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MODELAGEM MATEMÁTICA

APLICADA ÀS FINANÇAS
AULA 5

Profª Aline Purcote


CONVERSA INICIAL

Custo de capital e avaliação de investimentos

Diariamente, nos deparamos com oportunidades de investimentos, tanto


na vida pessoal como dentro das organizações, e precisamos decidir qual a
melhor opção para investir os recursos disponíveis. Segundo Camargo (2007),
entendemos por investimento o comprometimento atual de dinheiro ou de
outros recursos feitos na expectativa de colher benefícios maiores no futuro.
De acordo com Camargo (2007), financeiramente, qualquer investimento
pode ser analisado em função do lucro ou do prejuízo econômico que produz,
da taxa percentual de retorno que proporciona ou do tempo que leva para
retornar o investimento inicialmente despendido. Para determinar esses
indicadores, existe, na teoria financeira, uma diversidade de técnicas de análise
de investimento, cada qual responsável por informar ao gestor sobre um
aspecto do projeto.
Nesta aula, estudaremos alguns métodos de análise de investimentos.
Dentre as ferramentas, temos o VPL e a TIR, que indicam se um investimento
é atrativo ou não. Será atrativo quando a TIR for superior à taxa mínima de
atratividade e quando o VPL for positivo. Estudaremos também o Índice
Benefício ou Custo (IBC) e o período de Payback, que indica o tempo que o
investimento leva para ser recuperado.

CONTEXTUALIZANDO

Os investimentos de uma empresa podem estar relacionados à


aquisição de máquina, equipamentos, novos produtos, novas unidades de
negócio, aplicações financeiras ou abertura de uma nova empresa. Para
tomarmos a decisão de investir ou não, o ideal é realizar um estudo de
viabilidade econômica e financeira.
Considere uma empresa que pretende renovar as suas máquinas, pois
essa atualização reduzirá custos de produção e garantirá melhor qualidade de
seus produtos. Temos vários benefícios ao realizar o investimento, mas será
que o investimento é realmente viável? Em quanto tempo ocorrerá o retorno
desse investimento?

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Para responder essas questões, temos várias ferramentas que indicam
se um investimento é viável ou não, possibilitando ao gestor realizar uma
análise e tomar decisões mais assertivas.

Saiba mais
Para entender a importância da análise de investimento, acesse os
seguintes links:
• <https://valoreasy.com.br/blog/analise-de-investimentos/>.
• <https://www.ibmex.com.br/post/viabilidade-financeira-e-sua-
import%C3%A2ncia>.
• <https://weinvest.com.br/metodos-de-analise-de-investimento/>

De acordo com Andrich e Cruz (2013), não são apenas os grandes


investimentos que exigem análises. Decisões simples, do cotidiano, como a
opção por realizar uma compra à vista ou a prazo, por exemplo, deveriam
sempre ser precedidas de um estudo de viabilidade financeira. Quando a
operação envolve prazos, não podemos desprezar o valor do dinheiro no
tempo.

TEMA 1 – CUSTO DE CAPITAL

Crédito: Wutzkohphoto/Shutterstock.

De acordo com Samanez (2007), para a empresa, o custo do capital é a


remuneração que ela deve oferecer aos fornecedores dos recursos de que
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necessita. Caso ela consiga gerar, com esses recursos, retorno superior ao
custo deles, então, estará gerando valor. Dessa maneira, o custo do capital
pode funcionar como um limite mínimo para o retorno dos investimentos. Se
esse custo estiver abaixo do limite mínimo, os investimentos não deverão ser
feitos, pois a empresa experimentará uma queda em seu valor de mercado.

1.1 Custo Médio Ponderado do Capital (CMPC)

A empresa possui duas fontes de obtenção de capital, podendo utilizar o


capital próprio e/ou capital de terceiros. O capital próprio é representado pelos
investimentos realizados pelos próprios sócios ou acionistas e recursos que
possui origem nos lucros gerados pela empresa. Ao destinar recursos à
empresa, os sócios exigem uma rentabilidade que chamamos de custo do
capital próprio. Já o capital de terceiros possui origem em outras fontes, como
empréstimos bancários, e geram um custo do capital de terceiros. Como a
empresa utiliza essas duas fontes de obtenção de capital, é necessário realizar
investimentos que forneçam rentabilidade superior ao custo médio das fontes
de recursos, ou seja, rentabilidade superior ao custo médio ponderado do
capital.
Segundo Samanez (2007), o Custo Médio Ponderado do Capital
(CMPC) é uma média ponderada dos custos das diversas fontes de recursos
que financiam os ativos da empresa. O enfoque do CMPC parte da ideia de
que o projeto é financiado simultaneamente com capital próprio e capital de
terceiros, portanto, é igual à soma das rentabilidades médias dessas fontes de
recursos, ponderadas pela participação de cada uma no financiamento total.
Para calcular o custo do capital, vamos utilizar o cálculo da média
aritmética ponderada, assim:

ke = kp x Cp% + kt x Ct%

Ou seja,

Cp Ct
ke = kp .100 + k t .100
Ct + Cp Ct + Cp

Onde:

• ke – custo do capital da empresa em percentual = CMPC;

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• kp – custo do capital próprio em percentual;
• kt – custo do capital de terceiros em percentual;
• Cp% – participação percentual do capital próprio;
• Ct% – participação percentual do capital de terceiros;
• Cp – capital próprio;
• Ct – capital de terceiros.

Exemplo 1: Uma empresa possui 70% de capital de terceiros e 30% de capital


próprio. Considere que o custo de capital de terceiros é de 12% e a
remuneração mínima requerida pelos sócios é de 20%. Calcule o custo médio
ponderado de capital.

O enunciado fornece os seguintes dados:

• kp = 20% = 0,20
• kt = 12% = 0,12
• Cp% = 30% = 0,30
• Ct% = 70% = 0,70

Com base nos dados acima, vamos aplicar a fórmula para calcular o
custo médio ponderado:

ke = kp x Cp% + kt x Ct%

ke = 0,20 x 0,30 + 0,12 x 0,70

ke = 0,06 + 0,084

ke = 0,1440 = 14,40%

Exemplo 2: Qual o custo de capital de uma empresa que possui R$


400.000,00 obtidos com terceiros e R$ 600.000,00 dos sócios? Considere um
custo de capital de 10% ao mês de terceiros e 20% de capital próprio.

O enunciado fornece os seguintes dados:

• kp = 20% = 0,20
• kt = 10% = 0,10
• Cp = 600.000
• Ct = 400.000

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Com base nos dados acima, vamos aplicar a fórmula para calcular o
custo médio ponderado:

Cp Ct
ke = kp .100 + k t .100
Ct + Cp Ct + Cp

600000 400000
k e = 0,20 .100 + 0,10 .100
400000 + 600000 400000 + 600000

600000 400000
k e = 0,20 .100 + 0,10 .100
1000000 1000000

k e = 0,20 .0,6.100 + 0,10.0,4.100

k e = 16%

Para entendermos o CMPC, precisamos das noções de estrutura de


capital, custo do capital próprio, capital de terceiros, bem como dos conceitos
de risco e retorno. A estrutura de capital é a combinação entre os dois tipos de
capitais: capital de terceiros e capital próprio. É encontrada no balanço
patrimonial da empresa pela somatória do passivo não circulante (passivo
exigível a longo prazo) e do patrimônio líquido.

Fonte: Elaborado com base em Andrich e Cruz, 2013, p. 24.

Exemplo 3: Considere o seguinte balanço patrimonial de uma determinada


empresa e calcule seu custo do capital.

Balanço Patrimonial Custo


Valor do Ativo 100 Passivo 30 7,50%
Capitais Próprios 70 15%

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O custo do passivo, de 7,5%, é o custo de oportunidade do capital para
os investidores que detêm a dívida da empresa. Já o custo dos capitais
próprios, de 15%, é o custo de oportunidade do capital para os investidores que
detêm as ações da empresa. Vamos aplicar a seguinte fórmula para calcular o
custo médio ponderado:

Cp Ct
ke = kp .100 + k t .100
Ct + Cp Ct + Cp

70 30
k e = 0,15 .100 + 0,075 .100
30 + 70 30 + 70

70 30
k e = 0,15 .100 + 0,075 .100
100 100

k e = 10,5 + 2,25 = 12,75%

1.2 Custo do capital próprio – modelo CAPM

Segundo Samanez (2007), o custo do capital próprio é o custo de


oportunidade do investidor, pois representa sua expectativa de retorno do
capital, que é o parâmetro utilizado por ele para decidir entre aplicar seu capital
no projeto ou em outras oportunidades de investimento. Dentre as várias
formas de cálculo do custo do capital próprio, temos o modelo CAPM. Esse
modelo quantifica o custo do capital próprio, tendo como base a diferença
percebida pelos donos da empresa (ou acionistas) entre o risco do mercado e o
risco da empresa, ou seja:

kp = klr + β . ( km - klr )

Onde:

• kp – custo de capital próprio;


• klr – taxa livre de risco (normalmente utilizada a taxa Selic);
• km – taxa de retorno do mercado;
• β (beta) – nível de risco da empresa em relação ao risco do mercado.

Samanez (2007) indica que a aplicação do CAPM requer informações


como a rentabilidade dos ativos sem risco, a rentabilidade esperada do índice

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de mercado e o beta da empresa. Os passos para determinação do custo do
capital próprio são:

1. Obter o beta das ações da empresa em publicações especializadas ou


medido por meio das cotações das ações negociadas em bolsa. Para
empresas sem títulos negociados no mercado, o beta dee ser estimado
por meio dos betas de empresas com atividades operacionais
semelhantes.
2. Ajustar o beta do projeto em relação à alavancagem financeira, caso
esse projeto altere o risco ou a estrutura de capital da empresa.
3. Escolher a taxa livre de risco.
4. Definir a carteira de mercado e medir seu retorno.
5. Calcular o custo do capital próprio usando o CAPM.

Exemplo 4: Uma empresa listada na bolsa de valores apresenta beta no valor


de 1,2 com taxa de remuneração do mercado de 12%. Considerando a Selic de
6,5%, qual é o custo do capital próprio dessa empresa?

O enunciado fornece os seguintes dados:

• klr = 6,5%
• km = 12%
• β = 1,2
• kp = klr + β . ( km - klr )
• kp = 0,065 + 1,2 (0,12 – 0,065)
• kp = 0,065 + 1,2 (0,055)
• kp = 0,065 + 0,066
• kp = 0,131

O retorno esperado para o investimento será de 13,1%.

Saiba mais
Para entender mais sobre o modelo CAPM, acesse os seguintes links e
verifique como o modelo pode ser utilizado em análise de investimentos:
• <https://www.youtube.com/watch?v=RTzoij_p_co>.
• <https://www.youtube.com/watch?v=dg4jMnBFsQA>.

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TEMA 2 – VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

Crédito: Amnaj Khetsamtip/Shutterstock.

De acordo com Andrich e Cruz (2013), para um projeto ou investimento


ser considerável viável, o retorno obtido por meio da aplicação de determinada
taxa de desconto deve, no mínimo, ser superior ao rendimento de uma
aplicação de baixo risco. Isso se os capitais investidos forem próprios. Se
forem de terceiros, esse retorno deverá cobrir minimamente o custo de capital.
Dentre as diversas técnicas de análise de investimentos, estudaremos, neste
tema, o Valor Presente Líquido (VPL), que é uma das técnicas mais
conhecidas e utilizadas.
Segundo Castanheira (2016), o VPL é a fórmula matemático-financeira
utilizada para determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados
a uma taxa de juros estipulada, menos o custo do investimento inicial.
Basicamente, é o cálculo de quanto os futuros pagamentos, somados a um
capital inicial, estariam valendo atualmente. Para o cálculo do valor presente
das entradas e saídas de caixa, é utilizada a Taxa Mínima de Atratividade
(TMA) como taxa de desconto.
Consideramos TMA como a remuneração mínima dos capitais
investidos, ou seja, é a taxa oferecida pelo mercado para uma aplicação de

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capital. Segundo Andrich e Cruz (2013), é a taxa utilizada para descontar os
fluxos de caixa projetados, trazendo-os aos valores presentes.
De acordo com Castanheira (2016), o VPL consiste em trazer para o dia
zero (valor atual) cada valor futuro de uma série de pagamentos, recebimentos
ou depósitos, sendo que do somatório desses valores atuais deduz-se o valor
do investimento a ser feito. Assim, obtemos o VPL aplicado à fórmula:

M1 M2 M3 Mn
VPL = + + + ... + −C
(1 + i)1 (1 + i) 2 (1 + i)3 (1 + i) n

O VPL pode apresentar como resultado um valor positivo, negativo ou


nulo, que interpretamos da seguinte forma:

• VPL positivo (VPL > 0) – investimento viável, ou seja, cobrirá o


investimento inicial e a remuneração mínima exigida pelo investidor.
Dessa forma, temos que o investimento analisado é mais rentável que a
aplicação alternativa da TMA.
• VPL negativo (VPL < 0) – investimento inviável, ou seja, é mais rentável
aplicar na TMA do que no investimento proposto.
• VPL nulo (VPL = 0) – o investimento deverá ser analisado, pois possui
exatamente a TMA prevista.

Exemplo: Uma empresa possui dois investimentos e precisa decidir em qual


irá investir. Calcule o VPL considerando os fluxos de caixa apresentados a
seguir e uma taxa mínima de atratividade de 6%. Depois, indique qual será a
melhor opção de investimento para essa empresa.

Período Investimento A Investimentos B


0 -80.000,00 -100.000,00
1 25.000,00 30.000,00
2 25.000,00 30.000,00
3 25.000,00 30.000,00
4 25.000,00 40.000,00

Créditos: Aline Purcote.

Para decidir qual o melhor investimento, vamos aplicar a fórmula do VPL


no fluxo de caixa de cada investimento considerando a taxa de 6%, assim:
• VPL do investimento A:

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M1 M2 M3 Mn
VPL = + + + ... + −C
(1 + i)1 (1 + i) 2 (1 + i)3 (1 + i) n

 25000 25000 25000 25000 


VPL =  + + +  − 80000
4
 (1 + 0,06)1
(1 + 0,06) 2
(1 + 0,06) 3
(1 + 0,06) 

 25000 25000 25000 25000 


VPL =  1
+ 2
+ 3
+  − 80000
4
 (1,06) (1,06) (1,06) (1,06) 

 25000 25000 25000 25000 


VPL =  + + +  − 80000
 1,06 1,1236 1,191016 1,262477 

VPL = (23584,90566 + 22249,91100 + 20990,48208 + 19802,34095) − 80000

VPL = 86627 ,63969 − 80000

VPL = 6627,64

• VPL do investimento B:

 30000 30000 30000 40000 


VPL =  + + +  − 100000
4
 (1 + 0,06)1
(1 + 0,06) 2
(1 + 0,06) 3
(1 + 0,06) 

 30000 30000 30000 40000 


VPL =  + + +  − 100000
 1,06 1,1236 1,191016 1,262477 

VPL = (28301,88679 + 26699,8932 + 25188,57849 + 31683,74553) − 100000

VPL = 111874,1040 − 100000

VPL = 11874,10

Agora, analisamos os valores obtidos, sendo que a melhor alternativa de


investimento será aquela que fornecer a maior diferença positiva entre os
valores atuais das receitas e das despesas. O investimento A produz um VPL
de R$ 6.627,64, já o B um retorno de R$ 11.874,10. Logo, consideramos o
investimento B, que apresenta o maior VPL.
Estudamos o cálculo do VPL por meio da fórmula, mas podemos
calcular também utilizando a calculadora HP12C e o Excel, como veremos a
seguir.

a. Calculadora HP12C

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Inserimos o valor do investimento inicial utilizando as teclas CHS e CF0.
A tecla CHS negativa o valor, pois consideramos o investimento como
desembolso. Em seguida, inserimos os fluxos esperados utilizando a tecla CFj.
Para finalizar, inserimos a taxa e utilizamos a opção NPV para obter o valor do
VPL. Vamos aplicar esses passos nos investimentos.

• VPL do investimento A:

80.000 CHS g CF0

25.000 g CFj

25.000 g CFj

25.000 g CFj

25.000 g CFj

6i

f NPV

• VPL do investimento B:

100.000 CHS g CF0

30.000 g CFj

30.000 g CFj

30.000 g CFj

40.000 g CFj

6i

f NPV

b. Excel

No Excel, utilizamos a fórmula direta do VPL, incluindo a taxa e os


valores esperados. Para encontrar o valor final, precisamos somar o que foi
investido inicialmente. Assim, somamos à fórmula o valor do investimento
inicial.

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Crédito: Aline Purcote.

TEMA 3 – ÍNDICE BENEFÍCIO OU CUSTO (IBC)

Crédito: Pro Symbols/Shutterstock.

Segundo Camargo (2007), o IBC, também chamado de índice de


lucratividade, mostra o retorno que a empresa obtém para cada R$ 1,00
investido em um determinado projeto. Para tanto, devem ser relacionados os
dispêndios de capital com os fluxos de benefícios resultantes do investimento,
descontados pela TMA.
Para calcular o IBC, utilizamos a seguinte fórmula:

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Para aceitar ou rejeitar um projeto, consideramos que quanto maior o
IBC, melhor, sendo que os projetos com IBC > 1 serão aceitos e projetos com
IBC < 1 serão rejeitados. Utilizamos como referência o índice 1,0, em que IBC
> 1 significa que, para cada R$ 1,00 investido no projeto, a empresa está
obtendo um retorno maior. Para IBC < 1, a empresa estará perdendo dinheiro
em relação à TMA, não obtendo retorno suficiente para cobrir cada R$ 1,00
investido.
De acordo com Camargo (2007), como a fórmula utiliza o valor presente
de todo o fluxo de caixa do investimento (entradas e saídas) descapitalizado
pela TMA, o resultado desse método é também correlacionado com o VPL,
sendo que o projeto que tiver VPL > 0 apresentará IBC > 1.

Exemplo 1: Um projeto possui investimento inicial de R$ 490.000,00 e


entradas de caixa de R$ 150.000,00 nos próximos quatro anos. Calcule o IBC
considerando um custo de capital de 9,38% a.a.

Para calcular o IBC, precisamos calcular primeiramente o valor presente


das entradas, assim:

M1 M2 M3 M4
VP = + + +
(1 + i)1
(1 + i) 2
(1 + i) 3
(1 + i)4

150000 150000 150000 150000


VP = + + +
(1 + 0,0938) 1
(1 + 0,0938) 2
(1 + 0,0938) 3
(1 + 0,0938)4

150000 150000 150000 150000


VP = + + +
1,0938 1,196398 1,308621 1,431369

VP = 137136,588 + 125376,338 + 114624,4787 + 104794,7804

VP = 481932,19

Encontramos o valor presente das entradas e precisamos também do


valor presente das saídas. Como temos apenas a saída do investimento inicial,
o valor presente das saídas é igual a R$ 490.000,00. Para finalizar, aplicamos
a fórmula do IBC:

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481932,19
IBC = = 0,9835
490000

Podemos efetuar os cálculos também pela calculadora HP12C, assim:

150000 g CFj

4 g Nj

9,38 i

f NPV

490000

O projeto não será atrativo, pois temos um IBC < 1, ou seja, a cada R$
1,00 investido o retorno é de apenas R$ 0,98.

Exemplo 2: Uma empresa tem a possibilidade de iniciar um novo negócio com


um custo de instalação de R$ 600.000,00, gastos anuais de R$ 50.000,00 e
renda anual de R$ 400.000,00 durante três anos de operação, sendo que após
esse prazo o negócio será desativado e não terá valor residual. Considerando
uma TMA de 15% a.a., calcule o IBC e verifique se esse novo negócio será ou
não vantajoso para a empresa.

Para calcular o IBC, precisamos calcular o valor presente das entradas e


das saídas, assim:

• Valor presente das entradas:

M1 M2 M3
VP = + +
(1 + i)1
(1 + i) 2
(1 + i)3

400000 400000 400000


VP = + +
(1 + 0,15) 1
(1 + 0,15) 2
(1 + 0,15)3

400000 400000 400000


VP = + +
1,15 1,3225 1,520875
VP = 347826,0870 + 302457 ,4669 + 263006,4930
VP = 913290,05

15
• Valor presente das saídas:

50000 50000 50000


VP = 600000 + + +
(1 + 0,15)1 (1 + 0,15)2 (1 + 0,15)3

VP = 600000 + 43478,26087 + 37807,18336 + 32875,81162

VP = 714161,26

Para finalizar, aplicamos a fórmula do IBC:

913290,05
IBC = = 1,28
714161,26

Podemos efetuar os cálculos pela calculadora HP12C, assim:

600000 g CF0

50000 g CFj

3 g Nj

15 i

f NPV

f REG

400000 g CFj

3 g Nj

15 i

f NPV

714161,26 :

A cada R$ 1,00 investido, temos um retorno de R$ 1,28, portanto, a


proposta é vantajosa para a empresa.

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TEMA 4 – TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)

Crédito: Andrii Yalanskyi/Shutterstock.

Nos temas anteriores, estudamos o VPL e o IBC para a avaliação de


investimentos. Neste tema, estudaremos a Taxa Interna de Retorno (TIR), que
é uma metodologia para analisar investimentos e está voltada para a variável
taxa. Segundo Andrich e Cruz (2013), no método do VPL trabalhamos com
valores, isto é, trazemos os fluxos projetados ao tempo presente, comparando
o resultado obtido com o investimento realizado. Já no método da TIR, em vez
de calcularmos os valores descontados, buscamos a taxa de desconto que
iguala os fluxos ao valor inicialmente investido.
De acordo com Castanheira (2016), a taxa de retorno ou taxa interna de
um fluxo de caixa é a taxa de juros compostos (taxa de desconto) que anula
seu valor presente (valor atual). Dessa forma, a TIR é a taxa que torna o VPL
igual a zero, ou seja, é a taxa que zera o investimento. Taxas de desconto
menores que a TIR produzem um VPL positivo e as taxas maiores que a TIR
tornam o VPL negativo. Podemos observar o comportamento do VPL e da TIR
para um investimento no gráfico seguinte:

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Francisco (1991) define a taxa de retorno de um investimento como a
taxa de juros que anula a diferença entre os valores atuais das receitas e das
despesas de seu fluxo de caixa. Uma alternativa de investimento é considerada
vantajosa quando a taxa de retorno é maior que a Taxa Mínima de Atratividade
(TMA). Dessa forma, ao analisar a TIR, chegamos à seguinte conclusão:

• TIR > TMA – investimento viável;


• TIR < TMA – investimento inviável.

Segundo Camargo (2007), uma TIR maior que a TMA indica maior
ganho investindo-se no projeto do que na TMA, portanto, quanto maior seu
resultado, melhor o retorno para a empresa. Caso o projeto apresente TIR
menor que a TMA, é preferível aplicar nessa segunda alternativa e rejeitar o
projeto analisado.
Considerando o fluxo de caixa composto de um investimento inicial de
R$ 100,00 e uma entrada no primeiro período de R$ 120,00, vamos calcular a
TIR considerando que a taxa (i) torna o VPL igual a zero, assim:

M1
VPL = −C
(1 + i )1
120
− 100 = 0
(1 + i)1

Isolando a variável i, temos:

18
120
= 100
(1 + i)1

120 = 100(1 + i)1

120
1+ i =
100

1 + i = 1,2

i = 1,2 − 1

i = 0,2 = 20%

Para calcular a TIR, podemos utilizar a calculadora HP12C usando a


tecla IRR, que determina a taxa interna de retorno quando as parcelas são
fornecidas pelas teclas CF0 e CFj, assim:

f REG

100 CHS g CF0

120 g CFj

f IRR

Exemplo 1: Uma empresa necessita investir R$ 30.000.000,00 para obter


fluxos futuros de R$ 11.000.000,00; R$ 12.100.000,00; e R$ 13.310.000,00 ao
longo de três anos. Qual a TIR desse investimento?

Utilizando a HP12C, temos:

f REG

30.000.000 CHS g CF0

11.000.000 g CFj

12.100.000 g CFj

13.310.000 g CFj

f IRR

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A taxa interna de retorno do projeto é de 10% ao ano.
Outra alternativa para o cálculo da TIR é a aplicação direta da fórmula
no Excel:

Crédito: Aline Purcote.

Exemplo 2: Qual a TIR de um projeto que possui investimento inicial de R$


150.000,00 e previsão de fluxo de receitas anuais de R$ 19.500,00 pelo
período de 10 anos? Considere que a TMA da empresa é de 6% a.a.

Pela calculadora HP12C, temos:

150000 CHS g CF0

19500 g CFj

10 g Nj

f IRR

Podemos também resolver utilizando o Excel:

Crédito: Aline Purcote.

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A taxa interna de retorno do projeto é de 5,08% ao ano. Considerando
que a TMA da empresa é de 6% a.a., o projeto não é viável, pois podemos
ganhar mais aplicando na TMA.

Saiba mais
Para saber mais sobre a aplicação da TIR e do VPL no estudo de
viabilidade econômica utilizando o Excel, acesse o seguinte link:
• <https://www.hashtagtreinamentos.com/viabilidade-economica-no-
excel?gclid=CjwKCAiAhbeCBhBcEiwAkv2cY9l50r3xSz-i7M_-
IgGbpFwqGYg16f4_Ff-jjuGuqd3zVveb-dzdKBoCcy0QAvD_BwE>.

TEMA 5 – PERÍODO DE PAYBACK

Crédito: Astel Design/Shutterstock.

No tema anterior, analisamos investimentos considerando a variável


taxa. Neste tema, vamos analisar o Payback (PB), que é o tempo de retorno de
um investimento, ou seja, o tempo que o investimento inicial leva para ser
recuperado.
Para aceitar ou rejeitar um projeto, consideramos:

• Payback < tempo máximo aceitável – aceita;


• Payback > tempo máximo aceitável – rejeita.

21
Camargo (2007) indica que a decisão de aceitar ou rejeitar um projeto
pelo tempo de retorno se baseia em parâmetros subjetivos, ou seja, não existe
um tempo máximo considerado ideal para tornar um projeto viável. Assim, esse
processo depende de cada empresa em função de suas próprias
características e das peculiaridades do investimento proposto.
Quando temos um fluxo de caixa constante, o Payback será calculado
dividindo o investimento inicial pelo valor das entradas, assim:

Exemplo 1: Qual o Payback de um projeto com investimento inicial de R$


23.000,00 que possui o seguinte fluxo de caixa anual?

0 1 2 3 4 5 6 7
-23.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 10.000

23000
PB =
5000

PB = 4,6

O projeto retornará o investimento inicial em 4,6 anos, ou seja, o retorno


ocorrerá em 4 anos, 7 meses e 6 dias.
Quando temos um fluxo de caixa com diferentes entradas ao longo do
tempo, somamos as entradas até atingir o valor mais próximo do investimento
inicial. Caso falte valor a ser recuperado, dividimos o que falta de retorno pelo
valor da próxima entrada, assim:

Exemplo 2: Qual o Payback de um projeto com investimento inicial de R$


4.500,00 considerando o seguinte fluxo de caixa?

0 1 2 3 4 5 6 7
-4.500 1.200 1.000 700 900 300 800 400

Para calcular o tempo de retorno, somamos as entradas, assim,


repetimos o valor do período 1 e somamos para os demais períodos:

22
Período 2 = 1.200 + 1.000 = 2.200

Período 3 = 2.200 + 700 = 2.900

Seguindo o mesmo raciocínio para os demais períodos, temos:

0 1 2 3 4 5 6 7
-4.500 1.200 1.000 700 900 300 800 400
∑entradas 1.200 2.200 2.900 3.800 4.100 4.900 5.300

Analisando a segunda linha da tabela, temos que o investimento inicial


só será recuperado após o quinto período, pois até esse período os fluxos
positivos não atingiram o valor do investimento de R$ 4.500. No período 5,
temos um valor acumulado de R$ 4.100, faltando R$ 400 para recuperar o
valor investido, assim:

400
PB = 5 +
800

PB = 5 + 0,5

PB = 5,5

Logo, o investimento será retornado em 5,5 períodos.


Os cálculos realizados até o momento não levam em consideração o
valor do dinheiro no tempo, assim, para eliminar essa desvantagem,
calculamos o Payback descontado (PBd), que indica o tempo de retorno do
investimento considerando os fluxos descontados pela TMA, ou seja,
calculamos o tempo de retorno para que os fluxos projetados, descontados a
determinada taxa, superem o valor do investimento inicial.
De acordo com Camargo (2007), o tempo de retorno do investimento é
encontrado, primeiramente, calculando-se o VP dos fluxos de caixa. Em
seguida, os valores positivos são somados até atingir o valor mais próximo do
investimento inicial. O saldo que falta para recuperar todo o investimento é,
então, dividido pelo VP da próxima entrada, a fim de evidenciar qual o tempo
de recuperação do investimento. Assim:

23
Exemplo 3: Qual o Payback de um projeto com investimento inicial de R$
1.000,00 considerando o seguinte fluxo de caixa e taxa mínima de 3%?

0 1 2 3
-1.000 320 550 400

O primeiro passo é descontarmos os fluxos projetados, trazendo-os para


valores presentes. Vamos descontar o valor de cada período individualmente:

• Período 1

M1
VP =
(1 + i)1

320
VP =
(1 + 0,03)1

VP = 310,68

Pela HP12C, temos:

320 CHS FV

3i

1n

PV

• Período 2

550
VP =
(1 + 0,03) 2

550
VP =
1,0609

VP = 518,43

Pela HP12C, temos:

24
550 CHS FV

3i

2n

PV

• Período 3

400
VP =
(1 + 0,03) 3

400
VP =
1,092727

VP = 366,06

Pela HP12C, temos:

400 CHS FV

3i

3n

PV

Agora, resumimos os valores encontrados na seguinte tabela e


somamos os valores do VP:

0 1 2 3
-1.000 320 550 400
VP 310,68 518,43 366,06
∑VP 310,68 829,11 1.195,17

Analisando a terceira linha da tabela, temos que o investimento inicial


será recuperado após o segundo mês, pois até esse período os fluxos positivos
não atingiram o valor do investimento de R$ 1.000. No mês 2, temos um valor
acumulado de R$ 829,11, faltando R$ 170,89 para recuperar o valor investido,
assim:

25
170,89
Pbd = 2 +
366,06

Pbd = 2 + 0,47

Pbd = 2,47

O projeto retornará o investimento inicial em 2,47 meses, ou seja, o


retorno ocorrerá em 2 meses e 14 dias.

TROCANDO IDEIAS

Nesta aula, vimos que podemos analisar um investimento em relação ao


seu retorno, à sua taxa e ao seu tempo. Para entender melhor essas técnicas,
vamos avaliar a seguinte aplicação, disponível em:
<https://solarview.zendesk.com/hc/pt-br/articles/360053021011-O-que-
s%C3%A3o-TMA-VPL-TIR-e-Payback->. Acesso em: 22 jul. 2021.

NA PRÁTICA

Para praticar os conteúdos estudados, vamos resolver o seguinte


exercício: Uma indústria quer vender uma máquina antiga por R$ 5.000,00 e
comprar uma máquina nova, à vista, por R$ 17.000,00. Com a troca da
máquina, durante os próximos 24 meses, estima-se um ganho de R$ 1.200,00
mensais pela venda dos produtos e despesas mensais de R$ 300,00. A
empresa dispõe de recursos suficientes para realizar o investimento, os quais
estão sendo remunerados a uma taxa de 15% a.a. Utilizando as técnicas
estudadas nesta aula (VPL, IBC, TIR e PBd), indique se é ou não vantajoso,
financeiramente, realizar esse investimento.
Para iniciar a resolução, encontramos a taxa equivalente aplicando a
fórmula a seguir:
q
iq = (1 + it ) − 1
t

26
1
iq = (1 + 0,15) − 1 12

iq = (1,15) 0, 083333333 − 1

iq = 1,011714917− 1

iq = 0,011714917= 1,1715%a.m

Dos R$ 17.000,00 disponíveis para o investimento, R$ 5.000,00


continuam sendo remunerados pela TMA, isso ocorre porque temos R$
5.000,00 liberados pela venda da máquina antiga. Dessa forma, vamos calcular
os retornos mensais da aplicação dos R$ 5.000,00 a 15% a.a., utilizando a
HP12C:

5000 CHS PV

1,1715 i

24 n

PMT

Logo, temos uma remuneração de R$ 240,20 que devemos incorporar


no ganho de R$ 1.200,00 mensais pela venda dos produtos, assim, teremos
por mês um valor de R$ 1.440,20 (1.200 + 240,20). Como temos despesas
mensais de R$ 300,00, consideramos mensalmente no fluxo de caixa o valor
de R$ 1.140,20 (1.440,20 – 300,00). A seguir, podemos analisar o fluxo de
caixa desse investimento:

Com base nos dados fornecidos, vamos calcular os indicadores de


viabilidade financeira:

27
• Valor Presente Líquido (VPL):

M1 M2 M3 Mn
VPL = + + + ... + −C
(1 + i)1 (1 + i) 2 (1 + i) 3 (1 + i) n

1140,20 1140,20 1140,20


VPL = + + ... + − 17000
(1 + 0,011715)1 (1 + 0,011715) 2 (1 + 0,011715) 24

Pela HP12C, temos:

17000 CHS g CF0

1140,20 g CFj

24 g Nj

1,1715 i

f NPV = 6.734,25

• Índice Benefício ou Custo (IBC):

1440,20 1440,20
VPentradas = + ... + = 29.979,00
(1 + 0,011715)1 (1 + 0,011715) 24

300 300
VPsaídas = 17000 + + ... + = 23.244,76
(1 + 0,011715) 1
(1 + 0,011715) 24

29979,00
IBC = = 1,29
23244,76

Pela HP12C, temos:

17000 g CF0

300 g CFj

24 g Nj

1,1715 i

28
f NPV

f REG

1440,20 g CFj

24 g Nj

1.1715 i

f NPV

23244,76 : = 1,29

• Taxa Interna de Retorno (TIR):

17000 CHS g CF0

1140,20 g CFj

24 g Nj

f IRR = 4,2197

• Payback descontado (PBd):

Vamos calcular o valor presente acumulado até o 15º mês:

1140,20 1140,20
VP = + ... + = 15.601,15
(1 + 0,011715) 1
(1 + 0,011715)15

Para o 16º e 17º mês, temos:

1140,20
VP16 = = 946,35
(1 + 0,011715)16

1140,20
VP17 = = 935,39
(1 + 0,011715)17

Logo, temos os seguintes retornos acumulados:

VP Retorno Acumulado
VP16 = 946,35 15601,15 + 946,35 = 16.547,50
VP17 = 935,39 16547,50 + 935,39 = 17.482,89

29
Pbd = 16 +
(17000 − 16547,50)
935,39

Pbd = 16,48

Para finalizar, vamos analisar os indicadores calculados:

Indicador Proposta
VPL 6.734,25
IBC 1,29
TIR 4,2197%
PBd 16,48 meses

Com base nos indicadores calculados, é ou não vantajoso,


financeiramente, realizar esse investimento?

FINALIZANDO

Nesta aula, estudamos o custo do capital e os principais métodos para


análise de investimentos:

• VPL = considera o investimento inicial e uma série de fluxos de caixa


futuros para calcular quanto vale o investimento atualmente.
• IBC = indica o retorno para cada R$ 1,00 investido em um determinado
projeto.
• TIR = taxa de desconto que faz com que o VPL seja igual a zero.
• Payback = tempo que o investimento inicial leva para ser recuperado.

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REFERÊNCIAS

ANDRICH, E. G; CRUZ, J. A. W. Gestão financeira moderna: uma


abordagem prática. Curitiba: Intersaberes, 2013.

CAMARGO, C. Análise de investimentos e demonstrativos financeiros.


Curitiba: Ibpex, 2007.

FRANCISCO, W. Matemática financeira. São Paulo: Atlas, 1991.

SAMANEZ, C. P. Gestão de investimentos e geração de valor. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2007.

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