está sujeito à correção
monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária do mês subseqüente ao da
prestação dos serviços, a partir do dia 1º.

 Súmula nº 417 do TST

I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em dinheiro do

executado para garantir crédito exequendo, pois é prioritária e obedece à gradação prevista no art. 835 do CPC de
2015 (art. 655 do CPC de 1973). II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado
direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que
atenda aos requisitos do art. 840, I, do CPC de 2015 (art. 666, I, do CPC de 1973).

 Súmula nº 419 do TST

Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se
indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta (art. 676, parágrafo único, do CPC de
2015).

 Súmula nº 439 do TST

Nas condenações por dano moral, a atualização monetária é devida a partir da data da decisão de arbitramento
ou de alteração do valor. Os juros incidem desde o ajuizamento da ação, nos termos do art. 883 da CLT.

 Súmula nº 454 do TST

Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente de


Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social (arts. 114, VIII, e 195, I, “a”, da CF), pois
53
se destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no
trabalho (arts. 11 e 22 da Lei nº 8.212/1991).

54
JURISPRUDÊNCIA

Execução

 TST-RO-11374-14.2017.5.03.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria Helena Mallmann, red. p/ acórdão Min.
Douglas Alencar Rodrigues, 27.11.2018 – Informativo TST nº 188.

Ofende direito líquido e certo do devedor a decisão judicial que determina a citação para pagamento ou
garantia da execução em 48 horas e, ao mesmo tempo, ordena o imediato bloqueio de valores via Bacen-Jud, com

base no poder geral de cautela previsto no art. 927 do CPC de 2015. No caso, houve cumulação de ordens judiciais
incompatíveis, pois o bloqueio suprimiu da parte a possibilidade de indicação de bens à penhora em 48 horas, sem
qualquer lastro fático que autorizasse o procedimento adotado pelo Juízo coator. Sob esse entendimento, a SBDI-
II, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário e, no mérito, por maioria, deu-lhes parcial provimento para
determinar a devolução dos valores apreendidos, retomando-se o curso da execução como o Juízo entender de
direito.

 TST-RO-4000-52.2015.5.16.0000, Órgão Especial, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, julgado
em 5.8.2019 – Informativo TST nº 201.

Precatório. Segundo pedido de revisão de cálculos. Argumentos que poderiam ter sido deduzidos na primeira
oportunidade. Preclusão consumativa. Configuração. Orientação Jurisprudencial nº 2, “a”, do Tribunal Pleno. Em

sede de precatório não se admite a apresentação de um segundo pedido de revisão de cálculos para trazer
argumentos que poderiam ter sido deduzidos na primeira oportunidade. A Orientação Jurisprudencial nº 2, “a”, do
Tribunal Pleno determina que o pedido de revisão de cálculos deve especificar claramente todas as incorreções e
discriminar o montante correto, sob pena de preclusão. No caso, a executada (União) opôs dois embargos à
execução (em 1993 e em 1998) e dois pedidos de revisão de cálculo (em 2010 e em 2015), e apenas neste último,
em 2015, veiculou a tese de que a condenação deveria se limitar ao início do regime jurídico único da Lei nº
8.112/90. Admitir diversos pedidos de revisão de cálculos levaria ao prosseguimento indefinido do
processo de precatório, em contrariedade ao princípio da celeridade (art. 5º, LXXVIII, da CF). Assim, sob esses
fundamentos, o Órgão Especial, por maioria, negou provimento ao recurso ordinário da União para manter a
decisão de indeferimento do pedido de revisão de cálculos, ainda que por fundamentos diversos.

55
 TST-E-RR–2900- 58.2009.5.08.0012, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira, 23.11.2017 – Informativo TST nº
169.

ECT. Equiparação à Fazenda Pública. Juros de mora. Art. 1º- F da Lei nº 9.494/97. Orientação Jurisprudencial nº
7 do Tribunal Pleno. Aplicabilidade. Aplicam-se à Empresa de Correios e Telégrafos - ECT os juros de mora previstos

no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 e na Orientação Jurisprudencial nº 7 do Tribunal Pleno, pois equiparada à Fazenda
Pública. Ademais, o STF, ao apreciar o tema nº 810 da Repercussão Geral (RE-870947/SE), decidiu, de forma
vinculante, que, “quanto às condenações oriundas de relação jurídica não- tributária, a fixação dos juros moratórios
segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta
extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09.” Sob esses

fundamentos, a SBDI-I, por maioria, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial e por
contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 7 do Tribunal Pleno, e, no mérito, por unanimidade, deu-lhe
provimento para determinar a aplicação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997.

 TST RO-11518-13.2015.5.01.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 21.11.2017
– Informativo TST nº 169.

Ação rescisória. Acórdão que rejeitou a preliminar de intempestividade dos embargos de terceiro. Penhora de
percentual de faturamento de empresa. Juízo garantido apenas quando o valor total executado se completar.
Contagem do prazo para oposição de embargos de terceiro a partir da ciência da penhora. Impossibilidade. Violação
dos arts. 184, § 2º, e 1.048 do CPC de 1973. Não configuração. No caso de penhora de percentual
de faturamento de empresa, o juízo somente estará integralmente garantido quando o valor total executado se
completar por meio dos depósitos realizados mês a mês (art. 655-A, caput, e § 3º, do CPC de 1973). Assim, não há
como contar o prazo para a apresentação de embargos de terceiro a partir da ciência da penhora, nos termos dos
arts. 184, § 2º, e 1.048 do CPC de 1973, visto que nesse momento a constrição não está completa. Sob esse

fundamento, a SBDI-II, à unanimidade, conheceu do recurso ordinário e, no mérito, negou-lhe provimento,


afastando, portanto, a alegação de violação dos arts. 184, § 2º, e 1.048 do CPC de 1973, no caso em que a decisão

rescindenda rejeitou a preliminar de intempestividade dos embargos de terceiro opostos quando já transcorridos
298 dias da ciência da penhora que recaiu sobre 20% da renda líquida mensal de cartório, até atingir o montante
da dívida.

 TST-E-ED-RR-59886- 60.1993.5.05.0017, SBDI-I, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, 1º.6.2017 –
Informativo TST nº 31 – Execução.

Execução. Equívoco nos cálculos de liquidação. Levantamento de valores a maior. Devolução nos próprios autos
da execução. Impossibilidade. Necessidade do ajuizamento de ação de repetição de indébito. O meio processual
idôneo para pleitear a devolução de valores levantados a maior em execução de sentença, decorrentes de equívoco
nos cálculos realizados em liquidação, é a ação de repetição de indébito. A pretensão de
restituição de tais valores nos próprios autos da execução é inviável, pois, nessa fase, a cognição é limitada e não
proporciona ao exequente medidas capazes de assegurar o direito à ampla defesa e ao contraditório. Sob esses

56
fundamentos, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito,
negou-lhes provimento, mantendo, portanto, a decisão turmária que conhecera do recurso de revista dos

exequentes por violação do art. 5o, LV, da CF e dera-lhe provimento para cassar a ordem de devolução de valores
recebidos a maior expedida nos próprios autos.

 TST-RO-20605-38.2017.5.04.0000, SBDI-II, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, 17.10.2017 –


Informativo TST nº 168.

Ausência de ofensa a direito líquido e certo dos impetrantes. Art. 833, § 2º, do CPC de 2015. Não aplicação da
Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-II. Na hipótese em que o ato impugnado foi proferido na vigência do

CPC de 2015, não ofende direito líquido e certo dos impetrantes a penhora de 15% dos proventos de aposentadoria
para pagamento de créditos trabalhistas efetuada nos termos do art. 833, § 2º, do CPC de 2015. O entendimento
consagrado na Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-II não se aplica ao caso em concreto porque a diretriz

ali definida restringe-se às penhoras efetuadas quando em vigor o CPC de 1973. Sob esse fundamento, a SBDI-II,
à unanimidade, conheceu do recurso ordinário dos impetrantes, e, no mérito, negou-lhe provimento.

 TST-RO-261-96.2016.5.21.0000, SBDI-I, rel. Min. Douglas Alencar


Rodrigues, red. p/ acórdão Min. Lelio Bentes Corrêa, 13.11.2018 – Informativo TST nº 187.

Ofende direito líquido e certo a decisão judicial que, na vigência do CPC de 1973, determinou a penhora de
30% da remuneração líquida da executada, ainda que os atos que deram cumprimento à referida decisão tenham

sido efetivados sob a égide do CPC de 2015. Incidência da Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-II. Sob esse
entendimento, a SBDIII, em sua composição plena, conheceu, à unanimidade, do recurso ordinário da executada e,

no mérito, por maioria, deu-lhe provimento para, concedendo a segurança postulada, determinar o imediato
levantamento do bloqueio realizado e a liberação dos valores indevidamente retidos. Vencidos os Ministros Douglas
Alencar Rodrigues, relator, Renato de Lacerda Paiva e Brito Pereira, os quais negavam provimento ao recurso ao

fundamento de que a superveniência do CPC de 2015 convalidou o ato de penhora considerado ilegal à luz do
CPC de 1973.

57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDES, Simone Soares. Processo do Trabalho: Coleção Resumos para concursos. 2ª ed. rev., atual. e
amp. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e do STJ anotadas e organizadas por assunto. 5ª Ed.
rev., atual. e ampl. Salvador: Jus Podivm, 2019.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito.. 6ª Ed. rev., atual. e ampl.
Salvador: Jus Podivm, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. CLT Organizada. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2019.

MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

MIZIARA, Raphael; LENZA, Breno. Jurisprudência Trabalhista: principais decisões do TST, STF e STJ
organizadas por assunto. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

PEREIRA, Leone. Manual de processo do trabalho. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada [livro eletrônico]. 2. ed. São Paulo : Thomson Reuters Brasil,
2018.

58
TRIBUNAIS

Direito Processual do
Trabalho
Capítulo 8
SUMÁRIO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ............................................................................................................. 3

Capítulo 8 ....................................................................................................................................................................... 3

1. Dissídio Coletivo .............................................................................................................................................. 3

1.1. Considerações Gerais .................................................................................................................................. 3

1.2. Classificação .................................................................................................................................................... 4

1.2.1. Dissídio Coletivo de Natureza Econômica ............................................................................ 4

1.2.2. Dissídio Coletivo de Natureza Jurídica ................................................................................... 4

1.2.3. Dissídio Coletivo Revisional ......................................................................................................... 4

1.2.4. Dissídio de greve .............................................................................................................................. 5

1.2.5. Dissídio originário ............................................................................................................................ 5

1.3. Poder Normativo........................................................................................................................................... 5

1.4. Competência ................................................................................................................................................... 6

1.5. Legitimidade.................................................................................................................................................... 7

1.6. Pressupostos processuais específicos .................................................................................................. 8

1.7. Procedimento ................................................................................................................................................. 9

2. Correição Parcial ............................................................................................................................................ 11

3. Reclamação à Instância Superior .......................................................................................................... 13

3.1. Considerações Iniciais .............................................................................................................................. 13

3.2. Natureza Jurídica........................................................................................................................................ 13

3.3. Cabimento e Legitimidade .................................................................................................................... 13

3.4. Procedimento .............................................................................................................................................. 14

3.5. Recursos da Decisão................................................................................................................................. 15

1
4. Procedimentos Especiais ........................................................................................................................... 16

4.1. Inquérito para apuração de falta grave ........................................................................................... 16

4.2. Ação Civil Pública ...................................................................................................................................... 17

4.3. Ação Rescisória ........................................................................................................................................... 18

4.4. Mandado de Segurança.......................................................................................................................... 19

4.5. Ação Monitória ........................................................................................................................................... 21

QUADRO SINÓTICO.................................................................................................................................................. 22

QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................................... 32

GABARITO .................................................................................................................................................................... 43

QUESTÃO DESAFIO .................................................................................................................................................. 44

GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................... 45

LEGISLAÇÃO COMPILADA ...................................................................................................................................... 47

JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................................ 56

2
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Capítulo 8

1. Dissídio Coletivo

1.1. Considerações Gerais


No direito material do trabalho existem as suas fontes formais, que podem ser elaboradas
pelo Estado ou pelas próprias partes, fontes heterônomas e autônomas, respectivamente.

As fontes formais autônomas são as formadas pelas partes interessadas, diretamente, atra-
vés de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho.

Se as partes não chegarem a uma composição, elas podem recorrer a um terceiro, através
da criação de uma fonte formal heterônoma, através, por exemplo, da arbitragem, no qual um
árbitro resolverá o conflito em substituição às partes, ou ainda podem ingressar com o Dissídio
Coletivo, pelo qual a resolução será realizada pelo Poder Judiciário.

Assim, o Dissídio Coletivo é um processo judicial que visa à solução de conflitos coletivos
no qual os interesses sejam abstratos, ou seja, que pertençam a um grupo social ou a uma
categoria, de previsão na CLT, nos artigos 856 a 875.

No Dissídio Coletivo haverá a criação e modificação de normas, de condições gerais de


trabalho de um grupo de empregados ou de toda uma categoria e ainda de declarar o alcance
de uma determinada norma jurídica, e ele não deve ser confundido com um dissídio individual
coletivo ou plúrima, tendo em vista que não se trata de reconhecimento de direito baseado em
norma preexistentes.

3
1.2. Classificação
1.2.1. Dissídio Coletivo de Natureza Econômica

O Dissídio Econômico tem por objetivo instituir regras e condições de trabalho, e pode
apresentar em seu bojo cláusulas de natureza econômicas ou cláusula de natureza social.

As cláusulas econômicas são destinadas à criação de normas com assunto econômico ou


financeiro e as cláusulas sociais buscam regular condições novas para a relação de trabalho/em-
prego e não tenha o escopo econômico.

A Orientação Jurisprudencial nº 05 da Seção de Dissídios Coletivos (SDC) do TST afirma que


em face de Pessoa Jurídica De Direito Público que mantenha empregados, cabe dissídio
coletivo EXCLUSIVAMENTE para apreciação de cláusulas de natureza social.

1.2.2. Dissídio Coletivo de Natureza Jurídica

O Dissídio Jurídico possui o escopo de interpretar ou declarar o alcance de uma determi-


nada norma jurídica, que poderá ser uma lei, sentença normativa, de acordos e convenções
coletivos, dentre outros.

Segundo afirma a OJ nº 07 da SDC do TST, o Dissídio Coletivo de natureza jurídica não se


presta à interpretação de normas de caráter genérico.

1.2.3. Dissídio Coletivo Revisional

O Dissídio Revisional tem a finalidade de fazer uma reavaliação das normas de trabalho já
estabelecidas, se estas estão se tornando injustas ou ineficazes, devido à mudança das circuns-
tâncias que as envolvem.
4
1.2.4. Dissídio de greve

O objetivo do Dissídio de Greve e análise e declaração do Poder Judiciário acerca da


abusividade ou não de determinado movimento paredista de trabalhadores (greve).

O STF, no tema 544, fixou a seguinte tese de repercussão geral: "A JUSTIÇA COMUM,
federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos
celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas".

1.2.5. Dissídio originário

Ocorrerá o Dissídio Originário quando não estão em vigor ou não existam normas e con-
dições normas especiais de trabalho a ser aplicada a determinado grupo de trabalhadores,
categoria ou profissão.

1.3. Poder Normativo


Entende-se por Poder Normativo a função atípica própria do Poder Judiciário Trabalhista de
instituir verdadeiras NORMAS JURÍDICAS ao proferir as decisões no Dissídio Coletivo.

Mas devemos observar que o Poder Normativo da Justiça do Trabalho só poderá ocorrer
nos Dissídios Coletivos Econômico, Revisional ou Originário, não se aplicando ao Dissídio de
Greve e no Jurídico.

O artigo 114, §2º da CF/88 apresenta o limite mínimo de atuação do Poder Normativo, ao
afirmar que devem ser respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho e
também as disposições estipuladas anteriormente.

5
A Súmula nº 190 do TST estabelece que ao julgar ou homologar ação coletiva ou acordo
nela havido, o Tribunal Superior do Trabalho exerce o poder normativo constitucional, não
podendo criar ou homologar condições de trabalho que o Supremo Tribunal Federal julgue
iterativamente inconstitucionais.

1.4. Competência
Ao determinar a Competência da Justiça do Trabalho, a Constituição Federal de 88 apresen-
tou no artigo 114, §2º e §3º que o Dissídio Coletivo é de competência material dessa justiça
especializada.

O dissídio coletivo é uma ação de competência originária dos Tribunais (TRT e TST), con-
forme o âmbito territorial do conflito ou a representação das entidades sindicais, de modo que,
se o dissídio se limitar a base territorial de um TRT, será este Tribunal competente para julgar o
caso, de acordo com o art. 678, I, a, da CLT.

Caso ultrapasse a referida base territorial, a competência para julgamento será do TST, con-
forme art. 702, I, b, da CLT.

6
O Estado de São Paulo possui dois tribunais regionais do Trabalho, sendo o TRT2º o da
Capital e o TRT 15 do interior. Caso o conflito de competência originária atinja os dois tribunais,
a competência será do TRT da 2ª Região, e esta é a exceção à regra de competência.

É importante salientar que, em se tratando de pessoa jurídica de direito público, o Supremo


Tribunal Federal entende que a competência para julgar o dissídio coletivo de greve pertence à
justiça comum. Quanto as pessoas jurídicas de direito privado, a competência pertence à justiça
do trabalho.

Não esqueça do Tema de Repercussão Geral 544 do STF, como falado no item 1.2.4, mais
acima, acerca da competência para declarar a ABUSIVIDADE DA GREVE.

1.5. Legitimidade
No Dissídio Coletivo existe a parte que instaura o dissídio, é chamado de suscitante e a parte
contra quem se instaura, que é o suscitado, sendo partes legítimas para figurar na qualidade de
suscitante do Dissídio Coletivo os sindicatos, empregadores, comissão de trabalhadores e o MPT.

NÃO TEM LEGITIMIDADE para instaurar os Dissídios Coletivos o Presidente do TRT e as


centrais sindicais.

Em que pese o artigo da 856 da CLT afirmar que o Presidente do TRT pode instaurar a
instância no Dissídio Coletivo, a Doutrina é PACÍFICA no sentido de afirmar que o Presidente

7
do TRT NÃO POSSUI LEGITIMIDADE PARA TANTO. Atenção ao que a prova cobrar: se o enun-
ciado falar em letra de lei, responda sobre o texto da CLT!

1.6. Pressupostos processuais específicos


Para que o Dissídio Coletivo seja instaurado, é preciso que as partes tenham tentado soluci-
onar o conflito diretamente, ou seja, o dissídio só será permitido se as partes não tenham
conseguido entrar em acordo, devendo ser esgotadas todas as tentativas de negociação, total
ou parcialmente.

A OJ nº 29 da SDC dispõe que é necessário também que, para que exista o dissídio coletivo,
a autorização da categoria, que se faz por meio da assembleia.

A ata da assembleia de trabalhadores deve conter a pauta reivindicatória, ou seja, o pedido


expresso da categoria.

Será necessário também o comum acordo entre as partes, sendo este expresso ou tácito,
conforme aduz a doutrina acerca do assunto.

Cumpre salientar que o dissídio coletivo deve ser instaurado dentro dos 60
dias ANTERIORES AO TERMO FINAL de convenção acordo ou sentença normativa, se existi-
rem.

Os trabalhadores devem especificar as reivindicações da categoria profissional de forma ex-


pressa de maneira clausulada e devidamente fundamentada para que o dissídio coletivo seja
válido.

É importante no Dissídio Coletivo que haja o respeito e a observância dos regramentos


estabelecidos no estatuto do sindicato.

8
1.7. Procedimento
A petição inicial do dissídio coletivo deverá ser escrita (art. 856, CLT), e dirigida ao Presi-

dente do Tribunal que designará uma audiência de conciliação (art. 860, CLT). No entanto, o jus

postulandi é admitido.

Após o recebimento da representação, o presidente do tribunal irá designar a data da audi-


ência de conciliação, em até 10 dias, determinando as notificações das partes.

Durante a audiência, o julgador convidará as partes para se pronunciarem sobre os pontos


da conciliação, caso não entrem em comum acordo, o presidente submeterá aos interessados a
solução que lhe pareça capaz de resolver o dissídio.

Se houver acordo entre as partes, o presidente submeterá à homologação do Tribunal na


primeira sessão e dessa decisão, não caberá recurso, exceto por parte do MPT.

Não havendo acordo, ou caso as partes não compareçam à audiência, o presidente irá sub-
meter o dissídio a julgamento.

Da decisão do tribunal serão notificadas as partes, os seus representantes, em registrado


postal, com franquia, fazendo-se, igualmente, a sua publicação no jornal oficial, para a ciência
dos demais interessados.

A decisão proferida em dissídio coletivo denomina-se sentença normativa.

Tal decisão não é executada, mas sim cumprida, através de ação de cumprimento proposta
perante o juiz do trabalho.

A sentença normativa vigorará desde o seu termo inicial até que outra sentença normativa,
acordo coletivo ou convenção coletiva superveniente produza sua revogação tácita ou expressa.

Conforme disposto no Precedente Normativo nº 120 do TST e no artigo 868, parágrafo único,
da CLT, o prazo máximo de vigência da sentença normativa é de 04 anos.

9
O recurso cabível para impugnar a sentença normativa proferida pelo TRT é o Recurso
Ordinário de competência do TST, conforme art. 895, II, CLT.

Ressalte-se que é possível a propositura de ação de cumprimento independentemente do


trânsito em julgado da sentença normativa, como estabelece a Súmula nº 246 do TST.

A ação de cumprimento pode ser utilizada para obrigar o cumprimento da sentença nor-
mativa e para se fazer cumprir acordo e convenção coletiva, devendo ser ajuizada perante a
Vara do trabalho.

Além disso, de acordo com a Súmula nº 397, do TST, a sentença normativa


somente produz COISA JULGADA FORMAL.

Decorrido mais de 01 ano da vigência da sentença normativa, caberá a revisão das decisões
que fixarem condições de trabalho, quando se tiverem modificado as circunstâncias que as
ditaram, de modo que tais condições se hajam tornado injustas ou incompatíveis. A revisão será
julgada pelo tribunal que tiver proferido a decisão depois de ouvido o MPT.

10
2. Correição Parcial

A Correição Parcial, também conhecida como Reclamação Correicional é um procedimento


administrativo que tem a finalidade de manter a ordem adequada do processo, pelo qual
deverão ser corrigidos atos praticados ou omitidos pelo juiz, oriundos de erros ou abusos deste,
que possam vir a causar tumultos no processo.

Por tratar-se de um procedimento administrativo, a Correição Parcial não é um recurso


no Processo do Trabalho, tendo em vista que ela permeia no âmbito da administração do
processo e não na atividade judicante dele.

A Correição Parcial é prevista no artigo 709, II, da CLT e nos Regimentos Internos dos
Tribunais, sendo sua apreciação de competência do Corregedor do Tribunal Superior do Tra-
balho ou do Tribunal Regional do Trabalho, a depender do ato impugnado.

A competência para apreciação será do Corregedor-Regional do TRT se o ato impugnado


for da Vara do Trabalho, mas se for oriundo do TRT, será apreciado pelo Corregedor-Geral do
TST.

11
Importante ressaltar que a Competência expressa na CLT ao Corregedor é a de decidir re-
clamações contra os atos atentatórios da boa ordem processual praticados pelos Tribunais Re-
gionais e seus presidentes, quando inexistir recurso específico, o que configura a Correição
Parcial ou Reclamação Correcional.

Assim, será cabível se não couber recurso para impugnar tal ato judicial, inclusive se o
recurso cabível não puder ser apresentado de imediato, sendo apresentado só posteriormente,
não caberá a Correição.

O prazo para sua interposição é VARIÁVEL, tendo em vista que vêm disciplinado nos Regi-
mentos Internos dos tribunais, e que geralmente é de 5 ou 8 dias.

São requisitos para apresentação da Correição Parcial, que devem ser CUMULATIVOS:

- Existência de ato que contenha erro ou abuso capaz de tumultuar o andamento do


processo;

- Ocorrência de dano ou possibilidade de dano irreparável para a parte;

- Inexistência de recurso que seja capaz de sanar o erro de procedimento do juiz ou


Tribunal.

12
3. Reclamação à Instância Superior

3.1. Considerações Iniciais


A Constituição Federal trata do cabimento da Reclamação à instância superior para
preservação da Competência do TST, STJ e STF, para preservar a autoridade de suas decisões,
para anular ato administrativo ou cassar decisão judicial que contrarie súmula vinculante aplicá-
vel ao caso.

Salienta-se que no caso do TST, a sua competência para processar e julgar, originariamente,
a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões
previsto no artigo 112, §3º, foi incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016.

O CPC 2015 também previu o cabimento da Reclamação em seus artigos 988 a 993, que
são aplicados subsidiariamente ao Direito Processual do Trabalho, por força do artigo 3º, inciso
XXVII da IN 39/2016 do TST.

3.2. Natureza Jurídica


A natureza jurídica da Reclamação, segundo a Doutrina Majoritária, é que ela se trata de
uma ação, visto que possui todos os elementos essenciais de uma ação judicial.

Ela não deve ser entendida como recurso, visto que não o é.

Elisson Miessa entende que a natureza jurídica da Reclamação é de uma ação autônoma de
impugnação.1

3.3. Cabimento e Legitimidade


O artigo 988 do CPC, aplicado subsidiariamente à seara laboral, afirma que caberá reclama-
ção apresentada pelos seus legitimados, que são a parte interessada ou Ministério Público
(cuja participação é obrigatória), para preservar a competência do tribunal, para garantir a au-
toridade das decisões do tribunal, garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e

1
MIESSA, Élisson. Pág. 732.
13
de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade e
garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de de-
mandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência.

Pelo §5º do artigo 988 do CPC, será inadmissível a reclamação proposta após o trânsito em
julgado da decisão reclamada e proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de
recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

O rol apresentado no artigo 988 do CPC acerca das hipóteses de cabimento da Reclamação
é EXAUSTIVO, logo não caberá ampliação para abarcar outras felicidades.

3.4. Procedimento
A Reclamação será proposta no Tribunal e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional
cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir. Assim que rece-
bida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do processo principal, sempre que
possível.

Os requisitos da Petição Inicial previsto no artigo 319 do CPC devem estar respeitados, bem
como deve ser apresentada uma das hipóteses de cabimento do artigo 988 do CPC e ainda
deverá a reclamação ser instruída com prova documental e dirigida ao presidente do tribunal,
pois não será cabível dilação probatória.

Ao despachar a reclamação, o relator requisitará informações da autoridade a quem for


imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias. Se necessário,
ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável.

14
O relator determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de
15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação, podendo qualquer interessado poderá
impugnar o pedido do reclamante.

Na reclamação que não houver formulado, o Ministério Público terá vista do processo por
5 (cinco) dias, após o decurso do prazo para informações e para o oferecimento da contestação
pelo beneficiário do ato impugnado.

Se o julgamento da Reclamação for procedente, o tribunal cassará a decisão exorbitante de


seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia.

O presidente do tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o


acórdão posteriormente.

3.5. Recursos da Decisão


Da decisão da Reclamação, como forma de impugnação pela parte interessada, serão cabí-
veis a interposição de Embargos de Declaração, Agravo Interno, quando se tratar de decisão
do relator de forma monocrática, Recurso Ordinário do julgamento da reclamação de compe-
tência originárias dos TRT´s e Recurso Extraordinário do julgamento da Reclamação de com-
petência originária do TST e de julgamento do RO interposto em face da decisão da Reclamação
originária do TST.

15
4. Procedimentos Especiais

4.1. Inquérito para apuração de falta grave


O inquérito judicial para apuração de falta grave2 é uma ação constitutiva (negativa) ne-
cessária para apuração de falta grave que autoriza a resolução do contrato de trabalho do
empregado estável por iniciativa do empregador, previsto no artigo 494 da CLT.

Cumpre salientar que não são todas as hipóteses de estabilidade provisória no emprego que
exigem do empregador a propositura do inquérito judicial para apuração de falta grave, a fim
de rescindir um contrato de trabalho por justa causa do empregado.

São hipóteses em que será necessário o ajuizamento do Inquérito para apuração da falta
grave:

 Dirigente sindical: estabilidade prevista nos artigos 8º, VIII, CF e artigo 543, §3º, CLT e
necessidade do inquérito estabelecida nas súmulas 197 do STF e 379 do TST;
 Empregados membros do Conselho Nacional da Previdência Social: nos moldes do
artigo 3º, §7º, da Lei 8.213/91;
 Empregados eleitos diretores de sociedade cooperativa: conforme artigo 55, da lei
5.764/71.
 Estável decenal: de acordo com o artigo 492, da CLT.

Ressalte-se que a CF/88 pôs fim a estabilidade decenal. Entretanto, os empregados que já
à época da Constituição tinham completado 10 anos de trabalho na empresa e não haviam
optado pelo FGTS só podem ser dispensados através da instauração de inquérito.

Não há que se falar em inquérito judicial para apuração de falta grave nos casos de dis-
pensa de: gestante, membros da CIPA ou trabalhador acidentado.

O empregador tem a faculdade de suspender o empregado estável que cometer falta grave,
conforme previsão do artigo 494, da CLT, podendo a suspensão durar até o final do processo.

2
Vide questão 10.
16
O inquérito deverá ser ajuizado por escrito, endereçando-o à vara do trabalho, respeitando-
se o prazo decadencial de 30 dias, contados da data da suspensão do empregado (art. 853, da
CLT).

Como estabelece o artigo 821 da CLT, no inquérito, admite-se até 6 testemunhas para cada
uma das partes.3

Se houver comprovação da falta grave do empregado, a sentença autorizará a rescisão do


contrato de trabalho. E se o trabalhador tiver sido suspendo, o contrato de trabalho será con-
siderado rescindido desde a data da suspensão do empregado.

Mas se ficar reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado, ficará o
empregador obrigado a reintegrá-lo no serviço e a pagar-lhe os salários e demais verbas, a que
teria direito no período da suspensão, conforme artigo 495, da CLT.

4.2. Ação Civil Pública


A Ação Civil Pública trata-se da ação de responsabilidade por danos morais e patrimoniais
causados: l - ao meio-ambiente; ll - ao consumidor; III – a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo; V
– por infração da ordem econômica; VI – à ordem urbanística; VII – à honra e à dignidade de
grupos raciais, étnicos ou religiosos e VIII – ao patrimônio público e social. (Art. 1º, da lei nº
7.347/85).

Conforme o artigo 83, III, da LC 75/93, compete ao Ministério Público do Trabalho promo-
ver a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos,
quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos. A Ação Civil Pública
poderá ser ajuizada ainda nos moldes dos artigos 127 e 129, incisos III e IX, da CF/88.

Os legitimados para a proposição da Ação Civil Pública, estão previstos no artigo 5º, da lei
nº 7.347/85.

3
Vide questão 1
17
Quanto a competência territorial para a propositura da Ação Civil Pública, deverá ser levada
em consideração a extensão do dano a ser reparado, conforme OJ 130 da SDI-II, do TST.
Fica facultado ao Poder público e as outras associações legitimadas habilitar-se como
litisconsortes de qualquer das partes.

A ação civil pública poderá ter como objeto condenação em dinheiro ou cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer.

Na instrução da ação, pode ser determinado pelo julgador qualquer diligência necessária ao
esclarecimento dos objetos do processo. É valido ressaltar também que é aplicada a teoria
dinâmica do ônus da prova, quando o réu tiver melhor aptidão para a prova.

4.3. Ação Rescisória


A ação rescisória4 objetiva a desconstituição de sentença ou acórdão de mérito.

Conforme o artigo 836, da CLT, a Ação Rescisória é possível no processo do Trabalho,


aplicando-se os artigos 966 a 975 do CPC, com exceção referente ao depósito
prévio.

A competência da ação rescisória sempre pertencerá a um tribunal e não à Vara do trabalho.

No CPC, conforme art. 968, II, o depósito prévio para a propositura da ação é de 5% sobre
o valor da causa. Já no Processo do Trabalho, de acordo com o art. 836, da CLT, o depósito
prévio é de 20%, do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor.

As hipóteses de cabimento da ação rescisória no Processo do Trabalho estão elencadas no


artigo 966 do CPC. Já a legitimidade para propor tal ação, está elencada no artigo 967, do CPC.
A leitura de tais dispositivos é de suma importância!

Assim, o juízo competente poderá desconstituir a decisão e, se for o caso, proferirá novo
julgamento.

4
Vide questão 8.
18
A competência para o julgamento da ação rescisória está definida em lei e, a depender da
decisão, sua desconstituição se dará perante um juízo diferente.

Para que seja ajuizada a ação rescisória, é necessária a existência de dois pressupostos: a) o
transito em julgado e b) a decisão de mérito ou destituída de mérito, desde que impeça nova
propositura da demanda ou a admissibilidade do recurso correspondente.

O acordo homologado judicialmente poderá ser rescindido APENAS por ação rescisória.

O direito de propor a Ação Rescisória se extingue no prazo decadencial de 2 anos contados


do dia subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, de acordo
com o artigo 975 do CPC e súmula 100, do TST.

Recomenda-se a leitura das seguintes súmulas referentes ao tema da Ação Rescisória: Súmula
158, 192, 219, II, 259 e 398, do TST.

4.4. Mandado de Segurança


O Mandado de Segurança5 está previsto no artigo 5º, LXIX da CF e é disciplinado pela Lei
12.016/2009. Trata-se de remédio constitucional que visa proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, que tenha sido violado por autoridade coatora
(autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público).
Vide Art. 1º, da Lei 12.016/2009.

A Carta Magna também prevê o mandado de segurança coletivo, que pode ser impetrado
pela organização sindical, dentre outras entidades, como expõe o artigo 5º, LXX, da CF/88.

5
Vide questão 5.
19
O prazo do Mandado de Segurança é de 120 dias, contados da ciência pelo interessado
do ato impugnado, conforme artigo 23, da Lei 12.016/2009.

A competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar o Mandado de Segurança,


quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição, está disposta no artigo 114,
IV, da CF/88.

Inicialmente, apenas os TRT’s e o TST tinham competência para apreciar e julgar mandado
de segurança, uma vez que o artigo 652 e 653 da CLT não incluem o mandado de segurança
no âmbito da atuação jurisdicional dos órgãos de primeira instância.

Porém, com o advento da EC 45/2004, que modificou substancialmente o artigo 114 da


CF/88, parece-nos que a Vara do Trabalho será funcionalmente competente para processar e
julgar mandado de segurança também.

Neste sentido, observe que o artigo 114, VII, da CF/88 trata da competência da Justiça do
Trabalho para apreciar e julgar as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho.

Quando o mandado de segurança for de competência originária do TRT, da decisão deste


tribunal caberá recurso ordinário a ser julgado pelo TST (Súmula nº
201, TST).

O mandado de segurança é INCOMPATÍVEL, diante das seguintes hipóteses:

 Contra lei em tese (súmula 266, do STF);


 Contra ato judicial passível de recurso ou correição (súmula 267, do STF);
 Contra decisão judicial com trânsito em julgado (súmulas 268, do STF e 33 do TST);

20
 Contra decisão judicial passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com
efeito diferido (OJ 92, SDI-II do TST);
 Para impugnar despacho que acolheu ou indeferiu liminar em outro mandado de segu-
rança (OJ 140, SDI-II do TST).

Por fim, recomenda-se a leitura das seguintes súmulas e OJ’s, referente ao tema Mandado
de Segurança: Súmulas 512 e 632, do STF; Súmula 105, do STJ; Súmulas 201, 414, 417 e 418 do
TST; OJ’s 67, 98, 99, 137 e 148, da SDI-II, do TST.

4.5. Ação Monitória


A ação monitória visa propiciar a parte que tem prova escrita de uma dívida que não possua
um título executivo extrajudicial, a oportunidade de ingressar com um procedimento mais sim-
plificado, para que assim, o devedor fique adimplente com sua dívida OU transformar a prova
escrita em um título executivo judicial, sendo prevista nos artigos 700 a 702 do CPC/2015.

A ação monitória pode ser utilizada pelo empregado e pelo empregador, visto que não
existe nenhuma restrição no ordenamento jurídico. Caso a ação monitória seja ajuizada indevi-
damente, ou a parte autora esteja agindo sob má-fé, este será condenado pelo juiz ao paga-
mento, em favor da parte contrária, a pagamento de multa de até 10% sobre o valor da causa.

21
QUADRO SINÓTICO

DISSÍDIOS COLETIVOS
Fontes formais autônomas são as formadas pelas partes interes-
sadas, diretamente, através de Acordo ou Convenção Coletiva de
Trabalho
Se as partes não chegarem a uma composição autônoma, elas
podem recorrer a um terceiro, através da criação de uma fonte
formal heterônoma.
CONSIDERAÇÕES GE-
Dissídio Coletivo é um processo judicial que visa à solução de
RAIS
conflitos coletivos no qual os interesses sejam abstratos, ou seja,
que pertençam a um grupo social ou a uma categoria.
No Dissídio Coletivo haverá a criação e modificação de normas,
de condições gerais de trabalho de um grupo de empregados ou
de toda uma categoria e ainda de declarar o alcance de uma
determinada norma jurídica.
Objetivo instituir regras e condições de trabalho, e pode apre-
sentar em seu bojo cláusulas de natureza econômicas ou cláusula
de natureza social.
Cláusulas econômicas são destinadas à criação de normas com
assunto econômico ou financeiro e as cláusulas sociais buscam
DISSÍDIO ECONÔMICO
regular condições novas para a relação de trabalho/emprego e
não tenha o escopo econômico.
Em face de Pessoa Jurídica De Direito Público que mantenha
empregados, cabe dissídio coletivo EXCLUSIVAMENTE para
apreciação de cláusulas de natureza social.

22
Possui o escopo de interpretar ou declarar o alcance de uma de-
DISSÍDIO COLETIVO DE terminada norma jurídica, que poderá ser uma lei, sentença nor-
NATUREZA JURÍDICA mativa, de acordos e convenções coletivos.
Não se presta à interpretação de normas de caráter genérico
Tem a finalidade de fazer uma reavaliação das normas de traba-
DISSÍDIO COLETIVO RE-
lho já estabelecidas, se estas estão se tornando injustas ou inefi-
VISIONAL
cazes, devido à mudança das circunstâncias que as envolvem.
O objetivo e análise e declaração do Poder Judiciário acerca da
abusividade ou não de determinado movimento paredista de tra-
balhadores (greve).
DISSÍDIO DE GREVE
A JUSTIÇA COMUM, federal ou estadual, é competente para jul-
gar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da
Administração pública direta, autarquias e fundações públicas.
Ocorrerá quando não estão em vigor ou não existam normas e
DISSÍDIO ORIGINÁRIO condições normas especiais de trabalho a ser aplicada a determi-
nado grupo de trabalhadores, categoria ou profissão.
É a função atípica própria do Poder Judiciário Trabalhista de ins-
tituir verdadeiras NORMAS JURÍDICAS ao proferir as decisões no
Dissídio Coletivo.
Só poderá ocorrer nos Dissídios Coletivos Econômico, Revisio-
nal ou Originário.
Limite mínimo de atuação do Poder Normativo são as disposi-
PODER NORMATIVO ções mínimas legais de proteção ao trabalho e também as dispo-
sições estipuladas anteriormente.
Ao julgar ou homologar ação coletiva ou acordo nela havido, o
Tribunal Superior do Trabalho exerce o poder normativo consti-
tucional, não podendo criar ou homologar condições de trabalho
que o Supremo Tribunal Federal julgue iterativamente inconstitu-
cionais.
Dissídio Coletivo é de competência material da Justiça do Traba-
COMPETÊNCIA
lho.

23
É ação de competência originária dos Tribunais (TRT e TST), con-
forme o âmbito territorial do conflito ou a representação das en-
tidades sindicais.
se o dissídio se limitar a base territorial de um TRT, será este
Tribunal competente para julgar o caso.
Caso ultrapasse a referida base territorial, a competência para jul-
gamento será do TST.
Se for pessoa jurídica de direito público, o Supremo Tribunal Fe-
deral entende que a competência para julgar o dissídio coletivo
de greve pertence à justiça comum.
Se forem pessoas jurídicas de direito privado, a competência per-
tence à justiça do trabalho.
Sindicatos, empregadores, comissão de trabalhadores e o MPT.
LEGITIMIDADE
NÃO TEM LEGITIMIDADE para instaurar os Dissídios Coletivos
o Presidente do TRT e as centrais sindicais.
- devem ser esgotadas todas as tentativas de negociação, total
ou parcialmente;
- A autorização da categoria, que se faz por meio da assembleia;
- ata da assembleia de trabalhadores deve conter a pauta
reivindicatória;
PRESSUPOSTOS PRO-
- deve ser instaurado dentro dos 60 dias ANTERIORES AO
CESSUAIS ESPECÍFICOS
TERMO FINAL de convenção acordo ou sentença normativa, se
existirem;
- devem especificar as reivindicações da categoria profissional de
forma expressa de maneira clausulada e devidamente funda-
mentada para que o dissídio coletivo seja válido.
A petição inicial do dissídio coletivo deverá ser escrita.

o jus postulandi é admitido.


PROCEDIMENTO
Designar a data da audiência de conciliação, em até 10 dias, de-
terminando as notificações das partes.
A decisão proferida em dissídio coletivo denomina-se sentença
SENTENÇA NORMATIVA
normativa.

24
A sentença normativa vigorará desde o seu termo inicial até que
outra sentença normativa, acordo coletivo ou convenção coletiva
superveniente produza sua revogação tácita ou expressa.
O prazo máximo de vigência da sentença normativa é de 04
anos
O recurso cabível para impugnar a sentença normativa proferida
pelo TRT é o Recurso Ordinário de competência do TST.
sentença normativa somente produz COISA JULGADA FORMAL.
Decorrido mais de 01 ano da vigência da sentença normativa,
caberá a revisão das decisões que fixarem condições de trabalho,
quando se tiverem modificado as circunstâncias que as ditaram,
de modo que tais condições se hajam tornado injustas ou incom-
patíveis
É possível a propositura de ação de cumprimento independen-
temente do trânsito em julgado da sentença normativa.
AÇÃO DE CUMPRI- A ação de cumprimento pode ser utilizada para obrigar o cum-
MENTO primento da sentença normativa e para se fazer cumprir acordo e
convenção coletiva, devendo ser ajuizada perante a Vara do tra-
balho.

CORREIÇÃO PARCIAL
Procedimento administrativo que tem a finalidade de manter a
ordem adequada do processo, pelo qual deverão ser corrigidos
CONCEITO
atos praticados ou omitidos pelo juiz, oriundos de erros ou abusos
deste, que possam vir a causar tumultos no processo.
PREVISÃO LEGAL Na CLT e nos Regimentos Internos dos Tribunais.
Será do Corregedor-Regional do TRT se o ato impugnado for
COMPETÊNCIA PARA
da Vara do Trabalho, mas se for oriundo do TRT, será apreciado
APRECIAÇÃO
pelo Corregedor-Geral do TST.

25
Será cabível se não couber recurso para impugnar tal ato judicial,
CABIMENTO inclusive se o recurso cabível não puder ser apresentado de ime-
diato.
O prazo para sua interposição é VARIÁVEL, tendo em vista que
PRAZO vêm disciplinado nos Regimentos Internos dos tribunais, e que
geralmente é de 05 ou 08 dias.
- Existência de ato que contenha erro ou abuso capaz de tumul-
tuar o andamento do processo;
REQUISITOS - Ocorrência de dano ou possibilidade de dano irreparável para
CUMULATIVOS a parte;
- Inexistência de recurso que seja capaz de sanar o erro de pro-
cedimento do juiz ou Tribunal.

RECLAMAÇÃO À INSTÂNCIA SUPERIOR


Reclamação à instância superior para preservação da
CONSIDERAÇÕES INICI- Competência do TST, STJ e STF visa preservar a autoridade de
AIS suas decisões, para anular ato administrativo ou cassar decisão
judicial que contrarie súmula vinculante aplicável ao caso.
A natureza jurídica da Reclamação, segundo a Doutrina Majoritá-
ria, é que ela se trata de uma ação.
NATUREZA JURÍDICA
Elisson Miessa entende que a natureza jurídica da Reclamação é
de uma ação autônoma de impugnação.
A parte interessada ou Ministério Público (cuja participação é
obrigatória).
Caberá reclamação para preservar a competência do tribunal, para
garantir a autoridade das decisões do tribunal, garantir a obser-
CABIMENTO E LEGITI-
vância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Su-
MIDADE
premo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucio-
nalidade e garantir a observância de acórdão proferido em julga-
mento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
incidente de assunção de competência.

26
Será inadmissível a reclamação proposta após o trânsito em jul-
gado da decisão reclamada e proposta para garantir a observância
de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral re-
conhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as
instâncias ordinárias
Proposta no Tribunal e seu julgamento compete ao órgão jurisdi-
cional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se
pretenda garantir.
Deverá a reclamação ser instruída com prova documental e diri-
gida ao presidente do tribunal, pois não será cabível dilação pro-
PROCEDIMENTO batória.
Se o julgamento da Reclamação for procedente, o tribunal cassará
a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida ade-
quada à solução da controvérsia.
O presidente do tribunal determinará o imediato cumprimento
da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.
Da decisão da Reclamação, como forma de impugnação pela
parte interessada, serão cabíveis a interposição de Embargos de
Declaração, Agravo Interno, quando se tratar de decisão do re-
lator de forma monocrática, Recurso Ordinário do julgamento da
RECURSOS DA DECISÃO
reclamação de competência originárias dos TRT´s e Recurso
Extraordinário do julgamento da Reclamação de competência
originária do TST e de julgamento do RO interposto em face da
decisão da Reclamação originária do TST.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
INQUÉRITO PARA APU- É uma ação constitutiva (negativa) necessária para apuração de
RAÇÃO DE FALTA falta grave que autoriza a resolução do contrato de trabalho do
GRAVE empregado estável por iniciativa do empregador.

27
São hipóteses em que será necessário o ajuizamento do Inquérito
para apuração da falta grave:
 Dirigente sindical;
 Empregados membros do Conselho Nacional da Previdência
Social;
 Empregados eleitos diretores de sociedade cooperativa;
 Estável decenal.
Não há que se falar em inquérito judicial para apuração de falta
grave nos casos de dispensa de: gestante, membros da CIPA ou
trabalhador acidentado.
O empregador tem a faculdade de suspender o empregado es-
tável que cometer falta grave podendo a suspensão durar até o
final do processo.
O inquérito deverá ser ajuizado por escrito, endereçando-o à vara
do trabalho, respeitando-se o prazo decadencial de 30 dias,
contados da data da suspensão do empregado.
No inquérito, admite-se até 6 testemunhas para cada uma das
partes.
Se houver comprovação da falta grave do empregado, a sentença
autorizará a rescisão do contrato de trabalho. E se o trabalhador
tiver sido suspendo, o contrato de trabalho será considerado res-
cindido desde a data da suspensão do empregado.
Mas se ficar reconhecida a inexistência de falta grave praticada
pelo empregado, ficará o empregador obrigado a reintegrá-lo no
serviço e a pagar-lhe os salários e demais verbas, a que teria di-
reito no período da suspensão.
ação de responsabilidade por danos morais e patrimoniais cau-
sados: l - ao meio-ambiente; ll - ao consumidor; III – a bens e
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagís-
tico; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo; V por
infração da ordem econômica; VI – à ordem urbanística; VII – à

28
honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos e VIII
– ao patrimônio público e social.
Compete ao Ministério Público do Trabalho promover a ação
civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de
interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais
constitucionalmente garantidos.
A competência territorial para a propositura da Ação Civil Pú-
blica, deverá ser levada em consideração a extensão do dano a
ser reparado.
Seu objeto é a condenação em dinheiro ou cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer.
Objetiva a desconstituição de sentença ou acórdão de mérito
A competência da ação rescisória sempre pertencerá a um tribu-
nal e não à Vara do trabalho.
Exigido o depósito prévio de 20%, do valor da causa, salvo prova
de miserabilidade jurídica do autor.
As hipóteses de cabimento da ação rescisória no Processo do
Trabalho estão elencadas no artigo 966 do CPC.
Já a legitimidade para propor tal ação, está elencada no artigo
967, do CPC.
O juízo competente poderá desconstituir a decisão e, se for o
AÇÃO RESCISÓRIA
caso, proferirá novo julgamento.
Para que seja ajuizada a ação rescisória, é necessária a existência
de dois pressupostos: a) o trânsito em julgado e b) a decisão de
mérito ou destituída de mérito, desde que impeça nova proposi-
tura da demanda ou a admissibilidade do recurso correspondente
O acordo homologado judicialmente poderá ser rescindido
APENAS por ação rescisória.
O direito de propor a Ação Rescisória se extingue no prazo de-
cadencial de 2 anos contados do dia subsequente ao trânsito em
julgado da última decisão proferida no processo.

29
É o remédio constitucional que visa proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, que te-
nha sido violado por autoridade coatora que seja autoridade pú-
blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.
O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado pela or-
ganização sindical, dentre outras entidades.
O prazo do Mandado de Segurança é de 120 dias, contados da
ciência pelo interessado do ato impugnado.
Há competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar
o Mandado de Segurança, quando o ato questionado envolver
matéria sujeita à sua jurisdição.
MANDADO DE SEGU-
Competência para julgamento é dos TRT’s, do TST e das Varas
RANÇA
do Trabalho.
Quando o mandado de segurança for de competência originária
do TRT, da decisão deste tribunal caberá recurso ordinário a ser
julgado pelo TST.
O mandado de segurança será INCOMPATÍVEL:
 Contra lei em tese;
 Contra ato judicial passível de recurso ou correição;
 Contra decisão judicial com trânsito em julgado;
 Contra decisão judicial passível de reforma mediante recurso
próprio, ainda que com efeito diferido;
 Para impugnar despacho que acolheu ou indeferiu liminar em
outro mandado de segurança.
A ação monitória visa propiciar a parte que tem prova escrita de
uma dívida que não possua um título executivo extrajudicial, a
AÇÃO MONITÓRIA oportunidade de ingressar com um procedimento mais simplifi-
cado, para que assim, o devedor fique adimplente com sua dívida
OU transformar a prova escrita em um título executivo judicial.

30
A ação monitória pode ser utilizada pelo empregado e pelo
empregador, visto que não existe nenhuma restrição no ordena-
mento jurídico.
. Caso a ação monitória seja ajuizada indevidamente, ou a parte
autora esteja agindo sob má-fé, este será condenado pelo juiz ao
pagamento, em favor da parte contrária, a pagamento de multa
de até 10% sobre o valor da causa.

31
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(INSTITUTO AOCP - 2018 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Judiciária)
Fernando, funcionário da montadora de veículos WMW S/A, é dirigente sindical e incorreu em
falta grave. A empregadora, prontamente, suspendeu o empregado, deixando de pagar-lhe sa-
lários a partir daí. Pretende a empregadora demitir Fernando. Em relação ao regramento apli-
cável à espécie para dispensa do empregado, assinale a alternativa correta.

A) A empresa WMW S/A deverá proceder à instauração de inquérito para apuração da falta para
dispensa do empregado perante a Justiça do Trabalho, apresentando reclamação escrita perante
a Vara do Trabalho ou Juízo de Direito no prazo prescricional de 2 anos.

B) A empresa WMW S/A deverá proceder à instauração de inquérito para apuração da falta para
dispensa do empregado perante a Justiça do Trabalho, apresentando reclamação escrita perante
a Vara do Trabalho ou Juízo de Direito dentro de 30 dias contados da data da suspensão do
empregado, podendo ouvir, para provar os fatos alegados, até 6 testemunhas.

C) Ainda que reconhecida a estabilidade do empregado, se provado o cometimento da falta


grave e julgado procedente o inquérito, este não terá direito ao pagamento dos salários não
pagos até a data de instalação do inquérito.

D) A empresa WMW S/A deverá proceder à instauração de inquérito para apuração da falta
para dispensa do empregado perante a Justiça do Trabalho, apresentando reclamação escrita
perante a Vara do Trabalho ou Juízo de Direito dentro de 15 dias contados da data da suspensão
do empregado, podendo ouvir, para provar os fatos alegados, até 6 testemunhas.

32
E) A empresa deverá apresentar reclamação escrita perante a Vara do Trabalho ou Juízo de
Direito dentro de 30 dias contados da data da suspensão do empregado, podendo ouvir, para
provar os fatos alegados, até 3 testemunhas.

Comentário:

Conforme a CLT, como regra cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser ele-
vado a 6 (seis). Vejamos:

Art. 821, CLT - Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três) testemu-
nhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6
(seis).

Questão 2

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal) Alguns procedimentos e ações especiais são amplamente aplicados na Justiça do Tra-
balho. Sobre a ação rescisória e o mandado de segurança no processo do trabalho à luz das
súmulas do Tribunal Superior do Trabalho:
A) A ação rescisória tem como um de seus fundamentos a violação literal de disposição de lei,
razão pela qual não é necessário que haja a expressa indicação, na petição inicial da ação
rescisória, do dispositivo legal violado.
B) Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente começa
a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do momento
em que tem ciência da fraude.
C) A sentença normativa proferida ou transitada em julgado posteriormente à sentença rescin-
denda é considerado documento novo apto a viabilizar a desconstituição de julgado em ação
rescisória.

33
D) O prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo
de petição fere direito líquido e certo passível de ajuizamento de mandado de segurança, uma
vez que o agravo de petição deve delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de
discordância.
E) O jus postulandi conferido às partes pela Consolidação das Leis do Trabalho limita-se às Varas
do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, alcançando inclusive a ação rescisória e o
mandado de segurança.

Comentário:

Sobre o tema o TST possui entendimento sumulado:

Súmula nº 100 do TST

AÇÃO RESCISÓRIA. DECADÊNCIA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 13,


16, 79, 102, 104, 122 e 145 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

(...)

VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória so-


mente começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a
partir do momento em que tem ciência da fraude. (...) (ex-OJ nº 145 da SBDI-2 - DJ
10.11.2004)

Questão 3

(FCC - 2017 - TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Analista Judiciário - Área Judiciária) A empresa
Gregos e Troianos Ltda. possui nos seus quadros um empregado que exerce o cargo de dirigente
sindical no sindicato que representa a categoria profissional dos empregados. Referido empre-
gado foi surpreendido embriagado no ambiente de trabalho e a empresa o suspendeu, preten-
dendo dispensar o mesmo por justa causa. Nessa hipótese, a empresa deverá

34
A) comunicar o sindicato da categoria no prazo de 5 dias para o mesmo instaurar inquérito para
apuração dos fatos.

B) marcar a homologação da rescisão do empregado perante o Ministério do Trabalho, o qual


deverá notificar o sindicato da categoria para tomar ciência da rescisão contratual de seu diri-
gente.

C) propor inquérito para apuração de falta grave perante a Vara do Trabalho competente, no
prazo de 30 dias da suspensão do empregado.

D) ajuizar inquérito civil perante o Ministério Público do Trabalho para apuração dos fatos, para
que a dispensa possa ter legitimidade.

E) ajuizar inquérito para apuração de falta grave perante o Tribunal Regional do Trabalho no
prazo de 60 dias da suspensão do empregado.

Comentário:

Pela Súmula nº 379 do TST o dirigente sindical, que é detentor de estabilidade provisória
em decorrência de sua atuação, somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a
apuração em inquérito judicial que possui o prazo DECADENCIAL de 30 dias para ajuizamento,
caso haja suspensão prévia do empregado, conforme artigos 494, 543, §3º e 853 da CLT.

Questão 4

(FCC - 2016 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário - Área Judiciária Especialidade
Oficial de Justiça Avaliador Federal) Sobre os procedimentos especiais de ação rescisória e
mandado de segurança, segundo entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho,

A) no caso da tutela antecipada ou liminar ser concedida antes da sentença, não cabe a impe-
tração do mandado de segurança, em face da existência de recurso próprio.

35
B) não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em
dinheiro do executado para garantir crédito exequendo, pois é prioritária e obedece à gradação
prevista no Código de Processo Civil.

C) fere direito líquido e certo que pode ser atacado por mandado de segurança o prossegui-
mento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo de petição.

D) a ação rescisória calcada em violação de lei também admite reexame de fatos e provas do
processo que originou a decisão rescindenda.

E) é documento novo apto a viabilizar a desconstituição de julgado a sentença normativa pro-


ferida ou transitada em julgado posteriormente à sentença rescindenda.

Comentário:

Vejamos o que expõe a súmula que trata do tema:

Súmula 417, TST: "Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que
determina penhora em dinheiro do executado para garantir crédito exequendo, pois é prioritária
e obedece à gradação prevista no art. 835 do CPC de 2015 (art. 655 do CPC de 1973)."

Convém colacionar o artigo do CPC/15:

Art. 835, CPC/15: A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação
em mercado;

III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; (...)

Questão 5
36
(FCC - 2018 - TRT - 15ª Região (SP) - Oficial de Justiça Avaliador Federal) Conceder-se-á
mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. No processo do trabalho, de acordo
com o entendimento pacificado pelo TST,

A) fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não
especificados no agravo de petição.

B) constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão do empregado, ainda que de-
tentor de estabilidade sindical, até a decisão final do inquérito em que se apure a falta grave a
ele imputada.

C) em execução definitiva, tem o executado direito líquido e certo a que os valores penhorados
em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que haja discordância do credor.

D) fere direito líquido e certo a concessão de liminar obstativa de transferência de empregado.

E) existe direito líquido e certo a ser oposto contra ato de Juiz que, antecipando a tutela juris-
dicional, determina a reintegração do empregado até a decisão final do processo nos casos de
anistiado pela Lei nº 8.878/1994, aposentado, integrante de comissão de fábrica, dirigente sin-
dical, portador de doença profissional, portador de vírus HIV ou detentor de estabilidade pro-
visória prevista em norma coletiva.

Comentário:

A Súmula 416 do TST especifica que o agravo de petição deve delimitar justificadamente
a matéria e os valores objeto de discordância da parte, não ferindo direito líquido e certo o
prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo.
Constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão do empregado, ainda que
detentor de estabilidade sindical, até a decisão final do inquérito em que se apure a falta grave

37
a ele imputada, na forma do art. 494, “caput” e parágrafo único, da CLT, como dispõe a
Orientação Jurisprudencial 137 da SDI-2.
O item II da Súmula 417, do TST afirma que havendo discordância do credor, em execução
definitiva, não tem o executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em
dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 840,
I, do CPC de 2015.
Não fere direito líquido e certo a concessão de liminar obstativa de transferência de
empregado, de competência do juiz do trabalho, pelo disposto na Orientação Jurisprudencial
67 da SDI-2.
Conforme a Orientação Jurisprudencial 142 da SDI-2, inexiste direito líquido e certo a ser
oposto contra ato de Juiz que, antecipando a tutela jurisdicional, determina a reintegração do
empregado até a decisão final do processo, quando demonstrada a razoabilidade do direito
subjetivo material, como nos casos de anistiado pela Lei nº 8.878/94, aposentado, integrante
de comissão de fábrica, dirigente sindical, portador de doença profissional, portador de vírus
HIV ou detentor de estabilidade provisória prevista em norma coletiva.

Questão 6

(FCC - 2016 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário - Área Judiciária Especialidade
Oficial de Justiça Avaliador Federal) O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transpor-
tes de Brasília e demais cidades-satélite do Distrito Federal resolve interpor dissídio coletivo de
greve, sendo que a competência para conhecê-lo será

A) da Vara do Trabalho situada na área do dissídio coletivo.

B) da Seção de Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho.

C) do Ministério Público do Trabalho, junto à Procuradoria Geral do Trabalho.

D) da Comissão de Conciliação Prévia intersindical da categoria no Distrito Federal.

E) do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, Distrito Federal, com sede em Brasília.

38
Comentário:

É bom lembrar que quando tratar-se de competência originária para julgar Dissídios
Coletivos, ela sempre será de um Tribunal.

Será julgado pelo TRT do local onde ocorreu o conflito se restringir-se à jurisdição de
1 tribunal.

Será julgado pelo TST, por meio da SDC, se extrapolar a jurisdição de um tribunal. (Ex-
ceção, conflito que abrange o TRT da 2ª região e o da 15ª)

Art. 677 - A competência dos Tribunais Regionais determina-se pela forma indicada no
art. 651 e seus parágrafos e, nos casos de dissídio coletivo, pelo local onde este ocorrer.

Questão 7

(FCC - 2016 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz do Trabalho Substituto) Para desconstituir a adju-
dicação de imóvel penhorado em favor do exequente, já expedida a carta de adjudicação, a
medida cabível é:
A) Ação quanti minoris.
B) Agravo de petição.
C) Ação rescisória.
D) Mandado de segurança.
E) Ação anulatória.

Comentário:

Uma vez que as decisões homologatórias de adjudicação ou arrematação tem natureza


de decisão interlocutória (não são sentença), a ação cabível é a anulatória.

Art. 966, § 4º do CPC: Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por
outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios
praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.

39
Questão 8

(FCC - 2017 - TST - Juiz do Trabalho Substituto) Em consonância com as regras da CLT e as
Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST sobre a ação rescisória no processo do trabalho,
é correto afirmar:
A) Há capacidade postulatória das partes para propor ação rescisória na Justiça do Trabalho
sem a necessidade de representação por advogado.
B) Não cabe o requerimento de tutela provisória em sede de ação rescisória.
C) Não há exigência de depósito prévio à propositura de ação rescisória na Justiça do Trabalho.
D) Cabe ação rescisória contra julgamento que deixa de apreciar requerimento expressamente
formulado pela parte, mesmo se não houver a interposição de embargos de declaração.
E) Há submissão da ação rescisória a prazo decadencial, contado a partir do dia seguinte ao
trânsito em julgado da última decisão, necessariamente de mérito, do processo.

Comentário:

A Súmula nº 425 do TST exclui, expressamente, do jus postulandi das partes na Justiça do
Trabalho o ajuizamento da Ação Rescisória.

Pela Súmula nº 405 do TST é cabível o pedido de tutela provisória formulado na petição
inicial de ação rescisória ou na fase recursal, visando a suspender a execução da decisão res-
cindenda.

A necessidade de depósito prévio de 20% do valor da causa, salvo se o autor comprovar sua
ausência de recursos, é requisito específico de ajuizamento da Ação Rescisória conforme prevê
o artigo 836 da CLT.

O item I da Súmula 100 do TST afirma que o prazo de DECADÊNCIA, na AÇÃO RESCISÓRIA,
conta-se do dia imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida
na causa, seja de mérito ou não.

Questão 9
40
(TRT 2R (SP) - 2016 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Juiz do Trabalho Substituto) A respeito da ação
rescisória no Processo do Trabalho assinale a alternativa correta:
A) O depósito recursal é pressuposto de admissibilidade indispensável à interposição de recurso
ordinário em ação rescisória.
B) O prazo decadencial para propositura de ação rescisória será sempre contado após o decurso
do prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário ao STF.
C) Considera-se de interpretação controvertida nos Tribunais a matéria consagrada por iterativa,
notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.
D) A oposição de exceção de incompetência no prazo recursal afasta de plano a consumação
da coisa julgada, postergando o termo inicial do prazo decadencial para a ação rescisória.
E) Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e
em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em
julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar
insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em
julgado da decisão que julgar o recurso parcial.

Comentário:

Conforme a Súmula 100 II, TST:

Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e


em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em
julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar
insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em
julgado da decisão que julgar o recurso parcial. (ex-Súmula nº 100 - alterada pela Res. 109/2001,
DJ 20.04.2001) .

Questão 10

(TRT 2R (SP) - 2016 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Juiz do Trabalho Substituto) Quanto aos
dissídios coletivos e ação de cumprimento, assinale a alternativa INCORRETA:
41
A) Somente com o trânsito em julgado da sentença normativa é que começa a fluir o prazo
prescricional da ação de cumprimento correspondente.
B) Em dissídio coletivo somente se consubstancia a coisa julgada formal.
C) É dispensável o trânsito em julgado da sentença normativa para a propositura da ação de
cumprimento.
D) É incabível a oposição de exceção de pré-executividade contra execução de cláusula de
sentença normativa reformada em sede de dissídio coletivo.
E) A legitimidade do sindicato para propor ação de cumprimento estende-se também à obser-
vância de acordo ou de convenção coletivos.

Comentário:

Conforme a Súmula nº 397 do TST:

AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 966, IV, DO CPC DE 2015 . ART. 485, IV, DO CPC DE 1973. AÇÃO
DE CUMPRIMENTO. OFENSA À COISA JULGADA EMANADA DE SENTENÇA NORMATIVA MODI-
FICADA EM GRAU DE RECURSO. INVIABILIDADE. CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA.
(atualizada em decorrência do CPC de 2015) – Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e
26.04.2016

Não procede ação rescisória calcada em ofensa à coisa julgada perpetrada por decisão
proferida em ação de cumprimento, em face de a sentença normativa, na qual se louvava, ter
sido modificada em grau de recurso, porque em dissídio coletivo somente se consubstancia
coisa julgada formal. Assim, os meios processuais aptos a atacarem a execução da cláusula
reformada são a exceção de pré-executividade e o mandado de segurança, no caso de descum-
primento do art. 514 do CPC de 2015 (art. 572 do CPC de 1973). (ex-OJ nº 116 da SBDI-2 - DJ
11.08.2003)

42
GABARITO

Questão 1 - B

Questão 2 - B

Questão 3 - C

Questão 4 - B

Questão 5 - B

Questão 6 - E

Questão 7 - E

Questão 8 - D

Questão 9 - E

Questão 10 - D

43
QUESTÃO DESAFIO

Acerca dos temas da ação civil pública e da ação civil coletiva,


responda:

Qual a competência territorial, em sede de ação civil pública, no


caso de dano de abrangência regional, que atinja cidades sujeitas à
jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho? Fundamente.

Qual a natureza da ação civil coletiva?

44
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO

a) A competência será de quaisquer das varas das localidades atingidas, ainda que vin-
culadas a TRTs distintos (OJ 130, II, SDI-II, TST);

b) Diferentemente da ação civil pública, a ação civil coletiva tem natureza reparatória
concreta, com a finalidade de reparar os danos causados aos trabalhadores.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Quaisquer das varas das localidades atingidas

O TST, na Orientação Jurisprudencial nº 130 da SDI-II do TST, dispõe que dano regional é
aquele que atinge cidades sujeitas à jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, ainda que
vinculadas a Tribunais Regionais do Trabalho distintos.

Vale destacar que a competência para a ação civil pública fixa-se pela extensão do dano, e
que o TST reconheceu a competência funcional da Vara de Trabalho (e não dos tribunais) para
o julgamento de ação civil pública, pois nessa ação não se busca a criação de direitos como no
dissídio coletivo, mas sim a aplicação do direito preexistente (CORREIA, Henrique; MIESSA, Élis-
son. Súmulas e OJs do TST comentadas e organizadas por assunto. 8. ed. Salvador: Editora
Juspoidvm, 2018, p. 1325).

No dano regional, a competência será entre as varas das localidades atingidas, ou seja, dos
juízos do local do dano, definindo-se pela prevenção. Tal competência tem como objetivo “fa-
cilitar o ajuizamento da ação e a coleta da prova, bem como assegurar que a instrução e o
julgamento sejam realizados pelo juízo que maior contato tenha tido ou possa ter com o dano
efetivo ou potencial aos interesses transindividuais” (MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos inte-
resses difusos em juízo: meio ambiente, consumidor, patrimônio cultural, patrimônio público e
outros interesses. 19. ed. Ver., apl. E atual. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 237-238).

 Natureza reparatória concreta

A primeira menção legislativa à ação civil pública foi feita no art. 91, Lei 8.078/90, e no art.
6º, XII, LC 75/93. É uma das espécies do gênero ação coletiva, com a finalidade exclusiva de
proteção dos interesses e direitos individuais homogêneos.
45
Diferentemente da ação civil pública, a qual possui caráter genérico e abstrato, a ação civil
coletiva tem natureza reparatória concreta, com a finalidade de reparar os danos causados aos
trabalhadores (JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. Di-
reito Processual do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019, p. 1419).

No âmbito trabalhista, segundo Raimundo Simão de Melo “pode-se pensar na ação civil
coletiva para buscar a reparação decorrente de descontos ilegais dos salários dos trabalhadores,
em razão de um ato comum do empregador [...]. Além desses exemplos, outros são possíveis,
como no caso do pagamento de verbas rescisórias para um grupo de trabalhadores dispensados
sem justa causa, para depósito ou pagamento direto do FGTS em atraso, para reconhecimento
da obrigação de pagar adicionais de remuneração, como os de insalubridade, periculosidade,
penosidade, por tempo de serviço etc.” (MELO, Raimundo Simão. Ação civil pública na Justiça
do Trabalho, 2. ed. São Paulo: LTr, 2002, p. 208).

46
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Dissídio coletivo

 Súmula: 190, 246, 279, 286 e 350 do TST;


 Orientações Jurisprudenciais da SDC: 2, 3, 5, 7, 9, 15, 19, 22, 23, 27, 29, 32 e 34;
 Orientações Jurisprudenciais da SDI-I: 188 e 277;
 CLT: Arts. 614, 616, 766, 856 a 875;
 CF/88: Art. 114;

Correição Parcial

 CLT: Arts. 709;

Reclamação

 CPC 2015: Art. 311, 988, 989, 990, 991, 993, 1.021, 1.022;
 CF/88: Art. 102, 103-A, 105, 111-A, 114;
 IN 39/2016: Art. 3º, 10.

Procedimentos Especiais:

- Inquérito para apuração de falta grave:


 CLT: Arts. 494 e 495, 543, 821, 853 e 855;
47
- Ação Civil Pública:
 Lei nº 7.347/85: Arts. 1º a 21;
 CDC: Arts. 81, 83, 84, 93, 103 e 104.

- Ação Rescisória:
 CLT: Arts. 831 e 836;
 CPC/15: Arts. 966 a 975;
 CP: Arts. 316 a 319;
 Súmulas TST: 83, 99, 100, 158, 192, 259, 298, 299, 397, 398, 399, 400, 401, 402, 403,
405, 406, 407, 408, 409, 410, 411 e 412;
 Orientações Jurisprudenciais da SDI-II: 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 18, 19, 21, 23,
24, 25, 26, 30, 34, 35, 38, 39, 41, 69, 70, 71, 78, 80, 84, 94, 97, 101, 103, 107, 112, 123,
124, 128, 131, 134, 135, 136, 146, 150, 151, 152, 154, 157 e 158.

- Mandado de Segurança:
 CF/88: Art. 114;
 Lei nº 12.016/19: Arts. 1º a 25;
 Súmulas do TST: 33, 201, 414, 415, 416, 417, 418.
 Orientações Jurisprudenciais da SDI-II: 53, 54, 56, 57, 59, 63, 64, 65, 66, 67, 69, 88,
91, 92, 93, 98, 99, 100, 127, 137, 140, 142, 144, 148, 151 152 e 153.

 Súmula nº 442 do TST

Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de recurso de revista está limitada à

demonstração de violação direta a dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal


Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por contrariedade a Orientação Jurisprudencial deste Tribunal
(Livro II, Título II, Capítulo III, do RITST), ante a ausência de previsão no art. 896, § 6º, da CLT.

 Súmula nº 458 do TST

Em causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, em que pese a limitação imposta no art. 896, § 6º, da CLT
à interposição de recurso de revista, admitem-se os embargos interpostos na vigência da Lei nº 11.496, de
22.06.2007, que conferiu nova redação ao art. 894 da CLT, quando demonstrada a divergência jurisprudencial entre

48
Turmas do TST, fundada em interpretações diversas acerca da aplicação de mesmo dispositivo constitucional ou
de matéria sumulada.

 Súmula nº 350 do TST

O prazo de prescrição com relação à ação de cumprimento de decisão normativa flui apenas da data de seu
trânsito em julgado.

 Súmula nº 190 do TST

Ao julgar ou homologar ação coletiva ou acordo nela havido, o Tribunal Superior do Trabalho exerce o poder
normativo constitucional, não podendo criar ou homologar condições de trabalho que o Supremo Tribunal Federal
julgue iterativamente inconstitucionais.

 Súmula nº 417 do TST

I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em dinheiro do execu-
tado para garantir crédito exequendo, pois é prioritária e obedece à gradação prevista no art. 835 do CPC de 2015
(art. 655 do CPC de 1973).

II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito líquido e certo a que
os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art.
840, I, do CPC de 2015 (art. 666, I, do CPC de 1973).

 Súmula nº 410 do TST

A ação rescisória calcada em violação de lei não admite reexame de fatos e provas do processo que originou
a decisão rescindenda.

 Súmula nº 406 do TST

I - O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao polo passivo da demanda, porque supõe
uma comunidade de direitos ou de obrigações que não admite solução díspar para os litisconsortes, em face da
indivisibilidade do objeto. Já em relação ao polo ativo, o litisconsórcio é facultativo, uma vez que a aglutinação de
autores se faz por conveniência e não pela necessidade decorrente da natureza do litígio, pois não se pode con-
dicionar o exercício do direito individual de um dos litigantes no processo originário à anuência dos demais para

retomar a lide.

II - O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação trabalhista, em cujos autos fora proferida a decisão
rescindenda, possui legitimidade para figurar como réu na ação rescisória, sendo descabida a exigência de citação
de todos os empregados substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio passivo necessário.

49
 Súmula nº 398 do TST

Na ação rescisória, o que se ataca é a decisão, ato oficial do Estado, acobertado pelo manto da coisa julgada.
Assim, e considerando que a coisa julgada envolve questão de ordem pública, a revelia não produz confissão na
ação rescisória.

 Súmula nº 259 do TST

Só por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do art. 831 da CLT.

JURISPRUDÊNCIA

Dissídio Coletivo

 TST-ReeNec e RO-6371-79.2016.5.15.0000, SDC, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho,
12.8.2019 – Informativo TST nº 202.

Dissídio coletivo de greve. Abusividade do movimento paredista. Servidores celetistas de autarquia estadual.
Incompetência da Justiça do Trabalho. CONFORME DECIDIDO PELO STF, EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL, "A

JUSTIÇA COMUM FEDERAL OU ESTADUAL É COMPETENTE PARA JULGAR A ABUSIVIDADE DE GREVE DE


SERVIDORES PÚBLICOS CELETISTAS DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES DE DIREITO

PÚBLICO” (Tema 544 - RE nº 846854/SP). Assim, a Justiça do Trabalho é incompetente para apreciar dissídio

coletivo de greve em que se discute a abusividade do movimento paredista deflagrado por servidores celetistas do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, autarquia estadual.
No caso, registrou-se que, embora a decisão recorrida seja anterior à publicação do acórdão da repercussão geral,
a tese fixada é aplicável ex tunc porque não houve modulação dos efeitos. Sob esses fundamentos, a SDC, por
maioria, acolheu a preliminar de incompetência absoluta da Justiça do Trabalho e determinou a remessa dos autos
à Justiça Comum Estadual.

 TST-RO- 10782-38.2015.5.03.0000, Tribunal Pleno, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, red. p/ acór-
dão Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 18.12.2017 – Informativo TST nº 170.

50
Matéria afetada ao Tribunal Pleno. Art. 77, II, do RITST/2008. Dispensa em massa de trabalhadores. Ajuizamento
de dissídio coletivo de natureza jurídica. Inadequação da via eleita. Configuração de dissídio individual plúrimo.

Extinção do processo sem resolução de mérito. É incabível o ajuizamento de dissídio coletivo de natureza jurídica
para obter o reconhecimento da nulidade da dispensa em massa e a condenação da suscitada à reintegração dos
trabalhadores e ao pagamento dos respectivos consectários legais. No caso,
consignou-se que o provimento pretendido era condenatório, configurando, portanto, hipótese de ajuizamento de
dissídio individual plúrimo, de competência da Vara do Trabalho, visto que o dissídio coletivo de natureza jurídica
é limitado à interpretação de norma autônoma ou heterônoma específica de uma categoria, nos moldes do disposto

na Orientação Jurisprudencial nº 7 da SDC. Sob esse fundamento, o Tribunal Pleno, por maioria, negou provimento
ao recurso ordinário interposto pelo sindicato profissional, mantendo a extinção do processo, sem resolução do
mérito, por inadequação da via eleita em matéria de dispensa coletiva.

 TST-RO- 5902-33.2016.5.15.0000, SDC, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 11.6.2018 – Informativo
TST nº 180.

Participação nos lucros e resultados. Arbitragem de ofertas finais. Não apresentação de propostas definitivas

pelas partes. Atuação do TRT para solucionar o litígio. Impossibilidade. Extrapolação dos limites do poder normativo
fixados pelos interessados. A jurisprudência do TST, alicerçada no art. 4º, II, § 1º, da Lei nº 10.101/2000,
permite à Justiça do Trabalho decidir a respeito de participação nos lucros e resultados por meio do sistema da

arbitragem de ofertas finais, quando as partes assim pactuarem. Tal sistema, todavia, não comporta a atuação do
TRT, ainda que com a finalidade de pacificar o conflito, pois o árbitro deve ater-se a escolher uma das ofertas
definitivas apresentadas pelos demandantes. Assim, na hipótese em que a Corte Regional, ante a ausência de
propostas das partes, desempenhou o papel de mediador do conflito e arbitrou valor para cada trabalhador a título
de participação nos lucros e resultados, verifica-se que houve extrapolamento da expressa delimitação fixada pelos
interessados para a atuação do poder normativo. Sob esse entendimento, a SDC, por unanimidade, conheceu do
recurso ordinário e, no mérito, deu-lhe provimento para excluir a condenação relativa ao pagamento de participação
nos lucros e resultados no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para cada trabalhador da Duratex S.A., resguardadas

as situações fáticas já estabelecidas.

Procedimentos Especiais

 TST-RO-80085-43.2017.5.22.0000, SBDI-II, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, 26.3.2019 – Infor-


mativo TST nº 193.

Mandado de segurança. Execução. Bloqueio de conta-salário, conta poupança e aplicações financeiras do côn-
juge do executado. Ilegalidade. Ausência de proveito comum do casal advindo da atividade exercida pelo sócio da

cooperativa executada. Demonstração da incomunicabilidade de valores oriundos de salário.

51
A SBDI-II, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário e, no mérito, deu-lhe provimento para conceder a
segurança, a fim de liberar integralmente a penhora que recaiu sobre a conta-salário, a conta poupança e aplica-

ções financeiras da impetrante, esposa de sócio-presidente de cooperativa, cujo patrimônio pessoal fora atingido
após a desconsideração da personalidade jurídica da entidade. No caso, ante a insuficiência de bens do sócio, o
ato coator determinou a constrição do patrimônio da esposa do executado com base na suposição de
que a atividade exercida pelo presidente da cooperativa reverteu em proveito comum para o casal. Todavia, restou
configurada a absoluta ilegalidade da apreensão levada a efeito pelo Juízo condutor da execução, visto que a prova
documental pré-constituída pela impetrante demonstrou que os valores constritos eram incomunicáveis, pois ori-

undos dos salários por ela recebidos.

 TST-RO-155-18.2018.5.12.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, 11.6.2019 –


Informativo TST nº 199.

Mandado de segurança. Cabimento. Ação coletiva. Determinação de emenda à petição inicial, sob pena de
indeferimento. Ato teratológico. Exigência de requisitos não previstos em lei. Orientação Jurisprudencial nº 92 da

SBDI-II. Não incidência. Cabe mandado de segurança contra decisão que nos autos de ação coletiva determinou a
emenda da petição inicial, sob pena de indeferimento, para que fossem identificados os setores e os cargos dos
substituídos, os locais de trabalho dos substituídos expostos a agentes perigosos, quais recebiam adicional de

insalubridade e a que agentes insalubres estavam submetidos. Trata-se de ato de nítido caráter teratológico, que
causou prejuízos imediatos ao sindicato impetrante, pois exigidos requisitos não previstos em lei para o ajuizamento
da ação coletiva, em flagrante desrespeito ao art. 8º, III, da CF (ampla legitimidade sindical) e aos arts. 95 e 98 do
CDC, os quais autorizam a condenação genérica nas ações coletivas, com posterior liquidação individualizada na
fase de cumprimento da sentença. Assim, faz-se necessário afastar, de forma excepcional, a aplicação da Orientação

Jurisprudencial nº 92 da SBDI-II para permitir o manejo imediato do writ e assegurar ao impetrante o direito ao

prosseguimento da ação coletiva na forma como proposta. Sob esse entendimento, a SBDI-II, por unanimidade,
conheceu do recurso ordinário e, no mérito, deu-lhes provimento para conceder
a segurança, cassar a ordem de emenda à inicial e determinar o prosseguimento do feito.

 TST-E-RR-2713- 60.2011.5.02.0040, SBDI-I, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, red. p/ acór-
dão Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em 8.8.2019 – Informativo TST nº 201.

Ação civil pública. Ministério Público do Trabalho. Legitimidade ativa. Pedido de abstenção de exigência de
jornada acima do limite legal permitido e observância dos intervalos interjornadas. Ação fundada em autos de
infração referentes a uma única empregada. Não modificação da natureza coletiva da ação. O Ministério Público
do Trabalho tem legitimidade para ajuizar ação civil pública pleiteando a abstenção da empresa empregadora de
exigir o cumprimento de jornada além do limite legal e a concessão regular do intervalo entre duas jornadas

previsto no art. 66 da CLT, mesmo na hipótese em que a ação esteja fundada apenas em três autos de infração,

52
dois deles referindo-se aos direitos discutidos, mas limitados a uma única empregada. O fato de haver a compro-
vação de lesão a apenas uma trabalhadora não desnatura o caráter coletivo da demanda, pois o que se busca não

é o ressarcimento da empregada, mas a observância das normas relativas à duração do trabalho e dos respectivos
intervalos interjornadas, em defesa do ordenamento jurídico e, de forma secundária, do conjunto de empregados
da reclamada.

 TST-E-RR-62600-91.2009.5.01.0421, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, 24.10.2019


– Informativo TST nº 210.

Ação civil pública. Ministério Público do Trabalho. Cabimento. Obrigação de não fazer. Não concessão de vale-

transporte em dinheiro. Ausência de pedido de nulidade da norma coletiva em que amparado o pagamento. É
cabível ação civil pública em que o Ministério Público do Trabalho requer que a empresa ré se abstenha de conceder
a seus empregados o vale-transporte em dinheiro, sem, todavia, formular pedido de nulidade da norma coletiva
que ensejou a prática adotada pela empregadora. No caso, a validade e a eficácia da cláusula coletiva foram
questionadas apenas como causa de pedir, ensejando provimento incidenter tantum. Ademais, como a pretensão
formulada pelo MPT não é de nulidade expressa e total da cláusula da norma coletiva com eficácia ultra partes,

mas de cumprimento de obrigação de não fazer cominada com aplicação de penalidade por eventual descumpri-
mento, a ação cabível é a ação civil pública e não ação anulatória, a qual teria natureza exclusivamente declaratória
e competência funcional para julgamento do TRT ou do TST, e não da Vara do Trabalho. Sob esse entendimento,

a SBDI-I, em sua composição plena, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial e,
no mérito, por maioria, negou-lhes provimento para manter a decisão turmária que reconhecera a legitimidade
ativa do MPT para propor ação civil pública na espécie.

 TST-RO-1001448-87.2015.5.02.0000, SBDI-II, rel, Min. Emmanoel Pereira, red. p/ acórdão Min.


Douglas Alencar Rodrigues, 15.10.2019 – Informativo TST nº 209.

Ação rescisória. Falecimento do réu antes do ajuizamento da ação. Desconhecimento pela parte autora. Emenda
à petição inicial. Possibilidade. Arts. 139, IX, e 317 do CPC de 2015. Na hipótese em que o autor, no momento do

ajuizamento da ação rescisória, desconhecia o falecimento do réu, admite-se a emenda à petição inicial, pois a
sanabilidade dos defeitos que possam impedir o exame do mérito é a regra adotada pelo CPC de 2015 (arts. 139,
IX, e 317), e o vício em questão pode ser facilmente suprido mediante a retificação do polo passivo. No caso, o

TRT de origem, ao verificar que o falecimento do réu ocorreu antes da propositura da ação rescisória, manteve a
decisão monocrática que extinguiu o processo, sem resolução de mérito, por ausência de pressuposto de consti-
tuição do processo referente à existência da parte. Sob esse entendimento, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu

do recurso ordinário do autor e, no mérito, por maioria, deu-lhe provimento para determinar o retorno dos autos
à Corte de origem para a regularização do polo passivo e posterior retomada do curso legal do processo, como
de direito.

53
 TST-RO-10196-96.2013.5.02.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria Helena Mallmann,
27.8.2019 – Informativo TST nº 203.

Ação rescisória. Desconstituição do capítulo atinente às custas processuais no processo matriz. Ilegitimidade
passiva da União. Interesse meramente econômico. A União é parte ilegítima para figurar no polo passivo de ação

rescisória cujo propósito é desconstituir capítulo atinente às custas processuais do processo matriz do qual não
fizera parte. O argumento de que haveria legitimidade do ente público em razão de ser o destinatário das custas
processuais não prevalece, pois o interesse, no caso, é meramente econômico. Se assim não fosse, a União teria
que integrar obrigatoriamente todas as ações rescisórias, ainda que não se discutisse o capítulo referentes às custas,
e todas as demais ações, simplesmente pela razão de ser a detentora das custas processuais e de elas serem
arbitradas, por força de lei, em praticamente todos os processos. Sob esse entendimento, a SBDI-II, por unanimi-
dade, conheceu do recurso ordinário e, por maioria, de ofício, declarou extinto o processo sem resolução de mérito
em relação à União, por ilegitimidade passiva.

 TST-RO-515-18.2018.5.06.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 5.11.2019 – Informa-


tivo TST nº 211.

Mandado de segurança. Cabimento. Inaplicabilidade da Orientação Jurisprudencial nº 92 da SBDI-II. Rejeição


da exceção de pré-executividade. Ação autônoma de cumprimento de sentença condenatória proferida em ação
civil pública. Ausência do título executivo judicial e de prévio debate sobre os cálculos de liquidação. Bloqueio
de contas bancárias. Cabe mandado de segurança contra decisão que rejeita exceção de pré-executividade proposta

em face de ação executiva autônoma, relativa ao cumprimento de sentença proferida em ação civil pública, iniciada

sem a juntada do provimento condenatório expedido no processo principal e sem o cumprimento do disposto no
art. 879, § 2º, da CLT, que impõe ao Juízo que preside a execução o dever de permitir que as partes impugnem

itens e valores na conta de liquidação. Na espécie, concluiu-se não ser aplicável o entendimento consubstanciado

na Orientação Jurisprudencial nº 92 da SBDI-II, pois à luz dos princípios do


devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, não é razoável que a parte que nega o descumprimento
das obrigações contidas no título executivo judicial e impugna a imposição das sanções nele previstas tenha que
primeiro suportar a apreensão de seu patrimônio (bloqueio de contas bancárias) para depois ter a possibilidade de

discutir a licitude da execução e o acerto da conta confeccionada pela parte exequente. Sob esse fundamento, a
SBDI-II, por unanimidade, conheceu e deu provimento ao recurso ordinário para afirmar o cabimento do writ e

determinar que o TRT de origem prossiga no processamento e julgamento, com notificação da autoridade tida
como coatora e do litisconsorte passivo, deferindo a liminar postulada para suspender a execução em curso na
ação de cumprimento originária até o trânsito em julgado do mandado de segurança, com a imediata devolução
dos valores já apreendidos à impetrante.

IRDR – Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas


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 TST-RO-21242-23.2016.5.04.0000, Órgão Especial, rel. Min. Maria Helena Mallmann, 6.8.2018 –
Informativo TST nº 180.

Não cabe recurso ordinário contra decisão de TRT que não admite Incidente de Resolução de Demanda Repe-
titiva - IRDR. Embora o IRDR seja compatível com o processo do trabalho, nos termos da IN 39 do TST, o art. 987

do CPC de 2015 admite a interposição de recurso de natureza extraordinária apenas quando houver o julgamento
do mérito do incidente. Sob esse entendimento, o Órgão Especial, por unanimidade, não conheceu do recurso
ordinário.

 TST-RO-21242- 23.2016.5.04.0000, Órgão Especial, rel. Min. Maria Helena Mallmann, 6.8.2018 (In-
formativo TST nº 181).

Incidente de Resolução de Demanda Repetitiva. Não conhecimento pelo TRT. Recurso ordinário. Não cabimento.
Art. 987 do CPC de 2015. Não cabe recurso ordinário contra decisão de TRT que não admite Incidente de Resolução

de Demanda Repetitiva - IRDR. Embora o IRDR seja compatível com o processo do trabalho, nos termos da IN 39
do TST, o art. 987 do CPC de 2015 admite a interposição de recurso de natureza extraordinária apenas quando

houver o julgamento do mérito do incidente. Sob esse entendimento, o Órgão

Especial, por unanimidade, não conheceu do recurso ordinário.

55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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amp. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e do STJ anotadas e organizadas por assunto. 5ª Ed.

rev., atual. e ampl. Salvador: Jus Podivm, 2019.

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LEITE, Carlos Henrique Bezerra. CLT Organizada. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

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MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos Públicos. 5ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

MIZIARA, Raphael; LENZA, Breno. Jurisprudência Trabalhista: principais decisões do TST, STF e STJ organi-

zadas por assunto. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.

PEREIRA, Leone. Manual de processo do trabalho. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada [livro eletrônico]. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil,
2018.

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