Você está na página 1de 45

DIREITO EMPRESARIAL

TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL

Livro Eletrônico
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Sumário
Teoria Geral do Direito Empresarial.. .....................................................................................................................3
Apresentação do Curso.................................................................................................................................................3
1. Teoria Geral do Direito Empresarial..................................................................................................................4
1.1. Primeiros Passos: Objeto, Conceito e Nomenclatura da Disciplina.............................................4
1.2. Primeira Fase Evolutiva: o Direito Mercantil............................................................................................5
1.3. Segunda e Terceira Fases Evolutivas: do Direito Comercial ao Direito Empresarial. . ......6
1.4. Características da Disciplina. . ..........................................................................................................................11
1.5. Princípios Orientadores......................................................................................................................................12
1.6. Fontes do Direito Empresarial Brasileiro. ................................................................................................18
Resumo.................................................................................................................................................................................21
Questões de Concurso................................................................................................................................................23
Gabarito...............................................................................................................................................................................29
Questões Comentadas.. ..............................................................................................................................................30
Referências........................................................................................................................................................................44

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 2 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL


Apresentação do Curso
Olá, tudo bem?
Meu nome é Renato Borelli e, atualmente, ocupo o cargo de Juiz Federal em Brasília (TRF-
1). Fui também Juiz Federal no TRF-5 e, antes da magistratura, tive experiências como servidor
de Tribunais (TRF-1 e STJ), bem como nas advocacias pública e privada.
É com enorme satisfação que apresento a vocês o presente curso de Direito Empresarial,
cujo desenvolvimento se dará por meio da teoria, de tabelas-resumo e questões do Exame da
Ordem Unificado (OAB). A metodologia adotada contempla a exposição dos assuntos e, na
sequência, a resolução de questões de provas anteriores.
Nesse sentido, para facilitar a revisão da matéria, os temas serão finalizados com um breve
resumo, além de uma lista das questões sobre os pontos abordados, com o respectivo gabari-
to ao final da listagem.
A ordem dos assuntos a serem ministrados será a seguinte:

Teoria Geral do Direito Empresarial


Espécies de Empresário
Registro Empresarial
Estabelecimento e Nome Empresarial
Escrituração Empresarial
Proteção aos Direitos Industriais
Teoria Geral do Direito Societário
Sociedades não Personificadas e Sociedades Contratuais
Sociedade Anônima
Teoria Geral do Direito Falimentar
Recuperação Judicial e Extrajudicial
Falência
Títulos de Crédito
Contratos Empresariais
Espero, sinceramente, que você aproveite bastante os conteúdos que serão aqui ministrados.
Para iniciarmos, neste momento abordaremos os aspectos introdutórios à teoria geral do
Direito Empresarial, desde o seu conceito, passando pela evolução histórica da disciplina, até
chegarmos às suas fontes no Direito brasileiro.
Dito isso, desejo boa leitura e sucesso nos seus estudos!

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 3 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

1. Teoria Geral do Direito Empresarial


1.1. Primeiros Passos: Objeto, Conceito e Nomenclatura da Disciplina
Podemos afirmar que um pressuposto comum ao estudo de toda e qualquer disciplina é o
de compreender qual é o seu objeto, isto é, do que ela trata no mundo jurídico.
No caso do Direito Empresarial, ainda (erroneamente) chamado, por vezes, de Direito Mer-
cantil ou Comercial, temos que o seu objeto consiste no estudo do regime jurídico de Direito
privado especialmente voltado à regulação das atividades econômicas desenvolvidas no país,
bem como dos sujeitos de direitos (pessoas físicas ou jurídicas) que com elas se envolvem.
A partir de tal compreensão, podemos extrair um conceito simples, porém atual, da discipli-
na, próximo à ideia trazida pelo caput do artigo 966 do nosso Código Civil de 20021, segundo o
qual o Direito Empresarial é o ramo do Direito Privado responsável pela regulamentação de toda
e qualquer atividade econômica desempenhada de forma organizada (chamada de empresa),
bem como das pessoas, físicas ou jurídicas, que a exercem em caráter profissional (chamadas
de empresários).
Assim, temos que...

DIREITO EMPRESARIAL
 Atividades econômicas à organizadas;
 Pessoas (físicas e jurídicas) à exercício de tais atividades em caráter profissional;

Acerca da nomenclatura adequada, você notou a palavra “erroneamente”, destacada há


pouco, entre parênteses? Procedemos de tal modo a fim de que você percebesse que o nosso
Direito Empresarial já passou por inúmeras evoluções até que chegássemos à concepção e
nomenclatura atuais.
De início, a primeira ideia desenvolvida sobre a matéria, ainda na Idade Média, foi aquela re-
lativa ao Direito Mercantil, que se caracterizava essencialmente por usos e costumes próprios
de um conjunto de pessoas que desempenhavam certas e determinadas atividades comer-
ciais; costumes esses os quais restaram reunidos, em dado momento, nos estatutos dessas
associações de mercadores, denominadas Corporações de Ofício.
Nesse sentido, considerando que tais regras somente se aplicavam a um grupo reduzido
de comerciantes, de mercadores, o que revelava um caráter subjetivista e corporativista, temos
que o Direito Empresarial, nesse período, era consuetudinário e socialmente segmentado.
Mais adiante, precisamente no início do século XIX, o disciplinamento da matéria afeta aos
atos de comércio passou por uma grande evolução, que se deu a partir da edição do Código
1
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística,
ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 4 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Comercial francês de 1808 (ou Código Napoleônico). Nessa época, aquele Direito Mercantil,
de caráter consuetudinário, deu espaço ao Direito Comercial, codificado e garantidor de uma
jurisdição Estatal mais abrangente, isto é, independente da participação dos comerciantes em
corporações ou grupos sociais específicos.
Vale dizer que, em tal período histórico, o Direito Empresarial “viveu” o seu momento de
maior separação e independência em relação ao Direito Civil, na medida em que, pela teoria
“dos atos de comércio” (dentre outros fatores), revelava-se um caráter pretensiosamente autô-
nomo da disciplina.
Atualmente, contudo, o que se observa é que a partir do desenvolvimento e da adoção da
teoria da empresa – a qual será objeto do nosso estudo a seguir –, o Direito Empresarial, con-
quanto tenha passado por um processo de descodificação (visto que hoje a matéria é tratada
não apenas no CC/2002, mas também em legislações esparsas), possui a maior amplitude de
seu histórico evolutivo, tendo em vista que não mais abrange apenas algumas poucas asso-
ciações de pessoas, tampouco apenas certos atos de comércios, mas sim a grande maioria
das atividades econômicas, desde que exercidas com profissionalismo e organização, “para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços” (art. 966, caput¸ do CC/2002).
Portanto, anote...

EVOLUÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL


i. Direito Mercantil à Caracterizado pelas Corporações de Ofício; Direito costumeiro (consuetu-
dinário), criado a partir de critérios subjetivistas e corporativistas (segmentaristas);
ii. Direito Comercial à Caracterizado pela teoria dos atos de comércio; positivado a partir do
Código Comercial francês de 1808 (Código Napoleônico); período de maior separação, maior
autonomia em relação ao Direito Civil;
iii. Direito Empresarial à Nomenclatura atualmente adotada; caracterizada pela reaproximação
e unificação, ainda que parcial (formal), com o Direito Civil; positivada a partir do Código Civil
italiano de 1942; adoção da teoria da empresa;

Dito isso, que tal dissertarmos um pouco mais sobre essas fases evolutivas do Direito
Empresarial?

1.2. Primeira Fase Evolutiva: o Direito Mercantil


Como dito, a origem do Direito Empresarial remete à Idade Média, a partir da necessidade
de conferir uma sistematização minimamente segura às transações realizadas pelos comer-
ciantes que compunham as famosas Corporações de Ofício. Nesse cenário, o que se tinha
eram regras criadas e ditadas pelas próprias partes que desenvolviam as atividades comer-
ciais, isto é, sem a intervenção do Estado sobre tais relações jurídicas, e assim permaneceu a
matéria por um longo período da História humana.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 5 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Antes disso, ou seja, na Idade Antiga, era impossível falar-se em um Direito Empresarial,
Comercial ou mesmo Mercantil, na medida em que não se viam sequer traços de um sistema
jurídico-normativo organizado que se prestasse a regular o mercado e os atores que com ele
se envolviam.
Portanto, há um consenso na doutrina no sentido de que, embora o comércio já existis-
se empiricamente, o Direito Empresarial (ou Mercantil), como sistema de normas organizado,
teve sim a sua origem na Idade Média, por ocasião do desenvolvimento do sistema de regras
próprias dessas tais Corporações.
Esses grupos seletos de pessoas eram formados pela burguesia que vivia do comércio
junto aos feudos, e que estipulava normas jurídicas dinâmicas, próprias de suas atividades —
diferentes das regras do Direito Romano e Canônico.
Nesse contexto histórico, podemos afirmar que esse sistema subjetivista era composto
por uma jurisdição própria e por regras baseadas nos usos e nos costumes daqueles que de-
senvolviam as atividades comerciais. O Direito que regulava o comércio da época era o direito
aplicável aos integrantes de uma Corporação de Ofício específica. Verificava-se, assim um
caráter eminentemente classista e corporativo; subjetivista, portanto.
Nessa primeira fase da disciplina, observava-se um direito que contemplava apenas alguns
dos comerciantes (atos de comércio subjetivos). Havia, inclusive, um critério dito corporativo,
por meio do qual entendia-se que se um sujeito fosse membro de uma determinada Corpora-
ção de Ofício, o direito a ser aplicado em seu favor seria o da corporação da qual ele fazia par-
te. É dizer, era a matrícula na Corporação que atraía o direito costumeiro e a jurisdição consu-
lar (exercida por Juízes e Tribunais consulares, cujos membros, eleitos pelos integrantes das
Corporações, funcionavam como árbitros em face dos litígios eventualmente instaurados).
Entretanto, tornou-se nítido que esse critério subjetivista e corporativista não era suficiente
para regular todas as relações comerciais que se desenvolviam e se expandiam a cada dia. Fe-
z-se necessário que a tutela normativa se estendesse aos demais atos de comércio praticados
cotidianamente, o que deu origem ao sistema objetivista, que veremos a seguir.
Antes de avançarmos, porém, imperioso destacar que, apesar do abandono do Direito Mer-
cantil da Idade Média, ainda hoje verificamos importantes heranças que remetam a tal período
histórico, tais como a ideia de sociedades de pessoas, alguns traços rudimentares dos contra-
tos comerciais que eram celebrados entre os mercadores da época e, ainda, alguns dos títulos
de crédito que até hoje são utilizados no Direito Empresarial, a exemplo das letras de câmbio
e das notas promissórias.

1.3. Segunda e Terceira Fases Evolutivas: do Direito Comercial ao


Direito Empresarial
Conforme se depreende do histórico evolutivo há pouco narrado, a teoria dos atos de co-
mércio foi desenvolvida e disseminada em um contexto subsequente ao do sistema subjetivis-
ta e corporativista das Corporações de Ofício da Idade Média.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 6 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Isso se deu, repita-se, por ocasião da progressiva intensificação das atividades comerciais
desenvolvidas nas feiras das várias cidades portuárias europeias, seja pelos navegadores, seja
pelos próprios habitantes daquelas localidades. Com isso, aos poucos as Corporações foram
perdendo tanto o seu capital político quanto o seu monopólio sobre a instituição das regras
aplicáveis ao comércio e aos sujeitos que com ele se envolviam.
O Estado, então, tomou a frente no que se refere à tutela dos interesses individuais e coleti-
vos relativos às atividades comerciais que se expandiam no dia a dia. Nesse cenário, o Código
Comercial francês de 1808 (ou Código Napoleônico) representou uma mudança paradigmáti-
ca no ordenamento jurídico não só da França, mas de grande parte da Europa.
Referido diploma normativo, portanto, representou não apenas o abandono definitivo da
primeira fase do estágio evolutivo do Direito Empresarial, mas também o nascimento da teoria
dos atos de comércio, cujos principais traços característicos eram os da sua separação, inde-
pendência e autonomia em relação ao Direito Civil.

1.3.1. O que é a teoria dos atos de comércio?

Não obstante houvesse a legítima pretensão de ampliar o alcance e a proteção jurídica


conferida às relações comerciais que se desenrolavam na Europa, um dos primeiros desafios
enfrentados quando da promulgação do Código Napoleônico de 1808 foi justamente o de criar
um critério delimitativo do seu campo de incidência, considerando a pré-existência de outras
normas aplicáveis a todas as demais relações jurídicas havidas entre os cidadãos, reguladas
pelo Código Civil da época.
A teoria dos atos do comércio preceituava que os atos regidos pelo Código Comercial se-
riam aqueles elencados em seu corpo normativo, desde que fossem praticados de forma habi-
tual. Presentes tais pressupostos, o cidadão envolvido poderia, então, ser enquadrado um co-
merciante, sendo que sobre ele recairia a proteção jurídica específica das relações comerciais.
Assim, ao legislador francês coube a tarefa de elaborar um rol de atos considerados tipi-
camente mercantis, modelo legislativo esse que foi seguido em Portugal e na Espanha, por
ocasião dos Códigos desses países, datados, respectivamente, de 1833 e de 1885.
Por tal motivo, diz-se que a teoria dos atos do comércio possuía um caráter objetivista,
e não mais subjetivista, como se via na primeira fase da história do Direito Comercial (ou
Mercantil).

1.3.1.1. Existem Críticas acerca da Teoria dos Atos de Comércio?

Por mais que a teoria dos atos de comércio objetivasse, como dito, ampliar o campo de
proteção das normas voltadas às relações jurídicas mercantis – o que se fazia a partir de um
critério de intermediação na efetivação da troca de mercadorias –, a sua deficiência se revela-
va justamente a partir dessa pretensão legislativa de esgotamento do objeto disciplinado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 7 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Portanto, não é forçoso imaginar que, nesse contexto de expansão urbana e social vivida
na Europa do século XIX, a busca pela centralização da tutela estatal de todas as relações
comerciais cotidianas em um único Código mostrou-se infrutífera, na medida em que transpa-
recia a ausência de isonomia no trato dos indivíduos tidos por comerciantes, quando compara-
dos aos que não recebiam tal denominação e proteção jurídicas pelo Estado.

1.3.2. Finalmente, a Teoria da Empresa

A premente necessidade de se desenvolver um pensamento que trouxesse maior seguran-


ça jurídica e abrangência normativa a todos os sujeitos que desenvolviam atividades comer-
ciais, nas mais diversas áreas e com um grau de organização e complexidade cada vez mais
acentuado, contribuiu para o gradativo enfraquecimento da teoria dos atos do comércio. No
início do século XX, tal pensamento já se mostrava ultrapassado.
A partir de tal situação, podemos afirmar que o critério orientador do Direito Empresarial
(não mais “Comercial”, portanto) já não mais era o do binômio “atos de comércio/comercian-
te”, mas sim o que considerava o binômio empresa/empresário.
Outrossim, como veremos adiante, a excessiva separação e autonomia do Direito Comer-
cial em relação às demais normas civis passou a receber fortes críticas dos autores que se
dedicavam ao estudo do Direito Privado, que não mais viam sentido em uma divisão normativa
tão acentuada.
Então, a partir da edição do Código Civil italiano de 1942, operou-se uma verdadeira refor-
mulação de todo o Direito Empresarial europeu. Era o nascimento da teoria que até hoje ado-
tamos para a compreensão e o desenvolvimento do objeto de estudo de tal campo do Direito,
qual seja, a teoria da empresa.
Segundo essa teoria, o Direito Empresarial deve ter incidência não apenas a certos e deter-
minados “atos de comércio”, mas sim a toda atividade econômica desempenhada por pessoas
naturais ou jurídicas, de forma organizada e profissional, visando à produção, circulação e for-
necimento de bens ou à prestação de serviços.
Com isso, desvia-se (e amplia-se) mais uma vez o foco de tal campo normativo, que já não
mais se preocupa com quem (critério subjetivista) está praticando atos mercantis ou quais
atos estão sendo praticados (critério objetivista). Agora, o que importa é o modo com o qual a
atividade econômica é desempenhada.
Assim, conclui-se que, na terceira e atual fase do histórico evolutivo do Direito Empresarial,
o critério adotado é o da empresarialidade, que traz consigo novas e mais abrangentes noções
de quem pode ser considerado empresário e quais atividades podem ser enquadradas como
empresarias.
Mas quem é o empresário? Quais atividades são consideradas empresariais?

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 8 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Considerando que em tópicos futuros nos dedicaremos a um estudo específico de quem


são as pessoas que podem ser consideradas empresárias e quais atividades são tidas por
empresariais, por ora nos limitaremos a apresentar ideias superficiais acerca de tais conceitos.
Primeiramente, devemos ter a noção de que a empresa não se trata de um local, mas sim
de uma atividade. Sob o ponto de vista econômico, nada mais é que um conjunto organizado
de meios e fatores de produção ou intermediação (capital, mão de obra, insumos, tecnologia,
dentre outros), direcionados à criação, troca ou circulação de bens ou à prestação de serviços,
objetivando, como sabemos, um fim lucrativo.
Sob outro aspecto, considerando que, por muitos anos, as ideias de empresa, empresário e
estabelecimento eram confusas e imprecisas, variando conforme a teoria ou escola adotada,
devemos registrar aqui também o conceito desenvolvido pelo autor italiano Alberto Asquini,
que ganhou imenso destaque pelos estudiosos do Direito Empresarial. Segundo o referido
doutrinador, para identificar uma atividade empresarial, devemos considerá-la como um fenô-
meno econômico que se manifesta por meio de quatro diferentes perfis (isto é, um fenômeno
econômico poliédrico), a seguir retratados.
Pelo perfil subjetivo, a empresa é vista como sujeito de direito, ou seja, é o próprio empresá-
rio, aquele que exerce a atividade econômica, de forma habitual, em nome próprio, assumindo
os riscos desta atividade, independente de se tratar de uma pessoa física (singular) ou jurídica
(plural). A empresa, nesse perfil, confunde-se com o próprio conceito de empresário, que se
encontra definido no art. 966 do Código Civil brasileiro. É utilizado, nesse sentido, quando ouvi-
mos alguém falar frases como “a empresa faliu” ou “a empresa está contratando um gerente”.
Por sua vez, o perfil objetivo, também conhecido como patrimonial, está relacionado aos
bens da empresa, sejam estes materiais ou imateriais. O Direito Empresarial pátrio o reconhe-
ce como sendo o estabelecimento definido no art. 1.142 do Código Civil (“considera-se esta-
belecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou
por sociedade empresária”). Nesse sentido, ouvimos as pessoas falarem, por exemplo, que “a
empresa está pegando fogo!” ou que “a empresa está fechada”.
Asquini reconhece, nesse perfil, um “patrimônio especial distinto, por seu escopo, do restan-
te patrimônio do empresário”. Essa afirmação, entretanto, só vale para o empresário individual,
já que na sociedade empresária, o patrimônio deverá sempre estar vinculado à atividade eco-
nômica organizada (patrimônio afetado à empresa).
Noutro giro, pelo perfil funcional, a empresa se confunde com a própria atividade econômi-
ca desenvolvida, isto é, sendo um sinônimo de empreendimento que objetiva o lucro e que se
utiliza, para tanto, de uma organização de diversos fatores de produção ou circulação.
Asquini a chama de “força em movimento (...) dirigida para um determinado escopo produ-
tivo”. O conceito pode ser deduzido pela própria redação do art. 966 do Código Civil brasileiro.
Na linguagem do cotidiana, ouvimos as pessoas utilizarem este sentido quando falam: “a em-
presa está dando lucro”; “a sociedade optou por continuar a empresa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 9 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Por fim, mas não menos importante, temos o perfil corporativo, que vê na empresa uma
verdadeira instituição social, tal como a família, a qual busca reunir o empresário e os empre-
gados com objetivos comuns. Pela teoria asquiniana:

“o empresário e os seus colaboradores dirigentes, funcionários, operários, não são de fato, simples-
mente, uma pluralidade de pessoas ligadas entre si por uma soma de relações individuais de traba-
lho, com fim individual; mas formam um núcleo social organizado, em função de um fim econômico
comum, no qual se fundem os fins individuais do empresário e dos singulares colaboradores: a
obtenção do melhor resultado econômico na produção”.

Quanto a esse último perfil, é importante ressaltar, apenas, que esse ideal é oriundo de
uma ideologia fascista, predominante em 1943, de forma que não encontra paralelo no direito
positivado brasileiro.
Com o fim de adaptar o conceito ao ordenamento jurídico vigente, ainda que desvirtuando
um pouco do sentido original, este perfil também é chamado de hierárquico, visto que conside-
ra a empresa como uma estrutura piramidal, na qual o empresário ocupa o topo, seguido pelos
demais prepostos, conforme a hierarquia definida nos quadros funcionais da empresa.
Em resumo, é esse conjunto de perfis que embasa o conceito poliédrico de empresa, oriun-
do da teoria asquiniana.
Quanto ao empresário, por sua vez, devemos considerá-lo como a pessoa (natural ou jurídi-
ca) que exerce a empresa em caráter profissional. Com efeito, o profissionalismo se manifesta
por outras duas circunstâncias, a saber, a habitualidade, na medida em que não se considera
empresa uma atividade econômica pontual ou demasiadamente esporádica, e a pessoalidade,
visto que a empresa deve ser exercida pelo próprio empresário, não por pessoa interposta, ca-
bendo a ele assumir os riscos e, obviamente, auferir os lucros daí decorrentes.
Assim, anote...

EMPRESA E EMPRESÁRIO
 Empresa à É a atividade econômica organizada;
 Empresário à É a pessoa física ou jurídica que exerce a empresa com profissionalismo (habi-
tualidade + pessoalidade);

1.3.3. Da unificação com o Direito Privado: Será?

Antes de encerrarmos esse ponto, devemos destacar ainda que o Código Civil italiano de
1942, para além de romper com a antiga teoria dos atos de comércio e dar início à teoria da
empresa, também representou um importante passo no que se refere à unificação dos Direitos
Empresarial e Civil.
Nada obstante, essa unificação deve ser compreendida apenas sob o aspecto formal, visto
que o fato de muitas das normas sobre a teoria da empresa terem sido inseridas no Código

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 10 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Civil daquele País (semelhantemente ao nosso Código Civil de 2002) não fez com que fosse
abandonado o tratamento específico que a matéria pressupõe, dado o seu regime jurídico-nor-
mativo especial.
Assim, não há dúvidas, atualmente, quanto à existência de um regime jurídico especial-
mente delineado para o Direito Empresarial, tampouco quanto ao seu caráter autônomo em
relação às demais normas que regem outros tantos aspectos da vida civil.

1.4. Características da Disciplina


Como características do Direito Empresarial, a grande maioria dos doutrinadores traz em
seus manuais as seguintes: cosmopolitismo, onerosidade, informalismo, fragmentarismo e
elasticidade.
Por cosmopolitismo, entende-se que a importância dos atos empresariais ou de comércio
dá origem a uma maior proximidade entre países de diferentes partes do Mundo, seja por meio
de tratados ou outras espécies de acordos internacionais firmados sobre o tema. Nessa seara,
o Direito Empresarial foi, e ainda é, de extrema relevância para a integração entre os povos,
visto que proporciona diferentes formas de desenvolvimento social e econômico.
Quem é que nunca comprou alguma mercadoria advinda da China ou dos EUA, não é mesmo?!
Prosseguindo, temos que a ideia de onerosidade está relacionada à busca pelo cresci-
mento econômico e pela lucratividade, inerentes à atividade empresarial. É dizer, o Direito Em-
presarial possui evidente caráter econômico e financeiro, sendo que as suas atividades são
desempenhadas de modo especulativo, isto é, voltadas a gerar mais riquezas com o menor
ônus possível.
O informalismo do Direito Empresarial, por seu turno, diz respeito à necessidade de que os
atos de comércio sejam praticados de modo flexível e com a maior agilidade possível, dado o
dinamismo que observamos na circulação de informações e nas relações interpessoais atu-
ais. Vale destacar, porém, que tal informalismo não é absoluto, mas sim moderado, visto que
não se pode deixar de prestigiar a segurança jurídica dos sujeitos envolvidos com a atividade
comercial.
Ainda, a respeito do fragmentarismo, podemos verificar que o Direito Empresarial possui
um conteúdo bastante vasto e diversificado, na medida em que disciplina, por diferentes di-
plomas legais, os mais diferentes fenômenos da atividade econômica, desde a regulação de
quem são as pessoas (físicas e jurídicas) que podem ou não exercê-la em caráter profissional,
passando pela proteção ao nome, aos bens – corpóreos ou não – que compõem o estabeleci-
mento empresarial e à propriedade intelectual da empresa, até chegarmos ao regramento dos
títulos de créditos e dos contratos mercantis.
Por fim, mas não com menor importância, podemos afirmar que a ideia de elasticidade diz
respeito ao fato de que o Direito Empresarial está em constante movimento, visando a sempre

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 11 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

acompanhar as mudanças e as evoluções ocorridas em âmbito local e global, bem assim as


necessidades daí decorrentes.
Em resumo, temos que...

CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL


i. Cosmopolitismo à Proporciona maior proximidade entre países de diferentes partes do
Mundo; contempla a celebração de tratados e de acordos internacionais sobre os atos comer-
ciais;
ii. Onerosidade à Visa ao crescimento econômico e ao lucro; é exercido com especulação;
iii. Informalismo à Requer agilidade e flexibilidade na prática dos atos empresariais e de comér-
cio; não dispensa uma segurança jurídica mínima às partes;
iv. Fragmentarismo à Abrange diferentes leis e demais diplomas normativos que dissertam
sobre o seu objeto;
v. Elasticidade à Está em constante mudança e aperfeiçoamento, visando a se adequar às
necessidades contemporâneas;

1.5. Princípios Orientadores


Quanto aos princípios orientadores do Direito Empresarial a da ordem econômica no Brasil
de um modo geral, podemos observar, de início, que a CRFB/1988, em seu artigo 170, nos en-
sina o seguinte:

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto am-
biental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras
e que tenham sua sede e administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, indepen-
dentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.”

Buscando regulamentar a norma contida no parágrafo único do artigo supra e, além disso,
modernizar a tutela estatal das relações jurídico-econômicas cotidianas, foi editada, em 20 de

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 12 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

setembro de 2019, a Lei n. 13.874, resultante da conversão da Medida Provisória n. 881/2019,


e que instituiu “a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica; estabelece garantias de livre
mercado; (...) e d[eu] outras providências”.
Tal diploma normativo, em seu artigo 2º, dispõe que são princípios que a norteiam a ativi-
dade econômica:

“I – a liberdade como uma garantia no exercício de atividades econômicas;


II – a boa-fé do particular perante o poder público;
III – a intervenção subsidiária e excepcional do Estado sobre o exercício de atividades econômicas; e
IV – o reconhecimento da vulnerabilidade do particular perante o Estado.”

Realizada essa breve introdução, passemos à análise acerca dos princípios mais relevantes
ao estudo Direito Empresarial e com maior incidência em provas de concursos e exames afins.

1.5.1. Função Social da Empresa

Pois bem, a função social da empresa é um princípio que resulta de uma interpretação con-
junta dos princípios constantes dos incisos II e III da CF/1988. Isso porque, ao mesmo tempo
em que sem a propriedade privada – isto é, sem os seus bens de produção – não seria possível
que o empresário desempenhasse a sua atividade econômica, podemos dizer também que
tal propriedade privada, em linhas gerais, não pode existir sem que cumpra com a sua função
social, qual seja, a de garantir, além da dignidade da pessoa humana, o desenvolvimento indi-
vidual e coletivo.
Nesse sentido, segundo o disposto no parágrafo único do art. 116 da Lei n. 6.404/1976
(Dispõe sobre as Sociedades por Ações), por exemplo, tem-se que:

“o acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e
cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da
empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses
deve lealmente respeitar e atender” (grifamos).

Ou seja, é a partir de tal princípio que se tem a noção de que a atividade empresarial não se
destina, apenas, ao desenvolvimento social e econômico no plano individual, isto é, do próprio
empresário ou da sociedade empresária, mas também aos interesses de toda a coletividade,
o que se faz por meio da geração de empregos, da circulação de moeda, do pagamento de im-
postos, do estímulo à concorrência, da produção de bens ou, ainda, da prestação de serviços.
Como expoente de tal ideia, podemos citar a obra “Função social de propriedade dos bens
de produção”, do doutrinador Fábio Konder Comparato, importante jurista, advogado e escritor
brasileiro.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 13 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

1.5.2. Livre-Iniciativa

Trata-se de um princípio inerente e fundamental à ordem econômica e ao Direito Empresa-


rial, mas que também reflete um dos fundamentos da própria República Federativa do Brasil,
vide o inciso I do art. 1º da CRFB/19882.
O inciso XIII do art. 5º, por sua vez, eleva a livre iniciativa à categoria dos direitos e garantias
fundamentais (de primeira geração, ou dimensão), ao dispor que “é livre o exercício de qual-
quer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
Uma de suas finalidades, conforme se observa do há pouco mencionado caput do art. 170,
ainda do texto Constitucional, é a de assegurar a todos uma existência digna, conforme os
ditames da justiça social.
Com base nos dispositivos Constitucionais supra, podemos então definir o princípio da
livre iniciativa como a opção política estatal de conferir ampla liberdade aos indivíduos quanto
à criação, ao início e ao desenvolvimento de novas atividades econômicas, dos mais variados
gêneros e nos mais diferentes mercados, seja produzindo e fazendo circular bens, seja pres-
tando serviços, mas sempre visando ao lucro e à ascensão social.
Vale destacar, apenas, que não se trata de um direito exercível de forma absoluta e irrestri-
ta, mas que se encontra submetido, como dito, a eventuais qualificações profissionais que a
lei vier a estabelecer. Ao proceder de tal modo, busca-se evitar danos à sociedade, ainda que
potencial e abstratamente considerados, como já bem já decidiu o STF3.

1.5.3. Livre Concorrência

O princípio da livre concorrência, como vimos na redação do art. 170 da CRFB/1988 (espe-
cificamente no inciso IV), é um dos pilares responsáveis pela orientação e pela manutenção
da ordem econômica no Brasil e visa a coibir, prévia ou repressivamente, ações de empre-
sas que tenham sido ou estejam sendo praticadas de forma desleal ou com abuso do poder
econômico.
Ainda no plano Constitucional, temos que o § 4º do artigo 173 preceitua que “a lei reprimirá
o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrên-
cia e ao aumento arbitrário dos lucros”.
No ordenamento jurídico pátrio, a busca pela garantia da livre concorrência encontra gua-
rida, então, em duas importantes leis ordinárias, quais sejam, a Lei n. 9.279, de 14 de maio de
2
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;”
3
Nesse sentido, confira-se o RE 511.961/SP, a respeito da dispensa de diploma universitário para o exercício da profissão
de jornalista, o RE 414.426/SC, que afastou a obrigatoriedade de filiação dos músicos à entidade profissional respectiva e,
também, o RE 603.583RS, que tratou da constitucionalidade do Exame da OAB.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 14 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

1996 (Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial) e, mais recentemente, a


Lei n. 12.529, de 30 de novembro de 2011 (Estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concor-
rência; dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica; (...) e dá
outras providências”).
Tais diplomas legais trazem mecanismos de proteção ao ambiente concorrencial tanto no
plano concreto quanto no abstrato. Além disso, preveem sanções que vão além das pecuniá-
rias, como se pode observar, por exemplo, no artigo 38, incisos I a VII, da Lei n. 12.529/20114,
que prevê penas como a publicação, em meia página e a expensas do infrator, em jornal in-
dicado na decisão, de extrato da decisão condenatória, a inscrição do infrator no Cadastro
Nacional de Defesa do Consumidor e, em casos extremos, até mesmo a cisão de sociedade,
transferência de controle societário, venda de ativos ou cessação parcial de atividade.
Cumpre salientar, ainda nesse contexto, as importantíssimas atuações do Conselho Ad-
ministrativo de Defesa Econômica (Cade) – autarquia federal, qualificada como agência regu-
ladora, cujo objeto é a prevenção e a repressão à prática de infrações à ordem econômica – e
da Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade (Seae) – órgão federal, ligado
ao Ministério da Economia – que, juntos, formam o que se denomina de Sistema Brasileiro de
Defesa da Concorrência (SBDC).

1.5.4. Tratamento Favorecido das ME e EPP

Por fim, ainda no que se refere às normas principiológicas diretivas do Direito Empresarial
brasileiro, temos aquela que se destina a assegurar um tratamento favorecido às Microempre-
sas (ME) e às Empresas de Pequeno Porte (EPP).
Ao longo dos anos, o tratamento jurídico atribuído às ME e às EPP sofreu importantes
evoluções normativas até chegarmos ao que hoje observamos nos conceitos e ideias da Lei
4
Art. 38. Sem prejuízo das penas cominadas no art. 37 desta Lei, quando assim exigir a gravidade dos fatos ou o interesse
público geral, poderão ser impostas as seguintes penas, isolada ou cumulativamente:
I – a publicação, em meia página e a expensas do infrator, em jornal indicado na decisão, de extrato da decisão condenató-
ria, por 2 (dois) dias seguidos, de 1 (uma) a 3 (três) semanas consecutivas;
II – a proibição de contratar com instituições financeiras oficiais e participar de licitação tendo por objeto aquisições, alie-
nações, realização de obras e serviços, concessão de serviços públicos, na administração pública federal, estadual, muni-
cipal e do Distrito Federal, bem como em entidades da administração indireta, por prazo não inferior a 5 (cinco) anos;
III – a inscrição do infrator no Cadastro Nacional de Defesa do Consumidor;
IV – a recomendação aos órgãos públicos competentes para que:
a) seja concedida licença compulsória de direito de propriedade intelectual de titularidade do infrator, quando a infração esti-
ver relacionada ao uso desse direito;
b) não seja concedido ao infrator parcelamento de tributos federais por ele devidos ou para que sejam cancelados, no todo ou
em parte, incentivos fiscais ou subsídios públicos;
V – a cisão de sociedade, transferência de controle societário, venda de ativos ou cessação parcial de atividade;
VI – a proibição de exercer o comércio em nome próprio ou como representante de pessoa jurídica, pelo prazo de até 5 (cinco)
anos; e
VII – qualquer outro ato ou providência necessários para a eliminação dos efeitos nocivos à ordem econômica.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 15 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006 – Estatuto Nacional da Microempresa e da


Empresa de Pequeno Porte.
O início da desburocratização estatal em favor de tal parcela da iniciativa privada é datado
de 1979, ano em que foi instituído no País o Ministério da Desburocratização, chefiado pelo mi-
nistro Hélio Beltrão. A missão precípua de tal órgão do Estado era, em suma, a de sistematizar
e uniformizar o tratamento dado às microempresas, visto que, por falta de normas específicas,
estas eram submetidas às mesmas exigências legais das grandes empresas do País5.
A partir de tal ideia, foi editada, em 27 de novembro de 1984, a Lei n. 7.256, tida como o
primeiro Estatuto da Microempresa nacional.
A Constituição Federal de 1988, por sua vez, deu um passo importante nesse contexto
evolutivo, na medida em que, a partir do seu artigo 179, restou estabelecido, como um dos
princípios gerais da atividade econômica nacional, que:

“Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e


às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a
incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e
creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.”

Pois bem, mais à frente, tivemos ainda, na década de 90, a edição da Lei n. 8.864, de 28 de
março de 1994, denominada Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno
Porte, o qual instituiu a definição legal de empresa de pequeno porte, e:

“cujo intuito era tornar mais lento e gradual o caminho do pequeno empreendedor do regime jurídi-
co-empresarial simplificado para o regime jurídico-empresarial geral”6.

Dois anos depois, observamos mais uma grande alteração legislativa, qual seja, a da Lei
n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996, que deu origem ao Sistema Integrado de Pagamento de
Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES,
importantíssimo para a evolução do tratamento jurídico atribuído aos pequenos empresários,
na medida em que concedia em favor destes:

“possibilidade de pagamento de diversos tributos mediante recolhimento único mensal, o que, a


um só tempo, diminuía a carga tributária e eliminava certas exigências burocráticas decorrentes da
arrecadação fiscal”7.

Já em 2002, com a promulgação do nosso Código Civil atual, o que era para representar
mais um passo em direção ao desenvolvimento do tratamento jurídico atribuído às ME e às

5
Ramos, André Luiz Santa Cruz; Direito empresarial/André Luiz Santa Cruz Ramos. – 7. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2017; pg. 908
6
Idem; pg. 908.
7
Idem; pg. 908.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 16 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

EPP, em verdade, representou um verdadeiro retrocesso a tal sistema normativo, tendo em


vista que, por não fazer menção, no seu art. 9708, a tais espécies de pessoas jurídicas empre-
sariais, destoou de toda a legislação vigente até então, visto que restringiu:

“o tratamento privilegiado dispensado a esse pequeno empresário apenas a aspectos relacionados


à sua inscrição, quando a própria Constituição Federal já previa, há mais de uma década, um amplo
tratamento privilegiado, que engloba os regimes tributário, trabalhista, previdenciário e creditício a
que se sujeitam as MEs e EPPs”9.

Tal controvérsia só foi solucionada a partir da Emenda Constitucional n. 42/2003 (bati-


zada de “Reforma Tributária”), que, ao determinar que a definição do tratamento favorecido e
simplificado em favor das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte deveria ser feito
por meio de Lei Complementar, deu origem, 3 (três) anos depois, ao diploma normativo que
atualmente rege o assunto de forma integral10, qual seja, a LC n. 123/2006– Estatuto Nacional
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
Dito isso, considerando que a referida Lei será objeto de estudo específico em momento
futuro, por ora vale destacar apenas que, segundo o caput e os incisos I e II do seu artigo 3º,
são consideradas:

“microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a


empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei n.
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas
Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas,”

conforme o caso, desde que:

“I – no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$


360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e
II – no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a
R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões
e oitocentos mil reais).”

Para finalizarmos esse ponto, como exemplos práticos de tal tratamento favorecido con-
cedido em favor destas pessoas jurídicas empresárias, vale mencionar o artigo 1º, caput e
incisos I a IV, da LC n. 123/2006, que assim dispõe:
8
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário,
quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.
9
Ramos, André Luiz Santa Cruz; Direito empresarial/André Luiz Santa Cruz Ramos. – 7. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017; pg. 909.
10
Vide a Emenda da LC n. 123/2006 – Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera
dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada
pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei n. 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de
11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 17 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli
“Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e fa-
vorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere:
I – à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias;
II – ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias;
III – ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e ser-
viços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.
IV – ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere o inciso IV do parágrafo único do
art. 146, in fine, da Constituição Federal.”

1.6. Fontes do Direito Empresarial Brasileiro


Antes de encerrarmos esse primeiro capítulo introdutório, devemos nos dedicar à compre-
ensão de quais são as fontes a partir das quais emana o Direito Empresarial brasileiro.
Em breve síntese, podemos conceituar as fontes como os meios – materiais ou formais –
pelos quais as normas e regras de determinada disciplina se originam ou são produzidas. As
leis (complementares e ordinárias) diariamente promulgadas no País são os exemplos mais
comum que encontramos, como veremos a seguir.
No âmbito do Direito Empresarial brasileiro, como vimos, a opção legislativa inicial foi a
de seguir a mesma divisão outrora adotada pelo Direito francês de regular a matéria de forma
distinta em relação aos demais assuntos de Direito Privado; o que foi feito a partir da edição
de dois Códigos.
Tínhamos, nesse cenário, o Código Comercial de 1850 de um lado, cujos atos de comércio
a ele concernentes podiam ser encontrados no Regulamento n. 737/1850, e de outro o Código
Civil de 1916 (também chamado de “Código Beviláqua”, em homenagem ao seu principal au-
tor), sendo que ambos conviveram no mundo jurídico até a edição da Lei n. 10.406, de 10 de
janeiro de 2002, o nosso Código Civil atual.
Isso porque o Código Civil de 2002 revogou expressamente toda a Parte Primeira do Có-
digo Comercial de 1850, que tratava “Do comércio em geral”. É o que podemos observar na
redação do seu art. 2.045:

“Art. 2.045. Revogam-se a Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – Código Civil e a Parte Primeira do
Código Comercial, Lei n. 556, de 25 de junho de 1850.”

Nessa direção, importante destacar que a revogação supra, trazida pelo CC/2002, repre-
sentou mais do que uma mera transposição das regras próprias da matéria de um diploma
normativo para outro, mas sim o abandono da Teoria dos atos de comércio, consubstanciada,
à época, pelo Regulamento n. 737/1850, em prol da inequívoca adoção da Teoria da Empresa
(de origem italiana).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 18 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Quanto à Parte Segunda do Código Comercial, intitulada “Do comércio marítimo”, podemos
dizer que é a única que permanece plenamente válida e aplicável atualmente, na medida em
que trata, até hoje, das situações que envolvem o registro e o controle de embarcações nacio-
nais e estrangeiras e das tripulações com estas envolvidas, além da entrada e saída de merca-
dorias no País, sob o aspecto comercial.
Sob outro aspecto, a Parte Terceira do Código Comercial, denominada “Das quebras” (pois
se relacionava às quebras dos comerciantes, isto é, à falência destes), foi revogada pelo De-
creto-Lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945 (antiga Lei de Falências), que, por seu turno, também
foi posteriormente ab-rogada (integralmente revogada) pela Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de
2005, que hoje regula as recuperações judicial e extrajudicial, além das falências do empresá-
rio e da sociedade empresária.
Portanto, em resumo, quanto ao Código Comercial de 1850, hoje temos que:

CÓDIGO COMERCIAL DE 1850


• PARTE PRIMEIRA (“Do comércio em geral”) – Revogada pelo Código Civil de 2002;
• PARTE SEGUNDA (“Do comércio marítimo”) – Vigente;
• PARTE TERCEIRA (“Das quebras”) – Revogada pelo Decreto-Lei n. 7.661/1945 (antiga
Lei de Falências), posteriormente ab-rogada (integralmente revogada) pela Lei n.
11.101/2005;

Dito isso, podemos observar que o nosso diploma Civil atual guarda em seu corpo norma-
tivo, de fato, grande parte das regras própria do Direito Empresarial brasileiro, o que justifica o
seu estudo de forma integrada e complementar ao do Direito Civil, mas que não tem a preten-
são de esgotar o seu objeto.
No que se refere às demais fontes da disciplina, podemos dizer que, além do CC/2002,
existem outras leis importantíssimas para uma boa compreensão da Direito Empresarial em
sua completude. Dentre elas, impende destacar, para fins de provas de concursos públicos e
exames afins, as seguintes:
• Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 – “Dispõe sobre as Sociedades por Ações”;
• Lei n. 5.474, de 18 de julho de 1968 – “Dispõe sobre as Duplicatas, e dá outras providên-
cias”;
• Lei n. 7.357, de 2 de setembro de 1985 – “Dispõe sobre o cheque e dá outras providên-
cias”;
• Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996 – “Regula direitos e obrigações relativos à proprie-
dade industrial”;
• Lei n. 11.101/2005, de 9 de fevereiro de 2005 – “Regula a recuperação judicial, a extraju-
dicial e a falência do empresário e da sociedade empresária”;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 19 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

Ainda, há autores que defendem que os usos e costumes também podem ser considera-
dos fontes do Direito Empresarial pátrio, na medida em que o dinamismo e a premência das re-
lações jurídicas comerciais cotidianas muitas vezes dá origem a comportamentos reiterados
os quais, ainda que não sejam necessariamente sucedidos de uma norma regulamentadora,
se tornam de observância obrigatória por todos os envolvidos depois de um certo período de
existência.
Ademais, considerando que, conforme o disposto no artigo 22, inciso I, da CF/1988, com-
pete privativamente à União legislar sobre “direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”, é certo que, no Brasil, somente o Poder
Legislativo federal pode editar leis cujo objeto esteja relacionado ao Direito Empresarial, sem
prejuízo da noção segundo a qual eventual lei complementar pode “autorizar os Estados a legis-
lar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo” (art. 22, parágrafo único).
O assunto já foi explorado em provas, exemplificativamente, da seguinte forma:

(E-OAB 2 – 1ª Fase/2007 – Banca Cespe/Cebraspe)


Considerando o atual estágio do direito comercial (ou empresarial) brasileiro, assinale a opção
correta.
A) O Código Civil de 2002 revogou totalmente o Código Comercial de 1850.
B) A Constituição da República estabelece a competência privativa da União para legislar sobre
direito comercial (ou empresarial).
C) O Código Civil de 2002, assim como o Código Comercial de 1850, adotou a teoria da empresa.
D) O Código Civil de 2002 não revogou a antiga legislação sobre sociedades por quotas de
responsabilidade limitada.
Gabarito: Alternativa B.

Por fim, não se pode deixar de mencionar que existem também normas de Direito Empre-
sarial no âmbito internacional (tratados e convenções) às quais o Brasil já manifestou a sua
adesão e que, por tal motivo, regulam determinadas relações jurídicas integral ou, ao menos,
diretivamente. É o caso da famosa Lei Uniforme de Genebra (LUG), que trata, de forma porme-
norizada, das letras de câmbio e notas promissórias, e da Convenção da União de Paris, que
estabelece normas acerca da proteção à propriedade intelectual.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 20 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

RESUMO
Vamos a uma breve retomada de todos os quadros-resumos que apresentamos ao longo
das explicações?

DIREITO EMPRESARIAL
 Atividades econômicas à organizadas;
 Pessoas (físicas e jurídicas) à exercício de tais atividades em caráter profissional;

EVOLUÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL


i. Direito Mercantil à Caracterizado pelas Corporações de Ofício; Direito costumeiro (consuetu-
dinário), criado a partir de critérios subjetivistas e corporativistas (segmentaristas);
ii. Direito Comercial à Caracterizado pela teoria dos atos de comércio; positivado a partir do
Código Comercial francês de 1808 (Código Napoleônico); período de maior separação, maior
autonomia em relação ao Direito Civil;
iii. Direito Empresarial à Nomenclatura atualmente adotada; caracterizada pela reaproximação
e unificação, ainda que parcial (formal), com o Direito Civil; positivada a partir do Código Civil
italiano de 1942; adoção da teoria da empresa;

EMPRESA E EMPRESÁRIO
 Empresa à É a atividade econômica organizada;
 Empresário à É a pessoa física ou jurídica que exerce a empresa com profissionalismo (habi-
tualidade + pessoalidade);

CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL


i. Cosmopolitismo à Proporciona maior proximidade entre países de diferentes partes do
Mundo; contempla a celebração de tratados e de acordos internacionais sobre os atos comer-
ciais;
ii. Onerosidade à Visa ao crescimento econômico e ao lucro; é exercido com especulação;
iii. Informalismo à Requer agilidade e flexibilidade na prática dos atos empresariais e de comér-
cio; não dispensa uma segurança jurídica mínima às partes;
iv. Fragmentarismo à Abrange diferentes leis e demais diplomas normativos que dissertam
sobre o seu objeto;
v. Elasticidade à Está em constante mudança e aperfeiçoamento, visando a se adequar às
necessidades contemporâneas;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 21 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

CÓDIGO COMERCIAL DE 1850


• PARTE PRIMEIRA (“Do comércio em geral”) – Revogada pelo Código Civil de 2002;
• PARTE SEGUNDA (“Do comércio marítimo”) – Vigente;
• PARTE TERCEIRA (“Das quebras”) – Revogada pelo Decreto-Lei n. 7.661/1945 (antiga
Lei de Falências), posteriormente ab-rogada (integralmente revogada) pela Lei n.
11.101/2005;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 22 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

QUESTÕES DE CONCURSO
001. (XXVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018/FGV) Roberto desligou-se de seu emprego
e decidiu investir na construção de uma hospedagem do tipo pousada no terreno que pos-
suía em Matinhos. Roberto contratou um arquiteto para mobiliar a pousada, fez cursos de
hotelaria e, com os ensinamentos recebidos, contratou empregados e os treinou. Ele também
contratou um desenvolvedor de sites de Internet e um profissional de marketing para divulgar
sua pousada.
Desde então, Roberto dedica-se exclusivamente à pousada, e os resultados são promissores.
A pousada está sempre cheia de hóspedes, renovando suas estratégias de fidelização; em
breve, será ampliada em sua capacidade.
Considerando a descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a afirmati-
va correta.
a) A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta tanto de profissionalismo
de seu titular quanto de produção de bens.
b) A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a prestação de serviços não ser
um ato de empresa.
c) A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário a partir
do registro na Junta Comercial.
d) A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, independentemente de
registro na Junta Comercial.

002. (XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO (REAPLICAÇÃO SALVADOR/BA)/2016/FGV) O


engenheiro agrônomo Zacarias é proprietário de quatro fazendas onde ele realiza, em nome
próprio, a exploração de culturas de soja e milho, bem como criação intensiva de gado. A ativi-
dade em todas as fazendas é voltada para exportação, com emprego intenso de tecnologia e
insumos de alto custo. Zacarias não está registrado na Junta Comercial.
Com base nessas informações, é correto afirmar que
a) Zacarias, por exercer empresa em caráter profissional, é considerado empresário indepen-
dentemente de ter ou não registro na Junta Comercial.
b) Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado empresário pelo fato de
não ter realizado seu registro na Junta Comercial.
c) Zacarias não pode ser registrado como empresário, porque, sendo engenheiro agrônomo,
exerce profissão intelectual de natureza científica, com auxílio de colaboradores.
d) Zacarias é um empresário de fato, por não ter realizado seu registro na Junta Comercial
antes do início de sua atividade, descumprindo obrigação legal.

003. (XVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015/FGV) Assinale a alternativa correta em rela-


ção aos conceitos de empresa e empresário no Direito Empresarial.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 23 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

a) Empresa é a sociedade com ou sem personalidade jurídica; empresário é o sócio da empresa,


pessoa natural ou jurídica com responsabilidade limitada ao valor das quotas integralizadas.
b) Empresa é qualquer atividade econômica destinada à produção de bens; empresário é a
pessoa natural que exerce profissionalmente a empresa e tenha receita bruta anual de até R$
100.000,00 (cem mil reais).
c) Empresa é a atividade econômica organizada para a produção e/ou a circulação de bens e
de serviços; empresário é o titular da empresa, quem a exerce em caráter profissional.
d) Empresa é a repetição profissional dos atos de comércio ou mercancia; empresário é a pes-
soa natural ou jurídica que pratica de modo habitual tais atos de comércio.

004. (XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2014/FGV) Alfredo Chaves exerce, em caráter pro-
fissional, atividade intelectual de natureza literária, com a colaboração de auxiliares. O exer-
cício da profissão constitui elemento de empresa. Não há registro da atividade por parte de
Alfredo Chaves em nenhum órgão público.
Com base nessas informações e nas disposições do Código Civil, assinale a afirmativa correta.
a) Alfredo Chaves não é empresário, porque exerce atividade intelectual de natureza literária.
b) Alfredo Chaves não é empresário, porque não possui registro em nenhum órgão público.
c) Alfredo Chaves é empresário, independentemente da falta de inscrição na Junta Comercial.
d) Alfredo Chaves é empresário, porque exerce atividade não organizada em caráter profissional.

005. (EXAME DE ORDEM 2/2007/CESPE) Considerando o atual estágio do direito comercial


(ou empresarial) brasileiro, assinale a opção correta.
a) O Código Civil de 2002 revogou totalmente o Código Comercial de 1850.
b) A Constituição da República estabelece a competência privativa da União para legislar sobre
direito comercial (ou empresarial).
c) O Código Civil de 2002, assim como o Código Comercial de 1850, adotou a teoria da empresa.
d) O Código Civil de 2002 não revogou a antiga legislação sobre sociedades por quotas de
responsabilidade limitada.

006. (TCDF (PROCURADOR)/2013/CESPE/CEBRASPE) Considerando que o atual Código Ci-


vil, instituído em 2002, inaugurou no ordenamento jurídico brasileiro o que a doutrina denomina
de unificação do direito privado, passando a disciplinar tanto a matéria civil quanto a comer-
cial, julgue os itens a seguir.
Instituído em 1850, o Regulamento 737 que então definiu os atos de mercancia, embora já te-
nha sido revogado há muito tempo, ainda é albergado pela doutrina e tem aplicação subsidiária
na nova ordem do direito empresarial calcada na teoria da empresa.

007. (TJ/RS (TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS)/2015/FAURGS) No que


diz respeito ao Direito Empresarial e ao estabelecimento e livros empresariais, assinale a alter-
nativa que contém a afirmativa correta.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 24 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

a) Não é possível excluir os bens incorpóreos utilizados pelo empresário na consecução de


sua atividade da noção de estabelecimento empresarial.
b) Segundo a teoria dos “Perfis de Empresa”, desenvolvida pelo jurista italiano Alberto Asquini
e amplamente difundida no Direito Brasileiro, a noção de empresa, analisada sob o prisma do
chamado “Perfil Objetivo”, é identificada com a atividade empresarial propriamente dita.
c) A “Teoria dos Atos de Comércio” encontrou positivação expressa no Código Comercial Bra-
sileiro de 1850.
d) A exibição total dos livros empresariais não é admitida, nem mesmo por determinação judi-
cial, na análise de questões envolvendo administração ou gestão à conta de outrem.

008. (TJ/PR (JUIZ SUBSTITUTO)/2014/PUC-PR) Para a Teoria da Empresa, adotada no Brasil


com o Código Civil de 2002, é empresarial a atividade econômica organizada para a produção
ou a circulação de bens ou de serviços. Será empresário, pois, aquele que exercer profissional-
mente essa atividade.
A respeito dessa teoria, é INCORRETO afirmar:
a) O aspecto objetivo se refere à dinâmica empresarial, ou seja, à atividade própria do empre-
sário ou da sociedade empresária, em seu cotidiano negocial, que nada mais é do que o com-
plexo de atos que compõem a vida empresarial.
b) Ela surgiu e foi desenvolvida na Itália, sendo um de seus expoentes Alberto Asquini.
c) Como objeto de estudos, a empresa possui quatro perfis, de acordo com seus quatro as-
pectos distintos, que são o perfil ou aspecto subjetivo, o perfil ou aspecto objetivo, o perfil ou
aspecto funcional e o perfil ou aspecto corporativo.
d) No direito brasileiro o aspecto corporativo submete-se ao regramento da legislação traba-
lhista, daí por que Waldirio Bulgarelli prefere dizer que a Teoria Poliédrica da Empresa é redu-
zida, no Brasil, à Teoria Triédrica da Empresa, abrangendo tão somente os perfis subjetivo,
objetivo e funcional, que interessam à legislação civil.

009. (PREFEITURA DE FOZ DO IGUAÇU/PR (PROCURADOR DO MUNICÍPIO JÚNIOR)/2019/


FAFIPA) Analise as proposições a seguir:
I – Durante o período subjetivo, iniciado com a edição do Código Comercial, era adotada a Te-
oria dos Atos de Comércio, os quais eram definidos no referido diploma, ainda hoje vigente no
ordenamento pátrio.
II – A Teoria da Empresa, preconiza a aplicação do Direito Empresarial tendo por alicerce a
atividade exercida pelo empresário, e foi adotada a partir de 1850 com a edição do Código
Comercial.
III – As corporações de ofício deram origem ao Direito Empresarial, sendo inseridas no período
objetivo de sua evolução histórica.
Considerando as proposições acima, assinale a alternativa CORRETA:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 25 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

a) Todas as proposições estão corretas.


b) Somente III está correta.
c) Somente I e III estão corretas.
d) Somente I e II estão corretas.
e) Nenhuma proposição está correta.

010. (DPE/ES (DEFENSOR PÚBLICO)/2012/CESPE/CEBRASPE) No Código Comercial do


Império do Brasil, adotou-se, por influência dos códigos francês, espanhol e português, a teoria
dos atos de comércio, no que se refere à sua abrangência e aplicação.

011. (TJ/MG (TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTRO)/2015/CONSUPLAN)


Analise as seguintes afirmativas:
I – O Novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002) revogou todo o Código Comer-
cial (Lei n. 556, de 25 de junho 1850).
II – Regem-se os títulos de crédito pelo disposto no Novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de
janeiro de 2002), ficando sem efeito qualquer outra disposição diversa.
III – Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empresários e sociedades empresárias
as disposições de lei não revogadas pelo Novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de janei-
ro de 2002), referentes a comerciantes, ou a sociedades comerciais, bem como a atividades
mercantis.
A partir da análise das afirmativas acima e com base no Novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10
de janeiro de 2002), está correto somente o que se afirma em:
a) I
b) I e III
c) III
d) I e II

012. (MPE/AC (PROMOTOR DE JUSTIÇA)/2014/CESPE/CEBRASPE) Considerando a evolu-


ção histórica do direito empresarial, assinale a opção correta
a) A teoria dos atos de comércio foi adotada, inicialmente, nas feiras medievais da Europa pe-
las corporações de comerciantes que então se formaram.
b) A edição do Código Francês de 1807 é considerada o marco inicial do direito comer-
cial no mundo
c) Considera-se o marco inicial do direito comercial brasileiro a lei de abertura dos portos, em
1808, por determinação do rei Dom João VI.
d) É de origem francesa a teoria da empresa, adotada pelo atual Código Civil brasileiro.
e) O direito romano apresentou um corpo sistematizado de normas sobre atividade comercial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 26 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

013. (TJ/SC (TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS)/2019/IESES) Quando se


trata da origem e evolução do direito comercial, nos é apontado pela doutrina que:
a) O Código Civil Italiano de 1942 estabeleceu um regime para todas as formas de atividades
econômicas, restabelecendo o sistema objetivo de identificação daqueles que se dedicavam
ao comércio.
b) O Código Comercial Brasileiro de 1850 tinha um caráter marcadamente subjetivista de iden-
tificação do comerciante: seria comerciante aquele que arquivasse os atos constitutivos no
Registro Público de Empresas.
c) Os ideais da Revolução Francesa acompanharam o surgimento de um direito unificado, re-
gulando tanto os atos de comércio, que só poderiam ser praticados pelos comerciantes, como
os atos de natureza civil.
d) A teoria subjetiva somente considerava comerciantes aqueles que estivessem matricula-
dos em uma das corporações de ofício, os quais dispunham de uma atividade jurisdicional
especializada.

014. (CÂMARA DOS DEPUTADOS (ANALISTA LEGISLATIVO/CONSULTOR LEGISLATIVO


ÁREA VII)/2014/CESPE/CEBRASPE) No que se refere às regras gerais do direito de empre-
sas, julgue o seguinte item.
O conceito de empresário previsto no Código Civil engloba todas as pessoas físicas e jurídicas
que exercem qualquer atividade econômica organizada.

015. (CÂMARA DOS DEPUTADOS (ANALISTA LEGISLATIVO/CONSULTOR LEGISLATIVO


ÁREA IX)/2014/CESPE/CEBRASPE) Com base na legislação brasileira aplicada a microem-
presas e empresas de pequeno porte, julgue o item subsequente.
O tratamento favorecido concedido às empresas de pequeno porte constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no Brasil encontra amparo no texto magno
republicano e, salvo exceções legais, beneficia diversos tipos de atividade econômica.

016. (DPF/POLÍCIA FEDERAL (DELEGADO)/2013/CESPE/CEBRASPE) Julgue o item seguin-


te, relativo ao direito empresarial.
Apesar de os gregos e os fenícios serem historicamente associados a atividades de compra
e troca, o surgimento do direito comercial de forma organizada corresponde à ascensão da
classe burguesa na Idade Média. À medida que artesãos e comerciantes europeus se reuniam
em corporações de ofícios, surgiam normas destinadas a disciplinar os usos e costumes co-
merciais da época.

017. (SERPRO (ANALISTA/GESTÃO LOGÍSTICA)/2013/CESPE/CEBRASPE) Acerca de in-


centivos a micro e pequenas empresas, julgue o item que se segue.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 27 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

A receita bruta anual de microempresa deve ser de até R$ 460 mil e a de empreendedores indi-
viduais, de até R$ 60 mil, enquanto a de pequenas empresas deve estar entre R$ 460 mil e R$
4,6 milhões.

018. (TCDF (PROCURADOR)/2013/CESPE/CEBRASPE) Considerando que o atual Código Ci-


vil, instituído em 2002, inaugurou no ordenamento jurídico brasileiro o que a doutrina denomina
de unificação do direito privado, passando a disciplinar tanto a matéria civil quanto a comer-
cial, julgue os itens a seguir.
Com o advento do novo Código Civil (de 2002), houve a substituição da teoria dos atos de co-
mércio pela teoria da empresa, que se define pelo conceito de atividade.

019. (ANAC (TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL – ÁREA 2)/2012; BANCA CES-
PE/CEBRASPE/ADAPTADA) Com relação ao cartel, ao truste e à análise de mercado, julgue
o item a seguir:
O mercado pode ser compreendido como uma instituição social, um produto da história da
humanidade, uma instituição política destinada a regular e a manter determinadas estruturas
de poder que asseguram a prevalência dos interesses de certos grupos sobre os interesses de
outros grupos sociais.

020. (STJ (ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA)/2012/CESPE/CEBRASPE) Com


base em assuntos relacionados ao direito empresarial, julgue os itens subsequentes.
Consoante a doutrina predominante, por constituírem fonte subsidiária, os usos e costumes
somente se aplicam aos casos em que se verifique lacuna na lei mercantil. Os usos e costu-
mes contra legem, portanto, não são considerados como fonte e carecem de qualquer eficácia.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 28 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

GABARITO
1. d
2. b
3. c
4. c
5. b
6. E
7. a
8. a
9. e
10. E
11. c
12. c
13. d
14. E
15. C
16. C
17. E
18. C
19. C
20. C

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 29 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

QUESTÕES COMENTADAS
001. (XXVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018/FGV) Roberto desligou-se de seu emprego
e decidiu investir na construção de uma hospedagem do tipo pousada no terreno que pos-
suía em Matinhos. Roberto contratou um arquiteto para mobiliar a pousada, fez cursos de
hotelaria e, com os ensinamentos recebidos, contratou empregados e os treinou. Ele também
contratou um desenvolvedor de sites de Internet e um profissional de marketing para divulgar
sua pousada.
Desde então, Roberto dedica-se exclusivamente à pousada, e os resultados são promissores.
A pousada está sempre cheia de hóspedes, renovando suas estratégias de fidelização; em
breve, será ampliada em sua capacidade.
Considerando a descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a afirmati-
va correta.
a) A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta tanto de profissionalismo
de seu titular quanto de produção de bens.
b) A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a prestação de serviços não ser
um ato de empresa.
c) A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário a partir
do registro na Junta Comercial.
d) A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, independentemente de
registro na Junta Comercial.

Para ser considerado empresário é preciso cumprir os requisitos do art. 966, não é necessário
o registro, este caracteriza a regularidade da empresa (art. 967).
Conforme o Código Civil:

“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza cientí-
fica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, antes do início de sua atividade.”
Letra d.

002. (XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO (REAPLICAÇÃO SALVADOR/BA)/2016/FGV) O


engenheiro agrônomo Zacarias é proprietário de quatro fazendas onde ele realiza, em nome
próprio, a exploração de culturas de soja e milho, bem como criação intensiva de gado. A ativi-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 30 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

dade em todas as fazendas é voltada para exportação, com emprego intenso de tecnologia e
insumos de alto custo. Zacarias não está registrado na Junta Comercial.
Com base nessas informações, é correto afirmar que
a) Zacarias, por exercer empresa em caráter profissional, é considerado empresário indepen-
dentemente de ter ou não registro na Junta Comercial.
b) Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado empresário pelo fato de
não ter realizado seu registro na Junta Comercial.
c) Zacarias não pode ser registrado como empresário, porque, sendo engenheiro agrônomo,
exerce profissão intelectual de natureza científica, com auxílio de colaboradores.
d) Zacarias é um empresário de fato, por não ter realizado seu registro na Junta Comercial
antes do início de sua atividade, descumprindo obrigação legal.

Segundo o Código Civil:

“Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.”
“Em razão da extensão territorial do Brasil e da diversidade entre regiões facultou ao produtor ru-
ral, in­dependentemente da complexidade e da organização de sua atividade, caracterizar-se como
empresário. Para caracterizar-se como empresário, o produtor rural ou sociedade que desenvolve
atividade rural ou pecuária, deverá inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis. Sem o
registro, ainda que desenvolva sua atividade de modo organizado e profissional, o produtor não se
caracteriza como empresário. A exigência de registro para a caracterização do empresário ocorre
apenas para o produtor rural. Os demais agentes econômicos são empresários apenas se exerce-
rem a atividade econômica organizada e profissional (exceto profissionais intelectuais). Caso não
possuam o registro, que é obrigatório para todos os empresários, continuam a ser caracterizados
como empresários, mas serão empregados irregulares.”
FONTE: OAB primeira fase: volume único/Pedro Lenza... [et al.]. – 3. ed. – São Paulo: Saraiva Edu-
cação, 2018.(Coleção esquematizado ®/coordenador Pedro Lenza) – 7. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2020)
Letra b.

003. (XVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015/FGV) Assinale a alternativa correta em rela-


ção aos conceitos de empresa e empresário no Direito Empresarial.
a) Empresa é a sociedade com ou sem personalidade jurídica; empresário é o sócio da empresa,
pessoa natural ou jurídica com responsabilidade limitada ao valor das quotas integralizadas.
b) Empresa é qualquer atividade econômica destinada à produção de bens; empresário é a
pessoa natural que exerce profissionalmente a empresa e tenha receita bruta anual de até R$
100.000,00 (cem mil reais).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 31 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

c) Empresa é a atividade econômica organizada para a produção e/ou a circulação de bens e


de serviços; empresário é o titular da empresa, quem a exerce em caráter profissional.
d) Empresa é a repetição profissional dos atos de comércio ou mercancia; empresário é a pes-
soa natural ou jurídica que pratica de modo habitual tais atos de comércio.

Com base no Código Civil, empresário (pessoa) é aquele que exerce empresa (atividade):

“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.”
Letra c.

004. (XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2014/FGV) Alfredo Chaves exerce, em caráter pro-
fissional, atividade intelectual de natureza literária, com a colaboração de auxiliares. O exer-
cício da profissão constitui elemento de empresa. Não há registro da atividade por parte de
Alfredo Chaves em nenhum órgão público.
Com base nessas informações e nas disposições do Código Civil, assinale a afirmativa correta.
a) Alfredo Chaves não é empresário, porque exerce atividade intelectual de natureza literária.
b) Alfredo Chaves não é empresário, porque não possui registro em nenhum órgão público.
c) Alfredo Chaves é empresário, independentemente da falta de inscrição na Junta Comercial.
d) Alfredo Chaves é empresário, porque exerce atividade não organizada em caráter profissional.

Conforme o Código Civil:

“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza cientí-
fica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.”
a) Errada. Embora Alfredo exerça profissão intelectual, ele se enquadra na exceção do exercí-
cio da profissão constituir elemento de empresa.
b) Errada. A ausência de registro não o descaracteriza como empresário, ele apenas não terá
a regularidade da empresa, sendo considerado Empresário Irregular.
c) Certa. Sua atividade constitui elemento de empresa, caracterizando-o como empresário. A
falta de registro compromete a regularidade da empresa, não desconfigura o empresário.
d) Errada. Para ser considerado empresário precisa exercer a atividade econômica de modo
organizado.
Letra c.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 32 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

005. (EXAME DE ORDEM 2/2007/CESPE) Considerando o atual estágio do direito comercial


(ou empresarial) brasileiro, assinale a opção correta.
a) O Código Civil de 2002 revogou totalmente o Código Comercial de 1850.
b) A Constituição da República estabelece a competência privativa da União para legislar sobre
direito comercial (ou empresarial).
c) O Código Civil de 2002, assim como o Código Comercial de 1850, adotou a teoria da empresa.
d) O Código Civil de 2002 não revogou a antiga legislação sobre sociedades por quotas de
responsabilidade limitada.

a) Errada. O Código Civil de 2002 não revogou completamente o Código Comercial de 1850,
posto que permanece em vigor a parte que se refere ao comércio marítimo. Houve, portanto,
derrogação.
A Revogação pode ser total, chamada de Ab-rogação; ou parcial, chamada de Derrogação.
b) Certa. Segundo a Constituição Federal de 1988:

“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;”
c) Errada. O Código Comercial de 1850 adotou a Teoria dos Atos de Comércio. Já o Código
Civil de 2002 adotou a Teoria da Empresa.
d) Errada. Esta parte foi revogada.
Letra b.

006. (TCDF (PROCURADOR)/2013/CESPE/CEBRASPE) Considerando que o atual Código Ci-


vil, instituído em 2002, inaugurou no ordenamento jurídico brasileiro o que a doutrina denomina
de unificação do direito privado, passando a disciplinar tanto a matéria civil quanto a comer-
cial, julgue os itens a seguir.
Instituído em 1850, o Regulamento 737 que então definiu os atos de mercancia, embora já te-
nha sido revogado há muito tempo, ainda é albergado pela doutrina e tem aplicação subsidiária
na nova ordem do direito empresarial calcada na teoria da empresa.

Com a adoção, pelo ordenamento jurídico brasileiro, da teoria da empresa, a partir da promul-
gação do Código Civil de 2002, não remanesce no sistema normativo próprio do Direito Empre-
sarial qualquer espaço de aplicação da teoria dos atos de comércio, ainda que subsidiária. Isso
porque a mudança de critérios para a identificação das atividades empresariais – que deixou
de analisar quais atividades eram tidas por comerciais para então verificar o modo como elas
são desenvolvidas – alterou toda a lógica normativa protetiva que se observava até então.
Errado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 33 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

007. (TJ/RS (TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS)/2015/FAURGS) No que


diz respeito ao Direito Empresarial e ao estabelecimento e livros empresariais, assinale a alter-
nativa que contém a afirmativa correta.
a) Não é possível excluir os bens incorpóreos utilizados pelo empresário na consecução de
sua atividade da noção de estabelecimento empresarial.
b) Segundo a teoria dos “Perfis de Empresa”, desenvolvida pelo jurista italiano Alberto Asquini
e amplamente difundida no Direito Brasileiro, a noção de empresa, analisada sob o prisma do
chamado “Perfil Objetivo”, é identificada com a atividade empresarial propriamente dita.
c) A “Teoria dos Atos de Comércio” encontrou positivação expressa no Código Comercial Bra-
sileiro de 1850.
d) A exibição total dos livros empresariais não é admitida, nem mesmo por determinação judi-
cial, na análise de questões envolvendo administração ou gestão à conta de outrem.

a) Certa. Pois bem, a alternativa A está correta na medida em que, segundo nos ensina o Oscar
Barreto Filho, o estabelecimento empresarial é “o complexo de bens, materiais e imateriais, que
constituem o instrumento utilizado pelo comerciante para a exploração de determinada ativida-
de mercantil [hoje empresa]”. Logo, certo é que, na análise de certa e determinada atividade
empresarial:

“não é possível excluir os bens incorpóreos utilizados pelo empresário na consecução de sua ativi-
dade da noção de estabelecimento empresarial”.
b) Errada. A alternativa B está incorreta, na medida em que o perfil objetivo, também conhecido
como patrimonial, está relacionado aos bens da empresa, sejam estes materiais ou imate-
riais. O Direito Empresarial pátrio o reconhece como sendo o estabelecimento definido no art.
1.142 do Código Civil (“considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para
exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”). Nesse sentido, ouvimos
as pessoas falarem, por exemplo, que “a empresa está pegando fogo!” ou que “a empresa
está fechada”.
Por outro lado, é pelo perfil funcional que a empresa se confunde com a própria atividade eco-
nômica desenvolvida, isto é, sendo um sinônimo de empreendimento que objetiva o lucro e
que se utiliza, para tanto, de uma organização de diversos fatores de produção ou circulação.
c) Errada. A alternativa C também não está correta na medida em que, apesar de o Código
Comercial de 1850 definir como comerciante, em síntese, aquele que exercia a mercancia de
forma habitual, como sua profissão, devemos nos atentar ao fato de que a teoria dos atos de
comércio propriamente dita, isto é, com a previsão específica quanto às espécies de “atos
comerciais”, só pôde ser observada, de fato, no Regulamento n. 737/1850. De modo que a
abrangência e a aplicação do Direito Comercial, à época, eram analisadas a partir deste diplo-
ma legal, e não daquele..

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 34 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

d) Errada. Por fim, o erro da alternativa D está em afirmar que não há hipótese na qual se admi-
ta, ou se exija a exibição total dos livros empresariais. Nesse sentido, o art. 1.191 do CC/2002
preceitua que:

“o juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária
para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à
conta de outrem, ou em caso de falência”.
Letra a.

008. (TJ/PR (JUIZ SUBSTITUTO)/2014/PUC-PR) Para a Teoria da Empresa, adotada no Brasil


com o Código Civil de 2002, é empresarial a atividade econômica organizada para a produção
ou a circulação de bens ou de serviços. Será empresário, pois, aquele que exercer profissional-
mente essa atividade.
A respeito dessa teoria, é INCORRETO afirmar:
a) O aspecto objetivo se refere à dinâmica empresarial, ou seja, à atividade própria do empre-
sário ou da sociedade empresária, em seu cotidiano negocial, que nada mais é do que o com-
plexo de atos que compõem a vida empresarial.
b) Ela surgiu e foi desenvolvida na Itália, sendo um de seus expoentes Alberto Asquini.
c) Como objeto de estudos, a empresa possui quatro perfis, de acordo com seus quatro as-
pectos distintos, que são o perfil ou aspecto subjetivo, o perfil ou aspecto objetivo, o perfil ou
aspecto funcional e o perfil ou aspecto corporativo.
d) No direito brasileiro o aspecto corporativo submete-se ao regramento da legislação traba-
lhista, daí por que Waldirio Bulgarelli prefere dizer que a Teoria Poliédrica da Empresa é redu-
zida, no Brasil, à Teoria Triédrica da Empresa, abrangendo tão somente os perfis subjetivo,
objetivo e funcional, que interessam à legislação civil.

Pois bem, a Alternativa A está INCORRETA na medida em que, segundo o conceito poliédrico
de empresa, desenvolvido pelo Doutrinador Italiano Alberto Asquini, o perfil objetivo, também
conhecido como patrimonial, está relacionado aos bens da empresa, sejam estes materiais ou
imateriais. O Direito Empresarial pátrio o reconhece como sendo o estabelecimento definido
no art. 1.142 do Código Civil (“considera-se estabelecimento todo complexo de bens organiza-
do, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”). Nesse sentido,
ouvimos as pessoas falarem, por exemplo, que “a empresa está pegando fogo!” ou que “a em-
presa está fechada”.
Por outro lado, é pelo perfil funcional que a empresa se confunde com a própria atividade eco-
nômica desenvolvida, isto é, sendo um sinônimo de empreendimento que objetiva o lucro e
que se utiliza, para tanto, de uma organização de diversos fatores de produção ou circulação.
Letra a.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 35 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

009. (PREFEITURA DE FOZ DO IGUAÇU/PR (PROCURADOR DO MUNICÍPIO JÚNIOR)/2019/


FAFIPA) Analise as proposições a seguir:
I – Durante o período subjetivo, iniciado com a edição do Código Comercial, era adotada a Te-
oria dos Atos de Comércio, os quais eram definidos no referido diploma, ainda hoje vigente no
ordenamento pátrio.
II – A Teoria da Empresa, preconiza a aplicação do Direito Empresarial tendo por alicerce a
atividade exercida pelo empresário, e foi adotada a partir de 1850 com a edição do Código
Comercial.
III – As corporações de ofício deram origem ao Direito Empresarial, sendo inseridas no período
objetivo de sua evolução histórica.
Considerando as proposições acima, assinale a alternativa CORRETA:
a) Todas as proposições estão corretas.
b) Somente III está correta.
c) Somente I e III estão corretas.
d) Somente I e II estão corretas.
e) Nenhuma proposição está correta.

Proposição I – ERRADA! O período subjetivo, ou subjetivista, teve início ainda na Idade Média,
época em que existiam e predominavam as ditas Corporações de Ofício, responsáveis por de-
finir quem poderia ser considerado um mercante. Em verdade, a edição do Código Comercial
Napoleônico deu início ao período objetivo, ou objetivista.
Proposição II – ERRADA! A Teoria da Empresa, no âmbito nacional, é bem mais recente do que
se imagina. Isso porque foi apenas com o Código Civil atual, promulgado em 2002, que se deu
tal mudança paradigmática.
Proposição III – ERRADA! Como dito na justificativa à Proposição I, na Idade Média, onde se
viam as Corporações de Ofício, o critério predominante era o subjetivista, e não o objetivista.
Nada obstante, é certo dizer que, em linhas gerais, foi nesse período histórico que o Direito Em-
presarial – ou Mercantil, como à época era chamado – teve início enquanto sistema normativo
próprio, especial.
Letra e.

010. (DPE/ES (DEFENSOR PÚBLICO)/2012/CESPE/CEBRASPE) No Código Comercial do


Império do Brasil, adotou-se, por influência dos códigos francês, espanhol e português, a teoria
dos atos de comércio, no que se refere à sua abrangência e aplicação.

Pois bem, o quesito em análise está ERRADO na medida em que, apesar de o Código Comercial
de 1850 definir como comerciante, em síntese, aquele que exercia a mercancia de forma ha-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 36 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

bitual, como sua profissão, devemos nos atentar ao fato de que a teoria dos atos de comércio
propriamente dita, isto é, com a previsão específica quanto às espécies de “atos comerciais”,
só pôde ser observada, de fato, no Regulamento n. 737/1850.
Desse modo, a abrangência e a aplicação do Direito Comercial, à época, eram analisadas a
partir deste diploma legal, e não daquele.
Ainda, devemos pontuar que a teoria dos atos de comércio tem como precedente o Código
Napoleônico de 1808, de origem francesa. Assim, não há que se falar sobre influências dos có-
digos português ou espanhol, inclusive pelo fato de que este último é datado de 1885, posterior
ao brasileiro (1850), portanto.
Errado.

011. (TJ/MG (TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTRO)/2015/CONSUPLAN)


Analise as seguintes afirmativas:
I – O Novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002) revogou todo o Código Comer-
cial (Lei n. 556, de 25 de junho 1850).
II – Regem-se os títulos de crédito pelo disposto no Novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de
janeiro de 2002), ficando sem efeito qualquer outra disposição diversa.
III – Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empresários e sociedades empresárias
as disposições de lei não revogadas pelo Novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de janei-
ro de 2002), referentes a comerciantes, ou a sociedades comerciais, bem como a atividades
mercantis.
A partir da análise das afirmativas acima e com base no Novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10
de janeiro de 2002), está correto somente o que se afirma em:
a) I
b) I e III
c) III
d) I e II

Afirmativa I – ERRADA! Vide o art. 2.045 do CC/2002:

“Art. 2.045. Revogam-se a Lei n. 3.071, de 1 o de janeiro de 1916 – Código Civil e a Parte Primeira do
Código Comercial, Lei n. 556, de 25 de junho de 1850.”
Afirmativa II – ERRADA! Vide o art. 903 do CC/2002: “Art. 903. Salvo disposição diversa em lei
especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.” Ou seja, a diversas leis
que tratam sobre os títulos de crédito.
Afirmativa III – CORRETA! Vide o art. 2.037 do CC/2002:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 37 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli
“Art. 2.037. Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empresários e sociedades empresárias
as disposições de lei não revogadas por este Código, referentes a comerciantes, ou a sociedades
comerciais, bem como a atividades mercantis.”
Letra c.

012. (MPE/AC (PROMOTOR DE JUSTIÇA)/2014/CESPE/CEBRASPE) Considerando a evolu-


ção histórica do direito empresarial, assinale a opção correta
a) A teoria dos atos de comércio foi adotada, inicialmente, nas feiras medievais da Europa pe-
las corporações de comerciantes que então se formaram.
b) A edição do Código Francês de 1807 é considerada o marco inicial do direito comer-
cial no mundo
c) Considera-se o marco inicial do direito comercial brasileiro a lei de abertura dos portos, em
1808, por determinação do rei Dom João VI.
d) É de origem francesa a teoria da empresa, adotada pelo atual Código Civil brasileiro.
e) O direito romano apresentou um corpo sistematizado de normas sobre atividade comercial.

a) Errada. A teoria dos atos de comércio remete à segunda fase evolutiva do Direito Empresa-
rial, já no século XIX, isto é, não mais na Idade Média.
b) Errada. O marco histórico do início do Direito Empresarial – ou Mercantil, como à época era
chamado – foi a Idade Média, a partir das Corporações de Ofício.
c) Certa. Segundo Fabio Ulhôa Coelho, a Carta Régia de 1808, de fato, é dito como o primeiro
ato legislativo da história Direito Comercial brasileiro. Tal carta representou a Abertura dos
Portos às Nações Amigas de Portugal. Porém, foi somente em 1850 que Dom Pedro II aprovou
o Código Comercial Brasileiro, adotando, à época, a teoria dos atos de comércio.
d) Errada. A teoria da empresa tem origem na Itália, e não na França.
e) Errada. As atividades comerciais, em Roma, eram baseadas nos moldes do Direito Privado,
visto que inexistia um Código Comercial próprio.
Letra c.

013. (TJ/SC (TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS)/2019/IESES) Quando se


trata da origem e evolução do direito comercial, nos é apontado pela doutrina que:
a) O Código Civil Italiano de 1942 estabeleceu um regime para todas as formas de atividades
econômicas, restabelecendo o sistema objetivo de identificação daqueles que se dedicavam
ao comércio.
b) O Código Comercial Brasileiro de 1850 tinha um caráter marcadamente subjetivista de iden-
tificação do comerciante: seria comerciante aquele que arquivasse os atos constitutivos no
Registro Público de Empresas.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 38 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

c) Os ideais da Revolução Francesa acompanharam o surgimento de um direito unificado, re-


gulando tanto os atos de comércio, que só poderiam ser praticados pelos comerciantes, como
os atos de natureza civil.
d) A teoria subjetiva somente considerava comerciantes aqueles que estivessem matricula-
dos em uma das corporações de ofício, os quais dispunham de uma atividade jurisdicional
especializada.

a) Errada. O Código Italiano de 1942 representou o início do estágio atual do Direito Empresa-
rial, qual seja, o da teoria da empresa.
b) Errada. O Código Comercial de 1850 tinha um caráter marcadamente objetivista, visto que
representava a adoção, pelo Brasil, da teoria dos atos de comércio.
c) Errada. O Código Comercial Napoleônico de 1808 representou o maior período de autono-
mia, independência e separação entre o Direito Comercial e o Direito Civil.
d) Certa. Era exatamente esse o pensamento e adotado no Direito Mercantil da Idade Média,
marcado pelo critério subjetivista das Corporações de Ofício.
Letra d.

014. (CÂMARA DOS DEPUTADOS (ANALISTA LEGISLATIVO/CONSULTOR LEGISLATIVO


ÁREA VII)/2014/CESPE/CEBRASPE) No que se refere às regras gerais do direito de empre-
sas, julgue o seguinte item.
O conceito de empresário previsto no Código Civil engloba todas as pessoas físicas e jurídicas
que exercem qualquer atividade econômica organizada.

Sobre o assunto, veja o que dispõe o art. 966 do CC/2002, no sentido de que certas e determi-
nadas profissões não podem ser consideradas como próprias de empresários:

“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza cientí-
fica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.”
Errado.

015. (CÂMARA DOS DEPUTADOS (ANALISTA LEGISLATIVO/CONSULTOR LEGISLATIVO


ÁREA IX)/2014/CESPE/CEBRASPE) Com base na legislação brasileira aplicada a microem-
presas e empresas de pequeno porte, julgue o item subsequente.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 39 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

O tratamento favorecido concedido às empresas de pequeno porte constituídas sob as leis


brasileiras e que tenham sua sede e administração no Brasil encontra amparo no texto magno
republicano e, salvo exceções legais, beneficia diversos tipos de atividade econômica.

O amparo no texto da Constituição a que o enunciado se refere remete ao art. 170, especifica-
mente no inciso IX, da CF/1988, a saber:

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
(...)
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras
e que tenham sua sede e administração no País.”
Logo, tanto as Microempresas (ME) com também as Empresas de Pequeno Porte (EPP) rece-
bem um tratamento favorecido e diferenciado pelo ordenamento jurídico brasileiro, sobretudo
por meio da Lei Complementar n. 123/2006, considerada o Estatuto Nacional da Microempre-
sa e da Empresa de Pequeno Porte.
Certo.

016. (DPF/POLÍCIA FEDERAL (DELEGADO)/2013/CESPE/CEBRASPE) Julgue o item seguin-


te, relativo ao direito empresarial.
Apesar de os gregos e os fenícios serem historicamente associados a atividades de compra
e troca, o surgimento do direito comercial de forma organizada corresponde à ascensão da
classe burguesa na Idade Média. À medida que artesãos e comerciantes europeus se reuniam
em corporações de ofícios, surgiam normas destinadas a disciplinar os usos e costumes co-
merciais da época.

A assertiva está CORRETA na medida em que está em harmonia com o que a Doutrina que se
dedica ao estudo do Direito Empresarial nos ensina acerca de sua evolução histórica. Com efei-
to, na Idade Antiga (dos gregos e fenícios), era impossível falar-se em um Direito Empresarial,
Comercial ou mesmo Mercantil, visto não se viam sequer traços de um sistema jurídico-norma-
tivo organizado que se prestasse a regular o mercado e os atores que com ele se envolviam.
Portanto, há um consenso entre os autores no sentido de que, embora o comércio já existis-
se empiricamente, o Direito Empresarial (ou Mercantil), como sistema de normas organizado,
teve sim a sua origem na Idade Média, por ocasião do desenvolvimento do sistema de regras
próprias das Corporações de Ofício.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 40 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

017. (SERPRO (ANALISTA/GESTÃO LOGÍSTICA)/2013/CESPE/CEBRASPE) Acerca de in-


centivos a micro e pequenas empresas, julgue o item que se segue.
A receita bruta anual de microempresa deve ser de até R$ 460 mil e a de empreendedores indi-
viduais, de até R$ 60 mil, enquanto a de pequenas empresas deve estar entre R$ 460 mil e R$
4,6 milhões.

Sobre o assunto, veja o que dispõem o art. 3º, incisos I e II, e o §1º do art. 18-A, ambos da LC
n. 123/2006:

“Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de


pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabi-
lidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002
(Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de
Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
I – no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$
360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e
II – no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a
R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões
e oitocentos mil reais).
(...)
§ 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o empresário individual que se en-
quadre na definição do art. 966 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, ou o em-
preendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços
no âmbito rural, que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00
(oitenta e um mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar
pela sistemática prevista neste artigo.”
Portanto, ERRADO o enunciado! Vale destacar, por oportuno, que o inciso II do art. 3º e o § 1º
do art. 18-A tiveram as suas redações alteradas pela LC n. 155/2016. Antes disso, a receita bru-
ta das EPP ia de R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) a R$ 3.600.000,00 (três milhões
e seiscentos mil reais), e a dos MEI, até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).
Errado.

018. (TCDF (PROCURADOR)/2013/CESPE/CEBRASPE) Considerando que o atual Código Ci-


vil, instituído em 2002, inaugurou no ordenamento jurídico brasileiro o que a doutrina denomina
de unificação do direito privado, passando a disciplinar tanto a matéria civil quanto a comer-
cial, julgue os itens a seguir.
Com o advento do novo Código Civil (de 2002), houve a substituição da teoria dos atos de co-
mércio pela teoria da empresa, que se define pelo conceito de atividade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 41 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

A partir da edição do Código Civil italiano de 1942, operou-se uma verdadeira reformulação
de todo o Direito Empresarial europeu. Era o nascimento da teoria que até hoje adotamos para
a compreensão e o desenvolvimento do objeto de estudo de tal campo do Direito, qual seja, a
teoria da empresa.
Segundo essa teoria, o Direito Empresarial deve ter incidência não apenas a certos e determi-
nados “atos de comércio”, mas sim a toda atividade econômica desempenhada por pessoas
naturais ou jurídicas, de forma organizada e profissional, visando à produção, circulação e
fornecimento de bens ou à prestação de serviços.
Com isso, desvia-se (e amplia-se) mais uma vez o foco de tal campo normativo, que já não
mais se preocupa com quem (critério subjetivista) está praticando atos mercantis ou quais
atos estão sendo praticados (critério objetivista). Agora, o que importa é o modo com o qual a
atividade econômica é desempenhada.
Assim, conclui-se que, na terceira e atual fase do histórico evolutivo do Direito Empresarial,
inaugurada, no Brasil, pelo Código Civil de 2002, o critério adotado é o da empresarialidade,
que traz consigo novas e mais abrangentes noções de quem pode ser considerado empresário
e quais atividades podem ser enquadradas como empresarias.
Certo.

019. (ANAC (TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL – ÁREA 2)/2012; BANCA CES-
PE/CEBRASPE/ADAPTADA) Com relação ao cartel, ao truste e à análise de mercado, julgue
o item a seguir:
O mercado pode ser compreendido como uma instituição social, um produto da história da
humanidade, uma instituição política destinada a regular e a manter determinadas estruturas
de poder que asseguram a prevalência dos interesses de certos grupos sobre os interesses de
outros grupos sociais.

Tal assertiva foi elaborada, evidentemente, tomando como base a obra Revolução Jurídica sob
pressão da Globalização Econômica? Escrita pelo ex-ministro do STF Eros Grau. Nesse senti-
do, em um trecho do citado livro, o autor afirma que:

“Antes, porém, o mercado deve ser compreendido, qual observa Avelãs Nunes, como ‘uma insti-
tuição social, um produto da história, uma criação histórica da humanidade (correspondente nas
determinadas circunstância econômicas, sociais, políticas e ideológicas), que veio servir (e serve)
os interesses de uns (mas não os interesses de todos), uma instituição política destinada a regular
e a manter determinadas estruturas de poder que asseguram a prevalência dos interesses de certos
grupos sobre os interesses de outro grupos sociais.’”
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 42 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

020. (STJ (ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA)/2012/CESPE/CEBRASPE) Com


base em assuntos relacionados ao direito empresarial, julgue os itens subsequentes.
Consoante a doutrina predominante, por constituírem fonte subsidiária, os usos e costumes
somente se aplicam aos casos em que se verifique lacuna na lei mercantil. Os usos e costu-
mes contra legem, portanto, não são considerados como fonte e carecem de qualquer eficácia.

Os usos e costumes, enquanto fontes do Direito Empresarial, estão submetidos aos seguintes
pressupostos: i. prática uniforme; ii. constância; iii. temporalidade; iv. exercício de boa-fé; v. não
contrariedade à lei.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 43 de 45
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli

REFERÊNCIAS

GARRIGUES, Joaquin. Curso de Derecho Mercantil. 7ª. Ed. Bogotá: Temis, 1987, v. 01;

BORGES, João Eunápio. Curso de Direito Comercial Terrestre. Rio de Janeiro: Forense, 1959,
v. 01;

ABREU, Jorge Manuel Coutinho de. Curso de Direito Comercial. Coimbra: Almedina, 1999, v. 01;

FRANCO, Vera Helena de Mello. Manual de direito comercial. São Paulo: RT, 2001, v. 01;

ROCCO, Alfredo. Princípios de Direito Comercial. Tradução de Ricardo Rodrigues Gama. Cam-
pinas: LZN, 2003;

Ramos, André Luiz Santa Cruz; Direito empresarial/André Luiz Santa Cruz Ramos. – 7. ed. rev.
e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.

Renato Borelli
Juiz federal e especialista em Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica. Juiz federal do TRF-1.
Foi juiz federal do TRF-5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público e assessor de desem-
bargador federal (TRF-1) e ministro (STJ). Atuou no Carf/Ministério da Fazenda (antigo Conselho de Con-
tribuintes) como conselheiro. É formado em Direito e Economia, com especialização em Direito Público,
Direito Tributário e Sociologia Jurídica.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 44 de 45
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Você também pode gostar