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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO

Karoline da Silva Lucio


Lucas de Moura Amorim

ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO - ASPECTOS ANALISADOS NA EMPRESA


PRÉ-MOLDADOS FAROFA

Março
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO - ASPECTOS ANALISADOS NA EMPRESA


PRÉ-MOLDADOS FAROFA

Relatório com o tema administração da


produção na disciplina de Introdução a
Administração como requisito para
obtenção da nota N2.
Discentes: Karoline da Silva Lucio e
Lucas de Moura Amorim
Docente: Jhennifer Lauanne Tavares da
Cruz Silva

Março
2023
Sumário
1. Introdução ....................................................................................................................................... 4
2. Procedimentos Metodológicos ....................................................................................................... 5
3. Administração de Produção ............................................................................................................ 6
3.1. Sistema de Administração da Produção ................................................................................. 8
3.2. Produção nas Organizações .................................................................................................. 12
3.3. Funções Centrais na Organização ......................................................................................... 14
3.4. Funções de Apoio na Organização ........................................................................................ 16
3.5. Modelo de Transformação .................................................................................................... 16
3.6. Processo de Transformação .................................................................................................. 17
3.7. Hierarquia do Sistema de Produção...................................................................................... 17
3.8. Proteção da Produção ........................................................................................................... 18
3.9. Tipos de Operações de Produção.......................................................................................... 18
3.10. Atividades da Administração ............................................................................................. 18
4. Dados da pesquisa – Empresa Pré-moldados Farofa .................................................................... 19
4.1. Informações Gerais da empresa ........................................................................................... 19
4.2. Informações voltadas ao departamento responsável pela produção .................................. 19
4.2.1. Estrutura da empresa .................................................................................................... 19
4.2.2. Rotina da Empresa ........................................................................................................ 19
4.2.3. Processo de Produção ................................................................................................... 20
4.2.4. Hierarquia do Sistema de Produção .............................................................................. 21
4.2.5. Produção quantitativa ................................................................................................... 21
4.2.6. Desafios e curiosidades ................................................................................................. 21
4.2.7. Produto final.................................................................................................................. 22
5. Do processo de amostragem......................................................................................................... 26
6. Considerações finais ...................................................................................................................... 28
7. Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 29
1. Introdução

A administração da produção preocupa-se com a criação de produtos e


serviços indispensáveis para os consumidores de modo geral. Este setor caracteriza-
se pela criação de produtos e serviços, sendo está a principal razão para a existência
de qualquer organização, variando deste empresas de pequeno ou grande porte.

Segundo pesquisa realizada com executivos de diversas empresas


constatou-se que 43% deles citam a área de produção como a de maior relevância
em know-how (conjunto de conhecimentos práticos adquiridos por uma empresa ou
profissional do ramo que visa em vantagens competitivas).

A administração da produção é o maior segmento do mercado, já que as


empresas reconhecem que a administração da produção oferece grande potencial
para aumento de receitas, facilitando que bens e serviços sejam produzidos de
maneira eficiente. Sendo que esta está no centro das mudanças que afetam o mundo
dos negócios, sendo elas: preferencias do consumidor, mudanças nas redes de
suprimentos impulsionadas pela tecnologia, comportamento de consumidores e etc.

Este trabalho tem por finalidade, combinar aspectos teóricos da


administração da produção com a realidade vista em empresas do estado do Acre,
bem como no processo de promoção da criatividade destas na busca de soluções
para os variados âmbitos do processo administrativo da produção.
2. Procedimentos Metodológicos

O trabalho possui caráter informativo e expositivo, pois realiza uma


pesquisa em conjunto com a empresa Pré-moldados Farofa e apresenta conceitos
importantes da administração da produção, além de expor informações de maneira
a relacioná-las com situações normais do cotidiano do trabalho, buscando mesclar
a teoria estudada com o que foi visto na pesquisa em campo. Dessa forma, a
pesquisa também possui caráter exploratório por envolver pesquisas bibliográficas
e analíticas e apresentar informações fornecidas em conjunto com a empresa Pré-
moldados Farofa, Tal estudo foi obtido baseado no livro Administração da produção
dos autores: Nigel Slack, Stuart Chambers e Robert Johnston, o qual compôs
acervo bibliográfico utilizado para a realização do trabalho.

Os procedimentos metodológicos aplicados nesta pesquisa sobre os


aspectos da Administração da Produção, inclui os seguintes passos:

1. Revisão da literatura: é de suma importância a revisão das fontes existentes


sobre a Administração da Produção e modo a entender sua origem, objetivo
e evolução ao longo do tempo.
2. Análise da Administração da Produção: é necessário analisar
detalhadamente esse tipo de administração para compreender seus aspectos
relevantes, estratégias utilizadas pelas empresas, bem como no processo
criativo como um todo.
3. Coleta de dados: é necessário coletar informações relevantes junto a
empresa Pré-moldados Farofa, de modo a destacar como ocorre o processo
administrativo da produção e como as tecnologias estão inseridas ou não
neste.
4. Análise dos dados: os dados coletados precisam ser analisados e
interpretados para identificar padrões, tendências e pontos críticos no
processo administrativo da produção.
5. Elaboração de conclusões: baseado nas informações coletadas e analisadas,
devem ser elaboradas conclusões para o fator produtivo da empresa e seus
aspectos técnicos de emprego a produção como um todo.
3. Administração de Produção

A administração da produção é uma atividade orientada para a produção


de um bem físico ou para a prestação de um serviço, tendo como função
administrativa a responsabilidade pelo desempenho de técnicas de gestão da
produção de bens e de serviços ligando também a finalidade de desenvolver
serviços e produtos. Dessa forma, a administração da produção trata da maneira
pela qual as organizações produzem bens de serviços. A seguir, temos o modelo
para explicar o conceito fundamental da administração de produção:

Figura 1: Modelo geral da administração de produção.

Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2002).

Conforme Chiavenato (2005, pg. 02) “As organizações são construídas


de recurso como edifício, instalações, máquinas, equipamentos, dinheiro etc.”. Além
de que se vê necessidade de pessoas as quais tenham habilidade e capacidade
para operar estas organizações de modo que a mesma possa atingir os objetivos
estratégico e operacionais.

O ser humano depende das organizações, uma vez que a sociedade é


constituída de organizações, pois quase todos os itens de necessidades humanas
são produzidos pelas mesmas. Não podemos esquecer que além destas
necessidades, o próprio homem passa parte de seu tempo e de sua vida dentro das
mesmas.
Para alcançar o máximo rendimento de todos os recursos os quais
constituem a organização, é preciso uma série de competências que possam reunir
todos os recursos atingindo assim os objetivos de empresa. As empresas são
exemplos de organizações, pois são constituídas de pessoas trabalhando em
conjunto, estas que conforme Chiavenato (2005, pg. 02) “[...] essencialmente
dinâmicas, passam por mudanças, tem ciclos de prosperidades ou de dificuldade e
necessitam de constante renovação [...]”.

Quanto à produção das organizações e o que elas produzem, podemos


classificar em empresas primárias ou extrativistas, secundárias ou transformadoras
e terciárias ou prestadoras de serviços, onde o seu sucesso depende de sua
sobrevivência e concorrência perante o mercado ao qual está inserida, a maneira
em que se administra o pessoal, as relações estabelecidas com todos envolvidos
no processo produtivo até o cliente final.

Segundo Harding (1981) uma boa definição de administração de


produção proposta como abordagem prática, apareceu no período anterior, logo
após a segunda guerra mundial. Essa abordagem sugeriu que a Administração de
Produção fosse relacionada com a fabricação de um produto (ou serviço) na
quantidade certa, ao tempo certo e na qualidade certa”.

Conforme Slack et al (2009, pg 04) “A administração da produção é a


atividade de gerenciar recursos destinados a produção e disponibilização de bens
e serviços.” Vendo assim as organizações como um sistema ao qual envolve vários
setores operando e produzindo resultados que por sua vez devem satisfazer os
objetivos estratégicos.

Administração de produção soma os interesses estratégicos aos


operacionais, fazendo que haja bom entendimento das necessidades de produção,
alocar os recursos necessários para que seja atingido o produto final e para que
isto ocorra da melhor maneira envolve-se o planejamento, lidando com
disponibilidade de materiais, verificação a mão-de-obra e capacidade produtiva,
análises constantes dos cenários da produção, realizando previsões de
necessidades, enfim, liga o sistema de planejamento e produção, e para Harding
(1981) o objetivo do planejamento de produção é buscar satisfazer as datas de
entrega aos clientes com o mínimo de curso total, por meio do planejamento da
sequência das atividades de produção.

3.1. Sistema de Administração da Produção


Segundo Chiavenato (1991, pg. 47), “Cada empresa adota um sistema de
produção para realizar as suas operações e produzir seus produtos ou serviços da
melhor maneira possível e, com isto, garantir sua eficiência e eficácia”. Para atingir os
objetivos estratégicos da organização é necessário um conjunto de técnicas e lógicas
que podem ser utilizadas para esta finalidade, chamando genericamente de Sistemas
de Administração da Produção os sistemas de informação que apoiam as tomadas de
decisões, táticas e operacionais buscando definir, os seguintes aspectos:

 O que produzir e comprar;


 Quanto produzir e comprar;
 Quando produzir e comprar;
 Com que recursos produzir.

A Administração da Produção trata da maneira pela qual as organizações


produzem bens e serviços e está ligada a todos os setores de uma empresa e até
mesmo na vida das pessoas. Segundo Slack et al (2009) a administração da produção
é atividade de gerenciar recursos destinados a produção e disponibilidade de bens e
serviços e função de produção é a parte da organização responsável por esta
atividade. Onde todas as organizações acabam por possuir uma função de produção
porque produz algum tipo de produto e/ou serviço.

Numa visão geral é possível perceber que todas as organizações


necessitam de sistemas aplicados para gerenciamento de suas rotinas, bem como
pessoas no processo produtivo para garantir o alcance de metas e objetivos a serem
alcançados pelas organizações.

Independente da lógica utilizada, os Sistemas de Administração da


Produção devem alcançar seus objetivos que é dar suporte ao atingimento dos
objetivos estratégicos da organização, dando apoio aos itens como, planejar as
necessidades futura de capacidade produtiva da organização, planejar os materiais
comprados, planejar os níveis adequados de estoques de matérias-primas, semi-
acabados e produtos finais, nos pontos certos, programar atividade de produção para
garantir que os recursos produtivos envolvidos estejam sendo utilizados, em cada
momento, nas coisas certas e prioritárias, ser capaz de saber e de informar
corretamente a respeito da situação corrente dos recursos (pessoas, equipamento,
instalações, materiais) e das ordens (de compra e produção), ser capaz de prometer
os menores prazos possíveis aos clientes e depois fazer cumpri-los e ser capaz de
reagir eficazmente conforme Corrêa et al (2008).

A abordagem de Corrêa et al (2008) permite reflexão referente ao que se


pode esperar de um sistema de administração de produção, envolvendo questões
como as necessidades futuras de capacidade que implica em parte no processo de
decisões ao que se envolvem recursos e seu uso efetivo, além de permitir que seja
traçado o horizonte de antecedência ou de tempo, uma vez que planejar as
necessidades futuras liga-se a uma série de análises e fatores que podem influenciar
no incremento da capacidade produtiva, permitindo também a firmeza para com as
decisões.

Os materiais adquiridos devem ser planejados de maneira a estar


disponíveis para uso no período correto a necessidade, ou seja, não deve chegar nem
antes ou depois, nem em quantidades maiores ou menores do que necessária para
atender a demanda, objetivando assim manter os níveis de custos com materiais
reduzidos, fazendo que a organização não arque com os custos de compras
excessivas.

Toda organização que possui atividades produtivas com as entradas de


materiais para que possa haver o ciclo de produção envolvendo os esforços de
trabalho e transformação até a saída do produto final, é visível que haja uma
preocupação em relação aos níveis de estoques evitando a falta ou excesso de
materiais, disponibilizando apenas o essencial à produção.

Como alguns recursos são escassos, é necessário observação e


acompanhamento de todo os processos se falando de produção uma vez que pode
se programar atividades de produção para garantir que os recursos produtivos
envolvidos estejam sendo utilizados em cada momento, não gerando tempo ocioso
em casos de aumento na produção e atendimento a demanda produtiva.

Assim, os gestores começam a receber informações corretas a respeito da


situação corrente dos recursos, sejam eles, pessoas, equipamentos, instalações,
sobressalentes e também do atendimento as necessidades, ordens de compra e
produção, o que pode alavancar positivamente a contribuição estratégica dos
parceiros envolvidos, levando também há um bom desempenho da cadeia de
suprimentos.

Para as organizações envolvidas na sistemática do Sistema da


Administração de Produção, encontram-se empresas que são capazes de atender as
necessidades em menor tempo devido sua força produtiva, porém para esta situação
é necessário que a organização realize junto ao sistema um acompanhamento do que
está sendo executado/cumprido para que o resultado final seja realmente positivo
além de criar um bom relacionamento com as forças de venda para que, conforme
Corrêa et al (2008), possa-se evitar que ao final, o resultado e turbulência de prazos
não cumpridos, não só do novo pedido, mas também de pedidos anteriormente
existentes não gerem problemas em relação a capacidade de produção e atendimento
da demanda, pois a força de vendas pode agir de maneira desregulada pela falta de
apoio informacional.

Segundo Corrêa et al (2008), “O mundo competitivo de hoje demanda que


os sistemas produtivos sejam capazes de adaptar-se rapidamente a mudanças:
mudanças nos processos produtivos, mudanças na disponibilidade de suprimentos e,
acima de tudo, mudanças na demanda”. Com base nesta afirmação vê-se que
planejar atividades no processo produtivo que está sendo coordenado decorre tempo
até se passar para a execução das atividades, e mesmo se adequando a mudança
propostas e exigidas, é necessária sensibilidade para identificar os desvios que
ocorrem em relação ao planejamento e ter a capacidade de replanejar o futuro
conforme as ocorrências, pois durante a execução por diversas razões a produção
pode não se comportar conforme planejado.

Segundo Chiavenato (2005, pg. 48) “Para produzir com eficiência e eficácia
torna-se necessário escolher e definir um sistema de produção que seja o mais
adequado ao produto/serviço que se pretende produzir”. Cada organização possui um
sistema de produção para realizar suas operações e produzir seus bens e serviços, a
produção processa e transforma os materiais e as matérias-primas em produtos
acabados para serem estocados ou enviados para venda.

Existem três tipos de sistemas de produção: a produção em lotes, produção


contínua e a produção sob encomenda. Segundo Chiavenato (2005, pg. 53) a
produção sob encomenda “É o sistema de produção utilizado pela empresa que
produz somente após ter recebido o pedido ou a encomenda de seus produtos”. Para
que haja um bom funcionamento na produção por lotes é necessário envolver
aspectos como: Relação das matérias-primas necessárias a produção, relação de
mão-de-obra especializada para executar as atividades e o processo de produção
detalhando a sequência a ser seguida.

Sistema de produção sob encomenda possui características iniciando pelo


fato de que cada produto e único e específico, cada produto exige uma variedade de
máquinas e equipamento, cada produto exige uma variedade de operários
especializados, cada produto tem uma data definida de entrega e que é difícil fazer
previsões de produto, pois cada produto exige um trabalho complexo e demorado que
é diferente dos demais segundo Chiavenato (2005).

Conforme Chiavenato (2005, pg. 55) a produção em lotes “É o sistema


utilizado por empresas que produzem uma quantidade limitada de um tipo de produto
de cada vez. Essa quantidade limitada é denominada lote de produção”. Após a
finalização de produção de cada lote, se inicia um novo ciclo e cada lote exige um
plano de produção específico.

As características para produção em lotes podem ser identificadas da


seguinte sequência: 1. A fábrica é capaz de produzir produtos com diferentes
características; 2. As máquinas são agrupadas em baterias do mesmo tipo; 3. Em
cada lote de produção, as máquinas e ferramentas devem ser modificadas, adaptadas
e arranjadas para atender aos diferentes produtos; 4. A produção em lotes permite
uma utilização regular e plana da mão-de-obra sem grandes picos de produção; 5. A
produção em lotes exige grandes áreas de estocagem de produtos acabados e um
grande estoque de materiais em processamento ou em vias; 6. Impões a necessidade
de um plano de produção bem-feito e que possa integrar novos lotes de produção à
medida que outros sejam completados. Chiavenato (2005).

A produção contínua é utilizada por empresas que produzem determinado


produto, sem grandes modificações, por um longo período de tempo. O ritmo de
produção geralmente é acelerado e as operações são executadas sem interrupção ou
mudança. Para Chiavenato (2005), as principais características do sistema de
produção contínua são caracterizadas pelo produto que é mantido em produção
durante longo período de tempo se modificações, além de que a produção contínua
facilita o planejamento detalhado, e exige máquinas e ferramentas altamente
especializadas e dispostas em formação linear e sequencial para a produção de cada
componente do produto final, permite dividir operações de montagem com a
quantidade exata de trabalho para cada operário, com base no seu tempo padrão e
no ciclo de produção, e o produto é produzido em enormes quantidades ao longo do
tempo, a produção continua permite que as despesas e os investimentos em
equipamentos, gabaritos, sejam depreciados (recuperados contabilmente) dentro de
um período mais longo, o que facilita as ações corretivas para resolver rapidamente
qualquer problema de paralisação no processo de produção. O sucesso do sistema
de produção contínua depende totalmente do planejamento detalhado que deve ser
feito antes de a produção iniciar um novo produto.

A questão da produção e seus sistemas envolvem também a qualidade,


pois não basta produzir atendendo a demanda se há falhas no processo de qualidade,
e através da necessidade do desenvolvimento de novas ações que proporcionassem
inovações para os sistemas de produção, além de um impulso e invasão de novos
mercados.

3.2. Produção nas Organizações


Toda e qualquer organização que produz bens e serviços tem como função
central a produção, sendo sua razão para se manter inserida no mercado exercendo
suas atividades com clareza e objetivos estratégicos propostos, porém não pode ser
definida como única e mais importante razão, pois todas as organizações se embasam
também em três funções centrais:
Figura 2: Três funções que apresentam superposição em uma organização empresarial de
Stevenson.

Fonte: Silva.

A função Marketing que inclui vendas é responsável por comunicar os


produtos ou serviços de uma empresa para seu mercado de modo a gerir pedidos de
serviços e produtos por consumidores. A função Desenvolvimento de Produto/Serviço
é responsável por criar novos produtos e serviços ou modificá-los, de modo a gerar
solicitações futuras de consumidores por produtos e serviços. Enquanto a função
Produção é responsável por satisfazer as solicitações de consumidores por meio da
produção e entrega de produtos e serviços.

Slack et al (2009) destaca também as funções contábil-Financeira, que


fornece as informações para ajudar os processos decisórios econômicos e administra
os recursos financeiros da organização e também a função dos Recursos Humanos
que tanto recruta e desenvolve funcionários da organização, como também se
encarrega do seu bem-estar.

Conforme Stevenson (2001, pg. 04), “Organizações são constituídas para


se poder perseguir objetivos com mais eficiência, através dos esforços integrados de
um grupo, em vez dos esforços individuais realizados por pessoas trabalhando
separadamente”. Ou seja, através de um conjunto de atividades realizadas por
determinados grupos dentro de uma organização pode-se atingir o cumprimento dos
objetivos, mesmo que suas funções não operem de maneira semelhante durante o
processo de produção.
3.3. Funções Centrais na Organização
A função de operações no âmbito empresarial envolve as atividades que
estão ligadas diretamente a produção de bens, fornecimento de serviços, enfim, a
função não existe apenas nas operações de fabricação e montagem, mas estão
presentes em outros setores, e segundo Stevenson (2001), é responsável pela
geração dos bens ou serviços de uma organização. Tem como função agregar ou
adicionar valor durante o processo de transformação.

Tabela 1. Exemplos de tipos de operações de Stevenson (2001)

Fonte: Silva.

Valor agregado ou adicionado descreve a diferença entre o valor ou preço


dos Outputs (saídas) e o custo dos Inputs (entradas), em organizações sem fins
lucrativos o valor dos outputs é o seu valor para sociedade, conforme Stevenson
(2001, pg. 04) “[...] quanto maior o valor agregado, tanto maior será a eficácia dessas
operações.” Para as organizações com fins lucrativos, o valor dos outputs e definido
e medido pelo preço ao qual o cliente estará disposto a pagar pelo bem ou serviço.

O valor agregado e utilizado pelas organizações para o desenvolvimento,


investimentos em novas instalações, equipamentos e para formação de lucro, assim
as organizações buscam ser mais produtivas e avaliam suas operações de produção
buscando aperfeiçoamento dos sistemas produtivos, diminuindo os custos dos inputs
ou do processamento, aumentando o valor agregado.
A função de Finanças busca envolver atividades que assegurem recursos
em condições vantajosas, estes os quais são obtidos através da organização e para
Stevenson (2001) os funcionários da gerência financeira e da gerência de operações
cooperam por meio de troca de informações e com sua especialidade em áreas como
orçamentos, análise de propostas econômicas para investimento e obtenção de
fundos.

A venda e/ou promoção de bens e serviços de uma organização e chamado


de Marketing, as decisões sobre publicidade e preços são praticamente definidas
pelas equipes de marketing. Além de que o setor e responsável por analisar o mercado
e identificar as necessidades e desejos dos clientes, e transmitir a informação as
demais equipes de operações e projetos, pois o setor fornece informações sobre as
preferências dos clientes, para que a área de projetos possa saber quais tipos de
produtos e suas características sofrem busca continua e em grande escala, e a
operação para determinar a capacidade de suprir/atender a demanda exigida pelo
mercado.

As demais funções de produção na organização atuam como apoio,


funções complementares, interagindo com a organização e os setores e conforme
Stevenson (2001, pg. 06) “[...] podemos também incluir as áreas de recursos humanos
ou de pessoal, desenvolvimento e projeto do produto, engenharia industrial e
manutenção.” Observe exemplificação pela figura abaixo:

Figura 3: As interfaces da área de operações com uma série de funções de apoio de


Stevenson.

Fonte: Silva.
3.4. Funções de Apoio na Organização
São funções que suprem e apoiam a função produção, são elas:

1. Função contábil-financeira: Esta função fornece a informação para ajudar os


processos decisórios econômicos e administrar os recursos financeiros da
organização como um todo;
2. Função de recursos humanos: Responsável pelo recrutamento e
desenvolvimento dos funcionários da organização, sendo encarregada também
pelo bem-estar corporativo.
3. Cabe mencionar que diferentes empresas podem tanto chamar suas funções
de nomes diferentes, como também ter um conjunto diferente de funções de
apoio, porém terão as três funções centrais, já que todas possuem necessidade
de vender seu produto.

3.5. Modelo de Transformação


Qualquer operação produz bens ou serviços, ou um misto dos dois. O
processo de transformação nada mais é que o uso de recursos para mudar o estado
ou condição de algo para produzir outputs (saídas, resultados).

Além disso, a produção envolve um conjunto de recursos de inputs


(entradas) para transformar algo ou para ser transformado em outputs (saídas) de
bens e serviços. Os inputs para o processo de transformação podem ser classificados
em:

- Recursos Transformadores: Os recursos que são tratados, transformados


ou convertidos de alguma maneira, geralmente compostos por: Informações, materiais
e consumidores.

- Recursos de Transformação (ou transformadores): São aqueles que agem


sobre os recursos transformados. Existindo dois tipos de recursos de transformação,
estes são:

 Instalações: Prédios, equipamentos, terreno e tecnologia de


processo de produção;
 Pessoal: Os que operam, mantêm, planejam e administram a
produção.
3.6. Processo de Transformação
O propósito do processo de transformação das operações está diretamente
relacionado com a natureza de seus recursos de input transformados:

- Processamento de materiais;

- Processamento de informações;

- Processamento de consumidores.

Os outputs e o propósito do processo de transformação de bens físicos e/ou


serviços e estes, geralmente, são vistos como diferentes em vários sentidos.

- Tangibilidade: Bens físicos tangíveis;

- Estocabilidade: Processo de armazenamento de bens tangíveis.

- Transportabilidade: Habilidade de transportar os bens físicos;

- Simultaneidade: Diz respeito ao timing da sua produção;

- Contato com o consumidor: Se refere aos consumidores que têm baixo


nível de contato com as operações que produzem os bens;

- Qualidade: Como os clientes não fazem parte do processo de produção,


eles julgam o produto a partir de sua experiência.

3.7. Hierarquia do Sistema de Produção


O modelo input-transformação-output pode ser usado dentro da produção,
sendo esta composta por várias unidades ou departamentos. Sendo constituídos por:

Consumidores e fornecedores internos: Podem ser utilizados para


descrever os que recebem outputs e fornecem inputs a qualquer microoperação.

Todas as partes da organização são operações: Todos os gerentes de uma


organização são de algum modo, extensão, gerentes de produção. Eles precisam
organizar eficazmente seus recursos de input, do mesmo modo em que ocorre na
produção de bens e serviços.
3.8. Proteção da Produção
O ambiente turbulento em que a maioria das organizações faz negócios
significa que a função produção está tendo que se ajustar continuamente. Uma forma
de os gerentes de produção tentarem minimizar problemas do “ambiente” é proteger
a produção do ambiente externo de duas maneiras:

- Proteção física: Manter estoque de recursos, sejam estes inputs para o


processo de transformação ou outputs;

- Proteção organizacional: Alocar as responsabilidades das várias funções


da organização, de modo que a função produção seja protegida do ambiente externo
por elas.

3.9. Tipos de Operações de Produção


Embora as operações sejam similares entre si na forma de transformar
recursos de input em output de bens e serviços, apresentam diferenças em quatro
aspectos:

 Volume de output;
 Variedade de output;
 Variação de demanda do output;
 Grau de visibilidade.

3.10. Atividades da Administração


Os gerentes de produção possuem alguma responsabilidade por todas as
atividades da organização que contribuem para a produção efetiva de bens e serviços,
são elas:

 Responsabilidade direta por algumas atividades;


 Responsabilidade indireta por outras atividades;
 Responsabilidade ampla para reagir aos desafios emergentes em
administração da produção.
4. Dados da pesquisa – Empresa Pré-moldados Farofa

4.1. Informações Gerais da empresa


A empresa Pré-moldados Farofa possui 5 anos de atuação no mercado
voltado para a produção de bens tangíveis a construtoras e escritórios de engenharia
ou de arquitetura. Sua principal visão baseia-se em trazer inovações e variedades
para o ramo e como missão promover melhorias de infraestrutura no estado do Acre
e conta com a colaboração de 22 funcionários.

A empresa está localizada na rodovia br-364, nº 2205 próximo ao Assaí


Atacadista e possui duas filiais uma voltada ao setor de concreto rústicos para
construções (pré-moldados) e a sede (Farofa pré-moldados).

4.2. Informações voltadas ao departamento responsável pela produção


4.2.1. Estrutura da empresa
O departamento é composto pelos seguintes funcionários:

 Diretora (Dona do empreendimento);


 Dois cargos administrativos, sendo um voltado para as vendas e outro ao
setor de produção (engenheira) propriamente dito;
 Dois líderes do setor operacional;
 Dezoito funcionários na parte operacional.

No âmbito macro da produção, os funcionários respondem aos líderes


porém, não existe uma hierarquia especifica dentro do processo produtivo entre os
funcionários do operacional, no entanto analisamos que dentro da filial “Concreto pré-
moldados”, existem pessoas que operam o maquinário e o encarregado das
demandas, o qual vai receber as informações referentes às demandas solicitadas.

4.2.2. Rotina da Empresa


Os produtos são produzidos sempre no dia anterior e a rotina da empresa
baseia-se da seguinte forma:

- Pela manhã, os produtos são retirados das formas;

- Durante a tarde, a produção é iniciada novamente onde novas formas são


preenchidas e postas para secar e descansar.
- Para os produtos que foram retirados da forma, são realizados traços de
concreto. No dia seguinte o ciclo se repete.

4.2.3. Processo de Produção


Na pré-moldados concreto, a produção é semelhante, porém a produção é
feita em grande escala através de máquinas com regulagem própria a fim de promover
uma maior automatização do processo. Vejamos de forma detalhada como é dado tal
processo:

O material é tratado e colocado em formas, as características destas


dependem do tipo de produto que foi demandado e também dos materiais que irão
compor o produto. Tais materiais também vão depender do tipo de demanda. Depois
de colocado em forma, o produto passa por um processo de descanso de 24 horas
(de um dia para o outro), para que no dia seguinte seja retirado da sua forma pelo
período da manhã.

Após retirada são realizados os cortes no concreto dando seu devido


acabamento. Dependendo do tipo de demanda, podem haver acabamentos a mais,
como a pigmentação do produto.

Com a realização de todas essas etapas inicia-se o processo de cura, que


serve para dar ao material a resistência necessária, na qual dura em média de 2 até
3 dias, se o material for voltado a churrasqueiras o processo dura cerca de 7 dias.
Nesta etapa ocorrem quebras e a queima do produto. Com isso o processo está
finalizado.

Na filial concreto pré-moldados, o processo é semelhante, porém no lugar


de formas, o processo é todo realizado por máquinas, caracterizando o processo
como simples e tendo um produto final mais rústico. Essas máquinas possuem
regulagem de modo a fazer com que a matéria prima seja tratada de maneira correta.

Por fim, para a verificação da qualidade do produto, a empresa em questão


conta com a presença de um maquinário, o qual realiza ensaios de resistência nos
blocos. Para averiguar a qualidade, a empresa possui uma meta de resistência e
pressão que os blocos precisam atingir antes de serem colocados no mercado.
De modo geral a empresa busca atender as demandas impostas por
engenheiros, criando catálogos que forneçam maior variedade para as construções
do Acre.

Para que tudo isso seja possível a empresa além da estrutura e do espaço
onde é realizada a transformação, esta conta com maquinário e pessoas qualificadas
para seu manuseio. Alguns exemplos de máquinas utilizadas pela empresa são:
betoneira, bobcat, mesa vibratória, gaiolas de descanso, dentre outros.

4.2.4. Hierarquia do Sistema de Produção


- Encarregado (Líder);

- Operação (não possui hierarquia entre eles), sendo que todos são dotados de
múltiplos conhecimentos;

- Na parte do maquinário apenas algumas pessoas operam as máquinas, porém


sua posição é igual entre aqueles que não operam.

4.2.5. Produção quantitativa


A empresa não dispõe de números totais da sua produção, sendo que para
as churrasqueiras a produção em média é de uma por dia e de aproximadamente 360
ao ano. São utilizados em média 20 sacos de cimento diários para a produção dos
pré-moldados.

4.2.6. Desafios e curiosidades


Por se tratar de uma empresa de pré-moldados a probabilidade de perdas
em maior quantidade aumentam significativamente, visto a variedade de materiais na
produção, sendo as vezes e a depender da demanda a necessidade de materiais
específicos.

O nome surgiu dos campos de futebol do farofa, no início a produção era


realizada visando promover pisos simples (geométricos), com o tempo a empresa
começou a investir em novas opções de produtos.

A empresa também forneceu material para a construção das calçadas do


lago do amor, sendo compostas por estruturas pigmentadas.
4.2.7. Produto final
Como dito anteriormente, as principais visões dentro da empresa baseiam-
se na busca pela inovação e, dessa forma, ela fornece uma grande variedade de
produtos para o mercado. Finalmente, temos alguns exemplos dos produtos finais
produzidos pela empresa:

Figura 4: Exemplo de bloco de concreto feito em forma.

Fonte: Autoral
Figura 5: Bloco de concreto permeável (feito em maquinário).

Fonte: Autoral

Figura 6: Bloco de concreto comum feito em máquina.

Fonte: Autoral
Figura 7: Exemplo de blocos feitos em diferentes formas geométricas.

Fonte: Autoral

Figura 8: Exemplo de blocos pigmentados.

Fonte: Autoral
Figura 9: Exemplo de estrutura de prateleira de parede feita com cobogós.

Fonte: Autoral
5. Do processo de amostragem

Para a coleta dos dados na referida empresa usamos o seguinte


questionário como forma de guia, nele continham as seguintes perguntas:

Informações Gerais da empresa:

Nome da empresa:

Tempo de existência (breve histórico da trajetória):

Segmentação de Mercado / Ramo de atuação:

Missão:

Visão:

Valores:

Metas:

Número total de funcionários:

A empresa possui filiais:

Informações do Departamento ou Setor responsável pela produção:

Quantidade de funcionários que compõem o departamento:

Quais os cargos e funções dos funcionários?

Qual a rotina de Trabalho do setor?

Como funciona o sistema de produção dos produtos?

Desafios encontrados no processo produtivo?

Como que é realizado a verificação da qualidade do produto?

Qual o perfil do consumidor que o produto pretende atingir?

Como se dá o processo de transformação da matéria prima no produto final?


Quais são os recursos que a empresa possui para esta transformação?

Existe alguma hierarquia no sistema de produção?

Quanto em média é produzido pela empresa (diário, mensal ou anual):

O sistema de produção é totalmente automatizado ou ele é misto contando com a


participação de maquinário e operários?
6. Considerações finais

A administração da produção é o núcleo de qualquer atividade de uma


empresa, sendo necessário manter competitividade perante o mercado, sempre
alinhando produção com objetivos e estratégias organizacionais, já que cada empresa
possui um nicho de atuação.

O papel dos gestores é fundamental, já que estes levantarão as


capacidades e necessidades da empresa para que se atinja um resultado favorável à
conclusão das atividades e obtenção das metas estipuladas pelas estratégias,
mantendo organização e comunicação assertiva com os demais departamentos.

Este trabalho teve como objetivo a visualização da administração da


produção de modo prático através de uma pesquisa com a empresa Pré-moldados
Farofa, o modo como a mesma é caracterizada, como se deu todo o processo desde
a matéria prima até o controle de qualidade de produto, sendo assim possível observar
em prática os aspectos teóricos dessa modalidade administrativa.
7. Referências Bibliográficas

CHIAVENATO, I. Administração da Produção. 11ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier,


2005. CHIAVENATO, I. Iniciação a Administração da Produção. 1ª edição – São
Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991.

CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de Produção e de Operações:


Manufatura e Serviços. Edição Compacta – São Paulo: Atlas, 2005

CORRÊA, H. L.; GIANESI, I. G. N.; CAON, M. Planejamento, Programação e Controle


da Produção. MRPII/ERP, Conceitos, uso e implantação, base para SAP, Oracle
Applications e outros Softwares Integrados de Gestão. 5ª edição – São Paulo: Atlas,
2008.

HARDING, H. A. Administração da Produção. 1ª edição – São Paulo: Atlas,1981.

MAYER, R. R. Administração da Produção. 1ª edição – São Paulo: Atlas S.A., 1992.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 3ª edição


– São Paulo: Atlas 2009.

STEVENSON, W. J. Administração das Operações de Produção. 6ª edição – Rio de


Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora, 2001.

Empresa Pré-Moldados Farofa.

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