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TESTE HUMANGUIDE®

MANUAL

Giselle Mueller - Roger Welter


Todos os direitos reservados
Giselle Mueller Roger Welter

Teste HumanGuide

Manual

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Agradecimentos

O estudo de validade e precisão da versão brasileira do Teste HumanGuide contou

com o apoio significativo de vinte empresas do setor produtivo e de serviços, de Rolf

Kenmo, autor do teste, que se dispôs a fazer as alterações requeridas para a pesquisa, do

Dr. Rodrigo Neman, no tratamento estatístico dos resultados, dos docentes do Programa

de Pós-Graduação da Universidade São Francisco, Prof. Dr. Claudio Garcia Capitão, e

Prof. Dr. Ricardo Primi, e da Profa. Dra. Sonia Regina Pasian, da Faculdade de

Filosofia Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto. A todos que contribuíram direta e

indiretamente para a coleta e análise dos dados e com contribuições de valor inestimável

ao estudo de validade e precisão, o meu especial obrigado. Agradeço, ainda, à da Dra.

Silésia M. V. Delphino Tosi, pela sua leitura crítica e atenta do presente manual.

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Sumário
Ficha Síntese 6
Apresentação .......................................................................................................... 7
Introdução ............................................................................................................... 8
Fundamentação teórica do HumanGuide ............................................................... 12
O desenvolvimento do HumanGuide 31
Características psicométricas do HumanGuide ........................................................ 34
Estudos psicométricos.............................................................................................. 41
Descrição do teste.......................................................................................................43
Participantes............................................................................................................... 44
Resultado do estudo com a primeira versão em português........................................ 47
Análise dos itens da segunda versão em português................................................... 50
Análise da estrutura interna....................................................................................... 50
Evidências de validade convergente......................................................................... 52
HumanGuide e o 16PF.............................................................................................. 53
HumanGuide e o BBT............................................................................................... 57
2 - Análise Fatorial e análise de consistência interna................................................ 62
3- Evidências de fidedignidade.................................................................................. 78
Teste-Reteste..............................................................................................................78
Normas..................................................................................................................... 80
Aplicação................................................................................................................... 81
População alvo........................................................................................................... 81
Material necessário para a realização do teste........................................................... 82
Instruções................................................................................................................... 82
Apuração do resultado............................................................................................... 83
Acesso à base de dados eletrônica e importação do resultado............................... 84
Interpretação do Perfil Pessoal ..................................................................................84
Significado dos fatores do HumanGuide................................................................... 88
Sensibilidade ............................................................................................................. 88
Força ......................................................................................................................... 89
Qualidade.................................................................................................................. 90
Exposição.................................................................................................................. 92

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Estrutura ................................................................................................................... 94
Imaginação ............................................................................................................... 95
Estabilidade .............................................................................................................. 97
Contatos .................................................................................................................... 98

Exemplos de perfis e interpretação............................................................................101

Referências ...............................................................................................................117

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Ficha Síntese

Objetivo

O Teste HumanGuide apreende o perfil motivacional do indivíduo, considerando

oito fatores de necessidades.

População

Os estudos apresentados neste manual foram realizados com adultos,

profissionais e estudantes universitários, de 18 a 60 anos. A escolaridade dos

participantes incluiu Ensino Médio incompleto até pós-graduação, sendo todos

familiarizados com o computador. Assim, as normas deste instrumento estão adequadas

para indivíduos com essas características.

Material

Para aplicação é necessário dispor de computador conectado à Internet, de

preferência com banda larga.

Aplicação do Teste

A aplicação é realizada via Internet, sem supervisão direta, por meio de senha de

acesso e autenticação eletrônica. As instruções previstas em Normas para aplicação

devem ser fornecidas ao respondente por e-mail ou pessoalmente, por escrito. Em

geral, todo o processo de aplicação do Teste HumanGuide não ultrapassa 15 minutos.

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Apresentação

A retomada do interesse pelos testes de personalidade no contexto organizacional

e a relativa facilidade com que os entrevistados identificam as respostas corretas ou

esperadas, nas escalas autodescritivas usualmente adotadas, tornou necessário

desenvolver formas alternativas de construção de testes à prova de falseamento das

respostas. O avanço da tecnologia em diversas áreas da atividade humana, inclusive no

campo de avaliação psicológica (Alchieri & Nachtigall, 2003), associado à necessidade

do mercado de obter uma resposta rápida e econômica no processo de recrutamento e

seleção de colaboradores e planejamento do seu desenvolvimento (Bocato & Bergel,

2005; Dias, 2005), favoreceu a criação de instrumentos de avaliação psicológica

informatizados.

Atendendo a essa dupla demanda, Rolf Kenmo (2005) elaborou o teste

HumanGuide, com o objetivo de apreender o perfil motivacional no contexto

organizacional. O HumanGuide foi desenvolvido na Suécia, tendo como fundamento a

Análise do Destino de Szondi (1965/1987) e o BBT – Teste de Fotos de Profissões de

Achtnich (1991).

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Introdução

No contexto organizacional, a motivação é um tema de grande interesse, pois a ela

tem sido atribuído o resultado que se consegue no trabalho, no desenvolvimento

organizacional e das próprias pessoas (Faccina, 2006). Quando se evita a desmotivação

como um fator predominante no trabalho, minimiza-se as chances de o indivíduo

realizar mal suas tarefas ou até de deixar de fazê-las, comprometendo a sua qualidade, o

departamento e a organização (Monicci, 2004). Até pouco tempo atrás, as estratégias de

motivação adotadas nas empresas consideravam apenas fatores motivacionais

extrínsecos, como salários, relação com o chefe, condições de trabalho e benefícios.

Embora esses fatores não constituam fatores motivacionais per se, a sua ausência pode

ser desmotivadora para o indivíduo (Herzberg, 1993). Os fatores motivadores

intrínsecos correspondem aos estímulos presentes no objeto de trabalho ou nas

características da tarefa. Atualmente, no ambiente organizacional já se reconhece que a

motivação intrínseca é natural nas pessoas, decorrente de suas necessidades ou do estilo

próprio de cada um (Faccina, 2005; Monicci, 2004).

Uma vez que “motivar pessoas a atingir elevados padrões de desempenho

organizacional é hoje uma questão de sobrevivência nas organizações em um mundo de

negócios altamente mutável e competitivo” (Chiavenato, 2004, p. 229), a identificação

dos determinantes da motivação passou a ser foco de interesse das empresas. Com isso,

pretendem gerenciar e administrar melhor o comportamento dos seus colaboradores

para obter um desempenho superior destes e contribuir para a melhora da qualidade de

vida no trabalho (Chiavenato, 2005). Além da identificação das competências técnicas e

profissionais do indivíduo, torna-se cada vez mais necessário verificar se há

correspondência entre o seu perfil motivacional e as exigências da função que exerce,

do ponto de vista da personalidade, como, por exemplo, os estilos de comportamento

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solicitados no cotidiano profissional e a afinidade natural com determinadas tarefas e

objetivos.

O exercício de uma atividade profissional de acordo com as próprias inclinações

é a forma mais satisfatória de trabalho, pois gera gratificação pela atividade em si, não

pelos benefícios materiais que acarreta. Dessa forma, a atividade exige que o indivíduo

atue da forma como lhe é natural. Em geral, as pessoas reconhecidas como possuidoras

de um grande talento desenvolveram sua capacidade porque gostavam muito de fazer

alguma coisa e dedicaram bastante tempo para estudar, treinar e aprender. Por esse

motivo, é importante conhecer a personalidade das pessoas com um talento especial,

descobrindo quem são e do que gostam, como uma estratégia de sobrevivência em um

cenário profissional em constante mudança (Seligman, 2004). As empresas estão cada

vez mais interessadas em desenvolver o talento de seus colaboradores, procurando

identificar e valorizar suas características dominantes. O objetivo é incentivar a

utilização adequada dos pontos fortes e não concentrar energia na superação das

fraquezas ou déficits dos profissionais.

No âmbito da psicologia organizacional, cada vez mais os testes e as avaliações da

personalidade influenciam a contratação, o desenvolvimento e o treinamento dos

indivíduos. Isso significa que a qualidade dos testes aplicados tem forte impacto sobre a

vida de um número crescente de pessoas. No entanto, os testes de personalidade, como

os inventários de traços e de ajustamento, os de interesse profissional e os inventários de

autodescrição, normalmente usados no âmbito organizacional, são especialmente

suscetíveis de simulação ou mascaramento. Os inventários autodescritivos são

especialmente sujeitos à simulação de respostas tidas como desejáveis ou socialmente

valorizadas, pois, como candidato a uma vaga, o respondente tem interesse em criar

uma impressão favorável. Nesses testes a maioria dos itens tem uma resposta

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socialmente mais conveniente ou desejável. Assim, o respondente consegue parecer

melhor do que é, escolhendo respostas que criem uma impressão favorável em situações

competitivas, como nos processos seletivos. Quando há forte motivação por parte do

testando em apresentar um bom desempenho, este pode distorcer propositadamente suas

respostas para causar uma boa impressão (Anastasi, 1975; Anastasi, 2003; Dilchert &

cols., 2006; Heggestad & cols, 2006a e b; Meade, 2004; Stark, Cherneyshenko &

Drasgow, 2005; Sydell & Snell, 2003).

A questão da desejabilidade social ganha importância ao se lidar com as questões

práticas enfrentadas pelas organizações que usam inventários de personalidade para

melhorar o seu processo de decisão, pois os inventários utilizados são frequentemente

autodescritivos. Portanto, eles são fortemente influenciados pela desejabilidade social.

Muitas organizações consideram essa possibilidade inevitável, diminuindo de forma

significativa o uso instrumental das medidas de personalidade como ferramentas úteis

no processo de tomada de decisão (Ellington & Heggestad, 2003). O interesse por

medidas da personalidade ressurgiu nos últimos anos, a partir de estudos que mostraram

que a pontuação nos testes de personalidade consegue predizer com segurança o

desempenho e o comportamento no contexto educacional e ocupacional (Stark,

Cherneyshenko & Drasgow, 2005). Com a finalidade de resolver o problema do

falseamento da resposta, a utilização de itens de resposta forçada se revela um método

bastante eficaz. Nos testes com formato de escolha forçada, o respondente deve escolher

entre dois ou mais termos ou frases descritivas, igualmente aceitáveis (Anastasi, 1975;

Meade, 2004). O formato da escolha forçada é amplamente usado em seleção de pessoal

e na avaliação ocupacional, por ser considerado pouco óbvio e mais difícil de ser

falseado, além de eliminar alguns vieses inerentes aos inventários normativos

(Chiavenato, 2005; Karpatschof & Elkær, 2000).

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O Teste HumanGuide tem por objetivo apreender o perfil motivacional de

indivíduos adultos, considerando oito fatores de necessidades pulsionais no formato de

escolha forçada. É um instrumento de avaliação psicológica informatizado que se

realiza pela Internet. Essa característica da coleta de dados resulta dos avanços da

tecnologia da informação (TI), permitindo diminuir os custos da aplicação de testes

presenciais e da correção e apuração manual. No entanto, o aumento da demanda por

testes informatizados e a crescente sofisticação dos produtos nessa área torna cada vez

mais importante o estabelecimento de diretrizes normativas para o desenvolvimento,

distribuição, uso e realização de testes por meio de aplicativos ou via Internet

(International Test Comission - ITC, 2005).

O HumanGuide foi desenvolvido em conformidade com as diretrizes da ITC,

considerando as questões técnicas e tecnológicas, a qualidade do teste informatizado on-

line, a capacitação técnica requerida para o uso adequado da avaliação informatizada, as

qualidades psicométricas do instrumento, evidências de validade, correção, análise,

interpretação e apresentação dos resultados, bem como a adequação do feedback e a

universalização do acesso a todos os grupos aos quais o teste se destina. Foram

consideradas questões relativas aos níveis de controle sobre a avaliação informatizada

on-line, como a autenticidade da identidade do testando. Também se levou em conta as

questões relativas à segurança e privacidade, como o acesso ao material do teste,

transferência dos dados pessoais do testando pela Internet e garantia de

confidencialidade dos resultados.

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Fundamentação teórica

A motivação é um tema de grande interesse na psicologia quando se procura

compreender os determinantes do comportamento humano. Várias teorias interpretam e

enfatizam de diferentes maneiras certos aspectos da motivação. Seu conceito está

intimamente relacionado com o comportamento e desempenho das pessoas, envolvendo

o estabelecimento de metas e objetivos. Diferenças fisiológicas, psicológicas e

ambientais entre as pessoas são fatores importantes na explicação da sua motivação,

sendo que a chave para compreender esse processo reside no significado e no

relacionamento entre necessidades, impulsos e incentivos (Chiavenato, 2004). A

conduta do indivíduo é multideterminada, sujeita a um conjunto indissociável de

fatores, conscientes e inconscientes, fisiológicos, intelectuais, afetivos e sociais, os

quais interagem entre si (Dorsch, 2001; Sillamy, 1996). A este conjunto de fatores é

atribuído o termo motivação. Trata-se de uma tensão persistente que leva o indivíduo a

alguma forma de comportamento, visando à satisfação de uma ou mais necessidades. A

necessidade é, portanto, um estado de tensão ou de desequilíbrio que resulta da falta, da

ausência que sentimos dentro de nós mesmos (Allport, 1974; Cattell, 1975; Hanns,

1999; Maslow, 1987; Szondi, 1965/1987). O sentimento de necessidade ativa o

indivíduo no sentido de sua satisfação, pois, ao buscar livrar-se da tensão resultante da

falta, ele quer alcançar ou recuperar o estado de satisfação e equilíbrio.

Os processos que ativam e encaminham alguém para uma determinada escolha ou

que determinam a intensidade das tendências comportamentais têm sido o foco de

interesse de muitos pesquisadores e de diferentes escolas psicológicas. Para Maslow

(1987), os indivíduos são motivados a alcançar um determinado objetivo por possuírem

internamente a necessidade de obtê-lo. O conceito de hierarquia relativa das

necessidades, ou pirâmide das necessidades, proposto por ele, considera que as

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necessidades fisiológicas preponderam sobre as psicológicas, que por sua vez são

anteriores à necessidade de autorrealização. Segundo Maslow, a relativa preponderância

significa que as necessidades fisiológicas e psicológicas se estabelecem por déficit, pela

“falta de”. Já a necessidade de autorrealização busca o desenvolvimento e está orientada

para o futuro. A gratificação surge da experiência de executar coisas que realizam o

potencial da pessoa, favorecendo o seu desenvolvimento. Enquanto as necessidades

fisiológicas são claras e de fácil identificação, as psicológicas e de autorrealização têm

objetivos mais flexíveis e possibilitam transferências e compensações. Toda necessidade

não satisfeita é motivadora do comportamento. Quando ela não é atendida dentro de um

prazo razoável, passa a ser a razão de frustração.

A ideia de que o bom desempenho se associa à motivação pessoal é apresentada

por Allport (1974), quando afirma que a inteligência está orientada para canais que

correspondem aos interesses, sem, contudo, determinar o seu efeito. Para ele, a

eminência em determinadas profissões não se deve apenas à inteligência, pois “os

fatores de inteligência e os de personalidade se combinam para permitir a eminência”.

Maslow (1987) estabeleceu sua hierarquia de necessidades, considerando tanto a

motivação por déficit, como a existência de uma motivação independente, que se

manifesta a partir da satisfação da motivação por déficit.

Quando se aborda o conceito de motivação, observa-se o surgimento de uma

questão antiga, ainda não resolvida satisfatoriamente, relativa à distinção entre impulsos

inatos e impulsos secundários adquiridos, contrapondo pulsão, instinto ou tendência

inata às aspirações, mentalidades condicionadas culturalmente e adquiridas na

socialização (Dorsch, 2001).

Embora o conceito de impulso seja frequentemente empregado ao se explicar a

origem dos motivos, esse vocábulo não consta nos dicionários da Psicologia (Laplanche

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& Pontalis, 1967, Sillamy, 1996). O termo impulso foi emprestado da Física, com o

sentido de aplicação de uma força sobre um corpo, impelindo-o para algum lugar. Na

Psicologia, seu significado aparece associado a instinto e intuição, enquanto “impulso

espontâneo e alheio à razão” (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa 1986, pp.

926 e 953) ou à propulsão, ímpeto, empurrão, estímulo (Dorsch, 1992).

A pulsão é um processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga

energética, fator de motricidade) dirigindo o organismo para um alvo, cuja fonte é uma

excitação corporal (estado de tensão) e o alvo é suprimir o estado de tensão que reina na

fonte pulsional (Laplanche & Pontalis, 1967). O termo Trieb, usado por Freud em seus

textos originais, considerando o emprego na língua alemã, significa uma força

impelente dos seres viventes, manifestada em todos os níveis de existência dos seres

vivos (Hanns, 1999). Nos dicionários alemães os significados comuns de Trieb são

muito parecidos. Há sempre um “núcleo básico de sentido: algo que propulsiona, coloca

em movimento, aguilhoa, toca para frente, não deixa parar e empurra” (Hanns, 1999, p.

29). Para Freud, a raiz do conflito psíquico é o conflito pulsional, pois, para que o

sistema de forças pulsionais possa ser impelente, deve gerar tensão, ou, na linguagem

afetiva, conflito.

Os termos vocação e motivação, amplamente empregados, são normalmente

usados indistintamente, embora se refiram a conteúdos diferentes. Vocação, do latim

vocatio-onis, ato de chamar, tendência, aptidão, remete à ideia de que há um chamado

interior que nos leva em direção a uma atividade particular por meio de um motivo.

Evoca a ação: vocação. A palavra motivo, do latim motivus, significa algo que pode

fazer mover, que causa ou determina alguma coisa, traz a ideia de movimento em

direção a algo. Portanto, motiva a ação: motivação (Cunha, 1997).

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Emoção e motivo têm a mesma origem etimológica. A emoção é o colorido

subjetivo dos motivos, sobretudo dos que são bloqueados ou entram em conflito; ou que

conseguem avanços súbitos e inesperados para o seu objetivo. As emoções nos movem

da mesma maneira que os motivos. As disposições constituem traços pessoais,

dinâmicos e flexíveis, resultando, pelo menos em parte, da integração de hábitos

específicos, como sentimentos, valores, necessidades e interesses. A predisposição

favorece a participação por meio do direcionamento da atenção, do esforço ou do

interesse na aquisição de habilidades e conhecimentos, sendo que o interesse representa

a participação com níveis mais profundos da motivação. Os interesses, as ambições, os

gostos, as preferências, as coerções, as fobias, as atitudes gerais, as tendências, os

passatempos, os valores constituem disposições pessoais, sendo, ao mesmo tempo,

motivos (Allport, 1974).

A vocação, a motivação e a disposição impulsionam o indivíduo em direção a

algo no mundo externo por meio de suas escolhas. Embora continuamente façamos

escolhas em todos os âmbitos da nossa existência, como ao eleger o parceiro amoroso,

as amizades, as atividades de lazer e as atividades profissionais, e até o estilo de vida

que adotamos, raramente temos consciência do que nos move nessa direção (Szondi,

1975). Sentimo-nos atraídos por uma determinada pessoa ou situação sem que saibamos

o porquê disso. Ou, ao contrário, sentimos aversão por uma determinada situação

profissional, sem motivo aparente. No entanto, o desconhecimento daquilo que leva a

determinada opção não altera o seu poder de influência. Dessa forma, o indivíduo é

sujeito de suas escolhas, consciente ou inconscientemente. Ele faz escolhas ativas ou

passivas, embora muitas vezes se perceba como adaptado às pressões do meio. Um

exemplo é quando se adapta às necessidades do mercado de trabalho.

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É possível experienciar profundo prazer e alegria no trabalho, um sentimento de

‘fluxo’, desde que se tenha controle sobre a própria consciência, ou seja, possa

direcionar a energia psíquica para objetivos estabelecidos de forma autônoma. Embora

as pessoas encarem o trabalho como algo penoso e desprazeroso, é nele que realmente

experimentam o sentimento de ‘fluxo’. Seja qual for a atividade exercida, como esporte,

trabalho braçal, intelectual ou artístico, o 'fluxo' é registrado quando há total

envolvimento e satisfação com o que está sendo feito. A possibilidade de discernir o que

proporciona o ‘fluxo’ é também a capacidade de alcançar a sabedoria de viver

plenamente. A experiência do prazer resulta do especial direcionamento da atenção, da

concentração naquilo que se está fazendo. Esse direcionamento, por sua vez, acontece a

partir do controle sobre a consciência, entendido como capacidade de direcionar a

atenção, volitivamente, para algo, não se dispersar e permanecer concentrado até a

conclusão da sua tarefa, e não mais que isso (Csikszentmihalyi, 1992).

Ao descrever as atividades que proporcionam o “sentimento de fluxo”,

Csikszentmihalyi (1992) diferencia atividades ligadas ao corpo (movimento, controle e

coordenação motora, os cinco sentidos e o sexo), ao pensamento (memória, reflexão,

simbolização, jogo de palavras, pesquisa, busca do conhecimento), ao trabalho

(motivação intrínseca e motivação extrínseca, lazer) e ao convívio social (solidão e

sociabilidade, família, amizades e participação coletiva). A maneira como estão

estruturadas é o que favorece o sentimento de ‘fluxo’, contrário ao sentimento de tédio.

As atividades que proporcionam o “sentimento de fluxo”, quando escolhidas livremente

e ligadas à sua origem, fornecem indicadores mais precisos sobre quem somos,

sugerindo a paráfrase: Diga-me o que fazes e lhe direi quem és.

Do ponto de vista organizacional, a ênfase tem sido dada a fatores motivacionais

extrínsecos como o estilo de gestão e a cultura da empresa, recursos materiais e

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humanos disponíveis, ao estilo de liderança adotado e assim por diante. Esses aspectos

são passíveis de controle por parte da empresa, e encabeçam temas da literatura

organizacional, ao abordar questões relativas à liderança e ao desenvolvimento de

equipes de alta performance, automotivadas e comprometidas com resultados

(Chiavenato, 2005; Collins, 2001; Drucker, 1996, 1999).

O HumanGuide está baseado na perspectiva teórica psicodinâmica de Szondi

(1972), denominada Análise do Destino ou Teoria das Pulsões. Segundo essa teoria, as

escolhas que fazemos em nossa vida delineiam nosso destino pessoal. O destino se

constitui quando o indivíduo é chamado a tomar posição em face dos grandes problemas

da vida: a escolha do parceiro amoroso, do casamento (libidotropismo); a escolha dos

amigos (sociotropismo); a escolha da profissão e do hobby preferido (operotropismo);

as doenças contraídas (morbitropismo); a escolha da morte e do gênero da morte

(tanatotropismo). O “destino é o conjunto das possibilidades, herdadas e livremente

elegíveis, que nossa existência oferece” (Szondi, 1975, p. 31).

O conceito de tropismo corresponde à explicação mecânica da origem da energia

e do direcionamento da conduta, em analogia aos vegetais, cujos movimentos de

crescimento se orientam por fontes externas de estímulos físicos. Szondi conferiu-lhe

um novo significado, atribuindo a determinação inconsciente das escolhas (Dorsch,

2001; Szondi, 1972). Szondi (1975), que foi bastante influenciado pela teoria biológica

da personalidade e concedia à herança genética a origem da estrutura pulsional, entendia

que o homem seria feliz ao escolher os caminhos importantes de sua vida (entre os quais

se inclui a escolha profissional) em conformidade com suas pulsões. Uma vez satisfeitas

as pulsões, ele se exporia menos a complicações pulsionais inúteis e, portanto, estaria

mais defendido contra desequilíbrios psíquicos eventuais (Benko, 1955). De outra sorte,

as pulsões poderiam se manifestar de maneira patológica ou socialmente negativa.

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Nessa perspectiva, as escolhas visam à satisfação de necessidades pulsionais, que atuam

como matriz da motivação.

A tomada de consciência do desejo, das necessidades e da sua orientação

permite que o indivíduo os admita ou rejeite. Esta capacidade de tornar conscientes as

necessidades inconscientes funde-se numa pulsão especial, denominada Pulsão do Ego

(Ichtrieb). O homem é capaz de tornar conscientes suas pulsões e de tomar uma posição

em relação a elas, visando aceitá-las ou rejeitá-las, coincidindo com as ideias de

Csikszentmihalyi (1992) sobre o “sentimento de fluxo”.

Szondi (citado por Borg, 2001, 2005) postula que a personalidade humana está

estruturada sobre quatro vetores pulsionais. Cada qual é constituído de dois fatores

polares (tendências), que têm, por sua vez, uma orientação centrífuga e centrípeta, ou

seja, uma orientação para fora e uma para dentro. Ele considera que os fenômenos

psíquicos nos quais a polaridade estrutural está ausente não constituem fenômenos

psíquicos dinâmicos reais (Szondi, 1963/1998).

Não se pode determinar a quantidade e a qualidade das pulsões possíveis, pois elas

representam apenas a mistura de diferentes necessidades e não constituem unidades

biológicas originais. Tendência e necessidade constituem uma unidade pulsional, sendo,

portanto, uma síntese. No entanto, sempre é possível estabelecer mais sínteses, misturas

de necessidades, do que as fontes pulsionais fisiológicas únicas. (Hanns, 1999; Szondi,

1965/1987).

Szondi desenvolveu, em 1943, um método projetivo para diagnosticar os vetores

pulsionais predominantes e as necessidades das pulsões, denominado Diagnóstico

Experimental da Pulsão. É um teste não-verbal que consiste na escolha de fotografias,

cujas preferências exprimem a dinâmica pulsional do indivíduo. As fisionomias

fotografadas têm por função fazer o indivíduo reagir a elas. O modo de ação das

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fotografias procede do fato de que toda percepção ou representação de um movimento

desperta naquele que o percebe a tendência ao mesmo movimento. Assim, cada face

possui um caráter evocador que permite explorar a capacidade de ressonância do

indivíduo.

O termo pulsão (Trieb), concebido por Freud (Hanns, 1999), foi adotado por

Szondi para explicar a motivação humana, mantendo-se fiel ao termo psicanalítico. No

entanto, “enquanto Freud conservava, em todas as etapas da evolução da sua concepção,

um dualismo das pulsões, aceitando apenas duas pulsões fundamentais opostas, Szondi

reconheceu a necessidade de admitir quatro vetores pulsionais, irredutíveis um ao outro.

O dualismo se dá antes no interior dos vetores e fatores, sendo que a manifestação

socializada ou sublimada de uma tendência não é uma mera inversão da sua polaridade”

(Benko, 1955, parte I, p. 35).

Segundo Szondi (1972), as oito categorias psiquiátricas da nosologia clássica

corresponderiam à expressão doentia, extrema, de oito fatores ou “sistemas de

necessidades”, cuja escolha ou rejeição expressam a relativa tensão existente nesse

sistema de necessidades, com origem nas pulsões. “A Análise do Destino considera os

doentes mentais principalmente como enfermos da Pulsão – Pulsão do Ego” (Szondi,

1975, p. 79). Os vetores pulsionais na Análise do Destino abrangem oito tendências

fatoriais polares:

Vetor Sexual (S) – Esse vetor diz repeito à relação com o corpo, suas atitudes em

relação à corporeidade. A dinâmica do Vetor S está centrada no conflito entre Eros, que

rege toda união ou formação de elos, e Thanatos, responsável pela destruição dos elos

objetais, constituindo o fator geral da atividade e do investimento muscular. Para

Szondi, o pareamento fatorial Eros-Thanatos representa a sexualidade, entendida como

um misto de amor e agressão. Essa polaridade, enquanto valência aparece representada

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pelos sinais + (valência erótica) e – (valência tanática). Para Szondi os fatores polares

constituintes do Vetor S representam a dissociação entre passividade e atividade, entre

feminilidade e masculinidade, ternura e agressão/dominação, respectivamente. Outro

binômio presente nesse vetor trata do direcionamento em relação ao objeto, que pode

ser centrípeto ou centrífugo, no sentido de avançar para o objeto (atração) ou de recuar

(aversão), e ainda, no sentido do amor pessoal, ou egocentrismo, e do amor coletivo,

altruísmo (Lekeuche & Mélon, 1990): Fator h (hermafroditismo, homossexualidade),

Eros, feminilidade, sentimento maternal, com as tendências h+, tendência para a

sensibilidade individual e h-, tendência para a sensibilidade coletiva humanizada; Fator

s (sadismo), thanatos, masculinidade, com as tendências s+, tendência para o sadismo,

agressividade e atividade e s-, tendência para o civismo, cavalheirismo, auto-sacrifício,

humildade ou passividade e masoquismo. A sintomalogia desse vetor é expressa por

meio das perversões (Lekeuche & Mélon, 1990).

Vetor Paroxismal (P) – Paroxismal é o processo psíquico por meio do qual o

indivíduo recebe estímulos pelos afetos grosseiros que acumulou em virtude da

experiência da frustração e da privação, como raiva, ódio, ira, vingança, inveja e ciúme.

O acúmulo desses afetos se relaciona ao comportamento de fuga/ataque, podendo,

também, fazer com que a pessoa direcione a raiva acumulada, passivamente, contra si

mesmo. Dessa forma, primeiro é atacado, para depois atacar (Szondi, 1963/1998). É

concebido como um mecanismo de defesa contra os perigos exteriores de um lado, e

contra os perigos interiores, de outro. Informa sobre os elementos constitutivos do

controle emocional. Refere-se à relação com o próximo, à capacidade de aceitá-lo como

singular, seja por meio da consciência do erro (e), seja pelo que pode comprometer sua

relação com o outro (hy). Este vetor traz em seu bojo a ética e a moral, enquanto

interditos fundamentais ao desejo de morte, evocando, simbolicamente, as figuras

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bíblicas de Caim, Abel e Moisés. A temática básica desse vetor refere-se ao “vir a ser

humano”, à humanização das pulsões, por meio do interdito e das leis que visam

garantir um espaço de coexistência pacífica. A moral é uma espécie de reapropriação da

ética, uma adaptação da lei aos diferentes grupos e etnias no decurso da civilização. A

culpa e a vergonha expressam a internalização dos interditos, da lei (Gayral, 2006;

Lekeuche & Mélon, 1991): Fator e (epilepsia), ética, com as tendências e+, Abel,

tendência para fazer o bem, a justiça coletiva e tolerância, e e-, Caim, tendência para o

mal, raiva, ódio, ira, vingança, intolerância; Fator hy (histeria), necessidade de

valorização moral, exibicionismo, com as duas tendências hy+ , tendência para exibir-se

impudicamente e hy-, tendência para o pudor coletivo. A sintomatologia desse vetor é

expressa por meio das neuroses (Lekeuche & Mélon, 1991).

Vetor do Ego (Sch) – Esse vetor é a instância central, da qual a elaboração teórica

é a chave da arquitetura szondiana, à medida que estrutura os demais vetores. Tem a

função de elaborar as outras pulsões, submetê-las a seus processos e transformá-las. É o

lugar dos mecanismos de defesa diante dos perigos pulsionais, representados pelos

demais vetores. Este vetor é da ordem do sujeito e exprime o estilo da pessoa no seu

estar no mundo. Trata-se do vetor da relação consigo mesmo e da relação com a

realidade. A constelação desse fator reflete a estrutura do Ego, e pode ser considerada

uma resultante das pulsões parciais correspondentes aos seis fatores que compõem os

demais vetores. O conceito de Ego empregado por Szondi se inspira nos conceitos

desenvolvidos por Freud, Nunberg e Schilder, bem como no conceito de Self

desenvolvido por Jung (Deri, 1949). A função do Ego é fazer a mediação entre as

exigências instintivas do Id e as demandas da realidade externa. Por meio do sistema

motor, o Ego regula a forma de canalização das exigências instintivas do Id. E busca, ao

mesmo tempo, estabelecer uma organização coerente da personalidade ao sintetizar os

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conflitos advindos das várias origens em uma resultante que satisfaça as demandas

originais do Id, permitindo evitar o embate doloroso com os limites determinados pela

realidade externa ou com o Superego. O Ego dispõe de vários mecanismos para fazer

isso, como a identificação ou a repressão. O Vetor do Ego indica a força dinâmica das

pulsões instintivas, o grau em que as urgências dessas pulsões atingem a consciência ou

a maneira como elas aparecem de forma simbólica na consciência, e a maneira como

são integradas coerentemente na vida mental do Ego. Assim, os dois fatores que

compõem o Vetor do Ego estão intimamente ligados funcionalmente: Fator k

(esquizofrenia catatônica), egosístole, constrição e delimitação do Ego (ter),

retraimento, com as tendências k+, tendência ao autismo, egoísmo, egocentrismo,

narcisismo, introjeção e incorporação e k-, tendência para a adaptação ao coletivo,

recalcamento, negação; Fator p (esquizofrenia paranóica), inflação do Ego (ser),

egodiástole, com as tendências p+, tendência para a expansão mental dirigida ao

coletivo, para a mentalização do Ego, para a expansão do Ego, e p-, tendência para unir-

se a outrem, participação e projeção. A sintomatologia desse vetor se dá por meio das

formas de esquizofrenia (Gayral, 2006; Lekeuche & Mélon, 1991).

Vetor do Contato (C) – Esse vetor traduz como o indivíduo se conduz no mundo,

como ele se mantém sem deixar-se levar pelas sensações que o habitam. É a inserção

naquilo que o cerca, sua relação com os outros e com o mundo. É o vetor do ambiente e

das sensações, da união com o mundo que o rodeia (Gayral, 2006). O termo que o

designa vem do latim contactus e do verbo contingere, com os seguintes significados no

uso corrente: tocar algo, apreender, pegar; tocar alimentos, experimentar, fruir

(oralidade); sujar, macular (analidade); estar próximo de, avizinhar-se (sociabilidade);

alcançar um objetivo, acertar, encontrar (carreira, profissão); conseguir, alcançar

(sucesso e fracasso, sorte ou azar). No sistema teórico da Análise do Destino o vetor do

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Contato tem relação com quatro funções elementares: agarrar-se ao objeto; desprender-

se do objeto; apegar-se ao objeto; sair em busca de novos objetos. As duas primeiras

representam a oralidade primária e as outras representam a analidade pré-genital,

segundo Freud.

O Vetor do Contato evidencia a pulsão social por trás da comunicação

interpessoal. A pulsão social é constituída dessas quatro funções elementares, que

expressam, de uma maneira geral, a capacidade do ser humano para se ligar a outras

pessoas e permanecer ligado a elas, sem qualquer conotação sexual ou erótica, embora

essas pulsões estejam relacionadas. O Vetor do Contato é a condição sine qua non que

permite às demais pulsões se encontrarem com um objeto de canalização ou satisfação

(Szondi, 1963/1998): Fator d (depressão), necessidade de reter ou sair em busca, com as

tendências d+, tendência para aquisição de novos objetos, infidelidade, e d-, tendência

para a renúncia ao novo objeto, fidelidade; Fator m (mania), necessidade de apoio, com

as tendências m+, tendência para apoiar-se nas coisas e nas pessoas, para a verbalização

e hedonismo e m-, tendência para separar-se, para a solidão (Benko, 1955; Leitão,

1984). As sintomatologias associadas a esse vetor são as distimias (Lekeuche & Mélon,

1991).

Para Szondi (1972), a manifestação do caráter e da profissão, se esta é

culturalmente baixa, são manifestações fisiológicas das pulsões. Se a profissão é

elevada, fala-se de uma forma sublimada da manifestação, porque os oito fatores

pulsionais representam as mais primitivas molas na direção das atividades intelectuais.

São fatores impulsivos originários e determinam se alguém vai consagrar as suas

capacidades intelectuais ao domínio cultural ou humanitário em geral (h); à técnica e

civilização (s); à religião e à ética (e); à arte dramática (hy); à filosofia, metafísica,

matemática e à lógica (k); à poesia e à pesquisa (p); à economia nacional, às coleções de

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arte (d); à arte de falar, oratória e canto (m). Estas são tendências de sublimação;

tendências espirituais, autônomas, originárias, apriorísticas, as quais são inerentes “ab

ovo” a todos os homens (com as variações individuais quantitativas e qualitativas)

(Benko, 1955). A canalização adequada das pulsões por meio da satisfação das

necessidades pulsionais promove a saúde física e mental (Szondi, 1963/1998). A ideia

de que há algo permanente e passível de socialização e humanização também está

presente na visão de Csikszentmihalyi (1992), ao afirmar que não se pode negar os fatos

da natureza, mas tentar encaminhá-los para uma direção positiva.

Em conformidade com esse raciocínio, Achtnich (1991), psicólogo e orientador

profissional suíço e um dos primeiros discípulos de Szondi, desenvolveu um

instrumento para avaliar o perfil pulsional da escolha profissional, visando sua

utilização na orientação profissional. Inicialmente pretendia usar indutores verbais em

seu teste, mas foi convencido pelo próprio Szondi a usar fotografias, por terem um

caráter evocativo maior.

Para construir o BBT – Teste de Fotos de Profissões, Achtnich (1991) selecionou

oito tendências fatoriais dentre as 16 avaliadas no Teste de Szondi, eliminou suas

conotações psicopatológicas e traduziu-as para uma linguagem que privilegiasse a

saúde. Para ele, as exigências da profissão àquele que irá exercê-la englobam, além das

aptidões e capacidades, as respectivas inclinações, interesses e necessidades,

permitindo, dessa maneira, que humanize e socialize suas pulsões. A diferença de

escolhas nas diversas áreas desperta o olhar para a atividade enquanto atmosfera

profissional, pois áreas diferentes implicarão em diferentes objetos, meios, locais de

trabalho e formas de se relacionar. Isso torna necessário observar não só as inclinações,

a estrutura fatorial do indivíduo, mas reconhecer que suas tendências estarão ativas na

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maneira como estabelece suas relações com os parceiros profissionais e, portanto,

grande parte de suas relações futuras (Jacquemin, 2000).

Ao desenvolver o HumanGuide, Kenmo visou simplificar os conceitos szondianos

e torná-los compreensíveis para o público leigo (respondente, profissional de Recursos

Humanos, chefias), aplicando-os no contexto organizacional, por considerá-los bastante

úteis para explicar o comportamento humano e, principalmente, a sua motivação no

contexto da atividade profissional (Kenmo, 2005). Apoiando-se na própria formação em

telecomunicações, na sua experiência com a tecnologia da informação (TI) e como

consultor em Recursos Humanos, Kenmo (2005) criou o teste HumanGuide em estreita

parceria com psicólogos e psiquiatras, procurando desenvolver um instrumento simples,

rápido, econômico, seguro e acurado. Traduziu a terminologia psicopatológica de

Szondi (1965/1987) e os códigos alfabéticos de Achtnich (1991) para conceitos que

expressassem os oito fatores pulsionais no ambiente organizacional, conservou sua

característica bipolar e lhes atribuiu uma conotação positiva e de saúde. Em síntese,

embora Szondi tenha desenvolvido sua teoria com base em análises clínicas de

pacientes psiquiátricos e no estudo de genealogias, Kenmo (2005) não associou os

fatores do seu teste com a psicopatologia szondiana. Ele adotou apenas os conceitos

pulsionais que fundamentam a compreensão do comportamento de escolha, e,

consequentemente, o entendimento da motivação. Entende que o seu teste é uma

simplificação da teoria szondiana, sem a pretensão de constituir um instrumento

psicodiagnóstico para aplicação clínica. A Tabela 1 sintetiza os fatores do teste

HumanGuide, com as respectivas orientações pulsionais e características típicas.

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Tabela 1 - Caracterização dos fatores HumanGuide segundo Kenmo (2005)

Fator Orientação pulsional Características típicas

Sensibilidade Empatia, Complacente, atencioso, compreensivo,


diplomático, amável, delicado, cuidadoso,
sensibilidade,
receptivo, sensitivo, dedicado, sensível, terno,
adaptação. tem tato.

Força Ação, determinação e Combativo, competitivo, direto, veloz, motriz,


assertividade. ansioso, rápido, forte, destemido, poderoso,
impulsivo, agressivo, invasivo, duro.

Qualidade Responsabilidade, Confiável, esmerado, consciencioso,


perseverança e tensão. perseverante, detalhado, completo, altruísta,
obediente, encorajador, educador, exigente.

Exposição Reconhecimento social, Carismático, bem arrumado, encantador,


estar no centro das orgulhoso, distinto, colorido, sonda o
atenções, ser valorizado. ambiente, espontâneo, na moda, sagaz.

Estrutura Objetividade, ordem, Ordeiro, lógico, metódico, sistemático,


disciplina e controle. imparcial, claro, específico, racional,
disciplinado, objetivo, prudente, realista.

Imaginação Criatividade, descoberta, Versátil, curioso, artístico, imaginativo,


desenvolvimento e flexível, visionário, inventivo, criativo,
liberdade. progressivo, busca liberdade, sonhador.

Estabilidade Matéria, conservação, Conservador, apegado à tradição, pragmático,


manutenção, hábitos, colecionador, estável, econômico, cauteloso,
tradição. firme, fiel, “rumina” ideias, “pé no chão”.

Contatos Sociabilidade, Alegre, aberto, gastrônomo, divertido,


comunicação, expansivo, descomplicado, sociável,
informalidade. comunicativo, bem humorado, otimista,
informal.

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A Tabela 2 apresenta o quadro comparativo entre os fatores pulsionais concebidos

por Szondi (1972), os adotados por Achtnich (1991) no BBT e traduzidos por Kenmo

(2005) no HumanGuide. Embora Szondi tenha caracterizado as polaridades dos oito

fatores pulsionais, resultando em 16 funções pulsionais, o quadro mostra apenas os

fatores adotados por seus seguidores, para efeito de ilustração.

Szondi (1972) construiu seu modelo teórico pulsional, considerando uma

polaridade inerente a todos os fatores. Achtnich (1991) empregou apenas as polaridades

pulsionais dos fatores S (Sh e Se) – Senso Social e O (Or e On) – Oralidade ao

desenvolver o seu instrumento. Kenmo (2005), por sua vez, preferiu ater-se a uma

posição fatorial somente, cuja polaridade é evidenciada por meio da identificação de

comportamentos típicos e não típicos no HumanGuide, enquanto atração e aversão.

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Tabela 2 – Comparação dos fatores segundo Achtnich, Kenmo e Szondi

Teste de Szondi BBT HumanGuide


Szondi (1972) Achtnich (1991) Kenmo (2005)
Vetores Fatores Pulsionais Fatores Fatores

Sexual h - Eros W - Suavidade Sensibilidade


Hermafroditismo (h+)

s - Thanatos K - Força Força


Sadismo (s+)

Paroxismal e – Ética Sh– Senso social Qualidade


Epilepsia, sentido ético (e+)

E – Ética Se – Energia - -------------


Epilepsia , acúmulo de
afetos (e-)

hy - Moral Z –Expor, Exposição


Histeria (hy+) mostrar

do Ego k - Egosístole V - Razão Estrutura


Catatonia (k-)

p - Egodiástole G - Espírito Imaginação


Paranóia (p+)

do Contato d - Reter M - Matéria Estabilidade


Depressão (d-)

m – Apegar-se O – Oralidade Contatos


Mania (m+) (On / Or)

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No Vetor Sexual aparecem alinhados os fatores relativos ao princípio feminino

(h+, Eros, suavidade e sensibilidade), necessidade de dar e receber amor, ternura,

receptividade e disponibilidade para acolher ou adaptar-se ao outro, e os fatores

relativos ao princípio masculino (s+, thanatos, força e força), necessidade de se impor e

transformar o mundo em sua volta, de conquistar tanto o outro, como territórios.

No Vetor Paroxismal aparecem alinhados os fatores relativos à atitude ética (e+,

epilepsia, senso social, qualidade), enquanto propensão a acumular afetos e a

desenvolver sentimentos de culpa, e à necessidade de ser reconhecido socialmente (hy+,

histeria, expor, exposição), associada ao senso estético e à tendência de sentir vergonha

e ter receio da opinião das outras pessoas.

As funções egóicas que compõem o Vetor do Ego na teoria de Szondi (1972)

estão relacionadas à adaptação à realidade, distinguindo entre a esfera objetiva (k-,

egosístole) e subjetiva (p+, egodiástole); entre o princípio da realidade e do prazer;

entre o Superego e o Id; entre a tendência à constrição, face aos limites impostos pela

realidade, e à inflação, com predomínio da imaginação. Trata-se da polaridade razão –

imaginação. Achtnich (1991) adota o termo Razão para expressar a necessidade de ter

controle sobre a realidade, enquanto Kenmo (2005) prefere adotar a expressão Estrutura

ao se referir aos conteúdos relativos ao fator k-. O fator pulsional p+ de Szondi (1972)

representa o mundo das ideias. A subjetividade é denominada Fator G, Espírito (Geist)

por Achtnich (1991), para expressar o intangível, longínquo, para além da realidade dos

fatos, a partir do qual surge a fantasia, o novo, a criatividade, denominado Imaginação

por Kenmo. A combinação dos fatores p e k caracteriza o pensamento científico, na

medida em que o fator p+ (mundo da ideias, expansão do Ego) desempenha papel

central no processo de criação e de elaboração de hipóteses, e o fator k- (realidade

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objetiva, constrição do Ego) representa a possibilidade de realização das ideias e a

verificação empírica das hipóteses.

No Vetor Contato, Szondi (1972) procurou descrever as pulsões associadas à

busca de contato (m+, Mania), de apegar-se a algo, e ao estabelecimento de vínculo, à

fixação, retenção (d-, Depressão). Achtnich (1991) preferiu adotar o termo oralidade

para expressar a primeira forma de contato estabelecido com a realidade, distinguindo a

comunicação (Or) da alimentação (On), como formas de expressão dessa necessidade.

Kenmo (2005) ateve-se apenas à oralidade (Fator O), intitulando esse fator de Contatos

para representar a ideia de comunicação, informalidade, leveza e alegria. Em relação ao

fator Depressão (d-), na teoria de Szondi, (1972), Achtnich (1991) preferiu representá-lo

por meio do termo Matéria (Fator M), trazendo a imagem de algo perene e estável, cujo

estado se transforma sob a ação do tempo. Esse fator apresenta em seu bojo a ideia de

conservação, manutenção e de retenção. Kenmo (2005) preferiu adotar o termo

Estabilidade, explicitando, dessa forma, a orientação básica desse fator pulsional.

Segundo a Teoria das Pulsões ou Análise do Destino (Szondi, 1972), as

necessidades pulsionais são determinantes dos traços da personalidade e motivam as

escolhas que o indivíduo faz em todos os âmbitos da sua existência. Dessa forma, a

atração por determinadas atividades e a adoção de certos estilos de comportamento

permitem a apreensão de seus fatores determinantes, ou seja, dos fatores pulsionais

percebidos como necessidades que buscam satisfação.

O HumanGuide baseia-se na premissa de que a atividade profissional permite a

canalização das pulsões de maneira socializada e humanizada, promovendo o

sentimento de ‘fluxo’ (Csikszentmihalyi, 1992), ao mesmo tempo em que faz prevenção

da saúde mental (Szondi, 1975 e 1987). Como o comportamento que expressa a

motivação pode ser observado por meio da atitude, esta pode ser apreendida e medida

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por meio de instrumentos de avaliação psicológica (Cattell, 1975), atendendo à

necessidade de conceituar de forma apropriada a motivação no âmbito organizacional e

de medi-la adequadamente (Monicci, 2004).

A apreensão da motivação intrínseca se justifica no âmbito organizacional,

enquanto determinante da satisfação no trabalho, da produtividade no contexto

organizacional, contribuindo positivamente para a qualidade de vida do indivíduo

(Abrahão, 2000; Chiavenato, 2005, Dias, 2005; Drucker, 1996, 1999; Franco, 2001;

Herzberg, 1993; Maslow, 1987; Sawickas, 2000a e 2000b; Seligman, 2004).

O desenvolvimento do HumanGuide

O desenvolvimento do HumanGuide teve início em 1986, a partir da solicitação de

uma empresa sueca, organizadora de excursões de ônibus para os Alpes, que queria

aperfeiçoar suas rotinas de recrutamento e seleção dos seus guias. Como o trabalho de

guia de turismo alpino é popular na Suécia, as vagas tiveram muita procura. A empresa

precisou fazer uma seleção criteriosa de um grande número de candidatos e de tal

maneira que não necessitasse despender muito tempo e dinheiro nesse processo.

Com essa demanda em mente, Kenmo (2005) procurou desenvolver um teste que

fosse útil na avaliação de pessoas em recrutamento e seleção, mas que também

permitisse ajudá-las a ampliar seu autoconhecimento. Para tanto, queria que o teste

fosse fácil e rápido, que os resultados fossem facilmente compreensíveis pelas pessoas e

permitissem que o testando se reconhecesse neles sem dificuldade para distinguir os

diferentes fatores avaliados no teste. Os resultados não deveriam favorecer qualquer

forma de discriminação, evitando formação de estereótipos.

Para construir o HumanGuide, Kenmo baseou-se na Análise do Destino de Szondi

(1972) e no BBT - Teste de Fotos de Profissões, desenvolvido por Achtnich na Suíça e

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introduzido no Brasil por Jacquemin (Achtnich, 1991), que também está apoiado na

teoria de Szondi. O formato de inventário de escolha forçada foi adotado como forma de

prevenir distorções decorrentes da desejabilidade social. Considerando as peculiaridades

da avaliação psicológica no contexto organizacional e o problema da desejabilidade

social presente nesse contexto, todos os itens que compõem o HumanGuide são

socialmente desejáveis e de fácil compreensão. Pensando que o desenvolvimento

pessoal passa necessariamente pelo autoconhecimento, Kenmo buscou tornar a

apresentação dos resultados obtidos no HumanGuide o mais simples e menos

herméticos possíveis. Assim, aquele que se submetesse ao teste e recebesse o resultado,

poderia se beneficiar do conhecimento dos seus pontos fortes e fracos, ou merecedores

de desenvolvimento, como prefere chamá-los. As respostas ao HumanGuide são

apuradas eletronicamente e representadas graficamente, permitindo, também, a

realização de análises estatísticas com os dados obtidos. Para desenvolver o

HumanGuide, Kenmo contou com a assistência dos psicólogos Lars-Erik Liljeqvist, Bo

Haglund e Mary Norman.

Em 1999, Kenmo apresentou pela primeira vez a versão em inglês do

HumanGuide à comunidade szondiana no Congresso Internacional de Szondi, em

Louvain-la-Neuf, na Bélgica, onde foi muito bem recebido. Esse momento foi decisivo

para Kenmo, na medida em que passou a contar com a preciosa contribuição de

Friedjung Jüttner, então presidente da Sociedade Internacional de Szondi, com sede em

Zurique, e de Robert Maebe, profundo conhecedor da teoria de Szondi, membro do

núcleo de estudos patoanalíticos de Louvain, Bélgica (Centre d´études pathoanalytiques,

Université de Louvain). A publicação do primeiro manual em sueco aconteceu em 2001

(Kenmo, 2001).

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O teste ganhou novo impulso com a criação de uma versão em português,

alemão e francês. A versão em inglês foi introduzida inicialmente em uma empresa

suíça de alta tecnologia, nos processos de recrutamento e seleção de candidatos para

suas filiais nos EUA e na Ásia. Como a aplicação do teste é feita por meio da Internet, o

HumanGuide representou grande economia de tempo e investimento de recursos

decorrentes de viagens internacionais. A questão do fuso horário também foi

contornada, na medida em que é possível acessar a página do teste a qualquer hora e em

qualquer lugar.

A primeira versão do HumanGuide em português foi concluída em 2002. A

aplicação do piloto do teste no Brasil contou com a participação de 191 pessoas. Ali

avaliou-se questões de linguagem e analisou-se a variabilidade dos itens que

compuseram essa primeira versão do teste. Também foi avaliada a receptividade dos

testandos. A revisão dos itens contou com a colaboração de dois juízes (linguistas), que

escolheram como critério de formulação das frases constituintes dos itens do teste a

adoção do presente do indicativo, referência a comportamentos presentes no contexto

profissional, facilidade de compreensão e desejabilidade social. Durante o estudo de

evidências de validade e precisão do HumanGuide, os itens da primeira versão em

português foram revistos e reformulados, visando atender ao critério de variabilidade de

73% proposto por Anastasi (2003). Os resultados obtidos nesse estudo serão

apresentados em detalhe no capítulo Validade e Precisão do HumanGuide.

Paralelamente ao desenvolvimento e aprimoramento da primeira versão do teste

em português, Kenmo concluiu o livro Deixe a Personalidade Florescer, para contribuir

com a construção de um espaço vital saudável por meio de escolhas em consonância

com o perfil motivacional do indivíduo. O original em sueco foi traduzido para o inglês

e depois, para o português (Kenmo, 2007).

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Características psicométricas do HumanGuide

Diversos autores apontam o crescente otimismo em relação à possibilidade de

diminuir a capacidade dos testandos responderem de maneira socialmente desejável por

meio da adoção do formato de escolha forçada multidimensional, pois ela reduz a

inflação dos escores e apresenta maior validade de critério em comparação à escala

Likert (Anastasi, 2003; Baron; 1996; Meade, 2004; Heggestad & cols. 2006). No

entanto, esse tipo de medida apresenta sérias limitações, pois os dados obtidos dessa

maneira não são normativos, mas, sim, ipsativos.

Do ponto de vista matemático, os dados são considerados ipsativos quando a

soma de um determinado conjunto de respostas sempre resulta no mesmo total e é igual

para todos os respondentes (Dorsch, 1992; Meade, 2004). Embora muitos fatores

possam contribuir para a criação de dados ipsativos, na prática esse termo é usado de

uma maneira genérica como sinônimo de “dados interdependentes”, característicos de

testes no formato de escolha forçada.

A interdependência de covariância dos itens se refere aos limites existentes nas

matrizes ipsativas de covariância, resultante das propriedades dos dados obtidos por

meio da escolha forçada. Ela nasce do processo cognitivo envolvido na tomada de

decisão entre os itens de cada conjunto de itens (Baron, 1996; Meade, 2004). O

processo de escolha é afetado pelo nível latente dos construtos avaliados presentes no

respondente.

As expectativas positivas e negativas do respondente em relação ao meio

ambiente, sua percepção de desejabilidade e suas hipóteses sobre as consequências da

escolha de cada item também podem afetar a consistência das respostas (Baron, 1996;

Meade, 2004). Cabe destacar que as distorções decorrentes da desejabilidade social são

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menos frequentes nas escalas interdependentes de escolha forçada, pois nelas os

respondentes são obrigados a atribuir um valor diferente aos itens, sem a possibilidade

de concordar com todos eles. Além disso, a escolha forçada resulta numa maior

diferenciação dos escores no respondente, pois não é possível lhes atribuir um valor

igual (Baron, 1996). Por outro lado, o teste não fornece os dados normativos necessários

para a realização de comparações interindividuais, frequentemente presentes no

contexto da seleção de pessoal (Heggestad e cols., 2006b). Embora as medidas ipsativas

sejam alvo de controvérsia no que se refere às comparações interpessoais, o mesmo não

ocorre quando utilizado para a autoavaliação e autoconhecimento, onde a comparação

das dimensões se dá em termos intrapessoais (Kayes, 2005).

O teste HumanGuide é um teste no formato de escolha forçada, e, portanto,

ipsativo, pois nele o testando deve escolher entre oito itens diferentes e também

socialmente desejáveis. No total há nove conjuntos com oito itens cada. Essa construção

pretende simular uma situação semelhante ao processo de escolha real que a pessoa tem

que fazer na vida. Os escores ipsativos obtidos no HumanGuide refletem a força relativa

dos traços presentes no indivíduo, adotando o seu comportamento de escolha como

parâmetro.

Enquanto os dados normativos atendem aos critérios psicométricos da Teoria

Clássica dos Testes, podendo ser submetidos às análises estatísticas mais

frequentemente empregadas, como a análise fatorial, por exemplo, diversos autores são

unânimes ao afirmar que dados ipsativos não devem ser submetidos à análise fatorial

(Bartram, 2008; Loo, 1999; Baron, 1996; Dunlap & Cornwell, 1994; Froman, 2001).

Outros autores informam sobre as dificuldades existentes ao se submeter dados

ipsativos a análises estatísticas que pressupõem uma distribuição normal das respostas

(Baron, 1996; Chan, 2003; Chan & Cheung, 2002; Hammond & Barrett, 1996;

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Heggestad, 2006; Heggestad & cols., 2006a, 2006b; Karpatschof & Elkær, 2000;

McCloy, Waugh & Medsker, 1999; McCloy, Heggestad & Reeve, 2005, Meade, 2004;

Price, L. R., 2006).

As interdependências presentes nas escalas ipsativas e nos escores ipsativos

referem-se ao fato de que no momento em que o respondente é forçado a escolher um

item, seu processo de decisão altera as propriedades psicométricas da escala. Nesse

caso, o item selecionado não depende só do nível de latência do traço que está sendo

medido pelo item, mas, também, do conjunto de itens do qual faz parte e das suas

propriedades específicas. O resultado é que cada escore observado no HumanGuide seja

contaminado pelos demais escores do conjunto de itens. A interdependência artificial

entre os escores ipsativas, ou seja, o fato de a rejeição de um item forçosamente

implicar na não escolha de outro item do conjunto, afeta as propriedades psicométricas

do HumanGuide. Isso acontece na medida em que se origina uma situação de

competição entre os itens de cada conjunto de itens (Meade, 2004; McCloy, Waugh &

Medsker, 1999). É necessário reconhecer que a interdependência das escalas nas

medidas ipsativas, como acontece no HumanGuide, cria dificuldades maiores do que as

encontradas nas escalas Likert, o que traz implicações importantes para a análise

estatística e dos escores ipsativos (Baron, 1996).

O fato de os itens competirem entre si tem implicações nas suas intercorrelações

e, consequentemente, na análise de validade e da fidedignidade. Devido à baixa

intercorrelação dos itens, as subescalas do teste também tendem a apresentar baixa

consistência interna. No entanto, é importante considerar que a baixa consistência

interna, a estimativa de fidedignidade, e as baixas correlações com outras medidas são

decorrentes do procedimento de obtenção dos escores por meio da escolha forçada

(McCloy e cols., 2006). Nos testes ipsativos, os valores de consistência interna são

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atenuados devido ao fato de a maioria das correlações inter-itens serem negativas,

fazendo com que escores elevados em uma determinada dimensão provoquem escores

baixos nas outras dimensões (Kayes, 2006). A fidedignidade dos testes com

características ipsativas, obtida por meio da consistência interna, é em geral baixa, com

valores medianos ao redor de 0,20, o que pode contribuir, também, para a redução dos

índices de correlação com outros instrumentos (Greer & Dunlap, 1997; McCloy, Waugh

& Medsker, 1999). Assim, a estimativa da consistência interna a partir de fórmulas

derivadas da Teoria Clássica dos Testes não é compatível com dados ipsativos (Meade,

2004).

Embora o valor mínimo da consistência interna (alfa) recomendado seja 0,80 e

0,90 para pesquisa básica e aplicada, respectivamente, o fato de pesquisadores

contemporâneos considerarem adequados valores alfa em torno de 0,60 e 0,70 em dados

ipsativos não é incomum (Hammond & Barrett, 1996; Meade, 2004; Clark & Watson,

1995). Enquanto há divergências em relação à existência de diferenças e à fidedignidade

entre as escalas ipsativas e normativas (Baron, 1996; McCloy e cols., 2006), o mesmo

não acontece na análise fatorial.

De uma maneira geral, o escore ipsativo pode ser entendido como uma pontuação

normativa controlada, equivalente ao escore total em todas as escalas. Como não há

medida de escore total em todas as escalas do HumanGuide, ele mostra apenas quais

traços são mais fortes e mais fracos no indivíduo. É possível observar o formato do

perfil, mas não os valores absolutos das oito escalas avaliadas, permitindo comparar as

diferenças intra-individuais, mas não as inter-individuais. Muitas vezes a normatização

dos dados ipsativos pode não ser apropriada, pois impossibilita comparações intra-

individuais.

37

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Ainda que a análise fatorial constitua a aproximação estatística mais importante

para se demonstrar a validade fatorial de um teste (Froman, 2001), diversos autores

consideram que ela não é indicada para a análise de dados ipsativos (Bartram, 2008;

Loo, 1999; Baron, 1996; Dunlap & Cornwell, 1994; Froman, 2001). Julgam que quando

submetidos à análise fatorial, os resultados obtidos não são passíveis de análise, por

apresentarem fatores artificiais bipolares e contrastantes (Baron, 1996; Dunlap &

Cornwell, 1994), e com eigenvalues muito semelhantes, favorecendo a instabilidade na

saturação das variáveis dos fatores (Moreira, 2000)

Dunlap e Cornwell (1994), em artigo no qual demonstram analiticamente os

problemas fundamentais que medidas ipsativas impõem à análise fatorial, recomendam

que esta não seja realizada em dados ipsativos ou nos quais possa haver indício de

ipsatividade. Eles destacam que a ipsatividade produz fatores artificiais bipolares,

obscurecendo qualquer correlação entre as medidas. Baron (1996) também coloca que a

análise fatorial é problemática com medidas ipsativas, pois a ipsatividade cria

correlações negativas na matriz de correlação, distorcendo qualquer estrutura fatorial na

medida em que resulta em fatores bipolares contrastantes. Froman (2001), por sua vez,

considera que determinadas escalas jamais deveriam ser submetidas à análise fatorial.

Ele cita, como exemplo, as medidas ipsativas, pois o fato de cada indivíduo atribuir um

ranking diferente a cada item torna os dados impróprios para o fatoriamento.

Como alternativa, Baron (1996) recomenda o emprego da análise de consistência,

pois ela se apresenta mais robusta com medidas ipsativas, embora ainda seja sujeita a

distorções. No entanto, estas serão menores quanto mais escalas fizerem parte da

medida ipsativa. De um modo geral, Baron coloca que a ipsatividade tem menos

impacto sobre a robustez das escalas do que se poderia temer.

38

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O emprego do formato de escolha forçada adotado no HumanGuide minimizou o

viés da desejabilidade social, ao mesmo tempo em que criou dificuldades para a

realização de análises psicométricas segundo a Teoria Clássica dos Testes. A despeito

das considerações e restrições descritas acima, o HumanGuide foi submetido à análise

fatorial, por ser este um procedimento tradicionalmente adotado no Brasil. Os resultados

obtidos foram analisados com base no exposto, como sugerem McLean e Chisson

(1986), Martinussen, Richardsen e Vårum (2001), que ressaltam a importância de se ter

cuidado ao interpretar resultados provenientes de medidas ipsativas. Cattel e Brennan,

citados por Bimler e Kirkland (2006), também recomendam cautela na análise dos

dados com propriedades ipsativas, como é o caso do HumanGuide, pois qualquer fator

encontrado em dados normativos tende a desaparecer quando os mesmos são

ipsatizados.

A ipsatividade, característica psicométrica do HumanGuide, é, portanto, um

efeito colateral indesejado decorrente da utilização de mecanismos de controle de

diferentes formas de viés de respostas, como o desenvolvimento de testes no formato de

escolha forçada (Bartram,1996). A controvérsia na interpretação das propriedades

psicométricas dos instrumentos de avaliação da personalidade no formato de escolha

forçada é bastante atual, constituindo objeto de debate sobre suas implicações teóricas e

empíricas. Os autores pesquisados apontam que, diante das controvérsias, é preciso

considerar as limitações dos dados ipsativos ao se determinar as propriedades internas

dos instrumentos, uma vez que suas vantagens superam as limitações, quando há risco

de falseamento de resposta devido ao viés da desejabilidade social – preocupação de

Kenmo (2001) na construção do teste HumanGuide (Anastasi, 1975; Anastasi, 2003;

Baron, 1996; Chan, 2003; Chan & Cheung, 2002; Clark & Watson, 1995; Dilchert &

cols., 2006; Greer & Dunlap, 1997; Hammond & Barrett, 1996; Heggestad, 2006;
39

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Heggestad & cols., 2006a, 2006b; McCloy & cols., 2006; McCloy, Waugh & Medsker,

1999; McCloy, Heggestad & Reeve, 2005; Meade, 2004; Price, L. R., 2006; Stark,

Cherneyshenko & Drasgow, 2005; Sydell & Snell, 2003).

40

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Estudos Psicométricos

41

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Os estudos psicométricos realizados com o Teste HumanGuide abrangeram

análise dos itens, análise da estrutura interna, evidências de validade por meio do estudo

de validade convergente com os testes 16PF – Questionário dos 16 Fatores da

Personalidade (Russell & Karol, 2002) e BBT- Teste de Fotos de Profissões (Achtnich,

1991), análise de consistência interna e estudo de fidedignidade por meio do teste-

reteste.

A análise fatorial foi realizada dentro do escopo do estudo de validade e precisão

do HumanGuide, por constituir a aproximação estatística mais importante ao se

demonstrar a validade fatorial (Froman, 2001). Os resultados obtidos não se mostraram

passíveis de análise, como esperado (Baron, 1996; Fronam, 2001, Moreira, 2000), tendo

apresentado fatores artificiais bipolares e contrastantes, com correlações negativas na

matriz de correlação e com eigenvalues muito semelhantes, o que tornou a saturação das

variáveis dos fatores instáveis. No entanto, apesar disso, quando analisados em detalhe e

com base nas considerações sobre dados ipsativos encontradas na literatura pesquisada

(Baron, 1996; Bartram, 2008; Bimler & Kirkland, 2006, Dunlap & Cornwell, 1994;

Froman, 2001; Loo, 1999; McLean e Chisson,1986; Martinussen, Richardsen & cols.,

2001; Moreira, 2000, e interpretados sob a ótica da teoria subjacente ao teste (Achtnich,

1991; Borg, 2001, 2005; Deri, 1949; Gayral, 2006; Lekeuche & Mélon, 1990; Szondi,

1965/1987, 1963/1998, 1972), o resultado da análise fatorial forneceu informações

bastante interessantes sobre a natureza dos agrupamentos presentes em cada

componente obtido e sobre as respectivas características globais, embora estas não

correspondam diretamente às oito dimensões propostas teoricamente, mas a quatro

fatores constituídos, cada qual por fatores polares contrastantes. Em vista do exposto, o

resultado da análise fatorial será discutido com base nas considerações sobre dados

ipsativos dos diferentes autores pesquisados e interpretado sob a ótica szondiana. Como

42

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critério de validade de construto optou-se pela análise da consistência interna, que

constitui uma alternativa proposta por Baron (1996), por ser indicador mais robusto para

este fim quando se trata de dados ipsativos.

A interpretação dos fatores obtidos leva em consideração as propriedades

ipsativas do HumanGuide, demonstrando que os resultados obtidos por meio da análise

fatorial e da validade convergente apresentaram as características descritas na literatura

pesquisada sobre esse tipo de medida. As definições e a conceituação dos fatores

pulsionais de Szondi, consideram as respectivas valências e orientação (centrífuga ou

centrípeta).

Descrição do teste

O Teste HumanGuide é um teste no formato de escolha forçada, cujas respostas

podem ser de três tipos: sim (escolha), não (rejeição) e em branco (neutra). As respostas

assinaladas com “sim” são representadas pelo sinal de mais (+), as respostas assinaladas

como “não” são representadas pelo sinal de menos (-) e as respostas neutras são

assinaladas por zero (0). O resultado obtido no teste resulta da soma das respostas

“sim”, cuja representação gráfica vai de 1 a 9 no lado direito do gráfico de barras

horizontais, e da soma das respostas “não”, com a correspondente representação gráfica

de 1 a 9 no lado esquerdo do gráfico de barras horizontais. Dessa forma, é possível

verificar o número de escolhas e/ou rejeições que incidiu nos itens de cada um dos oito

fatores. Deve-se atentar para o fato de as escolhas neutras resultarem em zero, não

dispondo de representação gráfica. O número de respostas neutras por fator pode ser

calculado a partir da soma do número total de escolhas + e -, sendo que a diferença para

nove (9) corresponde ao número de itens do fator que ficaram em branco. Esse cálculo é

43

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realizado eletronicamente, exigindo apenas a conversão da base de dados no gráfico de

barras por meio de programa específico.

Participantes

Fizeram parte do estudo de validade e precisão do teste HumanGuide, 815 pessoas

de ambos os sexos, com 51,3% de homens (n=418) e 48,7% mulheres (n=397). A idade

média dos participantes do estudo foi de 31,1 anos (dp=8,8), variando de 18 a 60 anos.

A distribuição dos participantes por idade aparece na Figura 1.

140

120

100
Freqüência

80

60

40

20

0
16

21

26

31

36

41

46

51

56
,3

,3

,3

,3

,3

,3

,3

,3

,3
-1

-2

-2

-3

-3

-4

-4

-5

-5
8,

3,

8,

3,

8,

3,

8,

3,

8,
8

Idade
Figura 1. Distribuição dos participantes por idade.
44

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Considerando a escolaridade dos participantes, observou-se maior presença de

profissionais com ensino superior completo (74%), dos quais 22% com curso de pós-

graduação. Apenas 11,7% dos participantes informaram ter somente o ensino médio

completo, sendo que 2,6% ainda o estava cursando. A amostra do estudo contou com a

participação de 11,5% de estudantes universitários e 0,5% de pós-graduandos.

A formação dos participantes concentrou-se na área de humanas (45,9%), com

forte presença da área de exatas (33,4%), e pouca presença da área de biológicas (6,7%).

Sob a rubrica “não informado” foram classificados 13,5% dos participantes, que

deixaram em branco o campo “formação” ou que registraram nele o nome do cargo que

ocupam. A Tabela 3 apresenta a distribuição dos participantes segundo área de

formação e sexo.

Tabela 3 – Distribuição dos participantes considerando formação e sexo.

Sexo Total
Formação
Feminino Masculino

Biológicas 49 6 55

Exatas 79 195 274

Humanas 212 160 376

Não informado 53 57 110

Total 397 418 815

Os profissionais da amostra do estudo são provenientes principalmente de

organizações do segmento de navegação (27,5%) e de tecnologia da informação

(16,2%). Os demais participantes atuam nos segmentos de autopeças (3,7%), jurídico

(3,3%), saneamento público (2,8%), bancário (5,9%), audiovisual (4,6%), logística

(4,6%), educacional (3,0%), saúde (1,7%), químico (2,2%) e construção civil (2,5%),

45

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totalizando 34,3% da amostra. Não foi possível atribuir um ramo de atividade a 7,9%

dos participantes, por se tratar de estudantes ou de desempregados. Os demais

participantes (30,3%) atuam em vários segmentos como aeroespacial, alimentos,

alumínio, aviação comercial, comércio, indústria moveleira, consultoria, prestação de

serviços de diferentes naturezas, mineração, energia, papel e celulose, editorial, radio e

TV, organizações não governamentais, Recursos Humanos, clínico e no serviço público.

A procedência dos participantes concentrou-se no estado de São Paulo (67%),

sendo que 43,2% trabalham na capital, 9% no Grande ABC, 10,6% no interior do estado

e 4,2% no litoral. Também participaram da pesquisa pessoas de outros estados

brasileiros, que atuam nas filiais das empresas contatadas, com maior presença de

participantes de Minas Gerais (6,5%), Santa Catarina (2,3%), Rio Grande do Sul (1,6%)

e Rio de Janeiro (1,2%). Os demais são provenientes dos estados do Amazonas, Bahia,

Ceará, Distrito Federal, Goiás, Pernambuco, Piauí e Paraná, correspondendo a de 0,2%

a 1% dos participantes em cada estado.

Com relação aos cargos ocupados nas diferentes empresas que participaram do

estudo, houve predominância dos cargos de assistente (17,1%), analista (19,4%),

auxiliar (6,7%), coordenador (7,5%), gerente (6,3%), consultor interno ou externo

(3,7%) e diretor (2%), totalizando 54,9%. Há presença de 5,3% de estagiários ou

trainees. Os demais cargos tinham características mais específicas, associadas à tarefa

ou a conhecimentos técnicos, como advogado (2%), psicólogo (1,5%), engenheiro (2%),

técnico (2,2%) e vendedor (1,2%), programador (1,2%) e planejador (1,2%) ou às

características próprias do ramo de atividade. 6,5% dos participantes não informaram o

cargo, por se tratarem de estudantes ou desempregados.

Participaram do estudo de correlação com os testes 16PF e BBT 87 participantes

da amostra total do estudo, 52 do sexo feminino (59,8%) e 35 do sexo masculino

46

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(40,2%), com idade média de 29,4 anos (dp 8,2), variando de 18 a 58 anos. Esses

participantes são provenientes da cidade de São Paulo e trabalham em empresas dos

segmentos de navegação (39%), tecnologia da informação (51,7%) e químico (12,6%).

Participaram do estudo de precisão, por meio de teste-reteste, 61 pessoas de

ambos os sexos, com 56,3% de mulheres (n=35) e 43,7% de homens (n=28). A idade

média dos participantes desse estudo foi de 32,1 (dp=8,9), variando de 18 a 58 anos.

Esses participantes são provenientes de empresas dos segmentos de navegação (62,5%),

tecnologia da informação (26,6%) e outros (7,9%).

Resultado do estudo com a primeira versão em português

A primeira versão informatizada do teste HumanGuide em português foi

aplicada em uma amostra composta por 191 testandos adultos, 51,8 % do sexo

masculino e 48,2% do sexo feminino. Não há informação sobre o nível de escolaridade

ou profissão dessa amostra. O objetivo do primeiro estudo foi verificar o grau de

variabilidade dos 72 itens que compunham a primeira versão em português do

HumanGuide para, se necessário, fazer ajustes. Foi adotado o índice de 27% superior e

inferior da distribuição do critério dos itens, como sugerido por Anastasi (2003).

A análise de variância dos itens da primeira versão em português do

HumanGuide revelou que a atribuição positiva dos itens variava de 5,9% a 94,4%, a

atribuição negativa diferenciava de 0% a 87% e a atribuição neutra de 7% a 43%. Esse

resultado mostrou que havia maior variabilidade na atribuição neutra do que nas

atribuições positiva e negativa. É necessário considerar que os testandos devem atribuir

quatro “sim”, dois “não” e dois “neutro” aos oito itens que compõem cada página do

teste, fazendo com que o total de escolhas positivas, negativas e neutras seja sempre o

47

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mesmo para todos os testandos. Há, portanto, maior probabilidade de atribuição positiva

(sim) aos itens, do que de atribuição negativa (não) ou neutra (em branco).

A análise descritiva dos dados identificou nove itens com baixa variância, ao se

adotar como critério de variância o índice de 73% (Anastasi, 2003). Nessa análise foram

consideradas as características ipsativas do instrumento, caracterizadas pela

interdependência dos itens, ou seja, o fato de a seleção de um item diminuir a

probabilidade dos demais itens serem escolhidos positivamente. Assim, a rejeição ou

neutralidade de um item estava condicionada à probabilidade de atribuição positiva a

quatro itens, fazendo com que a escolha positiva de um item por mais de 73% dos

testandos implique necessariamente na rejeição ou neutralidade do mesmo item por

menos de 27%.

Após a análise da variância dos itens, foram considerados problemáticos aqueles

cuja variância foi inferior a 73% ou que não estivessem em consonância com a temática

subjacente a cada conjunto de itens. Observou-se que havia uma concentração de

escolhas positivas nos itens do fator Qualidade (e+), relativo à participação social por

meio de ações positivas e comprometidas com a ética. Como esse aspecto é bastante

valorizado socialmente, o resultado sugeria que a elevada incidência de atribuição

positiva a esse fator tenha sofrido forte influência da desejabilidade social. Para tornar a

desejabilidade social menos evidente, procedeu-se à reformulação dos itens

considerados problemáticos, buscando acentuar as características de cada fator,

mantendo-os, porém, sempre o mais próximo possível do texto original.

Outro fator que apresentou itens com baixa variabilidade foi Imaginação (p+),

que expressa a expansão do Ego por meio do contato com o novo, da descoberta, da

pesquisa, da busca da solução de problemas, da criatividade e do profundo

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envolvimento com o que faz (Achtnich, 1991). Esse aspecto tem sido muito valorizado

pelas empresas, como condição necessária para lidar com mudanças constantes e com a

imprevisibilidade, exigindo inovação e flexibilidade dos profissionais (Chiavenato,

2005; Drucker, 1999; Franco, 2001; Herzberg, 1993). Os itens com elevado porcentual

de escolha positiva correspondem a essa expectativa. A reformulação desses itens

pretendeu privilegiar a ação criativa e menos a intenção criativa ou a valorização da

capacidade criativa.

Um item do fator Estrutura (k+), que expressa necessidade de ter controle sobre

a realidade, apresentou variância abaixo do esperado, com 76,3% de atribuição positiva

pelos testandos. Dois itens do Vetor Contato (d- e m+) apresentaram variância baixa,

sinalizando necessidade de corresponder a uma expectativa social no sentido da

cooperação grupal e se mostrar quase sempre alegre. As reformulações realizadas

visaram conferir maior ênfase aos aspectos representados pelos itens, aumentando sua

intensidade.

Alguns itens foram muito rejeitados pelos testandos, apresentando, portanto,

baixa variância da atribuição negativa, esta superior a 73%. No Vetor Paroxismal,

houve rejeição de um item do fator Exposição (hy+) por 87,1% dos testandos. Esse item

expressava a necessidade de reconhecimento e de aprovação externa, sugerindo

identificação com a valorização social atribuída a uma atitude mais modesta.

Outros itens foram reformulados, buscando a obtenção de maior

correspondência com o tema de cada página: Página 1 – Comunicação; Página 2 –

Estilo de trabalho; Página 3 – Estilo de liderança; Página 4 – Estresse; Página 5 – Leque

de Recursos; Página 6 – Tomada de decisão; Pagina 7 – Atitude frente à Vida; Página 8

– Atitude frente aos Outros; Página 9 – Expressão Máxima. Os novos itens visaram
49

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contextualizar o fator nesses temas, sendo que os itens da página 9 deveriam servir

como medida de coerência interna, no sentido em que os quatro itens com atribuição

positiva deveriam corresponder aos fatores com maior pontuação positiva.

Análise dos itens da segunda versão em português

A análise de frequência das escolhas positivas, negativas e neutras do conjunto

de itens que compuseram a segunda versão em português do HumanGuide, após a

substituição dos itens problemáticos pelos reformulados, foi feita com base no banco de

dados do estudo de validade e precisão. A análise de frequência revelou que os novos

itens atenderam ao índice de variância proposto por Anastasi (2003), com índice de

escolhas positivas inferior a 73%, exceto seis itens, sendo que todos apresentaram

variância inferior a 80%. Observou-se que os itens relativos ao fator Qualidade (e+),

continuaram apresentando tendência a uma menor variância. Os demais itens que

apresentaram variância relativamente baixa estão associados à aceitação e participação

social.

Análise da estrutura interna

O principal objetivo da investigação da estrutura interna do HumanGuide foi

verificar se as correlações entre os itens se dão em conformidade com o construto

teórico no qual está baseada a interpretação dos escores obtidos por meio deles. Como a

estrutura do HumanGuide é multidimensional, sendo constituída de oito subescalas

correlacionadas, cada qual representando uma dimensão específica do construto

motivação, um importante objetivo desse estudo foi investigar sua estrutura fatorial,

considerando a teoria de Szondi (1972).

As concomitâncias entre os fatores constituintes do teste HumanGuide foram

verificadas por meio da análise de correlação bivariada de Spearman rho. Foram


50

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considerados significantes os valores que obtiveram nível de significância estatística

menor do que 0,05, sendo muito significantes os que obtiveram níveis menores que

0,01. Os valores acima de 0,05 foram considerados estatisticamente não significantes.

As correlações positivas e negativas muito significantes observadas em todos os fatores

do teste podem ser visualizadas na Tabela 4.

Tabela 4. Correlações não-paramétricas bi-caudais de Spearman rho entre os fatores


constituintes do HumanGuide
Sens For Qua Exp Estr Imag Estab Cont
Sensibilidade r - - - - - - - -
p - - - - - - - -
Força r -
- - - - - - -
0,434**
p 0,000 - - - - - - -
Qualidade r -0,045 -0,169 - - - - - -
p 0,677 0,118 - - - - - -
Exposição r -
-0,103 0,081 - - - - -
0,351**
p 0,343 0,455 0,001 - - - - -
Estrutura r - -
0,041 0,307** - - - -
0,386** 0,461**
p 0,000 0,704 0,004 0,000 - - - -
Imaginação r -
0,176 -0,153 0,097 -0,027 - - -
0,333**
p 0,002 0,104 0,158 0,373 0,806 - - -
Estabilidade r - - -
0,053 0,072 0,064 - -
0,455** 0,319** 0,354**
p 0,625 0,000 0,508 0,003 0,553 0,001 - -
Contatos r - - -
0,166 -0,097 0,159 -0,205 -
0,418** 0,513** 0,207
p 0,125 0,370 0,000 0,142 0,000 0,056 0,055 -
** Correlação muito significante ao nível 0,01. * Correlação significante ao nível 0,05.

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Esses resultados mostram que o padrão de associação entre as oito subescalas do

HG (fatores) covariam em magnitude e direção, como esperado, de acordo com a teoria

original de Szondi (1972), considerando suas características ipsativas. A presença ou

ausência do indicador “-” antes dos coeficientes informa se as duas variáveis aumentam

no sentido positivo (ausência do indicador) ou negativo (presença do indicador). As

correlações positivas indicam que quando o valor de uma variável aumenta, o mesmo se

dá com a variável correlacionada a ela. O inverso se dá nas correlações negativas,

indicando que o valor de uma variável aumenta à medida que o valor da variável

correlacionada diminui.

As análises de concomitâncias internas dos fatores que compõem o teste

HumanGuide, considerando-se as correlações identificadas com nível de significância

estatística inferior a 0,05, permitiram verificar a existência de consistência interna, com

predominância de correlações negativas, principalmente entre os fatores com

orientações opostas (centrípetas versus centrífugas), havendo apenas uma correlação

positiva entre fatores centripetais (Qualidade e Estrutura). A associação entre o aspecto

valorativo e ético (Qualidade) com o aspecto normativo (Estrutura) parece

corresponder à formalização de valores sociais enquanto balizadores do comportamento,

favorecendo a adaptação às normas e regras sociais. Essa associação pode ser

interpretada como profissionalismo, comprometimento e senso de responsabilidade,

como sugerido por Achtnich (1991).

Evidência de validade convergente

A fim de verificar a validade do construto do HumanGuide procedeu-se ao

estudo de correlação convergente com os testes 16PF– Questionário dos 16 Fatores da

Personalidade (Russell & Karol, 2002) e BBT - Teste de Fotos de Profissões (Achtnich,

52

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1991). As relações entre essas medidas foram estudadas pela prova de correlação

bivariada de Spearman rho, com nível de significância de 0,05. Foram considerados

significantes os valores que obtiveram nível de significância estatística menor do que

0,05, sendo muito significantes os que obtiveram níveis inferiores a 0,01. Os valores

acima de 0,05 foram considerados estatisticamente não significantes. Posteriormente,

foi realizada análise fatorial heurística com inclusão total dos itens que compõem o teste

HumanGuide.

HumanGuide e 16PF

Ao todo foram identificadas 35 correlações significantes, tanto positivas como

negativas, entre os fatores do HumanGuide e os fatores do 16PF – Questionário dos 16

Fatores da Personalidade (Russell & Karol, 2002), cujas magnitudes são baixas ou

moderadas (<0,5) como previsto, considerando as características ipsativas do teste,

descritas e discutidas na página 34. A Tabela 5 apresenta os valores que tiveram maior

significância na síntese da matriz de correlação entre os fatores do HG e o 16PF.

53

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Tabela 5. Síntese da matriz de correlação entre os fatores do HG e 16 PF (Spearman
rho)
HumanGuide
16PF Sens For Qua Exp Estr Imag Estab Cont
A 0248* -0,276**
Expansividade

E 0,279** -0,299**
Afirmação

F 0,223* -0,294** 0,351** 0,332** -0,223* 0,307**


Preocupação

G 0,257* 0,254* -0,329** 0,231* -0228*


Consciência

H 0,221* -0,267* 0,295** -0,351** 0,223*


Desenvoltura

M -0,219* 0,285**
Imaginação
N 0,298** 0,241* -0,318** 0,250*
Requinte

Q1 0,226* 0,447** -0,438**


Abertura a
novas
experiências
Q2 0,251*
Dependente do
grupo
Q3 0,368** -0,318** 0,390** 0,221* -0,259*
Disciplina

** Correlação muito significante ao nível 0,01. * Correlação significante ao nível 0,05.

Nos fatores que compõem o Vetor Sexual da teoria de Szondi, as correlações

encontradas entre o fator Força e os fatores do 16PF dizem respeito ao aspecto direto,

dominante e afirmativo em diferentes contextos, seja como recurso de autopreservação,

seja como forma de conquistar espaços ou de estabelecer contatos sociais. Foi

observada apenas uma correlação positiva significante do fator Sensibilidade com o

16PF, sugerindo que a empatia está associada à consciência (fator G), enquanto freio

ético. A análise das concomitâncias dos fatores que compõem o Vetor Paroxismal,
54

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Qualidade e Exposição, revelou que estes se correlacionaram com os mesmos fatores do

16PF, porém em polaridades opostas, o que confirma a hipótese de polaridade desses

fatores (Szondi, 1972).

O mesmo foi observado em relação aos fatores que compõem o Vetor do Ego,

Estrutura e Imaginação, com três correlações semelhantes, porém em polaridades

opostas. De uma maneira geral, observou-se que as correlações estabelecidas entre os

fatores Estrutura e Imaginação com os fatores do 16PF estão associadas à polaridade,

adaptação à realidade versus inovação e experimentação, conformidade versus

dissidência, cautela versus experimentação, coincidindo com o construto subjacente

aplicado a diferentes contextos, como atitudes, valores, percepção da realidade e

relações interpessoais (Achtnich, 1991; Borg, 2001; Cattell, 1989; Kenmo, 2005; Núñez

& Alemán, 2006; Russell & Karol, 2002; Szondi, 1972).

Verificou-se que as correlações encontradas referentes ao fator Estabilidade dizem

respeito à seriedade, ensimesmamento, conservadorismo e resistência a mudanças,

enquanto as correlações observadas em relação ao fator Contatos expressam abertura,

alegria, espontaneidade e expansividade.

Levando em conta todas as correlações encontradas entre o HumanGuide e o 16PF,

o fator que apresentou menos correlações foi o Sensibilidade, que diz respeito à

capacidade de empatia, receptividade e disponibilidade para atender e se adaptar às

pessoas, com apenas duas correlações significantes, uma positiva e uma negativa. Há

maior incidência de correlações dos fatores do teste HumanGuide com os fatores F

(Preocupação, Surgência), G (Superego), H (Desenvoltura), N (Requinte) e Q3

(Disciplina) do 16PF, com uma média de cinco correlações encontradas por fator. Os

conteúdos representados por cada um desses fatores do 16PF dizem respeito aos

relacionamentos sociais, à internalização dos valores morais (participação social), ao

55

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enfrentamento de ameaças, às máscaras sociais (aceitação social) e ao contato com a

realidade, procurando manter a congruência entre o Ego ideal e o Ego real,

respectivamente. Os fatores A (Expansividade), E (Dominância), M (Imaginação,

Praxermia), Q1 (Radicalismo) e Q2 (Aderência ao grupo) apresentaram entre duas e três

correlações significantes com o HumanGuide. Os fatores B (Inteligência), C

(Estabilidade emocional), I (Brandura, Premsia e Harria), L (Confiança), O (Apreensão)

e Q4 (Tensão) não apresentaram correlações significantes com nenhum dos fatores do

HumanGuide. Esse resultado coincide com a proposta de Kenmo (2005) ao desenvolver

um teste que privilegiasse o comportamento no contexto organizacional, sem considerar

os aspectos relativos ao dinamismo psíquico, à auto-estima, autoconfiança ou recursos

cognitivos para lidar com a realidade, dimensões estas presentes no 16PF e ausentes no

HG.

Os resultados sugerem que o modus vivendi, ou seja, a forma peculiar de

participação nos diferentes contextos, apreendidos pelo 16PF, pode ser motivado por

fatores de ordem mais profunda, apreendidos pelo HumanGuide. Esses fatores fazem

com que o indivíduo “opte” inconscientemente por um determinado tipo de

comportamento, tendo em vista a satisfação de necessidades profundas. De ordem mais

profunda, tais fatores equivaleriam às necessidades pulsionais que, embora não

conscientes, determinam as escolhas do indivíduo em todas as esferas da sua existência,

inclusive o tipo de comportamento adotado e a atitude frente ao meio. Assim, embora as

dimensões apreendidas pelo 16PF não sejam diretamente as mesmas apreendidas pelo

HumanGuide, a orientação dos fatores do 16PF coincide com a orientação presente na

dimensão (fator) correspondente. Dessa forma, a necessidade de expansão do eu por

meio do contato com o novo e o desconhecido, apreendido no HumanGuide, aparece no

16PF nos fatores referentes à inovação, experimentação, radicalismo e dissidência, por

56

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exemplo, podendo ser compreendidos como manifestações diferentes ou em diferentes

contextos de uma mesma necessidade pulsional. Em outras palavras, o HG indica a

necessidade e o 16PF aponta formas de satisfação dessa necessidade e esses resultados

podem ser interpretados como evidência de validade.

HumanGuide e BBT

O estudo verificou se haveria correspondência entre o HumanGuide e o BBT –

Teste de Fotos de Profissões (Achtnich, 1991), uma vez que ambos se baseiam na

mesma teoria, por meio de investigações das concomitâncias entre os fatores

constituintes do teste HumanGuide e os fatores primários do BBT.

Ao todo foram identificadas nove correlações significantes, tanto positivas como

negativas, entre os fatores do HumanGuide e os fatores do BBT. As magnitudes se

mostraram baixas ou moderadas (<0,5) como previsto, considerando as características

ipsativas do teste, descritas e discutidas na página 34. A Tabela 6 apresenta todos os

valores das correlações na matriz de correlação entre os fatores do HG e o BBT.

57

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Tabela 6. Correlação de Spearman rho bi-caudal entre os testes HG e BBT

HumanGuide

BBT Vetor Sexual Vetor Paroxismal Vetor do Ego Vetor do Contato

Sens For Qual Exp Estr Imag Estab Cont

W r 0,066 -0,041 -0,005 0,239* -0,166 -0,130 0,054 0,043

p 0,542 0,708 0,967 0,026 0,125 0,231 0,617 0,691

K r -0,136 -0,007 -0,200 0,121 -0,037 0,200 0,023 0,055

p 0,209 0,949 0,063 0,265 0,735 0,064 0,835 0,616

S r -0,033 0,117 0,241* 0,029 0,039 0,143 -0,242* -0,163

p 0,762 0,279 0,024 0,788 0,720 0,187 0,024 0,132

Z r 0,002 0,011 0,205 0,255* -0,147 0,017 -0,219* 0,057

p 0,983 0,920 0,057 0,017 0,173 0,874 0,042 0,599

V r -0,032 -0,134 0,254* -0,043 0,191 -0,023 -0,050 -0,089

p 0,765 0,214 0,018 0,693 0,077 0,834 0,645 0,415

G r 0,016 -0,115 0,082 0,101 0,008 0,139 -0,041 -0,048

p 0,880 0,288 0,451 0,350 0,939 0,198 0,705 0,656

M r -0,027 -0,189 -0,010 0,076 -0,045 0,046 0,112 0,067

p 0,805 0,079 0,928 0,484 0,682 0,672 0,303 0,540

O r 0,103 0,016 -0,039 0,206* -0,117 0,015 -0,334** 0,235*

p 0,343 0,886 0,719 0,055 0,282 0,889 0,002 0,029

** Correlação muito significante ao nível 0,01. * Correlação significante ao nível 0,05.

Não foram observadas correlações significantes positivas ou negativas entre os

fatores que correspondem ao Vetor Sexual na teoria de Szondi (1975), Sensibilidade e

Força, e qualquer um dos fatores primários do BBT. Esse fato provavelmente se deve a

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diferenças de conteúdo dos estímulos de ambos os testes. No BBT, as fotos relativas ao

fator W apresentam predominância de fotografias com crianças ou que representam

situações de intimidade física e psicológica. No HumanGuide, por sua vez, os itens

referentes ao fator Sensibilidade expressam uma atitude receptiva, empática e disposta a

se adaptar às necessidades do outro, com apenas um item em que o conteúdo expressa

necessidade de contato físico.

Já em relação ao fator K do BBT, as fotos que o representam trazem imagens de

pessoas talhando ou quebrando pedras, lutando fisicamente com outras pessoas,

carregando peso ou empregando a força física ou psicológica. Os itens do fator Força

do HumanGuide, por sua vez, expressam assertividade, iniciativa, proatividade e formas

mais sublimadas de canalizar a agressividade (Achtnich, 1991; Szondi, 1972).

Os fatores correspondentes ao Vetor Paroxismal, Qualidade e Exposição,

apresentaram correlação positiva significante com fatores correspondentes do BBT, S e

Z, respectivamente, confirmando o construto teórico subjacente. Também se observou a

correlação positiva significante entre o fator Qualidade e o fator V, que expressa

objetividade, adaptação a normas e regras, com necessidade de disciplina e foco. A

correlação desses fatores sugere que pessoas com acentuado senso de responsabilidade

tendem a exercer forte controle sobre si, no sentido da autodisciplina, pontualidade e

exatidão. Essa correlação coincide com a correlação positiva também encontrada entre

os fatores Qualidade e Estrutura na análise da estrutura interna do HumanGuide.

A correlação positiva significante observada entre o fator Exposição e o fator W

(ternura, receptividade) aponta para a associação entre a sensibilidade tátil e afetiva,

expressa pela necessidade de tocar e de prestar serviços, caracterizada pelo fator W,

com a sensibilidade estética, que apresenta a necessidade de ver e expor, de atender às

expectativas externas, caracterizada pelo fator Exposição (Achtnich, 1991). Essa

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correlação sugere adaptação à demanda externa, seja ela necessidade ou expectativa do

meio ambiente.

Foi encontrada uma correlação marginalmente significante entre o fator

Exposição e o fator O (Oralidade) do BBT, que expressa a necessidade de ter contato

com muitas pessoas, comunicando-se com elas (Achtnich, 1991). A correlação

encontrada, embora marginal, aponta ao construto, na medida em que o contato com

pessoas propicia situações que favorecem a exposição e o reconhecimento externo.

Quando há público, é possível expor e mostrar, na expectativa de obter reconhecimento.

Nos fatores correspondentes ao Vetor do Ego, na teoria de Szondi (1972) não se

encontraram correlações significantes entre os fatores Estrutura e Fator V e os fatores

Imaginação e Fator G, o que pode ser atribuído a diferenças de conteúdo dos estímulos

dos dois testes. Enquanto no BBT as fotos relativas ao fator V representam pessoas

manuseando máquinas e equipamentos de precisão ou de medida, os itens do fator

Estrutura do HumanGuide expressam uma atitude disciplinada, metódica e sistemática.

O mesmo acontece em relação ao fator G do BBT, cujas fotos representam pessoas

desenvolvendo atividades artísticas ou de pesquisa, com forte conotação intelectual ou

científica. Já o conteúdo dos itens do fator Imaginação do HumanGuide denotam

abertura para novas experiências, flexibilidade e afinidade com situações que

demandam a solução criativa de problemas.

O estudo realizado por Leitão (1984) mostrou que há correlação do BBT com

versões do mesmo teste usando indutores verbais, quando os itens apresentam igual

conteúdo. No caso específico do estudo de correlação do HumanGuide com o BBT,

apesar de ambos os instrumentos estarem fundamentados na mesma teoria, a diferença

de conteúdo dos itens (frases e fotos, respectivamente), seria uma explicação para a

ausência de determinadas correlações, verificada em certos fatores.

60

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Considerando o Vetor do Contato (Szondi, 1975), foram observadas correlações

negativas significantes entre o fator Estabilidade e o fator S. Enquanto o fator

Estabilidade enuncia pragmatismo, necessidade de continuidade e apego à tradição,

com características mais sedentárias e estáveis, o fator S de Achtnich (1991) revela,

além do senso de responsabilidade descrito acima, caracterizado como SH, a

necessidade de mobilidade e autonomia, afinidade com diferentes formas de energia e

com o movimento associados a elas, denominada de SE. Essa correlação negativa

sugere que pessoas com pontuação elevada no fator S sentem necessidade de se deslocar

e de se movimentar, de assumir responsabilidade sobre si e de correr risco, contrariando

a necessidade de segurança e estabilidade, expressa pelo fator Estabilidade do

HumanGuide. A correlação negativa significante entre o fator Estabilidade e o fator Z

sugere que indivíduos com escores elevados no fator Z estejam mais voltados para o

momento presente, para o aqui e agora, para o impacto momentâneo, característico do

que é efêmero e virtual, para a imagem de uma maneira geral (Achtnich, 1991). Tal

tendência contraria a orientação para o passado e para a origem das coisas, com

tendência conservadora, característica de Estabilidade (Achnich, 1991; Kenmo, 2005).

Embora essas correlações não sejam esperadas, não há incompatibilidade entre elas na

perspectiva do construto, ficando caracterizada a polaridade conceitual entre os fatores

S / Qualidade e Z / Exposição, respectivamente.

Foi observada correlação negativa muito significante entre o fator Estabilidade e o

fator O, oralidade, coincidindo com o construto subjacente a esses fatores, pois

correspondem aos fatores polares do Vetor do Contato (Szondi, 1972). Escores elevados

no fator Estabilidade associados a escores baixos no fator O sugerem seriedade e

sisudez, com tendência mais melancólica e voltada para a manutenção e conservação.

Ao contário de leveza, descontração e busca de contatos, próprios do fator O, quando na

61

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polaridade positiva (Achtnich, 1991; Szondi, 1972). Por fim, foi observada correlação

positiva significante entre o fator Contatos e o fator O, ambos relativos à sociabilidade e

comunicação oral, confirmando o construto teórico dos testes.

Em síntese, foram confirmadas as correspondências conceituais entre o

HumanGuide e o BBT nos fatores Qualidade, Exposição, Estabilidade e Contatos.

Considerando a diversidade dos estímulos nas fotos relativas aos fatores W e K no BBT

(Achtnich, 1991) e nos itens relativos aos fatores Sensibilidade e Força no

HumanGuide, é possível atribuir a essas diferenças a divergência nos resultados. Os

resultados obtidos na análise das concomitâncias mostraram que os fatores Qualidade e

Fator Sh; Exposição e Fator Z, Contatos e Fator O, no HumanGuide e BBT

respectivamente, expressam de maneira semelhante o construto latente dessas

dimensões, apesar das limitações decorrentes das diferenças entre as características dos

estímulos do HumanGuide e do BBT. As demais correlações observadas foram

coerentes no que diz respeito à orientação centrífuga ou centrípeta dos fatores,

evidenciando a validade de construto referente à polaridade dos fatores. A ausência de

correlações nos demais fatores pode ser decorrente de diferenças relativas aos conteúdos

expressos nos itens, como descrito anteriormente. A baixa magnitude presente nas

correlações se deve à característica ipsativa do instrumento.

Análise fatorial e análise de consistência interna

Na análise fatorial foi utilizado o método de extração dos componentes principais

com análise da matriz de correlação. Empregou-se rotação Varimax, com convergência

na sétima rotação. A carga dos fatores foi obtida por meio do Método de Regressão,

sendo que a matriz de fatores foi obtida após a sétima iteração. A primeira análise

determinou o número de componentes a serem utilizados para explicar a variabilidade

62

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dos itens. O gráfico scree (scree plot) demonstra a distribuição da variância observada

entre os componentes. Com base nele (Figura 2), observa-se que a variação dos

autovalores decresce suavemente (a curva torna-se “flat” ou “smooth”) após o quarto

componente, indicando que depois dele os demais componentes contribuem muito

pouco para explicar a variância. Portanto, eles podem ser descartados. Esse resultado

sugere que a solução de quatro componentes seria a adequada para explicar a variância

dos itens do HumanGuide, ou seja, os 72 itens do teste seriam reduzidos a quatro

componentes, caso se tratasse de dados normativos, como será discutido adiante.

4
Autovalores

-1
41

46
6

21

26

31

36

51

56

61

66

71
1

11

16

Número do componente

Figura 2. Gráfico scree dos autovalores de cada componente

Segundo a Teoria Clássica dos Testes, os quatro componentes obtidos após

rotação Varimax explicariam respectivamente 6,7%, 6,0%, 5,2% e 4,7% da

variabilidade, acumulando 22,6% da variabilidade total explicada, conforme descrito na

tabela 7. No entanto, como se trata de dados ipsativos, esses resultados devem ser

relativizados.

63

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Tabela 7 - Total da variância explicada dos componentes do teste HumanGuide
após a rotação Varimax
Porcentagem Porcentagem
Componentes acumulada
1 6,7 6,7

2 6,0 12,7
3 5,2 17,9

4 4,7 22,6

As cargas dos componentes dos quatro fatores extraídos serão apresentadas e

discutidas a seguir, compreendendo os respectivos itens ordenados decrescentemente,

de acordo com o módulo do valor da carga.

Uma das características da análise fatorial é que nela são extraídos fatores por

ordem decrescente a partir dos autovalores (eigenvalue). Quando dois ou mais fatores

apresentam valores muito semelhantes, estes são passíveis de extração em ordens

diferentes, nas sucessivas amostras de bootstrap. Em se tratando de magnitudes

idênticas, pequenas variações aleatórias tendem a dar primazia ora a um, ora a outro

fator. Essa instabilidade na ordem de extração dos fatores criou uma aparente

instabilidade nas saturações das variáveis dos fatores, pois os fatores foram

automaticamente agrupados pelo número de ordem para o cálculo da média do erro

padrão das saturações (Moreira, 2000). Esse fenômeno já era esperado, tendo sido

observado no HumanGuide, independentemente da valência positiva ou negativa dos

itens agrupados em um determinado componente, como pode ser observado nas tabelas

8, 9, 10 e 11 (a seguir).

Dunlap e Cornwell (1994), analisando o impacto da análise fatorial sobre dados

ipsativos, destacam que a ipsatividade produz fatores artificiais bipolares, os quais

obscurecem qualquer correlação entre as medidas. Baron (1996) também adverte que a

64

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análise fatorial é problemática com medidas ipsativas, pois a ipsatividade cria

correlações negativas na matriz de correlação, distorcendo qualquer estrutura fatorial,

pois esta resulta em fatores bipolares contrastantes. Como previsto, esse fenômeno foi

observado nos resultados da análise fatorial do HumanGuide e também pode ser

verificado nas tabelas 8, 9, 11 e 11.

Embora os autores pesquisados examinem que o agrupamento de fatores polares

contrastantes nos diferentes componentes seja artificial, verificou-se que os fatores

obtidos após rotação Varimax apresentam correlação negativa entre itens com

orientação oposta (centrípeta e centrífuga), como esperado e descrito na teoria de

Szondi. Isso foi observado considerando as valências positivas e negativas na matriz de

correlação dos itens constituintes do teste. Segundo a teoria de Szondi, cada vetor

pulsional é constituído de dois fatores polares, cujas valências expressam a direção, que

pode ser centrípeta (negativa) ou centrífuga (positiva). Dessa forma, é esperado que

escolhas positivas (sim) dos itens relativos aos fatores centrípetos se correlacionem com

escolhas negativas (não) dos fatores centrífugos polares correspondentes.

65

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Tabela 8- Matriz fatorial do primeiro componente

Posição Item Carga


1 d37 -0,615
2 d47 -0,595
3 p26 0,484
4 s84 0,483
5 d88 -0,482
6 p66 0,468
7 p74 0,468
8 d94 -0,440
9 d78 -0,432
10 d24 -0,411
11 k23 -0,390
12 h56 -0,385
13 hy98 0,384
14 hy53 0,371
15 hy16 0,366
16 p57 0,358
17 p36 0,352
18 d55 -0,311
19 p48 0,301
20 d17 -0,294
21 m58 0,267

Fizeram parte do primeiro componente os fatores Estabilidade na polaridade

negativa (itens d37, d47, d88, d94, d78, d24, d55, d17), Imaginação na polaridade

positiva (itens p26, p74, p66, p57, p36, p48), com presença moderada de Exposição na

polaridade positiva (hy98, hy53 e hy16). Houve incidência baixa de Estrutura na

polaridade negativa (k23), Força na polaridade positiva (s84), Sensibilidade na

polaridade negativa (h56) e Contatos na polaridade positiva (m58). Nesse componente

observaram-se correlações negativas entre os itens com orientação centrífuga e

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centrípeta, como entre os itens dos fatores centrípetos Estabilidade e Estrutura e os

demais itens dos fatores centrífugos presentes nesse componente.

O resultado correspondeu ao fenômeno descrito na literatura sobre análise fatorial

de medidas ipsativas. A característica ipsativa do HumanGuide criou, como esperado,

correlações negativas na matriz de correlação, distorcendo, portanto, a estrutura fatorial,

uma vez que esta resultou em fatores artificiais bipolares contrastantes (Baron, 1996;

Dunlap & Cornwell, 1994). O mesmo fenômeno pode ser observado na matriz fatorial

dos três outros componentes obtidos (Tabelas 9, 10 e 11), apresentados a seguir.

Tabela 9 - Matriz fatorial do segundo componente

Posição Item Carga


22 k44 0,494
23 m92 -0,482
24 m18 -0,471
25 m85 -0,468
26 hy41 -0,455
27 k72 0,438
28 m46. -0,435
29 m71 -0,432
30 m25 -0,413
31 e43 0,398
32 hy28 -0,395
33 k95 0,394
34 k86 0,382
35 e91 0,369
36 k34 0,360
37 k14 0,352
38 m38 -0,314
39 e12 0,307
40 k54 0,289
41 h68 -0,204

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Neste componente houve maior incidência dos fatores Contatos na polaridade

negativa (itens m92, m18, m85, m46, m71, m25, m38), Estrutura na polaridade positiva

(k44, k72, k95, k86, k34, k14, k54) e Qualidade na polaridade positiva (e43, e91 e e12).

Houve incidência baixa de Exposição na polaridade negativa (hy41 e hy28) e

Sensibilidade na polaridade negativa (h68). As correlações negativas observadas foram

entre itens com orientação centrífuga (Contatos e Exposição) e centrípeta (Estrutura,

Qualidade e Sensibilidade).

Tabela 10 – Matriz fatorial do terceiro componente


Posição Item Carga
42 hy 75 -0,534
43 h82 0,498
44 m61 0,475
45 hy87 -0,439
46 h13 0,439
47 hy33 -0,437
48 e51 0,416
49 h31 0,406
50 s35 -0,397
51 d67 0,353
52 e77 0,350
53 hy64 -0,308
54 h21 0,294
55 s52 -,0282
56 e22 0,259
57 h76 0,255

No terceiro componente houve maior incidência dos fatores Exposição na

polaridade negativa (itens hy75, hy87, hy33, hy64), Sensibilidade na polaridade positiva

(h82, h13, h31, h21, h76), Qualidade na polaridade positiva (e51, e77, e22), com

presença marginal de Força na polaridade negativa (s35, s52), Estabilidade na

polaridade positiva (d67) e Contatos na polaridade positiva (m61). As correlações

68

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negativas examinadas foram, mais uma vez, entre itens com orientação centrífuga

(Exposição e Força) e centrípeta (Qualidade, Estabilidade e Sensibilidade), com

exceção do item m61 que aparece na polaridade positiva, em oposição aos itens de

mesma orientação, que comparecem na polaridade negativa (Exposição e Força).

Tabela 11 – Matriz fatorial do quarto componente

Posição Item Carga


58 s73 0,517
59 s42 0,479
60 p15 -0,474
61 k65 0,441
62 h45 -0,434
63 s62 0,388
64 s 11 0,373
65 p93 -0,370
66 e32 0,368
67 e83 0,348
68 p81 -0,327
69 s96 0,317
70 e63 0,300
71 h97 -0,289
72 s27 0,222

Neste componente apareceram correlacionados os fatores Força na polaridade

positiva (itens s73, s42, s62, s11, s96, s27), Imaginação na polaridade negativa (p15,

p81, p93), Sensibilidade na polaridade negativa (h45, h97) e Qualidade na polaridade

positiva (e32, e83, e63). Não foram observadas correlações negativas entre itens de

fatores com orientações opostas.

Os componentes extraídos por meio de rotação Varimax para dados normativos,

podem ser mais bem visualizados na Tabela 12, na qual se observa a presença de fatores
69

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bipolares contrastantes, como descrito por Baron (1996), Dunlap e Cornwell (1994). Os

fatores bipolares são representados pela correlação negativa dos itens com orientações

opostas, ou seja, itens referentes aos fatores centrífugos e centrípetos, segundo a teoria

de Szondi. Os fatores do HumanGuide com presença marginal em cada um dos

componentes aparecem entre parêntesis. Os componentes obtidos por meio da análise

fatorial correspondem, assim, a fatores artificiais, resultantes de correlações bipolares.

Eles são considerados não passíveis de interpretação, segundo a Teoria Clássica dos

Testes.

Tabela 12 – Síntese dos componentes do HumanGuide


Fatores HumanGuide
Componentes Orientação centrífuga Orientação centrípeta
Pólo positivo Pólo negativo Pólo positivo Pólo negativo
1 Imaginação Estabilidade
Exposição (Estrutura)
(Força) (Sensibilidade)
(Contatos)
2 Contatos Estrutura
(Exposição) (Qualidade)
(Sensibilidade)

3 (Contatos) Exposição Sensibilidade


(Força) Qualidade
(Estabilidade)

4 Força Imaginação Qualidade Sensibilidade

Ao analisar os resultados a partir das medidas ipsativas do HumanGuide, por meio

da aplicação de procedimentos estatísticos que pressupõem dados normativos,

observou-se que estes não corresponderam ao esperado dentro da perspectiva da Teoria

Clássica dos Testes, prejudicando a interpretação dos mesmos sob essa ótica, embora

70

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tenham se apresentado como esperado por serem dados ipsativos. A distorção

encontrada explica o fato de os autores consultados serem unânimes ao afirmar que

dados ipsativos não devem ser submetidos à análise fatorial (Bartram, 2008; Baron,

1996; Dunlap & Cornwell, 1994; Froman, 2001; Loo, 1999), pois estes apresentam

muitas dificuldades quando submetidos a análises estatísticas que pressupõem uma

distribuição normal das respostas, por afetar as propriedades psicométricas do teste

(Baron, 1996; Chan, 2003; Chan & Cheung, 2002; Hammond & Barrett, 1996;

Heggestad, 2006; Heggestad & cols., 2006a, 2006b; Karpatschof & Elkær, 2000;

McCloy, Waugh & Medsker, 1999; McCloy, Heggestad & Reeve, 2005, Meade, 2004;

Price, L. R., 2006), fenômeno confirmado no estudo de validade do HumanGuide.

Baseado nas observações e sugestões de Baron (1996), o HumanGuide foi

submetido à análise de consistência interna, como alternativa para a análise fatorial e

como evidência de validade de construto. Como o construto latente do HumanGuide é

multidimensional, a análise de consistência interna teve por objetivo verificar o quão

homogêneos são os itens que compõem cada uma das oito subescalas ou dimensões do

teste. Idealmente, os itens que compõem cada subescala deveriam ter correlação

moderada ou alta entre si. Os resultados obtidos se mostraram bastante positivos por

tratar-se de medidas ipsativas (Tabelas 13, 14, 15 e 16).

A estrutura latente do HumanGuide é representada teoricamente por oito fatores,

segundo a teoria de Szondi (1975): Sensibilidade, Força, Qualidade, Exposição,

Estrutura, Imaginação, Estabilidade e Contatos. A consistência interna de cada fator foi

calculada mediante correlações entre cada item e o total de pontos em cada subescala a

que pertence (fator), apresentadas nas Tabelas 6, 7, 8 e 9. A interpretação dos efeitos

práticos da magnitude dos coeficientes de correlação considerou os seguintes

parâmetros: 1) coeficientes abaixo de 0,35 (em valores absolutos) refletem baixo nível

71

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de associação; 2) coeficientes entre 0,35 e 0,65 (em valores absolutos) refletem

associação moderada; 3) coeficientes acima de 0,65 (em valores absolutos) expressam

forte associação.

Tabela 13 - Correlação entre item e escore total nos fatores Sensibilidade e Força

Sensibilidade Força
Item Item
h13 0,376(**) s11 r 0,317(**)
p 0,000 p 0,000
h21 r 0,360 (**) s27 r 0,282(**)
0,000 p 0,000
h31 r 0,477(**) s35 r 0,472(**)
p 0,000 p 0,000
h45 r 0,545(**) s42 r 0,582(**)
p 0,000 p 0,000
h56 r 0,323(**) s52 r 0,368(**)
p 0,000 p 0,000
h68 r 0,384(**) s62 r 0,586(**)
p 0,000 p 0,000
h76 r 0,489(**) s73 r 0,510(**)
p 0,000 p 0,000
h82 r 0,479(**) s84 r 0,560(**)
p 0,000 p 0,000
h97 r 0,492(**) s96 r 0,524(**)
p 0,000 p 0,000
** Correlação muito significativa ao nível 0,01.

72

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Tabela 14 - Correlação entre item e escore total nos fatores Qualidade e Exposição

Qualidade Exposição
e12 r 0,408(**) hy16 r 0,428(**)
p 0,000 p 0,000
e22 r 0,407(**) hy28 r 0,484(**)
p 0,000 p 0,000
e32 r 0,371(**) hy33 r 0,549(**)
p 0,000 p 0,000
e43 r 0,499(**) hy41 r 0,239(**)
p 0,000 p 0,000
e51 r 0,287(**) hy53 r 0,375(**)
p 0,000 p 0,000
e63 r 0,251(**) hy64 r 0,372(**)
p 0,000 p 0,000
e77 r 0,248(**) hy75 r 0,638(**)
p 0,000 p 0,000
e83 r 0,464(**) hy87 r 0,625(**)
p 0,000 p 0,000
e91 r 0,427(**) hy98 r 0,477(**)
p 0,000 p 0,000
** Correlação muito significativa ao nível 0,001.

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Tabela 15 - Correlação entre item e escore total nos fatores Estrutura e Imaginação

Estrutura Imaginação
k14 r 0,396(**) p15 r 0,347(**)
p 0,000 p 0,000
k23 r 0,470(**) p26 r 0,404(**)
p 0,000 p 0,000
k34 r 0,528(**) p36 r 0,444(**)
p 0,000 p 0,000
k44 r 0,426(**) p48 r 0,513(**)
p 0,000 p 0,000
k54 r 0,431(**) p57 r 0,439(**)
p 0,000 p 0,000
k65 r 0,264(**) p66 r 0,511(**)
p 0,000 p 0,000
k72 r 0,453(**) p74 r 0,448(**)
p 0,000 p 0,000
k86 r 0,547(**) p81 r 0,445(**)
p 0,000 p 0,000
k95 r 0,583(**) p93 r 0,443(**)
p 0,000 p 0,000
** Correlação muito significativa ao nível 0,001.

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Tabela 16 - Correlação entre item e escore total nos fatores Estabilidade e Contatos
Estabilidade Contatos
d17 r 0,425(**) m18 r 0,530(**)
p 0,000 p 0,000
d24 r 0,461(**) m25 r 0,406(**)
p 0,000 p 0,000
d37 r 0,628(**) m38 r 0,445(**)
p 0,000 p 0,000
d47 r 0,603(**) m46 r 0,484(**)
p 0,000 p 0,000
d55 r 0,428(**) m58 r 0,340(**)
p 0,000 p 0,000
d67 r 0,421(**) m61 r 0,201(**)
p 0,000 p 0,000
d78 r 0,505(**) m71 r 0,534(**)
p 0,000 p 0,000
d88 r 0,567(**) m85 r 0,602(**)
p 0,000 p 0,000
d94 r 0,522(**) m92 r 0,571(**)
p 0,000 p 0,000
** Correlação muito significativa ao nível 0,001.

Todas as 72 correlações calculadas foram significativas ao nível de 0,001. Sete

valores apresentaram magnitudes entre 0,20 e 0,30, refletindo associação fraca entre os

itens e as escala da qual fazem parte. No fator Qualidade houve concentração de três

deles, embora o nível de significância tenha se mantido menor do que 0,001. Os demais

itens apresentaram correlações item-fator moderadas, entre 0,30 e 0,60, o que é bastante

expressivo considerando as características ipsativas do teste (McCloy& cols. 2006;

Meade, 2004; Price, 2006), que tendem a diminuir os valores devido à forte presença de

intercorrelações inter-itens (Clark e Watson, 1995; Greer & Dunlap, 1997; Kayes,

2006).

A consistência interna de cada um dos fatores do HumanGuide foi avaliada

mediante valores de alfa (Cronbach), conforme pode ser observado na Tabela 17.

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Tabela 17 - Coeficientes alfa de Cronbach para os oito fatores do HumanGuide

Fator Alfa de Cronbach Alfa de Cronbach


Padronizado
Sensibilidade 0,421 0,397
Força 0,570 0,561
Qualidade 0,279 0,317
Exposição 0,581 0,571
Estrutura 0,548 0,460
Imaginação 0,506 0,518
Estabilidade 0,642 0,650
Contatos 0,571 0,562

Os valores de alfa (Cronbach) de cada escala estão acima de 0,50, exceto nos

fatores Qualidade (0,279) e Sensibilidade (0,421). Tendo em conta que nos testes

ipsativos os valores dos coeficientes médios de correlação inter-itens são menores

quando comparados aos testes normativos, já era esperado que estes se mostrassem

abaixo dos valores citados na literatura para testes normativos, pois a ipsatividade afeta

as propriedades psicométricas do teste (Clark & Watson, 1995). Como o alfa é

parcialmente condicionado à correlação inter-item quando as respostas são

condicionalmente dependentes umas das outras, no caso dos inventários de escolha

forçada, o valor do alfa será puxado para baixo, proporcionalmente ao número de itens

que compõe cada escala (Clark & Watson, 1995; Greer & Dunlap, 1997; Kayes, 2006;

McCloy & cols, 2006; Meade, 2004).

Outro aspecto a ser considerado refere-se à amplitude dos construtos subjacentes a

cada escala, os quais são bastante amplos como, por exemplo, princípio feminino

(Sensibilidade), princípio masculino (Força) e ética (Qualidade). Como os valores de

alfa obtidos estão abaixo dos valores esperados para dados normativos, estes devem ser

relativizados em virtude das propriedades ipsativas do HumanGuide e da amplitude dos

conceitos apreendidos por cada escala (Clark & Watson, 1995; Greer & Dunlap, 1997;

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Kayes, 2006; McCloy & cols, 2006; Meade, 2004). Assim, os valores de alfa obtidos no

HumanGuide podem ser aceitos como evidência de consistência interna e de construto.

Os autores pesquisados colocam que, diante das controvérsias existentes quanto à

interpretação apropriada das propriedades psicométricas dos instrumentos de avaliação

da personalidade no formato de escolha forçada, devem-se considerar as limitações dos

dados ipsativos ao se determinar as propriedades internas dos instrumentos, uma vez

que suas vantagens superam suas limitações quando há risco de falseamento de resposta

devido ao viés da desejabilidade social – preocupação de Kenmo (2001), autor do

HumanGuide (Anastasi, 1975; Anastasi, 2003; Baron, 1996; Chan, 2003; Chan &

Cheung, 2002; Clark & Watson, 1995; Dilchert & cols., 2006; Greer & Dunlap, 1997;

Hammond & Barrett, 1996; Heggestad, 2006; Heggestad & cols., 2006a, 2006b;

McCloy & cols., 2006; McCloy, Waugh & Medsker, 1999; McCloy, Heggestad &

Reeve, 2005; Meade, 2004; Price, L. R., 2006; Stark, Cherneyshenko & Drasgow, 2005;

Sydell & Snell, 2003). No caso específico do HumanGuide, os resultados obtidos na

análise fatorial e na análise de consistência interna corresponderam ao descrito na

literatura consultada.

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Evidência de fidedignidade

Teste-Reteste

A análise de fidedignidade por meio do reteste verificou a estabilidade dos

resultados do Teste HumanGuide ao longo do tempo, mediante a aplicação do mesmo

teste nas mesmas pessoas após um período de tempo, permitindo avaliar a magnitude da

influência de fontes de erros aleatórias (ruído). O intervalo considerado apropriado para

a realização do reteste depende da estabilidade das variáveis que determinam a medida,

sendo que o intervalo típico adotado nesse tipo de análise costuma ser de algumas

semanas. A redução do intervalo entre as aplicações tende a reduzir o efeito da

instabilidade temporal sobre as correlações do reteste, pois diminui a quantidade de

variação entre as aplicações (Garson, 1998/2007; Heise, 1969). No estudo da precisão

do HumanGuide foi adotado o intervalo superior a um ano. Buscou-se, assim, diminuir

o efeito da experiência sobre os resultados, pois os participantes poderiam dar respostas

levando em conta a primeira aplicação. Também se considerou o construto do teste,

segundo o qual os traços da personalidade são relativamente estáveis.

O reteste foi realizado com um intervalo médio de 14,5 meses (dp=0,8) entre a

primeira e a segunda aplicação on-line, com um intervalo mínimo de 13 meses e

máximo de 17 meses com os participantes descritos anteriormente. Para investigar a

precisão dos oito fatores do instrumento, foi utilizado o Alfa de Cronbach, cujo valor

padronizado também é conhecido como Coeficiente de Spearman-Brown, e representa

uma medida de não conformidade das variâncias entre itens pareados. Os resultados

dessa análise estão na Tabela 18.

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Tabela 18. Índice de precisão por fatores

Coeficiente de
Fator Alfa de Cronbach Sperman-Brown

Sensibilidade 0,74 0,74


Força 0,84 0,84
Exposição 0,87 0,87
Qualidade 0,62 0,63
Estrutura 0,79 0,80
Imaginação 0,82 0,83
Estabilidade 0,75 0,75
Contatos 0,80 0,80

Os índices de precisão foram considerados bons para cinco dos oito fatores

(Força, Exposição, Estrutura, Imaginação e Contatos), que variaram entre 0,80 e 0,87.

Os fatores Sensibilidade e Estabilidade apresentaram índices de precisão adequados,

entre 0,74 e 0,75, sendo que apenas o fator Qualidade revelou precisão moderada de

0,63. Tendo em vista o intervalo de tempo superior a um ano entre as aplicações e a

natureza ipsativa do questionário, os resultados podem ser considerados ótimos

indicadores de precisão do instrumento.

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Normas

80

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Aplicação

Para poder fazer o teste, o respondente receberá um email-convite (criptografado)

contendo um link exclusivo que permitirá sua entrada no sistema HumanGuide. O

convite terá sido enviado por um psicólogo licenciado e cadastrado no site do teste,

www.humanguide.com.br. Ao entrar no sistema, primeiramente serão apresentadas as

condições para realização do teste e o termo de confidencialidade ao respondente. Após

o seu consentimento, será apresentada uma tela com os dados pessoais do respondente

(nome, data de nascimento, sexo, escolaridade e formação), para que sejam corrigidos

e/ou complementados. Após a confirmação do cadastro, avança-se para a primeira de

nove telas, com oito opções de escolha cada, dando início ao teste propriamente dito. O

tempo médio necessário para responder a todas as páginas do questionário on-line é de

10 minutos. O tempo máximo permitido para a responder a todas as questões é de 20

minutos. Caso esse limite seja ultrapassado, a aplicação será interrompida

automaticamente, obrigando o respondente a reiniciar o procedimento. Somente o

usuário (psicólogo licenciado) responsável pelo envio do convite terá acesso ao

resultado, que estará disponível na web, imediatamente após a conclusão do inventário

pelo respondente.

População alvo

O Teste HumanGuide pode ser respondido por qualquer pessoa,

indiferentemente de sexo e idade, desde que tenha ao menos o Ensino Médio

incompleto e esteja familiarizada com o uso do computador. Os estudos com o

instrumento focaram pessoas com idades que variavam de 18 a 60 anos, incluindo

estudantes universitários, do Ensino Médio, além de profissionais com formação

superior completa e pós-graduação.

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Material necessário para realização do teste

Para fazer o teste é necessário dispor de um computador com acesso à Internet,

preferencialmente de banda larga. O questionário Perfil Pessoal consiste de nove telas

na Internet. O aplicativo de computação das respostas encontra-se embutido no sistema

HumanGuide.

Instruções

O teste é realizado individualmente, por meio de um convite eletrônico, via e-

mail, enviado pelo psicólogo responsável pela avaliação. O convite contém uma chave

de acesso à página on-line, que dá acesso às instruções para a realização do teste. As

instruções do teste são simples e por escrito, e serão visíveis no ato do aceite do convite

eletrônico. O respondente deverá completar seus dados pessoais antes de iniciar o teste.

Ele terá, no máximo, 20 minutos para assinalar nas nove telas as frases que melhor o

descrevem e aquelas que menos o descrevem.

As questões são apresentadas em nove telas sucessivas. Cada alternativa de

resposta corresponde a um fator ou necessidade pulsional, segundo a teoria de Szondi

(1972), totalizando setenta e duas frases afirmativas no presente do indicativo. No topo

de cada página eletrônica aparecem as instruções sobre como proceder para responder

ao questionário. O respondente deverá posicionar-se frente a cada afirmação, por meio

de escolha forçada, escolhendo obrigatoriamente quatro frases positivamente (SIM),

duas frases negativamente (NÃO) e ignorando duas frases (EM BRANCO). Se o

respondente assinalar uma opção a mais ou a menos, receberá uma mensagem acusando

o erro e solicitando que reveja suas respostas. Ao concluir a nona página aparecerá uma

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tecla virtual de envio. Ao clicar sobre essa tecla virtual, a página do teste é fechada e os

dados passam a ser processados eletronicamente na central de operações do sistema.

Apuração do resultado

A apuração do resultado do teste é feita eletronicamente por meio de um

aplicativo instalado no sistema, bem como a conversão da base de dados das respostas

em um perfil gráfico. Esse aplicativo efetua a soma das respostas “SIM” e “NÃO”

atribuídas aos itens de cada fator. Imediatamente após o envio das respostas pelo

respondente, o responsável pela interpretação do teste (psicólogo licenciado e

responsável pelo envio do convite eletrônico ao respondente) tem acesso a uma página

que lhe permite verificar se o teste foi concluído. Todos os acessos, tanto do psicólogo,

quanto do testando, acontecem eletrônica e automaticamente, com total garantia de

confidencialidade dos dados. A base de dados é convertida eletronicamente em gráficos

mediante comando específico e convertido em arquivo fechado, ou seja, não passível de

violação ou alteração.

Acesso à base de dados eletrônica e importação do resultado

Ao acessar a página específica na Internet e feito o login, o profissional

licenciado (usuário) tem acesso ao resultado do teste. O resultado é obtido

eletronicamente, a partir da soma das escolhas do respondente, atribuindo 1(um) ponto

positivo para as escolhas positivas (SIM) ou típicas, 1 (um) ponto negativo para as

escolhas negativas (NÃO) ou atípicas, e 0 (zero) para as respostas que foram deixadas

em branco (NEUTRO) ou indiferente, para cada fator.

O resultado aparece sob três formas: 1) Relatório Analítico do Perfil Pessoal,

que consiste de um gráfico de barras (ver exemplos adiante), resultante da soma das

83

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escolhas positivas (SIM) e negativas (NÃO) do respondente para cada fator,

acompanhado de uma síntese descritiva das principais tendências do lado direito; 2)

Relatório Sintético, que ilustra o Perfil Pessoal por meio de ícones gráficos; 3) Relatório

descritivo, sob a forma de texto editável, que descreve as características do respondente,

iniciando com os fatores predominantes (típicos), até chegar aos fatores menos

presentes (atípicos). Há espaço para redação de conclusão, a qual é de responsabilidade

do profissional responsável pela avaliação (usuário).

Interpretação do Perfil Pessoal

A interpretação do Perfil Pessoal, resultado do teste, apoia-se integralmente nos

pressupostos teóricos de Szondi (Achtnich, 1991; Borg, 2001, 2005; Deri, 1949; Gayral,

2006; Lekeuche & Mélon, 1990; Szondi, 1965/1987, 1963/1998, 1972). Como se trata

de um teste ipsativo, ele permite somente a apreensão das diferenças intrapessoais em

relação aos oito fatores, não permitindo comparações interpessoais no sentido de mais

ou menos intenso, melhor ou pior, mas apontando apenas diferenças intrapessoais

quanto aos fatores motivacionais. Dessa forma, não é possível estabelecer valores

normativos. A análise do perfil deve considerar, primordialmente, a intensidade e a

valência dos fatores, uns em relação aos outros.

O Perfil Analítico do Perfil Pessoal é constituído um gráfico de barras horizontais,

com oito linhas de diferentes cores. Cada linha, ou cor, corresponde a um fator ou

necessidade pulsional. No centro do gráfico encontra-se uma linha vertical, que

corresponde à valência zero. O campo à direita da linha central é denominado típico.

Nele são representados os fatores predominantes, ou determinantes das escolhas

positivas (SIM). No campo atípico, à esquerda da linha central ou valência zero, são

representados os fatores que determinaram as escolhas negativas (NÃO). Os fatores,

84

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cujas barras se encontram no campo típico expressam o comportamento usual do

respondente, ou seja, sempre que tiver oportunidade de buscar a satisfação da

necessidade correspondente a esse fator, muito provavelmente o respondente irá fazê-lo.

Os fatores que obtiveram valência negativa ocupam o campo atípico, e representam os

fatores com menor probabilidade de determinar as ações e as escolhas do respondente.

Assim, quando a barra maior estiver do lado direito, típico, significa que há acentuada

necessidade desse fator e que o indivíduo irá apresentar os comportamentos

correspondentes sempre que tiver oportunidade de fazê-lo. O oposto se aplica quando a

barra tender para o lado esquerdo. Nesse caso, é pouco provável que o indivíduo

apresente o comportamento correspondente.

Se uma barra aparecer, ao mesmo tempo, no campo típico e atípico, trata-se de

uma ambivalência em relação ao fator correspondente. Isso significa que o indivíduo

está ambivalente a respeito dessa necessidade específica, fazendo com que, às vezes,

expresse essa necessidade e, às vezes, não. Por exemplo, se isso acontecer no fator

Força, pode ser que, às vezes, o respondente se incumba de uma tarefa e, às vezes,

simplesmente “deixe estar”.

Quando não houver praticamente presença de um determinado fator no gráfico,

ou seja, quando a barra for muito pequena ou inexistente em um determinado fator,

significa que ele recebeu a valência neutra nas escolhas efetuadas. Tal situação expressa

que esse fator não determina as escolhas do indivíduo e tampouco representa um

aspecto aversivo para ele. Tal resultado pode ser interpretado como grande

probabilidade de que o indivíduo não irá empreender esforços no sentido de buscar a

satisfação dessa necessidade, mas tampouco evitará situações que o confrontem com

esse aspecto. É provável que tenha disponibilidade para expressar os comportamentos

associados a esse fator, quando solicitado ou necessário, lidando bem com as situações

85

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correspondentes, mas sem constituir o foco dos seus interesses. O fator neutro pode ser

considerado um fator acessório, como um recurso interno adicional, ao qual se recorre

quando tiverem sido esgotadas as possibilidades representadas pelos seus

comportamentos habituais, fatores típicos.

A cada fator foi atribuída uma cor: o fator Sensibilidade é representado pela cor

laranja; o fator Força é representado pela cor cinza; Qualidade é representada pela cor

verde; Exposição é representada pela cor magenta; Estrutura é representada pela cor

azul; a cor amarela representa o fator Imaginação; Estabilidade é representada pela cor

marrom; vermelho representa o fator Contatos.

Do lado direito do gráfico aparece, ainda, uma breve descrição das características

do respondente, de acordo com o resultado obtido. Do lado esquerdo de cada barra há

um ícone na cor correspondente a cada fator, representando sua valência e intensidade:

Quadrado grande preenchido com a cor de um determinado fator: fator

típico predominante. O resultado da soma das respostas é superior a cinco.

Quadrado pequeno preenchido com a cor do fator no centro do quadrado

grande em branco: fator típico moderado. O resultado da soma das respostas SIM e

NÃO é superior a dois e inferior a cinco.

Dois quadrados pequenos, lado a lado, um preenchido com a cor do fator

e o outro em branco, dentro do quadrado grande em branco: fator ambivalente, resultado

da soma das respostas varia de -1 a +1, sem clara definição de tendência. A barra

encontra-se equilibrada entre os dois campos: típico e atípico.

86

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Quadrado totalmente em branco, com a moldura na cor do fator: fator

neutro, resultado de praticamente ausência de escolhas SIM e NÃO desse fator,

indicando indiferença ou neutralidade em relação a ele.

Quadrado grande de uma cor com um quadrado branco no centro, o se

estivesse vazado: fator atípico, as respostas correspondentes a esse fator

foram majoritariamente NÃO.

Fatores nucleares: a cor externa corresponde ao fator típico mais forte, e

a cor no centro do quadrado representa o segundo fator mais forte no perfil do

respondente. A combinação desses fatores caracteriza as principais características do

respondente.

Esses ícones aparecem, novamente, no Perfil Sintético, pareados verticalmente,

segundo os vetores pulsionais da teoria de Szondi. O quatro fatores na parte de cima são

ativadores do comportamento: Força, Exposição, Imaginação e Contatos. Os quatro

fatores na porção inferior são inibidores ou frenadores do comportamento:

Sensibilidade, Qualidade, Estrutura e Estabilidade. Ao analisar o Perfil Sintético, deve-

se considerar não só a intensidade com que cada fator aparece nele, mas, também,

verificar se os fatores típicos são predominantemente ativadores ou inibidores do

comportamento. O mesmo deve ser feito em relação aos fatores atípicos.

Para interpretar o Perfil Pessoal é necessário considerar, primeiramente, os fatores

típicos predominantes e moderados, bem como os atípicos. Depois são analisados os

fatores ambivalentes e neutros. Por fim, os aspectos analisados são integrados,

87

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refletindo, dinamicamente, o jogo de forças das diferentes pulsões na personalidade do

respondente.

Significado dos fatores do HumanGuide

Sensibilidade

Este fator é regido pelo princípio feminino da receptividade passiva. A

necessidade principal é a de estabelecer contatos interpessoais marcados pela

proximidade física e psicológica. É representado pela sensibilidade tátil, pela

necessidade de tocar e ser tocado pelas pessoas, tendo como símbolo a pele. A pele é

quente e maleável, cede ao mais leve toque, absorve o impacto, estabelece o limite

físico entre o eu e o outro. Essa adaptação à pressão externa se caracteriza pela

receptividade ao outro, pela empatia e disponibilidade para atender, acolher e se adaptar

às suas necessidades e solicitações. A orientação do comportamento é no sentido de

harmonizar a relação, de sentir e antecipar necessidades, de deixar-se envolver e

influenciar pela atmosfera circundante. Atividades profissionais na área de prestação de

serviços e de consultoria, interna ou externa, bem como atividades nas quais se

estabelece uma relação próxima ou de intimidade com o outro, como a área clínica,

magistério, estética corporal e facial, permitem a satisfação do fator Sensibilidade.

Quando é o fator principal ou típico, trata-se de uma pessoa muito sensível e

empática. A acentuação desse fator faz com que o indivíduo seja disponível, prestativo e

adaptável, pois tem grande necessidade de captar e atender as necessidades das outras

pessoas. Como é bastante sensível e afetuoso, gosta de estar próximo das pessoas,

estabelecendo um relacionamento caloroso com elas. Consegue captar com facilidade os

sentimentos e os desejos das pessoas à sua volta, ficando feliz quando pode atendê-los.

O tato e a diplomacia são importantes recursos internos para desempenhar bem o seu

trabalho. Procura harmonizar as relações ou absorver qualquer forma de impacto,

88

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atenuando-o. Essa característica confere ao indivíduo elevada facilidade para atuar no

contexto da prestação de serviços, como em consultoria e atendimento ao consumidor,

quando pode ou deve antecipar as necessidades do cliente para que possa bem atendê-lo.

Caso este seja o fator menos típico, trata-se de uma pessoa que não gosta de ficar

numa posição receptiva e passiva, presa às necessidades e peculiaridades dos outros.

Com pouca disponibilidade interna para se adaptar ao outro, costuma esperar que os

outros se adaptem a ele. Em geral é movido pelas próprias necessidades, com tendência

a se impacientar com as outras pessoas. Não tem afinidade com atividades

caracterizadas pela prestação de serviços ou que exijam diplomacia e tato apurado. Pode

apresentar tendência egocêntrica e a mostrar-se frio e distante, evitando situações de

intimidade e proximidade física ou psicológica.

Força

O fator Força é regido pelo princípio masculino da agressividade, dominação e

imposição, no sentido de buscar a transformação da realidade. A necessidade principal

inerente a este fator é usar a própria força física ou instrumentos com poder de

transformação da realidade ou que permitam superar obstáculos. É simbolizado por

materiais duros e resistentes, como a pedra e o aço, que requerem o emprego de

instrumentos com poder de destruição e corte para que possam ser transformados.

Atacar, superar, dominar, romper, lutar, vencer, bem como demolir, perfurar e aplainar

caracterizam as ações empreendidas por indivíduos movidos pelo fator Força.

Atividades profissionais como direito, construção civil, geologia, mineração, área

médica cirúrgica, odontologia, área militar, marketing; atividades que exigem força e

resistência física como medicina veterinária, produção mecânica, área agrícola e

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esportes competitivos ou que exigem autossuperação ou o uso da força física constituem

possibilidades de satisfação desse fator.

A acentuação de Força, ou seja, quando a barra correspondente a esse fator se

encontra voltada para o lado direito (típico), o respondente é uma pessoa bastante

determinada, com necessidade de transformar a realidade a sua volta e de superar os

obstáculos que se interpõem ao êxito de suas metas. Costuma ser bastante ativo e

rápido, apresentando comportamento assertivo e afirmativo ao buscar resultados. Da

mesma maneira, tende a ser bastante incisivo em suas colocações, podendo,

eventualmente, tornar-se rude, impositivo e autoritário. Como dispõe de muita energia

física, apresenta boa tolerância ao estresse, sentindo-se especialmente bem quando

desafiado. Aprecia contextos competitivos e atividades nas quais haja a necessidade de

exercer autoridade, de superar conflitos ou obstáculos. O objetivo é atuar sobre a

realidade, deixar uma marca, abrir caminhos, tomar a iniciativa e conquistar espaços.

Se aparece como um fator não típico no perfil, o respondente costuma evitar

situações de conflito e de confronto direto, com tendência a assumir uma posição mais

passiva e reativa, atuando em conformidade com o meio. Não se sente atraído por

atividades que exigem a superação de obstáculos à realização de seus objetivos ou nas

quais tenha que enfrentar situações de conflito e ter uma atitude mais firme e

impositiva. Diante de situações de conflito pode ceder ou abrir mão da sua meta,

desistindo dela e deixando espaço para o outro. Em vez de transformar a realidade,

prefere transformar-se para se adaptar a ela, adotando uma atitude de conformidade com

o meio. Apresenta baixa responsividade, podendo revelar-se mais lento e hesitante,

dependente de estímulos e incentivos externos.

Qualidade

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O fator Qualidade é regido pelo senso ético, que tem por base a preservação e o

respeito pela vida de uma maneira geral. A necessidade principal é fazer a diferença na

vida das pessoas ou na sociedade, assumindo responsabilidade e se colocando à

disposição para prestar algum tipo de ajuda ou auxílio. Procura garantir a qualidade

naquilo que faz por temer as consequências negativas dos próprios atos, caracterizando-

se pela confiabilidade. Este fator exerce controle sobre o comportamento, tendo como

freio o sentimento de culpa, e está, portanto, associado ao conceito psicanalítico do

Superego. Atividades profissionais voltadas para a coletividade ou nas quais seja

necessário assumir responsabilidade, atendem ao fator Qualidade, como a área de

saúde, educação, desenvolvimento humano e meio ambiente e todas as formas de

voluntariado, de uma maneira geral.

No caso de Qualidade ser um fator determinante das escolhas do respondente,

ou seja, a barra correspondente encontra-se marcadamente no lado direito do gráfico

(típico), trata-se de uma pessoa bastante responsável e solícita, com necessidade de se

sentir útil às pessoas ao redor ou contribuir positivamente para a coletividade. Possui

acentuado senso de dever e de justiça, mostrando-se disponível para ajudar as pessoas

que necessitam de algum tipo de auxílio, seja na questão da saúde, educação ou

formação. Sente prazer em ajudar, cuidar e orientar as pessoas, protegendo a vida e

favorecendo o seu crescimento. Isso faz com que, muitas vezes, as próprias

necessidades sejam deixadas em segundo plano e tenha dificuldade para expressar sua

agressividade. Em geral, tende a estabelecer uma relação de dependência com as

pessoas, ficando, assim, preso a elas por meio do seu forte senso de responsabilidade,

pois deseja corresponder ao voto de confiança nele depositado. Identifica-se com

atividades socialmente relevantes da área da saúde, educação e meio ambiente, assim

como com atividades do terceiro setor. É frequente encontrarmos voluntários entre os

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respondentes com forte presença do fator Qualidade no perfil, pois a atividade

voluntária representa uma real possibilidade de satisfação dessa necessidade pulsional.

Da mesma forma aparece o interesse por atividades ao ar livre ou em contato com a

natureza.

Quando o fator aparece como não típico no perfil, revela acentuada necessidade

de autonomia e independência, evitando situações nas quais tenha que ficar preso aos

problemas ou dificuldades das outras pessoas. Em geral, aprecia situações dinâmicas e

movimentadas, que favorecem o próprio movimento e deslocamento. Aprecia a falta de

rotina e atividades que impliquem correr riscos, sentindo-se bem ao experimentar

descarga de adrenalina. Não se sente mobilizado a atuar na comunidade ou para se

envolver em questões sociais, como atuação em associações de bairro ou em algum

movimento de cunho social ou político. Caso se sinta forçado a fazê-lo, pode ficar

ressentido e tenso, agitado e inquieto, com tendência a apresentar rompantes de raiva,

como reações do tipo “gota d’água”.

Exposição

O fator Exposição é regido pelo senso moral, pelos códigos sociais e pelos

costumes. A necessidade representada por este fator é de fazer parte do grupo, de ser

visto e aceito pela comunidade, de ser reconhecido e admirado pelo outro. A ação é

determinada pela necessidade de expor e mostrar, tendo no senso estético seu principal

elemento. O freio do comportamento é a vergonha, o receio de ser mal visto ou de ser

ridicularizado. Este fator expõe diferentes aspectos associados à sobrevivência, como o

mimetismo social, ou seja, a adoção dos códigos, vestimenta e comportamento

dominantes no meio ambiente ou no grupo social, uma maneira de ser aceito e de fazer

parte dele. Outra característica diz respeito ao cuidado com a forma como é visto pelo

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outro em situações percebidas como ameaçadoras, podendo tanto aparentar ser mais

forte do que é, como o cachorro que eriça o pelo e arreganha os dentes, ou fingir-se de

morto, um jeito de escapar dos ataques do outro. Este fator também expressa a

polaridade ver-mostrar, na medida em que aquele que se exibe necessariamente terá

diante de si um expectador, um público. De um modo geral, as expectativas dos outros

constituem um elemento central na determinação das próprias escolhas. A necessidade

de expor e de mostrar pode ser satisfeita diretamente, quando a pessoa ocupa posição de

destaque e, indiretamente, ao lidar com o elemento estético ou empregar recursos que

destaquem ou valorizem o objeto de trabalho. Atividades profissionais que lidam com a

imagem, expectativas externas, senso estético e que exigem exposição pessoal,

permitem a satisfação desse fator, tais como publicidade, marketing, treinamento,

docência, decoração, arquitetura, direito, política e as artes.

Quando Exposição é o fator principal ou típico, trata-se de um indivíduo

vaidoso, com grande necessidade de se mostrar e de se apresentar. Para ele é muito

importante ter a possibilidade de expor aquilo que faz, obtendo, dessa maneira, o

reconhecimento das demais pessoas. O impacto que causa nas pessoas e a impressão

que deixa nelas são muito importantes para ele. Gosta de lidar com coisas voltadas para

o público, empregando instrumentos de trabalho que favoreçam a divulgação e

aceitação da sua produção junto a ele. Sente-se atraído por ambientes de trabalho

glamorosos, bonitos e que favorecem a visibilidade pessoal e/ou de sua atividade.

Também sugere forte presença de um comportamento orientado pela desejabilidade

social, podendo fazer com que tenha dificuldade para dizer não e adote uma postura

ambígua quando não consegue predizer a reação do outro e teme o risco de desagradá-

lo.

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Se este fator não é típico, revela um indivíduo reservado, modesto e discreto,

que não gosta de se expor e se apresentar, que evita situações que o colocam em

evidência, direta ou indiretamente. De um modo geral, tem preferência pelo trabalho

mais interno, que não aparece, pois evita colocar a ênfase na própria pessoa. Pode

parecer tímido, com certa dificuldade para lidar com as expectativas das outras pessoas

e para apresentar suas habilidades e capacidades. Isso pode representar um obstáculo à

realização de seus objetivos na medida em que não assume a autoria do que faz, deixa

de expor suas ideias, competências e habilidades, preferindo estar nos bastidores dos

acontecimentos.

Estrutura

O fator Estrutura corresponde ao princípio racional, ao senso de realidade. A

necessidade expressa por este fator é a de ter controle sobre o meio ambiente e sobre si

mesmo, coletando dados, medindo, analisando e avaliando as situações, comparando e

classificando. Procura se adequar aos limites da realidade representados pelas normas,

regras, parâmetros e procedimentos. Esse fator limita o Ego na medida em que

representa uma forma de constrição para sua necessidade de expansão. O fator

Estrutura pode ser canalizado por meio de atividades da área de exatas, como o

interesse pela aplicação da tecnologia, administração, legislação, estatística, cálculo,

planejamento, logística, atividades que requerem elevado grau de precisão e atenção

concentrada, entre outras.

Quando é o fator principal ou mais típico, trata-se de uma pessoa que se destaca

pela necessidade de ter controle sobre a realidade e de realizar algo concreto, passível

de verificação e avaliação. É objetivo, exato e minucioso, sentindo-se atraído por

atividades nas quais possa avaliar, monitorar e checar, com o objetivo de evitar erros.

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Para isso, utiliza instrumentos de precisão e recursos tecnológicos, como calculadora,

computador e aparelhos de qualquer espécie. Para os indivíduos com forte presença

deste fator, é importante dispor de parâmetros e especificações claramente pré-definidas

para que se sinta seguro quanto aos objetivos da tarefa. Aprecia a segurança daquilo que

é previsível e controlável, com necessidade de lidar com fatos. Disciplinado, metódico e

sistemático, atém-se às tarefas que recebe, focando sua atenção nas metas e objetivos

determinados.

Caso este seja o fator não típico, o indivíduo se mostra pouco voltado para

atividades de controle e verificação, revelando ter pouca afinidade com o que é técnico,

econômico, minucioso e exato. Ao resolver problemas, tende a ser pouco racional e

objetivo, mostrando-se mais emocional e subjetivo. De um modo geral, não se preocupa

com o estabelecimento de metas e planos, tem uma dificuldade natural para aceitar

limites e para lidar com a figura da autoridade ou estruturas de trabalho fortemente

hierarquizadas. A ausência desse fator sugere acentuada necessidade de autonomia e

independência, com tendência a sonhar com um negócio próprio, quando imagina poder

fazer seu próprio horário e desenvolver as coisas à sua própria maneira. Em geral, tolera

mal ser monitorado, controlado, supervisionado e cobrado pelas outras pessoas, como

acontece em ambientes profissionais muito hierarquizados.

Imaginação

O fator Imaginação expressa a necessidade de expansão e de lidar com o que é

intangível. Representa o princípio irracional, subjetivo e intuitivo, que se expressa em

atividades que precisam de imaginação e criatividade. A necessidade é de lidar com o

novo, descobrindo, pesquisando, estudando, criando e desenvolvendo coisas novas. O

imponderável, o sonho e o longínquo caracterizam este fator, sem qualquer

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compromisso com a realidade concreta e objetiva. No entanto, este fator frequentemente

aparece pareado com o fator Estrutura, constituindo assim a base do pensamento

científico, na medida em que permite elaborar hipóteses, as quais deverão ser

verificadas por meio da racionalidade e de procedimentos controlados e padronizados.

Atividades profissionais que exigem muita leitura, abstração e interpretação da

realidade, permitem a satisfação do fator Imaginação, tais como atividades acadêmicas,

de pesquisa e diagnóstico, área de pesquisa e desenvolvimento, planejamento

estratégico, gestão do conhecimento, atividades artísticas e intelectuais, futurologia e

esoterismo.

Quando o fator Imaginação é o principal, significa que o indivíduo é uma pessoa

criativa, com necessidade de lidar com coisas novas. Bastante ambicioso e com

necessidade de desenvolvimento intelectual, gosta de se aprofundar nas questões, à

procura da perfeição e do absoluto. Seu interesse por novidade leva a atração por

atividades que permitem desenvolver projetos, interpretar a realidade, pensar o futuro e

resolver problemas dentro de uma abordagem sistêmica. Intuitivo, procura novas

soluções para os problemas com os quais se depara, integrando a imaginação na

elaboração de suas hipóteses. A motivação parte de suas ideias, fazendo que procure

externá-las de alguma maneira e, com isso, exercer influência sobre o meio através

delas.

Quando o fator Imaginação é não típico, revela uma pessoa com tendência ao

ceticismo, que prefere lidar com coisas práticas e objetivas, onde tudo está previsto e

determinado. Não aprecia o estudo ou qualquer atividade que solicita a imaginação ou o

trabalho intelectual. A aprendizagem e a aquisição de conhecimentos estão mais

voltadas para o utilitário, rejeitando o campo intelectual e especulativo. De um modo

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geral, prefere atividades profissionais nas quais não seja necessário conceber projetos ou

resolver problemas complexos.

Estabilidade

O fator Estabilidade é caracterizado pela matéria, que mantém a sua essência ao

sofrer a ação do tempo. Está associado à lei de Lavoisier, segundo a qual, “nada se cria,

nada se perde, tudo se transforma”. A necessidade principal que corresponde a este fator

é a de manter a estabilidade na própria vida, apegando-se e conservando vínculos e

objetos. Nesse sentido, atividades ligadas à matéria, ao passado e à posse, ao que é

orgânico, químico, histórico ou financeiro, são atraentes, pois permitem voltar-se para o

passado, para a origem das coisas e, assim, recuperar o que se foi por meio da coleta de

amostras, fragmentos, registros e documentos.

Psicanaliticamente, este fator corresponde à analidade, à necessidade de reter ou

soltar, de apegar-se ou desapegar-se, de se voltar para antigos objetos ou de sair em

busca de novos objetos. Expressa a necessidade de ter contato direto com o objeto de

trabalho, de realizar atividades cujo resultado é expresso em quantidade, que exigem

afinidade com atividades cíclicas e rotineiras, bem como interesse pela posse e dinheiro.

Atividades operacionais ou ligadas ao passado e ao acúmulo de bens ou informações,

como produção, agronomia, história, arqueologia, genética, paleontologia, geologia,

antiguidade, finanças, contabilidade, e ainda de conservação, como limpeza,

restauração, manutenção e reforma, favorecem a satisfação deste fator. Atividades de

lazer como jardinagem, cerâmica, mosaico, numismática, filatelia e coleções em geral,

estudo de genealogias e história da arte também atendem ao fator Estabilidade.

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Quando este é o fator principal, o indivíduo expressa necessidade de lidar com

coisas concretas e palpáveis, de por a “mão na massa”. É dotado de acentuado senso

prático, tendo a base do seu trabalho nas atividades rotineiras e mais simples. Bastante

estável e constante no que faz, tem necessidade de dar continuidade àquilo que iniciou,

dispondo de visão de longo prazo e paciência para realizar tarefas cujo resultado pode

demorar a ser alcançado, como é o caso da atividade de pesquisa na área médica ou de

biotecnologia. É conservador e muito apegado à tradição, com certa dificuldade para

lidar com perdas de qualquer espécie ou para se desfazer daquilo que é conhecido e faz

parte do seu dia a dia. Sente-se seguro ao realizar atividades rotineiras e repetitivas e

que resultam em algo palpável e duradouro. A acentuação deste fator confere

características associadas à rigidez, mesquinhez e nostalgia.

Caso este seja o fator não típico, trata-se de uma pessoa bastante maleável e

aberta a mudanças, que lida bem com perdas e que prefere objetivos a curto prazo. Não

sente necessidade de ter contato direto com seu objeto de trabalho, revelando-se pouco

concreto e pragmático. Em geral, prefere lidar com a abstração da realidade, com o

mundo das ideias, principalmente quando a polaridade negativa deste fator aparece

pareada com a polaridade positiva do fator Imaginação. Não gosta de colocar a “mão na

massa” ou de realizar atividades operacionais repetitivas, como arquivamento,

documentação e produção em série, com tendência ao imediatismo. Revela relativa

superficialidade e pouca preocupação com a preservação e economia de recursos.

Assim, mostra-se instável e maleável, podendo ser caracterizado pelas demais pessoas

como “fogo de palha”.

Contatos

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O fator Contatos corresponde à oralidade, na medida em que visa ao contato

com outras pessoas e à apreciação das coisas boas da vida, por meio da busca da

satisfação oral, da comunicação e da alimentação. Este fator representa a sociabilidade,

a necessidade de ter contato com muitas pessoas, comunicando-se intensamente com

elas. Como o primeiro contato com o mundo é de natureza oral, ele expressa o

estabelecimento de contato com o mundo de externo, a busca do apoio das pessoas, a

dependência do outro ou do grupo. O fator Contatos está associado ao otimismo, à

leveza nos relacionamentos interpessoais, à gregariedade e ao senso de humor. Pode ser

atendido profissionalmente por meio de atividades coletivas ou voltadas para a

alimentação, fortemente apoiadas na comunicação oral e no trabalho em equipe, como

atividades no âmbito do comércio e da comunicação de uma maneira geral: vendas,

negócios, jornalismo, relações públicas, teatro, radialismo, carreira de cantor,

gastronomia, nutrição, fonoaudiologia, hotelaria, telemarketing, direito, magistério e

administração de empresas, para citar alguns exemplos.

Quando o fator Contatos é o principal, significa que o indivíduo é muito

sociável, falante e comunicativo, com necessidade de ter contato com muitas pessoas e

de trabalhar em equipe. De um modo geral, a comunicação e a negociação são seus

principais recursos, por meio dos quais conquista colaboradores para seus projetos, ao

expor suas ideias, negociar ou exercer liderança participativa. Tem grande necessidade

de ser aceito pelas pessoas, podendo, eventualmente, ficar tenso quando se sente

rejeitado por elas. Aprecia ambientes de trabalho informais e culturas organizacionais

pautadas no consenso e na produção coletiva. A descarga de tensão tende a ocorrer

oralmente, como por meio da comida, bebida, fumo, falar em demasia, roer unhas, entre

outras.

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Quando este é o fator não típico, a comunicação e a linguagem oral não

correspondem aos seus interesses e não constituem o instrumento de trabalho mais

frequentemente empregado, apesar de poder apreciar a companhia das pessoas para

atender necessidades afetivas (Sensibilidade), para expor o seu trabalho (Exposição) ou

se sentir útil (Qualidade). No geral, prefere ambientes com poucas pessoas e atividades

nas quais possa trabalhar só, sem a necessidade de conversar, trocar ideias ou negociar

posições. Tende a ser lacônico ou a ficar calado, assumindo postura de ouvinte,

principalmente quando o fator Contatos está pareado com os fatores Sensibilidade e

Estrutura. Costuma ser mais quieto, limitando suas colocações ao estritamente

necessário.

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Exemplos de perfis e interpretação

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D.R.

Perfil Pessoal Analítico

Perfil Pessoal Sintético


(Mini Perfil)

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D. R. - Sexo masculino, formado em Ciências Contábeis e Administração de

Empresas, 40 anos, candidato à função de Coordenador Financeiro.

Análise qualitativa

D. é uma pessoa que se destaca pela estabilidade e constância, pela necessidade

de manter, conservar e documentar processos. Sente-se atraído pela possibilidade de

lidar com coisas concretas e palpáveis, expressando, com isso, acentuado senso prático.

Costuma ver nas atividades rotineiras e mais simples a base de sua atividade, com

disponibilidade para colocar a “mão na massa” e refazer o trabalho tantas vezes quanto

for necessário. Como tem necessidade de dar continuidade àquilo que iniciou, apresenta

dificuldade para se desapegar do que faz. Essa qualidade adesiva faz com que por vezes

se torne um pouco lento, pois não abandona a questão ou tarefa enquanto não a tiver

concluído, dificultando o processo de priorização das tarefas. Como é conservador e

muito apegado à tradição, tem certa dificuldade para lidar com perdas de qualquer

espécie ou para se desfazer daquilo que é conhecido e faz parte do seu dia a dia.

Ao mesmo tempo, se mostra muito responsável e confiável, com necessidade de

atender ao voto de confiança nele depositado. D. busca uma atividade que lhe permita

contribuir com a coletividade, se possível de maneira individual, orientando colegas e

apoiando-os no que necessitam. Sua disponibilidade para assumir responsabilidades e

para se engajar em questões de natureza social é um importante recurso interno. Assim,

o ambiente de trabalho deverá favorecer a sucessão de objetivos sociais e a utilização de

recursos que se revertam em bem comum.

D. também é uma pessoa sensível e afetiva, com grande disponibilidade para

atender e servir às pessoas. Gosta de ir ao encontro das suas necessidades, com

disponibilidade para se adaptar a elas. Aprecia atividades de assessoria e de prestação de

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serviços, tanto internos como externos. O tato, no trato pessoal ou no manuseio de

objetos, é um recurso interno adicional valioso, tornando-o uma pessoa paciente e

tolerante. No entanto, não gosta de ficar em uma posição passiva e dependente do outro,

preferindo orientar-se por metas e para a solução de problemas significativos.

É moderadamente determinado e ativo, com disponibilidade para superar

obstáculos e alcançar seus objetivos. Gosta de manipular ativamente a realidade e de

moldá-la às suas necessidades, porém sem agressividade, pois dispõe de acentuado

sentido ético e capacidade de empatia. Assim, D. não se caracteriza pela necessidade de

afirmação e imposição pessoal, mas por uma relativa capacidade de iniciativa.

D. expressou atração moderada por atividades mais intelectuais e criativas, com

vontade interna para pesquisar e lidar com coisas novas, embora não as procure. O

trabalho intelectual é encarado naturalmente. A criatividade e a imaginação aparecem

como elementos secundários, como interesse pela pesquisa da origem das coisas e pela

inovação.

Um tanto avesso a atividades mais técnicas, econômicas e exatas, D. evita

atividades muito sistemáticas, que envolvem cálculo ou que se utilizam fortemente de

equipamentos ou instrumentos de precisão. Gosta de trabalhar com autonomia e

liberdade, criando e definindo parâmetros, sem ficar necessariamente preso a regras e

diretrizes externas. Quando trabalha com exatidão e concentração, fazendo observações

e análises, o realiza em função do seu forte senso de responsabilidade e não em função

de uma necessidade de exercer controle sobre a realidade.

D. é modesto e discreto, sem necessidade de se expor e apresentar, evitando

situações que o colocam em evidência, seja direta ou indiretamente. Com preferência

pelo trabalho mais interno, que não aparece, evita colocar a ênfase na própria pessoa.

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Por vezes pode parecer tímido ou com dificuldade para lidar com as expectativas das

outras pessoas ou para apresentar suas habilidades e capacidades.

Da mesma forma, D. não tem na comunicação, na linguagem oral, o seu

instrumento de trabalho, apesar de apreciar a companhia das pessoas. Em geral, prefere

ambientes com poucas pessoas e atividades em que possa trabalhar só, sem a

necessidade de conversar, trocar ideias ou negociar posições. Tende a ser lacônico ou a

ficar calado, assumindo postura de ouvinte.

Síntese das principais tendências

D. é uma pessoa com um perfil mais conservador e cauteloso, que pondera

longamente sobre as questões e sobre o impacto que as decisões e/ou ações terão sobre

as pessoas. Tende a ficar preso ao conhecido, evitando mudanças e riscos, o que pode

ser interpretado como prudência ou como hesitação. Aprecia rotinas e situações

conhecidas, apegando-se tanto às tarefas como às pessoas com quem convive. É uma

pessoa de hábitos, com necessidade de frequentar ambientes familiares e de realizar

atividades conhecidas. Tem preferência pelo trabalho individual, quando pode realizá-lo

de acordo com o próprio ritmo e alcançar a qualidade que deseja.

De um modo geral, D. é uma pessoa conscienciosa, calma, discreta e reservada,

que aprecia o trabalho rotineiro, cíclico e metódico. Como busca a segurança daquilo

que é conhecido e estável, ao passar por situações de mudança, procura recuperar

rapidamente a estabilidade perdida. Não gosta de se arriscar ou se impor, preferindo

desenvolver atividades preventivas, de manutenção e preservação. Ao mesmo tempo

sente-se atraído pelo novo, com necessidade de empreender algo, o que nem sempre faz.

É persistente e perseverante, mas não disciplinado e determinado. Aprecia atividades de

documentação, com tendência a guardar tudo, porém nem sempre de uma maneira

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organizada e sistemática.

Conclusão

A análise do perfil revela forte presença do fator Estabilidade, aspecto muito

exigido na área contábil financeira, na medida em que deve realizar atividades rotineiras

e cíclicas (diárias, semanais, mensais, semestrais e anuais) de coleta de dados,

verificação e consolidação de dados, emissão de balanço mensal e anual, arquivamento

de documentação e levantamento do histórico financeiro. O objetivo primordial dessa

atividade é o de manter a estabilidade financeira e, se possível, gerar lucros por meio de

aplicações financeiras e do acúmulo de recursos materiais. O forte senso de

responsabilidade presente em seu perfil coincide com a exigência da função, pois

informações falsas ou superficiais podem ter consequências desastrosas.

No entanto, observa-se que há pouca presença do fator Estrutura, fazendo com

que D. seja uma pessoa pouco afeita a atividades de controle e verificação, com pouco

planejamento e senso de organização. Essa característica pode dificultar sua adaptação a

atividades mais técnicas e que exigem forte senso de organização, bem como a

utilização de programas de computador com planilhas eletrônicas. O perfil de D. revela

afinidade com tarefas burocráticas e de grande responsabilidade, com realização

individual, conduzindo e dando continuidade a processos operacionais, a exemplo da

consolidação de dados e arquivamento de informações e documentos.

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F.B.D.L.

Perfil Pessoal Analítico

Perfil Pessoal Analítico


(Mini Perfil)

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F. B. D. L.- Sexo masculino, 19 anos, formado em Engenharia de Produção, candidato

a uma vaga em um programa de treinamento internacional (trainee).

Análise qualitativa

F. é muito sociável, falante e comunicativo, precisa ter contato com muitas

pessoas e trabalhar em equipe. Tem na comunicação e na negociação seus principais

recursos, por meio dos quais conquista colaboradores para seus projetos, expondo suas

ideias, negociando e exercendo liderança. Apresenta grande necessidade de ser aceito

pelos colegas, ficando tenso quando se sente rejeitado por eles.

Ao mesmo tempo, revela-se curioso e criativo. Bastante ambicioso e com

necessidade de desenvolvimento, gosta de aprender, descobrir e desenvolver coisas

novas, seja implementando projetos, seja criando conceitos. Intuitivo, procura soluções

para os problemas com os quais se depara, usando a imaginação na elaboração de

hipóteses. Como boa parte da motivação tem origem em suas ideias, F. apresenta grande

vontade de externá-las, exercendo, com tais ideias, influência sobre o seu meio

ambiente.

Bastante maleável e aberto a mudanças, F. tem boa capacidade para lidar com

perdas e prefere objetivos a curto prazo. Não apresenta necessidade de ter contato direto

com seu objeto de trabalho, revelando-se pouco concreto e pragmático. Prefere lidar

com a abstração da realidade, com o mundo das ideias, em vez de colocar a “mão na

massa”. Não tem afinidade com temas ligados ao passado ou à origem das coisas,

podendo descartar ou não aproveitar o que já existia. Da mesma forma não sente

afinidade com atividades burocráticas, rotineiras, cíclicas, operacionais ou voltadas para

o âmbito financeiro.

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F. é uma pessoa moderadamente vaidosa, que precisa se sentir aceito e admirado

pelas pessoas. Cuida da própria imagem, revelando-se atento às expectativas dos outros.

Gosta de expor e mostrar o produto do seu trabalho, de maneira a obter o

reconhecimento externo por meio dele. Da mesma maneira gosta de lidar com o que é

visível e com o elemento estético.

Apresenta necessidade moderada de assumir responsabilidade ou dar uma

contribuição positiva para quem está à sua volta. Embora tenha disponibilidade para

prestar ajuda e para se engajar em ações nas quais as pessoas possam depender dele,

isso não constitui o foco dos seus interesses. Em geral, ocupa-se mais teoricamente

dessas questões, com tendência a não se deter em detalhes e a não colocar a ênfase na

qualidade do que faz. Caracteriza-se por certa superficialidade, é pouco consciencioso e

meticuloso.

F. é determinado e ativo, com disponibilidade para superar obstáculos que levam

ao alcance de seus objetivos. Tem necessidade de manipular ativamente a realidade,

transformando-a com empenho e energia. No entanto, consegue controlar a própria

agressividade por meio do seu sentido ético, capacidade de empatia e necessidade de ser

aceito e admirado pelas pessoas. Assim, F. não se caracteriza pela vontade de afirmação

e imposição pessoal, embora seja uma pessoa ativa e determinada a transformar a

realidade por meio de suas ideias.

Sensível e afetuoso, F. apresenta capacidade de empatia e disponibilidade para

se adaptar às demandas das outras pessoas. É prestativo e dedicado, aprecia a

proximidade das pessoas e ambientes de trabalho que lhe permitam expressar sua

afetividade. É disponível para prestar serviços ou para atuar no contexto do atendimento

ao cliente.
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Mostra-se menos voltado para atividades de controle e verificação, com pouca

afinidade com o que é técnico, econômico, minucioso e exato. Gosta de resolver

problemas, apoiando-se na criatividade e na intuição, sendo, portanto, menos racional e

objetivo. De um modo geral, se mostra mais impulsivo e com pouco planejamento, o

que pode dificultar a concretização de suas ideias.

Síntese das principais tendências

F. é uma pessoa com um perfil mais voltado para a atividade comercial, que

permite ter contato com muitas pessoas, com o objetivo de expor suas ideias e

conquistar seu apoio para colocá-las em prática. É uma pessoa muito sociável,

comunicativa, espontânea e com facilidade de relacionamento. Em geral, está pouco

identificado com atividades técnicas e operacionais, desinteressando-se rapidamente

quando a tarefa requer paciência, atenção para detalhes e perseverança. No entanto, é

uma pessoa ativa e determinada, movida pelas próprias ideias e pela necessidade de

conhecer ou criar coisas novas. Sua inconstância e falta de estabilidade podem fazer

com que “reinvente a roda”, gerando desperdício de recursos já existentes.

A associação dos fatores predominantes em seu perfil sugere que F. se sente

fortemente atraído pela oportunidade de conhecer pessoas novas, com possível

facilidade para aprender novos idiomas e adotar novos códigos de comportamento,

como forma de se adaptar às pessoas e ser aceito e valorizado por elas. Falta-lhe, porém

disciplina, constância e estabelecimento de metas, podendo deixar-se levar pelas

expectativas externas ou pelo momento presente. Da mesma forma, pode perder de vista

a verificação empírica de suas hipóteses ou deixar de fazer o estudo de viabilidade de

seus projetos.

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Conclusão

Seu perfil sugere relativa imaturidade, em função da pouca presença de constância

e disciplina, associada à forte presença de imaginação e atração pelo novo, o que faz

com que possa perceber as coisas como fruto do acaso e da sorte. Seu perfil está mais

voltado para a área comercial ou marketing, com especial interesse pelo planejamento

estratégico. Embora esteja cursando Engenharia de Produção, seu interesse

provavelmente recai sobre matérias da área de humanas.

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L.C.P.

Perfil Pessoal Analítico

Perfil Pessoal Sintético


(Mini Perfil)

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L. C. P. – Sexo feminino, 29 anos, formada em Psicologia, candidata ao cargo

de Supervisora de Recursos Humanos.

Análise qualitativa

L. é uma pessoa muito racional e objetiva, tem necessidade de lidar com o que é

concreto, empiricamente comprovável e passível de verificação, medição e controle.

Detalhista, metódica e sistemática, aprecia o trabalho exato, atendo-se a normas e

procedimentos. Precisa produzir algo concreto, a partir da realidade. Comprometida

com a tarefa, trabalha segundo planos e princípios, com um objetivo bem definido. Não

gosta de ficar a esmo ou divagando, preferindo trabalhar com metas e estar no controle e

no comando da situação. Sua necessidade de controle faz com que aprecie atividades de

supervisão, avaliação e monitoramento.

L. busca uma atividade inserida no contexto social mais amplo, por meio da qual

possa dar uma contribuição à coletividade. Prefere direcionar seus esforços para grupos

de pessoas em vez de trabalhar com indivíduos, situação que requer uma relação de

ajuda mais direta. Busca uma atividade ao mesmo tempo dinâmica e de

responsabilidade, onde sente que faz a diferença. Sua disponibilidade para assumir

responsabilidades e para se engajar em questões de natureza social é um importante

recurso interno ao desenvolver o seu trabalho. Gosta de corresponder ao voto de

confiança nela depositado, revelando-se muito crítica e exigente consigo mesma e com

as outras pessoas.

Ao mesmo tempo, L. é uma pessoa bastante determinada, que busca transformar

a realidade a sua volta e de superar os obstáculos às suas metas. Ativa e rápida,

apresenta comportamento assertivo e afirmativo. Por vezes, pode ser bastante incisiva e

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direta em suas colocações, sendo percebida pelas outras pessoas como fria, dura,

impaciente e impositiva. Dispõe de muita energia física, com boa tolerância ao estresse.

Comunicativa, L. precisa estar em contato com muitas pessoas. Sociável e

informal, é uma pessoa otimista e bem humorada, aberta para a negociação e troca de

ideias. Aprecia o trabalho em equipe, privilegiando a informalidade no ambiente de

trabalho. De um modo geral, gosta de exercer liderança funcional, dividindo tarefas e

coordenando as ações, porém sempre buscando o consenso grupal.

L. tem disponibilidade para realizar atividades no âmbito da prestação de

serviços, nas quais pode estabelecer uma relação com o cliente interno ou externo,

visando à satisfação de suas necessidades. Gosta de atender e de servir às pessoas, indo

ao encontro daquilo de que precisam. O tato, no trato pessoal ou no manuseio de

objetos, é um instrumento de trabalho adicional e valioso, que serve como moderador da

sua agressividade e impaciência. No entanto, não gosta de ficar em uma posição passiva

e dependente do outro, preferindo orientar sua ação por metas e para a solução de

problemas significativos.

Com acentuada necessidade de expansão, L. é criativa, sentindo-se atraída pela

possibilidade de criar e desenvolver coisas novas, seja implementando novos projetos,

seja desenvolvendo novos conceitos ou procurando soluções alternativas para os

problemas com os quais se depara. Como sua motivação surge em grande parte de suas

ideias, procura expô-las às outras pessoas, exercendo assim influência sobre elas.

Profunda e introspectiva, também se ocupa de questões abstratas e filosóficas.

L. tem necessidade de se expor e de apresentar suas ideias, buscando o

reconhecimento pessoal por meio do trabalho intelectual e criativo. No entanto, não

investe em ações que a promovam ou valorizem pessoalmente, numa atitude

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ambivalente quanto à forma de lidar com as expectativas das outras pessoas com relação

a ela mesma. Assim, de um lado, procura a aprovação das pessoas, mas por outro não

investe diretamente na divulgação e aceitação daquilo que faz, permanecendo muitas

vezes nos bastidores de seus próprios empreendimentos. Em geral, se mostra mais

discreta.

Bastante maleável e aberta a mudanças, L. prefere lidar com objetivos em curto

prazo. Não sente necessidade de ter contato direto com seu objeto de trabalho,

revelando-se pouco concreta e pragmática. Não aprecia atividades operacionais,

burocráticas, rotineiras e cíclicas, ou que estejam mais voltadas para a documentação,

conservação e manutenção do que existe. De um modo geral, prefere lidar com a

abstração da realidade, com o mundo das ideias, sendo que o seu senso de realidade está

atrelado à possibilidade de medir e verificar empiricamente, e não no sentido da

documentação ou de lidar com o que é palpável e duradouro.

Síntese das principais tendências

L. é uma pessoa que se destaca pelo empenho e compromisso com a tarefa.

Fortemente orientada para resultados concretos e significativos. Dispõe de acentuado

senso de responsabilidade, com necessidade de corresponder ao voto de confiança nela

depositado. Para ela é fundamental realizar algo significativo e dentro dos parâmetros,

especificações e prazos estabelecidos. Bastante orientada para objetivos e comprometida

com a qualidade do seu trabalho, torna-se uma pessoa exigente e crítica, que costuma

ficar insatisfeita com o nível de qualidade atingido e com a velocidade da ação, podendo

revelar-se perfeccionista e detalhista.

Dotada de muita energia, L. é uma pessoa inquieta e ativa, com tendência a se

impacientar com o ritmo de trabalho das outras pessoas. Tende a imprimir um ritmo

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acelerado ao seu ambiente de trabalho, dando diretrizes e cobrando respostas e ações.

Gosta de trabalhar em equipe, sentindo-se à vontade na posição de liderança. É

organizada, disciplinada e comprometida, o que faz com que tenha disponibilidade para

transmitir diretrizes de maneira clara e sistemática e para prestar ajuda às pessoas com

quem trabalha. Gosta de se sentir útil e de realizar algo útil. De uma maneira geral, L.

não gosta de ficar em uma posição passiva e reativa, atrelada a práticas consagradas ou

presa ao passado. Sua orientação é essencialmente para o futuro e para a tarefa,

apreciando atividades de planejamento e de coordenação, com necessidade de

implementar projetos.

Conclusão

A análise do perfil revela forte presença dos fatores Qualidade, Estrutura e

Imaginação, aspectos críticos para o desempenho da função de Coordenadora de RH,

uma vez que sua ação deve estar voltada para o desenvolvimento das pessoas no

ambiente de trabalho e exigir a realização de análises, tomada de decisão apoiada em

critérios objetivos, planejar ações e supervisionar pessoas. A acentuação do fator Força

faz com que eventualmente se impaciente. No entanto, dada a forte presença de

Sensibilidade, consegue exercer controle sobre a própria impaciência e impetuosidade,

ao entrar em contato com as necessidades e peculiaridades das outras pessoas. A fraca

presença do fator Exposição revela pouca afinidade com atividades nas quais tenha que

estar em evidência, como ao dar palestra e treinamento. Dessa maneira, a indicação da

função para L. se mostra adequada, pois poderá desenvolver atividades de coordenação

que exigem agilidade e confiabilidade, bem como disponibilidade para instruir,

informar, corrigir e apoiar as pessoas.

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Sobre a autora

Giselle Mueller-Roger Welter - CRP 06/18218

Psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco, especialista em

Psicologia Escolar e Educacional e orientadora profissional e de carreira.

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