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EMPRESARIAL
Objeto, Fontes e Autonomia do Direito
Empresarial
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO EMPRESARIAL
Objeto, Fontes e Autonomia do Direito Empresarial
Tácio Muzzi
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................4
Objeto, Fontes e Autonomia do Direito Empresarial. ...................................................................................9
Evolução Histórica do Direito Empresarial.......................................................................................................9
1ª Fase: Caráter Subjetivo com Foco na Figura do Comerciante............................................................9
2ª Fase: Caráter Objetivo com Foco na “Teoria dos Atos de Comércio” (Teoria Francesa). 10
3ª Fase (Atual): Caráter Subjetivo Moderno (ou Funcional) com Foco na “Teoria da
Empresa” (Teoria Italiana). . .......................................................................................................................................12
Perfis Multifacetários da Empresa: Lições de Alberto Asquini...........................................................13
Conceito Jurídico de “Empresa”.............................................................................................................................14
O Direito Empresarial no Brasil. . ............................................................................................................................16
Antecedentes do Direito Empresarial no Brasil...........................................................................................16
O Código Comercial Brasileiro de 1850 e a “Teoria dos Atos de Comércio”.................................17
A “Teoria da Empresa” no Código Civil de 2002...........................................................................................21
O Direito de Empresa no Código Civil. . ...............................................................................................................25
Princípios do Direito Empresarial........................................................................................................................27
A Ordem Econômica na Constituição de 1988 e os Princípios Constitucionais
Econômicos....................................................................................................................................................................... 28
Princípio da Livre Iniciativa. . ....................................................................................................................................29
Princípio da Propriedade Privada e Sua Função Social...........................................................................33
Princípio da Livre Concorrência.............................................................................................................................35
Princípio do Tratamento Favorecido para as Empresas de Pequeno Porte Constituídas
sob as Leis Brasileiras e que Tenham Sua Sede e Administração no País. ..................................38
Outros Princípios do Direito Empresarial. ........................................................................................................41
Princípios Fundantes do Código Civil. . ................................................................................................................41
Princípios Preceituados pela Lei da Liberdade Econômica..................................................................42
Princípio da Função Social e da Preservação da Empresa. ....................................................................42
Princípio da Autonomia Patrimonial da Sociedade Empresária.........................................................48
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Tácio Muzzi
Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a), meu nome é Tácio Muzzi e te acompanharei nessa jornada de es-
tudo do Direito Empresarial.
Ao longo do curso pretendemos abordar com a profundidade necessária os pontos de Di-
reito Empresarial previstos nos editais, procurando aliar conhecimentos doutrinários e jurispru-
denciais mais recentes com o maior número possível de questões selecionadas de concursos
anteriores.
Direito Empresarial ou Direito Comercial?
Antes de mais nada, registro que embora a “teoria da empresa” tenha sido incorporada
definitivamente no Direito brasileiro a partir da edição do Código Civil de 2002, diversos doutri-
nadores defendem a utilização da terminologia “Direito Comercial” por conta da tradição mais
do que secular do nome, conforme teremos a oportunidade de abordar no curso desta aula.
Assim, ambos os termos serão utilizados de forma indistinta. Em prova escrita, não deixe
de fazer tal registro caso opte por utilizá-las dessa maneira.
Antes de apresentar propriamente os temas que iremos discutir nas nossas aulas, vou te
contar um pouco sobre mim, da minha relação com o estudo do Direito Empresarial e, também,
as minhas experiências profissionais, para que você conheça o meu perfil.
Estudei Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conhecida carinhosamen-
te como a “Vetusta casa de Afonso Pena”, em homenagem ao ilustre ex-presidente, que parti-
cipou da sua fundação e foi seu primeiro diretor.
Eu me formei no ano de 1999, mas já no início do curso de Direito, sob a influência das
agradáveis lições do saudoso Prof. Osmar Brina Corrêa-Lima, então Professor Titular de Direito
Comercial, enveredei-me por esse ramo.
Nesse sentido, fui monitor de Direito Comercial por dois preciosos anos, do sétimo período
até me formar. Além das minhas aulas normais da graduação, na função de monitor acompa-
nhava e assistia a todas as aulas ministradas pelo Prof. Brina, que alternaram ao longo dos se-
mestres entre Direito Societário e Falência/Concordata (isso mesmo, “concordata”, que após
a edição da nova lei de falência, em 2005, evoluiu para o instituto da “recuperação judicial”).
Confesso que nos primeiros anos de faculdade, apesar de gostar do curso de Direito, não
sentia vontade – ou não tinha motivação – para estudar muito. Do meio do curso para frente,
influenciado pelo estudo do Direito Comercial, comecei a me dedicar fortemente, “sem choro
nem vela”.
Os resultados não tardaram a aparecer: dois meses após a minha formatura, fiz concurso
para Procurador do Banco Central do Brasil (Bacen) e passei entre as pouquíssimas vagas dis-
ponibilizadas para todo o Brasil.
Três lições ficaram claras para mim:
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• a primeira é que precisamos nos dedicar a todas as matérias previstas no edital, já que
os concursos estão cada vez mais concorridos e qualquer ponto faz muita diferença;
• a segunda é que fica muito mais fácil estudar uma matéria da qual gostamos. Assim,
“convenci-me” a gostar de todas as disciplinas, passando a ter prazer em estudá-las.
Falo bem sério, meu amigo(a), em relação a esse ponto: a conduta positiva em relação
ao estudo de cada matéria funciona – e muito!;
• por fim, uma regra universal dos concursos: quanto mais estudamos, mais sorte temos
nas provas! O estudo contínuo (vinha estudando bastante no final da Faculdade) aliado a
uma dedicação mais intensiva na reta final, com o apoio de curso preparatório (um forte
estudo no pós-edital é fundamental), fazem muita diferença.
Assim, tomei posse no cargo de procurador em fevereiro de 2000, passando a atuar na área
de consultoria jurídica do Bacen.
O Direito Comercial fazia parte do meu dia a dia e, assim, decidi em 2002 fazer prova para
o mestrado dessa disciplina na UFMG.
Passei e comecei a cursar o mestrado sob a orientação do querido Prof. Osmar Brina.
Motivado por mudança recente na Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404, de 1976 – LSA),
escrevi sobre critérios para a submissão das sociedades de economia mistas federais (sobre-
tudo instituições financeiras federais) à falência, tornando-me Mestre em Direito Empresarial
no ano de 2004.
Contudo, ainda cursando o Mestrado, resolvi fazer a prova de Delegado da Polícia Federal
no ano de 2002, motivado pelo desafio – e paixão – de desbravar a seara do Direito Penal Eco-
nômico, tema que era (e ainda é!) motivo de grandes perplexidades por parte dos operadores
do direito.
Embora o tempo entre a decisão de fazer o concurso e a prova tenha sido curto, estudei
freneticamente, pois me convenci que a Polícia Federal era o meu lugar. Mais uma vez contei
com o auxílio de curso preparatório e passei!
Tomei posse em junho de 2003 e continuo no cargo até os dias atuais. Coordenei várias
operações policiais e atuei também na área internacional (tive o privilégio de ser Diretor Adjun-
to do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Minis-
tério da Justiça entre os anos de 2017 e 2018).
Tenho realmente orgulho de, em conjunto com outros colegas, estar fazendo a diferença,
sobretudo em relação à repressão à criminalidade econômica organizada. E te asseguro, ca-
ro(a) aluno(a): o conhecimento do Direito Empresarial tem feito muita diferença nessa área!
Por fim, embalado por desafios enfrentados em investigações sobre crimes financeiros,
resolvi novamente partir para o mundo acadêmico e cursei Doutorado em Direito Empresarial
na UFMG, mais uma vez orientado pelo Prof. Brina (fui o seu último orientando no doutorado
na UFMG, tenho muita gratidão por isso). Entrei em 2011 e defendi minha tese em 2015, que
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teve como título “Os fundos de pensão (de) estatais na qualidade de investidores do mercado
de capitais: deveres, limites e responsabilidades”.
Feita a apresentação, mãos à obra!
Metodologia Utilizada
A ideia das aulas em PDF é que você, aluno(a), possa estudar o Direito Empresarial de for-
ma autossuficiente – e unicamente – por meio deste material elaborado no formato de texto
(obviamente sempre contando com a minha ajuda, quando necessária).
Pretendo usar linguagem um pouco mais informal para tornar o estudo mais agradável,
no entanto ressalto que os conceitos serão expostos com base na melhor doutrina sobre o
tema acompanhada de decisões judiciais atuais, quando existentes, para conferir concretude
ao estudo.
Além disso, tendo como foco o viés prático, vou procurar trazer o maior número de ques-
tões de testes anteriores, salientando que a resolução delas é uma das formas mais eficazes
de estudo para concurso.
Lembre-se: embora a redação possa mudar, a essência das questões sobre os mais varia-
dos temas usualmente se repete e você estará preparado para acertá-las!
DICA
Sempre procure “quebrar a cabeça” e resolver sozinho a ques-
tão antes de olhar o gabarito. As dúvidas somente surgirão
dessa forma, sendo que, após estudar a resposta oficial, a
essência da questão certamente se solidificará na sua mente
(inclusive se você tiver errado inicialmente).
Ainda em relação às questões de concurso, registro que quando forem abordados temas
distintos na mesma questão irei suprimir temporariamente as alíneas sobre matérias que ain-
da não tenham sido estudadas, para otimizar o estudo (usarei a rubrica “ADAPTADA”). Poste-
riormente, quando o tema suprimido surgir, reproduzirei a questão novamente, incluindo – para
fixação – as alíneas já estudadas.
Quanto à jurisprudência, informo que irei privilegiar decisões dos Tribunais Superiores
(STF e STJ) e, quando for oportuno, trarei também julgados de Tribunais Federais e Estaduais
de segundo grau.
Procurarei sempre reproduzir a essência do julgado (que não necessariamente estará
na ementa).
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DICA
As decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) são muito
relevantes no Direito Empresarial, por ter tal órgão a competên-
cia constitucional de uniformizar o entendimento da lei federal.
A Terceira e Quarta Turma do STJ são as responsáveis pelo
julgamento de temas de direito privado, incluindo, por óbvio, o
Direito Empresarial. Juntas, elas compõem a 2ª Sessão, res-
ponsável por pacificar eventuais divergências entre tais tur-
mas.
Assim, sempre que você se deparar com julgado da 2ª Ses-
são do STJ saiba que se está diante de efetiva “jurisprudência”,
uma vez que tal decisão refletirá o entendimento majoritário
do tema baseado em precedentes anteriores das 2 turmas de
direito privado.
No que diz respeito à legislação aplicável, o Código Civil necessariamente deverá ser obje-
to de estudo, na medida em que disciplina o “Direito de Empresa” em livro específico e regula
outros temas do Direito Empresarial.
Contudo, nem toda matéria está codificada. Assim, variados temas são tratados em leis
especiais (chamadas pela doutrina de “microssistemas legislativos”).
Como exemplo dos microssistemas legislativos, temos a lei falimentar e de recuperação
de empresas, a lei de propriedade industrial, a lei das sociedades por ações, entre outras.
Por uma questão didática, informo que reproduzirei artigos de lei sempre que entender
relevante. Além de ajudar na memorização, evito que você perca tempo e concentração tendo
que consultar o artigo citado na respectiva legislação
Para consolidar a matéria e permitir uma rápida consulta quando você necessitar, informo
que ao final de cada aula elaborarei resumo com as principais lições estudadas.
Suporte
Não obstante as aulas em PDF terem como conceito permitir o estudo autossuficiente,
saiba, nobre guerreiro(a), que estarei sempre à disposição para sanar as suas dúvidas.
Dando início aos nossos estudos, estudaremos importantes temas estruturais do Direito
Empresarial, partindo da evolução histórica até a sua abordagem atual, analisando o objeto,
fontes, autonomia e princípios fundantes.
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Pontos do edital:
• Objeto, características, fontes e autonomia do Direito Empresarial. Histórico do Direito
Empresarial. Teoria dos atos de comércio. Teoria da Empresa. Perfis da empresa. O Di-
reito Empresarial no Brasil. O Direito de Empresa no Código Civil. Ordem econômica na
Constituição de 1988. Princípios reguladores (Princípios constitucionais econômicos).
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Essa definição competia à legislação, seja por meio do estabelecimento das principais
características que se revestiriam os atos de comércio (chamado de sistema descritivo, que
causava grandes divergências doutrinárias, por conta da imprecisão do conceito), seja com a
enumeração do rol de atividades típicas (sistema enumerativo, sendo exemplo o famoso Regu-
lamento 737, de 1850, editado após a edição do Código Comercial de 1850, que era descritivo).
Com relação às corporações de ofícios, essas foram extintas por serem consideradas res-
quícios do sistema feudal (na França, Lei Le Chapelier, de 14 de junho de 1791).
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Ressalto que a caracterização dos “atos de comércio” sob a égide da teoria objetiva sem-
pre foi tormentosa.
Usualmente a legislação trazia conceito relativamente aberto, sendo que mesmo nas hipó-
teses em que a norma enumerava atos considerados comerciais nem sempre se mostrava fá-
cil a tarefa de enquadramento, por conta do dinamismo típico da própria atividade econômica.
EXEMPLO
Em relação aos “tormentos” vivenciados durante a vigência da “teoria dos atos”, menciono
como exemplo a dificuldade de enquadramento das atividades que se desenvolveram poste-
riormente à definição legal, como é o caso da prestação de serviço, bem como a problemática
dos atos mistos (que somente seriam mercantis quando realizados por comerciante).
Com base nas lições de CRUZ (p. 7), cito as duas principais formulações produzidas no
plano internacional a respeito dos atos de comércio:
• a do jurista italiano Alfredo Rocco (considerada predominante), segundo a qual a carac-
terística comum dos atos de comércio é a “função de intermediação na efetivação de
troca”, seja realizando diretamente essa função (atos de comércio por natureza, funda-
mental ou constitutivo), seja facilitando essa execução (atos de comércio acessório ou
por conexão).
• e a do francês Thaller, no sentido de que atos de comércio seriam aqueles relacionados
à “atividade de circulação de bens ou serviços.”
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verdade ocorreu, nas palavras de Fábio Ulhoa Coelho (p. 17), foi o deslocamento da fronteira
entre os regimes civil e comercial.
Nesse sentido, foram corrigidas falhas do sistema anterior (francês) que excluía “ativida-
des de grande importância econômica – como a prestação de serviços, agricultura, pecuária,
negociação imobiliária – do âmbito da incidência do direito mercantil”.
Como teremos a oportunidade de reafirmar mais adiante, a codificação promoveu uma
unificação meramente formal entre esses dois ramos, na medida em que ambos mantiveram
a sua autonomia didática, cientifica e principiológica.
Amigo(a) aluno(a), saliento a importância das lições de ASQUINI não só por serem bastante
citadas pelos doutrinadores, mas sobretudo porque rotineiramente são exploradas em ques-
tões de concurso.
Nesse sentido, ASQUINI (p. 109) explica que a falta de um conceito jurídico unitário na
legislação se dá por uma questão lógica, já que “o conceito de empresa é o conceito de um fe-
nômeno econômico poliédrico, o qual tem sob o aspecto jurídico, não um, mas diversos perfis
em relação aos diversos elementos que o integram.” (grifei)
Assim, o termo “empresa” comportaria diferentes definições no campo jurídico, de acordo
com o perfil que se estivesse enfocando, tendo, por conseguinte, um caráter multifacetário.
Segundo ASQUINI, quatro seriam os perfis distintos da empresa sob o ponto de vis-
ta jurídico:
• perfil funcional, caracterizado como uma “particular força em movimento que é a ativi-
dade empresarial dirigida a um determinado escopo produtivo”. Nesse perfil, empresa é
uma atividade econômica organizada;
• perfil subjetivo, em que se tem a empresa como sinônimo de empresário, ou seja, como
sujeito de direito (pessoa natural ou jurídica);
• perfil patrimonial e objetivo, considerando a empresa como conjunto de bens destina-
dos ao exercício da atividade econômica, o denominado estabelecimento empresarial
(também chamado de “fundo de comércio” ou “azienda”);
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• perfil corporativo, em que a empresa seria “um núcleo social organizado em função de
um fim econômico comum”. Esclarecendo: nesse perfil a empresa não seria considera-
da a partir de um ponto de vista individualista como nos demais, mas sim institucional,
como uma comunidade laboral em que se reúnem o empresário e o seus empregados
(colaboradores). Registro que essa acepção está ultrapassada, por conta de somente se
sustentar a partir da ideologia fascista que vigorava à época da edição do Código Civil
italiano.
Abordaremos com mais profundidade o tema na Aula 04, quando falaremos especificamen-
te do estabelecimento empresarial. Mas já adianto que a doutrina entende que não é possível o
desenvolvimento da empresa (atividade econômica organizada) sem o estabelecimento em-
presarial por mais rudimentar que seja, haverá a mínima organização dos fatores de produção.
Registro que o ‘ponto de negócio’ (local onde o empresário desenvolve suas atividades e não
se confunde com o estabelecimento, que tem conceito mais amplo) pode ser físico ou virtual
(art. 1.142, §1º do CC).
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O aspecto objetivo se refere ao perfil patrimonial, ou seja, conjunto de bens destinados ao exer-
cício da atividade econômica, o denominado “estabelecimento empresarial”.
Asquini sem dúvida foi um dos principais expoentes da Teoria da Empresa, ao enunciar os
seus quatros perfis.
Por fim, saliento mais uma vez que o perfil corporativo ou institucional da empresa (entendida
como “comunidade laboral”) está associada à ideologia fascista, não se aplicando no Brasil.
Em razão disso, Waldirio Bulgarelli sustenta que, aqui, a teoria de ASQUINI é aplicada de forma
reduzida (“Teoria Triédrica da Empresa”).
Letra a.
Art. 1º O Registro Público de Empresas Mercantis (obs.: deveria ter sido utilizado o termo “Em-
presários” = sujeito) e Atividades Afins, observado o disposto nesta Lei, será exercido em todo o
território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais, estaduais e distrital, com as seguintes
finalidades:
Da mesma forma, note que o legislador errou feio no art. 863 do Código de Processo Civil
(CPC) ao utilizar a palavra “empresa” para se referir ao conjunto de bens:
Art. 863. A penhora de empresa (obs.: deveria ter sido utilizado a expressão “estabelecimento em-
presarial” = patrimônio) que funcione mediante concessão ou autorização far-se-á, conforme o valor
do crédito, sobre a renda, sobre determinados bens ou sobre todo o patrimônio, e o juiz nomeará
como depositário, de preferência, um de seus diretores.
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DICA
Amigo(a) aluno(a), em prova de concurso procure usar a pala-
vra “empresa” somente para se referir à atividade (ex., a socie-
dade Vende Bem explora a empresa de revenda de automóvel).
Se quiser se referir ao sujeito de direito, utilize o termo “em-
presário” ou “sociedade empresária”, conforme for o caso (ex.,
A sociedade empresária Falidus vendeu todos os seus bens).
Se a intenção é se referir ao conjunto de bens do empresário,
use a expressão “estabelecimento empresarial” ou simples-
mente “estabelecimento” (v.g., o estabelecimento empresarial
do meu vizinho foi vendido por valor bem acima do mercado).
A “empresa” deve ser entendida somente no seu aspecto funcional (atividade econômica or-
ganizada), já que há designações próprias para o perfil subjetivo (“empresário”) e objetivo-pa-
trimonial (“estabelecimento empresarial”).
Errado.
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sendo que o exercício da própria atividade comercial era bastante limitada e fortemente con-
trolada pela metrópole Portugal.
O ano de 1808 é considerado o marco inicial da mudança desse cenário, já que, após as
tropas francesas invadirem Portugal (no curso da política expansionista napoleônica), o Rei D.
João VI e a família real se mudaram para o Brasil, sendo que um dos seus primeiros atos foi a
abertura dos portos para as nações amigas.
Nesse mesmo ano foi criado o tribunal da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e
Navegação, começando a viabilizar a instituição de uma legislação comercial nacional.
De qualquer forma, mesmo após a promulgação da Independência em 1822, o processo de
produção legislativa não foi imediato no jovem Império brasileiro, bastando dizer que o nosso
Código Comercial somente foi editado em 1850.
Contudo, não houve propriamente vácuo legislativo: em 20 de outubro de 1823 foi promul-
gada lei autorizando que a legislação portuguesa continuasse a ser aplicada temporariamente
no – agora – independente Estado brasileiro.
No espectro do Direito Comercial, ganhou destaque a denominada Lei da Boa Razão portu-
guesa, de 18 de agosto de 1769, que autorizava que a legislação mercantil das “nações cristãs,
iluminadas e polidas, que com elas estavam resplandecendo na boa, depurada e sã jurispru-
dência” fossem adotadas de forma subsidiária (REQUIÃO, p. 16).
Com isso, como salienta CARVALHO DE MENDONÇA, as legislações comerciais mais avan-
çadas à época, destacando-se o Código Comercial francês de 1807 – que influenciava inten-
samente todo o mundo -, bem como os Códigos Comerciais da Espanha de 1829 e de Portugal
de 1833 “passaram a constituir a verdadeira legislação mercantil nacional.”
Art. 4º Ninguém é reputado comerciante para efeito de gozar da proteção que este Código liberaliza
em favor do comércio, sem que se tenha matriculado em algum dos Tribunais do Comércio do Im-
pério, e faça da mercancia profissão habitual. (grifei)
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Note, prezado(a) aluno(a), que o Código Comercial não definiu especificamente quais
“atos” seriam considerados comerciais, trazendo, a princípio, um conceito aberto.
No entanto, ainda no ano de 1850, foi editado o Regulamento 737, de 25 de novembro, que
elencava expressamente um rol de atividades consideradas atos de comércio (“mercancia”):
É interessante registrar que o objetivo inicial do Regulamento 737 era precipuamente pro-
cessual, uma vez que, na época, ainda havia duas jurisdições: a Civil e a Comercial. Nesse
sentido, a precisa caracterização do comerciante tinha reflexos não só na legislação material
a ser aplicada (Direito Comercial ou Civil), mas também na submissão (ou não) de eventual
demanda ao Tribunal do Comércio.
Com a extinção dos Tribunais do Comércio em 1875 (unificando-se a jurisdição civil e co-
mercial), o Regulamento 737 foi revogado. Mas mesmo assim o rol de atividades previstos
nesse normativo continuou a ser utilizado como base para a definição da atividade mercantil,
obviamente não mais de forma imperativa (força de lei), mas interpretativa.
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Compartilho com você, paciente aluno(a), que quando estudei Direito Comercial na Facul-
dade ainda estava em vigor a “teoria dos atos de comércio”. E, de fato, a caracterização de al-
gumas atividades como “comerciais” era tortuosa, havendo inúmeras discussões acadêmicas
e jurisprudenciais referentes ao enquadramento (ou não) de atividades econômicas clássicas
(ex., relativas ao mercado imobiliário e a agropecuária) e também de novas atividades (vg.,
prestação de serviços), mesmo que exercidas com sofisticação e profissionalmente.
Muita doutrina foi produzida para trazer algum aclaramento. Entre as diversas formula-
ções, a de CARVALHO DE MENDONÇA sempre se destacou no Brasil, com a categorização dos
atos de comércio (“mercancia”) em três segmentos:
• atos de comércio por natureza (atos de mercancia) – seriam os atos comerciais típicos,
referentes “diretamente ao exercício normal da indústria mercantil”, com a presença dos
elementos da interposição e da especulação.
• Atos de comércio por dependência ou conexão – tratam-se de atos praticados “não no
exercício normal da sua profissão, mas em virtude ou no interesse desse exercício”.
• Atos de comércio por força ou autoridade de lei – o ato será comercial porque assim
determina a lei, não cabendo discussão quanto a sua essência.
EXEMPLO
Exemplo de atos de comércio por natureza (atos de mercancia): compra e venda de objetos
para instalação do estabelecimento ou exploração do comércio (mesmo sem haver interme-
diação, esse negócio estaria sujeito ao regime jurídico comercial).
Exemplo de Atos de comércio por dependência ou conexão: compra pelo comerciante de bens
móveis para o desenvolvimento da atividade comercial. A própria locação mercantil de imóvel
passou a ser objeto de tratamento específico.
Exemplo de Atos de comércio por força ou autoridade de lei: famoso exemplo (que cai bastan-
te em concurso!) é o art. 2º, da Lei n. 6.404, de 1976 (Lei das Sociedades por Ações – LSA), que
estabelece que “qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos
do comércio” (ou seja, o só fato de a sociedade ser constituída sob a forma de sociedade por
ações lhe conferiria a natureza comercial). Outro excelente exemplo é o referente às operações
com letras de câmbio e notas promissórias que, independentemente de serem praticadas por
comerciantes, são submetidos à legislação comercial especial (art. 42 c/c 57 do Decreto n.
2.044, de 1908).
De qualquer forma, assim como na Europa, também no Brasil não se conseguiu a constru-
ção de conceito unitário a respeito da caracterização dos “atos de comércio”.
Essa dificuldade fica bem patente na afirmação do professor Brasílio Machado, exaustiva-
mente citada pelos doutrinadores: “problema insolúvel para a doutrina, martírio para o legisla-
dor, enigma para a jurisprudência.”
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Para sentirmos o “drama”, vamos resolver questão de concurso realizado um pouco antes
da promulgação do Código Civil de 2002, quando ainda vigorava a “teoria dos atos de comér-
cio” no Brasil.
Até os dias atuais, remanesce a dificuldade em se distinguir os atos comerciais dos atos civis.
Em virtude dessa dificuldade, alguns autores chegaram até mesmo a propalar a inexistência de
objeto próprio para o direito comercial, sustentando que tal direito não consistia uma disciplina
autônoma. Tendo em vista essa circunstância, julgue os itens subsequentes.
Somente o Regulamento 737, de 1850, enumerou rol de atos considerados comerciais. O Códi-
go Comercial de 1850 adotou conceito aberto (art. 4º – mercancia como profissão habitual).
Errado.
Tais atividades, embora sejam consideradas atos de comércio por natureza, tinha que ser
praticadas como profissão habitual (ou seja, pelo comerciante) para serem consideradas
comerciais.
Certo.
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Conforme visto, as operações com letras de câmbio e notas promissórias regem-se por legis-
lação especial comercial mesmo no caso de serem praticadas por não comerciantes (art. 42
c/c 57 do Decreto n. 2.044, de 1908).
Certo.
O art. 2º da Lei n. 6.404, de 1976, tem disposição expressa em contrário: “qualquer que seja o
objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio”.
Errado.
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No que diz respeito ao primeiro ponto, devo salientar que o tratamento em um mesmo
Código de matéria civil e comercial (unificação formal do direito privado) não promoveu a ex-
tinção do Direito Comercial/Empresarial, já que tal ramo mantém a sua autonomia didática,
científica e inclusive normativa, já que diversos dos seus temas são tratados em leis especiais.
Quanto ao segundo aspecto, destaco que o Código Civil traz um livro específico (Livro II
da Parte Especial) denominado “Direito de Empresa” que, logo no seu primeiro artigo, define
empresário (sujeito de direitos – perfil subjetivo) nos seguintes termos:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Não há dúvida do “DNA italiano” desse conceito, de maneira que a construção doutrinária
produzida a partir do Código Civil italiano é passível de ser utilizada no âmbito do Direito Em-
presarial brasileiro.
Devo ressaltar que a antiquada “teoria dos atos de comércio” e a respectiva figura do “co-
merciante” restaram ultrapassadas a partir do novo Código Civil, dando lugar à “teoria da em-
presa” e à pessoa (natural ou jurídica) do empresário.
Reforça esse aspecto o fato de o CC preocupar-se em deixar expresso que as leis comer-
ciais não revogadas por tal Código aplicam-se, como regra geral, ao empresário:
Art. 2.037. Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empresários e sociedades empresárias
as disposições de lei não revogadas por este Código, referentes a comerciantes, ou a sociedades
comerciais, bem como a atividades mercantis.
Quanto à definição de empresa, assim como no modelo italiano essa é extraída de forma
indireta do conceito de empresário, devendo ser entendida como atividade econômica orga-
nizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Ou seja, toma como base o perfil
funcional preceituado pelo jurista italiano ASQUINI.
Interessante saber que Fábio Ulhoa Coelho entende que, no sentido técnico, empresa é
sinônimo de empreendimento (atividade).
O STJ, em julgado da 2ª Turma (a questão de fundo envolvia Direito Tributário, por isso foi
julgado por tal turma), decidiu nesse sentido:
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JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO ADMINIS-
TRATIVO. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. ISS. CONTRIBUINTE DO IMPOSTO. EMPRESA.
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ECONÔMICA. FINALIDADE LUCRATIVA. ENQUADRAMENTO
NÃO-CARACTERIZADO.
(...)
2. O novo Código Civil Brasileiro, em que pese não ter definido expressamente a figura
da empresa, conceituou no art. 966 o empresário como “quem exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”
e, ao assim proceder, propiciou ao interprete inferir o conceito jurídico de empresa como
sendo “o exercício organizado ou profissional de atividade econômica para a produção
ou a circulação de bens ou de serviços”.
3. Por exercício profissional da atividade econômica, elemento que integra o núcleo do
conceito de empresa, há que se entender a exploração de atividade com finalidade lucra-
tiva. (destaquei) [STJ, REsp 623.367/RJ, 2ª T, rel. min. João Otávio de Noronha, DJ 15-06-
2004].
A definição de “empresa” pelo Código Civil adota seu perfil funcional, devendo ser entendida
como atividade econômica organizada.
Errado.
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Embora haja obrigatoriedade da inscrição para atestar a regularidade (art. 967 do CC), o em-
presário é caracterizado pela atividade desenvolvida (quem “exerce profissionalmente ativida-
de econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” – art. 966,
do CC) ou por força de lei.
Errado.
As sociedades por ações (sociedade anônimas e sociedades em comanditas por ações) sem-
pre serão sociedades empresárias, por força do art. 2º, § 1º da Lei n. 6.404, de 1976:
Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem
pública e aos bons costumes.
§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio.
(...) (destaquei)
Errado.
TÍTULO III
Do Estabelecimento
CAPÍTULO ÚNICO
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DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. (grifei)
Título I
Do Empresário, em que se aborda a caracterização, inscrição e capacidade do empresário;
Título II
Da Sociedade, composto por dois subtítulos. O primeiro versa sobre as sociedades não perso-
nificadas (sociedade em comum e sociedade em participação) e o segundo sobre as sociedades
personificadas, sendo abordados os tipos societários (sociedade simples, em nome coletivo,
em comandita simples, limitada, anônima, em comandita por ações e cooperativa). Trata, tam-
bém, das sociedades coligadas e da liquidação, transformação, incorporação, fusão e cisão
de sociedades. Por fim, traz a disciplina básica das sociedades dependentes de autorização
(nacionais e estrangeiras).
Título III
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Título IV
Dos Institutos Complementares, que versa sobre o registro do empresário, seu nome, seus
prepostos e sua escrituração.
Tais temas serão estudados com maior profundidade nas próximas aulas.
A Medida Provisória 1.085, de 2021, revogou o Título I-A – Da Empresa Individual de Respon-
sabilidade Limitada, que disciplinava a EIRELI – nova modalidade de pessoa jurídica incluída
pela Lei n. 12.441, de 11 de julho de 2011, que deixou de existir com tal revogação. Importante
registrar que o art. 41 da Lei 14.195, de 2021, a denominada ‘Lei do Ambiente de Negócio’,
já previa que as EIRELI existentes na data da entrada em vigor desta Lei serão transformadas
em sociedades limitadas unipessoais independentemente de qualquer alteração em seu ato
constitutivo.
A despeito de o Código Civil de 2002 ter tratado a matéria civil e comercial em um mesmo
diploma, somente a Primeira Parte do Código Comercial de 1850 foi expressamente revogada
(art. 2.045 do CC). Assim, permanece em vigor a segunda parte do Código Comercial, que
disciplina o “Comércio Marítimo”.
A segunda parte do Código Comercial, que disciplina o “Comércio Marítimo”, continua em vigor,
nos termos do art. 2.045 do CC:
Art. 2.045. Revogam-se a Lei n o 3.071, de 1 o de janeiro de 1916 – Código Civil e a Parte Primeira do
Código Comercial, Lei n. 556, de 25 de junho de 1850. (grifei)
Certo.
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Eros Grau, ao dissertar especificamente sobre os princípios que norteiam a ordem econô-
mica, classifica-os em:
• princípios explícitos, constantes expressamente nos textos da Constituição ou da lei;
• princípios implícitos, inferidos a partir de processo de análise de “um ou mais preceitos
constitucionais ou de uma lei ou conjunto de textos normativos da legislação infracons-
titucional”;
• princípios gerais de Direito, que também são implícitos, coletados no “Direito pressu-
posto”, citando como exemplo a vedação do enriquecimento ilícito.
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Conforme veremos, tanto a Constituição da República de 1988 (CF/1988) como as leis que
regem o Direito Empresarial estabelecem explicitamente princípios que norteiam esse ramo
do Direito.
Da mesma forma, há princípios constitucionais implícitos – exemplifico com um destaca-
díssimo, o princípio da função social da empresa – que estudaremos não somente nesta aula,
mas no transcorrer do nosso curso.
E embora não tenha a intenção de dissertar especificamente sobre eles, não devemos nos
esquecer dos princípios gerais de Direito, aos quais eventualmente nos socorremos, como por
exemplo, quando evocamos o princípio de que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza
ao negar algum benefício formalmente cabível, mas indevido em razão das peculiaridades do
caso concreto (também chamado de “tu quoque’, abreviação da expressão “tu quoque, Brutus”,
traduzindo: “Até tu, Brutus”?).
A CF/1988 reservou título próprio para disciplinar a Ordem Econômica e Financeira (Título
VII – Da Ordem Econômica e Financeira), sendo extraído desse diploma os princípios e diretri-
zes basilares do Direito Empresarial.
Antes de mais nada, saliento que é pacífico na doutrina e na jurisprudência que a nossa
Carta Constitucional adotou o capitalismo como sistema econômico.
Nesse sentido, a livre iniciativa – base do capitalismo ao lado da livre concorrência e da
propriedade privada – consta ao mesmo tempo como fundamento da própria República Fede-
rativa do Brasil (art. 1º, IV) e especificamente da Ordem Econômica (art. 170, caput).
No entanto, devemos ter em mente que o princípio da dignidade da pessoa humana tam-
bém consta como fundamento da nossa República (art. 1º, III) e, nas palavras de Eros Grau (p.
156), também se trata de diretriz (ou seja: objetivo, política) da ordem econômica, consoante
o art. 170, caput (“A ordem econômica... tem por fim assegurar a todos existência digna...”).
Também por expressa previsão nos dispositivos acima citados, ressalto que a livre inicia-
tiva deve ser harmonizada com os valores sociais do trabalho (também princípio da própria
República brasileira e especificamente da sua Ordem Econômica e Financeira) e fazer cumprir
a função social da propriedade.
Da mesma forma, a garantia do desenvolvimento nacional constitui um dos objetivos fun-
damentais da nossa República (art. 3º, II), não havendo dúvida que a exploração eficiente da
empresa tem essencial papel nesse processo.
Com base nisso, há autores que entendem que a CF/1988 adotou modelo de proteção
social, descrito, por exemplo, pelo Ministro aposentado do STF Eros Grau (2012, p. 309) como
modelo de bem-estar.
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Pela relevância, reproduzo o Capítulo I do Título VII, que preceitua os princípios gerais da
atividade econômica:
TÍTULO VII
DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto am-
biental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;(Redação dada pela
Emenda Constitucional n. 42, de 19.12.2003)
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras
e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 6,
de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, indepen-
dentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. (grifei)
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Como nenhum princípio é absoluto, a livre iniciativa encontra limites no próprio art. 170 da
CF/RJ, uma vez que tem que promover a valorização do trabalho, respeitar a soberania nacio-
nal, a livre concorrência, o consumidor e o meio ambiente, entre outros:
JURISPRUDÊNCIA
O princípio da livre iniciativa, inserido no caput do art. 170 da Constituição nada mais é
do que uma cláusula geral cujo conteúdo é preenchido pelos incisos do mesmo artigo.
Esses princípios claramente definem a liberdade de iniciativa não como uma liberdade
anárquica, mas social, e que pode, consequentemente, ser limitada.
[STF, ARE 1.104.226 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 27-4-2018, 1ª T, DJE de 25-5-2018.]
O parágrafo único do art. 170 reforça o princípio da livre iniciativa, ao estabelecer que “é
assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei” (grifei).
Contudo, procurando resguardar a essência do princípio da livre iniciativa, a imposição de
restrição ou exigência de autorização por parte do Poder Público, mesmo que por meio de lei,
não pode se mostrar desarrazoada.
Em recente precedente do STF, a proteção à livre iniciativa, sopesada com outros princípios
constitucionais, foi essencial para se declarar lícita a atuação de motoristas privados (Uber
e outros), proibindo que o Estado editasse normas restringindo desproporcionalmente essa
atividade econômica:
JURISPRUDÊNCIA
Repercussão geral reconhecida com mérito julgado
A questão constitucional suscitada no recurso diz respeito à licitude da atuação de moto-
ristas privados cadastrados em plataformas de transporte compartilhado em mercado
até então explorado por taxistas. As normas que proíbam ou restrinjam de forma despro-
porcional o transporte privado individual de passageiros são inconstitucionais porque:
(i) não há regra nem princípio constitucional que prescreva a exclusividade do modelo de
táxi no mercado de transporte individual de passageiros; (ii) é contrário ao regime de livre
iniciativa e de livre concorrência a criação de reservas de mercado em favor de atores
econômicos já estabelecidos, com o propósito de afastar o impacto gerado pela inovação
no setor; (iii) a possibilidade de intervenção do Estado na ordem econômica para preser-
var o mercado concorrencial e proteger o consumidor não pode contrariar ou esvaziar
a livre iniciativa, a ponto de afetar seus elementos essenciais. Em um regime constitu-
cional fundado na livre iniciativa, o legislador ordinário não tem ampla discricionariedade
para suprimir espaços relevantes da iniciativa privada. A admissão de uma modalidade
de transporte individual submetida a uma menor intensidade de regulação, mas comple-
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Mesmo no que diz respeito à valorização do trabalho, o STF tem imposto limites a medidas
que objetivam a manutenção artificial de posto de trabalho, por violarem o princípio da livre
iniciativa (inibindo a inovação e o desenvolvimento) e não serem hábeis a gerar riqueza para
os trabalhadores e consumidores:
JURISPRUDÊNCIA
Repercussão geral reconhecida com mérito julgado
São inconstitucionais as leis que obrigam supermercados ou similares à prestação de
serviços de acondicionamento ou embalagem das compras, por violação ao princípio
da livre iniciativa (arts. 1º, IV, e 170 da Constituição). Essa foi a tese fixada pelo Plená-
rio ao negar provimento, por maioria, a recurso extraordinário, com repercussão geral
reconhecida (Tema 525), e manter acórdão que declarou a inconstitucionalidade da Lei
5.690/2010 do município de Pelotas. A norma estabelece a obrigatoriedade de presta-
ção de serviços de acondicionamento ou embalagem das compras por supermercados
ou similares e prevê a contratação de um funcionário específico para esse fim (...). O
Colegiado asseverou que o princípio da livre iniciativa, descrito no art. 1º, IV, da CF como
fundamento da República e reiterado no art. 170 do texto constitucional, veda a adoção
de medidas que se destinem direta ou indiretamente à manutenção artificial de postos
de trabalho, em detrimento das reconfigurações de mercado necessárias à inovação e ao
desenvolvimento. Isso porque essa providência não é capaz de gerar riqueza para traba-
lhadores ou consumidores. (grifei)
[STF, RE 839.950, rel. min. Luiz Fux, dj. 24-10-2018, Informativo 921, Tema 525]
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de Direitos da Livre Iniciativa Econômica e estabeleceu garantias de livre mercado. Não por
acaso, é chamada de “Lei da Liberdade Econômica”.
Nesse sentido, o princípio da livre iniciativa fica ainda mais fortalecido no ordenamento
jurídico brasileiro, sendo estabelecido que “todas as normas de ordenação pública sobre ati-
vidades econômicas privadas” “interpretam-se em favor da liberdade econômica, da boa-fé e
do respeito aos contratos, aos investimentos e à propriedade” (art. 1º, § 2º).
Assim, os preceitos das jurisprudências acima citadas foram reforçados pelo art. 4º, da
citada Lei de Liberdade Econômica (Lei n. 13.874, de 2019), que instituiu o dever da adminis-
tração pública de evitar o abuso do poder regulatório ao criar indevidamente reserva de mer-
cado para grupo econômico ou profissional ou demanda artificial/compulsória de atividade
profissional:
Art. 4º É dever da administração pública e das demais entidades que se vinculam a esta Lei, no
exercício de regulamentação de norma pública pertencente à legislação sobre a qual esta Lei versa,
exceto se em estrito cumprimento a previsão explícita em lei, evitar o abuso do poder regulatório de
maneira a, indevidamente:
I – criar reserva de mercado ao favorecer, na regulação, grupo econômico, ou profissional, em pre-
juízo dos demais concorrentes;
(...)
VI – criar demanda artificial ou compulsória de produto, serviço ou atividade profissional, inclusive
de uso de cartórios, registros ou cadastros; (...)
(grifei)
DICA
Amigo(a) aluno(a),
pela atualidade, é fundamental ler a Lei n. 13.874, de 20 de se-
tembro de 2019, que instituiu a Declaração de Direitos da Livre
Iniciativa Econômica e estabeleceu garantias de livre merca-
do, alterando não somente o Código Civil, como também a lei
das sociedades por ações, lei de registros públicos e mercan-
tis, entre outras de interesse do Direito Empresarial.
Tal lei foi resultado da conversão da Medida Provisória 881, de
30 de abril de 2019, com algumas alterações.
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Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade eco-
nômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou
a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
JURISPRUDÊNCIA
A intervenção estatal na economia, mediante regulamentação e regulação de setores
econômicos, faz-se com respeito aos princípios e fundamentos da ordem econômica. CF,
art. 170. O princípio da livre iniciativa é fundamento da República e da ordem econômica:
CF, art. 1º, IV; art. 170. Fixação de preços em valores abaixo da realidade e em descon-
formidade com a legislação aplicável ao setor: empecilho ao livre exercício da atividade
econômica, com desrespeito ao princípio da livre iniciativa. (grifei)
[STF, RE 422.941, rel. min. Carlos Velloso, j. 5-12-2005, 2ª T, DJ de 24-3-2006.] = [AI 754.769
AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 18-9-2012, 2ª T, DJE de 4-10-2012]
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o consumidor e o meio ambiente, contribuir com a redução das desigualdades, entre outros
valores caros à sociedade:
JURISPRUDÊNCIA
A Lei n. 12.006/2009 acrescentou, no Código de Trânsito Brasileiro, dispositivos que
determinavam a veiculação de mensagens educativas de trânsito em peças publicitárias
de produtos da indústria automobilística (arts. 77-A e 77-E). As normas não trazem qual-
quer restrição à plena liberdade de comunicação das empresas ou à livre iniciativa e não
excluem, ademais, a responsabilidade do Estado em promover, por ato próprio, publica-
ções de mensagens educativas de trânsito. Trata-se, apenas, de cooperação da indústria
automobilística, consectária da proteção ao consumidor e da função social da proprie-
dade (princípios da ordem econômica), na divulgação de boas práticas de trânsito. (grifei)
[STF, ADI 4.613, rel. min. Dias Toffoli, j. 20-9-2018, Plenário, DJE de 3-12-2018]
DICA
Pergunto, caro(a) concurseiro(a): A pessoa jurídica (incluindo
a sociedade empresária) pode ser titular de direitos funda-
mentais?
A resposta é sim.
Embora o art. 5º, caput, da CF/1988 faça referência inicial a
pessoas naturais (“brasileiros e estrangeiros”), o STF e STJ
entendem que alguns direitos fundamentais podem ser aplica-
dos às pessoas jurídicas quando compatíveis com a sua natu-
reza (essas são fruto de técnica jurídica).
A garantia ao direito à propriedade privada é um exemplo (art.
5º, XXII).
Quer outro?
A imagem e a moral da pessoa jurídica também são tuteladas
constitucionalmente, nos termos do art. 5º, V, incluindo a pos-
sibilidade de pleitear indenização por dano moral, conforme
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III – Por ausência de cláusula expressa, não se reconhece às pessoas jurídicas a titula-
ridade de direitos fundamentais.
JURISPRUDÊNCIA
A defesa da livre concorrência é imperativo de ordem constitucional (art. 170, IV) que
deve harmonizar-se com o princípio da livre iniciativa (art. 170, caput). Lembro que “livre
iniciativa e livre concorrência, esta como base do chamado livre mercado, não coinci-
dem necessariamente. Ou seja, livre concorrência nem sempre conduz à livre iniciativa
e vice-versa (cf. FARINA; AZEVEDO; SAES: Competitividade: mercado, estado e organiza-
ções. São Paulo, 1997. cap. IV). Daí a necessária presença do Estado regulador e fisca-
lizador, capaz de disciplinar a competitividade enquanto fator relevante na formação de
preços (...)” Calixto Salomão Filho, referindo-se à doutrina do eminente min. Eros Grau,
adverte que “livre iniciativa não é sinônimo de liberdade econômica absoluta (...). O que
ocorre é que o princípio da livre iniciativa, inserido no caput do art. 170 da CF, nada mais
é do que uma cláusula geral cujo conteúdo é preenchido pelos incisos do mesmo artigo.
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Esses princípios claramente definem a liberdade de iniciativa não como uma liberdade
anárquica, porém social, e que pode, consequentemente, ser limitada”. (grifei)
[STF, AC 1.657 MC, voto do rel. p/ o ac. min. Cezar Peluso, j. 27-6-2007, P, DJ de 31-8-2007.]
Como preleciona Fábio Ulhoa Coelho, em um primeiro espectro, o princípio da livre concor-
rência proíbe a prática de determinadas condutas pelos empresários que impliquem concor-
rência ilícita, podendo ser dividida em duas categorias:
• infrações à ordem econômica – envolvem aspectos macros, com potencial de macular o
ambiente concorrencial. Objetiva-se com a sua prevenção/repressão proteger a própria
economia de livre mercado. Nesse sentido, a Lei n. 12.529, de 2011, instituiu o Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência, “orientada pelos ditames constitucionais de
liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defe-
sa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico”;
• concorrência desleal – refere-se a condutas que lesionam o empresário individualmen-
te, limitando a prática concorrencial. Usualmente objetivam desviar a clientela alheia
com a prática de atos ilícitos. É regulada pela Lei n. 9.279, de 1996 (Lei da Propriedade
Industrial), podendo ser citados como exemplos a contrafação (falsificação) de produ-
tos e a venda de produtos piratas.
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Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação
dada pela Lei n. 13.874, de 2019)
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima
e a excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei n. 13.874, de 2019)
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença
de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes
jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: (Incluído pela Lei n. 13.874, de 2019)
I – as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláu-
sulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei n. 13.874, de
2019)
II – a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei
n. 13.874, de 2019)
III – a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei n.
13.874, de 2019)
Destaco que o STF já pacificou que o Estado, por meio da edição de normas, não pode
romper com o espírito básico da livre competição.
A esse propósito, cito a Súmula Vinculante n. 46 do STF:
JURISPRUDÊNCIA
Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabe-
lecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área. (grifei)
[STF, Súmula Vinculante n. 49.]
Da mesma forma, no âmbito da “guerra fiscal” travada entre os Estados da federação (em
que se utilizam incentivos fiscais para atrair investimentos), os fundamentos do princípio da
livre concorrência devem ser necessariamente observados, a fim de não se produzir assime-
trias na exploração da empresa:
JURISPRUDÊNCIA
Ofende a vedação à discriminação tributária de natureza espacial a fixação de reserva
de mercado a prestadores domiciliados em determinado Estado-membro como requisito
para a fruição de regime tributário favorecido e de acesso a investimentos públicos. (...)
Há desequilíbrio concorrencial no mercado interno, quando ato legislativo incentiva a
concentração de mercados e eventual cartelização das cadeias produtivas. No caso,
atentam contra a livre concorrência os requisitos para fruição dos subsídios financeiros
e econômicos criados por ente federativo às sociedades empresárias do ramo automo-
bilístico sediadas em seu território. (grifei)
[STF, ADI 5.472, rel. min. Edson Fachin, j. 1º-8-2018, Plenário, DJE de 14-8-2018.]
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DICA
Em razão da importância, a garantia da ordem econômica – e
em especial do princípio da livre concorrência – ganha prote-
ção até mesmo do Direito Penal, uma vez que pode ser utiliza-
do como fundamento para a decretação de prisão preventiva.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem eco-
nômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (negritei) (Redação dada pela Lei
n. 12.403, de 2011)
JURISPRUDÊNCIA
A garantia da ordem econômica autoriza a custódia cautelar, se as atividades ilícitas do
grupo criminoso a que, supostamente, pertence o paciente repercutem negativamente
no comércio lícito e, portanto, alcançam um indeterminado contingente de trabalhadores
e comerciantes honestos. Vulneração do princípio constitucional da livre concorrência.
[STF, HC 91.285, rel. min. Ayres Britto, j. 13-11-2007, 1ª T, DJE de 25-4-2008.]
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JURISPRUDÊNCIA
Controle concentrado de constitucionalidade
Contribuição social patronal. Isenção concedida às microempresas e empresas de
pequeno porte. Simples Nacional (“Supersimples”). LC 123/2006, art. 13, § 3º. (...) O
fomento da micro e da pequena empresa foi elevado à condição de princípio constitu-
cional, de modo a orientar todos os entes federados a conferir tratamento favorecido
aos empreendedores que contam com menos recursos para fazer frente à concorrência.
Por tal motivo, a literalidade da complexa legislação tributária deve ceder à interpretação
mais adequada e harmônica com a finalidade de assegurar equivalência de condições
para as empresas de menor porte. Risco à autonomia sindical afastado, na medida em
que o benefício em exame poderá tanto elevar o número de empresas a patamar supe-
rior ao da faixa de isenção quanto fomentar a atividade econômica e o consumo para as
empresas de médio ou de grande porte, ao incentivar a regularização de empreendimen-
tos. (grifei)
[STF, ADI 4.033, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 15-9-2010, Plenário, DJE de 7-2-2011.]
JURISPRUDÊNCIA
Repercussão geral reconhecida com mérito julgado
O Simples Nacional surgiu da premente necessidade de se fazer com que o sistema tribu-
tário nacional concretizasse as diretrizes constitucionais do favorecimento às microem-
presas e às empresas de pequeno porte. A LC 123, de 14-12-2006, em consonância com
as diretrizes traçadas pelos arts. 146, III, d, e parágrafo único; 170, IX; e 179 da CF, visa à
simplificação e à redução das obrigações dessas empresas, conferindo a elas um trata-
mento jurídico diferenciado, o qual guarda, ainda, perfeita consonância com os princípios
da capacidade contributiva e da isonomia. Ausência de afronta ao princípio da isonomia
tributária. O regime foi criado para diferenciar, em iguais condições, os empreendedo-
res com menor capacidade contributiva e menor poder econômico, sendo desarrazoado
que, nesse universo de contribuintes, se favoreçam aqueles em débito com os fiscos per-
tinentes, os quais participariam do mercado com uma vantagem competitiva em relação
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Contudo, devo destacar nobre aluno(a), que por expressa disposição constitucional, so-
mente fará jus ao tratamento privilegiado os empresários de pequeno porte (em sentido lato:
o empresário individual, a sociedade empresária e a empresa individual de responsabilidade
limitada que explorem a “microempresa ou empresas de pequeno porte”) constituídos sob as
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Por óbvio, tal discrímen não é inconstitucional, uma vez que foi inserido pelo legislador
constituinte originário. Além disso, afigura-se como razoável, objetivando resguardar os inte-
resses nacionais.
Registro que o Código Civil também traz como diretriz o tratamento favorecido não só ao
pequeno empresário, como ao empresário rural, no que diz respeito à inscrição e aos efeitos
decorrentes:
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e
ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.
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Ainda nesse contexto, incluiu parágrafo único no art. 421 do Código Civil, para estabelecer
que o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual prevalece-
rão nas relações contratuais privadas:
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação
dada pela Lei n. 13.874, de 2019)
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima
e a excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei n. 13.874, de 2019)
(grifei)
Da mesma forma, ao incluir o art. 421-A ao CC, preceituou que os contratos civis e empre-
sariais se presumem paritários e simétricos, nos seguintes termos:
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença
de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes
jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: (Incluído pela Lei n. 13.874, de 2019)
I – as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláu-
sulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei n. 13.874, de
2019)
II – a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei
n. 13.874, de 2019)
III – a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei n.
13.874, de 2019)
(grifei)
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No Brasil, a ideia de função social da empresa também deriva da previsão constitucional sobre a
função social da propriedade (art. 170, III). Estendida à empresa, a ideia de função social da empre-
sa é talvez uma das noções de mais relevante influência prática e legislativa no direito brasileiro. É
o principal princípio norteador da ‘regulamentação externa’ dos interesses envolvidos pela grande
empresa.
Nessa linha, verifica-se que o ordenamento constitucional garantiu o direito à livre iniciativa e à
propriedade privada, mas condicionou o exercício dessas prerrogativas ao respeito ao trabalho hu-
mano, à soberania nacional, à função social da propriedade, à livre concorrência, ao direito do con-
sumidor, ao meio ambiente, entre outros.
O objetivo dessas limitações restou claro na eleição do fim maior da ordem econômica: assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. 1
Assim, a legítima busca do lucro por parte dos empreendedores da atividade econômica deve não
só respeitar (obrigação de não-fazer), como auxiliar na concretização dos anseios da coletividade
(obrigação de fazer).
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reholders) como da coletividade envolvida (no inglês, stakeholders, que pode ser traduzido
como “partes interessadas”).
A esse propósito, reproduzo lição da Ministra Fátima Nancy Andrighi do STJ:
Para bem entender o que é o princípio da conservação, vale destacar que a organização empresa-
rial passa a ser vista em nosso ordenamento como um feixe de contratos em que se equilibram os
interesses conflitantes de empregados, fornecedores, credores e, em última instância, dos próprios
clientes.
Assim, a organização empresarial deixa de ser vista como mera criatura, feita à imagem e seme-
lhança do empresário, para ser encarada como um complexo de múltiplos interesses. A atividade
empresarial não pode desviar de sua função social, ou seja, não deve ser exercida pelo empresário
em seu exclusivo interesse. (in CORRÊA-LIMA; LIMA, 2009, p. 491)
A Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404), desde a sua edição em 1976, já traz dispositivo
com esse preceito ao apontar deveres do acionista controlador:
Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas
vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
(...)
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar
o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais
acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos
e interesses deve lealmente respeitar e atender. (grifei)
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econô-
mico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua
função social e o estímulo à atividade econômica. (destaquei).
O STJ tem usado esse princípio para decidir que na execução de dívida de sócio deve-se
preferir a penhora dos lucros que lhe couber na sociedade ao invés da penhora propriamente
das quotas sociais (que pode redundar na dissolução parcial para apurar quanto “toca em liqui-
dação” ao credor – parte final do art. 1.026 do CC):
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PENHORA DE QUOTAS SOCIAIS NA PARTE RELA-
TIVA À MEAÇÃO.
(...)
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Contudo, não se pode ignorar que o advento do art. 1.026 do CC, ao dispor que “O credor
particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor, fazer recair a exe-
cução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em
liquidação”, relativizou a penhorabilidade das quotas sociais, que só deve ser efetuada
acaso superadas as demais possibilidades conferidas pelo dispositivo mencionado, con-
sagrando o princípio da conservação da empresa ao restringir a adoção de solução que
possa provocar a dissolução da sociedade empresária e maior onerosidade da execução,
visto que a liquidação parcial da sociedade empresária, por débito estranho à sociedade,
implica a sua descapitalização, afetando os interesses dos demais sócios, empregados,
fornecedores e credores da empresa. Nesse mesmo diapasão, propugna a doutrina que
não cabe ao credor particular do sócio “escolher se vai receber os lucros ou se vai liqui-
dar parte da sociedade como forma de pagamento do que lhe é devido, seria condenar
as sociedades a um futuro incerto e possivelmente desastroso, caso a diminuição de
capital afete sua capacidade produtiva. Nessa última situação acabaria, ainda, punindo
a sociedade por obrigação que lhe é estranha, da qual não tomou parte, mas que poderia
ser adimplida de outro modo”, devendo sempre que possível ser feita a opção pela reten-
ção dos lucros, correspondentes à quota social do devedor. Convém consignar que o
Enunciado 387 da IV Jornada de Direito Civil propõe que a opção entre fazer a execução
recair sobre o que ao sócio couber no lucro da sociedade ou na parte em que lhe tocar
em dissolução orienta-se pelos princípios da menor onerosidade e da função social da
empresa. Assim, tendo em vista o disposto no art. 1.026, c/c o art. 1.053, ambos do CC, e
os princípios da conservação da empresa e da menor onerosidade da execução, cabe ao
exequente requerer a penhora dos lucros relativos às quotas sociais correspondentes à
meação do devedor – o que também é a inteligência do art. 1.027 do CC -, não podendo
ser deferida, de modo imediato, a penhora de quotas sociais de sociedade empresária em
plena atividade, em prejuízo de terceiros, por dívida estranha à referida pessoa jurídica.
[STJ, REsp 1.284.988-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª T, julgado em 19/3/2015, DJe
9/4/2015 – Informativo 559, de 6 a 16 de abril de 2015]
O princípio da função social da empresa também é utilizado pelo STJ para sustentar a ex-
cepcionalidade da revisão contratual no âmbito da relação empresarial:
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO CIVIL. EMPRESA RURAL DE GRANDE PORTE NÃO TEM DIREITO DE PREFERÊN-
CIA PREVISTO NO ESTATUTO DA TERRA.
(...)
Ademais, a autonomia privada, como bem delineado no Código Civil de 2002 (arts. 421 e
422) e já reconhecido na vigência do Código Civil de 1916, não constitui um princípio abso-
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luto em nosso ordenamento jurídico, sendo relativizada, entre outros, pelos princípios da
função social, da boa-fé objetiva e da prevalência do interesse público. A doutrina chega a
reconhecer a vigência, neste campo do direito, do princípio da “plena vinculação dos con-
tratantes ao contrato”, ou seja, uma especial força obrigatória dos efeitos do contrato
(pacta sunt servanda), em grau superior ao do Direito Civil, cujo afastamento somente
poderia ocorrer em hipóteses excepcionais. Efetivamente, no Direito Empresarial, regido
por princípios peculiares, como a livre iniciativa, a liberdade de concorrência e a função
social da empresa, a presença do princípio da autonomia privada é mais saliente do que
em outros setores do Direito Privado. Com efeito, o controle judicial sobre eventuais cláu-
sulas abusivas em contratos empresariais é mais restrito do que em outros setores do
Direito Privado, pois as negociações são entabuladas entre profissionais da área empre-
sarial, observando regras costumeiramente seguidas pelos integrantes desse setor da
economia. Neste contexto, embora não se esteja propriamente diante de um contrato
empresarial, quando se tem uma grande empresa pretendendo se valer de um microssis-
tema protetivo para furtar-se à força obrigatória do contrato ao qual se obrigou, é perfei-
tamente cabível a aplicação do princípio da autonomia privada ao caso na perspectiva
do seu consectário lógico que é a força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda).
[STJ, REsp 1.447.082-TO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª T, julgado em
10/5/2016, DJe 13/5/2016. Informativo 583, de 13 a 26 de maio de 2016]
Nas hipóteses do art. 1.077 do Código Civil, cabe aos sócios delimitar seus contornos para compa-
tibilizá-los com os princípios da preservação e da função social da empresa, aplicando-se, supletiva
(art. 1.053, parágrafo único) ou analogicamente (art. 4º da LICC), o art. 137, § 3º, da Lei das Socie-
dades por Ações, para permitir a reconsideração da deliberação que autorizou a retirada do sócio
dissidente. [Enunciado n. 392 da IV Jornada de Direito Civil].
No que diz respeito à dissolução de sociedade, deve prevalecer, sempre que viável, a disso-
lução parcial ao invés da dissolução total, objetivando compatibilizar o princípio da liberdade
de associar com os princípios da função social e preservação da empresa.
Confira decisão do STJ sobre o tema:
JURISPRUDÊNCIA
S/A. DISSOLUÇÃO. APURAÇÃO. HAVERES.
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O Min. Relator entendeu que não é extra petita a sentença que decreta a dissolução parcial
da sociedade anônima quando o autor pede sua dissolução integral. A Lei n. 6.404/1976
exige que o pedido de dissolução da sociedade parta de quem detém pelo menos 5% do
capital social, mas, se o percentual da participação societária do autor é controvertido
nos autos e sua definição foi remetida para a fase de liquidação da sentença, é impos-
sível, em recurso especial, apreciar a alegação de ilegitimidade ativa. Concluiu que, nor-
malmente, não se decreta dissolução parcial de sociedade anônima: a Lei da S/A prevê
formas específicas de retirada – voluntária ou não – do acionista dissidente e essa pos-
sibilidade é manifesta, quando a sociedade, embora formalmente anônima, funciona, de
fato, como entidade familiar, em tudo semelhante à sociedade por cotas de responsabi-
lidade limitada. A Min. Nancy Andrighi acrescentou que a dissolução parcial da socie-
dade é a melhor solução sob todos os prismas, jurídico, social e econômico, porquanto
possibilita equacionar os princípios constitucionais da liberdade de associação (art. 5º,
XX, da CF/1988) e o da função social da propriedade (art. 5º, XXIII, e art. 170, III), com o
princípio da preservação da empresa. Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o
julgamento, por maioria, não conheceu do recurso.
[STJ, REsp 507.490-RJ, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 3ª T, julgado em 19/9/2006
– Informativo 297, 18 a 22 de setembro de 2006]
DICA
Conforme nos informa Gladston Mamede, há corrente doutri-
nária denominada Institucionalismo que, baseada no princípio
da função social e preservação da empresa, sustenta que “o
interesse da empresa é a sua preservação como instituição e
atividade negocial”. Assim, nem sempre os seus “interesses”
serão coincidentes com os sócios da sociedade empresária,
de forma que, com base nos princípios citados, “deve haver
supremacia dos órgãos de administração da sociedade sobre
os sócios, isolada ou coletivamente”.
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Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou ad-
ministradores. (Incluído pela Lei n. 13.874, de 2019)
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de aloca-
ção e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos,
para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. (Incluído pela Lei n.
13.874, de 2019)
Assim, o patrimônio dos sócios somente responderá por dívidas da sociedade de forma
excepcional e quando houve expressa disposição legal.
É o caso da desconsideração da personalidade jurídica (em concursos gostam de utilizar
a sua versão em inglês, “Disregard of Legal Entity” ou “Disregard doctrine”), que tem como pres-
suposto o “abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial” (art. 50, do CC).
É importante salientar que a desconsideração é episódica, para que “os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administra-
dores ou de sócios da pessoa jurídica”, ou seja, a pessoa jurídica continua a existir!
E mais: o art. 50 do CC foi recentemente alterado pela Lei da Liberdade Econômica, que a
restringiu ainda mais, ao exigir que somente atinja administrador ou sócio “beneficiados direta
ou indiretamente pelo abuso”.
Confira jurisprudência do STJ:
JURISPRUDÊNCIA
1. A jurisprudência do STJ firmou o entendimento de que a desconsideração da persona-
lidade jurídica prevista no artigo 50 do Código Civil trata-se de regra de exceção, de res-
trição ao princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica. Assim, a interpretação
que melhor se coaduna com esse dispositivo legal é a que relega sua aplicação a casos
extremos, em que a pessoa jurídica tenha sido instrumento para fins fraudulentos, confi-
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Nos termos do art. 50 do Código Civil, a desconsideração objetiva que “os efeitos de certas
e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de adminis-
tradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso”. Ou
seja, não acarreta a “anulação e supressão da personalidade jurídica”.
Errado.
Esclareço que iremos tratar sobre a desconsideração de forma mais aprofundada na Aula 02.
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• Fonte materiais: indicam a sua origem e são formadas pelos fenômenos e realidades
sociais que orientam e justificam a elaboração das normas. No caso do Direito Empre-
sarial, tem figura de destaque os fatores econômicos;
• Fontes formais: são os meios ou formas pelas quais as normas se exteriorizam. De
acordo com Carvalho de Mendonça, subdividem-se em fontes formais primárias ou di-
retas, aplicadas em primeiro plano, e fontes formais secundárias, indiretas ou subsidi-
árias, aplicadas somente se aquelas apresentarem lacunas.
A lei em sentido formal é por excelência a fonte formal primária do Direito Empresarial.
Saliento, nobre aluno(a), que por força do art. 22, I da CF/1988, compete à União privativa-
mente legislar sobre Direito Empresarial (na dicção da CF/1988 – “direito comercial”).
Nesse sentido, o Código Civil assumiu papel de destaque ao disciplinar o Direito de Empre-
sa. Contudo, lembre-se que a Parte Segunda do Código Comercial continua em vigor, sendo
fonte primária no que diz respeito ao Direito Marítimo.
É interessante mencionar que há divergência entre comercialistas se o Direito Civil seria
fonte do Direito Empresarial. Rubens Requião, Alfredo Rocco, Waldemar Ferreira e outros en-
tendem que, mesmo quando aplicado por falta de disposição específica de Direito Empresarial,
não será fonte de tal ramo, pois não perderia sua natureza civil, sendo impróprio atribuir a uma
lei a qualidade de fonte de outra lei. Já Fran Martins, amparado nas lições de Carvalho de Men-
donça, entende que o Direito Civil seria fonte subsidiária ou secundária de Direito Empresarial
quando aplicada de forma “supletória” às relações empresariais.
Tendo em vista o fragmentarismo que caracteriza o Direito Empresarial, diversas matérias
são tratadas em leis especiais, que compõem microssistemas legislativos. Como exemplo,
temos a Lei 6.404, de 1976 (Lei das Sociedades por Ações), Lei n. 11.101, de 2005 (Lei da recu-
peração judicial e extrajudicial e falência), Lei n. 9.279, de 1996 (Lei da Propriedade Industrial),
entre outras.
Saliento que medida provisória também pode ser fonte de Direito Empresarial (apesar do
seu caráter “provisório” enquanto não convertida em lei em sentido estrito), podendo mencio-
nar como exemplo a MP 881, de 2019, que foi convertida na Lei da Liberdade Econômica, que
alterou diversos dispositivos do Código Civil.
Os tratados internacionais também são fontes primárias, desde que haja ratificação/ade-
são pelo Estado brasileiro por meio da edição de decreto legislativo e sua internalização por
meio de decreto presidencial. A Lei Uniforme de Genebra sobre títulos de crédito e a Conven-
ção da União de Paris são exemplos.
Os regulamentos (decretos e outras normas infralegais), conforme lecionam Fran Martins,
seguido por Marcelo Bertoldi e Márcia Ribeiro, também são fontes formais primárias, uma vez
que servem para tornar operativa a lei empresarial.
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Ponto importante é que caberá a quem alegar o costume comprovar o seu teor e vigência,
nos termos do art. 376 do Código de Processo Civil (CPC):
Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á
o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. (grifei)
Nesse sentido, o ordenamento jurídico brasileiro permite o “assentamento dos usos e práti-
cas mercantis” na Juntas Comerciais, consoante previsto no art. 8º, VI da Lei n. 8.934, de 1994
(que dispõe sobre o Registro Público de Atividades Mercantis e afins). Por questão prática,
conforme observado por André Santa Cruz, deve o “juiz comunicar à Junta Comercial da região
os costumes comerciais invocados e aplicados em juízo, para fins de registro em livro próprio.”
Cabe dizer que as Juntas Comerciais subordinam-se, administrativamente, ao governo do
respectivo ente federativo (antes da alteração promovida pela Lei n. 13.833, de 2019, a Junta
Comercial do Distrito Federal era subordinada administrativamente a órgão do governo fede-
ral), sendo que “qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os
assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do
preço devido.” (art. 29 da Lei n. 8.934, de 1994).
Contudo, essa não é a única forma de comprovar usos e costumes, sendo que o STJ já
decidiu ser possível prová-los por meio de prova testemunhal:
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JURISPRUDÊNCIA
Comercial. Recurso especial. Ação de cobrança. Prestação de serviço de transporte rodo-
viário. Cargas agrícolas destinadas a embarque em porto marítimo. Cobrança originada
por atraso no desembaraço das mercadorias no destino. Discussão a respeito da respon-
sabilidade do contratante pelo pagamento das ‘sobrestadias’. Requerimento de produção
de prova testemunhal para demonstração de costume comercial relativo à distribuição
de tal responsabilidade. Natureza dos usos e costumes mercantis. Sistema de registro
dos costumes por assentamento nas Juntas Comerciais. Costume ‘contra legem’. Con-
flito entre duas fontes subsidiárias de direito comercial (Lei civil e costume comercial) no
contexto relativo à vigência do Código Comercial de 1850 e do Código Civil de 1916.
(...)
– Há desvio de perspectiva na afirmação de que só a prova documental derivada do
assentamento demonstra um uso ou costume comercial. O que ocorre é a atribuição de
um valor especial – de prova plena – àquela assim constituída; mas disso não se extrai,
como pretende a recorrente, que o assentamento é o único meio de se provar um cos-
tume.
– Não é possível excluir, de plano, a possibilidade de que a existência de um costume
mercantil seja demonstrada por via testemunhal.
– Da simples autorização para produção de prova testemunhal não decorre, automati-
camente, qualquer imputação de responsabilidade a uma das partes. Trata-se apenas
de, uma vez demonstrada a existência do costume, tomá-lo como regra jurídica para a
solução do litígio. Tal solução, porém, dependerá ainda da verificação da subsunção do
suporte fático àquele comando, em atividade cognitiva posterior.
(...)
– Especialmente em um contexto relativo ao período em que não havia, ainda, ocorrido a
unificação do direito privado pelo CC/02, é impossível abordar o tema de forma lacônica,
como se fosse possível afirmar, peremptoriamente e sem maiores aprimoramentos, a
invalidade apriorística de todo e qualquer costume comercial em face de qualquer dis-
positivo da Lei civil, ainda que remotamente aplicável à controvérsia. (destaquei)
[STJ, REsp 877074 / RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, 3ª T, julgado em 12/05/2009, DJe
17/08/2009]
Note, caro(a) amigo(a), que também foi discutido nesse julgado a utilização do Direito Civil
como fonte secundária ou subsidiária – por conta da possibilidade de aplicar suas normas
por analogia às relações empresariais -, tendo prevalecido o reconhecimento e aplicação do
costume comercial.
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Devo salientar que os usos e costumes não podem ser contra legem, ou seja, contrariar a
lei empresarial, fonte formal primária do Direito Empresarial (no caso acima, a possível contra-
riedade era à norma do Direito Civil, cuja aplicação por analogia poderia ser uma alternativa).
EXEMPLO
Um bom exemplo de costume contra legem é o cheque pós-datado, sendo prática comum uti-
lizar tal título de crédito para pagamento a prazo (com a inscrição do “bom para...”), apesar de
a Lei do Cheque (Lei 7.357, de 1985), expressamente dispor que “o cheque é pagável à vista” e
que se considera “não-estrita qualquer menção em contrário” (art. 32).
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO CAMBIÁRIO E RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDE-
NIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CHEQUE PÓS-DATADO. PACTUAÇÃO EXTRACARTU-
LAR. COSTUME CONTRA LEGEM. BENEFICIÁRIO DO CHEQUE QUE O FAZ CIRCULAR,
ANTES DA DATA AVENÇADA PARA APRESENTAÇÃO. TERCEIRO DE BOA-FÉ, ESTRANHO
AO PACTUADO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE
DOS EFEITOS CONTRATUAIS. 1. O cheque é ordem de pagamento à vista e submete-se
aos princípios, caros ao direito cambiário, da literalidade, abstração, autonomia das obri-
gações cambiais e inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé. 2. Com a
decisão contida no REsp. 1.068.513-DF, relatado pela Ministra Nancy Andrighi, ficou paci-
ficado na jurisprudência desta Corte a ineficácia, no que tange ao direito cambiário, da
pactuação extracartular da pós-datação do cheque, pois descaracteriza referido título de
crédito como ordem de pagamento à vista e viola os princípios cambiários da abstração
e da literalidade. (...).
[STJ, REsp 884.346/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, 4ª T, julgado em 06/10/2011,
DJe 04/11/2011]
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de
sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído pela Lei n. 13.874,
de 2019)
(...)
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II – corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; (Incluído
pela Lei n. 13.874, de 2019)
(...)
Os usos e costumes, por serem fontes formais secundárias ou subsidiárias não podem ser
contra legem.
Certo.
Nos termos do artigo 376 do CPC, a parte que alegar direito consuetudinário “provar-lhe-á o
teor e a vigência, se assim o juiz determinar.”
Certo.
De acordo com o art. 8º, VI, da Lei n. 8.934, de 1994, é possível fazer o “assentamento dos usos
e práticas mercantis” na Juntas Comerciais, que constitui prova plena do uso e costume. Nes-
se sentido, entende-se que deve ser feita a comunicação dos costumes invocados e aplicados
em juízo para fins de assentamento.
Certo.
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Tal obrigação tem como fonte a própria legislação empresarial, nos termos do art. 1.179 do
Código Civil:
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabi-
lidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência
com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado
econômico.
Errado.
EXEMPLO
O princípio par conditio creditorum (princípio do tratamento isonômico entre os credores), que
norteia a falência, é citado como exemplo de princípio geral do direito por se tratar de princípio
basilar de todas as execuções coletivas.
Por fim, devo mencionar a jurisprudência, enunciada por Fran Martins como fonte secundá-
ria (sendo seguido por alguns doutrinadores, como Marcelo Bertoldi e Márcia Ribeiro), sendo
destacada a importância do precedente (decisões reiteradas sobre o mesmo tema) no Direito
Brasileiro, sobretudo com a instituição da súmula vinculante pela Emenda Constitucional n.
45, de 2004.
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legislativos do Direito Empresarial, em que importantes institutos desse ramo são tratados em
legislação especial.
De acordo com a doutrina, o Direito Empresarial mantém autonomia didática, por ser ma-
téria autônoma no currículo universitário, bem como autonomia substancial ou jurídica por ter
conteúdo particular e original, sendo dotado de princípios, características e institutos próprios.
No que diz respeito à autonomia formal, relacionada à existência de um corpo legislativo
codificado, lembremos que além das leis especiais, o Código Comercial de 1850 ainda conti-
nua parcialmente em vigor (em que pese ter sido revogado a sua primeira parte), de forma que
podemos afirmar que o Direito Empresarial também a mantém.
Em suma: o Direito Empresarial mantém a sua autonomia, inclusive no campo contratual,
em que pese a disciplina parcial de alguns dos seus institutos no Código Civil de 2002.
Nesse sentido, já decidiu do STJ:
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO EMPRESARIAL. CONTRATOS. COMPRA E VENDA DE COISA FUTURA (SOJA).
TEORIA DA IMPREVISÃO. ONEROSIDADE EXCESSIVA. INAPLICABILIDADE. 1. Contratos
empresariais não devem ser tratados da mesma forma que contratos cíveis em geral ou
contratos de consumo. Nestes admite-se o dirigismo contratual. Naqueles devem preva-
lecer os princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória das avenças. 2. Direito
Civil e Direito Empresarial, ainda que ramos do Direito Privado, submetem-se a regras e
princípios próprios. O fato de o Código Civil de 2002 ter submetido os contratos cíveis
e empresariais às mesmas regras gerais não significa que estes contratos sejam essen-
cialmente iguais. (destaquei)
[STJ, REsp 936.741/GO, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, 4ª T, julgado em
03/11/2011, DJe 08/03/2012]
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RESUMO
• É na Idade Média, após a queda do Império Romano e com o maior desenvolvimento do
comércio, que se verifica a criação de um conjunto de normas sistematizadas com o es-
copo de garantir segurança jurídica às relações comerciais, sendo indicada pela maior
parte dos autores como efetivo berço do Direito Comercial.
• 1ª Fase do Direito Empresarial: Caráter subjetivo com foco na figura do comercian-
te. Começaram a ganhar destaque as Corporações de Ofício, que passaram a
estruturar normas e tribunais próprios para resolver os conflitos de seus as-
sociados sem a intervenção estatal, originando um direito singular chamado
de ius mercatorum (direito do comerciante). Passou-se a ter destaque a figura do
mercador, mais adiante conhecido como comerciante, que na sua essência se dedicava
à atividade de interposição profissional na troca de bens.
• 2ª Fase do Direito Empresarial: Caráter objetivo com foco na “teoria dos atos de comér-
cio” (teoria francesa). o Código francês inovou a conferir caráter objetivo à aplicação
desse regime jurídico especial, que não mais se centrava nas relações de uma categoria
ou classe (o comerciante), mas sim na prática de atos tidos como comerciais, indepen-
dentemente, a princípio, de quem os praticava. Esse período também é marcado pela
bipartição do direito privado. De um lado o Direito Civil, mais centrado no direito de pro-
priedade imobiliário. E de outro, com natureza especial, o Direito Comercial, focado na
riqueza mobiliária e predisposto a regular os interesses da burguesia.
• 3ª Fase do Direito Empresarial (atual): Caráter subjetivo moderno (ou funcional) com
foco na “teoria da empresa” (teoria italiana). O marco da transição para a terceira fase
é a edição, em 1942, do Código Civil italiano. Além de disciplinar as matérias civis e co-
merciais em um só diploma legislativo (destaco que ambos os ramos mantiveram a au-
tonomia substancial), a nova norma joga as suas luzes na figura do empresário – e não
mais na do tradicional comerciante -, daí a razão de ser caracterizada como instituidora
da teoria subjetiva moderna. Não se fala mais em “atos de comércio”, mas sim em em-
presa como atividade definidora da incidência do Direito Empresarial (perfil funcional).
• O jurista italiano Alberto ASQUINI – em obra paradigma escrita logo após a edição do
CC italiano de 1942 – enunciou que a empresa teria quatro perfis distintos sob o ponto
de vista jurídico:
− perfil funcional: como atividade econômica organizada;
− perfil subjetivo, como sujeito de direitos (sinônimo de empresário);
− perfil patrimonial e objetivo: como conjunto de bens (sinônimo de estabelecimento
empresarial); perfil corporativo: como comunidade laboral (ultrapassada, por conta
de somente se sustentar a partir da ideologia fascista.
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couber na sociedade ao invés da penhora propriamente das quotas sociais (que pode
redundar na dissolução parcial para apurar quanto “toca em liquidação” ao credor – par-
te final do art. 1.026 do CC).
• O princípio da função social da empresa também é utilizado pelo STJ para sustentar a
excepcionalidade da revisão contratual no âmbito da relação empresarial.
• No que diz respeito à dissolução de sociedade, deve prevalecer, sempre que viável, a
dissolução parcial ao invés da dissolução total, objetivando compatibilizar o princípio
da liberdade de associar com os princípios da função social e preservação da empresa.
• De acordo com o princípio da autonomia patrimonial da sociedade empresária, o patri-
mônio dos sócios somente responderá por dívidas da sociedade de forma excepcional
e quando houve expressa disposição legal.
• Tal princípio foi reforçado pela Lei da Liberdade Econômica, que alterou artigos do CC.
• A desconsideração da personalidade jurídica (em concursos gostam de utilizar a sua
versão em inglês, “Disregard of Legal Entity” ou “Disregard doctrine”) é medida excepcio-
nal, que tem como pressuposto o “abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial” (art. 50, do CC).
• É importante salientar que a desconsideração é episódica, para que “os efeitos de cer-
tas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente
pelo abuso” (art. 50, do CC, a última parte, em negrito, foi incluída pela Lei da Liberdade
Econômica). Ou seja, a pessoa jurídica continua a existir!
• Com base no princípio da subsidiariedade da responsabilidade dos sócios pelas obri-
gações sociais, a execução de bens dos sócios, para o adimplemento de dívida da so-
ciedade, somente deve ocorrer após a serem executados todos os bens do patrimônio
da pessoa jurídica. Esse princípio se aplica a todas as sociedades – independentemente
de limitação (ou não) de responsabilidade dos sócios.
• As seguintes características marcam o Direito Empresarial:
− cosmopolitismo/internacionalidade;
− onerosidade;
− informalidade (contrapõe-se à solenidade);
− fragmentarismo;
− elasticidade.
• A lei empresarial é a principal fonte formal primária do Direito Empresarial, além dos
tratados e regulamentos.
• Os usos e costumes são as mais destacadas fontes formais secundárias ou subsidiária
do Direito Empresarial, havendo prova plena da sua adoção com o seu assentamento
nas Juntas Comerciais.
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• Caberá à parte que alegar a aplicação dos usos e costumes fazer a sua prova, sendo que
o STJ admite o uso da prova testemunhal.
• Os usos e costumes não podem contrariar as leis empresariais (costume contra legem).
• Alguns autores (e o próprio STJ, em decisão da 3ª Turma) admite que o Direito Civil pode
ser utilizado como fonte secundária ou subsidiária do Direito Empresarial, quando suas
normas são aplicadas por analogia.
• A despeito da regulação de institutos pelo Código Civil de 2002, o Direito Empresarial
mantém autonomia didática, substancial e também formal (a Segunda Parte do Código
Comercial continua em vigor).
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/MPE-AC/PROMOTOR/2014) Considerando a evolução histórica do direito em-
presarial, assinale a opção CORRETA.
a) A teoria dos atos de comércio foi adotada, inicialmente, nas feiras medievais da Europa pe-
las corporações de comerciantes que então se formaram.
b) A edição do Código Francês de 1807 é considerada o marco inicial do direito comer-
cial no mundo.
c) Considera-se o marco inicial do direito comercial brasileiro a lei de abertura dos portos, em
1808, por determinação do rei Dom João VI.
d) É de origem francesa a teoria da empresa, adotada pelo atual Código Civil brasileiro.
e) O direito romano apresentou um corpo sistematizado de normas sobre atividade comercial.
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I – O Código Civil adotou a teoria da empresa em substituição à antiga teoria dos atos de
comércio, razão pela qual não se utilizam mais as expressões ato de comércio e comer-
ciante, que foram substituídas pelas expressões empresa e empresário.
005. (VUNESP/TJ-MG/JUIZ/2012) Com a vigência do Novo Código Civil, à luz do artigo 966, é
correto afirmar que o Direito brasileiro concluiu a transição para a
a) “teoria da empresa”, de matriz francesa.
b) “teoria da empresa”, de matriz italiana.
c) “teoria dos atos de comércio”, de matriz francesa.
d) “teoria dos atos de comércio”, de matriz italiana.
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de natureza civil, como é o caso da comercialização de bens imóveis, não será a sociedade
anônima considerada sociedade empresarial.
Com base na teoria da empresa, considere as assertivas abaixo.
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GABARITO
1. c
2. E
3. d
4. C
5. b
6. E
7. E
8. C
9. C
10. E
11. C
12. E
13. C
14. C
15. b
16. C
17. E
18. C
19. e
20. C
21. E
22. C
23. C
24. d
25. C
26. C
27. C
28. E
29. C
30. E
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GABARITO COMENTADO
001. (CESPE/MPE-AC/PROMOTOR/2014) Considerando a evolução histórica do direito em-
presarial, assinale a opção CORRETA.
a) A teoria dos atos de comércio foi adotada, inicialmente, nas feiras medievais da Europa pe-
las corporações de comerciantes que então se formaram.
b) A edição do Código Francês de 1807 é considerada o marco inicial do direito comer-
cial no mundo.
c) Considera-se o marco inicial do direito comercial brasileiro a lei de abertura dos portos, em
1808, por determinação do rei Dom João VI.
d) É de origem francesa a teoria da empresa, adotada pelo atual Código Civil brasileiro.
e) O direito romano apresentou um corpo sistematizado de normas sobre atividade comercial.
A lei de abertura dos portos, em 1808, por determinação do rei Dom João VI (após a mudança
da família real de Portugal para o Brasil, por conta da invasão francesa) é considerado o marco
inicial do direito comercial brasileiro.
a) Errada. A teoria dos atos de comércio foi adotada após o Código Comercial francês de 1807.
b) Errada. A edição do Código Comercial dá início à segunda fase de tal ramo do direito.
d) Errada. A teoria da empresa é de origem italiana.
e) Errada. O direito romano o direito privado era unificado no ius civile.
Letra c.
O Regulamento 737, mesmo revogado em 1875, teve utilizado enquanto vigorou a teoria dos
atos de comércio.
Apesar do enunciado, cabe destacar que a unificação do direito privado se deu no campo for-
mal e não propriamente no material.
Errado.
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Na primeira fase do Direito Comercial (fase subjetiva), o comerciante tinha que estar matricula-
do em alguma corporação de ofício para se valer das suas normas e tribunais próprios.
a) Errada. Entende-se que o Código Civil italiano (e também o CC brasileiro de 2002), ao esta-
belecer a teoria da empresa, adotou a teoria subjetiva moderna.
b) Errada. O Código Comercial de 1850 adotou a teoria dos atos de comércio, sendo, portan-
to, objetivo.
c) Errada. Pelo contrário, a França cindiu o direito privado ao editar Código Civil em 1804 e
Código Comercial em 1808.
Letra d.
005. (VUNESP/TJ-MG/JUIZ/2012) Com a vigência do Novo Código Civil, à luz do artigo 966,
é correto afirmar que o Direito brasileiro concluiu a transição para a
a) “teoria da empresa”, de matriz francesa.
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Não é necessário nem conhecer a teoria do jurista norte-americano para saber que o perfil ins-
titucional (a empresa como comunidade laboral) não se aplicava no Brasil, uma vez que tinha
influência fascista e restrita à fase que a Itália vivenciava em 1942.
Errado.
A inscrição, apesar de obrigatória (art. 967 do CC), somente confere ao empresário a situação
de regular. As normas não só do Código Civil mas especiais se aplicam ao empresário de
forma geral (regular ou não), sendo que as prerrogativas dos empresários (ex., recuperação
judicial e extrajudicial) somente se aplicam ao empresário regular.
Errado.
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Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Certo.
O art. 966 do Código Civil estabelece critério objetivo para a qualificação de empresário, a
saber, o exercício profissional de “atividade econômica organizada para a produção ou a circu-
lação de bens ou de serviços.”
Já o parágrafo único do artigo 982 do CC adota critério subjetivo, ao preceituar que “inde-
pendentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a
cooperativa.”
Certo.
As sociedades por ações (sociedade anônima e sociedade em comandita por ações) sempre
serão sociedades empresárias, por força do art. 2º, § 1º da Lei n. 6.404, de 1976:
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Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem
pública e aos bons costumes.
§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio.
Errado.
Com base na teoria da empresa, considere as assertivas abaixo.
Nos termos do art. 1142 do CC, estabelecimento empresarial é o “complexo de bens organiza-
do, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”, não se confundi-
do com a localização física do empresário ou da sociedade empresária.
Errado.
Tal conceito está disposto no art. 966 do CC, sendo elemento desse conceito a organização
dos fatores de produção (capital, trabalho, insumo e tecnologia).
Certo.
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Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem
pública e aos bons costumes.
§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio.
§ 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo.
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no
estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de
incentivos fiscais.
Certo.
O art. 22, I, da CF/1988 estabelece a competência privativa da União para legislar sobre direito
comercial (empresarial).
a) Errada. Permanece em vigo a Segunda Parte do Código Comercial de 1850, que regula o
Comércio Marítimo.
c) Errada. O Código Civil de 2002 adotou a teoria da empresa e o Código Comercial de 1850
adotou a teoria dos atos de comércio.
Letra b.
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Conforme iremos verificar mais detalhadamente na próxima aula, como regra o Código Civil
exclui do conceito de empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, lite-
rária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa. (art. 966, parágrafo único do CC).
Certo.
O STF entende que tanto os não residentes no Brasil como as pessoas jurídicas podem ser
destinatários de direitos fundamentais elencados na CF/1988 (no caso da PJ, desde que com-
patíveis com a sua natureza jurídica).
Errado.
JURISPRUDÊNCIA
Habeas corpus. Negativa de seguimento. (...) Na concreta situação dos autos, a pessoa
jurídica da qual o paciente é representante legal se acha processada por delitos ambien-
tais. Pessoa jurídica que somente poderá ser punida com multa e pena restritiva de direi-
tos. Noutro falar: a liberdade de locomoção do agravante não está, nem mesmo indireta-
mente, ameaçada ou restringida.
[STF, HC 88.747 AgR, rel. min. Ayres Britto, j. 15-9-2009, 1ª T, DJE de 29-10-2009.]
(...)
II – A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido de que o
habeas corpus não se presta para amparar reclamos de pessoa jurídica, na qualidade de
paciente, eis que restrito à liberdade ambulatorial, o que não pode ser atribuído à empresa.
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III – Admite-se a empresa como paciente tão somente nos casos de crimes ambientais,
desde que pessoas físicas também figurem conjuntamente no pólo passivo da impetra-
ção, o que não se infere na presente hipótese (Precedentes). [STJ, RHC 28.811/SP, Rel.
Min. Gilson Dipp, 5ª T, j. 02-12-2010, DJe 13-12-2010]
Certo.
Embora um pouco controvertido, entende-se majoritariamente que o Código Civil não promo-
veu propriamente a unificação do direito privado, nem mesmo no campo contratual.
Letra e.
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econô-
mico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua
função social e o estímulo à atividade econômica.
Certo.
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constituíram e lhe imprimiram o caráter autônomo. Com relação ao direito comercial e ao em-
presário, assinale a opção correta.
c) O cosmopolitismo, a onerosidade, a informalidade e a fragmentação são as principais ca-
racterísticas do direito comercial. Com relação às espécies de autonomia no direito comercial,
a doutrina destaca a autonomia substancial, que é identificada pela existência de um corpo
legislativo codificado.
Art. 87. O assentamento de usos ou práticas empresariais é efetuado pela Junta Comercial. (Reda-
ção dada pelo Decreto n. 10.173, de 2019)
§ 1º Os usos ou as práticas empresariais serão reunidos e assentados em livro próprio, pela Junta
Comercial, ex officio ou por solicitação da Procuradoria ou de entidade de classe interessada. (Re-
dação dada pelo Decreto n. 10.173, de 2019)
Certo.
Isso mesmo!
Certo.
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b) Fragmentário.
c) Cosmopolita.
d) Sistema jurídico harmônico.
Isso mesmo!
Certo.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações
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de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei n. 13.874, de 2019)
(...)
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações
de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei n. 13.874, de 2019) (grifei)
Certo.
Nos termos do art. 1.158, §3º do CC, somente o administrador (e não todos os sócios) que
omitir a palavra “limitada” irá responder solidária e ilimitadamente quando assim empregarem
a firma ou denominação social. De qualquer forma, segundo o princípio da subsidiariedade da
responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais, somente no caso de insuficiência patri-
monial da sociedade é que o credor se deve voltar para o administrador/sócio.
Errado.
Art. 29 da Lei n. 8.934, de 1994 (que dispõe sobre o Registro Público de Atividades Mercan-
tis e afins):
Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os assentamentos
existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do preço devido.
Certo.
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Art. 6º da Lei n. 8.934, de 1994, que dispõe sobre o Registro Público de Atividades Mercantis
e afins (antes da alteração promovida pela Lei 13.833, de 2019, essa questão estaria certa):
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BERTOLDI, Marcelo M.; RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. Curso avançado de direito comercial. 10
ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 12 ed. São Paulo, Saraiva, 2019.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2003, v.1.
COMPARATO, Fábio Konder; SALOMÃO FILHO, Calixto. O poder de Controle na Sociedade Anô-
nima. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
CORRÊA-LIMA, Osmar Brina; LIMA, Sérgio Mourão Corrêa. Comentários à nova lei de falência e
recuperação: lei 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
CRUZ, André Santa. Direito empresarial. 8 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução de Nelson Boeira. São Paulo: Martins
Fontes, 2012.
GRAU, Eros Roberto. A Ordem Econômica na Constituição de 1988. 15 ed. São Paulo: Malhei-
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MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: empresa e atuação empresarial, vol. 1. 10ª
de. São Paulo: Atlas, 2018.
______. Direito empresarial brasileiro: direito societário sociedades simples e empresárias, vol.
2. 10ª de. São Paulo: Atlas, 2018.
MARTINS, Fran. Curso de Direito comercial. 40ª ed. Rio de Janeiro Forense, 2016.
MENDONÇA. José Xavier Carvalho de. Tratado de direito comercial brasileiro. Atualizado por
Ricardo Negrão. Campinas: Bookseller, 2000.
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MUZZI, Tácio. O Estado brasileiro encontra-se apto a coibir o exercício abusivo da atividade
econômica e, ao mesmo tempo, preservar a empresa?. Monografia do curso de Doutorado
(Aporias de Direito Empresarial). Belo Horizonte: UFMG, 2012 (Inédito).
REALE. Miguel. Nova Fase do Direito Moderno. São Paulo: Editora Saraiva, 1998.
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Delegado de Polícia Federal. Doutor e mestre em Direito Empresarial pela Universidade Federal de Minas
Gerais. É professor da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e da Academia Nacional de
Polícia. Atualmente, é superintendente regional da Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro. Foi diretor-
geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e diretor-adjunto do Departamento de Recuperação
de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Chefiou a Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da Superintendência Regional da
Polícia Federal no Rio de Janeiro, coordenou o Grupo de Trabalho da Lava-Jato no RJ e comandou diversas
operações especiais de repressão a corrupção, crimes financeiros, lavagem de dinheiro e criminalidade
organizada. Foi procurador do Banco Central do Brasil de 2000 a 2003.
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