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ACADEMIA MILITAR MARECHAL SAMORA MACHEL

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS QUANTO AO REGIME


JURÍDICO

Docente: Coronel AdMil Marcos Jaime


Tivane

Nampula, 2024
Armindo Barroso

Halima Salimo

Sheila Folige

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS QUANTO AO REGIME


JURÍDICO

Trabalho de pesquisa a ser apresentado na cadeira


de Analise Financeira, com a finalidade de
avaliação.

Docente: Coronel AdMil Marcos Jaime Tivane

ACADEMIA MILITAR MARECHAL SAMORA MACHEL

Nampula

2024
Índice
1 Introdução...................................................................................................................3

1.1 Objectivos...................................................................................................................4

1.2 Metodologias..............................................................................................................4

2 Fundamentação teórica...............................................................................................5

2.1 Organização das empresas quanto ao regime jurídico...............................................5

2.1.1 Sociedade Anónima....................................................................................................6

2.1.1.1 Principais características............................................................................................6

2.1.2 Sociedade por Quotas.................................................................................................7

2.1.2.1 Principais características............................................................................................7

2.1.3 Sociedade em Nome Colectivo..................................................................................7

2.1.3.1 Principais características............................................................................................8

2.1.4 Sociedade em Comandita...........................................................................................8

2.1.4.1 Principais características............................................................................................8

2.1.5 Sociedade Unipessoal por Quotas..............................................................................9

2.1.5.1 Principais características............................................................................................9

2.1.6 Cooperativa..............................................................................................................10

2.1.6.1 Principais características..........................................................................................10

2.1.7 Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada.....................................10

2.1.7.1 Principais características..........................................................................................11

2.1.8 Empresário em Nome Individual.............................................................................11

2.1.8.1 Principais características..........................................................................................11

2.2 As tendências actuais e futuras na escolha do regime jurídico pelas empresas.......12

2.3 Os factores que influenciam na escolha do regime jurídico.....................................12

3 Conclusão.................................................................................................................14

4 Referências bibliográficas........................................................................................15
1 Introdução

No cenário empresarial contemporâneo, a forma como uma empresa é estruturada


legalmente desempenha um papel fundamental na sua operação, na gestão dos seus recursos e
nas relações com os diversos agentes económicos. O tema de estudo deste trabalho centra-se
nas diversas formas de organização das empresas quanto ao regime jurídico, abrangendo
desde os modelos mais tradicionais até às inovações mais recentes. Compreender essas
diferentes estruturas é essencial para empreendedores, gestores e profissionais do direito, uma
vez que a escolha do regime jurídico adequado pode impactar significativamente o
funcionamento e o sucesso de um negócio.

Ao longo deste trabalho, serão exploradas as formas de organização das empresas quanto
ao regime jurídico, características. Além disso, será analisada a influência de tendências
actuais e futuras na escolha do regime jurídico pelas empresas, bem como os factores que
influenciam essa decisão, tais como o porte da empresa, a natureza da actividade, a
responsabilidade dos sócios e aspectos tributários. Com uma visão abrangente e aprofundada
sobre as formas de organização das empresas quanto ao regime jurídico, este trabalho visa
contribuir para uma compreensão mais sólida e informada das opções disponíveis no âmbito
legal empresarial, fornecendo ferramentas valiosas para a tomada de decisões estratégicas e a
gestão eficaz dos negócios.

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1.1 Objectivos

a) Geral
 Analisar e comparar as diversas formas de organização das empresas quanto ao regime
jurídico.
b) Específicos
 Explicar os diferentes tipos de regime jurídico para organizações empresariais;
 Identificar as características e requisitos de cada forma de organização empresarial;
 Identificar as tendências actuais e futuras na escolha do regime jurídico pelas empresas;
 Avaliar os factores que influenciam na escolha do regime jurídico, como porte da
empresa, actividade económica e estratégia de negócio.

1.2 Metodologias

Segundo Marconi e Lakatos (2004, p. 44), “método é o caminho pelo qual se chega a
determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo
reflectido e deliberado”. Nesta pesquisa foi aplicada a pesquisa bibliográfica de modo a
garantir o suporte científico mediante o comentário ou estudos que anteriormente forma
desenvolvidos por diversos autores em torno do tema em estudo.

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2 Fundamentação teórica

2.1 Organização das empresas quanto ao regime jurídico

O conceito de organização das empresas quanto ao regime jurídico refere-se à estrutura


legal e formal pela qual uma empresa é constituída e opera dentro de um sistema jurídico
específico. Esse regime jurídico estabelece as regras, direitos e responsabilidades que
governam as relações entre a empresa, seus proprietários, funcionários, clientes e outras partes
interessadas.

Primeiramente, o regime jurídico proporciona segurança e previsibilidade tanto para a


empresa quanto para os agentes económicos com os quais ela se relaciona. Ao definir os
direitos e deveres de cada parte envolvida, ele contribui para a redução de conflitos e para a
manutenção da estabilidade nas relações comerciais. Além disso, o regime jurídico estabelece
as condições para a constituição e funcionamento da empresa, garantindo sua legalidade e
regularidade perante as autoridades competentes (Gonçalves, 2017).

Outro aspecto importante é que o regime jurídico proporciona um ambiente propício para o
desenvolvimento económico e para o investimento empresarial. Regras claras e transparentes
facilitam a entrada de novos empreendedores no mercado, estimulam o investimento em
novos negócios e promovem a competitividade entre as empresas. Além disso, um regime
jurídico bem estruturado e alinhado com os princípios de justiça e equidade é essencial para
atrair investimentos estrangeiros e para promover o desenvolvimento sustentável de um país
ou região.

De acordo com Gonçalves (2017), existem diferentes formas de organização empresarial


quanto ao regime jurídico, sendo as mais comuns:

 Sociedade Anónima;
 Sociedade por Quotas;
 Sociedade em Nome Colectivo;
 Sociedade em Comandita;
 Sociedade Unipessoal por Quotas;
 Cooperativa;
 Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada;
 Empresário em Nome Individual.

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2.1.1 Sociedade Anónima

Uma Sociedade Anónima (S.A.) é uma forma de organização empresarial na qual o capital
social é dividido em acções, e a responsabilidade dos accionistas é limitada ao preço de
emissão das acções subscritas ou adquiridas. Conforme definido por Erasmo (2020), "a
sociedade anónima é uma pessoa jurídica de direito privado, com finalidade lucrativa, cujo
capital é dividido em acções, obrigatoriamente nominativas, de responsabilidade limitada dos
accionistas".

Para Requião (2019), a estrutura da S.A. permite uma maior captação de recursos
financeiros por meio da venda de acções no mercado de capitais, facilitando o financiamento
de grandes empreendimentos e incentivando o investimento por parte de um grande número
de pessoas. Além disso, a S.A. possui uma governança corporativa mais complexa, com um
conselho de administração, assembleias de accionistas e órgãos de fiscalização, visando
garantir a transparência e a protecção dos interesses dos investidores.

2.1.1.1 Principais características

 Capital social representado por acções;


 A responsabilidade de cada sócio está limitada ao número de acções subscritas;
 Número mínimo de accionistas: 5;
 Todas as acções têm o mesmo valor nominal, que não pode ser inferior a 1 cêntimo;
 A designação da sociedade incluirá sempre a expressão "sociedade anónima" ou "s.a.";
 Não são permitidas contribuições em espécie como forma de realizar o capital;
 Podem ser constituídas recorrendo à subscrição pública;
 Não são admitidas contribuições de indústria;
 A administração e fiscalização da sociedade está cometida a um conselho de
administração e a um conselho fiscal do qual fará sempre parte um revisor oficial de
contas (roc);
 O contrato de sociedade deve indicar: o número de acções emitidas, o seu valor nominal,
as condições particulares (se existirem), a que ficará sujeita a transmissão das acções, o
montante de capital realizado (se não houver sido na sua totalidade) e o prazo de
realização do capital subscrito e não realizado bem como a composição da assembleia-
geral e a estrutura do conselho de Administração e do Conselho Fiscal da Sociedade.

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2.1.2 Sociedade por Quotas

A Sociedade por Quotas é uma forma de organização empresarial na qual o capital social é
dividido em quotas, que são distribuídas entre os sócios de acordo com suas participações no
empreendimento. Segundo Gonçalves (2017), "a sociedade limitada é uma forma de
sociedade por quotas de responsabilidade limitada, cujo capital social é dividido em quotas de
igual valor, conferindo a seus titulares direitos e obrigações". Nesse tipo de sociedade, a
responsabilidade dos sócios é restrita ao valor de suas quotas, proporcionando uma protecção
aos bens pessoais dos empreendedores em caso de dívidas da empresa. A Sociedade por
Quotas é uma opção popular entre pequenas e médias empresas devido à sua simplicidade na
constituição e à flexibilidade na gestão.

2.1.2.1 Principais características

 Capital social representado por quotas;


 Responsabilidade solidária dos sócios;
 Só o património social responde para com os credores pelas dívidas da sociedade;
 Só o património social responde pelas dívidas da sociedade;
 Número de sócios não inferior a 2;
 A firma deve ser formada pelo nome ou firma de todos ou alguns dos sócios, por
denominação particular ou por ambos, acrescido sempre da expressão "limitada" ou da
abreviatura "lda.";
 As entradas para o capital social podem ser feitas em dinheiro ou em bens diferentes;
 A realização do capital pode ser diferida até 50% do valor subscrito, em dinheiro;
 Não são admitidas contribuições de indústria;
 O contrato de sociedade deve indicar o montante de cada quota e respectivo titular, bem
como o montante de entradas diferidas (se as houver).

2.1.3 Sociedade em Nome Colectivo

A Sociedade em Nome Colectivo é uma forma tradicional de organização empresarial, na


qual os sócios respondem de forma ilimitada e solidária pelas obrigações sociais da empresa.
Conforme define Diniz (2018), "a sociedade em nome colectivo é aquela em que todos os
sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais". Nesse tipo de
sociedade, os sócios têm uma participação activa na gestão dos negócios, sendo sua

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responsabilidade patrimonial pessoalmente comprometida em caso de dívidas ou outras
obrigações da empresa. Essa estrutura societária é mais comum em negócios familiares ou
entre amigos próximos que desejam empreender juntos e compartilhar igualmente os riscos e
os lucros do empreendimento.

2.1.3.1 Principais características

 Capital social: não existe montante mínimo estipulado por lei;


 Responsabilidade solidária, subsidiária e ilimitada dos sócios;
 Número de sócios não inferior a 2;
 São admitidas contribuições de indústria, contudo, o seu valor não é computado no
capital social;
 A firma, quando não individualiza todos os sócios, deve conter o nome ou firma de um
deles, com o aditamento, abreviado ou por extenso " e companhia" ou por qualquer
outro que indique a existência de outros sócios;
 O contrato social de sociedade deve indicar a caracterização da entrada de cada sócio.

2.1.4 Sociedade em Comandita

A Sociedade em Comandita é uma forma de organização empresarial que combina


características da sociedade de pessoas e da sociedade de capital. Nesse tipo de sociedade,
existem dois tipos de sócios: os comanditados, que são responsáveis ilimitada e
solidariamente pelas obrigações sociais da empresa, e os comanditários, que têm
responsabilidade limitada ao valor de suas cotas ou acções. Segundo Gonçalves (2017), "a
sociedade em comandita é uma modalidade societária em que se admitem sócios de duas
categorias: comanditados, que respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais,
e comanditários, cuja responsabilidade é limitada ao valor das cotas que subscreveram". Essa
estrutura permite que investidores participem do empreendimento sem se envolver
directamente na gestão, assumindo riscos limitados.

2.1.4.1 Principais características

 Os sócios possuem diferentes níveis de responsabilidade: sócios com responsabilidade


limitada (comanditários, contribuem com o capital) e sócios com responsabilidade
ilimitada (comanditados, contribuem com bens e serviços);

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 Cada um dos sócios comanditários responde apenas pela sua entrada. Os sócios
comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos mesmos termos da sociedade em
nome colectivo;
 A entrada do sócio comanditário não pode consistir em indústria;
 Existem duas modalidades de sociedade em comandita: comandita por acções (nas quais o
capital está representado por acções) e comandita simples, que seguem as disposições
legais das sociedades em nome colectivo;
 Contrato de sociedade deve indicar os sócios comanditados e os comanditários bem como
a indicação de que se trata de uma sociedade em comandita por acções ou comandita
simples;
 A firma é formada pelo nome ou firma de um, pelo menos, dos sócios comanditados e o
aditamento "em comandita" ou "& comandita por acções";
 O nome dos sócios comanditários não pode figurar na firma da sociedade, salvo se o
consentirem expressamente.

2.1.5 Sociedade Unipessoal por Quotas

A Sociedade Unipessoal por Quotas é uma forma de organização empresarial na qual


apenas um único indivíduo detém todas as quotas da empresa. Nesse tipo de sociedade, o
empresário é responsável pela totalidade do capital social e, consequentemente, pelos
resultados e obrigações da empresa. De acordo com Diniz (2018), "a sociedade unipessoal por
quotas é aquela constituída por um único sócio, detentor da totalidade do capital social, que
exerce a administração da empresa e assume todas as responsabilidades decorrentes da
actividade empresarial". Essa estrutura proporciona ao empresário uma maior autonomia na
gestão dos negócios e uma simplificação administrativa, uma vez que não há necessidade de
tomar decisões em conjunto com outros sócios.

2.1.5.1 Principais características

 Constituída por um único sócio, pessoa singular ou colectiva, que é o titular da


totalidade do capital social;
 Também pode resultar da concentração das quotas da sociedade num único sócio,
independentemente da causa da concentração;
 A firma da sociedade deve ser formada pela expressão "Sociedade Unipessoal" ou
"Unipessoal" antes da palavra "Limitada" ou "Lda.";
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 Só o património social responde pelas dívidas da sociedade;
 Pode ser transformada em sociedade por quotas plural;
 O sócio único pode designar gerentes;
 Seguem o enquadramento legal das sociedades por quotas, salvo nos aspectos que
pressupõem a pluralidade dos sócios.

2.1.6 Cooperativa

Uma cooperativa é uma forma de organização empresarial baseada na colaboração e no


princípio da ajuda mútua entre seus membros. Nesse tipo de sociedade, os membros, também
chamados de cooperados, unem seus esforços e recursos para alcançar objectivos comuns,
como a produção, comercialização ou prestação de serviços. Segundo Gonçalves (2017), "a
cooperativa é uma associação autónoma de pessoas que se unem voluntariamente para
satisfazer suas necessidades e aspirações económicas, sociais e culturais comuns, por meio de
uma empresa de propriedade colectiva e democraticamente controlada". Essa estrutura
permite que os cooperados tenham participação activa na tomada de decisões e compartilhem
os benefícios económicos gerados pela cooperativa de forma equitativa.

2.1.6.1 Principais características

 Capital em composições variáveis;


 São associações permanentemente abertas à entrada de novos sócios;
 Tem um carácter mutualista sem fins lucrativos;
 A responsabilidade dos elementos é limitada ao capital por eles subscrito.

2.1.7 Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada

O Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) é uma forma de


organização empresarial que permite a constituição de uma empresa por uma única pessoa,
sendo esta responsável apenas pelo valor do capital social integralizado. Segundo Diniz
(2018), "a EIRELI é uma pessoa jurídica de direito privado, constituída por um único titular,
que exerce uma actividade empresarial ou civil, com a responsabilidade limitada ao capital
social integralizado". Esse tipo de estrutura oferece ao empreendedor a vantagem de separar
seu património pessoal do património da empresa, garantindo uma maior protecção de seus
bens em caso de dívidas ou problemas financeiros da empresa.

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2.1.7.1 Principais características

 Constitui-se por escritura pública;


 A responsabilidade do titular é limitada ao património afecto à actividade empresarial;
 O capital pode ser realizado em dinheiro ou quaisquer outros bens. O valor em
numerário não poderá ser inferior a 2/3 do capital mínimo;
 A designação da sociedade deverá ser constituída pelo nome do titular acrescido ou não
do objecto de comércio, incluindo ainda o adiantamento "estabelecimento individual de
responsabilidade limitada" ou apenas "EIRL".

2.1.8 Empresário em Nome Individual

O Empresário em Nome Individual é uma das formas mais simples de organização


empresarial, na qual uma única pessoa física é responsável pela condução e gestão de um
negócio. Na visão de Gonçalves (2017), "o empresário em nome individual é aquele que
exerce, por si próprio, actividade económica organizada para a produção ou circulação de
bens ou serviços". Neste modelo, não há separação legal entre o património pessoal do
empresário e o património da empresa, o que significa que este responde ilimitadamente por
todas as obrigações empresariais com seus próprios bens.

O Empresário em Nome Individual é uma opção popular entre empreendedores que


desejam iniciar um negócio de forma rápida e simples, sem a necessidade de associar-se a
outros sócios. No entanto, essa forma de organização empresarial apresenta alguns riscos,
especialmente relacionados à responsabilidade ilimitada do empresário sobre as dívidas e
obrigações da empresa. Por isso, é importante que o empresário esteja ciente dos riscos
envolvidos e adopte medidas para proteger seu património pessoal, como a contratação de
seguros e a adopção de boas práticas de gestão financeira (Requião, 2019).

2.1.8.1 Principais características

 Pessoa singular equiparada a pessoa colectiva (empresa);


 Responsabilidade ilimitada por dívidas contraídas;
 Obrigatória a inscrição na segurança social.

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2.2 As tendências actuais e futuras na escolha do regime jurídico pelas empresas

As tendências actuais e futuras na escolha do regime jurídico pelas empresas refletem uma
crescente buscam por modelos mais flexíveis e adaptáveis às dinâmicas do mercado. Uma
tendência observada é a preferência por formas de organização empresarial que ofereçam
maior agilidade e autonomia na tomada de decisões, como as empresas de responsabilidade
limitada (Ltda.) e as startups. Para Requião (2019), essas estruturas permitem aos
empreendedores uma maior liberdade para inovar e ajustar suas operações conforme as
demandas do mercado, além de proporcionarem uma protecção limitada aos sócios, o que tem
se mostrado atractivo em um contexto de riscos e incertezas.

Além disso, nota-se uma crescente preocupação das empresas com aspectos sociais e
ambientais, impulsionando a adopção de modelos de negócio mais sustentáveis e
responsáveis. Nesse sentido, surgem alternativas como as empresas B e as cooperativas, que
buscam equilibrar objectivos económicos com impactos positivos na sociedade e no meio
ambiente. Essas formas de organização empresarial refletem uma tendência em direcção a um
modelo de negócios mais consciente e alinhado com os valores e expectativas dos
consumidores e da sociedade em geral.

Por fim, a revolução digital e a crescente digitalização dos negócios estão influenciando
significativamente a escolha do regime jurídico pelas empresas. O surgimento de novas
tecnologias, como blockchain e inteligência artificial, está abrindo novas possibilidades para a
organização e governança das empresas, impactando directamente as estruturas legais e
regulatórias. Espera-se que as empresas busquem cada vez mais formas de aproveitar essas
tecnologias para optimizar processos, reduzir custos e ampliar sua competitividade, o que
poderá influenciar na evolução e surgimento de novos modelos de organização empresarial no
futuro (Requião, 2019).

2.3 Os factores que influenciam na escolha do regime jurídico

A escolha do regime jurídico para uma empresa é influenciada por uma série de factores
que abrangem desde características específicas do negócio até questões legais e estratégicas.
Um dos principais factores é o porte e a natureza da actividade da empresa. Empresas de
menor porte muitas vezes optam por estruturas mais simples e menos burocráticas, como o
empresário individual ou a microempresa, devido aos menores custos e obrigações
administrativas (Erasmo, 2020). Por outro lado, empresas maiores e com actividades mais

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complexas tendem a optar por estruturas societárias, como as sociedades limitadas ou
anónimas, que oferecem uma separação mais clara entre o património pessoal dos sócios e o
património da empresa.

Outro fator determinante na escolha do regime jurídico é a responsabilidade dos sócios.


Enquanto em alguns modelos, como o empresário individual, o empresário responde
ilimitadamente pelas dívidas da empresa com seu património pessoal, em outros, como a
sociedade limitada, a responsabilidade é limitada ao valor das quotas sociais. Essa
diferenciação é crucial para empreendedores que buscam proteger seu património pessoal em
caso de falência ou problemas financeiros da empresa.

Aspectos tributários também desempenham um papel fundamental na escolha do regime


jurídico. Diferentes estruturas empresariais estão sujeitas a regimes fiscais distintos, com
alíquotas e obrigações tributárias variadas. Assim, empreendedores tendem a considerar o
impacto fiscal de cada forma de organização empresarial na rentabilidade do negócio ao
tomar sua decisão.

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3 Conclusão

Em conclusão, a organização das empresas quanto ao regime jurídico desempenha um


papel fundamental na definição da sua estrutura, funcionamento e relação com o ambiente em
que estão inseridas. Através da definição clara dos direitos e deveres das partes envolvidas, o
regime jurídico proporciona segurança e previsibilidade, reduzindo conflitos e promovendo a
estabilidade nas relações comerciais. Além disso, um regime jurídico bem estruturado
estimula o desenvolvimento económico, favorece o investimento empresarial e contribui para
a competitividade do mercado.

Ao observarmos as tendências actuais e futuras na escolha do regime jurídico pelas


empresas, percebemos uma busca por modelos mais flexíveis e adaptáveis às dinâmicas do
mercado, como as empresas de responsabilidade limitada e as startups. Essas estruturas
oferecem agilidade na tomada de decisões e proporcionam protecção limitada aos sócios, o
que é atraente em um contexto de incertezas. Além disso, há uma crescente preocupação com
aspectos sociais e ambientais, impulsionando a adopção de modelos de negócio mais
sustentáveis e responsáveis, como as empresas B e as cooperativas.

Por fim, a escolha do regime jurídico é influenciada por uma série de factores, incluindo o
porte e a natureza da actividade da empresa, a responsabilidade dos sócios e aspectos
tributários. É essencial que os empreendedores considerem cuidadosamente esses factores ao
tomar decisões sobre a estrutura legal de suas empresas, buscando a opção mais adequada às
suas necessidades e objectivos comerciais. Em última análise, um regime jurídico bem
escolhido pode contribuir significativamente para o sucesso e sustentabilidade dos negócios
no longo prazo.

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4 Referências bibliográficas

Diniz, M. H. (2018). Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 41ª ed.
São Paulo: Saraiva.

Erasmo, V. A. (2020). Curso de direito empresarial: teoria da empresa e direito societário.


Atlas,

Gonçalves, C. R. (2017). Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 22ª ed. São Paulo: Saraiva.

https://paginas.fe.up.pt/~ee97042/Faculdade/EG/formas_juridicas_de_empresa.htm acesso em
28 de Fevereiro de 2024.

Requião, R. (2018). Curso de direito comercial: direito de empresa. Saraiva Educação,

Requião, R. (2019). Curso de Direito Comercial. 32ª ed. São Paulo: Saraiva.

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