Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Iraneide Azevedo
Custo de capital
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Você deve saber quanto, em média, paga por seus financiamentos. Se
você não toma empréstimos, pode colher benefícios financeiros ao
compreender os conceitos de custo de capital. Conhecendo seu custo
pessoal de capital, poderá tomar melhores decisões de investimento de
longo prazo e maximizar o valor obtido com cada unidade monetária
de investimento.
O custo de capital utilizado na avaliação de um investimento é função
do risco do projeto de investimento. Frente a um novo projeto, a deter-
minação do custo de capital a ser usado na avaliação do fluxo de caixa
deve começar pela determinação do nível de risco do novo projeto de
investimento.
Neste capítulo, você irá aprender sobre custo de capital, suas premissas
fundamentais e fontes, assim como o custo de capital de terceiros de
longo prazo. Vai ainda relacionar o custo de capital e as novas oportu-
nidades de investimentos.
2 Custo de capital
Custo de Capital é a taxa mínima requerida utilizada para avaliar o fluxo de caixa
de um projeto de investimento.
Premissas fundamentais
As premissas estabelecidas na determinação do custo de capital são:
Capital da empresa
O responsável pela decisão de investimento da empresa aceitará investir em
um projeto se sua taxa de retorno for pelo menos igual à taxa de retorno dos
fornecedores de capital da empresa. Por exemplo:
O termo ação ordinária tem significados diferentes para pessoas diferentes. Em geral,
aplica-se à ação que tem direito a voto e não tem preferência especial no recebimento
de dividendos ou em caso de falência. Já uma ação preferencial se distingue de uma
ação ordinária porque tem preferência no pagamento dos dividendos e na distribuição
do ativo da empresa em caso de liquidação.
Saiba mais sobre estes conceitos no livro Fundamentos de Administração Financeira,
Ross et al. (2013). Cap. 8. Comece na p. 247 e siga até a p. 251.
Suponha uma empresa cujo capital total de R$ 10 mihões foi fornecido pelas seguintes
fontes de capital:
Financiamento de longo prazo, D = R$ 4 milhões.
Ações preferenciais, S = R$ 1 milhão.
Ações ordinárias, E = R$ 5 milhões.
O capital total da empresa V é representado pela equação:
V=D+S+E
V = 4.000.000 + 1.000.000+ 5.000.000 = R$ 10.000.000
Neste exemplo, o capital da empresa está formado com 40% de financiamento de
longo prazo, 10% de ações preferenciais e 50% de ações ordinárias.
Custo de capital
Custo de Capital, k, é o retorno que os acionistas ou financiadores exigem por
investirem capital na empresa.
Custo de capital 5
Simbolicamente,
onde:
j = juros
d = dividendos
kt = custo de capital de terceiros
k p = custo de capital próprio
O dividendo é a parte que o investidor recebe por ação da empresa que possui. Por
exemplo: se uma empresa paga um dividendo de R$ 0,10, significa que a empresa
está pagando dez centavos por ação emitida. Cada acionista recebe os dividendos
com base no número de ações que possui, logo, se você tiver 10 ações desta empresa,
você irá receber R$1,00 de dividendos. O valor do dividendo pode ser definido por
um valor em reais ou como uma porcentagem do preço da ação.
Custo de capital próprio, kp, é o retorno mínimo que os acionistas exigem por sua
participação no financiamento permanente da empresa.
Balanço patrimonial
Patrimônio líquido
Ações preferenciais
Ações ordinárias
Lucros retidos
Custo de capital 7
Estrutura de capital
É a combinação de todas as fontes de financiamento de longo prazo, dívida
ou capital próprio, utilizadas pela empresa.
As decisões de investimento, de financiamento e de remuneração dos acionistas
buscam maximizar o valor das ações da empresa e, neste sentido, a escolha adequada
da estrutura de capital envolve todas as três, abrangendo amplos conhecimentos de
conceitos de risco, retorno, custo de capital, alavancagem financeira e valor.
A empresa se depara constantemente com novos projetos, novos negócios,
novas demandas, novos desafios, que determinam a necessidade de captação de
recursos financeiros. Para suprir essa necessidade, ela seleciona várias fontes
de financiamento. Nesse processo, avalia as condições gerais da economia,
conhece o mercado financeiro, analisa as decisões operacionais e financeiras
a serem tomadas, dimensiona as necessidades de recursos a serem financiados
e escolhe a estrutura de capital.
onde:
kflp = custo de capital de uma fonte de financiamento de longo prazo
klr = custo de um título livre de risco
prn = prêmio de risco de negócios
prf = prêmio de risco financeiro
ir = imposto de renda
onde:
kt = custo de capital de terceiros
j = juros
ct = capital de terceiros
onde:
ktir = custo de capital de terceiros depois do imposto de renda
j = juros
ir = alíquota de imposto de renda
ct = capital de terceiros
Recebimentos líquidos
A maior parte das dívidas empresariais de longo prazo é assumida por meio
da venda de obrigações. Os recebimentos líquidos com a venda de uma obri-
gação, ou de qualquer outro título, são os fundos efetivamente recebidos com
tal venda. Os custos de lançamento – o custo total de emissão e venda de
um título – diminuem os recebimentos líquidos proporcionados pela venda.
Esses custos aplicam-se a todas as ofertas públicas de títulos – dívida, ações
12 Custo de capital
Uso de cotações
Quando os recebimentos líquidos com a venda de uma obrigação equivalem
a seu valor de face, o custo antes do imposto de renda é simplesmente igual
à taxa de cupom. Por exemplo, uma obrigação com cupom de 10%, cujos
recebimentos líquidos sejam iguais ao valor de face de R$ 1.000, teria um
custo antes do imposto de renda, rd, de 10%.
Custo de capital 13
Cálculo do custo
Esta abordagem identifica o custo do capital de terceiros antes do imposto
de renda por meio do cálculo da taxa interna de retorno (TIR) dos fluxos de
caixa da obrigação. Do ponto de vista do emitente, esse valor é o custo até o
vencimento dos fluxos de caixa associados à dívida. O custo até o vencimento
pode ser obtido com uma calculadora financeira, uma planilha eletrônica ou
por tentativa e erro. Representa o custo percentual anual do capital de terceiros
antes do imposto de renda.
Do ponto de vista do emitente, a TIR sobre os fluxos de caixa de uma obrigação é seu
custo até o vencimento; do ponto de vista do investidor, a TIR dos fluxos de caixa de uma
obrigação é o rendimento até o vencimento. Essas duas medidas são conceitualmente
semelhantes, embora adotem diferentes perspectivas.
Saiba mais sobre este assunto no livro Princípios de Administração Financeira. (GITMAN,
2010. cap. 11, pág. 435-437).
kC = 16% + 6% = 22%
16 Custo de capital
onde:
C = valor das fontes de ações ordinárias;
P = valor das fontes de ações preferenciais;
F = valor das fontes de financiamentos de longo prazo.
V= é soma do valor das fontes de ações ordinárias, ações preferenciais e
financiamentos de longo prazo.
kc = custo de ações ordinárias;
kp= custo de ações preferenciais;
kf = custo de financiamento de longo prazo.
Custo de capital 17
Neste caso, temos apenas ações ordinárias e dos financiamentos de longo prazo, logo:
Assim, e
TIR
A Custo de capital
% B TIR
TIR
C TIR
D TIR
E
F
G
7 14 19 22 28 31 35
Financiamento (R$ milhões)
Unidades de negócios
Quando tratamos de unidades de negócios de uma mesma empresa, preci-
samos considerar o risco associado a cada unidade de negócios e o risco da
empresa como um todo. Se superavaliar o custo de capital, a empresa poderá
estar sacrificando as unidades de negócios, impossibilitando, muitas vezes, a
aprovação de bons projetos. Se, por outro lado, subavaliar o custo de capital,
poderá possibilitar a aprovação de projetos que prejudiquem a rentabilidade
da unidade de negócio e reduzam a riqueza do acionista.
O uso do custo de capital da empresa, kc, como taxa de desconto para avaliar
fluxos de caixa futuros, só é apropriado quando o investimento proposto tem
risco semelhante ao das atividades existentes na empresa, e sem alterar o
seu endividamento. Mudanças no risco e na estrutura de capital da empresa
exigirão revisão do custo de capital.
Quando a empresa tem diferentes divisões operacionais com diferentes
riscos, seu custo de capital é uma média dos retornos exigidos das divisões.
Em tais casos, o custo de capital para diferentes riscos dentro da mesma
empresa precisa ser estabelecido. Em empresas que tenham uma única linha
de negócios, a ideia é encontrar uma taxa de retorno dos projetos que supere
aquele custo determinado.
20 Custo de capital
O modelo subjetivo
Em virtude das dificuldades que existem na fixação de taxas de desconto para
projetos individuais, as empresas podem adotar ajustes subjetivos ao custo de
capital da empresa, dependendo da categoria de cada proposta de investimento.
Fator de
Categoria Projetos Ajuste % Keair %
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2010.
LEBARBENCHON, R. F. Análise de viabilidade econômica de implantação de uma filia da
Jungle Juice. 2007. 50 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração)
– Curso de Administração, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade do Vale
do Itajaí, São José, 2007. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/Ricardo%20
Francisco%20Lebarbenchon.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2018.
LEMES JÚNIOR, A. B. et al. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas
brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
ROSS, S. A. et al. Fundamentos de administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: AMGH,
2013.
Leituras recomendadas
LAPPONI, J. C. Projetos de Investimento: construção e avaliação do fluxo de caixa:
modelos em Excel. São Paulo: Lapponi Treinamento, 2000.
ROSS, S. A. et al. Princípios de administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.