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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO ............................................................ 5

2.1 Objetivos da administração na de segurança do trabalho .................... 6

2.2 Evolução administrativa/organizacional (conhecimento) ...................... 7

2.3 O processo de transição das empresas ............................................... 7

2.4 Princípios básicos da administração .................................................... 8

2.4.1 Divisão do trabalho............................................................................... 8

2.4.2 Subordinação ao Interesse geral.......................................................... 8

2.4.3 Remuneração do Pessoal: ................................................................... 9

2.4.4 Centralização/descentralização............................................................ 9

2.4.5 União do pessoal ................................................................................ 10

3 FUNÇÕES CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO ....................................... 10

3.1 Organizar ............................................................................................ 10

3.2 Comandar ........................................................................................... 10

3.3 Controlar............................................................................................. 11

3.4 Avaliar ................................................................................................ 11

3.5 Coordenar .......................................................................................... 12

3.6 Supervisionar ..................................................................................... 12

4 ADMINISTRAÇÃO DO PROGRAMA DE SEGURANÇA .......................... 13

5 POLÍTICA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ......................................... 14

5.1 Pressupostos...................................................................................... 14

5.2 Definição da política de segurança..................................................... 15

5.3 Gerenciamento de linha ..................................................................... 16

5.4 Criação da consciência prevencionista dos empregados ................... 18

5.5 Pronta Remoção das Condições Inseguras de Trabalho ................... 18

1
6 PROGRAMA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ..................................... 20

7 SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E


MEDICINA DO TRABALHO (SESMT)....................................................................... 24

7.1 Engenheiro de segurança do trabalho................................................ 24

7.2 Médico do trabalho ............................................................................. 24

7.3 Enfermeiro do trabalho ....................................................................... 25

7.4 Auxiliar de enfermagem do trabalho ................................................... 25

7.5 Técnico de segurança do trabalho ..................................................... 25

7.6 Programas do SESMT ........................................................................ 27

8 ORGANIZAÇÃO DA CIPA ........................................................................ 29

9 NR 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES .......... 29

10 TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO E


INCIDENTES 40

10.1 O indivíduo (I).................................................................................. 40

10.2 A tarefa (T) ...................................................................................... 41

10.3 O material (M) ................................................................................. 41

10.4 O meio de trabalho (MT) ................................................................. 42

10.5 Metodologia de investigação e análise de acidentes de trabalho ... 42

10.6 Técnica de análise sistemática de causas ...................................... 47

10.7 Necessidade de ação e controle (NAC) .......................................... 48

10.8 Árvore de causas (ADC) ................................................................. 49

10.9 Consequências dos acidentes de trabalho...................................... 52

11 NORMA OHSAS 18001 ...................................................................... 53

11.1 Origem, conceito e evolução da Norma Occupational Health and


Safety Assessment Series (OHSAS) 18001 .......................................................... 53

11.2 Dicionário da saúde e segurança do trabalho ................................. 55

11.3 Requisitos mínimos para melhores práticas em gestão de saúde e


segurança ocupacional .......................................................................................... 57
2
10.3.1 Políticas de saúde e segurança do trabalho .................................... 57

10.3.2 Planejamento do sistema ................................................................. 57

10.3.3 Implementação e implantação do sistema ....................................... 58

10.3.4 Documentação do sistema ............................................................... 58

10.3.5 Controle da documentação .............................................................. 59

10.3.6 Análise e interpretação dos resultados ............................................ 60

11.4 O engenheiro e as etapas de implantação ...................................... 60

10.4.1 Manifestação da necessidade de um sistema .................................. 60

10.4.2 Planejamento ................................................................................... 61

10.4.3 Preparação, implantação e operação do sistema ............................ 61

10.4.4 Manutenção e melhoria .................................................................... 61

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 65

3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO

O conceito de Administração é bastante amplo e deve ser lembrado sempre


que se inicia um estudo sobre o assunto. De modo geral, podemos definir
Administração como o campo de conhecimento e de atividade que se ocupa com
situações nas quais um indivíduo ou grupo de indivíduos se empenha em alcançar
objetivos, valendo-se do trabalho de várias pessoas (SILVA, 2013).
Embora a administração, sob diferentes formas, perpasse toda a vida dos seres
humanos, em todos os segmentos da sociedade, a empresa é uma das áreas em que
essa presença se faz mais importante (SILVA, 2013).
Os dois conceitos (administração e empresa) são estreitamente ligados, sendo
que a empresa pode ser entendida como “toda instituição que se propõe atingir
determinados objetivos com a participação, pelo menos em trabalho, de várias
pessoas” (SILVA, 2013).
Em resumo podemos dizer que a Administração é um campo que se volta para
as atividades empresariais (SILVA, 2013).
Assim, a história da Administração tem a empresa como principal cenário.
Didaticamente, podemos dividi-la em três fases, considerando o seu processo
evolutivo.
 Fase Tradicional - os procedimentos administrativos são baseados na
transmissão assistemática de condutas administrativas bem-sucedidas. Esta
transmissão, na maioria das vezes, é realizada através de contatos pessoais, sem
grande formalismo.
 Fase Pragmática ou Racional - com a evolução social, dentro e fora da
empresa, seus integrantes já não se relacionam apenas por meio de contatos
pessoais. Faz-se necessária a criação de procedimentos administrativos,
estabelecendo-se tratados e normas a respeito do assunto. Busca-se maior
racionalidade nas organizações com aumento direto de produtividade. São
representantes clássicos dessa fase o francês Henri Fayol e o americano Frederick N.
Taylor.
 Fase Científica - a Administração já não se ocupa com problemas que
possam ter soluções imediatas (a pesquisa experimental sem finalidades imediatas é
muito desenvolvida). Nessa fase a empresa já não é vista como uma entidade isolada,

5
os problemas fora dela também passam ser considerados e a integrar
conscientemente o âmbito dos estudos e atividades.
Verifica-se, portanto, que a Administração é uma área em constante evolução
e vários conceitos relativos a ela foram produzidos por diferentes autores. Neste
momento, todavia, vamos focalizar dois, Fayol e Jiménez Castro, principalmente para
destacar o sentido evolutivo, já enfatizado (SILVA, 2013).
a) Fayol (1956) considerava a administração como um conjunto de
atividades dentro da estrutura da empresa. Para ele, administrar é:
prever ou planejar; organizar; comandar; coordenar; controlar.
b) Jiménez Castro (1963) define a Administração como uma ciência social
composta de princípios, técnicas e práticas cuja aplicação a conjuntos
humanos, permite estabelecer sistemas racionais de esforço
cooperativo, por meio dos quais se podem alcançar propósitos comuns
que individualmente não seria fácil lograr. É a própria visão científica da
Administração.
No primeiro conceito (Fayol) está nítida a fase pragmática, enquanto que no
segundo (Jiménez) percebe-se uma preocupação mais universalista, mais científica
(SILVA, 2013).

2.1 Objetivos da administração na de segurança do trabalho

O objetivo geral é discutir os principais conceitos de administração aplicados à


Administração na Segurança do Trabalho, enquanto os objetivos específicos são
(SILVA, 2013):
a) Entender os modelos de gestão das organizações e suas implicações;
b) Conhecer o processo de mudança pessoal e organizacional;
c) Estudar os modelos de liderança.

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2.2 Evolução administrativa/organizacional (conhecimento)

A figura abaixo mostra a resultante dos processos da Revolução Industrial,


Revolução da Produtividade e Revolução Gerencial (SILVA, 2013).

Figura 01 - Evolução administrativa/Organizacional

Fonte: SAGAH (2021).

2.3 O processo de transição das empresas

Figura 02 - O processo de transição das empresas


6

Fonte: SAGAH (2021).

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2.4 Princípios básicos da administração

São princípios básicos da Administração: divisão do trabalho, subordinação ao


interesse geral, centralização/descentralização, iniciativa e união do pessoal (SILVA,
2013).

2.4.1 Divisão do trabalho

Para produzir mais e melhor com o mesmo esforço, é fundamental dividir o


trabalho a ser realizado entre diferentes pessoas. Pode até haver vários trabalhadores
executando as mesmas tarefas, porém, a divisão de trabalho implica atribuir tarefas
específicas a grupos de pessoas distintas. A divisão do trabalho implica os seguintes
aspectos:

a) Autoridade: para que o trabalho grupal se desenvolva eficientemente, é


necessário que alguém goze do direito/poder de mandar em outras
pessoas e de se fazer obedecer;
b) Disciplina: é a existência, entre as pessoas que desenvolvem uma
atividade grupal, de obediência às convenções estabelecidas entre a
empresa e seus agentes, obediência essa manifestada através da
assiduidade e do cumprimento das atividades, como também, através
de sinais exteriores de respeito às convenções existentes;
c) Unidade de mando: é o princípio segundo o qual um funcionário da
empresa, para a execução de uma tarefa qualquer, deve receber ordens
de um só chefe;
d) Unidade de direção: é o princípio segundo o qual as operações
desenvolvidas devem todas tender aos objetivos gerais da empresa.

2.4.2 Subordinação ao Interesse geral

Segundo o princípio da subordinação ao interesse geral, o interesse de um


funcionário ou de um grupo de funcionários não deve prevalecer contra o interesse da
empresa. No entanto, isso não dispensa a remuneração do pessoal (SILVA, 2013).

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2.4.3 Remuneração do Pessoal:

O serviço prestado por qualquer funcionário em uma empresa tem um “preço”


e, portanto, deve ser “remunerado”. Esta remuneração pode ser feita de várias formas,
mas atualmente o mais usual é a remuneração financeira, que deve ser pré-
estabelecida, com equidade, de forma que atenda a interesses pessoais do
empregado e da empresa (SILVA, 2013).

2.4.4 Centralização/descentralização

É necessário que ocorra uma centralização do comando a fim de evitar uma


dispersão de esforços que inviabilize a consecução dos objetivos da empresa.
Entretanto, essa centralização deve ser distribuída em grau maior ou menor, de
acordo com a realidade de cada empresa, o que conduz a alguns aspectos como:

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2.4.5 União do pessoal

Julgando que a harmonia e a união do pessoal são de suma importância ao


bom desempenho dos empregados, a corporação deverá realizar esforços no sentido
de estabelecer esse congraçamento (SILVA, 2013).

3 FUNÇÕES CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

Após considerarmos os princípios clássicos, poderemos analisar as funções


clássicas da administração: organizar; comandar; coordenar; controlar; avaliar;
supervisionar (SILVA, 2013).

3.1 Organizar

Organizar é gerenciar os recursos da empresa a fim de propor seu duplo


mecanismo, material e social. Todavia, quando falamos em dispor adequadamente os
recursos, podemos referir-nos a várias organizações conforme tratemos de diferentes
tipos de recursos:
 Humanos - organização do pessoal;
 Materiais – organização do espaço físico (prédios e instalações móveis e
máquinas e equipamentos);
 Financeiros - organização financeira;
 Atividades - organização funcional.
Por onde devemos começar a organização de uma empresa?
É necessário, primeiramente, tratar da organização estrutural, pois é a partir
dela que tudo o mais se estrutura (SILVA, 2013).

3.2 Comandar

Comando é a função administrativa exercida por pessoa investida de


autoridade para tanto. Basicamente consiste em:

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Portanto, para exercer a função de comando é necessário ter poderes para:
decidir, determinar, delegar, propor (SILVA, 2013).

3.3 Controlar

O controle no sentido mais amplo é a função pela qual se verifica a execução


do que é determinado ou especificado, aplica-se tanto às coisas quanto às pessoas.
Por exemplo: controle de horário de pessoal ou controle de estoque.
Silva 92013) fala que:

Para que a função de controle possa se processar de fato e aumentar a


eficiência do trabalho, é fundamental que o estabelecido esteja perfeitamente
claro e explicado. O sistema de controle deve permitir chegar a uma
conclusão real, pois, do contrário, ocorre um descrédito generalizado no
sistema estabelecido. Quando se trata do controle de pessoas é fundamental
que todos conheçam previamente os mecanismos de controle que serão
utilizados (SILVA, 2013).

3.4 Avaliar

Avaliar é a função pela qual tentamos verificar e analisar se o determinado ou


estabelecido alcançou os objetivos esperados. Observando o trabalho executado por
um empregado para configurar uma avaliação, é necessário verificar se o
desempenho atende ou não com o que se esperava do subordinado.

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Assim como no controle, os critérios de avaliação devem ser previamente
estabelecidos a fim de se evitar subjetivismos na análise dos dados ou na coleta das
informações que retratam um fenômeno observado (SILVA, 2013).

3.5 Coordenar

A função de coordenar diz respeito a um conjunto de medidas estabelecidas


dentro da empresa com o objetivo harmonizar recursos e processos, mesmo quando
já devidamente previstos, organizados, comandados, controlados e supervisionados.

3.6 Supervisionar

Supervisão é a é a atividade que consiste basicamente em motivar e orientar


as pessoas a desenvolverem suas atividades dentro de determinados padrões que
são considerados os melhores para atingir os objetivos da empresa.
Portanto, as decisões de supervisão são sempre aplicadas a pessoas. Não é
necessário que sejam permanentes, pois as normas são relativamente estáveis e, ao
mesmo tempo, a motivação e a orientação dos empregados, se bem-feitas, não
necessitam de reforços constantes.
É importante lembrar que:
 Quem exerce a supervisão deve possuir autoridade técnica;
 Antes de exercer a supervisão, deve-se verificar previamente se há os
recursos e meios;
 As medidas de supervisão devem ser executadas de forma que o
supervisionado não veja, na pessoa que está exercendo a supervisão, a figura de um
fiscal ou alguém que imponha suas ideias.
Na figura abaixo estão resumidas as funções clássicas da Administração:

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Figura 03 - Funções clássicas da Administração

Fonte: SAGAH (2021).

4 ADMINISTRAÇÃO DO PROGRAMA DE SEGURANÇA

Conhecer bem tudo


Conhecer bem as pessoas, as linhas de produção, os ambientes de trabalho,
as atividades e os produtos e serviços existentes (SILVA, 2013).

Recomendação
Um Engenheiro de Segurança iniciante deve principalmente ouvir sempre as
pessoas e visitar constantemente todos os ambientes de trabalho (SILVA, 2013).

Conhecer bem a Política da Empresa, com relação a:


Suas Atribuições
Quais são as suas tarefas (ex.: responder pela segurança do patrimonio,
bombeiros, meio ambiente etc.). Primeiro de tudo, todos nós devemos ter proposto e
assumir tempo para dar mais energia mais importante, que sempre informou seu
supervisor hierárquico com dicas legais. (SILVA, 2013).

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Conhecer bem a Política da Empresa, com relação a:
Sua Competência
Campo de ação (onde atuar), o qual deverá ser ilimitado (todos os locais) e até
onde (ex. interrupção da produção ou de tarefas, limitar compra de materiais perigosos
etc.) (SILVA, 2013).
Sua Autoridade
Deve ser fundamentada em bases pré-estabelecidas (Leis, Normas Técnicas,
Normas Internas etc.) e ser distribuída para diretoria, as gerências, as chefias, os
Técnicos de Segurança do Trabalho (TST), a CIPA, entre outros. O Engenheiro de
Segurança Trabalho (EST) não precisa ter autoridade e, sim possuir boa didática de
como passar as informações para fazer as pessoas entenderem o problema existente.
O Engº de Segurança deve ter sempre em mente que deve ser um excelente vendedor
e que qualquer funcionário é seu cliente (SILVA, 2013).
Sua Responsabilidade
De acordo com Silva (2013):

Saber o nível de entendimento que as pessoas possuem com relação às


definições de responsabilidade civil e criminal, com o objetivo de evitar
acidentes. Procurar sempre, de forma natural e progressiva, passar os
conceitos de que o Engenheiro de Segurança é um assessor, que nada
executa e não manda executar, não delega, somente indica e alerta sobre os
riscos e sugere ações preventivas e corretivas afim de evitar acidentes/
perdas (SILVA, 2013).

5 POLÍTICA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

5.1 Pressupostos

Muito embora a maioria dos empresários já tenha algum contato com as


políticas de segurança e possua consciência das suas atribuições e responsabilidades
pela Segurança do Trabalho, poucas são as empresas que fazem uso dessas políticas
(SILVA, 2013).
Tal fato pode ser indicador de distorções involuntárias, pela falta de
compreensão ou até mesmo pela pouca importância que costuma ser atribuída à
segurança, o que pode indicar a inexistência de uma consciência prevencionista.
Portanto, a temática da segurança deve ser cuidadosamente analisada, desenvolvida

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e adaptada à realidade de cada empresa antes de ser introduzida em seu programa
de trabalho (SILVA, 2013).
Os acidentes do trabalho, como comprovam os fatos, constituem o tipo de
ocorrência que mais efeitos negativos impõe a uma comunidade: a dor e os problemas
de ordem psíquica causados ao trabalhador que sofre a lesão física; as sequelas que
reduzem sua capacidade laborativa; o ônus que isso representa para ele, sua família,
a empresa e o estado. Esses, entre outros problemas de ordem social e econômica,
constituem exemplos dos efeitos negativos dos acidentes de trabalho e, se não
impedem, pelos menos retardam muito a evolução de uma comunidade (SILVA,
2013).
Assim, a Segurança do Trabalho, que visa essencialmente à prevenção dos
acidentes, tem um papel de imensurável importância e sua ação deve ser avaliada a
partir de dois pontos de vista:
 Humanitário, buscando garantir a integridade física do trabalhador;
 Produtivo, buscando eliminar os fatores negativos que distorcem um
processo de trabalho e impedem que se cumpra o programado.
Com essa visão, que desconsidera qualquer conotação meramente
paternalista, busca-se atingir o objetivo final da Segurança do Trabalho que é zelar
pelo bem-estar e o desenvolvimento da comunidade, com base no trinômio integrado
“Empregado, Empresa e Nação”.

5.2 Definição da política de segurança

Tal como as demais atividades desenvolvidas em uma empresa, as de


Segurança do Trabalho devem ser precedidas pela definição de uma política,
entendida como linha de conduta administrativa adotada pela direção (SILVA, 2013).
Ao declará-la, é imprescindível que essa direção o faça de forma clara e de fácil
interpretação por todos os funcionários e que, em escopo, demonstre a vontade, o
interesse e o grau de importância, dedicados à atividade em pauta. Nesse contexto,
os profissionais especializados em Segurança do Trabalho, têm um papel de vital
importância, devendo contribuir por meio de sua assessoria, no direcionamento
daquela política, que deve se fundamentar em quatro elementos básicos:
 O apoio ativo da administração;

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 Definição precisa das responsabilidades por prevenção de acidentes;
 Criação da consciência prevencionista em todos os empregados;
 Pronta remoção das condições inseguras de trabalho, logo após sua
constatação.

5.3 Gerenciamento de linha

Os gerentes, traduzindo a alta administração, devem liderar as ações de


prevenção de acidentes, para que todos os empregados, de qualquer nível
hierárquico, sintam a preocupação da empresa pelo assunto. Essa preocupação deve
expressar-se, principalmente, no total apoio, moral e financeiro, ao desenvolvimento
de um programa prevencionista adequado (SILVA, 2013).
Somente com uma política bem definida de delegação de atribuições e de
responsabilidades poder-se-á alcançar sucesso na área de Segurança do Trabalho.
Em uma empresa, a responsabilidade pela prevenção de acidentes compete a
todos; para que um programa alcance sucesso, é indispensável que todos os
integrantes da empresa, em todos os níveis hierárquicos, delem participem
ativamente; para tanto, torna-se necessário que, a cada categoria de pessoal, seja
atribuída uma cota de responsabilidade dentro do programa geral desenvolvido
(SILVA, 2013).

Responsabilidade da alta administração


 Estabelecer e divulgar a política de segurança da empresa;
 Estabelecer e divulgar um programa de segurança para a empresa;
 Adotar medidas administrativas e financeiras visando ao cumprimento das
normas e diretrizes e proporcionando a manutenção dos locais de trabalho, de modo
a mantê-los em condições seguras, ou seja, em condições favoráveis à saúde e à
integridade dos empregados.

Responsabilidade da área encarregada da Segurança do Trabalho


A alta administração de uma empresa tem diferentes formas de mostrar seu
interesse pelos assuntos de Segurança do Trabalho. Uma das mais importantes é
delegar à área especializada a coordenação da prevenção de acidentes na empresa.

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Evidentemente, nem todas as empresas (pelo número de empregados e pelos poucos
riscos que apresentam) estão em condições de ter um funcionário para trabalhar em
tempo integral como responsável pela segurança, mas algumas podem dispor de
diversos técnicos dedicados exclusivamente à prevenção de acidentes. Em todos os
casos, porém, qualquer empresa deve contar com um responsável pela prevenção de
acidentes, que deve dispensar, rigorosa e diariamente, pelo menos parte de seu
tempo no desenvolvimento do programa de prevenção de acidentes (SILVA, 2013).
Oportunamente, iremos estudar esse assunto em mais detalhes, mas podemos
relacionar algumas das principais responsabilidades da área de prevenção de
acidentes:
 Elaborar o programa de prevenção de acidentes e estimular seu
desenvolvimento;
 Fiscalizar a execução do programa;
 Assessorar a alta administração e a supervisão em aspectos técnicos
envolvidos nas medidas preventivas a serem adotadas.

Responsabilidade de todos os níveis de supervisão


 Inteirar-se da política de segurança estabelecida pela direção da empresa e
do programa de Segurança do Trabalho, responsabilizando-se pelo cumprimento das
diretrizes estabelecidas e pelo resultado do programa;
 Cumprir e fazer cumprir as diretrizes e normas emanadas dos serviços
especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho e da Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes;
 Tomar providências para a correção de condições inseguras e adotar
medidas de caráter preventivo;
 Cuidar para que os respectivos subordinados sejam integrados e instruídos
sobre os aspectos da Segurança do Trabalho;
 Manter os respectivos subordinados com consciência e espírito voltados à
prática da prevenção de acidentes.
 Estabelecer medidas visando ao pronto atendimento médico aos respectivos
subordinados acidentados.

Responsabilidade dos trabalhadores

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Geralmente, pela falta de conhecimento dos riscos, os trabalhadores são os
que mais dificilmente aceitam sua cota de responsabilidades pela prevenção de
acidentes, mas a eliminação da prática de atos inseguros depende deles, em grande
parte. Vejamos, pois as responsabilidades dos trabalhadores:
 Cumprir as normas e diretrizes da empresa, dos serviços especializados em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho e da Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes;
 Estar atentos para informar à respectiva chefia imediata quaisquer
anormalidades que possam resultar em acidentes envolvendo sua pessoa, as de seus
companheiros de trabalho ou as máquinas e equipamentos da empresa;
 Não executar trabalhos sobre cujos riscos não tenha pleno conhecimento,
buscando esclarecer as dúvidas com sua chefia imediata;
 Zelar pela manutenção de seu próprio espírito prevencionista e do de seus
companheiros de trabalho.

5.4 Criação da consciência prevencionista dos empregados

Esse fundamento da política de Segurança do Trabalho visa a criar nos


trabalhadores uma verdadeira consciência prevencionista, de maneira que deixem de
praticar atos inseguros, com a absoluta convicção de que a única maneira correta de
trabalhar é a maneira segura. O lema de todas as empresas deve ser segurança com
benefícios para todos, incluindo cada um no conjunto dos beneficiários da prevenção
de acidentes (SILVA, 2013).

5.5 Pronta Remoção das Condições Inseguras de Trabalho

A experiência demonstra que os acidentes de trabalho geralmente são


provocados por condições inseguras e atos inseguros. Deve-se, em conseqüência,
dar grande importância à eliminação das condições inseguras de trabalho, mesmo
porque, com essa eliminação, tornar-se-á impossível a prática de muitos atos
inseguros. Vejamos agora um exemplo de declaração da política de Segurança do
Trabalho de uma empresa (SILVA, 2013).

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A direção da empresa X, entendendo que só é possível alcançar a plena
produtividade a partir da garantia do bem-estar físico, social e mental de seus
funcionários e que esse só será conseguido através de um alto grau de
desenvolvimento das atividades de trabalho com segurança e saúde para as pessoas,
define sua política de segurança, como segue:
a) Todos os entendimentos sobre as questões de Segurança do Trabalho
deverão ser feitos levando em consideração os aspectos legais e os técnicos; para
tanto serão considerados os dispositivos da legislação brasileira e da internacional,
bem como dados técnicos de especialistas.
b) Os serviços especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho constituem um órgão de assessoria e representam a empresa em questões
de Segurança do Trabalho; para tanto, terão desta direção todo o respaldo necessário
ao cumprimento de suas obrigações
c) Cada um dos funcionários, individualmente, tem um compromisso com o
programa de Segurança da empresa, sendo, portanto, responsável pelos seus
resultados.
d) A responsabilidade pelo cumprimento das diretrizes, normas e medidas de
segurança é sempre da chefia imediata e tal responsabilidade não poderá em,
nenhuma circunstância, ser delegada.
e) A proteção coletiva é preponderante na prevenção de acidentes e sua
efetivação constitui uma meta desta direção; portanto, deverá ser considerada em
todas as atividades da empresa, desde a fase de planejamento e/ou projeto.
f) Enquanto a proteção coletiva não tiver sido efetivada, a empresa fornecerá
os equipamentos para proteção individual, cujo uso é de caráter obrigatório.
g) As medidas preventivas constituem o melhor caminho para atingir os
objetivos da Segurança do Trabalho e, portanto, deverão ser priorizadas.
h) Cumprir-se-ão e far-se-ão cumprir as disposições sobre a proteção do
trabalhador e a prevenção de acidentes.
i) Cumprir-se-ão e far-se-ão cumprir as diretrizes e normas emitidas pelos
serviços especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.

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6 PROGRAMA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Após termos constatado a necessidade de uma empresa ter definida a sua


Política de Segurança do Trabalho, vamos focalizar o Programa de Segurança que,
na realidade, irá colocar em prática tudo aquilo que ficou estabelecido na política.
O Programa de Segurança do Trabalho da empresa constitui a ferramenta por
meio da qual a direção busca atingir seus objetivos relacionados às atividades
prevencionistas.
Antes, de estabelecer a estrutura básica de um Programa de Segurança do
Trabalho, é importante alertar para algumas precariedades dos programas
tradicionais, que normalmente são baseados em:
 Concentração dos esforços visando exclusivamente à eliminação de
acidentes com lesões;
 Ações reativas, isto é, adoção de medidas após o acidente.
Outro aspecto a ser considerado diz respeito aos programas-padrão. Ao usá-
los, é preciso evitar a repetição de falhas que são comuns, tais como:
a) Falta de proteção de máquinas e equipamentos – muitas vezes não são
compradas com proteção, porque fica mais barato;
b) Descaso com a ordem, a arrumação e a limpeza – normalmente esse ponto
não é incluído nos programas;
c) Inadequação de normas e regras de segurança -- se são normas não
aplicáveis, tendem a ficar engavetadas;
d) Campanhas baseadas na fixação de cartazes -- geralmente não se avaliam
os efeitos delas;
e) Falta de atenção às Cipa -- se não houver um assessoramento, podem
desvirtuar seus objetivos;
f) Concursos de segurança -- deve-se ter cuidado para que não venham a inibir
os empregados ou estimulá-los a esconder os acidentes;
g) Tratamento pontual da Sipat - atentar para que o trabalho prevencionista não
se restrinja a uma semana, abandonando-se as demais 51 semanas do ano.

Independentemente das diferenças específicas de cada empresa -- tais como


porte, objetivos e cultura organizacional -- podemos fixar alguns elementos

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considerados determinantes na estruturação do Programa de Segurança do Trabalho,
que deverá ter como objetivos centrais:
 A integridade física e mental dos funcionários e
 A produtividade, através da sistematização das atividades prevencionistas.

Um programa de Prevenção de Acidentes de Trabalho pode ser subdividido em


quatro tópicos:
 Atividades Básicas/ Diretrizes Gerais.
 Atribuição precisa das responsabilidades com a Segurança.
 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho – SESMT.
 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - Cipa.
São tópicos de um programa de segurança:

Seleção de novos funcionários


A seleção de novos funcionários, sob o ponto de vista prevencionista, deve
considerar vários aspectos (SILVA, 2013).
Em primeiro lugar, o requisitante da mão de obra, geralmente o supervisor
imediato, deve estar inteirado dos riscos da atividade específica e de outros aos quais
ficará submetido o trabalhador requisitado. Assim, ao fazer a requisição, o requisitante
deve fornecer ao selecionador as características comportamentais e outras que se
fizerem necessárias, segundo a visão prevencionista.
O selecionador deve inteirar-se dos riscos da atividade específica para a qual
será selecionado o novo funcionário, de forma a ter elementos para fazer uma
avaliação adequada. É importante discutir com a chefia requisitante as características
pessoais imprescindíveis e/ou aquelas nas quais é necessário julgar o potencial do
candidato necessário ao desenvolvimento de um trabalho seguro.
Tanto o requisitante quanto o selecionador deverão buscar assessoria do
SESMT. Além disso, devem ser levados em consideração os dispositivos relativos aos
exames médicos admissionais previstos na NR-7 (SILVA, 2013).

Integração de empregados novos


Quando do processo de integração de novos funcionários à empresa, devem
ser previstas atividades direcionadas à conscientização de segurança. O
21
envolvimento do SESMT e da supervisão no processo de integração facilitará ao novo
empregado a apropriação das diretrizes e normas da empresa relativas à prevenção
de acidentes e ajudará a enfatizar os riscos específicos de cada atividade e os
cuidados que deverão ser tomados para evitar os acidentes.
Deve-se prever, no programa de integração, a utilização de recursos
audiovisuais, dinâmicas de grupo, visitas a diversas áreas da empresa, entrevistas,
entre outros instrumentos que se mostrarem necessários.
O trabalho de integração de novos funcionários deve ser avaliado, aperfeiçoado
e atualizado constantemente, pois constitui a primeira atividade do indivíduo como
empregado da empresa, sendo, portanto, de importância vital no desenvolvimento da
consciência prevencionista (SILVA, 2013).

Acompanhamento de novos empregados


O processo de acompanhamento de novos empregados visa ao
desenvolvimento de sua consciência de Segurança do Trabalho. Ele deve ser
contínuo, e desenvolver-se com base no estabelecimento de parâmetros. É
importante que o grau de consciência do empregado seja periodicamente avaliado,
de modo a estimular-lhe o desenvolvimento profissional (SILVA, 2013).

Treinamento
Os empregados devem ser permanentemente treinados na prevenção de
acidentes, através de reciclagens, objetivando atualizar e manter viva a consciência
de segurança. Esse programa deve contar com a participação do setor responsável
pelo treinamento da empresa, em conjunto com o SESMT e as chefias. Em todos os
cursos, principalmente os profissionalizantes, deve haver um módulo de Segurança e
Medicina do Trabalho (SILVA, 2013).

Planejamento e projetos de mudança


Os planejamentos e projetos de mudanças e instalações de leiautes, estruturas,
maquinarias, equipamentos etc. deverão ser elaborados considerando-se os aspectos
prevencionistas. Sempre que necessário, deve ser solicitada a assessoria técnica do
SESMT. Vale lembrar também a exigência legal da NR-2, que prevê a inspeção prévia
dos novos estabelecimentos (SILVA, 2013).

Análise de acidentes

22
Toda ocorrência identificada deve ser objeto de análise conjunta do SESMT
com as chefias imediatas e a Cipa. Devem ser elaborados relatórios em comum por
esses setores, encaminhando-se cópias às lideranças da empresa, bem como a todas
as áreas envolvidas.
O SESMT deverá exercer controle sobre o desenvolvimento das atividades de
segurança da empresa, destacando-se as seguintes:
 Levantamento de condições inseguras;
 Ocorrência de acidente;
 Coeficientes de frequência e gravidade.

Auditorias
O SESMT e a Cipa deverão realizar, em conjunto com as chefias dos diversos
setores da empresa, inspeções planejadas de segurança, de forma periódica e
rotineira, com vistas à detecção de riscos de acidentes e ao estabelecimento de
medidas de controle (SILVA, 2013).
Temos que ter claro em nossas mentes que a implantação de um programa de
Segurança do Trabalho vai encontrar vários obstáculos dentro da empresa. Entre eles,
podemos destacar:
 hábitos relativos ao controle de lesões;
 não reconhecimento de problemas, por parte da gerência;
 falta de informação e de conhecimento técnico, sobre a prevenção de
acidentes
 entraves administrativos/ burocracia.

Portanto, para que o programa tenha ÊXITO, precisamos:


 diminuir a resistência, através de um trabalho de motivação e treinamento;
 divulgar amplamente o desenvolvimento do programa;
 propiciar uma compreensão sólida do programa a todos os integrantes da
empresa.

23
7 SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA
DO TRABALHO (SESMT)

O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho


(SESMT) tem por objetivo a promoção da saúde e a proteção da integridade física do
servidor no seu local de trabalho. (ROJAS, 2015).
Todas as empresas que possuem empregados sob o regime da CLT devem ter
o SESMT (item 4.1) dimensionado de acordo com os Quadros I e II da NR 4 (item 4.2).
As formas de dimensionamento do SESMT e os casos especiais estão previstos nos
itens 4.2.1 a 4.3.4. Todos os custos decorrentes da instalação e manutenção do
SESMT são do empregador (item 4.11) (BRASIL, 1978a).
Segundo o item 4.4 da NR 4 (BRASIL, 1978a), dependendo da quantidade de
empregados e da natureza das atividades, o serviço pode incluir os profissionais
relacionados a seguir que comprovem os requisitos especificados (item 4.4.1), sendo
que um deles é o responsável pelo SESMT (item 4.7). Tais profissionais não podem
exercer outra atividade remunerada na empresa durante o horário de atuação no
SESMT (item 4.10), sob pena de a empresa ser punida por cometer infrações
classificadas no item 4.19, código 104025-1, grau 4, tipo S da NR 28 (BRASIL, 1978a).

7.1 Engenheiro de segurança do trabalho

Engenheiro ou arquiteto portador de certificado de conclusão de curso de


especialização em engenharia de segurança do trabalho, em nível de pós-graduação,
de acordo com o disposto na Lei nº 7.410, de 27 de novembro de 1985 (item 4.4.1.1)
(BRASIL, 1985a). Conforme disposto no Quadro II da NR 4, sendo empregado da
empresa ou de empresa prestadora de serviços, ele “[...] deve dedicar, no mínimo, 3
(três) horas (tempo parcial) ou 6 (seis) horas (tempo integral) por dia para as
atividades do SESMT. ” (Item 4.9) (ROJAS, 2015).

7.2 Médico do trabalho

Médico portador de certificado de conclusão de curso de especialização em


medicina do trabalho, em nível de pós-graduação, ou portador de certificado de

24
residência médica em área de concentração em saúde do trabalhador ou
denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de Residência
Médica do Ministério da Educação, ambos ministrados por universidade ou faculdade
que mantenha curso de graduação em medicina. Conforme disposto no Quadro II da
NR 4, sendo empregado da empresa ou de empresa prestadora de serviços, ele deve
“[...] dedicar, no mínimo, 3 (três) horas (tempo parcial) ou 6 (seis) horas (tempo
integral) por dia para as atividades do SESMT. ” (Item 4.9) (BRASIL, 1978a).

7.3 Enfermeiro do trabalho

Enfermeiro portador de certificado de conclusão de curso de especialização em


enfermagem do trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado por universidade ou
faculdade que mantenha curso de graduação em enfermagem. Conforme disposto no
Quadro II da NR 4, sendo empregado da empresa ou de empresa prestadora de
serviços, ele deve “[...] dedicar, no mínimo, 3 (três) horas (tempo parcial) ou 6 (seis)
horas (tempo integral) por dia para as atividades do SESMT. ” (Item 4.9) (BRASIL,
1978a).

7.4 Auxiliar de enfermagem do trabalho

Auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem portador de certificado de


conclusão de curso de qualificação de auxiliar de enfermagem do trabalho, ministrado
por instituição especializada reconhecida e autorizada pelo Ministério da Educação.
Conforme disposto no Quadro II da NR 4, sendo empregado da empresa ou de
empresa prestadora de serviços, ele deve permanecer na empresa durante 8 (oito)
horas por dia envolvido com as atividades do SESMT (item 4.8) (BRASIL, 1978a).

7.5 Técnico de segurança do trabalho

Técnico portador de comprovação de Registro Profissional expedido pelo


Ministério do Trabalho de acordo com o disposto na Lei nº 7.410, de 27 de novembro
de 1985 (item 4.4.1.1) (BRASIL, 1985a). Conforme disposto no Quadro II da NR,
sendo empregado da empresa ou de empresa prestadora de serviços, ele deve

25
permanecer na empresa durante 8 (oito) horas por dia envolvido com as atividades do
SESMT (item 4.8) (BRASIL, 1978a).
Os profissionais do SESMT devem ser empregados da empresa (item 4.4.2),
mas existem empresas que terceirizam seus serviços. As empresas que terceirizam o
SESMT têm de seguir o que determina a NR 4 com relação aos funcionários nos itens
4.4.2, 4.5, 4.5.1, 4.5.2 e 4.6, conforme previsto nos itens 4.14 e 4.15. A empresa pode
terceirizar o SESMT a empresas especializadas e incluir nele funcionários das
empresas contratadas, desde que isso conste na Convenção ou no Acordo Coletivo
de Trabalho (itens 4.5.3, 4.5.3.1, 4.5.3.2 e 4.5.3.3) (BRASIL, 1978a).
Também podem compor a equipe do SESMT profissionais habilitados (não
precisam ser registrados no Ministério do Trabalho e Emprego – MTE) cuja atividade
contribua para a melhoria das condições pessoais dos funcionários, como:
 Terapeuta ocupacional;
 Professor de educação física;
 Músico terapeuta;
 Fisioterapeuta.
Dentre as atividades do SESMT, mensalmente terão de ser registrados os
dados atualizados de acidente do trabalho, doenças ocupacionais e agentes de
insalubridades preenchendo, no mínimo, os quesitos descritos nos modelos de mapas
constantes nos Quadros III, IV, V e VI da NR 4 (BRASIL, 1978a). Além disso, a
empresa precisará encaminhar um mapa contendo a avaliação anual desses dados à
Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho até o dia 31 de janeiro de cada ano.
As empresas desobrigadas de indicarem médico coordenador ficam dispensadas de
elaborar o relatório anual, de acordo com a Portaria nº 8, de 08 de maio de 1996
(BRASIL, 1996). (NR 7, alterações introduzidas pela Portaria nº 8, de 08/05/96, DOU
de 09/05/96).
SESMT deverá ser registrado no órgão regional do MTE (itens 4.17 e 4.18)
mediante requerimento contendo os dados listados no item 4.17.1, alíneas “a” a “e”.
Além da ficha de registro de empregado, contendo nome completo, CPF, carga horária
diária (entrada, saída e intervalo para refeição), cargo e função de sua especialidade,
deve ser enviada em anexo à ficha de inscrição a fotocópia de um dos seguintes
documentos profissionais, de acordo com o caso:
 Carteira de técnico de segurança do trabalho;

26
 Diploma/certificado de curso com habilitação para auxiliar de enfermagem
do trabalho;
 Diploma/certificado de curso com habilitação para enfermeiro do trabalho;
 Diploma/certificado de curso com habilitação para engenheiro do trabalho;
 Diploma/certificado de curso com habilitação para medicina do trabalho.
Em razão de sua importância, a legislação do SESMT é bastante flexível e
permite várias formas e meios para sua instalação, de acordo com os itens 4.14,
4.14.1, 4.14.2, 4.14.3, 4.14.3.1, 4.14.3.2, 4.14.3.3, 4.14.3.4, 4.14.4, 4.14.4.1, 4.14.4.2,
4.14.4.3, 4.15, 4.16, 4.16.1 e 4.20, não sendo, portanto, justificável a sua inexistência,
sob pena de punição fiscal prevista na NR 28 (BRASIL, 1978a).

7.6 Programas do SESMT

A equipe do SESMT cria e implanta programas de orientação ao trabalhador


sobre os mais diversos assuntos que contribuam para seu bem-estar, segurança e
saúde. Os programas realizados pelo SESMT são importantes para o trabalhador e
para a empresa, pois contribuem muito para a melhoria da qualidade de vida do
trabalhador, o que se reflete na imagem da empresa. A seguir, são detalhados os
programas mais comumente encontrados (ROJAS, 2015).
O Programa de Segurança no Trabalho tem por objetivo a proteção à saúde e
à integridade física e psíquica do trabalhador em seu local de trabalho. O programa
orienta sobre a necessidade de cumprimento das normas de segurança e uso dos
EPIs e instrui sobre os perigos relacionados à saúde (p. ex., DST’s/AIDS) por meio de
cursos e palestras (ROJAS, 2015).
O Programa de Recreação Laboral traz grandes resultados à empresa pela
melhoria do desempenho físico e do controle emocional dos trabalhadores, o que
melhora a qualidade de vida e reduz os afastamentos causados por LER e DORT. As
atividades desenvolvidas na recreação laboral pelos profissionais de educação física
e terapia ocupacional complementam as orientações prescritas pelo médico do
trabalho, pela CIPA e pela área de recursos humanos da empresa (ROJAS, 2015).
O programa de recreação laboral é estabelecido pelo SESMT da empresa e
busca desenvolver nos funcionários o autoconhecimento, a criatividade e a motivação,
além de melhorar a integração e cooperação nos trabalhos em equipe, proporcionar

27
um aumento nos relacionamentos sociais e gerar bem-estar físico e mental. Também
busca proporcionar aos indivíduos oportunidades de melhorias comportamentais (p.
ex., timidez) e desenvolvimento de virtudes e competências (p. ex., liderança e
autoconfiança) (ROJAS, 2015).
Figura 04 - Recreação laboral.

Fonte: ajkkafe/iStock/Thinkstock.

Já o Programa de Ginástica Laboral trata da aplicação de exercícios


específicos por especialistas durante a jornada de trabalho a fim de promover a saúde
do trabalhador por meio da compensação do esforço para evitar a ocorrência de LER
e DORT. A ginástica laboral melhora a disposição física e mental do trabalhador,
tornando-o fisicamente mais capaz e mentalmente mais confiante para desempenhar
suas funções (ROJAS, 2015).
De acordo com o Artigo 4 da Portaria nº 3, de 1º março de 2002 (BRASIL,
2002a), a participação financeira do trabalhador fica limitada a 20% do custo direto da
refeição. O Quadro 1 apresenta os objetivos do PAT segundo o Ministério do Trabalho
e Emprego.

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Quadro 01 - Objetivos do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT)

Fonte: SAGAH (2021).

8 ORGANIZAÇÃO DA CIPA

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é uma instituição dentro


das corporações ou empresas. Ela pode ser composta tanto por empregados como
por empregadores.
A CIPA está no artigo 163 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e a
Norma Regulamentador 5 (NR-5) determina os principais pontos da CIPA, bem como
seu funcionamento. Toda a legislação é importante e tem pontos essenciais para a
atuação da comissão. No entanto, é a NR-5 que considera a formação da mesma.

9 NR 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

5.1 Objetivo
5.1.1 Esta norma regulamentadora - NR estabelece os parâmetros e os
requisitos da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA tendo por objetivo
a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, de modo a tornar
compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e promoção da
saúde do trabalhador.
5.2 Campo de aplicação

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5.2.1 As organizações e os órgãos públicos da administração direta e indireta,
bem como os órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério Público, que
possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, devem
constituir e manter CIPA.
5.2.2 Nos termos previstos em lei, aplica-se o disposto nesta NR a outras
relações jurídicas de trabalho.
5.3 Atribuições
5.3.1 A CIPA tem por atribuição:
a) acompanhar o processo de identificação de perigos e avaliação de riscos
bem como a adoção de medidas de prevenção implementadas pela organização;
b) registrar a percepção dos riscos dos trabalhadores, em conformidade com o
subitem 1.5.3.3 da NR-01, por meio do mapa de risco ou outra técnica ou ferramenta
apropriada à sua escolha, sem ordem de preferência, com assessoria do Serviço
Especializado em Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, onde houver;
c) verificar os ambientes e as condições de trabalho visando identificar
situações que possam trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;
d) elaborar e acompanhar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva
em segurança e saúde no trabalho;
e) participar no desenvolvimento e implementação de programas relacionados
à segurança e saúde no trabalho;
f) acompanhar a análise dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, nos
termos da NR-1 e propor, quando for o caso, medidas para a solução dos problemas
identificados;
g) requisitar à organização as informações sobre questões relacionadas à
segurança e saúde dos trabalhadores, incluindo as Comunicações de Acidente de
Trabalho - CAT emitidas pela organização, resguardados o sigilo médico e as
informações pessoais;
h) propor ao SESMT, quando houver, ou à organização, a análise das
condições ou situações de trabalho nas quais considere haver risco grave e iminente
à segurança e saúde dos trabalhadores e, se for o caso, a interrupção das atividades
até a adoção das medidas corretivas e de controle; e

30
i) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho - SIPAT, conforme programação
definida pela CIPA.
5.3.2 Cabe à organização:
a) proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários ao desempenho
de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas
constantes no plano de trabalho;
b) permitir a colaboração dos trabalhadores nas ações da CIPA; e
c) fornecer à CIPA, quando requisitadas, as informações relacionadas às suas
atribuições.
5.3.3 Cabe aos trabalhadores indicar à CIPA, ao SESMT e à organização
situações de riscos e apresentar sugestões para melhoria das condições de trabalho.
5.3.4 Cabe ao Presidente da CIPA:
a) convocar os membros para as reuniões; e
b) coordenar as reuniões, encaminhando à organização e ao SESMT, quando
houver, as decisões da comissão.
5.3.5 Cabe ao Vice-Presidente substituir o Presidente nos seus impedimentos
eventuais ou nos seus afastamentos temporários.
5.3.6 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, terão as
seguintes atribuições de:
a) coordenar e supervisionar as atividades da CIPA, zelando para que os
objetivos propostos sejam alcançados; e
b) divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do estabelecimento.
5.4 Constituição e estruturação
5.4.1 A CIPA será constituída por estabelecimento e composta de
representantes da organização e dos empregados, de acordo com o
dimensionamento previsto no Quadro I desta NR, ressalvadas as disposições para
setores econômicos específicos.
5.4.2 A CIPA das organizações que operem em regime sazonal devem ser
dimensionadas tomando-se por base a média aritmética do número de trabalhadores
do ano civil anterior e obedecido o Quadro I desta NR.
5.4.3 Os representantes da organização na CIPA, titulares e suplentes, serão
por ela designados.

31
5.4.4 Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos
em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical,
exclusivamente os empregados interessados.
5.4.5 A organização designará dentre seus representantes o Presidente da
CIPA, e os representantes eleitos dos empregados escolherão dentre os titulares o
vice-presidente.
5.4.6 O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano,
permitida uma reeleição.
5.4.7 Os membros da CIPA, eleitos e designados serão empossados no
primeiro dia útil após o término do mandato anterior.
5.4.8 A organização deve fornecer cópias das atas de eleição e posse aos
membros titulares e suplentes da CIPA.
5.4.9 Quando solicitada, a organização encaminhará a documentação referente
ao processo eleitoral da CIPA, podendo ser em meio eletrônico, ao sindicato dos
trabalhadores da categoria preponderante, no prazo de até 10 (dez) dias.
5.4.10 A CIPA não poderá ter seu número de representantes reduzido, bem
como não poderá ser desativada pela organização, antes do término do mandato de
seus membros, ainda que haja redução do número de empregados, exceto no caso
de encerramento das atividades do estabelecimento.
5.4.11 É vedada à organização, em relação ao integrante eleito da CIPA:
a) a alteração de suas atividades normais na organização que prejudique o
exercício de suas atribuições; e
b) a transferência para outro estabelecimento, sem a sua anuência, ressalvado
o disposto nos parágrafos primeiro e segundo do art. 469 da CLT.
5.4.12 É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito
para cargo de direção da CIPA desde o registro de sua candidatura até um ano após
o final de seu mandato.
5.4.12.1 O término do contrato de trabalho por prazo determinado não
caracteriza dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de
direção da CIPA.
5.4.13 Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I e não for
atendido por SESMT, nos termos da Norma Regulamentadora n° 4 (NR-04), a
organização nomeará um representante da organização dentre seus empregados

32
para auxiliar na execução das ações de prevenção em segurança e saúde no trabalho,
podendo ser adotados mecanismos de participação dos empregados, por meio de
negociação coletiva.
5.4.13.1 No caso de atendimento pelo SESMT, este deverá desempenhar as
atribuições da CIPA.
5.4.13.2 O microempreendedor individual - MEI está dispensado de nomear o
representante da NR-05.
5.4.14 A nomeação de empregado como representante da NR-05 e sua forma
de atuação devem ser formalizadas anualmente pela organização.
5.4.15 A nomeação de empregado como representante da NR-05 não impede
o seu ingresso na CIPA, quando da sua constituição, seja como representante do
empregador ou como dos empregados.
5.5 Processo eleitoral
5.5.1 Compete ao empregador convocar eleições para escolha dos
representantes dos empregados na CIPA, no prazo mínimo de 60 (sessenta) dias
antes do término do mandato em curso.
5.5.1.1 A organização deve comunicar, com antecedência, podendo ser por
meio eletrônico, com confirmação de entrega, o início do processo eleitoral ao
sindicato da categoria preponderante.
5.5.2 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA constituirão dentre seus
membros a comissão eleitoral, que será a responsável pela organização e
acompanhamento do processo eleitoral.
5.5.2.1 Nos estabelecimentos onde não houver CIPA, a comissão eleitoral será
constituída pela organização.
5.5.3 O processo eleitoral deve observar as seguintes condições:
a) publicação e divulgação de edital de convocação da eleição e abertura de
prazos para inscrição de candidatos, em locais de fácil acesso e visualização,
podendo ser em meio físico ou eletrônico;
b) inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição
será de 15 (quinze) dias corridos;
c) liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento,
independentemente de setores ou locais de trabalho, com fornecimento de
comprovante em meio físico ou eletrônico;

33
d) garantia de emprego até a eleição para todos os empregados inscritos;
e) publicação e divulgação da relação dos empregados inscritos, em locais de
fácil acesso e visualização, podendo ser em meio físico ou eletrônico;
f) realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes do término do
mandato da CIPA, quando houver;
g) realização de eleição em dia normal de trabalho, respeitando os horários de
turnos e em horário que possibilite a participação da maioria dos empregados do
estabelecimento;
h) voto secreto;
i) apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com acompanhamento
de representante da organização e dos empregados, em número a ser definido pela
comissão eleitoral, facultado o acompanhamento dos candidatos; e
j) organização da eleição por meio de processo que garanta tanto a segurança
do sistema como a confidencialidade e a precisão do registro dos votos.
5.5.4 Havendo participação inferior a cinquenta por cento dos empregados na
votação, não haverá a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá prorrogar o
período de votação para o dia subsequente, computando-se os votos já registrados
no dia anterior, a qual será considerada válida com a participação de, no mínimo, um
terço dos empregados.
5.5.4.1 Constatada a participação inferior a um terço dos empregados no
segundo dia de votação, não haverá a apuração dos votos e a comissão eleitoral
deverá prorrogar o período de votação para o dia subsequente, computando-se os
votos já registrados nos dias anteriores, a qual será considerada válida com a
participação de qualquer número de empregados.
5.5.4.2 A prorrogação referida nos subitens 5.5.4 e 5.5.4.1 deve ser
comunicada ao sindicato da categoria profissional preponderante.
5.5.5 As denúncias sobre o processo eleitoral deverão ser protocolizadas na
unidade descentralizada de inspeção do trabalho, até 30 (trinta) dias após a data da
divulgação do resultado da eleição da CIPA.
5.5.5.1 Compete à autoridade máxima regional em matéria de inspeção do
trabalho, confirmadas irregularidades no processo eleitoral, determinar a sua correção
ou proceder a anulação quando for o caso.

34
5.5.5.2 Em caso de anulação somente da votação, a organização convocará
nova votação no prazo de 10 (dez) dias, a contar da data de ciência, garantidas as
inscrições anteriores.
5.5.5.3 Nos demais casos, a decisão da autoridade máxima regional em
matéria de inspeção do trabalho determinará os atos atingidos, as providências, e os
prazos a serem adotados, atendidos os prazos previstos nesta NR.
5.5.5.4 Quando a anulação se der antes da posse dos membros da CIPA, ficará
assegurada a prorrogação do mandato anterior, quando houver, até a
complementação do processo eleitoral.
5.5.6 Assumirão a condição de membros titulares e suplentes os candidatos
mais votados.
5.5.7 Em caso de empate, assumirá aquele que tiver maior tempo de serviço
no estabelecimento.
5.5.8 Os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição
e apuração, em ordem decrescente de votos, possibilitando nomeação posterior, em
caso de vacância de suplentes.
5.6 Funcionamento
5.6.1 A CIPA terá reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário
preestabelecido.
5.6.1.1 A critério da CIPA, nas Microempresas - ME e Empresas de Pequeno
Porte - EPP, graus de risco 1 e 2, as reuniões poderão ser bimestrais.
5.6.2 As reuniões ordinárias da CIPA serão realizadas na organização,
preferencialmente de forma presencial, podendo a participação ocorrer de forma
remota.
5.6.2.1 A data e horário das reuniões serão acordadas entre os seus membros
observando os turnos e as jornadas de trabalho.
5.6.3 As reuniões da CIPA terão atas assinadas pelos presentes.
5.6.3.1 As atas das reuniões devem ser disponibilizadas a todos os integrantes
da CIPA, podendo ser por meio eletrônico.
5.6.3.2 As deliberações e encaminhamentos das reuniões da CIPA devem ser
disponibilizadas a todos os empregados em quadro de aviso ou por meio eletrônico.
5.6.4 As reuniões extraordinárias devem ser realizadas quando:
a) ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal; ou

35
b) houver solicitação de uma das representações.
5.6.5. Para cada reunião ordinária ou extraordinária, os membros da CIPA
designarão o secretário responsável por redigir a ata.
5.6.6 O membro titular perderá o mandato, sendo substituído por suplente,
quando faltar a mais de quatro reuniões ordinárias sem justificativa.
5.6.7 A vacância definitiva de cargo, ocorrida durante o mandato, será suprida
por suplente, obedecida a ordem de colocação decrescente que consta na ata de
eleição, devendo os motivos ser registrados em ata de reunião.
5.6.7.1 Caso não existam mais suplentes, durante os primeiros 6 (seis) meses
do mandato, a organização deve realizar eleição extraordinária para suprir a vacância,
que somente será considerada válida com a participação de, no mínimo, um terço dos
trabalhadores.
5.6.7.1.1. Os prazos da eleição extraordinária serão reduzidos à metade dos
prazos previstos no processo eleitoral desta NR.
5.6.7.1.2. As demais exigências estabelecidas para o processo eleitoral devem
ser atendidas.
5.6.7.2. No caso de afastamento definitivo do presidente, a organização
indicará o substituto, em dois dias úteis, preferencialmente entre os membros da
CIPA.
5.6.7.3. No caso de afastamento definitivo do vice-presidente, os membros
titulares da representação dos empregados, escolherão o substituto, entre seus
titulares, em dois dias úteis.
5.6.7.4 O mandato do membro eleito em processo eleitoral extraordinário deve
ser compatibilizado com o mandato dos demais membros da Comissão.
5.6.7.5 O treinamento de membro eleito em processo extraordinário deve ser
realizado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados a partir da data da posse.
5.6.8. As decisões da CIPA serão preferencialmente por consenso.
5.6.8.1. Não havendo consenso, a CIPA deve regular o procedimento de
votação e o pedido de reconsideração da decisão.
5.7 Treinamento
5.7.1 A organização deve promover treinamento para o representante nomeado
da NR-5 e para os membros da CIPA, titulares e suplentes, antes da posse.

36
5.7.1.1 O treinamento de CIPA em primeiro mandato será realizado no prazo
máximo de 30 (trinta) dias, contados a partir da data da posse.
5.7.2 O treinamento deve contemplar, no mínimo, os seguintes itens:
a) estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos
originados do processo produtivo;
b) noções sobre acidentes e doenças relacionadas ao trabalho decorrentes das
condições de trabalho e da exposição aos riscos existentes no estabelecimento e suas
medidas de prevenção;
c) metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças relacionadas
ao trabalho;
d) princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de prevenção dos
riscos;
e) noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à
segurança e saúde no trabalho;
f) noções sobre a inclusão de pessoas com deficiência e reabilitados nos
processos de trabalho; e
g) organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das
atribuições da Comissão.
5.7.3 O treinamento realizado há menos de 2 (dois) anos contados da
conclusão do curso pode ser aproveitado na mesma organização, observado o
estabelecido na NR-1.
5.7.4 O treinamento deve ter carga horária mínima de:
a) 8 (oito) horas para estabelecimentos de grau de risco 1;
b) 12 (doze) horas para estabelecimentos de grau de risco 2;
c) 16 (dezesseis) horas para estabelecimentos de grau de risco 3; e
d) 20 (vinte) horas para estabelecimentos de grau de risco 4.
5.7.4.1 A carga horária do treinamento deve ser distribuída em no máximo 8
(oito) horas diárias.
5.7.4.2. Para a modalidade presencial deve ser observada a seguinte carga
horária mínima do treinamento:
a) 4 (quatro) horas para estabelecimentos de grau de risco 2; e
b) 8 (oito) horas para estabelecimentos de grau de risco 3 e 4.

37
5.7.4.3 A carga horária do treinamento dos estabelecimentos de grau de risco
1 e do representante nomeado da NR-05 podem ser realizadas integralmente na
modalidade de ensino à distância ou semipresencial, nos termos da NR-01.
5.7.4.4 O treinamento realizado integralmente na modalidade de ensino à
distância deve contemplar os riscos específicos do estabelecimento nos termos do
subitem 5.7.2.
5.7.4.5 O integrante do SESMT fica dispensado do treinamento da CIPA.
5.8 CIPA das organizações contratadas para prestação de serviços
5.8.1 A organização de prestação de serviços deve constituir CIPA centralizada
quando o número total de seus empregados na Unidade da Federação se enquadrar
no Quadro I desta NR.
5.8.1.1. Quando a organização contratada para prestação de serviços a
terceiros exercer suas atividades em estabelecimento de contratante enquadrado em
grau de riscos 3 ou 4 e o número total de seus empregados no estabelecimento da
contratante se enquadrar no Quadro I desta NR, deve constituir CIPA própria neste
estabelecimento, considerando o grau de risco da contratante.
5.8.1.1.1 A organização contratada está dispensada da constituição da CIPA
própria no caso de prestação de serviços a terceiros com até 180 (centro e oitenta)
dias de duração.
5.8.1.2 O número total de empregados da organização contratada para
prestação de serviços, para efeito de dimensionamento da CIPA centralizada, deve
desconsiderar os empregados alcançados por CIPA própria.
5.8.2 A organização contratada para prestação de serviços, quando
desobrigada de constituir CIPA própria, deve nomear um representante da NR-5 para
cumprir os objetivos desta NR se possuir 5 (cinco) ou mais empregados no
estabelecimento da contratante.
5.8.2.1 A nomeação de representante da NR-05 em estabelecimento onde há
empregado membro de CIPA centralizada é dispensada.
5.8.2.2 O estabelecido no subitem 5.8.2 não exclui o disposto no subitem 5.4.13
quanto ao estabelecimento sede da organização contratada para a prestação de
serviços.

38
5.8.2.3 A nomeação do representante da organização contratada para a
prestação de serviços deve ser feita entre os empregados que exercem suas
atividades no estabelecimento.
5.8.3 A organização contratada para a prestação de serviços deve garantir que
a CIPA centralizada mantenha interação entre os estabelecimentos nos quais possua
empregados.
5.8.3.1 A organização deve garantir a participação dos representantes
nomeados da NR-05 nas reuniões da CIPA centralizada.
5.8.3.2 A organização deve dar condições aos integrantes da CIPA centralizada
de atuarem nos estabelecimentos que não possuem representante nomeado da NR-
05, atendido o disposto no subitem 5.6.2.
5.8.4 O representante nomeado da NR-05 das organizações contratadas para
a prestação de serviço deve participar de treinamento de acordo com o grau de risco
da contratante.
5.8.5 A CIPA da prestadora de serviços a terceiros constituída nos termos do
subitem 5.8.1.1 será considerada encerrada, para todos os efeitos, quando
encerradas as suas atividades no estabelecimento.
5.8.6 A organização contratante deve exigir da organização prestadora de
serviços a nomeação do representante da NR-05 prevista no subitem 5.8.2.
5.8.7 A contratante deve convidar a contratada para participar da reunião da
CIPA da contratante, com a finalidade de integrar as ações de prevenção, sempre que
as organizações atuarem em um mesmo estabelecimento.
5.8.7.1 A contratada deve indicar um representante da CIPA ou o representante
nomeado da NR05 para participar da reunião da CIPA da contratante.
5.9 Disposições finais
5.9.1 A contratante adotará medidas para que as contratadas, suas CIPA, os
representantes nomeados da NR-05 e os demais trabalhadores lotados naquele
estabelecimento recebam informações sobre os riscos presentes nos ambientes de
trabalho, bem como sobre as medidas de prevenção, em conformidade com o
Programa de Gerenciamento de Riscos, previsto na NR-01.
5.9.2 Toda a documentação referente à CIPA deve ser mantida no
estabelecimento à disposição da inspeção do trabalho pelo prazo mínimo de 5 (cinco)
anos.

39
5.9.3 em havendo alteração do grau de risco do estabelecimento, o
redimensionamento da CIPA deve ser efetivado na próxima eleição.

10 TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO E


INCIDENTES

Além dos preceitos contidos na NBR 14280, as metodologias geralmente


utilizadas na investigação dos motivos da ocorrência de acidentes de trabalho e
incidentes que resultaram ou poderiam ter resultado em lesões ao trabalhador, danos
à empresa e prejuízos nas operações são a técnica de análise sistemática de causas
(TASC) e a árvore de causas (ADC), apresentadas na seção Metodologia de
investigação e análise de acidentes de trabalho (ROJAS, 2015).
A investigação parte do pressuposto de que o acidente é sempre um
acontecimento que decorre de uma série de fatores existentes em processos,
materiais e ambiente e também do comportamento humano. Eles acontecem em geral
durante o desenvolvimento de alguma atividade individual ou em equipe. As atividades
desenvolvidas pelos trabalhadores são compostas por quatro elementos, detalhados
a seguir (ROJAS, 2015).

10.1 O indivíduo (I)

Indivíduo é a pessoa que exerce suas atividades profissionais no local de


trabalho, com suas capacidades físicas e emocionais e suas preocupações
profissionais e pessoais. Também são consideradas nessa categoria as demais
pessoas que se relacionam com o indivíduo direta ou indiretamente durante o
exercício de suas atividades (ROJAS, 2015).
Os indivíduos são diferentes fisicamente uns dos outros e modificam-se
fisiologicamente diante de determinadas circunstâncias vivenciadas dentro e fora do
ambiente de trabalho (p. ex., fadiga, embriaguez, sono, condição inabitual). Além
disso, passam por modificações de sua forma de ser e agir em virtude de suas
condições psicológicas (p. ex., preocupação, descontentamento) (ROJAS, 2015).
Os indivíduos possuem, ainda, capacidades e competências diferentes em
decorrência de seus interesses pessoais e de sua formação profissional (p. ex., falta

40
de treinamento, treinamento deficiente, pouca experiência). Eles podem se sentir bem
ou mal alocados de acordo com o clima existente em seu local de trabalho, o que
influencia aspectos como colaboração, camaradagem, respeito, amizade e outros
atributos do ambiente de trabalho (ROJAS, 2015).

10.2 A tarefa (T)

Tarefas são atribuições recebidas e realizadas pelo indivíduo na manufatura de


um produto ou na execução de um serviço, incluindo as etapas anteriores e
posteriores ao processo (ligar a máquina ou equipamento, operar, desligar, limpar,
manter) (ROJAS, 2015).
A tarefa nem sempre é rotineira, podendo sofrer algumas modificações que
precisam ser consideradas, como:
 Mudanças nas operações (alterações nas formas de execução das tarefas e
nos procedimentos, pressão para realizar a tarefa, aceleração de equipamento, má
orientação, má adequação corporal, entre outras);
 Mudanças na utilização da máquina ou ferramenta (utilizar máquinas para
realizar atividades para as quais ela não foi projetada, empregar ferramentas com
defeito ou para aplicações diferentes das recomendadas, etc.);
 Mudanças em relação ao equipamento de proteção (deixar de usar o EPI
adequado ou utilizar equipamento com defeito, etc.).

10.3 O material (M)

O material compreende tudo o que é utilizado pelo trabalhador para realizar


suas tarefas (matéria- -prima, produtos, máquinas, tecnologia, etc.). O material pode
apresentar os seguintes tipos de variações:
 Matéria-prima: Alterações de características físicas (peso, dimensão,
temperatura), mudanças na forma de fornecimento à produção, aumento ou
diminuição do tempo de reposição.
 Máquinas e meio de produção: Mau funcionamento, substituição, instalação
inadequada, falta de manutenção, falta de dispositivo de proteção, etc.
 Energia: Variação, interrupção, variação brusca ou não controlada, etc.

41
10.4 O meio de trabalho (MT)

O meio de trabalho é o ambiente no qual o trabalhador executa suas tarefas e


se relaciona com os demais trabalhadores. As variações no meio de trabalho em geral
acontecem no ambiente físico de trabalho e incluem aspectos como nível de
iluminação, ruído, temperatura, umidade, presença de gases tóxicos e espaço, entre
outros (ROJAS, 2015).

10.5 Metodologia de investigação e análise de acidentes de trabalho

Na investigação e na análise de acidentes, os quatro elementos envolvidos nas


atividades do trabalhador são levados em conta por meio de uma metodologia que
abrange todos os aspectos relacionados. Uma boa maneira de conduzir a
investigação é dividi-la em passos, conforme detalhado a seguir (ROJAS, 2015).
O primeiro passo consiste em coletar dados sobre o acidente e buscar
informações sobre os procedimentos de segurança do trabalho adotados na empresa.
A coleta de dados é realizada no local onde ocorreu o acidente, logo após sua
ocorrência, com o objetivo de obter evidências, informações e declarações
espontâneas das pessoas que o presenciaram. Também é interessante obter opiniões
e considerações de técnicos, operadores e profissionais que atuam na área, mesmo
que eles não tenham presenciado o acidente (ROJAS, 2015).
A coleta de dados estende-se aos documentos da empresa que tratam da
segurança do trabalho, como os que serão solicitados pelos fiscais do Ministério do
Trabalho e Emprego:
 Comunicação de acidente de trabalho (CAT);
 Cartão de ponto referente, no mínimo, aos três últimos meses de trabalho;
 Ficha do departamento de recursos humanos das vítimas/pessoas
diretamente envolvidas no acidente de trabalho com dados sobre histórico de cargos,
funções e atividades desenvolvidas desde a contratação, formação prévia à
contratação e na empresa (detalhar conteúdos de aspectos potencialmente
relacionados ao acidente);
 Normas de segurança e prescrições pertinentes à atividade com
informações relativas à sua forma de difusão para os trabalhadores;

42
 Procedimentos, normas operacionais, passo a passo ou outros documentos
relevantes à(s) atividade(s);
 Manuais de máquinas, equipamentos ou dispositivos envolvidos no acidente
de trabalho;
 Histórico de manutenção de máquinas, equipamentos ou dispositivos
envolvidos no acidente de trabalho relativo aos 12 últimos meses e ao período pós-
acidente;
 Informações acerca de estado da máquina, equipamento ou dispositivos
após o acidente, inclusive relativas a defeitos identificados, substituição de
componentes, ajustes ou outras intervenções realizadas visando à sua liberação para
o trabalho;
 Layout da área (indicando áreas de circulação, equipamentos, etc.);
 Análise de acidente realizada por equipe técnica da empresa e de
consultores (com respectivos anexos, especialmente registros fotográficos, filmes,
esquemas, etc.);
 Ata de reunião da CIPA em que o acidente foi discutido;
 Medidas preventivas recomendadas e adotadas após o acidente;
 Outros documentos.

Ainda no âmbito da empresa, devem ser solicitados ao SESMT da empresa o


prontuário médico da vítima ou de pessoas diretamente envolvidas no acidente de
trabalho (diagnóstico, referência a medicamento ou hábitos pessoais, etc.) que sugira
aspecto pessoal capaz de contribuir no acidente investigado (ROJAS, 2015).
O segundo passo da investigação e análise de acidentes de trabalho consiste
em definir o acidente de forma clara e concisa, relatando-o com base no levantamento
de dados e informações coletadas. O terceiro passo é identificar as causas imediatas
do acidente, que costumam estar diretamente relacionadas aos seguintes aspectos:
Atos abaixo de padrões: São atos que partem do indivíduo, em geral em
desrespeito a regulamentos e normas da empresa e da CIPA, como operar
equipamentos sem autorização; remover barreiras de segurança; não utilizar EPI;
armazenar de maneira incorreta; empregar equipamentos defeituosos; entre outras.
Também podem ser decorrentes de desatenção, inexperiência, despreparo, ou da não
observação de práticas de segurança geralmente utilizadas (ROJAS, 2015).

43
Condições abaixo de padrões: Em geral são as condições que conduzem à
causa básica do acidente, sendo considerados como tais o uso de ferramentas,
equipamentos ou materiais defeituosos; espaços limitados para o trabalho; ruído
excessivo; ordem e limpeza deficientes; sistema de advertência inadequado; entre
outros (ROJAS, 2015).
O quarto passo da investigação e análise de acidentes do trabalho relaciona-
se à identificação das causas básicas e das falhas de gestão. É a razão da existência
de atos e condições abaixo de padrões, que podem ser gerados por um dos fatores
apresentados no Quadro 4.

Quadro 04 - Aspectos relacionados às causas básicas dos riscos

Fonte: SAGAH (2020).

Para entender melhor esse assunto, vamos recorrer aos estudos de Frank E.
Bird, realizados quando ele trabalhava na Companhia Siderúrgica Lukens de
Coatesville, na Pensilvânia, nos Estados Unidos no período entre 1950 e 1968.
Segundo De Cicco e Fantazzini (1993), Bird realizou um estudo baseado em dados
estatísticos coletados sobre cerca de 2 milhões de acidentes ocorridos em 297
empresas de diferentes segmentos que envolviam 1.750.000 empregados e mais de
3 bilhões de homens-horas trabalhados (ROJAS, 2015).
Com esses dados, ele criou uma relação dos acidentes com seu nível de
gravidade e frequência e estabeleceu uma proporção que hoje é representada no
formato de uma pirâmide. Nessa representação, conhecida mundialmente como
pirâmide de Bird (Fig. 5), aparecem indicadas as proporções de danos causados pelas
lesões sofridas pelos empregados em acidentes (ROJAS, 2015).

44
Figura 05 - Pirâmide de Bird

Fonte: Adaptada de De Cicco e Fantazzini (1993) e Araújo (2004).

A pirâmide de Bird mostra que há uma lesão incapacitante ou grave para cada
10 lesões leves, e que ocorrem 30 acidentes com danos materiais para cada 600
incidentes (1:10:30:600). A interpretação dada por Bird a esses dados é que
estatisticamente existe uma distribuição natural dos acidentes de acordo com sua
gravidade e o impacto geral na organização (ROJAS, 2015).
A solução sugerida por esse autor é a prevenção, ou seja, se forem criadas
barreiras à ocorrência de incidentes, se os incidentes forem comunicados e se as
causas forem imediatamente sanadas, é possível evitar que o incidente se transforme
em danos materiais e físicos, leves ou fatais. Associando os conceitos de identificação
das causas imediatas do acidente, das causas básicas e das falhas de gestão, a
pirâmide passa a ter a configuração apresentada na Figura 06.

Figura 06 - Pirâmide de Bird incluindo as causas básicas e imediatas de incidentes.

45
Fonte: Adaptada de De Cicco e Fantazzini (1993) e Araújo (2004).

A pirâmide de Bird deu origem ao modelo de causas de acidentes de Bird que,


por sua vez, se baseou nos conceitos de Heinrich sobre o efeito dominó. Segundo
Heinrich (1959), o acidente sempre tem um fato antecedente onde está o homem,
detentor de uma personalidade, exercendo uma atividade sem o devido preparo, que
comete atos inseguros ou está exposto a condições inseguras, sendo essas as causas
básicas dos acidentes (ROJAS, 2015).
Heinrich (1959) ilustrou sua teoria por meio de cinco peças de dominó. A
primeira peça representava a personalidade, inerente ao homem (conjunto de
características positivas e negativas, de qualidades e defeitos). Ela é formada durante
sua vida em decorrência das influências recebidas e das convivências compartilhadas.
A personalidade é, segundo Heinrich (1959), a grande responsável pelo
comportamento do indivíduo (ROJAS, 2015).
A segunda peça representava as falhas humanas no exercício da atividade,
decorrentes dos aspectos negativos da personalidade do indivíduo. Segundo Heinrich
(1959), esses aspectos negativos podem levar o indivíduo a falhar e sofrer acidentes.
Já a terceira peça representava as causas de acidentes, ou seja, os atos e as
condições inseguras (ROJAS, 2015).

46
A quarta peça do dominó de Heinrich representava o acidente. Em sua teoria,
Heinrich (1959) deixa claro que, sempre que existirem condições inseguras ou forem
praticados atos inseguros, existe a real possibilidade de ocorrer um acidente. A quinta
e última peça dessa teoria representava as lesões, a real possibilidade de ocorrer em
um acidente, e poderiam ser leves ou graves (ROJAS, 2015).
Bird desenvolveu sua pirâmide com base nessas ideias de Heinrich (1959), e
seu modelo de causas de acidentes é conhecido como dominó de Frank Bird (Figura
07).

Figura 07 - Dominó de Frank Bird.

Fonte: Adaptada pelo autor a partir de De Cicco e Fantazzini (1993) e Araújo (2004).

10.6 Técnica de análise sistemática de causas

Esta técnica se utiliza da metodologia e dos conceitos apresentados para


simular o possível caminho que levou à ocorrência do evento investigado (ROJAS,
2015).
A aplicação da técnica de análise sistemática de causas (TASC) tem início após
a ocorrência de um evento:
1. Evento: Pode ser novo ou repetitivo, mas pode possuir causas diretas e
imediatas diferentes.
2. Causas diretas e imediatas: Levaram à ocorrência do evento e são
consideradas consequências de atos abaixo do padrão ou de condições abaixo do
padrão (ou de ambas).

47
3. Atos e condições abaixo do padrão: São produzidos pelas causas básicas,
ou seja, elas estão na raiz do evento investigado.
4. Causas básicas: Possuem origem em fatores pessoais ou fatores laborais

Para desenvolver a TASC considerando estes pontos, é indicada a utilização


de formulários para facilitar o entendimento da sequência de ocorrências que levaram
ao evento investigado. Os formulários permitem que durante a coleta de dados sejam
assinalados os resultados obtidos (ROJAS, 2015).
Após o preenchimento dos formulários da TASC, é possível utilizar os
resultados para relatar os aspectos de saúde e segurança do trabalho que têm
Necessidade de Ações e Controle (NAC) e também para construir a árvore de causas
(ADC).

10.7 Necessidade de ação e controle (NAC)

As constatações feitas por meio da TASC possibilitam a identificação da


Necessidade de Ação e Controle (NAC) nos aspectos de gestão analisados. O status
de cada aspecto pode ser obtido mediante respostas positivas ou negativas das
questões:
1. Temos padrões de controle de riscos para esta atividade?
2. Os padrões de controle existentes são adequados?
3. Os padrões de controle existentes estão em total conformidade com as
normas?

Para desenvolver a NAC com as respostas obtidas a estas questões, é indicado


utilizar um formulário para facilitar o entendimento do status da gestão. Os formulários
permitirão identificar e relatar os resultados obtidos (ROJAS, 2015).
Após o preenchimento desses formulários, é possível elaborar um plano de
ação para solucionar as irregularidades e aperfeiçoar os processos e procedimentos
utilizados na empresa (ROJAS, 2015).

48
10.8 Árvore de causas (ADC)

Depois de coletar os dados por meio da TASC, tem início a construção da


árvore de causas (ADC), que emprega a simbologia padronizada mostrada no Quadro
5 para sua representação gráfica.

Quadro 05 - Símbolos utilizados na árvore de causas

Fonte: SAGAH (2020).

Ao construir a ADC, considere que a ocorrência de um fato sempre é


antecedida por um fato anterior, portanto, é preciso investigar o fato antecedente para
entender a ocorrência sequencial (Figura 8).

Figura 8 - Fato investigado em função do fato antecedente.

Fonte: SAGAH (2020).

Quando o fato investigado decorre de mais de um acontecimento, estamos


diante de uma disjunção que tem como origem um único fato antecedente (Figura 9).

49
Figura 9 - Disjunções do fato antecedente em acontecimentos a serem investigados.

Fonte: SAGAH (2020).

Quando o fato investigado decorre de mais de um fato antecedente, estamos


diante de uma junção (Figura 10).

Figura 10 - Investigação com base em mais de um fato antecedente.

Fonte: SAGAH (2020).

Para facilitar a classificação e o uso da simbologia adequada, é indicado um


rascunho em forma de tabela no qual são previamente anotados o fator de acidente,
o componente e o símbolo adotado na construção da ADC. O rascunho pode ser
iniciado durante o levantamento de dados e concluído após o levantamento estar
completo (ROJAS, 2015).
O quinto passo da investigação e análise de acidentes de trabalho é a definição
das medidas de controle. A melhor forma de definir um plano de controle após obter

50
os resultados de uma investigação é empregar a ferramenta de qualidade conhecida
como 5W2H. Essa ferramenta serve para traçar planos de ação, portanto, ela indicará,
por meio das respostas obtidas, o que deve ser feito. A quadro 6 descreve os
elementos usados nessa ferramenta e seus objetivos.

Quadro 06 - 5W2H

Fonte: SAGAH (2020).

O sexto passo da investigação e análise de acidentes de trabalho está


relacionado com a abrangência. A análise de um acidente deve ser iniciada no
acidente e percorrer o caminho inverso, ou seja, até identificar as causas básicas e
imediatas que levaram à sua ocorrência (ROJAS, 2015).

51
10.9 Consequências dos acidentes de trabalho

Um acidente de trabalho invariavelmente traz consequências econômicas,


políticas e sociais nos aspectos humanos e materiais (ROJAS, 2015).
No aspecto humano, as consequências sociais acontecem nos três níveis de
relacionamento social do trabalhador acidentado:
 com o próprio acidentado, que perde a autoconfiança em virtude do fato
em si, do sofrimento físico e emocional e da diminuição de sua
capacidade produtiva;
 com a família do acidentado, em razão do sofrimento a que é submetida
involuntariamente, da preocupação com sua vida e saúde e da
insegurança gerada com relação ao futuro;
 com os colegas de trabalho, em razão do mal-estar sentido pelos
colegas em virtude do ocorrido, da inquietação proveniente de incertezas
quanto à segurança e do medo de se tornar a próxima vitima.

Ainda no aspecto humano, existem consequências relacionadas tanto à


empresa, uma vez que há uma variação negativa no clima motivacional e psicológico
e o mercado penaliza sua reputação, quanto ao país, pois cada registro de acidente
feito por meio da CAT diminui o potencial produtivo estimado (ROJAS, 2015).
No aspecto material, as consequências atingem o círculo social do trabalhador,
trazendo impactos nos três níveis:
 ao próprio acidentado, refletindo-se na perda de salário, pois ele passa a
receber benefícios do INSS que, em geral, são valores menores do que os pagos pela
empresa, e perda de sua perspectiva profissional em virtude de diminuição de seu
potencial e capacidade física;
 à família do acidentado, pelo surgimento de dificuldades econômicas e pela
necessidade de mudança da forma de vida;
 aos colegas de trabalho, refletindo-se na queda de produtividade com a
consequente perda financeira de prêmios, aumento da carga de trabalho para suprir
a ausência do colega acidentado e incumbências de formação de um substituto para
o colega.

52
A empresa também sofre consequências no aspecto material, pois as linhas de
produção ficam paradas, as máquinas envolvidas com o acidente precisam passar por
manutenção, a produção atrasa e a empresa precisa investir em substituição e
treinamento do funcionário acidentado. Ocorrem ainda aumentos dos custos de
produção e dos prêmios de seguros (ROJAS, 2015).
As consequências materiais para o país incluem a perda de produção, que
impacta na arrecadação de impostos e no cálculo do PIB. Além disso, o INSS arca
com as despesas hospitalares e de recuperação do acidentado, gerando, além da
perda do poder de compra do trabalhador e de sua família, despesas com a
fiscalização e reeducação sobre segurança do trabalho (ROJAS, 2015).

11 NORMA OHSAS 18001

No ambiente corporativo, as ações de saúde e segurança ocupacional devem


fazer parte da cultura organizacional. Para que seja possível atender às demandas
dos clientes internos, externos e da sociedade, é preciso pensar na proteção dos
trabalhadores em todos os níveis hierárquicos e operacionais, pois a satisfação,
situação de saúde e integridade física dos trabalhadores refletem-se nos resultados
organizacionais (ABBUD, 2018).

11.1 Origem, conceito e evolução da Norma Occupational Health and Safety


Assessment Series (OHSAS) 18001

A saúde e a segurança ocupacional começaram a ser uma preocupação social


a partir do momento em que se percebeu o adoecimento das pessoas que
desenvolviam determinadas atividades ou trabalhavam em determinados ramos. Em
1700, uma época em que o trabalho era basicamente artesanal, Bernardino Ramazzini
identificou e registrou o aparecimento de doenças em trabalhadores com relação
direta às atividades desenvolvidas ou ao seu ambiente de trabalho (BITENCOURT;
QUELHAS, 1998). Com a revolução industrial, o avanço tecnológico, o aumento do
número de trabalhadores e a inserção das mulheres no mercado de trabalho, mais
doenças começaram a ser identificadas, assim como a relação das mesmas com as
condições ambientais e funções desempenhadas pelos trabalhadores.

53
Segundo Lu (2015), a sigla OHSAS, que significa Occupational Health and
Safety Assessment Series (Série de Avaliação de Segurança e Saúde no Trabalho),
trata-se de um conjunto de normas, originalmente desenvolvidas por organizações
não governamentais, originárias da Inglaterra (direitos autorais do British Standard
Institute - BSI), com vistas a uma regulamentação nas ações de saúde e segurança
do trabalho (SST), ou seja, na definição de parâmetros para conhecer, atacar e
controlar os riscos de incidentes e doenças ocupacionais.
Hoje, a Organização Internacional do Trabalho (2017), conhecida pela sigla
OIT, responsabiliza-se por criar normatizações de proteção aos trabalhadores e fazer
com que sejam cumpridas a nível internacional, com foco nos interesses sociais. No
Brasil, temos o Ministério do Trabalho (MTb), conhecido pela sigla MTE, que se
responsabiliza por criar as legislações pertinentes para proteção dos trabalhadores e
fiscalizar o cumprimento das mesmas (ABBUD, 2018).
No ano de 1999, a norma entrou em vigor e passou por alguns processos de
atualização, à medida que as organizações entendiam que a norma precisava de
melhorias, para definir mais precisamente alguns parâmetros e requisitos, inseri-los
ou retirá-los. Veja, no Quadro 7, a estrutura básica atual da Norma OHSAS 18001.

Quadro 07 - Estrutura da norma OHSAS 18001:2007.

Fonte: Souza (2013).


54
Hoje, essa norma é base para todas as empresas – pequeno, médio e grande
portes – na implementação e melhoria contínua de um sistema de gestão. Essa série
de procedimentos credencia as organizações a certificarem seu sistema de SST por
meio de uma organização independente que valide o processo (auditoria de terceiros),
o que é possível também pelo chamado sistema de gestão integrado, onde a OHSAS
18001 é implementada em um mesmo sistema que contemple a ISO 9001
(parâmetros para gestão da qualidade) e a ISO 14001 (parâmetros para gestão
ambiental). A aderência de determinada empresa à OHSAS está intimamente ligada
à sua política interna, à natureza das atividades que desenvolvem e aos riscos
inerentes a elas (ABBUD, 2018).
Atualmente, a norma passa por mais um processo de atualização, o que
modificará, inclusive, sua nomenclatura, na tentativa de melhorar ainda mais o foco
na gestão de riscos dos processos e a integração com os demais sistemas de
certificação. A partir do primeiro semestre de 2018, a norma passará a se chamar ISO
45001, e as empresas já certificadas pela OHSAS terão três anos para migrar ao
sistema de gestão definidos pela ISO 45001 (ABBUD, 2018).

11.2 Dicionário da saúde e segurança do trabalho

Veja, a seguir, os termos usuais da especificação OHSAS.


 Acidente (conceito legal): É todo aquele que ocorre pelo exercício do
trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou
doença, que cause morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.
 Acidente (conceito prevencionista): É qualquer ocorrência não programada,
inesperada ou não, que interfere ou interrompe o processo normal de uma atividade,
trazendo, como conseqüência isolada ou simultaneamente perda de tempo, dano
material ou lesões ao homem.
 Incidente: Evento não planejado que tem potencial de causar um acidente
com morte, doença, lesão, dano ou qualquer outro tipo de perda, independentemente
da gravidade.
 Auditoria: Processo sistematizado, documentado e independente, que visa
a determinar a adequação e a magnitude do alcance das políticas, bem como o

55
atendimento das disposições previamente estabelecidas pela organização. Seu
cronograma é baseado nas avaliações de riscos mapeados, considerando-se o
escopo, a frequência e as equipes de auditores que conduzem o processo e
apresentam os resultados.
 Melhoria contínua: Processo permanente de aprimoramento de todo o
sistema de gestão de SST
 Perigo: É algo ou situação que tem potencial intrínseco para causar lesão ou
dano à saúde, à propriedade, ao meio ambiente do local de trabalho ou a combinação
destes
 Identificação de perigos: Processo de reconhecimento e definição das
características das fontes geradoras.
 Parte interessada: Grupo ou indivíduo diretamente ligado à gestão ou
afetado pelo desempenho da SST de uma organização.
 Não conformidade: Qualquer tipo de desvio das normas, práticas,
procedimentos, regulamentos e desempenho do sistema de gestão SST, com
potencial para ser identificado como perigo e causa de um possível incidente.
 Objetivos: Metas estabelecidas pela organização para alcance de
determinado padrão
 Organização: É a companhia, corporação, firma, empresa, instituição ou
associação que tenha funções e estrutura administrativa própria.
 Desempenho: São os resultados mensuráveis, relacionados ao controle da
SST, com base na política e nos objetivos estabelecidos pela organização.
 Risco: É a combinação entre a probabilidade de uma ocorrência e sua(s)
consequência(s) de determinado evento perigoso.
 Avaliação de riscos: Processo de estimativa da magnitude de um risco, ou
seja, se é tolerável ou não.
 Segurança: Isenção de riscos inaceitáveis de danos.
 Risco tolerável: Aquele reduzido a um patamar suportado pela organização,
baseado em suas obrigações legais e políticas de SST.

56
11.3 Requisitos mínimos para melhores práticas em gestão de saúde e
segurança ocupacional

Em conformidade com a norma, um sistema de gestão em SST deve, no


mínimo, contemplar seis requisitos e/ou etapas: política de SST, planejamento,
implementação e operação, documentação, controle de documentos e análise e
interpretação dos resultados (ABBUD, 2018).

10.3.1 Políticas de saúde e segurança do trabalho

A política da organização deve considerar, de forma documentada, a escala de


riscos, o compromisso na prevenção, o cumprimento da legislação vigente, bem como
a implantação, manutenção, divulgação e disponibilização de tudo às partes
interessadas. A plena aderência da organização depende de análises periódicas para
aprimoramento e ajustes da sua política, ou seja, do comprometimento com a melhoria
contínua (ABBUD, 2018).

10.3.2 Planejamento do sistema

Planejamento para elaborar, implementar e manter procedimentos a serem


aplicados nas tarefas rotineiras que serão realizadas pelos seus funcionários
(incluindo os subcontratados e visitantes), nas instalações disponíveis, no
comportamento humano, nos perigos identificados, na infraestrutura e equipamentos
e, até mesmo, nos materiais utilizados (ABBUD, 2018).
Nesta etapa, podem ser propostas mudanças na organização, devem-se
estabelecer as obrigações legais, derivadas das avaliações de risco e os controles
necessários, buscando sempre a eliminação, a substituição e o controle das
atividades, por meio de sinalizações e equipamentos de proteção individual (EPIs).
Tudo deve ser feito em conformidade com a legislação vigente, elencando
responsabilidades e autoridades de cada nível e função dentro da empresa,
identificando as opções tecnológicas e os requisitos financeiros e operacionais para o
sucesso do sistema (ABBUD, 2018).

57
10.3.3 Implementação e implantação do sistema

A gestão de SST deve, obrigatoriamente, ser compartilhada entre todos os


envolvidos e suprida de recursos essenciais, entre eles, humanos com habilidades
especializadas, infraestrutura organizacional, tecnológicos, financeiros, etc.
Os colaboradores estratégicos devem possuir competências com base na
educação, formação, experiência e treinamento, comprovadamente registradas. A
organização como um todo deve ser treinada, conscientizada e motivada. Todos os
treinamentos aplicados devem ser estabelecidos, mantidos e documentados (com
emissão de certificados) (ABBUD, 2018).
A implementação deve estabelecer e manter uma comunicação interna
sistemática, bilateral, entre os níveis da organização, fornecedores e clientes,
devidamente documentados. Todos os colaboradores devem participar na
identificação e avaliação de riscos, investigação de incidentes, determinação de
controles, análise das políticas e nas possíveis mudanças dos objetivos da SST
(ABBUD, 2018).

10.3.4 Documentação do sistema

Existem alguns documentos básicos, na forma física (papel) ou virtual, que


devem nortear os sistemas de SST: a política e seus objetivos; uma descrição do
sistema; uma descrição dos principais elementos do sistema, suas interações e
referências; e os registros propriamente ditos (ABBUD, 2018).
Esses documentos são denominados registros, quando devidamente
identificados (checklists, planilhas de controle, atas de reunião, pesquisas de
satisfação, entre outros), legíveis e passíveis de rastreabilidade, ou melhor, a maneira
como eles serão armazenados e disponibilizados para consulta e possível descarte.
Os resultados de auditorias e análises críticas também são classificados como
documentos (ABBUD, 2018). A Figura 11 apresenta um esquema da elaboração de
procedimentos de SST.

Figura 11 - Esquema de planejamento da gestão de SST: elaboração de


procedimentos.

58
Fonte: SAGAH (2020).

10.3.5 Controle da documentação

Os registros, para um controle eficaz, exigem, além de identificação, um modo


especial de armazenagem e guarda, revisões, revisores, sua manutenção sem
obsolescência, entre outros itens (ABBUD, 2018).
O controle operacional justifica-se na medida em que os riscos identificados
são monitorados, permitindo que ações sejam colocadas em prática para atingir os
objetivos, contemplando fornecedores e contratados, incluindo, também, as
instalações da organização. Esse controle, capaz de monitorar e medir o desempenho
do sistema, pode ser resumido da seguinte maneira:
 Medições: Na forma de qualidade ou quantidades mensuráveis, ou seja,
passíveis de serem comparadas com o padrão estabelecido. Por exemplo: desvios,
incidentes, acidentes e doenças.
 Monitoramento: Acompanhamento contínuo dos processos, determinado em
função dos objetivos. Esta etapa pode ser feita por meio de equipamentos e aparelhos
específicos, desde que devidamente calibrados e documentados.
 Ações: Preventivas, como a revisão periódica nos planos e procedimentos,
ou corretivas, geradas a partir da identificação de um desvio.

59
A organização deve divulgar e manter procedimentos que definem as
responsabilidades e a autoridade para o tratamento e a investigação de incidentes e
não conformidades, para buscar a causa raiz de todo desvio encontrado e elaborar
ações para evitar sua repetição e/ou recorrência. Essas ações corretivas e/ou
preventivas devem ser registradas e ter seus resultados divulgados, para uma análise
crítica sobre a eficácia das mesmas (ABBUD, 2018).

10.3.6 Análise e interpretação dos resultados

Todo sistema de gestão em SST deve realizar reuniões periódicas de análise


crítica, cujas pautas devem incluir: resultado de auditorias internas; resultados da
participação e consulta; comunicações pertinentes (reclamações); desempenho;
investigação de incidentes; ações corretivas e preventivas; mudanças na SST;
recomendações para melhorias, etc (ABBUD, 2018).
Essas reuniões devem resultar em atitudes e dados: desempenho da SST;
novas políticas e objetivos SST; recursos; outros elementos que se entenderem
necessários à gestão de SST.

11.4 O engenheiro e as etapas de implantação

A estrutura básica para a implantação de um sistema de gestão focado na ISO


e OHSAS é composta por requisitos básicos que devem ser encabeçados pelo
engenheiro (ABBUD, 2018).

10.4.1 Manifestação da necessidade de um sistema

A manifestação precede o planejamento, o engenheiro responsável precisa


alertar a alta direção, caso não faça parte dela, sobre a importância e/ou a
necessidade da implementação desses sistemas em sua organização.
Nesta fase, deve-se estudar o comportamento do mercado e as características
da cultura organizacional, controlar os ânimos e coordenar um processo de quebra
das resistências naturais do ser humano ao novo, sendo especialmente necessário
demonstrar a importância de cada um na busca pela excelência.

60
Aqui, é importante a formação de um comitê interno, que centralize as ações
de forma coordenada, mesmo que a empresa queira ser acompanhada ou
assessorada por consultoria externa, além da definição do tipo de política do sistema
(SGQ, SGA ou SST), que norteará todo o trabalho (ABBUD, 2018).

10.4.2 Planejamento

Planejar é definir o que, por que é quando se pretende, quem é o responsável


e quando será realizado. Conforme já comentado, visa a assegurar que os objetivos
propostos na política do sistema sejam alcançados em toda a organização, com
auxílio do engenheiro, mediante mapeamento dos processos e de suas
características, para definição dos requisitos básicos da implantação, manutenção e
melhoria do sistema, indicando peculiaridades, sequenciadores, convergências,
divergências e integração entre eles, o que só pode ser feito por meio da apuração do
maior número possível de variáveis (ABBUD, 2018).

10.4.3 Preparação, implantação e operação do sistema

Este processo deve ser acompanhado pelo representante da alta direção,


preferencialmente um engenheiro, que reúne os recursos necessários para tanto.
Devem ser aplicados treinamentos em cascata, de cima para baixo na cadeia
hierárquica, demonstrando que toda a liderança está comprometida, de maneira
introdutória e, em seguida, periodicamente, para reciclagem do conhecimento.
Importante não se esquecer de comprovar (documentar) a realização de qualquer
ocorrência. Esses treinamentos são baseados na etapa de mapeamento e
comunicação, ou seja, devem suprir possíveis deficiências identificadas e transmitir
de forma clara a importância de sua “mensagem”, sanando todas as dúvidas dos
colaboradores (ABBUD, 2018).

10.4.4 Manutenção e melhoria

Fundamento de todo sistema de gestão, o engenheiro deve zelar pela


manutenção e melhoria contínua, de forma consciente e comprometida com o

61
propósito do sistema. Deve estar preparado para trabalhar em uma equipe multi ou
interdisciplinar, compreendendo que críticas, questionamentos e sugestões que
possam surgir fazem parte do processo e são importantes para reflexão de como está
a certificação da empresa, podendo ser trabalhados como um “termômetro” da
aceitação dos trabalhadores ou da abordagem utilizada na implementação.
Para isso, várias técnicas de gerenciamento podem ser aplicadas no dia a dia
da organização, pois facilitam a condução dessas ações e gozam de grande
credibilidade no meio empresarial. Algumas ferramentas da qualidade que podem ser
usadas no planejamento do sistema são:
 PDCA: A sigla é formada por iniciais de palavras em inglês, que significam:
plan do check action. A ferramenta possui uma característica de aplicação cíclica, ou
seja, após planejar as ações, deve-se aplicá-las e, após aplicá-las, deve-se verificar a
aplicação por meio da avaliação de cada ponto aplicado, e, a seguir, definir as
correções do que não está adequado, voltando a planejar novas ações. Geralmente é
usado para avaliar e implementar melhorias em um sistema de gestão em andamento.
 Diagrama de Ishikawa: Também conhecido como “espinha de peixe” e
“diagrama de causa e efeito”, no centro do diagrama, insere-se o problema que se
pretende buscar a solução. Na diagonal da linha central, inserem-se as possíveis
causas do problema, buscando especificar cada vez mais o problema. Geralmente é
usado para diagnosticar as causas de um problema e os possíveis efeitos. Veja, na
Figura 12, como é a representação gráfica do diagrama de Ishikawa.

Figura 12 - Diagrama de Ishikawa

Fonte: Portal Administração (2017)

62
 Brainstorming: Também conhecido como tempestade de ideias, é uma
ferramenta utilizada para despertar a criatividade das pessoas envolvidas no
planejamento dos procedimentos, ou incentivá-los a dar ideias para escrever os
procedimentos ou melhorias.
 5W2H: Ferramenta formada pelas palavras norteadoras what, why, who,
where, when, how, how much. Em uma planilha, em que as perguntas ficam no
cabeçalho, utiliza-se uma linha para planejar as ações que serão implementadas,
respondendo a cada uma das perguntas norteadoras. Veja, no Quadro 08, como a
ferramenta é representada.

Quadro 08 - Exemplo da ferramenta 5W2H

Fonte: Treasy Planejamento e Controladoria (2017).

 5 porquês: Neste método, define-se o problema que se pretende encontrar


a causa. Em uma planilha, é inserido o problema em uma linha, questiona-se ao grupo
o porquê do problema e responde-se na coluna ao lado do problema. Conforme o
método, questionando sobre a causa 5 vezes, tem-se a principal causa que gerou o
problema.

É de extrema importância manter um programa de reciclagem de


conhecimento, pois é comum que os funcionários voltem às práticas antigas, por
resistência à mudança (já informado), e outras por não compreenderem o sentido da
nova padronização, entre outros motivos que também devem ser estudados pela
equipe que estuda a implementação do sistema de gestão, na qual o engenheiro
também fará parte (ABBUD, 2018).

63
O engenheiro e qualquer colaborador que esteja atuando na operação desse
sistema devem manter o controle dos seus processos, alimentar as ferramentas e
seguir rigorosamente os procedimentos descritos (ABBUD, 2018).

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12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBUD, CAROLINA. SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL:


Norma OHSAS 18001. [S. l.: s. n.], 2018..

BITENCOURT, C. L.; QUELHAS, O. L. G. Histórico da evolução dos conceitos de


segurança. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 18.,
Niterói, 1998. Anais.... Niterói: ABEPRO, 1998.

BRASIL/ MINISTÉRIO DO TRABALHO. Normas Regulamentadoras da Portaria n o


3214 de 1978.

BRITISH STANDARDS INSTITUTION – BSI. ISO/DIS 45001.2: understanding the


new international standard for occupational health & safety, 2017.

FAYOL, H. – Administración industrial y general. Buenos Aires, Ed. Ateneo, 1956.

JIMÉNEZ CASTRO, W. – Introducción al estudio de la teoria administrativa.


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LU, L. S. (Org.). Interpretação das Normas: ISO 9001/ISO 14001/OHSAS 18001.


São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da Revolução


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MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Introdução a Administração. São Paulo: Atlas,


2007.

NICKHORN, M. M.; SELLITTO, M. A. Análise comparativa da aplicação de


sistemas de gestão de segurança em empresas da indústria automotiva. Revista
GEINTEC - Gestão, Inovação e Tecnologias (GEINTEC), São Cristóvão, v. 5, n. 4, p.
2703-2717, dez. 2015.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. História da OIT. Disponível em:


. Acesso em: 23 dez. 2017.

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PEDRO FILHO, F. S. et. al. Aplicação do ciclo PDCA na gestão da qualidade da
produção. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v.11, n.2, p.17-30,
2017.

PORTAL ADMINISTRAÇÃO. Diagrama de Ishikawa. Disponível em: Acesso em: 27


dez. 2017.

ROJAS, Pablo. Técnico em segurança do trabalho [recurso eletrônico] / Pablo


Rojas. – Porto Alegre : Bookman, 2015.

SILVA, LUIZ ANTÔNIO VIÉGAS. Curso De Especialização Em Engenharia De


Segurança Do Trabalho: Aula 05. [S. l.: s. n.], 2013.

SOUZA. D. N. Z. Proposta de um modelo de implementação de um Sistema


Integrado de Gestão das normas ISO TS 16949, ISO 14001 E OHSAS 18001.
Dissertação. (Mestrado em Engenharia de Produção) - Faculdade de Engenharia,
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Metodista de Piracicaba, Santa Bárbara
D’Oeste, 2013.

TREASY PLANEJAMENTO E CONTROLADORIA. 5W2H – Reduzindo incertezas e


ganhando produtividade para os planos de ações de sua empresa.

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