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Presidente da República

MARECHAL HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO


Ministro da Educação e Cultura
FLÁVIO SUPLICY DE LACERDA
Diretor do Ensino Industrial
ARMANDO HILDEBRAND
CONCEITOS BÁSICOS
PARA A ELABORAÇÃO DE
SÉRIES METÓDICAS DE OFICINA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA —DIRETORIA DO ENSINO INDUSTRIAL


Coordenação de:
HELI MENEGALE
LUIZ GONZAGA FERREIRA

Elaboração de:
A. NUNES MELENDEZ, Perito do B. I. T. (1
Revisão e atualização de:
JOÃO B. SALLES DA SILVA - SENAI •
Programa Intensivo de Preparação da Mão-de-Obra Industrial,
inaugurado no País em 1964, tem em vista o ensino de técnicas
industriais a operários qualificados, agentes de mestria, auxiliares
técnicos, técnicos-industriais e à direção média das emprêsas fabris.
Constitui um processo complementar da ação das escolas e visa a
conjugar os procedimentos didáticos com a experiência do trabalho
industrial, instalando os seus cursos, com a flexibilidade indispensável,
onde se façam necessários. Representa, assim, a linha de promoção
profissional do traba-balhador e do aperfeiçoamento das suas atitudes
de trabalho.

Para realizar tais propósitos, o primeiro elemento com que terá de


contar é o INSTRUTOR. Pode-se afirmar que depende do instrutor, na
sua maior parte, o êxito do empreendimento.

0 instrumento básico da ação do instrutor é o material didático.

Cuidou, pois, a direção do Programa de elaborar o imprescindível


material de ensino para os diversos cursos. Reuniu especialistas
provindos das mais diversas regiões do País, para o exame de todo o
acervo de material didático produzido pelo SENAI, pela CBAI, Diretoria
do Ensino Industrial, rêdes estaduais de ensino estadual e escolas
particulares.

Tendo por base êsse estudo, os especialistas prepararam o material de


ensino do Programa, selecionando-o de programas já realizados com
proveito ou feitos com a segurança de bons resultados.

Êste manual, que integra uma série, contém programas, instruções,


quadros analíticos, fôlhas de tarefas e informações tecnológicas e
destina-se a orientar e normalizar o funcionamento dos cursos.

Assinalamos, por ser de justiça, representar esta contribuição a síntese


do esfôrço e da experiência de professôres, técnicos e funcionários das
entidades citadas aqui, mais notadamente o SENAI.

ARMANDO HILDEBRAND
Diretor do Ensino Industrial e
Coordenador Nacional do Programa Intensivo de Preparação da Mão-de-Obra Industrial
ÍNDICE

Apresentação ................................................................... 3
Objetivos .......................................................................... 5
A Importância da Análise no Ensino do Ofício . 6
A Análise do Ofício e a Informação Profissional 7
Conceitos Básicos para a Análise dos Ofícios .. 9
A divisão do Ofício em Blocos ou Ocupações
Derivadas ......................................................................... 12

PESQUISA SOBRE MÃO-DE-OBRA INDUS-


TRIAL (Modêlos de questionários)
1 — Ocupações em cada setor de trabalho 14, 15, 16
2 — Informações individuais .................................. 17
3 — Análise ocupacional .......................................... 18
4 — Análise ocupacional (Quadro resumo) .. 19
A Seleção e Classificação das Operações ......................... 20
As Tarefas como Meio de Realizar a Aprendizagem 23
Organização da Série Metódica ........................................ 26

QUADRO ANALÍTICO (Modêlo) ................................ 29


Aplicação da Fórmula Allen-Richards .............................. 30
Análise ou Decomposição das Tarefas e Operações para
Efeito da Determinação dos Conhecimentos
Técnicos Correlatos ...................................................... 31
FÔLHA DE ANÁLISE DE OFÍCIO (Modêlo) .... 32
A Instrução Individual ..................................................... 33
FÔLHA DE TAREFA (Modêlo) ..................................... 36
A Aplicação das fôlhas de Instrução Individual 41

UNIDADE DE INSTRUÇÃO (Exemplo) . ................ 44


Roteiro de Usinagem .............................................. 45
Fôlha de Tarefa ....................................................... 47
Fôlha de Operação .................................................... 49
Fôlha de Informação Tecnológica .............................. 53
OBJETIVOS

presente manual procura resumir os elementos


essenciais para a elaboração de fôlhas de instrução
individual e a sua organização em forma de séries
metódicas de oficina (SMO). As informações aqui
apresentadas podem ser úteis a professôres,
instrutores, diretores de escolas, supervisores,
encarregados de treinamento das emprêsas e,
finalmente, a tôdas as pessoas que se preocupam
com a formação profissional racional ou
sistemática.

As fôlhas de instrução individual constituem,


na época atual, um dos processos mais
recomendáveis para o ensino dos trabalhos práticos
de oficina (prática profissional) e das matérias
teóricas correlatas. Facilitam o desempenho do
instrutor na direção da aprendizagem, aumentam o
rendimento do processo educativo e o que é muito
importante, possibilitam o progresso individual dos
aprendizes condicionando-o apenas ao esfôrço, às
aptidões e às capacidades de cada um.

Êste manual é sómente uma introdução ao


estudo do assunto que compreende aspectos
relacionados com análise ocupacional, psicologia
da aprendizagem e metodologia.

Assim, um dos objetivos desta publicação


será também o de pretender despertar nos
docentes o desejo de prosseguirem seus estudos
visando conhecer com mais profundidade a solução
dos problemas relacionados com a eficiência das
funções que exercem no campo da formação
profissional.
É necessário, também, que os cursos ou
método analítico é conhecido por tôdas as programas mínimos para cada ofício sejam
pessoas que tenham trabalhado no estudo ou preparados de acôrdo com as necessidades da
investigação de problemas científicos. Êste método indústria local ou regional; o conhecimento da
nos permite decompor qualquer fenômeno em seus técnica permite a aplicação das análises a essas
elementos ou partes e estudar as reações que situações regionais ou locais. Além disso,
ocorrem em cada um dos elementos. possibilita a revisão periódica de todo programa ou
A eficácia do método analítico tem sido curso, para pô-lo em dia de acôrdo com as
comprovada em todos os ramos industriais. São de modificações surgidas em conseqüência do
especial interêsse os estudos realizados por algumas desenvolvimento industrial.
emprêsas industriais para determinar os fatôres que
condicionam a eficiência dos trabalhadores em
diferentes tarefas ou operações, estudos êstes
chamados de "tempo e movimento". Assim, ao se e nada serve ensinar um ofício a um grupo de
normalizar o tempo, reduzir sua perda e determinar aprendizes se as técnicas que aprendem não têm
movimentos corretos, ter-se-á obtido a conseqüente aplicação direta na indústria onde irão trabalhar ao
diminuição de custos, a economia de energia e de completarem seus estudos. Para evitar que isso
esfôrços. aconteça, o conteúdo do curso ou programa deve
A experiência realizada pela indústria neste basear-se na análise do ofício ou da ocupação; desta
particular tem sido amplamente aproveitada em forma, serão incluídos unicamente os assuntos ou
benefício dos programas de formação profissional. matérias que o aprendiz necessita conhecer. Além
Mediante a aplicação do método analítico, pode-se disso, embora as unidades de informação
determinar rápidamente o que se deve ensinar a tecnológica possam vir a ser, em algumas ocasiões,
cada aprendiz no campo dos conhecimentos separadas das atividades de oficina, deve-se, em
técnicos e das habilidades manuais para permitir- todo momento, manter uma estreita coordenação
lhe aprender uma ocupação ou um ofício no menor entre a prática de oficina e o ensino de tecnologia,
tempo possível. ciências, matemática e de desenho e de outras
Embora já tenham sido, presentemente, matérias correlatas. No esquema abaixo está
preparadas análises completas da grande maioria demonstrado o que se acaba de indicar, ou seja, que
dos ofícios ensinados nas escolas industriais, é os cursos ou programas mínimos têm sua origem na
importante que as pessoas que trabalham no ensino análise do ofício; que o material didático tem sua
industrial conheçam com perfeição o método origem imediata nos programas mínimos; que os
utilizado para fazer estas análises. planos de aula ou de demonstração do instrutor
devem ser preparados tendo-se em vista as matérias
incluídas nos programas de ensino e no material
didático elaborado especialmente para os cursos.
Levantamentos Industriais Limitados

ficado, na execução de suas tarefas e ope-


análise do ofício deve conter todos os rações;
elementos de que êle se compõe. Para conhecer f) as qualidades de personalidade requeridas para
êsses elementos, é necessário observar e estudar, a eficiência do trabalhador;
bem de perto, a forma pela qual se exerce o ofício g) os padrões para a avaliação do trabalho,
na indústria local. adotados pelas emprêsas.
Não se devem ensinar hábitos e habilidades
Para poder realizar o levantamento, a
que não tenham aplicação na indústria; o aprendiz
comissão precisa, inicialmente, preparar o material
deve receber aquêles conhecimentos tecnológicos e
necessário. É, também, de capital importância que o
práticos do ofício que sejam indispensáveis.
pessoal que irá colaborar com a comissão, na
A providência inicial para a realização de uma
realização do levantamento, seja préviamente
boa análise é o recolhimento de tôda a informação
treinado. Sua preparação ou aperfeiçoamento deve
ocupacional referente ao ofício. Para realizar êsse
incluir o conhecimento dos objetivos do
trabalho, é necessário organizar uma comissão com
levantamento, os métodos a empregar na sua
um mínimo de três especialistas no ofício e dois
realização, quais as informações que devem ser
especialistas em técnicas de análise. O ideal seria
recolhidas e a significação de cada um dos itens
que os especialistas no ofício conhecêssem também
dessas informações. Antes de começar o
a técnica de análise, mas como se trata de matéria
levantamento, o questionário que se preparará para
altamente especializada, há muito poucos
recolher todos os dados deve ser discutido com
especialistas em ofícios que a conhecem com
representantes da indústria local.
perfeição.
Pode-se realizar o levantamento por con-tacto
Designada z comissão de trabalho, efetua-se
direto ou por correspondência. Em ambos os casos,
um levantamento sôbre a ocupação na indústria
usa-se questionário para recolher as informações.
local, tendo sempre em conta que o objetivo
No sistema de contacto direto, pessoas entendidas
primordial é recolher informações referentes ao
no assunto visitam as indústrias em nome da
ofício. Essas informações fornecerão os elementos
comissão para obter as informações necessárias.
de que se compõe o ofício, incluindo as ocupações
Quando não se dispõe de fundos suficientes para
derivadas ou blocos, tarefas e operações.
realizar o levantamento por contacto direto, pode-se
Além de recolher estas informações ocu-
realizá-lo por meio de questionários remetidos pelo
pacionais, o levantamento pode ser utilizado para
correio.
indicar as necessidades de mão-de-obra dos ofícios
na indústria local ou regional. Tais informações são
Contacto direto
de grande utilidade para se determinar o número de
aprendizes que devem ser preparados de acôrdo Êste método permite, a pessoas conhece-doras
com os planos de formação profissional. dos objetivos do levantamento, recolher os dados
As finalidades de um levantamento industrial ou informações ocupacionais diretamente nas
são para determinar: emprêsas, utilizando o questionário por ser mais
amplo e abranger maior número de informações.
a) quais as indústrias típicas da região ou
Nas páginas 14, 15, 16 e 17 acham-se
comunidade;
exemplos de formulários que podem ser utilizados
b) quais as necessidades da mão-de-obra qua- nos levantamentos preliminares objetivando
lificada em cada indústria; conhecer, em primeiro lugar a distribuição da mão-
c) o grau de preparação necessário aos diferentes de-obra de acôrdo com as várias categorias
tipos de mão-de-obra qualificada a ser treinada; profissionais, grupos industriais e denominação das
d) as tarefas e operações que cada tipo de operário ocupações por setor de trabalho.
qualificado executa; A pessoa que fôr visitar as emprêsas in-
e) as máquinas, ferramentas e materiais com que dustriais deve marcar entrevista com antecedência e
trabalha cada tipo de operário quali- dar conhecimento à firma das infor-
mações que a comissão deseja recolher e do c) preparar-se-á, de antemão, todo o pessoal que
questionário a ser apresentado. À pessoa que realiza participará do levantamento, o qual deve
a visita incumbe explicar claramente o propósito de conhecer a fundo os questionários, as
cada aspecto da informação solicitada. Desta forma, informações nêles pedidas, as técnicas de
a emprêsa poderá preparar os dados desejados antes entrevista e a maneira de recolher as in-
da entrevista. A entrevista deve ser curta, e o repre- formações;
sentante da comissão deve estar bem preparado
para esclarecer quaisquer dúvidas suscitadas. d) convém aproveitar o levantamento para obter,
da indústria local, outras informações de
interêsse para a escola, incluindo, entre outros
Obtenção de dados pelo correio assuntos, dados sôbre acompanhamento dos
Quando não se dispõe de meios para realizar aprendizes que concluíram o curso, maquinaria
um levantamento por contacto direto, utiliza-se o e equipamento empregados na indústria. Não se
correio a fim de obter as informações. Nestes casos, deve solicitar, no questionário, informação que
a comissão organiza um questionário e o envia, não tenha utilização imediata;
com carta explicativa, às emprêsas, salientando os e) deve-se controlar o trabalho periódicamente, à
objetivos do levantamento e solicitando ao medida de sua realização, para verificar o valor
industrial que forneça as informações constantes do das informações obtidas e resolver os problemas
questionário. Êste método apresenta a desvantagem, ou dificuldades que hajam surgido.
em muitos casos, de as emprêsas não responderem
ao pedido, por falta de tempo; em outros, de o Concluída a obtenção dos dados, procede-se
questionário não chegar às mãos da pessoa ao exame de todos os questionários, para assegurar
entendida no assunto, o que sucede com freqüência se foram conseguidas, dos estabelecimentos
em emprêsas grandes, de estrutura complicada. visitados, as informações necessárias. Caso faltem
algumas informações, estas podem ser obtidas por
Quando a única forma de realizar o le-
telefone, correio ou novas visitas. Revisados os
vantamento é por correspondência, devem-se
questionários, proceder-se-á à classificação das
observar as seguintes recomendações:
informações e à sua tabulação. Se os itens a
a) o questionário deve ser o mais simples possível, classificar são muitos, pode-se utilizar um sistema
limitando-se aos dados êssenciais; de codificação.
b) o questionário deverá ser acompanhado de
Após o levantamento preliminar e uma vez
instruções claras, indicando como preenchê-lo;
identificada a ocupação que deverá ser analizada,
c) as informações solicitadas devem ser escritas os técnicos ou especialistas devem elaborar o
em linguagem simples, utilizando-se a formulário que se encontra na página 18. O referido
terminologia da indústria; formulário contém, nas colunas verticais, as
d) convém reunir um grupo de elementos operações que hipotéticamente deverão ser
representativos da indústria local para explicar- executadas pelos operários qualificados do ofício.
lhes os fins do levantamento e a forma como se Utilizando êsse formulário, durante o le-
realizará. Se existir uma associação regional da vantamento, o analista com a ajuda dos técnicos
indústria, deve ela ser bem informada quanto ao que o acompanham ou de pessoal da própria
assunto. emprêsa, anotará as tarefas nas colunas horizontais
e assinalará as operações que correspondem a cada
Recomendações gerais sobre a realização de um uma. Visitando várias emprêsas (pequenas, médias
levantamento e grandes), e depois procedendo-se à tabulação das
operações registradas nos formulários, pode-se ter
a) Antes de realizar um levantamento, deve-se uma idéia das OPERAÇÕES MAIS COMUNS que serão
proceder a uma campanha publicitária regional, utilizadas na elaboração dos programas cor-
para que as indústrias tomem conhecimento de respondentes à prática de oficina a serem adotadas
sua finalidade; pelas escolas.
b) deve-se preparar um plano de trabalho completo Para a preparação do relatório final que
que determine a forma de organizar o expresse os resultados da análise recomenda-se as
levantamento em tôdas as suas fases, indicando- seguintes medidas:
se o tempo destinado a cada uma;
a) organização de uma ficha para cada ofício
indicando tôdas as "ocupações derivadas"
ou "blocos" que porventura apareçam em mesmas para duas ou mais tarefas, apenas uma
virtude da industrialização e da divisão do tarefa deve ficar indicada na ficha; c) após o
trabalho. Essas "ocupações derivadas" deverão agrupamento das tarefas relativas a cada uma das
ser anotadas com a denominação que recebem "ocupações derivadas", elabora-se um quadro
nas indústrias e o número de vêzes que semelhante ao formulário da página 19 e aí se
aparecem; anotam tôdas as tarefas encontradas com suas
b) preparação de uma segunda ficha onde devem respectivas operações.
ser registradas tôdas as tarefas referentes à
ocupação e existentes nos estabelecimentos Concluído êsse trabalho, pode-se redigir o
industriais visitados; as tarefas idênticas devem relatório final que compreenderá informações sôbre
ser eliminadas e, para êsse efeito, será suficiente tôdas as fases ou etapas do levantamento e da
um exame das operações correspondentes: se análise.
forem as

análise de um ofício consiste no procedimento


o levantamento. Apresenta ela vários aspectos;
empregado para realizar um inventário de todos os
assim, poderá ser utilizada para fazer breves
elementos de que êle se compõe. Ao analisar ou descrições do ofício, para serviços de colocação,
decompor um ofício em suas diferentes partes ou
para classificação de ofícios ou ocupações, para
elementos, consegue-se identificar cada elemento
serviços de seleção e orientação profissional, etc.
ou parte. Qualquer que seja o objetivo da análise, as técnicas
Antes de começar a ensinar um ofício, seguidas em sua realização não diferem muito, pois
recomenda-se em primeiro lugar um inventário dos tôdas têm a finalidade primordial de tornar
elementos a serem ensinados. A melhor fonte de conhecidos os elementos de que se compõe o ofício.
informações para determinar êstes elementos é a
Em uma análise para fins de ensino industrial,
análise do ofício. É necessário considerar a maneira
o ofício se divide sistemáticamente nos elementos
pela qual se pratica o ofício na região, para se poder de habilidade manual e nos da tecnologia
determinar a maquinaria, as ferramentas e as
relacionada; depois de recolhidos todos êsses
matérias-primas que são utilizadas, bem como as
elementos, são colocados em ordem, a fim de se
diferentes tarefas e operações que são realizadas. salientarem suas relações e de se apresentar, em
Estas informações são conseguidas por detalhes, o que se deve ensinar para que o aprendiz
intermédio de um levantamento ocupacional. aprenda o ofício em apreço.
Por outro lado, deve-se considerar que a Para compreender a técnica da análise é
maioria dos livros e publicações sôbre determinado necessário saber distinguir claramente o que são
ofício não tratam dêle adequadamente, em todos os tarefas, operações e informações relacionadas. A
seus detalhes; os autores dão maior importância a pessoa que não tem boa compreensão dêstes têrmos
algumas partes, em detrimento de outras, não pode identificar claramente os elementos de
geralmente porque, no país ou região onde foi que se compõe o ofício.
escrita a publicação, alguns aspectos do ofício Por exemplo, TAREFA se confunde às vêzes
apresentam maior importância. Há ainda a com OPERAÇÃO, tornando-se práticamente
considerar que essas publicações não se podem impossível estabelecer diferenciação entre uma e
manter atualizadas, porque seria impraticável a outra.
inclusão dos últimos processos tecnológicos que
surgem na indústria em evolução. Para evitar tais dúvidas, dá-se a seguir uma
definição breve de cada têrmo, com o objetivo de
A análise do ofício registra os elementos da estabelecer uma diferença clara, que ajudará a
atividade técnica tal como existem na indústria entender melhor a técnica da análise.
local, no momento em que se efetua
Ofício Tarefa
É um ramo de atividade ou trabalho que inclui O trabalho realizado por um indivíduo, seja de
"blocos" ou "ocupações derivadas"; em inglês o produção ou de serviço, denomina-se tarefa.
têrmo equivalente, é "trade". Cada um de seus Algumas pessoas qualificam de tarefa qualquer
blocos pode, individualmente, constituir uma trabalho realizado com o sentido de obter-se
ocupação. Por exemplo: o ofício de mecânica geral remuneração; outros chamam tarefa a um trabalho
se compõe dos seguintes blocos: tornearia, para cuja execução se requer um tempo
ajustagem, retificação, fresagem, etc. Por causa do determinado. UMA TAREFA existe sempre que se
progresso alcançado pela indústria neste ofício, tem exerce esfôrço com um objetivo definido. Êsse
sido necessário considerar tais unidades, separa- esfôrço pode ser físico, como empurrar ou levantar
damente, como ocupações completas. Isto sucede algo, ou mental, no caso de um planejamento ou de
principalmente em regiões de alto desenvolvimento uma explicação. O esfôrço pode ser exercido com o
e especialização industrial. Em resumo, pode-se propósito de se modificar um material ou de
dizer que um ofício se compõe de vários blocos, e conservá-lo no mesmo estado.
que, em áreas industrialmente desenvolvidas, cada O material pode ser concreto como madeira e
bloco é considerado como uma ocupação pregos ou abstrato, como números e palavras.
independente ou completa.
Posição
Em têrmos gerais, os ofícios podem ser
classificados em "ofícios de produção" e "ofícios de Quando se reúne um número suficiente de
serviços". Os ofícios de produção são aquêles em tarefas que justifique a admissão de um
que os operários qualificados se dedicam trabalhador, surge UMA POSIÇÃO. A POSIÇÃO é,
principalmente à produção de artigos. Nos ofícios portanto, um CONJUNTO DE DEVERES, TAREFAS,
de produção, predominam as operações de formar e FUNÇÕES requerendo o trabalho de um indivíduo.
usinar que definiremos mais adiante. Nestes ofícios, Esta definição de POSIÇÃO é feita na base de
as tarefas recebem o nome do artigo elaborado; os um simples trabalhador e assim, de acôrdo com ela,
ofícios de Carpintaria, marcenaria, mecânica geral, existirão no país tantas POSIÇÕES quantos forem os
impressão e sapataria podem ser classificados como trabalhadores ocupados.
de produção. Uma ocupação pode portanto, ser definida
Os ofícios de serviço são aquêles em que as como um grupo de posições que são idênticas
atividades dos operários qualificados se limitam a quando se consideram as tarefas típicas mais
serviços de reparação ou manutenção de artigos importantes e características. Nessas condições,
manufaturados; os operários devem descobrir, ou uma ocupação pode ser considerada como um
diagnosticar, e reparar os defeitos dos artigos ou grupo de posições que são suficientemente
máquinas, para que possam continuar em uso. Os semelhantes para serem cobertas mediante uma
ofícios de mecânica de automóvel, mecânica de simples análise.
rádio, mecânica de refrigeração ou ar condicionado, Do ponto de vista industrial, tôdas estas
podem ser classificados neste grupo. definições são corretas, porém, nenhuma delas
caracteriza a tarefa de modo técnico. Para fins de
Ocupação derivada análise, a tarefa deve ser definida como um
trabalho ou projeto que envolve uma ou mais
É a unidade ou bloco de um ofício que haja operações. Uma cadeira, uma mesa ou um armário
alcançado sensível desenvolvimento ou são tarefas do ofício de marcenaria. Nos ofícios de
características relevantes capazes de lhe conferirem serviços, como a mecânica de rádio e a mecânica de
uma denominação individual na fôlha de automóvel, uma tarefa pode ser, por exemplo, na
pagamento da indústria, constituindo um emprego primeira, reparar o transformador de saída de um
completo. Uma "ocupação derivada" compreende rádio; na segunda, regular o freio de um veículo.
tôdas as tarefas que possam ser consideradas Para os efeitos de análise do ofício, as tarefas
similares ou intimamente ligadas entre si, quer por podem ser classificadas em dois tipos: tarefas reais
obedecerem mais ou menos ao mesmo processo e tarefas típicas. TAREFA REAL é aquela que
industrial, quer por serem executadas com a mesma apresenta ao operário uma situação real da
máquina, quer por constituírem parte do mesmo indústria. Nela, o operário tem de produzir um
serviço. artigo ou realizar um traba-
lho de acôrdo com os requisitos normais do ofício. Para os efeitos da aprendizagem industrial, as
Em mecânica de automóvel, por exemplo, seriam operações podem ser classificadas em quatro
tarefas reais: colocar anéis de pis-tão em um motor grupos:
"Chevrolet" de 6 cilindros, em um motor "FORD" a) operações de traçar: compreende êste grupo
de 8 cilindros, em um motor "SIMCA" de 8 tôdas as operações incluídas na elaboração de
cilindros, ou colocar injetor em um carburador "D. desenhos, croquis, linhas ou figuras;
F. Vasconcelos", etc. Em outras palavras, tôda b) operações de formar: estas operações se referem
tarefa que se executa na indústria é uma tarefa real, à transformação de material: do-bramento,
podendo ser simples e exigir muito pouca perícia curvaturas, solda, fundição, deformação a frio e
para sua execução, ou podendo ser complicada, a quente, etc;
quer pela própria natureza, quer por exigir um alto
c) operação de modelar ou usinar: referem-se à
grau de perícia. Entre as tarefas reais há algumas modificação das superfícies dos diferentes
que requerem tôda perícia e todos os materiais: aplainar as faces de um pedaço de
conhecimentos tecnológicos que permitam a madeira, furar, limar, tornear, serrar, etc;
execução, não só dessas tarefas, senão também de
muitas outras. Tais tarefas podem ser chamadas de d) operações de montar: referem-se à montagem de
conjuntos, peças ou produtos. As operações de
TÍPICAS, e quem aprende a executá-las não precisa
montagem são muito comuns nos ofícios de
praticar a execução de outras tarefas que incluem as
serviço, em que, com muita freqüência, se
mesmas operações. Portanto, é a tarefa típica que se
necessita montar e desmontar peças.
deve empregar para os fins de aprendizagem.
As operações de uma tarefa industrial devem
As tarefas típicas, que formarão parte de um enquadrar-se em uma das categorias citadas.
programa mínimo de ensino ou curso, devem ser A designação de uma operação deve in-dicar a
selecionadas com cuidado entre as tarefas reais. É existência de uma tarefa sem referir-se a ela
perda de tempo ensinar a um aprendiz a colocar especificamente, pois a mesma operação pode
anéis de pistão em todos os motores de 6 cilindros constituir parte da execução de qualquer tarefa. No
se as operações existentes nessa tarefa são similares ensino, o nome de uma operação deve explicar
para quase todos os motores; em vez disso, deve-se claramente a forma pela qual se executará.
selecionar uma tarefa em que, ao se colocarem Portanto, a primeira palavra de seu título deverá ser
anéis de pistão, se possam empregar tôdas as "Como".
habilidades manuais e os conhecimentos tec- As operações de uma tarefa podem ser
nológicos relacionados. Esta viria a ser a tarefa caracterizadas mediante os seguintes aspectos:
típica.
a) as operações ocorrem em uma ocupação, com
bastante uniformidade;
Operação b) a operação envolve material de ensino;
A operação constitui parte da tarefa. Consiste c) a operação é uma atividade definida que,
na produção, manutenção ou reparação de alguma quando completa, impõe ao operário o desejo de
coisa. Uma operação manual pode-se comparar fazer uma pausa;
muito bem com uma operação aritmética; a única d) geralmente, ao passar de uma operação para
diferença é que a operação manual requer trabalho outra, o trabalhador deve trocar de ferramentas
com material ou ferramentas, enquanto que a ou utilizar outros meios diferentes daquêles que
operação aritmética não o requer. Para a solução de vinha empregando na operação anterior;
um problema de aritmética, exigem-se várias e) o valor de uma operação é maior quando se
operações; da mesma forma, várias operações são combina com outras operações; isoladamente,
exigidas para a execução de uma tarefa. A operação tem muito pouco valor prático;
consiste na realização de um ou vários movimentos, f) a duração de uma operação é tal que permite
gestos ou fases com um objetivo determinado: demonstração em classe;
nunca se deve defini-la simplesmente como o
emprêgo de uma ferramenta. Para fins de ensino g) a operação é de tal natureza que quando
industrial, operação é todo ponto de ensino que executada em combinação com outras ope-
envolva habilidade manual e conhecimentos rações, produz um projeto, uma tarefa ou um
tecnológicos. trabalho completo;
h) as operações envolvem: traçar, formar, modelar 1) Informação essencial à execução do tra
ou usinar e montar; balho:
i) a operação pode se decompor em passos,
Inclui noções de matemática, ciências,
movimentos ou fases.
terminologia da ocupação, segurança industrial, etc;
Uma operação pode converter-se em uma sem elas o aprendiz não pode aprender a realizar
tarefa quando, por si, dá origem a um produto seu trabalho.
terminado. Na indústria, com muita freqüência, um
operário recebe um salário pela realização de uma 2) Informação útil, porém, não essencial:
operação definida: em tal caso, a operação é
considerada uma ocupação, fato que se observa Dados de caráter geral que ajudam o aprendiz
especialmente em indústria altamente especializada. a melhorar sua compreensão tecnológica com
Para fins de formação profissional, a operação deve referência à ocupação. Ainda que não seja
constituir uma unidade de ensino, pois se adapta informação essencial, capacita o aprendiz a
perfeitamente à demonstração em classe e desempenhar melhor sua atividade na indústria e,
representa o mínimo que convém ensinar em por conseqüência, na comunidade. Êste tipo de
separado. informação denomina-se também "adicional" e
pode ser ministrado em sala de aula ou laboratório.
Informações técnicas relacionadas Para o torneiro mecânico, por exemplo,
As informações técnicas relacionadas são estudar os processos de obtenção dos aços,
tôdas aquelas de caráter técnico que o aprendiz considera-se como uma informação útil, mas não
necessita conhecer para aprender eficientemente essencial.
uma ocupação ou ofício. As informações
relacionadas devem ser ministradas ao aprendiz 3) Informação de valor na orientação pro
preferentemente pelo instrutor de oficina. Não se fissional:
devem confundir estas informações com as matérias
correlatas que são ensinadas pelos professôres de Inclui informações sôbre a maneira de
ciências, matemática e desenho; as informações solicitar emprêgo, como conservá-lo e como
técnicas relacionadas são as que se consideram progredir nêle. Inclui, além disso, relações de
imprescindíveis à compreensão clara das diferentes trabalho, legislação trabalhista e outras informações
tarefas do ofício ou ocupação. É essencial transmitir sôbre ética do trabalho. Seria muito conveniente
ao aprendiz três tipos de informações relacionadas: que todo aprendiz recebesse do seu instrutor, na
oficina, suficientes informações desta natureza.

um programa de formação profissional, o


adestramento abrange a mão-de-obra dos ofícios de nos de serviço. Um exemplo claro desta situação se
produção e dos ofícios de serviço. Ambos encontra nas oficinas de mecânica que produzem
necessitam de operários qualificados, capazes de peças de máquinas; nelas, uma pessoa pode
realizar seu trabalho com eficiência e a um custo adestrar-se como torneiro mecânico e empregar-se
mínimo. nessa ocupação, sem necessidade de formar-se em
outras unidades do ofício de mecânica. Outros
Os ofícios industriais se compõem de blocos
exemplos ocorrem nos ofícios de serviços,
também denominados ocupações derivadas. Cada
especialmente em mecânica de automóveis, onde
um dêsses blocos pode, por si, constituir uma
uma pessoa pode adquirir conhecimentos em
ocupação, isto é, uma pessoa pode adestrar-se em
reparação de motores e empregar-se nessa
uma dessas divisões do ofício e logo empregar-se na
ocupação, sem necessidade de aprender noções
indústria sem receber formação completa em todos
sôbre freios, cambios, direção ou suspensão.
os blocos referentes ao mesmo ofício. Isto sucede
não só nos ofícios de produção mas também Alguns ofícios se compõem de um só
bloco, outros contêm vários. A grande maio-
ria dos ofícios de produção e de serviço são multi- f) Pintura e Acabamento de Móveis
blocos como, por exemplo, os de mecânica geral, g) Tornearia de Madeira h)
mecânica de automóveis, Carpintaria, artes gráficas
Estofamento
e marcenaria. A título ilustrativo, segue-se uma
relação dos blocos contidos em alguns dos ofícios
O primeiro passo a dar na análise do ofício é
mencionados.
dividi-lo em blocos, tal como os que foram
exemplificados. Para efetuar esta divisão, agrupam-
1) Mecânica de automóveis
se as tarefas e os trabalhos relacionados ou similares
a) Suspensão para formar blocos. O bloco pode ser definido como
b) Rodagem uma unidade homogênea, em condições de
constituir isoladamente uma ocupação e que contém
c) Freios
pois, suficientes elementos de aprendizagem. Ge-
d) Direção ralmente o bloco é matéria de especialização no que
e) Transmissão se refere a treinamento e constitue, por ser mais
f) Sistema de Alimentação simples do que o ofício completo, uma escala de
acesso na ocupação. Na mecânica de automóvel, por
g) Arrefecimento h)
exemplo, o operário pode começar na rodagem,
Inflamação suspensão, freios e direção para depois passar a
i) Sistema Elétrico j) aprender transmissão, motor, sistema elétrico, etc.
Motor 1) Lubrificação Nos ofícios de serviços, pode-se fazer a
m) Afinação divisão em blocos, considerando-se a parte do
artigo ou artefato manufaturado na qual se efetua a
2) Mecânica Geral reparação. Por exemplo: no ofício de mecânica de
a) Ajustagem automóveis, a unidade ou bloco que trata de
motores reunirá tôdas as tarefas similares
b) Tornearia Mecânica relacionadas com o motor; para êste efeito,
c) Fresagem consideram-se similares tôdas as tarefas que tratam
d) Aplainamento do motor como unidade independente.
e) Retificação A divisão em blocos também pode ser feita
f) Furacão segundo o tipo de maquinaria utilizada no ofício. A
operação de cada máquina incluída em um bloco,
3) Carpintaria por sua vez, consta de várias tarefas similares que
podem constituir unidade de aprendizagem. Como
a) Fôrmas . b) Madeiramento de exemplo dêste tipo de divisão, pode-se citar o ofício
telhados de mecânica geral, onde as máquinas, como tornos,
c) Escadas frezadoras, furadeiras, plainas, retificado-ras, etc,
representam blocos perfeitamente definidos.
d) Portas e janelas
e) Armários Outros ofícios, como o de pintor de obras, têm
os blocos representados pelos materiais
f) Paredes e pisos empregados, pois dêstes dependem as técnicas ou
operações. Ao se fazer a análise do ofício de pintor,
4) Marcenaria temos que verificar se o operário trabalha com cal,
a) Mesas cromato de zinco, latex, tinta alquídica, óleo,
esmalte, verniz, etc.
b) Armários
c) Cadeiras em geral
d) Camas
e) Entalhação
QUESTIONÁRIO N.° 1: OCUPAÇÕES EM CADA SETOR DE TRABALHO

N.° Fôlha:
PESQUISA SÔBRE MÃO-DE-OBRA INDUSTRIAL
N.°
QUESTIONÁRIO N.° 2 - INFORMAÇÕES INDIVIDUAIS
FÔLHA
FIRMA: _________________________________________________________________ __________ ENDERÊÇO----------------------
ANÁLISE OCUPACIONAL
QUADRO-RESUMO

OCUPAÇÃO: ___________ Nº TRABALHADORES NA OCUPAÇÃO: ____________


Nº FIRMAS VISITADAS:- __ MEDIA TRABALHADORES POR FIRMA: ________
ompletado o estudo do ofício nos diversos
estabelecimentos industriais da região ou lo- do quadro discriminativo, as restantes poderão ser
calidade, dispor-se-á de uma lista de tôdas as tidas como secundárias. As operações secundárias,
tarefas e operações executadas nessas emprêsas. normalmente, podem constituir assunto para
Com essa lista e como já dissemos, elabo-rar-se-á programas de especialização ou de aperfeiçoamento
um quadro em que serão enumeradas, ao lado dos trabalhadores.
esquerdo, tôdas as tarefas realizadas nas emprêsas Esta é a forma prática de efetuar a seleção.
visitadas e, na parte superior, tôdas as operações Deve-se, porém, assinalar que, em determinada
correspondentes a essas tarefas; em linha região, por causa da freqüência com que aparece
horizontal, na frente de cada tarefa, indicar-se-ão as nas diversas tarefas, uma operação pode ser
operações necessárias à sua execução. classificada como secundária, enquanto que em
O quadro nos mostrará a existência de muitas outra região, pela diferença existente nos processos
tarefas parecidas; algumas diferem de outras só por industriais, pode ser considerada como básica. É
uma operação. Não é necessário, então, para importante, portanto, que a divisão das operações
elaborar a série metódica ou o programa do ofício, em básicas e secundárias seja executada por um
incluir tôdas as tarefas usuais na indústria local, especialista do ofício.
como constam do quadro. Selecionam-se apenas as Para conseguir uma boa classificação das
tarefas típicas que encerram tôdas as operações operações básicas e secundárias de acôrdo com o
básicas do ofício para constituírem a série metódica seu grau de dificuldade o que é essencial à
da oficina. Essa seleção de tarefas deve atender a organização da SMO (Série Metódica de Oficina),
fatôres pedagógicos, psicológicos e econômicos. os especialistas encarregados da seleção devem ter
Cumpre assinalar que o objetivo a atingir é a em conta os seguintes fatôres:
aprendizagem das operações, representando pois as 1) Destreza e coordenação muscular:
tarefas sómente o meio prático e motivador para se a) operações que requerem a utilização de um
conseguirem os resultados desejados. só grupo de músculos;
b) operações que requerem o uso de vários
Decomposição das tarefas em suas operações grupos de músculos;
básicas e secundárias c) operações que requerem movimentos
Pelo exame do quadro em que se enumeram as limitados;
tarefas e operações, um especialista do ofício d) operações que requerem coordenação e
observará que as operações podem ser classificadas velocidade.
em duas categorias: operações básicas e operações
2) Operações que requerem maior acuidade dos
secundárias.
órgãos dos sentidos como visão, audição, olfato,
OPERAÇÕES BÁSICAS: as operações repre- tato, etc.
sentativas do ofício, que se consideram indis-
3) Operações que requerem esfôrço físico: fôrça,
pensáveis ao seu bom desempenho, denominam-se
posição incômoda de trabalho.
operações básicas. Pode-se determinar quais são as
operações básicas pela freqüência com que 4) Operações cuja execução requer certo nível de
aparecem nas diferentes tarefas; um exame do cultura geral.
quadro discriminativo de tôdas as tarefas e 5) Operações que requerem aplicação de jul-
operações dará imediatamente essa informação. gamento e que envolvem responsabilidade por
OPERAÇÕES SECUNDÁRIAS: as operações que equipamentos, materiais ou pela segu rança de
caracterizam um determinado ramo de terceiros.
especialização do ofício, e que não se consideram 6) Operações cuja execução envolve certo grau de
essenciais ao seu desempenho, chamam-se perigo.
operações secundárias. Uma vez selecionadas as Ao classificar as operações em função dêsses
operações básicas, mediante o exame fatôres, dá-se um valor relativo a cada operação, e
para que êste trabalho de classificação se realize da
forma mais satisfatória, é aconselhável que dêle
participem vários especialistas do ofício. Uma vez
terminada a classificação das operações básicas
e secun-
dárias, preparam-se fichas de formato A5 ( 1 4 8 X Transferir operações básicas para as fichas
2 1 0 mm), nas quais se anotará a decomposição de não é apenas um processo mecânico. Nesse
cada uma das operações básicas em passos ou trabalho, o especialista deve sempre estar em busca
movimentos. Na parte superior destas fichas, em de novos métodos de apresentar as diversas
letras maiúsculas, se escreverá o nome da operação; unidades (operações) e de aplicá-los ao objetivo
sob o título, se registrarão todos os passos ou que tem em vista.
movimentos em que se decompõe. Terminada a preparação de tôdas as fichas das
A seguir, exemplo de uma ficha da operação operações básicas, procede-se a classificação
de furar na furadeira: dessas operações por ordem de dificuldade.

BLOCO: Furador
OFÍCIO: Mecânica Geral OPERAÇÃO: FURAR NA FURADEIRA

Fases da Operação
1 — Prender a peça na morsa
2 — Preparar a máquina:
2.1 Examinar diâmetro, ângulo da broca e prendê-la no mandril
2.2 Determinar o avanço e rpm
3 — Furar a peça:
3.1 Aproximar a broca da peça usando o manipulo
3.2 Alinhar o centro do furo com a ponta da broca
3.3 Ligar a máquina
3.4 Iniciar o furo
NOTA: Usar fluido de corte adequado e prevenir acidentes

Ainda seria conveniente proceder da mesma Classificação das operações por ordem de
forma com as operações classificadas como dificuldade
secundárias, mas não se considera essencial fazê-lo
Todos os que se dedicam aos problemas de
porque muitas, talvez a maioria delas, não se
formação profissional sabem que o rendimento dos
incluirão na série metódica que está sendo
aprendizes é muito maior quando avançam em
organizada. Caso seja necessário incluir uma
ordem progressiva, das matérias fáceis para as mais
operação secundária para completar uma tarefa
complicadas. Portanto é de suma importância que a
típica da série metódica de oficina, pode-se no
divisão de ofício em unidades de aprendizagem
momento oportuno, decompor a referida operação
(operações) seja feita por ordem de dificuldade. A
em suas fases ou movimentos.
colocação das operações em progressão, desde as
A análise ou decomposição das operações em mais simples às mais complicadas, só pode ser
suas diferentes fases, além de ter grande realizada em função de TODOS os fatôres que
importância para determinar o grau de com- caracterizam a dificuldade. É necessário saber o
plexidade ou dificuldade da operação, é de utilidade que torna uma operação fácil ou difícil, antes de
na elaboração futura das fôlhas de operações que estabelecer seu grau de dificuldade em relação às
farão parte da série metódica de oficina. Por outro demais. Como já dissemos na página 20, são os
lado, a análise da operação permite o estudo seguintes os elementos que influem na dificuldade
detalhado da técnica de execução evidenciada de uma operação:
através das fases ou movimentos.
Para fins de ensino, devem ser selecionadas a) a destreza e a coordenação muscular
operações de conteúdo suficiente à constituição de (habilidade manual);
uma unidade de aprendizagem. A operação é b) os conhecimentos relacionados neces-
considerada boa unidade de aprendizagem quando sários;
pode, em qualquer momento, ser objeto de uma
demonstração prática por parte do instrutor. c) a capacidade de julgamento que envolve a
execução;
d) a qualidade do artigo trabalhado;
Em tôda série metódica bem organizada, as mentos de juízo comparativo, poder-se-á fácilmente
operações se apresentam em ordem de dificuldade; colocar as demais fichas de operações segundo a
esta DIFERE MUITO DA ORDEM DA PRODUÇÃO ordem de dificuldade. Quando há grande número de
observada na indústria. Para se obter a ordem operações para classificar de acôrdo com esta
desejada, aconselha-se o seguinte processo: ordem, serão encontradas várias de graus
1) escolher a ficha (A) correspondente à aproximados de dificuldade. Em tais casos, a
operação mais simples; precedência se estabelecerá por fatôres tais como:
natureza da operação, freqüência de sua repetição e
2) selecionar a ficha (B) da operação mais
utilidade.
difícil de tôdas e colocá-la em último lugar;
As operações classificadas por ordem de
3) selecionar a ficha da operação (C) que dificuldade eqüivalem a unidade de aprendizagem
envolva mediana dificuldade em relação às apresentadas em seqüência pedagógica, e não
precedentes e colocá-la entre as duas segundo os passos da produção industrial. A rigor,
primeiras; deveriam êstes constituir a seqüência a seguir na
4) selecionar uma operação (D), cujo grau de aprendizagem. Está provado que, para bem
dificuldade se situe entre a mais simples aprender um ofício, é necessário progredir do fácil
(A) e a de dificuldade média (C) e colocar para o difícil. Portanto a série metódica de oficina,
a ficha correspondente entre (A) e (C); em que se basear o programa mínimo ou o curso,
5) selecionar uma operação (E), cujo grau de deve forçosamente ser elaborada de forma tal que
dificuldade esteja entre a média (C) e a as operações se apresentam aos aprendi-
máxima e colocar a ficha correspondente
entre elas.

Dificuldade Máxima

Dificuldade (B)
entre Media e
Máxima
(E)
Dificuldade Média

Dificuldade entre (C)


Mínima e Média.
(D)
Dificuldade Mínima zes por ordem de dificuldade. O princípio básico de
natureza psicológica que orienta a elaboração de
(A) uma Série Metódica de Oficina (SMO) é o
seguinte: "ir do mais fácil para o mais difícil com
as variações e repetições que forem necessárias".
Na página 23 acha-se uma análise gráfica
Escolheram-se assim cinco tipos de ope- exemplificando o caso da Mecânica Geral e
rações, representadas por suas fichas, para ocupar indicando a decomposição do ofício em ocupações
pontos determinados na escala de dificuldade, tal derivadas, tarefas, operações e fases.
como se mostra na ilustração precedente. Usando
essas fichas como ele-
são um meio que possibilita o ensinamento das
ma tarefa consiste num trabalho mental ou operações básicas do ofício.
manual, compreendendo uma ou mais operações, e As operações são classificadas isoladamente
que tem como resultado um produto acabado ou por ordem de dificuldade, porém a execução isolada
semi-acabado. Por exemplo: alinhar as rodas de um de uma operação não conduz em si a nenhum fim.
automóvel, instalar uma tomada elétrica, fazer um O aprendiz que pratica as operações isoladas perde
molde, pintar uma mesa, etc. são tarefas. Tanto os o interêsse por elas, pois não tem oportunidade de
apreciar o resultado conjunto dos seus esfôrços, o
ofícios de produção como os de serviços se
qual não aparece nas operações isoladas. É
compõem de tarefas. Por tal motivo, os trabalhos de
necessário, então, a concretização dêsses esfôrços e,
oficina do programa de aprendizagem devem ser para isso, nada melhor que a tarefa, na qual as
tarefas cuja execução, por parte dos aprendizes, operações se processam em seqüência com
lhes dê uma boa compreensão e prática das diversas resultado concreto e completo. Ao enfrentar uma
operações. É importante para o instrutor saber que tarefa, o aprendiz sabe que executará um trabalho
as tarefas escolhidas para trabalho prático abran- que, concluído, terá utilização prática. É a tarefa,
gem operações visando um fim. definido e portanto, que dá sentido às operações.
dispostas numa seqüência própria. As tarefas
Não é desagradável para o aprendiz de adaptação ao trabalho seria difícil e demorada.
mecânica de automóvel compreender porque deve
Em virtude das objeções mencionadas,
retirar o radiador de um carro, se êste foi enviado à
professôres progressistas procuram evitar, desde há
oficina para reparação ou revisão geral; não ficará,
muito tempo, os exercícios sem utilidade,
porém, satisfeito ao retirar o radiador, mudar os
substituindo-os por tarefas representadas por peças
pneumáticos ou reparar os freios do automóvel se
ou serviços úteis ou reais. Uma tarefa real é
souber de antemão que seus esfôrços são inúteis,
simplesmente uma peça industrial ou um serviço
porque ao carro faltam, por exemplo, motor, trans-
que o aluno executa com o propósito de praticar e
missão ou diferencial. Terá êle maior interêsse de
conseguir eficiência nos hábitos motores que deseja
aprender quando verificar que seu trabalho
adquirir. Sendo um produto real, isto é, de
apresenta utilidade real e imediata. O método de se
utilização normal, a tarefa apresenta todos os
executar operações isoladas ou de "exercícios",
problemas que o aluno irá encontrar na vida prática
apresenta os seguintes inconvenientes:
quando fôr um trabalhador qualificado.
a) é difícil despertar e manter o interêsse do
Como a peça que o aluno está executando será
aluno na execução de um trabalho de apa
utilizada, e por isso, deve atender aos padrões de
rente inutilidade e que depois de con
serviço ou de funcionamento, há motivos para que
cluído vai para o monte de sucata como
os aprendizes procurem atingir os padrões
algo imprestável e sem uso. Há pouca ou
industriais de precisão e acabamento.
nenhuma vontade do aprendiz em construir um
objeto que êle sabe que nunca será utilizado por É possível desenvolver no aluno que executa
ninguém; tal tipo de tarefa, o orgulho pelo trabalho bem feito,
o que não se poderá fazer quando se adota o
b) adotando-se o método de exercícios sem
método de exercícios.
aplicação, é muito difícil fazer com que os
alunos realizem o trabalho visando a obtenção As tarefas reais ou de produção têm a
dos padrões de qualidade fixados pela indústria. característica de despertar o interêsse do estudante.
É que os aprendizes não sentem a necessidade de Havendo tal interêsse, é natural haver maior
atingir tais padrões. Se uma junta soldada não atenção e esfôrço do aluno e, conseqüentemente,
faz parte de uma máquina ou artigo que será redução do tempo de aprendizagem e aumento de
usado por outrem, e, portanto, a resistência e a sua eficiência.
vedação da junta nunca serão testadas em A concentração da atenção implica na
serviço, qual o incentivo para se produzir peças diminuição do número de repetição necessário para
dentro dos padrões requeridos? Por que tentar a formar e fixar os hábitos motores referentes às
retificação de um motor de acôrdo com as folgas operações.
especificadas se êle nunca irá funcionar?
Muitos professôres considerados eficientes e
c) o material usado no exercício é desperdiçado, numerosas escolas industriais bem conhecidas,
pelo menos quanto à possível utilização do confiam nas tarefas reais ou de produção,
produto. Por que não executar uma peça útil, considerando-as como meios capazes de assegurar
que além de servir para a aprendizagem das aos alunos a aprendizagem correspondente.
operações desejadas ainda tenha uma aplicação? Existem, no entanto, certos perigos decorrentes do
d) o método do exercício não permite que o aluno uso dessas tarefas. O principal inconveniente é que
se familiarize com as condições normais que o professor, dominado pelo entusiasmo
apresenta o trabalho em situação real. Suponha- proporcionado pelos aspectos utilitários do método,
se, por exemplo, que num curso de fundaria ou dá muita ênfase à produção e aos processos
pintura de automóvel, os alunos aprendessem industriais de fabricação em prejuízo dos objetivos
operações isoladas utilizando pedaços de chapa. visados pela formação profissional. Produção, com
Na vida profissional, os problemas seriam um fim em si mesma, tende a suplantar alguns dos
diferentes porque surgiriam casos em que o ope- princípios ou elementos da instrução, os quais,
rário teria que desamassar peças, remover graxa, representam no ensino industrial, os objetivos
selecionar e preparar côres para retoques, últimos e de importância máxima.
trabalhar, finalmente, em posições incômodas. É Em certos casos, as tarefas reais são em-
óbvio dizer que se recebesse seu treinamento pregadas ou porque se necessita delas urgentemente
mediante exercícios, a ou porque são úteis, e não porque as operações
nelas envolvidas correspondam àquelas que se
deseja que o aluno aprenda.
Outras vêzes, uma determinada peça é produzida Durante os primeiros estágios do desen-
em grande quantidade porque essa quantidade é volvimento de um hábito, há geralmente suficiente
requerida pela escola. Ao executar essa quantidade, interêsse criado pela novidade e pelo desejo de
o aprendiz repetirá as mesmas operações numa "tentar usar as próprias mãos". Êsse fato diminui
extensão superior ao número exigido para a algumas das deficiências do método de exercícios.
formação dos hábitos motores. Isto sucede, como é A perda de material é compensada quando se pensa
evidente, com prejuízo da prática de outros hábitos que o aluno inábil, se fosse reparar uma peça ou
que também devem ser aprendidos. produto útil, poderia causar-lhe danos irreparáveis.
Todos êstes perigos podem ser evitados O exercício, escolhido com critério e utilizado no
adotando-se certas normas que devem ser aplicadas
momento oportuno, pode suplementar, com
com rigor. Assim, ao selecionar tarefas reais, as
proveito, as tarefas reais organizadas para o
seguintes normas deverão ser obedecidas:
trabalho prático dos aprendizes.
a) cada tarefa deverá ser prévia e cuidadosamente
Para se preparar uma série metódica de
analisada para determinar se as operações dela
oficina, toma-se como ponto de partida o quadro de
constantes são aquelas que foram
antecipadamente estabelecidas como desejáveis tarefas e operações, obtido com as anotações feitas
e que devem ser aprendidas; durante a visita às indústrias locais. Destas tarefas,
quando possível em face dos equipamentos da
b) nenhuma tarefa deve ser introduzida no curso a escola e mesmo da permissão das emprêsas,
não ser no momento em que as operações que a escolhem-se aquelas que melhor apresentem as
constituam estejam sendo ou tenham sido
operações básicas e que as reunam em quantidade
ensinadas. Em outras palavras: a tarefa deve ser
razoável. Tais tarefas, denominadas "típicas", são
selecionada para atender a seqüência do ensino;
interessantes porque são reais e representam o que
tal seqüência não deverá ser alterada para se
ajustá-la à tarefa desejada; faz a indústria da localidade seja na produção de
artigos ou na execução de serviços. Muitas vêzes,
c) as tarefas idênticas ou similares a serem essa escolha não é possível porque a escola não
executadas pelos alunos devem ser em número possui as máquinas requeridas para a fabricação ou
suficiente para aperfeiçoar os hábitos motores porque não é conveniente reproduzir os produtos
que estão sendo adquiridos. Assim, a repetição
das indústrias sem modificá-los. A solução aparece
excessiva e desnecessária deve ser abolida.
na seleção de tarefas que atendam aos seguintes
princípios:
A combinação de exercícios com tarefas reais
Será interessante dizer que apesar das a) devem, tanto quanto possível, ter utilidade
múltiplas vantagens que as tarefas reais apresentam prática;
sôbre os simples exercícios sem utilização, isto não b) devem coincidir com os objetivos do curso, isto
significa que êstes nunca devam ser empregados. é, possibilitar a aprendizagem efetiva das
Muitas vêzes, no período inicial da aprendizagem operações;
de um hábito motor, o bom senso indica que os
exercícios podem ser adotados até que o aluno c) devem ser suscetíveis de realização na oficina
adquira capacidade suficiente para executar tarefas escolar, quer dizer, deve existir a maquinaria e o
reais. De outro modo, êle poderia estragar matéria- equipamento necessários à sua realização;
prima ou peças de valor. Seria tolice, por exemplo, d) devem incluir elementos representativos de
fazer o aluno começar a aprendizagem da solda tôdas as fases do ofício;
levando-o a soldar uma peça quebrada e que
pudêsse ser reparada mediante essa operação. Neste e) devem incentivar a prática, facilitando a
caso é recomendável que o treinamento inicial seja motivação;
feito com material de sucata, de modo que o aluno f) devem dar ao aprendiz oportunidade de repetir
não estrague matéria-prima que possa servir para a as diferentes operações várias vêzes;
construção de peça útil. Êsse treinamento, no
entanto, deve ser limitado para evitar os g) devem despertar interêsse em quem as execute;
inconvenientes que já foram apontados com relação h) não devem conter mais de 6 ou 8 operações;
à aprendizagem pelo método de exercícios.
i) devem achar-se incluídas na série metódica de
oficina em número e variedade sufi-
ciente para cobrir tôdas as operações básicas do 148 X 210 mm para cada tarefa típica selecionada.
ofício; Na parte superior escreve-se, a lápis, o título da
tarefa típica. Em função dos mesmos fatôres que
j) devem ter uma duração tal que não prejudiquem
influíram na classificação das operações por ordem
o interêsse do aprendiz;
de dificuldade, classificam-se depois as tarefas
1) quando as tarefas fazem parte de um conjunto, típicas (Ver processo e ilustração de classificação
devem estar distribuídas na série metódica em das operações por ordem de dificuldade — página
tal forma que permitam a sua conclusão dentro 22).
de um tempo razoável;
Todavia, as tarefas assim selecionadas e
m) devem estar à altura da capacidade do aluno. classificadas não constituem o conjunto final de
Completada a seleção inicial das tarefas, tarefas típicas a serem incluídas na série metódica
convém reexaminá-las, para verificar se são de oficina. Pode-se tornar necessário modificar a
adequadas ao fim em vista. lista de tarefas em conseqüência de um exame mais
Prepara-se, a seguir, uma ficha de ................... detalhado da quantidade e do tipo de operações
contidas em cada tarefa típica selecionada.

FICHA DE TAREFA (148 X 210 mm)

TALHADEIRA

OPERAÇÕES OU ORDEM DE EXECUÇÃO


1 — Forjar a cunha
2 — Marcar comprimento e cortar
S — Esmerilhar cabeça, cunha e afiar
4 — Recozer
5 — Temperar e revenir

organização da série metódica começa pica selecionada. Dada a sua flexibilidade, o


quando se inicia a reunião das tarefas típicas e emprêgo de fichas facilita êste trabalho, possi-
operações básicas do ofício, para formar uma escala bilitando a modificação da ordem de classificação
progressiva dos trabalhos práticos. Convém notar das tarefas e operações.
que não é fácil combinar as tarefas típicas e as Para selecionar as tarefas típicas que contêm
operações básicas desejadas, respeitando-se o grau as operações apropriadas à aprendizagem, procede-
de dificuldade crescente de ambas, porque ao se da seguinte forma:
classificá-las pelo critério de dificuldade,
a) colocam-se os jogos de cartões de tarefas típicas
consideramo-las isoladamente, sem ter em conta a
e de operações, ambos já classificados por
sua fusão para formar a série metódica de oficina. ordem de dificuldade, um ao lado do outro;
Por outro lado, uma tarefa classificada como
simples em seu conjunto pode conter alguma b) examina-se a primeira tarefa e separam-se as
operação com classificação de dificuldade mediana fichas de operações que ela comporta, as quais
ou máxima. não devem ir além de seis ou oito. Como a
primeira tarefa é a mais fácil, as fichas das
Para elaborar uma lista de tarefas de maneira operações serão as primeiras no fichário de
que cada uma apresente ao aprendiz uma ou várias operações já classificado pela ordem de
operações novas, é necessário analisar com grande dificuldade. Se esta tarefa simples contiver uma
cuidado cada tarefa tí- operação com clas-
sificação de dificuldade média ou máxima deve- porta, além das contidas na tarefa um; as fichas
se reexaminá-la com cuidado e, se fôr destas operações novas serão colocadas atrás da
necessário ou possível, procurar-se-á outra ficha da segunda tarefa;
tarefa para substituí-la;
e) continua-se êste processo de agrupar as fichas de
c) as fichas de operações selecionadas devem ser operações novas por trás das de tarefas a que
colocadas em ordem por trás da primeira ficha correspondam, até que seja incluída a última das
de tarefa à qual correspondem; fichas de operações. A ilustração seguinte
d) examina-se a segunda tarefa típica, e de- mostra o processo em realização.
terminam-se quais as operações que com-

Fichas de Operações e de Tarefas sendo reu- c) não convém escolher tarefas que comportem
nidas para formar a base da SMO mais de oito operações. Em caso de haver um
Êste trabalho de entrosamento requer um número maior, é preferível simplificar a tarefa,
estudo minucioso de tôdas as operações e tarefas. dividi-la ou selecionar outra para substituí-la;
Uma vez completado, deve-se examinar a d) sómente existe uma ficha para cada operação;
seqüência estabelecida, tendo em mente que: essa ficha deve ser colocada atrás da primeira
tarefa em que aparece a operação;
a) as operações devem aparecer, sempre que
possível, em ordem de dificuldade crescente; se e) executar uma operação uma só vez não é
fôr necessário, para manter esta ordem, pode-se suficiente para aprendê-la; deve-se possibilitar a
trocar a seqüência das tarefas típicas; repetição dessa mesma operação em tarefas
sucessivas, até que os aprendizes adquiram a
b) cada tarefa deve apresentar uma ou mais
destreza necessária.
operações novas, de preferência três ou quatro,
dependendo, evidentemente, das características O agrupamento de tarefas e operações
próprias das operações; constitui apenas uma tentativa visando per-
mitir maior flexibilidade em sua análise e estudo. O completado, ilustrará com clareza de fotografia, o
agrupamento será adequado se forem afirmativas as conjunto total da série-tentativa, permitindo ainda
respostas às seguintes perguntas: sua revisão rápida e precisa em função dos fatôres
já enumerados.
a) as tarefas estão ordenadas em progressão suave?
Ao observar o quadro analítico, pode-se notar:
b) apresenta, cada tarefa, pelo menos uma
operação nova? a) tôdas as operações que se realizam em cada
tarefa;
c) as operações estão ordenadas aproximadamente
com a mesma seqüência que tinham em sua b) quais as operações repetidas;
classificação por ordem de dificuldade?
c) quais as operações novas;
d) as operações novas acham-se repetidas um d) se o desenvolvimento do programa é pro-
número necessário de vêzes, nas tarefas gressivo;
seguintes?
e) o número de vêzes que cada operação é
e) as tarefas apresentam algumas operações de
executada;
difícil execução?
Um estudo do quadro em função dos fatôres
O trabalho até aqui realizado na organização
já indicados poderá revelar certas falhas que devem
da série metódica consistiu, em resumo, na seleção
ser corrigidas. Para efetuar tais correções poderá se
das tarefas e operações que, a primeira vista, se
tornar necessário:
consideram êssenciais para a elaboração da série.
Falta, ainda, agrupar as fichas de tarefas e a) alterar o caráter de certas tarefas: simplificar
operações em uma progressão definitiva que vai do algumas e aumentar a dificuldade de outras;
fácil ao difícil, respeitando-se certos fatôres de
caráter pedagógico e de importância fundamental b) mudar a seqüência das operações;
na aprendizagem do ofício. No fichário, onde foram c) incluir novas tarefas para suplementar as
colocadas, devem aparecer, atrás de cada ficha de existentes;
tarefa, únicamente as fichas das operações novas
que a tarefa comporta que, como foi visto, não d) incluir novas operações;
devem aparecer em número maior de três ou e) mudar a ordem de algumas tarefas;
quatro, exceto atrás da primeira tarefa, que
apresenta só operações novas. f) se necessário, uma vez efetuados todos os
ajustes, passar-se-á o gráfico a limpo.
A organização da série metódica de oficina do
ofício aproxima-se de sua etapa final. Por tal Com esta revisão final, assegurar-se-á que a
motivo, é aconselhável uma última revisão nos série contenha todos os elementos êssenciais do
trabalhos preparatórios, mediante o quadro ofício, tal como se pratica na indústria local e que
analítico, conforme o modêlo que ilustra na página êstes elementos estejam colocados em uma ordem
29. Êste quadro, quando pedagógica, o que permitirá a aprendizagem do
ofício da forma mais eficiente possível. E a série
das tarefas e operações do ofício estará, portanto,
completa.
1 ara preencher sua finalidade de modo eficiente, a M — Habilidade Manipulativa ou Manual
escola industrial deve ensinar aos aprendizes as a) Habilidade manual específica para
técnicas e os conhecimentos necessários à operações como, por exemplo, limar, cortar,
execução das tarefas e operações realizadas na desbastar, aplainar, furar, rebitar, soldar e serrar.
indústria, para que, ao terminarem o curso, possam
desempenhar suas funções tal como se exige de um b) Execução de tarefas e operações ensinadas
operário qualificado. Contribui óbviamente, para o em oficina.
sucesso da aprendizagem, a análise do ofício pois c) Conhecimento de todos os processos
que proporciona a melhor forma de determinar manuais diretamente relacionados com as tarefas e
quais os elementos êssenciais a serem ensinados. operações e que se considerem indispensáveis à
Charles R. Allen reconhecido como um dos execução da mesmas.
pioneiros do ensino industrial, nos Estados Unidos
da América do Norte, estabeleceu em bases claras e T — Conhecimentos tecnológicos êssenciais
definidas, a importância da análise de ofícios na
confecção dos programas e cursos para o ensino de a) Conhecimentos técnicos diretamente
ofícios. Em seu livro "O Instrutor, o Homem e seu necessários para a execução das tarefas e ope-
Trabalho", explica, claramente, as bases principais rações.
para a formação de mão-de-obra nas escolas indus- b) Conhecimentos que requeiram um mínimo
triais. de raciocínio para sua aplicação.
Allen tomando como princípio a fórmula de c) Conhecimentos de matemática, cálculo
eficiência de Richards, E = f (M, T, I, Gv), técnico e ciências, diretamente relacionados com a
estabeleceu a fórmula Allen-Richards: execução das tarefas e operações.
E = f (M, T, I, J, Mo). d) Normas êssenciais de segurança industrial.
Esta fórmula especifica que a eficiência de um e) Terminologia técnica referente às tarefas e
trabalhador é função das suas habilidades manuais operações.
(M), dos conhecimentos técnicos estritamente
necessários para executar as operações manuais I — Conhecimentos tecnológicos adicionais
(T), de certo grau de tecnologia adicional para ser
a) Conhecimentos tecnológicos adicionais
aplicada às situações novas (I), da sua capacidade
que possam melhorar a eficiência do operário ao
de julgamento ou critério na aplicação dos
executar as tarefas e operações e mesmo
conhecimentos técnicos (J) e de certos fatôres que
possibilitar uma fácil adaptação quando em face de
podem ser conceituados como de ordem moral
novas técnicas industriais.
(Mo), tais como: atitude, pontualidade, disciplina,
etc. b) Conhecimentos correlatos de ciências,
Pode-se dizer, então, que o grau de eficiência matemática, desenho e linguagem.
varia com a proporção de M, T, I, J e Mo do c) Conhecimentos adicionais sôbre normas
operário. de segurança.
E = Eficiência do operário M = d) Outros conhecimentos que possam
melhorar a cultura, de forma geral.
Habilidade manipulativa T =
Conhecimentos técnicos êssenciais I =
Conhecimentos técnicos adicionais j = J — Capacidade de julgamento
Capacidade de julgamento Mo = fatôres de a) Conhecimentos teóricos que permitem
ordem moral e de motivação avaliar rápidamente uma situação.
Seguem-se esclarecimentos sôbre cada um b) Aplicação de M, T, I, a situações novas
dos fatôres constantes da fórmula de Allen- dentro do trabalho.
Richards. c) Capacidade para formar juízo crítico ou
decidir sôbre o caminho a seguir diante de novas
situações.
d) Capacidade e rapidez para solucionar
qualquer problema ou situação de trabalho,
prescindindo de consulta a outras pessoas.
e) Faculdade de avaliar pesos, distâncias, rios que exercem a mesma ocupação, uns com
qualidade, eficiência, etc, sem recorrer aos maior capacidade ou eficiência que outros. Essa
instrumentos apropriados. capacidade ou eficiência individual depende das
habilidades manuais e dos conhecimentos técnicos
Mo — fatôres de ordem moral e de motivação que o operário possua e seja capaz de aplicar à
solução de situações do trabalho.
1) Atitude para com os companheiros
(relações humanas no trabalho) Dentro do espírito da fórmula de Allen-
2) Honestidade Richards os operários podem ser classificados em
semi-qualificados, qualificados, e altamente
3) Disciplina qualificados, conforme possuam dois ou mais dos
4) Pontualidade elementos da fórmula em proporção conveniente.
5) Iniciativa no desempenho das suas Esta classificação é arbitrária e não deve ser
funções tomada como base para categorizar os operários de
6) Outros fatôres que afetam condições ou um estabelecimento industrial. Dá simplesmente
atitudes de trabalho. uma idéia de como diferenciar os vários tipos de
operários do mesmo grupo ocupacional
Em todo ofício ou trabalho, devemos considerando-se os fatôres da fórmula. Ao fazer
considerar dois aspectos fundamentais: o que se uma classificação, temos que estudar também os
necessita executar e o que se necessita conhecer. critérios para investigar a ocorrência dos fatôres M,
Ao primeiro aspecto correspondem as habilidades T, I, J e Mo, e a maneira de avaliar o valor de cada
manuais para executar as diversas tarefas e um dêles.
operações; ao segundo, os conhecimentos
tecnológicos a serem aplicados.
Encontramos, na indústria, entre opera-

Para executar bem as tarefas e operações de um primeiro passo consistiu em estabelecer as tarefas e
ofício, não basta ter habilidade ou destreza manual; operações êssenciais à elaboração da série
é, também, indispensável possuir os conhecimentos metódica. Em seguida, deve-se averiguar quais os
e informações necessários à sua compreensão. Por elementos (T) e (I) (conhecimentos técnicos
exemplo: um mecânico deve conhecer a imediatos e adicionais) que influem na execução de
composição dos metais, um eletricista necessita de cada uma das tarefas e operações, entendendo-se
noções de matemática e um mecânico de que ambos, em conjunto, compõem tôda a
automóveis precisa saber os princípios básicos de tecnologia do ofício.
carbu-ração, compressão, etc. Os conhecimentos Representando o têrmo T os conhecimentos
tecnológicos indispensáveis à prática de um ofício, técnicos êssenciais e o têrmo I os conhecimentos
denominam-se informações relacionadas por tecnológicos adicionais ou suplementares, é
estarem intimamente vinculados com o ofício. Para conveniente estabelecer claramente quais os
escolher e preparar os tópicos de tecnologia elementos de tecnologia que devem ser adotados
(informações relacionadas) a serem ensinados ao como representativos de cada um dêstes fatôres da
aprendiz, é necessário analisar os elementos de fórmula de Allen-Richards. Quando, por exemplo,
ciências, matemática, desenho e normas de um aprendiz de mecânica de automóveis está traba-
segurança que se aplicam na execução de cada lhando com um carburador, necessita saber algo
tarefa e suas operações. Para esta análise, podemos mais que o procedimento a seguir na desmontagem.
ter em conta a fórmula de Allen-Richards (E = f Êle próprio, por natural curiosidade, deseja nêsse
(M, T, I, J, Mo). Com referência à análise do momento, resposta às seguintes perguntas:
ofício, o
FOLHA DE ANÁLISE DE OFÍCIO
OFÍCIO: Mecânica Geral OCUPAÇÃO:
Forja
TAREFA: Cunha forjada
a) Que utilidade tem o carburador no auto-móvel? b) A composição dos metais ou materiais de que é
b) Qual a função de cada uma de suas partes? feito o carburador.
Como se observará, tais informações não são
c) Que tipos de carburadores existem? indispensáveis à aprendizagem das operações
d) De que metal se fabricam as partes que referentes ao carburador. É conveniente, porém, que
compõem o carburador? o aprendiz as conheça, pois capacitam-no para
Quando chega êste momento na apren- executar melhor seu trabalho. Conhecimentos
dizagem, o instrutor terá que dar ao aprendiz as tecnológicos desta natureza serão ministrados ao
respostas a essas perguntas e fornecer-lhe, também, aprendiz pelo professor de ciências ou matérias
outras informações consideradas êssenciais. Se o correlatas, durante as aulas que integrarem o
assunto é exato, o instrutor terá que preparar uma programa de estudos. Um bom programa de
ou mais lições a respeito, ou seja, organizar várias tecnologia deve conter suficientes elementos
aulas de tecnologia. O exemplo precedente ilustra correspondentes aos fatôres T e I.
quais são os conhecimentos técnicos
indispensáveis (fator T da fórmula de Allen- Na página 32 apresenta-se um quadro que se
Richards); tais conhecimentos têm que ser pode utilizar para a análise dos elementos de
ministrados pelos instrutores na oficina, já que o tecnologia aplicáveis a uma tarefa e suas operações.
momento psicológico mais apropriado para ensiná- Na primeira coluna, anotam-se as operações
lo é aquêle em que o aprendiz está realizando o correspondentes à tarefa a ser analisada; nas colunas
trabalho, ocasião em que essas informações têm seguintes, os conhecimentos técnicos êssenciais (T)
aplicação imediata e são mais fácilmente referentes à cada operação. Para a determinação dos
assimiladas. conhecimentos técnicos adicionais (I) elabora-se
quadro semelhante.
Ilustremos o caso do elemento I da fórmula Completado êste trabalho para tôdas as
de Allen-Richards. No exemplo apresentado, as operações, ter-se-á uma análise completa de tâda a
informações adicionais seriam: tecnologia do ofício, podendo-se em seguida,
a) Os princípios de física aplicáveis ao processo de estabelecer um programa de estudo que contenha
carburação. êsses assuntos em ordem psicológica.

erminada a análise das tarefas e operações, em


seus elementos de tecnologia "T" e "I" (Fórmula determinado hábito ou um determinado co-
Allen-Richards), proceder-se-á à elaboração das nhecimento mais rápidamente e com mais
fôlhas individuais de instrução para cada uma das facilidade do que outras. Resultados de cuidadosos
tarefas, operações e elementos de tecnologia. Antes estudos relativos à psicologia da aprendizagem
de descrever a técnica para a preparação dessas demonstram que dois indivíduos não aprendem da
fôlhas individuais de instrução, é conveniente mesma maneira e com a mesma velocidade.
apresentar algumas informações referentes ao Quando o professor recebe uma classe em uma
ensino individual. sala de aula ou um grupo ou turma de alunos na
oficina, êle se defronta com um número de
aprendizes que não podem ser considerados como
Diferenças Individuais iguais ou aproximadamente iguais nos aspectos
relacionados sôbre como responderão ao método de
Um dos fatôres relacionados com o número de
ensino adotado. O fato de que êles estejam no
alunos que podem ser eficientemente ensinados em
mesmo ano escolar e de que tenham estudado as
uma mesma classe, é a grande variação da
mesmas matérias, não garante a inexistência de
capacidade de aprender que existe entre os membros
grandes variações na sua capacidade de aprender.
dessa classe. Tôdas as pessoas são capazes de
aprender, em grau maior ou menor. De acôrdo com O professor deve reconhecer a existência
a observação, sabemos que certas pessoas podem e estar preparado para lidar com dois pro-
aprender um blemas:
— Na mesma classe não haverá, no início das de outros fatôres. Investigações científicas têm
aulas, dois alunos que possuam o mesmo nível demonstrado que tais diferenças são muito
de conhecimentos. maiores do que normalmente se poderia supor;
— Na mesma classe, à medida que o ensino fôr c) devem-se usar recursos pedagógicos adequados,
sendo ministrado, não haverá dois alunos que que permitam e auxiliem o progresso e o
progridam com a mesma velocidade. aprendizado conforme as habilidades do
indivíduo.
Quanto maior fôr a diferença entre o aluno
mais atrasado, que aprende mais lentamente, e o O método ou processo de ensino mais
mais adiantado, maior será a obrigação do aconselhável para o ensino dos trabalhos práticos
professor em atender particularmente aos casos de oficina ou de laboratório será, portanto, o da
individuais e, de um modo geral, mais difícil será a INSTRUÇÃO INDIVIDUAL. Tal método procura
sua tarefa no sentido de ministrar ensino eficiente. alcançar os seguintes objetivos:
A administração de muitas escolas tem a) cada aluno deve ser capaz de começar a adquirir
procurado reduzir os problemas criados pelas um nôvo hábito ou novos conhecimentos
diferenças individuais agrupando, em uma mesma quando estiver preparado para isso e sem levar
classe, alunos que supostamente possuem a mesma em consideração o grau de adiantamento dos
capacidade de aprender. outros companheiros;
Há dificuldades de ordem prática que b) o professor ou instrutor deve ser capaz de tratar
impedem o sucesso dêste plano. Em primeiro lugar, com cada aluno individualmente e cuidar,
temos os instrumentos de avaliação das capacidades simultâneamente, de tâda a classe, oferecendo-
dos alunos e que são imperfeitos. A classificação lhe estimulação e despertando-lhe o interêsse;
dos estudantes em grupos homogêneos se faz
c) cada aluno deve receber assistência adequada do
mediante têstes de inteligência ou de nível mental e
professor sem que isso interfira com o progresso
provas de conhecimentos. Os têstes ou provas, no
dos outros membros da classe;
entanto, não podem medir com precisão a
capacidade de aprender, principalmente em se d) cada aluno deve ser capaz de progredir de
tratando de assuntos de oficina. Nestas condições, a acôrdo com suas próprias capacidades e por seu
menos que haja um grande número de alunos para esfôrço, independentemente do progresso de
que possam ser distribuídos em várias classes, as seus colegas.
diferenças entre aquêles designados para uma Para garantir bons resultados com a instrução
mesma classe continuam a ser excessivamente individual, seria necessário reduzir o número de
grandes. alunos da classe ou do grupo de modo que o
Usando-se, ou não, o sistema de classes professor pudêsse literalmente instruir cada aluno
homogêneas, o professor verificará que as di- separadamente, ou um aluno de cada vez. Outra
ferenças individuais existem dentro de sua classe e solução seria conseguir meios que possibilitassem a
que será necessário planejar um método de ação instrução individual sem a redução do número de
para enfrentar o problema. alunos.
Em conclusão, pode-se dizer que para a
formação profissional, sôbretudo no que se refere Elaboração das Fôlhas de
às sessões reservadas aos trabalhos práticos, Instrução Individual
precisamos considerar três fatôres fundamentais:
a) a aprendizagem consiste num processo in- A melhor solução para o problema consiste
dividual, seja quando os aprendizes estão em utilizar material de ensino especialmente
reunidos em um grupo que procura aprender a preparado para a instrução individual.
mesma coisa ao mesmo tempo, seja quando
Para se realizar aprendizagem individual
cada um procura aprender coisas diferentes,
efetiva e econômica, é necessário ministrar as
ainda que ao mesmo tempo;
instruções a base dos assuntos específicos que se
b) existe grande variação na capacidade de deseja ensinar. Na maioria dos casos, dão-se
aprender dos membros de um grupo, qualquer instruções precisas sob forma escrita com melhores
que seja a situação, dadas as diferenças resultados do que sob forma oral, especialmente
individuais de inteligência, de formação, de quando se empregam ilustrações.
atitudes, bem como as decorrentes
Quando as instruções escritas, com propósito formas de composição mais difíceis é a de
de ensino individual, estão bem redigidas, redação de instruções.
apresentam as seguintes vantagens:
c) Muitos aprendizes têm dificuldade em assimilar
a) há tempo para escolher o material com bastante matéria. Tal dificuldade, contudo, tanto se refere
cuidado, de modo a assegurar que foram ao material escrito em geral como aos livros de
providos todos os elementos necessários para texto.
dar ênfase ao ponto principal; d) Às vêzes surgem situações especiais que não se
b) as instruções escritas apresentam o assunto podem prever ao elaborar as instruções. Isto é
disposto na ordem mais conveniente à sua certo, sem dúvida, e é em tais ocasiões que as
assimilação pois são elaboradas com calma e instruções escritas devem ser suplementadas
acurada meditação. Um dos maiores defeitos com as instruções orais a cada aprendiz.
que apresentam as instruções orais é a falta de e) Reduzem as oportunidades para discussão em
seqüência; grupo. Êste problema se resolve, porém, dando-
c) são mais breves e mais precisas que as ins- se oportunidade para discusão e estudo, em
truções orais. Se o docente tiver o trabalho de grupo, de assuntos de interêsse geral, que não
obter uma transcrição êstenográfica das suas necessitam de preparação especial.
instruções orais, surpreender-se-á com os
defeitos que contêm;
d) sua forma é permanente: se o aprendiz não as Fôlha de Tarefa
compreender à primeira leitura, pode voltar a
estudá-las, enquanto que as informações orais A fôlha de tarefa consiste numa relação
devem ser recordadas mentalmente, depois de escrita, com a ordem de execução de tôdas as
ouvidas uma só vez; operações necessárias à realização de um trabalho.
O objetivo da tarefa é de proporcionar ao aprendiz
e) as instruções escritas tornam o aprendiz um meio para realizar as operações. A fôlha de
responsável pela obtenção delas, de forma que, tarefa não demonstra a forma ou maneira como se
em vez de ser simplesmente passivo ou devem executar as operações: apenas indica ao
receptivo, passa êle a participar ativamente da aprendiz as operações de que se compõe a tarefa.
sua aplicação;
A fôlha de tarefa deve ser elaborada do modo
f) desenvolvem o sentido de responsabilidade e da que permita ao instrutor distribuir seu tempo de
auto-suficiência no aprendiz, pois o obrigam a forma mais eficiente e racional entre todos os
usar as instruções para a solução dos seus aprendizes. Possibilita ela ao aprendiz desempenhar
problemas; trabalho, na oficina, com iniciativa própria,
dispensando-o de aguardar o instrutor para que lhe
g) concedem ao professor tempo para dar
indique o que tem que fazer a cada passo.
instruções orais, quando necessário.
Quando se prepara uma série de fôlhas de
As principais dificuldades relacionadas com tarefa para o ensino de um ofício, deve-se fazer
as instruções escritas são: constar das primeiras tâda sorte de detalhes,
a) Os professôres ou instrutores nem sempre inclusive os mais importantes sôbre cada operação,
são formados na técnica de sua elaboração. de forma que os aprendizes compreendam bem o
trabalho a ser realizado. As demais da série podem
Êste inconveniente, com o tempo, será cor- conter menor número de informações. Estando o
rigido, pois se é ensinada aos professôres a aprendiz completamente familiarizado com as
técnica de instrução oral em grupo, pode-se fôlhas, poderão as últimas da série conter apenas a
ensinar-lhes também a técnica da instrução relação das operações principais dispensando
individual e a elaboração do material escrito. referências a materiais, ferramentas, etc.
b) o custo inicial de preparação de material tôdas as fôlhas de tarefa devem incluir
de instrução é alto porque se requerem observações referentes à prevenção de acidentes.
recursos ilustrativos e porque poucos do
centes têm habilidade na apresentação es Recomenda-se que todo o conteúdo de uma
crita do material didático. fôlha de tarefa seja condensado de tal

Esta é a principal dificuldade, pois poucos


professôres e instrutores podem fazer os
trabalhos de que necessitam para ilustrar as
instruções, e também porque uma das
forma que possa ser apresentado com texto e fôlha de Operação
ilustração em apenas uma face da fôlha de papel.
Em se tratando de conjuntos ou projetos Cada tarefa da série metódica exige uma série
constituídos por várias peças, para cada peça será de operações para sua completa execução. As
necessário elaborar-se uma fôlha de tarefa ficando operações formam as unidades da aprendizagem do
uma delas reservada à montagem do conjunto. ofício e, geralmente, são tópicos para aulas ou
demonstrações por parte do instrutor. As fôlhas de
A fôlha de tarefa se compõe das seguintes operações não substituem o instrutor, apenas o
partes: ajudam a tornar o seu ensino mais eficiente. A dife-
rença fundamental entre a fôlha de tarefa e a de
a) TÍTULO — O título da fôlha de tarefa deve operação é que a primeira apenas dá a relação das
ser igual ao que a tarefa tem na série metódica de operações enquanto que a segunda, a técnica para
oficina. Deve-se usar a terminologia industrial na executar cada uma das operações. A fôlha de tarefa
medida do possível. O título deve ser escrito em indica qual o projeto ou trabalho a ser executado e a
linguagem simples, que permita ao aprendiz a de operação, como executar cada operação, fase por
compreensão imediata do trabalho a ser realizado. fase. Deve ser preparada uma fôlha de operação
b) FERRAMENTAS E MATERIAIS — É indis- para cada uma das operações previstas nas análises
pensável a enumeração das ferramentas e dos de ofício. Quando a mesma operação surge em
materiais necessários, para que fique assegurada várias tarefas da série metódica, será elaborada uma
sua obtenção e preparação pelo aprendiz, antes de só fôlha de operação, de tal forma, que possa servir
começar o trabalho. As ferramentas e os materiais para a realização das outras tarefas onde a operação
devem ser indicados na ordem em que vão ser apareça. As fôlhas de operações devem ser bem
utilizados. Em uma coluna, podem-se incluir as ilustradas descrevendo cada passo ou fase da
ferramentas e os equipamentos necessários e operação.
execução do trabalho e, em outra, os materiais.
Quando se indicam as ferramentas e materiais, não O conteúdo da fôlha de operação é o seguinte:
é necessário entrar em detalhes de especificação, a
a) TÍTULO — O título da fôlha deve ser igual
menos que sejam êles imprescindíveis. Nas últimas
ao nome que tem a operação na Série Metódica.
fôlhas de tarefa de uma série pode-se eliminar a
Será escrito em linguagem simples, clara, que não
lista de ferramentas.
dê lugar a dúvidas. Além disso, deve refletir o
c) ORDEM DE EXECUÇÃO — ordem de objetivo da operação. Ex.: "tornear cilíndrico
execução das operações para realizar o trabalho é a externo"; "limar superfícies planas"; "retificar
parte mais importante da fôlha de tarefa. As superifície horizontal".
operações devem ser enumeradas na seqüência
exigida e ilustrada na medida do possível. As b) OBJETIVO — Nessa parte se indica ao
normas de segurança devem ser lembradas, nos aprendiz o fim que se tem em vista ao realizar a
pontos adequados, de forma que desperte a atenção operação. Uma ou duas sentenças bem construídas
como, por exemplo, mediante o emprêgo de letras podem definir com clareza o objetivo. Por vêzes,
maiúsculas ou da palavra — PRECAUÇÃO. não se inclui esta parte, porque o título está escrito
Ao lado direito de cada operação, deve-se de maneira tão clara que não é necessário dar ao
indicar o número da fôlha de operação que explica aprendiz quaisquer outras explicações sôbre o
sôbre a forma de realizá-la. É conveniente, também objetivo da operação. Quando uma operação é
indicar ao lado direito, os números das fôlhas de muito simples, dispensa-se a indicação do objetivo.
informações tecnológicas que podem dar maiores Quando, porém, a operação é complicada e requer
esclarecimentos ao aprendiz. muito cuidado por parte do aprendiz, convém que
Na página 36 encontra-se um exemplo que se incluam esclarecimentos adicionais, na parte
elucida o modo de se redigir a "ordem de referente ao objetivo.
execução". O técnico, ao realizar o trabalho, deve
c) INTRODUÇÃO — É a parte da fôlha que
IMAGINAR a execução da tarefa de maneira a
completá-lo com a última operação, sem se proporciona a motivação para que o aprendiz
esquecer de nenhuma. A "coluna ilustração", indica trabalhe com interêsse e estímulo. Uma introdução
o que vai ocorrendo à peça do exemplo durante a bem apresentada e escrita em linguagem simples,
usinagem. possibilita ao aprendiz conhecer as razões que
determinam a realização da operação. Essa
motivação permite, em al-
guns casos, a execução da operação por parte do indicação da página ou páginas onde se encontra a
aprendiz sem a orientação do instrutor ou de outras informação desejada. Deve-se indicar também o
pessoas. Para não se apresentar a fôlha com muita autor da obra, a emprêsa editôra e, se possível, o
matéria escrita, elimina-se, por vêzes, a introdução ano da publicação.
e dá-se a motivação verbalmente. Assim procedem,
geralmente, os instrutores com bastante fôlha de Informações Tecnológicas
experiência. A fim de que os aprendizes possam ter uma
d) FASES DE EXECUÇÃO — Esta é a parte mais compreensão clara das tarefas e operações da série
importante da fôlha de operação. Nela se indicará, metódica, é necessário ensinar-lhes tôdas as
em ordem de execução, todos os passos, fases ou informações tecnológicas. Os profissionais de um
movimentos necessários à realização da operação. ofício devem saber o PORQUÊ e o COMO das
Descrever-se-á cada passo de forma breve, operações. As fôlhas de operações, explicam o
COMO e as informações tecnológicas o PORQUÊ.
utilizando-se uma linguagem simples, que permita
ao aprendiz compreender o que tem de realizar. Cada demonstração constitui, aproximadamente,
material para uma "fôlha de operação"; cada aula de
Cada fase ou movimento deve ser ilustrado com um
tecnologia é uma possível "fôlha de informações
desenho, ou qualquer outra forma gráfica ou esque-
tecnológicas". As fôlhas de informações tecnoló-
mática, que possibilite ao aprendiz entender a
gicas devem ser apresentadas de tal forma que
operação. A parte de texto da fôlha deve estar ao
sejam compreendidas pelo aprendiz. Devem tratar
lado esquerdo e a ilustração na parte da direita. É de tema específico. As informações devem estar
conveniente um espaço em branco entre uma fase e resumidas e referir-se à técnica da operação em
a seguinte, para evitar confusão por parte do execução pelo aprendiz. As fôlhas de informações
aprendiz. As medidas de segurança industrial devem tecnológicas são empregadas para suplementar o
ser indicadas em pontos adequados, de uma maneira uso de livros de texto. Quando tais livros não
tal que desperte atenção como, por exemplo, me- existem, as informações tecnológicas constantes da
diante o uso de letras maiúsculas ou da palavra fôlha devem ser amplas. As fôlhas de informações
PRECAUÇÃO. tecnológicas, quando são bem elaboradas, possuem
maior interêsse para o aprendiz que o livro de texto.
e) QUESTIONÁRIO — tâda fôlha de operação
O livro de texto, em grande maioria dos casos, não
deve incluir uma série de perguntas sôbre assuntos
contém ilustrações suficientes que permitam ao
que se relacionem com a execução da operação.
aprendiz entender bem a matéria. Por outro lado,
Êsse questionário faz com que o aprendiz estude a
muitos dos livros de tecnologia não são elaborados
fôlha de operação detalhadamente e verifique por si, para o nível de cultura dos aprendizes. As fôlhas de
se, de fato, compreende a operação que vai realizar. informações tecnológicas devem ser usadas como
Por outro lado, as perguntas permitem ao instrutor auxiliares do instrutor e não para substituir seu
verificar se o aprendiz demonstra ser capaz de trabalho. Seu uso é conveniente para qualquer tipo
realizar os diferentes passos. O questionário deve de aprendiz, constituindo meio adequado para aula
ser preparado cuidadosamente por quem organiza a sôbre matéria nova ou já conhecida. As fôlhas de
fôlha de operação. As perguntas serão concisas e informações tecnológicas podem incluir
escritas em linguagem simples que facilite ao conhecimentos sôbre Matemática, Ciências,
aprendiz meditar cuidadosamente sôbre a operação Desenho e Normas de Segurança, relacionadas com
e suas diferentes fases. Devem-se evitar perguntas as operações em execução. A responsabilidade da
longas e de difícil interpretação. É importante pessoa que elabora as fôlhas de informações
estimular o pensamento do aprendiz para o estudo tecnológicas é procurar incluir as informações
minucioso da operação. O número de perguntas necessárias para o aprendiz compreender bem o
deve ser restrito e suficiente para permitir a fácil processo tecnológico. As fôlhas devem ser pouco
compreensão da operação. extensas e o conteúdo não deve ser demasiado. Do
ponto de vista pedagógico, grande quantidade de
f) BIBLIOGRAFIA — É conveniente incluir informações em uma
em cada fôlha de operação uma lista bibliográfica só fôlha pode ser prejudicial. A fôlha deve conter
que indique os livros, revistas e outras fontes de tâda classe de ilustrações, desenhos, diagramas,
esclarecimento sôbre a operação. Cada publicação tabelas etc. que permitam ao aprendiz uma rápida
deve ser mencionada com compreensão do assunto.
A fôlha de informações tecnológicas deve e) BIBLIOGRAFIA — Nesta parte da fôlha
conter: inclui-se uma relação de livros, revistas e outras
publicações onde o aprendiz possa encontrar
a) TÍTULO — O título deve ser breve, e
informações adicionais sôbre o assunto tratado.
escrito em linguagem simples, utilizando-se a
Deve-se indicar claramente o título da publicação, o
terminologia industrial.
autor, a emprêsa editôra e as páginas onde existem
b) OBJETIVO — Nesta parte da fôlha deve-se os informes adicionais.
explicar brevemente a importância das informações
para se poder realizar as tarefas e operações. O
texto deve ser redigido objetivando a motivação do
aprendiz. O objetivo da informação deve ser fôlha de Estudo
apresentado em duas ou três sentenças corretas e
claras. A finalidade da fôlha de estudo é orientar
criteriosamente o aprendiz, para que possa estudar
c) INFORMAÇÕES TECNOLÓGICAS — Esta é a
um tópico de informação tecnológica em um livro,
parte mais importante da fôlha. Deve ser redigida
uma revista ou outra publicação. A fôlha deve
em estilo simples e de fácil compreensão pelo
indicar ao aprendiz o que deve fazer para o estudo
aprendiz. Deve-se utilizar sempre a terminologia
da matéria. A forma de realizar a leitura envolve a
industrial. As informações tecnológicas devem ser
solução de problema tecnológico e a compreensão
resumidas por quem prepara a fôlha. O resumo deve
clara de tôdas as informações referentes aos traba-
compreender os pontos êssenciais cuja aplicação
lhos ou operações manipulativas. A fôlha de estudo
seja imediata à tarefa e às operações que realiza o
tem o mesmo fim que a de tarefa. Descreve ao
aprendiz. Não devem ser incluídas informações
aprendiz o que êle deve fazer. A fôlha de tarefa
tecnológicas que não tenham aplicação direta. O
trata dos trabalhos manuais referentes ao ofício,
texto de informações tecnológicas deve ser curto o
enquanto a de estudo trata da forma de realizar a
quanto possível. Não convém, na fôlha, a exposição
leitura e o estudo de uma matéria. As fôlhas de
de matéria extensa pois o aprendiz pode perder o
estudo são de grande utilidade quando os
interêsse pela sua leitura e estudo. Além disso,
aprendizes trabalham e progridem,
pode-se estabelecer confusão em sua mente. Não se
individualmente, no ofício, de acôrdo com a sua
devem copiar as informações tecnológicas direta-
capacidade. As fôlhas de estudo podem conter
mente de um livro ou outra publicação, a menos
assuntos de Ciências, Matemática, Desenho e
que se tenha efetuado uma revisão da matéria, que
Normas de Segurança referentes ao ofício.
se considere seja ela êssencial e que se apresente
em forma resumida.
A fôlha de estudo se compõe das seguintes
As informações tecnológicas devem ser partes:
acompanhadas de boas ilustrações, para facilitar a
compreensão do assunto por parte do aprendiz. a) TÍTULO — O título deve ser indicado
Uma fôlha com ilustração abundante e bem feita, claramente.
faz com que o aprendiz se interêsse mais pela
b) OBJETIVO — Esta parte da fôlha de estudo
informação e, nêsse caso, a leitura e o assunto se
serve para indicar ao aprendiz o fim que se tem em
tornam agradáveis.
vista com o estudo da matéria.
Uma das dificulades com que se defronta o
instrutor é a decorrente da circunstância de os c) MATÉRIA DE ESTUDO — Nesta parte da
aprendizes não se interessarem pelo estudo teórico fôlha, se especifica claramente o trabalho e o estudo
e pela leitura. Esta atitude dos aprendizes pode ser que o aprendiz tem que realizar. Convém citar as
corrigida se as fôlhas de informações tecnológicas páginas das publicações ou outro material didático
estiverem bem ilustradas. que deva ler ou estudar. Pode-se orientá-lo na
interpretação do problema que tem que resolver ou
d) QUESTIONÁRIO — O objetivo das per indicar-lhe o modo de proceder para compreender
guntas é facilitar o estudo das informações os elementos de um diagrama. Com referência a um
tecnológicas. Também por meio das pergun problema de Matemática, por exemplo, pode-se
tas, o instrutor verifica se o aprendiz com propor o problema na fôlha ou indicar as páginas da
preendeu claramente a matéria estudada. As publicação onde é encontrado. Da mesma maneira
perguntas devem ser breves, redigidas em lin se pode proceder com referência aos diagramas.
guagem simples e clara e referir-se a assuntos Quando se indica o título de uma publicação, deve-
específicos. se citar,
também o autor e, se possível, o nome da casa mandando uma pessoa cumpri-las. As ex-
editôra. plicações devem ser breves e escritas em
d) BIBLIOGRAFIA — Deve-se incluir uma linguagem simples e clara.
lista bibliográfica de publicações onde o aprendiz c) Nas fôlhas de tarefas e operações, não misturar
possa encontrar informações adicionais sôbre a as diferentes fases de execução do trabalho com
matéria. A referência deve indicar páginas, título da informações de caráter tecnológico. Dizer
publicação, autor e, se possível, a emprêsa editôra. claramente como se executa o trabalho, mas
As referências devem ser limitadas em número, o não discutir o porquê de cada passo.
que se pode conseguir incluindo unicamente as que
d) Frases e palavras desnecessárias devem ser
se consideram indispensáveis.
evitadas. Por exemplo: No MOMENTO EM
e) QUESTIONÁRIO — Esta seção da fôlha de QUE TERMINAR DE LIMPAR AS VELAS, CO-
estudo é da maior importância. É a que permite ao loque-as no motor. A expressão em letras
aprendiz analisar devidamente tâda a informação maiúsculas é dispensável. Dizer simplesmente:
estudada, e responder a uma série de perguntas que coloque as velas no motor.
a esta se referem. Possibilita também ao instrutor
e) Usar o dicionário e selecionar as palavras
verificar se o aprendiz realizou o trabalho. A lista
corretamente. Lembrar-se de que o material
de perguntas deve corresponder a tâda a matéria
didático impresso é para ser usado por muitos
estudada. As perguntas podem requerer uma
anos e há pouco tempo para revisá-lo.
resposta breve. Naturalmente, deve-se preferir as
perguntas que permitam uma resposta única. f) Não se satisfazer cora o preparo do primeiro
Podem ser também perguntas para responder sim rascunho destinado a cada fôlha de instrução.
ou não. Caso se formulem perguntas dêste tipo, o Os melhores escritores revisam seus rascunhos
número delas deve ser suficiente para cobrir todo o quatro a cinco vêzes. Muitos erros podem ser
assunto em estudo. corrigidos por ocasião das diferentes revisões.
Entregar o trabalho preparado a outras pessoas
para que o leiam e recomendem modificações.
Recomendações Gerais para a Elaboração de
g) As fôlhas de instrução podem ser escritas pelo
fôlhas Individuais de Instrução instrutor que as vai usar, mas, ao prepará-las,
deve êle estar seguro de que o processo seguido
a) Planejar cuidadosamente a fôlha individual de
em sua preparação é correto. Antes de escrever
instrução antes de começar a escrevê-la.
uma fôlha de instrução, verificar se o método
Antes de proceder a elaboração da fôlha adotado para a realização do trabalho é
individual de instrução (tarefa, operação, adequado. Consultar livros, revistas ou
informações tecnológicas) estudar bem a qualquer outra publicação. Esta precaução pode
matéria que nela pretende incluir e preparar um evitar problemas com os aprendizes e com-
esquema simples que possa servir como panheiros de trabalho. Num regime de trabalho
orientação. O plano para uma fôlha de intensivo em que o instrutor dispõe de pouco
operação, por exemplo, deveria conter as fases tempo, as fôlhas serão preparadas com mais
ou o procedimento a seguir para sua execução eficiência por uma comissão composta de
ordenada. É recomendável selecionar as frases instrutores inteiramente dedicados a essa
e palavras que melhor possam descrever cada função.
5
uma das operações de modo sucinto. É neces-
sário que, ao elaborar êsse plano, se visua-lise h) Ter muito cuidado com os direitos autorais. Caso
bem o processo de execução tal como seria êle convenha copiar um desenho ou outro material
desenvolvido na oficina. Quando se prepara o de qualquer publicação, deve-se pedir
plano, devem ser tomados em consideração as permissão ao autor ou à emprêsa editôra.
fases ou movimentos que precisam ser Tratar, por todos os meios, de criar material
ilustrados. próprio.
D) Escrever as instruções tal como se estivêsse i) Usar tâda sorte de ilustrações para apresentar
claramente as fôlhas. Colocar uma
legenda debaixo de cada ilustração, quando mental utilizando grupo de alunos que
necessário. representem, de modo significativo, aquêles
j) Não descrever, nas fôlhas de instrução, um que futuramente vão usar o material. Durante
segundo método para realizar o trabalho: essa aplicação, anotar tôdas as deficiências ou
selecionar o melhor e indicá-lo. Se existir um falhas referentes às técnicas de execução, fases
segundo método tão bom como o primeiro, das operações, desenho e dimensionamento,
expô-lo em outra fôlha. tempo, etc.

1) Colocar os desenhos ou ilustrações do lado Caso a instrução abranja, por exemplo, três
fôlhas de papel, marcar cada uma do seguinte
direito da fôlha e o texto no lado esquerdo.
modo: 1/3, 2/3, 3/3. Êste sistema facilita o trabalho.
m) Numerar as fôlhas de instrução. A qualquer momento, poder-se-á assim confirmar
n) Antes da edição definitiva das fôlhas de se as instruções destinadas à realização de uma
instrução, aplicá-las em caráter experi- tarefa ou operação estão completas.

As fôlhas de instrução individual, assim como oficina, refere-se à prevenção de acidentes. O


outro qualquer material didático, sómente instrutor deve chamar a atenção de sua turma
produzem bons resultados quando utilizadas sôbre as possibilidades de acidentes e o meio de
convenientemente. Como já foi dito, as fôlhas evitá-los transformando o aluno afoito ou
mencionadas não substituem o instrutor, mas ousado em homem precavido;
apenas facilitam o seu trabalho e favorecem o
b) simultâneamente, no período reservado às aulas
rendimento do ensino dando maior oportunidade à
teóricas, os alunos devem receber explicações
iniciativa do aprendiz. É necessário que o aluno
sôbre o significado ou objetivo das fôlhas de
aprenda a usar as fôlhas de instrução individual
como aprendeu a empregar uma ferramenta ou a instrução e, se elas incluírem desenhos técnicos
operar uma máquina. que representem as tarefas, cabem ao professor
da matéria e ao instrutor, ensinar como
Um dos processos que mais se aconselha para interpretá-los;
essa aprendizagem, é o do ESTUDO DIRICIDO do
qual falaremos oportunamente. De um modo geral, c) o instrutor deve demonstrar "como" executar a
recomenda-se para o ensino dos trabalhos práticos primeira tarefa. Para êsse fim, a preparação de
de oficina e para o uso correto das fôlhas de mostruário onde apareçam as operações, uma
instrução individual, as seguintes etapas: por uma, da mesma maneira como as
demonstrará o instrutor, facilita a compreensão
a) nas primeiras sessões de oficina, os alunos
do aluno. Sómente após conhecer as operações
devem entrar em contacto com o ambiente e
com as condições de trabalho, isto é, devem que constituem as tarefas é que o aluno está
familiarizar-se com regulamentos, ou normas de preparado para organizar sua "fôlha de trabalho"
prevenção de acidentes, máquinas e ferramentas ou o "roteiro de usinagem";
mais comuns. É óbvio dizer que relativamente a d) na sala reservada para o "estudo dirigido", os
êste último assunto, não se pretende ensinar, em alunos, em grupos de 4 ou 5, elaboram a "fôlha
tão curto tempo, a técnica de empregar de trabalho" ou o "roteiro de usinagem" (ou de
ferramentas ou de operar máquinas. Visa-se execução), orientados pelo próprio instrutor ou
sómente dar ao aprendiz uma visão geral do seu instrutor especializado;
ambiente de trabalho, fazê-lo conhecer o nome
das principais ferramentas e das partes mais e) os alunos, na oficina, com o respectivo "roteiro
importantes de cada máquina. Outro aspecto a de usinagem", estão, agora, preparados para a
ser ressaltado nêsse primeiro encontro do aluno execução das tarefas. Recebem materiais,
com a ferramentas e procuram reproduzir o que
observaram o instrutor
fazer durante a demonstração. Geralmente, como a De acôrdo com o que foi explicado, as fôlhas de
primeira demonstração se referiu a tôdas as instrução, desde que se adote o "estudo dirigido", não
operações da tarefa, recomenda-se que o instrutor são utilizadas durante a prática de oficina. Elas são
explique e mostre, novamente, "como" executar cada entregues aos alunos na sala do estudo dirigido e aí
uma das operações. Essa demonstração pode ser devem ser guardadas e conservadas. Na oficina, o
feita à turma de alunos porque todos os alunos irão aprendiz trabalha com o "roteiro de usinagem" sendo
executar a primeira tarefa; porém, aconselhável possuir-se uma coleção das fôlhas
para consulta do aluno, se necessário.
f) cada aluno procurará realizar sua tarefa
individualmente. Durante a sessão de oficina, o
instrutor deverá dar assistência aos aprendizes Estudo Dirigido
evitando que cometam êrros os quais se repetidos,
Denomina-se "estudo dirigido" à técnica de
poderão transformar-se em hábitos. Quando
transmitir informações ao aluno mediante a leitura, por
necessário, o instrutor deverá fazer nova
êle, de material selecionado. Com relação às fôlhas de
demonstração, esta individualmente. Há uma
instrução individual, o "estudo dirigido" objetiva a
diferença êssencial entre a demonstração que se faz à
preparação da "fôlha de trabalho" ou "roteiro de
classe e aquela que é dirigida a um único aluno. Na
usinagem" ou "roteiro de execução", isto é, da fôlha com
primeira, será preciso haver "preparação" (ou
a qual o aprendiz vai trabalhar na oficina. É claro que
motivação), "apresentação", "aplicação". Na segunda,
além do propósito mencionado, o "estudo dirigido"
apenas algumas fases da "apresentação" devem ser
proporciona:
executadas pelo instrutor e por essa razão, a
demonstração é rápida e simples; a) desenvolvimento do espírito de iniciativa dos alunos;
g) alguns alunos, como é lógico, completarão suas b) aprendizagem da "técnica de estudar" que uma vez
tarefas mais rápidamente que outros. Embora, adquirida, melhorará a eficiência dos aprendizes nas
teóricamente, dois aprendizes (em virtude das demais matérias do currículo;
diferenças individuais) não devam terminar trabalhos
c) aquisição dos conhecimentos que estão incluídos nas
idênticos ao mesmo tempo, verifica-se na prática, que
fôlhas, sôbretudo os relacionados com tecnologia
um certo grupo de alunos progride mais ou menos
(ciências aplicadas, desenho, matemática, prevenção
com a mesma velocidade. De fato, é comum
de acidentes, vocabulário técnico, caligrafia técnica,
descobrir que a turma se divide, por si mesma, em
etc);
vários pequenos grupos constituídos por alunos que
mantêm o mesmo ritmo de progresso e que êsses d) formação de outros hábitos aconselháveis como o da
pequenos grupos permanecem durante o curso todo. arrumação e ordem, capricho, senso de
Em uma turma de vinte alunos, por exemplo, podem responsabilidade, etc.
aparecer, expontâneamente, quatro ou cinco grupos;
No entanto, para que o "estudo dirigido" possa dar
h) os "pequenos grupos", formados por 4 ou 5 alunos resultado satisfatório, alguns fatôres que nêles influem
devem trabalhar em colaboração, na preparação dos com maior ou menor intensidade, devem ser estudados.
respectivos "roteiros de usinagem". E como cada É claro que tal assunto não pode ser tratado no presente
"pequeno grupo" executa tarefas diferentes, cabe ao manual, com detalhes, em virtude de enquadrar-se
instrutor fazer as demonstrações requeridas. Essas melhor em obra de metodologia ou 'de didática especial.
demonstrações se referem apenas às OPERAÇÕES Assim, nossas observações serão dedicadas aos aspectos
NOVAS da tarefa e que são, normalmente, duas, três êssenciais do problema.
ou quatro. Há, aqui, uma recomendação importante:
LOCAL: Deve-se dar preferência a uma sala situada
o ALUNO NÃO DEVE ELABORAR "ROTEIRO DE USINA-
nas proximidades da oficina e com área suficiente para
GEM" OU INICIAR UMA OPERAÇÃO NOVA SEM TER
uma turma de 15 a 20 alunos. Como mobiliário,
ANTES, ASSISTIDO À DEMONSTRAÇÃO DO INSTRUTOR;
recomendam-se mesas individuais que possam ser
i) as tarefas concluídas pelos alunos são avaliadas por utilizadas, quando convenientemente dispostas, para
êles mesmos com a supervisão do instrutor. equipes de 4 ou 5 pessoas. Na sala deverão existir ainda:
armários com escaninhos para as fôlhas de instrução;
painel com as tarefas
das séries metódicas; mostruários contendo (para as limite razoável de tempo. Êste método exige
primeiras peças) as várias fases de usinagem das atenção intensa e concentrada do aluno e do
tarefas, cada uma mostrando as várias operações; professor, e que não pode ser mantida durante
ferramentas de medição; papel para "roteiros de muito tempo. Trinta ou quarenta minutos, no
usinagem" e para respostas aos questionários das máximo, devem ser reservados para êste tipo de
fôlhas de instrução individual; quadro negro; mesa atividade se desejarmos que o grupo permaneça
e cadeira para o instrutor, aparelhos de projeção etc. alerta e interessado. É óbvio que com esta dura-
No tocante às condições físicas, aconselham-se: ção, sómente poucos e bem escolhidos assuntos
boa iluminação, confôrto térmico, ruído suportável, podem ser estudados;
côres adequadas para a pintura.
h) após a leitura das fôlhas de informações e de
Além das fôlhas de instrução individual, na operações e respondidos os respectivos
sala do estudo dirigido devem ficar livros e revistas questionários, o instrutor deve orientar o grupo
técnicas, catálogos, publicações, dia-filmes e para o estudo da fôlha de tarefa. Para êsse efeito
diapositivos, fotografias e outros recursos visuais deverá:
que possam facilitar o trabalho do instrutor e
melhorar a assimilação dos conhecimentos 1) explicar os objetivos (finalidades, funções
ministrados. ou usos) da tarefa cujo "roteiro de
usinagem" os alunos vão elaborar;
TÉCNICA: Com relação à orientação do estudo
dirigido, o instrutor encarregado deverá: 2) mostrar a tarefa já executada quando se
tratar de artigo ou produto. A visão da tarefa
a) fornecer a cada equipe a "unidade de ensino"
facilita a compreensão e motiva o ensino;
constituída pela fôlha de tarefa e fôlhas de
operações e de informações tecnológicas 3). verificar se os participantes da equipe
referentes à mencionada tarefa; conhecem as operações novas
b) dividir o material a ser estudado em pequenas 4) comprovar se todos entenderam bem o
secções. Fazer as divisões de maneira que cada desenho ou as instruções sôbre a execução
secção represente uma unidade abrangendo uma da tarefa;
idéia completa;
5) entregar as fôlhas de tarefa à equipe e
c) fazer o grupo ler a primeira secção. Recomendar determinar a elaboração do "roteiro de
que cada aluno cubra a página depois de ter usinagem".
terminado a leitura da secção. Conceder tempo
NOTA: para as primeiras tarefas recomenda-
suficiente para os leitores vagarosos;
se o uso de roteiros total ou parcialmente
d) quando todos terminarem a leitura da primeira preparados e o emprêgo de mostruários em
secção, fazer perguntas préviamente preparadas que apareçam, de modo concreto, as várias
e que se refiram aos assuntos contidos no trecho etapas requeridas para a execução do
lido. Lembrar-se de que êste período da lição trabalho, representando as operações
apenas requer que 0 aluno conheça fatos principais;
êssenciais. A compreensão total da matéria, com
6) acompanhar a elaboração do roteiro e
relação ao emprêgo dos conhecimentos em
auxiliar o grupo, se necessário. Os alunos
situações de trabalho, virá mais tarde, por
devem discutir, em equipe, as "fases de
ocasião da fase de aplicação. Os pontos que o
execução" e os demais elementos que serão
questionário evidenciar como mal compreen-
incluídos no "roteiro". Depois de debatido o
didos, devem ser estudados novamente, ou o
assunto, o trabalho passa a ser individual;
próprio instrutor pode lê-los, colocá-los em
evidência, ilustrá-los e esclarecê-los; 7) verificar os "roteiros" terminados e quando
fôr conveniente, articular-se com os
e) repetir êste processo de ler e formular questões
professôres de desenho, de matemática, de
para o restante até completar o assunto em português para a correção de falhas
estudo; relacionadas com as matérias citadas.
f) concluir com um período de perguntas e OBS.: quando o "estudo dirigido" fôr
respostas, completado com um breve sumário supervisionado por instrutor especializado,
para fixar os "pontos-chaves"; êste deve manter estreito contato com os
g) lembrar-se de que tal período do estudo dirigido instrutores que, na oficina, orientam a
deve realizar-se dentro de um execução das tarefas.
Quando a escola dispuser de recursos fi- tor deve conservar as fôlhas individuais de
nanceiros, as fôlhas de instrução individuais instrução em um armário, com prateleiras ou
poderão ser entregues ao aprendiz, como material escaninhos. O armário deve ser organizado de tal
de referência para seu trabalho na indústria. forma, que permita ao instrutor uma fácil
Quando a escola não tiver possibilidade de identificação das fôlhas de tarefa, de operação, de
reproduzir o material em apreço, as fôlhas, uma vez informações tecnológicas e de estudo. É necessário
utilizadas pelo aprendiz, são devolvidas ao que êle tenha na parede, ao lado do armário, um
instrutor, que as conservará em um arquivo, para quadro da série metódica, onde estejam tôdas as
uso futuro. No caso em que as fôlhas individuais
tarefas e operações numeradas na mesma ordem em
possam pertencer aos aprendizes, deve ser-lhes
que o foram as fôlhas. O instrutor, deve ter
ensinada a sua conservação em pasta, na qual deve
aparecer cada fôlha de tarefa, seguida de tôdas as também, na parede, um quadro com relação, em
fôlhas de operações e informações tecnológicas ordem numérica, de tôdas as fôlhas de informações
referentes à tarefa. Ao finalizar o curso, o aprendiz tecnológicas. É aconselhável ao instrutor orientar
terá, em sua pasta, a matéria completa da série seus aprendizes para que êstes procurem
metódica. Caso o instrutor ache conveniente, pode diretamente, no armário, suas fôlhas individuais de
organizar duas pastas: uma com as fôlhas de tarefa instrução. Neste caso, o instrutor deve explicar
e operações, e outra com as de informações claramente, a seus aprendizes, a organização dêsse
tecnológicas. O instru- arquivo.

A "unidade de instrução", de acôrdo com o método que vem sendo adotado


pelo SENAI, compreende:

a) Roteiro de Usinagem
b) fôlha de Tarefa
c) fôlha de Operação
d) fôlha de Informação Tecnológica

A seguir temos um exemplo de uma "unidade de instrução".


O torneamento cilíndrico é uma das da é quando a peça está prêsa na placa universal ou
operações básicas da profissão de torneiro me- na de castanhas independentes.
cânico. Trata-se de uma operação muito executada Para abrir uma rôsca ou para ajustar um eixo
em quase todos os trabalhos de tornearia. num mancai, numa polia, numa engrenagem, etc,
A maneira mais simples de ser efetua- faz-se o torneamento cilíndrico.

FASES DE EXECUÇÃO I -
DESBASTAR

l.a Fase
PRENDA E CENTRE A PEÇA.

OBSERVAÇÃO:
Deixe para fora da placa um comprimento
maior do que a parte a ser usinada (fig. 1)

2.a Fase
PRENDA A FERRAMENTA de desbastar, Fig. 1
verificando:
a) O alinhamento (fig. 1). A ferramenta deverá
ficar perpendicular à superfície a ser torneada.
b) O balanço b, que deverá ser o menor possível.
c) A altura. A ponta da ferramenta deverá ficar na
altura do centro da peça. Para acertar essa
altura, toma-se como referência a contraponta
(fig. 2).

3.a Fase
MARQUE O COMPRIMENTO a ser torneado,
usando o compasso (fig. 3), a escala (fig. 4) ou o
paquímetro (fig. 5). Para a marca-
ção, afaste o instrumento usado, ligue o tôrno e
aproxime a ferramenta até que ela faça um risco
que vai servir de referência durante o torneamento.

Escala Paquimetro
Fig. 4
Fig. 5
OBSERVAÇÃO: 6.a Fase

Consulte a tabela de velocidade de corte e AVANCE 1 mm E TORNEIE, mais ou menos, 8 mm


determine o número de rotações por minuto (r.p.m.) de comprimento, com avanço manual, conforme figuras
antes de ligar o tôrno. 8 e 9.

4.a Fase 7.a Fase


APROXIME A FERRAMENTA até tomar contacto DESLOQUE A FERRAMENTA, pare o tôrno e tome
com o material (fig. 6). a medida (fig. 10).

OBSERVAÇÃO:

Determine quanto pode tirar ainda e quantos


passes deve dar.

Fig. 6

5.a Fase
DESLOQUE A FERRAMENTA para a direita e tome
referência no anel graduado (fig. 7), marcando o ponto
zero.

Fig. 10

Fig. 8 Fig. 9

Fig. ll

8.a Fase

DÊ PASSES, em todo o comprimento (fig.


ll), até que o diâmetro fique na medida
desejada e pare o tôrno. No fim de cada passe, c) Se tiver que dar acabamento, deixe 0,5 a 1 mm
afaste a ferramenta e volte com ela ao ponto de a mais no diâmetro.
partida para iniciar nôvo corte.
PRECAUÇÕES:

OBSERVAÇÕES:
a) Atenção para o sentido de giro da mani-vela,
quando afastar a ferramenta.
a) Antes de parar a máquina, afaste a ferramenta
da peça e desengate o avanço automático. b) Não abandone o tôrno nem desvie a atenção,
enquanto êle estiver em movimento.
b) Para o torneamento automático, determine o
c) Cuidado com cavacos quentes e cortantes.
avanço, consultando a tabela.
d) Não use mangas compridas, pois são muito
perigosas para trabalhar em tôrno.

II - DAR ACABAMENTO

l.a Fase

SUBSTITUA A FERRAMENTA de desbastar


pela de alisar.

OBSERVAÇÃO:

Verifique se a ponta está bem arredondada e


a aresta cortante bem aguçada. Se necessário,
retoque a mesma com pedra de afiar.
Fig. 12

2.a Fase

LIMPE E LUBRIFIQUE as guias do barra-


mento usando escôva, estôpa e almotolia
(fig. 12).

3.a Fase

REPITA A 4.a E 5.a FASES da parte I e dê um


passe na extremidade (fig. 13).
Fig. 13
OBSERVAÇÃO: c) Quando tornear latão, use óculos protetores
para os olhos, ou uma rêde metálica ou
Determine a r. p. m. e o avanço. Consulte a plástica sôbre a ferramenta.
tabela.
d) Proteja, limpe e lubrifique as guias do tôrno
constantemente, quando trabalhar com ferro
4.a Fase fundido.

PARE O TÔRNO e verifique as medidas (fig.


10 ou 14).

5.a Fase

CALCULE QUANTO DEVE TIRAR AINDA,


regule a ferramenta até atingir a medida, ligue o
tôrno e complete o torneamento, com avanço
automático.

OBSERVAÇÕES:

a) Mantenha-se ligeiramente afastado do tôrno e


atencioso durante o passe.

b) Se usar fluido de corte, não deixe que se Fig. 14


interrompa o jato.

QUESTIONÁRIO

1) Para que se torneia cilíndrico?


2) Como pode ser marcado o comprimento a ser torneado?
3) Que se usa para medir um eixo desbastado: micrômetro, paquímetro ou compasso? Por quê?
4) Por que não se deve usar roupa com mangas compridas, quando se está torneando?
5) Ao se prender o material na placa, quanto deve ser deixado para fora da mesma?
6) Que deve ser observado ao se prender a ferramenta?
7) No desbaste, quanto se deve deixar de material a mais para dar acabamento?
8) Que precaução deve ser tomada em relação às guias do tôrno, quando se torneia ferro fundido?
Os aços, que têm maior quantidade de macios, vulgarmente conhecidos por FERRO ou AÇO
carbono, podem ser endurecidos por um processo DOCE. Quando esmerilhados, desprendem fagulhas
de aquecimento e resfriamento rápido chamado em forma de riscos (fig. 9).
Os aços, que têm grande porcentagem de
TÊMPERA.
carbono, adquirem têmpera, são mais duros e
Os aços, que têm pequena quantidade de desprendem fagulhas em formas de "estrelinhas"
carbono, não adquirem têmpera: são aços (fig. 10).

Fig. 9 Fig. 10

FASES PARA A OBTENÇÃO DO AÇO

a) Derrete-se o minério de ferro, juntamente com b) A gusa segue para o misturador, podendo ser,
um fundente (pedras calcáreas) em fornos também, transformada em peças brutas ou em
apropriados, usando-se o coque como lingotes.
combustível. Obtém-se, dessa forma, gás de c) Do misturador, a gusa segue para os fornos de
iluminação, escória e gusa. transformação em aço, denominados Bêssemer,
Siemens-Martin e elétricos.

RESUMO

QUESTIONÁRIO

1) Como pode ser reconhecido o aço?


2) Que é o aço?
3) Todos os aços ao carbono podem ser endurecidos? Por quê?
4) Por que o aço é o material mais empregado nas oficinas mecânicas?
5) Como são chamados vulgarmente os aços de pequena quantidade de carbono?
O aço é o mais importante dos materiais O aço apresenta inúmeras características. As
metálicos usualmente empregados nas oficinas. A mais importantes estão ilustradas nas figuras
grande maioria das peças de máquinas são feitas de abaixo.
aço, por ser um material que tem propriedades O aço é uma liga de ferro e carbono, na qual
mecânicas muito convenientes. Sua côr é a quantidade de carbono varia de 0,05 a 1,7 %.
acinzentada.

Pode ser forjado. Pode ser laminado.

Rólo da arame

Trefilação de arames

Pode ser estirado em Pode ser trabalhado por


fios (trefilado). ferramentas de corte.

Pode ser soldado. Pode ser dobrado.

Pode ser curvado. Apresenta grande resis-


tência à ruptura.
O mecânico usa a escala para tomar medidas lineares, quando não há exigência de grande rigor
ou precisão.

ESCALA

A escala (fig. 1), ou régua graduada, é um instrumento de aço que apresenta, em geral,
graduações do sistema métrico (decímetro, centímetro e milímetro) e graduações do sistema inglês
(polegada e subdivisões).

Encôsto
Fig. 1

As menores divisões, que permitem clara leitura nas graduações da escala, são as de milímetro e
1/32 da polegada. Mas estas últimas, quase sempre, sómente existem em parte da escala, que se
apresenta em tamanhos diversos, sendo mais comuns as de 6" (152,4 mm) e 12" (304,8 mm).

USOS DA ESCALA

As figs. 2, 3 e 4 mostram alguns exemplos.

Mede-se, neste caso, a partir do encôsto da escala.


êste deve ser bem ajustado na face do ressalto da
peça. Esta face deve estar bem limpa.
Fig. 2 — Medição de comprimento
com face de referência.

Fig. 3 — Medição de comprimento


sem encôsto de referência. Fig. 4 — Medição de diâmetro.

No caso das figs. 3 e 4, coincide-se o traço de 1 cm com o extremo da dimensão a medir. Da leitura, subtrai-se
depois 1 cm. No indicado pela fig. 3, deve-se ter o cuidado para não inclinar a escala. No indicado pela fig. 4,
gira-se a escala nos sentidos indicados pelas flechas, até encontrar a maior medida.
Quando se faz a medição em polegada, deve-se coincidir o traço de 1".
OUTROS TIPOS DE ESCALA As figs. 5, 6 e 7 mostram

três tipos de escalas para fins especiais.

Fig. 5 — Escala de encôsto interno.

Encôsto interno
Fig. 6 — Escala de profundidade.

encôsto externo (graduacão na face oposta

Fig. 7 — Escala de dois encôstos (usada pelo

ferreiro).

APLICAÇÕES

Fig. 8 — Medição de comprimento com face interna de referência.


Fig. 9 — Medição de pro-
fundidade de rasgo.
F
i
g
.

10 — Medição de profundidade
de furo não vazado.
CARACTERÍSTICAS DA BOA ESCALA

1) Ser, de preferência, de aço inoxidável. As graduações de 1/2 milímetro e de 1/64 da


2) Ter graduação uniforme. polegada na escala são de leitura mais difícil.
3) Apresentar traços bem finos, profundos e
salientados em prêto.

CONSERVAÇÃO DA ESCALA

1) Evite quedas e o contacto da escala com 4) Não flexione a escala, para que não se
ferramentas comuns de trabalho. empene e não se quebre.
2) Não bata com a mesma. 5) Limpe, após o uso, para remover o suor e
3) Evite arranhaduras ou entalhes que preju- as sujeiras.
diquem a graduação. 6) Aplique ligeira camada de óleo fino na
escala, antes de guardá-la.

QUESTIONÁRIO

1) Quais são as graduações bem visíveis da escala do mecânico?


2) Quais são as características de uma boa escala?
3) Em que casos o mecânico usa escala?
4) Quais são os cuidados a tomar para a conservação de uma escala?
5) Quais são os comprimentos mais comuns da escala (mm e polegada)?
Freqüentemente, o mecânico necessita medir com grande rigor ou A aproximação da medida se obtém por meio de uma graduação
precisão. Se fôr exigida uma aproximação de medida da ordem de 1/10 de especial, o Vernier, gravada numa peça móvel, o Cursor. Há diferentes tipos
milímetro, o instrumento que deve usar na medição é o Paquímetro, também de vernier, para milímetro e para polegada, conforme a aproximação da
chamado Calibre Vernier ou Calibre de Cursor. medida.

PAQUÍMETRO
Paquímetro é um instrumento de medida de precisão (fig. 1), feito geralmente de aço inoxidável.

COMO SE MEDE COM O PAQUÍMETRO LEITURA


A fig. 2 mostra um exemplo do uso mais freqüente do paquímetro, Lêem-se, na escala, os milímetros, até antes do "zero" do vernier (na
indicando como segurar a peça e o instrumento. A pressão do dedo polegar fig. 1: 19 mm). Depois, contam-se os traços do vernier, até o que coincide
contra o impulsor deve ser suave, para que o encôsto móvel dê contacto com com um traço da escala (na fig. 1: 6.° traço). Exemplo da leitura na fig. 1:
a peça, sem ficar forçado. 19,6 mm.
CONDIÇÕES PARA QUE A MEDIDA SEJA BEM TOMADA

1) O contacto dos encôstos com as superfícies da bem correta. Qualquer inclinação dêste,
peça deve ser suave. Não se deve fazer pressão altera a medida.
exagerada no impulsor ou no parafuso de 3) Antes da medição, limpe bem as superfícies dos
chamada. encôstos e as faces de contacto da peça.
2) Contacto cuidadoso dos encôstos com a peça, 4) Meça a peça na têmperatura normal. O calor
mantendo o paquímetro em posição dilata a mesma e altera a medida.

ERROS DA MEDIÇÃO COM PAQUÍMETRO

Podem resultar: 2) De quem mede (êrro devido a pressão ou


contactos inadequados, leitura desatenta,
1) De construção defeituosa ou má conservação do descuido na verificação da coincidência de
paquímetro (graduação não uniforme, traços traços, posição incorreta do paquímetro,
grossos ou imprecisos, folgas do cursor, deficiência de visão, visada incorreta do vernier
arranhaduras). e da escala).

CARACTERÍSTICAS DO BOM PAQUÍMETRO

1) Ser de aço inoxidável. 5) encôstos bem ajustados. Quando juntos, não


2) Ter graduação uniforme. deixam qualquer fresta.
3) Apresentar traços bem finos, profundos e
salientados em prêto. Qualquer empeno do paquímetro, por menor
4) Cursor bem ajustado, correndo suavemente que seja, pode prejudicar o rigor da medição.
ao longo da haste.

CONSERVAÇÃO DO PAQUÍMETRO

1) Deve ser manejado com todo o cuidado, 5) Dê completa limpeza após o uso, lubrifi-que
evitando-se quedas. com óleo fino.
2) Evite quaisquer choques. O paquímetro não deve 6) Não pressione o cursor, ao fazer uma medição.
ficar em contacto com as ferramentas usuais de 7) De vez em vez, afira o paquímetro, isto é,
trabalho mecânico. compare sua medida com outra medida padrão
3) Evite arranhaduras ou entalhes, que prejudicam rigorosa ou precisa.
a graduação.
4) O paquímetro deve ser guardado em estôjo
próprio.

QUESTIONÁRIO

1) Cite os erros de medição que podem resultar sómente do paquímetro.


2) Para que serve o impulsor do paquímetro?
3) Indique as condições para que uma medida seja bem tomada.
4) Cite os erros que podem resultar sómente da pessoa que mede.
5) Quais são as características de um bom paquímetro?
6) Quais são os cuidados na conservação de um paquímetro?
7) Que é a aferição de um paquímetro?
O tôrno mecânico horizontal é, uma rotação, por meio de uma ferramenta de corte que
máquina que executa trabalhos de tornea-mento se desloca continuamente, com sua aresta cortante
destinados a remover material da superfície de pressionada contra a superfície da peça
uma peça em movimento de

Fig. 1 — tôrno mecânico horizontal. Vista de frente.

Fig. 2 Fig. 3
tôrno mecânico horizontal com transmissão tôrno mecânico horizontal
externa. Vista lateral. com transmissão interna.
Vista lateral.

NOMENCLATURA

As figs. 1 e 2 representam um tôrno tôrno, no qual o motor e a transmissão se acham na


mecânico horizontal do tipo clássico, com motor caixa do pé, não havendo assim polias ou partes
elétrico e transmissão dispostos externamente. móveis salientes, que constituem perigo para o
A fig. 3 mostra a vista lateral de outro operador.
Os tôrnos modernos tendem a se tornar cada pondente fig. 4). Apresentam um aspecto
vez mais blindados, com a quase totalidade do compacto de linhas simples e de arestas mais
mecanismo alojada no interior das estruturas do acentuadas.
cabeçote fixo e do pé corres-

Vista de frente Vista lateral

Fig. 4 — tôrno mecânico horizontal

CARACTERÍSTICAS DO tôrno HORIZONTAL

São consideradas características mais importantes as seguintes:


1) Distância máxima entrepontas (D, na fig. 4).
2) Altura das pontas em relação ao barramento (A, na fig. 4).
3) Altura da ponta em relação ao fundo da cava.
4) Altura da ponta em relação à mesa do carro.
5) Diâmetro do furo da árvore.
6) Passo do fuso roscado ou número de fios por 1" do mesmo
7) Número de avanços automáticos do carro.
8) Rôscas de passos em milímetros (caixa Norton).
9) Rôscas de passos em polegadas (caixa Norton).
10) Rôscas módulo e diametral Pitch (caixa Norton).
11) Número de velocidades da árvore.
12) Potência do motor em HP.

QUESTIONÁRIO

1) No aspecto externo, em que diferem os tôrnos modernos dos antigos? Qual a vantagem principal,
quanto ao nôvo aspecto externo?
2) Diga as características principais de um tôrno mecânico horizontal.
3) Em que consiste a operação de tornear?
A placa universal de três castanhas é muito 3) exige cuidados na lubrificação. A ranhura não
usada na oficina mecânica, pois permite centragem deve ser lubrificada, para evitar que os cavacos
rápida da peça; apresenta, entretanto, os seguintes e sujeiras a ela adiram, influindo na precisão da
inconvenientes: centragem ou danifica-cando a placa.
1) não serve para a fixação e centragem de peças Quando é necessário muita precisão na
de qualquer forma, mas sómente para peças centragem de uma peça na placa, não convém usar
cilíndricas ou hexagonais; a placa universal, mas a placa de castanhas que se
2) depois de certo tempo de uso, devido ao movem independentemente umas das outras.
desgaste no seu complicado mecanismo, não
oferece centragem precisa;

MONTAGEM DA PLACA UNIVERSAL NA


ÁRVORE DO tôrno

Cuidados a tomar:
1) Coloque a placa sôbre um calço de madeira apropriado, no barramento do tôrno, como mostra a fig. 1.

Fig. 1 Fig. 2

2) Limpe e lubrifique cuidadosamente a rôsca da 4) Ajuste a placa contra o tôpo da árvore, com a
árvore e a face do flange. Qualquer sujeira ou mão direita, e, com a esquerda, gire lentamente o
rebarba nessa face pode tornar defeituosa a tôrno, até que o encôsto da ' placa fique apertado
centragem da peça. na face do flange. Nunca se deve montar a placa
3) Limpe a rôsca da placa com grampo pró- com o tôrno em movimento.
prio (fig. 2).

DESMONTAGEM DA PLACA UNIVERSAL DA ÁRVORE

1) Ligue as engrenagens de redução da marcha do da fig. 1, que impedirá qualquer choque da


tôrno. placa contra as guias do barramento.
2) Coloque um calço de madeira entre uma das
castanhas e as guias posteriores do barramento
(fig. 3).
3) Gire manualmente a árvore no sentido indicado
pela seta (fig. 3), para afrouxar o apêrto.
4) Desatarraxe a placa à mão, colocando antes
sôbre o barramento a peça de madeira
Fig. 3
) Uma vez desmontada, deite a placa apoiada rior da placa, possam concorrer para emperrar o
sôbre as castanhas. Com isso se evita que os seu mecanismo.
cavacos, por acaso caídos no inte-

CUIDADOS COM A PLACA UNIVERSAL

) Não prenda na placa peças fundidas em bruto ou 4) Lubrifique com graxa os pinhões e a coroa
barras em bruto, com laminação defeituosa. dentada da placa. Não convém lubrificar a
!) Não introduza canos no manipulo da chave de ranhura espiral, a fim de evitar a aderência de
manobra com a finalidade de aumentar o braço sujeira ou cavacos.
de alavanca e tornar mais enérgico o apêrto. 5) De vez em quando, ou se houver alguma
) Para tornar melhor o apêrto da peça, basta usar a anormalidade no funcionamento da placa,
chave de manobra nos três encaixes dos pinhões desmonte-a e limpe cuidadosamente tôdas as
da placa. peças do seu mecanismo.

RECOMENDAÇÕES SÔBRE A FIXAÇÃO DE PEÇAS NA


PLACA UNIVERSAL

) No caso de peças de grandes diâmetros, prenda- 3) Não fixe peças cônicas na placa, pois não há
as nos últimos degraus, evitando que as possibilidade de mantê-las firmes.
castanhas fiquem muito salientes, ou seja, com
4) A peça bruta, com empenamento ou irre-
pequeno encaixe nas ranhu-
gularidade, não deve ser fixada na placa
ras (fig. 4).
universal. Esta só é usada para a centragem de
) A parte saliente da peça (figs. 5 e 6) não deverá, peças bem uniformes.
em regra geral, ser superior a três vêzes o
diâmetro da peça

Fig. 4 Fig. 5 Fig 6


(Representação esquemática).

QUESTIONÁRIO

1) Quais são os inconvenientes quanto ao uso da placa universal?


2) Quais as fases da montagem da placa universal na árvore do tôrno?
3) Quais as fases e os cuidados na desmontagem da placa da árvore?
4) Quais os cuidados para conservação da placa universal?
5) Indique algumas regras relativas à fixação na placa universal.
A fixação da ferramenta de corte no porta- importância, pois influem no rendimento e na
ferramenta do tôrno e sua posição correta em qualidade do trabalho, assim como na duração do
relação à peça a tornear são de grande corte da própria ferramenta.

POSIÇÃO DA FERRAMENTA EM RELAÇÃO À PEÇA

A ponta da ferramenta deve ficar à Altura do Se a ponta da ferramenta fica abaixo do


Eixo Geométrico (ou do centro) da Peça (fig. 1). centro da peça, a aresta cortante tem maior
Então, os ângulos / (formado na frente), c (ângulo penetração, a ferramenta fica forçada, o metal é
da cunha ou do gume da ferramenta) e s (formado arrancado, os cavacos têm saída difícil e o trabalho
na parte superior), nas ferramentas bem afiadas, se torna defeituoso. Oferece, também, o perigo da
terão os valôres capazes de produzirem bom rendi- ferramenta "enterrar-se" no material, quebrando-se
mento para o corte. ou arrancando a peça.

fig. 1 Fig. 2

Para se obter a altura desejada, em cada máximo de 2 mm), para que não se dê flexão da
fixação de ferramenta, é usual o emprêgo de um ou ferramenta e pressão exagerada sôbre o carro do
mais calços de aço, entre a parte inferior da tôrno.
ferramenta e a base do porta-ferramenta (fig. 2). Quanto ao ângulo do eixo longitudinal da
Admite-se que, em operação de corte pesado ferramenta com o eixo longitudinal da peça, o valor
(grandes cavacos), a ponta da ferramenta fique é variável, conforme o tipo de trabalho. Por
ligeiramente acima do centro (cêrca de 1/40 do exemplo, reto (90°) na operação de desbastar (fig.
diâmetro da peça, até um 3) e pouco inferior a 90° na operação de facear (fig.
4).

Fig. 3

Fig. 4
TIPOS DE PORTA-FERRAMENTA

São usuais os indicados nas figs. 5, 6 e 7: o de poste (fig. 5), o de placa ajustável (fig. 6) e a tôrre
quadrada (fig. 7).

Os dois primeiros se prestam à fixação último, mais reforçado, serve para trabalhos da ferramenta
de corte em trabalhos leves. O pesados, nos quais é grande o esfôrço de corte.

FIXAÇÃO DA FERRAMENTA NO PORTA-FERRAMENTA

Para que a ferramenta conserve bem seu tato superior no porta-ferramenta (figs. 9 e 10).
corte, produza trabalho de bom acabamento e não No exemplo da fig. 9, a placa de apêrto deve
trepide, deve ser rígida, isto é, não deve flexionar, estar bem nivelada, para que se dê completo
por pouco que seja, em virtude da pressão de corte. contato entre sua face inferior e a face superior
da ferramenta de corte.

Para que uma ferramenta de corte fique Fig. 10


rígida, são necessários:
1) ter seção proporcional ao esfôrço de corte. Se
êste fôr grande, usa-se ferramenta robusta. Se
fôr pequeno, não há inconveniente no uso de
uma seção estreita;
2) ter o mínimo possível de saliência em relação ao
porta-ferramenta (figs. 8 e 10), isto é, o balanço
b deve ser o menor possível;
3) ser enérgicamente apertada, com as maiores
superfícies possíveis de apoio e de con-
MANUAIS TÉCNICOS
EDITADOS PELO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA — DIRETORIA DO ENSINO INDUSTRIAL,
PARA O
"PROGRAMA INTENSIVO DE PREPARAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA INDUSTRIAL":

Mecânica
1 — Ajustador
2 — Torneiro Mecânico
3 — Fresador
4 — Retificador
5 — Soldador Elétrico
6 — Soldador Oxi-acetilênico
7 — Contrôle de Qualidade Dimensional
8 — Cronometragem
9 — Tecnologia Mecânica 10 —
Serralheiro
1 1 — Reparador de Aparelhos Domésticos de Refrigeração
12 — Mecânico de Refrigeração
13 — Ferramenteiro

Mecânica de Autos

14 — Mecânico de Suspensão e de Alinhamento de Rodas


15 — Eletricista de Autos
16 — Afinador de Motores

Fundição
17 — Modelador de Fundição
18 — Moldador de Fundição

Construção Civil
19 — Carpinteiro de Obras
20 — Instalador de Água e Esgôto
21 — Pedreiro
22 — Pintor de Obras

Desenho Técnico
23 — Desenhista Mecânico
24 — Leitura de Desenho Técnico Mecânico

Rádio e Televisão
25 — Reparador de Rádio Receptor
26 — Reparador de Televisores

Eletricidade
27 — Eletricista Enrolador
28 — Reparador de Aparelhos Eletrodomésticos
29 — Eletricista Instalador

Organização
30 — Conceitos Básicos para a Elaboração de Séries
Metódicas de Oficina

Serviço Gráfico e Papel da Comp. Melhoramentos de São Paulo - Ind. de Papel - Rua Tito, 479 - São Paulo

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