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Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Ciências Contábeis – CCN/CSE/UFSC


Disciplina: Contabilidade e Finanças – CCN6010

CUSTO DE CAPITAL

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Fluxo de Caixa para Investidores, Credores e
Acionistas

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Modelo de Precificação de Títulos com Risco (CAPM)
Quanto maior risco um investidor enxerga em um título, ele exige um retorno ou taxa
de desconto maior. A diferença entre o retorno do mercado (rm) e a taxa livre de
risco (rf) é o prêmio exigido pelo risco (pm):

pm = rm – rf

Esse prêmio (pm) é diretamente proporcional ao risco corrido. Para risco igual a 1 (risco
do mercado), o prêmio exigido é igual a fórmula apresentada. Para riscos maiores
que 1, o prêmio é proporcionalmente maior do que o pm, e para riscos menores do
que 1, o prêmio é proporcionalmente menor do que o pm. Dessa forma, tem-se:
Retorno exigido = rf + β x pm
Aplicação do CAPM
A aplicação do CAPM, em avaliação de empresas, é no cálculo do valor presente de
um fluxo de caixa para os acionistas.

Por exemplo, queremos calcular o preço de dois títulos (ações A e B), ambos com um
único fluxo de caixa de R$ 100 daqui um ano.

O primeiro passo é formular o CAPM genericamente. Para essa formulação genérica


precisamos de premissas para rf e pm.
Suponhamos rf de 7,0% e pm de 5,0%. Sendo assim, o CAPM genérico, quer dizer,
aplicável a todos os títulos com risco,
seria expresso assim:

Retorno exigido = 7,0% + β x 5,0%


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Premissas de Custo de Capital
Taxa livre de Risco (rf): A taxa livre de risco representa o nível mínimo de
rentabilidade. Esse indicador é geralmente representado pela taxa de
juros de um país. Também pode ser classificado como o valor do dinheiro
no tempo. procura-se o título com menores riscos no mercado. Ex: Título
do governo americano. No Brasil, especialistas indicam a Selic a 10 anos.

Prêmio País (pp):Também chamado de risco-país (risco-Brasil), é calculado


em pontos base, sendo cada ponto-base um centésimo de por cento. Ex:
212 pontos = 2,12% de spread (diferença entre o retorno até o
vencimento de um título emitido pelo governo brasileiro (YTM BR) e o
retorno até o vencimento de um título emitido pelo governo americano
(YTM US)
pp = YTM BR – YTM US

Com a inclusão do prêmio-país, retorno exigido = rf + pp + β x pm


Premissas para Custo de Capital
Custo de Capital dos Credores
Como estimar o custo de capital dos credores?

1. Por meio de um modelo de crédito.

2. Por meio da média ponderada dos custos das dívidas existentes,


tomando o cuidado de pegar dívidas que sejam representativas em
termos de tamanho, custo, prazo e garantias

3. Por meio de algum título de dívida que a empresa tenha, que seja
negociado no mercado e que tenha boa liquidez.

4. Por meio do CAPM . 7


Custo de Capital dos Credores
Como estimar o custo de capital dos credores?

Suponhamos que você estime ou obtenha uma estimação para o custo


de capital dos credores (que chamaremos de rd) em 10,0%. Nosso
próximo passo é saber se esse deve ser o custo de capital atribuído ao
credor na definição do custo de capital dos investidores.

Imagine uma empresa, inicialmente sem dívida e posteriormente com


R$ 50,0 de dívida, cujo custo já sabemos que é 10,0% e, portanto, gera
uma despesa financeira de R$ 0 e R$ 5,0, respectivamente.
Considere também que a empresa tem resultado operacional de R$
100,0 (sem ou com dívida) e que sua alíquota de IR é de 34% 8
Custo de Capital dos Credores
Como estimar o custo de capital dos credores?

Comparando a queda de R$ 3,3 no lucro líquido com a dívida que a empresa contraiu de R$
50,0, diríamos que a dívida tem um custo marginal de 6,6% (3,3 / 50,0) e não de 10,0%.
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Custo de Capital dos Credores

Comparando a queda de R$ 3,3 no lucro líquido com a dívida que a


empresa contraiu de R$ 50,0, diríamos que a dívida tem um custo
marginal de 6,6% (3,3 / 50,0) e não de 10,0%.

Em que rd é o custo da dívida e t é a alíquota de imposto de renda.

No nosso caso, o custo da dívida (rd) é de 10% e a alíquota de IR (t) é


de 34%, portanto, o custo da dívida líquido do benefício fiscal (rd × (1
– t)) é 6,6%. 10
Custo de Capital dos Investidores

Se os credores colocaram R$ 40,0 e querem 7,0% de remuneração, devemos pagar R$


2,8 (7,0% × 40,0) para eles. Se os acionistas colocaram R$ 60,0 e querem 13,0% de
remuneração, devemos pagar R$ 7,8 (13,0% × 60,0) para eles.
Portanto, devemos gerar R$ 10,6 (2,8 + 7,8) para pagá-los. Se pegamos, entre
credores e acionistas, R$ 100,0 de capital total e devemos gerar R$ 10,6 para pagá-los,
o capital custa 10,6% (10,6 / 100,0). Esse é o custo de capital dos investidores. 11
Custo de Capital dos Investidores

O que fizemos foi:

Em que D é o volume de dinheiro que o credor colocou na empresa, E é o volume de


dinheiro que o acionista colocou na empresa (supondo apenas dois componentes de
capital, D + E é o capital total da empresa), rd × (1 – t) é o custo de capital do credor
líquido do benefício fiscal e rf + β × pm é o custo de capital do acionista, também
conhecido por re (já conhecemos os significados de rd, t, rf, β e pm).

A forma mais usual de usarmos a Equação acima é a sua forma reorganizada


expressa na Equação:

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Custo de Capital dos Investidores

Nota-se, pela Equação, que o custo de capital dos investidores


é uma média ponderada calculada a partir do custo de capital
do credor líquido de benefício fiscal e do custo de capital do
acionista ponderados pelos seus respectivos pesos no capital
total (D/(D + E) e E/(D + E)).

A esse custo dá-se o nome de weighted average cost of capital


(WACC), que em português significa custo médio ponderado do
capital.
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WACC (Custo Médio Ponderado de Capital)

Precisamos de quatro informações para calcular o WACC


(Weighted Average Capital Cost):

(i) peso dos credores na estrutura de capital (D/(D + E));

(ii) custo líquido dos credores (rd × (1 – t));

(iii) peso dos acionistas na estrutura de capital (E/(D + E)); e

(iv) custo dos acionistas (re = rf + β × pm).


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WACC (Custo Médio Ponderado de Capital)
Todas essas quatro informações devem ser obtidas com parâmetros de
mercado.

O peso dos acionistas deve ser calculado considerando que o volume de


dinheiro do acionista no capital da empresa (E) é o seu valor de mercado
e não o seu valor contábil.

Isso porque a oportunidade do acionista está em cima do valor de


mercado, ou seja, se ele resolver deixar de ser acionista da empresa para
investir em outra, ao vender as ações da empresa, receberá o valor de
mercado e não o valor contábil das ações. 15
WACC (Custo Médio Ponderado de Capital)
Essa mesma lógica serve para concluir que o volume de dinheiro do
credor no capital da empresa (D), o custo da dívida bruto (rd) e o custo
do acionista (re) devem ser calculados com parâmetros de mercado.

Olhar o custo das dívidas existentes nas demonstrações financeiras da


empresa pode gerar distorções caso o custo da dívida existente seja
significativamente diferente do custo de mercado das dívidas da
empresa (ou o custo de uma dívida nova).

É por essa razão que, sugerimos, para o cálculo do custo médio das
dívidas existentes, utilizar apenas as mais representativas. 16
Exemplo 1

Vamos calcular o custo de capital da COMP S.A., que tem R$


210 mil de dívida (valor contábil próximo ao valor de mercado),
custo bruto da dívida de 10,0%, alíquota de imposto de 34%,
100 mil ações no mercado a R$ 7,6 cada e beta das ações de
1,3.

Considere que os parâmetros gerais para o CAPM são rf = 7,0%


e pm = 5,0%.

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Exemplo 1
Precisamos, para o capital dos credores e para o capital dos acionistas, do custo e do peso no
capital total. Como os custos já estão bem explícitos, a dificuldade está nos pesos.

Para estes, tem-se que observar que o capital total é formado por R$ 210 mil de capital dos
credores e R$ 760 mil de capital dos acionistas, totalizando R$ 970 mil.
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Bibliografia utilizada
ASSAF NETO, A.; LIMA, F.G. Fundamentos de Administração
Financeira. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2014.
EHRHARDT, M.C.; BRIGHAM, E.F. Administração Financeira: teoria e
prática. 2.ed. São Paulo: Cengage, 2015.
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 12.ed. São
Paulo: Pearson, 2010.
GROPELLI, A.A.; NIKBAKHT, E. Administração Financeira. 3.ed. São
Paulo: Saraiva, 1998.
HIGGINS, R.C. Análise para Administração Financeira.10.ed. Porto
Alegre: AMGH, 2014.
ROSS, S.A.; WESTERFIELD, R.W.; JAFFE, J.F. Administração
Financeira. São Paulo: Atlas, 1995.
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